perfurocortantes e agulhas respondem por maior número de

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Pharmacia Brasileira - Nov/Dez 2000 56 Alimentos que contêm gordura vegetal hidrogenada podem oferecer riscos à saúde maiores do que se imaginava. Segundo um estudo feito pela Universidade Tufs, em Bos- ton, nos Estados Unidos, esses produtos possuem tam- bém outro tipo de gordura, denominada trans, causadora de efeitos prejudiciais ao organismo três vezes maiores que a gordura saturada. A trans, além de agir elevando os níveis de coleste- rol LDL (“mau colesterol”) e triglicérides, reduz a quanti- dade de HDL (“bom colesterol”). A gordura saturada, ape- RISCOS À SAÚDE Gordura vegetal: prejuízo pode ser maior que o da gordura saturada sar de contribuir para depósito de gordura nas artérias, não atua sobre o HDL, colesterol com capacidade de eliminar lipídios acumulados no sangue. Testes com 26 voluntários mostraram que aqueles submetidos à dieta rica em trans apresentavam uma taxa de triglicérides 18% maior em relação às pessoas que ingeri- ram gordura líquida. A professora de nutrição da universi- dade e autora do estudo, Alice Lichtenstein, sugere a redu- ção do consumo de gorduras trans. “A recomendação da American Heart Association – AHA – é que o consumo diário de gordura saturada e trans não ultrapasse 10% das calorias ingeridas”, diz. Nem nos Estados Unidos e nem no Brasil, há legis- lação referente à indicação da quantidade de trans nos ali- mentos. Segundo a pesquisadora, o FDA já estuda a inclu- são das taxas da gordura nos produtos. Mais informações estão no jornal “O Estado de São Paulo”, do dia 14 de novembro de 2000. Os profissionais da saúde que tra- balham em hospitais têm grandes chan- ces sofrer acidentes com agulhas e du- rante o período diurno. Segundo estudo realizado pela pesquisadora da Escola de Enfermagem da Universidade de São Pau- lo, em Ribeirão Preto, Sílvia Rita Canini, as agulhas estão envolvidas em 47.24% deles, sendo que, do total de incidentes, 79.53% acontecem, antes do anoitecer. As estatísticas foram baseadas na análi- se de 398 acidentes em um hospital uni- versitário. O estudo aponta que os riscos de se adquirir Aids, hepatite B ou C no ambien- te de trabalho seriam menores, se procedi- mentos de segurança adotados pelo Mi- nistério da Saúde, como o uso de luvas e a não-colocação de capas em seringas já uti- lizadas, fossem observados. Mas, de acor- do com Sílvia, não é somente a incautela que favorece a ocorrência de acidentes ocu- pacionais. “O excesso de trabalho desses AMBIENTE HOSPITALAR Perfurocortantes e agulhas respondem por maior nœmero de acidentes em hospitais Falta de cautela e excesso de trabalho são maiores responsáveis pelos acidentes, que representam grande risco de contaminação de doenças, como Aids e hepatites profissionais também colabora para que esses incidentes ocorram”, diz. Outro índice revelado pela pesqui- sa foi o grande número de profissionais de enfermagem que se acidentam com ma- teriais perfurocortantes. Dos 125 casos relatados, que representam 31% dos in- cidentes, eles protagonizaram 89. Do total de incidentes, as situações respon- sáveis pelo maior número de casos fo- ram a administração de medicamentos e de soluções por via endovenosa, e o des- carte de materiais perfurocortantes. No caso de contaminação por HIV, sujeito de ser transmitido em um aciden- te ocupacional, é recomendável que o pro- fissional seja submetido à quimioprofi- laxia com anti-retrovirais. Contra a he- patite B, é feita imunização; no caso de hepatite C, ainda sem cura, as medidas são realizadas em âmbito preventivo, como evitar o contato, sem proteção, com material contaminado. A pesquisa reali- zada por Sílvia foi premiada no 1° Con- gresso Internacional de Enfermagem do Trabalho, ocorrido, em agosto, na cidade de São Paulo. Outras informações estão no Boletim 619/00, de nove de outubro, da Agência USP de Notícias. O e-mail é < www .usp.br/agen/agweb.html>. A água e o sabão não são mais as únicas formas de higienizar as mãos no ambiente hospitalar. Segundo ficou acordado no 7° Congresso de Infecção e Epi- demiologia Hospitalar, ocorrido no mês de novembro, em Belo Horizonte (MG), os profissionais poderão usar também uma solução de álcool e emolientes. A decisão visa a aumentar a desinfecção entre os profissionais, colocando à disposição deles um método mais acessível de limpeza das mãos, pois nem sem- pre os hospitais dispõem de pia, sabão e suporte para papel toalha em locais estratégicos. Estudos afirmam que não chega a 50% o hábito de se lavar as mãos, antes ou após o atendimento ao paciente. Apesar de o álcool com emolientes poder ser usado, os especialistas reco- mendam combiná-lo ao tradicional uso de água e sabão por a substância não ter efeito sobre matéria orgânica sozinho. Outras informações estão no “Jornal do Brasil”, de 16 de novembro de 2000. `lcool para lavar as mªos V`RIAS

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Page 1: Perfurocortantes e agulhas respondem por maior número de

Pharmacia Brasileira - Nov/Dez 200056

Alimentos que contêm gordura vegetal hidrogenadapodem oferecer riscos à saúde maiores do que se imaginava.Segundo um estudo feito pela Universidade Tufs, em Bos-ton, nos Estados Unidos, esses produtos possuem tam-bém outro tipo de gordura, denominada trans, causadora deefeitos prejudiciais ao organismo três vezes maiores que agordura saturada.

A trans, além de agir elevando os níveis de coleste-rol LDL (“mau colesterol”) e triglicérides, reduz a quanti-dade de HDL (“bom colesterol”). A gordura saturada, ape-

RISCOS À SAÚDE

Gordura vegetal: prejuízopode ser maior que o dagordura saturada

sar de contribuir para depósito de gordura nas artérias, nãoatua sobre o HDL, colesterol com capacidade de eliminarlipídios acumulados no sangue.

Testes com 26 voluntários mostraram que aquelessubmetidos à dieta rica em trans apresentavam uma taxa detriglicérides 18% maior em relação às pessoas que ingeri-ram gordura líquida. A professora de nutrição da universi-dade e autora do estudo, Alice Lichtenstein, sugere a redu-ção do consumo de gorduras trans. “A recomendação daAmerican Heart Association – AHA – é que o consumodiário de gordura saturada e trans não ultrapasse 10% dascalorias ingeridas”, diz.

Nem nos Estados Unidos e nem no Brasil, há legis-lação referente à indicação da quantidade de trans nos ali-mentos. Segundo a pesquisadora, o FDA já estuda a inclu-são das taxas da gordura nos produtos. Mais informaçõesestão no jornal “O Estado de São Paulo”, do dia 14 denovembro de 2000.

Os profissionais da saúde que tra-balham em hospitais têm grandes chan-ces sofrer acidentes com agulhas e du-rante o período diurno. Segundo estudorealizado pela pesquisadora da Escola deEnfermagem da Universidade de São Pau-lo, em Ribeirão Preto, Sílvia Rita Canini,as agulhas estão envolvidas em 47.24%deles, sendo que, do total de incidentes,79.53% acontecem, antes do anoitecer.As estatísticas foram baseadas na análi-se de 398 acidentes em um hospital uni-versitário.

O estudo aponta que os riscos de seadquirir Aids, hepatite B ou C no ambien-te de trabalho seriam menores, se procedi-mentos de segurança adotados pelo Mi-nistério da Saúde, como o uso de luvas e anão-colocação de capas em seringas já uti-lizadas, fossem observados. Mas, de acor-do com Sílvia, não é somente a incautelaque favorece a ocorrência de acidentes ocu-pacionais. “O excesso de trabalho desses

AMBIENTE HOSPITALAR

Perfurocortantes e agulhasrespondem por maior número deacidentes em hospitaisFalta de cautela e excesso detrabalho são maioresresponsáveis pelos acidentes,que representam grande riscode contaminação de doenças,como Aids e hepatites

profissionais também colabora para queesses incidentes ocorram”, diz.

Outro índice revelado pela pesqui-sa foi o grande número de profissionaisde enfermagem que se acidentam com ma-teriais perfurocortantes. Dos 125 casosrelatados, que representam 31% dos in-cidentes, eles protagonizaram 89. Dototal de incidentes, as situações respon-sáveis pelo maior número de casos fo-ram a administração de medicamentos ede soluções por via endovenosa, e o des-carte de materiais perfurocortantes.

No caso de contaminação por HIV,sujeito de ser transmitido em um aciden-

te ocupacional, é recomendável que o pro-fissional seja submetido à quimioprofi-laxia com anti-retrovirais. Contra a he-patite B, é feita imunização; no caso dehepatite C, ainda sem cura, as medidassão realizadas em âmbito preventivo,como evitar o contato, sem proteção, commaterial contaminado. A pesquisa reali-zada por Sílvia foi premiada no 1° Con-gresso Internacional de Enfermagem doTrabalho, ocorrido, em agosto, na cidadede São Paulo. Outras informações estãono Boletim 619/00, de nove de outubro,da Agência USP de Notícias. O e-mail é<www.usp.br/agen/agweb.html>.

A água e o sabão não são mais as únicas formas de higienizar as mãos noambiente hospitalar. Segundo ficou acordado no 7° Congresso de Infecção e Epi-demiologia Hospitalar, ocorrido no mês de novembro, em Belo Horizonte (MG),os profissionais poderão usar também uma solução de álcool e emolientes.

A decisão visa a aumentar a desinfecção entre os profissionais, colocando àdisposição deles um método mais acessível de limpeza das mãos, pois nem sem-pre os hospitais dispõem de pia, sabão e suporte para papel toalha em locaisestratégicos. Estudos afirmam que não chega a 50% o hábito de se lavar as mãos,antes ou após o atendimento ao paciente.

Apesar de o álcool com emolientes poder ser usado, os especialistas reco-mendam combiná-lo ao tradicional uso de água e sabão por a substância não terefeito sobre matéria orgânica sozinho. Outras informações estão no “Jornal doBrasil”, de 16 de novembro de 2000.

Álcool para lavar as mãos

VÁRIAS

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VÁRIAS

SANGUE

Teste reduz em19% as perdasde bolsas

O número de bolsas de sangue quesão descartadas, no País, por suspeita decontaminação por hepatite B poderia di-minuir, consideravelmente, se mais tes-tes fossem usados na sua detecção. Umestudo realizado por Luís Cláudio Arra-es de Alencar, professor do Departamen-to de Medicina Tropical da Universida-de Federal de Pernambuco, mostrou quea adoção de mais dois testes, além doanti-HBc (utilizado normalmente) dimi-nuiu em 19,2% a quantidade de amostrasconsideradas contaminadas.

Arraes analisou mil bolsas de san-gue coletadas, em Recife. De acordo como exame anti-HBc, que procura anticor-pos contra o vírus, 120 estavam conta-minadas. O número caiu para 84, quandoforam associados ao anti-HBc os testesanti-HBs (ligado à identificação de anti-corpos) e Hbe (ligado à identificação defragmentos do próprio vírus). A Porta-

ria 1.376, do Ministé-rio da Saúde, obriga osbancos a fazerem ape-nas o anti-HBc. Para oprofessor, “esse marca-dor criou um problema,no Norte e no Nordes-te, porque houve umaredução muito grandeno estoque de sangue”.

Um outro teste, ogenético, cujo nome éPCR, é mais preciso quea combinação dos trêsexames sugeridos porArraes, mas tambémapresenta custos maio-res. Enquanto o anti-HBc revelou 120bolsas com resultado falso-positivo, oPCR mostrou apenas 16. Para SylviaOlyntho, gerente da Unidade de Progra-mas de Sangue e Hemoderivados daAgência Nacional de Vigilância Sanitária,o preço do teste, em torno de R$ 30 e R$40, inviabiliza o seu uso. O anti-HBc,anti-HBs e HBe saem, juntos, por R$11,00.

Apesar do valor, o pesquisadoracredita ser mais vantajoso usar o PCRque perder uma bolsa de sangue, que cus-ta entre US$ 80 e US$ 100. No ano pas-

sado, cerca de 100 mil bol-sas foram inutilizadas pelaindicação do vírus da hepa-tite B, nos testes. A combi-nação dos três testes pode-ria evitar que, em média, 19mil fossem para o lixo, quan-tidade próxima das 20 milbolsas que a Fundação Pró-Sangue, maior hemocentro daAmérica Latina, coleta emum mês.

Das 193.612 bolsas con-sideradas inadequadas parao uso, em 1999, 100.034 ti-nham como causa a presen-ça do vírus da hepatite B de-

tectado pelo anti-HBc. A eficácia do usode três testes, que fará parte da tese deDoutorado de Luís Cláudio Arraes, podeser um passo para que o estoque de bol-sas não diminua por um erro evitável.“Para a hepatite B, ainda não tínhamospensado em mudar o teste. Essa tese podeservir de subsídio para pensarmos emalterá-lo”, diz Sylvia Olyntho. A eficá-cia dos três testes foi abordada pelo “Jor-nal da Paulista”, publicação da Universi-dade Federal de São Paulo (Unifesp)/Escola Paulista de Medicina (EPM), naedição n° 147.

Brasil testamedicamentocontra leucemia

O Brasil iniciou, em outubro, a sua participaçãona fase de testes em humanos de um medicamentocontra a leucemia mielóide crônica, que também serárealizada, em outros 24 países. A droga, que vem sen-do desenvolvida pelo laboratório Novartis, está sen-do testada pelo Hospital Israelita Albert Einstein, SantaCasa de Misericórdia de São Paulo e Hospital dasClínicas de São Paulo, em São Paulo; Instituto Nacio-nal do Câncer, no Rio de Janeiro; e pelo Hospital dasClínicas de Curitiba, no Paraná.

Os testes dão continuidade à fase I de avaliaçãodo STI – 571 (nome da droga), que foi realizada, nosEstados Unidos e Europa, com 84 pessoas. De acordocom uma das autoras do estudo, a pesquisadora doHammersmith Hospital de Londres, Júnia Melo, osprimeiros resultados foram animadores. “Consegui-mos 100% de eficiência nos exames de hemografia e50% de resposta citogenética (usados para verificar aquantidade de cromossomos da doença que tiveram

suas atividades normalizadas)”, comemora. Para par-ticiparem, os voluntários da fase I tiveram de atendera dois requisitos: serem imunes à ação do medica-mento interferon, usado no tratamento da leucemia, enão possuir um doador de medula óssea.

“Sabemos que ainda está muito no início para seafirmar que será a cura, mas, com certeza, é um medi-camento promissor”, diz o médico do Instituto doCâncer, Daniel Tabak. O médico do Hospital das Clíni-cas de Curitiba, Ricardo Pasquini, compartilha da es-perança oferecida pelo STI – 571. “O novo medica-mento pode representar um avanço no tratamento daleucemia para aqueles pacientes que respondem aotratamento atual”, diz.

Segundo o diretor-médico da Novartis, Brander-ley Cláudio, a empresa espera estar lançando o medi-camento, no final do próximo ano. O preço da drogaestará em torno do que é cobrado pelo interferon, ouseja, US$ 3 mil mensais. A leucemia é o tipo de câncercom maior incidência em jovens de até 14 anos. Inte-ressados em participar do tratamento experimentaldevem ligar para o telefone 0800-113003. Outras infor-mações podem ser obtidas nas edições de 11 de outu-bro deste ano dos jornais “Correio Braziliense” e “OEstado de São Paulo”.

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VÁRIAS

MUNDO ON-LINE

OMS quer domíniona Internet para saúde

Organização Mundial de Saúde seriaresponsável por estabelecer os requisitos de

qualidade e ética para uso do domínio

A Organização Mundial de Saúde está propondo ao Icann (Internet Corporation forAssigned Names and Numbers), órgão que supervisiona a Internet, a criação de um domíniopara páginas de saúde. Seria o “health.com”. A terminação funcionaria como um selo dequalidade dado apenas a sites com informações confiáveis.

Segundo o principal autor da proposta, Joan Dzenowagis, “a OMS responde ànecessidade dos internautas de confiar em um órgão que os ajude a navegar e a orientar-se emmeio à massa de informações médicas, geralmente complexas e, às vezes, contraditórias”.

Caso a idéia fosse aceita, a OMS seria responsável por estabelecer os requisitos dequalidade e ética para uso do domínio, elaborados, depois de consultas com governos,associações médicas, grupos de consumidores e firmas do setor de saúde. De acordo com oórgão, existem mais de 10 mil homepages sobre saúde, nem sempre com informações preci-sas. A proposta foi divulgada no site de notícias “FolhaOn”, no dia 14 de novembro de2000, no seguinte endereço: <www.uol.com.br/folha>.

Um métodoque procura encon-trar a proteína atin-gida pelo medica-mento, antes mes-mo da realizaçãodos testes clínicos,está sendo estuda-do pela empresaamericana Xencor,como forma de des-cobrir, de antemão,os possíveis efei-tos colaterais deuma nova droga. Oprocesso de identi-ficação da proteínaconsiste em exporos genes que as fa-bricam a diversasdrogas e verificarsob qual o medica-mento pode agir.Depois de descoberto, o gene é sequen-ciado. Para os especialistas, é uma for-ma mais simples do que procurar a se-qüência exata de aminoácidos presentesna composição das proteínas.

Uma das substâncias já testadaspelo cientistas foi o hormônio estrogê-nio. Durante os experimentos, os pes-quisadores descobriram porque a divi-são celular era afetada pela substância.Além de atingir a proteína receptora dohormônio, o estrogênio também afetauma proteína ligada à multiplicação dascélulas.

Uma das vantagens do método é apossibilidade de ser feito em culturas,independendo de bactérias para produ-zir proteínas, o que garante fidelidade àsproteínas feitas pelo próprio organis-mo. O procedimento foi estudado pelopesquisador Min Lin, da Escola de Me-dicina Johns Hopkins, nos Estados Uni-dos. Mais informações estão no jornal“Folha de São Paulo” do dia 14 de no-vembro.

ESTUDO

Efeito colateralpode ser previsto,antes mesmo detestes clínicos

Uma das mais tradicionais farmácias doRio de Janeiro fechou as suas portas, em outubro,por causa de dívidas. A Farmácia Piauí, que há 50anos funcionava no Leblon, já devia mais de R$ 2milhões. O faturamento do estabelecimento che-gou a alcançar entre R$ 500 mil e R$ 600 mil, pormês, mas a má situação financeira obrigou os seusproprietários a demitir grande parte dos funcioná-rios. Dos 150, restavam apenas 18.

Segundo o gerente da farmácia, Carlos Rot-tweiller, o estabelecimento não possuía mais lucroalgum. “Ganhávamos para pagar o salário dos empregados”, diz. O ponto aque a farmácia chegou podia ser visível, nas prateleiras, onde menos de 200medicamentos ocupavam um espaço onde mais de 4 mil itens ficavam expos-tos, nos bons tempos do estabelecimento.

A escassez de produtos atingiu até os mais conhecidos pela popula-ção. “Faltava de tudo. Não tínhamos sequer Novalgina e esparadrapo paravender”, lamenta o ex-funcionário Gercino Correia que, durante 20 anos, traba-lhou na Piauí. A farmácia, além de ser uma das mais antigas da cidade, foitambém a primeira a operar em sistema de 24 horas. Esta é uma notícia que arevista PHARMACIA BRASILEIRA não gostaria de dar. Outras informaçõesestão no jornal “O Globo”, do dia 28 de outubro de 2000.

FIM

A falência da tradicionalFarmácia Piauí

Cinqüentona, umadas mais antigas

farmácias do Rio,pioneira no sistemade atendimento 24

horas, a Piauíencerra asatividades,

mergulhada emdívidas

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Bactéria nãomata célula,

para não ativarsistema

imunológico

Uma bactéria intracelular, pre-sente em laticínios em decomposi-ção, usa um método diferente paraimpedir que as células de defesa doorganismo realizem uma contra-ofen-siva. Cientistas da Universidade daCalifórnia descobriram que a Liste-ria monocytogenes fabrica proteínas,antes de destruir completamente seuhospedeiro, para usá-las, de forma aevitar que o sistema imunológico nãoseja ativado.

O mecanismo de ataque da l.monocytogenes consiste em se dei-xar engolir pelos macrófagos. Presono vacúolo da célula, o microorga-nismo inicia a produção da proteínaLLO, a listeriolisina O, para furar acavidade onde se encontra. A bac-téria liberta-se, ocupando o citosolda célula. Para que as células de de-fesa não sejam acionadas, pois o LLOcontinua agindo no interior do ma-

crófago, o microorganismo libera umaproteína conhecida como Pest (iro-nicamente, peste, em inglês), que iráanular a ação da LLO.

Além de evitar o ataque maciçodos glóbulos brancos, a bactéria ain-da usufrui dos nutrientes e da mobi-lidade da célula onde está hospeda-da para atingir novos locais. Segun-do o pesquisador Daniel Portnoy, umdos autores do estudo, “existemmuitos exemplos de patógenos intrae extracelulares, mas os maiores pro-blemas de nossa época são os intra-celulares, como a tuberculose, a ma-lária e a Aids”. A l. monocytogenespode causar a morte do feto em mu-lheres grávidas e de portadores dovírus da Aids, quando o sistema imu-nológico está enfraquecido. Outrasinformações estão no jornal “Folhade São Paulo”, do dia seis de no-vembro de 2000.

HISTÓRIA E CIÊNCIA

Bactéria de 250milhões de anos é

encontrada viva

Descoberta reacende a possibilidade deque bactérias tenham vindo à Terra de

outros endereços do sistema solar

Que as bactérias são um dos seres mais anti-gos do mundo os cientistas já sabiam. O que elesnão imaginavam é que elas povoavam a Terra, há250 milhões de anos. A descoberta foi feita em ou-tubro, quando pesquisadores da West Chester Uni-versity, na Pensilvânia (EUA), encontraram, em umacaverna, localizada no Estado americano do NovoMéxico, um microorganismo preservado em um cris-tal.

A bactéria estava a 560 metros de profundi-dade, dentro de uma bolha de um cristal salino, ondehavia fluido. Segundo o pesquisador que coman-dou as pesquisas, Russell Vreeland, o meio em queo microorganismo estava presente foi fundamentalpara a sua sobrevivência, durante os ciclos pelosquais passou o planeta. “O organismo foi capaz defechar-se em um esporo protetor e, uma vez que

estava dentro desse tipo específico de rocha, en-controu-se no meio ambiente mais estável que po-deria imaginar”, disse.

A Bacillus permians, nome dado à bactéria,foi transferida para tubos de ensaio, onde, na pre-sença de solução, saiu do estado de “dormência”em que permaneciam, até então. Segundo Vreeland,“agora, temos pelo menos um organismo a quempodemos fazer perguntas biológicas que nunca fi-zemos antes”.

Alienígena - Para os pesquisadores, a des-coberta reascende a possibilidade de os microorga-nismos terem vindo de outros lugares do sistemasolar. “Se uma bactéria pode viver, durante muitotempo, em uma casca de cristal, outros exemplaresteoricamente poderiam ter viajado milhões de anos-luz e ter parado na Terra”, imagina Russell.

Até o momento, as bactérias mais antigas jáidentificadas possuíam 40 milhões de anos. “Trata-se de uma descoberta de extrema importância, quedesmente todas as leis da química que prevêem adesintegração de conjuntos moleculares”, diz o mi-crobiologista e geólogo da Universidade de Bristol,na Grã-Bretanha, John Parkes. E completa com umapergunta: “Quem garante que não há mais organis-mos na Terra apenas esperando para serem ressus-citados?”.

O fato foi amplamente divulgado na impren-sa do mundo inteiro, a exemplo de “O Estado de SãoPaulo” e “O Globo”, do dia 19 de outubro, e tambémna revista “Nature”, do mesmo mês.

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CÂNCER

Alho, muitoalém dacozinhaVegetal ajuda a evitar câncer

Para cientistas da Universidade daCarolina do Norte (EUA), o alho não ésó um condimento. Eles descobriram queo vegetal ajuda na prevenção do câncer

de estômago, sendo capaz de reduzir em50% as chances de desenvolvimento deum tumor, no local. Também, que evitaem 66% o desenvolvimento de câncer noreto.

A proteção dada pelo alho está con-dicionada ao seu consumo freqüente, naforma crua ou cozida. Segundo o profes-sor que conduziu as pesquisas, LenoreArab, o produto vendido em cápsulasnão apresenta os mesmos benefícios doalho preparado de forma caseira. Arabacredita que a perda de nutriente estejaenvolvida com o processo de industriali-zação.

Para o oncologista Ricardo Teixei-

ra, as propriedades antioxidantes do ve-getal são as responsáveis pelo seu efeitobenéfico. Estudos anteriores já aponta-vam para o papel do alho no combate àbactéria Helicobacter pylori, microorga-nismo ligado ao surgimento de úlceras eao desenvolvimento de tumores. Os pes-quisadores da Universidade da Carolinado Norte se basearam em 22 pesquisassobre o alho e o surgimento de tumorespara realizar o estudo. O leitor encontra-rá, na seção “Científicas” desta revista,outra nota tratando dessas propriedadesdo alho. Outras informações estão nojornal carioca “O Dia”, datado de cincode outubro de 2000.

EXPERIÊNCIA

Substância encontradaem aranhas matabactérias mais rápido

Uma substância com alto poderde destruição pode se tornar uma novaarma na fabricação de medicamentos.O peptídio gomesina é encontrado emaranhas da espécie Acanthscurriagomesiana, onde funciona como umantibiótico natural. Experimentosmostraram que, além de ser eficazcontra cinco tipos de leveduras, novefungos e 24 bactérias, a substâncialeva esses microorganismos à mortemais rapidamente, se comparado aoutros tipos de drogas.

A gomesina age na membranacelular, criando buracos no envoltó-rio de bactérias, ao contrário dos me-dicamentos usuais, que procuram ini-bir a síntese de DNA, RNA ou pro-

teínas. Segundo apesquisadora Sir-lei Daffre, orien-tadora da pesqui-sa, “por não pe-netrar nas células,a gomesina reduzas chances de asbactérias se torna-rem resistentes aelas”. O métododiferente garantiua redução, em umacultura de bactéri-as, de um milhãodelas para dez mil

em uma hora. Normalmente, essemesmo resultado é atingido de quatroa 24 horas depois.

Para serem manuseadas, as ara-nhas foram primeiro depiladas e co-locadas, durante 15 minutos, a 20°C.Sirlei explica que o procedimento énecessário, para deixar os aracnídeosmais calmos. A substância foi isoladano Instituto de Biociências da Uni-versidade de São Paulo, em um estu-do que derivou da tese de doutoradodo pesquisador Pedro Ismael da SilvaJúnior. A pesquisa contou com a co-laboração dos Institutos de Químicada USP e da Unesp (UniversidadeEstadual de São Paulo) e do Conse-lho Nacional de Pesquisa Científicade Estrasburgo, na França. O “Jornaldo Brasil”, de seis de novembro de2000, também trouxe matéria sobre oassunto.

AIDS

Ferver leitematerno evitacontaminação

por HIV

O Conselho Sul-africano dePesquisa Médica divulgou umestudo revelando que a fervu-ra do leite materno destrói ovírus HIV. A pesquisa vem nosentido de descobrir meiospara evitar o crescimento dogrande números de soroposi-tivos na África do Sul. De acor-do com o relatório realizadopelo órgão, “testes provaramque todo o HIV contido no lei-te é eliminado, quando fervidoentre 565 e 63 graus centesi-mais por cerca de 20 minutos”.O processo conserva 80% dosnutrientes e anticorpos encon-trados no leite.

O governo sul-africano nãodistribui medicamentos contraa Aids para mulheres grávidasdevido ao seu alto custo. Opaís negocia atualmente comos laboratórios internacionaisa compra desses medicamen-tos a preços reduzidos. Estima-se que 10% da população pos-sua o vírus HIV.

VÁRIAS

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VÁRIAS

BATATA VACINA

Americanosestudamimunização,através debatata

Depois que foi divulgada a reali-zação, no Brasil, de uma pesquisa quevisa a transformar alfaces modificadasgeneticamente em meios para imuniza-ção contra a hepatite B, foi a vez de osnorte-americanos tornarem público umestudo com o mesmo fim, que usa, nolugar da folhagem, batatas.

Testes com camundongos mostra-ram que houve produção de anticorpos,após a ingestão do alimento, mas, se-gundo os pesquisadores, o nível delesainda está abaixo do esperado. “A pro-

dução da proteína deverá ser maior parase atingir os resultados desejados”, dis-se o coordenador do projeto, DwayneKirk, realizado pela Universidade deCornell, nos Estados Unidos. Os estu-dos, que já consumiram dez anos, terãoainda de definir em que quantidade aproteína acarreta tolerância, sob o peri-go de criar um tubérculo sem efeito.

Segundo o pesquisador da Univer-sidade Estadual de Campinas (Uni-camp), Adilson Leite, que já desenvol-veu a produção de hormônios e insulina

em plantas, uma das principais vanta-gens do uso de vegetais como transpor-te de vacinas é o preço. “A vacina usadacontra a hepatite B é muito cara. NoBrasil, existem regiões em que até 10%das pessoas têm o vírus. As campanhasde vacinação seriam mais baratas, se vocêdesse algo para as pessoas comerem”,diz.

Leite esclarece que os alimentosusados como veículos para vacinas nãoserão oferecidos ao público, como bata-tas e alfaces comuns, que podem ser ad-quiridas nas feiras, nos supermercadosetc. “Esses produtos serão tratadoscomo medicamentos e não como alimen-tos”, afirma. A realização da pesquisaamericana teve como incentivo o lança-mento de um projeto pela OrganizaçãoMundial de Saúde, no começo da décadade 90, para o desenvolvimento de vaci-nas mais baratas e sem necessidade derefrigeração. A “Folha de São Paulo”também publicou matéria sobre o as-sunto, na edição do dia 30 de outubrodeste ano.

Uma nova indústria de medicamentos será instaladaem Palmas (TO), com a finalidade de abastecer os hospi-tais públicos nos âmbitos municipal e estadual. A diferen-ça em relação a outros empreendimentos do tipo está naorigem dos recursos financeiros que custearão a compra deequipamentos. O dinheiro está sendo cedido pelo Gover-no japonês, através do ministro-conselheiro da Embaixadado Japão, no Brasil, Akira Miwa.

O Governo de Tocantins possui um convênio com ogoverno japonês, assinado no início de outubro, que o in-sere entre os participante do programa Assistência paraProjetos Comunitários (APC), criado pelo País asiático.Foi mediante a APC que US$ 88.344,00 foram destinados,a fim de equipar o empreendimento, batizado de Instituto

TOCANTINS

Estado ganhaindústria demedicamentos

Recursos para equiparlaboratório vêm dos governosdo Japão, do Brasil e do TO

Farmacêutico do Tocantins (Farmatins).As instalações físicas serão custeadaspelos governos Estadual e Federal, como valor total de R$ 718.200.

A previsão é de que, até março dopróximo ano, o Farmatins já esteja con-cluído, segundo o seu projeto de criação.Entre os medicamentos produzidos queserão distribuídos à rede pública de saú-de estão vermicidas, antianêmicos, rea-gentes e vitaminas. Caso seja definida a

não-gratuidade dos medicamentos à população, a vendaserá feita com valores reduzidos.

Qualquer lucro gerado por transações financeiras seráremetido à Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais(Apae) do Estado. A instituição foi incumbida do gerenci-amento administrativo do Farmatins cujas instalações físi-cas funcionarão em uma parte do Laboratório Central dePalmas, também sob cuidados da Apae. O Governo doEstado não descarta a idéia de incluir na produção os medi-camentos genéricos.

Além da produção medicamentos alopáticos, outrositens poderão estar sendo fabricados pelo Farmatins. Éque pesquisadores já manifestaram interesse em utilizar aestrutura do instituto para pesquisar plantas medicinaisdo cerrado, das quais podem surgir novos medicamentos.Outras informações estão na “Gazeta Mercantil”, de 11 deoutubro, e nos jornais “Folha Popular – TO” e “Jornal doTocantins”, de dez de outubro de 2000.