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PERFIL DO JOVEM AGRICULTOR E SUA PERMANÊCIA NO CAMPO
Helena Beatriz Birck1
Rafaela Harumi Fujita2
Resumo
O presente artigo constitui o resultado de uma pesquisa que procurou analisar os elementos que contribuem para a escolha do jovem educando, filho de agricultor, em permanecer ou não no campo. Os jovens envolvidos nesta pesquisa são alunos que estão cursando Ensino Médio no Colégio Estadual Frentino Sackser no ano de 2010, no município de Marechal Cândido Rondon, os quais residem no meio rural, em propriedades familiares de produção. Este município possui características marcantes no setor rural, pois sua economia baseia-se principalmente nas atividades agrárias voltadas para a produção da soja, milho e trigo associados à pequena criação pecuária, e a propriedade familiar é responsável por grande parte da produtividade desenvolvida no local. A inserção dos jovens rurais em um mundo globalizado, auferindo influências de culturas diversas, condiciona suas perspectivas quanto ao futuro e a seus anseios pela realização pessoal e profissional. Para compreender o comportamento e o perfil desses jovens foi realizado um levantamento de dados através do recolhimento de informações com aplicação de um questionário com questões abertas e fechadas, como instrumento de análise do perfil, perspectivas, vantagens e desvantagens que os jovens agricultores encontram em permanecer ou não no campo. Também foi realizada uma visita técnica à Fazenda Experimental da Unioeste do campus de Marechal Cândido Rondon, com o objetivo de identificar e conhecer inovações técnicas voltadas ao meio rural. Os resultados apontam que a permanência ou não destes jovens no campo depende também das oportunidades que os mesmos têm para nele residir.
Palavras chave: agricultura familiar; permanência do jovem no campo; educando.
1 Professora de Geografia da Rede Estadual de Educação do Paraná Colégio Estadual Frentino Sackser –Marechal Cândido Rondon. Concluinte do Programa de Formação Continuada – PDE/2010 – SEED-PR.
2 Professora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. Orientadora do PDE – 2010 – Geografia.
1- INTRODUÇÃO
A pesquisa “Perfil do jovem agricultor e sua permanência no campo”, teve como
finalidade verificar o interesse do jovem agricultor em permanecer e capacitar-se
profissionalmente no campo, contribuindo para sua permanência no meio rural. Este
estudo visa apontar os motivos que levam o jovem agricultor, estudante do Ensino Médio
do Colégio Estadual Frentino Sackser, a permanecer ou não no campo. Marechal Cândido
Rondon apresenta características marcantes do setor rural, possuindo um percentual
razoável de pequenas propriedades, com a presença do trabalho familiar.
Com a participação do trabalho familiar, estas pequenas propriedades têm como
principais cultivos a produção e beneficiamento do trigo, milho e soja, associada à
pequena criação pecuária.
Nos últimos quarenta anos, o meio rural brasileiro vem sofrendo um fenômeno
chamado de “êxodo rural”, o que significa a evasão do homem do campo. Isso demonstra
que os agricultores com menos estrutura se estabelecem nas cidades, possivelmente
também iludidos por uma melhor qualidade de vida.
As transformações e mudanças ocorridas no cenário agrícola nos últimos anos
têm auxiliado a alteração da própria estrutura populacional de quem vive nesse meio, e a
migração das famílias para as cidades tem sido uma preocupação constante por parte de
organizações envolvidas com a agricultura familiar de produção.
A falta de expectativas, iniciativas e motivação é o principal problema para o
jovem permanecer no meio rural. Mudar para a cidade torna-se, a partir disso, a
alternativa mais procurada pelas pessoas que moram no meio rural. Porém, as longas
filas que disputam as vagas no mercado de trabalho nas cidades, mostram que essa não
é a alternativa mais adequada para eles, principalmente para os que não apresentam
qualificação profissional. Porém, a literatura analisada aponta para uma tendência
migratória ainda expressiva dentro do território brasileiro rumo ao meio urbano.
Para a realização das atividades que se apresentam no meio rural, e neste caso
em especial, em pequenas propriedades familiares participam também os filhos dos
proprietários, os quais realizam seu trabalho no campo e durante parte do dia realizam
suas atividades escolares.
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Sabe-se que agricultura familiar é de extrema importância para o desenvolvimento
socioeconômico, tanto a nível municipal como estadual, bem como a nível federal, além
de ser um meio eficiente para diminuir o êxodo rural e, consequentemente, aliviar as
pressões populacionais e os problemas socioambientais nas áreas urbanas.
De acordo com Dalcin (2009, p. 2), as formas das sociedades rurais
contemporâneas apresentam significativas transformações no âmbito de concepção de
mundo, estilos de vida, modalidades de trabalho, bem como das tomadas de decisões. E
diante deste contexto, emerge a problemática da desvalorização do meio rural pelos
jovens que vão à busca de novos desafios profissionais e pessoais nas cidades.
Metodologicamente, para compreender o comportamento e o perfil desses jovens
foi realizado um levantamento de dados por meio do recolhimento de informações com
aplicação de um questionário com questões abertas e fechadas, junto a 16 jovens
agricultores o qual permitiu conhecer quais são as perspectivas, vantagens e
desvantagens que os jovens agricultores encontram em permanecer ou não no campo.
Também foi realizada uma visita técnica à Fazenda Experimental da Unioeste do campus
de Marechal Cândido Rondon, com o objetivo de identificar e conhecer inovações
técnicas voltadas ao meio rural.
Por meio de estudos bibliográficos o educando, filho de agricultor, pode perceber
e compreender que ele este intimamente ligado ao modelo de produção capitalista e que
é agente de construção e reconstrução do espaço geográfico.
Estudos atuais indicam que as áreas rurais, atualmente, já não se caracterizam
como uma única corporação inserida em determinado território, mas por atividades
diversificadas que permitem a consolidação de novas culturas e uma maior intensidade de
competição por terras produtivas. Exemplo disso é o relato feito por Endlich (2006, p.12),
quando descreve sobre um conjunto de atividades diferentes das tradicionais que passou
a ser desenvolvido no campo. Essas atividades caracterizam-se pela incorporação de
novos produtos agropecuários, industriais, prestação de serviços e atividades de
entretenimentos marcados pela tradição cultural própria do campo.
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2- A AGRICULTURA FAMILIAR E SUA IMPORTÂNCIA PARA A PERMANÊNCIA DO JOVEM NO CAMPO
A finalidade primordial da agricultura é produzir alimentos e matérias-primas para
atender as necessidades da população mundial. Ela consiste no conjunto de técnicas
produtivas voltadas para o controle do desenvolvimento das plantas para o consumo
alimentar e industrial. Ela se difere da indústria porque sua produção depende de
processos biológicos e apresenta limitações naturais quanto ao aumento da produtividade
das culturas, sendo, portanto, esse o principal empecilho para que a atividade agrícola
alcance a eficiência da indústria (MAGNOLI, 2005, p. 151).
Toda história da produção agrícola consiste em criar novas técnicas com o
objetivo de ampliar constantemente o controle humano sobre os processos naturais de
desenvolvimento das muitas espécies vegetais existentes. Vejamos o que relata Magnoli
(2005),
em milênios de seleção dirigida, as sociedades produziram novas variedades de plantas. Por meio da colonização, sementes, mudas atravessaram oceanos e difundiram-se em novos ambientes. A irrigação, as técnicas de cultivo em encostas íngremes e mais recentemente os fertilizantes químicos possibilitaram a ampliação de solos cultiváveis. As tecnologias industriais repercutiram profundamente sobre a agropecuária, substituindo a força de trabalho humana pela mecânica. Tratores, colheitadeiras, debulhadoras produziram um salto nos níveis de produtividade da economia rural, que passou a depender da energia fornecida pelos combustíveis fósseis e pela eletricidade. Em consequência, o campo tornou-se um vasto mercado consumidor para as indústrias de máquinas agrícolas, de adubos químicos e pesticidas (p. 152).
No campo brasileiro convivem relações de trabalho capitalista com relações pré-
capitalista. O trabalho assalariado, capitalista, convive com o trabalho familiar e outras
formas pré-capitalistas (MORAES, 1996, p. 39).
Paulino (2006, p.28), assim se refere aos termos: na agricultura capitalista, a
mercadoria primordial dos trabalhadores é a força de trabalho, nas unidades camponesas
a inserção dos trabalhadores não se dá nesses mesmos moldes, pois o que eles têm a
oferecer não é a mercadoria força de trabalho, mas a renda camponesa da terra.
Portanto, existem dois tipos de propriedade privada da terra: a camponesa e a
capitalista, sendo as principais marcas do campo. Paulino, (2006) faz a seguinte análise
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sobre ambas:
dentro da propriedade capitalista, a terra constitui-se em objeto de negócio, seja pelo fato de consistir em instrumento de exploração de trabalho alheio, logo, de extração de mais-valia, seja pelo fato de ser mantida como instrumento de especulação, em outras palavras, reserva de valor. Quanto a propriedade camponesa, constitui-se em terra de trabalho, estando a exploração restrita ao regime de trabalho familiar; assim, essa não se configura como instrumento de acumulação de capital, mas de sobrevivência da família (p. 30).
Na figura 01 é possível observar vários tipos de atividades agrícolas
desenvolvidas no campo brasileiro. Nosso país apresenta duas realidades de produção
agrícolas bem distintas: de um lado o agronegócio com elevada produtividade, colocando
o Brasil como um dos países mais competitivos do mundo, onde o setor agropecuário
rende os maiores superávits e é responsável por 25% do PIB; e de outro, os agricultores
familiares sendo estes pequenos e médios proprietários que contam fundamentalmente
com o auxílio da mão de obra de suas famílias. Suas propriedades agrícolas têm uma
extensão máxima de até 100 hectares, ou seja, até quatro módulos fiscais, as quais
podem ser um bem da família ou terras arrendadas.
No Censo Agropecuário de 2006, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), foram identificados no Brasil 4,3 milhões de estabelecimentos rurais
que desenvolvem a agricultura familiar, o que representa 84,4% das propriedades
agrícolas. Este numeroso contingente de agricultores familiares ocupava uma área de
80,25 milhões de hectares, ou seja, 24,3% da área ocupada pelos estabelecimentos
agropecuários brasileiros.
Constituída a partir de propriedades médias e pequenas, a produção familiar
ocupa pouca terra se comparada à totalidade dos estabelecimentos rurais no Brasil.
Mesmo ocupando área reduzida, os dados mostram que a agricultura familiar tem
importante papel na manutenção do pessoal ocupado na agricultura.
Segundo Moreira (2005, p.542), no Brasil, 85% dos estabelecimentos agrícolas
pratica a agricultura familiar. Esse sistema de produção ocupa 30% da área utilizada pelo
setor agropecuário, e deste obtém 38% do Valor Bruto da Produção nacional. Enquanto, a
agricultura patronal ocupa 68% da área e produz 61% do Valor Bruto da Produção. Esses
números demonstram que as propriedades familiares são mais eficientes, ou seja, nelas o
aproveitamento econômico da área é maior que nas propriedades patronais. Estes
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resultados demonstram que a estrutura fundiária brasileira se apresenta como
concentradora de terras, pois: os estabelecimentos não familiares, apesar de
representarem 15,6% do total de estabelecimentos agrícolas, ocupavam 75,7% da área
ocupada. A área média dos estabelecimentos familiares era de 18,37 hectares, e a dos
não familiares, 309,18 hectares.
Figura 01 – Produtividades agrícolas do agronegócio e da agricultura familiar de produção
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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Censo Agropecuário de
2006, (tabela 01), identificou 4,3 milhões de estabelecimentos familiares de produção no
Brasil. Esse número corresponde a 80,25 milhões de hectares de terras, ou seja, 24,3%
das terras agrícolas do país. Destas, 45,0% eram destinadas a pastagens, enquanto as
áreas com matas, florestas ou sistemas agroflorestais ocupavam 28,0% das áreas, e por
fim as lavouras formadas por agricultores familiares ocupavam apenas 22,0%. Os
estabelecimentos patronais, com apenas 15,7% dos estabelecimentos totais, detém uma
área total de aproximadamente, 249.6 milhões de hectares de terra, ou seja, 75,7% das
áreas ocupadas.
Tabela: 01 - Utilização das terras nos estabelecimentos rurais - Brasil
Total de estabelecimentos
(%)
Área Total (ha)
(%)Total 5 175 489 100 329 941 393 100Agricultura Familiar 4 367 902 84,3 80 250 463 24,3Agricultura Patronal 807 587 15,7 249 690 940 75,7
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário-2006 Org. Helena Beatriz Birck
Ao analisar os dados estatísticos referentes à quantidade de áreas destinadas a
agricultura patronal em nosso país, podemos nos perguntar: Todas estas terras estão
tendo produtividade? Será que seus proprietários estão garantindo produção ao mercado
interno? Quais produtos são produzidos nessas imensas áreas? De acordo com a
Constituição Brasileira de 1988 e a Lei Agrária de 1993, as terras que não estão
cumprindo com sua função social, ou seja, as terras improdutivas, grandes ou médias
áreas, devem ser desapropriadas e destinadas a reforma agrária.
Apesar de cultivar uma pequena parcela de terras agricultáveis no Brasil, a
agricultura familiar é responsável por garantir boa parte da segurança alimentar no País,
como importante fornecedora de alimentos ao mercado interno. Os dados fornecidos no
Censo Agropecuário de 2006 demonstram a participação da agricultura familiar com um
peso significativo na produção de alimentos consumidos diariamente em nossos hábitos
alimentares. Vejamos alguns exemplos na tabela 02:
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Tabela 02: Produção de alimentos da agricultura familiar no Brasil
Mandioca 87%
Feijão 70%
Milho 46%
Café 38%
Arroz 34%
Leite de vaca 58%
Suínos 59%
Aves 50%
Bovinos 30%
Trigo 21%
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário-2006 Org. Helena Beatriz Birck
A produção da soja, sendo esta cultura destinada à exportação, tem menor
participação na produção realizada pela agricultura familiar, com apenas 16%, pois ela é
produzida quase que exclusivamente pelo agronegócio.
Em relação ao Estado do Paraná, o Censo Agropecuário de 2006 demonstra que
a participação da agricultura familiar é bastante significativa. Alguns exemplos podem ser
observados na tabela 03:
Tabela 03: Produção de alimentos da agricultura familiar no Estado do Paraná
Feijão preto 75%
Mandioca 81%
Café 56%
Soja 31%
Trigo 23%
Bovinos 35%
Aves 67%
Leite de vaca 58%
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário-2006 Org. Helena Beatriz Birck
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A produção da soja no Estado do Paraná também apresenta pequena
participação da agricultura familiar, como visto anteriormente na produtividade realizada a
nível nacional.
O setor pecuário paranaense comprova a atual forma de trabalho no campo,
principalmente na região oeste e sudoeste, onde se encontram instaladas agroindústrias
vinculadas à criação de aves e suínos (ex: Sadia e Frigorífico de Aves Copagril), e
também agroindústrias ligadas à industrialização dos derivados do leite (ex: Sudcoop), as
quais, através de um mecanismo denominado de integração, mantém uma relação de
parceria com o agricultor familiar de produção. São através dessa integração/parceria que
se comprova os dados da produção pecuária vistos na relação acima.
Os dados lançados na tabela 04 identifica a participação da utilização das terras
por lavouras permanentes e temporárias no estado paranaense. Verifica-se que a
agricultura familiar de produção apresenta uma porcentagem total de estabelecimentos
agrícolas (81%), bastante superiores quando comparados ao total de estabelecimentos
patronais de produção, porém com menor participação de área em hectares (27%).
Dos 15,2 milhões de ha de área total, observa-se que apenas 6,2 milhões de ha
(40%), são destinados ao uso de lavouras temporárias ou permanentes. Dentre as áreas
destinadas ao uso de lavouras permanentes e temporárias, pode-se dizer que 85% do
total das terras destinam-se a lavouras temporárias.
Com isso constata-se que o Estado do Paraná apresenta um alto grau de
utilização das terras onde se pratica a produção de lavouras temporárias.
Quando comparado os dois tipos de unidades de produção, agricultura familiar e
agricultura patronal, a dimensão, ou seja, a quantidade de área em hectares de lavouras
permanentes nas mãos da atividade de produção patronal é imensamente superior
comparada à agricultura familiar, porém o número total de estabelecimentos é inferior. As
lavouras temporárias também apresentam resultados semelhantes aos relatados
anteriormente.
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Tabela: 04 – Utilizações das terras nos estabelecimentos, por tipo de utilização, segundo a agricultura familiar – Paraná - 2006.
Agricultura familiar
Total de estabele-cimentos
Área total (ha)
Utilização das terras nos estabelecimentosLavouras
Permanentes TemporáriasEstabelecimentos
Área (ha) Estabelecimentos
Área (ha)
Total 371 051 15 286 534
76 329 976 003 258 041 5 378 831
Agricultura familiar
302 907 4 249 882 60 561 164 122 214 091 1 763 248
Agricultura patronal
68 144 11 036 652 15 768 811 890 43 950 3 615 583
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário-2006 Org. Helena Beatriz Birck
3- ESTRUTURA FUNDIÁRIA BRASILEIRA
O campo brasileiro está marcado atualmente pela modernização agrícola, a qual
abriu aos proprietários de terras a possibilidade da apropriação capitalista da terra
provocando uma intensificação na concentração da estrutura fundiária brasileira.
A Estrutura fundiária corresponde ao número e ao tamanho dos imóveis rurais,
e sua classificação segundo as categorias dimensionais. Simplificando, pode-se dizer que
é a forma como estão distribuídas as propriedades de terras agrícolas num país.
No Brasil, a atual estrutura fundiária não contempla a maior parte da população
residente no campo. De acordo com o índice de Gini, o Brasil apresenta uma das maiores
concentrações de terra da América. Observe a tabela 05:
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Tabela 05: - Índice de Gini dos países da América
COLOCAÇÃO PAÍS ANO ÍNDICE1 CANADÁ 1980 0,62 MÉXICO 1980 0,623 USA 1987 0,754 BOLÍVIA 1989 0,765 COLÔMBIA 1990 0,776 PORTO RICO 1980 0,777 HONDURAS 1974 0,778 NICARÁGUA 1980 0,8
9 BRASIL 2000 0,810 URUGUAI 1980 0,811 JAMAICA 1980 0,812 EL SALVADOR 1971 0,813 COSTA RICA 1973 0,8114 EQUADOR 1974 0,81
BRASIL 1989 0,8415 GUATEMALA 1979 0,8416 ARGENTINA 1988 0,8417 PANAMÁ 1990 0,8718 BAHAMAS 1994 0,8719 VENEZUELA 1971 0,920 PERU 1972 0,9121 PARAGUAI 1980 0,92
Fonte: INCRA – O Brasil Desconcentrando Terras Elaboração: Helena Beatriz Birck
O Índice de Gini é um indicador que mede a desigualdade de distribuição de
várias categorias – riqueza, renda, terra, etc., - entre os elementos de um conjunto. Ele
varia de zero a um. Tomando como exemplo o caso da terra, o índice de Gini seria igual a
um, caso a totalidade das terras de um país pertencesse a uma única pessoa ou
empresa. Seria igual a zero, se a terra estivesse distribuída igualmente entre todos os
proprietários rurais.
Apesar de seu imenso território e das extensas superfícies de terras não
cultivadas. A situação fundiária é uma questão ainda a ser resolvida, apesar das
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reivindicações realizadas pelos movimentos sociais existentes atualmente no campo
brasileiro. Veja o gráfico abaixo:
Gráfico 01- Concentração Fundiária - Índice de Gini - INCRA e IBGE
Fonte: http://www.planalto.gov.br/publi_04/COLECAO/REFAGR3.HTM
Os dados representados neste gráfico demonstram que as pequenas alterações
que ocorreram em relação à concentração de terras no Brasil, nos últimos 50 anos, foram
para pior. O índice de Gini da distribuição da terra no Brasil passou de 0,831 (1960), para
0,858 (1970) e 0,867 (1975). Esse cálculo inclui somente a distribuição da terra entre os
proprietários. Se forem consideradas também as famílias sem terra, o índice de Gini
evidencia maior concentração ainda: 0,879 (1960), 0,938 (1970) e 0,942 (1975).
Ainda conforme o Censo Agropecuário 2006, o mesmo revela que a distribuição
de terras nos últimos 20 anos no Brasil permaneceu inalterada. Nos Censos
Agropecuários de 1985, 1995 e 2006, os estabelecimentos com mais de 1.000 hectares
ocupavam 43% da área total de estabelecimentos agropecuários no país, enquanto
aqueles com menos de 10 hectares ocupavam, apenas, 2,7% da área total do país. A
concentração da propriedade da terra no Brasil nas mãos de poucos é assustadora.
Interpretando a tabela 06, constata-se que em relação ao número total de
estabelecimentos, cerca de 47% tinham menos de 10 hectares, enquanto aqueles com
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mais de 1.000 hectares representavam em torno de 1% do total.
Tabela: 06 - Áreas dos estabelecimentos rurais, segundo o estrato da área Brasil - 1985/2006.
Estrato de área dos estabelecimentos (ha)
Área dos estabelecimentos rurais (ha) e (%)
1985 (%) 1995 (%) 2006 (%)
Total
Menos de 10 hade 10 ha a menos de 100 hade 100 ha a menos de 1000 ha1000 ha a mais
374924421 100 353 611246 100 329941393 100
9 986 637 2,6 7 882 194 2,2 7 798 607 2,369 595 161 18,5 62 693 585 17,7 62 893 091 19,2131432667 35,4 123541517 34,9 112 696478 34,1163940667 43,5 159493949 45,2 146553218 44,4
Fonte: IBGE, Censo Agropecuários 1985/2006. Organização: Helena Beatriz Birck
Verifica-se, portanto que houve aumento na porcentagem de áreas agrícolas com
mais de 1000 ha entre os anos de 1985 a 2006, mantendo a concentração dos
estabelecimentos rurais nas mãos dos latifundiários.
4 - TIPOS DE UNIDADES DE PRODUÇÃO NO CAMPO BRASILIERO
O espaço rural brasileiro apresenta grande concentração da propriedade da terra, e
esta se divide por dois tipos de unidades de produção: a agricultura familiar de produção e a agricultura patronal. Na agricultura patronal o trabalho desenvolve-se
basicamente através do uso de tecnologias e a produtividade ocorre em larga escala além
de contar, em sua produção, com o trabalho de empregados temporários ou permanentes.
Na agricultura familiar os membros da família realizam o trabalho no estabelecimento
rural, normalmente sem o uso de outra forma de mão de obra, e com baixo nível
tecnológico. Segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA),
para caracterizar como agricultura familiar ela deve atender a duas condições básicas:
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• A direção dos trabalhos no estabelecimento deve ser exercida pelo produtor;
• E o trabalho familiar deve ser superior ao trabalho contratado.
Quanto ao uso de tecnologias, pode-se dividir a agricultura familiar em dois
grandes grupos: a pequena agricultura e a agricultura comercial. Veja o quadro abaixo:
Quadro 01: Unidades de produção no Brasil
A pequena agricultura é aquela que apresenta menor nível técnico gerando
pouca renda e pequena inserção no mercado. Exemplo de pequena agricultura é a
agricultura de subsistência encontrada em áreas mais pobres do país onde o agricultor
produz basicamente para as necessidades básicas da família e comercializa o pequeno
excedente.
A agricultura comercial apresenta melhor nível tecnológico, consequentemente,
maior produtividade. Um bom exemplo de agricultura comercial são os produtores rurais
que realizam em seus estabelecimentos agrícolas a criação de frangos e suínos para o
abastecimento das grandes agroindústrias. Existe grande diversidade de técnicas e
relações sociais de trabalho dentro da agricultura familiar de produção no campo brasileiro.
Fonte: www.incra.gov.br/.../index.php?...incra...agricultura-familiar... Acesso em: 27 jun.
2011.
5- ANÁLISES DO PERFIL DO JOVEM AGRICULTOR E SUA PERMANÊNCIA NO5- ANÁLISES DO PERFIL DO JOVEM AGRICULTOR E SUA PERMANÊNCIA NO
CAMPO CAMPO
Visando identificar o perfil do jovem agricultor e também sua intenção emVisando identificar o perfil do jovem agricultor e também sua intenção em
permanecer ou não no campo, a presente pesquisa procedeu mediante distintas formaspermanecer ou não no campo, a presente pesquisa procedeu mediante distintas formas
de abordagens. Foi realizado primeiramente, um estudo teórico envolvendo assuntos quede abordagens. Foi realizado primeiramente, um estudo teórico envolvendo assuntos que
dizem respeito à agricultura brasileira. Temas que envolvem o histórico da atual estruturadizem respeito à agricultura brasileira. Temas que envolvem o histórico da atual estrutura
fundiária bem como, a importância que a agricultura familiar de produção apresenta parafundiária bem como, a importância que a agricultura familiar de produção apresenta para
a economia do Brasil e como base da alimentação ao povo brasileiro.a economia do Brasil e como base da alimentação ao povo brasileiro.
Ao realizar os estudos teóricos com os educandos, a preocupação foi em abordarAo realizar os estudos teóricos com os educandos, a preocupação foi em abordar
sobre o histórico da estrutura fundiária brasileira, a forma de vida do homem do campo, asobre o histórico da estrutura fundiária brasileira, a forma de vida do homem do campo, a
valorização deste na produção de alimentos para a população, bem como destacar avalorização deste na produção de alimentos para a população, bem como destacar a
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importância da permanência deste nas pequenas propriedades, desde que haja políticasimportância da permanência deste nas pequenas propriedades, desde que haja políticas
públicas que valorizem o pequeno agricultor. Com maior conhecimento teórico o jovempúblicas que valorizem o pequeno agricultor. Com maior conhecimento teórico o jovem
aluno agricultor poderá entender e compreender que ele esta intimamente ligado aoaluno agricultor poderá entender e compreender que ele esta intimamente ligado ao
modelo de produção capitalista e que a produção agrícola no país não é unicamente damodelo de produção capitalista e que a produção agrícola no país não é unicamente da
responsabilidade dos latifúndios, mas que o pequeno agricultor tem larga participação naresponsabilidade dos latifúndios, mas que o pequeno agricultor tem larga participação na
produção agropecuária brasileira e é agente de construção e reconstrução do espaçoprodução agropecuária brasileira e é agente de construção e reconstrução do espaço
geográfico. geográfico.
O estudo teórico foi realizado durante o mês de setembro de 2011. Este contouO estudo teórico foi realizado durante o mês de setembro de 2011. Este contou
com a participação de 25 alunos, todos filhos de agricultores, moradores nas localidadescom a participação de 25 alunos, todos filhos de agricultores, moradores nas localidades
de Linha Belmonte, Linha Boa Vista, Linha Bela Vista, Linha Guavirá, Novo Três Passos ede Linha Belmonte, Linha Boa Vista, Linha Bela Vista, Linha Guavirá, Novo Três Passos e
Novo Horizonte, estudantes do Ensino Médio do Colégio Estudual Frentino Sackser,Novo Horizonte, estudantes do Ensino Médio do Colégio Estudual Frentino Sackser,
situado na cidade de Marechal Cândido Rondon. As localidades citadas são linhas ousituado na cidade de Marechal Cândido Rondon. As localidades citadas são linhas ou
distritos pertencentes ao município citado. Vale ressaltar, que todos os discentes contamdistritos pertencentes ao município citado. Vale ressaltar, que todos os discentes contam
com o serviço de transporte escolar gratuito. Dentre as disponibilidades de Ensinocom o serviço de transporte escolar gratuito. Dentre as disponibilidades de Ensino
Superior, a cidade conta com uma Instituição Pública (UNIOESTE) e outras particulares. Superior, a cidade conta com uma Instituição Pública (UNIOESTE) e outras particulares.
Após o término do estudo teórico, foi realizada uma visita técnica a FazendaApós o término do estudo teórico, foi realizada uma visita técnica a Fazenda
Experimental da Unioeste - Campus de Marechal Cândido Rondon, com o objetivo deExperimental da Unioeste - Campus de Marechal Cândido Rondon, com o objetivo de
identificar e conhecer inovações técnicas voltadas ao meio rural. identificar e conhecer inovações técnicas voltadas ao meio rural.
Durante a visita técnica os alunos tiveram o acompanhamento do técnicoDurante a visita técnica os alunos tiveram o acompanhamento do técnico
responsável pela Fazenda Experimental o qual relatou sobre as diferentes atividadesresponsável pela Fazenda Experimental o qual relatou sobre as diferentes atividades
desenvolvidas no campo nas diversas áreas que o agricultor pode atuar. desenvolvidas no campo nas diversas áreas que o agricultor pode atuar.
Para compreender o comportamento e o perfil desses jovens foi realizado um
levantamento de dados através do recolhimento de informações com aplicação de um
questionário com nove questões abertas e fechadas, como instrumento de análise do
perfil, perspectivas, vantagens e desvantagens que os jovens agricultores encontram em
permanecer ou não no campo. O eixo que norteou o questionário foram perguntas sobre:
idade, sexo, tipo e tamanho da propriedade, atividades que realiza no campo, lazer, renda
familiar, o que se produz na propriedade, sobre a vida no campo, entre outras.
Através das informações que o jovem adquire, ele demonstra interesse emAtravés das informações que o jovem adquire, ele demonstra interesse em
apresentar soluções (pluriatividade), alternativas para se viver no campo. Esse interesseapresentar soluções (pluriatividade), alternativas para se viver no campo. Esse interesse
é demonstrado por meio de propósitos e comprometimento com a respectiva ação.é demonstrado por meio de propósitos e comprometimento com a respectiva ação.
Porém, os resultados desta pesquisa demonstram que o jovem do campo, em sua grandePorém, os resultados desta pesquisa demonstram que o jovem do campo, em sua grande
maioria, deixa sua família, suas terras, enfim sua vida rural para viver na cidade.maioria, deixa sua família, suas terras, enfim sua vida rural para viver na cidade.
Percebe-se que o ideal é que o jovem agricultor deveria ter possibilidades dePercebe-se que o ideal é que o jovem agricultor deveria ter possibilidades de
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permanecer no campo, e não realizar o êxodo rural. A profissionalização da atividade dopermanecer no campo, e não realizar o êxodo rural. A profissionalização da atividade do
agricultor é a melhor forma de mudar a realidade no campo. Privilégios assistencialistas eagricultor é a melhor forma de mudar a realidade no campo. Privilégios assistencialistas e
legais prejudicam mais do que ajudam os agricultores familiares, porque criamlegais prejudicam mais do que ajudam os agricultores familiares, porque criam
dependência, é preciso educação para que o jovem permaneça no campo e a agriculturadependência, é preciso educação para que o jovem permaneça no campo e a agricultura
não envelheça como está acontecendo. A agricultura familiar é capaz de resistir anão envelheça como está acontecendo. A agricultura familiar é capaz de resistir a
qualquer intempérie, menos as burocráticas e ilegais.qualquer intempérie, menos as burocráticas e ilegais.
O meio rural brasileiro esta ficando somente com as pessoas idosas para produzirO meio rural brasileiro esta ficando somente com as pessoas idosas para produzir
alimentos, pois os jovens não estão mais permanecendo na propriedade para administraralimentos, pois os jovens não estão mais permanecendo na propriedade para administrar
os negócios dos pais. Segundo o Censo do IBGE (2010), de cada grupo de cincoos negócios dos pais. Segundo o Censo do IBGE (2010), de cada grupo de cinco
brasileiros, em torno de quatro vivem nas cidades, ao contrário do que ocorria há 50 anos.brasileiros, em torno de quatro vivem nas cidades, ao contrário do que ocorria há 50 anos.
Há de se encontrar alternativas para fazer o refluxo, e principalmente encontrar meiosHá de se encontrar alternativas para fazer o refluxo, e principalmente encontrar meios
para motivar e sensibilizar o jovem para que ele tenha interesse em permanecer e seguirpara motivar e sensibilizar o jovem para que ele tenha interesse em permanecer e seguir
a profissão de agricultor. a profissão de agricultor.
Segundo Abramovay (1998, p.15), o êxodo rural nas regiões de predomínio daSegundo Abramovay (1998, p.15), o êxodo rural nas regiões de predomínio da
agricultura familiar de produção atinge hoje as populações jovens com muito mais ênfaseagricultura familiar de produção atinge hoje as populações jovens com muito mais ênfase
que em momentos anteriores. Ao envelhecimento acopla-se, mais recentemente, umque em momentos anteriores. Ao envelhecimento acopla-se, mais recentemente, um
severo processo de masculinização da juventude rural. As moças, segundo o autor,severo processo de masculinização da juventude rural. As moças, segundo o autor,
deixam o campo antes e numa proporção muito maior que os rapazes. Este êxodo ruraldeixam o campo antes e numa proporção muito maior que os rapazes. Este êxodo rural
não parece estar ligado a oportunidades de trabalho favorável nas áreas urbanas, mas ànão parece estar ligado a oportunidades de trabalho favorável nas áreas urbanas, mas à
precariedade das perspectivas assim como ao papel subalterno que continuam a ter asprecariedade das perspectivas assim como ao papel subalterno que continuam a ter as
moças no interior das famílias de agricultores.moças no interior das famílias de agricultores.
Nas informações obtidas através do levantamento de dados do questionário,Nas informações obtidas através do levantamento de dados do questionário,
diagnosticou-se que, dos 25 alunos que se fizeram presente nos estudos teóricos, 16diagnosticou-se que, dos 25 alunos que se fizeram presente nos estudos teóricos, 16
jovens responderam ao questionário. jovens responderam ao questionário.
Nos debates realizados e nas respostas obtidas pelo questionário, percebe-se queNos debates realizados e nas respostas obtidas pelo questionário, percebe-se que
há interesse dos jovens pelo assunto, porém, a maioria afirma que não permanecerá nohá interesse dos jovens pelo assunto, porém, a maioria afirma que não permanecerá no
campo. Observa-se que os jovens têm preocupação com seu futuro profissional ecampo. Observa-se que os jovens têm preocupação com seu futuro profissional e
preocupam-se com um futuro melhor. Os mesmos afirmam que o acesso à educação epreocupam-se com um futuro melhor. Os mesmos afirmam que o acesso à educação e
divertimento são mais difícil no meio rural, porém eles constatam que no campo a vida édivertimento são mais difícil no meio rural, porém eles constatam que no campo a vida é
mais saudável e tranquila que no meio urbano. Os jovens tem consciência que no meiomais saudável e tranquila que no meio urbano. Os jovens tem consciência que no meio
rural, além da tranquilidade, as preocupações com relação à segurança ainda sãorural, além da tranquilidade, as preocupações com relação à segurança ainda são
maiores que na cidade.maiores que na cidade.
De acordo com os resultados obtidos por meio do questionamento dos 16 filhos deDe acordo com os resultados obtidos por meio do questionamento dos 16 filhos de
agricultores educando do Ensino Médio no Colégio Estadual Frentino Sackser, verificou-agricultores educando do Ensino Médio no Colégio Estadual Frentino Sackser, verificou-
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se que a faixa etária está entre os 14 e 16 anos, e destes, 75% são de sexo masculino ese que a faixa etária está entre os 14 e 16 anos, e destes, 75% são de sexo masculino e
25% são do sexo feminino.25% são do sexo feminino.
As estruturas das propriedades são familiares, com predomínio de minifúndios.As estruturas das propriedades são familiares, com predomínio de minifúndios.
Quanto ao tamanho das propriedades, verifica-se pelo Gráfico 02 que a maioria seQuanto ao tamanho das propriedades, verifica-se pelo Gráfico 02 que a maioria se
encontra entre 0 a 20 ha, atingindo um total de 87% das unidades de produção. Podem-encontra entre 0 a 20 ha, atingindo um total de 87% das unidades de produção. Podem-
se constatar através desses dados que nestas pequenas propriedades de produção sese constatar através desses dados que nestas pequenas propriedades de produção se
desenvolve atividades variadas.desenvolve atividades variadas.
Em relação à área de terra disponível pela família para realização das atividadesEm relação à área de terra disponível pela família para realização das atividades
agrícolas, verifica-se que em três casos a terra é arrendada, e nas demais, a famíliaagrícolas, verifica-se que em três casos a terra é arrendada, e nas demais, a família
reside em propriedade própria. reside em propriedade própria.
Gráfico 02: Tamanho das propriedades
As atividades principais desenvolvidas pelos jovens e suas respectivas famílias,
nas propriedades, podem ser observadas no Gráfico 03. Observa-se que a soja e o
milho, devido, em parte, ao valor de mercado, são os que detém maior participação na
produtividade. Os derivados do leite, junto com a criação bovina e suína, vem ganhando
destaque devido a proximidade dos agricultores com as agroindústrias ligadas a
industrialização dos derivados do leite e a instalação dos frigoríficos, os quais através de
um mecanismo denominado de integração mantém uma relação de parceria com o
agricultor familiar de produção.
No entanto, a maior parte das famílias conciliam a produção agrícola com a
criação pecuária, e desta tem maior parcela de produção os derivados do leite.
De acordo com as informações colhidas junto aos educandos, as famílias
87%
13%
0% 0% 0%
Tamanho das propriedades
até 20ha
20 a 40ha
40 a 60ha
60 a 80ha
80 a 100ha
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aproveitam parte da produção agrícola para seu consumo, principalmente os oriundos da
pecuária, tais como, os derivados do leite e a carne proveniente da criação bovina, suína
e aves que são criadas soltas no quintal. São também fruto do trabalho no campo nessas
pequenas propriedades familiares de produção o cultivo da horta, bem como o plantio de
mandioca e outros produtos em pequena escala para consumo próprio e para alimentar
os animais.
Gráfico 03: Atividades principais desenvolvidas Gráfico 03: Atividades principais desenvolvidas
Através do Gráfico 03, verifica-se que a agricultura familiar de produção temAtravés do Gráfico 03, verifica-se que a agricultura familiar de produção tem
significativa importância econômica em diversas cadeias produtiva. Porém o cultivo dasignificativa importância econômica em diversas cadeias produtiva. Porém o cultivo da
soja e do milho ainda conta com parcela significativa na produtividade familiar, pois, pode-soja e do milho ainda conta com parcela significativa na produtividade familiar, pois, pode-
se dizer que são cultivos “tradicionais” no município, assim como em toda a região oestese dizer que são cultivos “tradicionais” no município, assim como em toda a região oeste
paranaense, devido principalmente, ao crédito rural que o produtor recebe do Governo e aparanaense, devido principalmente, ao crédito rural que o produtor recebe do Governo e a
forma de modernização agrícola, acarretando em grandes transformações tecnológicasforma de modernização agrícola, acarretando em grandes transformações tecnológicas
ao longo dos anos. A soja e o milho são culturas basicamente destinadas à exportação,ao longo dos anos. A soja e o milho são culturas basicamente destinadas à exportação,
porém, concentram maior produtividade nas terras latifundiárias do agronegócio brasileiro.porém, concentram maior produtividade nas terras latifundiárias do agronegócio brasileiro.
A forma de modernização agrícola imposta nos países subdesenvolvidos acelerouA forma de modernização agrícola imposta nos países subdesenvolvidos acelerou
o processo de marginalização dos produtores familiares, contribuindo para o aumento doo processo de marginalização dos produtores familiares, contribuindo para o aumento do
êxodo rural e o esvaziamento das pequenas cidades do interior do país (ABRAMOVAY,êxodo rural e o esvaziamento das pequenas cidades do interior do país (ABRAMOVAY,
1998, p. 9).1998, p. 9).
Observa-se que a atividade exercida pelos jovens dentro das propriedades é deObserva-se que a atividade exercida pelos jovens dentro das propriedades é de
ajudante dos pais, a forma tradicional de patriarcalismo. As tarefas das filhas estãoajudante dos pais, a forma tradicional de patriarcalismo. As tarefas das filhas estão
ligadas aos afazeres domésticos e ao cuidado com o trato leiteiro, enquanto aos filhosligadas aos afazeres domésticos e ao cuidado com o trato leiteiro, enquanto aos filhos
homens, cabe a função de ajudante na criação pecuária e na lavoura. Dentre os jovenshomens, cabe a função de ajudante na criação pecuária e na lavoura. Dentre os jovens
12%
21%
19%
2%
9%
7%1%
12%
10%
7%
Produção familiarderivados do leite
soja
milho
trigo
mandioca
aves
verduras e legumes
bovinos
suinos
outros
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entrevistados, não houve nem um caso em que o mesmo trabalhe na cidade, porém doisentrevistados, não houve nem um caso em que o mesmo trabalhe na cidade, porém dois
jovens trabalham em outra propriedade.jovens trabalham em outra propriedade.
Sem dúvida nenhuma a vida no campo é muito mais saudável e tranquila que naSem dúvida nenhuma a vida no campo é muito mais saudável e tranquila que na
cidade. A começar pelo ar puro, frutas, verduras, leite e seus derivados, carne, ovos, ecidade. A começar pelo ar puro, frutas, verduras, leite e seus derivados, carne, ovos, e
tudo mais que o campo pode oferecer. tudo mais que o campo pode oferecer.
Quando se observa o lazer dos jovens agricultores (Gráfico 04), verifica-se que asQuando se observa o lazer dos jovens agricultores (Gráfico 04), verifica-se que as
opções são limitadas. Muitos jovens comentam que devido a distância de suas moradiasopções são limitadas. Muitos jovens comentam que devido a distância de suas moradias
até as cidades, ou até mesmo pela falta de alguns tipos de lazer na cidade, raramenteaté as cidades, ou até mesmo pela falta de alguns tipos de lazer na cidade, raramente
frequentam o teatro, cinema ou mesmo os shopping centers. Quanto a liberdade para sairfrequentam o teatro, cinema ou mesmo os shopping centers. Quanto a liberdade para sair
e se divertir, constatou-se que mais de 60% dos jovens é livre para ir a busca de diversãoe se divertir, constatou-se que mais de 60% dos jovens é livre para ir a busca de diversão
nas horas de folga e nos finais de semana.nas horas de folga e nos finais de semana.
Gráfico 04: Opções de lazer Gráfico 04: Opções de lazer
Quanto a renda familiar (Gráfico 05), constata-se que 56% das famílias atingemQuanto a renda familiar (Gráfico 05), constata-se que 56% das famílias atingem
entre 1 a 5 salários mínimos, girando em torno de 2 mil reais mensais. Outros 25%entre 1 a 5 salários mínimos, girando em torno de 2 mil reais mensais. Outros 25%
apresentam somas menos expressivas, com renda aproximada de até 1 salário mínimo. Eapresentam somas menos expressivas, com renda aproximada de até 1 salário mínimo. E
três dos entrevistados, ou seja, 19%, conseguem atingir valores superiores a 5 saláriostrês dos entrevistados, ou seja, 19%, conseguem atingir valores superiores a 5 salários
mínimos mensais em suas propriedades. mínimos mensais em suas propriedades.
De acordo com as informações obtidas, 31% dos jovens agricultoresDe acordo com as informações obtidas, 31% dos jovens agricultores
entrevistados tem renda própria de até 1 salário mínimo, 13% atingem somas superioresentrevistados tem renda própria de até 1 salário mínimo, 13% atingem somas superiores
a 1 salário mínimo e 56% dos jovens não tem renda própria. Os jovens que possuem suaa 1 salário mínimo e 56% dos jovens não tem renda própria. Os jovens que possuem sua
própria renda trabalham em outras propriedades auxiliando nas atividades diárias. própria renda trabalham em outras propriedades auxiliando nas atividades diárias.
7%
9%
11%
4%
2%13%
2%
16%
7%
13%
16%
Lazer
cinema
shopping
teatro
jovens cooperativistas
boate
piscina
bares
visita os amigos
festa de igreja
festa na cidade
outros
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Gráfico 05: Renda média mensal familiar Gráfico 05: Renda média mensal familiar
Os valores expressos na obtenção da renda média mensal familiar sãoOs valores expressos na obtenção da renda média mensal familiar são
provenientes do trabalho diário realizado pela família em suas propriedades. Porém,provenientes do trabalho diário realizado pela família em suas propriedades. Porém,
devido ao alto custo de manutenção dos equipamentos agrícolas e demais utensíliosdevido ao alto custo de manutenção dos equipamentos agrícolas e demais utensílios
necessários para a lida diária no campo, os jovens relatam que o trabalho no campo nãonecessários para a lida diária no campo, os jovens relatam que o trabalho no campo não
é compensador, pois, é “árduo, difícil, com poucos incentivos do governo, que osé compensador, pois, é “árduo, difícil, com poucos incentivos do governo, que os
agricultores são tratados como inferiores e ainda que querem ter uma vida melhor e seragricultores são tratados como inferiores e ainda que querem ter uma vida melhor e ser
mais valorizados profissionalmente”.mais valorizados profissionalmente”.
Os jovens justificam que o campo é um local saudável e mais tranquilo para seOs jovens justificam que o campo é um local saudável e mais tranquilo para se
viver. Analisando o Gráfico 06 pode-se afirmar que 75% dos jovens entrevistados gostamviver. Analisando o Gráfico 06 pode-se afirmar que 75% dos jovens entrevistados gostam
de morar no campo. de morar no campo.
Gráfico 06: Gostam de morar no campo
25%
56%
13%
6%
Renda média
até 1 sal
1 a 5 sal
5 a 10 sal
acima 10 sal
75%
25%
Morar no campo
sim
não
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Quando relatam sobre dar continuidade na profissão de agricultor, 75%Quando relatam sobre dar continuidade na profissão de agricultor, 75%
respondem que não. Mesmo 75% dos jovens na questão anterior dizerem que gostam dorespondem que não. Mesmo 75% dos jovens na questão anterior dizerem que gostam do
morar no campo, somente 25% pretendem dar continuidade a vida no meio rural.morar no campo, somente 25% pretendem dar continuidade a vida no meio rural.
Descrevem que devido à distância ou mesmo porque os pais querem que tenha outraDescrevem que devido à distância ou mesmo porque os pais querem que tenha outra
formação, ou ainda, porque a renda obtida através do trabalho não recompensa todo oformação, ou ainda, porque a renda obtida através do trabalho não recompensa todo o
esforço diário na labuta pela permanência no campo.esforço diário na labuta pela permanência no campo.
Esta constatação é preocupante, pois haverá poucos sucessores dispostos a darEsta constatação é preocupante, pois haverá poucos sucessores dispostos a dar
continuidade a esta atividade extremamente importante e de relevância primordial a todoscontinuidade a esta atividade extremamente importante e de relevância primordial a todos
nós que necessitamos do alimento diário que prevem das unidades familiares denós que necessitamos do alimento diário que prevem das unidades familiares de
produção. produção.
Conforme descreve Abramovay (1998, p.36), a agricultura familiar a partir dosConforme descreve Abramovay (1998, p.36), a agricultura familiar a partir dos
anos 70 no sul do país expõe-se a uma dupla ruptura: por um lado, as possibilidadesanos 70 no sul do país expõe-se a uma dupla ruptura: por um lado, as possibilidades
objetivas de formação de novas unidades produtivas encontram-se cada vez maisobjetivas de formação de novas unidades produtivas encontram-se cada vez mais
limitadas, por outro, a ideia de que, na sua grande maioria, os jovens no campo destinam-limitadas, por outro, a ideia de que, na sua grande maioria, os jovens no campo destinam-
se a reproduzir os papéis de seus pais é cada vez menos verdadeira no interior de suasse a reproduzir os papéis de seus pais é cada vez menos verdadeira no interior de suas
próprias famílias.próprias famílias.
Há necessidade de estabelecer ações concretas para que se reverta essaHá necessidade de estabelecer ações concretas para que se reverta essa
situação, pois é necessário combater o êxodo rural, bem como fortalecer uma das basessituação, pois é necessário combater o êxodo rural, bem como fortalecer uma das bases
econômicas mais importantes do país que é a agricultura familiar de produção. econômicas mais importantes do país que é a agricultura familiar de produção.
Os jovens que pretendem seguir a profissão de agricultor e permanecer no meioOs jovens que pretendem seguir a profissão de agricultor e permanecer no meio
rural perfazem um total de três, ou seja, 19% dos entrevistados. Todos são filhos homensrural perfazem um total de três, ou seja, 19% dos entrevistados. Todos são filhos homens
e seus pais são proprietários das terras em que residem. Além de gostarem de morar ee seus pais são proprietários das terras em que residem. Além de gostarem de morar e
trabalhar no meio rural, relata que a vida onde estão é mais tranquila e saudável que natrabalhar no meio rural, relata que a vida onde estão é mais tranquila e saudável que na
cidade. cidade.
Os jovens que pretendem seguir outra carreira, conforme o Gráfico 07 mostra,Os jovens que pretendem seguir outra carreira, conforme o Gráfico 07 mostra,
perfazem um total de 81% dos entrevistados. Estes dizem não estarem contente com aperfazem um total de 81% dos entrevistados. Estes dizem não estarem contente com a
vida que levam, e tem interesse em ir para a cidade em busca de estudos e trabalho.vida que levam, e tem interesse em ir para a cidade em busca de estudos e trabalho.
Evidencia-se o descontentamento destes com a falta de afazeres para diversão,Evidencia-se o descontentamento destes com a falta de afazeres para diversão,
bem como a dificuldade para a busca de estudos, uma vez que os jovens tem que sebem como a dificuldade para a busca de estudos, uma vez que os jovens tem que se
deslocar do interior de suas propriedades rurais até a cidade para cursar o ensino médio edeslocar do interior de suas propriedades rurais até a cidade para cursar o ensino médio e
o ensino superior.o ensino superior.
22
Gráfico 07: Seguir outra profissão
A grande maioria dos jovens que migram para as cidades vai à busca de outrasA grande maioria dos jovens que migram para as cidades vai à busca de outras
opções de trabalho e não para continuar estudos. Poucos conseguem avançar naopções de trabalho e não para continuar estudos. Poucos conseguem avançar na
formação profissional que almejam. Esta situação é mais uma razão para preocupar-seformação profissional que almejam. Esta situação é mais uma razão para preocupar-se
com o futuro da juventude rural. com o futuro da juventude rural.
Os que pretendem sair do espaço rural o fazem com incentivo dos pais. AOs que pretendem sair do espaço rural o fazem com incentivo dos pais. A
participação destes na tomada de decisões é pequena ou quase nula, fato este queparticipação destes na tomada de decisões é pequena ou quase nula, fato este que
influencia na decisão de sair do meio rural, em busca de independência financeira einfluencia na decisão de sair do meio rural, em busca de independência financeira e
profissional. Por vezes são influenciados por familiares ou amigos que já se deslocaramprofissional. Por vezes são influenciados por familiares ou amigos que já se deslocaram
do campo para a cidade em busca de melhores condições, e aparentemente estão maisdo campo para a cidade em busca de melhores condições, e aparentemente estão mais
bem estruturados econômica e financeiramente. bem estruturados econômica e financeiramente.
Durante a pesquisa, constatou-se que os jovens tem consciência que a vida noDurante a pesquisa, constatou-se que os jovens tem consciência que a vida no
campo é mais saudável e tranquila. Percebe-se que a maioria gosta de morar no meiocampo é mais saudável e tranquila. Percebe-se que a maioria gosta de morar no meio
rural, mas preocupa saber que mais de 80% destes não apresentam interesse de norural, mas preocupa saber que mais de 80% destes não apresentam interesse de no
futuro permanecer no meio rural. futuro permanecer no meio rural.
CONSIDERAÇÕES FINAISCONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo realizado com os jovens agricultores estudantes do EnsinoO presente estudo realizado com os jovens agricultores estudantes do Ensino
Médio no Colégio Estadual Frentino Sackser, situado no município de Marechal CândidoMédio no Colégio Estadual Frentino Sackser, situado no município de Marechal Cândido
Rondon, constatou que a maioria dos educando gostam de morar no campo,Rondon, constatou que a maioria dos educando gostam de morar no campo,
81%
19%
Seguir outra profissão
sim
não
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considerando ser um lugar privilegiado devido a maior segurança e tranquilidade. Mas asconsiderando ser um lugar privilegiado devido a maior segurança e tranquilidade. Mas as
perspectivas quanto ao seu futuro são alimentadas pelas diferentes atividadesperspectivas quanto ao seu futuro são alimentadas pelas diferentes atividades
econômicas vivenciadas no setor urbano, com o objetivo de seguir uma profissãoeconômicas vivenciadas no setor urbano, com o objetivo de seguir uma profissão
diferente daquela que seus pais viveram. diferente daquela que seus pais viveram.
As aspirações profissionais dos jovens residentes nas áreas rurais deixam clara aAs aspirações profissionais dos jovens residentes nas áreas rurais deixam clara a
necessidade de novas estratégias de desenvolvimento do espaço rural por meio denecessidade de novas estratégias de desenvolvimento do espaço rural por meio de
políticas públicas que visem o fortalecimento da agricultura familiar de produção. Essepolíticas públicas que visem o fortalecimento da agricultura familiar de produção. Esse
fortalecimento faz-se necessário para que o jovem venha a ter mais segurança efortalecimento faz-se necessário para que o jovem venha a ter mais segurança e
assegure sua permanência, e das futuras gerações no meio rural. assegure sua permanência, e das futuras gerações no meio rural.
As soluções para conter o esvaziamento das populações rurais não é umAs soluções para conter o esvaziamento das populações rurais não é um
processo simples, ela depende das condições que serão dadas para os moradores desseprocesso simples, ela depende das condições que serão dadas para os moradores desse
meio. Dependem de ações que façam com que ele seja atrativo tanto para o jovemmeio. Dependem de ações que façam com que ele seja atrativo tanto para o jovem
residente no meio rural, como para as pessoas de todas as idades. residente no meio rural, como para as pessoas de todas as idades.
De acordo com Abramovay (1998, p. 33), é extremamente importante que aDe acordo com Abramovay (1998, p. 33), é extremamente importante que a
família de estímulo ao jovem agricultor para que este permaneça no campo e realize asfamília de estímulo ao jovem agricultor para que este permaneça no campo e realize as
atividades vividas por essa profissão. Segundo o autor, até a década de 1960, os filhosatividades vividas por essa profissão. Segundo o autor, até a década de 1960, os filhos
eram estimulados pelos pais a permanecer no meio rural, pois, filho de agricultor éeram estimulados pelos pais a permanecer no meio rural, pois, filho de agricultor é
agricultor. Atualmente, e nesta pesquisa também se comprova tal fato, este quadroagricultor. Atualmente, e nesta pesquisa também se comprova tal fato, este quadro
mudou radicalmente, pois hoje os filhos são estimulados pelos pais a sair do campo e ir àmudou radicalmente, pois hoje os filhos são estimulados pelos pais a sair do campo e ir à
busca de novas oportunidades de trabalho na área urbana.busca de novas oportunidades de trabalho na área urbana.
A estrutura fundiária brasileira apresenta ainda hoje grandes concentrações deA estrutura fundiária brasileira apresenta ainda hoje grandes concentrações de
terra de um lado, e de outro, a existência de pequenas propriedades familiares deterra de um lado, e de outro, a existência de pequenas propriedades familiares de
produção. A essas pequenas unidades familiares de produção, segundo relato dos jovensprodução. A essas pequenas unidades familiares de produção, segundo relato dos jovens
entrevistados, todos são categóricos em afirmar que faltam incentivos governamentaisentrevistados, todos são categóricos em afirmar que faltam incentivos governamentais
que possam dar garantias de vida promissora e estabilidade financeira aos que aindaque possam dar garantias de vida promissora e estabilidade financeira aos que ainda
persistem no trabalho diário realizado pelas famílias residentes no meio rural. persistem no trabalho diário realizado pelas famílias residentes no meio rural.
Pode-se constatar que a decisão de ir morar na cidade não é um encantamentoPode-se constatar que a decisão de ir morar na cidade não é um encantamento
pela vida urbana, mais sim devido à insuficiência de terra a todos os filhos, bem como apela vida urbana, mais sim devido à insuficiência de terra a todos os filhos, bem como a
busca por novas oportunidades de trabalho que favoreça a independência financeira. busca por novas oportunidades de trabalho que favoreça a independência financeira.
A pesquisa possibilitou verificar que os jovens agricultores possuem consciênciaA pesquisa possibilitou verificar que os jovens agricultores possuem consciência
da importância na busca do conhecimento, tanto os que apresentam interesse emda importância na busca do conhecimento, tanto os que apresentam interesse em
permanecer no campo, como aos que dizem optar pelo êxodo rural. Aqueles que afirmampermanecer no campo, como aos que dizem optar pelo êxodo rural. Aqueles que afirmam
gostar de morar no campo e querem nele permanecer relatam a necessidade e ogostar de morar no campo e querem nele permanecer relatam a necessidade e o
interesse em capacitar-se em alguma profissão voltada ao meio rural, pois acreditam queinteresse em capacitar-se em alguma profissão voltada ao meio rural, pois acreditam que
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mais facilmente poderão encontrar alternativas para administrar suas propriedades rurais. mais facilmente poderão encontrar alternativas para administrar suas propriedades rurais.
Portanto, a permanência do agricultor familiar no campo através da qualificação, éPortanto, a permanência do agricultor familiar no campo através da qualificação, é
uma forma de fazer com que o homem do campo exerça suas atividades produtivas emuma forma de fazer com que o homem do campo exerça suas atividades produtivas em
sua propriedade rural, onde com o conhecimento científico adquirido, assume diversassua propriedade rural, onde com o conhecimento científico adquirido, assume diversas
formas de atuação no meio rural. Com isso é possível afirmar que a qualificação fortaleceformas de atuação no meio rural. Com isso é possível afirmar que a qualificação fortalece
a agricultura familiar de produção. Dessa forma a capacitação dos jovens agricultores, ea agricultura familiar de produção. Dessa forma a capacitação dos jovens agricultores, e
as mudanças, bem como as pluriatividades, pode servir de incentivo ao jovem do campo aas mudanças, bem como as pluriatividades, pode servir de incentivo ao jovem do campo a
nele permanecer. nele permanecer.
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