percepÇÕes de alunos sobre as feiras de ciÊncias no …

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ISSN 2176-1396 PERCEPÇÕES DE ALUNOS SOBRE AS FEIRAS DE CIÊNCIAS NO ESPAÇO ESCOLAR Viviane Rodrigues Alves de Moraes UFU 1 Grupo de Trabalho: Didática: Teorias, Metodologias e Práticas. Agência Financiadora: FAPEMIG Resumo Neste trabalho investigamos as percepções de duzentos e vinte (220) alunos do ensino médio e fundamental em escolas estaduais da cidade de Uberlândia (MG) sobre a importância da realização e da participação em Feiras de Ciências. No âmbito do ensino de Ciências por investigação pensamos que as Feiras de Ciências tem o potencial de possibilitar aos alunos o desenvolvimento da autonomia e da capacidade de tomar decisões, pois ao realizarem os projetos para apresentação nas Feiras, os estudantes podem aprender a investigar, o que envolve aprender a observar, planejar, levantar hipóteses, realizar medidas, interpretar dados, refletir e construir explicações de caráter teórico. Nesta perspectiva construímos um questionário em Escala de Likert com doze afirmativas que buscavam apreender as percepções dos alunos sobre a temática em questão. Este tipo de escala é considerado um dos instrumentos de pesquisa que permitem a mensuração de construtos como atitudes, percepções, interesses, etc., por meio da concordância ou discordância das pessoas frente a determinadas afirmações. Entendemos esta mensuração como atribuição de símbolos numéricos a determinadas características dos objetos que se deseja medir, como um processo de representação, portanto capaz de capturar a essência do objeto mensurado. Para tal, utilizamos uma metodologia considerada mista aliando as abordagens quantitativa e qualitativa no tratamento dos dados. Em nosso caso, os sujeitos foram abordados aleatoriamente em três escolas da rede estadual de ensino, variando o nível de ensino e as séries, com o objetivo de abranger um espectro amplo de opiniões. Os dados quantitativos foram compilados com o auxilio da faculdade de matemática (FAMAT/UFU), e analisados segundo o referencial teórico adotado. Por meio das análises das variâncias verificadas para cada item encontramos resultados indicativos de que as Feiras de Ciências são percebidas de forma evidentemente positiva no espaço escolar. Palavras-chave: Feiras de Ciências. Ensino por investigação. 1 Doutora em Educação em Ciências e Matemática pela USP/SP. Professora Adjunta do Instituto de Biologia da Universidade Federal de Uberlândia. email: [email protected]

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ISSN 2176-1396

PERCEPÇÕES DE ALUNOS SOBRE AS FEIRAS DE CIÊNCIAS NO

ESPAÇO ESCOLAR

Viviane Rodrigues Alves de Moraes – UFU1

Grupo de Trabalho: Didática: Teorias, Metodologias e Práticas.

Agência Financiadora: FAPEMIG

Resumo

Neste trabalho investigamos as percepções de duzentos e vinte (220) alunos do ensino médio

e fundamental em escolas estaduais da cidade de Uberlândia (MG) sobre a importância da

realização e da participação em Feiras de Ciências. No âmbito do ensino de Ciências por

investigação pensamos que as Feiras de Ciências tem o potencial de possibilitar aos alunos o

desenvolvimento da autonomia e da capacidade de tomar decisões, pois ao realizarem os

projetos para apresentação nas Feiras, os estudantes podem aprender a investigar, o que

envolve aprender a observar, planejar, levantar hipóteses, realizar medidas, interpretar dados,

refletir e construir explicações de caráter teórico. Nesta perspectiva construímos um

questionário em Escala de Likert com doze afirmativas que buscavam apreender as

percepções dos alunos sobre a temática em questão. Este tipo de escala é considerado um dos

instrumentos de pesquisa que permitem a mensuração de construtos como atitudes,

percepções, interesses, etc., por meio da concordância ou discordância das pessoas frente a

determinadas afirmações. Entendemos esta mensuração como atribuição de símbolos

numéricos a determinadas características dos objetos que se deseja medir, como um processo

de representação, portanto capaz de capturar a essência do objeto mensurado. Para tal,

utilizamos uma metodologia considerada mista aliando as abordagens quantitativa e

qualitativa no tratamento dos dados. Em nosso caso, os sujeitos foram abordados

aleatoriamente em três escolas da rede estadual de ensino, variando o nível de ensino e as

séries, com o objetivo de abranger um espectro amplo de opiniões. Os dados quantitativos

foram compilados com o auxilio da faculdade de matemática (FAMAT/UFU), e analisados

segundo o referencial teórico adotado. Por meio das análises das variâncias verificadas para

cada item encontramos resultados indicativos de que as Feiras de Ciências são percebidas de

forma evidentemente positiva no espaço escolar.

Palavras-chave: Feiras de Ciências. Ensino por investigação.

1 Doutora em Educação em Ciências e Matemática pela USP/SP. Professora Adjunta do Instituto de Biologia da

Universidade Federal de Uberlândia. email: [email protected]

37015

Introdução

As exigências e os desafios da vida moderna são um bom indicativo de quanto os

conhecimentos científicos fazem parte de nosso cotidiano. Principalmente ao longo do

século passado, a ciência e a tecnologia transformaram nossos espaços proporcionando-nos

maior qualidade e expectativa de vida por meio do avanço de inúmeros setores, como

comunicações, transportes, saúde, infraestrutura e produção de bens de consumo.

Entretanto, a educação cientifica enfrenta atualmente um paradoxo, se por um lado nos

vemos desfrutando dos resultados do conhecimento científico e tecnológico, por outro, o

entendimento de como esse conhecimento foi construído encontra-se subentendido e

superestimado. Pois, na maioria das escolas brasileiras as aulas de Ciências são desconectadas

de nosso entorno imediato, incapazes de produzir encantamento, curiosidade, além de outros

fatores necessários para uma aprendizagem significativa. De acordo com Carvalho (2004),

deveríamos oferecer aos estudantes uma educação científica que proporcionasse novas formas

de ver o mundo, compreendê-lo de forma global e regional, e que contribuísse,

essencialmente, para uma alfabetização científica multimodal, determinante de

habilidades de pensamento crítico, interventivo e produtivo.

Especificamente quanto ao ensino de Ciências e Biologia, percebe-se que a

complexidade dos conteúdos pode implicar em dificuldades, tanto de aprendizagem quanto de

ensino, por parte de alunos e professores respectivamente. Para sanar estas lacunas é preciso

focar em uma ação docente que possa desenvolver as potencialidades cognitivas dos alunos

e que agregue o saber científico ao saber escolar, como algo possível de ser ensinado

ou aprendido pelo aluno de forma expressiva, contextualizada e motivadora (GIL-

PÉREZ, SIFREDO, VALDÉZ e VILCHES, 2006). Portanto, torna-se necessária a procura por

estratégias metodológicas diferenciadas que possam apresentar de forma interessante e

criativa os conteúdos disciplinares de Ciências e Biologia, contribuindo para a motivação e

uma consequente aprendizagem significativa. Pois, existem muitos trabalhos sobre o ensino

de ciências mostrando que os estudantes aprendem melhor quando participam ativamente das

atividades de ensino (CARVALHO, 2004). Para que isso ocorra é necessário uma (re)

elaboração dos processos de ensino-aprendizagem que vai desde uma mudança dos

papéis: de professor (transmissor) e o aluno (receptor), até a utilização de novas

metodologias que possibilitem ao aluno construir seu próprio conhecimento tendo o

professor como mediador do processo. Essa proposta de ensino deve ser tal que leve os alunos

37016

a construir seu conteúdo conceitual participando do processo de construção e dando

oportunidade de aprenderem a argumentar e exercitar a razão, em vez de fornecer-lhes

respostas definitivas ou impor-lhes seus próprios pontos de vista transmitindo uma

visão fechada das ciências (CARVALHO, 2004).

Nesta perspectiva, a autora (op.cit) coloca que ensinar Ciências por Investigação

significa inovar, mudar o foco da dinâmica dos espaços educativos. E, mudando o foco,

outras atitudes se fazem necessárias, como um novo direcionamento no sentir, agir,

refletir sobre as estratégias metodológicas utilizadas em sala e também, rever os

pressupostos teóricos que orientam a prática profissional e o planejamento do trabalho do

professor. Haja vista, que na atividade de caráter investigativo o professor possibilita aos

alunos o desenvolvimento da autonomia e da capacidade de tomar decisões, pois aprender a

investigar envolve aprender a observar, planejar, levantar hipóteses, realizar medidas,

interpretar dados, refletir e construir explicações de caráter teórico (CASTRO, MARTINS e

MUNFORD, 2008).

De acordo com Carvalho (2004), no ensino de Ciências por investigação, os

estudantes interagem, exploram e experimentam o mundo natural, por meio da mediação do

professor que os inserem em processos investigativos, envolvendo-os na própria

aprendizagem, construindo questões, elaborando hipóteses, analisando evidências, tirando

conclusões, e comunicando os resultados. Nessa perspectiva, a aprendizagem de

procedimentos ultrapassa a mera execução de certo tipo de tarefas, tornando-se uma

oportunidade para desenvolver novas compreensões, significados e conhecimentos do

conteúdo ensinado (MAUÉS E LIMA, 2006). Assim, um ensino investigativo que estimule

o estudante a pensar cientificamente, pode nos ajudar, em um futuro próximo, a construir uma

sociedade participativa, com ferramentas necessárias para gerar ideias próprias e decidir nosso

próprio rumo.

Dentro desse cenário, acreditamos que as Feiras de Ciências se constituem como uma

alternativa metodológica capaz de envolver o aluno em uma investigação científica,

propiciando-lhe um conjunto de experiências que possibilitam o favorecimento da realização

de ações interdisciplinares; o planejamento e execução de projetos; a busca e elaboração de

conclusões a partir de resultados obtidos por experimentação; o desenvolvimento da

capacidade de elaborar critérios para compreensão de fenômenos ou fatos, pertinentes a

qualquer tipo, quer cotidiano, empírico ou científico; além de proporcionar aos alunos

37017

expositores uma experiência significativa no campo sócio científico de difusão de

conhecimentos, bem como a integração da escola com a comunidade, (PEREIRA, 2000).

Segundo Hartmann e Zimmermann ( 2009), existem registros internacionais de que a

primeira Feira de Ciências data do início do século XX. Porém, somente a partir da II Guerra

Mundial é que elas começaram a ser disseminadas. No Brasil, as primeiras Feiras de Ciências

começaram a ser realizadas na década de 60. As Feiras são oportunidades dos estudantes

demonstrarem, das mais variadas formas, seus conhecimentos científicos, sua criatividade,

trocar informações com a comunidade, discutir conhecimento, etc. O objetivo das Feiras de

Ciências na educação básica, não é trazer avanços significativos para a área (responsabilidade

da ciência acadêmica e não escolar), mas sim, despertar o gosto dos estudantes pelas Ciências,

além de promover a divulgação da cultura científica na comunidade escolar. Bastante

populares durante a década de 1990, as Feiras de Ciências estudantis têm uma tradição de

mais de cinco décadas, acontecendo no Brasil e América Latina desde a década de 1960

como uma oportunidade para estudantes apresentarem suas produções científicas

escolares (BRASIL, 2006) a um público diverso daquele que compõe o ambiente de

suas salas de aula (HARTMANN e ZIMMERMANN, 2009). Do ponto de vista

metodológico, as feiras de ciências são utilizadas, muitas vezes, como complementação de

experiências realizadas em sala de aula, montagem de exposição com fins

demonstrativos, como estímulo para aprofundar os estudos e busca de novos

conhecimentos; oportunidade de proximidade com a comunidade científica; espaço para a

iniciação científica; desenvolvimento do espírito criativo; discussão de problemas sociais e

integração escola-sociedade (BARCELOS e JACOBUCCI, 2010). Além disso, segundo as

autoras, em que pesem as críticas ao reducionismo com que muitas vezes são tratadas as feiras

de ciências, elas representam uma excelente oportunidade para os alunos deixarem de

ocupar uma posição passiva no processo de aprendizagem e de serem estimulados a

realizar pesquisas que fundamentem os projetos que irão desenvolver e tornar público quando

da realização do evento.

Sendo assim, neste trabalho procuramos verificar as percepções de alguns alunos de

escolas da rede estadual de ensino quanto à realização, participação e importância em termos

de ensino e aprendizagem das Feiras de Ciências no espaço escolar.

37018

Metodologia

Atualmente, a investigação está se tornando cada vez mais interdisciplinar, complexa e

dinâmica, por isso, muitos pesquisadores necessitam de abordagens que forneçam uma visão

holística de seu objeto de estudo, de forma que, adotando métodos múltiplos consigam

misturar e combinar elementos de design que ofereçam a melhor chance de responder

às perguntas de sua investigação.

Segundo Johnson & Onwuegbuzie (2004), independentemente da orientação

paradigmática, toda investigação representa uma tentativa de fornecer afirmações justificadas

sobre os seres humanos (ou grupos específicos de seres humanos) e os ambientes em que

vivem e evoluem. Nas ciências sociais e comportamentais, esse objetivo de entendimento

leva ao exame de muitos fenômenos diferentes, incluindo fenômenos holísticos, tais

como intenções, experiências, atitudes, crenças e cultura, bem como fenômenos mais

reducionistas como macromoléculas, células nervosas, sistemas computacionais, etc.

Apesar de certas metodologias estarem associadas a uma tradição de investigação específica,

estes autores sugerem que os objetivos, âmbito e natureza da investigação sejam coerentes

entre métodos e entre paradigmas. Nesse sentido, defendem que os investigadores e os

metodólogos devem se perguntar quando cada método ou abordagem de pesquisa é

mais útil, e quando e como elas devem ser combinadas em suas pesquisas.

Assim, visando atingir os objetivos propostos, utilizamos dentro da abordagem

qualitativa, métodos quantitativos para coleta de dados, com a intenção de compor um quadro

mais abrangente do fenômeno em questão.

A pesquisa realizada foi realizada em três escolas estaduais, consideradas de grande

porte, da cidade de Uberlândia/MG. Os sujeitos foram abordados de forma aleatória,

independente de gênero, idade ou nível escolar, com o objetivo de atingirmos um espectro

amplo de respostas ao nosso instrumento de pesquisa.

Utilizamos como instrumento de pesquisa um questionário construído em Escala de

Likert. Este tipo de escala de resposta psicométrica foi desenvolvido por Rensis Likert (1932)

para mensurar atitudes no contexto das ciências comportamentais. Esta escala de verificação

consiste em tomar um construto e desenvolver um conjunto de afirmações relacionadas à sua

definição, para as quais os respondentes emitirão seu grau de concordância, ao qual é

atribuído um valor numérico. Construtos como crenças, atitudes, percepções, autoestima,

depressão, etnocentrismo, religiosidade e racismo são alguns exemplos recorrentemente

37019

mensurados por meio de escalas de Likert. A escala original tinha a proposta de ser aplicada

com cinco pontos, variando de discordância total até a concordância total. Entretanto,

atualmente existem modelos chamados do tipo Likert com variações na pontuação, a critério

do pesquisador (SILVA E COSTA, 2014).

De acordo com os autores (op. cit), a grande vantagem da escala de Likert é a

facilidade de seu manuseio, pois o sujeito facilmente pode emitir um grau de concordância

sobre uma afirmação qualquer. Também, a confirmação de sua consistência psicométrica nas

investigações que utilizaram esta escala contribuiu positivamente para sua aplicação nas mais

diversas pesquisas.

A construção deste tipo de instrumento pressupõe um processo que se inicia pela

elaboração dos itens até os testes de validade e de precisão. Os itens são sentenças, geralmente

na forma afirmativa, que representam o fenômeno a ser avaliado, devendo expressar o

comportamento das pessoas frente ao objeto de interesse. Neste estudo, consultamos o

referencial teórico sobre as Feiras de Ciências para sua elaboração, bem como adotamos as

recomendações usualmente utilizadas para a construção de instrumentos dessa natureza, de

acordo com os critérios propostos por Pasquali (1998, p.6),

1. Critério comportamental: O item deve expressar um comportamento, não uma

abstração.

2. Critério de desejabilidade: o respondente pode concordar ou discordar sobre se tal

comportamento convém ou não para ele.

3. Critério de simplicidade: o item deve expressar uma única ideia.

4. Critério de clareza: o item deve ser inteligível para todos os indivíduos da

população alvo.

5. Critério de relevância: o item não deve insinuar atributo diferente do definido.

6. Critério de precisão: o item deve possuir uma posição definida no continuo do

atributo e ser distinto dos demais itens.

7. Critério de variedade: o uso dos mesmos termos em todos os itens deve ser

evitado, pois provoca monotonia, cansaço e aborrecimento.

8. Critério de modalidade: formular frases com expressão de reação modal, isto é,

não utilizar expressões extremadas.

9. Critério de tipicidade: o item deve ser formulado com expressões condizentes

com o atributo.

Por fim, o conjunto todo de itens deve obedecer aos critérios de:

10. Amplitude: o conjunto dos itens deve cobrir toda extensão de magnitude do

contínuo desse atributo.

11. Equilíbrio: os itens devem cobrir igual ou proporcionalmente todos os segmentos

do contínuo, devendo haver, portanto, maior parte dos itens de dificuldade mediana

e itens fáceis ou difíceis em menor número. A razão deste critério encontra-se no

fato de que a maioria das pessoas situa-se na faixa mediana de comportamento.

Além disso, atribuímos uma valoração ao grau de concordância que variou de +2 a -2

(Tabela 1). Assim, pudemos verificar como os respondentes se posicionaram em relação à

medida de concordância atribuída ao item, pois de acordo com esta afirmação, pode-se inferir

37020

a medida do construto (SILVA E COSTA, 2014). Para compilação dos dados estatísticos

fomos auxiliados por voluntários da Faculdade de Matemática de nossa Universidade

(FAMAT/UFU), que utilizaram um software específico (SPSS 18) para tal.

Tabela 1 – Legendas e valoração numérica da escala de Likert utilizada

Fonte: HODGE e GILLESPIE (2003).

A partir destas orientações elaboramos doze (12) itens (Quadro 1) nos referenciando

em estudos sobre as Feiras de Ciências no espaço escolar. Para a discussão dos dados

encontrados utilizamos o referencial teórico apresentado na introdução do trabalho.

Quadro 1: Questionário contendo os doze itens elaborados sob forma de afirmativas.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Análise e discussão dos resultados

Apresentaremos primeiramente os dados estatísticos relativos a cada afirmativa (A) e,

posteriormente, analisaremos qualitativamente os resultados obtidos.

Com relação à A1. As feiras de ciências me despertam um lado crítico e analítico:

AFIRMATIVA

CONCORDO

PLENAMENTE

CONCORDO NÃO CONCORDO

NEM DISCORDO

DISCORDO DISCORDO

COMPLETAMENTE

CP C NC/ND D DC

2 1 0 -1 -2

AFIRMATIVAS CP C ND/

NC

D DC

1 As feiras de ciências me despertam um lado crítico e analítico

2 As feiras de ciências me instigam a ir além do que é aplicado na sala de aula

3 As feiras de ciências me auxiliam na aprendizagem do conteúdo proposto em

sala de aula.

4 As feiras de ciências me auxiliam no desenvolvimento de minha expressão

oral e interação com as pessoas.

5 As feiras de ciências são capazes de me auxiliar a aprender qualquer

conteúdo.

6 As feiras de ciências são fundamentais para a aprendizagem dos conteúdos,

principalmente biologia, física e química.

7 Penso que as feiras de ciências atrapalham o bom andamento da escola.

8 Com as feiras de ciências tenho ampla oportunidade de me integrar com

ambientes diferentes como laboratórios e afins

9 Acho que as feiras de ciências são desnecessárias no que diz respeito à

aprendizagem.

10 Gosto de participar de feiras de ciências quando o tema é livre.

11 Gosto de participar de feiras de ciências com temas pré-definidos

12 As feiras de ciências me ajudam a visualizar opções a respeito do meu futuro

profissional.

37021

Tabela 2: Resultados da afirmativa 1 Gráfico 1: Resultados da afirmativa 1

Legendas Frequência Porcentagem

Válido C 109 49,8

CP 51 23,3

D 13 5,9

DC 4 1,8

NDNC 42 19,2

Total 219 100,0

Fonte: Os autores

Fonte: Os autores

A2. As feiras de ciências me instigam a ir além do que é aplicado na sala de aula

Tabela 3: Resultados da afirmativa 2 Gráfico 2: Resultados da afirmativa 2

Fonte: Os autores

Fonte: Os autores

A3. As feiras de ciências me auxiliam na aprendizagem do conteúdo proposto em sala

de aula.

Tabela 4: Resultados da afirmativa 3 Gráfico 3: Resultados da afirmativa 3

Fonte: Os autores

Fonte: Os autores

Legendas Frequência Porcentagem

Válido C 84 38,5

CP 81 37,2

D 22 10,1

DC 3 1,4

NDNC 28 12,8

Total 218 100,0

Legendas Frequência Porcentagem

Válido C 85 39,4

CP 73 33,8

D 12 5,6

DC 8 3,7

NDNC 38 17,6

Total 216 100,0

37022

A4. As feiras de ciências me auxiliam no desenvolvimento de minha expressão oral e

interação com as pessoas

Tabela 5: Resultados da afirmativa 4 Gráfico 4: Resultados da afirmativa 4

Fonte: Os autores

Fonte: Os autores

A5. As feiras de ciências são capazes de me auxiliar a aprender qualquer conteúdo

Tabela 6: Resultados da afirmativa 5 Gráfico 5: Resultados da afirmativa 5

Fonte: os autores

Fonte: Os autores

A6. As feiras de ciências são fundamentais para a aprendizagem dos conteúdos,

principalmente biologia, física e química.

Tabela 7: Resultados da afirmativa 6 Gráfico 6: Resultados da afirmativa 6

Fonte: Os autores

Fonte: Os autores

A7. Penso que as feiras de ciências atrapalham o bom andamento da escola.

Legendas Frequência Porcentagem

Válido C 81 37,2

CP 72 33,0

D 25 11,5

DC 4 1,8

NDNC 36 16,5

Total 218 100,0

Legendas Frequência Porcentagem

Válido C 74 34,4

CP 34 15,8

D 41 19,1

DC 6 2,8

NDNC 60 27,9

Total 215 100,0

Legendas Frequência Porcentagem

Válido C 93 43,1

CP 52 24,1

D 22 10,2

DC 2 ,9

NDNC 47 21,8

Total 216 100,0

37023

Tabela 8: Resultados da afirmativa 7 Gráfico 7: Resultados da afirmativa 7

Fonte: Os autores

Fonte: Os autores

A8. Com as feiras de ciências tenho ampla oportunidade de me integrar com

ambientes diferentes como laboratórios e afins.

Tabela 9: Resultados da afirmativa 68 Gráfico 8: Resultados da afirmativa 8

Fonte: Os autores

Fonte: Os autores

A9. Acho que as feiras de ciências são desnecessárias no que diz respeito à

aprendizagem.

Tabela 10: Resultados da afirmativa 9 Gráfico 9: Resultados da afirmativa 9

Fonte: Os autores.

Fonte: Os autores

A10. Gosto de participar de feiras de ciências quando o tema é livre.

Legendas Frequência Porcentagem

Válido C 15 7,0

CP 4 1,9

D 69 32,2

DC 93 43,5

NDNC 33 15,4

Total 214 100,0

Legendas Frequência Porcentagem

Válido C 83 38,4

CP 63 29,2

D 19 8,8

DC 7 3,2

NDNC 44 20,4

Total 216 100,0

Legendas Frequência Porcentagem

Válido C 12 5,5

CP 8 3,7

D 76 35,0

DC 99 45,6

N 1 ,5

NDNC 21 9,7

Total 217 100,0

37024

Tabela 11: Resultados da afirmativa 10 Gráfico 10: Resultados da afirmativa 10

Fonte: Os autores

Fonte: Os autores

A11. Gosto de participar de feiras de ciências com temas pré-definidos.

Tabela 12: Resultados da afirmativa 11 Gráfico 11: Resultados da afirmativa 11

Fonte: Os autores

Fonte: Os autores

A12. As feiras de ciências me ajudam a visualizar opções a respeito do meu futuro

profissional.

Tabela 13: Resultados da afirmativa 12 Gráfico 12: Resultados da afirmativa 12

Fonte: Os autores

Fonte: Os autores

Nas tabelas acima relacionadas o critério válido indica o total das respostas realmente

dadas para cada afirmativa, ou seja, desconsideramos aquelas deixadas em branco. Portanto,

apesar da aplicação de duzentos e vinte (220) questionários as tabelas apresentam uma

Legendas Frequência Porcentagem

Válido C 76 35,0

CP 54 24,9

D 16 7,4

DC 11 5,1

NDNC 60 27,6

Total 217 100,0

Legendas Frequência Porcentagem

Válido C 78 35,9

CP 32 14,7

D 29 13,4

DC 12 5,5

NDNC 66 30,4

Total 217 100,0

Legendas Frequência Porcentagem

Válido C 60 27,5

CP 51 23,4

D 21 9,6

DC 13 6,0

NDNC 73 33,5

Total 218 100,0

37025

frequência numérica total que varia de 214 a 219, o que indica uma variância relativa a cada

afirmativa indicando que os sujeitos não responderam de maneira homogênea cada

proposição.

Observamos na afirmativa A1 (As feiras de ciências me despertam um lado crítico e

analítico) que a frequência observada demonstra 73,1% dos entrevistados (150 sujeitos)

concordam ou concordam plenamente com a afirmativa, indicando que percebem que as

Feiras de Ciências promovem atividades que têm o potencial de desenvolver seu senso crítico

e analítico. De acordo com a conceituação de Carraher (1995), senso crítico é a capacidade de

analisar problemas de forma inteligente e racional, refletindo sobre suas próprias opiniões e as

opiniões alheias. Assim, o senso crítico está relacionado ao desenvolvimento analítico, que

consiste na capacidade de analisar um determinado conteúdo em seus vários aspectos. Neste

caso, a percepção dos alunos demonstra que concordam as Feiras os fazem mobilizar aspectos

cognitivos relacionados à capacidade de análise crítica. O que está coerente com o percentual

encontrado (75,7% - 165 respostas) para a resposta à afirmativa A2 (As feiras de ciências me

instigam a ir além do que é aplicado na sala de aula).

Já para a afirmativa A3 (As feiras de ciências me auxiliam na aprendizagem do

conteúdo proposto em sala de aula), encontramos 73,2% de concordância de que as Feiras

são capazes desse auxílio. Coerente com o resultado para a contraproposição que está na

afirmativa A9 (Acho que as feiras de ciências são desnecessárias no que diz respeito à

aprendizagem), cujo percentual de discordância foi de 80,5%. Também, as afirmativas A5(As

feiras de ciências são capazes de me auxiliar a aprender qualquer conteúdo) com percentual

de concordância de 50,2%, e A6 (As feiras de ciências são fundamentais para a

aprendizagem dos conteúdos, principalmente biologia, física e química) cuja porcentagem de

concordância foi de 67,2%, dizem respeito à aprendizagem, inclusive de conteúdos

específicos. Pensamos que a percepção dos alunos sobre a capacidade das Feiras os

auxiliarem nos estudos, encontra-se no fato de que, na maioria das vezes, de acordo com

Barcelos e Jacobucci (2010), estas são utilizadas como complementação de experiências

realizadas em sala de aula, como estímulo para aprofundar os estudos, para buscar novos

conhecimentos, e também, como espaço para a iniciação científica. Também, segundo as

autoras, as Feiras representam uma excelente oportunidade para os alunos deixarem de ocupar

uma posição passiva no processo de aprendizagem e de serem estimulados a tornar público

seu trabalho quando da realização do evento, que requer a exposição oral e a interação social.

O que está de acordo com a concordância de 70,2% para a afirmativa A4 (As feiras de

37026

ciências me auxiliam no desenvolvimento de minha expressão oral e interação com as

pessoas).

Ainda com relação às proposições sobre aprendizagem, pensamos que, como as

atividades propostas para as Feiras são constituídas por projetos fundamentados no ensino por

investigação, isto pressupõe, segundo Carvalho (2004), que os estudantes aprendem melhor

quando participam ativamente das atividades de ensino. Nesse âmbito, Hartmann e

Zimmermann (2009), colocam que as feiras de ciência potencializam o engajamento do jovem

na cultura científica, tornando-o agente de sua própria formação e, consequentemente,

protagonista de sua aprendizagem.

Quanto a este protagonismo, em termos das escolhas sobre as temáticas a serem

desenvolvidas para demonstração nas Feiras, as respostas apresentam uma contradição, pois a

afirmativa A10 (Gosto de participar de feiras de ciências quando o tema é livre) tem uma

contraproposição que é a afirmativa A11 (Gosto de participar de feiras de ciências com temas

pré-definidos), sendo que, para ambas encontrou-se uma concordância de 59,9% e 50,6%

respectivamente. Este pode ser um indicativo de que os alunos gostam de participar das

Feiras, independentemente se a temática é livre ou é proposta. Por outro lado, quando

analisamos os percentuais considerados neutros (NDNC), encontramos percentuais bem

próximos 27,6% e 30,4%, com um número expressivo de respostas, o que pode indicar que os

alunos não se posicionam em termos de escolha dos projetos que irão desenvolver. Portanto, a

Feira como opção metodológica justifica-se, porque ao propor atividades de caráter

investigativo o professor possibilita aos alunos o desenvolvimento da autonomia e da

capacidade de tomar decisões, pois aprender a investigar envolve aprender a observar,

planejar, levantar hipóteses, realizar medidas, interpretar dados, refletir e construir

explicações de caráter teórico (CASTRO, MARTINS e MUNFORD, 2008).

Na afirmativa A7 (Penso que as feiras de ciências atrapalham o bom andamento da

escola) e na afirmativa A8 (Com as feiras de ciências tenho ampla oportunidade de me

integrar com ambientes diferentes como laboratórios e afins), percebemos que existe uma

coerência correspondente à importância atribuída à Feira, bem como sua posição e aceitação

dentro do espaço escolar. Pois, na afirmativa A7 o percentual de discordância com relação à

proposição foi de 75,7%, o que indica uma veemente contraposição com relação ao espaço

que a Feira ocupa dentro de suas percepções. Pois, segundo Brasil (2006), além de promover

a aplicação do método científico inerente ao processo investigativo, a Feira destaca-se como

espaços pedagógicos para aprendizagens múltiplas que propiciam aos alunos um espaço de

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desenvolvimento psicológico e cognitivo por meio das interações interdisciplinares

caracterizadas pela exposição de vários projetos, ou de vários conteúdos dentro das próprias

atividades, bem como das suas múltiplas interações sociais que possibilita. O que também

está coerente com a concordância de 67,6 para a afirmativa A8.

Com relação à afirmativa A12, percebemos que as Feiras, apesar do percentual de

concordância de 50,9%, não são completamente capazes de auxiliar na definição de uma

futura profissão, pois o percentual neutro é alto (33,5%), o que pode significar uma

indefinição quanto à escolha profissional, própria da faixa etária em que se encontram os

sujeitos desta pesquisa. Pois, Neiva (2007) coloca que a escolha profissional, nos dias de hoje

é complexa, devido ao fato da diversidade de opções, sendo que o adolescente precisa optar

não só pela profissão que terá, mas por quem ele quer ser, em um momento caracterizado por

intensos conflitos de identidade. Portanto, existe uma coerência entre as respostas dadas

mostrando um equilíbrio que caracteriza esta indefinição.

Considerações Finais

Neste trabalho percebemos que a visão dos alunos sobre a realização e sua

participação em Feiras de Ciências é altamente positiva, indicando que estes eventos são

importantes para sua aprendizagem, integração e socialização.

Nota-se que as Feiras são valorizadas pelos sujeitos pesquisados, porém sabemos que

é necessário aprofundar o estudo nessa temática, pois embora seja um evento comumente

realizado no ambiente escolar, a produção acadêmica sobre as Feiras de Ciências ainda é

escassa e pouco discutida. Por outro lado, as publicações já existentes mostram vertentes de

socialização e multiplicidade pedagógicas capazes de enriquecer o processo de ensino-

aprendizagem, constituindo-se como oportunidade de vivenciar processos cognitivos de

caráter interdisciplinar; promover a Alfabetização e a Educação Científica; possibilitar o

intercâmbio entre as escolas e as comunidades e contribuir com a formação integral do aluno.

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