percepÇÕes de alunos sobre as feiras de ciÊncias no …
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ISSN 2176-1396
PERCEPÇÕES DE ALUNOS SOBRE AS FEIRAS DE CIÊNCIAS NO
ESPAÇO ESCOLAR
Viviane Rodrigues Alves de Moraes – UFU1
Grupo de Trabalho: Didática: Teorias, Metodologias e Práticas.
Agência Financiadora: FAPEMIG
Resumo
Neste trabalho investigamos as percepções de duzentos e vinte (220) alunos do ensino médio
e fundamental em escolas estaduais da cidade de Uberlândia (MG) sobre a importância da
realização e da participação em Feiras de Ciências. No âmbito do ensino de Ciências por
investigação pensamos que as Feiras de Ciências tem o potencial de possibilitar aos alunos o
desenvolvimento da autonomia e da capacidade de tomar decisões, pois ao realizarem os
projetos para apresentação nas Feiras, os estudantes podem aprender a investigar, o que
envolve aprender a observar, planejar, levantar hipóteses, realizar medidas, interpretar dados,
refletir e construir explicações de caráter teórico. Nesta perspectiva construímos um
questionário em Escala de Likert com doze afirmativas que buscavam apreender as
percepções dos alunos sobre a temática em questão. Este tipo de escala é considerado um dos
instrumentos de pesquisa que permitem a mensuração de construtos como atitudes,
percepções, interesses, etc., por meio da concordância ou discordância das pessoas frente a
determinadas afirmações. Entendemos esta mensuração como atribuição de símbolos
numéricos a determinadas características dos objetos que se deseja medir, como um processo
de representação, portanto capaz de capturar a essência do objeto mensurado. Para tal,
utilizamos uma metodologia considerada mista aliando as abordagens quantitativa e
qualitativa no tratamento dos dados. Em nosso caso, os sujeitos foram abordados
aleatoriamente em três escolas da rede estadual de ensino, variando o nível de ensino e as
séries, com o objetivo de abranger um espectro amplo de opiniões. Os dados quantitativos
foram compilados com o auxilio da faculdade de matemática (FAMAT/UFU), e analisados
segundo o referencial teórico adotado. Por meio das análises das variâncias verificadas para
cada item encontramos resultados indicativos de que as Feiras de Ciências são percebidas de
forma evidentemente positiva no espaço escolar.
Palavras-chave: Feiras de Ciências. Ensino por investigação.
1 Doutora em Educação em Ciências e Matemática pela USP/SP. Professora Adjunta do Instituto de Biologia da
Universidade Federal de Uberlândia. email: [email protected]
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Introdução
As exigências e os desafios da vida moderna são um bom indicativo de quanto os
conhecimentos científicos fazem parte de nosso cotidiano. Principalmente ao longo do
século passado, a ciência e a tecnologia transformaram nossos espaços proporcionando-nos
maior qualidade e expectativa de vida por meio do avanço de inúmeros setores, como
comunicações, transportes, saúde, infraestrutura e produção de bens de consumo.
Entretanto, a educação cientifica enfrenta atualmente um paradoxo, se por um lado nos
vemos desfrutando dos resultados do conhecimento científico e tecnológico, por outro, o
entendimento de como esse conhecimento foi construído encontra-se subentendido e
superestimado. Pois, na maioria das escolas brasileiras as aulas de Ciências são desconectadas
de nosso entorno imediato, incapazes de produzir encantamento, curiosidade, além de outros
fatores necessários para uma aprendizagem significativa. De acordo com Carvalho (2004),
deveríamos oferecer aos estudantes uma educação científica que proporcionasse novas formas
de ver o mundo, compreendê-lo de forma global e regional, e que contribuísse,
essencialmente, para uma alfabetização científica multimodal, determinante de
habilidades de pensamento crítico, interventivo e produtivo.
Especificamente quanto ao ensino de Ciências e Biologia, percebe-se que a
complexidade dos conteúdos pode implicar em dificuldades, tanto de aprendizagem quanto de
ensino, por parte de alunos e professores respectivamente. Para sanar estas lacunas é preciso
focar em uma ação docente que possa desenvolver as potencialidades cognitivas dos alunos
e que agregue o saber científico ao saber escolar, como algo possível de ser ensinado
ou aprendido pelo aluno de forma expressiva, contextualizada e motivadora (GIL-
PÉREZ, SIFREDO, VALDÉZ e VILCHES, 2006). Portanto, torna-se necessária a procura por
estratégias metodológicas diferenciadas que possam apresentar de forma interessante e
criativa os conteúdos disciplinares de Ciências e Biologia, contribuindo para a motivação e
uma consequente aprendizagem significativa. Pois, existem muitos trabalhos sobre o ensino
de ciências mostrando que os estudantes aprendem melhor quando participam ativamente das
atividades de ensino (CARVALHO, 2004). Para que isso ocorra é necessário uma (re)
elaboração dos processos de ensino-aprendizagem que vai desde uma mudança dos
papéis: de professor (transmissor) e o aluno (receptor), até a utilização de novas
metodologias que possibilitem ao aluno construir seu próprio conhecimento tendo o
professor como mediador do processo. Essa proposta de ensino deve ser tal que leve os alunos
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a construir seu conteúdo conceitual participando do processo de construção e dando
oportunidade de aprenderem a argumentar e exercitar a razão, em vez de fornecer-lhes
respostas definitivas ou impor-lhes seus próprios pontos de vista transmitindo uma
visão fechada das ciências (CARVALHO, 2004).
Nesta perspectiva, a autora (op.cit) coloca que ensinar Ciências por Investigação
significa inovar, mudar o foco da dinâmica dos espaços educativos. E, mudando o foco,
outras atitudes se fazem necessárias, como um novo direcionamento no sentir, agir,
refletir sobre as estratégias metodológicas utilizadas em sala e também, rever os
pressupostos teóricos que orientam a prática profissional e o planejamento do trabalho do
professor. Haja vista, que na atividade de caráter investigativo o professor possibilita aos
alunos o desenvolvimento da autonomia e da capacidade de tomar decisões, pois aprender a
investigar envolve aprender a observar, planejar, levantar hipóteses, realizar medidas,
interpretar dados, refletir e construir explicações de caráter teórico (CASTRO, MARTINS e
MUNFORD, 2008).
De acordo com Carvalho (2004), no ensino de Ciências por investigação, os
estudantes interagem, exploram e experimentam o mundo natural, por meio da mediação do
professor que os inserem em processos investigativos, envolvendo-os na própria
aprendizagem, construindo questões, elaborando hipóteses, analisando evidências, tirando
conclusões, e comunicando os resultados. Nessa perspectiva, a aprendizagem de
procedimentos ultrapassa a mera execução de certo tipo de tarefas, tornando-se uma
oportunidade para desenvolver novas compreensões, significados e conhecimentos do
conteúdo ensinado (MAUÉS E LIMA, 2006). Assim, um ensino investigativo que estimule
o estudante a pensar cientificamente, pode nos ajudar, em um futuro próximo, a construir uma
sociedade participativa, com ferramentas necessárias para gerar ideias próprias e decidir nosso
próprio rumo.
Dentro desse cenário, acreditamos que as Feiras de Ciências se constituem como uma
alternativa metodológica capaz de envolver o aluno em uma investigação científica,
propiciando-lhe um conjunto de experiências que possibilitam o favorecimento da realização
de ações interdisciplinares; o planejamento e execução de projetos; a busca e elaboração de
conclusões a partir de resultados obtidos por experimentação; o desenvolvimento da
capacidade de elaborar critérios para compreensão de fenômenos ou fatos, pertinentes a
qualquer tipo, quer cotidiano, empírico ou científico; além de proporcionar aos alunos
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expositores uma experiência significativa no campo sócio científico de difusão de
conhecimentos, bem como a integração da escola com a comunidade, (PEREIRA, 2000).
Segundo Hartmann e Zimmermann ( 2009), existem registros internacionais de que a
primeira Feira de Ciências data do início do século XX. Porém, somente a partir da II Guerra
Mundial é que elas começaram a ser disseminadas. No Brasil, as primeiras Feiras de Ciências
começaram a ser realizadas na década de 60. As Feiras são oportunidades dos estudantes
demonstrarem, das mais variadas formas, seus conhecimentos científicos, sua criatividade,
trocar informações com a comunidade, discutir conhecimento, etc. O objetivo das Feiras de
Ciências na educação básica, não é trazer avanços significativos para a área (responsabilidade
da ciência acadêmica e não escolar), mas sim, despertar o gosto dos estudantes pelas Ciências,
além de promover a divulgação da cultura científica na comunidade escolar. Bastante
populares durante a década de 1990, as Feiras de Ciências estudantis têm uma tradição de
mais de cinco décadas, acontecendo no Brasil e América Latina desde a década de 1960
como uma oportunidade para estudantes apresentarem suas produções científicas
escolares (BRASIL, 2006) a um público diverso daquele que compõe o ambiente de
suas salas de aula (HARTMANN e ZIMMERMANN, 2009). Do ponto de vista
metodológico, as feiras de ciências são utilizadas, muitas vezes, como complementação de
experiências realizadas em sala de aula, montagem de exposição com fins
demonstrativos, como estímulo para aprofundar os estudos e busca de novos
conhecimentos; oportunidade de proximidade com a comunidade científica; espaço para a
iniciação científica; desenvolvimento do espírito criativo; discussão de problemas sociais e
integração escola-sociedade (BARCELOS e JACOBUCCI, 2010). Além disso, segundo as
autoras, em que pesem as críticas ao reducionismo com que muitas vezes são tratadas as feiras
de ciências, elas representam uma excelente oportunidade para os alunos deixarem de
ocupar uma posição passiva no processo de aprendizagem e de serem estimulados a
realizar pesquisas que fundamentem os projetos que irão desenvolver e tornar público quando
da realização do evento.
Sendo assim, neste trabalho procuramos verificar as percepções de alguns alunos de
escolas da rede estadual de ensino quanto à realização, participação e importância em termos
de ensino e aprendizagem das Feiras de Ciências no espaço escolar.
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Metodologia
Atualmente, a investigação está se tornando cada vez mais interdisciplinar, complexa e
dinâmica, por isso, muitos pesquisadores necessitam de abordagens que forneçam uma visão
holística de seu objeto de estudo, de forma que, adotando métodos múltiplos consigam
misturar e combinar elementos de design que ofereçam a melhor chance de responder
às perguntas de sua investigação.
Segundo Johnson & Onwuegbuzie (2004), independentemente da orientação
paradigmática, toda investigação representa uma tentativa de fornecer afirmações justificadas
sobre os seres humanos (ou grupos específicos de seres humanos) e os ambientes em que
vivem e evoluem. Nas ciências sociais e comportamentais, esse objetivo de entendimento
leva ao exame de muitos fenômenos diferentes, incluindo fenômenos holísticos, tais
como intenções, experiências, atitudes, crenças e cultura, bem como fenômenos mais
reducionistas como macromoléculas, células nervosas, sistemas computacionais, etc.
Apesar de certas metodologias estarem associadas a uma tradição de investigação específica,
estes autores sugerem que os objetivos, âmbito e natureza da investigação sejam coerentes
entre métodos e entre paradigmas. Nesse sentido, defendem que os investigadores e os
metodólogos devem se perguntar quando cada método ou abordagem de pesquisa é
mais útil, e quando e como elas devem ser combinadas em suas pesquisas.
Assim, visando atingir os objetivos propostos, utilizamos dentro da abordagem
qualitativa, métodos quantitativos para coleta de dados, com a intenção de compor um quadro
mais abrangente do fenômeno em questão.
A pesquisa realizada foi realizada em três escolas estaduais, consideradas de grande
porte, da cidade de Uberlândia/MG. Os sujeitos foram abordados de forma aleatória,
independente de gênero, idade ou nível escolar, com o objetivo de atingirmos um espectro
amplo de respostas ao nosso instrumento de pesquisa.
Utilizamos como instrumento de pesquisa um questionário construído em Escala de
Likert. Este tipo de escala de resposta psicométrica foi desenvolvido por Rensis Likert (1932)
para mensurar atitudes no contexto das ciências comportamentais. Esta escala de verificação
consiste em tomar um construto e desenvolver um conjunto de afirmações relacionadas à sua
definição, para as quais os respondentes emitirão seu grau de concordância, ao qual é
atribuído um valor numérico. Construtos como crenças, atitudes, percepções, autoestima,
depressão, etnocentrismo, religiosidade e racismo são alguns exemplos recorrentemente
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mensurados por meio de escalas de Likert. A escala original tinha a proposta de ser aplicada
com cinco pontos, variando de discordância total até a concordância total. Entretanto,
atualmente existem modelos chamados do tipo Likert com variações na pontuação, a critério
do pesquisador (SILVA E COSTA, 2014).
De acordo com os autores (op. cit), a grande vantagem da escala de Likert é a
facilidade de seu manuseio, pois o sujeito facilmente pode emitir um grau de concordância
sobre uma afirmação qualquer. Também, a confirmação de sua consistência psicométrica nas
investigações que utilizaram esta escala contribuiu positivamente para sua aplicação nas mais
diversas pesquisas.
A construção deste tipo de instrumento pressupõe um processo que se inicia pela
elaboração dos itens até os testes de validade e de precisão. Os itens são sentenças, geralmente
na forma afirmativa, que representam o fenômeno a ser avaliado, devendo expressar o
comportamento das pessoas frente ao objeto de interesse. Neste estudo, consultamos o
referencial teórico sobre as Feiras de Ciências para sua elaboração, bem como adotamos as
recomendações usualmente utilizadas para a construção de instrumentos dessa natureza, de
acordo com os critérios propostos por Pasquali (1998, p.6),
1. Critério comportamental: O item deve expressar um comportamento, não uma
abstração.
2. Critério de desejabilidade: o respondente pode concordar ou discordar sobre se tal
comportamento convém ou não para ele.
3. Critério de simplicidade: o item deve expressar uma única ideia.
4. Critério de clareza: o item deve ser inteligível para todos os indivíduos da
população alvo.
5. Critério de relevância: o item não deve insinuar atributo diferente do definido.
6. Critério de precisão: o item deve possuir uma posição definida no continuo do
atributo e ser distinto dos demais itens.
7. Critério de variedade: o uso dos mesmos termos em todos os itens deve ser
evitado, pois provoca monotonia, cansaço e aborrecimento.
8. Critério de modalidade: formular frases com expressão de reação modal, isto é,
não utilizar expressões extremadas.
9. Critério de tipicidade: o item deve ser formulado com expressões condizentes
com o atributo.
Por fim, o conjunto todo de itens deve obedecer aos critérios de:
10. Amplitude: o conjunto dos itens deve cobrir toda extensão de magnitude do
contínuo desse atributo.
11. Equilíbrio: os itens devem cobrir igual ou proporcionalmente todos os segmentos
do contínuo, devendo haver, portanto, maior parte dos itens de dificuldade mediana
e itens fáceis ou difíceis em menor número. A razão deste critério encontra-se no
fato de que a maioria das pessoas situa-se na faixa mediana de comportamento.
Além disso, atribuímos uma valoração ao grau de concordância que variou de +2 a -2
(Tabela 1). Assim, pudemos verificar como os respondentes se posicionaram em relação à
medida de concordância atribuída ao item, pois de acordo com esta afirmação, pode-se inferir
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a medida do construto (SILVA E COSTA, 2014). Para compilação dos dados estatísticos
fomos auxiliados por voluntários da Faculdade de Matemática de nossa Universidade
(FAMAT/UFU), que utilizaram um software específico (SPSS 18) para tal.
Tabela 1 – Legendas e valoração numérica da escala de Likert utilizada
Fonte: HODGE e GILLESPIE (2003).
A partir destas orientações elaboramos doze (12) itens (Quadro 1) nos referenciando
em estudos sobre as Feiras de Ciências no espaço escolar. Para a discussão dos dados
encontrados utilizamos o referencial teórico apresentado na introdução do trabalho.
Quadro 1: Questionário contendo os doze itens elaborados sob forma de afirmativas.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Análise e discussão dos resultados
Apresentaremos primeiramente os dados estatísticos relativos a cada afirmativa (A) e,
posteriormente, analisaremos qualitativamente os resultados obtidos.
Com relação à A1. As feiras de ciências me despertam um lado crítico e analítico:
AFIRMATIVA
CONCORDO
PLENAMENTE
CONCORDO NÃO CONCORDO
NEM DISCORDO
DISCORDO DISCORDO
COMPLETAMENTE
CP C NC/ND D DC
2 1 0 -1 -2
AFIRMATIVAS CP C ND/
NC
D DC
1 As feiras de ciências me despertam um lado crítico e analítico
2 As feiras de ciências me instigam a ir além do que é aplicado na sala de aula
3 As feiras de ciências me auxiliam na aprendizagem do conteúdo proposto em
sala de aula.
4 As feiras de ciências me auxiliam no desenvolvimento de minha expressão
oral e interação com as pessoas.
5 As feiras de ciências são capazes de me auxiliar a aprender qualquer
conteúdo.
6 As feiras de ciências são fundamentais para a aprendizagem dos conteúdos,
principalmente biologia, física e química.
7 Penso que as feiras de ciências atrapalham o bom andamento da escola.
8 Com as feiras de ciências tenho ampla oportunidade de me integrar com
ambientes diferentes como laboratórios e afins
9 Acho que as feiras de ciências são desnecessárias no que diz respeito à
aprendizagem.
10 Gosto de participar de feiras de ciências quando o tema é livre.
11 Gosto de participar de feiras de ciências com temas pré-definidos
12 As feiras de ciências me ajudam a visualizar opções a respeito do meu futuro
profissional.
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Tabela 2: Resultados da afirmativa 1 Gráfico 1: Resultados da afirmativa 1
Legendas Frequência Porcentagem
Válido C 109 49,8
CP 51 23,3
D 13 5,9
DC 4 1,8
NDNC 42 19,2
Total 219 100,0
Fonte: Os autores
Fonte: Os autores
A2. As feiras de ciências me instigam a ir além do que é aplicado na sala de aula
Tabela 3: Resultados da afirmativa 2 Gráfico 2: Resultados da afirmativa 2
Fonte: Os autores
Fonte: Os autores
A3. As feiras de ciências me auxiliam na aprendizagem do conteúdo proposto em sala
de aula.
Tabela 4: Resultados da afirmativa 3 Gráfico 3: Resultados da afirmativa 3
Fonte: Os autores
Fonte: Os autores
Legendas Frequência Porcentagem
Válido C 84 38,5
CP 81 37,2
D 22 10,1
DC 3 1,4
NDNC 28 12,8
Total 218 100,0
Legendas Frequência Porcentagem
Válido C 85 39,4
CP 73 33,8
D 12 5,6
DC 8 3,7
NDNC 38 17,6
Total 216 100,0
37022
A4. As feiras de ciências me auxiliam no desenvolvimento de minha expressão oral e
interação com as pessoas
Tabela 5: Resultados da afirmativa 4 Gráfico 4: Resultados da afirmativa 4
Fonte: Os autores
Fonte: Os autores
A5. As feiras de ciências são capazes de me auxiliar a aprender qualquer conteúdo
Tabela 6: Resultados da afirmativa 5 Gráfico 5: Resultados da afirmativa 5
Fonte: os autores
Fonte: Os autores
A6. As feiras de ciências são fundamentais para a aprendizagem dos conteúdos,
principalmente biologia, física e química.
Tabela 7: Resultados da afirmativa 6 Gráfico 6: Resultados da afirmativa 6
Fonte: Os autores
Fonte: Os autores
A7. Penso que as feiras de ciências atrapalham o bom andamento da escola.
Legendas Frequência Porcentagem
Válido C 81 37,2
CP 72 33,0
D 25 11,5
DC 4 1,8
NDNC 36 16,5
Total 218 100,0
Legendas Frequência Porcentagem
Válido C 74 34,4
CP 34 15,8
D 41 19,1
DC 6 2,8
NDNC 60 27,9
Total 215 100,0
Legendas Frequência Porcentagem
Válido C 93 43,1
CP 52 24,1
D 22 10,2
DC 2 ,9
NDNC 47 21,8
Total 216 100,0
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Tabela 8: Resultados da afirmativa 7 Gráfico 7: Resultados da afirmativa 7
Fonte: Os autores
Fonte: Os autores
A8. Com as feiras de ciências tenho ampla oportunidade de me integrar com
ambientes diferentes como laboratórios e afins.
Tabela 9: Resultados da afirmativa 68 Gráfico 8: Resultados da afirmativa 8
Fonte: Os autores
Fonte: Os autores
A9. Acho que as feiras de ciências são desnecessárias no que diz respeito à
aprendizagem.
Tabela 10: Resultados da afirmativa 9 Gráfico 9: Resultados da afirmativa 9
Fonte: Os autores.
Fonte: Os autores
A10. Gosto de participar de feiras de ciências quando o tema é livre.
Legendas Frequência Porcentagem
Válido C 15 7,0
CP 4 1,9
D 69 32,2
DC 93 43,5
NDNC 33 15,4
Total 214 100,0
Legendas Frequência Porcentagem
Válido C 83 38,4
CP 63 29,2
D 19 8,8
DC 7 3,2
NDNC 44 20,4
Total 216 100,0
Legendas Frequência Porcentagem
Válido C 12 5,5
CP 8 3,7
D 76 35,0
DC 99 45,6
N 1 ,5
NDNC 21 9,7
Total 217 100,0
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Tabela 11: Resultados da afirmativa 10 Gráfico 10: Resultados da afirmativa 10
Fonte: Os autores
Fonte: Os autores
A11. Gosto de participar de feiras de ciências com temas pré-definidos.
Tabela 12: Resultados da afirmativa 11 Gráfico 11: Resultados da afirmativa 11
Fonte: Os autores
Fonte: Os autores
A12. As feiras de ciências me ajudam a visualizar opções a respeito do meu futuro
profissional.
Tabela 13: Resultados da afirmativa 12 Gráfico 12: Resultados da afirmativa 12
Fonte: Os autores
Fonte: Os autores
Nas tabelas acima relacionadas o critério válido indica o total das respostas realmente
dadas para cada afirmativa, ou seja, desconsideramos aquelas deixadas em branco. Portanto,
apesar da aplicação de duzentos e vinte (220) questionários as tabelas apresentam uma
Legendas Frequência Porcentagem
Válido C 76 35,0
CP 54 24,9
D 16 7,4
DC 11 5,1
NDNC 60 27,6
Total 217 100,0
Legendas Frequência Porcentagem
Válido C 78 35,9
CP 32 14,7
D 29 13,4
DC 12 5,5
NDNC 66 30,4
Total 217 100,0
Legendas Frequência Porcentagem
Válido C 60 27,5
CP 51 23,4
D 21 9,6
DC 13 6,0
NDNC 73 33,5
Total 218 100,0
37025
frequência numérica total que varia de 214 a 219, o que indica uma variância relativa a cada
afirmativa indicando que os sujeitos não responderam de maneira homogênea cada
proposição.
Observamos na afirmativa A1 (As feiras de ciências me despertam um lado crítico e
analítico) que a frequência observada demonstra 73,1% dos entrevistados (150 sujeitos)
concordam ou concordam plenamente com a afirmativa, indicando que percebem que as
Feiras de Ciências promovem atividades que têm o potencial de desenvolver seu senso crítico
e analítico. De acordo com a conceituação de Carraher (1995), senso crítico é a capacidade de
analisar problemas de forma inteligente e racional, refletindo sobre suas próprias opiniões e as
opiniões alheias. Assim, o senso crítico está relacionado ao desenvolvimento analítico, que
consiste na capacidade de analisar um determinado conteúdo em seus vários aspectos. Neste
caso, a percepção dos alunos demonstra que concordam as Feiras os fazem mobilizar aspectos
cognitivos relacionados à capacidade de análise crítica. O que está coerente com o percentual
encontrado (75,7% - 165 respostas) para a resposta à afirmativa A2 (As feiras de ciências me
instigam a ir além do que é aplicado na sala de aula).
Já para a afirmativa A3 (As feiras de ciências me auxiliam na aprendizagem do
conteúdo proposto em sala de aula), encontramos 73,2% de concordância de que as Feiras
são capazes desse auxílio. Coerente com o resultado para a contraproposição que está na
afirmativa A9 (Acho que as feiras de ciências são desnecessárias no que diz respeito à
aprendizagem), cujo percentual de discordância foi de 80,5%. Também, as afirmativas A5(As
feiras de ciências são capazes de me auxiliar a aprender qualquer conteúdo) com percentual
de concordância de 50,2%, e A6 (As feiras de ciências são fundamentais para a
aprendizagem dos conteúdos, principalmente biologia, física e química) cuja porcentagem de
concordância foi de 67,2%, dizem respeito à aprendizagem, inclusive de conteúdos
específicos. Pensamos que a percepção dos alunos sobre a capacidade das Feiras os
auxiliarem nos estudos, encontra-se no fato de que, na maioria das vezes, de acordo com
Barcelos e Jacobucci (2010), estas são utilizadas como complementação de experiências
realizadas em sala de aula, como estímulo para aprofundar os estudos, para buscar novos
conhecimentos, e também, como espaço para a iniciação científica. Também, segundo as
autoras, as Feiras representam uma excelente oportunidade para os alunos deixarem de ocupar
uma posição passiva no processo de aprendizagem e de serem estimulados a tornar público
seu trabalho quando da realização do evento, que requer a exposição oral e a interação social.
O que está de acordo com a concordância de 70,2% para a afirmativa A4 (As feiras de
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ciências me auxiliam no desenvolvimento de minha expressão oral e interação com as
pessoas).
Ainda com relação às proposições sobre aprendizagem, pensamos que, como as
atividades propostas para as Feiras são constituídas por projetos fundamentados no ensino por
investigação, isto pressupõe, segundo Carvalho (2004), que os estudantes aprendem melhor
quando participam ativamente das atividades de ensino. Nesse âmbito, Hartmann e
Zimmermann (2009), colocam que as feiras de ciência potencializam o engajamento do jovem
na cultura científica, tornando-o agente de sua própria formação e, consequentemente,
protagonista de sua aprendizagem.
Quanto a este protagonismo, em termos das escolhas sobre as temáticas a serem
desenvolvidas para demonstração nas Feiras, as respostas apresentam uma contradição, pois a
afirmativa A10 (Gosto de participar de feiras de ciências quando o tema é livre) tem uma
contraproposição que é a afirmativa A11 (Gosto de participar de feiras de ciências com temas
pré-definidos), sendo que, para ambas encontrou-se uma concordância de 59,9% e 50,6%
respectivamente. Este pode ser um indicativo de que os alunos gostam de participar das
Feiras, independentemente se a temática é livre ou é proposta. Por outro lado, quando
analisamos os percentuais considerados neutros (NDNC), encontramos percentuais bem
próximos 27,6% e 30,4%, com um número expressivo de respostas, o que pode indicar que os
alunos não se posicionam em termos de escolha dos projetos que irão desenvolver. Portanto, a
Feira como opção metodológica justifica-se, porque ao propor atividades de caráter
investigativo o professor possibilita aos alunos o desenvolvimento da autonomia e da
capacidade de tomar decisões, pois aprender a investigar envolve aprender a observar,
planejar, levantar hipóteses, realizar medidas, interpretar dados, refletir e construir
explicações de caráter teórico (CASTRO, MARTINS e MUNFORD, 2008).
Na afirmativa A7 (Penso que as feiras de ciências atrapalham o bom andamento da
escola) e na afirmativa A8 (Com as feiras de ciências tenho ampla oportunidade de me
integrar com ambientes diferentes como laboratórios e afins), percebemos que existe uma
coerência correspondente à importância atribuída à Feira, bem como sua posição e aceitação
dentro do espaço escolar. Pois, na afirmativa A7 o percentual de discordância com relação à
proposição foi de 75,7%, o que indica uma veemente contraposição com relação ao espaço
que a Feira ocupa dentro de suas percepções. Pois, segundo Brasil (2006), além de promover
a aplicação do método científico inerente ao processo investigativo, a Feira destaca-se como
espaços pedagógicos para aprendizagens múltiplas que propiciam aos alunos um espaço de
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desenvolvimento psicológico e cognitivo por meio das interações interdisciplinares
caracterizadas pela exposição de vários projetos, ou de vários conteúdos dentro das próprias
atividades, bem como das suas múltiplas interações sociais que possibilita. O que também
está coerente com a concordância de 67,6 para a afirmativa A8.
Com relação à afirmativa A12, percebemos que as Feiras, apesar do percentual de
concordância de 50,9%, não são completamente capazes de auxiliar na definição de uma
futura profissão, pois o percentual neutro é alto (33,5%), o que pode significar uma
indefinição quanto à escolha profissional, própria da faixa etária em que se encontram os
sujeitos desta pesquisa. Pois, Neiva (2007) coloca que a escolha profissional, nos dias de hoje
é complexa, devido ao fato da diversidade de opções, sendo que o adolescente precisa optar
não só pela profissão que terá, mas por quem ele quer ser, em um momento caracterizado por
intensos conflitos de identidade. Portanto, existe uma coerência entre as respostas dadas
mostrando um equilíbrio que caracteriza esta indefinição.
Considerações Finais
Neste trabalho percebemos que a visão dos alunos sobre a realização e sua
participação em Feiras de Ciências é altamente positiva, indicando que estes eventos são
importantes para sua aprendizagem, integração e socialização.
Nota-se que as Feiras são valorizadas pelos sujeitos pesquisados, porém sabemos que
é necessário aprofundar o estudo nessa temática, pois embora seja um evento comumente
realizado no ambiente escolar, a produção acadêmica sobre as Feiras de Ciências ainda é
escassa e pouco discutida. Por outro lado, as publicações já existentes mostram vertentes de
socialização e multiplicidade pedagógicas capazes de enriquecer o processo de ensino-
aprendizagem, constituindo-se como oportunidade de vivenciar processos cognitivos de
caráter interdisciplinar; promover a Alfabetização e a Educação Científica; possibilitar o
intercâmbio entre as escolas e as comunidades e contribuir com a formação integral do aluno.
REFERÊNCIAS:
BRASIL – Ministério da Educação (MEC). Secretaria de Educação Básica. Programa
Nacional de Apoio às Feiras de Ciências da Educação Básica: Fenaceb, 88p., 2006.
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BARCELOS, Nora Ney Santos; JACOBUCCI, Giulliano Buzá; JACOBUCCI, Daniela
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