penna, 2013. o papel do canto orfeônico na era vargas -novoooo

Upload: layanne-oliveira-pareentt

Post on 06-Jan-2016

214 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

d

TRANSCRIPT

  • XXIII Congresso da Associao Nacional de Pesquisa e Ps-Graduao em Msica Natal 2013

    O papel do canto orfenico na construo do nacional na Era Vargas:

    algumas reflexes

    MODALIDADE: COMUNICAO ORAL

    Maura Penna UFPB/PPGM [email protected]

    Resumo: Como parte de uma pesquisa que visa compreender a experincia do canto orfenico no seu

    contexto institucional, poltico e cultural, apresentamos, com base em pesquisa documental e

    bibliogrfica, uma discusso relativa s suas relaes com a construo do nacional na Era Vargas, e especialmente no perodo ditatorial do Estado Novo. Analisando aes polticas, educacionais e

    simblicas de cunho nacionalista, ressaltamos o papel do canto orfenico e de seu repertrio folclrico.

    Conclumos explicitando a funo ideolgica do canto orfenico nesse processo, que lhe permite

    perdurar alm da Era Vargas.

    Palavras-chave: Canto orfenico. Msica na escola. Era Vargas. Nacionalismo. Folclore.

    The role of Orpheonic Singing in the national construction in the Vargas Era: some considerations

    Abstract: As part of a research whose aim is to understand the experience of Orpheonic Singing within

    an institutional, political and cultural context, we present a discussion, based on both documental and

    bibliographic readings, about its relationship with the national construction in the Vargas Era, especially in the dictatorship of Estado Novo (New State). Analyzing political, educational and

    symbolic actions with a nationalist character, we emphasize the role of Orpheonic Singing and its

    folkloric repertoire. We conclude by showing the ideological function of the Orpheonic Singing in this

    process, what made it endure beyond the Vargas Era. Keywords: Orpheonic singing. Music at school. Vargas Era. Nationalism. Folklore

    Embora o canto cvico j tivesse uma tradio nas escolas brasileiras, quando se

    aborda historicamente a msica na escola de formao geral, inevitvel o destaque dado ao

    projeto do canto orfenico, implantado nas dcadas de 1930 e 1940. Apesar de inmeros

    trabalhos a seu respeito, consideramos ser ainda pertinente estudos sistemticos que busquem

    uma compreenso mais aprofundada desta experincia, a partir de sua contextualizao em

    relao a seu momento histrico. Assim, esta comunicao vincula-se a uma pesquisa em

    desenvolvimento que tem por objetivo geral compreender a experincia do canto orfenico

    dentro do quadro institucional, poltico e cultural no qual engendrada. Em trabalho anterior

    (PENNA, 2012), analisamos os procedimentos institucionais e legais empregados em sua

    implantao, especialmente o Decreto n 19.890, de 1931 (BRASIL, 1931), relativo ao ensino

    secundrio, e o Decreto n 24.794 de 1934 (BRASIL, 1934), que expande a obrigatoriedade

    do canto orfenico para todo o pas e todos os nveis de ensino.

    Nesta comunicao, vinculada a um dos objetivos especficos da pesquisa,

    discutimos como a proposta do canto orfenico se articula ao processo de construo da

    FAMILIAHighlight

  • XXIII Congresso da Associao Nacional de Pesquisa e Ps-Graduao em Msica Natal 2013

    nao/do nacional desenvolvido durante a Era Vargas 1930 a 1945 , especialmente no

    perodo ditatorial do Estado Novo. Para tanto, desenvolvemos pesquisa documental e

    bibliogrfica, buscando a contribuio de reas afins, no campo das cincias humanas, para,

    atravs de uma perspectiva interdisciplinar, melhor compreender a questo.

    1. Concepes de nao e sua construo na Era Vargas

    Como mostra Medeiros (2008: 63), em sua concepo clssica, a nao o

    resultado da constituio efetiva do Estado e a combinao tnica de um nico ou de vrios

    povos, este todo ligado a uma escolha poltica coletiva e partilhada. Por outro lado, como

    realidade histrica, o Estado-Nao uma entidade moderna. Neste sentido, o

    desenvolvimento das naes ocidentais so produto histrico dos novos princpios nascidos

    com a Revoluo Francesa (MEDEIROS, 2008: 65).

    Ao analisar o desenvolvimento de um modelo brasileiro de nao, Medeiros

    (2008: 87-88) destaca a importncia da Semana de Arte Moderna de 1922, na medida em

    impulsiona o Modernismo, que em um esforo de integrar as diversidades tnicas e sociais,

    fundar a identidade moderna da jovem nao brasileira baseada no elogio da mestiagem.

    Desta forma, este movimento artstico vai canalizar toda uma efervescncia cultural que

    encontrar uma aplicao concreta na Revoluo de 1930.

    Vale destacar que o nvel da produo simblica tambm responsvel pela

    construo da realidade social, j que, como discute Bourdieu (1996: 112), a representao da

    realidade social contribui para a construo dessa prpria realidade. Assim, para compreender

    a lgica especfica do mundo social, preciso apreender ao mesmo tempo o que institudo e

    as representaes, as estruturas objetivas e as relaes com essas estruturas. Desta forma, no

    caso em estudo, cabe considerar tanto a atuao dos especialistas da produo simblica

    artistas, intelectuais, etc. com as concepes nacionalistas do modernismo, quanto as aes

    objetivas empreendidas na Era Vargas em nvel econmico, alterando as estruturas

    produtivas, atravs dos projetos de modernizao e industrializao, e tambm no campo

    poltico-administrativo, atravs da constituio e aparelhamento do Estado brasileiro.

    Neste sentido, como discutimos em trabalho anterior (PENNA, 2012), o Governo

    Provisrio de Getlio Vargas, decorrente da Revoluo de 1930, promoveu um progressivo

    aparelhamento do Estado, atravs de rgos de deciso, fiscalizao e controle. J em 1931,

    criado o Ministrio da Educao e Sade Pblica, rgo responsvel pelas determinaes

    legais para a implantao do projeto do canto orfenico nas escolas brasileiras. Assim,

    FAMILIARectangle

    FAMILIARectangle

    FAMILIARectangle

  • XXIII Congresso da Associao Nacional de Pesquisa e Ps-Graduao em Msica Natal 2013

    O Brasil anterior a 1930 caracterizava-se pela ausncia de unidade devido a polticas

    regionalistas marcadas por conflitos particularistas entre oligarquias em busca de

    poder. Reforando o Governo central e diminuindo a autonomia poltica dos Estados

    federados, Vargas adotar uma poltica de industrializao e modernizao do

    aparelho administrativo e econmico. (MEDEIROS, 2008: 88)

    Em relao a outras possveis demarcaes territoriais regionais, estaduais,

    municipais, tambm capazes de sustentar a construo de identidades1 , a identidade

    nacional a mais abrangente. Deste modo, sua capacidade de unificar, de estabelecer, sob a

    nacionalidade, uma coeso por sobre tantas possveis fontes de diferenciao exige um maior

    grau de abstrao em relao s particularidades da experincia mais imediata do indivduo

    (PENNA, 1992: 52). Nesta direo, Anderson (2008: 32) prope a definio de nao como

    uma comunidade poltica imaginada: Ela imaginada porque mesmo os membros da mais

    minscula das naes jamais conhecero, encontraro, ou sequer ouviro falar da maioria de

    seus companheiros, embora todos tenham em mente a imagem viva da comunho entre eles2.

    Assim, o processo de construo da identidade nacional envolve diferentes nveis

    de atuao, tanto cultural e simblico quanto social e poltico, ou mesmo repressivo. Neste

    sentido, o regime ditatorial do Estado Novo (1937-1945) utilizou, no processo de construo

    do nacional, no apenas os Aparelhos Ideolgicos de Estado dentre os quais o escolar, onde

    o projeto do canto orfenico tem lugar , mas tambm o Aparelho repressivo de Estado

    que funciona pela violncia (cf. ALTHUSSER, s/d: 44-48).

    Um exemplo extremamente significativo, neste sentido, um episdio pouco

    conhecido da histria brasileira, a cerimnia da queima das bandeiras estaduais, onde os

    referidos aparelhos claramente se articulam. Buscando reafirmar a referncia do nacional, a

    Constituio do Estado Novo aboliu as bandeiras e escudos estaduais e municipais. Essa

    proibio foi reafirmada simbolicamente em uma grande cerimnia cvica, em praa pblica,

    em que as bandeiras dos 22 estados foram queimadas em uma pira, enquanto era hasteada a

    bandeira nacional em 22 mastros 3

    . Essa cerimnia simbolizava a centralizao do poder, a

    afirmao da autoridade do chefe central, o fim dos regionalismos e da federao. O Brasil

    seria um Estado nacional unitrio, obedecendo a um nico senhor (ARAJO, 2000: 25).

    [...] o pano de fundo da ideologia do Estado Novo foi o mito da nao e do povo,

    duas entidades abstratas, que por si s no significam absolutamente nada. Mas, na

    realidade, esse foi o momento em que, atravs da ditadura, se procurou suprimir os

    localismos e viabilizar um projeto realmente nacional.

    Identificando nao e povo, e ambos com o ditador, sem a distncia interposta dos

    partidos, o Estado Novo tinha a iluso de que finalmente o povo governaria a si

    prprio e a nao se reencontraria. O ditador era ento a encarnao viva do povo e da nao. (KOSHIBA; PEREIRA, 1993: 311)

    FAMILIAHighlight

    FAMILIAHighlight

    FAMILIAHighlight

    FAMILIAHighlight

    FAMILIAHighlight

    FAMILIAHighlight

    FAMILIARectangle

  • XXIII Congresso da Associao Nacional de Pesquisa e Ps-Graduao em Msica Natal 2013

    As funes do canto orfenico j estavam claramente expressas no Decreto n

    24.794, de 14 de julho de 1934, que expande seu ensino a todos os estabelecimentos de

    ensino dependentes do Ministrio da Educao e Sade Pblica, tornando-o obrigatrio em

    todos os nveis de ensino e em todo o pas (BRASIL, 1934). Nos itens de justificativa

    (Considerando que...) que abrem o decreto, o carter poltico-ideolgico do canto orfenico

    claramente explicitado: o ensino do Canto Orfenico considerado um meio de renovao

    e de formao moral e intelectual, sendo uma das mais eficazes maneiras de desenvolver os

    sentimentos patriticos do povo; por sua vez, o canto e a msica so concebidos como

    fatores educativos de grande utilidade (BRASIL, 1934 grifos nossos). No entanto, esse

    papel da msica perdura mesmo depois da queda de Vargas com o fim do Estado Novo, como

    pode ser constatado na Portaria n 300, do Ministrio da Educao e Sade, de 7 de maio de

    1946 (BRASIL, 1946), analisada por Pereira (2011), que, ao aprovar instrues para o ensino

    de canto orfenico nas escolas secundrias, enumera em seis itens suas diversas finalidades

    sendo apenas uma de cunho musical , dentre as quais destacamos: d) Incutir o sentimento

    cvico, de disciplina, o senso de solidariedade e de responsabilidade no ambiente escolar.

    2. O folclore como representante do povo e da nao

    Visando sistematizar a formao de professores para a implantao do projeto do

    canto orfenico, foi criado em 1942, atravs do Decreto-Lei 4.993 (em pleno regime ditatorial

    do Estado Novo), o Conservatrio Nacional de Canto Orfenico (CNCO), tendo em sua

    direo Heitor Villa-Lobos. Com o CNCO, ampliou-se a formao de professores, a partir de

    ento sob controle e inspeo federal, tornando-se o CNCO um modelo para instituies

    similares em outros estados brasileiros. Analisando o seu currculo, Pereira (2011) mostra que

    o mesmo preparava os professores [...] para que a msica selecionada pela classe dominante

    fosse legitimada como uma msica superior, apurando o bom gosto das massas sendo o

    canto orfenico, baseado no folclore nacional, o mediador da arte popular e da arte elevada.

    Como apontado acima, o pano de fundo da ideologia do Estado Novo foi o mito

    da nao e do povo (KOSHIBA; PEREIRA, 1993: 311). Povo, entidade abstrata que o

    movimento modernista tambm procurava captar, buscando construir uma identidade

    brasileira capaz de integrar as diversidades tnicas e sociais (cf. MEDEIROS, 2008: 87-88

    acima citado). Sero consideradas expresso do povo e, portanto, da alma brasileira as

    manifestaes musicais de carter folclrico, do Brasil rural, isolado e analfabeto pela falta

    de meios de transporte e comunicao, no quadro da poca, e tambm pela falta de um

    FAMILIAHighlight

    FAMILIARectangle

    FAMILIARectangle

  • XXIII Congresso da Associao Nacional de Pesquisa e Ps-Graduao em Msica Natal 2013

    sistema de ensino que conseguisse ir alm dos centros urbanos. Assim, alm de Heitor Villa-

    Lobos, [que] desde 1932, j emprestava sua prpria genialidade aos propsitos de governo, o

    Estado Novo contava com muitos intelectuais que se diziam capazes de resgatar autnticos

    valores nacionais enquanto colocava na cadeia autores como Graciliano Ramos, que

    projetou as vidas secas do pas, tirando-as do mbito regional e inserindo-as no acervo das

    imagens do pas real (FREITAS; BICCAS, 2009: 114 grifos nossos).

    Como discute Tatit (2004: 36-38), Mrio de Andrade j reconhecia a importncia

    de se contar com uma msica popular consistente para qualquer projeto nacionalizante da

    msica culta. Tambm no grande projeto cvico-educacional de Villa-Lobos, o folclore

    servir de base consensual s estratgias pedaggicas. Ambos procuram, portanto, a cultura

    popular rural em suas fontes mais autnticas e menos sujeitas contaminao pelos desvios e

    vcios dos centros urbanos pois somente ela representaria fielmente a fisionomia oculta da

    nao. Essa viso do folclore compatvel com as concepes da poca concentra-se nos

    objetos, procurando list-los e colecion-los, pois o interesse est mais nos bens culturais as

    msicas, por exemplo do que nos agentes que os geram e consomem. Essa fascinao pelos

    produtos, o descaso pelos processos e agentes sociais que os geram, pelos usos que os

    modificam, leva a valorizar nos objetos mais sua repetio que sua transformao (GARCIA

    CANCLINI, 2003: 211). Trata-se, portanto, de uma concepo de folclore marcada por

    critrios como tradicionalismo, autenticidade e inalterabilidade.

    Assim, tanto Mrio de Andrade quanto Villa-Lobos concebem um popular

    passivo, que necessita da tutela de intelectuais ou artistas que lhe deem roupagem erudita ou

    que os legitimem como representantes puros da alma brasileira, Nesta direo, entre as

    competncias do CNCO, o Art. 2 do Decreto-Lei 4.993/1942, est a realizao de

    pesquisas visando restaurao ou revivescncia das obras de msica patritica que hajam

    sido no passado expresses legtimas de arte brasileira e bem assim ao recolhimento das

    formas puras e expressivas de cantos populares do pas (BRASIL, 1942 grifos nossos).

    Oliven (2008: 103-105) analisa esse tipo de relao com a cultura popular como

    um processo atravs do qual as classes dominantes se apropriam, reelaboram e

    posteriormente transformam em smbolos nacionais manifestaes culturais especficas de

    certos grupos. O autor enfatiza o momento de domesticao, em que os aspectos considerados

    perigosos da cultura popular so separados daqueles considerados simplesmente figurativos

    ou exticos. O momento de recuperao, por sua vez, consolida a dominao cultural,

    quando, no caso do canto orfenico, os aparelhos ideolgicos transformam as expresses

    culturais das classes dominadas em instrumentos de inculcada ao pedaggica.

    FAMILIAHighlight

  • XXIII Congresso da Associao Nacional de Pesquisa e Ps-Graduao em Msica Natal 2013

    O material didtico do canto orfenico baseava-se em hinos nacionais e canes

    patriticas e peas folclricas, que foram disponibilizadas aos professores atravs do Guia

    Prtico para a educao artstica e musical. No projeto original concebido por Villa-

    Lobos, o Guia teria seis volumes, sendo um Cvico Musical e dois deles dedicados ao

    folclore. Apenas o 1 volume do Guia Prtico foi publicado: entre 1932 e 1937 como

    fascculos da Coleo escolar e na dcada de 1940 no seu formato definitivo de tomo nico.

    Em 2009, a Academia Brasileira de Msica e a FUNARTE tornaram a publicar o Guia em

    uma edio revisada e comentada, em quatro volumes, sendo trs com as peas vocais,

    reorganizadas conforme suas caractersticas musicais, e uma Separata, com material

    explicativo para uso do Guia (VILLA-LOBOS, 2009). Este material de base folclrica ainda

    tomado como referncia para diversas propostas de ensino de msica, muitas vezes sem se

    considerar que nosso alunos podem, atualmente, ter vivncias musicais bastante distintas.

    Concordando com Pereira (2011), que analisa o currculo do Conservatrio

    Nacional do Canto Orfenico, consideramos que tambm o material didtico do Guia Prtico

    visa difundir e consolidar uma msica oficial, inculcada na escola, que visa substituir as

    experincias que os alunos possam ter no mundo exterior: Aos indivduos no cabe pensar a

    msica, mas praticar uma msica pr-pensada, pr-concebida, pr-selecionada para

    determinados fins. Uma msica, portanto, capaz de disciplinar e desenvolver o civismo e o

    patriotismo; uma msica que represente o povo, no processo de construo do nacional.

    Para finalizar, lembremos de Chau (1986: 104), que, em seu clssico trabalho

    sobre os distintos aspectos da cultura popular no Brasil, argumenta: Nao e Povo so

    suportes de imagens unificadoras tanto no plano do discurso poltico e ideolgico quanto no

    plano das experincias e prticas sociais. Assim, num processo histrico e ideolgico que

    apaga a diversidade para construir a unidade do nacional, a Cultura Popular pode ser posta

    como guardi das tradies [...] enquanto a cultura instruda posta como inventora e guardi

    do futuro, responsvel pela evoluo e pelo progresso (CHAU, 1986: 120). Reconhecemos

    este processo nas propostas polticas do Estado Novo, que por um lado so modernizantes,

    promovendo a industrializao do pas, e por outro lado integram o folclore, como

    representante da cultura popular e como a fisionomia oculta da nao, em todo um projeto

    educativo atravs da msica, voltado para finalidades cvicas, patriticas e disciplinadoras.

    O projeto do canto orfenico no se encerra com a queda de Vargas e o fim do

    Estado Novo, mantendo-se vigoroso mesmo depois que termina o novo perodo de

    presidncia de Getlio Vargas desta vez democraticamente eleito (de 1951 a 1954)

    FAMILIAHighlight

    FAMILIAHighlight

    FAMILIAHighlight

    FAMILIAHighlight

    FAMILIAHighlight

  • XXIII Congresso da Associao Nacional de Pesquisa e Ps-Graduao em Msica Natal 2013

    bastando, como evidncia disso, o decreto assinado por Juscelino Kubitschek que aprova, j

    em meados da dcada de 1950, o Regimento do Conservatrio Nacional de Canto Orfenico

    (BRASIL, 1957). O canto orfenico mantm, portanto, um papel ideolgico tambm nos

    governos populistas que se seguem, mesmo que tenha perdido alguns mecanismos que o

    governo autoritrio de Vargas propiciava para sua implantao e expanso.

    Referncias:

    ARAJO, Maria Celina D. O Estado Novo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.

    ALTHUSSER, Louis. Ideologia e aparelhos ideolgicos do estado. 3. ed. Lisboa: Presena,

    s/d.

    ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas: reflexes sobre a origem e a difuso do

    nacionalismo. So Paulo: Companhia das Letras, 2008.

    BOURDIEU, Pierre. A fora da representao. In: _____. A economia das trocas lingusticas:

    o que falar quer dizer. So Paulo: EDUSP, 1996. p. 107-116.

    BRASIL. Decreto n 19.890, de 18 de abril de 1931. Dispe sobre a organizao do ensino

    secundrio. Rio de Janeiro, DF, 1931. Disponvel em:

    http://www2.camara.gov.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-19890-18-abril-1931-504631-

    publicacaooriginal-83133-pe.html Acesso em: 30 abr. 2011.

    BRASIL. Decreto n 24.794, de 14 de julho de 1934. Cria, no Ministrio da Educao e

    Sade Pblica ... a Inspetoria Geral do Ensino Emendativo, dispe sobre o Ensino do Canto

    Orfenico, e d outras providncias.Rio de Janeiro, DF, 1934. Disponvel em:

    http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaNormas.action?numero=24794&tipo_norma=DE

    C&data=19340714&link=s Acesso em: 30 abr. 2011

    BRASIL. Decreto-Lei n 4.993, de 26 de novembro de 1942. Institui o Conservatrio

    Nacional de Canto Orfonico, e d outras providncias. Rio de Janeiro, DF, 1942. Disponvel

    em: http://www2.camara.gov.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-4993-26-novembro-

    1942-415031-publicacaooriginal-1-pe.html Acesso em: 20 fev. 2012

    BRASIL. Portaria n 300 de 7 de maio de 1946 . Aprova as instrues e unidades didticas

    do ensino de canto orfenico nas escolas secundrias. Rio de Janeiro, DF, 1946. Disponvel

    em: http://www.jusbrasil.com.br/diarios/2364823/dou-secao-1-14-05-1946-pg-14/pdf Acesso

    em: 20 mar. 2013

    BRASIL. Decreto n 41.926, de 30 de julho de 1957. Aprova o Regimento do Conservatrio

    Nacional de Canto orfenico, do Departamento Nacional de Educao, do Ministrio da

    Educao e Cultura. . Rio de Janeiro, DF, 1957. Disponvel em:

    http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaTextoIntegral.action?id=152208&norma=173038

    Acesso em 21 fev. 2012.

    CHAU, Marilena. Conformismo e resistncia: aspectos da cultura popular no Brasil. So

    Paulo: Brasiliense, 1986.

    FAMILIAHighlight

  • XXIII Congresso da Associao Nacional de Pesquisa e Ps-Graduao em Msica Natal 2013

    FERRAZ, Gabriel Augusto. Heitor Villa-Lobos and Getlio Vargas: constructing the new brazilian nation through a nationalistic system of music education. Gainesville, 2012. 251 f. Tese (Doutorado em Msica). University of Florida. Disponvel em:

    http://ufdc.ufl.edu/UFE0044008/00001 Acesso em: 1 mar. 2013 FREITAS, Marcos Cezar de; BICCAS, Maurilane de Souza. Histria social da educao no

    Brasil (1926-1996). So Paulo: Cortez, 2009.

    GARCIA CANCLINI, Nstor. Culturas hbridas: estratgias para entrar e sair da

    modernidade. 4. ed. So Paulo: EDUSP, 2003.

    KOSHIBA, Luiz; PEREIRA, Denise Manzi Frayze. Histria do Brasil. 6. ed. So Paulo:

    Atual, 1993.

    MEDEIROS, Joo Luiz. Configuraes identitrias da nao no Brasil. In: MEDEIROS, Joo

    Luiz (Org.). Identidades em movimento: nao, cyberespao, ambientalismo e religio no

    Brasil contemporneo. Porto Alegre: Sulina, 2008. p. 63-102.

    OLIVEN, Ruben George. Cultura e identidade nacional no Brasil. In: MEDEIROS, Joo Luiz

    (Org.). Identidades em movimento: nao..... Porto Alegre: Sulina, 2008. p. 103-121.

    PENNA, Maura. O que faz ser nordestino: identidades sociais, interesses e o escndalo Erundina. So Paulo: Cortez, 1992. (Disponvel on line:

    http://www.4shared.com/document/bryS-s-K/O_que_faz_ser_nordestino.html)

    PENNA, Maura. O Canto Orfenico e os termos legais de sua implantao: em busca de uma

    anlise contextualizada. In: CONGRESSO DA ANPPOM, 22., 2012, Joo Pessoa. Anais....

    Joo Pessoa: UFPB, 2012. CD-rom. p. 1439-1446.

    PEREIRA, Marcus Vincius Medeiros. Canto orfenico e msica oficial: breve apreciao de

    documentos curriculares oficiais. In: SEMINRIO INTERNACIONAL AS REDES

    EDUCATIVAS E AS TECNOLOGIAS: PRTICAS/TEORIAS SOCIAIS NA

    CONTEMPORANEIDADE, 6. 2011, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: UERJ, 2011.

    TATIT, Luiz, O sculo da cano. Cotia/SP: Ateli, 2004.

    VILLA-LOBOS, Heitor. Guia prtico: para a educao artstica e musical. Rio de Janeiro:

    ABM/Funarte, 2009. 4 v.

    Notas

    1 Consideramos a identidade social como construo simblica, uma representao relativa posio no mundo

    social (cf. PENNA, 1992 cap. 2 e especialmente p. 78-81). 2 Com base na noo de comunidade imaginada, Ferraz (2012) discute o papel de Villa-Lobos e do canto

    orfenico na construo do nacional na Era Vargas, em minuciosa pesquisa que explora amplamente fontes

    primrias. No site de sua tese, so disponibilizados materiais originais que ilustram prticas do canto orfenico,

    como um cine jornal informativo sobre uma solenidade comemorativa do dia da Independncia do Brasil, envolvendo apresentao orfenica com milhares de estudantes entoando hinos patriticos.

    3 Um vdeo histrico desta cerimnia est disponvel no site da Secretaria da Educao do Estado do Paran:

    http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/debaser/singlefile.php?com_mode=flat&com_order=1&id=

    9342 Acesso em 15 mar. 2013. Apesar de nossos esforos, no conseguimos uma informao exata sobre a

    data desta cerimnia. Mesmo Arajo (2000: 25) refere-se de modo impreciso sua realizao: Dias depois da decretao do Estado Novo.

    FAMILIARectangle

    FAMILIAHighlight