[penal] 01.01. conceito, finalidades, fontes e interpret do dp

49
1. Conceito de Direito Penal - O conceito de Direito Penal pode ser dado através do aspecto estudado. Podemos dizer que o DP pode ser conceituado pelo aspecto: a) Formal b) Sociológico 1.1. Aspecto formal - Direito penal conceituado pelo aspecto formal é um conjunto de normas que qualifica certos comportamentos humanos como infrações penais, definindo os seus agentes e fixando as sanções a serem-lhes aplicadas. 1.2. Aspecto sociológico - O direito penal pelo aspecto sociológico é mais um instrumento de controle social de comportamentos desviados, visando assegurar a necessária disciplina social.

Upload: leandro-ribeiro

Post on 13-Feb-2016

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

1. Conceito de Direito Penal- O conceito de Direito Penal pode ser dado através do aspecto estudado. Podemos dizer que o DP pode ser conceituado pelo aspecto:a) Formalb) Sociológico1.1. Aspecto formal- Direito penal conceituado pelo aspecto formal é um conjunto de normas que qualifica certos comportamentos humanos como infrações penais, definindo os seus agentes e fixando as sanções a serem-lhes aplicadas.1.2. Aspecto sociológico- O direito penal pelo aspecto sociológico é mais um instrumento de controle social de comportamentos desviados, visando assegurar a necessária disciplina social.- O que o diferencia dos demais ramos é a drasticidade de suas consequências jurídicas (pena privativa de liberdade). Por tal razão é norteado pelo princípio da intervenção mínima.

2. Finalidades do DP

Page 2: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

- A aferição das finalidades do Direito Penal leva em conta o funcionalismo, que apresenta duas correntes de pensamento.1ª Funcionalismo teleológico (Roxin): O fim do

direito penal é assegurar bens jurídicos, valendo-se das medidas de política criminal.

2ª Funcionalismo sistêmico (Jakobs): A função do direito penal é resguardar a norma, o sistema, o direito posto, atrelado aos fins da pena.

3. Direito penal objetivo x direito penal subjetivoa) Direito penal objetivo: Conjunto de leis

penais em vigor no país. É a expressão ou emanação do poder punitivo do Estado (é a emanação do direito penal subjetivo).

b) Direito penal subjetivo: Direito de punir do Estado. É monopólio do Estado. É limitado, condicionado.

Ex: Limitação temporal - prescrição; Limitação espacial - princípio da territorialidade; Limitação modal - princípio da dignidade da pessoa humana.

- Pergunta: Existe possibilidade de transferência do poder punitivo do Estado ao particular? Sim. Estatuto do índio (Lei 6.001/73, art.57) – tolerado o poder punitivo da tribo, desde que não tenha caráter cruel e

Page 3: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

infamante, proibida em qualquer caso a pena de morte (respeito à dignidade da pessoa humana).Obs: Legítima defesa não representa transferência de poder de punir, pois não se trata de punição, mas sim de defesa. Do mesmo modo, na Ação Penal Privada não se transfere o poder de punir, mas tão só o direito de perseguir a punição, agir.

4. Fontes do direito penal- Origem, lugar de onde vem e como se exterioriza a norma jurídica.

4.1. Fonte material (Produção)- Diz respeito ao órgão encarregado de criar o direito penal.1º União: Art.22, I, CF/88.Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;

2º Estados: Art.22, parágrafo único, CF/88 (desde que autorizado por LC e em questões de interesse local ou específico).

Page 4: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

Art. 22, Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.

4.2. Fontes formais (Revelação)- Diz respeito à forma de exteriorizar o direito penal.

4.2.1. FF Imediata- Antes da EC 45: Somente a lei.- Após EC 45:a) Lei (única capaz de regular a infração penal e sua

pena).b) Constituição.c) Tratados internacionais de direitos

humanos: Podem adentrar no ordenamento com dois status distintos: Se ratificados com quorum especial (igual ao de EC) - status constitucional; Se ratificados por quorum comum - status infraconstitucional supralegal.

Obs: A partir de agora a lei se submete à CF e aos tratados internacionais. A lei que não observa os preceitos constitucionais sofre controle de constitucionalidade, enquanto que aquela que não respeita tratado com status supralegal está sujeita ao controle de convencionalidade, que é sempre difuso.

Page 5: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

d) Jurisprudência (súmulas vinculantes).

1. ( ) CESPE - 2013 - DPE-RR - Defensor Público. Em relação às fontes da lei penal e à sua interpretação, é correto afirmar que na atualidade, os tribunais superiores têm admitido o uso e o costume, ainda que contra legem, para ajustar as condutas previstas no tipo penal às concepções sociais dominantes, de modo a afastar a norma incriminadora que, em razão da natureza do sistema jurídico, seja desfavorável ao réu.1

- Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. p. 54. Somente a lei pode revogar outra lei. Não existe costume abolicionista e, enquanto determinada lei estiver em vigor, terá plena eficácia. Esta corrente prevalece, sobretudo, por disposição expressa da LINDB em seu art. 2 (...) Neste sentido, inclusive, têm decidido STF e STJ

4.2.2. FF Mediata- Antes da EC 45:a) Costumes: Comportamentos uniformes e

constantes pela convicção de sua obrigatoriedade e necessidade jurídica.

- Pergunta: Costume pode criar um crime, cominar pena? Não. Somente a lei. Não existe costume

Page 6: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

incriminador, seria uma afronta ao princípio da reserva legal (art.1º, CP).- Pergunta: Costume revoga crime ou pena? 3 correntes:1ª corrente: Sim, admite-se o costume abolicionista,

aplicado nos casos em que a infração penal não mais contraria o interesse social, não mais repercute negativamente na sociedade.

2ª corrente: Não existe costume abolicionista, mas quando o fato já não é mais indesejado pelo meio social a lei deixa de ser aplicada (posicionamento adotado por Luiz Flávio Gomes).

3ª corrente: Não existe costume abolicionista. Enquanto não revogada por outra lei a norma tem plena eficácia (corrente que prevalece, posto que de acordo com a LICC).

- Importância dos costumes: Desempenha papel relevante da interpretação do direito penal. O costume pode aclarar o sentido do tipo, expressão ou frase. Ex: Art.155, CP – durante o “repouso noturno” = significado depende do costume da localidade.

b) Princípios gerais de direito: Direito que vive na consciência comum de um povo.

- Após a EC 45: Doutrina.

Page 7: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

Obs: Costumes e princípios gerais do direito não positivados são fontes informais.- Para a doutrina moderna os princípios, uma vez que podem abolir lei penal, seriam fontes, enquadradas como fontes formais imediatas.

5. Interpretação da lei penal- Interpretar significa explicar ou aclarar o sentido de palavra, texto ou lei.

2. ( ) FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de Polícia. Pode-se afirmar que a intepretação autêntica provém do próprio órgão do qual emana a lei, podendo ser no próprio texto (contextual) ou posterior, ou seja, por meio de uma lei nova.2

- É a interpretação autêntica ou legislativa.3. ( ) CESPE - 2013 - TRF - 2ª REGIÃO - Juiz

Federal. Acerca da interpretação da lei penal é correto afirmar que a interpretação judicial da lei penal se manifesta na edição de súmulas vinculantes editadas pelos tribunais.3

- Só quem pode editar súmula vinculante é o STF e não os Tribunais como diz a questão.

5.1. Quanto ao sujeito que interpreta ou a origem

Page 8: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

5.1.1. Autêntica ou legislativa- É dada pela própria LEI.- Exemplos: Conceito de funcionário público para o direito penal – Art.327, CP; Exposição de motivos do CPP – Dec. Lei 3689/41.

5.1.2. Doutrinária- Dada pelos estudiosos. Ex: Exposição de motivos do CP

5.1.3. Jurisprudencial- Dada pela reiteração de decisões no mesmo sentido. É a única interpretação capaz de vincular, desde que retratada em súmula vinculante.

4. FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de Polícia. Pode-se afirmar que a interpretação teleológica:

a) é a realizada adaptando a lei às necessidades e concepções do presente, seguindo o progresso da humanidade.

b) é aquela em que o legislador, ao descrever uma conduta (preceito primário), prescreve hipótese exemplificativa, permitindo ao intérprete a aplicação aos casos análogos.

c) consiste em aplicar a uma hipótese não prevista em lei a disposição relativa a um caso semelhante.

Page 9: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

d) provém do próprio órgão do qual emana a lei, podendo ser no próprio texto (contextual) ou posterior, ou seja, por meio de uma lei nova.

e) busca a vontade ou intenção objetiva da lei, valendo-se dos elementos ratio legis, sistemáticos, históricos, Direito Comparado ou Extrapenal e Ciências Extrajurídicas.4

- Letra A) Interpretação progressiva que é interpretada de acordo com o progresso da ciência/medicina e da informática;- Letra B) É o caso de interpretação analógica em que existe norma para o caso, mas o legislador depois apresentar exemplos encerra de forma genérica, permitindo ao operador do direito encontrar outros casos não previstos pelo legislador, a situações semelhantes.- Letra C) Analogia ao contrário da interpretação analógica, parte do pressuposto de que tal fato não existe em norma legal, motivo pleo qual, socorre-se daquilo que o legislador previu para caso similar.- Letra D) É a interpretação autêntica ou legislativa;Letra E) é a resposta correta, pois a interpretação teleológica busca a vontade ou intenção objetiva da lei, valendo-se dos elementos ratio legis, sistemáticos, históricos, Direito Comparado ou Extrapenal e Ciências Extrajurídicas

Page 10: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

5. ( ) FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de Polícia. Pode-se afirmar que a interpretação progressiva é a realizada adaptando a lei às necessidades e concepções do presente, seguindo o progresso da humanidade.5

- Interpretação progressiva que é interpretada de acordo com o progresso da ciência/medicina e da informática;6. ( ) CESPE - 2013 - DPE-RR - Defensor Público.

Em relação às fontes da lei penal e à sua interpretação, é correto afirmar que a interpretação sistemática possui idêntica finalidade da interpretação evolutiva, uma vez que ambas possuem o escopo da correta aplicação da lei ao caso concreto, considerando apenas o sistema formado pelo conjunto de leis.6

- De acordo com Rogério Sanches: "O modo de interpretação sistemático conduz à interpretação da lei em conjunto com a legislação que integra o sistema do qual faz parte, bem como os princípios gerais do direito. - A interpretação progressiva ou evolutiva representa a busca do significado legal de acordo com o progresso da ciência.7. ( ) CESPE - 2013 - DPE-RR - Defensor Público.

Em relação às fontes da lei penal e à sua interpretação, é correto afirmar que na interpretação teleológica, que busca a vontade da

Page 11: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

lei (voluntas legis) e não a vontade do legislador (voluntas legislatoris), incumbe ao jurista o dever de perseguir sempre o escopo da lei e o resultado prático que ela pressupõe realizar, observando o limite insuperável da legalidade penal.7

- Rogério Sanches: "A interpretação teleológica perquire a vontade ou intenção objetivada na lei."- De fato, na interpretação teleológica, que busca a vontade da lei (voluntas legis) e não a vontade do legislador (voluntas legislatoris), incumbe ao jurista o dever de perseguir sempre o escopo da lei e o resultado prático que ela pressupõe realizar, observando o limite insuperável da legalidade penal.8. ( ) CESPE - 2013 - TRF - 2ª REGIÃO - Juiz

Federal. Acerca da interpretação da lei penal é correto afirmar que a interpretação teleológica consiste em extrair o sentido e o alcance da norma de acordo com a posição da palavra na estrutura do texto legal.8

- A interpretação teleológica busca a vontade ou intenção objetiva da lei, valendo-se dos elementos ratio legis, sistemáticos, históricos, Direito Comparado ou Extrapenal e Ciências Extrajurídicas.- A questão se refere a interpretação gramatical, literal ou sintática que consiste na busca da vontade da lei,

Page 12: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

atendendo-se aos seus fins e à sua posição dentro do ordenamento jurídico.9. ( ) 2012 CESPE DPE-SE Defensor Público. Com

base na interpretação da lei penal e no conflito aparente de normas penais, é correto afirmar que o fenômeno denominado de interpretação evolutiva ocorre quando a disposição legal ganha novo sentido, aplicando-se a situações imprevistas ou imprevisíveis ao legislador.9

- O fenômeno denominado de interpretação evolutiva ocorre quando a disposição legal ganha novo sentido, aplicando-se a situações imprevistas ou imprevisíveis ao legislador.10. ( ) 2012 CESPE DPE-SE Defensor Público. Com

base na interpretação da lei penal e no conflito aparente de normas penais, é correto afirmar que a interpretação teleológica busca a vontade do legislador, a chamada voluntas legislatoris, e não a vontade da lei, denominada voluntas legis.10

- Na interpretação teleológica de uma norma, o hermeneuta deve perquirir a vontade lei (voluntas legis), que se desprende da vontade do legislador originário. Com efeito, a norma gozaria de um sentido próprio que é determinado por fatores objetivos (teoria objetiva), que, em certa medida, independeria do sentido que o legislador quis lhe atribuir (teoria subjetiva). A fim de

Page 13: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

se perscrutar a vontade da lei, analisa-se os aspectos estruturais da norma bem como as técnicas próprias para a sua compreensão, conformando o Direito o contexto social no qual é aplicado.11. ( ) 2012 CESPE DPE-SE Defensor Público. Com

base na interpretação da lei penal e no conflito aparente de normas penais, é correto afirmar que o método filológico, literal, ou gramatical, consiste na reconstrução do pensamento legislativo por meio das palavras da lei, em suas conexões linguísticas e estilísticas, e ignora, por completo, a ratio legis.

- Na interpretação gramatical não se ignora a ratio legis (razão da lei, o espírito da lei, finalidade da lei). Busca-se o sentido literal das palavras.

5.2. Quanto ao modo

5.2.1. Literal / Gramatical / Filológico- Leva em conta o sentido literal das palavras.

5.2.2. Teleológica- Leva em conta a intenção objetivada na LEI.- A interpretação teleológica busca a vontade ou intenção objetiva da lei, valendo-se dos elementos ratio

Page 14: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

legis, sistemáticos, históricos, Direito Comparado ou Extrapenal e Ciências Extrajurídicas- Interpretação Teleológica é aquela realizada com a finalidade de desvendar a genuína vontade manifestada na LEI.

5.2.3. Histórica- Procura-se a origem da lei.

5.2.4. Sistemática- A lei será interpretada em conjunto com toda a legislação em vigor.

5.2.5. Progressiva ou Evolutiva- Interpreta-se considerando o progresso da ciência, tecnologia e da medicina. Ex: Antigo art. 213, CP – a expressão “mulher” abrangia o transexual como sujeito passivo do crime de estupro? Para Rogério Greco, após a cirurgia definitiva de ablação do órgão e posterior alteração dos registros civis, seria possível ser vítima de estupro.Obs: Hoje em dia essa discussão não tem mais sentido, haja vista que se alterou os dispositivos sobre os crimes sexuais – art. 213 engloba estupro e atentado violento ao pudor sob o título de estupro. Assim, o sujeito passivo do estupro hoje é qualquer pessoa.

Page 15: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

5.3. Quanto ao resultado

5.3.1. Declarativa- A letra da lei corresponde exatamente à intenção do legislador.

5.3.2. Restritiva- Reduz-se o alcance da palavra da lei para chegar à intenção do legislador.

12. ( ) CESPE - 2013 - TRF - 2ª REGIÃO - Juiz Federal. Acerca da interpretação da lei penal é correto afirmar que a interpretação extensiva é admitida em direito penal para estender o sentido e o alcance da norma até que se atinja sua real acepção.11

- A interpretação extensiva é admitida em direito penal para estender o sentido e o alcance da norma até que se atinja sua real acepção.

5.3.3. Extensiva- Amplia-se o alcance da palavra da lei para se chegar a intenção do legislador.

Page 16: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

- No Brasil não há lei que vede a interpretação extensiva. Mas existe interpretação extensiva contra o réu? 2 correntes:1ª corrente: Não. O princípio do in dubio pro reu, próprio do campo das provas, é emprestado ao campo da interpretação. Ex: Art.157, §2º, I, CP: “emprego de arma” – gera controvérsias. Para essa corrente seria instrumento fabricado com finalidade bélica (sentido próprio), como por exemplo, um revólver.2ª corrente: Sim. De acordo com o exemplo acima, para essa vertente, arma seria todo e qualquer instrumento com ou sem finalidade bélica capaz de servir ao ataque (sentido impróprio), como por exemplo, uma faca de cozinha. É a corrente que prevalece.Como exemplos de interpretação extensiva encontrados no Código Penal, pode-se citar os seguintes:- Exemplos de interpretação extensiva:a) art. 172 (duplicata simulada), que preceitua ser crime “emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado”. Ora, é natural supor que a emissão de duplicata quando o comerciante não efetuou venda alguma também é crime, pois seria logicamente inconsistente punir quem emite o documento em desacordo com a venda efetiva realizada, mas não quando faz o mesmo, sem nada ter

Page 17: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

comercializado. Assim, onde se lê, no tipo penal, “venda que não corresponda à mercadoria vendida”, leia-se ainda “venda inexistente”;b) no caso do art. 176 (outras fraudes), pune-se a conduta de quem “tomar refeição em restaurante (...) sem dispor de recursos para efetuar o pagamento”, ampliando-se o conteúdo do termo “restaurante” para abranger, também, boates, bares, pensões, entre outros estabelecimentos similares. Evita-se, com isso, que o sujeito faça uma refeição em uma pensão, sem dispor de recursos para pagar, sendo punido por estelionato, cuja pena é mais elevada;c) na hipótese do art. 235 (bigamia), até mesmo pela rubrica do crime, percebe-se ser delituosa a conduta de quem se casa duas vezes. Valendo-se da interpretação extensiva, por uma questão lógica, pune-se, ainda, aquele que se casa várias vezes (poligamia).- Nas hipóteses mencionadas nas letras a e c, a interpretação extensiva pode prejudicar o réu, enquanto na situação descrita na letra b pode beneficiá-lo. Mas isso é indiferente, pois a tarefa do intérprete é conferir aplicação lógica ao sistema normativo, evitando-se contradições e injustiças.

13. ( ) FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de Polícia. Pode-se afirmar que a interpretação

Page 18: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

analógica é aquela em que o legislador, ao descrever uma conduta (preceito primário), prescreve hipótese exemplificativa, permitindo ao intérprete a aplicação aos casos análogos.12

- É o caso de interpretação analógica em que existe norma para o caso, mas o legislador depois apresentar exemplos encerra de forma genérica, permitindo ao operador do direito encontrar outros casos não previstos pelo legislador, a situações semelhantes.14. ( ) FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de

Polícia. Pode-se afirmar que a analogia consiste em aplicar a uma hipótese não prevista em lei a disposição relativa a um caso semelhante.13

- Analogia ao contrário da interpretação analógica, parte do pressuposto de que tal fato não existe em norma legal, motivo pelo qual, socorre-se daquilo que o legislador previu para caso similar.15. ( ) CESPE - 2013 - TJ-DF - Analista Judiciário -

Oficial de Justiça Avaliador. Julgue os itens seguintes, referentes à interpretação da lei penal, às causas de exclusão da culpabilidade e às causas de extinção da punibilidade. Pela analogia, meio de interpretação extensiva, busca-se alcançar o sentido exato do texto de lei obscura ou incerta, admitindo-se, em matéria penal, apenas a analogia in bonam partem.14

Page 19: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

- Analogia não tem nada a ver com interpretação analógica - a não ser pelo fato de que ambas ampliam o conceito legal (são espécies do gênero interpretação extensiva)- O único erro da questão está em destaque - haja vista não ser possível de maneira alguma lei obscura ou incerta - pois viola o Princípio da legalidade estrita em matéria penal.- Analogia é sim uma extensão do conceito da norma - regula fato não previsto pelo legislador - somente é possível em benefício do réu (bonam partem).16. ( ) CESPE - 2013 - TRF - 2ª REGIÃO - Juiz

Federal. Acerca da interpretação da lei penal é correto afirmar que a interpretação analógica não é admitida em direito penal porque prejudica o réu.15

- A interpretação analógica é admitida no direito brasileiro. Pela interpretação analógica o significado que se busca é extraído do próprio dispositivo (existe norma a ser aplicada ao caso concreto). Leva-se em conta expressões genéricas e abertas utilizadas pelo legislador – exemplos seguidos de encerramento genérico.17. ( ) CESPE - 2013 - TRF - 2ª REGIÃO - Juiz

Federal. Acerca da interpretação da lei penal é correto afirmar que a analogia penal permite ao

Page 20: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

juiz atuar para suprir a lacuna da lei, desde que isso favoreça o réu.16

- De fato, a analogia penal permite ao juiz atuar para suprir a lacuna da lei, desde que isso favoreça o réu, a questão só ficou errada, pois o enunciado indaga sobre a interpretação da lei penal, entretanto, analogia não é forma de interpretação, mas sim de integração de lacunas.- Não é admitida analogia em normas incriminadoras, somente em normas não incriminadoras é admitida a analogia, desde que seja para beneficiar o agente.

5.4. Interpretação analógica x Analogia- Há interpretação analógica, Analogia e interpretação extensiva e são coisas diferentes:

5.4.1. Intepretação analógica- Pela interpretação analógica o significado que se busca é extraído do próprio dispositivo (existe norma a ser aplicada ao caso concreto). Leva-se em conta expressões genéricas e abertas utilizadas pelo legislador – exemplos seguidos de encerramento genérico.Exemplos: Homicídio qualificado – Art. 121, §2º, CP:§ 2º - Se o homicídio é cometido:

Page 21: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

I) mediante paga ou promessa de recompensa (exemplo) , ou por outro motivo torpe (encerramento genérico) ;III) com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura (exemplo) ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum (encerramento genérico);IV) à t raição, de emboscada, ou mediante dissimulação (exemplo) ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido (encerramento genérico) .

18. ( ) 2012 CESPE PC-AL Agente de Polícia. A respeito de princípios gerais do direito penal, julgue os itens a seguir. As leis penais devem ser interpretadas sem ampliações por analogia, salvo para beneficiar o réu.17

- No Direito Penal, em regra, é terminantemente proibida à aplicação da analogia que venha a prejudicar o réu (analogia in malam partem), pois fere o Princípio da Legalidade ou Reserva Legal, uma vez que um fato não definido em Lei como crime estaria sendo considerado como tal. Por exceção, admite-se a analogia que NÃO traga prejuízos ao réu (analogia in bonam partem).

Page 22: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

- Já a interpretação analógica e a interpretação extensiva, são perfeitamente admitidas no Direito Penal.19. 2012 CESPE TJ-CE Juiz. Em relação à analogia,

assinale a opção correta. a) A analogia só ocorre na hipótese de aplicação de lei,

sendo vedada a utilização de entendimento firmado em súmula de tribunal superior analogicamente a outra situação semelhante.

b) A analogia em direito penal, em regra, só pode ser utilizada em razão da ausência de norma regulamentadora, da presença de lacuna na lei ou da existência de lei desproporcional.

c) A analogia, forma de autointegração da lei, não constitui fonte mediata do direito, podendo ser utilizada em relação a normas permissivas e incriminadoras.

d) A jurisprudência do STJ admite, no âmbito do direito penal, a aplicação de analogia de normas de direito civil ou processual civil, ainda que resulte na condenação do réu.

e) O uso do instituto da analogia pressupõe, necessariamente, uma lacuna involuntária da norma em vigor.18

- O uso do instituto da analogia pressupõe, necessariamente, uma lacuna involuntária da norma em vigor.

Page 23: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

- Para aplicação da analogia no âmbito do direito penal são necessários dois requisitos, quais sejam:a) certeza que sua aplicação será favorável ao réu

(analogia in bonam partem) e,b) existência de uma lacuna efetiva a ser preenchida

(diga-se, omissão involuntária do legislador).20. ( ) FCC – 2008 – MPE-RS – SECRETÁRIO DE

DILIGÊNCIAS - Tendo em conta o Princípio da Reserva Legal, é correto afirmar que é vedado o uso da analogia para punir o autor de um fato não previsto em lei como crime, mesmo sendo semelhante a outro por ela definido.19

- No Direito Penal não se admite a analogia in malam partem, ou seja, a aplicação de uma norma penal incriminadora a um fato parecido com o descrito nela, mas que não possui previsão legal como crime. Veremos mais sobre isso na aula de aplicação da lei penal.

5.4.2. Analogia- Analogia se trata de regra de integração e não de interpretação, como as demais. - Em assim sendo, na analogia, ao contrário das anteriores, onde há lei, partimos do pressuposto que não existe lei para o caso concreto, motivo

Page 24: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

pelo qual se socorre daquilo que o legislador previu para outro similar.- A analogia, é um processo de autointegração, criando-se uma norma penal onde, originalmente, não existe.

Memorize!!!- O Direito Penal brasileiro admite a analogia, desde que:a) não incriminadora,b) não prejudique o réu.c) haja uma omissão involuntária do legislador.

Ex.: Aborto necessário praticado por médico como excludente de ilicitude - Por analogia aplica-se também à parteira.- A analogia:a) Não se trata de interpretação da lei penal; trata-se de

integração ou colmatação (preenchimento) do ordenamento jurídico

b) É a aplicação, ao caso não previsto em lei, de lei regulamentadora de caso semelhante

c) Somente pode ser utilizada em relação às leis não incriminadoras, em respeito ao princípio da reserva legal

- Até mesmo o emprego da analogia para favorecer o réu deve ser reservado para hipóteses excepcionais, uma vez que o princípio da legalidade é a regra, e não a exceção.

Page 25: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

Interpretação analógica AnalogiaHá lei Não há leiExemplos seguidos de encerramentos genéricos

Utiliza-se outra lei para integrar

É forma de interpretação da lei

É regra de integração da lei

É admitida contra o réu

Só para beneficiar (in bonam partem)

- Nem a interpretação analógica e nem a analogia são consideradas para se dar sentido em lei obscura ou incerta. A primeira estende o alcance da norma; já a segunda aplica-se norma similar a um caso em que não há previsão legal.

5.4.3. Diferença de Analogia, intepretação analógica e extensiva

Memorize!!!a) INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA:1) Há Lei Penal a ser aplicada.2) É regra de interpretação;3) Não cabe interpretação extensiva contra o réu.

Fundamento: Art. 22, § 2º, do Estatuto de Roma.

Page 26: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

b) INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA :( DIREITO PENAL LFG)

1) Há Lei Penal a ser aplicada. Exemplo(s) seguido de encerramento genérico. Ex.: Art. 121, § 2º, do CP ("mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe");

2) É regra de interpretação;3) É possível interpretação analógica

contra o réu. c) ANALOGIA (jia não pode ser usada

contra o réu):1) Não existe Lei Penal a ser aplicada no caso

concreto (LACUNA).2) É regra de INTEGRAÇÃO;3) Não cabe analogia contra o réu.

Resumo feito de outra maneira:a) Interpretação extensiva : amplia o alcança da

palavra para chegar a real vontade do legislador (ex. roubo majorado para o emprego de arma – arma deve ser interpretado extensivamente, tornando a expressão o seu sentido mais amplo possível – faca, canivete, pedaço de madeira, etc). essa é ADMITIDA no direito penal contra o réu.

Page 27: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

b) Interpretação analógica: o significado que se busca é retirado do próprio texto, existindo a norma a ser aplicada no caso concreto, levando em conta as expressões GENÉRICAS e abertas utilizadas pelo legislador. Aqui o legislador dá apenas exemplos encerrando com expressões genéricas, permitindo ao interprete encontrar outros casos (ex.: paga ou promessa de recompensa e outro motivo torpe. Ele deu um exemplo de motivo torpe e encerrou dizendo: ou por outros motivos torpe) (ex. veneno... ou outro meio insidioso ou cruel ou que possa resultar perigo comum) – sendo ADMITIDA no direito penal contra o réu. A intepretação analógica é método de interpretação.

c) Analogia: é o método de interpretação e consiste em métodos utilizados para SUPRIR AS LACUNAS, isto é, na analogia existe um buraco e a analogia aplica-se um dispositivos legal previsto para o caso concreto, semelhante, mas que não está regulado por lei (é a argamassa do direito penal). não existe uma lei a ser aplicada no caso concreto e é socorrido daquilo que o legislador tinha previsto para outro similar. (ex. acidente em elevador). A analogia é método de integração da lei.

Obs.: só admite a analogia no Direito penal, desde que:

Page 28: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

I) Quando favorável ao réu (In bonam partem). O princípio da legalidade impede a analogia incriminadora.

II) É imprescindível que há uma existência de uma efetiva lacuna legal a ser preenchida.

Obs.: A analogia pressupõe falha, omissão na lei, não tendo aplicação quando estiver claro no texto que a lei quer excluir certa situação.

21. ( ) CESPE - 2013 - DPE-RR - Defensor Público. Em relação às fontes da lei penal e à sua interpretação, é correto afirmar que a teoria subjetiva de interpretação da lei penal assevera que a natureza subjetiva da lei permite sua adaptação aos novos contextos histórico-culturais, de modo a possibilitar a aplicação da disposição legislativa a situações imprevistas ou imprevisíveis ao tempo da sua criação.20

- Interpretação objetiva: é caracterizada pela busca da vontade da lei; - Interpretação subjetiva: busca a vontade do agente.

22. ( ) CESPE - 2013 - DPE-RR - Defensor Público. Em relação às fontes da lei penal e à sua interpretação, é correto afirmar que a moderna doutrina penal considera a jurisprudência como

Page 29: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

fonte criadora do direito, similar à lei, em razão do fator de produção normativa decorrente da obrigatoriedade que possuem as decisões dos tribunais superiores e do caráter vinculante das súmulas.21

- Para a doutrina contemporânea, a função criadora da jurisprudência deve ser entendida restritivamente, não podendo ser um fator a se confundir com ou a substituir a produção normativa. Tal assertiva tem sua exceção na súmula vinculante que, como o nome sugere, vincula os órgãos jurisdicionais. Com efeito, deve-se ter bastante cautela em questões de concurso que tratam da produção normativa e do papel da jurisprudência.

Page 30: [Penal] 01.01. Conceito, Finalidades, Fontes e Interpret Do DP

1 Falso2 Verdadeiro3 Falso4 Letra E5 Verdadeiro6 Falso7 Verdadeiro8 Falso9 Verdadeiro10 Falso11 Verdadeiro12 Verdadeiro13 Verdadeiro14 Falso15 Falso16 Falso17 Verdadeiro18 Verdadeiro19 Verdadeiro20 Falso21 Falso