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PEN ECOSTES Jornal Oficial da Igreja Metodista | Maio de 2018 ano 132 | nº 5 | Distribuição Gratuita CORAÇÃO AQUECIDO Experiência de Wesley completa 280 anos! Página 6 ENTREVISTA Conheça os Conselheiros Nacionais de Juvenis. Página 14 SÉRIE ESPECIAL: Nesta edição o Expositor Cristão aborda o tema da Capelania Carcerária. Página 10 Página 8 O que significa e como celebrar? EXPOSITOR CRISTÃO, ELEITO O MELHOR JORNAL CRISTÃO DO BRASIL E PREMIADO NA FLIC 2017

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PEN ECOSTES

Jornal Oficial da Igreja Metodista | Maio de 2018 ano 132 | nº 5 | Distribuição Gratuita

CORAÇÃO AQUECIDO Experiência de Wesley completa 280 anos! Página 6

ENTREVISTA Conheça os Conselheiros Nacionais de Juvenis. Página 14

SÉRIE ESPECIAL: Nesta edição o Expositor Cristão aborda o tema da Capelania Carcerária. Página 10

Página 8O que significa e como celebrar?

EXPOSITOR CRISTÃO, ELEITO O MELHOR JORNAL CRISTÃO DO BRASIL E PREMIADO NA FLIC 2017

Maio de 2018 | www.expositorcristao.com.br

2 EDITORIAL

COMENTÁRIOSEdição de Abril de 2018

ENVIE SEU COMENTÁ[email protected]

[email protected]

Crise MigratóriaTenho 48 anos de idade e de Igreja Metodista. Foi dentro dela que aprendi os princípios de respeito, tolerância e amor. Sou do tempo que proclamávamos ser uma “comunidade missionária a serviço do povo”. Ler comentários tentando ofender os/as irmãos/ãs com termos como “esquerdopatas” são coisas que, sinceramente, eu não esperava. Isso é um pesar para aqueles/as que conhecem a luta dessa igreja.

Russely Pereira

Crise Migratória IIO povo venezuelano está condenado a morrer de fome pelo ditador socialista bolivariano Maduro. É obrigação da Igreja o socorro às vítimas. Trata-se de uma crise humanitária. E não venha algum esquerdopata fazer seletividade no meio do caos.

Rogerio Sacco

Marielle presente!Por que o nome da Marielle aparece na capa? Isso não é um jornal cristão? Por que mencionar alguém que não aceitava os princípios cristãos se é um jornal cristão?

Vanny Liv

RESP: Prezada Vanny, a denúncia contra a opressão e a injustiça não pode se limitar ao nosso próprio grupo ou corre o risco de ser a justiça dos fariseus, à qual Jesus nos manda exceder "em muito". Mesmo na pregação, Jesus certa vez advertiu aos discípulos para não discriminar certo grupo só por não andar com eles. A violência contra a vereadora assassinada e seu motorista, bem como a quaisquer pessoas que lutam por melhores condições de vida, é inaceitável, sendo as vítimas cristãs ou não.

Da redação

Pentecostes!Celebra-se o Pentecostes 50 dias após a Pás-

coa. Uma experiência narrada no Antigo e Novo Testamentos. Antes mesmo de Jesus,

os/as judeus/as já celebravam o Pentecostes, em-bora muitas igrejas enfatizem apenas o derramar do Espírito Santo narrado por Lucas no livro de Atos dos Apóstolos.

Quem escreve sobre o assunto é um especialista em Antigo Testamento que coloca em xeque três ques-tões importantes relacionadas à celebração no dia de Pen-tecostes. Será que as igrejas em nosso tempo, ao cele-brar a data, agradecem à terra pelos seus frutos? En-fatizam o aspecto comuni-tário? Destacam no culto um momento para ouvir as insinuações da Palavra de Deus que ilumina e dá sabe-doria aos/às que buscam orien-tação e força?

Há de se pensar que tipo de Pen-tecostes vamos celebrar no dia 20 de maio. O professor Dr. Tércio Siqueira, pastor aposentado da Igreja Metodista e ex-professor da Faculdade de Teologia, explica no texto a origem do Pentecostes e por que celebrar a data, além de mencionar as ações praticadas pela Igreja Pri-mitiva. Como devemos realizar a celebração em nosso tempo?

Aproveitamos a ocasião da data para compar-tilhar uma sugestão de liturgia para sua celebra-

ção. Outros materiais de apoio produzidos pelo Departamento Nacional de Escola Dominical es-tão disponíveis no site da Sede Nacional.

Nesta edição também mencionamos os 280 anos da experiência do Coração Aquecido. A re-flexão escrita pelo Grupo de Fraternidade Wes-

leyana relembra a frustração de Wesley viven-ciada na Geórgia, nos Estados Unidos,

e a fascinante experiência na Rua Aldersgate, em Londres.

Ter um coração aquecido é o que move metodistas à mis-

são. Aquecidos/as pelo evan-gelho, pelo Espírito Santo de Deus nesse tempo de Pente-costes, de Oferta Missioná-ria e compromisso com o próximo, como está fazendo a Igreja Metodista em Boa

Vista/RR com os/as venezue-lanos/as que mencionamos na

edição passada, muito embora, recebemos na redação e-mails di-

zendo para cuidar principalmente das famílias da fé. Sinceramente, creio

que Jesus cuidaria dos/as imigrantes também.Seguir com o/a diferente é sempre um desafio

para todos/as nós. Caminhar com aqueles/as que pensam igual a nós é sempre melhor e mais con-fortável, mas será que Jesus agiria dessa forma?

Deus o/a abençoe!

Pr. José Geraldo Magalhães Editor-chefe | Expositor Cristão

OPINIÃO | PENTECOSTES

“Pentecostes, como todos/as nós sabemos, foi a descida do Espírito Santo sobre os/as discípulos/

as de Jesus logo após a sua ressurreição. Para nós, é a celebração do início da expansão missionária da Igreja. Pentecostes é, além dessa celebração, a lembrança de que a

Igreja precisa estar sempre renovando o seu compromisso com a evangelização.”

Narciso Ferreira | Londrina/PR

"O Pentecostes narrado no livro de Atos marca a descida do Espírito Santo sobre os/as discípulos/

as de Jesus. Foi o início da ação evangelizadora promovida pelos/as discípulos/as sob o poder do Espírito Santo. Só poderemos alcançar o mundo pelo anúncio do evangelho se o Espírito do Pentecostes nos fortalecer,

conduzir e capacitar.”

Pr. Edison Araújo | São Bernardo do Campo/SP

"Celebrar o Pentecostes é a oportunidade que temos de trazer à memória o revestimento que recebemos para sermos Testemunhas de Jesus, em Jerusalém, na Judeia, na Samaria e

até nos confins da terra.”

Pr. Enéias D. de Almeida | Guarapuava/PR

“Toda vez que estamos abertos/as à ação do Espírito Santo, ele age e nos ajuda a

compreender e a ser compreendido/a, mas, acima de tudo, a reconhecer esta ação que nos ajuda na vida e em nossas dificuldades.”

Luiz Roberto Saparolli | São Paulo/SP

SIGA A GENTE!

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Jornal oficial da igreJa MetodistaFundado em 1º de janeiro de 1886 pelo missionário John James Ransom

Presidente do Colégio Episcopal: Bispo Luiz Vergílio Batista da Rosa

Bispa Assessora do jornal Expositor CristãoHideide Brito Torres

Conselho Editorial:Camila Abreu, Luis Mendes, Pr. Odilon Chaves, Nancy Vianna e Jorge Vidigal

ExpositorCristão

Editor e jornalista responsável:Pr. José Geraldo Magalhães (MTB 79517/SP)

Repórter: Sara de PaulaMarketing e Produção Audiovisual: Rodrigo de Britos e Carolina CardenaFoto de Capa: 1001Love/iStock.comArte: Fullcase Comunicação

Revisão: Adriana GiustiTiragem: 30 mil exemplares

Entre em contato conosco:(11) 2813-8600 | [email protected]. Piassanguaba, 3031 - Planalto PaulistaSão Paulo/SP - CEP 04060-004

(11) 98335-9034*A REDAÇÃO DO JORNAL EXPOSITOR CRISTÃO É RESPONSÁVEL POR TODAS AS MATÉRIAS NELE PUBLICADAS, COM EXCEÇÃO DE ARTIGOS E REFLEXÕES, QUE SÃO RESPONSABILIDADE DE SEUS/AS AUTORES/AS.

https://goo.gl/9Wp7yd

Ênfases missionárias da Igreja Metodista

Estimular o zelo evangelizador na vida de cada metodista, de cada igreja local;

Revitalizar o carisma dos ministérios clérigo e leigo nos vários aspectos da missão;

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Promover o discipulado na perspectiva da salvação, santificação e serviço;

Fortalecer a identidade, conexidade e unidade da igreja;

Promover maior comprometimento eresposta da igreja aoclamor do desafio urbano.

Implementar ações que envolvam a igreja no cuidado e preservação do meio ambiente;

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Nos caminhos da missãoservem com integridade

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PALAVRA EPISCOPAL

Bispa Marisa de Freitas FerreiraPresidente da Região Missionária do Nordeste

Nos caminhos da Luz, seguimos com integridade!

Que afirmativa maravilhosa essa. A fé nos permi-te já viver aquilo que ainda não vemos, mas que Deus já nos disse que é herança de todas e todos:

adoção em Cristo, conduta aos céus, libertação, perdão de pecados, santidade e “o Espírito Santo, que é a garantia da nossa herança” (Ef 1.13-14), e tudo por meio da Graça do Deus de amor (Ef 1.2-14). É uma graça sem limite esta de Deus. Quem quer recebe o Seu favor. Esta é a nossa fé e por ela vivemos. Graças a Deus por Jesus Cristo. Disto bem sabemos. A pergunta é: como viver segundo esta fé nos tempos de século XXI, com tantos desafios?

É sabido que a Idade Média foi um tempo de trevas para o desenvolvimento de praticamente todas as áreas da vida humana. A ética vigente era a da fé cristã. Esperava-se que fosse um ponto positivo, não? Entretanto, essa ética vinha acompanhada de uma negação enorme por parte daqueles/as que a estabele-ciam. Cabe aqui o famoso dito: faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço. Pois é. A situação agravava-se ainda mais quando as pessoas que ditavam a ética eram as mesmas que detinham o poder sócio-político-econômico. Por-tanto, exerciam todo tipo de reprimen-da a quem discordasse do governo esta-belecido.

Fato é que, em nome de Deus, matou--se uma imensidão de pessoas por dis-cordarem das ideias da governança. A justificativa? Exterminar aqueles/as que “tinham parte com o demônio”. Na ver-dade, era só haver modo de pensar dife-rente que se condenava, julgava e assas-sinava. Aquele/a que condenava era o/a mesmo que julgava. Adivinhe quem sempre tinha razão?

Foi nessa época que se estabeleceu a Santa Inquisição: julgar pensamentos e ideias apontados como profanos, sa-tânicos e “perigosos”. O cientista Galileu Galilei, para es-capar da morte por fogueira, teve que negar sua convicção de que a terra é quem girava em torno da lua. As ciências eram consideradas afronta a Deus, e não poucos/as per-deram a vida por causa disso. Julgava-se e condenava-se em nome de uma verdade absoluta da fé. Fé cristã não é para dominar, exterminar, punir, destruir, ameaçar, en-quadrar, perseguir quem quer que seja. A fé abre os nossos olhos para Deus e para toda a Sua Criação. Fé cristã traz vida, e não morte.

Nestes nossos dias de século XXI, observamos a deca-dência da ética e da moral. Temos o certo por errado e o errado por certo. A violência aumenta assustadoramente (no último fim de semana que antecedeu o dia em que es-crevo este texto, a filha de uma amiga sofreu séria violên-cia por parte do namorado - ambos de classe média alta). A pobreza cresce. Crianças padecem de abandono, fome e carência. A corrupção de poderes estabelecidos está à mostra. Igrejas experimentam divisões e competição.

Cristãos e cristãs usam as redes sociais com modos que não são os de Cristo. Cristãos/as brigam entre si por causa de time de futebol.

Eu poderia enumerar várias outras situações que nos deixam perplexos/as. Mas o que quero ressaltar é que te-mos optado por enfrentar essas situações de modo medie-val: julgamos e decidimos que o melhor é matar, humilhar, rechaçar, eliminar todas e todos que não pensam “como eu”. Tende-se a radicalismos de toda natureza. Em nome da fé no Deus trino, parte-se para agressão, exclusão, into-lerância, perseguição, inimizade, intriga. Será mesmo esta a parte que nos cabe “neste latifúndio”?

Não, não é! Jesus deu a sua vida por nós. Não bastan-do tanto amor, enviou o seu Espírito Santo para ser nosso consolador. É também neste nosso tempo que o PENTE-

COSTES nos guia à salvação. O Espírito Santo foi derramado sobre toda a terra. Ele torna possível a vida de Cristo em nós! Em verdade, JESUS CRISTO NÃO MUDOU! Ele é o mesmo ontem, hoje e o será amanhã. Seja em que tempo for, Je-sus permanece Salvador e Senhor. E o Es-pírito derramado é quem pode santificar a nossa vida, permitindo que não arrede-mos pé da legítima fé cristã. É este poder que nos permite enfrentar as mazelas deste mundo sem abrir mão de nenhum dos ensinamentos do Senhor Jesus. O mundo anda meio de cabeça para baixo? É possível. Entretanto, o nosso Deus é o mesmo em qualquer tempo. O plano dEle para nós não se alterou. Não temos poder para dar conta de todas as agruras que o dia a dia nos traz; mas o Senhor o tem. E

sobre nós derrama do seu Espírito. Há um número quase incontável de exemplos bíblicos

do agir de Deus por meio de nós, quando somos capaci-tados/as pelo Seu Espírito. Tomarei só este (depois você mesmo/a pode fazer a sua pesquisa e crescer no conheci-mento do que é andar com Deus). Um texto bíblico bem conhecido e divulgado é o de Gl 5.16–26. As escrituras deixam claríssimo quais são as ações de uma pessoa sob o poder do Espírito Santo: o fruto do Espírito (o fruto é um só, formado por gomos como os de uma laranja): amor, alegria, paz, paciência, bondade, benignidade, fé, man-sidão e domínio de si). Também explicita como é viver segundo nossa própria compreensão e força: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, feitiçaria, ódio, discór-dia, ciúme, ira, rivalidade, divisão, sectarismo, inveja, be-bedice, orgias e semelhantes.

Qual será a nossa escolha? Que trilha queremos para nossa vida? Quem pode nos guiar em nossos relaciona-mentos, trabalho, vida familiar, igreja, namoros, casa-mentos? Só o poder do Espírito nos permitirá repudiar toda e qualquer “Santa Inquisição”. E nos levará a dar a nossa vida para que o mundo veja a Luz.

“A fé é um modo de já possuir aquilo que se espera, é um meio de conhecer realidades que não se veem” (Hb 11.1)

“O Pentecostes nos guia à

salvação. O Espírito Santo foi derramado sobre toda a terra. Ele torna possível a vida de Cristo

em nós!”

Bispa Hideide Brito Torres

O Colégio Episcopal esteve reunido em São Paulo, em convocação extraordinária,

para um momento de pastoreio mútuo e para diálogo amplo sobre questões relativas à Vida e à Missão da Igreja. Há a compreensão de que este é um momento fundamental para um encontro profundo entre os/as líderes regionais, no sentido de promover avanços mais signifi-cativos quanto ao processo de dis-cipulado na Igreja Metodista, às questões de processos disciplinares e seus melhores caminhos, bem como aos desafios administrativos enfrentados na atualidade.

Os bispos e bispas avaliaram que a dinâmica do discipulado é hoje uma realidade em toda a Igreja Metodista e reconhecem os avan-ços obtidos, tais como: desperta-mento missionário tanto do corpo pastoral quanto da membresia da igreja; novas cidades e localidades alcançadas pela plantação de igre-jas; produção intensa em todas as regiões, tanto de conhecimento quanto de materiais estratégicos e de preparo de lideranças. Porém, ao lado de tais avanços, surge a necessidade de aprofundar a ca-pacitação, com melhor integração da alegria missionária a um for-talecimento da identidade, da co-nexidade, da doutrina metodista e do conhecimento bíblico mais maduro. Tendo em vista tais reali-dades, os bispos e bispas procura-ram elaborar um cronograma de ação para que sua atuação torne-se mais efetiva nos próximos meses para suprir intencionalmente tais lacunas, visando à consolidação e ao fortalecimento da Igreja em sua tarefa de cooperar com Deus para a salvação das pessoas.

Os bispos e bispas reconheceram ainda, na dinâmica do pastoreio, a necessidade de um diálogo mais profundo e produtivo com as de-mais instâncias decisórias na vida da igreja. Para tanto, estabeleceram os parâmetros necessários para os próximos passos e dialogaram em profundidade sobre as necessidades pastorais, doutrinárias e de teste-munho da Igreja na atualidade.

Bispos e Bispas reúnem-se em SP

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NACIONALNACIONAL

13 de Maio: Dia Nacional de Denúncia contra o RacismoO dia 13 de maio é consi-

derado o Dia Nacional da Denúncia Contra o

Racismo, celebração alternativa à data em que foi assinada a Lei Áurea, em 1888, que “aboliu” a escravidão no Brasil. Apesar de um lado da história falar que a generosidade de uma princesa pôs fim ao período escravocra-ta, segundo o portal palmares.gov.br, a população negra afir-ma que o fim desse regime foi dado pela luta dos/as negros/as escravizados/as e pela resistên-cia que já durava vários anos.

Um dos primeiros símbolos da luta pela liberdade e que é con-siderado o mais importante até hoje foi o Quilombo dos Palma-res, surgido já no fim do primeiro século da colonização e liderado, em seus últimos dias, por Zumbi dos Palmares e Dandara.

Podemos citar também as ou-tras leis já assinadas, como a Lei do Ventre Livre (1871) – uma lei que estabelecia que os/as fi-lhos/as de escravos/as ficassem

sob os cuidados do senhor de suas mães até 8 anos de idade. Então, os senhores poderiam libertá-los/as após receber uma indenização ou poderiam usar seus trabalhos até os 21 anos de idade, depois eles/as seriam “li-

vres”. E a Lei dos Sexagenários (1884) – nessa lei os/as escravos/as estariam livres quando com-pletassem 60 anos de idade. Po-rém, antes de serem totalmente “libertos/as”, deveriam traba-lhar cinco anos de graça como

pagamento de indenização aos senhores pelos gastos com a compra deles/as.

Por fim, a Lei Áurea tam-bém não garantiu o fim da es-cravidão, pois os/as negros/as que não eram mais escravos/as foram descartados/as, ficando sem emprego, sem terras, sem documentos e novamente obri-gados/as a trabalhar em locais que pagavam pouco, porque era tudo o que lhes era oferecido. Outra opção era permanecer na casa de “seus” senhores para te-rem o que comer, pois a própria lei não tinha quaisquer disposi-tivos que garantissem oportu-nidades justas para eles/as.

Hoje, 130 anos após a “aboli-ção”, há reflexos desse período. O/a negro/a saiu da senzala e foi jogado/a na favela, onde repro-duziram-se as mazelas sociais do desemprego, da falta de mo-radia, da péssima qualidade de saúde e educação, da discrimi-nação racial e da falta de opor-tunidades.

Ainda hoje defende-se o dis-curso que no Brasil não existe mais racismo. Há vários casos de desigualdade visíveis no nos-so dia a dia. A cada três jovens que são assassinados/as, dois/as são negros/as; o/a trabalhador/a negro/a tem o salário 47% me-nor do que um/a trabalhador/a branco/a com o mesmo grau de formação; 56% das mulheres ne-gras trabalham como domésti-cas; a taxa de analfabetismo das pessoas com 15 anos de idade ou mais era de 8,3% para brancos/as e 21% para negros/as. Esses são alguns dos vários dados que demonstram o que o preconcei-to insiste mascarar.

Por isso, a partir da década de 1980, os movimentos sociais negros deram um novo signi-ficado para o 13 de Maio, pois para os movimentos a abolição da escravidão não significou li-berdade, nem a Lei Áurea abo-liu a discriminação.

/// Informações: www.palmares.gov.br

Como as igrejas e empresas da sociedade de um modo geral podem colaborar com os desafios para que a mulher negra possa conquistar o seu espaço?

São dois pontos. Na igreja é urgente o reconhecimento dessa mulher. Ela pode contribuir para além da limpeza, ocupando luga-res de liderança. Essa demarcação a partir da escravização também marcou muito o lugar social de

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Pr. José Geraldo Magalhães

O Expositor Cristão con-versou com a pessoa de referência da Pastoral

de Combate ao Racismo, Julia-na Yade, sobre desigualdade, o espaço de mulheres negras na sociedade, acesso às universida-des e sobre o dia da Discrimi-nação Racial celebrado em 21 de março.

Em sua opinião, o que mudou em relação às desigualdades de gênero em nosso país?

Não existem mudanças signi-ficativas. Essas desigualdades se estruturam na sociedade bra-sileira a partir do processo de escravização de pessoas vindas do continente africano e perpas-sam pelo mundo do trabalho, das aprendizagens e por todas as relações de nosso país. Quando as pesquisas mostram que há desigualdade e ela é demarca-da pela perspectiva de gênero e raça, conseguimos perceber que as mulheres negras estão alguns passos atrás em relação à popu-lação não negra.

representação da mulher negra. Assim como possibilitando que a mulher vivencie a sua fé dentro da igreja como lugar dela, sem trava, sem medo, capaz de exercer o potencial de liderança no am-biente da igreja. Nós sabemos que há marcações muito fortes dentro da comunidade de fé. No merca-do de trabalho as ações afirmati-vas são muito importantes. Hoje já temos um quadro diferenciado de homens, mulheres e jovens negros/as nas universidades. Nas empresas é fundamental também que haja ações capazes de alcan-çar esse capital humano que é negro para trabalhar nas diversas empresas e ocupações.

Existem muitos desafios para serem superados?

Sim. Há desafios que precisam ser superados pelo entendimen-to da trajetória e história da po-pulação negra, possibilitando--lhe ser o que quiser a partir da concretização do aprendizado.

O acesso das mulheres negras por cotas nas universidades é um ponto a ser considerado?

Acredito que seja um pon-tapé inicial. Claro que não podemos parar por aí. É um reconhecimento da história dessa população. Entendo que é necessário medidas reparató-rias a essa estrutura que negli-genciou a educação e formação de uma parcela significativa da população.

Em sua perspectiva, por que há tantas desigualdades?

Entra a questão de gênero em que homens e mulheres foram considerados por muito tempo diferentes. Toda a capacidade de criticidade, intelectualidade só foi reconhecida nas mulheres há pouco tempo. Uma coisa de que gosto muito em nossa igreja é que há o reconhecimento do mi-nistério feminino. O fato de ter-mos pastoras e bispas ocupando vários lugares é um avanço. So-mos espelho para a sociedade que trata tão desigualmente essa categoria de gênero.

O dia contra a discriminação racial foi em 21 de março. Qual sua perspectiva sobre a data?

Essa data foi criada a partir de um massacre de estudantes na África do Sul. Participei de um seminário que discutia um pouco sobre democracia, arte e cultura, e houve algumas ilus-trações de museus na Améri-ca Latina que diziam “Nunca Mais”. Essa é uma data que pre-cisamos olhar e afirmar “Nunca mais queremos que jovens sejam massacrados/as”, no entanto, é uma realidade. Temos pesquisas de genocídios da mulher negra, juventude negra e da população negra em nosso país. Tivemos recentemente o caso da Mariel-le Franco, assassinada no Rio de Janeiro. Não somente a Ma-rielle, mas outras pessoas que passaram pela morte na mesma semana. É um processo muito tenso e delicado. Estamos viven-ciando um tempo de complexi-dade muito grande. As mortes mostram que as mulheres que alcançam posição de ter voz na sociedade são vistas como ame-aças que não podem permanecer vivas. É um abalo grande para a sociedade brasileira. Precisamos nos colocar em oração por essas famílias. E cada ser humano que morre vai nos desumanizando um pouco.

Desigualdade e o espaço de mulheres negras na sociedade

Juliana Yade é a pessoa de referência da Pastoral de Combate ao Racismo da Igreja Metodista.

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“Foi na escola do Lamerão, onde

professores, professoras,

alunos e alunas fizeram uma

apresentação da dança do Torém”

João Coimbra FilhoMarly Schiavini Castro Maria Betânia Dantas MedeirosRonaldo ArevaloPastoral Indigenista

NACIONAL

Pastoral Indigenista da Igreja Metodista

A 1ª Reunião da Pasto-ral Indigenista de 2018 aconteceu entre os dias 5

e 7 de abril, em Itarema/CE, na comunidade indígena Tremem-bé. Participaram desta reunião a pessoa de referência da Pas-toral Indigenista da Igreja Me-todista, Pastor João Coimbra Filho, pastor em Marabá/PA, na Região Missionária da Ama-zônia; Marly Schiavini Castro, missionária na comunidade indígena Tremembé de Almo-fala, em Itarema; Maria Betânia Dantas Medeiros, missionária em Boa Vista/RR, e Ronal-do Arevalo, da etnia Guarani Kaiowá, missio-nário na Missão Metodista Tape Porã, em Doura-dos/MS.

No dia 6 de abril, após devo-cional e medita-ção no evange-lho de Marcos 4.33-41, saímos para conhecer o trabalho das es-colas indígenas de Tremembé de Almofala. A primeira das es-colas visitadas foi a escola do Lamerão, onde professores, pro-fessoras, alunos e alunas fizeram uma apresentação da dança do Torém; depois, na escola Man-gue Alto, visitamos a Mãe Nenê, uma líder espiritual de grande importância na comunidade; ainda pela parte da manhã par-ticipamos de uma reunião com o cacique João Venâncio.

Depois do almoço continua-mos nossa jornada de visitas com o objetivo de conhecer a cultura, os desafios e vida comunitária dos/as índios/as Tremembé. Visitamos a escola

da Passagem Rasa, onde parti-cipamos de reunião com líderes da comunidade. Em seguida visitamos a escola Tapera e a escola José Cabral de Souza, da Varjota, ali ouvimos os profes-sores e professoras contarem suas lutas pela demarcação de suas terras, suas conquistas na área da educação e suas buscas de sua língua materna; também visitamos Maria Expedita, arte-sã indígena.

Enquanto aprendíamos com a cultura indígena Tremembé, em nossas reuniões da equipe, relatamos nossos trabalhos in-dividuais, ficando acertada a

elaboração de um relatório so-bre os trabalhos existentes, quais comunidades es-tão sendo assis-tidas e que tipos de trabalhos es-tão sendo feitos nessas comuni-dades.

Dos traba-lhos da Pastoral em 2017, o mais importante foi a descoberta de igrejas e meto-

distas envolvidos/as em tra-balhos indígenas, os/as quais estão sendo contatados para in-tegrar uma rede de informações da Pastoral. Além dos citados acima, temos: Gilson Clemente da Costa, em Topázio/MG, tra-balhando com a comunidade dos Maxacalis; Alcinara Jadão, em Marabá/PA, trabalhando com educação junto ao povo da aldeia Krâtikatêjê; Max e Jéssica, em Manaus/AM, que atuam como missionários res-ponsáveis no Barco Hospital Metodista, que atende a várias comunidades indígenas e ribei-

rinhas do Amazonas; Augusto e Márcia Cardias, em Boa Vista/RR, trabalhando com índios/as venezuelanos/as Warraos e Panaris; Cizi Manduca, mis-sionário da etnia Macuxi, na aldeia Marwai, em Roraima; Izailda Maia, da etnia Sateré Mauwé de Maués, em Manaus, líder da ONG ASIPTEAM (As-sociações Sociais Indígenas dos Povos Tradicionais do Estado do Amazonas); e Fábio Sena, em Cacoal, na comunidade de Riozinho/RO, trabalhando com os Cinta Larga.

O grupo definiu um projeto de metas da Pastoral para os próximos anos:

1. Ampliar a Rede de Apoio In-digenista, descobrindo agen-tes da missão indigenista;

2. Apoiar com ferramentas que auxiliem os\as missio-nários\as na expansão da missão metodista junto aos povos indígenas;

3. Preparar anualmente um Relatório dos trabalhos exis-tentes com a finalidade de organizar um Mapa da Mis-são Indigenista Metodista;

4. Propor uma atualização do documento Diretrizes Pas-torais para a Ação Missio-nária Indigenista (1999);

5. Escrever um livro de nar-rativas indígenas das lutas dos povos indígenas, suas tradições, costumes, diale-tos e sua resistência em face dos desafios da atualidade;

6. Manifestar-se sempre que necessário diante das ne-cessidades que surgirem;

7. Reunir-se anualmente em cada comunidade diferente para levantamento de in-formações, além do acom-panhamento dos trabalhos e projetos da Pastoral. Fi-cou acertado que a próxi-ma reunião será em Mato Grosso do Sul na missão Tape Porã.

Terminamos nossa reunião no dia 7 de abril na praia da aldeia Tremembé meditando no comissionamento de Jesus registrado em Mateus 28.18-20. Essa também é nossa missão!

Marabá, abril de 2018

Indigenistas reúnem-se em Itarema/CE.

METODISTAS PRESTIGIAM A FESTA DO DIA DO SEMINARISTA

Redação EC

No dia 21 de abril, a Faculdade de Teologia da Igreja Metodista celebrou, mais uma vez, a Fes-ta do Dia do Seminarista, no Campus da Universidade Me-todista de São Paulo, em São Bernardo do Campo. O evento reuniu metodistas que presti-giaram aqueles/as que serão os futuros pastores e pastoras da Igreja Metodista.

A programação envolve espor-tes, brincadeiras, culto, coral e também é uma boa ocasião para as igrejas montarem barracas e arrecadar alguma verba para os projetos locais. O Reitor da Fateo, professor Paulo Garcia, agradeceu a presença de todos/as aqueles/as que estão envolvi-dos/as nessa grande festa.

O evento, além de oferecer brincadeiras e a tradicional Olimpíadas de John Wesley, também é um espaço para co-munhão e relaxar com a famí-lia, como explica Ozeias Wesley Conrado, que saiu da Zona Leste para rever os/as irmãos/ãs. “A igreja do Colorado par-ticipa há vários anos, alguns com time de futebol, outros com barracas e uns que vieram somente para ter comunhão mesmo”, disse Conrado.

Para quem ajudou na organi-zação da festa, como é o caso do seminarista da 7ª Região Eclesiástica, Clebson Marques, o trabalho nem se compara com a realização e satisfação de ver as pessoas se divertirem. “Dá um pouco de trabalho, mas é compensador ver as pessoas juntas celebrando conosco essa grande festa”.

Eronice Reis Cordeiro está no segundo ano do curso de Teo-logia e é deficiente auditiva. Ela é da 4ª Região Eclesiástica e explicou – auxiliada pelo in-térprete de libras – como foi a adaptação nesses dois primei-ros anos. “Vocês já sabem que sou surda. Eu sou de Minas e sinto muita alegria em estar aqui nessa universidade que aceita pessoas surdas”, teste-munhou Eronice.

Durante a celebração, o Co-ral da Faculdade de Teologia, Canto da Terra, abrilhantou ainda mais a festa. Regido pelo maestro Jonas Paulo, os/as alunos/as do curso de Teo-logia se juntaram para louvar ao Senhor.

A equipe do Expositor Cristão esteve presente no evento e você confere a reportagem, em vídeo no site expositorcristao.com.br.

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“A grande família metodista possui hoje cerca de 80 milhões de membros e está presente em 140 países”

METODISMO

280Os irmãos John e Charles Wesley, pastores angli-canos, embora muito

bem intencionados, fracassa-ram em sua viagem missionária aos Estados Unidos, que durou apenas 18 meses. Frustrado e deprimido, John Wesley excla-mou: “fui à América evangeli-zar os/as índios/as, mas quem me converterá?”.

Durante uma grande tem-pestade na travessia do Oceano Atlântico, ficou profundamente impressionado com a confiança e tranquilidade demonstradas por um grupo morávio de cris-tãos pietistas que alegremente cantavam e louvavam ao nome de Jesus diante da perspectiva da morte. Tal atitude contrasta-va com os sentimentos de medo da morte e do juízo final. Tais experiências são o início de uma crise que o levaria a uma grande descoberta!

O problema é que eles não conheciam a graça de Deus. Quando Charles Wesley ficou doente a ponto de quase mor-rer, foi interrogado sobre aquilo em que depositava confiança para a vida eterna. Sua respos-ta foi: “Tenho empregado meus melhores esforços para servir a Deus”. Como o amigo que fizera a pergunta parecesse não ficar completamente satisfeito com a

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Experiência do coração aquecido de John Wesley completa

anos

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resposta, pensou Charles: “Pois quê? Não são meus esforços ra-zão suficiente para a esperança? Despojar-me-ia de meus esfor-ços? Nada mais tenho em que confiar” (Vida do Rev. Charles Wesley, de Whitehead, p. 102).

Embora vivessem uma vida de rigorosa renúncia em busca da santidade que lhes garantis-se o favor divino, por esta via, John e Charles jamais alcança-ram a paz e a alegria oriundas da certeza da salvação.

Foi somente no dia 24 de maio de 1738, numa pequena reunião, ouvindo a leitura de um antigo comentário escrito pelo reformador Martinho Lu-tero sobre a Carta aos Roma-nos, que John Wesley sentiu seu coração aquecer-se de modo sublime, por haver compreen-dido perfeitamente a essência do Evangelho de Cristo, re-nunciando toda confiança em suas próprias obras e passando a confiar inteiramente no Cor-deiro de Deus que tira o pecado do mundo.

Esta chama acesa no coração de Wesley não foi fogo de palha! Tal experiência produziu uma verdadeira revolução e mudou sua perspectiva do Evangelho e da missão da Igreja. Wesley tor-nou-se um pregador fervoroso e incansável da justificação pela fé na cruz de Cristo e do poder do Espírito Santo para transfor-mação e santificação de indiví-duos e comunidades inteiras.

Nos 50 anos que se segui-ram, ele pregou em média três sermões por dia; a maior parte deles ao ar livre. Milhares se converteram e passaram a tri-lhar o caminho da santidade. Um avivamento se deu de modo a afetar positivamente toda a sociedade, resultando na abo-lição dos/as escravos/as, refor-mas educacionais, reformas no sistema prisional, reformas nas questões trabalhistas, de modo que historiadores/as chegam a atribuir ao movimento meto-dista o mérito de a Inglaterra não ter padecido os horrores de uma revolução sangrenta como a que aconteceu na França.

O metodismo também foi um movimento missionário. Mis-sionários/as foram enviados/as para diversos países. Depois da experiência do Coração Aque-cido, o metodismo conquista o coração do povo americano. Em 1776 os/as metodistas represen-tavam 2,5% da população reli-giosa nos Estados Unidos. Em 1850 os/as metodistas já repre-sentavam 34,2%! Em outras pa-lavras, enquanto em 1776, 1 em cada 40 americanos/as era me-todista, em 1859, era 1 em cada 3! E nenhuma outra denomina-ção chegava ao menos perto do número de metodistas naquela ocasião. Em segundo lugar vi-nham os/as batistas, com 20,5% (The Churching of America, 1776-2005: Winners and Losers in Our Religious Economy, Re-vised and Expanded Edition; Autores: Roger Finke e Rodney Stark).

A grande família metodista possui hoje cerca de 80 milhões de membros e está presente em 140 países. Nos últimos dez anos, igrejas de linha de santi-dade tornaram-se cada vez mais conscientes do seu patrimônio único e de seu potencial para ministrar com relevância as ne-cessidades desta sociedade pós--moderna.

Com ênfase na graça de Deus, transformação, vida íntegra e autêntica diante de Deus e de outras pessoas, a mensagem de santidade é cada vez mais a traente para uma ampla gama de pessoas de todas as tradições religiosas. Sentem necessida-de de rearticular a mensagem de santidade de modo a fazer jus ao seu legado histórico, à medida que também buscam evitar as armadilhas de dois ex-tremos: legalismo, de um lado, e evangélicos/as genéricos/as sem transformação de vida, de outro. Portanto, estão unindo--se no propósito de reformar a nação, particularmente a Igreja, a fim de espalhar a santidade bíblica sobre toda a terra.

O que o mundo mais precisa hoje em dia é exatamente esta mensagem de santidade enfati-

zada por John Wesley. As igre-jas precisam de uma mensagem autêntica e clara que substitui-rá o “santo graal” de métodos como o foco de sua missão. Nossa mensagem é nossa mis-são!

Além do mais, temos sido inundados/as por líderes que se tornaram prisioneiros/as de uma mentalidade de sucesso numérico e influência progra-mática. Eles/as tornaram-se tão preocupados/as sobre “como” administrar a igreja que negli-genciaram o aspecto mais im-portante que tem a ver com “o que” a igreja declara. Nós inun-damos o “mercado” com esfor-ços metodológicos para fazer a igreja crescer. Neste processo, nossos/as líderes perderam a capacidade de liderar.

Eles/as não conseguem lide-rar porque não têm nenhuma mensagem autêntica para trans-mitir, nem uma visão autêntica de Deus, nem uma compreen-são transformadora da alterida-de de Deus (Deus: o totalmente Outro). Eles/as sabem disso e desejam encontrar o poder cen-tralizador de uma mensagem que faça a diferença. Mas que nunca desejam banhar-se em uma profunda compreensão do chamado de Deus pela santida-de – vida transformada. Estão cansados/as de confiarem em métodos. Querem uma missão. Querem uma mensagem!

As pessoas hoje buscam um futuro sem terem uma memória espiritual. Elas suplicam aos/às cristãos/ãs por uma palavra gene-rosa e integrante que faça sentido e faça a diferença. Temos a obri-gação de deixar claro que Deus é relevante para a vida das pessoas. Nós temos de nos livrar de nos-sa obsessão por uma linguagem verborrágica, de expectativas embaraçosas e de nossos padrões intransigentes. Qual é o âmago, o centro, a essência do chamado de Deus? Eis aí nossa mensagem, eis aí nossa missão!

“John Wesley foi o líder e desbravador do Movimento Metodista ocorrido na Inglaterra no século XVIII. Nasceu em Epworth, na Inglaterra, no dia 17 de junho de 1703”

Fraternidade Wesleyana de Santidadehttp://santidadeeunidade.org http://santidadeeunidade.blogspot.com

John Wesley foi o líder e desbra-vador do Movimento Metodista ocorrido na Inglaterra no século XVIII. Nasceu em Epworth, na Inglaterra, no dia 17 de junho de 1703, filho de um sacerdote an-glicano. Durante seis anos, ele es-tudou na escola de Charterhouse, em Londres, e em 1720 decidiu ir para Christ Church College, em Oxford, até que em 1726 foi eleito membro da Lincoln College. Or-denado diácono para o Ministério Anglicano, ele passou a acompa-nhar seu pai na direção da Igreja Anglicana e após a sua morte co-meçou a pregar o Evangelho em

uma colônia da Geórgia. Foi para os Estados Unidos em 1736 e per-maneceu lá até 1738. Em 1940, quando os seus seguidores foram excluídos da comunhão, Wesley passou a administrar a comunhão durante as suas reuniões. Ele pre-gava aos operários em praças e salões e tornou-se conhecidís-sima a sua frase: "o mundo é a minha paróquia”. Wesley andava por toda a parte em cima do seu cavalo, conquistando o apelido de "O Cavaleiro de Deus". Tanto que se estima que em 50 anos, ele tenha percorrido 400 mil quilô-metros e pregado 40 mil sermões.

SAIBA MAIS

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Da Festa das Semanas ao Pentecostes

As instituições bíblicas, sejam elas religiosas, instruções legais ou ce-

lebrações festivas, possuem uma origem, bem como uma razão de ser. Pesquisadores/as denominam esse fenômeno de etiologia, isto é, o estudo das causas. Particularmente, dedi-caremos alguns momentos para pesquisar uma das celebrações mais comentadas, mas pouco estudadas pela Igreja Cristã: o Pentecostes.

Origem da Festa de Pentecostes

Primeiramente o nome “Pen-tecostes” não é original nem pertence à língua hebraica, na qual o Antigo Testamento foi escrito. O nome “Pentecostes” surgiu durante a dominação da Grécia (333-63 a.C.). Parte dos/as judeus/as que falavam o idioma grego passou a chamar a festa de shavuot (Semanas) de Pentecostes, cujo significado é “quinquagésimo dia”.

Há uma razão para isso. No calendário de festa do povo bí-blico, a festa de shavuot ocorria exatamente 50 dias após a ce-lebração da Páscoa. Primitiva-mente, shavuot não era o único nome para a festa. Alguns gru-pos israelitas deram outros dois nomes para a festa de shavuot; popularmente ela também era conhecida como qasir (Colhei-ta) e yom habicurim (Dia dos Primeiros Frutos ou Primícias).

Esses quatro nomes atribuídos à Festa carregam uma razão de

ser. Aliás, no Antigo Testamen-to, o nome expressa a realidade do ser que carrega. Dessa forma, o nome shavuot tem sua razão de ser por estender-se por sete semanas após a Festa da Páscoa; o nome grego “Pentecostes” é porque a festa é celebrada 50 dias após a Páscoa; a denominação qasir (Colheita) é porque a festa acontecia anualmente durante a colheita de cevada e trigo; e, por fim, yom habicurim (Dia dos Primeiros Frutos ou Primícias), porque uma das partes da festa constituía-se da apresentação dos primeiros frutos e melhores frutos daquela colheita. Prova-velmente, o nome “Semanas” foi o mais popular entre os escrito-res bíblicos; porém, “Colheita” foi o mais antigo, pois basica-mente essa festa tinha como tema a sega de cereais.

Objeto da celebraçãoO povo bíblico soube valorizar

sua história, mas o motivo desse interesse não estava no senti-mentalismo ou na autovaloriza-ção de seus feitos ou de seus/as heróis e heroínas. Há nesse gesto um objetivo pedagógico: pri-meiro sinalizar às gerações que Deus é criador e está presente no mundo criado por Ele, através de seus atos salvíficos; segundo, ao povo cabe a tarefa de agradecer a Deus e planejar em comunida-de. Ao longo dos séculos o povo bíblico reunia-se para prestar culto a Deus com dois motivos em mente.

Primeiro, Israel celebrava a abundante colheita do trigo e cevada, entre outros cereais,

produzidos nos seus campos. A geografia do Antigo Oriente Médio pode explicar os motivos da alegria dos/as idealizadores/as dessa festa. É que boa parte da terra de Israel é cercada por ex-tensos desertos. Além disso, em algumas regiões, o solo é bastan-te pedregoso (conferir Is 5.1-7).

Qualquer desastre climáti-co pode provocar fome entre o povo. Portanto, a boa colheita significa explosão de alegria, e, entre o povo crente, motivo de gratidão a Deus pela doação da terra. Como a terra é um bem comum (cf Lv 25.23), a festa era aberta a todos/as os/as traba-lhadores/as, sejam judeus/as, escravos/as ou gentios/as.

Segundo, o povo bíblico en-controu mais motivos para agradecer a Deus durante a ce-lebração da Festa das Semanas. Ele entendeu que a gratidão a Deus pelos cereais colhidos na-quela safra poderia ser estendi-da aos mandamentos divinos, cuja presença constante, con-creta e silenciosa entre o povo trabalhador era a garantia de vida plena para a comunidade e para a natureza.

Em dado momento da histó-ria, provavelmente a partir do século V antes de Cristo, o es-tudo da Torá (os cinco primei-ros livros da Bíblia) tornou-se tarefa básica dos/as celebrantes (leia-se em Ne 8-9). Provavel-mente o Salmo 19 foi composto e cantado nesse ambiente. Suas palavras assim sugerem: “A Torá de Javé é perfeita, restau-ra a vida (…) dá sabedoria aos simples (…) alegra o coração (…) ilumina os olhos (…) per-

ConcluindoPrimeiro, torna-se necessá-

rio para o/a cristão/ã um estu-do mais aprofundado da Bíblia como um todo, para evitar des-vios de interpretação, já que a Igreja Cristã aceitou o Antigo Testamento como Palavra de Deus. Reinterpretar e ressigni-ficar textos que contêm afirma-ções ou práticas são caminhos normais tomados pelos profe-tas, legisladores, entre outros. Como exemplo, Jeremias rein-terpretou a Aliança estabeleci-da no Sinai (Ex 19.1; 20.21 e Jr 31.31-34). Da mesma forma, Je-sus não substituiu a Torá, mas reinterpretou-a (Mt 5.17).

Segundo, é possível perceber que a celebração de Pentecostes pela Igreja de hoje está um tan-to distante do ritual bíblico. As igrejas em suas celebrações têm lembrado de:

• Agradecer pela terra e seus frutos?

• Enfatizar o aspecto comunitário?

• Destacar um momento para ouvir os conselhos da Palavra de Deus que ilumina e dá sabedoria aos/às que buscam orientação e força?

Enfim, uma simples análise da prática das igrejas referente ao Pentecostes vai encontrar cos-tumes e doutrinas que, muitas vezes, ferem o texto bíblico; na prática, a posse do Espírito San-to é disputada por indivíduos, de maneira competitiva, pois esse dom é tomado como um instru-mento particular para engordar a vaidade e a volúpia do lucro. Portanto, é hora de buscar o pri-meiro amor, isto é, as marcas do Pentecostes Bíblico.

Dr. Tércio Machado SiqueiraPastor metodista aposentado e ex-professor da Fateo.

manece para sempre (…) todos igualmente justos” (Sl 19.7-9). O Salmo 119 também é produto desse forte sentimento de gra-tidão pelas normas e estatutos concedidos por Deus.

A Festa da Igreja Primitiva

A Igreja Cristã, de modo ge-ral, fala do Pentecostes como tema distante da celebração do Antigo Testamento, embora a reportagem de Atos 2.1-13 não justifique tal procedimento. Diante disso, seria saudável e importante que as comunida-des cristãs analisassem a tradi-ção dessa festa dentro da Bíblia.

Quanto ao nome, a Igreja Cris-tã adotou o nome “Pentecostes”. Os/as judeus/as, desde meados do século III antes de Cristo, já tinham substituído o nome Se-manas/Colheita por Pentecostes.

O Relato de Atos dos Apósto-los 2.9-11 mostra que a festa aco-lhia pessoas de todas as raças, lu-gares e condições sociais, como prescrevia a Torá (Lv 23.22).

Tomando novamente a nar-rativa de Atos dos Apóstolos, evidencia-se o evento da ação do Espírito Santo sobre os/as cele-brantes (v2-4). Aparentemente, esse é o ponto de divergência com o ritual do Pentecostes no Antigo Testamento, entretanto, se pensar bem, não há divergên-cia no eixo estrutural. A leitura e o estudo da Torá eram vistos pelo salmista (19.7-10) como pre-sença do próprio Deus realizan-do milagres: “restaurando vida”, “dando sabedoria aos símplices”, “alegrando o coração”, “ilumi-nando os olhos” (…).

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ADORAÇÃO- Prelúdio

- Acolhida

- Leitura Bíblica: Joel 2.28-29.

- Cântico: HE 65.

Entrada dos elementos [nesse mo-mento as pessoas entrarão com elementos que comporão a mesa do altar. Veja orientações ao final do programa].

- Cântico: música que faça alusão ao Espírito Santo de Deus.

- Oração de Adoração

CONFISSÃOO Espírito nos convence com o seu perdão.

- Leitura Bíblica: Atos 2.36-38.

- Oração de confissão: proponha esse momento de forma co-munitária, a igreja se reúne em pequenos grupos, intercedendo uns/as pelos/as outros/as.

- Palavra de esperança: Atos 2.42.

- Abraço da Paz [cantar a músi-ca]: Há um doce Espírito aqui / E eu sei que é o Espírito de Deus / Já podemos todos perceber / A presença de Jesus, o Salvador…

Cifra: www.vagalume.com.br/heloisa-rosa/doce-pre-senca.html

LOUVORO Espírito nos chama ao louvor.

- Leitura Bíblica: Atos 2.44-47.

- Testemunhos para louvar ao Senhor! [ao final de cada tes-temunho cantar]: a tua graça é melhor que a vida/ a tua graça é melhor que a vida/ meus lábios te louvam/ e a ti bendirei/ em teu nome as minhas mãos eu levantarei.

Cifra: www.cifraclub.com.br/the-sconhecidos/a-tua-graca

- Ofertório

- Cânticos de Louvor (que façam alusão ao tema do culto. Por fa-vor, inclua uma ou mais músicas para as crianças). O Espírito nos ensina a sua vontade.

- Cântico: HE 140.

EDIFICAÇÃO- Leitura Bíblica e reflexão pas-toral

O Espírito nos envia a anunciar sua mensagem de amor.

- Leitura Bíblica: Isaías 61

- Oração de compromisso e unção para o envio.

Orientação para a entrada dos elementos que comporão o altar.

- Durante a entrada dos ele-mentos: música instrumental: HE 65.

- Entrada do elemento vento: Uma dupla juvenil trará a toa-lha vermelha [cor desse período litúrgico]; a dupla pode vir dan-çando. A toalha deve movimen-tar-se fazendo alusão ao vento. Enquanto entram, narrar:

Leitura de Atos 2.1-2

O vento atua sem ser visto, está presente e não conseguimos se-gurá-lo. Ele sopra onde quer. É a Ruah de Deus, liberdade que não se vê, não se vende, não se venda, vendo a mim mesmo, quando lon-ge de ti eu estou, oh! Senhor!

- Entrada do elemento fogo: dois adultos, um homem e uma mulher trazem uma vela, uma lamparina, algo que represente o fogo, será interessante acendê--lo quando estiver na mesa.

Leitura Atos 2.3

O Espírito é labareda de fogo que aquece o coração daquele e da-

quela que integra a comunidade de fé. É para todos/as, mas tam-bém é pessoal e respeita a indivi-dualidade de cada pessoa. Mesmo a mais insensível das personalida-des é transformada pela presença do calor que estranhamente aque-ce o nosso coração.

- Entrada do elemento água: alguém do ministério pastoral traz uma vasilha transparente com água.

Leitura Atos 2.4

No princípio o Espírito sobrevoava e pairava sobre a água. A água que nos lava, nos limpa, nos purifica e nos liberta, água do renascimento, do nosso batismo, água viva gera-dora de vida. Esperança em estado líquido, sólido e latente. Jesus é a água da vida!

Em ti encontramos vida abundante e completa.

- Entrada do elemento óleo: um/a jovem entra com o óleo.

Leitura Atos 2.7-8

O óleo é razão da força, do vigor, da cura e da eleição vinda do alto. O próprio Cristo é o ungido que nos envia para a proclamação da vida guiada pelo espírito divino, unção que não termina em nós, mas transborda e se faz completa quando inunda o outro.

- Entrada do elemento Bíblia: uma criança e uma pessoa idosa entram com a Bíblia.

Leitura Atos 2.14

No derramar do espírito encontra-mos o discernimento e a Graça da palavra! O amor encarnado verbo que nos aquece, inspira, guia, dire-ciona e nos conduz. Lâmpada para os meus pés e luz para os meus caminhos, dissipando as trevas, teu entendimento nos completa e nos unge com amor.

Sugestão litúrgica para celebrar o PentecostesA Sede Nacional da Igreja Metodista, por meio do Departamento Nacional da Escola Do-minical, oferece vários materiais de apoio para ocasiões especiais. Publicamos abaixo uma sugestão que foi disponibilizada em 2014, para você celebrar a data. Outras sugestões tam-bém estão disponíveis no site metodista.org.br/departamentos.

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10 CAPELANIA

Capelania carcerária e a contribuição de John Wesley“Os presos precisam mais do que ninguém ser visitados, porque eles são muitas vezes sozinhos e esquecidos pelo resto do mundo” (John Wesley)1

A expressão Capelania Carcerária é sinônima de Pastoral Carcerária,

sendo esta última de uso relati-vamente recente, cujo emprego mais frequente ocorre predo-minantemente no âmbito da Igreja Católica, pelo menos no Brasil. Na Inglaterra do século XVIII já existia uma Capela-nia Carcerária, uma vez que os estabelecimentos de reclusão penal contavam com os servi-ços religiosos oferecidos por intermédio da figura do cape-lão, um clérigo anglicano que cuidava dos serviços pastorais relacionados aos/às presos/as, serviços geralmente sediados nas capelas institucionais. 1

A palavra Capelania refere--se ao cargo exercido pelo/a capelão/ã e recebe sua adjetiva-ção de acordo com o público--alvo do seu ministério. Daí Ca-pelania Carcerária ter origem no trabalho que o/a capelão/ã realiza junto aos/às encarce-rados/as ou presos/as. O autor prefere usar a expressão Ca-pelania Carcerária por ser de largo emprego internacional, inclusive na América Latina, além de identificar um campo semântico que abrange as figu-ras do/a capelão/ã, da capela e do/a encarcerado/a.

John Wesley chegou a exer-cer o cargo de capelão quando esteve na Geórgia (1735-1738), por nomeação do General Ogle-thorp. Antes, porém, de viajar para lá, desenvolveu esse minis-tério de forma voluntária junto a diversas prisões da Inglaterra, o que significa ter ele exercido o ministério da Capelania Car-cerária. Um colega seu, Willian Morgan, pioneiro do Clube Santo, já desenvolvia atividades religiosas junto aos/às presos/as antes de John Wesley ser envol-vido nesse serviço. E foi Willian Morgan quem conseguiu – não sem muitos esforços – introdu-zir John Wesley nesse tipo de missão, fato que aconteceu em 1730, ano em que ele inicia suas visitas às prisões2.

O local escolhido foi a Prisão do Castelo, e a data, o dia 24 de agosto daquele ano, marco ini-cial do envolvimento de John Wesley com essa obra, denomi-

1 GONZALEZ, Justo (Editor Geral). Obras de Wesley. Tomo IX, p. 389

2 BARBOSA, José Carlos. O Cavaleiro do Senhor. p. 289

nada por Duncan A. Reily de “capelania não oficial”3.

Foi muito grande o envolvi-mento de Wesley com a Cape-lania Carcerária: “Durante 9 meses, a partir de setembro de 1738, ele (John Wesley) visitou ou pregou nas cadeias de Lon-dres, Bristol e Oxford não me-nos do que 69 vezes”4.

Os registros biográficos de Wesley que incluem seu trabalho nas prisões oferecem indicativos que demonstram ter ele exercido a Capelania Carcerária até o final de sua vida, de maneira muito frequente e intensa, conforme verificamos no presente ensaio. A ocorrência de crimes na Ingla-terra do século XVIII era gene-ralizada, a legislação punia os/as criminosos/as de maneira muito severa e desumana, inclusive com a pena de morte. Os/as magistra-dos/as e o sistema penitenciário deixavam muito a desejar; en-quanto isso, a população carcerá-ria superlotava as prisões.

Wesley envolveu-se com a evangelização e apascentamen-to dos/as presos/as a partir de sua primeira visita à Prisão do Castelo, em Oxford. A expe-riência pastoral que teve com o trabalho realizado junto a um réu condenado à morte marcou

3 REILY, Duncan A. Metodismo brasileiro e wes-leyano: ref lexões históricas sobre a autonomia. p.162

4 Idem

para sempre seu coração de pas-tor e evangelista.

A dedicação pessoal de John Wesley à causa dos/as presos/as, além de harmonizar-se com seu discurso, é um exemplo pos-suidor daquela força carismática que penetra até os porões sub--humanos e imundos do nosso mundo; ali tal força se transfor-ma em luz que ilumina as cons-ciências, aquece os corações e faz ressurgir a esperança, a paz, o amor, a fé, a alegria, a vida, en-fim! Por isso mesmo, o recado fi-nal deve ser dele, como se à nos-sa frente caminhasse na direção da população carcerária ansiosa por receber a graça de Deus:

“Segunda-feira, 15 de outubro de 1759. Andei a pé até Know-le, boa milha distante de Bristol, para visitar os prisioneiros fran-ceses. Mais de mil e cem, segundo fomos avisados, estavam reunidos num pequeno espaço, sem cousa alguma em que deitar, senão col-chões de palha, e sem cobertores; para se cobrirem só tinham alguns trapos, quer de dia quer de noite, portanto, morreram como se fos-sem ovelhas atacadas de morri-nha. Fiquei horrorizado; à tarde preguei sobre Êxodo 23:9: 'Não oprimirás o peregrino; pois vós conheceis o coração do peregrino, visto que fostes peregrinos na terra do Egito'. Levantou-se uma coleta que rendeu dezoito libras, e no dia seguinte chegou a vinte e quatro.

EVANGELIZAÇÃO NO CÁRCERE A prisão não se dá de forma igualitária, na verdade o apri-sionamento acontece de forma seletiva. De acordo com as es-tatísticas penais, o/a preso/a é: jovem, com nível escolar fun-damental incompleto, negro/a e predominantemente preso/a pelo crime de tráfico de drogas (uma em cada quatro pessoas foi presa por tráfico de drogas no Brasil).

Se levarmos em consideração os critérios citados (etário, étnico e grau de instrução), em compa-ração ao restante da sociedade, veremos que há maior represen-tação desses grupos no sistema carcerário.

Uma análise objetiva do sistema carcerário (com base em dados estatísticos) nos faz concluir que o fenômeno do encarcera-mento não se explica apenas (ou tem causa) a questões de ordem moral (pecado, escolhas erradas, tendência de algumas pessoas a serem bandidos, etc.), para assim nos eximirmos de culpa ao dizer: “bandido bom é bandido morto”.

Ministrar/participar da eucaris-tia com presos/as, após refletir sobre tudo até aqui dito, me dá consciência da radical idade deste ato (às vezes tão chocho) que fazemos uma vez por mês em nossas igrejas locais.

A Ceia do Senhor tem um sen-tido escatológico. Jesus comia com párias incluindo todos/as em sua mesa (publicanos/as, meretrizes, samaritanos/as, leprosos/as). Ao fazer isso, afir-ma (como o profeta Isaías) que todos/as estaremos juntos/as na mesma mesa sem separação de raça, classe e gênero.

O Reino de Deus se tornará ple-no um dia, mas eu posso vivê--lo, anunciá-lo e sinalizá-lo hoje como Sua Igreja.

Evangelizar no presídio para mim é sinalizar amor e miseri-córdia. É ser boa-nova. Ao con-cluir, é fundamental citar que a Federação de Mulheres na Re-gião é uma importante parceria nesta obra missionária, fazendo constantes doações de material de higiene pessoal para as mu-lheres encarceradas.

“O povo que andava nas tre-vas viu uma grande luz; sobre os que habitavam na terra da sombra da morte resplandeceu a luz” (Isaías 9.2)

Com esta quantia compramos roupa de cama, cobertores, e pano, que foi convertido em cami-sas e calças; compraram-se tam-bém algumas dúzias de meias, e tudo isto foi distribuído entre aqueles mais necessitados. Logo depois a Congregação de Bristol mandou grande número de col-chões e cobertores; e não demorou para chegar de Londres outras contribuições; e ainda mais; vie-ram contribuições de várias par-tes do reino. Portanto, creio que daqui em diante os soldados serão mais bem servidos”.5

Por fim, bem à moda do Cape-lão Carcerário Wesley, ouve-se o apelo-convite: Que faremos nós para sensibilizarmos cristãos/ãs de outras denominações por-ventura ainda indiferentes com a dimensão social do Evangelho de Cristo? Ah! Se a maioria dos/as cristãos/ãs evangélicos/as do Bra-sil de hoje abraçasse a causa dos/as presos/as e de alguma maneira se engajasse nessa missão, certa-mente estaria dando um sentido horizontal à sua fé e canalizando a graça de Deus na direção de mi-lhares de vidas, escravas e conde-nadas por diversas vezes e formas, porém, alvos da expressão frater-na e solidária do amor Deus.

/// Pr. Aluísio Laurindo da SilvaPresidente da ACMEB

5 BUYERS, Paul E. Trechos do Diário de Wesley, p.108/9.

Pr. Edvandro Machado CavalcanteSecretário Executivo de Ação Social 1ª Região

“Porque estava preso e fostes ver-me: Jesus” (Mateus 25.36).

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11METODISMO

A criatividade a serviço da missãoCom o crescimento dos centros urbanos, faz-se necessário buscar estratégias que auxiliem na proclamação do evangelho. Cada dia mais crescem os desafios para a Igreja alcançar centros urbanos para proclamar o amor de Jesus Cristo. O Espírito Santo em sua divina manifestação criativa tem levantado jovens para cumprir com o “ide” de Jesus. Pelas ruas do bairro, de porta em porta, contando histórias nas calçadas ou em apresentação de teatros, a salvação em Cristo tem sido anunciada

Samyra Lawall Silva Viei-ra, 31, bacharel em Admi-nistração e tecnóloga em

Produção Cênica, é membro da Igreja Metodista em Monte Castelo, Juiz de fora/MG. Ela conta como surgiu a sua voca-ção missionária. “Foi em 2012. Eu estava na igreja, assistindo a uma peça do Grupo Jeova Nissi chamada “Tortura”. Essa peça tratava do tema da igreja perse-guida e mostrava a situação dos/as missionários/as em países onde o Cristianismo é proibido. Meu coração foi ativado naque-la noite. Dentro de mim cresceu um amor pelas vidas que estão perecendo sem conhecer Cris-to e o desejo muito grande do compartilhar de Deus”.

A partir de então Samyra co-meçou a se envolver mais e mais com o Reino e sua missão. Em sua busca, Deus direcionou pes-soas em sua comunidade de fé para orientá-la. “Desde aquela noite, minhas orações passaram a ser direcionadas por esse sen-timento que crescia em mim e que eu ainda não entendia mui-to bem. Comecei a estudar mais sobre missões, e algumas pesso-as na igreja me ajudaram muito com materiais e ensino”, afirma.

A missão de Deus é realizada a partir da comunidade de fé, e não é preciso ir longe para desenvol-ver um projeto missionário. As-sim nasceu o “Projeto Gotas”. “O Gotas iniciou em março de 2017. Nós ainda não temos uma casa, então o projeto tem sido feito de forma itinerante, de quinze em quinze dias, no bairro Parque das Águas, em Juiz de Fora. Va-mos de casa em casa com o pro-jeto “Posso te contar uma histó-ria”. Sentamos na calçada com as crianças, contamos histórias e também brincamos de algum jogo. A ideia é passar um tempo de qualidade com elas, dividin-do um pouco do amor de Cristo e colocá-las em contato com his-tórias infantis que possam resga-tar o jeito ‘criança’ de imaginar e de sonhar. No final entregamos um livro, de acordo com a idade da criança, como um presente e um incentivo à leitura. Também periodicamente fazemos uma tarde de jogos com as crianças, chamada ‘Kids Games’, na qual brincamos e compartilhamos

alguns valores cristãos. Para os/as adultos/as, temos feito visitas, oferecendo oração e uma boa conversa sobre Jesus”, conta.

Antes do “Projeto Gotas” tor-nar-se realidade houve um pro-

O Pastor Jorge Luis, primeiro à direita, com irmãos e irmãs da Igreja metodista em Monte Castelo.

cesso com o envolvimento da Samyra Vieira com a JOCUM (Jovens Com Uma Missão). Em 2016 participou então da “Es-cola para crianças em risco”, da JOCUM, no Rio de Janeiro. “Assim que voltei para Juiz de Fora, compartilhei esse sonho

com o pastor Jorge Luis e com a Igreja Metodista em Monte Castelo, que logo abraçou o pro-jeto. O nome ‘Gotas’ foi inspira-do em Apocalipse 22.1-2: ‘Então o anjo me mostrou o rio da água da vida que, claro como cristal, fluía do trono de Deus e do Cor-deiro, no meio da rua principal da cidade. De cada lado do rio estava a árvore da vida, que dá doze colheitas, dando fruto todos os meses. As folhas da árvore servem para a cura das nações’. Como GOTAS desse rio que flui do Trono de Deus, buscamos gerar vida por onde passamos, resgatando valores da infância e da adolescência, plantando esperança nos cora-ções adultos e ajudando todos em sua caminhada com Cristo. Com isso, queremos fazer com que o maravilhoso amor de

Cristo seja conhecido e o Seu Reino estabelecido”, declara Sa-myra Vieira.

O Projeto é aberto a todos/as que quiserem se envolver. “Quem participa são pessoas de qualquer idade, membros da Igreja Metodista em Monte Castelo e também algumas pes-soas de outras denominações que sentiram no coração o dese-jo de ajudar”, conta. Para ajudar o ‘Projeto Gotas’ basta entrar em contato pelo e-mail [email protected], pelo Instagram @projetogotas ou pelo Facebook /Gostasjf. O Projeto aceita doações de livros infantis novos e usados, contri-buições financeiras e recursos humanos.

Pr. Billy FádelCorrespondente do EC na 4ª Região

O verdadeiro significado da Páscoa“Páscoa na Metô: Expressão de Fé” reuniu intervenções artísticas de alunos/as e funcionários/as na praça de alimentação da Universidade Metodista de São Paulo

Na semana que an-tecedeu a Páscoa, a Pastoral Escolar e

Universitária da Universida-de Metodista de São Paulo (UMESP), em parceria com o Núcleo de Arte e Cultura (NAC), Faculdade de Teolo-gia e Colégio Metodista, rea-lizou uma série de apresenta-ções artístico-evangelísticas em celebração à Páscoa. O evento “Páscoa na Metô: Ex-pressão de Fé” reuniu a co-munidade acadêmica na Praça de Alimentação do campus Rudge Ramos.

“A Páscoa na Metô foi idea lizada para que a men-sagem da Páscoa Cristã fosse transmitida para os alunos, alunas e demais pessoas que circulam no Campus, com-plementando a celebração cúltica de Páscoa, que é rea-lizada todos os anos”, explica a Equipe Pastoral.

Nesta primeira edição, o evento contou com a par-

ticipação dos/as alunos/as da Educação Infantil do Colégio Metodista, assim como com apresentações do Coral Canto da Terra, formado por estudan-tes da Escola de Teologia sob a regência do maestro Jonas Pau-lo. Os/as seminaristas também contribuíram com apresenta-ções de Flash Mob (mobilização rápida), voz e violão, e ajuda-ram na entrega de folhetos com mensagens de Páscoa ao públi-co presente no evento.

Como parte da programação, apresentou-se o Coral Distrital, formado por membros das Igre-jas Metodistas no ABC Paulista sob a regência do maestro Fabio Henrique Pereira, e ocorreram apresentações de voz e violão dos funcionários Demétrio Soa-res, Joyce Camargo e Letícia Fló-ria. O grupo Sintonia (formado por funcionários/as do Setor de Produtos Artesanais) e o grupo Aquarela (alunos/as do Progra-ma Aquarela - Terceira Idade na Universidade) fizeram uma

apresentação teatral no último dia de celebrações, sob a direção de Nina Mancin, do NAC.

“Por ser um espaço comum a alunos/as, funcionários/as e docentes, o Centro de Convi-vência possibilitou uma aproxi-mação informal, mas significa-tiva. Quem ‘passou’ por lá não somente teve a oportunidade de presenciar uma boa apre-sentação com música, dança e teatro, mas especialmente levou consigo a mensagem de amor, esperança e renovação procla-mada na Páscoa”, complementa a equipe da Pastoral.

A ação missionária em desta-que deu-se pela atuação da Equi-pe Pastoral do IMS, especial-mente pelas pessoas que atuam ministerialmente nos três campi da UMESP e nos Colégios Meto-distas em Bertioga e São Bernar-do do Campo. Atualmente este grupo é formado pelas pastoras Angela Ap. Balbastro Ribeiro e Fabiana Ferreira de Oliveira, pelos pastores Edemir Antu-

nes Filho, Hércules Andrade de Araújo e Wesley Cardoso Teixei-ra, além das professoras Elaine Cezar da Silva e Rosane Silva de Oliveira, a secretária Amanda de Lima Baptista e o estagiário Cle-bson da Silva Marques. 

Por fim, a Equipe Pastoral dei-xa a seguinte mensagem para a Igreja Metodista e demais leito-res/as do Expositor Cristão: “Nós ficamos felizes em anunciar o Evangelho, de múltiplas formas, nesta data tão importante para o cristianismo. O evento missio-nário ‘Expressão de Fé’ nasceu em nosso coração como fruto do amor de Deus. Nós somos gratos e gratas a todas as pessoas que sonharam conosco e deram for-ma à primeira edição deste pro-jeto. Assim, prosseguimos na fé e na esperança em nosso Senhor. Oramos para que Deus continue a nos usar como instrumentos para que mais vidas sejam trans-formadas pelo Evangelho! Que a expressão da nossa fé esteja presente em todos os lugares do Colégio e Universidade e os nos-sos testemunhos permitam que pessoas sedentas de esperança e vida encontrem verdadeiramen-te Jesus Cristo!”

/// Pastoral Escolar e Universitária da UMESP

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DIREITOS HUMANOS

A Igreja e a missão de proteger e cuidar das crianças e adolescentesUma característica im-

portante da nossa fé é crermos num Deus que

quer se dar a conhecer, que se revela através da criação e faz os seres humanos à sua imagem e semelhança.

É um Deus que se relaciona e quer a nossa participação no seu projeto e, mais do que isso, quer que sejamos um/a com todos/as e com Ele. A presença de Jesus Cristo entre nós revela de forma mais clara esse desejo de Deus “a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti” (João 17.21).

Parte desse projeto é defender-mos e assegurarmos as condi-ções para a vida! Com a presença de Jesus, muitos/as não conse-guiram perceber ou entender a maravilha de suas palavras e de suas ações, dos valores do reino e da necessidade de estabelecer-mos essa relação profunda com Deus, com a sua criação e com a promoção da vida.

Quando os/as discípulos/as não conseguem entender que todos/as nós somos iguais dian-te de Deus em dignidade e va-lor, Jesus chama a atenção para as crianças como sendo um mo-delo para nós (Mateus 15.1-5).

Quando os/as adultos/as estão usando o Templo como ponto de comércio, Jesus lembra o sal-mo 8 “(…) nunca lestes: Da boca de pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor?”, no sentido em que as crianças

perceberam o milagre da pre-sença do filho de Deus entre nós e O louvaram.

Cuidar das crianças é cuidar do nosso modelo! Só podemos intervir no que conhecemos, então para que a Igreja participe do projeto de fortalecer, cuidar e proteger as crianças e adolescen-tes, precisa se preparar, orar, re-fletir e planejar uma ação efetiva com pessoas que estão em fase de desenvolvimento, mas são pessoas inteiras, alvo do amor de Deus e que têm direito de ado-rar, cultuar e conhecer a Deus.

CLAVES - Uma metodologia para o trabalho com as crianças e adolescentes

Uma Organização cristã evan-gélica em Montevideo, Uruguai (Juventude Para Cristo), criou uma metodologia de preven-ção de violência e abuso sexual contra crianças e adolescentes e promoção de bons tratos. Essa

metodologia tem sido transfe-rida para 21 países e vem sendo usada no Brasil há 12 anos.

A metodologia está voltada para o desenvolvimento inte-gral de crianças, adolescentes, jovens e suas famílias e apoia o trabalho das comunidades de fé. São ferramentas lúdicas para que educadores e educadoras trabalhem com crianças, ado-lescentes e famílias, trilhando um caminho que envolve a par-ticipação como um elemento fundamental à educação.

Alguns conceitos-chaves que permeiam esta metodologia são: Cosmovisão e Antropologia Cristã, Missão Integral, Direi-tos das Crianças e Adolescentes, Protagonismo, Resiliência, Pre-venção, Justiça de Gênero e Ge-racional e Aprendizagem através de um Processo Lúdico.

Com foco na prevenção, o manual traz a proposta de uma série de oficinas com roteiros para crianças com idade de 4-7 anos, de 8-11 anos e adolescen-tes de 12 anos em diante com sugestões de jogos, músicas e atividades que visam ao forta-lecimento dos fatores de pro-teção da criança e adolescente. Temas como conhecimento e cuidado do corpo, educação da sexualidade (vinculada ao afeto, cuidado, comunicação, prazer, transcendência, repro-dução, liberdade e responsa-bilidade), vivenciar o corpo como meio de comunicação, segredos que não podem ser guardados e ensaio de saídas para situações difíceis são tra-tados nessas oficinas.

É uma proposta de trabalho com grupos de 10 a 15 partici-pantes e com uma frequência em geral de uma vez por sema-na durante três a quatro meses.

Atualmente, em português, existe na Editora Esperança, o material das metodologias: Brincando nos fortalecemos para enfrentar situações difíceis e Bons Tratos em Família.

O programa CLAVES BRA-SIL oferece cursos básicos de capacitação para implementa-ção dessas metodologias para educadores/as que trabalham de forma direta com as crian-ças, adolescentes, famílias e co-munidades.

/// Esta formação para educadores/as pode ser encontrada no site: www.clavesbrasil.com.br

Jane Menezes BlackburnDiaconisa da Igreja Metodista

Mensagem de Cristo à Polícia Militar de SP“E há diversidade de realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos” (1Coríntios 12.6)

Buscando contribuir não apenas com a vida huma-na individualmente, mas

também com a sociedade e ins-pirados pelo apóstolo Paulo, o no Cenáculo faz-se presente no cotidiano das pessoas. O após-tolo Paulo, com muita lucidez espiritual, consegue ilustrar a figura ou imagem de um corpo para ensinar a respeito da Igreja como um organismo vivo, dinâ-mico, criativo e corresponsável.

Foi com esse propósito que na manhã de quinta-feira, 19 de abril, o no Cenáculo, representa-do pelo seu Editor Nacional, Bis-po Adriel de Souza Maia, esteve presente na Escola Superior de Sargentos da Polícia Militar de São Paulo. Além da presença de mil policiais, também estavam o presidente dos PMs de Cristo,

Cel. Alexandre Marcondes Ter-ra, o diretor dos PMs de Cristo, Cel. Camilo de Lellis Maia, a coordenadora de Nú cleos, Pra. Dirce Shirota, o comandante da Escola de Sargentos, Cel. José do Carmo. Os/as presentes ou-viram uma palestra ministrada pelo americano Sarg. Timothu Payneo, aposentado após com-bate na guerra com o Talibã, em 2011. Em sua palestra, o sargen-to ressaltou o encontro que teve com Deus e a importância de uma vida devocional.

Já o comandante da Escola de Sargentos, Cel. José do Carmo Garcia, antes de passar a pala-vra ao Bispo Adriel, falou à tro-pa: “aqui formamos excelentes policiais, mas não adianta es-tarmos bem apenas fisicamente, nossa mente e espírito também precisam estar preenchidos com a Palavra de Deus”.

O Bispo Adriel levou uma bre-ve palavra de incentivo e amor de Cristo, além de presentear os/as policiais com um exem-plar da edição do no Cenáculo.

“O no Cenáculo é um ins-trumento de ânimo, paz e reconciliação diante da vi-vência dos PM’s no dia a dia, com seu trabalho, com a so-ciedade e a família. É uma ferramenta importante que leva a mensagem do Evange-lho às pessoas. O no Cenácu-lo sempre chega em boa hora, por meio da ação do Espírito Santo, com palavras de enco-rajamento. Nosso desejo é de ampliar nossa parceria com os PM’s e o no Cenáculo para atender às necessidades dos/as militares”, disse.

Na parceria entre no Ce-náculo e PM’s de Cristo, fo-ram doados pela Angular Editora 3,9 mil exemplares, que serão distribuídos em di-versos batalhões pela cidade de São Paulo, onde há atua-ção dos PM’s de Cristo, essa parceria está só no início. Para a Pastora Dirce Shirota, dos PM’s de Cristo, “essa par-ceria chegou em boa hora. Precisamos urgentemente fazer com que a Palavra de Deus também chegue aos/às nossos/as policiais”.

/// Camila Abreu RamosAssistente Editorial no Cenáculo

Editor do no Cenáculo, Bispo Adriel Maia, entrega edições aos/às PM's de Cristo.

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13CAPACITAÇÃO

Imersão no discipuladoO Imersão Regional no

Discipulado da 5ª Re-gião Eclesiástica, que

reuniu mais de 100 participan-tes dos dias 21 a 23 de março no Centro Regional de Even-tos, em São José do Rio Preto/SP, é resposta de oração para o corpo pastoral. O evento, que já está no seu terceiro ano de rea-lização é, além de um espaço de inspiração e de motivação, um momento de alinhamento de princípios. “Nós queremos um discipulado centralizado em Je-sus e em seu modelo, desejamos crescer em uma perspectiva cristocêntrica, que seja sólida, sem triunfalismo e com os prin-cípios voltados para a unidade, comunhão, frutificação e plan-tação de igrejas”, afirma o Bispo Presidente da Região, Adonias Pereira do Lago.

A Pastora Priscila Faria, de Campo Grande/MS, relata: “no Imersão, além de nós entender-mos a visão da igreja e experi-mentarmos o novo de Deus, temos um tempo de comunhão e de compartilhamento da vida da igreja, e também um tempo

Câmara Nacional de Expansão Missionária reúne-se em São Paulo

mulheres com o chamado mis-sionário possam, assim, cumprir seu propósito.

A Câmara Nacional de Ex-pansão Missionária tem o obje-tivo de trazer representantes de agências e organizações missio-nárias que atuam no Brasil e no mundo, para contextualizar os/as responsáveis de cada região com as mudanças e realidades no desafio de levar o evangelho a todas as pessoas.

Durante o encontro, a área nacional teve a oportunidade de apresentar os materiais e ob-jetivos da edição deste ano da Campanha Nacional de Oferta Missionária, já disponível em nosso site.

O grupo também discutiu in-formações atualizadas do mo-vimento evangélico no Brasil e conversou sobre o que tem acon-tecido nas diferentes regiões do país. A conversa serviu para atualizar o plano estratégico do avanço missionário, para enca-minhar aos órgãos responsáveis da igreja, além de abordar o ma-peamento das Igrejas Metodistas no país, projeto apresentado no 20º Concílio Geral.

acontece na 5ª Região Eclesiásticacia da oração, marcas de uma igreja contagiante, avivamento, como desenvolver a supervisão e como fazer a transição. O pas-tor José Ribeiro, de Valinhos/SP, ministrou na manhã de quinta-feira e relatou: “Partici-par do Imersão, para mim, está sendo bênção. Na noite anterior foi até difícil dormir, pois esta-va falando com Deus: o que é da Tua vontade para eu falar? Eu tenho muitos textos bíblicos para falar, mas o que o Senhor quer que eu fale? É isso que eu peço, que Ele me use para falar o que Ele quer na perspectiva do discipulado durante o Imersão”.

O Bispo Adonias acrescen-ta que “Essas imersões não são convocações episcopais. As pes-soas são motivadas a participar e elas vêm porque julgam ser in-teressante para as igrejas, vêm porque querem aprender mais e se sentem motivadas a isso”. Esta é a expectativa da 5ª Região Eclesiástica nesse tempo: avivar e reformar a Igreja.

/// Amanda CalabrezCorrespondente do EC na 5ª Região

de avivamento que Deus traz para nós através da unidade da liderança desse grupo”.

Para o Pastor Jonathas Brito, de Votuporanga/SP, “o Imer-são faz parte de um processo de crescimento muito importante, primeiro porque ouvimos a expe-riência de outros/as, absorvemos

o que está acontecendo na reali-dade da vida deles/as e podemos adaptar para a nossa realidade da maneira que Deus está nos orientando. Também é impor-tante porque temos um tempo de refrigério, de altar, em que não há a preocupação de estarmos pre-gando, recebendo. Então, como

pastor, é para mim um tempo de estar na presença do Pai sem a necessidade de servir a alguém, ou seja, é o meu monte”.

A programação contou com momentos de ministrações, testemunhos e oficinas. Dentre os temas estavam consolidação, discipulado infantil, importân-

Sara de Paula

Representantes da Câma-ra Nacional de Expansão Missionária da Igreja

Metodista estiveram reunidos/as entre os dias 3 e 5 de abril na Sede Nacional da organização, em São Paulo, incluindo o Bis-po João Carlos Lopes, assessor da câmara, e a pessoa de refe-rência do grupo na área nacio-nal, Pastor Paulo de Tarso.

A programação contou com a participação de André Dick-son, missionário que atua na Agência Vocare e no movimento Atletas em ação. O missionário destacou o trabalho histórico da Igreja Metodista com missões.

“Na sua essência, a Metodista tem essa vocação missionária, principalmente pela questão de John Wesley, então sei que está bem na origem da igreja”, afir-mou o missionário. Além disso, André destacou que, apesar de ter sido introduzido no traba-lho da Metodista nessa reunião, quer andar junto com os/as vo-cacionados/as da organização no Brasil, para que homens e

Câmara Nacional de Expansão Missionária reuniu-se no início de abril, em São Paulo.

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CRISE MIGRATÓRIAA edição de abril do jornal Expositor Cristão teve grande repercussão entre os/as metodistas e internautas. Aborda-mos o trabalho desenvolvido pela Igreja Metodista em Boa Vista/RR junto à população da Venezuela que chega ao Brasil pelo município de Pacaraima. Há quem concorde com a ação da Igreja e quem acredita que primeiro é necessário cuidar dos da família da fé!

PASTORALEm abril a Dra. Juliana Yade, pessoa de referência da Pastoral de Comba-te ao Racismo da Igreja Metodista, visitou nossa redação e conversou sobre a desigualdade de gênero e raça no país. Entenda como Igrejas, empresas e a sociedade de modo ge-ral podem colaborar para promover a mudança diante dessa realidade.

O QUE FOI DESTAQUE NO PORTAL EXPOSITOR CRISTÃO

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GIRO DE ExpositorCristão

AÇÃO SOCIALProjeto idealizado pela Igreja Me-todista, em Natal, está na terceira edição e é realizado uma vez ao ano. Este ano foram mais de 400 atendimentos gratuitos nas áreas da saúde e jurídica, no bairro La-goa Seca. A ação foi destaque em jornal local na emissora afiliada da Rede Globo. Foram mais de 30 voluntários/as envolvidos/as na programação.

SÍRIA, UMA GUERRA INACABÁVELSíria, Damasco, Mar Mediterrâneo, entre outras mencionadas na Bíblia, são palavras conhecidas dos/as cristãos/ãs. Com mais intensidade, a Síria tem sido palco de constantes guerras, mesmo antes do anúncio de ataque à Síria feito pelo Presidente dos Estados Uni-dos, Donald Trump, no dia 13 de abril. Muitos/as sírios/as reclamavam dos altos índices de desemprego, cor-rupção e falta de liberdade política sob o comando do presidente Bashar al-Assad, que sucedeu seu pai, Hafez, após sua morte, em 2000.

EC ENTREVISTASA Bispa assessora do Jornal Ex-positor Cristão e Presidente da 8ª Região Eclesiástica, Hideide Brito Torres, lançou mais um livro: Corajosas. Na entrevista, a Bispa Hideide explica, em deta-lhes, sobre o livro, o qual conta a história de 12 mulheres que tiveram que enfrentar situações difíceis, muitas delas parecidas com as de muitas pessoas. O material também pode ser uti-lizado em pequenos grupos de discipulado.

TESTEMUNHO: UM POUCO DA AMAZÔNIA! A missionária

do Projeto Sombra e Água Fresca (SAF), Emilly Everett, está há pouco

menos de um ano no Brasil. Ela tem visitado alguns projetos do SAF para conhecer e fazer a ponte entre Brasil e Estados Unidos em busca de parcerias. No mês de abril, ela acompa-nhou um grupo de voluntários/as americanos/as como intér-prete de uma pediatra no Barco Hospital Metodista, em Manaus.

GIRO DE NOTÍCIAS: Na 55ª Edição do Giro de Notícias do Expositor Cristão, você vai ouvir as principais notícias regionais

e nacionais que foram publica-das no site da Igreja Metodista. Destacamos nesta edição o no Cenáculo que foi entregue aos PM's de Cristo, e a viagem da missionária do Projeto Sombra e Água Fresca, Emily Everett, que acompanhou um grupo de vo-luntários/as dos Estados Unidos no Barco Hospital Missionário, em Manaus.

INTEGRIDADE: O Bispo Paulo Rangel dos Santos Gonçalves, na palavra episcopal de abril, des-tacou o caminho da integridade através dos tempos. O Bispo re-fletiu sobre as ações de homens e mulheres no Antigo Testamento que não se desviaram da fé, mesmo diante das dificuldades enfrentadas na caminhada cristã, mantendo firme a integridade ao Senhor.

AS MATÉRIAS MAIS ACESSADAS NO PORTAL EXPOSITOR CRISTÃO

RÁPIDAS

MAIS LIDAS

NOTÍCIAS

Nossa expectativa é de que a Igreja caminhe em integridade, afirmando ser necessário vivermos a obra de discipulado

centrada em Cristo e nos seus mandamentosPAULO RANGEL DOS SANTOS GONÇALVES, BISPO PRESIDENTE DA 1ª REGIÃO ECLESIÁSTICA

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Pr. José Geraldo Magalhães

O Colégio Episcopal acolheu a lista tríplice encaminhada pela Con-federação de Juvenis para definir quem será o novo casal de conse-lheiros. Ronaldo Oliveira Barbosa e Jaqueliny Louback da Cunha Bar-bosa são da 4ª Região Eclesiástica e trabalham com os/as juvenis desde 2010. Jaqueliny foi tesoureira da Federação de 1993 a 1995. Atual-mente eles atuam como conselhei-ros no estado do Espírito Santo. O Expositor Cristão conversou com o casal para saber as expectativas e projetos futuros.

De qual Região e Igreja vocês são e há quantos anos traba-lham com os/as juvenis?Somos membros da Igreja Meto-dista em Itapuã, Vila Velha/ES, na 4ª Região Eclesiástica. Começamos em 2010, dando aula na Escola Bíblica Dominical na Igreja Metodista em Goiabeiras/MG. Como professores, procuramos envolver os/as juvenis nas programações do distrito, da região e nacional. Incentivamos a participação na Juvenília da 4ª Re-gião em 2011 e, nesse encontro, conhecemos os/as conselheiros/as regional e nacional e nos colocamos à disposição para ajudar. Saímos vi-sitando as igrejas do nosso distrito, fazendo a divulgação da JuNaMe 2012. Quando percebemos, está-vamos cada vez mais envolvidos no trabalho com os/as juvenis.

Algum dia já pensaram que iriam ocupar o cargo de conse-lheiro nacional?Não. Como dissemos, as coisas fo-ram acontecendo. A partir do mo-mento que começamos a acompa-nhar os/as juvenis nos Congressos, começamos também a trabalhar e isso foi crescendo gradativamen-te. Fomos convidados a estarmos presentes como apoio às mesas regional e nacional, onde pudemos acompanhar de perto o trabalho; com isso fomos tendo envolvi-mento no trabalho, chegando a esta nomeação.

Como foi aceitar o desafio de Deus para ser conselheiros na-cionais?Realmente é um desafio em nossa vida. Aceitamos com muita ale-gria, porque temos muito amor aos/às juvenis e a este trabalho. Cremos que temos junto conos-co pessoas que sempre estiveram e estarão ao nosso lado. Acredi-tamos no capacitar e no agir de Deus em nossa vida para, juntos com a Confederação de Juvenis e Federações, podermos servir da melhor forma possível para o crescimento do nome de Jesus.

JUVENIS TERÃO NOVOS CONSELHEIROS NACIONAIS

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15CRIANÇA

Povo do

Ao escrever para pais, mães ou responsáveis por crianças, sempre me remeto às lem-

branças da minha infância. Muito daquilo que se ouve ou aprende na tenra idade fica um tanto distante de compreensão para qualquer pequeno ou pequena, pois estão em uma fase de aprendizado mais concreto. Mas, mesmo assim, é de suma importância repartir com eles e elas a grandiosi-dade de Deus, Seu amor pelo mundo e por nós.

Sempre ouvi e aprendi, desde pe-quena, que o Senhor nos escolheu, que Ele nos conhece pelo nome e tem um propósito grande para nossa vida. E, com o passar do tempo, isso se tornou concreto e plausível para a continuidade de minha caminhada cristã neste mundo. Foi então que aos poucos pude perceber o quanto todos

os aprendizados eram a razão do meu viver, pois se tornaram concretos.

Sei que devo muito a pessoas que se dedicaram a mim para eu me tornar um fruto e permanecesse nos caminhos de Jesus. Sendo assim, você é o primei-ro ou primeira discipuladora da criança que está ao teu lado. Você foi chamado e chamada para amar, guardar e ensinar tudo quanto Jesus nos ordenou.

Você e eu somos Povo do Cora-ção Aquecido, a quem Jesus lavou e remiu por seu sangue. Povo Santo, propriedade exclusiva, nação san-ta, raça eleita a serviço do Senhor. Nossa missão é fazer a vontade do Se-nhor, levar o Reino de Deus a todas as nações, a começar pelas crianças. Se há prioridade, é para elas! Assim se dará a continuidade de geração em geração.

/// Lêda Wesley de Souza Casciona

Coração Aquecido

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Instituto Izabela HendrixRua da Bahia, 2.020 | Funcionários | Belo Horizonte, MG

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onde?

informações e inscrições

Angulareditora

a vida com fé e sabedoria

O coração sábio adquire o conhecimento, e o ouvido das pessoas sábias procura o saber.

Provérbio 15.18 (adapt.)

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