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DIREITO PENAL 18 Os Crimes Contra a Incolumidade Pœblica Os Crimes de Perigo Comum IncŒndio Art. 250 - Causar incŒndio, expondo a perigo a vida, a integridade fsica ou o patrimnio de outrem: Pena - reclusªo, de 3 (trŒs) a 6 (seis) anos, e multa. Objetividade Jurdica: Protege-se a incolumidade pœblica. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, inclusive o proprietÆrio da coisa incendiada. Sujeito Passivo: a coletividade. Tipo Objetivo: A conduta tpica Ø dar causa, provocar o incŒndio criando perigo outrem. um crime de perigo concreto. Constitui elementar do crime que da combustªo advenha perigo para a vida, integridade fsica ou o patrimnio de outrem. Se o sujeito ateia fogo em um imvel distante e desabitado, nªo serÆ considerado crime. ! Se o incŒndio for causado, visando o agente a expor a perigo um nœmero certo de pessoas, o crime serÆ o do art. 132. Se o incŒndio for causado, visando o agente a causar dano em patrimnio de pessoa determinada, o crime serÆ o do art. 163. www.concursosjuridicos.com.br pÆg. 1 Copyright 2003 Todos os direitos reservados CMP Editora e Livraria Ltda. proibida a reproduªo total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrnico ou mecnico.

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DIREITO PENAL

18

Os Crimes Contra a Incolumidade

Pública

Os Crimes de Perigo Comum Incêndio

Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem: Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

Objetividade Jurídica: Protege-se a incolumidade pública. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, inclusive o proprietário da coisa incendiada. Sujeito Passivo: É a coletividade. Tipo Objetivo: A conduta típica é dar causa, provocar o incêndio criando perigo à outrem. É um crime de perigo concreto. Constitui elementar do crime que da combustão advenha perigo para a vida, integridade física ou o patrimônio de outrem. Se o sujeito ateia fogo em um imóvel distante e desabitado, não será considerado crime.

! Se o incêndio for causado, visando o agente a expor a perigo um número certo de pessoas, o crime será o do art. 132. Se o incêndio for causado, visando o agente a causar dano em patrimônio de pessoa determinada, o crime será o do art. 163.

www.concursosjuridicos.com.br pág. 1 Copyright 2003 � Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.

Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de causar o incêndio, expondo outrem a perigo. A forma culposa é prevista no parágrafo 2º. Consumação e Tentativa: O crime consuma-se com o advento do perigo comum. Admite-se a tentativa. Formas Qualificadas:

§ 1º - As penas aumentam-se de um terço: I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem pecuniária em proveito próprio ou alheio;

! Se o agente causa o incêndio com intenção de fraudar seguradora para receber o prêmio, e expõe a perigo um número indeterminado de pessoas, responderá pela qualificadora, que absorve o estelionato. Se, porém, não causar perigo a número indeterminado de pessoas, responde pelo art. 171, § 2º, V.

II - se o incêndio é: a) em casa habitada ou destinada a habitação; b) em edifício público ou destinado a uso público ou a obra de assistência social ou de cultura; c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte coletivo; d) em estação ferroviária ou aeródromo; e) em estaleiro, fábrica ou oficina; f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável; g) em poço petrolífico ou galeria de mineração; h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.

Incêndio Culposo:

Incêndio culposo § 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.

Explosão

Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos: Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

Objetividade Jurídica: Protege-se a incolumidade pública. Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa. Sujeito Passivo: É a coletividade exposta ao perigo da explosão.

www.concursosjuridicos.com.br pág. 2 Copyright 2003 � Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.

Tipo Objetivo: A conduta típica é expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem mediante:

a) explosão: estouro violento, com deslocamento de ar; b) arremesso: atirar com violência e a distância; c) simples colocação de engenho de dinamite ou substância de efeitos análogos: pune-se a

potencialidade de explosão. Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de praticar as condutas descritas no artigo. Consumação e Tentativa: Consuma-se o crime com a produção do perigo comum. Admite-se a forma tentada, embora seja de difícil observação na prática. Figura Privilegiada:

§ 1º - Se a substância utilizada não é dinamite ou explosivo de efeitos análogos: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Figura Qualificada:

§ 2º - As pena aumentam-se de um terço, se ocorre qualquer das hipóteses previstas no § 1º, I, do artigo anterior, ou é visada ou atingida qualquer das coisas enumeradas no n.º II do mesmo parágrafo.

Modalidade Culposa:

§ 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou substância de efeitos análogos, a pena é de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos; nos demais casos, é de detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

Uso de Gás Tóxico ou Asfixiante

Art. 252 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, usando de gás tóxico ou asfixiante: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Modalidade Culposa Parágrafo único - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

Objetividade Jurídica: Protege-se a incolumidade pública. Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa. Sujeito Passivo: É a coletividade.

www.concursosjuridicos.com.br pág. 3 Copyright 2003 � Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda. É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.

Tipo Objetivo: A conduta típica é expor a perigo a vida, integridade física ou o patrimônio de outrem, através de gás tóxico (capaz de envenenar) ou asfixiante (capaz de provocar sufocação). Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de expor a perigo a vida, integridade física ou patrimônio de outrem com o emprego do gás tóxico ou asfixiante. Consumação e Tentativa: Consuma-se o crime com a ocorrência da situação de perigo. Admite-se a tentativa. Fabrico, Fornecimento, Aquisição, Posse ou Transporte de Explosivos ou Gás Tóxico, ou Asfixiante

Art. 253 - Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou transportar, sem licença da autoridade, substância ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material destinado à sua fabricação: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Noções Iniciais: No que tange à engenho explosivo, encontra-se revogado este artigo pela Lei de Porte de Armas, que tipifica as ações de possuir, deter, fabricar ou empregar artefato explosivo. Objetividade Jurídica: Protege-se a incolumidade pública. Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa. Sujeito Passivo: É a coletividade. Tipo Objetivo: Há presentes cinco modalidades de conduta:

a) fabricar; b) fornecer; c) adquirir; d) possuir; e) transportar.

Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de realizar uma das condutas mencionadas. Consumação e Tentativa: Consuma-se o crime com a prática de qualquer ato. A tentativa não é admitida.

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Inundação

Art. 254 - Causar inundação, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem: Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa, no caso de dolo, ou detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, no caso de culpa.

Objetividade Jurídica: Protege-se a incolumidade pública. Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa. Sujeito Passivo: É a coletividade. Tipo Objetivo: A conduta é causar inundação, da qual decorra perigo a outrem. A inundação pode ser provocada pelo desvio de águas de seus limites naturais. Tipo Subjetivo: O crime existe sob a forma dolosa ou culposa. O dolo é a vontade de causar inundação, expondo a perigo de vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem. Pode ser dolo direto ou eventual. Consumação e Tentativa: Consuma-se o crime com a ocorrência do perigo real. Admite-se a tentativa. Perigo de Inundação

Art. 255 - Remover, destruir ou inutilizar, em prédio próprio ou alheio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, obstáculo natural ou obra destinada a impedir inundação: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

Objetividade Jurídica: Protege-se a incolumidade pública. Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa, inclusive o proprietário do prédio no qual é destruído, removido ou inutilizado obstáculo natural ou obra destinada a impedir inundação. Sujeito Passivo: É a coletividade.

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Tipo Objetivo: Existem três condutas típicas que devem recair sobre obstáculo natural ou obra destinada a impedir a inundação:

a) remover; b) destruir; c) inutilizar

Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de remover, destruir ou inutilizar o obstáculo natural ou a obra destinada a impedir a inundação, ciente do perigo comum decorrente da sua conduta. Consumação e Tentativa: Consuma-se o delito com a ocorrência do perigo concreto de inundação. Não se admite a forma tentada. Desabamento ou Desmoronamento

Art. 256 - Causar desabamento ou desmoronamento, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Modalidade culposa Parágrafo único - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano.

Objetividade Jurídica: Protege-se a incolumidade pública. Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa, inclusive o proprietário do prédio. Sujeito Passivo: É a coletividade. Tipo Objetivo: A conduta típica é causar (provocar):

a) desabamento: queda de obras construídas pela ação do homem; b) desmoronamento: queda de formações naturais, como barrancos.

Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de provocar desmoronamento ou desabamento criando uma situação de perigo a pessoa ou pessoas indetermináveis. Pune-se a forma culposa. Consumação e Tentativa: O crime se consuma com a criação da situação de perigo à coletividade.

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Subtração, Ocultação ou Inutilização de Material de Salvamento

Art. 257 - Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião de incêndio, inundação, naufrágio, ou outro desastre ou calamidade, aparelho, material ou qualquer meio destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro ou salvamento; ou impedir ou dificultar serviço de tal natureza: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

Objetividade Jurídica: Protege-se a incolumidade pública. Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa, inclusive o proprietário do aparelho, material ou qualquer outro meio destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro ou salvamento. Sujeito Passivo: É a coletividade. Tipo Objetivo: A conduta típica abrange duas modalidades:

a) subtrair, ocultar ou inutilizar o material ou qualquer meio destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro ou salvamento sob a condição de ser praticado por ocasião de incêndio, inundação, naufrágio ou outro desastre ou calamidade;

b) impedir ou dificultar o serviço de combate ao perigo, de socorro ou salvamento, durante calamidade ou desastre.

Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de praticar as ações descritas sabendo-se que sua conduta é atentatória ao bem jurídico tutelado. Consumação e Tentativa: Consuma-se o crime com a subtração, ocultação ou inutilização dos objetos ou com o efetivo impedimento ou dificultação da prestação do serviço. Admite-se a forma tentada. Formas Qualificadas de Crime de Perigo Comum

Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço.

Crime de Perigo Comum

DOLOSO ! Lesão Corporal CULPA ! Pena aumentada de metade

Crime de Perigo Comum

DOLOSO ! Morte CULPA ! Pena aplicada em dobro

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Havendo dolo direto ou eventual com relação à morte da vítima, haverá homicídio qualificado (art. 121, § 2º, III). O homicídio qualificado absorve o crime de perigo comum.

Crime de Perigo Comum CULPOSO ! Lesão Corporal ! Pena aumentada de metade

Crime de Perigo Comum

CULPOSO ! Morte ! Pena do homicídio culposo aumentada de 1/3

Difusão de Doença ou Praga

Art. 259 - Difundir doença ou praga que possa causar dano a floresta, plantação ou animais de utilidade econômica: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

Modalidade culposa Parágrafo único - No caso de culpa, a pena é de detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.

Objetividade Jurídica: Protege-se a incolumidade pública. Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa, inclusive o proprietário. Sujeito Passivo: É a coletividade. Tipo Objetivo: A conduta típica é difundir (propagar, disseminar) doença ou praga, que seriam qualquer processo patológico ou através de outros organismos capazes de levar à morte plantas ou animais. Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de difundir a doença ou a praga que tem possibilidade de causar dano a floresta, plantação ou animais de utilidade econômica. O crime é punido também a título de culpa. Consumação e Tentativa: Consuma-se o crime com a efetiva propagação da doença ou praga. Admite-se a tentativa.

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Os Crimes Contra a Segurança dos Meios de

Comunicação e Transporte e Outros Serviços Públicos Perigo de Desastre Ferroviário

Art. 260 - Impedir ou perturbar serviço de estrada de ferro: I - destruindo, danificando ou desarranjando, total ou parcialmente, linha férrea, material rodante ou de tração, obra-de-arte ou instalação; II - colocando obstáculo na linha; III - transmitindo falso aviso acerca do movimento dos veículos ou interrompendo ou embaraçando o funcionamento de telégrafo, telefone ou radiotelegrafia; IV - praticando outro ato de que possa resultar desastre: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

Objetividade Jurídica: Protege-se a incolumidade pública. Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa. Sujeito Passivo: É a coletividade. Tipo Objetivo: As condutas típicas são:

a) impedir: não permitir, interromper, obstruir; b) perturbar: criar embaraço, modificar.

Através dos seguintes meios de execução: a) destruição, danificação, desarranjo total ou parcial da linha férrea, material rodante ou de

tração, obra-de-arte ou instalação; b) colocação de obstáculo na linha; c) transmissão de falso aviso acerca do movimento dos veículo ou interrupção ou embaraço do

funcionamento de telégrafo, telefone ou radiotelegrafia; d) prática de outro ato de que possa resultar desastre.

Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de impedir ou perturbar o serviço de estrada de ferro por intermédio dos meios assinalados. Consumação e Tentativa: Consuma-se o crime com a ocorrência de perigo decorrente da prática de qualquer dos fatos previstos. Admite-se a tentativa.

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Desastre Ferroviário: Pune-se de forma mais severa se realmente ocorre o desastre ferroviário. Damásio entende que a punição abrange tanto a forma dolosa, quando o agente quis, desde o início, o desastre, quanto a forma preterdolosa, quando o agente quis somente causar uma situação de perigo, mas decorrente desta, causou o desastre.

§ 1º - Se do fato resulta desastre: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos e multa.

Modalidade Culposa: Damásio entende que o crime de perigo de desastre ferroviário não é punido a título de culpa se não sobrevém o efetivo desastre. Se porém este ocorre, o agente é punido pelo crime de desastre ferroviário culposo.

§ 2º - No caso de culpa, ocorrendo desastre: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.

Definição de Estrada de Ferro:

§ 3º - Para os efeitos deste artigo, entende-se por estrada de ferro qualquer via de comunicação em que circulem veículos de tração mecânica, em trilhos ou por meio de cabo aéreo.

Atentado Contra a Segurança de Transporte Marítimo, Fluvial ou Aéreo

Art. 261 - Expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.

Sinistro em Transporte Marítimo, Fluvial ou Aéreo:

§ 1º - Se do fato resulta naufrágio, submersão ou encalhe de embarcação ou a queda ou destruição de aeronave: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.

Prática do Crime com o Fim de Lucro:

§ 2º - Aplica-se, também, a pena de multa, se o agente pratica o crime com intuito de obter vantagem econômica, para si ou para outrem.

Modalidade Culposa:

§ 3º - No caso de culpa, se ocorre o sinistro: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.

Objetividade Jurídica: Protege-se a incolumidade pública, em especial os meios de transporte coletivo de natureza marítima, fluvial ou aérea.

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Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa. Sujeito Passivo: É a coletividade. Tipo Objetivo: A conduta típica é:

a) expor a perigo (concreto) embarcação ou aeronave, própria ou alheia; b) praticar qualquer ato tendente a impedir (tornar impraticável, obstruir) ou dificultar (tornar

difícil, opor óbices) navegação marítima, fluvial ou aérea. Embarcação é qualquer construção destinada a navegar sobre água. Aeronave é todo e qualquer aparelho apto a efetuar transportes e que possa ser levado e dirigido pelo espaço. Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea. É necessário que o agente tenha vontade de expor a perigo concreto a coletividade, ciente da situação perigosa. A forma culposa é punida quando da ocorrência de sinistro em transporte marítimo, fluvial ou aéreo. Consumação e Tentativa: O crime consuma-se com o advento de perigo concreto. Admite-se a tentativa. Atentado Contra a Segurança de Outro Meio de Transporte

Art. 262 - Expor a perigo outro meio de transporte público, impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento: Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. § 1º - Se do fato resulta desastre, a pena é de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. § 2º - No caso de culpa, se ocorre desastre: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

Objetividade Jurídica: Protege-se a incolumidade pública no aspecto da segurança dos meios de transporte público. Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa. Sujeito Passivo: É a coletividade. Tipo Objetivo: A conduta típica é:

a) expor a perigo outro meio de transporte público; b) impedir ou dificultar o funcionamento de outro meio de transporte público.

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Outro meio de transporte abrange aqueles que se destinam ao atendimento da coletividade e não sejam marítimo, fluvial ou aéreo. Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de expor a perigo qualquer outro meio de transporte público, ou vontade de impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento. A forma culposa só é punida só houver efetivamente o desastre. Consumação e Tentativa: O crime consuma-se com a ocorrência de perigo à coletividade. Admite-se a forma tentada. Formas Qualificadas

Art. 263 - Se de qualquer dos crimes previstos nos arts. 260 a 262, no caso de desastre ou sinistro, resulta lesão corporal ou morte, aplica-se o disposto no art. 258.

Arremesso de Projétil

Art. 264 - Arremessar projétil contra veículo, em movimento, destinado ao transporte público por terra, por água ou pelo ar: Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses. Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal, a pena é de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos; se resulta morte, a pena é a do art. 121, § 3º, aumentada de um terço.

Objetividade Jurídica: Protege-se a incolumidade pública, no aspecto da segurança dos meios de transporte. Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa. Sujeito Passivo: É a coletividade. Tipo Objetivo: A conduta típica é arremessar (lançar com ímpeto) projétil (qualquer sólido pesado que se mova no espaço) em veículo em movimento, destinado ao transporte público. Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de arremessar o projétil contra o veículo. Não existe a forma culposa. Consumação e Tentativa: O crime consuma-se com o lançamento do projétil ao veículo, ainda que não o consiga atingir. A tentativa não é admitida.

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Atentado Contra a Segurança de Serviço de Utilidade Pública

Art. 265 - Atentar contra a segurança ou o funcionamento de serviço de água, luz, força ou calor, ou qualquer outro de utilidade pública: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

Objetividade Jurídica: Protege-se a incolumidade pública, em especial, os serviços de utilidade pública prestados pelo Estado ou particulares à coletividade. Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa. Sujeito Passivo: É a coletividade. Tipo Objetivo: A conduta típica é atentar contra a segurança ou o funcionamento (perturbar, praticar ato tendente a tornar insegura a prestação do serviço ou prejudicar o funcionamento) de serviço prestado à coletividade. Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade livre e consciente de atentar contra a segurança ou o funcionamento de serviços de utilidade pública. Não existe a forma culposa. Consumação e Tentativa: O crime consuma-se com a prática de qualquer ato idôneo a perturbar a segurança ou o funcionamento de serviço de utilidade pública. Admite-se a tentativa, embora seja de difícil verificação na prática. Forma Qualificada:

Parágrafo único - Aumentar-se-á a pena de um terço até a metade, se o dano ocorrer em virtude de subtração de material essencial ao funcionamento dos serviços.

Interrupção ou Perturbação de Serviço Telegráfico ou Telefônico

Art. 266 - Interromper ou perturbar serviço telegráfico, radiotelegráfico ou telefônico, impedir ou dificultar-lhe o restabelecimento: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Parágrafo único - Aplicam-se as penas em dobro, se o crime é cometido por ocasião de calamidade pública.

Objetividade Jurídica: Protege-se o regular funcionamento dos serviços telegráficos, radiotelegráficos ou telefônicos.

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Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa. Sujeito Passivo: É a coletividade. Tipo Objetivo: A conduta típica é interromper (fazer cessar) ou perturbar (causar embaraço, atrapalhar) serviço telegráfico, radiotelegráfico ou telefônico, ou ainda, impedir ou dificultar o restabelecimento do serviço. Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de interromper ou perturbar o serviço ou impedir ou dificultar o seu restabelecimento. Não existe a forma culposa. Consumação e Tentativa: O crime consuma-se com a interrupção ou perturbação do serviço telegráfico, radiotelegráfico ou telefônico, ou com o impedimento ou dificultação de seu restabelecimento. É possível a tentativa.

Os Crimes Contra a Saúde Pública Epidemia

Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos.

Objetividade Jurídica: Protege-se a incolumidade pública, em especial a saúde pública. Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa. Sujeito Passivo: É a coletividade. Tipo Objetivo: A conduta típica é causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos. Significa provocar uma doença numa dada localidade acometendo, sucessiva ou simultaneamente, numerosas pessoas. Germes patogênicos são todos os microorganismos capazes de produzir moléstias infecciosas.

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Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos. O tipo admite a modalidade culposa. Consumação e Tentativa: O crime consuma-se com a ocorrência da epidemia. Admite-se a tentativa. Resultado Qualificador:

§ 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro. Modalidade Culposa:

§ 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, ou, se resulta morte, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

Infração de Medida Sanitária Preventiva

Art. 268 - Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa: Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, e multa.

Objetividade Jurídica: Protege-se a incolumidade pública. Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa. Sujeito Passivo: É a coletividade. Tipo Objetivo: A conduta típica é infringir (violar, desrespeitar) determinação do Poder Público (qualquer ato normativo) destinada a impedir a introdução ou propagação de doença contagiosa. Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de infringir a determinação do Poder Público destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa. Não existe a modalidade culposa. Consumação e Tentativa: O crime consuma-se com o desrespeito à determinação do Poder Público destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa. Admite-se a tentativa. Figura Qualificada:

Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se o agente é funcionário da saúde pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro.

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Omissão de Notificação de Doença

Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Objetividade Jurídica: Protege-se a incolumidade pública, nos aspecto da saúde do grupo social ameaçado. Sujeito Ativo: É crime próprio, uma vez que só pode ser praticado por médico. Sujeito Passivo: É a coletividade. Tipo Objetivo: A conduta típica é a omissão em comunicar à autoridade competente a doença cuja notificação é compulsória.

! Trata-se de norma penal em branco, de definição típica incompleta, deixando para outra lei a enumeração das doenças cuja notificação é compulsória.

Tipo Subjetivo: O dolo é vontade de não comunicar à autoridade competente doença cuja notificação é compulsória. Não existe a forma culposa. Consumação e Tentativa: O crime consuma-se com a não comunicação da doença à autoridade competente no prazo designado para tanto nos regulamentos ou outros atos normativos que versem sobre a matéria. Não é admitida a tentativa. Envenenamento de Água Potável ou de Substância Alimentícia ou Medicinal

Art. 270 - Envenenar água potável, de uso comum ou particular, ou substância alimentícia ou medicinal destinada a consumo: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos. § 1º - Está sujeito à mesma pena quem entrega a consumo ou tem em depósito, para o fim de ser distribuída, a água ou a substância envenenada. Modalidade culposa § 2º - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.

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Objetividade Jurídica: Protege-se a incolumidade pública, em especial, a saúde pública. Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa. Sujeito Passivo: É a coletividade. Tipo Objetivo: A conduta típica é envenenar (colocar substância venenosa) a água potável ou substância alimentícia ou medicinal. No § 1.º pune-se a conduta de entregar a consumo ou ter em depósito, para o fim de ser distribuída, a água ou a substância envenenada. Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de envenenar a água potável, de uso comum ou particular, ou substância alimentícia ou medicinal destinada a consumo, ou ainda, entregar a consumo ou ter em depósito a substância envenenada. A forma culposa também é punida. Consumação e Tentativa: O crime consuma-se no momento em que o objeto material é envenenado, independente de resultado perigoso. Nas modalidades do § 1.º o crime consuma-se com o oferecimento ao consumo ou com a guarda do objeto material. Admite-se a tentativa, exceto nos casos de culpa. Corrupção ou Poluição de Água Potável

Art. 271 - Corromper ou poluir água potável, de uso comum ou particular, tornando-a imprópria para consumo ou nociva à saúde: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. Modalidade culposa Parágrafo único - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano.

Objetividade Jurídica: Protege-se a incolumidade, em particular, a saúde pública. Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa. Sujeito Passivo: É a coletividade. Tipo Objetivo: A conduta típica é corromper (adulterar a sua composição) ou poluir (sujar, conspurcar) água potável (própria para uso alimentar), seja de uso comum ou particular.

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Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de corromper ou poluir água potável, de uso comum ou particular, tornando-a imprópria para o consumo ou nociva à saúde. A forma culposa também é punida. Consumação e Tentativa: O crime consuma-se com corrupção ou poluição da água potável. Admite-se a forma tentada. Falsificação, Corrupção, Adulteração ou Alteração de Substância ou Produtos Alimentícios

Art. 272 - Corromper, adulterar ou falsificar substância ou produto alimentício destinado a consumo, tornando-o nocivo à saúde ou reduzindo-lhe o valor nutritivo: Pena - reclusão, de 4 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. § 1º - Incorre nas penas deste artigo quem fabrica, vende, expõe à venda, importa, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo a substância alimentícia ou o produto falsificado, corrompida ou adulterada. § 1º A - Está sujeito às mesmas penas quem pratica as ações previstas neste artigo em relação a bebidas, com ou sem teor alcoólico. Modalidade culposa § 2º - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.

Objetividade Jurídica: Protege-se a incolumidade pública, no particular aspecto da saúde pública. Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa. Sujeito Passivo: É a coletividade. Tipo Objetivo: Existem quatro condutas típicas: corromper, adulterar, falsificar e alterar substância ou produto alimentício destinado a consumo. É imprescindível que da ação resulte nocividade à saúde ou que tenham reduzido o seu valor nutritivo.

! O produto ou substância alimentícia deve ser destinado a um número indeterminado de pessoas, se for destinado a pessoas determinadas, o crime será o do art. 132, perigo para a vida ou a saúde de outrem.

Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de corromper, alterar, adulterar ou falsificar o produto ou a substância alimentícia destinada a consumo público.

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Consumação e Tentativa: O crime consuma-se com a corrupção, alteração, adulteração ou falsificação do produto ou da substância alimentícia. Admite-se a tentativa. Falsificação, Corrupção, Adulteração ou Alteração de Produto Destinado a Fins Terapêuticos ou Medicinais

Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado. § 1º A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico. § 1º B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º em relação a produtos em qualquer das seguintes condições: I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente; II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior; III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua comercialização; IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade; V - de procedência ignorada; VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente. Modalidade culposa § 2º - Se o criminoso é culposo: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

Objetividade Jurídica: Protege-se a incolumidade pública, no particular aspecto da saúde pública. Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa. Sujeito Passivo: É a coletividade. Tipo Objetivo: A conduta típica é alterar, falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (toda substância, sólida ou líquida, empregada na cura ou prevenção de moléstias). O parágrafo 1.º-A, incluído pela Lei 9.677/98, caracterizou também como produto os medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico. O parágrafo 1º inclui as ações de vender, expor à venda, ter em depósito para vender ou, de qualquer forma distribui ou entrega a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado. O

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parágrafo 1º-B trouxe também novos elementos normativos em relação às condutas incriminadas no parágrafo 1º. Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de praticar as condutas descritas no artigo. Na modalidade �ter em depósito� exige-se, além do dolo, um especial fim de agir, consistente na finalidade de vender o produto. Pune-se a modalidade culposa, quando o agente dar causa à modificação do produto por imprudência, negligência ou imperícia. Consumação e Tentativa: O crime consuma-se com a modificação do produto por qualquer das formas descritas. Os crimes do parágrafo 1º consumam-se com a efetiva venda, exposição à venda, guarda em depósito ou entrega a consumo da substância alterada. Admite-se a tentativa. Emprego de Processo Proibido ou de Substância Não Permitida

Art. 274 - Empregar, no fabrico de produto destinado a consumo, revestimento, gaseificação artificial, matéria corante, substância aromática, anti-séptica, conservadora ou qualquer outra não expressamente permitida pela legislação sanitária: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

Objetividade Jurídica: Protege-se a incolumidade pública, principalmente a saúde pública. Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa. Sujeito Passivo: É a coletividade. Tipo Objetivo: A conduta típica é empregar (usar, aplicar) na fabricação de produtos destinados a consumo (alimentos ou remédios). Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de empregar, no fabrico de produto destinado ao consumo, processos ou substâncias não expressamente permitidos pela legislação sanitária. Consumação e Tentativa: Consuma-se o crime com o emprego de processo ou de substância não expressamente permitidos pela legislação sanitária aplicável no fabrico de produto destinado ao consumo do público. Não é admitida a forma tentada.

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Invólucro ou Recipiente com Falsa Indicação

Art. 275 - Inculcar, em invólucro ou recipiente de produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais, a existência de substância que não se encontra em seu conteúdo ou que nele existe em quantidade menor que a mencionada: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

Objetividade Jurídica: Protege-se a saúde pública. Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa. Sujeito Passivo: É a coletividade. Tipo Objetivo: A conduta típica é indicar, apontar, citar, em invólucro ou recipiente de produto alimentício, terapêutico ou medicinal, a existência de substância que não se encontra em seu conteúdo ou que nele existe em quantidade menor que a mencionada. Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de inculcar, em invólucro ou recipiente de produto alimentício, terapêutico ou medicinal, a existência de substância que não se encontra em seu conteúdo ou que nele existe em quantidade menor que a mencionada. Não existe a forma culposa. Consumação e Tentativa: O crime consuma-se com a falsa indicação, não se exigindo que o produto seja entregue a consumo. Admite-se a forma tentada. Produto ou Substância nas Condições dos Dois Artigos Anteriores

Art. 276 - Vender, expor à venda, ter em depósito para vender ou, de qualquer forma, entregar a consumo produto nas condições dos arts. 274 e 275. Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

Objetividade Jurídica: Protege-se a saúde pública. Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa, comerciante ou não. Sujeito Passivo: É a coletividade.

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Tipo Objetivo: A conduta típica é vender, expor à venda, ter em depósito para vender ou de qualquer forma, entregar a consumo:

a) produto destinado a consumo, fabricado com emprego de processo proibido ou de substância não permitida pela legislação sanitária; ou

b) produto alimentício ou medicinal, acondicionado em invólucro ou recipiente com falsa indicação das substâncias que o compõem.

! É necessário que a conduta descrita nos artigos 274 e 275 não tenham sido realizadas pelo agente deste delito, caso contrário, responderá ele apenas por aqueles crimes.

Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de vender, expor à venda, ter em depósito para vender ou, de qualquer forma, entregar a consumo produto nas condições dos arts. 274 e 275 do Código Penal. Na modalidade �ter em depósito� é necessário ter a intenção da venda. Não existe a forma culposa. Consumação e Tentativa: O crime consuma-se com a prática efetiva de qualquer dos atos previstos no tipo. Admite-se a tentativa. Substância Destinada à Falsificação

Art. 277 - Vender, expor à venda, ter em depósito ou ceder substância destinada à falsificação de produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

Objetividade Jurídica: Protege-se a incolumidade pública, no particular aspecto da saúde pública. Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa. Sujeito Passivo: É a coletividade. Tipo Objetivo: A conduta típica é vender (alienar), expor à venda (manter em exposição para a venda, oferecer), ter em depósito (ter sob à guarda, à disposição) ou ceder (transferir a outrem,dar, emprestar) substância destinada à falsificação de produto alimentício, terapêutico ou medicinal. Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de vender, expor à venda, ter em depósito ou ceder substância destinada à falsificação de produto alimentício, terapêutico ou medicinal, tendo o agente o conhecimento da destinação da substância. Não existe a forma culposa.

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Consumação e Tentativa: O crime consuma-se com a venda, exposição à venda, depósito ou cessão de substância destinada à falsificação de produto alimentício, terapêutico ou medicinal. Admite-se a tentativa. Outras Substâncias Nocivas à Saúde Pública

Art. 278 - Fabricar, vender, expor à venda, ter em depósito para vender ou, de qualquer forma, entregar a consumo coisa ou substância nociva à saúde, ainda que não destinada à alimentação ou a fim medicinal: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Modalidade culposa Parágrafo único - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano.

Objetividade Jurídica: Protege-se a incolumidade pública. Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa, comerciante ou não. Sujeito Passivo: É a coletividade. Tipo Objetivo: A conduta típica é fabricar, vender, expor à venda, ter em depósito para vender ou de qualquer forma entregar a consumo. O objeto material do crime pode ser coisa nociva à saúde (chupetas, brinquedos, aparelhos terapêuticos) ou substância nociva à saúde (dentifrícios, perfumes).

! A aferição da nocividade deve ser realizada por perícia.

Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de praticar as ações descritas no artigo. Pode ser direto ou eventual. Pune-se a forma culposa, ou seja, a falta de cuidado objetivo na fabricação e comercialização de coisa ou substância nociva à saúde. Consumação e Tentativa: O crime consuma-se no momento da ocorrência da venda, fabricação ou a entrega a consumo da coisa ou substância nociva à saúde. Nas modalidades �expor à venda� e �ter em depósito� a consumação protrai-se no tempo desde o instante em que se reúnem os elementos da descrição típica até que cesse o comportamento delituoso (crime permanente). Admite-se a tentativa.

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Substância Avariada

Art. 279 - (Revogado pela Lei n.º 8.137, de 27-12-1990.) Medicamento em Desacordo com Receita Médica

Art. 280 - Fornecer substância medicinal em desacordo com receita médica: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa. Modalidade culposa Parágrafo único - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano.

Objetividade Jurídica: Protege-se a incolumidade pública e, em especial, a saúde pública. Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa, mas via de regra é o farmacêutico. Sujeito Passivo: É a coletividade. Tipo Objetivo: A conduta típica é fornecer (entregar a título gratuito ou oneroso) substância medicinal em desacordo com receita médica. O desacordo pode referir-se à espécie, qualidade ou quantidade do medicamento. Receita médica é a prescrição, feita por profissional formado em medicina, por escrito, seja ou não em papel timbrado. Se a receita for de dentista ou psicólogo, o fato será atípico. Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de fornecer a substância em desacordo com a receita médica. A forma culposa estará configurada quando o agente, não agindo com o cuidado objetivo, dá causa ao resultado perigoso resultante do fornecimento do medicamento em desacordo com receita médica. Consumação e Tentativa: O crime consuma-se com a entrega do medicamento em desacordo. Admite-se a tentativa quando a entrega não é imediata (ex.: via correios). Exercício Ilegal da Medicina, Arte Dentária ou Farmacêutica

Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.

Objetividade Jurídica: Protege-se a incolumidade pública, em particular a saúde pública.

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Sujeito Ativo: Pode ser na modalidade �sem autorização legal� qualquer pessoa e na modalidade �excedendo-lhes os limites� somente o médico, o dentista e o farmacêutico. Sujeito Passivo: É a coletividade e o paciente atendido. Tipo Objetivo: Existem duas modalidades de conduta:

a) exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem a autorização legal: é necessário para exercer a profissão que o médico, dentista ou farmacêutico tenha habilitação legal, através de registro no Serviço Nacional de Fiscalização do Departamento Nacional da Saúde;

b) exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico, excedendo-lhes os limites: nesta hipótese, mesmo tendo a habilitação, o profissional não deve praticar atos que não lhe sejam afetos (ex. um dentista realizar uma cirurgia do coração).

Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites. Consumação e Tentativa: O crime consuma-se com a caracterização da habitualidade da prática de atos privativos de médico, dentista ou farmacêutico. A forma tentada não é admitida, pois trata-se de crime habitual. Forma Qualificada:

Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se também multa. Charlatanismo

Art. 283 - Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

Noções Iniciais: O charlatanismo é uma modalidade de estelionato em que se procura fraudar a credulidade pública mediante promessas de cura. Objetividade Jurídica: Protege-se a saúde pública. Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa, o médico ou leigo. Sujeito Passivo: É a coletividade.

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Tipo Objetivo: A conduta típica é inculcar (recomendar, indicar) ou anúncio de cura por meio secreto ou infalível. É necessário que o meio seja secreto (ignorado, oculto) ou infalível (certeza de cura). Não exige-se a habitualidade. Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de inculcar ou anunciar a cura por meio secreto ou infalível, sabendo-se da ineficiência dos meios empregados. Não existe a forma culposa. Consumação e Tentativa: O crime consuma-se com a inculcação ou anuncia da cura, independentemente do resultado. Admite-se a forma tentada. Curandeirismo

Art. 284 - Exercer o curandeirismo: I - prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitualmente, qualquer substância; II - usando gestos, palavras ou qualquer outro meio; III - fazendo diagnósticos: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.

Noções Iniciais: O curandeirismo distingue-se do exercício ilegal de medicina, arte dentária ou farmácia, visto que o curandeiro não possui qualquer noção de medicina. Objetividade Jurídica: Protege-se a saúde pública. Sujeito Ativo: Pode ser qualquer pessoa que não possua conhecimentos médicos. Sujeito Passivo: É a coletividade. Tipo Objetivo: A conduta típica é �exercer o curandeirismo�, que significa a atividade grosseira de cura, por quem não tem nenhum conhecimento de medicina. Exige-se a habitualidade para a configuração do crime. Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de praticar os atos reiteradamente de curandeirismo. Não existe a forma culposa. Consumação e Tentativa: O crime se consuma com a pratica reiterada dos atos de curandeirismo. Não é admitida a forma tentada.

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Figura Qualificada: Exige-se para a configuração da qualificadora que os atos tenham sido efetivamente recompensados, não qualificando o delito a simples promessa de retribuição.

Parágrafo único - Se o crime é praticado mediante remuneração, o agente fica também sujeito à multa.

Formas Qualificadas dos Crimes Contra a Saúde Pública

Art. 285 - Aplica-se o disposto no art. 258 aos crimes previstos neste Capítulo, salvo quanto ao definido no art. 267.

Aplica-se o disposto no art. 258 aos crimes contra a saúde pública, salvo o delito de epidemia (art. 267). O art. 258 qualifica o crime pelo resultado. Se o crime é doloso, e dele resulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. Se o crime é culposo, dele resultando lesão corporal de qualquer natureza, a pena aumenta-se da metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço. O art. 258 é inaplicável ao crime de epidemia porque a lesão corporal já é elemento do crime e o evento morte já é previsto como causa de aumento de pena.

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Questões de Concursos

01 - (Delegado/SP � DP1/2001) Pessoa que anuncia cura de doença, por meio secreto ou infalível, pratica

( ) a) curandeirismo. ( ) b) exercício ilegal da medicina. ( ) c) charlatanismo. ( ) d) exploração da credulidade pública.

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Gabarito

01.C

Bibliografia

• Direito Penal Damásio E. de Jesus São Paulo: Editora Saraiva, 9º ed., 1999.

• Manual de Direito Penal

Júlio Fabbrini Mirabete São Paulo: Editora Atlas, 9º ed., 1995.

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