pelos bigodões - edição 2

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PELOS BIGODÕES Número 02 – fevereiro/2015 by Sebo Gregos e Troianos – casa de leituras e Sala @escrevendo Em março, nossa 1ª liquidação TUDO com 20, 30 ou 40% de desconto De cada 3 produtos comprados, 1 é de graça Tudo parcelado no cartão Várias outras promoções Facilidades nem sempre cumulativas 2222222 222222 2222222 2 2 22222 O Palhaço Daniel Almeida pág. 2 O Palhaço Daniel Almeida Duas rodas e cidadania pág. 3 Aulas de Latim e Redação pág. 6 pág. 7 Curso de História da Filosofia Poetas e Poesias pág. 4 Conheça o sebo Gregos e Troianos pág. 9 Tempos Cruéis, por Rodrigo Prado pág. 10 Paradoxo, por Pedro Miller pág. 11 Humanidade: um resumo, por Prof. Luciano pág. 12 Presença, Contato e Virtualidade, por Júlia Dile pág. 12 Gregos e Troianos - casa de leituras -

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Page 1: Pelos Bigodões - edição 2

PELOS BIGODÕES Número 02 – fevereiro/2015 by Sebo Gregos e Troianos – casa de leituras e Sala @escrevendo

Em março, nossa 1ª liquidação

TUDO com 20, 30 ou 40% de desconto De cada 3 produtos comprados, 1 é de graça

Tudo parcelado no cartão

Várias outras promoções

Facilidades nem sempre cumulativas

2222222

222222

2222222

2 2 22222

O PalhaçoDaniel Almeidapág. 2

O PalhaçoDaniel Almeida

Duas rodas e cidadania

pág. 3

Aulas de Latim e Redação

pág. 6

pág. 7

Curso de História da Filosofia

Poetas e Poesias

pág. 4

Conheça o sebo Gregos e Troianos

pág. 9

Tempos Cruéis,por Rodrigo Prado

pág. 10

Paradoxo,por Pedro Millerpág. 11

Humanidade: um resumo,por Prof. Luciano

pág. 12

Presença, Contatoe Virtualidade,por Júlia Dile

pág. 12

Gregos e Troianos - casa de leituras -

Page 2: Pelos Bigodões - edição 2

EditorialNúmero 02 – fevereiro/2015 Página 2

“Dá para ganhar algum dinheirinho?” é a pergunta mais frequente sobre o fato de eu estar atuando como palhaço pelas ruas. Às vezes, digo o que ganho. São dezenas de sorrisos, um bocado de gargalhadas, centenas de olhares, diversos pontos de vista e como benefício tenho a possibilidade de exercer meu ofício com alguma rotina. Recebo também críticas e elogios dos mais diversos. Além disso, ganho meu dinheirinho sim, senhor. Dinheiro livre de impostos que parece não existir porque ninguém o calcula nas despesas ou investimentos financeiros e que provém de uma troca de atitudes entre pessoas generosas. Assim, estou sempre no lucro.O local mais comum de atuação dos palhaços sempre foi a rua. Esses cômicos vão ao encontro do público e só acontecem na relação com o outro. Pode-se dizer que o palhaço é um acontecimento. Não dá para se ensaiar palhaçadas sozinho. Ou melhor, as falas, o enredo, a narrativa, até se consegue, mas o momento no qual acontece a “magia” do palhaço, não. Só neste momento é que existe o palhaço. É possível deixar tudo o que foi ensaiado de lado para se aproveitar este instante ao máximo. Para se rir das palhaçadas é preciso olhar no olho do artista e cabe a este capturar e manter o olhar do outro sobre si. Basta uma olhadela distraída e o fio condutor que leva ao encantamento é rompido. Este é apenas um dos motivos para o ofício exigir muitos anos de prática e dedicação. O iniciante é impelido à praça pública a fim de acumular o máximo possível destes momentos mágicos. Isto, depois de algum tempo, pode o levar a realizar viagens mambembes para conhecer outras culturas ecostumes, aprendendo, destas formas, como adaptar os números e piadas para cada situação ou lugar. Quando se fala de quem faz arte na rua é impossível generalizar qualquer tipo de discurso. Artista de rua não é “tudo farinha do mesmo saco”. Escrevo a partir de vivências pessoais nos espaços públicos, em Resende e outras cidades, e de encontros que tive com pessoas de diversos tipos durante algumas viagens. Iniciei meus estudos de palhaço há quase seis anos e ainda estou engatinhando nesta arte. Primeiro participei de workshops oferecidos pela Oka Cultural Timburibá e CasAzul- Artes Práticas, entre os anos de 2009 e 2012. Daí, fiquei experenciando por Resende por dois anos, aproximadamente, até partir para as primeiras viagens. No princípio por aqui mesmo na região e em seguida pelo Rio de Janeiro e São Paulo. Foi então que aconteceu algo que me pôs mais a fundo, de cabeça mesmo, nesse lance de palhaço. Fui visitar uma amiga de infância em Lima, Peru. Juntei meu dinheirinho e comprei a passagem de ida e volta. Quando cheguei lá, fiquei impressionado com a quantidade de jovens fazendo arte na rua e nos semáforos e percorrendo a América Latina dessa maneira. Percebi como a língua e a cultura separam o Brasil do resto do continente. Vir para o Brasil era considerada uma viagem à parte por estes jovens artistas, enquanto atravessar as demais fronteiras dos países com língua e colonização em comum, era bem mais normal. Mas, empolgado com meus

treinos nas capitais brasileiras quis ver como me saía por lá. O resultado foi tão bom que não quis mais voltar de avião e decidi retornar em uma viagem mambembe por terra. Foi uma jornada que durou nove meses por cidades que conheci e em que me apresentei, desde a costa e deserto peruanos até as cordilheiras e vales sagrados de Cuzco e Machu Pichu. Voltei pela Bolívia, atravessando o lago Titicaca, descendo a Cordilheira do Andes rumo à selva boliviana e entrando no Brasil pelo Mato Grosso do Sul. Passei por Resende no final de 2013 e logo em seguida fui para a Bahia, onde conheci parte do sertão sudoeste, chapada e litoral sul baianos e passei a maior parte de 2014. Todos os percursos, as estadias, a alimentação, foram custeados com o que recebia no chapéu. Palhaceei em áreas nobres e periferias e conheci o modo de vida popular destas localidades. Os planos para 2015 são continuar com os cursos, viagens e apresentações. Ter escolhido o espaço público para desenvolver meu trabalho me trouxe mais liberdade. A condição de artista nômade pode ser considerada um estilo de vida. Através deste nomadismo busco, essencialmente, o aperfeiçoamento das técnicas, a aquisição de mais conhecimentos, saciar a vontade de expandir os próprios limites, conhecer novos lugares e entrar em contato com outros tipos de gente. É também uma insurreição contra os valores capitalistas, explorando as brechas deste sistema, verificando suas fragilidades, vivenciando e apostando em outras possibilidades de existência. É compreensível a pergunta mais recorrente ser algo do tipo “quanto você ganha?”. Com o que mais a maioria da população poderia especular se vale a pena viver desta maneira? Estou aprendendo a ser. Sem dúvida, o aprendizado para a vida pode ser ampliado e intensificado com esse tipo de empresa. Na estrada vivencia-se um devir constante e se estabelecem sempre novas referências. É uma grande responsabilidade não se perder entre os perigos e facilidades destes caminhos. É necessária uma grande dose de consciência para não perder o próprio rumo e a dimensão de uma conduta ética. Muitas vezes sou a única testemunha de meus erros e acertos. Sou visto como forasteiro, vagabundo, artista, contador de histórias de outros lugares. Vou amadurecendo dentro deste caldeirão de gente que é a praça pública e amplio minha percepção da humanidade. Vou andando pelo mundo sendo um palhaço, fazendo os outros rirem através do ridículo, do sarcasmo, de uma ironia, um duplo sentido ou uma excentricidade. O resto é consequência.

Chegamos ao nº 2. A acolhida do nosso primeiro número foi bastante acima das expectativas. Agradecemos a todos os que nos apoiaram. Mesmo! Muito! De verdade! Nesta edição temos algumas novidades. Uma seção de poesias, vários colaboradores, crônica, artigo de Psicologia, a história de um Palhaço, Culinária...

Apresentamos nossa primeira parceria de conteúdo e financiamento: a Cicle Dois Irmãos. Agradecemos ao empresário Ulisses Lemos. Sejam bem-vindos.

Outro efeito desta acolhida é o encorajamento para o projeto que busca oferecer, gratuitamente, aulas de Redação Dissertativa para alunas/alunos da escola pública.

Essas conquistas custam, espaço e dinheiro. Por isso passamos para 12 páginas e nos abrimos para mais participações e colaborações. Principalmente parcerias.

O que esperamos para o nº 3? Do que tivemos para esta edição, mais e melhor. Até lá!

Custo total das duas edições: R$ 1.490,00[gráfica R$ 1.210 / transporte R$ 250 / administração R$ 30]

Verbas recebidas: R$ 320,00A diferença de R$ 1.170,00 foi coberta pelas duas instituições que nos dão suporte.

Parte dos anúncios é de cortesia, por simpatias, agradecimento ou parcerias de várias naturezas.A distribuição das verbas que chegam e das que saem está à disposição de curiosos de

qualquer natureza: basta contatar-nos. Reafirmamos nosso compromisso de que ela busca o equilíbrio necessário para cobrir os custos de produção e apoiar os projetos anunciados.

Não mais.Diagramação amadora: voluntário João Pedro Gonçalves da Silva, ao qual agradecemos

Expediente

RELATO DE UM PALHAÇO DO SINAL

Daniel Almeida,palhaço,artista visual,agitador cultural.

Parceiros de conteúdo e financiamento

Page 3: Pelos Bigodões - edição 2

Número Página 302 – fevereiro/2015

Duas rodas e cidadaniaDIFERENCIE CICLOVIA, CICLOFAIXA,CICLORROTA E CICLOVIA OPERACIONAL

É um espaço segregado para fluxo de bicicletas.

Isso significa que há uma separação física isolando

os ciclistas dos demais veículos. A maioria das

ciclovias de orla de praia são exemplos de vias

segregadas.

Essa separação pode ser através de mureta,

meio fio, grade, blocos de concreto ou outro tipo

de isolamento fixo. A ciclovia é indicada para

avenidas e vias expressas, pois protege o ciclista

do tráfego rápido e intenso.

CICLOVIA

CICLOFAIXA É quando há apenas uma faixa pintada no chão,

sem separação física de qualquer tipo (inclusive

cones ou cavaletes). Pode haver “olhos de gato” ou

no máximo os tachões do tipo “tartaruga”, como os

que separam as faixas de ônibus.

Indicada para vias onde o trânsito motorizado é

menos veloz, é muito mais barata que a ciclovia,

pois utiliza a estrutura viária existente.

De uso mais recente, o termo ciclorrota significa

um caminho, sinalizado ou não, que represente a

rota recomendada para o ciclista chegar onde

deseja. Representa efetivamente um trajeto, não

uma faixa da via ou um trecho segregado, embora

parte ou toda a rota possa passar por ciclofaixas e

ciclovias.

CICLORROTA

Faixa exclusiva instalada temporariamente e

operada por agentes de trânsito durante eventos,

isolada do tráfego dos demais veículos por

elementos canalizadores removíveis, como cones,

cavaletes, grades móveis, fitas, etc.

As Ciclofaixas de Lazer, montadas aos domingos

em várias cidades, são tecnicamente ciclovias

operacionais, já que são temporárias e têm sua

estrutura removida após o término do evento

semanal.

Fonte http://vadebike.org/

CICLOVIA OPERACIONAL

Podemos aprender com a “História das ciclovias holandesas”

Fala-se muito na Holanda como exemplo da civil idade a que deveríamos almejar. Sim, como é comum em todo o norte da Europa. A presença das bicicletas no cotidiano, e o como a urbanização a respeita e, ao mesmo tempo, se aproveita dela são de dar inveja.

O que poucos sabem é que essa realidade só começou a ser construída como resposta a uma enorme crise.

O jovem JONI HOPPEN postou um vídeo no Youtube (localize-o pelas aspas do título desta nota) explicando que a partir do pós-guerra até os anos 70 a Holanda enriqueceu muito. A população buscou consumir e, nesse processo, as vendas de automóveis dispararam, tomando espaço das ciclovias que, sim, já existiam, mas nem de perto com a eficiência de hoje: não eram conectadas, por exemplo. A preferência nunca tinha sido delas. Só no ano de 1971, 3.300 ciclistas foram mortos no trânsito; destes, mais de 400 eram crianças e jovens de até 14 anos.

A população protestou. O contexto colocava outra questão: a partir de 1973 o preço do petróleo disparou. A partir de então, políticas várias foram criadas, como a proibição do uso dos carros aos domingos e a sua exclusão do centro das cidades. A população apoiou e exigiu mais, até que chegamos à realidade atual, em que a Holanda tem o maior índice de ciclistas por habitantes do mundo. E é um dos países mais seguros para se andar de bicicleta.

O nosso desafio, como já tratamos no número anterior, é promover as transformações a partir da percepção de que sim, estamos em crise. Nas grandes cidades o trânsito já é mais lento, em vários trechos/horários, do que eram as carruagens do Velho Oeste norte-americano. Acrescenta-se a isto os limites de sustentabilidade já ultrapassados.

São Paulo, com o prefeito Haddad tem sido de uma ousadia que merece atenção de todo o país. E nossa Resende também tem se destacado, proporcionalmente, com a mesma ousadia.

É pouco, mas precisamos reconhecer que nossosadministradores não têm tido aquele que talvez tenha sido o maior incentivo com o qual os da Holanda contaram: a apoio claro, efetivo, explícito e decisivo da população. Haddad temenfrentado oposição que beira a ignorância, e em Resende a resistência de parte significativa dos comercianes da Cel. Mendes (Manejo) só pode ser explicada pela dificuldade de se pensar um pouco além dos interesses particulares e imediatos.

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ós.

ALVÍSSARAS! A CICLE DOIS IRMÃOS é a primeira parceria doPELOS BIGODÕES na produção de conteúdo e nofinanciamento do espaço. É por reconhecê-los como especialistas no assuntoque vamos consultá-los, a partir do próximo número,quanto ao que publicarmos sobre bicicleta, ciclismo,mobilidade urbana e tudo que tenha a ver com oexercício da cidadania sobre duas rodas.

Page 4: Pelos Bigodões - edição 2

Número 02 – fevereiro/2015 Página 4

Pelos bigodes do poeta Por sugestão da Susana, o espaço que dedicamos a partir deste número à poesia fica batizado assim. Pedimos a ela uma pequena identificação, para dar o devido crédito à colaboração. Ela se identificou como “Susana Monteiro, cliente da Gregos & Troianos e leitora do Pelos Bigodões =)”. Para combinar com o espírito da página, o “interessado” Hélder Câmara completou: “Eu diria também que ela é uma estudiosa da beleza, em todos os âmbitos, desde quando olha no espelho até quando cursa Belas Artes naRural...mas aí é o meu olhar apaixonado.rs”

Ah!, o amor!

E estão todos convidados a ver aqui publicadas as suas ousadias em versos e estrofes. É só entrar em contato (pelo e-mail no expediente).

Uma provocação do poeta que inspirou o título deste informativo cultural: Paulo Leminski

+

Aviso aos náufragosEsta página, por exemplo,não nasceu para ser lida.Nasceu para ser pálida,

um mero plágio da Ilíada,alguma coisa que cala,

folha que volta pro galho,muito depois de caída.Nasceu para ser praia,

quem sabe Andrômeda, AntártidaHimalaia, sílaba sentida,nasceu para ser última

a que não nasceu ainda.Palavras trazidas de longe

pelas águas do Nilo,um dia, esta pagina, papiro,

vai ter que ser traduzida,para o símbolo, para o sânscrito,para todos os dialetos da Índia,

vai ter que dizer bom-diaao que só se diz ao pé do ouvido,

vai ter que ser a brusca pedraonde alguém deixou cair o vidro.

Não e assim que é a vida?

Ineifran Varão nasceu no Maranhão. Mudou-se para o Rio de Janeiro na passagem da adolescência para a vida adulta. Há cinco anos escolheu

Resende como sua nova casa. A carreira tecnológica não estancou sua veia poética, para gáudio dos amantes da literatura. Formado também em inglês, é professor, intérprete, poeta e escritor.

Conheça sua obra e seus livros nestes dois links:

http://www.ineifran.net/http://ineifran.blogspot.com.b

BUCOLISMO COM PROGRESSO (soneto clássico)Bucólica cidade, calma e bela,Ao pé da Mantiqueira ela nasceu!Do tempo traz histórias que viveu,Conversas na varanda... Na janela...

Bucólica cidade, que inda zelaPor coisas que seu povo ali aprendeu!

Quem é daquele tempo lembra dela,Em coisas que a memória não esqueceu...

Gigante que o progresso alavanca,Desponta, qual Detroit do Brasil,Na mídia, nos jornais, em cada banca,

Assusta ao resendense ainda gentil,Que abraça ao forasteiro, sem carranca,

E, aos poucos, vai mudando o seu perfil!

PERNILOUCO

A luz encanta e atrai

Atrai para trair

Traído pelo calor

Morreu tostado

O pernilongo que jura:

Morreu de amor

Luciano Gonçalves, quando jovem, tentou cometer uns versos. A idade explica. Mas eis que um dia leu LEMINSKI, e seus olhos pingavam entre um conjunto de poesias (sic) e outro. As suas e as deles. E então prometeu que nunca mais tentaria escrevê-las. E para o bem da humanidade, rasgou seus rascunhos. E se sentiu melhor. Mas uma escapou. Mas avisa para que fiquemos todos tranqüilos: não haverá outras.

PASTORALÀ sombra do bambuzal,O boi nelore rumina seu espírito.O bambuzal é à flor da pele:Impossível a imobilidade,Mesmo com esse mormaço,Mesmo com essas três horas da tarde.Ao pé dele, a estradinha faz uma curva e segueTateando sensualidade.Dois coelhos e um sabiá(mínima, semínima, colcheia).Pousam nos fios cambados que,Em contraponto,Seguem a melodia da estrada.Graves, estendendo contida tensão por sobre tudo,Os grossos fios federais jogam o somDos violoncelos por entre os braços dos gigantes.O motor da moto no lugar da percussãoDo casco da mula é sóUma dissonância.O que desafina é a câmara branca,Ladrilhada,Que espera,Em série,O boi nelore.

Na Companhia do Minotauro

Xs garotxs perdidxs são de hábitos estranhos.Se prostituem,

Se drogam,Picham as cidades, invadem lugares

Abandonados, cometem crimes e artePraticam imposturas morais

Sem culpa, estão apegadxs à sua inocência.Embaixo da ponte, dependuradxs de ponta cabeça,

abraçadxs em fraternidade, ensaiam seu coro.A musica está marcada para depois da meia noite.

Então, outras vozes falaram.Só os anjos caem.

Não há luz sem fogo para xs garotxs perdidxs,iluminadxs pelas chagas de seus corpos, vivem de

corromper o mundo via a promiscuidade dos sentidos.Com sentimentos avessos as purezas, sua felicidadeestá sempre na rua ao lado ou na próxima esquina

do lugar onde vendem a ordinariedade desuas pessoas.

Não cabem nas palavras, tremendxs!Conheço na rua uma velha perdida desde criança

neste mesmo labirinto.Ela responde as perguntas dos espíritos que

me acompanham.Eles sabem que o caminho é sem caminho. Ousaram

extrapolar sua moldura, manchar os passos comcores inventadas. Querem acrescentar sua

loucura ao mundo.São a loucura do mundo.

São o caos.Amam o caos.

São o caos, e a primavera, e o inverno,o caos, caos, três vezes o caos!São pela destruição fulminante,

Em nada lhes convém as ruínas desmoronadas.Aprenderam a viver sobre os escombros.

São assim.Não como os vejo.

O leitor deve escolher o gênero.

Gustavo Praça é uma referência na cultura da nossa região. Li e indico seus livros, e o

retorno tem sido ótimo. Seu jornal O PONTE VELHA há vinte anos narra, descreve e

disserta sobre a nossa comunidade. Com propriedade. Um encarte por

aproximadamente um ano foi um ensaio para que depois o PELOS BIGODÕES ganhasse

vida.O poema que nos mandou é, para nós, como

uma benção.Obrigado, Gustavo Praça!

Você não conhece oDaniel Almeida?Então dê uma palhaçadana página 2

Page 5: Pelos Bigodões - edição 2

Número Página 502 – fevereiro/2015

O livro A Formiga e a baleia, escritopor Gustavo Rela e Enia Mara de Carvalho,ilustrado também por Gustavo Rela, trazuma narrativa simples e leve, e ilustraçõesalegres e divertidas, o conto narra a trajetóriade uma formiga movida por sua curiosidade ea incansável busca pelo conhecimento. A saga de Hilda a leva a conhecer lugaresdiferentes e fazer inusitadas amizades ao longode sua jornada, combinando de maneira suaveprincípios de cidadania, biologia e lógica. O primeiro autor é Engenheiro de Produção,trabalha na indústria automobilística e pai deRafaela Rela. A segunda autora é EngenheiraAgrônoma , doutora em Fitopatologia e mãe deJúlia monerat e Laura Monerat. Ambos residentes

em Resende, RJ, se aventuraram pelo mundoliterário infantil, por estarem envolvidos na arte de contar de histórias para suas filhas e,principalmente por acreditarem que a leitura é umdos meios mais eficazes de proporcionar odesenvolvimento da imaginação, emoções esentimentos de forma prazerosa e significativa,contribuindo para a formação do indivíduo crítico,responsável e atuante na sociedade. “O encantamento pela fantasia e pelo aprenderbrincando me levou a querer escrever uma históriaque aliado ao entusiasmo, às idéias e ao talento paradesenhar de Gustavo, a história ganhou forma erealidade”, relata Enia Mara. O Livro pode serencontrado em Resende com os autores ou naloja Gregos e Troianos.

Autores de Resende lançam livro infantil: A formiga e a baleia

NoPELOS

BIGODÕES

nº 3, em março, um pouco dos5 anos da

história do COLÉGIO GÊNESIS

Page 6: Pelos Bigodões - edição 2

Número Página 602 – fevereiro/2015

Aulas de REDAÇÃO- particulares ou em grupo, preparatório para Enem e concursos.

Os encontros focam em três tópicos: gramática, técnica dissertativa e abordagem do conteúdoA cada encontro são passados propostas de textos para serem entregues durante a semana. A devolutiva é feita no encontro seguinte, com análises e, se for o caso, indicações para que seja

reelaborada. Cada texto é lido junto com o aluno, para apontamento das virtudes, dos progressos, e de como o texto poderia ter sido melhor desenvolvido.

Variada indicação de fontes para, ao longo do ano, melhorar o entendimento dos assuntos mais “cotados”.

A cada encontro corresponde farto material de apoio.

REDAÇÃO para alunos da ESCOLA PÚBLICA > Turma 1

A GREGOS E TROIANOS – casa de leituras está patrocinando aprimeira turma de Redação para jovens do 3º ano do Ensino

Médio da ESCOLA PÚBLICA.As candidatas e os candidatos devem retirar a Ficha de Inscriçãono sebo. Ela deve ser devolvida preenchida e acompanhada de

uma carta de apresentação de uma professora ou professor.

13 encontros de 2 horas-aula / às segundas: 20hMaterial gratuito

Correção de textos

- contato > 2109.0246

Espaço de encontros para aulas de Filosofia e Redação, na sala 817 (8º andar do Bloco B) do Resende Shopping

Sala @escrevendo

Estamos cadastrando interessadas einteressados em compor uma turma de estudos

de latim. A contribuição financeira de cadauma/um será baixa, já que os custos

corresponderão apenas ao material, ao uso da salae aos honorários do professor.

Vamos estudar LATIM?

Assistência TécnicaVenda de Computadores

Suprimentos e Períféricos

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Page 7: Pelos Bigodões - edição 2

Número Página 702 – fevereiro/2015

Em paralelo à leitura de O MUNDO DE SOFIA, de Jostein Gaarder.Cada um dos mais importantes filósofos da história apresentados didaticamente.

- anfitrião: Luciano Gonçalves

CURSO DE HISTÓRIA DA FILOSOFIA

15 encontros Em casa, os participantes vão lendo os capítulos. Nos nossos encontros os filósofos e suas idéias vão sendo melhor conhecidos.Material didático desenvolvido especialmente para este curso. Bom acervo de livros, revistas e filmes colocados à disposição dos estudos.

Público-alvocuriosos e interessados em cultura geral, em história,

estudantes do Ensino Médio, pré-vestibulandos e

universitários.Investimento total, com

apostila e material complementar incluso: R$ 280

(parcelamos em 3 vezes)

Turma de Quarta > 19h30 às 21h30Mar – 18 / 25Abr – 8 / 15 / 22 / 29Mai – 6 / 13 / 20 / 27Jun – 10 / 17 / 24Jul - 1 / 8

Turma de sábado manhã > 9 às 11hTurma de sábado tarde > 16 às 18h

Mar – 14 / 21 / 28Abr – 11 / 25Mai – 9 / 16 / 23 / 30Jun – 13 / 20 / 27 Jul – 4 / 11 / 18

Inscrições na GREGOS E TROIANOS - casa de leituras / tel. 2109.0246

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Contato: celular(24) 99927.0857

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Algumas bonecas podem ser compradas na Gregos e Troianos, com 100% dos

valores entregues à artesã.

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Bonecas de pano

Page 8: Pelos Bigodões - edição 2

Número Página 802 – fevereiro/2015

Professora/Professor

Professor britânico de inglêsRecém-chegado em Resende,

com 20 anos de experiencia preparandoalunos para os exames de FCE, CAE, CPE,TOEFL, IELTS, e conversação, inglês para

viagens, médicos e advogados,em São Paulo, Brasilia e Rio de Janeiro,

dá aulas individuais e em grupo, e faz traduções (português > inglês)

(021) 97224 4008 (024) 99955.1291

Robin Ward CAIO MARCELLO COSSÚ

AULAS PARTICULARES:Ensinos Fundamental, Médio e Superior

Aulas individuais ou em grupo,conforme combinado!

Aulas de matemática, física equímica para alunos dos ensinos

fundamental e médio.Aulas de cálculo diferencial e integral,química, física teórica, resistência dos

materiais, termodinâmica, mecânica dos fluidos, transmissão de

calor, entre outras matérias deengenharia, em geral.

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anuncie aqui,

Como ajudar?Doando para a entidade. Você pode se comprometer com uma pequena quantia mensal ou mesmo com doações esporádicas.Doando ração ou material de limpeza.Participando de bazares que frequentemente buscam arrecadar fundos.Você pode vender livros para a GREGOSE TROIANOS e solicitar que os valores obtidos sejam destinados à Cãodomínio. Aliás, você mesmo pode, na hora, fazer o depósito no cofrinho que a entidade mantém no sebo.Se você tem um empresa, pode anunciar aqui no PELOS BIGODÕES e encaminhar 88% do valor do anúncio para a CÃODOMÍNIO.Pode divulgar o trabalho da ONG pelas redes sociais. Afinal, quantos mais conhecerem de perto este trabalho, mais apoios surgirão.Pode entrar em contato pelo telefone 3359.0145 e perguntar sobre como ser útil.

Page 9: Pelos Bigodões - edição 2

Número Página 902 – fevereiro/2015

O que é um sebo?Basicamente, uma livraria que compra, troca e vende livros

usados. E também, frequentemente, como é o nosso caso, revistas, gibis, LPs, CDs e DVDs. Alguns, como o nosso, também vendem livros novos, principalmente quando adquiridos em promoções, saldões e liquidações.

Qual a origem da expressão “sebo”?Qualquer googlada aponta várias hipóteses. Mas como somos

simpáticos à “Navalha de Ockham” (que simplificadamente diz que, diante de várias possibilidades, a resposta correta tende a ser a mais simples) cremos que a acepção de sebo (do latim sebum, “gordura”) tenha surgido como metonímia brincalhona a partir da ideia irrefutável de que livros muito manuseados ficam ensebados, sujos, engordurados.

Os livros são sempre baratos?Quase sempre, mas nem sempre. Nas livrarias tradicionais os preços são muito próximos, porque

os livros são novos e saíram há pouco tempo das editoras. Como os sebos trabalham com livros usados, os preços são mais baixos.

Mas os sebos também cumprem outra função: a de serem oportunidade para que se encontrem livros que já saíram de catálogo. Livros esgotados, antigos e, em alguns casos, até mesmo raros. Nestes casos, os preços atendem à lógica da oferta e da procura. De qualquer forma, não se costuma encontrar em outros lugares os mesmos livros por preços menores. Ou seja, nos sebos se encontram os melhores preços, mesmo quando são altos.

Por que os livros não costumam ser catalogados?Porque isso demandaria estrutura (espaço, organização e

pessoal) que elevaria de tal forma os custos que o sebo perderia sua principal função: oferecer leitura de qualidade a preços baixos.

O que fazemos é classificar os livros por seções, e então convidamos os frequentadores a percorrê-las.

Numa livraria tradicional é muito comum que o cliente vá em busca de um livro específico, e então é fundamental que a loja saiba se o tem e onde ele está. E com rapidez. Já o freqüentador de sebos tem outro costume: o de percorrer, com gosto, as prateleiras em busca de algo que lhe chame a atenção. Sebo é garimpo.

Como os livros são adquidiridos?Os usados, quase sempre, trazidos pela comunidade. Pelos

mais variados motivos, como mudança, otimização de espaço. Com muita freqüência, movidos pela filosofia de que uma vez lidos, os livros devem encontrar outros leitores. Também são trazidos para serem trocados por outros títulos.

Os livros novos são garimpados, atualmente via Internet, em saldões e promoções.

Quadrinhos

gibis, mangás, literaturaem quadrinhos, técnica

de desenho. Venha conhecer nosso acervo.

Gregos e Troianos casa de leituras

O que é e como funciona um sebo? Como é calculado o preço pelo qual adquirem os livros

que são levados ao sebo?Basicamente pelo valor de mercado, considerando duas

variáveis: a) é um título procurado?; b) qual o estado de conservação do livro?

Às vezes o estudante paga R$ 40, R$ 50 por um livro pedido pela escola. É o valor normal do livro. Só que ele só é comprado porque a escola solicitou. No sebo não podemos pagar muito por ele porque a chance de aparecer algum comprador é muito pequena. Érico Verissimo é um dos nossos maiores clássicos, com muitas e muitas edições de suas obras. Mas é muito pouco procurado nos sebos. Aproximadamente 90% da procura por Jorge Amado é pelo título “Capitães da areia”, em que pese a qualidade de sua obra. Cada volume da saga Crepúsculo (Stephenie Meyer) está em catálogo por aproximadamente R$ 40, mas eles simplesmente não vendem mais. Há até uma overdose deles nos sebos.

Como funcionam as trocas?As trocas costumam ser um negócio mais interessante. Os

critérios de avaliação são os mesmos para compra, mas como os preços dos livros que temos embutem uma margem de lucro, temos maior flexibilidade nessa negociação. Como compramos alguns livros em promoções muito vantajosas, podemos proceder a trocas mais convenientes. Mas ela se inicia a partir da lógica 2 por 1. O cliente deixa dois livros para levar um. A loja ganha na diferença financeira, e o leitor ganha ao se desfazer do que já não lhe é interessante para adquirir algo que queira no momento.

Vocês aceitam doações?A Gregos e Troianos não só as aceita como, sempre que

tem a oportunidade, aproveita para agradecê-las. Parte do acervo vai para as prateleiras para venda. Parte é doada na frente da loja, a interessados em pesquisas ou leituras.

Num cálculo muito, mas muito modesto, estimamos já termos distribuído pela cidade, das mais diversas formas, mais de 40.000 livros. Apoiando projetos como o #LivroLivre, montando pequenas bibliotecas em instituições que pedem nossa colaboração, atendendo a pedidos de creches e ONGs, “esquecendo-os” em praças e pontos de ônibus. Aliás, se você quiser montar uma banca de #LivroLivre no seu ponto comercial ou outro espaço adequado, é só nos procurar.

Na porta da nossa loja, todos os dias, de um lado há a pilha de livros explicitamente gratuitos. É só passar e pegar. E de outro lado, prateleiras de livros de literatura, em bom estado, para troca ou venda a R$ 1, R$ 2 ou R$ 3 reais... mas que também podem ser levados gratuitamente. Só não são explicitamente gratuitos para evitar que sejam levados apenas por essa facilidade, sem que haja um real interesse em leitura. Vale ressaltar que nessas prateleiras com muita freqüência se encontram títulos que, dentro da loja, são vendidos por R$ 15, R$ 25, ou mais.

Page 10: Pelos Bigodões - edição 2

Número Página 1002 – fevereiro/2015

Histórias que todo mundo já ouviumas não se lembra.

Vinte anos de olhares e colunas tortas. Publica algumas coisas em:

https://eisquadros.wordpress.com/

Tempos cruéis

Na primavera de 1955, o governo soviético devolveria as obras recolhidas dos acervos alemães na guerra; antes, porém, as expôs por três meses em Moscou. Dentre quadros, esculturas e manuscritos, a Madona Sistina de Rafael reinava imponente no primeiro andar do Museu Púchkin. Numa manhã, o escritor Vassíli Grossman teve seu encontro com a Virgem que carrega descalça o filho no colo. Naquela altura, Grossman já era respeitado por sua literatura na língua russa, havia sobrevivido como combatente na guerra e, mais impressionante, aos expurgos promovidos por Stálin.

Seus relatos sobre o campo de Treblinka, onde esteve em campanha em 1944, serviram como evidência no Tribunal de Nuremberg e deram forma a um dos textos mais contundentes sobre o genocídio judaico. No entanto, é na visãoda Madona de Rafael que Grossman expõe sua experiência mais íntima do que é o valor humano: “Vi seus olhos e os reconheci imediatamente.

Quatro séculos antes, Rafael havia pintado a expressão de quem vai ao encontro do seu próprio destino.” A Virgem com o filho nos braços olha para o espaço fora da tela, e nesse olhar Grossman reconhece a ciência da maternidade fadada a seu fim, o filho entregue ao mundo. “O que vi foi uma jovem mãe com uma criança nos braços.” O desespero que Grossman vê nos olhos da mãe na pintura de Rafael é o mesmo daqueles que sabiam de seu destino em Treblinka: “Eu a reconheci pela expressão do rosto e dos olhos.

Era essa a expressão das mães e das crianças quando viam, contra o fundo verde-escuro dos pinheiros, a parede branca da câmara de gás de Treblinka, e assim eram suas almas.” Nesse martírio, porém, o escritor também enxerga a esperança da mãe que acredita na experiência humana, depositada sobretudo na faísca de humanidade presente em seu filho no colo.

Rio de Janeiro, quinze de dezembro de 2014, dez dias para o natal, e a ONG Rio da Paz planta cruzes nas areias da praia de Copacabana representando as vítimas da violência no estado. Na televisão, uma favela não longe dali e Dolores, mãe de três, chora a morte do filho do meio: “O meu menino era tão bom...” Fabiano, dezesseis anos, não conseguiu ver as fotografias premiadas expostas numa galeria carioca na mesma rua de onde deu seu último suspiro. A mais comentada, vencedora do World Press Photo 2011, é do artista espanhol Samuel Aranda, e mostra uma mãe que abarca o filho machucado, alvo de gás mostarda dos protestos no Yemen, em 2011. O desespero mudo, estampado no fotograma estático, é o mesmo do choro congelado de Fabiana na tevê. O mesmo das vítimas de Treblinka, o por quê que não se cala nos olhos imóveis.

Um quarto de maternidade, o mesmo quinze de dezembro, a mãe amamenta o filho recém-nascido enquanto a televisão ligada mostra o reporter entrevistando uma senhora em prantos: “O meu menino era tão bom...” Denise nunca viu a Madona Sistina, nada sabe sobre literatura russa ou fotografias premiadas. Um espectador, pelo vidro da janela da maternidade, porém, reconheceria na mãe com o bebê no colo o mesmo sentimento da Madona que coloca o filho no mundo: a certeza de uma realidade absurda com a fagulha de esperança nas mãozinhas que tateiam seus braços. Vassíli Grossman, ao presenciar, escreveria o mesmo de quando naquela manhã de 1955: “Nunca houve tempo mais cruel do que o nosso; no entanto, não deixemos morrer aquilo que é humano no homem.”

Rodrigo Prado

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Page 11: Pelos Bigodões - edição 2

Número Página 1102 – fevereiro/2015

ParadoxoDomingo. Daqueles que se arrastam. Estava

sentado na varanda, bebendo e vendo os carros passarem. Um deles para, faz a volta e encosta na minha garagem. Eu reconheço a voz antes mesmo de ver o rosto. “Eu disse que cê tava falando merda!”

João sobe os degraus da varanda olhando pra mim e repetindo “Eu disse... Eu disse!” Fecho os olhos e tomo um longo gole. João tem esse efeito nas pessoas. “O que você me disse?” pergunto, jogando uma latinha pra ele. Ele toma um gole e conclui “Que você tava falando merda.”

“Tá tudo aqui ainda!” ele diz estendendo os braços, fazendo respingar cerveja pra todos os lados. “Você disse que o mundo ia acabar, mas tá tudo aqui ainda.” Eu não tenho ideia do que ele está falando. Nenhuma. Meu rosto mostra isso, ele tenta se explicar. “O paradoxo, você falou que se rolasse um paradoxo o mundo ia acabar, né?” João abre os braços novamente. “Tá tudo aqui ainda!” Eu olho em volta. Realmente, tá tudo aqui ainda.

Paradoxos. Eu começo a entender do que ele está falando. Lembro vagamente de ter discutido o assunto durante uma partida de buraco no dia anterior. Lembro também que o João insistiu que eu estava mentindo. “Não é possível isso.” Passamos horas discutindo, todos na mesa tentavam explicar o conceito, nada entrava na cabeça dele até que eu comentei, “Mas é lógico que não é possível, João. Se tivesse um paradoxo o universo deixaria de existir.” Ele passou o resto da noite em silêncio.Me reclino na cadeira e bebo até matar a cerveja. Coloco a lata no chão e olho pro João, o sorriso bobo de “eu estava certo” continua estampado no seu rosto. “De que paradoxo você tá falando?” Ele faz uma cara de confuso, como se não entendesse que existisse mais de um tipo. “O negócio de matar o avô, você disse que se eu matasse meu avô o mundo ia acabar!” E ele abre os braços novamente, como se apontasse para o mundo.

Levo um momento pra entender. Pego outra latinha, puxo o anel, o som de gás escapando preenche o ar por uma fração de segundo. “Você tem que voltar no tempo, João. Só é um paradoxo se você matar seu avô antes de ter nascido.”

Quase posso ouvir as sinapses se comunicando quando vejo o brilho de compreensão nos seus olhos. Um cintilar instantâneo, imediatamente substituído por arrependimento. Ele coloca a lata meio vazia no chão. “Acho... Acho melhor voltar pra casa, tenho que resolver uma parada.” Tomo mais um gole. “É melhor mesmo.”Domingo. Daqueles que se arrastam.

Solicitamos uma identificação para a foto, e ele mandou esta: ["Pedro Miller está vivo e pretende continuar assim por tempo

indeterminado." ou alguma baboseira dessas.]. Mas soubemos que um dia um professor de redação o apresentou aos seguidores do Twitter afirmando que se

alguém quisesse ver um escritor nascendo... era só seguir o @pedromiller

Saberes & sabores

A Literatura Brasileira é notoriamente rica em suas muitas nuances. Seus principais ícones descortinaram o país através da sua arte, exibindo os hábitos alimentares, culturais e religiosos de cada região. Alguns dos nossos principais autores expressaram suas paixões pela culinária de forma clara , usando as vozes dos seus personagens para revelar seus pratos prediletos, assim, colocando ao conhecimento de todos os leitores a grande diversidade gastronômica espalhados pelo Brasil. Machado de Assis, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e apreciador da boa mesa, valorizava os sabores da terra e a culinária tradicional da família. Avesso aos estrangeirismos, pregava a não aceitação de outros costumes no nosso cotidiano. Seu doce preferido era Mãe Benta, um tipo de doce feito com farinha de arroz.

Monteiro Lobato defendia a culinária simples do Vale do Paraíba através de Tia Nastacia, em seu lendário Sítio do Pica Pau Amarelo. Eternizou o Bolinho de Chuva e muitas outras receitas igualmente saborosas. Jorge Amado fez um verdadeiro banquete com seus saberes gastronômicos em muitas das suas obras. Em Dona Flor e seus dois maridos esbanjou sabor ao descrever a riqueza dos quitutes baianos. A literatura, assim como a gastronomia, é uma questão de puro prazer. Ninguém se propõe a elas se não houver paixão, entrega de sentimentos e respeito a quem se destina.

formada em Literatura contemporânea de língua portuguesa e gastronomia.

Atualmente só cozinho e escrevo

Obs: a redação do informativo PELOS BIGODÕES não entendeu o “só”: cozinhar e escrever seriam sagrados, se sacralidades

houvesse.

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Page 12: Pelos Bigodões - edição 2

Número Página 1202 – fevereiro/2015

HUMANIDADE: UM RESUMO23 de novembro de 2001, adaptada em 22 de fevereiro de 2015

Houve um momento na história dos povos em que cada cultura vivia sua cosmologia como se ela fosse a única explicação para a vida. Grupos nômades, tribos ou civilizações desconheciam outras possibilidades. O terreno e o divino conviviam numa só realidade no cotidiano de cada povo.

Mas as populações foram crescendo, caminhando, construindo, descobrindo... foram se descobrindo. Cada povo foi tomando contato com outras respostas.

Da diversidade veio a riqueza. O estranhamento das culturas entre si era um novo modo de olhar para o mundo terreno, para o espiritual, para o próprio homem. A História mostrou das mais diversas formas como uma cultura foi aprendendo com a outra.

Contraditoriamente, a diversidade também possibilitou um outro tipo de estranhamento. Um estranhamento a partir do qual nada se aprendia, mas se desaprendia. Uns tentaram dominar outros. Ao mesmo tempo, uns mais, outros menos, todos fomos vítimas e agressores. E a mesma História que nos conta das conquistas, também nos conta de medo, intolerância, ódio.

Esse contexto é agravado por algumas características da nossa época:

? no mundo globalizado, não há como reverter uma situação de entrelaçamento entre todas as culturas;

? mas isso é dolorido, não temos tempo para nos compreender, pois a lógica dessas relações é a lógica do comércio, da indústria, do dinheiro, da televisão, da internet;

? e já que essas relações são inevitáveis, a interação só tem se dado na medida em que o que nos diferencia não é posto em questão. E então é só a lógica das coisas que interessa. Cadê a lógica dos homens? Já não nos interessamos a nós mesmos, pois não temos tempo;

? nos relacionamos cotidianamente como se fosse possível fazê-lo independentemente de nossos pressupostos antropológicos. Mas nós não somos mercado, nem produtos, e nossos olhos não aceitam essa redução;

? entretanto, não nos conhecemos, e por isso, ainda que não predispostos a isso, somos minados pelo preconceito e pela intolerância. E deles nascem o desrespeito e a agressão de cunho étnico e, principalmente, religioso.

É preciso humanizar essa lógica. Assumir os valores republicanos como os mais avançados passos já propostos a tantas caminhadas que, justamente por não serem paralelas, se cruzam. É preciso nos admirar mais com o outro, porque aprendemos é quando conversamos com quem pensa diferente da gente. Que a intolerância só seja admitida, na proporção adequada, por uma causa: para combater intolerâncias não-republicanas.

Prof. Luciano @escrevendo

Presença, Contato e Virtualidade

Facebook, Whatsapp, Instagran, Twiter... Como você se conecta? Como você faz contato? Presente na virtualidade? Ausente na realidade?

Os relacionamentos contemporâneos exigem rapidez, beleza, humor, fluidez. Não há tempo de espera, não há espaço para a tristeza, para a reflexão, para os vazios que permitem brotar o novo. Tudo é preenchido rapidamente, o feed de noticias não pode parar de emitir novidades, que devem ser de rápida digestão, ninguém tem tempo, todos com pressa.

Até mesmo os relacionamentos amorosos têm sido estabelecidos e mantidos através de aplicativos e redes virtuais. O que está em jogo quando o contato é filtrado por uma tela? Seria a sensação de segurança, de ver sem ser visto? A possibilidade de criar um simulacro de si mesmo, uma virtualidade mais atraente que o real? Ou também o contato imediato e intermitente, o poder acessar e ser acessado em qualquer lugar, a qualquer momento... contato virtual em tempo real. O contato virtual, rápido, efêmero e ininterrupto é bem retratado na frase de Milton Machado “um homem tão abrangente que ocupasse o mundo todo , menos o espaço de seu próprio corpo, seria um bom ajudante para um mau atirador de facas”. Estar em todos os lugares ao mesmo tempo, ironicamente significa não estar em lugar nenhum, não há inteireza.

Neste contexto muitos chegam aos consultórios de psicoterapia com a queixa de não encontrarem pessoas com as quais consigam estabelecer uma relação de intimidade verdadeira. É sofrer pelo paradoxo do desejo por uma relação íntima e o medo de se entregar, de se expor, de se lançar ao risco do encontro amoroso. Em nome de preservar sua individualidade, cada vez mais as pessoas se tornam ensimesmadas e solitárias e, evidentemente, frustradas. O encontro autêntico, seja amoroso ou de outra ordem, exige inteireza de presença. É preciso se arriscar, lançar-se no desconhecido, arriscar perder-se no outro para encontrar a si mesmo.

E o que pode nos garantir presença e inteireza? Como não ser engolido por essa roda viva? Não é fugir desse barco, mas ir um tanto contra a corrente! No meio desta correria e falta de tempo permitir-se ser o poeta marginal de Paulo Leminski: por-se à margem para dar passagem ao novo. Cultivar o tempo de espera, de não saber. Não preencher todos os espaços, deixar um tempo para que as coisas possam decantar, para que as pessoas possam se encantar. Voltar ao próprio potencial corporal. Reconhecer a si mesmo naquilo que você não apenas tem, mas naquilo que você é: corpo imbricado no mundo!

Júlia Dile – Formou-se em psicologia pela UFRJ e é Gestalt-Terapeuta. Interessada em tudo que nos torna humanos.

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Júlia Dile M. A. M. Braga