pela tua obra saberÁs de quem És filho os deuses … · que “esses idiotas” calassem a boca....

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Ano 01 nº 06 Novembro 2015 www.portalnovosrumos.com.br OS DEUSES DAS RELIGIÕES JESUS DEUS DO BEM, JAVÉ DEUS DO MAL Um semeia paz, amor e igualdade, o outro semeia discórdia, guerra, terrorismo, preconceito, desigualdade, miséria, adoração ao dinheiro, corrupção, mentira e ódio PASTOR SILAS MALAFAIA RELACIONA ATENTADOS EM PARIS AO PT E XINGA MUÇULMANOS APÓS GUERRA, SITUAÇÃO PALESTINA PASSOU DE DESASTROSA PARA ‘COMPLETAMENTE DESUMANA’, DIZ REPRESENTANTE DA ONU PELA TUA OBRA SABERÁS DE QUEM ÉS FILHO

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Ano 01 nº 06 Novembro 2015www.portalnovosrumos.com.br

OS DEUSES DAS RELIGIÕES JESUS DEUS DO BEM, JAVÉ DEUS DO MAL

Um semeia paz, amor e igualdade, o outro semeia discórdia, guerra, terrorismo, preconceito, desigualdade, miséria,

adoração ao dinheiro, corrupção, mentira e ódio

PASTOR SILAS MALAFAIA RELACIONA ATENTADOS EM PARIS AO PT E XINGA MUÇULMANOS

APÓS GUERRA, SITUAÇÃO PALESTINA PASSOU DE DESASTROSA PARA

‘COMPLETAMENTE DESUMANA’, DIZ REPRESENTANTE DA ONU

PELA TUA OBRA SABERÁS DE QUEM ÉS FILHO

ÍNDICE

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Vilson TeixeiraJornalista/Editor - Reg. 11795

Presidente da Editora Novos Rumos Ltda

Editoração/Artes: WDNRRedação: (51) 3501.2047

A revista é publicada mensalmente pela Editora Novos Rumos Ltda, e não se

responsabiliza por conceitos emitidos em artigos assinados.

editora

Ano 01 nº 06 Novembro 2015www.portalnovosrumos.com.br

OS DEUSES DAS RELIGIÕES JESUS DEUS DO BEM, JAVÉ DEUS DO MAL

Um semeia paz, amor e igualdade, o outro semeia discórdia, guerra, terrorismo, preconceito, desigualdade, miséria,

adoração ao dinheiro, corrupção, mentira e ódio

PASTOR SILAS MALAFAIA RELACIONA ATENTADOS EM PARIS AO PT E XINGA MUÇULMANOS

APÓS GUERRA, SITUAÇÃO PALESTINA PASSOU DE DESASTROSA PARA

‘COMPLETAMENTE DESUMANA’, DIZ REPRESENTANTE DA ONU

PELA TUA OBRA SABERÁS DE QUEM ÉS FILHO

11 TROPAS ISRAELENSES MATAM DUAS PESSOAS EM CAMPO DE REFUGIADOS PALESTINO

12 QUEM ‘PARIU’ CUNHA NA CÂMARA QUE O EMBALE

14 O CASO DOS DOIS PRIMOS DE AÉCIO CAMPEÕES DE CARONAS NOS VÔOS OFICIAIS

16 O DILEMA DE CAETANO VELOSO APÓS VISITAR A PALESTINA

18 MARINHO A BRIZOLA: “CONSTRUIR ESCOLAS, ESTÁ BEM… MAS NÃO PRECISA DISSO TUDO”

21 GLOBO TRANSFORMA ELEITOR DE AÉCIO EM ‘AMIGO DO PT’

22 DESASTRE AMBIENTAL EM MINAS É MAIS UMA HERANÇA MALDITA DO PSDB

25 RÚSSIA INVESTIGA TRÁFICO DE ÓRGÃOS QUE ESTADO ISLÂMICO ESTARIA FAZENDO DA SÍRIA À TURQUIA

08APÓS GUERRA, SITUAÇÃO PALESTINA PASSOU DE DESASTROSA PARA ‘COMPLETAMENTE DESUMANA’, DIZ REPRESENTANTE DA ONU

07 LOBISTA DOOU A IGREJA EVANGÉLICA COMO PARTE DE PROPINA PARA CUNHA

05 PASTOR SILAS MALAFAIA RELACIONA ATENTADOS EM PARIS AO PT E XINGA MUÇULMANOS

03 A GUERRA CONTRA O TERRORISMO NÃO É MAIS JUSTA QUE O TERRORISMO CONTRA A GUERRA

No salão das recordações (Acassa) está escrita a história daquele anjo

chamado Javé. Saturnino de An-tioquia, o grande cabalista, diz que Javé é um anjo caído, o gênio domal, o diabo. Javé é um demônio terri-velmente perverso. Javé é aquele demônio que tentou a Cristo no deserto e que levou à montanha para lhe dizer: “Itababo, todos estes reinos do mundo serão teus se te ajoelhas e me adoras.” Javé cha-mou ao povo judeu de “meu povo predileto”.

Fonte: Samael Aun Weor

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A GUERRA CONTRA O TERRORISMO NÃO É MAIS JUSTA QUE O TERRORISMO CONTRA A GUERRA

Atentados como o de sexta (13/11) têm que provocar reflexões mui-

to amplas. Onde caralhos nos perdemos? Em algum momento não estivemos perdidos? Em algum momento vamos nos encontrar?

Há registros de ataques terro-ristas desde a Grécia Antiga, com a diferença que, de modo geral, os terroristas procuravam evitar

vítimas colaterais, isto é, inocentes que não tinham nada a ver com a picuinha. No Império Russo, por exemplo, quando tentaram depor o Czar Alexandre II, houve diversos cancelamentos de ata-ques para evitar ferir inocentes. Até mesmo depois da Segunda Guerra Mundial, o terrorismo ain-da era aceito como parte de um contexto revolucionário. A ONU considerava legítimas as lutas pela

“autodeterminação” dos povos que se utilizavam de atos terroristas.

Foi só nos anos 70 que o terro-rismo começou a ser discutido em âmbito global, obviamente com os países ocidentais liderados pe-los EUA defendendo a repressão, enquanto a parte dos orientais e dos comunistas, defendiam a iden-tificação e eliminação das causas. Mas você sabe qual visão se tornou

Por Emir Ruivo

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Qualquer que seja a “visão oficial” da ONU ou dos EUA, no entanto, o fato é que o terrorismo tem causa. Um bom começo para entender estas causas é assistir a uma das mais brilhante palestras já produzida pelo TED, com o so-ciólogo americano Sam Richards.

O terrorismo não advém de uma guerra do bem contra o mau. Nada, nunca, é uma guerra do bem contra o mau. Guerras vêm simplesmente de necessida-des e crenças conflitantes. Vários conflitos poderiam ser resolvidos com o uso da razão, mas no fim das contas, nossa emoção é muito mais forte.

O problema quase sempre está em subjugar o amiguinho. Quan-do a Alemanha perdeu a Primeira Guerra Mundial, foi subjugada no tratado de Versalhes. A raiva gera-da no povo alemão pelo tratado deu força ao movimento naciona-lista de Hitler, que por fim se torna-ria o movimento fascista de um dos maiores criminosos da história. Se considerarmos que sem o tratado de Versalhes provavelmente não haveria Hitler, de quantas outras burradas históricas poderíamos nos ter livrado com atitudes mais delicadas?

Eu sempre penso que o padrão ético de guerra é determinado pelo mais forte. É muito fácil, quan-do você tem acesso às melhores tecnologias, dizer o que é justo e o que não é na guerra.

Deixar uma bomba no metrô e utilizar mísseis teleguiados em combates contra exércitos que

usam pistolas são atitudes igual-mente covardes. A diferença é que o míssil visa um alvo militar.

Mas vou contar uma coisa: a guerra, pelo caráter de longo prazo, mata mais civis colaterais do que atentados terroristas. O Iraq Body Count Project afirma que mais de 70.000 civis foram mortos como vítimas colaterais de ataques mi-litares pela guerra do Iraque. Para comparar, nós falamos de algo entre 100 e 150 em Paris.

A The Lancet, mais tradicional revista da área médica no Reino Unido, conduziu uma pesquisa no Iraque para saber quantas vítimas fatais indiretas houve em razão da guerra. Mortes provocadas pela fal-ta de segurança, pela degradação da infra-estrutura, pela dificuldade em conseguir comida, medicamen-tos e, tudo o que poderia levar à piora na saúde-pública. O número gira em torno de 600.000.

Fica claro, então, que a guerra não é mais ética ou moralmente Fonte: Diário do Centro do Mundo

defensável do que o terrorismo. Por isso, em momentos como este, nada que não seja compreensão e diálogo podem resolver. A não ser que se dizime uma cultura inteira, sempre haverá uma resposta mais agressiva a qualquer repressão.

O terrorismo é a resposta pos-sível do cara que não tem acesso a drones, mísseis teleguiados, aviões ultra-sônicos e a tecnologia mais avançada. É uma resposta que eu não apoio, fique claro. Ao menos não desta forma. Mas assim como Sam Richards, compreendo.

Da minha parte, desejo todo o amor aos amigos e familiares das vítimas deste atentado em Paris. Assim como das vítimas de todas as guerras e injustiças que motiva-ram os executores do ataque. Mas antes que comecem a planejar uma nova guerra ao terror, me adianto: a guerra contra o terrorismo não é mais nobre ou mais justa que o terrorismo contra a guerra.

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PASTOR SILAS MALAFAIA RELACIONA ATENTADOS EM PARIS AO PT E XINGA MUÇULMANOS

Silas Malafaia derrama discurso de ódio e politiza atentados em Paris. Pastor afirmou que “a petralhada do governo” permite que os “assassinos do Islã” entrem no Brasil “sem nenhum controle”. Líder evangélico foi duramente criticado por internautas

O pastor Silas Malafaia voltou a ser alvo de críticas na internet, tor-

nando-se um dos assuntos mais comentados pelos internautas no Brasil .

Após os atentados que dei-xaram ao menos 127 mortos na

França, segundo as autoridades locais, o presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo usou seu perfil no Twitter para atacar “esquer-dopatas” e “petralhas” que apoiam a entrada de imigrantes do Oriente Médio no País.

“Os assassinos do Islã cometem

barbárie na França e a petralhada do governo permite gente desses países entrarem [sic] no Brasil sem nenhum tipo de verificação”, disse.

“Os estúpidos, esquerdopatas e ignorantes falam do cristianismo no Ocidente. É o cristianismo que trouxe direitos humanos, proteção

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à vida, liberdade de expressão, liberdade religiosa e política. Onde o cristianismo é maioria, se respeita as minorias. Onde o islamismo é maioria, massacra as minorias”, declarou Malafaia.

O pastor concluiu seu “discurso” afirmando que gostaria de “ver a cara desses esquerdopatas, petra-lhas, ativistas gays, preconceitu-osos, que fingem não entender o valor do cristianismo”, ordenando que “esses idiotas” calassem a boca.

Após as postagens, o pastor começou a receber uma enxurrada de críticas que eram publicadas inclusive por muitos internautas que se identificavam como cristãos.

“Refugiados estão fugindo de terroristas e ditaduras. Respeite os muçulmanos. Deixe de ser imbecil e seja cristão de verdade”, disse um tuiteiro. “Aqui temos um claro exemplo de porque os aliens não falam com a gente. Você envergo-nha toda a raça humana”, brincou outra internauta, referindo-se ao pastor.

A maioria das críticas se referia aos valores que Silas Malafaia atri-buiu ao cristianismo. Muitos ateus e seguidores de outras crenças religiosas lembraram períodos da história como a Idade Média para derrubar a teoria do pastor de que o cristianismo respeita as minorias.

Atentados

Hollande prometeu uma res-posta “implacável” aos atos de terror e decretou três dias de luto nacional.

O presidente francês, François

Hollande, afirmou na manhã deste sábado (14) que o Estado Islâmico é o culpado pelo “ato de guerra” que matou 127 pessoas e feriu 300 em Paris na noite de sexta-feira.

Em nota, o EI afirmou que a localização dos ataques foi cuida-dosamente estudada e que foram empregados oito “combatentes” vestindo coletes suicidas e levando armas automáticas.

Fonte: Pragmatismo Político

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Fonte: Carta Capital

LOBISTA DOOU A IGREJA EVANGÉLICA COMO PARTE DE PROPINA PARA CUNHA

Fernando Baiano contou que Eduardo Cunha chegou a enviar um email para ele com as parcelas de propinas devidas por conta dos contratos com a Petrobras

Religioso e em contato permanente com os fiéis, o presidente da Câmara,

Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sempre se preocupou em estar próximo com sua base eleitoral.

Em depoimento dado a Força--Tarefa da Operação Lava Jato, o lo-bista Fernando Baiano conta que se recorda de ter acompanhado grava-ções do deputado a um programa de rádio evangélico. O lobista conta que Cunha se dirigia aos ouvintes com “meus amados” e sempre ter-minava as gravações com o bordão “o povo merece respeito”.

Baiano confirmou que o lobista Júlio Camargo doou 250 mil reais a uma Igreja Evangélica Assembleia como parte do pagamento de propinas devidas de dois contratos de navios sondas da Petrobras. Os contratos somaram 1,2 bilhão de reais e teriam gerado 80 milhões de

dólares em propinas aos lobistas e a Cunha.

Segundo Baiano, Cunha recebeu cerca de seis milhões de reais e ele ficou com outros quatro milhões. Os pagamentos ao deputado eram feitos em espécie e entregues a um funcionário de seu escritório no Rio de Janeiro, conhecido como Altair. Uma das entregas chegou a ser feito em um condomínio onde o deputado mora.

O lobista contou ainda que Cunha chegou a enviar um email para ele com as parcelas de propi-nas devidas por Camargo por conta dos contratos com a Petrobras. Baiano disse aos investigadores que acredita ter a cópia da mensagem e ficou de localizá-lo. O lobista deve ser solto depois de amanhã, como prevê seu acordo de colaboração premiada.

Na denúncia apresentada ao STF, o procurador-geral, Rodrigo Janot, afirma que “é notória a vin-culação de Eduardo Cunha com a referida igreja. O diretor da referida igreja perante a Receita Federal é Samuel Cássio Ferreira, irmão de Abner Ferreira, pastor da Igreja As-sembleia de Deus de Madureira, no Rio de Janeiro, que o denunciado frequenta. Foi nela inclusive que Eduardo Cunha celebrou a eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, conforme amplamente divulgado pela imprensa”.

Após a investigação na Suíça ter identificado contas em nome do parlamentar e de familiares, o deputado disse que o dinheiro tem origem em seus negócios na área de processamento de carnes, e não em propinas.

Por Henrique Beirangê

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APÓS GUERRA, SITUAÇÃO PALESTINA PASSOU DE DESASTROSA PARA ‘COMPLETAMENTE DESUMANA’, DIZ REPRESENTANTE DA ONU

Durante conflito, 140 mil propriedades foram danificadas ou destruídas, passado um ano, somente uma foi reconstruída; é preciso acabar com bloqueio para que Gaza recupere economia e estabilidade, diz porta-voz da UNRWA

Chris Gunness viu um amigo e o filho morrer no bombardeio feito por Is-

rael a uma escola da ONU, durante a chamada Operação Margem Pro-tetora, realizada em 2014. Ao falar sobre o assunto com a emissora Al Jazeera, ele, que é porta-voz da UN-RWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina), irrompeu em lágrimas,

em vídeo que viralizou na internet. O britânico trabalha há oito anos no organismo da ONU para refu-giados palestinos e, em entrevista, disse ter testemunhado a situação dos palestinos em Gaza passar de “desastrosa para francamente, completamente desumana”.

A UNRWA foi estabelecida em 1950 para realizar programas de

trabalho e auxílio aos refugiados do conflito árabe-israelense de 1948. Única em seu compromisso de longa data com um grupo es-pecífico de refugiados, a UNRWA deu apoio a quatro gerações de refugiados palestinos desde sua origem. A organização atualmente provê assistência e proteção a 5 milhões de refugiados palestinos registrados, espalhados por Gaza,

Por Charles B. Anthony

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09Cisjordânia, Síria, Líbano e Jordâ-nia.

Gunness trabalhou para a BBC por 25 anos até que a perda de seu companheiro o levou a buscar por uma mudança. Integrou-se, então, ao escritório da UNSCO (Co-ordenação Especial da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio) e, a partir daí, abriu caminho para seu cargo na UNRWA. Ele disse es-tar plenamente consciente de que a nova tarefa envolvia um conflito de décadas, mas declarou que “não fazia nenhuma ideia da mais pura desumanidade na qual as pessoas podem afundar”.

Lágrimas virais

Durante a guerra de Gaza em 2014, Gunness irrompeu em lágri-mas depois de uma entrevista à Al Jazeera. Israel havia acabado de bombardear uma escola da ONU, matando 15 pessoas, incluindo um colega dele e seu filho. Sem que Gunness soubesse, enquanto ele “desmoronava descontroladamen-te”, a câmera ainda estava filmando. O vídeo foi transmitido na TV e, dentro de horas, se tornou viral. Gunness passou a ser a notícia.

“Pensei que poderia perder meu emprego”, disse Gunness. Mas, em vez disso, afirmou, a reação dos colegas da ONU foi “de uma esmagadora simpatia”. Ele disse ter recebido “e-mails de pessoas do gabinete do Secretário-Geral dizendo que aquela tinha sido a coisa mais eloquente que tinham ouvido sobre o conflito fazia um bom tempo”.

Um alto funcionário da UNRWA, disse ele, escreveu: “Não há nada

pior do que uma escorregada hu-manitária... siga em frente”.

Por que ele acha que suas lá-grimas tiveram tanta ressonância? “Acho que demonstraram para muitas pessoas no mundo que existe senso verdadeiro de ultraje e indignação”, disse ele. “Se auto-ridades da ONU, e não só porta--vozes da ONU, perdem contato com a dignidade humana que se insere no âmago do trabalho que fazemos, então, estão gravemente pobres.”

Embora alguns o tenham criti-cado por causa do choro, ele per-manece sem remorsos: “Se minhas lágrimas atraíram a atenção mun-dial para as lágrimas que estavam sendo derramadas em Gaza, então não tenho que pedir desculpas de modo algum”.

‘Completamente desumano’

Nos últimos oito anos de tra-balho para a UNRWA, Gunness disse ter testemunhado a situação dos palestinos em Gaza passar de “desastrosa para francamente, completamente desumana”.

“Veja o bloqueio de Gaza,” disse ele. “No ano 2000, havia 80 mil pes-soas dependendo da UNRWA para se alimentarem. Hoje, há 860 mil. Por uma questão de opção política, a comunidade internacional deci-diu condenar aproximadamente 1 milhão de pessoas… à indignidade da dependência de ajuda”.

Ele é um crítico dos governos ocidentais – principais doadores da UNRWA – por não fazerem o suficiente para pôr fim ao conflito.

“Nós nunca vemos de fato ação política suficientemente robusta para fazer a diferença”, disse ele. A UNRWA “lida com o impacto do fracasso político, e é por esse motivo que nós sempre estamos defendendo que seja adotada ação política”. É a “falta de progresso político, a falta de ação política o que eu acho tão chocante, e per-manece sendo algo que precisa acontecer se tiver de haver justiça para os palestinos”.

Por que Gaza não foi recons-truída?

Atualmente, diz ele, a UNRWA está atravessando a maior crise financeira de sua história, que li-mita gravemente o que se é capaz de fazer, incluindo a reconstru-ção de Gaza, estimada em quase “meio bilhão de dólares”. Durante a guerra de Gaza, 140 mil proprie-dades de refugiados foram “total ou parcialmente destruídas, ou impactadas pela guerra”. Passado um ano, somente uma casa foi reconstruída. “Essa “desgraça” leva a uma “sensação de real desespero em Gaza”.

Mas a reconstrução apenas não vai mudar a situação para quem está em Gaza, diz ele.

“Mesmo que Gaza fosse recons-truída amanhã de manhã e todo mundo vivesse em lindas casas, ainda seria preciso levantar o blo-queio. Gaza tem uma economia exportadora, “tem de receber de volta sua economia porque, sem ela, haverá continuamente insta-bilidade e conflito”, disse ele.

O peso financeiro sobre a UN-RWA não podia ter vindo num pior

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momento: “É tão triste e irônico que a UNRWA tenha tido a pior crise financeira em sua história em um momento em que se tem extremismo sem precedentes na região e fluxos de refugiados sem precedentes para a Europa”. Ele considera que uma “UNRWA com plenos recursos” seria uma grave “ameaça ao extremismo, e um elemento entre muitas respostas internacionais distintas que deve-ríamos estar vendo”.

A atual intifada palestina

Desde outubro, a violência isra-elo-palestina deixou 65 palestinos e nove israelenses mortos. “Temos uma situação na qual do lado pa-lestino há um senso de frustração e desespero”, disse ele.

Gunness citou “a violência dos colonos, que acontece ampla-mente com impunidade”, “não ter acesso à mesquita de Al Aqsa” e o “uso desproporcional da força” pelo Exército israelense como fatores “que levam os palestinos, especialmente uma nova geração de palestinos mais jovens, a sentir que não há futuro político”.

O porta-voz enfatizou que nem ele nem a ONU desculpam os ata-ques de palestinos com faca, “mas por outro lado, todos eles têm um contexto, e esse contexto é o aprofundamento da ocupação e a brutalidade que vem com ela”. A re-alidade tem “uma nova geração de palestinos mais jovens” que sentem que não há futuro político”.

Permanecendo neutro

Quando questionado sobre ficar neutro no que muitos consideram

um conflito desequilibrado, Gun-ness disse concordar que “é um conflito muito desequilibrado, em que você tem um lado jogando pe-dras e o outro lado com frequência usando armas”, mas “só podemos fazer esse trabalho se permanecer-mos neutros” e a “neutralidade da UNRWA é a prata da família”.

Ele fundamenta sua causa “den-tro do escopo do humanitário” e “na lei internacional, sem desviar para o político”.

Guerra civil síria

A guerra civil síria impôs mais pressão à UNRWA: “Nosso apelo para a Síria foi 52% financiado. Nós nos reduzimos a dar aos refugia-dos o equivalente a 60 centavos de dólares diários por pessoa, no contexto da Síria”. Refugiados pa-lestinos na Síria são “duplamente vulneráveis porque agora estão no Líbano, refugiados pela segunda vez”.

De 12 acampamentos de re-fugiados na Síria, sete “foram arrastados para a guerra e ficaram gravemente danificados, por isso as opções de fuga dos palestinos são severamente limitadas”.

O fluxo de refugiados sírios também impõe mais pressão sobre os refugiados no Líbano, disse ele: “No Líbano, os palestinos que vie-ram da Síria estavam conseguindo uma provisão de US$ 100 mensais como subsídio para aluguel. Isso acabou”, isso significa que milhares de famílias agora estão sem teto. Gunness pediu que o “Conselho de Segurança adote ação política significativa para iniciar o longo processo de parar com a guerra

civil síria”: “guerras civis já foram interrompidas antes”, disse ele. “Isso não está além da inteligência do homem”.

Esperança

Gunness disse que a “UNRWA não quer nada mais do que fazer as malas e ir embora, mas isso acontecerá quando houver uma solução duradoura e justa para os refugiados palestinos, baseada na lei internacional, nas resoluções da ONU e, a propósito, em consultas aos refugiados.

Apesar do processo de paz ser quase inexistente, Gunness está otimista e acredita que a paz possa enfim se tornar realidade – embora diga que isso pode não acontecer enquanto está vivo.

“Os palestinos vão encontrar justiça e paz”, disse ele. “Assim que os palestinos puderem encontrar justiça e paz e segurança… outras pessoas na região também pode-rão ter justiça, paz e segurança.”

Até lá, Gunness não está indo para parte alguma.

“Existe muito trabalho bom para ser feito”, disse ele. “Assim que o trabalho com os refugiados palestinos se impregna na sua pele, não há caminho de volta… se você trabalha com comunidades que estão em tal desvantagem, você simplesmente fica lá. Você não tem escolha, a não ser seguir em frente”.

Texto publicado originalmente pelo site Midle East Eye

*Tradução: Maria Teresa de Souza

Fonte: Ópera Mundi

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TROPAS ISRAELENSES MATAM DUAS PESSOAS EM CAMPO DE REFUGIADOS PALESTINO

Cerca de mil soldados israelenses entraram no acampamento para demolir casa de palestino preso, mas foram impedidos por alguns dos moradores do local

Tropas israelenses ma-taram pelo menos dois palestinos durante um

conflito em meio a uma incursão do Exército realizada nesta segunda--feira (16/11) ao acampamento de refugiados da cidade de Qalandia, na Cisjordânia.

Cerca de mil soldados israelen-ses entraram no acampamento para demolir a casa do palestino Muhammad Abu Shaheen, que havia sido preso, mas foram impe-didos pelos moradores do acampa-mento. Na briga, pelo menos mais três pessoas ficaram feridas. A casa acabou sendo demolida.

Segundo as autoridades israe-lenses, alguns palestinos teria co-

meçado a atirar, e as tropas apenas revidaram o ataque.

Segundo o relatório do Exército, os palestinos começaram a atirar e as tropas revidaram os ataques. “Houve, de fato, resistência violenta em Qalandia, mas a unidade [mili-tar] se conduziu de maneira muito profissional. Também realizou a missão, demolindo a casa. Os ati-radores foram acertados - quatro deles, de acordo com a unidade”, disse à Israel Radio o ministro da Defesa israelense, Moshe Yaalon.

No entanto, parentes de um dos mortos, Laith Manasra, disseram que ele não estava participando do confronto, tampouco estava armado, quando foi atingido por

uma bala israelense.

Anteriormente as tropas israe-lenses, já haviam sido ameaçadas por homens mascarados do campo de refugiados de Qalandia, que se identificaram como membros do grupo palestino Fatah. Na oca-sião eles disseram que a casa de Muhammad Abu Shaheen só seria destruída “por cima dos 30 mil cadá-veres das pessoas morando nesse acampamento”.

Desde outubro as forças isra-elenses mataram pelo menos 78 palestinos, 45 dos quais Israel ale-gou estarem atacando ou prestes a atacar. No mesmo período por volta de 14 israelenses foram mortos.

Fonte: Ópera Mundi

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Depois de uma intensa e prolongada lua de mel com o presidente

da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a atual opo-sição federal quer jogar no colo do PT a culpa por ele estar no cargo mesmo após denunciado pelo Ministério Público Federal e de ter admitido ser o dono do dinheiro não declarado em con-tas na Suíça.

Mesmo com a mídia oposicio-nista dando suporte a esta de-turpação grotesca da realidade, as lideranças do PT deveriam se comunicar melhor na hora em

QUEM ‘PARIU’ CUNHA NA CÂMARA QUE O EMBALE

Após lua de mel com Eduardo Cunha, oposição tenta culpar PT pela permanên-cia do parlamentar no comando da Casa; leia análise de Helena Stephanowitz, na Rede Brasil Atual

que fossem questionadas. Afinal, existem os fatos irrefutáveis.

O primeiro fato é que Eduardo Cunha não teve nenhum voto do PT para a presidência da Câmara, pois os petistas tiveram outro candidato, Arlindo Chinaglia, com 136 votos. A própria mídia registrou em manchetes na épo-ca da eleição “Cunha vence PT”, “Dilma sofre derrota” etc.

Cunha teve apoio publica-mente declarado de seu partido, o PMDB, e de outras 13 legendas, sendo duas de oposição, o DEM e o SD. A soma dessas bancadas

daria 218 votos. Cunha teve mais, atingindo 267 votos.

É óbvio que se o PT não teve votos para eleger Chinaglia, so-zinho é que não terá votos para tirá-lo, e muito menos terá influ-ência política para convencê-lo a sair por conta própria. Cunha é filiado ao PMDB e seu partido é o primeiro com cacife para in-fluenciar suas decisões políticas. Depois vêm os outros entre os 267 deputados que o elegeram.

Também contribuiu para a eleição de Cunha os grandes veículos de comunicação ao es-

Por Helena Sthephanowitz

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Fonte: Rede Brasil Atual

conder e minimizar escândalos do passado e do presente em que o nome dele apareceu. Um colu-nista relatou encontro privado de Cunha com um dos donos da TV Globo João Roberto Marinho, em setembro do ano passado, para “fumar o cachimbo da paz”. Cunha teve uma cobertura sem-pre favorável do jornalismo da Globo e de outros veículos para não atrapalhar sua chegada à presidência da Câmara.

O PSDB, oficialmente, decla-rou apoio a Júlio Delgado (PSB--MG) no primeiro turno – que teve 100 votos. Era dado como certo o apoio a Cunha no segun-do turno, caso houvesse, contra Chinaglia.

Mas a certeza de que os tuca-nos se compuseram para que o resultado final fosse a vitória de Cunha ficou escancarada com a composição dos demais cargos na mesa diretora da Câmara. A 3ª Secretaria ficou com a deputada Mara Grabilli (PSDB-SP), eleita com apoio de Cunha. Uma das principais atribuições da 3ª Se-cretaria da Câmara é controlar o uso das passagens aéreas dos deputados. O PT ficou de fora da mesa diretora justamente por não compor com Cunha.

As relações dos tucanos com Eduardo Cunha só se estreitaram depois disso. Estiveram juntos na votação da antirreforma po-lítica, votaram juntos a favor da PEC da Corrupção – a favor do financiamento empresarial de campanhas, vetada por Dilma e declarada inconstitucional pelo STF. Estiveram juntos na votação da terceirização ilimitada e das

pautas-bomba. Conspiraram jun-tos pelo golpe do impeachment, mesmo depois que vieram ao conhecimento público as contas na Suíça. Combinaram estraté-gias e rituais visando ao golpe paraguaio.

Quando o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou a primeira denúncia contra Cunha, em fins de julho, o presidente da Câmara declarou--se oficialmente na oposição à presidenta Dilma e foi recebido de braços abertos pelos opo-sicionistas, mesmo diante da gravidade da denúncia.

Os tucanos só se manifesta-ram contra Cunha agora, depois que a canoa furada do impea-chment afundou. Os frequentes encontros e reuniões de tucanos com Cunha, alguns públicos outros secretos, passaram a ser um fardo para a imagem dos tucanos. Daí a necessidade de se manifestarem contra o ex-aliado em um processo de desconta-minação de imagem perante a opinião pública.

Assim, quando a mídia opo-sicionista, que apoiou Cunha enquanto ele representou expec-tativa de golpe, vier cobrar posi-cionamento de lideranças do PT, os petistas deveriam responder sempre que o PT teve outro can-didato à presidência da Câmara e não votou em Cunha. O PT está há dez meses apenas respeitan-do a institucionalidade imposta pela maioria que elegeu a mesa. Como diz o dito popular, “quem pariu Mateus que o embale”.

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Na planilha a que o DCM teve acesso com os vôos oficiais de Aécio Neves

durante seu mandato em Minas Gerais, entre 2003 e 2010, chama a atenção a presença de dois pa-rentes dele que pegaram carona nas quatro aeronaves — dois jatos, um Citation e um Learjet, um heli-

O CASO DOS DOIS PRIMOS DE AÉCIO CAMPEÕES DE CARONAS NOS VÔOS OFICIAIS

cóptero Dauphin e um turboélice King Air.

Fernando Tolentino é o cam-peão de citações, aparecendo 16 vezes. Seis a mais, por exemplo, do que a primeira irmã Andrea Neves, braços direito e esquerdo de Aécio, responsável pela distribuição das

verbas publicitárias, inclusive para as rádios do clã.

Tolentino esteve em Belo Ho-rizonte em seis ocasiões, uma em Divinópolis, três em Uberaba, uma em Passos e quatro em Cláudio, onde fica o aeroporto construído nas terras de seu pai, Múcio, e cujas

Por Kiko Nogueira

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chaves ele ajudava a guardar.

Divida essa responsabilidade com o irmão Tancredo Tolentino, o Quedo, que andou no Citation para Uberaba e passeou no Dauphin em 2006 na companhia de Aécio e do mano.

Um decreto de 2005, assinado por Aécio, estabelece que as aero-naves servem para o “transporte do governador, vice-governador, secretários de Estado, ao presidente da Assembleia Legislativa e outras autoridades públicas” e “para de-sempenho de atividades próprias dos serviços públicos”.

Que serviço público foi prestado aqui?

Quedo é o que se poderia clas-sificar de um rapaz da pá virada. Já cumpriu pena na cadeia de Cláudio por sonegação fiscal na década de 90. Locais afirmam que, no cárcere, ele recebia visitas na hora em que quisesse. Consta que um churrasco para amigos foi organizado.

“Comerciante” declarado, em 2012 foi denunciado na Operação Jus Postulandi, da PF, por partici-par de uma quadrilha que vendia habeas corpus para traficantes de drogas. Na época, ao dar essa no-tícia, o Estadão o qualificou como “primo distante” de Aécio Neves”.

De distante, não tem nada. Seu velho, o Múcio, é irmão da avó de Aécio, Risoleta Neves, mulher de Tancredo. Quedo administrou os alambiques da família, que pro-duzem cachaças premiadas como

Fonte: Diário do Centro do Mundo

Mathusalém, Mingote e Fazenda da Mata — batizada em homena-gem ao que Aécio chama carinho-samente de “minha Versalhes”, as terras onde vai descansar, andar a cavalo etc.

Fernando é um tipo mais discre-to e igualmente próximo de Aécio. Foi ele quem, em 2014, revelou que Aécio visita a fazenda “seis ou sete vezes por ano e vai sempre de avião”.

Em janeiro de 2007, então no início do seu segundo mandato, Aécio conseguiu aprovação na Assembleia Legislativa para criar cargos comissionados e nomea-ções (a lei delegada).

Assim, o diretor-geral do Depar-tamento de Estradas de Rodagem (DER-MG) usou a legislação para nomear Fernando Quinto Rocha Tolentino seu assessor (outros oito familiares foram contemplados, todos listados entre os passageiros das aeronaves).

Mesmo antes da nomeação, Tancredo já tinha feito onze voos. O que explica tantos passeios?

Uma coisa é certa: além do ta-lento impressionante para misturar o público e o privado, cultivado durante décadas, ninguém jamais poderá acusar esse pessoal de não ser uma família unida.

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Desde que postou seu tex-to na Folha de São Paulo, Caetano Veloso tem re-

cebido críticas de quase todos os lados. Os sionistas estão irritados com o fato de ele não querer mais voltar a Tel Aviv. Os ativistas pela causa palestina não se conformam com a sua não adesão completa ao movimento de boicote. Já eu vejo

O DILEMA DE CAETANO VELOSO APÓS VISITAR A PALESTINA

nas dúvidas que Caetano levantou o início de um debate essencial para entender a questão palestina. Como Israel pode ao mesmo tempo ser tão amado por uns e tão odiado por outros?

A novidade de seu texto foi que, em lugar de tratar do tema de forma exclusivamente racional, trazendo

fatos históricos e confrontando abordagens teóricas, Caetano tam-bém relatou sua experiência pes-soal e os detalhes que lhe fizeram ir mudando de opinião. Ele contou que, antes desta turbulenta expe-riência pela que passou, se “sentia como um israelense”, e que ao fim dela, “se sentia mais próximo dos palestinos do que jamais imaginou”.

Por Shajar Goldwaser

Caetano teve que passar por um processo difícil quando foi à Cisjordânia. Lá confrontou-se com uma realidade que não esperava. De repente, o projeto colonial sionista se tornou evidente

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Fonte: Ópera Mundi

Apesar das saudades de Tel Aviv, ele prefere não voltar mais.

Quando fui à Palestina, vivenciei

algo semelhante. Meus colegas na viagem me perguntavam cons-tantemente, “mas como os judeus apoiam isso? Não faz sentido!”. Não mesmo, e essa é a questão. Israel, para os sionistas, não é visto como algo político. Ele é parte de sua pró-pria identidade. Podem-se discutir os partidos políticos, os diferentes governos, etc. Mas a existência de Israel é inquestionável, por que isso faria os sionistas questionarem sua própria existência enquanto judeus.

Toda a argumentação sionista

tem como fundamento o antisse-mitismo. “Os judeus foram, são e serão perseguidos por todos, sem-pre”. É a partir deste conceito que tudo se justifica. Afinal, Israel, do ponto de vista sionista, mesmo que cometa inúmeros crimes, é a ga-rantia da existência do povo judeu. É assim que milhares de jovens, assim como eu fui, são ensinados a respeito de sua identidade judai-ca. É essa educação que cria com Israel um vínculo que transcende a política. Uma relação existencial. Por isso, sempre que alguém critica Israel é automaticamente tachado de antissemita.

É raro ver hoje judaísmo sem sionismo. Esta narrativa tomou praticamente todas as comunida-des judaicas do Ocidente depois do Holocausto, quando a tese do “todos querem nos aniquilar” ga-nhou uma força brutal. Aos poucos, escolas e sinagogas começaram a içar a bandeira de Israel. O que an-tes era uma cultura e uma religião tornou-se uma nação com um hino

e um idioma oficial. O novo Estado inseriu essa narrativa no seu mode-lo educacional e a exportou para as comunidades do mundo todo. Até hoje, se usa o antissemitismo como uma fórmula para garantir a imunidade das ações de Israel.

Caetano teve que passar por um

processo difícil quando foi à Cisjor-dânia. Lá confrontou-se com uma realidade que não esperava. De re-pente, o projeto colonial sionista se tornou evidente. Como fica aquele amor por Tel Aviv, sabendo que o seu preço é tão alto? É então que a narrativa sionista, tão difundida e aceita, desmorona. Os israelenses, que supostamente eram as víti-mas, provam ser o contrário. Mas mesmo assim, aqueles sentimentos persistem. Não é de um dia para o outro que nossas emoções se transformam.

Eu também já amei Israel, e também fui à Cisjordânia. Não foi fácil descobrir que escondido en-tre o amor ao meu povo e à minha cultura havia um terrível projeto político. Tive que gritar, chorar, rir, odiar, desconfiar, conversar, obser-var, escutar. Tive que me enfrentar, e a tudo que sempre acreditei e defendi. Não é fácil colocar sua própria identidade em questão. É normal que Caetano, mesmo que não seja judeu, esteja confuso e perdido. Ele estava se reencontran-do no mesmo lugar de antes, mas o via com outros olhos.

O diálogo entre israelenses e

palestinos é quase impossível. En-quanto estes reclamam seus direi-tos a uma vida normal, ao retorno a seus lares originais, ao fim da ocupação e da opressão, aqueles apenas ouvem “Juden Raus!” (“ju-

deus fora”, em alemão, grito ouvido aos montes durante os tempos do nazismo), traumatizados pelo seu passado e apavorados com a hipotética aniquilação. Apenas quando os sionistas entenderem que para sobreviver como judeus devem lutar junto a outras minorias oprimidas por justiça e igualdade, independentemente de onde este-jam, é que uma solução verdadeira poderá ser alcançada. Afinal, qual a diferença entre antissemitismo e racismo?

Amigos sionistas, não tenham medo, ninguém quer matá-los ou exterminá-los. Quebrem os muros das escolas e das sinagogas e mos-trem a riqueza de sua cultura para o mundo. Caetano, não se aflija, entender que até nossas emoções são políticas é um processo doloro-so. E obrigado. Graças a seu gesto e sua linguagem, imagino que vários jovens brasileiros judeus se pergun-taram como você, um ídolo, acabou mudando de opinião. São estes os que amanhã serão capazes de abrir mão de seus privilégios e contribuir para garantir justiça aos palestinos.

(*) Israelense residente no Brasil, Shajar Goldwaser é bacharel em Re-lações Internacionais pela PUC-SP

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MARINHO A BRIZOLA: “CONSTRUIR ESCOLAS, ESTÁ BEM… MAS NÃO PRECISA DISSO TUDO”

Luis Augusto Erthal é um teimoso. Insiste em ser jornalista, insiste em ser

brizolista, insiste em editar livros e insiste em promover a cultura de sua terra, Niterói, onde me encontro exilado já faz tempo. Faz pior, insiste em ser meu amigo há mais de 30 anos, desde a finada Última Hora. E insiste, juntando toda a teimosia, em publicar jornais, um deles o

que me envia, sobre os 30 anos do Programa Especial de Educação, que o povo conhece como Cieps, ou Brizolões.

Tem mais coisas, mas começo pelo depoimento pessoal que dá, no qual eu tenho culpa, porque “matriculei-o” por dois anos nos Cieps, em horário integral. Mas como jornalista, capaz de trazer

detalhes, propostas, conquistas e dificuldades do mais ambicioso projeto educacional que este país já viveu. Ia dizer já viu, mas não o posso fazer porque não viu, pois essa revolução educacional, que mobilizou milhares de professores e centenas de milhares de crianças, jovens e adultos, numa área cons-truída maior do que Brasília, na sua inauguração, foi criminosamente

Por Fernando Brito

Jornalista relembra o momento em que o então governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, apresentou ao presidente das Organizações Globo o projeto re-volucionário dos Centros Integrados de Educação Pública (Cieps), idealizado por Darcy Ribeiro, cuja proposta era oferecer aos jovens uma escola em tempo integral, unindo cultura e cidadania. A resposta foi a indiferença

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19boicotada pela mídia.

Uma grande e generosa aventu-ra, que jamais sairá de nossos cora-ções, de nossas vidas e de nossos sonhos, que deixo que ele conte, porque o faz melhor que eu.

“Governador, faça umas esco-linhas…”

Roberto Marinho tentou fazer Brizola abortar o projeto desde o início

Luiz Augusto Erthal

Não poderia publicar uma ma-téria sobre os Cieps sem dar um depoimento pessoal, por mais que me doam algumas das lembranças hoje sopesadas na distância desses 30 anos. Tive o privilégio de ver esse programa nascer e acompanhar cada passo da sua implantação. Talvez seja o jornalista que mais co-locou os pés dentro dessas escolas, em muitas delas quando ainda se encontravam na fundação.

Estive no Palácio Guanabara, como jornalista e assessor de im-prensa, nos dois governos Brizola (1983-1987 e 1991-1995). Cheguei em 1984 para participar de um projeto jornalístico, cujo objetivo era criar um caderno noticioso dentro do Diário Oficial do Estado, o D.O. Notícias, como ficou conhe-cido, uma estratégia para tentar enfrentar o cerco da mídia contra o governo. Fui designado pelo editor, Fernando Brito, mais tarde assessor--chefe de imprensa do governador, para cobrir as áreas de educação e esportes.

Passávamos os dias como com-batentes às vésperas de uma gran-

de batalha naqueles primeiros me-ses. Brizola conquistara o governo fluminense superando grandes obstáculos, desde atentados à sua vida até a fraude da Proconsult, uma tentativa desesperada de impedir sua chegada ao governo fluminense.

Havia uma enorme expectativa em torno dele desde a posse no Pa-lácio Guanabara, que mais pareceu a queda da Bastilha, com o povo ocupando de forma descontrolada aquele símbolo de poder. Afinal, nos estertores da ditadura, cada naco de poder reconquistado pelo povo era valioso. Vigiado de perto pelos militares, que permaneciam ainda no controle, bombardeado pela mídia conservadora e sufoca-do economicamente, Brizola tinha pouco espaço de manobra. Até que algo aconteceu.

“Agora esse governo começou!”, lembro bem da exultação do Brito ao voltarmos da apresentação do projeto dos Cieps, com a presença de Brizola, Darcy Ribeiro e Oscar Niemeyer, no Salão Verde do Palácio Guanabara. Uma revolução havia sido colocada em marcha. Estava claro para todos nós.

Brizola não tinha condições polí-

ticas de retomar naquele momento, como nunca mais teve, a reforma agrária e as outras reformas de base preconizadas por ele e por Jango em 64. No entanto, cria como nin-guém no poder transformador da educação. Órfão de pai, que morreu emboscado ao retornar da última revolução farroupilha, em 1922, ano do seu nascimento, Brizola e seus irmãos foram alfabetizados pela mãe em Carazinho, interior do Rio Grande do Sul. Calçou os primeiros sapatos e usou a primeira escova de dentes aos 12 anos, na casa de um reverendo metodista, cuja família o adotou. Pode, então, estudar até formar-se em engenheiro. Fora sal-vo pela educação.

Quando governador do Rio Grande do Sul (1958-1962), cons-truiu nada medos do que 6.300 escolas. “Nenhum município sem escola”, era o lema. Mas a realidade do Rio de Janeiro nos anos 80 era bem diferente. Ao retornarem do exílio, após 15 anos, Brizola e Darcy se depararam com a obra macabra da ditadura: o inchaço das grandes cidades, a favelização, a desestru-turação familiar e o surgimento do crime organizado, que separavam, como bem sabemos hoje, nossos jovens de seu futuro. Aquelas esco-linhas alfabetizadoras e formadoras

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de mão-de-obra técnica e rural do Rio Grande do Sul não resolveriam o problema do Rio de Janeiro pós--golpe.

A solução: uma escola integral em turno único, ofertando educa-ção, cultura e cidadania; mantendo os jovens durante todo o dia longe das ruas e da sedução do crime organizado; dando alimentação, assistência médica, esportes e muito mais. Tudo isso, porém, tinha um custo e exigiria a ruptura de um velho paradigma da política brasileira – de que os recursos pú-blicos sejam colocados à disposição das nossas elites e não do povo. A inobservância desse princípio le-vou o presidente Getúlio Vargas ao desespero e suicídio; o presidente João Goulart à morte no exílio e a presidente Dilma, agora, a um com-pleto isolamento político, culpados, todos eles, por fazerem transferên-cia direta dos recursos públicos para o povo e não para as elites.

Logo após o lançamento do programa dos Cieps, Brizola ainda tentou estoicamente obter o apoio do então presidente das Organi-zações Globo, Roberto Marinho. Sabia o quanto ele seria capaz de influenciar, para o bem ou para o mal. Apresentou-lhe pessoalmente o projeto e nos relatou depois:

“Ele olhou, olhou, olhou e não disse uma palavra. Em uma se-gunda oportunidade em que nos encontramos, eu cobrei: ‘Então, doutor Roberto, o que achou do nosso projeto’. Então ele disse: ‘Olha, governador, se o senhor quer construir escolas, está muito bem. Mas não precisa disso tudo. Faça

umas escolinhas… Pode até fazê-las bonitinhas, tipo uns chalezinhos…’.” Depois disso não houve mais diálo-go entre eles.

Os Cieps começaram a brotar do chão com a arquitetura incon-fundível de Oscar Niemeyer. Eu fazia sobrevoos de helicóptero para fotografar as obras e, vistas do alto, indisfarçáveis, pareciam pragas que irrompiam da terra árida dos subúrbios e das cidades da Baixada Fluminense. Era a praga rogada pelo povo esquecido que, enfim, tomava sua forma visível e ameaçadora, pois apontava para uma nova ordem.

“As gerações formadas pelos Cieps farão por este País aquilo que nós não pudemos ou não tivemos a coragem de fazer”, afirmava Brizola. Esta, e só esta, é a razão do ódio e do horror que essas escolas incutem até hoje em nossas elites.

Eles ainda estão aí. Descaracteri-zados, desconstruídos, desativados, degradados. Mas cada um desses 508 Cieps ainda traz consigo a semente da grande revolução so-nhada por Brizola e Darcy. São qui-nhentas “toras guarda-fogo” feitas de concreto armado, uma imagem dos pampas gaúchos com que Bri-zola gostava de ilustrar o futuro do nosso povo:

“Às vezes a fogueira do gaúcho parece ter-se apagado à noite, mas existe sempre a tora guarda-fogo, que esconde aquela centelha inte-rior. Pela manhã, basta assoprá-la para a chama ressurgir.”

Fonte: Revista Forum

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Fonte: Brasil 247

Na disputa presidencial de 2014, o banqueiro André Esteves, preso ontem na

Operação Lava Jato, fez campanha aberta pelo candidato Aécio Neves (PSDB-MG). Numa entrevista de páginas amarelas a Veja, criticou duramente a política econômica. Mais do que isso, promoveu um seminário internacional em torno de Aécio, em Nova York, que rendeu ainda um favor ao candidato tuca-no: o pagamento de sua lua de mel no Hotel Waldorf Astoria.

Dono do BTG Pactual e controla-dor do Panamericano, em socieda-de com a Caixa Econômica Federal, Esteves se posicionava para uma eventual privatização da Caixa – tese defendida por economistas tu-canos, como o próprio Persio Arida, que, ontem, foi indicado presidente interino do BTG Pactual.

No entanto, na primeira página do jornal O Globo desta quinta-feira, Esteves é apresentado aos leitores da seguinte forma: ‘Banqueiro ca-

rioca é conhecido por agressividade nos negócios e trânsito com políti-cos, sobretudo do PT’.

Certamente, Esteves fez grandes negócios durante os governos pe-tistas. Comprou o Panamericano, criou a Sete Brasil e adquiriu poços de petróleo da Petrobras na África. No entanto, antes das eleições pre-sidenciais, ele se reposicionou – e era muito mais próximo de Aécio do que do governo Dilma.

GLOBO TRANSFORMA ELEITOR DE AÉCIO EM ‘AMIGO DO PT’

Ao apresentar o banqueiro André Esteves em sua primeira página desta quinta--feira, o jornal O Globo fez a seguinte descrição: ‘Banqueiro carioca é conhecido por agressividade nos negócios e trânsito com políticos, sobretudo do PT’; Esteves, no entanto, fez campanha ostensiva por Aécio Neves (PSDB-MG) na última disputa presidencial, chegando a promover um evento em Nova York em torno do tucano antes das eleições; seu banco, o BTG Pactual, também acaba de indicar o tucano Persio Arida como presidente interino; além disso, Esteves defendia a privatização parcial da Caixa Econômica Federal e havia a expectativa de que Aécio retomasse essa agenda

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DESASTRE AMBIENTAL EM MINAS É MAIS UMA HERANÇA MALDITA DO PSDB

Em 12 anos, outras quatro barragens romperam. A informação só não se espalhou porque Aécio Neves sempre manteve tudo em segredo, com apoio da mídia.

A privatização da Compa-nhia Vale do Rio Doce - operada pelo governo

do ex-presidente Fernando Henri-que Cardoso em 1997 - não apenas entregou à iniciativa privada um dos mais rentáveis patrimônios do país, como deixou a exploração do minério brasileiro totalmente à mer-cê do capital internacional.

Quem afirma é o deputado Ro-

gério Correia (PT-MG), relator da Co-missão Extraordinária de Barragens da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (AL-MG), criada para apurar as responsabilidades pelo desastre

ambiental de Mariana (MG). “É mais uma herança maldita que o PSDB nos deixou”, disse.

“A privatização da Vale deixou

o país sem nenhuma estratégia nacional de exploração mineral”, avalia. Segundo ele, nas mãos da iniciativa privada, com o capital internacional operando a seu bel prazer, o setor não desenvolveu tec-nologia própria e sequer importou. “A mineração brasileira é feita com base em tecnologia primária, da forma mais arcaica possível, como no século passado”, denuncia.

Conforme o deputado, enquanto quase todos os países do mundo desenvolvem tecnologias de mine-ração à seco ou com filtros - na qual a água utilizada é pouca e tratada de imediato -, no Brasil ainda impe-ra a preferência pela utilização de barragens e minerodutos. A própria Samarco leva seu minério até o litoral por minerodutos movidos à água, pilhando também esse outro patrimônio dos brasileiros. “Isso não deveria sequer ser permitido”, reclama o deputado.

Correia atribui também a esta

falta de planejamento estratégico

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23o fato do país não ter alavancado a indústria nacional com o minério produzido no país. “As multina-cionais vêm, retiram montanhas de minério e levam tudo embora”, afirma. Em 2014, o município de Mariana recebeu menos de 1% do lucro obtido pela Samarco (mais precisamente 0,72%), enquanto os acionistas lucraram 65%, conforme relatórios da própria empresa.

Vale X Petrobrás No momento em que a Petrobrás

sofre ataques recorrentes em função da corrupção constatada na admi-nistração do órgão, o deputado a usa como exemplo para demonstrar que, apesar de todos problemas, o controle estatal faz a maior diferen-ça para o desenvolvimento do país.

De acordo com ele, enquanto

o setor petrolífero brasileiro é um dos mais modernos do mundo, justamente porque a Petrobrás continuou nas mãos do estado e desenvolveu tecnologia de ponta até para explorar o pré-sal, o setor de mineração, com a Vale totalmen-te entregue ao capital, se utiliza das formas mais predatórias não só de exploração do minério, mas tam-bém de relações de trabalho.

A Vale é a maior mineradora do

Brasil, segunda do mundo. Em 2012, foi eleita a pior empresa do mundo em uma votação organizada por organizações não governamentais. No Brasil, no entanto, ainda é vista como a menina dos olhos da priva-taria tucana, recordista em distri-buição de lucro aos seus acionistas. É ela que controla a Samarco, a em-presa responsável pelas barragens que se romperam em Mariana, em parceria com a anglo-australiana

BHP Billiton, a maior empresa de mineração do mundo.

Números do atraso Dados do Departamento Nacio-

nal de Produção Mineral (DNPM), o órgão do governo federal res-ponsável pela fiscalização do setor, atestam a preferência das empresas de mineração que atuam no país pelos sistemas de barragens de dejetos de alto risco. Conforme seu último relatório, o Brasil possui hoje 663 barragens de dejeto, sendo que 180 delas – ou 27,1% - oferecem alto risco às populações do entorno e ao meio ambiente.

As fragilidades da fiscalização,

porém, podem esconder números ainda mais alarmantes. Por falta de infraestrutura e pessoal, o DNPM baseia o relatório de classificação do chamado Dano Potencial Associado (DPA) em informações prestadas pelas próprias mineradoras, e não em fiscalizações in loco por agentes públicos treinados e capacitados para tal função.

Outra questão crítica é que, além

de fiscalizar pouco e mal, o Brasil quase não pune os crimes ambien-tais. E quando pune, é somente por meios de multas, que raramente são pagas. Levantamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Iba-ma) enviado ao Tribunal de Contas da União (TCU) no final do ano passado demostra que, de cada R$ 100 em multas cobradas, o órgãos recebe menos de R$ 3.

Entre as razões, está o excesso

de instâncias recursais para as em-presas contestarem as multas. Só no Ibama, no plano administrativo, são duas. Apenas sete funcionários

são responsáveis por julgar os 14 mil recursos que entram a cada ano. Por lá, a prescrição tem sido quase regra. E ainda há todas as etapas judiciais previstas.

Para agravar, os valores das mul-

tas são quase risíveis, com teto de R$ 50 milhões previsto pela legislação. A Samarco foi multada em R$ 250 milhões por cinco crimes. Quase um trocado se comparado aos R$ 20,7 bilhões pagos pela multinacional British Petroleum, responsável pelo ao vazamento de petróleo no Golfo do México, em 2010.

Herança maldita Correia afirma que, em Minas

Gerais, o modelo de exploração predatória é ainda mais crítico que a média nacional porque os suces-sivos governos estaduais tucanos deram amplo trânsito às multina-cionais. “Nesses anos de governo tucano em Minas Gerais, foram expedidos alvarás para mineração sem nenhum controle, sem nenhum compromisso. E essas empresas trabalham no limite da irresponsa-bilidade”, denuncia.

Segundo ele, o desastre em

Mariana foi o mais grave e o que trouxe maiores prejuízos sociais e ambientais para o estado. Mas não foi o único. “Esta é quinta barragem que se rompe em Minas Gerais. Nos 12 anos de administração tucana, foram mais quatro, nos municípios de Itabirito, Cataguases, Espera Fe-liz e Miraí. A informação só não se espalhou porque o ex-governador Aécio Neves sempre manteve tudo em segredo, com o apoio da mídia”, esclarece.

O deputado ressalta ainda que

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a privatização da Vale repassou à iniciativa privada grande parte da estrutura logística do estado, como é o caso da malha ferroviária. “O único vagão de passageiros que temos hoje no Estado é o que faz a linha Belo Horizonte – Vitória, que a Vale manteve como uma espécie de símbolo do que o estado poderia ter sido”, critica.

Correia destaca também que,

embora o laudo do desastre ainda esteja em fase de elaboração, tudo leva a crer que a causa do problema em Mariana foi a sanha desenfrea-da da Samarco por lucro acima de qualquer coisa. “Só no ano passado, a mineradora aumentou a produção da barragem em 32%”, denuncia. E

isso em um contexto onde o risco de desastre já era anunciado.

Providências imediatas O deputado fez parte da comi-

tiva de autoridades mineiras que, nesta segunda (23), visitou Gover-nador Valadares (MG), um municí-pio de cerca de 277 mil habitantes que teve o abastecimento de água interrompido quando a lama tóxica proveniente do rompimento das barragens de Mariana chegou por lá, via Rio Doce.

Na semana passada, o deputado

integrou a comitiva da AL-MG que se deslocou à Mariana para vistoriar a área, prestar solidariedade aos

atingidos e participar da audiência pública que discutiu o socorro às vítimas. “É muito triste o que a gente vê. Nesta primeira etapa, estamos priorizando a fiscalização do socor-ro às vítimas”, explicou.

O rompimento das barragens

em Mariana matou 11 pessoas. Ou-tras 12 continuam desaparecidas. A lama tóxica que desceu o Rio Doce levando destruição por onde pas-sou já atingiu o estado do Espírito Santo e a expectativa dos técnicos que atuam na área é que o prejuí-zo envolva uma área muito maior do que a prevista inicialmente. Os danos sociais, ambientais e econô-micos ainda são imensuráveis.

Fonte: Carta Maior

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RÚSSIA INVESTIGA TRÁFICO DE ÓRGÃOS QUE ESTADO ISLÂMICO ESTARIA FAZENDO DA SÍRIA À TURQUIA

“De acordo com alguns dados que estamos verificando, na parte do território turco onde os terroris-tas se sentir livre vem sendo realiza-do o tráfico de órgãos”, disse Lavrov.

O ministro disse que são corpos sírios mortos pelos jihadistas do Estado Islâmico no Iraque.

Anteriormente, foi relatado que os islamitas abriram uma clínica

para a venda de órgãos humanos na cidade iraquiana de Mosul.

O ministro das Relações Exterio-res da Rússia, Sergei Lavrov, também havia declarado que ao derrubar o avião militar russo Su-24 na Síria, na última terça-feira (24) as autoridades da Turquia, de fato, tomaram o par-tido do Estado Islâmico.

As autoridades russas estão verificando as informações sobre o tráfico de órgãos da Síria até a Turquia, que estaria sendo realizado pelo Estado Islâmico. A informação é do ministro das relações exteriores da Rússia, Serguei Lavrov.

Fonte: Sputniknews

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