pazello ricardo prestes o pensamento brasileiro e o bacharelismo uma revisao conceitual do fenomeno...

Upload: thiago-guimaraes

Post on 04-Jun-2018

222 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    1/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CON

    O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONCEITUAL DOFENMENO BACHARELSTICO

    The "Brazilian thought" and bachelorism: a conceptual review of the bacheloristic phenomenon

    Ricardo Prestes Pazello- Professor de Antropologia Jurdica na Universidade Federal doParan (UFPR). Doutorando em Direito das Relaes Sociais pelo Programa dePs-Graduao em Direito da Universidade Federal do Paran (PPGD/UFPR). Mestre em

    Filosofia e Teoria do Direito pelo Curso de Ps-Graduao em Direito da Universidade Federalde Santa Catarina (CPGD/UFSC). Pesquisador do Ncleo de Estudos Filosficos(NEFIL/UFPR) e do grupo de pesquisa Direito, Sociedade e Cultura (FDV/ES). Integrante doInstituto de Pesquisa, Direitos e Movimentos Sociais (IPDMS), do Centro de Formao MiltonSantos-Lorenzo Milani (Santos-Milani) e do Instituto de Filosofia da Libertao (IFiL). Colunistado blogue assessoriajuridicapopular.blogspot .com

    E-mail: [email protected]

    Resumo: O presente ensaio insere-se na tentativa de buscar uma reviso conceitual do

    1 / 33

  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    2/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    fenmeno do bacharelismo. Tal anlise vincula-se ao que se props chamar de pensamentobrasileiro, expresso que tem por fito dimensionar uma dada parcela da literatura brasileiraque tida como intrprete de sua realidade. Repisando reas transdisciplinares doconhecimento, o que se chamou de pensamento brasileiro recorre histria, sociologia,

    filosofia e, entre outros, ao direito. Entrementes, o trabalho caracterizou-se primordialmentepela anlise do que se costumou chamar na literatura historiogrfica, mesmo a jurdica, defenmeno do bacharelismo, buscando articular as suas anlises com a inteno de realizar acrtica de sua formulao como esteretipo ou fetiche.

    Sumrio: 1. Prolegmenos; 2. Pensamento brasileiro: contexto e pressuposto; 2.1. Um Brasilpela raiz; 2.2. A voz dos donos e os donos do poder; 3. O bacharelismo: entre o fetiche e oesteretipo; 4. Fontes bibliogrficas

    Palavras-chave: Pensamento Brasileiro; Bacharelismo; Pensamento Jurdico Brasileiro; CrticaJurdica.

    Abstract: This essay is part of an attempt to find a conceptual review of the bacheloristicphenomenon. This analysis is linked to what is proposed to call "Brazilian thought which aim isto scale a given parcel of Brazilian literature that is taken as an interpreter of its reality.Returning disciplinary areas of knowledge, that is called "Brazilian thought" refers to the History,Sociology, Philosophy and, among others, Law. Thus, this paper was characterized primarily bythe analysis of what is named, in historiographical literature, even legal, bacheloristicphenomenon, seeking to articulate their analysis with the intention to make the criticism of itsformulation as a stereotype or fetish.

    2 / 33

  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    3/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    Key-words: Brazilian Thought; Bachelorism; Brazilian Legal Thought; Critic of Law.

    1. PROLEGMENOS

    O direito brasileiro no pode se ressentir de seu passado. A histria o constitui e como tal nodeve ser olvidada. Assim como para um povo fulcral o conhecimento de sua origem ecaminho pelos tempos, para o direito igualmente integrante da histria de um povo odesvelar contnuo e corajoso do que se passou tem de significar um desiderato sempre a sepromover. No totalmente desprovido de razo, Caio Prado Jnior diria que todo povo tem nasua evoluo, vista distncia, um certo sentido. [1] Assim introduz ele sua obra principal,

    ainda que possa ser alvo de crticas quanto a sua concepo de projeto histrico. No entanto,parece que, distncia, sim, h um certo sentido na histria. E pode haver no como umprojeto objetivamente lapidado, mas como algo que flui e ao faz-lo provoca conseqncias,experimentos, quotidianidades.

    Sendo assim, como ignorar o fato de que em terras brasileiras, em que se plantando tudo d,germinou-se um direito desligado das aspiraes populares e voltado para as elites polticas eeconmicas? inegvel a constatao de que a trajetria de nossas instituies jurdicas

    fundadas numa cultura liberal-individualista e numa tradio patrimonialista, estatal eformalista determinou o tolhimento de mltiplas formas de se conhecer o direito, de se resolveros problemas de acordo com a diversidade inerente s populaes que aqui viveram e queaqui chegaram, de tal modo a sacralizar o modelo unitrio, restritivo e aliengena. [2]

    H, contudo, de se verificar que a despeito de o Brasil e sem dvida toda a Amrica Latina ter nascido a frceps para a civilizao ocidental moderna, [3] sua histria no foi unvoca,dicotmica, homognea. Tampouco se pode crer que, pelo fato de ter havido uma violncia

    originria em sua constituio, necessrio risc-la dos antecedentes histricos do hoje. No.O mister contemporneo superar as limitaes, as agonias, as opresses que soem vicejar, e

    3 / 33

    http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn1http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn2http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn3http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn3http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn2http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn1
  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    4/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    uma das ferramentas mais versteis para tanto o conhecimento histrico, cuja funo maispremente auscultar o inaudvel para apropriadamente transform-lo.

    nessa perspectiva que este trabalho pretende se construir. Seu objeto analisar o fenmenojurdico do bacharelismo, desde uma reviso conceitual inserida na histria. Assim, no bastaruma anlise dos textos nacionais clssicos acerca do tema, notadamente as obras de AlbertoVenncio Filho e Srgio Adorno, mas ser igualmente preciso imiscuir na discussocontextualizao histrica que permita antever os aspectos relevantes que condicionam seuexame. Tal abordagem se preocupar, em um primeiro momento, em abordar a existncia doque aqui se denominou pensamento brasileiro. Representam-no, para os fins c postos,Srgio Buarque de Holanda e Raymundo Faoro.

    Ao se ver que h quem, ainda hoje, precisa admoestar o jurista atual, a fim de que ele no seperca em um acriticismo contumaz, em um nefando modo de encarar a realidade, reduzido interpretao de textos legais e de uma histria institucionalizada, consegue-se entender oquo importante se mostra verificar o comportamento do jurista do passado, pois o resgateque se impe ao direito passa por

    um resgate, todavia, que se poder conseguir plenamente somente se se enrobustecer anossa conscincia crtica e, em vista desse enrobustecimento, consigamos colocarmo-nos numobservatrio liberado de crenas indiscutveis e das liturgias culturais que desembocamnaqueles lugares comuns que so o pntano asfixiante de todo homem de cultura. Em outraspalavras (...), se se fizer aquele banho epistemolgico que o jurista mais desperto sem dvidacomeou a fazer, mas que deve se estender sonolenta maioria silenciosa ainda imersa numa

    cmoda preguia. [4]

    Eis ento o propsito de se enfrentar o problema, j no mais meramente acadmico, dobacharelismo brasileiro, o qual ganha relevncia ao se observar que a inovao epistemolgica

    ou a postura crtica no se fazem meramente a partir dos discursos, vez que suas prticas seencontram sobejamente arraigadas nas velhas maneiras de se manejar o direito. Contudo, a

    4 / 33

    http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn4http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn4
  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    5/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    suprassuno dialtica de um novo momento para os bacharis de hoje no cabe na visoestereotipada do bacharelismo imperial e tampouco lograr xito com a percepo enviesadapela fetichizao da atividade dos juristas de ontem.

    2. Pensamento brasileiro: contexto e pressuposto

    Como j se ressaltou, a pesquisa partir de um referencial prprio, o pensamento brasileiro.Elegeu-se, para sua problematizao, Srgio Buarque de Holanda, com seu Razes do Brasile Raymundo Faoro, com seu Os donos do poder, devendo-se a este acrescentar uma obrade cunho metodolgico, qual seja, Existe um pensamento poltico brasileiro?.

    J Antnio Cndido referira-se trade histrica que, juntamente com Faoro, serve deparmetro para se refletir acerca de um pensamento brasileiro. So palavras do historiador ecrtico literrio:

    Os homens que esto hoje um pouco para c ou um pouco para l dos cinqenta anosaprenderam a refletir e a se interessar pelo Brasil sobretudo em termos de passado e emfuno de trs livros: Casa-grande e senzala, de Gilberto Freyre, publicado quando estvamosno ginsio; Razes do Brasil, de Srgio Buarquede Holanda, publicado quando estvamos no curso complementar;Formao do Brasil Contemporneo, de Caio Prado Jnior, publicado quando estvamos na escola superior. So estes os livrosque poderemos considerar chaves, os que parecem exprimir a mentalidade ligada ao sopro deradicalismo intelectual e anlise social que eclodiu depois da Revoluo de 1930 e no foi,

    apesar de tudo, abafado pelo Estado Novo.[5]

    5 / 33

    http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn5http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn5
  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    6/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    Hoje, mais de quarenta anos depois do que disse Cndido (o texto de 1967), considera-secomo iniludveis suas palavras. A experincia no ensino superior, na faculdade de direito, leva preocupao no tocante ao que significa ser bacharel causdico; mas sobretudo viver noBrasil, Brasil latino-americano que precisa se voltar para os seus, constitui tarefa crtica cujamaior exigncia a de no se amesquinhar nos tradicionais padres cientficos. Apesar de jno to radicais, e mesmo criticveis, os integrantes da trade servem como exemplo eapontam para a necessidade de contnua interpretao do nacional para que o passado restecomo modelo (muitas das vezes, talvez a maior parte delas, modelo que no se deve repetir) e

    apresente-se como conhecimento de si mesmo, muito mais que formao de identidadenacional, mas como smbolo de coeso e convergncia para um futuro que seja capaz de unirna diversidade.

    2.1. Um Brasil pela raiz

    O primeiro dos intrpretes nacionais a aqui figurar de forma protagonista Srgio Buarque deHolanda. O livro de 1936, alterado pela proficincia cientfica do autor no decurso dos anos,

    aproveita-se como exegese consolidadora de uma temtica que seria reincidente na esfera dahistria do direito. Faz-se referncia ao bacharelismo, muito prprio de um pas em que aeducao de nvel superior medrou como privilgio das classes sociais dominantes, sendo,inclusive e por muito tempo, o curso de direito o nico e principal para a formao daburocracia estatal.

    Em um captulo denominado Novos Tempos, Srgio Buarque examinou a questo dobacharel. Antes, porm, e seguindo o ttulo de seu livro, procurou a gnese da formao do

    brasileiro, o que iria desembocar naquela dcada de trinta, qual j se referiu. A busca pelainterpretao do atual, acorreu a Srgio Buarque e aos outros partindo-se do passado. O livro

    6 / 33

  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    7/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    Razes do Brasil parte das fronteiras com a Europa, de um suposto achamento, maispertinente com a idia de conquista, de uma colonizao exploradora, enquistada que esteveno latifndio, na monocultura e na escravido. de l que a herana portuguesa logra se fixarnas terras do alm-mar brasileiro. A anlise quase que weberiana de Srgio Buarque leva a

    compreender a ndole aventureira e semeadora do colonizador portugus, deixando comoesplio uma sociedade rural voltada para a dicotomizao do trabalho manual ante ointelectual, e fazendo crer de nosso imo um tanto quanto cordial, cordial ao ponto de se fazerecltico e conciliador ao extremo. [6]

    Sendo este o contexto, o tema do bacharelismo aparecer como estertor de uma sociedade jpatrimonialista e altamente concentrada de rendas e saberes. De acordo com Srgio Buarque,no Brasil o positivismo dogmtico obteve grande sucesso. Os seguidores de Comte criam

    no triunfo das novas idias. Negavam, porm, de todo, a realidade brasileira, chegandoBenjamin Constant, fundador de nossa repblica e de sugestivo nome, a desprezar a polticanacional. Foram, por um tempo, a aristocracia do pensamento brasileiro.

    No Brasil, costumou-se sempre importar preceitos e os fazer adequar a uma realidade que nolhes era cabvel, para sustentar privilgios. Eis o exemplo da democracia que, no mximo,serviu para aniquilar uma autoridade incmoda. Os movimentos pretensamente reformistas sederam de cima para baixo (independncia, repblica), foram das minorias, elites, nada dizendo

    ao povo. A aristocracia nacional passou de agrria para citadina; das grandes senhorias scitaes livrescas. Esqueceu-se a quotidianidade e passou-se dedicao da escrita, daretrica, da gramtica e do direito formal. Dom Pedro II foi um exemplo disso. [7] Oaristocratismo foi preservado por meio da imaginao cultivada, leituras francesas, presuno,alheamento do mundo, erudio formal, teorias estrangeiras e concepes simplistas da vida(que no exigissem grande esforo mental). H, ento, o ressaltar de uma das caractersticasdo intelectual brasileiro: seu pensamento simplista, sua preguia de pensar. o caso damiragem da alfabetizao em massa. Segundo alguns, seria a redeno nacional, nos moldesdos Estados Unidos da Amrica do Norte, o Brasil se tornaria das maiores potncias domundo, o que, de fato, por si s, no quer dizer nada mais que alfabetizao em massa. Assim,

    de acordo com Srgio Buarque, as panacias brasileiras, no fundo, representam umdesencanto com a nao, suas condies reais. S se construindo um pas, novo, nos moldesdo que foi pensado fora, que haveria soluo, na viso do aristocrata intelectual tupiniquim.[8]

    Por trs deste cenrio se encontra, no entanto, uma caracterstica peculiar do brasileiro, qualseja, o cultivo do individualismo: ainda no vcio do bacharelismo ostenta-se tambm nossatendncia para exaltar acima de tudo a personalidade individual como valor prprio, superior s

    contingncias. [9] O brasileiro, aqui, visto de uma forma generalizada, muito mais voltadopara os setores sociais bastante prximos s esferas de poder. Estariam imbudos,

    7 / 33

    http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn6http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn7http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn8http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn9http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn9http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn8http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn7http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn6
  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    8/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    entrementes, no culto personalidade; raramente se dedicando a objetos exteriores. Avessos morosidade, monotonia, bem como disciplina. Da as atividades liberaiscomprazerem-nos, por serem um acidente ao indivduo, e no um fim, como uma carreira a serseguida. Nesse sentido, afirma Srgio Buarque de Holanda: ainda hoje so raros, no Brasil, os

    mdicos, advogados, engenheiros, jornalistas, professores, funcionrios que se limitem a serhomens de sua profisso. [10] O bacharelismo, pois, serve ao culto dapersonalidade, degringolando o horror ao fatigante. Aqui ele reinou como soeu ocorrer com osEstados Unidos, Independncia:

    poucas terras, por exemplo, parecem ter sido to infestadas pela praga do bacharelismoquanto o foram os Estados Unidos, durante os anos que se seguiram guerra daindependncia: notria a importncia que tiveram os graduatesna Nova Inglaterra, apesar detodas as prevenes do puritanismo contra os legistas, que lei do Senhor pareciam querersobrepor as simples leis humanas. (...) advogados de profisso foram em sua maioria osmembros da Conveno de Filadlfia.[11]

    Ou com Portugal: em quase todas as pocas da histria portuguesa uma carta de bacharelvaleu quase tanto como uma carta de recomendao nas pretenses a altos cargos pblicos.[12]

    A respeito de Portugal, inclusive, cabe ressaltar o fato de que um jovem brasileiro do sculo 18que, indo graduar-se em terras lusitanas, na tradicional Universidade de Coimbra, no curso demedicina, escreveu um panegrico s avessas a Portugal, um poema ressaltando que aEstupidez, expulsa do continente europeu onde reinava, procurava nova sede e a encontrounas plagas lusas. Ao poema, vocativo do poeta, exorta:

    8 / 33

    http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn10http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn11http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn12http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn12http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn11http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn10
  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    9/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    dize somente que o fruto que daqui levam os legistas a pedanteria, a vaidade e aindisposio de jamais saberem. Enfarinhados unicamente em quatro petas de DireitoRomano, no sabem nem o Direito Ptrio, nem o Pblico, nem o das Gentes, nem Poltica,nem Comrcio, finalmente, nada til. Que os Canonistas saem daqui com o crebro

    entumecido (sic) com tanto Direito de Graciano, sem crtica, sem mtodo, engolindo, comalguns verdadeiros, imensos Cnones apcrifos, dando ao Papa, a torto e a direito, poderesque lhe no competem por ttulo nenhum e desbulhando os Reis dos que por Direito daMonarquia lhes so devidos. Com estes no te abras mais, e acrescenta s que melhormorar em uma casa vazia do que em uma cheia de trastes velhos e desconcertados, ondereina a desordem, a confuso e a imundcie. [13]

    Apesar de longa, vale a pena a citao por sua ferina graa.

    2.2. A voz dos donos e os donos do poder

    Na outra ponta da lana, encontra-se como base a obra de Raymundo Faoro. Primeiramente, o

    de Existe um pensamento poltico brasileiro?; em seguida, o de Os donos do poder. J nomais um autor da clssica trade, tendo sido, todavia, premiado em 1959 pela AcademiaBrasileira de Letras por sua primeira verso de Os donos do poder, Faoro possibilitar aponte para se pensar o invlucro scio-histrico brasileiro, o qual perpassa o tema dobacharelismo.

    Em rpidas linhas, pode-se situar a problemtica do pensamento poltico brasileiro, na versode Faoro. Do legado portugus, ter-se-a constitudo uma forma bastante prpria de se pensar

    o nacional: a partir do estado. No -toa a existncia de movimentos separatistas por todo operodo colonial desembocar numa pacificao, em prol da manuteno das fronteiras. O

    9 / 33

    http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn13http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn13
  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    10/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    estado, ente alm-continental, a no bastar ter destroado os habitantes originais de nossoterritrio, ter espoliado o negro de sua terra, vinculou uma forma burocratizada de se pensar anao. O prprio perodo imperial revelaria isso, com as incurses de Duque de Caxias para amanuteno das bordas brasileiras.

    Reduzindo um tanto a problematizao de Faoro em Existe um pensamento polticobrasileiro?, pode-se encontr-la no cerne do que ele chamou de duas rotas. Trata-se doliberalismo ante uma possvel viso democrtica.

    O elemento nacionalcompe a corrente emancipacionista, larvarmente nativista, preso crisecolonial. (...) O elemento nacional est no sentido certo: no se trata deum pensamento nacional, de um pas como Nao, mas como ncleos no homogneos, comum projeto apenas como projeto nacional. As circunstncias a dissoluo do sistemacolonial teriam configurado as bases de uma conscincia histrica, estamental e virtualmentede classe, sem que se possa configurar uma situao revolucionria, pelo menos no seumomento inicial, pela ausncia de projeto.

    [14]

    Com a chegada da famlia real, em 1808, e a conseqente abertura dos portos, a causa liberalse desliga da nacional. Os interesses econmicos suspendem-se e falam mais alto. No

    entanto, a emancipao poltica teria de ser corolrio lgico, a despeito de economicamentemanter-se o pas agrilhoado aos grandes centros europeus. A estrutura colonial totalmenteabalada faria surgir um estado com propenses ao absolutismo, mas com um liberalismo defachada, concernente s elites, diga-se de passagem, muito afeitas ao modo escravista deproduo.

    Por fim, entretanto, a concluso a que se poderia chegar a de que o liberalismo foi muitomais uma ttica para o absolutismo do que uma transio para o modelo que hoje se conhece

    como social-democrata. No se trataria de democracia e sim de burocracia.

    10 / 33

    http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn14http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn14
  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    11/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    A ossificao do modelo liberal, o absolutismo mascarado de D. Joo VI e de D. Pedro I, pelavoz de seus intrpretes, soldado ao liberalismo restaurados, desclassificou todas asconcepes liberais autenticamente liberais. O constitucionalismo, que se apresentou como osinnimo do liberalismo, seguiu rumo especfico, particularmente na Carta outorgada de 1824.O ciclo se fecha: o absolutismo reformista assume, com o rtulo, o liberalismo vigente, oficial, oqual, em nome do liberalismo, desqualificou os liberais. Os liberais do ciclo emancipador forambanidos da histria das liberdades, qualificados de exaltados, de extremados, de quimricos,tericos e metafsicos. [15]

    Apesar de no ser essa a temtica do trabalho, mostra-se interessante resgatar tais vises,para que as pocas das quais se trata no se esvaiam em inconcretudes diversas. Por maismeta-discursiva que se apresente a argumentao ao se tratar de um

    pensamentobrasileiro que pensou o pensamento brasileiro enfrenta-se o risco das redundncias parachegar, com suficiente arcabouo, ao escopo maior da compreenso histrico-jurdica dobacharelismo.

    Adentrando em outras sendas faorianas, as de Os donos do poder, percebe-se que em suaviso aplaina o estado brasileiro uma camada poltico-social: o estamento burocrtico. Oestado maior que a nao. O povo s o pode ver quando de circunstanciais eleies e

    quotidianos impostos. A escola, por sua vez, serve burocracia:

    o bacharel, o pr-juiz, o pr-promotor, o pr-empregado, a vspera do deputado, senador eministro, no criam a ordem social e poltica, mas so seu filho legtimo. O sistema prepara

    escolas para gerar letrados e bacharis, necessrios burocracia, regulando a educao deacordo com suas exigncias sociais. [16]

    11 / 33

    http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn15http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn16http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn16http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn15
  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    12/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    Segundo Faoro, desde colonizao isto j se dera, com os bacharis de outrora, os jesutas,prontos a dar seu tom cultista e conceptista a sua catequese. Assim,

    o caminho da nobilitao passava pela escola, pelos casares dos jesutas, pela soleneCoimbra ou pelos acanhados edifcios de Olinda, So Paulo e Recife. O alvo seria o empregoe, por via dele, a carruagem do estamento burocrtico, num processo de valorizao socialdecorrente do prestgio do mando poltico. Educao intil para a agricultura, talvez nociva aoinfundir ao titular o desdm pela enxada e pelas mos sujas da terra, mas adequadas ao cargo,chave do governo e da administrao. Os jovens retricos, hbeis no latim, bem falantes,argutos para o sofisma, atentos s novidades das livrarias de Paris e Londres, com a frase dePitt, Gladstone e Disraeli bem decorada, fascinados pelos argumentos de Guizot e Thiers, emdia com os financistas europeus, tmidos na imaginao criadora e vergados ao peso das

    lies sem crtica, fazem, educados, polidos, bem vestidos, a matria-prima do parlamento.Olhados distncia tero o ar ridculo dos velhos retratos, com os versos finos dedicados amusas e damas mal alfabetizadas. Falta-lhes a voz spera, o tom rude, a energia nativa doscolonos norte-americanos e dos polticos platinos, menos obedientes ao estilo europeu, maishomens, menos artistas e mais dotados do encanto potico. [17]

    A longa descrio tem seu sentido. Mostra o autor uma caricatura que ficaria para aposteridade. Vistos distncia do tempo os bacharis de outrora parecem, sim, ridculos, masno menos ridculos apresentam-se os que se bacharelizaram hodiernamente, regurgitandoprofusamente a doutrina europia mais em moda, com a perspectiva neoliberal que lhesubjaz.

    Continua Faoro, demonstrando que o servio pblico a caa maior do bacharel. Destarte, umpatronato, o qual significa aparelhamento para expanso e sustentao da aristocracia

    12 / 33

    http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn17http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn17
  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    13/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    nacional. Aristocracia burocratizada, claro, na qual o poder o poder, como Jeov o que [18]. Sendo, ento, a forma estamental, seu contedo patrimonialista. Os cofres pblicos devemestar cheios para servir aos interesses pessoais, na compra das graas. No senado vitalcio, o

    comando; na cmara eleita, uma confraria de pedintes. O povo, inibido, sente que o estado no ele; o povo, impedido, pois a elite diz no ter o povo capacidade de autogovernar-se ougovernar-se democraticamente. E por qu? Porque o sistema no lhe permite a participao,decretando-se um inexpugnvel crculo vicioso.

    Este , enfim, o panorama que se nos apresenta, dentro do contexto do que se denominoupensamento brasileiro, bem como de sua adoo como pressuposto metodolgico, a partir doqual se visualizar a temtica do bacharelismo, j esboada nas perspectivas de Srgio

    Buarque de Holanda e Raymundo Faoro. A despeito de imperar em suas perspectivas tom umtanto quanto negativista e caricaturizador da figura do bacharel, preconceituo da qual sepretende afastar, afiguram-se referidos autores como o conjunto embasador de umainterpretao prpria, uma interpretao do Brasil.

    3. O bacharelismo: entre o fetiche e o esteretipo

    A partir de agora, tendo em vista os lineamentos previamente estipulados, o objetivo ser o de

    enveredar-se pelos caminhos que se fizeram ao longo da discusso do bacharelismo [19]jurdico brasileiro, em especial o discutido da dcada de 1970 para c. Constituem-se, assim,como fontes indispensveis desta anlise os livros de Alberto Venncio Filho, Das arcadas aobacharelismo, de 1977, e de Srgio Adorno, Os aprendizes do poder, de 1988. Ambos, comproficincia, analisam a questo do bacharelismo sob uma angulao que tende a desvalorizaro ensino jurdico nacional, em seus primeiros arroubos institucionais. por isso que se trar discusso opinio diversa, soando como contraponto a uma tal perspectiva, a partir da quebuscaremos re-conceituar, ou melhor para fugirmos da pedanteria que envolve umaconceituao deste porte , definir de modo mais sereno o que se quer dizer com o fenmenodo bacharelismo tupiniquim.

    13 / 33

    http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn18http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn19http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn19http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn18
  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    14/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    Em primeiro lugar, porm, preciso filiar-se ao entendimento que considera o fenmenojurdico brasileiro como

    o conjunto de padres e significados que circulavam e prevaleciam nas instituies jurdicasbrasileiras do Imprio (faculdades, institutos profissionais de advogados e magistrados, o foro,e, em alguns casos, no parlamento), e que atribuam uma tipicidade ao direito brasileiro. Acultura jurdica brasileira um fato histrico antropolgicoque se d a partir dos elementos (humanos, doutrinais, sociais, econmicos, etc.) presentes na

    sociedade brasileira desta poca e dentro de aparatos institucionais localizveis dentro dasvicissitudes histricas brasileiras.[20]

    Assim sendo, soa incompatvel uma anlise que procure desqualificar o pensamento jurdicobrasileiro por sua ndole macaqueadora que, mesmo que assim se apresente, afigura-se comofato histrico digno de reflexo, tanto por ser constituinte, por assim dizer, gentico do que hojese proclama no mbito das letras jurdicas nacionais, quanto por ter possudo influncia sobre apopulao brasileira da poca imperial, a qual no deixa de ser menos populao brasileira porconta do importacionismo jurdico daqueles tempos. Desse modo, objetar pela ndole imitadorado direito brasileiro em sua histria no pode representar a desfaatez de esquec-la e dizerque histria jurdica s h no prelo do direito europeu continental ou insular.

    Partindo-se de Alberto Venncio Filho, tem-se que o Imprio do Brasil s conheceu duasfaculdades de direito: a de So Paulo e a de Olinda, posteriormente, de Recife. Muitos, porm,foram os seus problemas: desde as instalaes at os quadros docente e discente. A vidaacadmica dos estudantes teria servido grandemente como ante-sala para o parlamento. Ojornalismo, o teatro, a poltica, a literatura, as sociedades secretas, a msica e os novosiderios permeavam-lhes o quotidiano. Em especial, na literatura, tem-se a influncia enormedo Romantismo, que fez parir das mais importantes personagens das letras nacionais, taiscomo lvares de Azevedo, Castro Alves, Fagundes Varela, Jos de Alencar, Tobias Barreto,entre outros. interessante a este respeito mencionar a

    14 / 33

    http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn20http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn20
  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    15/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    predestinao que levou mais tarde a Faculdade de Direito de So Paulo a inscrever nofrontispcio de suas arcadas no o nome de trs jurisconsultos, mas o nome de trs poetas:

    lvares de Azevedo, Castro Alves e Fagundes Varela. tambm uma singular coincidnciaque nenhum dos trs poetas consiga completar o curso jurdico, morrendo com os estudosainda incompletos. [21]

    Pode-se observar, inclusive, que o papel da literatura foi fulcral para a formao do bacharel poca do Imprio.

    O primeiro dos trs nomes inscritos nas arcadas de So Francisco, lvares de Azevedo, talvezo maior baironiano brasileiro, poeta paradigmtico do mal-do-sculo, tinha como temticacontnua de sua poesia a boemia, o que demonstra que o novo clima, cultural por excelnciapara aqueles jovens recm-sados do lar paterno, envolvia-lhes numa nova atmosfera, da quala pueril cincia do direito tupiniquim no dava conta:

    PUFF

    Ceei fartaNa taverna do Sapo e das Trs-Cobras.Fao o quilo; ao repouso me abandono.Como o Papa Alexandre ou como um Turco,Me entrego ao far nientee bem a gosto

    Descanso na calada imaginando.

    15 / 33

    http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn21http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn21
  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    16/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    NNI

    Embalde quis dormir. Na minha menteFermenta um mundo novo que desperta.Escuta, Puff: eu sinto no meu crnioComo em seio de me um feto vivo.Na minha insnia vela o pensamento.Os poetas passados e futurosVou todos ofuscar... Aqui no crebroTenho um grande poema. Hei de escrev-lo, certa a glria minha!

    PUFF

    A idia boa:Toma dez bebedeiras so dez cantos.Quanto a mim tenho f que a poesiaDorme dentro do vinho. Os bons poetasPara ser imortais beberam muito. [22]

    16 / 33

    http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn22http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn22
  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    17/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    Por seu turno, Castro Alves, tambm poeta romntico, mas j da gerao conhecida pelagrandiloqncia condoreirista e pelo engajamento poltico, sendo cognominado de O Poeta

    dos Escravos, devido a sua luta abolicionista, demonstra satiricamente seu descontentamentopelo conhecimento manualesco, o que j denota uma forma de ensino, e seu deslumbre pelavida bomia na qual eram inseridos os estudantes da faculdade de direito:

    Que noite fria! Na deserta ruaTremem de medo os lampies sombrios.Densa garoa faz fumar a lua,

    Ladram de tdio vinte ces vadios.

    Nini formosa! por que assim fugiste?Embalde o tempo tua espera conto.No vs, no vs?... Meu corao tristeComo um calouro quando leva ponto.

    A passos largos eu percorro a salaFumo um cigarro, que filei na escola...Tudo no quarto de Nini me fala

    Embalde fumo... tudo aqui me amola.(...)Pego o compndio... inspirao sublimeP'ra adormecer... inquietaes tamanhas...Violei noite o domiclio, crime!Onde dormia uma nao... de aranhas... [23]

    Outro gnio literrio da poca, Fagundes Varela, conhecido pelo seu tristssimo Cntico doCalvrio, em louvor a seu filho morto em tragdia pessoal, tambm pode bem demonstrar osafazeres mltiplos da poca, com relao ao jornalismo, atividade a qual sobejamente citadapelos intrpretes do bacharelismo como das funes que mais formavam o estudante dedireito. [24] Declamava o poeta, em ode imprensa:

    17 / 33

    http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn23http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn24http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn24http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn23
  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    18/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    No impunhas a espada, no manejas

    A pesada espingarda,

    No derramas o sangue nas pelejas,

    No vestes uma farda.

    Combates no terreno da verdade,

    Mas ento peito a peito;

    Plantas o pavilho da liberdade

    Nas raias do direito.

    (...)

    Respeitam-te as naes, o povo opresso

    18 / 33

  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    19/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    A ti os olhos ergue,

    Santa imagem da glria e do progresso,

    Filha de Gutemberg!

    Se os mandes o erro e a cobia

    Procuram te abafar,

    Ergues o gldio herico da justia,

    Triunfas sem lutar!

    (...)

    Protetora do gnio e da cincia,

    De quanto sente e pensa!

    Da humanidade eterna conscincia,

    19 / 33

  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    20/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    Salve, divina Imprensa! [25]

    Ainda na seara dos grandes nomes da literatura nacional, parece impossvel no mencionarJos de Alencar, um dos cones da prosa romntica brasileira, mas que teve sua formao emdireito e boa parte de sua vida dedicada poltica. Deveras interessante uma de suas obrasjurdicas, intitulada A Propriedade, na qual discorre o autor de O Guarani acerca dos direitos

    reais em geral. um manual, mas nem por isso deixa de possuir um tom inegavelmenteliterrio. Em uma das passagens, aps discorrer longamente sobre a diviso entre direitos reaise obrigacionais (matria mui pertinente at hoje entre os civilistas), assevera queinconsistncias h, inmeras, nas demasiadas classificaes e fices jurdicas.

    Nessa escala vai a lei civil e a sciencia descendo de degro em degro at a extrema baixeza.Ahi forada pela fora irresistivel da verdade, compellida pelos interesses rebeldes que sombra della se foram gerando arrastada um dedalo inextricavel de contradices eabsurdos onde se perdem os mais vigorosos e possantes engenhos.

    De balde tenta ella assumir alguma vez a eminencia que lhe compete; no o conseguiremquanto tiver a base de argilla como a estatua de Minos. [26]

    Nome que no pode restar esquecido o de Tobias Barreto. De cariz liberal, Tobias Barreto foidas maiores figuras do direito ptrio. Contra o positivismo e o evolucionismo spenceriano, elepraticamente inicia uma tradio filosfica que d vazo a uma abertura de horizontes, uma

    entrada de novos ares e, sobretudo, a atualizao da cultura do pas com as grandes correntesdo pensamento moderno, libertada do exclusivismo da cultura portuguesa. [27] Abertura esta,

    20 / 33

    http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn25http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn26http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn27http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn27http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn26http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn25
  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    21/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    porm, condicionada demasiada influncia alem, sendo que a Escola do Recife, como ficouconhecido seu movimento, tambm foi ironicamente chamada de Escola teuto-sergipana ouEscola de Tobias. Para demonstrar sua insatisfao com as condies sociais brasileiras,[28]

    tentou fundar um Clube Popular cujo destino foi ter fracassado, sem porm ter se esvado suaconcepo originria, como se relata a seguir:

    O Clube Popular Escadense, meus senhores, no nutre a pretenso, que seria rdicula, de vir

    levantar um dique de resistncia contra a corrente de tantos males, cujo ligeiro esboo acabode fazer; mas tem o intuito de incutir no povo desta localidade um mais vivo sentimento do seuvalor, de despertar-lhe a indignao contra os opressores e o entusiasmo pelos oprimidos. Eh momento, j disse com razo algum, h momentos, em que o entusiasmo tambm tem odireito de resolver questes... [29]

    Percebe-se, de pronto, que, conforme a crtica a Srgio Adorno,

    no parece um procedimento adequado, por isso, separar o conhecimento do jurista do sculoXIX do contedo de oralidade de que ele se revestia, procurando-se, obviamente em vo, aproduo de conhecimento do jurista como se ele fosse um cientista acadmico do sculo XX.Igualmente no parece adequado o procedimento de Adorno em separar o saber do juristadeste perodo do saber literrio e retrico (sobretudo da cultura clssica), como tambm, enfim,no parece adequado separar a prtica do jurista da sua atividade poltica e jornalstica. Tudoisso formava uma unidade, que constitua a prpria identidade do homem das letras jurdicasdo sculo XIX. Enfim, Adorno parece buscar no sculo XIX algo que l no existe: um cientistado direito, imerso numa academia com padres germnicos, perdendo de vista que a culturajurdica no sculo XIX tinha outro matiz. [30]

    21 / 33

    http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn28http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn29http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn30http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn30http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn29http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn28
  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    22/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    Aparenta-se, ento, consistente a idia de que a interpretao do bacharelismo no devapassar pelo restritivo veio da considerao de uma melhor cultura jurdica, pois esta

    diferente da cultura jurdica, entendida e valorada desta ou daquela forma. [31]

    Percorra-se, em breves linhas, o caminho tomado por Srgio Adornoao analisar a questo dobacharelismo. Parte o referido autor da contradio originria aquela j esboada a partir deRaymundo Faoro entre o liberalismo e a democracia. Significativo , pois, ressaltar osubttulo de seu livro ora analisado: O bacharelismo liberal na poltica brasileira. Parece serescopo prprio de sua reflexo a tentativa de mostrar que a elite dos quadros estataisformados pelas faculdades imperiais de direito estava atrelada a uma forma prpria de pensar,

    o pensamento liberal, pouco afeito democracia e muito mais ligado a um aristocratismo,legado lusitano e dos ridos tempos coloniais. Num segundo momento, passa o autor adiscorrer acerca da fundao dos cursos jurdicos, sua discusso em parlamento jindependente e ps-constituio de 1824, em consonncia com a construo do EstadoNacional.

    O terceiro momento porm do desenvolvimento de seu pensamento apresenta-se como o maisinteressante aqui, uma vez busca demonstrar que

    a cultura jurdica no Imprio produziu um tipo especfico de intelectual: politicamentedisciplinado conforme os fundamentos ideolgicos do Estado; criteriosamente profissionalizadopara concretizar o funcionamento e o controle do aparato administrativo; e habilmente

    convencido seno da legitimidade, pelo menos da legalidade da forma de governo instaurada.

    Nesse contexto poltico-cultural, a Academia de So Paulo constitui-se no espao parexcellencedo bacharelismo liberal.[32]

    22 / 33

    http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn31http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn32http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn32http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn31
  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    23/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    Da por diante incorrer o texto numa conceituao confusa do que seja o ensino jurdico, umavez que sua no explicitao pode fazer cair em erros recorrentes na explicao da prtica

    pedaggica do direito.

    Chama-se, aqui, de discursoestereotipado do bacharelismo a prtica de sua visualizao emdesconformidade com o seu contexto histrico, numa imputao meramente palavresca doprofissional do direito, como se isso no constitusse seu prprio quefazer, no s aqui massempre que tal profissional desempenhe papel salutar. Revela-se pouco apropriada (para nodizer acientfica) a qualificao que Adorno buscou dar ao profissional do direito no Imprio,introduzindo-o na idia de bacharel. [33] Assim,

    so exemplos pensamentos como este:

    Paradoxalmente, outros grandes jurisconsultos que o Imprio conheceu, egressos daAcademia de Direito de So Paulo, no foram nenhum deles membros do corpo docente

    desse estabelecimento de ensino. (...) A titulao de doutor passa, a partir de 1856, a estarassociada iniciao em outras carreiras. Essa observao sugere no apenas a poucaimportncia conferida docncia universitria quanto ao fato de que a titulao, enquantoprtica acadmica, tinha outro significado simblico, que no o aprimoramento intelectual defuturos professores, estando muito mais associada ao processo de apropriao de prestgio defomento pelas elites polticas, durante quase todo o curso da sociedade brasileira sob avigncia do regime monrquico. [34]

    No entanto, no se faz uma tal ressalva para consignar que poca imperial existia sim umensino acadmico intramuros capaz de habilitar o jurista, acadmico que egressaria dafaculdade e apto estaria para as funes causdicas, como o quer Ricardo Marcelo Fonseca:

    23 / 33

    http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn33http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn34http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn34http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn33
  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    24/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    sobretudo a partir da segunda metade do sculo os testemunhos so eloqentes quanto existncia de alguns grandes mestres nas academias, que marcaram as geraes

    subseqentes. Nomes como Tobias Barreto, Francisco Paula Batista, Aprgio Guimares noRecife e em Olinda e Duarte de Azevedo e Joo Monteiro em So Paulo, indubitavelmenteforam responsveis pela circulao de idias jurdicas (embora no s) que marcaram aatuao das faculdades de direito em suas pocas. No seria crvel que estes (entre vriosoutros) professores da faculdade de direito que, de se lembrar, constituam quase que asnicas instituies de ensino superior no Brasil da poca e as nicas faculdades de direito fossem absolutamente desconsiderados pelo corpo discente que estaria mais preocupado ematividades polticas e jornalsticas. [35]

    De fato, no disso que se est a tratar. No se quer dizer que houve um ensino jurdico quequalificou o bacharel e por isso a viso do fenmeno bacharelstico estaria mitigada. O que sequer evidenciar, ou melhor, trazer luz o fato, isto sim, de que o conceito de bacharel abarcaatividades adjacentes, no puramente jurdicas, demonstrando tambmseu azo no queconcerne ao que distinguimos como interpretao crtica do

    fetichedo bacharel ou seja, sua postura ideolgica. Assim sendo, parece que o ensino jurdico noImprio foi, realmente, precrio e que a assertiva de Srgio Adorno no est de todoequivocada: nesse sentido, ao jornalismo que deve ser imputada a responsabilidade pelaformao jurdico-poltica e, nessa condio, teve marcado significado no processo dehomogeneizao da elite.[36]

    O que no se perfilha, entretanto, que isto tenha sido o nico fator de formaoacadmico-jurdica. [37] Contundente e aceitvel tambm a crtica razo ornamental, feitapor Roberto Gomes, em quem se pode entender que a fascinao pelo cidado bem falanteconduziu desgraa (e graa) algumas carreiras de polticos e professores e gerou otriunfo do bacharel. Ah, as delcias da Razo Ornamental! [38] Nestacrtica, porm, se pode perceber que ao lado da razo ornamental h as profisses sendoexercidas, ainda que mitigadas pelo aparelhamento da burocracia imperial, questo muitoprpria daquele momento histrico. No entanto, tenta-se ir um pouco alm, quase queradicalizando: como estudantes de direito e com isso assumindo todas as conseqncias queas paixes de quem est por dentro de parcela desta histria do ensino jurdico nacional

    provocam deve-se lobrigar na figura do bacharel no a de um notvel jurisconsulto;tampouco, a de um jurista versado em mtodo interdisciplinar de ensino.

    24 / 33

    http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn35http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn36http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn37http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn38http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn38http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn37http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn36http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn35
  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    25/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    Pode-se, pois, denotar de toda esta incurso pelo mundo do bacharelismo brasileiro que, sim,o bacharel formado na altura das abstraes e, em geral, pouco aprende sobre a prtica

    jurdica nos bancos escolares. No entanto, v-se nisso um pouco da necessria formaohumanista, que pode ser encontrada at nos dias presentes, pois a presena do bacharel emDireito uma constante na vida brasileira. [39] De fato, no se apreende o conhecimentoestritamente jurdico no quotidiano do ensino superior em direito, mas isto que qualifica ojurista, profissional do direito, que amanh pretender transformar a torpe realidade social queo rodeia e que em parte ajuda a conservar, a no ser escravo dos dogmatismos e atuar comum qu de liberdade em sua sociedade, e no s mendigar cargos pblicos, como faziam osantigos bacharis.

    4. Fontes bibliogrficas

    ADORNO, Srgio. Os aprendizes do poder: o bacharelismo liberal na poltica brasileira. Rio deJaneiro: Paz e Terra, 1998.

    ALENCAR, Jos de. A Propriedade. (Edio fac-smile de Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1883).Braslia: Senado Federal, 2004.

    ALVES, Castro. Poesias Completas de Castro Alves. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s. d.

    AZEVEDO, lvares de. Poesias Completas. So Paulo: Saraiva, 1957.

    AZEVEDO, Fernando. A cultura brasileira: introduo ao estudo da cultura no Brasil. 4 ed.

    25 / 33

    http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn39http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftn39
  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    26/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    Braslia: UnB, 1963.

    CNDIDO, Antnio. O significado de Razes do Brasil. In: HOLANDA, Srgio Buarque. Razes do Brasil. 26 ed. So Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 9-21.

    BARRETO, Tobias. Um discurso em mangas de camisa. In: _____. A Questo do PoderModerador e outros ensaios brasileiros. Petrpolis: Vozes; Braslia: INL, 1977. p. 173-184.

    DUSSEL, Enrique Domingo. tica da Libertao na idade da globalizao e da excluso.Traduo de Ephraim F. Alves, Jaime A. Clasen e Lcia M. E. Orth. 2 ed. Petrpolis: Vozes,2002.

    DUTRA, Pedro. Literatura Jurdica no Imprio. 2 ed. Rio de Janeiro: Padma, 2004.

    FAORO, Raymundo. Existe um pensamento poltico brasileiro?So Paulo: tica, 1994.

    _____. Os donos do poder: formao do patronato poltico brasileiro. 2 ed. rev.e aum. PortoAlegre: Globo; So Paulo: USP, vol. 1, 1975.

    FONSECA, Ricardo Marcelo. A formao da cultura jurdica nacional e os cursos jurdicos noBrasil: uma anlise preliminar(1854-1879). Cuadernos del Instituto Antonio de Nebrija. Madrid:Universidad Carlos III de Madrid; Editorial Dykinson, vol. 8, 2005. p. 97-116.

    _____. Os juristas e a cultura jurdica brasileira na segunda metade do sculo XIX. Quadernifiorentini per la storia del pensiero giuridico moderno, v. 35, 2006. p. 339-369.

    26 / 33

  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    27/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    FRANCO, Francisco Melo. Reino da Estupidez. So Paulo: Giordano, 1995.

    GOMES, Roberto. Crtica da Razo Tupiniquim. 3 ed. Porto Alegre: Movimento/ URGS, 1979.

    GROSSI, Paolo. A formao do jurista e a exigncia de uma reflexo epistemolgicainovadora. In: _____. Histria da propriedade e outros ensaios. Traduo de Luiz Ernani Fritolie Ricardo Marcelo Fonseca. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. p. 85-121.

    HOLANDA, Srgio Buarque. Razes do Brasil. 26 ed. So Paulo: Companhia das Letras, 1995.

    LACOMBE, Amrico Jacobina. A cultura jurdica. In: HOLANDA, Srio Buarque (org.). Histriageral da civilizao brasileira. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, vol. 3, 2004.

    PRADO JUNIOR, Caio. Formao do Brasil Contemporneo: colnia. So Paulo: Brasiliense;Publifolha, 2000.

    SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca dos trpicos. 2 ed.So Paulo: Companhia das Letras, 1999.

    VARELA, Fagundes. Poesias Completas de Fagundes Varela. So Paulo: Companhia EditoraNacional, vol. 2, 1957.

    VENNCIO FILHO, Alberto. Das Arcadas do Bacharelismo. 2 ed. So Paulo: Perspectiva,1982.

    WOLKMER, Antonio Carlos. Instituies e pluralismo na formao do direito brasileiro. In:ROCHA, Leonel Severo (org.). Teoria do direito e do estado.

    27 / 33

  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    28/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1994. p. 9-16.

    [1] PRADO JUNIOR, Caio. Formao do Brasil Contemporneo: colnia. So Paulo:

    Brasiliense; Publifolha, 2000. p. 7.

    [2] WOLKMER, Antonio Carlos. Instituies e pluralismo na formao do direito brasileiro. In:ROCHA, Leonel Severo (org.). Teoria do direito e do estado.Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1994. p. 16.

    [3] A este respeito, Enrique Dussel justape que, ao se conquistar o que hoje se chamaAmrica, inaugura-se a primeira hegemonia mundial, de forma que o acontecimentofundante, para a origem da modernidade, foi o descobrimento da Amerndia em 1492.DUSSEL, Enrique Domingo. tica da Libertao na idade da globalizao e da excluso.Traduo de Ephraim F. Alves, Jaime A. Clasen e Lcia M. E. Orth. 2 ed. Petrpolis: Vozes,2002. p. 57.

    [4] GROSSI, Paolo. A formao do jurista e a exigncia de uma reflexo epistemolgica

    inovadora. Em: _____. Histria da propriedade e outros ensaios. Traduo de Luiz ErnaniFritoli e Ricardo Marcelo Fonseca. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. p. 99.

    28 / 33

    http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref1http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref2http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref3http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref4http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref4http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref3http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref2http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref1
  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    29/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    [5] CNDIDO, Antnio. O significado de Razes do Brasil. Em: HOLANDA, Srgio Buarque.Razes do Brasil

    . 26 ed. So Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 9.

    [6] Mais contemporaneamente, Roberto Gomesse referiu ao ecletismo como no s

    entre-ns apenas um movimento, o primeiro a se estruturar, ou o simples reflexo de umadeterminada situao poltica e social. Produto direito da indiferenciao intelectual brasileira,que por sua vez produto da dependncia cultural que at hoje perdura, creio que noecletismo tenhamos revelado muito mais do que normalmente se supe. manifestao dealguns traos bsicos de nosso carter intelectual e de nossa condio poltica, e continuavivo, ainda encontradio, prezado e vigente entre-ns. (...) Compe o que chamo de um mitobrasileiro: o esprito da imparcialidade. GOMES, Roberto.Crtica da Razo Tupiniquim. 3 ed. Porto Alegre: Movimento/ URGS, 1979. p. 32-33.

    [7] D. Pedro era dado a novidades, gostava de estudar lnguas e cincias exticas, e apalavra progresso, para ele, vinculava-se cincia e ao intelecto. (...) Antes de mudar asestruturas econmicas parecia mais urgente, para d. Pedro II, mudar os espritos, e nessessentido o imperador nunca escondeu quo enfadonha lhe parecia a poltica. Lnguas,astronomia, mineralogia e geologia faziam parte do elenco de paixes de d. Pedro II. (...)Poliglota, assduo correspondente e scio de vrias instituies internacionais mesmo antes desair do pas, d. Pedro II tinha junto ao trono uma biblioteca, um museu, alm de um laboratrioe seu famoso observatrio astronmico. SCHWARCZ, Lilia Moritz. As

    barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca dos trpicos. 2 ed.So Paulo: Companhia das Letras, 1999. p. 150.

    [8] HOLANDA, Srgio Buarque. Razes do Brasil. 26 ed. So Paulo: Companhia das Letras,1995. p. 165.

    29 / 33

    http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref5http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref6http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref7http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref8http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref8http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref7http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref6http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref5
  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    30/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CON

    [9] HOLANDA, S. B. de. Razes do Brasil. p. 157.

    [10] HOLANDA, S. B. de. Razes do Brasil. p. 156.

    [11] HOLANDA, S. B. de. Razes do Brasil. p. 156.

    [12] HOLANDA, S. B. de. Razes do Brasil. p. 157.

    [13] FRANCO, Francisco Melo. Reino da Estupidez. So Paulo: Giordano, 1995. p. 49.

    [14] FAORO, Raymundo. Existe um pensamento poltico brasileiro?So Paulo: tica, 1994. p.53.

    [15] FAORO, R. Existe um pensamento poltico brasileiro?p. 82-83.

    [16] FAORO, R. Os donos do poder: formao do patronato poltico brasileiro. 2 ed. rev.e aum.Porto Alegre: Globo; So Paulo: USP, vol. 1, 1975. p. 388.

    [17] FAORO, R. Os donos do poder. p. 389.

    [18] FAORO, R. Os donos do poder. p. 391.

    [19] H de se ressalvar que o bacharelismo, como se pode observar em Srgio Buarque deHolanda, no se reduz formao em direito, apesar de ela ser a mais significativa: bacharel,

    durante o Segundo Reinado, aos poucos transformou-se em um termo que carregava, alm deuma qualificao, um capital simblico fundamental. Na prtica o bacharel era algum com

    30 / 33

    http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref9http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref10http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref11http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref12http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref13http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref14http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref15http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref16http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref17http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref18http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref19http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref19http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref18http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref17http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref16http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref15http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref14http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref13http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref12http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref11http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref10http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref9
  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    31/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CONC

    diploma em direito dentro ou fora do pas. Todavia, jovens formados em matemtica ou letrastambm podiam portar o ttulo e disputar as cada vez mais escassas vagas de empregopblico. SCHWARCZ, L. M. As barbas do imperador. p. 119.

    [20] FONSECA, Ricardo Marcelo. Os juristas e a cultura jurdica brasileira na segunda metadedo sculo XIX. Quaderni fiorentini per la storia del pensiero giuridico moderno, v. 35, 2006.p. 341 (grifamos).

    [21] VENNCIO FILHO, Alberto. Das Arcadas do Bacharelismo. 2 ed. So Paulo: Perspectiva,1982 , p. 144 e nota 117.

    [22] AZEVEDO, lvares. Bomios (ato de uma comdia no escrita). In: _____. AZEVEDO,lvares de. Poesias Completas. So Paulo: Saraiva, 1957. p. 182.

    [23] ALVES, Castro. Cano do Bomio. In: _____. ALVES, Castro. Poesias Completas deCastro Alves . Rio de

    Janeiro: Tecnoprint, s. d. p. 142.

    [24] Venncio Filho ressalta que o jornalismo acadmico, seja na sua feio literria, seja nasua feio poltica, despertou sempre o maior interesse entre os estudantes dos cursosjurdicos. VENNCIO FILHO, A. Das arcadas ao bacharelismo. p. 136. Similar oposicionamento de Adorno, para quem o jornalismo foi tanto o espao que possibilitou ainsero do acadmico/bacharel emloci

    diversos daqueles exclusivamente ditados pela cincia do Direito, quanto o espao destinado criao de umaintelligentzia, da qual se recrutaram os intelectuais da sociedade brasileira oitocentista administradorespblicos, parlamentares, magistrados, burocratas, professores, homens de letras.Originalmente concebida como porta-voz do acadmico, essa imprensa, pouco a pouco,transformou-se em guardi da ordem pblica e em tribuna livre para a defesa de direitos civis epolticos. ADORNO, Srgio.Os aprendizes do poder: o bacharelismo liberal na poltica brasileira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998. p. 163.

    31 / 33

    http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref20http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref21http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref22http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref23http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref24http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref24http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref23http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref22http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref21http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref20
  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    32/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CON

    [25] VARELA, Fagundes. A Imprensa. In: _____. VARELA, Fagundes. Poesias Completas deFagundes Varela . SoPaulo: Companhia Editora Nacional, vol. 2, 1957. p. 371-372.

    [26] ALENCAR, Jos de. A Propriedade. (Edio fac-smile de Rio de Janeiro: B. L. Garnier,1883). Braslia: Senado Federal, 2004. p. 44 (conservamos a grafia original da ediofac-smile).

    [27] VENNCIO FILHO, A. Das arcadas ao bacharelismo, p. 95.

    [28] A este respeito, Fernando Azevedo, que dedica vrias pginas ao tratamento da culturanacional e seus desdobramentos nas cincias, letras e profisses, assegura que obacharelismo teve por intuito criar a preponderncia que teve o jurdico sobre o econmico, ocuidado de dar sociedade uma estrutura jurdica e poltica sobre a preocupao de enfrentare resolver os seus problemas tcnicos. AZEVEDO, Fernando. A cultura brasileira:introduo ao estudo da cultura no Brasil. 4 ed. Braslia: UnB, 1963. p. 299.

    [29] BARRETO, Tobias. Um discurso em mangas de camisa. In: _____. A Questo do PoderModerador e outros ensaios brasileiros. Petrpolis: Vozes; Braslia: INL, 1977. p. 184.

    [30] FONSECA, R. M. Os juristas e a cultura jurdica brasileira na segunda metade do sculoXIX. p. 363.

    [31] Para tanto, vide FONSECA, R. M.. A formao da cultura jurdica nacional e os cursosjurdicos no Brasil: uma anlise preliminar (1854-1879). Cuadernos del Instituto Antonio deNebrija . Madrid: UniversidadCarlos III de Madrid; Editorial Dykinson, vol. 8, 2005. p. 114.

    [32] ADORNO, S. Os aprendizes do poder. p. 91.

    32 / 33

    http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref25http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref26http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref27http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref28http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref29http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref30http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref31http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref32http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref32http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref31http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref30http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref29http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref28http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref27http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref26http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref25
  • 8/13/2019 Pazello Ricardo Prestes o Pensamento Brasileiro e o Bacharelismo Uma Revisao Conceitual Do Fenomeno Bachare

    33/33

    PAZELLO, Ricardo Prestes. O PENSAMENTO BRASILEIRO E O BACHARELISMO: UMA REVISO CON

    [33] Mostra-se relevante, no pertinente idia de Srgio de Adorno de que no teria havidoproduo terica entre os juristas do Imprio, que h um trabalho recente mostrando no sque tal produo cientfica houve, mas que ela pode ser inclusive periodizada, ainda que, dosquatro momentos assinalados, s os dois ltimos apresentem maior consistncia jurdica. Vide

    DUTRA, Pedro. Literatura Jurdica no Imprio. 2 ed. Rio de Janeiro: Padma, 2004.

    [34] ADORNO, S. Os aprendizes do poder. p. 133 e 139.

    [35] FONSECA, R. M. A formao da cultura jurdica nacional e os cursos jurdicos no Brasil:uma anlise preliminar (1854-1879). p. 107-108. A este respeito ver tambm LACOMBE,

    Amrico Jacobina. A cultura jurdica. Em: HOLANDA, Srio Buarque (org.). Histria geralda civilizao brasileira. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, vol. 3, 2004; e o j citado VENNCIO FILHO, A.Das arcadas ao bacharelismo, nos captulos 3 (Os primeiros anos), 5 (A Escola do Recife) e 6 (O ensino jurdico noImprio).

    [36] ADORNO, S. Os aprendizes do poder. p. 143.

    [37] FONSECA, R. M. Os juristas e a cultura jurdica brasileira na segunda metade do sculoXIX, em seu item 5 (Relendo os traos do bacharelismo no Brasil).

    [38] GOMES, R. Crtica da Razo Tupiniquim. p. 64-65.

    [39] VENNCIO FILHO, A. Das arcadas ao bacharelismo. p. 271.

    http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref33http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref34http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref35http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref36http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref37http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref38http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref39http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref39http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref38http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref37http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref36http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref35http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref34http://c/Users/Felipe/Downloads/sociojur14/14RICARDOPRESTESdef.doc#_ftnref33