pauta 3 graça aranha
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PAUTA III – GRAÇA ARANHA
ORIENTAÇÕES PARA O BOM ANDAMENTO DA AULA
GRUPOS QUE FICARAM COM
ALGUM AUTOR
Debatam entre si sobre a
biografia dele;
Fale sobre as características de
sua escrita;
Fale de suas principais obras;
Fale sobre uma obra específica;
GRUPOS QUE FICARAM COM
OS DEMAIS TEMAS
Debatam as características do
seu assunto no Brasil e no
Mundo;
Saibam especificar quando
acontece no Brasil e quando
acontece em Portugal;
SOBRE A PAUTA E A GRAVAÇÃO
Você recebeu uma pauta, ela vai
ser base para o que será
discutido no podcast;
A função do podcast é que você e
sua equipe discuta o tema que
ficaram responsáveis;
Não leia DE MANEIRA ALGUMA
a pauta para o gravador, salvo
quando for fazer alguma citação.
Você irá debater o tema sorteado
com seu grupo, e tudo que for
falado deverá ser gravado com o
gravador de algum eletrônico
(smatphone,etc)
Você pode tranquilamente usar de
uma linguagem informal.
Mas tenha cuidado, pois você
estará produzindo um material
DIDÁTICO
Parnasus Cast – Seu Podcast Didático Sobre Literatura (2015)
PAUTA III – GRAÇA ARANHA
PRÉ MODERNISMO: ASPECTOS CENTRAIS
PRIMEIRO ASSUNTO
[BIOGRAFIA]
José Pereira da Graça Aranha nasceu em São Luís, Maranhão, em 1868.
Filho de família maranhense rica e culta
Ainda bem jovem foi para o Recife estudar direito
Formou-se em 1886, seguindo a magistratura no estado do Rio de Janeiro
Foi como juiz municipal em Porto do Cachoeiro, no Espírito Santo, em 1890, que colheu dados para seu futuro romance Canaã, publicado em 1902
Em 1897, sem ter
publicado livros, entrou precocemente para a recém-fundada Academia Brasileira de Letras
Em 1900, entrou para o Itamarati. Nos vinte anos em que esteve fora do
Brasil, em missões diplomáticas por diversos países, acompanhou também os rumos da arte moderna lá fora.
De volta ao Brasil, participou da Semana de Arte Moderna, em 1922. Em 1924, rompeu
com a Academia, após a conferência: "O Espírito Moderno" na qual condenava a imobilidade da Literatura oficial. Naquela época, voltado para os problemas políticos e sociais do Brasil, escreveu Viagem Maravilhosa.
Faleceu no Rio em 1931, aos sessenta e dois anos de idade.
SEGUNDO ASSUNTO
[PRINCIPAIS OBRAS)
Romance
Canaã (1902); A Viagem
Maravilhosa (1929).
PAUTA III – GRAÇA ARANHA
Teatro
Malazarte (1911).
Ensaios
A Estética da Vida (1920).
Conferência
Espírito Moderno (1925);
Correspondência de
Machado de Assis e
Joaquim Nabuco, (1923);
Futurismo. Manifesto de
Marinetti e Seus
Companheiros (1926); O
Meu Próprio Romance
(1931).
TERCEIRO ASSUNTO
[CANAÃ]
Tendo sido lançado no mesmo ano
de Os Sertões, de Euclides da Cunha
(1902), poderíamos dizer queCanaã é
o primeiro romance ideológico
brasileiro em que se discute o destino
histórico do Brasil. Ao mesmo
tempo, Canaã representou uma ponte
entre as correntes filosóficas e
estéticas do final do século XIX
(Realismo, Naturalismo, Simbolismo)
e a revolução modernista da segunda
década do século XX.
O pólo central de Canaã são os
debates entre dois colonos alemães
que se estabelecem no Espírito
Santo: Milkau e Lentz.
O personagem Milkau
Milkau representa o
otimismo, a confiança no
futuro do Brasil e na força
regeneradora do amor
universal. A maneira de
Tolstói, Milkau prega a
integração harmônica de
todos os povos na natureza-
mãe, revelando um
evolucionismo humanitário.
É um humanista saudoso do
gênio livre e individualista da
Alemanha. Por isso deplora
o desmoronamento da
tradição da cidade brasileira
invadida por colônias
estrangeiras e sonha com a
“ligação do homem ao
PAUTA III – GRAÇA ARANHA
O personagem Lentz
Lentz é um adepto das teorias
racistas. Para ele, os brasileiros, por
serem mestiços, estão condenados à
dominação por parte de raças
“superiores”. Lentz profetiza a vitória
dos arianos, enérgicos e
dominadores, sobre o brasileiro fraco
e indolente. Suas idéias deixam
entrever a filosofia de Nietzsche e o
evolucionismo de Darwin.
Para Lentz, renovar o Brasil é cobri-lo
com os corpos humanos da raça
superior, demonstração
representativa do colonialismo
agressivo, ou seja, imperialismo,
calorosamente discutido com alusões
estéticas.
“A lei do amor” x “A lei da força”
Assim, podemos ver que Milkau e
Lentz representam duas ideologias
postas em debate. E o contraste entre
o universalismo (Milkau) e o racismo
(Lentz), entre a “lei do amor” (Milkau)
e a “lei da força” (Lentz). Justamente
neste ponto, Canaã adquire maior
importância para a Literatura
Brasileira, pois o romance de
confrontação ideológica era inédito
entre nós, e antecipou a tomada de
consciência dos modernistas.
Na verdade, Graça Aranha,
com Canaã, apresenta tópicos que
serão desenvolvidos mais tarde em A
homem” e com a realização
da liberdade.
Milkau não se limita à defesa
de idéias abstratas. Seu
humanismo desdobra-se em
ação quando passa a
proteger Maria, jovem
colona, expulsa pelos
patrões quando estes a
sabem grávida, vindo a dar à
luz em trágica situação.
Após salvar Maria,
libertando-a do cárcere onde
estava por ter sido acusada
de matar o próprio filho (na
verdade Maria tem o filho
devorado por uma vara de
porcos), Milkau foge,
juntamente com Maria, em
direção a outros horizontes,
numa “corrida no Infinito”,
em busca da luminosa
Canaã, a Terra Prometida,
“onde as feras não fossem
homens”, onde a vida não
seja uma competição de
ódios mas uma conquista de
amor.
Visto desta
maneira, Canaã é o poema
das raças novas, da
miscigenação das raças, de
onde nascerá a perfeita
harmonia universal.
PAUTA III – GRAÇA ARANHA
Estética da Vida, de 1921. O brasileiro
terá de vencer o Terror Cósmico,
superar o lírico individual e atingir a
poesia do cosmos unitário, numa
identificação de consciência e
universo.
Graça Aranha toca, portanto, no ponto
vital das discussões do início do
século XX: a campanha por uma
estética nacional assimilada na
consciência universal, Este era o
debate do dia-a-dia: a nacionalidade
brasileira, vista e analisada
profundamente, opondo-se ao
ufanismo e ao patriotismo superficial.
A estrutura romanesca e a
linguagem
Muitos têm afirmado que a extrema
preocupação de Graça Aranha em
discutir idéias (Canaã é, na verdade,
um romance de idéias) prejudicou a
composição ficcional (literária)
propriamente dita. José Guilherme
Merquior acusa a má intervenção do
pensamento, da tese, na matéria
narrada. A dimensão realista do livro
é incompatível com a sua dimensão
explicativa.
Daí resultaria uma certa
deficiência estrutural da
obra. O ardente desejo de
explicar o “objetivismo
dinâmico” leva o autor a
fazer “filosofia ficcionalizada”
ou “ficção filosofante”.
Formalmente, isto se revela
na intervenção teórica do
autor a cada momento do
romance, através de
digressões que interrompem
o universo ficcional. Daí o
esvaziamento das
personagens (são
praticamente idéias, e não
pessoas), a desvalorização
do enredo que serve apenas
de pretexto para análises
sociais ou psicológicas do
PAUTA III – GRAÇA ARANHA
Brasil. Mesmo o drama de
Maria, a personagem trágica
do romance, é entremeado
de longas cenas que
demonstram a lubricidade e
a venalidade dos
magistrados locais. Já no
final, quando Milkau busca o
juiz de direito para tentar
uma solução para o
processo em que Maria está
envolvida, os dois acabam
discutindo sobre a etnia
brasileira, aproveitando
Graça Aranha para tecer
argumentos sobre o
mulatismo.
Entretanto, se levado pela
preocupação em discutir o
Brasil, Graça Aranha não
estruturou personagens ou
enredo convincentes,
algumas cenas de violência
e instinto servem de relevo e
interesse pela linguagem
impressionista de que se
revestem, assim como as
descrições ricas da natureza
brasileira. São cenas
tipicamente naturalistas: o
enterro do velho caçador,
cujo cadáver é disputado
aos coveiros por cães
furiosos e urubus famintos; o
rito bárbaro dos magiares,
que fecundam a terra com o
sangue de um cavalo
açoitado até a morte; o
PAUTA III – GRAÇA ARANHA
pavor de Maria na estalagem
em que se abriga, dormindo
juntamente com uma velha
criada que esconde pedaços
de carne sob o colchão e, à
noite, os ratos passeiam-lhe
sobre o corpo; enfim o
nascimento do filho de Maria
em plena mata, entre porcos
que acabam por devorar a
criança diante do horror da
mãe. Evidentemente, estas
cenas vão além do realismo,
mas não chegam a um
naturalismo “científico” de
um Zola. Este naturalismo é
sensível ao nível da
linguagem narrativa,
tipicamente impressionista.
De fato, natureza, ambiente,
homens e coisas são
apreendidos num enfoque
impressionista, usando o
narrador uma retórica
declamatória com farta
adjetivação, na qual dois ou
três adjetivos ligam-se ao
mesmo substantivo, ou até
os substantivos adjetivam. A
descrição de Maria
adormecida na mata,
coberta pelos pirilampos,
representa bem o
impressionismo, filtrado de
simbolismo. De fato, formas,
cores, aspectos luminosos
confundem-se numa
descrição emocional do
momento, através de
PAUTA III – GRAÇA ARANHA
períodos breves, geralmente
no imperfeito do indicativo,
sugerindo a idéia de
continuidade.
Assim, Canaã revela-se uma
obra sincrética. Do Realismo
encontramos traços na
fixação da paisagem
humana da colônia, em
prosa quase documental,
com a simplicidade da vida
laboriosa dos imigrantes ou
as doenças da burocracia
judiciária. Do Simbolismo
encontramos a preocupação
metafísica, a alegoria
retórica, a associação das
sensações do momento que
faz com que o naturismo
ultrapasse a simples
observação da realidade.
Note-se ainda a presença de
mitos folclóricos indígenas e
europeus, que ajudam no’
desenvolvimento da idéia de
Milkau e na exaltação do
Brasil.
Referências (s.d.). Fonte: http://www.nilc.icmc.usp.br/nilc/literatura/gra.aaranha.htm