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1 P P A A T T R R I I A A R R C C A A S S E E P P R R O O F F E E T T A A S S Ellen G. White

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    PPAATTRRIIAARRCCAASS EE PPRROOFFEETTAASS

    Ellen G. White

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    Introduo

    Este volume trata de assuntos da histria bblica; assuntos que, em si mesmos, no so novos, mas apresentados aqui de um modo que lhes d nova significao, revelando motivos de ao, mostrando o importante propsito de certos movimentos e realando alguns aspectos que so apenas mencionados sucintamente na Bblia. As cenas tm assim uma vividez e importncia que tendem a causar impresses recentes e duradouras. lanada tal luz sobre o relato bblico que revele mais cabalmente o carter e os desgnios de Deus; manifeste os ardis de Satans e a forma pela qual ser finalmente destrudo o seu poder; aponte a debilidade do corao humano; e mostre como a graa de Deus tem habilitado os homens a serem vitoriosos na batalha contra o mal. Tudo isso est em harmonia com o que Deus tem demonstrado ser o Seu propsito ao desdobrar as verdades de Sua Palavra para os seres humanos. Percebe-se que o meio pelo qual tm sido dadas essas revelaes - ao ser testado pelas

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    Escrituras - um dos mtodos que Deus ainda utiliza para dar instrues aos filhos dos homens.

    Conquanto agora no seja como no princpio,

    quando o homem, em sua santidade e inocncia, recebia instrues pessoais do seu Criador, os seres humanos no so deixados sem um mestre divino que Deus proveu na pessoa de Seu representante, o Esprito Santo. Ouvimos, portanto, o apstolo Paulo declarar que determinada "iluminao" divina constitui o privilgio dos seguidores de Cristo; e que eles so "iluminados" ao se tornarem "participantes do Esprito Santo". Heb. 10:32; 6:4. Joo tambm afirma: "Vs possus uno que vem do Santo." I Joo 2:20. E Cristo prometeu aos discpulos, ao estar prestes a deix-los, que lhes enviaria o Esprito Santo como Consolador e Guia para conduzi-los a toda a verdade. Joo 14:16 e 26.

    Para mostrar como essa promessa se

    cumpriria para a Igreja, o apstolo Paulo, em duas de suas epstolas, faz a declarao formal de que certos dons do Esprito foram colocados na

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    Igreja para sua edificao e instruo at o fim do tempo. I Cor. 12; Efs. 4:8-13; Mat. 28:20. E isto no tudo. Diversas profecias bem definidas e explcitas declaram que nos ltimos dias haver um derramamento especial do Esprito Santo, e que a Igreja, por ocasio do aparecimento de Cristo, ter tido, durante sua experincia final, "o testemunho de Jesus", que o esprito de profecia. Atos 2:17-20 e 39; I Cor. 1:7; Apoc. 12:17; 19:10. Vemos nestes fatos uma evidncia do cuidado e do amor de Deus por Seu povo; pois a presena do Esprito Santo, como Consolador, Mestre e Guia, tanto nos Seus mtodos de atuao ordinrios como extraordinrios, certamente necessria Igreja, ao enfrentar os perigos dos ltimos dias, mais do que em qualquer outra parte de sua experincia.

    As Escrituras apontam para diversos meios

    pelos quais o Esprito Santo operaria no corao e na mente dos homens para iluminar-lhes o entendimento e guiar-lhes os passos. Entre estes, encontram-se as vises e os sonhos. Seria deste modo que Deus ainda Se comunicaria com os seres

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    humanos. Eis a Sua promessa a esse respeito: "Ouvi agora as Minhas palavras; se entre vs h profeta, Eu, o Senhor, em viso a ele Me fao conhecer, ou falo com ele em sonhos." Nm. 12:6. Desse modo foi transmitido conhecimento sobrenatural a Balao. Ele disse, portanto: "Palavra de Balao, filho de Beor, palavra do homem de olhos abertos, palavra daquele que ouve os ditos de Deus, e sabe a cincia do Altssimo; daquele que tem a viso do Todo-poderoso, e prostra-se, porm de olhos abertos." Nm. 24:15 e 16.

    Pesquisar o testemunho das Escrituras acerca

    da amplitude com que o Senhor tencionava que o Esprito Santo Se manifestasse na Igreja durante o perodo de prova dos seres humanos constitui, portanto, uma questo de grande importncia.

    Depois que foi elaborado o plano da salvao,

    Deus, segundo vimos, ainda poderia, pelo ministrio de Seu Filho e dos santos anjos, comunicar-Se com os homens atravs do abismo causado pelo pecado. Algumas vezes Ele falou-lhes

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    face a face, como no caso de Moiss; mas, com mais freqncia, por meio de sonhos e vises. Exemplos dessa comunicao se destacam por toda parte do registro sagrado, e abrangem todas as dispensaes. Enoque, o stimo depois de Ado, olhou antecipadamente, pelo esprito de profecia, para o segundo advento de Cristo em poder e glria, e exclamou: "Olhem! O Senhor vir com muitos milhares dos Seus anjos." Jud. 14, BLH. "Homens santos falaram da parte de Deus movidos pelo Esprito Santo." II Ped. 1:21.

    Se por vezes, quando declinava a

    espiritualidade do povo, a atuao do esprito de profecia quase parecia haver desaparecido, ela assinalou, porm, todas as grandes crises na experincia da Igreja e as pocas que testemunharam a mudana de uma dispensao para a outra. Ao chegar a era que se distinguiu pela encarnao de Cristo, o pai de Joo Batista ficou repleto do Esprito Santo, e profetizou. Luc. 1:67. A Simeo foi revelado que, antes de morrer, ele veria o Senhor; e quando os pais de Jesus O levaram ao templo, para a dedicao, Simeo foi

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    ao templo, movido pelo Esprito, tomou o Menino nos braos e profetizou algo a Seu respeito. E Ana, uma profetisa, chegando naquele momento, falava dEle a todos os que esperavam a redeno em Jerusalm. Luc. 2:26 e 36.

    O derramamento do Esprito Santo que

    acompanharia a pregao do evangelho pelos seguidores de Cristo foi anunciado pelo profeta, nestas palavras: "E acontecer depois que derramarei o Meu Esprito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizaro, vossos velhos sonharo, e vossos jovens tero vises; at sobre os servos e sobre as servas derramarei o Meu Esprito naqueles dias. Mostrarei prodgios no cu e na Terra; sangue, fogo, e colunas de fumo. O Sol se converter em trevas, e a Lua em sangue, antes que venha o grande e terrvel dia do Senhor." Joel 2:28-31.

    No dia de Pentecostes, Pedro citou esta

    profecia na explicao da maravilhosa cena que ocorreu ento. Lnguas repartidas, como de fogo, pousaram sobre cada um dos discpulos; eles

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    ficaram cheios do Esprito Santo, e passaram a falar em outras lnguas. Quando os escarnecedores disseram que eles estavam embriagados, Pedro respondeu: "Estes homens no esto embriagados como vindes pensando, sendo esta a terceira hora do dia. Mas o que ocorre o que foi dito por intermdio do profeta Joel." Ento ele citou, em essncia, a profecia de Joel transcrita mais acima, substituindo, porm, a palavra "depois" por "nos ltimos dias", e fazendo com que a profecia dissesse o seguinte: "E acontecer nos ltimos dias, diz o Senhor, que derramarei do Meu Esprito sobre toda a carne", etc.

    evidente que foi somente a parte da profecia

    relacionada com o derramamento do Esprito Santo que comeou a cumprir-se naquele dia; pois no havia velhos sonhando ali, nem jovens tendo vises e profetizando; e no apareceram ento prodgios de sangue e fogo, e colunas de fumo. O Sol no se escureceu, e a Lua no ficou vermelha como sangue naquela ocasio. Contudo, o que foi visto ali ocorreu em cumprimento da profecia de Joel. Outrossim, evidente que essa parte da

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    profecia a respeito do derramamento do Esprito no se exauriu naquela nica manifestao; pois a profecia abrange todos os dias, daquele tempo em diante, at vinda do grande dia do Senhor.

    O dia de Pentecostes constituiu, porm, o

    cumprimento de outras profecias, alm da de Joel. Ele cumpriu tambm as prprias palavras de Cristo. Em Sua ltima mensagem aos discpulos, antes da crucifixo, Jesus lhes disse: "Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dar outro Consolador, ... o Esprito da verdade." Joo 14:16 e 17. "Mas o Consolador, o Esprito Santo, a quem o Pai enviar em Meu nome, esse vos ensinar todas as coisas." Joo 14:26.

    "Quando vier, porm, o Esprito da verdade,

    Ele vos guiar a toda a verdade." Joo 16:13. E depois que ressuscitou dentre os mortos, Cristo disse aos discpulos: "Eis que envio sobre vs a promessa de Meu Pai; permanecei, pois, na cidade, at que do alto sejais revestidos de poder." Luc. 24:49.

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    No dia de Pentecostes, os discpulos foram, portanto, revestidos do poder do alto. Essa promessa de Cristo, assim como a profecia de Joel, no se restringiu, porm, quela ocasio. Pois Ele lhes deu a mesma promessa sob outra forma, assegurando-lhes que estaria com eles todos os dias at o fim do mundo. Mat. 28:20. Marcos nos diz em que sentido e de que maneira o Senhor estaria com eles, afirmando: "E eles, tendo partido, pregaram em toda parte, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra por meio de sinais, que se seguiam." Mar. 16:20. E Pedro, no dia de Pentecostes, comprovou a perpetuidade dessa atuao do Esprito Santo testemunhada por eles. Quando os judeus convictos perguntaram aos apstolos: "Que faremos?", Pedro respondeu: "Arrependei-vos, e cada um de vs seja batizado em nome de Jesus Cristo para remisso dos vossos pecados, e recebereis dom do Esprito Santo. Pois para vs outros a promessa, para vossos filhos, e para todos os que ainda esto longe, isto , para quantos o Senhor nosso Deus chamar." Atos 2:37-39. Isto certamente confirma a atuao do Esprito Santo na Igreja, mesmo em suas

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    manifestaes especiais, por todo o tempo futuro, enquanto a misericrdia divina convidar as pessoas a aceitarem o compassivo amor de Cristo.

    Vinte e oito anos mais tarde, em sua carta aos

    Corntios, Paulo exps perante essa igreja um argumento formal sobre essa questo, dizendo: "A respeito dos dons espirituais, no quero, irmos, que sejais ignorantes" (I Cor. 12:1) - to importante era para ele que este assunto fosse compreendido na Igreja crist! Depois de afirmar que, embora o Esprito seja um, h diversidades