passo a passo: o caminho em poemas e reflexões

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Page 1: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões
Page 2: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

Passo a Passo: O Caminho em poemas e reflexões

Por Wilson Pailo

Capa: Wilson Pailo

Editoracão: Wilson Pailo

Copyright©2011 by Wilson Pailo

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida ou

transmitida, por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou

sistema de armazenamento de informação, sem a expressa autorização do autor ou editor,

salvo quando seja permitido por lei.

Page 3: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

DEDICATÓRIA

Este livro é dedicado a

todos aqueles que com amor,

humildade e perseverança

buscam a Sabedoria Divina.

Page 4: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelos ensinamentos recebidos.

A meus pais, irmãos, meus filhos, e a todas as pessoas

que fizeram e fazem parte de minha vida e

que, de uma forma ou de outra,

foram instrumentos

para realização desta obra.

Page 5: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

PREFÁCIO

Por que o homem foi feito de barro?

Uma breve explanação sobre a vida

Dizer que Deus fez o homem a partir do barro é obviamente uma metáfora. Física

ou quimicamente falando-se, talvez até fosse possível. Porém, a explicação se refere, na

verdade, à questão espiritual. A argila é moldável, assim como o homem o é aos olhos de

Deus. Em princípio, Deus nos dá liberdade para moldarmos a nossa própria personalidade

através da Lei do Livre Arbítrio. Somos livres para escolher o que queremos ser, o que

queremos fazer, como fazer, etc. Deus nos dá a capacidade de, à medida que avançamos

em nossas experiências, construirmos nosso próprio destino.

Contudo, nossa liberdade não nos exime de responsabilidade. Toda ação tem um

reação, e toda causa tem um efeito. Nossos atos têm consequências e devemos responder

por eles. Assim, dependendo do que fazemos na vida presente, encontraremos uma reação

correspondente em um futuro imediato ou distante. Começa aí o papel de Deus em nossa

modelagem. Através das diversas Leis que regem o Universo, Deus trabalha moldando as

pessoas, oferecendo constantemente oportunidades de aprendizado e aprimoramento. Isso

não anula de forma alguma a Lei do Livre Arbítrio, através da qual temos sempre a opção

de escolher o caminho que quisermos, até mesmo o de chegar ao ponto extremo e raro de

sermos considerados como causa perdida.

Através da Lei de Causa e Efeito, verdadeiras boas ações e bons pensamentos

geram efeitos positivos. Maus pensamentos e ações geram seus efeitos correspondentes. O

processo é bastante dinâmico, porém, nem sempre conseguimos discernir boas de más

ações pois, embora seja paradoxal, existe sempre um bem oculto em todo mal. A razão

dessa dificuldade de discernimento é que, com o passar dos séculos, o acúmulo de ações e

reações geraram uma verdadeira trama de karmas que devem ser saldados no momento e

medida exatos, independentemente se a pessoa acredita nisso ou não. Karmas que estão

para serem colhidos surgem na nossa vida das mais diversas formas: ao nascermos para a

vida física, recebemos um corpo determinado; nascemos em uma especificada família, em

época determinada, no local e nas condições perfeitas para que tenhamos os meios dos

quais necessitaremos para o pagamento ou usufruto de nosso(s) karma(s). À medida que

vamos crescendo, vamos tendo a chance de saldar karmas maduros, bem como poderemos

incorrer na criação de novos.

Sendo assim, o karma nada mais é do que uma oportunidade de aprendizado. É o

mecanismo pelo qual nos deparamos com um obstáculo que nos obriga a repensar nossa

trajetória. A expectativa Divina é de que mudemos em direção ao aprimoramento. Porém,

se essa mudança não ocorrer na direção correta, com certeza teremos nova chance mais

adiante. O que conta não é quantas vezes erramos ou quanto tempo levamos para

aprender, mas, sim, o que finalmente aprendemos em si.

Page 6: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

Porém, o aprendizado se torna mais fácil e rápido quando damos “permissão” a

Deus para que Ele nos modele. Essa permissão significa “colocarmos nossa vida à

disposição de Deus”. Isso não quer dizer que assumiremos uma postura de passividade

absoluta, onde passamos a crer que tudo “cairá do céu”, ou que não somos responsáveis

por nossos atos ou destino. Pelo contrário: quanto mais ativa nossa participação, mais

rápida será nossa evolução. “Deus coloca diante de nós a estrada, mas o trabalho de

caminhar é nosso!”.

Permitir ser modelado incorre em aceitar os testes aos quais seremos submetidos.

Esses testes colocarão em prova nossas virtudes, nosso conhecimento sobre a Sabedoria

Divina, e nossa fé. Portanto, é preciso saber que tanto as dificuldades como as bem-

aventuranças são oportunidades de aprendizado e que devem ser benditas e agradecidas! É

certo que há situações em que se torna quase impossível para a mente humana, no atual

estágio de desenvolvimento espiritual em que nos encontramos, compreender como é

possível alguém nascer ou estar em determinadas condições aonde a dor e a privação vão

além de qualquer limite imaginável, e qual seria o bem oculto nisso. Contudo, mesmo

assim, as Leis de Deus se aplicam. Devemos lembrar sempre de que nenhuma prova é

maior que a capacidade de cada um em superá-la.

A permissão para a “modelagem” é ratificada à medida que nos desapegamos das

coisas terrenas, sejam elas bem materiais ou pessoas, e mantemos nosso foco nas questões

Divinas. Isso não quer dizer que devemos nos tornar alienados ao mundo material ou,

então, que não nos importaremos mais com as pessoas que nos rodeiam. Pelo contrário, a

responsabilidade se torna maior, pois há que se saber que tudo o que temos nos foi

emprestado por Deus. Tudo o que temos são como instrumentos fornecidos por Ele para

que possamos dar prosseguimento a nossa caminhada.

Da mesma forma, como parte da permissão para apressar o processo de

“modelagem”, é trabalho nosso buscar o conhecimento a respeito da Sabedoria Divina.

Além disso, é necessário exercitar esses conhecimentos em nosso dia-a-dia. De nada

adianta ter o conhecimento e não empregá-lo. Seria como “acender uma lâmpada e colocá-

la debaixo de uma tigela; é preciso colocá-la em um lugar onde a luz se propague e

ilumine todo o ambiente”. É preciso, assim, colocar o conhecimento adquirido em prática,

através de atos, palavras e pensamentos.

A busca pelo crescimento e aperfeiçoamento físico, mental e espiritual depende do

esforço de cada um. Por isso, estudamos, trabalhamos, nos alimentamos, nos

relacionamos, nos emocionamos, etc., como forma de coletarmos experiências que irão

servir em nosso desenvolvimento. Porém, quando esse esforço é direcionado de maneira

correta, ou seja, apoiado na Sabedoria Divina, o progresso físico, mental e espiritual é

recompensado por certo. Não necessariamente essa recompensa vem em forma material

(se assim o fosse, o necessário desapego aos bens materiais não faria sentido), mas, por

certo, vem como capacidade de conhecer e compreender a própria Sabedoria. Qual a

vantagem disso? É a real felicidade, o verdadeiro estado de paz de espírito, o amor puro e

sublime, a consciência cósmica; a verdadeira liberdade, onde já não existe sofrimento,

pois não somos mais atados a nenhum sentimento de posse, vaidade, egoísmo, orgulho ou

ganância. Tornamo-nos instrumentos de manifestação da Luz, da Graça e da Beleza de

Page 7: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

Deus. O caminho para se chegar a esse estado não é tarefa fácil, pois requer devoção,

abnegação, disciplina, amor e fé; exercícios diários de compaixão, humildade e sentimento

de gratidão para com Deus, mesmo nas horas mais difíceis. Porém, o prêmio é

compensador, ao ponto de ser praticamente impossível a sua transcrição em palavras.

Somente aqueles que acreditaram e se dedicaram à Senda conhecem o significado dessa

vitória.

Wilson Pailo, 15 de março de 2010.

Page 8: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

INTRODUÇÃO

Este livro busca apresentar, em forma de poemas e reflexões, um pequeníssimo

fragmento do vasto universo que envolve a Sabedoria Divina. Acreditamos que esta obra

poderá ser de proveito tanto ao principiante quanto ao leitor de conhecimento

aprofundado.

De forma alguma é intenção do autor esgotar tal assunto, nem se ocupa este em

buscar suporte em outras referências literárias. O leitor poderá notar que cada poema é

acompanhado de uma explicação de seu significado, de acordo com as palavras do próprio

autor. Em alguns casos, é feita uma correlação com passagens Bíblicas, uma vez que

sentimos ter sido oportuno traçado de um paralelo. Porém, acreditamos que para muitos

essas explicações são opcionais, uma vez que os próprios poemas poderão ser

suficientemente elucidativos. Além disso, não nos consideramos detentores de todo o

conhecimento necessário para o aprofundamento em cada questão. Porém, cremos ser este

livro uma oportunidade em colaborar com o estudo e entendimento dos assuntos de Deus.

O poema Passo a Passo é o tronco desta obra, uma vez que descreve de modo geral

os passos para se chegar á Sabedoria Divina. Os demais poemas são complementos, mas

nem por isso de importância diminuída. Conforme o leitor irá notar, muitas vezes as

explicações são de certo modo repetitivas. A razão para isso é que não é uma tarefa fácil a

separação completa dos assuntos dada o grande inter-relacionamento entre eles.

Alguns desses poemas representam um vasto conhecimento extremamente

condensado, porém, de relativamente simples leitura e entendimento. Como sugestão,

esses poemas podem ser usados como referência em situações do dia-a-dia, onde a leitura

e declamação de cada um deles podem auxiliar no entendimento do Conhecimento Divino

e na criação de hábitos que contribuirão para uma vida verdadeiramente feliz.

Page 9: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

PASSO A PASSO

Passo a passo

Sobre uma tênue linha

Assim é a vida

De quem com Deus caminha

A estrada é estreita

E pisar em falso é fácil

Pois a cada instante

Tu podes estar diante

De uma outra trilha

Ou variante

Que te levará em um rumo

Tal como um barco errante

Mas que a volta existe

Pois a qualquer momento

Tu podes demarcar um ponto

E recomeçar o seguimento

Page 10: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

A jornada inicia

Por uma escolha tua

Deixarás para trás

Tudo o que possuas

Pois, em cada etapa

De teu aprendizado

O que tu necessitares

A ti te será dado

E não estarás sozinho

Pois terás a teu lado

A presença do Mestre

Por quem serás guiado

Mas, se acaso sentires

O chão ausente

E receberes o convite

Para seguir em frente

Podes estar seguro

E avançar confiante

Pois estarás em prova

De o quanto tu és crente

E passado o teste

Perceberás então

Que cruzaste uma ponte

Que não se via o vão

Page 11: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

E assim continuarás

Embora em mesmo caminho

A seguir teu traço

Nobre peregrino

Que busca a verdade

Como teu destino

Porém, um degrau acima

Nessa longa estrada

Que te leva ao topo

Como suave escada

Onde não importa o tempo

Ou quanto percorreste

Mas, sim, a chegada

E o que aprendeste

E ao chegares, enfim

No cume da escalada

Receberás, então

Os louros da empreitada

E entenderás, por fim

De tudo isso a razão

Que apesar de estares

Na altura mais elevada

Sentir-te-ás, assim

Como um grão de mostarda

Pois, embora sejas

A menor semente

Conterás o universo

Em teu consciente.

Wilson Pailo,

Novembro 2008.

Page 12: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

REFLEXÕES SOBRE O POEMA “PASSO A PASSO”

Este poema foi inspirado por uma pessoa de uma beleza exuberante. Ao observar

sua trajetória em busca de Deus, percebi que a vida de quem com Deus caminha pode ser

comparada à arte de um equilibrista. Um exímio equilibrista que hoje caminha em uma

corda bamba com tamanha destreza, um dia também teve que aprender a dar seus

primeiros passos. Quantas vezes não teve ele que se levantar das incontáveis quedas, até

que um dia ele já não necessitou mais da rede de proteção e nem mesmo da ajuda de uma

haste para equilibrar-se? Quantas vezes pessoas apontaram para ele e remeteram suas

críticas e questionamentos a respeito de seus objetivos e métodos? Porém, quantas dessas

mesmas pessoas hoje não se admiram com as habilidades por ele adquiridas? Do mesmo

modo, conhecer a Deus requer abnegação, trabalho, perseverança, e incorre em erros e

acertos. Buscar a Sabedoria Divina não nos faz perfeitos da noite para o dia. É uma longa

trilha, a qual não há outro modo de percorrer a não ser passo a passo.

Observe que o texto do poema foi escrito propositalmente com as letras diminuindo

de tamanho à medida que avançamos a leitura. Assim é o que acontece com nossa

personalidade (ou nosso “eu”) à medida que evoluímos espiritualmente: ela (nossa

personalidade) torna-se “menor”. Em contrapartida, nossa consciência espiritual se

expande. Diminuímos gradativamente a preocupação com o “eu” e passamos a nos

preocupar com o todo. Aprimoramos, assim, nossa capacidade cognitiva, de modo que

nossa consciência torna-se capaz de assimilar e entender cada vez com maior clareza as

Leis que regem o Universo. Somos paulatinamente elevados a um patamar onde, apesar de

estarmos conscientes de nosso avanço, percebemos que não somos nem superiores nem

inferiores a nenhum outro ser humano. Passamos, sim, a ter a sensação de que somos, na

verdade, “o menor dos grãos de areia de uma praia”; porém, ao mesmo tempo, somos

capazes de conter em nós mesmos todo conhecimento do Universo.

Portando, desenvolver-se espiritualmente envolve um processo paradoxal:

necessitamos de “encolhimento” para que possamos nos “expandir”. E, um dos principais

exercícios que devem ser praticados para que esse processo de encolhimento ocorra é o

desapego. Para tornar-se “maior”, é preciso primeiro “perder”: necessitamos perder

nossos apegos, nosso orgulho, nossas preocupações, nossa vaidade, medos, egoísmo,

avareza, preguiça, inveja, ganância, arrogância, etc., e exercitarmos nossa compaixão,

amor e altruísmo. Através do desapego e da perda, esvaziamos nosso consciente de nossas

preocupações e opiniões, abrindo espaço para recebermos o verdadeiro conhecimento, a

Sabedoria Divina.

A título de ilustração, imaginemos que somos o referido equilibrista a caminhar

sobre uma corda bamba. A corda representa o caminho da vida e, devido às proporções de

tamanho entre o equilibrista e o diâmetro da corda, percebe-se que caminhamos por uma

linha bastante estreita. Torna-se, assim, muito fácil pisarmos fora do caminho e,

consequentemente, cairmos. Contudo, imaginemos que, mantendo-se as dimensões da

corda constantes, vamos paulatinamente diminuindo o nosso próprio tamanho até que nos

transformemos em um ponto extremamente diminuto. Podemos observar agora que a

Page 13: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

corda, que antes era uma tênue linha, passou a ser uma larga avenida. A nossa caminhada

torna-se, deste modo, muito mais fácil e segura. É somente pela diminuição de tamanho de

nosso “eu” que conseguiremos “passar pelo buraco da agulha”. Recomendamos que o

leitor faça a seguinte experiência: feche os olhos e imagine a si mesmo. Tente imaginar-se

diminuindo de tamanho; veja a menor dimensão a que você consegue chegar. Repita essa

experiência de tempos em tempos e observe se você obteve algum progresso. Quando

estiver bastante “pequeno”, imagine-se caminhando sobre uma corda estirada. Agora,

substitua a corda pelo fio de uma navalha e repita o mesmo processo de “encolhimento”.

Outro ponto que merece esclarecimentos é o fato de que o crescimento espiritual

está relacionado ao retorno de nossa personalidade ao estado puro inicial (porém,

acrescido das experiências que pudemos colher ao longo de nossas vidas). Lembremo-nos

de que nossa personalidade (formada gradualmente desde o princípio da criação da raça

humana) é “envolta” hoje por diferentes “filtros” ou “lentes”. Estes “filtros” foram

construídos ao longo de uma sequência de encarnações e reencarnações, graças as nossas

experiências e à liberdade que nos foi dada em conduzir nossas vidas de acordo com

nossas vontades (a esta liberdade chamamos de Livre Arbítrio). O Livre Arbítrio

representa a “separação” entre nossa personalidade e a Divindade pura (a qual chamamos

de Mônada ou Centelha Divina, que é uma pequena parte de Deus, permanente em cada

um de nós, feita à Sua imagem e semelhança; porém, nossa consciência ainda não está

desperta nesse nível, por isso a “separação”; por isso, também, dizer que “o Reino de Deus

está próximo” é uma verdade, pois se a Mônada é uma parte do próprio Deus dentro de

nós, ele está realmente próximo; cabe a nós o trabalho de, através do crescimento

espiritual, fazê-lo aflorar em nossa vida, ou seja, “vir a nós o Vosso Reino”). O Livre

Arbítrio está relacionado, também, ao conceito de “pecado original”.

Através desses referidos filtros, vemos, percebemos e interagimos com o mundo e

com o universo. O trabalho de evolução espiritual promove a eliminação gradual de cada

um desses filtros. Cada vez que eliminamos um filtro, damos um passo em direção à

Mônada, à Verdade, até que, um dia, chegaremos novamente a um estado de consciência

de nível equiparável com o estado puro inicial.

Passemos à explanação do poema, ao longo da qual voltaremos a dar mais

esclarecimentos a muitos dos pontos mencionados anteriormente.

Passo a passo, sobre uma tênue linha,

assim é a vida, de quem com Deus caminha...

A estrada é estreita, e pisar em falso é fácil

Pois a cada instante, tu podes estar diante

De uma outra trilha, ou variante

Que te lavará em um rumo, tal como um barco errante

Mas, que a volta existe, pois em qualquer momento

Podes demarcar um ponto, e recomeçar o seguimento

Como já dito, o processo de crescimento espiritual é feito passo a passo.

“Ninguém dorme pagão e acorda santo!”. Lembremo-nos de que não somos pecadores,

mas, sim, aprendizes. Aprender não é uma tarefa fácil. Requer disciplina, determinação e

abnegação. E, inevitavelmente, incorreremos em erros e acertos.

Page 14: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

... quem com Deus caminha... Significa mantermos nossa mente voltada à vontade

de acertar, de descobrir a Verdade, de progredir física, mental e espiritualmente para o

bem; de aprender e de saber que existe algo superior que é detentor dessa Sabedoria e

Verdade Absoluta; de ter o bem como meta principal; de pensar no bem coletivo, no

altruísmo e progresso geral da humanidade.

Acertar sempre não é fácil, pois caminhamos sobre uma tênue linha, uma estrada

estreita. Tomamos decisões com base naquilo que temos em mãos: conhecimentos

acumulados, nossa “lógica” de raciocínio, nossos objetivos, nosso modo de ver e perceber

o mundo (afinal, vemos tudo através de nossos “filtros”). Por isso, nosso julgamento é

passível de erros e falhas. Temos, ainda, o Livre Arbítrio (outra trilha ou variante), que

nos oferece opções de escolha daquilo que acharmos ser mais conveniente ou “correto”

em nossa trajetória.

Há momentos em que nos deparamos com opções que nos parecem igualmente

corretas, ou ainda, deixamo-nos levar por nossas vontades baseadas em orgulho, vaidade,

ganância, egoísmo, arrogância, etc. Seja por ignorância de não saber discernir entre o certo

e o errado ou por decisão deliberada em seguir determinado caminho, as escolhas que

fizermos, mais tarde, sempre nos trarão consequências oportunas ao aprendizado. Desse

modo, consciente ou inconscientemente, somos responsáveis por nossas decisões, e

estamos sujeitos à Lei de Causa e Efeito que, juntamente com o Livre Arbítrio, torna-nos

“senhores e servos de nosso próprio destino”. Porém, um dia poderemos chegar à

conclusão de que tomamos o caminho errado e que perdemos, assim, nosso rumo.

Contudo, sempre temos a chance de recomeçar o seguimento. Temos o poder de decisão

de parar de caminhar em um sentido e mudar de direção. O retorno começa pelo

reconhecimento de nossos erros, seguido pelo arrependimento. Isso é um ato que requer

humildade e coragem. É importante sentir-se responsável por nossos atos, porém, sem que

nos deixemos tomar pelo sentimento de culpa. É preciso diferenciar responsabilidade de

culpa, pois culpa nos direciona a um sentimento de inferioridade e insignificância, os

quais desencadeiam ainda mais malefícios. Sermos humildes e responsáveis pela

reparação de nossos erros é muito mais proveitoso para si mesmo e para a humanidade.

Consequências de nossos erros haverá certamente, sendo, então, a oportunidade de

exercitarmos nossa humildade, determinação, disciplina e a abnegação. Requer-se

também, um profundo comprometimento e esforço sincero de mudança, uma vez que

necessitaremos provar que somos dignos de confiança outra vez. Para as pessoas ao nosso

redor, o retorno de alguém que estava “perdido” é uma oportunidade para que elas

exercitem o perdão e a compaixão, não fechando as portas ao irmão arrependido através

do julgamento e condenação (lembremo-nos da passagem bíblica do “Filho Pródigo” e de

“Maria Madalena”). Devemos nos regozijar ao ver alguém que decidiu tomar o caminho

de volta. Há que se lutar, também, contra o hábito de usarmos os erros cometidos por

outros como escudo, justificando nossas atitudes e erros pelos erros alheios. Ou, ainda, ao

invés de nos sentirmos felizes, sentimo-nos mal ao ver que, quando aquele que errava

começa buscar o caminho de volta. É quando vemos desvendada nossa hipocrisia.

Page 15: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

...a jornada inicia, por uma escolha tua...

Existem diferentes formas de se chegar ao mesmo destino. Cada pessoa tem

Existem diferentes formas de se chegar ao mesmo destino. Cada pessoa tem seu nível ou

estágio atual de desenvolvimento espiritual. Enquanto alguns ainda estão focados em suas

necessidades mais primitivas de sobrevivência, como alimentar-se, vestir-se, socializar-se,

etc., outros buscam conhecer as Leis de Deus e do Universo. Para cada um terá uma hora

apropriada.

Porém, a Jornada inicia a partir do momento em que, declaradamente, “desistimos”

(nos desapegamos) de nós mesmos e nos colocamos à disposição de Deus. Significa que

estamos deliberadamente dando a “permissão” a Deus para que redirecione nossa vida. É

um ato de renúncia a nós mesmos e predisposição para com Deus. Começa, assim, um

processo de transformação em nós. Devemos estar preparados, pois quase sempre teremos

que enfrentar mais desafios que bem-aventuranças, sendo essas dificuldades, na verdade,

oportunidades para superarmos nossas próprias limitações. Estaremos sendo “destruídos”

para, posteriormente, sermos moldados de acordo com um novo projeto. Humildade,

amor, abnegação, devoção e despego devem estar sempre na mente de quem se inicia por

este caminho. É importante acreditarmos piamente que esses desafios vêm para o bem,

agradecermos e louvarmos a Deus, pois tudo representa uma oportunidade.

Porém, no momento em que despertamos nossa ânsia pela busca da Verdade, somos

responsáveis, também, por procurá-la. Somos nós que devemos ter a iniciativa e o trabalho

de buscar o conhecimento. Assim como um garimpeiro escava a terra em busca de algo

precioso, devemos do mesmo modo encarar a busca pela Sabedoria Divina (com a

diferença que não estaremos sendo movidos pela ganância, mas, sim, pelo amor à

Verdade).

Tentar iniciar essa Jornada sem buscar o conhecimento é como iniciarmos uma

viagem a um determinado lugar sem consultarmos nenhuma fonte de informação, um

mapa sequer. É possível que cheguemos ao destino, porém, quantos caminhos

equivocados poderiam ter sido evitados! Há uma grande vantagem para aqueles que

conscientemente buscam o Verdadeiro Conhecimento, pois evitarão muitos trajetos

desnecessários, tarefas árduas de reconstrução e a perda de tempo. Ressaltamos, mais uma

vez, que não se pode iniciar a Jornada tendo como motivação sentimentos de ganância,

vaidade, arrogância, egoísmo ou orgulho. A busca deve ser baseada em amor, compaixão,

humildade e altruísmo, caso contrario incorreremos em mais erros que acertos!

Contudo, deparamo-nos aqui com uma importante questão: aonde buscar o

conhecimento?

O primeiro ponto de busca está em nós mesmos. É o autoquestionamento. Quais são

os nossos fundamentos? Tomamos decisões baseadas em que, altruísmo ou egoísmo,

ganância, avareza ou desapego material? Vaidade? Vingança? Orgulho? Amor?

Compaixão? Qual é o nosso conceito de certo e errado? É importante buscar com

sinceridade as raízes que governam nossos pensamentos e, principalmente, os motivos

pelos quais buscamos o Saber, pois, o acesso à Sabedoria nos é permitido à medida que

Page 16: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

elevamos nosso nível moral. Para isso, é preciso estar nos auto-avaliando constantemente

e purificando nossos pensamentos e atos. A purificação inicia pelo reconhecimento de

nossos erros, seguido pela confissão de nossos sentimentos a Deus e pelo arrependimento.

Devemos, também, buscar o sentido nas coisas que vemos e ouvimos, não nos

deixando “acreditar por acreditar” ou acreditar porque faz parte de uma tradição. Devemos

nos manter alertas e não abrir mão do livre pensamento, não nos deixando dominar por

dogmas e pensamentos incutidos em nossas mentes através da simples repetição. É triste

ver que muitas organizações a seitas usam da religiosidade e a boa fé das pessoas como

instrumento de manipulação e controle.

A literatura é outra fonte, onde encontramos conhecimentos e experiências vividas

por outras pessoas. Porém, como mencionamos, manter o pensamento livre é primordial,

de modo que se permitam comparações e compilações daquilo que faz algum sentido para

nós. A leitura “cega”, sem reflexão e questionamento pode ser tão ou mais prejudicial do

que a própria ignorância! É importante, também, aprender a dosar a quantidade de

informação com nossa capacidade de apreensão do conhecimento. Lembremos de que

cada expansão de nosso nível espiritual deve ser acompanhada por uma contrapartida

mental. A busca pelo conhecimento é um caminho de duas vias e o aprendizado requer

tempo. Existe um tempo de “cura” entre a aquisição de um conhecimento e sua

incorporação em nosso modo de ser. Esse intervalo deve ser preenchido pela prática e

exercício, pois, afinal, está corretíssimo o dizer que “o hábito faz o monge”. Há, porém,

que se cuidar para não cairmos na armadilha da hipocrisia, pois o importante é agirmos e

pensarmos por ser esse o nosso modo de ser (e no qual realmente acreditamos), e não por

que simplesmente seguimos parâmetros ditados por uma religião, organização ou seita, ou

por que queremos impressionar a outrem. Devemos realmente ser aquilo que cremos.

A meditação é outro meio de acesso ao conhecimento, através da qual nos

conectamos com nosso “Eu” superior. Contudo, apenas a citaremos como importante

ferramenta, pois não é o objetivo dessa obra entrar em detalhes sobre este assunto.

Lembremos de que a decisão final sobre qualquer assunto é sempre nossa

responsabilidade. Podemos consultar opiniões, livros, meditar a respeito... Mas, no final

de tudo, em qualquer questão, por mais importante ou banal que seja, a melhor resposta

será sempre aquela que nós mesmos concluímos ou que, no “fundo” de nossa consciência,

acreditamos ser a correta.

E, reiterando, nossa busca deve estar fundamentada em razões tão somente de

crescimento espiritual e de glorificação de Deus. É imperativo não utilizar dos

conhecimentos adquiridos para benefício próprio, sejam eles materiais ou intelectuais,

como, por exemplo, os relacionados à ganância, vaidade, poder, etc.

Deixarás para trás tudo o que possuas...

Entender o significado de desapego é, para a maioria de nós, extremamente

confuso. Como seria possível vivermos com obstinação pela vida, porém, sem nos

apegarmos a nada? Seríamos capazes de abrir mão de algo que nos traz tantas alegrias e

Page 17: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

“felicidade”? Qual seria a nossa reação ao ver tudo o que construímos em nossa vida

desaparecer diante de nossos olhos (a exemplo da passagem bíblica no livro de Jó)?

A explicação não é fácil, pois o entendimento desse conceito envolve um estado de

espírito. Porém, em linhas simplificadas, desapego não se trata de modo algum

abandonarmos nossa casa, bens, família, negócios, etc., e sairmos vagando pelo mundo em

peregrinação ou nos tornarmos ermitões. Ou, então, deixarmos de ser zelosos pelas coisas

que temos. Refere-se ao desligamento de tudo que nos rodeia, porém, sem perdermos a

noção de responsabilidade. É saber que tudo que é “nosso” está, na verdade, apenas sob

nossos cuidados. Nossa casa, bens etc., são frutos de nosso trabalho, é certo, mas devemos

encará-los como ferramentas que a nós foram confiadas e que auxiliarão em nosso

progresso espiritual, mesmo que amanhã venhamos a perdê-los. Não possuímos nada:

nossos bens são apenas parte dos instrumentos que utilizamos em nossa jornada. Sendo

assim, por exemplo, nossos filhos não nos pertencem, mas sim, foram confiados a nós por

Deus, para que tomássemos conta deles. Por essa ótica percebe-se quão importante é a

tarefa de educar nossos filhos! O mesmo princípio se aplica á esposa ou esposo, parentes,

amigos, à família como um todo, etc.

Quando conseguirmos entender o significado de desapego, entenderemos o

significado de amar a Deus sobre todas as coisas.

Pois a cada etapa de teu aprendizado, o que tu necessitares,

a ti te será dado...

As coisas não caem do céu, mas, sim, são frutos do nosso trabalho! Mas as portas

da vida se abrem ou se fecham de acordo com o que necessitamos aprender. É importante

mantermos o foco no objetivo principal de nossa existência: aprender e evoluir

espiritualmente com base no bem e na devoção a Deus. Sendo assim, os meios propícios

ao nosso aprendizado serão criados. Lembremos que nossa trajetória é controlada através

das Leis Cármicas, e que um Karma nada mais é do que uma oportunidade de

aprendizado. Toda vez que chegamos ao ponto de saldar um Karma, podemos ter o rumo

de nossa vida modificado drasticamente. Por isso, ao invés de lamentarmos o infortúnio,

devemos agradecer a oportunidade.

Cabe aqui esclarecermos o “milagre da multiplicação dos pães”. A multiplicação

dos pães é um estado de espírito. Refere-se ao alimento espiritual, não ao alimento físico

em si (“nem só de pão vive o homem”). Está intimamente relacionado ao desapego. É

sabermos que, uma vez que nos propusemos iniciar a jornada, não importa o tamanho do

desafio que teremos pela frente, sempre encontraremos as condições necessárias e

suficientes para o aprendizado; é o sentimento da presença Divina em nós, o que nos eleva

a um estado de plenitude, paz e extrema harmonia, não importa as condições físicas,

materiais ou emocionais em que nos encontramos. Passamos, assim, a entender

plenamente o significado do “esplendor dos lírios do campo e das aves do céu.”

...e não estarás sozinho, pois terás a teu lado, a presença do Mestre, por quem

serás guiado...

Page 18: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

Àqueles que iniciam a busca pelo conhecimento com perseverança e abnegação, é

despertada a atenção de um Mestre que o estará acompanhando. Não necessariamente o

Mestre tem sua presença percebida pelo discípulo, pelo menos de início. É tarefa do

discípulo realizar o trabalho, não do Mestre. Sendo assim, não esperemos que a cada

desafio haja alguém nos dizendo o que fazer. A decisão é nossa, e cabe a nós buscar o

embasamento para decidir que caminho tomar. O Mestre auxilia propiciando as condições

para que seu aprendizado se realize de modo mais efetivo, seja fornecendo-lhe recursos,

propiciando situações ou, mesmo, por meio de pequenos avisos que muitas vezes

confundimos com nossa própria intuição.

...Mas, se acaso sentires, o chão ausente, e receberes o convite, para seguir em

frente, podes estar seguro, e avançar confiante, pois estarás em prova, de o quanto tu és

crente; e passado o teste, perceberás então, que cruzaste ponte, que não se via o vão.

Há momentos em nossa vida que se assemelham a estarmos à beira de um

precipício, onde somos convidados a dar um passo adiante, porém, sem vermos uma ponte

ou algo aonde pisar. Esses momentos ocorrem quando nosso senso comum e convicções

são colocados em cheque. Vemos claramente em nossa frente dois caminhos a escolher:

um é o que a maioria faria, o do senso comum; o outro, é aquele que envolve o

rompimento com o convencional, um passo em direção ao desconhecido. É o confronto

entre “o que todos dizem, inclusive nós mesmos” versus “o que nos é apresentado como

alternativa”. A situação nos desafia a romper com nosso próprio “eu”. Algo nos diz qual é

a resposta correta, porém, optarmos por ela incorre em rompermos com nossas próprias

convicções, crenças e “bom senso”. Somos desafiados a fazer algo aparentemente

impossível, como “caminhar sobre as águas”. Estamos, na verdade, mais uma vez nos

deparando com a questão do desapego. Desapego é um passo importante e decisivo,

porém, nem sempre fácil de ser dado. Temos a tendência de acreditar que “somos aquilo

que somos”, “meus problemas são parte de mim”, minha vida, meus negócios, etc. Por

isso a decisão de desapegarmo-nos de nosso “eu” parece tão dolorosa. Sentir o chão

ausente é o medo de abandonarmos a nós mesmos e recomeçar um novo “eu”. Nossos

conhecimentos ainda não são suficientes para ter uma visão clara daquilo que virá pela

frente caso optemos pelo caminho alternativo. Por não termos todo o conhecimento, nossa

decisão será baseada na fé (torna-se oportuno esclarecermos aqui o significado de “fé”: é

agir com base em algo que ainda não conhecemos ou entendemos, apenas acreditamos;

uma vez revelada a verdade, adquirimos o conhecimento e a sabedoria, não necessitando

mais, assim, da fé.). A questão proposta é: confiamos ou não confiamos no que nos está

sendo ensinado? Temos a coragem de dar esse passo adiante, em direção ao precipício,

onde aparentemente não se pode ver nenhuma ponte? Será possível “caminhar sobre as

águas”? É uma questão de confiança, de acreditar em algo que não compreendemos.

Vemos diante de nós o choque entre a “lógica” e a Verdade. Nesses momentos, buscamos

ajuda na oração, na meditação, na leitura, porém, parece que “Deus virou as costas para

nós”, recusando-se a mostrar-nos qual a resposta correta. Isso acontece por que cabe a nós

decidirmos, é o nosso momento de provarmos o que aprendemos até então, e o quanto

acreditamos nisso. Importante se faz alertar o leitor de que estamos aqui falando sobre

sensação: não estamos de modo algum dizendo para ninguém ir a beira de um abismo e

dar um passo adiante, esperando que nada de mal irá acontecer! A menos que a pessoa

Page 19: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

domine plenamente as técnicas de levitação, existem leis da física que darão conta do

trabalho de fazê-lo voltar ao chão! Estamos falando de experiências em nível espiritual!

Mais uma vez devemos analisar os fundamentos os quais usaremos para tomar

nossa decisão: honestidade ou desonestidade; legal ou ético (nem sempre o que é legal é

ético); egoísmo ou altruísmo; arrogância ou humildade; vaidade ou virtude; ganância ou

partilha; e assim por diante.

Quando se decide pelo caminho alternativo, uma vez entrado por ele, se revelará a

ponte ou as pedras que estavam escondidas. Cai, assim, a cortina ou o véu que nos

impedia de ver a Verdade.

E assim continuarás, embora em mesmo caminho, a seguir teu traço, nobre

peregrino, que busca a Verdade, como teu destino; mas, um degrau acima, nessa longa

estrada, que te leva ao topo, como suave escada...

Uma vez quebrada a barreira do medo de perdermos nosso “eu”, vemo-nos em outra

dimensão. Apesar de tudo continuar o mesmo (vida do dia-a-dia, trabalho, tarefas

domésticas, necessidade de alimentar-se, tomar banho, problemas que vão e vêm, etc.), o

que mudou é o nosso ponto de vista a respeito da vida (pois estaremos um degrau acima).

...onde não importa o tempo, ou quanto percorreste, mas sim a chegada, e o que

aprendeste.

Apesar de estarmos preocupados em fazer o certo, nem sempre tomamos a decisão

correta. Devemos entender que teremos sempre consequências de nossas decisões, e que,

mesmo que essas sejam equivocadas, ainda assim representam uma nova chance de

aprendermos. Por isso, não importa quantas vezes erramos ou quanto tempo levamos: o

que vale é a intenção de acertar e o que finalmente aprendemos.

E ao chegar, enfim, no cume da escalada, receberás, então, os louros da

empreitada; e entenderás, por fim, de tudo isso a razão, e que apresar de estares, na

altura mais elevada, sentir-te-ás, assim, como um grão de mostarda, que, embora seja, a

menor semente, conterás o Universo, em teu consciente.

Iniciar-se no Caminho requer crer que existe algo além daquilo que entendemos

hoje por realidade. É acreditar na ideia de libertação de todo e qualquer sentimento de

posse, vaidade, egoísmo, orgulho ou ganância; é a real felicidade. É tornar a nós mesmos

um instrumento de manifestação da Luz de Deus, através de nossos atos e pensamentos. É

trazer nosso consciente de volta à imagem e semelhança do Criador, sem que nos

tornemos por isso melhor do que ninguém. É entender como a oferta de nosso trabalho a

Deus é a nossa própria recompensa (ou seja, amar a Deus sobre todas as coisas!). Deste

modo, embora nos tornemos detentores de todo o Conhecimento do Universo, seremos ao

mesmo tempo “a menor das sementes”, “o menor dos grãos de areia”.

Page 20: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

PERFEITO IMPERFEITO

Se o bem sempre traz alegria?!

Basta olhar para a boa intenção

Pois às vezes o que sobra é agonia

De um “bom” gesto, palavra ou ação

Se o mal também traz seu efeito

Onde está seu benefício, então?

Seria ele o perfeito imperfeito?

Qual seria do mal a razão?

Se fizeste tua casa na areia

Por que queres mantê-la, então?

É melhor refazê-la na pedra

Que oferece melhor fundação

Por isso não julgues aos outros

Pois não sabes qual foi a intenção

Protege-te do que não é certo

Mas entendas do mal a lição

Pois, o imperfeito é a chave da porta

Pra chegares até a perfeição

Mas, ver o bem que no mal se oculta

Requer-se de sábia visão

É preciso ter fé no Divino

Há que crer na Lei do Perdão

Pois as pedras que vêm no caminho

Estão lá por alguma razão

Por isso agradece ao espinho

Não reclames nem mesmo da dor

Faz tudo com muito carinho

Coloca em tudo o amor

Tornarás, assim, água em vinho

E no fim deste mesmo raminho

Tu irás encontrar uma flor.

Wilson Pailo

20 de Janeiro de 2010.

Page 21: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

REFLEXÕES SOBRE O POEMA

“PERFEITO IMPERFEITO”

Existe sempre um bem oculto em todo mal. Este poema trata de como os momentos

difíceis em nossas vidas são, na verdade, oportunidades de reorientação, aprimoramento

espiritual e superação de nossas limitações. Por isso, chamamos o mal (o “imperfeito”) de

perfeito. Seja ele proveniente de pessoas, seja ele consequência de nossos próprios atos, o

“mal” deve ser visto sempre como oportunidade de exercitarmos o amor, a compaixão e o

perdão. Não quer dizer que não devemos nos proteger daqueles que intencionalmente

desejam de algum modo nos prejudicar (sejamos bons, mas não ao ponto de destruirmos a

nós mesmos!). Referimo-nos às situações da vida em que as coisas acontecem

independentemente de nossa vontade, nosso controle. Às vezes, estamos prevendo uma

situação a qual gostaríamos de evitar, porém, parece que todas as soluções que tentamos

são em vão.

O fato é que, por ainda não sermos perfeitos, estamos sempre “construindo nossa

casa sobre a areia”. Usamos como fundação o apego, o egoísmo, a vaidade, a ganância, a

vingança, a arrogância, o orgulho, a ignorância, etc. Mesmo que uma vida seja construída

com amor e dedicação, ainda assim pode haver resquícios de algum tipo de apego. Assim,

não importa se por bem ou por mal, sempre que colocamos em primeiro lugar algo que

não seja a Deus, estamos passíveis de receber uma oportunidade de aprimoramento. Nosso

foco deve estar no entender que existe um processo de constante “destruição-

reconstrução”, que ocorrerá até que um dia alcancemos a perfeição. Lembremo-nos,

também, do princípio de que nada nos pertence; tudo que temos são instrumentos

colocados à disposição para nosso trabalho e progresso!

Entender “como o mal pode trazer algum bem” é, para a maioria de nós, algo ainda

bastante complexo. Por isso, se por hora não temos condições para compreender esse

paradoxo, devemos nos valer da fé em que as Leis de Deus são perfeitas e que devemos

praticar o perdão, a compaixão e o amor. Coloquemo-nos à disposição da vontade de

Deus, permitindo assim que sejamos “modelados” por Ele, assim como um ceramista

modela a argila.

De qualquer modo, entendendo esse significado ou não, sejamos gratos por tudo

que temos na vida, cada oportunidade, boa ou “ruim”. Concentremo-nos no momento

presente com amor e dedicação, e no fato de que “nenhuma prova é maior do que aquilo

que somos capazes de suportar”. E entendamos que nossos problemas são apenas um

pequeno raminho comparado à árvore majestosa que forma a grandiosidade do Universo e

a Sabedoria Divina. E, se seguirmos esse “raminho”, com amor e abnegação, até a sua

extremidade, por certo encontraremos lá uma flor – o nosso crescimento espiritual.

Page 22: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

DOCE NAUFRÁGIO

Sonho após sonho

Eu vi naufragar

Nesse mar de ilusões

Eu não soube nadar

Quais pesados grilhões

Atados em mim

Os sonhos que eu tinha

Levavam-me ao fim

Sonhar não é errado

O que é errado, sim

É a razão por que sonhamos

O que nos move, enfim

Por querer tanto ouro

Fiz meu barco pesar

Foi assim que a ganância

Me fez afundar

A vingança e o rancor

Eram pedras que eu trazia

E, por mais que nadasse

Mais ao fundo eu ia

Com braçadas bem largas

Nadei com orgulho

Mas, acabei encoberto

Por ondas e entulho

A arrogância me fez

Crer que eu era capaz

De navegar pelo mundo

Já sabendo de tudo

Sem olhar para trás

Pelo meu egoísmo

Socorro eu neguei

A quem se afogava

A mão eu fechei

E por esse motivo

Também me afoguei

Page 23: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

A vaidade me fez

Trocar os pés pelas mãos

Perdi o compasso,

A vela e o timão

Como barco sem leme

No mar eu fiquei

No primeiro rochedo

Bati e quebrei

Após tantos desastres

Resolvi não sonhar

Despi-me de meus sonhos

E atirei-me ao mar

Ao sabor das marés

Deixei-me levar

Sem destino ao certo

Sem mapa ou certeza

O mar que me mostra

Aonde chegar

Hoje sinto em minha alma

Que fiz-me parte do mar

E, mesmo sendo uma gota

Eu me faço contar

Pois, se um segundo faz um ano

Eu - um oceano

E qual em ponto e reponto

Ganho e perco terreno

Se hoje estou eu revolto

Amanhã sou sereno

Comparado a mim,

O meu sonho é pequeno

Das pedras que encontro

As abraço primeiro

E com incontáveis afagos

As transformo por inteiro

E, assim, vou seguindo

Em quão doce peleia

Onde eu continuo água

Mas, a pedra...

Vira areia

Page 24: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

Mas, um grãozinho que tiro

É a minha felicidade

Pois, com muito carinho

Mais cedo ou mais tarde

Vou fazendo uma praia

Pra poder, na verdade

Ver a mais bela sereia

Quão linda beldade!

Deitar-se na areia

Onde venho depois

Passear em seu corpo

Num encontro a dois

E, por fim, nessa hora

Minha alma se extasia

Pois, meu sonho de amor

Só assim se sacia.

Wilson Pailo

Outubro 2008.

Page 25: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

REFLEXÕES SOBRE O POEMA

“DOCE NAUFRÁGIO”

Após ver um a um de meus planos para a vida, meus sonhos e realizações se

esvanecerem diante de mim devido a diversas circunstâncias, eu fiz as seguintes perguntas

a mim mesmo: o que estou fazendo de errado? Por que todos os sonhos que tive até agora

em minha vida não se realizaram? Eu trabalhei tão duro, pensando em estar fazendo o

correto, para quê? Apesar de que supostamente eu deveria estar tomado por um

sentimento de frustração total, lembro-me que ao fazer essas perguntas uma paz serena

tomava conta de mim. A resposta para minhas perguntas veio em forma deste poema.

Todos nós temos sonhos. Sonhar faz parte da vida. É difícil viver sem ter um sonho.

Muitos desses sonhos se realizam, muitos não. Muitas pessoas conseguem alcançar seus

objetivos, enquanto outras parecem ver seus sonhos cada vez mais distantes. Há aqueles

que parecem tratar a vida com extrema objetividade, hierarquizando com precisão o que

lhes é primordial e o que é secundário, enquanto outros vivem em um mundo de ilusões. É

importante sabermos diferenciar sonho de ilusão: enquanto o sonho é algo atingível,

viável, a ilusão envolve engano, ignorância e falta de compreensão da realidade. Porém,

uma coisa é verdade: entre um sonho e a realidade existe o trabalho; entre a ilusão e a

realidade existe o devaneio.

Neste poema referimo-nos a sonhos e ilusões quase que como sinônimos. O motivo

é que, independentemente se nosso sonho é viável ou não, o mais importante é em que

esse sonho é fundamentado, ou seja, a razão pela qual sonhamos.

Felizes são aqueles que perseguem seus sonhos com o coração puro, com desapego

ao material, fazendo as coisas por amor ao certo e ao que é justo, não importando a quem.

Felizes são aqueles que não fundamentam seus sonhos na ambição, na ganância, no

egoísmo, no orgulho, na vaidade e na arrogância, pois, assim fazendo, não correm o risco

de transformarem seus sonhos em seus próprios cárceres. Felizes são aqueles que

conseguem entender que seus sonhos não são eles próprios, pois assim, não tornarão seus

sonhos maiores que a si mesmos (“sonhar, mas conservar-te acima de teu sonho!”).

Felizes são aqueles que buscam seus objetivos com perseverança e determinação, porém,

são capazes de manterem-se erguidos mesmo vendo todo o trabalho perdido.

Há momentos que necessitamos “libertar a quem nos prende”, ou seja, abrir mão de

nossos sonhos antes que eles nos levem à destruição. Por isso devemos procurar pela

Verdade, o Conhecimento Divino, para que, quando escolhermos nossos sonhos,

tenhamos condições de evitar o trabalho em vão, as ilusões e os devaneios. Procurar saber

o que é certo aos olhos de Deus, pois, nem sempre, o que é certo perante as leis do

homem, é certo perante Deus. Fazendo isso, estaremos evitando “construir nossas casas

sobre a areia”.

Page 26: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

É preciso coragem para abandonar nossos sonhos, pois quase sempre acabamos por

confundir nossos sonhos com nós mesmos. Há que se entender que existe uma corrente,

uma força que governa o Universo, e que, apesar de sermos “senhores e servos de nosso

próprio destino”, essa força nos direciona ao aprimoramento, à perfeição. Assim como que

se quiséssemos atravessar um rio caudaloso, é muito mais fácil atravessá-lo nadando a

favor da correnteza, chegando-se ao outro lado em um ponto rio abaixo, do que nadar em

linha reta tentando a distância mais curta entre as margens. Nem sempre o caminho mais

curto é o mais rápido!

É preciso compreender que a vida é feita de altos e baixos, que nós oscilamos entre

o positivo e o negativo, assim como as marés o fazem. Por isso, teremos épocas de

abundância e épocas de escassez, épocas de alegria e épocas de tristeza, de bons e de maus

momentos. Se hoje lutamos bravamente para atravessar o rio caudaloso, amanhã estamos

com nossos pés em terra firme e segura. Por isso, nossos sonhos e realizações muitas

vezes vêm e vão. Essa oscilação nos faz mover, mudar, buscar o crescimento. Se não

existisse o negativo, não necessitaríamos nos mover para nada. É preciso que haja essa

oscilação para que possamos evoluir. Se pensarmos assim, chegaremos à conclusão de que

não existe o mal, somente o bem. O mal vem para bem, para fazer com que nos movamos,

que aprendamos.

É preciso compreender, também, que todos nós fazemos parte de um grande plano

que governa todo o Universo, e que cada um de nós tem um papel importante na

consecução desse plano. Assim como cada segundo é essencial na formação de um

minuto, uma hora, um ano, e assim por diante, somos também nós importantes no Plano

do Universo.

Embora ainda não sejamos capazes de compreender todas as leis que regem a vida,

o amor e a compaixão devem ser o fundamento de nossas ações. Através deles, passamos

a ver o mundo sob uma diferente ótica: ao invés de vermos alguém como um tirano,

enxergamos, sim, uma alma caída, merecedora de piedade. É nosso dever nos protegermos

contra a tirania, porém, já não somos capazes de alimentar nenhum sentimento de ódio ou

vingança, de modo que não iremos nos tornar iguais àquele que nos ameaça. E, tendo isso

como modo de pensar e agir, seremos capazes de, aos poucos, mostrar àqueles que nos

ofendem a outra face, a outra face da vida!

Observemos o trabalho paciente que a água do mar faz ao bater em uma

pedra. Apesar de esta ser áspera e muito mais dura que a própria água, com o passar do

tempo acaba por mudar de forma e, até mesmo, deixar de existir, transformando-se em

areia. De forma análoga, de grãozinho em grãozinho, construiremos nossa praia, ou seja,

estaremos nos preparando para o nosso encontro com a perfeição, o reencontro com nossa

própria Mônada, o Reino de Deus, a real Felicidade.

Page 27: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

EU

Se tu queres saber quem eu sou

A mim me pergunto também

No momento tu vês o que estou

Mas desejo ir muito além

Já não creio naquilo que eu era

Mas naquilo que eu quero ser

Não ando em compasso de espera

Pois eu tenho um mundo a correr

A minha ambição é singela

A minha ganância é crescer

Meu rumo quem mostra é a vela

Meu leme é o que devo aprender

Não carrego comigo bagagem

Assim, nada tenho a perder

O que levo é só de passagem

O que trago é um pequeno saber

Sei que já percorri muitas milhas

Sei que há muitas por percorrer

Mas antes do fim dessa trilha

O certo é o que espero fazer

Agradeço a cada momento

Não guardo nem mágoa ou revolta

Pois na vida a vitória ou o lamento

Como um dia e uma noite é uma volta

Fazem parte de um ensinamento

Mas, daqui minha marcha eu prossigo

Vou seguir meu caminho outra vez

Deixo um forte abraço ao amigo

Desejo boa sorte a vocês

Que Deus esteja sempre contigo

E que a fé que tenho comigo

Em ti se multiplique por três

Ándale pues.

Wilson Pailo

5 de Novembro de 2009.

Page 28: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

REFLEXÕES SOBRE O POEMA “EU”

“Eu” Pelo nome dado ao poema, “Eu” não se refere ao autor, mas, sim, a qualquer

pessoa que venha a ler esse título. Ao seguir, então, sua leitura, descreve-se o que o autor

acredita ser, em termos bastante sucintos, as linhas que guiam, ou deveriam guiar, cada ser

humano:

Questionar quem somos;

Entender que estamos em constante transformação, por isso, não somos: estamos;

Que não há limite aonde podemos chegar (Deus é infinito);

A dinamicidade da vida, por isso, não devemos viver apegados ao passado;

devemos entender quem somos e projetarmos o futuro;

Não nos deixarmos acomodar, pois há muito que conhecer e aprender. Nós nos

tornamos velhos o dia em que achamos que sabemos de tudo!

Ter ambição pela vida, porém, por ser esta uma oportunidade de aprendizagem;

Ganância pelo crescimento espiritual;

Ao mesmo tempo em que criamos nosso próprio destino, estamos condicionados a

ele (somos senhores e servos de nosso próprio destino); por isso, apesar de

manipularmos a vela de nosso barco, o barco como um todo se move por que há

vento, e o vento segue uma só direção à qual estamos sujeitos;

As situações (obstáculos) da vida nos proporcionam oportunidades de aprendizado;

por isso devemos manter nosso leme voltado ao aprendizado;

Não devemos “carregar bagagens”, ou seja, nos apegarmos a nada (material e

emocional). Devemos encarar o que temos como instrumentos sob nossa

responsabilidade, pelos quais devemos zelar com amor e abnegação. Porém,

entendamos que não possuímos nada, nada nos pertence. Sendo assim, não se pode

perder o que não é nosso;

As coisas são temporárias, dinâmicas e em constante transição;

Por mais que conheçamos, ainda assim nosso conhecimento é pequeno comparado

ao Universo; por isso, há que se manter a humildade e a vontade de aprender;

Ter vontade de acertar, de fazer o bem;

Agradecer e louvar a Deus a cada momento, seja este bom ou ruim, pois tudo vem

para o bem; entender que o bem e o mal fazem parte de uma mesma moeda, de um

mesmo ensinamento;

Prosseguir em sua marcha, ou seja, significa não acomodar-se, continuar sempre em

busca de seu aperfeiçoamento físico, mental e espiritual, com passos firmes e

determinação;

Um forte abraço nos mantém conectados com as pessoas com quem nos

relacionamos. Mesmo que estejamos distantes fisicamente, manteremos a conexão,

porém, sem o sentimento de posse;

Desejo sincero de que cada um seja feliz em sua busca;

Que a luz de Deus acompanhe a cada um, provendo sabedoria, paz e harmonia;

Seja firme na crença de que as Leis de Deus são perfeitas, mesmo que por hora não

tenhamos capacidade de compreendê-las; por isso nos valemos da fé. Ándale pues,

ou seja, coloque isso em prática!

Page 29: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

MINHA JANELA

De minha janela

Vi a vida passar

Vi o sol se por

Vi estrelas no céu

Vi a lua brilhar

Vi a cidade dormir

Vi a chuva molhar

Vi a flor se abrir

Vi a terra secar

Vi a folha cair

Vi o dia raiar

Vi a menina sorrir

Vi um brilho no olhar

Vi um menino a correr

Vi uma pipa no ar

Vi um amigo partir

Vi uma mão acenar

Vi o verão acabando

Vi o inverno gelar

Vi um cachorro latir

Vi o bem-te-vi a cantar

Vi o silêncio ruir

Vi o vento soprar

Vi um casal namorando

Vi a vizinha espiando

Vi um pai esperando

Vi uma filha chegar

Vi uma criança nascer

Vi uma luz se apagar

Vi uma vela acender

Vi uma mãe a rezar

Vi o tempo passando

Vi o mundo a girar

Vi você se mostrando

Vi você se guardar

Vi você ir

Vi você voltar

Que linda aquarela!

A vida é tão bela!

Se um dia eu pudera

Uma tela pintar!

Mas, um dia mudei-me

Fui pra outro lugar

E a minha janela...

Page 30: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

Eu trouxe comigo.

Wilson Pailo

Lavras, MG, Março de 1994.

Re-editado em 6 de Novembro de 2009.

Page 31: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

REFLEXÕES SOBRE O POEMA “MINHA JANELA”

Este trabalho foi inspirado durante o período de 1991 a 1994, quando então eu era

estudante de pós-graduação em Lavras, Minas Gerais. Da janela de meu quarto eu podia

ver a rua e parte da cidade, uma vez que eu morava em um bairro situado em uma região

mais elevada. Eu gostava de manter a janela toda aberta, mesmo nos dias de frio, para que

o ar fresco pudesse entrar. De dia, durante meus estudos, às vezes parava para observar o

movimento na rua. Muitas pessoas da vizinhança passavam por ali, pois a rua dava acesso

a uma avenida. Havia uma vizinha, uma menina de cerca de quatorze anos de idade, que

sempre que passava pela rua olhava para mim e sorria. Um dia, ela trouxe um caderno de

recordações para que eu escrevesse algo. Foi aí que surgiu a primeira versão de “Minha

Janela”, na qual ela era a menina que eu via “ir e voltar”.

Durante as várias noites que passei em claro estudando, às vezes ia até a janela e

observava a cidade “a dormir”. Recordo-me do silêncio da noite (pois a cidade, naquela

época, não era muito grande: tinha cerca de sessenta mil habitantes), e das poucas luzes

acesas que podiam ser vistas nas casas ao longe. Observava, também, as estrelas e a lua no

céu. Após esses poucos minutos de relaxamento, voltava, então, aos estudos.

Lembro-me de pequenos momentos que vi no dia-a-dia da vida da rua; crianças a

empinar pipas, compadres e comadres que paravam no meio da rua para conversar; o

cachorrinho que gostava de latir e correr pela rua à uma hora da manhã de segunda feira; o

velório do vizinho; a família que morava do outro lado da rua, cuja filha casou-se aos

quinze anos de idade, com o namorado de dezessete; o bebezinho que nasceu seis meses

depois do casamento da menina; o desgosto de um pai sendo substituído pela alegria de

um avô; o leiteiro que percorria as ruas a cavalo, vendendo o leite de porta em porta; as

três roseiras plantadas no pequeno canteiro de flores na frente de minha casa; o amigo que

partiu; as “Ave Marias” que todos os dias tocavam no alto-falante da torre da igreja às seis

horas da tarde; a menina bonita que um dia quase me atropelou com sua bicicleta, e que,

quinze anos depois, foi a inspiração do poema que dá o nome a este livro.

Muitas doces lembranças, muitos doces momentos, alguns momentos tristes. Mas,

todos, momentos da vida. Talvez, a mesma paisagem vista de outras janelas não pareça tão

doce assim. É que cada um de nós pode ver as coisas sob uma diferente ótica. O que é uma

rotina sem graça para uns, pode significar a beleza e Graça de Deus para outros. Porém,

pelo modo de enxergar as coisas nos tornamos capazes de transformar água em vinho.

Nossos olhos são nossas janelas; mas, nossa alma é que traduz aquilo que vemos.

Page 32: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

FELICIDADE

Onde está a felicidade?

Procurei-a por tempo e em vão

Talvez nem mesmo sabia

Se ela existia ou não

Procurei-a em minha infância

Nas doces recordações

Mas com o tempo e a distância

Não passaram de ilusões

Procurei então em lugares

Nas ruas, no trabalho, nos bares

Subi até as montanhas

Desci por esguias entranhas

Nos confins da Terra cheguei

Mas nada por lá encontrei

Procurei então na riqueza

Tive carros, barcos, mansões

Vivi rodeado de amigos

Em festas e reuniões

Mas um dia o dinheiro acabou

De repente sozinho fiquei

Felicidade ali não estava

Nas coisas nas quais confiei

Procurei então companhia

De uma linda e encantadora mulher

Mas um dia ela se foi

Sumiu com um outro qualquer

Fui atrás, então, de magia

Poções e feitiçaria

Mas, quando vi minha alma em prisão

Minha vida estava vazia

Felicidade ali não havia

Coloquei minha busca em questão

Já tinha até desistido

Maltrapilho, cansado, ferido...

Mas decidi levantar-me do chão

E reconquistar tudo o que perdi

Page 33: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

Lutei como um bravo leão

E até que enfim consegui

Mas quando me dei por mim mesmo

Em prantos eu percebi

Que estava de novo, de volta

No ponto de que parti

Parei então de andar

Sentei-me e pus-me a pensar

E contrito comecei a rezar

Aonde buscaria agora?

E em mim concentrei meu olhar

Meu erro estava em achar

Que felicidade vinha de fora

Neste novo lugar

Mais vasto e profundo que o mar

Encontrei minha alma esperando

O momento de nos reencontrar

Se eu soubesse que ali ela estava

Não teria tanto tempo perdido!

Mas ao fundo ouvi as palavras

De um Mestre muito querido

“Que minha busca não havia sido em vão

Que, afinal, valeu a lição

E pelo fato de eu haver tentado

Meu erro estava, assim, perdoado”

Parecia ter achado, enfim

O que por muito havia buscado

Não sonhava estar perto assim

Felicidade estava dentro de mim.

Wilson Pailo,

Fevereiro 2008

Page 34: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

REFLEXÕES SOBRE O POEMA “FELICIDADE”

Três chaves para a felicidade: amor, desapego, e louvor.

Felicidade está em nós mesmos, a partir do momento em que nos propomos a fazer

tudo com amor. E o amor vem de dentro de nós. Amor ao certo, ao bem, a Deus.

Façamo-nos instrumentos às obras de Deus. Deixemos de lado o egoísmo, a ganância, a

vaidade, e todo qualquer sentimento que signifique “vantagem para nós”. Façamos por ser

o correto e justo.

Felizes são aqueles que encontram a si mesmo, pois a felicidade está em cada um

de nós, em compreendermos quem somos e entendermos o caminho de nossas vidas.

Porém, para que isso ocorra, necessitamos do desapego, dar “aquele passo adiante”,

deixando nosso “eu” egoísta para trás. Enquanto procuramos a felicidade em coisas

externas, corremos o risco de nos decepcionarmos, pois tudo é passível de transformação.

Devemos entender que nada nos pertence, tudo que temos hoje nos foi dado como

instrumento de aprendizagem. Tudo é consequência de nosso trabalho, porém, amanhã

tudo pode desaparecer. Há que se crer nisso e continuar caminhando, mesmo que hoje isso

pareça um absurdo, algo incompreensível. Chegará um dia em que seremos capazes de

entender esse princípio. Lembremo-nos de que, para o crescimento espiritual,

necessitamos de uma contrapartida em nosso corpo material. Assim como quando estamos

na escola e, de início, temos dificuldade em entender o que nos é ensinado. Porém, com

exercícios e o tempo, passamos a compreender a lição. Cada pessoa a seu passo, tudo a

seu tempo.

Somos o que somos e não o que temos. Se conseguirmos entender isso, estaremos

entendendo parte do significado de “amar a Deus sob todas as coisas”. Agradeçamos a

Deus a cada momento, tanto as bem-aventuranças como os infortúnios, pois tudo na vida

vem para o bem. Não importam as condições, sejam elas materiais ou emocionais, não

importa onde vivemos, ou as pessoas com quem convivemos. Agradeçamos sempre a

oportunidade de estar aprendendo.

Page 35: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

LIBERDADE

Se liberdade não existisse

Também não existiria prisão

Pois para o bem existe o mal

E para o sim existe o não

Se ser livre é não ser escravo

O que é ser escravo então?

Ser “dono do teu nariz”

Talvez te faça feliz

Mas, quem é dono da razão

Se só Deus sabe se sim ou se não?

Chegar sempre antes da hora

Não te faz senhor do tempo

Não deixar de levar à forra

Não muda a direção do vento

Pagar em dia o tributo

Ser mais esperto ou astuto

Poder fazer o que quer

Poder ir aonde quiser

Conquistar o teu espaço

Ser dono do fogo e do aço

Estar em posição de mandar

Ser senhor, escravizar

Ser cidadão do mundo

Ou ser mero vagabundo

Se ser ou não ser é a questão

Se tu tens essa preocupação

O que é liberdade então?

Tua busca já se fez em vão

Pois a resposta não esta em ser,

ter ou poder

Mas, sim, em entender

Que a essência de viver

Está na compreensão

De que a vida é como uma escola

Que cada coisa tem sua hora

Que cada qual tem sua vez

Que o objetivo não é vencer

Mas, sim, o mero aprender

Que a fome, a dor e o prazer

Page 36: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

Cada qual tem sua função

Que assim como em uma caminhada

A vida segue uma estrada

Que nos ensina uma lição

Hora com curvas, buracos ou ladeiras

Hora com sol, hora com chuva

Hora com flor ou espinho

E que ao final deste caminho

Poderás olhar para trás

E se tu fores de entender capaz

Que nunca nada lhe pertenceu

Que o ser, o poder e o dinheiro

Fizeram parte de um passeio...

Que foram apenas como pedras de uma calçada

E que a cada passo de deste

Tu as usaste para avançar…

Mas, carregá-las ou não

Fez parte de tua opção.

Wilson Pailo,

Fevereiro 2008.

Page 37: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

REFLEXÕES SOBRE O POEMA “LIBERDADE”

Assim como a verdadeira felicidade, a liberdade também envolve desapego.

Enquanto nos preocuparmos com o “ter” e com o “ser”, não podemos ser verdadeiramente

livres. O entendimento do conceito de liberdade requer uma condição espiritual elevada,

que nos permita compreender que ao mesmo tempo em que estamos vivendo no mundo

físico, temos responsabilidades e obrigações por nossos atos e pensamentos. Portanto, não

somos “livres” para fazer o que bem entendemos. Porém, na verdade, não pertencemos a

este mundo, e nem este nos pertence. Vivemos e trabalhamos aqui com o objetivo

principal de aprender e evoluir, devendo fazer tudo com dedicação e amor, sem, contudo,

nos apegarmos a nada. As coisas que temos como fruto de nosso trabalho são, ao mesmo

tempo, consequências do que fazemos e instrumentos para nosso aprendizado. Devemos

zelar por tudo o que temos, devemos buscar progresso e desenvolvimento físico, mental e

espiritual, porém, sabendo que tudo é útil somente para o momento de agora: se amanhã

esses instrumentos já não forem mais necessários ao que devemos aprender, eles poderão

ser retirados de nossos cuidados. Devemos entender que a única fonte de real felicidade e

liberdade está em Deus: o restante pode “desaparecer diante de nossos olhos” em uma

fração de segundo, se assim for necessário. Esse conceito pode parecer difícil de ser

compreendido de princípio. Porém, enquanto não temos essa capacidade de entendimento,

podemos nos valer da fé, acreditando que esta é uma verdade e que faz parte das Leis do

Universo.

Em termos práticos, saibamos que enquanto estamos em um determinado estágio de

nossa vida, seja de privação ou bem-aventurança, devemos encarar sempre a situação,

nossos bens e as pessoas que nos rodeiam com o máximo de responsabilidade, zelo e

amor. O importante é saber que tudo é uma oportunidade de aprendizado e que teremos

um proveito muito maior e rápido dessa chance se confiarmos na perfeição e justiça

Divinas.

Page 38: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

INSPIRAÇÃO DIVINA

De onde vem a inspiração?

Talvez ela venha do céu

Assim como a flor faz o perfume

E a abelha fabrica o mel

Talvez venha da alma

Mas, a alma de onde vem?

De uma paz serena e calma

Ou da musa que se quer bem

Talvez ela já exista, vagando por aí.

Assim como fruta em beira de estrada

Esperando ser apanhada

Ela se cria por si

Caberia só então ao poeta

O trabalho de colher?

De fazer a escolha certa

Qualquer um poderia ser

A inspiração não se encontra no ser

Mas, sim, vem de algo Divino

Basta o ser digno

De deixar a poesia escorrer.

Wilson Pailo,

Fevereiro 2008

Page 39: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

REFLEXÕES SOBRE O POEMA

“INSPIRAÇÃO DIVINA”

Existem diferentes modalidades de poesia e diferentes modos de escrevê-las.

Contudo, quando, mesmo que por um relance, temos acesso ao conhecimento existente no

Plano Mental Superior, percebe-se que a obra já está lá completa, tem forma e, mesmo,

segue uma “equação matemática”. As ideias são colocadas de forma precisa, não

formando um texto, mas, sim, uma imagem.

Essas obras são compostas a partir da Sabedoria Divina, são baseadas na Verdade.

Reconhece-se uma obra literária ou musical originadas neste plano pela sua essência,

precisão e harmonia. Todos nós somos capazes de compor poemas, canções, melodias,

porém, quando temos acesso a esse magnífico manancial de conhecimento e beleza, cabe a

nós apenas a mera transcrição, pois querer acrescentar algo nosso a tão magníficas obras,

no estágio atual em que nos encontramos, apenas serviria para macular tão perfeitas

composições.

Page 40: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

VERSO E INVERSO

Se o mundo fosse ao inverso

Felicidade não valeria a pena

Poesia não teria verso

Paisagem não teria cena

Chorar, somente por alegria

Sorrir seria por tristeza

A dor nem pranto traria

A dúvida seria certeza

A água subiria o morro

A chuva secaria a terra

A morte pagaria o socorro

A hora seguiria a espera

Viver não faria sentido

Morrer seria um pedido

A paz seria um tormento

A vitória seria um lamento

A volta precederia a ida

A pressa estenderia a vida

O depois seria o antes

O ódio moveria os amantes

O breu iluminaria o dia

A estrela não seria guia

Esses versos seriam meus

No mundo não haveria Deus.

Wilson Pailo,

Fevereiro de 2008.

Page 41: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

REFLEXÕES SOBRE O POEMA

“VERSO E INVERSO”

Verso e Inverso foi a primeira das obras escritas por mim. Descreve como a

Natureza tem uma ordem e uma harmonia através das quais se revela a existência de Deus,

de uma Sabedoria Superior e Universal, a qual devemos buscar compreender.

Observe-se que, ao final, faz-se uma menção à existência do Plano Mental Superior,

como verdadeira origem da inspiração, quando se diz “esses versos seriam meus”.

Page 42: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

MENTIRA

A mentira é uma sombra

Que faz de tua vida um tormento

Que consome a tua alma

Que te traz só sofrimento

Que te faz ser um escravo

Do que disseste primeiro

E daquilo que ainda dirás

Que faz de ti prisioneiro

De quem sabe o teu segredo

Que te faz viver com medo

De a verdade aflorar

Que te cobra o teu caráter

Que te custa a tua paz

Que à noite se deita ao teu lado

Que te aguarda ao despertar

Que te faz perder amigos

Que impede alguém te amar

Que mesmo que dita mil vezes

Passa a ser apenas crença

Pois, existe uma diferença

Que depende só do tempo

Porque a verdade é real

Pois, seja qual for a razão

Loucura, vergonha, omissão

Mentir é sempre fatal

Mas, tu morres mais lentamente

Quando tu mentes ao hipócrita

Que passa a ser conivente

Que, de mãos dadas com quem mente,

Só faz aumentar o cordão

Do império de fantasia

Que espalha dor, tristeza, agonia

Egoísmo, crueldade e opressão

Mas, a quem a verdade defende

Mesmo parecendo impotente

Vale a indignação

É melhor não fingir-se ausente

Pois, aquele que se cala – consente

Mas, fazer do certo questão

E mostrar seu grito insistente

É crer na justiça Divina

Page 43: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

Que acima dos homens governa

E que por sua Sabedoria Eterna

De um modo ou de outro ensina

Pois tudo que vai também volta

E errar por excesso ou por falta

Faz parte do aprendizado

Mas, lembra-te do sábio ditado

Que “àquele que muito foi dado

muito lhe será cobrado...”

Portanto

Se tu sabes entre o certo e o errado

Mentir passa a ser opção

Que se o preço não vier nessa vida

No exato momento e medida

Vem na próxima encarnação

É a Lei de Causa e Efeito

Que faz esse mundo perfeito

Ao propósito da Criação.

Wilson Pailo

Novembro 2009.

Dedico a todos que defendem a Verdade.

Page 44: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

REFLEXÕES SOBRE O POEMA “MENTIRA”

Certa vez alguém me perguntou: “É possível viver sem medo?” Dentre as muitas

respostas a esta pergunta, lembro-me que o primeiro pensamento que me veio à mente foi

dizer: “Sim, é só não dizer mentiras!”. O saber popular já diz: quem diz a verdade não

necessita ter boa memória!

Este poema enfoca dois aspectos da mentira: o primeiro é direcionado àqueles cujo

ato de mentir tem cunho psicológico, sendo usado como meio de fuga, vergonha de si

mesmo, necessidade de aceitação, etc.; o segundo é direcionado àqueles que usam da

mentira para fins egoístas, desonestos, por ganância e por vaidade. O primeiro aspecto traz

como resultado o medo e o tormento àquele que mente. No segundo aspecto, o indivíduo

já não se importa com as consequências caso as mentiras sejam descobertas, uma vez que

ele se sente protegido por uma rede de influências e pessoas que colaboram com a

manutenção da mentira e do poder. São, por exemplo, pessoas que ocupam importantes

papeis no meio político e econômico de um país, e que trazem consigo uma legião de

coniventes que participam da mentira por conveniência.

Tanto um aspecto como o outro trazem consequências, pois não se pode fugir da

Lei de Causa e Efeito. Em geral, pessoas envolvidas no primeiro aspecto acabam

recebendo respostas a seus atos de forma mais imediata, seja pela perda de amigos e

afastamento de entes queridos, perda de emprego, etc. Já as do segundo aspecto, muitas

vezes terminam a vida de modo muito “tranquilo”, aparentemente sem nenhuma

consequência pelos seus delitos, uma vez que o sistema corrompido já não os alcança.

Contudo, mesmo assim, as Leis Divinas se aplicam, cabendo a nós confiar em que as

coisas vêm e vão, que em todo mal há um bem oculto, e que o resultado final sempre é a

aprendizagem.

Page 45: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

CONCLUSÕES

O caminho para se chegar até a real felicidade e real liberdade é feito passo a passo. É somente pelo exercício diário e perseverante do amor, da devoção e do desapego é que chegaremos a este estado. Se por hora ainda não somos capazes de entender muitas das Leis do Universo, nos valemos da fé para prosseguir nosso caminho. Lembremo-nos de que, apesar de ser um dever buscar o conhecimento Divino, necessitamos também saber que tudo vem a seu tempo. Há que se entender que nossa evolução espiritual deve ser realizada em equilíbrio com nossa capacidade física e mental. É um processo de “polimento” diário que pode levar muitas encarnações até chegarmos a nossa forma mais pura e sublime. Porém, sejamos conscientes de que o importante não é quanto tempo levaremos, mas, sim, o fato da chegada em si, ou seja, o que de fato aprendemos.

A seguir, colocamos em linhas simplificadas e práticas o que foi tratado neste livro:

Coloquemo-nos a disposição de Deus para que Ele faça de nós instrumento da

vontade Dele;

Entendamos que seguir a Deus não significa que nós não encontraremos nenhuma

dificuldade em nossa vida; caso estejamos diante de algum infortúnio, agradeçamos

a oportunidade de podermos estar aprendendo e saldando nossos karmas,

procurando, ao mesmo tempo, não criar novos;

Nunca tentemos consertar um erro com outro; a situação nunca irá melhorar se

fizermos coisas ruins deliberadamente;

Agradeçamos a tudo, de bom e de não bom, que acontece em nossas vidas, pois

tudo representa uma oportunidade de aprendizado e evolução;

Procuremos fazer sempre o bem, principalmente para o benefício coletivo;

Façamos tudo com amor e por amor, sem esperar reconhecimento, recompensas, ou

criar sentimentos de posse;

Tenhamos o hábito de sorrir;

Vigiemos os fundamentos os quais usamos para tomar qualquer decisão, evitando

nos basear na ganância, vingança, orgulho, egoísmo, arrogância e vaidade;

Pratiquemos o amor e a compaixão, porém, protegendo-nos do que não é certo e da

maldade intencional. Na prática, ter compaixão significa apiedar-se daquele que faz

o mal por este estar degradando seu próprio espírito. Por outro lado, proteger-se,

tomando-se as medidas necessárias e cabíveis que impeçam ou dificultem a

reincidência do mal;

Procuremos não apontar e julgar os erros alheios;

Protejamo-nos das coisas que não são corretas, porém, entendamos que algumas

delas estão fora de nosso controle; procuremos, sim, aprender com a situação;

Pratiquemos o desapego, porém, lembremo-nos de não abrir mão de nossas

responsabilidades sobre as pessoas e coisas que estão sob nossos cuidados;

Page 46: Passo a Passo: o Caminho em poemas e reflexões

Procuremos o Conhecimento Divino e pensemos sobre o que vemos, sentimos,

ouvimos e lemos; procuremos usar esses conhecimentos em nosso dia-a-dia, com a

melhor das intenções; porém, lembremo-nos que sempre a decisão final é nossa e

que, às vezes, incorrer em erros faz parte do aprendizado;

Entendamos que não somos perfeitos, e que errar faz parte da vida; mas que existe

sempre um caminho de volta; há que ter humildade, vontade e predisposição para

recomeçar;

Cuidemos de nosso corpo físico através de alimentação e exercícios físicos;

evitemos o tabaco, o álcool e as drogas; enriqueçamos nossa alimentação com

vegetais, frutas, verduras e grãos, substituindo, na medida do possível, carnes e

derivados; optemos por atividades ao ar livre e contato com a natureza sempre que

possível; dêmos preferência às atividades diurnas sobre as noturnas;

Cuidemos de nossa mente através do desenvolvimento intelectual; alimentemos

nossas mentes com boas leituras e atividades que explorem a lógica, a memória, e o

raciocínio; evitemos nos expor aos meios de comunicação que exploram emoções

de baixo nível, como violência, promiscuidade sexual, difamação e banalidades;

Cuidemos de nosso espírito, através de nossos atos, pensamentos e palavras;

pratiquemos a meditação como forma de expansão de nossa consciência; mas

lembremo-nos de manter a humildade e usar nosso progresso para fins altruístas;

não utilizemos nossos conhecimentos espirituais para fins egoístas, de vaidade,

ganância, ou obtenção de poder; lembremo-nos de que “aos que muito foi dado,

muito será cobrado”;

Lembremo-nos de que não estamos aqui para ganhar ou perder, mas, sim, para

aprender;

Confiemos nas Leis de Deus, pois elas são perfeitas; concentremo-nos no presente,

em cada minuto, pois o futuro será consequência do que fizermos hoje.

Que a Luz de Deus acompanhe a todos que dedicaram seu tempo à leitura

desta obra.