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Economia. | 16 SEXTA, 04 DE MARÇO DE 2016 Macroeditor: Abdo Filho z [email protected] Editora: Joyce Meriguetti z [email protected] WhatsApp (27) 98135.8261 Telefone: (27) 3321.8327 PAÍS EM CRISE PAÍS EM CRISE BRASIL ENCOLHE 3,8% E POPULAÇÃO SOFRE Impactos do pior momento econômico em décadas se espalham BEATRIZ SEIXAS LUÍSA TORRE Ricardo Shalders é comer- ciante, dono de lojas de roupas. Rodrigo Motta, dentista. O que os dois têm em comum é o que tem acontecido com diversos empresários dos mais va- riados setores da economia brasileira: a crise os forçou a fechar seus negócios, já que os custos subiram e a clientela caiu. Enquanto Ricardo fechou metade de suas lojas em dois anos, Ro- drigo deixou de ser dono da clínica onde atuava e voltou a ser funcionário. O fechamento de empre- sase,consequentemente,de postos de trabalho, é um dos mais cruéis reflexos que a instabilidade econômica, agravada do ano passado para cá, tem trazido para o dia a dia dos brasileiros. On- tem, a divulgação do resul- tado do Produto Interno Bruto (PIB) apenas quantifi- cou o sofrimento pelo qual passa a população: em 2015, a retração registrada pelo IBGE foi de 3,8%, a pior desde1990.OPIBpercapita também teve redução e fi- cou em R$ 28.876, 4,6% menor que no ano anterior. Entre os setores da eco- Aeroportômetro dias para a conclusão da obra 571 EVOLUÇÃO DO PIB BRASILEIRO nomia,aindústriaregistrou a pior queda, de 6,2%. Já os servi ços, que têm o maior peso na economia, recua- ram 2,7%. O único setor que teve resultado positivo foi a agricultura, com alta de 1,8% frente a 2014. A despesa de consumo das famílias, motor da eco- nomia, caiu 4% frente ao ano anterior. É o maior re- cuo da série histórica, ini- ciada em 1996. A demanda doméstica brasileira, que incluiu consumo das famí- lias, do governo, os inves- timentos e tudo que foi im- portado descontando o que foi exportado, também despencou – e foi bem mais que o PIB: retraiu 6,5%. RECESSÃO “Essa retração da econo- mia em diversos trimestres é a maior sequência de que- das dos últimos 25 anos. Vo- cê já vê reflexos fortes na inadimpl ência dos alunos denívelsuperior.Nodesem- prego, onde se vê as pessoas buscando alternativas, ven- dendo coisas em meio aos carros, um aumento na in- formalidade. A queda na frequência dos restaurantes e o volume de compras nos supermercados que, de 4 GUILHERME FERRARI Adaptação Depois de ver os custos da clínica dispararem e a procura por ser- viços odontológicos recuar diante da crise, o dentista Rodrigo Motta decidiu fechar o negócio, que fun- cionou por três anos. “A vida do empreendedor é muito difícil no Brasil. Os custos são muito elevados e as obrigações, como a carga tributária, atrapalham a prosperar. Com a crise, achei melhor fechar a clínica e voltar a ser funcionário. Além disso, estou buscando outros nichos dentro do setor”

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  • Economia.| 16SEXTA, 04 DE MARÇO DE 2016

    Macroeditor: Abdo Filhoz [email protected]: Joyce Meriguettiz [email protected]

    WhatsApp (27) 98135.8261Telefone: (27) 3321.8327

    PAÍS EM CRISEPAÍS EM CRISE

    BRASIL ENCOLHE 3,8%E POPULAÇÃO SOFREImpactos do pior momento econômico em décadas se espalham

    BEATRIZ SEIXASLUÍSA TORRE

    Ricardo Shalders é comer-ciante, dono de lojas deroupas. Rodrigo Motta,dentista.Oqueosdois têmem comum é o que temacontecido com diversosempresários dos mais va-riadossetoresdaeconomiabrasileira: a crise os forçoua fechar seus negócios, jáque os custos subiram e aclientela caiu. EnquantoRicardo fechoumetade desuaslojasemdoisanos,Ro-drigo deixou de ser donoda clínica onde atuava evoltou a ser funcionário.O fechamentodeempre-

    sase,consequentemente,depostosdetrabalho,éumdosmais cruéis reflexos que ainstabilidade econômica,agravada do ano passadopara cá, tem trazido para odiaadiadosbrasileiros.On-tem, a divulgação do resul-tado do Produto InternoBruto(PIB)apenasquantifi-cou o sofrimento pelo qualpassa a população: em2015, a retração registradapeloIBGEfoide3,8%,apiordesde1990.OPIBpercapitatambém teve redução e fi-cou em R$ 28.876, 4,6%menor quenoanoanterior.Entre os setores da eco-

    Aeroportômetro

    dias para a conclusão da obra

    5 7 1

    EVOLUÇÃO DO PIB BRASILEIRO

    nomia,aindústriaregistrouapiorqueda,de6,2%.Jáosserviços, que têm o maiorpeso na economia, recua-ram 2,7%. O único setorque teve resultado positivofoi a agricultura, com altade 1,8% frente a 2014.A despesa de consumo

    das famílias,motordaeco-nomia, caiu 4% frente aoano anterior. É omaior re-cuo da série histórica, ini-ciadaem1996.Ademandadoméstica brasileira, queincluiu consumo das famí-lias, do governo, os inves-timentose tudoque foi im-portado descontando oquefoiexportado,tambémdespencou–efoibemmaisque o PIB: retraiu 6,5%.

    RECESSÃO“Essa retração da econo-

    mia em diversos trimestreséamaior sequênciadeque-dasdosúltimos25anos.Vo-cê já vê reflexos fortes nainadimplência dos alunosdenívelsuperior.Nodesem-prego,ondesevêaspessoasbuscandoalternativas, ven-dendo coisas em meio aoscarros, um aumento na in-formalidade. A queda nafrequênciadosrestaurantese o volume de compras nossupermercados que, de 4

    GUILHERME FERRARI

    Adaptação

    Depois de ver os custos da clínica

    dispararem e a procura por ser-

    viços odontológicos recuar diante

    da crise, o dentista Rodrigo Motta

    decidiu fechar o negócio, que fun-

    cionou por três anos.

    “A vida do empreendedor é muito difícil no Brasil. Oscustos são muito elevados e as obrigações, como a cargatributária, atrapalham a prosperar. Com a crise, acheimelhor fechar a clínica e voltar a ser funcionário. Alémdisso, estou buscando outros nichos dentro do setor”

  • | 17SEXTA, 04 DE MARÇO DE 2016

    CARLOS ALBERTO SILVA

    Queda na rendaCom uma redução na de-

    manda por faxinas, a dia-

    rista Helena Costa, 41, viu

    sua renda cair 30%. As

    contas começaram a ficar

    sem pagamento.

    “Os clientes estão chamando menos,prolongando o tempo entre faxinas.Minha renda caiu. Estou com as contasde luz, TV e celular atrasadas. Vou teraté que cancelar o celular”

    GUILHERME FERRARI

    AtualizaçãoA especialista em gestão

    de pessoas Regina Mace-

    do perdeu o emprego há

    cinco meses. Mas conti-

    nua investindo em estudos

    para se manter atualizada.

    “Este é um momento muito complicado.Por isso, acho que devemos tentar usarda melhor forma a nossa capacidade degerenciar conflitos, ser criativos ebuscar alternativas profissionais”

    meses para cá, os carrinhosestãomuitomenos cheios eas pessoas estão compran-do só o essencial. Isso é re-flexo da inflação alta e daqueda da renda”, comentaRoberto Vertamatti, diretorde economia daAssociaçãoNacional dos Executivos deFinanças, Administração eContabilidade (Anefac).Outros impactos, explica

    Vertamatti, estão no endivi-damentoeinadimplênciadapopulação. “Hoje, mais de60%das famílias estão comdívidanoBrasil.Abuscaporcrédito é significativamentemenor por causa da crise,porqueobrasileironãoquerseendividarmais.Elenãovêum cenário positivo e estádesestimulado. Essa perdade confiança também é re-flexoda crise”, analisa.Quemconhecebemoim-

    pacto da recessão é a psicó-logaeespecialistaemgestãode pessoas Regina Macedo,de 42 anos. Há 16 anosatuandonaárea,éaprimei-ra vez que ela é vítima deumacriseeconômica.Demi-tida de uma indústria capi-xabaemoutubro,elaviusuarenda cair pelo menos pelametade. Ela vem buscandoreorganizar seu orçamento,com o corte de despesas etrabalhos extras. “Não é fá-cil,mas éummomento quetemos que buscar utilizar oque temos de melhor, alémde criatividade, para tentarumanovaoportunidade”.Aquedadarendafoisen-

    tida também pela diaristaMaria Helena Costa. Autô-noma,elacontouquemuitagente reduziu o número defaxinas ou aumentou o es-paçode tempoentre os ser-viços. “Com a redução dasfaxinas,minha renda caiu eestou com as contas de luz,TV e celular atrasadas. Vouter até que cancelar o celu-lar”, lamenta.

    COMO CHEGAMOS ATÉ AQUI

    QUEDAS DO PIB AO LONGO DOS ANOS

    1990RETRAÇÃO DE -4,35%t Plano ColorEm meio a um cenário

    de hiperinflação,

    Fernando Collor lançou o

    Plano Collor – marcado

    pela substituição do

    cruzado novo pelo

    cruzeiro e pelo confisco

    da poupança.

    1992RETRAÇÃO DE -0,47%t ImpeachmentO país que ainda sofriacom os efeitos dainflação desenfreadaparou na expectativa doque poderia acontecercom o país diantedo impeachmentdo presidenteFernando Collor.

    2009RETRAÇÃO DE -0,1%t Crise internacionalEm 2008, eclodiu nosEstados Unidos umaforte crise financeiraque impactou diversospaíses, inclusive o Brasil.A crise americana, sealastrou pela Europa edepois começou a afetarpaíses emergentes.

    2015RETRAÇÃO DE -3,8%t Desajuste econômicoCrédito abundante edesoneração de setoresincentivaram o consumo.Tanto população quantogoverno gastaram maisdo que podiam. O paísagora precisa de ajustes,que o governo nãoconsegue fazer.

    DESEMPENHO DOS SETORES EM 2015

    O QUE FOI BEMt Agropecuária: +1,8% t Exportação: +6,1%

    O QUE FOI MALt Indústria: -6,2%t Serviços: -2,7%t Consumo das famílias:-4,0%

    t Governo: -1,0%

    t Importação: -14,3%t Imposto sobreprodutos: -3,3%t Formação bruta decapital fixo: - 14,1%

  • 18 | ECONOMIA SEXTA, 04 DE MARÇO DE 2016

    EMPREGADORES SÃOOS QUE MAIS PENAM

    PAÍS EM CRISE

    Indústria, comércio e serviços amargam forte retração

    RONDINELLI TOMAZELLIBEATRIZ SEIXAS

    Os setores privados maisatingidos pela retração daeconomia nacional sãotambém os que mais em-pregam. E esse baque serefleteemgrandescadeiasda atividade econômicacapixaba: indústria, cons-trução civil, comércio eserviçosamargamummo-mento de dificuldade eperspectivas pouco alvis-sareiras. Além do endivi-damento da população eda reduçãodo consumo, acrise política em Brasíliacontamina a confiança econgela os investimentos,dada a instabilidade deum governo paralisado eque pode cair a qualquermomento.Segundoosnúmerosde

    2015doCadastroGeraldeEmpregados e Desempre-gados(Caged)doMinisté-rio do Trabalho, no Espíri-toSantohouvereduçãode44.971 postos de trabalho- a indústria foi responsá-vel por 19.491 dessas de-missões (43%). Presiden-tedaFederaçãodas Indús-trias do Estado (Findes),Marcos Guerra lista os fa-tores que desestabiliza-ram a atividade de pe-ças-chave da economia.“A causa é que 2015 foi

    umanoperdidoparaoBra-sil,comessaenormecrisee

    ARQUIVO

    Indústria capixaba foi responsável por 43% do número de demissões em 2015

    CORTES NO ES

    ENTREVISTA

    “A INDÚSTRIAFOI A QUE MAISDESEMPREGOU”

    Marcos GuerraPresidente da Findes

    Prevê alguma recu-peração em 2016?Acredito que em 2016 agente não terá esse desem-prego todo de 2015, quan-do houve 40 mil desem-pregados no geral no Es-tado. Nós deixamos de ge-rar 35 mil empregos, queera o crescimento médiode vagas no Estado. É pos-sível falar num déficit de75 mil postos de trabalho.A indústria foi a que maisdesempregou em 2015.O que pode turbinar

    a atividade industrial?

    A única coisa que contribuipara melhorar o quadro daindústria é o dólar se man-ter entre R$ 3,60 e R$ 4.Isso favorece as empresasque atuam no mercado in-ternacional, e o EspíritoSanto é forte em commo-dities. Com o dólar man-tendo-se nesse patamar, aindústria de transformaçãobrasileira (confecção, mo-veleira, calçadista, automo-bilística), que atende o va-rejo nacional, fica compe-titiva, pois os produtos im-portados ficam mais caros.

    ENTREVISTA

    “NÃO HÁ SERVIÇOPARA EMPRESASDA CONSTRUÇÃO”

    Aristóteles Costa NetoPresidente do Sinduscon

    Como a crise atingeo setor da construção?As empresas prestadorasde serviços ao setor pú-blico foram extremamenteprejudicadas. A queda doPIB refletiu na perda dereceita e no comprometi-mento do orçamento dosmunicípios e Estados. Aadministração pública re-programa obras, cancelaprojetos, e as empresas en-frentam dificuldades por-que não tem serviço.E as empresas que

    atendem indústrias?

    Não há trabalho para pres-tadoras de serviço nessaárea. Grandes indústriasnão estão fazendo investi-mentos. Samarco, Vale, Ar-celor e Fibria, que geravammercado e tinham planosfortes de investimento, vi-vem dificuldades da crise.Empresas estão indo a ou-tros Estados buscar opor-tunidades. E a indústriaimobiliária teve grande re-dução de negócios. A crisegera insegurança e incer-tezas na população, que re-cuou na decisão de investir.

    indefinição política. Issoabalouaindústria,quetemde pensar o futuro, plane-jar investimento. E o paísenfrentou rebaixamentosde notas de crédito nomundo,umainfluênciane-gativa nas grandes indús-trias nacionais”, lamenta.Guerra cita, ainda, o pro-blema da redução de com-pra pelos países da Ásia,um duro impacto propor-cional para o Brasil.

    Além disso, o endivida-mento levou as pessoas aconsumirecomprarmenos,enquantoogovernofederalnão investiu em infraestru-tura e paralisou vários pro-jetos. “Todas essas nuancesjogaram o PIB (Produto In-ternoBruto)parabaixo.Es-pero um ano difícil e desa-fiador. Não acredito num2016melhor, mas de pé nochão e de pouquíssimo in-vestimento”, avaliaGuerra.

    Também para o presi-dente da Fecomércio do Es-pírito Santo, José Lino Se-pulcri, a queda do PIB é re-flexodeum“2015horrível”,comaagravanteperspectivadeocenáriocontinuardifícilesteano.“Opaíscontinuanaindefiniçãopolítica (dopro-cesso de impeachment dapresidente Dilma Rousseff -PT), e as principais lideran-ças nacionais estão envolvi-das numa crise seríssimanaeconomia enapolítica”.Diante desse quadro, as-

    sinala Sepulcri, quando seperdea credibilidadenas li-deranças, o reflexo se dánafalta de confiança da popu-lação. “E essa falta de con-fiança tem se difundindoem outras esferas. As gran-des potências do mundo jánão veem o Brasil com amesma credibilidade”.Do mesmomodo, o Sin-

    dicato das Empresas deConstrução Civil (Sindus-con)nãovêprojeçõesmuitootimistas para este ano, amenos que haja uma solu-çãoparaacrisepolítica.“Es-tamos em compasso de es-pera para a economia reto-mar o crescimento. Senão,podehaver corte de empre-gos este ano. O que pode-mosassegurar éque, tão lo-go a economia melhore, aconstrução civil vai dar res-postas rápidas”, aposta opresidenteAristótelesNeto.

    CRISE SEM FIM

    “A recessão do Brasilpode ultrapassar opercentual de 2015.Os setores decomércio, bens eserviços estão entre osmais prejudicados”

    JOSÉ LINO SEPULCRIPRES. DA FECOMÉRCIO

    t Indústria detransformação e extrativa

    7.735VAGAS FECHADAS

    t Construção civil

    11.460VAGAS FECHADAS

    t Comércio

    9.010VAGAS FECHADAS

    t Serviços

    15.616VAGAS FECHADAS

  • SEXTA, 04 DE MARÇO DE 2016 ECONOMIA | 19

    GOVERNOFALA EMRETOMADANESTE ANOFazenda afirma que país voltaráa crescer ainda em 2016, masanalistas pioram previsão do PIB

    MA

    RC

    ELO

    CA

    MA

    RG

    O/A

    GÊN

    CIA

    BR

    ASIL

    Para Nelson Barbosa, fatores da queda do PIB não devem se repetir em 2016

    PAÍS EM CRISE

    OMinistériodaFazendainformouontemque o go-verno tem adotado “todasas ações necessárias pararecuperar a economia” eque, no momento em queas medidas produziremefeito, “será possível reto-mar o crescimento econô-mico, comgeraçãode ren-da e emprego em basesmais sustentáveis”. E a re-tomada deve começar apartir do 4º trimestre.Na avaliação da Fazen-

    da, do ministro NelsonBarbosa, a queda da ativi-dade econômica em 2015foi fruto de vários fatores.Entre eles, citou a quedadospreçosdas “commodi-ties” (produtos básicoscom cotação internacio-nal,comopetróleoeminé-rio de ferro), a crise hídri-ca, os “desinvestimentos”da cadeia de petróleo, gáse construção civil”.

    “Vários desses fatoresnão devem se repetir namesma intensidade em2016, de forma que, apóster absorvido plenamenteseus efeitos, a economiapoderá se estabilizar noterceiro trimestre e apre-sentar crescimento positi-vo a partir do quarto tri-mestre deste ano”, acres-centou oministério.O desempenho da eco-

    nomiaem2015foi tãoruimque analistas já revisaram

    parabaixoaexpectativapa-ra o PIB deste ano. E a ati-vidade econômica pode serainda mais fraca do que noanopassado,umavezquejáhá quem espera uma con-traçãode4%em2016.A Rosenberg Associados

    piorou sua projeção em 0,5ponto percentual. Para aconsultoria, oPIBdesteanoencolherá 4% em vez dos3,5% previstos anterior-mente.ACapitalEconomicsébemmaisotimista,masre-duziudeformasignificativasua previsão: queda de 3%emvezde recuode2,3%.No ranking de desem-

    penho do PIB, feito pelaAustin Rating, que con-templa 32 países, o Brasilaparece na 30ª posição. Aeconomia brasileira sónãotevepiordesempenhodo que a Ucrânia, com re-traçãode6,4%em2015,ea Venezuela.

    Oposição ataca Planaltopor tombo na economiaParlamentaresdaoposi-

    çãonãopouparamcríticasaogovernoapósadivulga-ção do resultado anual daatividade econômica e noúltimo trimestre de 2015.O senador e presidente doPSDB, Aécio Neves (MG),afirmou que o resultadoconfirma as previsõesmais pessimistas.“O governo que prome-

    tia ‘pibão’ entrega reces-são, amaisgravede todaahistória. O grupo políticoque se vangloriava de es-tar a salvo da ‘marolinha’das crises internacionais,agora, está atolado na la-ma, e junto levou a econo-miadopaís”, afirmou, emnota. Segundo ele, o país

    foi “nocauteado pela in-competência, pela inefi-ciência e por ummodeloruinoso: estímulo des-mesurado ao consumo,farta concessão de crédi-to, reduçãode tarifas pú-blicas e juros na marra,intervençãoexcessivanomercado, agigantamen-to do Estado”.JáolíderdoDEMnoSe-

    nado, Ronaldo Caiado(GO) afirma que o dadonegativo do PIB é reflexodeumgoverno sem rumo.“Os sucessivos erros co-metidos pelo governo setraduzemnosnúmerosdoPIB. Tudo isso combinadoà incompetênciagerencialda presidente”.

    EntidadescriticamPIB ruim

    Empresários do setor in-dustrialcobraramcortenosgastos do governo e refor-mas estruturais para que opaís retome o crescimento.As Federações das Indús-triasdoRiodeJaneiro (Fir-jan)eSãoPaulo(Fiesp)cri-ticaram o aumento de im-postos, apontado comoameaça à recuperação daeconomia, e frisaram a ne-cessidadedecortenosjurospara deslanchar investi-mentos e gerar empregos.AForçaSindicaldefendeuaimediata redução da taxade juros. O Banco Centralchamou a redução do PIBde “expressiva”.

    RETRAÇÃO

    4%de queda

    É quanto a economia dopaís deve despencar em2016, afirma a Rosenberg.

    Concorrências Públicas Nros. 016/2016, 017/2016, 018/2016, 019/2016, 020/2016,

    021/2016 e 022/2016

    A CAIXA ECONÔMICA FEDERAL torna público que venderá pela melhor oferta e através de propostas fechadas,no estado físico e de ocupação em que se encontram, imóveis de sua propriedade, de propriedade da EMGEA e depropriedade do FAR localizados em municípios do Estado do Espírito Santo e Rio de Janeiro (Região Norte Fluminense),constantes do Anexo II dos Editais das Concorrências Públicas 016/2016, 017/2016, 018/2016, 019/2016, 020/2016,021/2016 e 022/2016, que estarão à disposição dos interessados nas Agências da CAIXA no Espírito Santo e Rio deJaneiro (Região Norte Fluminense), e na INTERNET (www.caixa.gov.br), de 04 de Março de 2016 a 04 de Abril de 2016:Entrega de propostas: Até o dia 04 de Abril de 2016, nas Agências da CAIXA citadas acima, em horário de expedientebancário. Abertura de propostas: 11 de Abril de 2016, às 14h00 na GI - Alienar Bens Móveis e Imóveis Vitória / ES(GILIE/VT), sito à Av. Princesa Isabel, nº. 86, 2º piso da Ag. Beira Mar, Centro, Vitória/ES. Divulgação do resultado: 13 deAbril de 2016, nas Agências da CAIXA citadas anteriormente e na INTERNET

    AVISO DE VENDA

    Ministério da

    Fazenda

    Edital de Segundo Leilão Público 014/2016 – Alienação FiduciáriaACAIXAECONÔMICAFEDERAL - CEF, pormeio daGerência de Filial -Alienar BensMóveis e Imóveis – Vitória-ES –GILIE/VT, tornapúblico aos interessados que venderá, pela maior oferta, respeitado o preço mínimo de venda, constante do anexo II deste Edital, noestado físico e de ocupação emque se encontram, imóveis recebidos emgarantia nos contratos inadimplentes deAlienação Fiduciária,discriminados noAnexo II do Edital. O Edital de SEGUNDO Leilão Público - Condições Básicas, do qual é parte integrante o presenteAviso de Venda, estará à disposição dos interessados, no período de 22/02/2016 até 04/03/2016 em horário bancário, nas Agênciasda CAIXA situadas no Estado do Espírito Santo e na Gerência de Filial - Alienar Bens Móveis e Imóveis – Vitória-ES – GILIE/VT (273321-5020), sito 1ºAndar daAg. BeiraMar,Av. Princesa Isabel, 86, Centro, Vitória, ES, na INTERNET (www.caixa.gov.br) e no escritóriodo Leiloeiro, Sr. Mauro Colodete, localizado na Rua Frei Manoel, 195 – Centro – Castelo/ES – CEP 29.360-000, Telefone: (28) 3542-3333/9955-5000/ (27)9955-5000, sitewww.colodeteleiloes.com.br.Os interessadosquedesejaremcontar cominanciamento,ouutilizarrecursos do FGTS, deverão se dirigir às Agências da CAIXA em tempo hábil para inteirar-se das condições gerais e habilitar-se aocrédito, se for o caso, antes do prazo estipulado para realização do pregão. O Leilão realizar-se-à no dia 04/03/2016, às 14h00, naGerência de Filial -Alienar BensMóveis e Imóveis – Vitória-ES –GILIE/VT, localizada no 2ºAndar daAg. BeiraMar,Av. Princesa Isabel,86, Centro, Vitória, ES, com apresentação de Lances na modalidade presencial e Internet. Adivulgação do Resultado Oicial do Leilãoserá efetuada a partir do dia 07/03/2016 nosmesmos locais onde foi divulgado oEdital deCondições Básicas.

    AVISO DE VENDA

    Ministério da

    Fazenda

  • 20 | ECONOMIA SEXTA, 04 DE MARÇO DE 2016

    EMPRESÁRIOS CRIAMESTRATÉGIAS ANTICRISE

    PAÍS EM CRISE

    Com inovação e parcerias, empresas não param de crescer

    BEATRIZ SEIXASLUÍSA TORRE

    A crise econômica afetoudiversos segmentos daeconomia em2015 emui-ta gente teve que demitirou até fechar as portas.Mas houve também quemconseguisse crescer emplena recessão, e que hojecomemora bons resulta-dos.Algunsdesses empre-sários explicam os fatoresque os levaramao sucessono ano passado.“Eu atribuo o cresci-

    mento a trabalho e plane-jamento. Planejamento alongo prazo, do qual ain-da estamos colhendo osfrutos disso. E ummarke-ting mais agressivo quan-donossosconcorrentes fi-caram retraídos. Esse é omomento da empresaaparecer e conquistarmais clientes”, afirmaDil-mar Simonetti, um dosfundadores de uma redede loja demóveis.Embora seu setor esteja

    amargando númerosruins, em 2015 ele con-quistou um crescimentode 35% nas vendas, frutoda estratégia de abrir 14lojas na Grande Vitória,ação planejada duranteanos. Nos dois primeirosmeses deste ano, o núme-ro foinovamentepositivo:crescimentode6%. “Pare-ce que estou mentindo,mas a gente está crescen-do porque está trabalhan-

    LEANDRO QUEIROZ/DIVULGAÇÃO

    Ajustes e planejamento

    Mesmo com a crise, o pro-prietário de uma rede defarmácias, Delci Pereira daSilva, conta que a empresacresce e não foi preciso re-duzir o quadro profissional.

    “Épocas de crise nos levam a reavaliarprocessos e identificar o que precisaser melhorado. Estamos conseguindoatravessar este momento comprofissionalização, organização ereforço nas negociações e nas parcerias”

    O QUE A POPULAÇÃO PRECISA FAZER?

    Busca por inovação e renda extra

    Certa vez, Kennedy,presidente norte-america-no, sugeriu aos seus com-patriotas que não apenasperguntassem o que ogoverno poderia fazerpor eles, mas que se per-guntassem o que eles po-deriam fazer pelo gover-no. No Brasil de hoje essedesafio se renova. Os em-presários têm que buscarincessantemente a inova-

    ção mercadológica e nãoapenas a gestão de seuscustos, mas principal-mente a gestão de seusinvestimentos produtivos.O discurso de apenascortar custos é anacrôni-co. Já os cidadãos, buscardeterminadamente au-mentar a renda variável,já que a renda fixa dossalários é insuficiente ecorroída pela inflação.

    Ela pode se dar pela co-mercialização de traba-lhos manuais, pela vendade alimentos emmerca-dos ambulantes, como osfood trucks, e pela co-mercialização de habili-dades e competências co-mo aulas, serviços de ele-tricistas, e outras ativida-des que aumentem suarenda e aqueçam a eco-nomia brasileira.—

    ANTÔNIO MARCUS MACHADO

    ECONOMISTA E PROFESSOR UNIVERSITÁRIO

    O QUE O GOVERNO PRECISA FAZER?

    Implementar um projeto de país

    Para sair da crise, opaís precisa acabar comsuas barreiras internas aocrescimento, estruturais econjunturais. As primei-ras são retratadas peloatraso tecnológico e bai-xa qualificação da mãode obra; as segundas nainstabilidade macroeco-nômica devido aos exces-sos e equívocos da po-lítica econômica, insistin-

    do em interpor-se ao fun-cionamento dos merca-dos. Corrigi-las requerimplementar um projetode país, com uma políticaeducacional real – que seguie por indicadores dedesempenho de alunos eprofessores e não por es-tatísticas de matrículas.Essa política construiriaum estoque de capitalhumano capaz de pro-

    mover o avanço do pro-gresso técnico, diversifi-car a estrutura produtivae torná-la competitiva.Concomitantemente, osgestores públicos preci-sam respeitar o dinheiropúblico e alocá-lo comeficiência para prestarum serviço de qualidade,dando exemplo de boagestão e de respeito à po-pulação do país.—

    ARILDA TEIXEIRA

    ECONOMISTA E PROFESSORA DA FUCAPE

    do.Agente está tendoquese reinventar a cada diapara semanter”.Já o setor de saúde e

    bem-estar é um dos queforammenos afetados eé nele que a loja dos só-cios Thiago Pimentel eGustavo Cometti, emVitória, vem se desta-cando. Na unidade deJardim da Penha, elesvendem produtos semglúten, sem lactose, pa-

    ra vegetarianos e vega-nos e fitness.“Agentepercebequees-

    tá vivendo uma era deconscientização alimen-tar, onde as pessoas estãoredimensionando seus or-çamentos para investir naalimentação. Isso em to-das as classes sociais. E,porserumnegóciopionei-ro, apostarnonichodove-ganonos fortaleceu”, con-ta ele, que transformou o

    negócio em franquia, comtrêsnovas lojasemVilaVe-lha, Belo Horizonte e Li-nhares. “Em plena crise,nós crescemos 40%”, diz.Dentro da área da saú-

    de, o setor farmacêutico ede cosméticos é outro quesofreu poucos reflexos dacrise. Pelomenos os negó-cios do proprietário deuma rede de farmácias,Delci Pereira da Silva, têmse mantido economica-

    mente sustentáveis.O empresário, que es-

    tá há mais de 30 anosnessemercado, diz que odesafio é grande em mo-mentos de recessão, masgarante que com plane-jamento, foco na profis-sionalização, organiza-ção, poder de negocia-ção junto a fornecedorese parcerias é possível su-perar a crise.As ações adotadas por

    Silva têm rendido bonsresultados. Neste ano, arede vem crescendo cer-ca de 7% na comparaçãocom igual períododo anoanterior, e o quadro depessoal, com cerca de350 funcionários, semantémestável. “Mesmode forma tímida, a gentevemcrescendo. Abrimos,em2015, umaunidade e,para este ano, a meta émanter todas bem”, diz.

    Em altaA busca por uma alimentação mais saudável – e a aposta

    em um nicho sem concorrência no Estado, o de

    alimentação vegetariana e vegana – é o que ajudou o

    negócio do empresário Thiago Pimentel a crescer 40% em

    2015. Além de dobrar o tamanho da loja em Vitória, sua

    operação foi formatada em 2015 para franquia.

    VITOR JUBINI