participaÇÃo da famÍlia no espaÇo escolar · crescimento intelectual e social e que os pais...

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PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO ESPAÇO ESCOLAR

Autora: Loide Hoffmann Raimundo1

Orientador: Reinaldo Aparecido de Lima2

Resumo

A participação da família no espaço escolar tem se tornado numa constante necessidade para melhor desempenho do aluno e melhoria do ensino. Assim a utilização da sala de vídeo, serviu para incentivar a família a participar na escola por meio de exibição de três filmes, com o objetivo de diminuir a “distância” entre a escola, professores e a família, motivar a criticidade dos estudantes, pais e familiares tendo como ferramenta pedagógica os filmes, reconhecimento de todo o espaço além da sala de aula por parte dos pais e promover a integração e o desenvolvimento social, além de oferecer momentos de lazer. Concluímos que é impossível colocar à parte escola e família, pois se o indivíduo é aluno e filho ao mesmo tempo, a tarefa de ensinar compete a ambos.

Palavras-chave: Espaço geográfico; cinema; escola; família.

1 Professora de Geografia Pós graduada no curso de Supervisão, Gestão e Orientação Educacional pela Faculdade Estadual de Ciências e letras de Campo Mourão. Graduada em Geografia Pela Universidade do Oeste Paulista, Professora PDE 2010 no Colégio Estadual Amâncio Moro.

2 , Bel. pela UFPR ( Universidade Federal do Paraná),professor substituto na Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) e mestrando do curso de Geografia.

1 Introdução

As pessoas têm interesses, vontades e possibilidades que em suas relações

sociais e com o meio ambiente tomam formas diversas. Partindo deste pressuposto,

a diversidade como são construídos os entendimentos de mundo é que se pode

fazer uma analogia entre a forma como as pessoas, em especial, os estudantes

constroem seus conhecimentos e o artista que cuida de sua obra em cada fase da

elaboração.

A escola participa ativamente na forma como os estudantes constroem seus

conhecimentos e entendimento do mundo. No entanto, não pode ser considerada

como única responsável por edificar estruturas de apoio que possibilitem

verdadeiramente aos estudantes acessarem os conhecimentos sistematizados e,

ainda, avançarem na construção de novos conhecimentos e formas de interpretar a

sua realidade.

O processo ensino aprendizagem é complexo e pressupõem que a escola é

o espaço privilegiado para seu desenvolvimento, o estudante é parte ativa e os pais

e familiares são parte fundamental e de maior referência para o estudante.

Com o projeto de intervenção “Cinema na Escola” que tem como tema a

“Participação da Família no Espaço Escolar”, com o objetivo de viabilizar aos pais o

acesso à escola, oferecendo uma atividade diferenciada e cultural que contribua

com o trabalho da equipe pedagógica, promovendo oportunidades e condições para

que juntos possamos nos engajar num compromisso de participação e melhoria do

ensino.

Por acreditar que a educação é subsídio principal para o desenvolvimento

da cidadania e do compromisso ético e crítico, e sendo a escola um espaço de

crescimento intelectual e social, os pais devem participar desse processo na vida de

seus filhos. Torna-se imprescindível para o sucesso educacional a busca por uma

melhor relação Escola/Família/Família/ Escola, onde o maior beneficiado é o

filho/educando. Neste sentido, a intervenção com o projeto “Cinema na Escola” teve

o objetivo de chamar atenção, sobretudo das famílias, para a necessidade de

participação na escola e das atividades por ela desenvolvida, como forma de

contribuir mais para com a educação de seus filhos, nossos alunos.

Segundo Fernandes:

“A família também é responsável pela aprendizagem da criança, já que os pais são os primeiros ensinantes e as atitudes destes frente às emergências de autoria, se repetidas constantemente, irão determinar a modalidade de aprendizagem dos filhos.” (FERNANDES, 201,P.42)

Portanto, é necessário que a família mantenha diálogo com a instituição

escolar, uma vez que uma relação com comprometimento só pode enriquecer e

facilitar o desempenho educacional de uma criança. Assim realizamos seis sessões

de cinema, sendo sessões duplas dos filmes “Um Sonho Possível”, “Wall-E” e “Estão

Todos Bem”. O primeiro filme nos faz analisar a importância de uma família

estruturada, envolvida e comprometida com a vida e a educação do filho. Deve estar

pronta para intervir da melhor maneira possível, visando sempre o bem dos seus

filhos. O filme Wall.E faz uma forte crítica ao nosso estilo de vida, e consegue, com

sutileza nos mostrar que estamos no caminho errado. Já o terceiro filme nos mostra

que os pais têm um lugar de destaque na vida dos filhos, então uma participação

positiva contribui significativamente para o desenvolvimento saudável dos mesmos.

Ao final de cada sessão foi realizado um debate com foco na importância da

participação da família na vida escolar dos filhos e a avaliação realizada em forma

de um pequeno questionário.

Assim oferecemos uma atividade diferente e convidamos os familiares para

acompanhar o processo de ensino aprendizagem, pois a família em interação com a

escola e vice-versa, são peças fundamentais para o pleno desenvolvimento da

criança e pilares no desempenho escolar.

2 Desenvolvimento

Constatamos que os seres humanos possuem suas individualidades e com

elas constrói seu meio, e partir das múltiplas relações vão construindo o espaço

geográfico. A escola é o lugar privilegiado para o processo de ensino- aprendizagem

e por meio dos quais se pretende introduzir pais e alunos nos diversos campos do

saber.

O Ensino da Geografia tem como objeto de estudo o espaço geográfico. Nas

Diretrizes Curriculares do Paraná, “o espaço geográfico, é entendido como aquele

produzido e apropriado pela sociedade, composto por objetos naturais, culturais e

técnicos – e ações pertinentes a relações socioculturais e políticas – econômicas.”

(DCE,2008,p.51).

Vesentini (2000) prioriza a ação humana construindo e reconstruindo o

espaço e entendendo-se por espaço geográfico todo o espaço onde possa ser

observada a ação humana na natureza assim observa que:

“O espaço geográfico não é apenas o local da morada da sociedade humana, mas principalmente uma realidade que é a cada momento (re) construída pela atividade do ser humano”. ( VESENTINI, 2000. p.10)

Consequentemente, a sociedade humana e a natureza são elementos

fundamentais para a construção e a transformação (ou reorganização) do espaço

geográfico, onde que se concretizam as identidades, que se manifestam as culturas,

que se estabelecem os hábitos, que se consolidam os costumes, que circulam os

valores ideológicos. É nele que os sujeitos exploram e são explorados, que

transgridem normas ou se submetem a elas. O espaço é, portanto, expressão das

relações sociais resultando na relação sociedade e natureza.

“Os homens vivem num espaço, situam-se nele, ocupam lugares. Esse espaço comumente é visto como algo estático, pronto e acabado. Tem uma aparência. Mas é resultado de uma dinâmica, é cheia de historicidade. A aparência é o resultado, num determinado momento, de coisas que aconteceram. É a expressão de um processo, portanto há dinâmica no arranjo. Só na aparência ele é estático, pois em si está constantemente sendo construído” (CASTROGIOVANNI,1999, p.68-69).

Ao analisarmos esta trajetória encontramos um processo de racionalização e

modernização com marcas de cultura e legado da sociedade, por isso a tarefa

urgente de (des)construir as concepções e práticas escolares que se formaram nas

instituições de um modo geral.

Com isso, a geografia propicia os mecanismos para que se possa estruturar

os conhecimentos adquiridos já que a tomada de consciência da realidade da

sociedade consiste em desenvolver uma prática pedagógica não alienada mas

consciente e crítica da escola.

O espaço escolar tornou-se um ambiente formador de personalidades e de

representações. Sua estrutura física e dimensão social deve ser atrativa para os

alunos de forma que eles possam sentir-se a vontade para desenvolverem suas

atividades socioeducativas, esportivas, e seu pensamento crítico. Pode-se

considerar o espaço escolar como um forte potencial para o desenvolvimento de

atividades cognitivas tornando-se, portanto, cenário de múltiplos interesses.

A escola não é apenas um local em que se realizam atividades de

aprendizagem ou que abriga alunos, livros, professores. Mas é um “conteúdo”, ele

mesmo é educativo. O espaço escolar é mais que muros e paredes; é espaço de

trabalho, de aprendizagem, de relações sociais e de formação de pessoas. Ele

precisa gerar ideias, busca de conhecimento; despertar interesse em aprender; além

de ser alegre, agradável e acolhedor, tem que ser pedagógico. “Há docência no

espaço.” Os alunos aprendem dele lições sobre a relação entre o corpo e a mente, o

movimento e o pensamento, o silêncio e o barulho do trabalho, que constroem o

conhecimento. (FUNDESCOL A / MEC,2006).

É de grande importância que o espaço escolar tenha seu devido valor não

só pelo seu espaço físico, mas também pelas suas dimensões sociais. Portanto, o

local deve ser estimulante e ao mesmo tempo desafiador para que os alunos

possam desenvolver suas atividades estudantis, e acima de tudo, seu senso crítico,

visto que os mesmos passam parte de suas vidas presente na escola não apenas

para serem educados, mas também para aprender a se socializar com as demais

pessoas ao seu redor, esse espaço é de suma importância.

Segundo Piaget (apud KRAMER,2000,p.29) “o desenvolvimento resulta de

combinações entre o que o organismo traz e as circunstâncias oferecidas pelo

meio[...] e os esquemas de assimilação vão se modificando progressivamente,

considerando estágios de desenvolvimento”. Sendo assim, pode-se dizer que a

aprendizagem tem certa relação com o espaço em que desenvolve uma atividade de

ensino.

O espaço escolar abre e oferece oportunidades múltiplas para o

desenvolvimento do aluno, do professor, da Equipe Pedagógica e da comunidade

escolar em sua prática educativa.

Por acreditar que a educação é subsídio principal para o desenvolvimento

da cidadania e do compromisso ético e crítico, sendo a escola um espaço de

crescimento intelectual e social e que os pais devem participar desse processo na

vida de seus filhos, foram abertas as portas da escola para os pais, fazendo com

que eles se sintam à vontade, aproximando o contato entre família e escola.

No inicio do 2º semestre de 2011, foi exposto o projeto com seus objetivos

para a Direção, Equipe Pedagógica e funcionários em uma reunião da Semana

Pedagógica despertando o interesse em todos os ouvintes, pois o assunto é

instigador e atual.

A opção da escolha dos alunos das 5ª séries e seus familiares para

participarem do projeto, foi pelos mesmos estarem iniciando as séries finais do

ensino fundamental, nesse momento da adolescência, geralmente os pais ficam

distantes do processo ensino-aprendizagem, o que dificulta o seu rendimento e a

oportunidade de aperfeiçoamento. Procuramos alertar que, Família e Escola devem

estar unidas, de comum acordo, buscando as mesmas metas para o melhor

aprendizado dos educandos, e para sanar os problemas relacionados ao contexto

escolar.

Bartholo afirma que “a participação família escola é fundamental para que

ocorram os processos de aprendizagem e crescimento de todos os membros destes

sistemas, uma vez que a aprendizagem não está circunscrita à conteúdos

escolares". (BORTHOLO, 2001, p.23). Está nítida a necessidade de interação entre

as duas instituições família e escola, pois ambas complementam-se na contribuição

de um ser humano mais participativo e mais consciente.

Na primeira semana de aula foi feita a divulgação do projeto para os alunos

das 5as séries na sala de aula, no sistema de som e com cartazes no saguão como

mostra a foto abaixo.

O projeto foi desenvolvido com os pais e alunos das 5ªs séries juntamente

com professores e a equipe pedagógica do Colégio Estadual Amâncio Moro -

EFMNP da cidade de Corbélia Paraná. O colégio consta com aproximadamente

1500 alunos distribuídos em três períodos nos cursos que oferece.

Observe no mapa , a localização do município de Corbélia no estado do

Paraná:

Imagem 1: Cartaz no saguão.Fonte: Acervo autora

Imagem 2: Mapa do Paraná destacando o município de CorbéliaFonte:http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/7/79/Parana_Munic

ip_Corbelia.svg/320px-Parana_Municip_Corbelia.svg .png

A sala de vídeo do colégio, é um ambiente agradável, com sonorização e

projetor multimídia, aproximando-se de uma sala de exibição em cinema comercial.

Foram realizadas 6 sessões, com 3 filmes diferentes em duas sessões cada,

sendo cada uma dividida em duas partes, a primeira com a exibição do filme, em

seguida debate acerca das questões que foram tratadas e questionário de avaliação.

Na semana que antecedeu cada sessão, a divulgação aconteceu através do

sistema de som , cartazes e distribuição aos alunos e pais de convites (ingressos)

para. Também foram convidados direção,professores, equipe pedagógica e

funcionários.

O primeiro filme a ser exibido foi “Um Sonho Possível” que é baseado em

fatos reais,conta a história de Michael Oher (Quinton Aaron),um jovem negro, obeso

e filho de uma mãe viciada que não consegue combinar a preocupação de sua

próxima dose ao cuidado com os filhos. Marcado pela rejeição, preconceito e

racismo, Big Mike cresceu em lares adotivos sem encontrar acolhimento verdadeiro.

Sua vida começa a mudar quando seu pai adotivo do momento, decide matriculá-lo

em uma escola particular cristã. Por ser grande e forte, é aceito, Porém, não tem

bom desempenho nos estudos. Fica amigo do pequeno SJ, filho de Legh Ane. Em

uma noite fria eles encontram Big Mike sozinho sem ter para onde ir. Ela decide

simplesmente levá-lo para sua casa e dar-lhe uma cama, comida e basicamente

tudo que ele nunca teve: uma família estruturada. Ela acaba tendo grande empatia

com o garoto, e decide mantê-lo em casa, com o apoio dos filhos e do marido Seam

Tuony. A família o acolhe, acredita em seu potencial e incentiva seu desempenho

nos esportes, paga uma professora particular para que ele melhore na escola e

assim, Big Mike vislumbra a possibilidade de cursar uma universidade e jogar futebol

americano profissionalmente.

As sessões aconteceram em média com 15 participantes entre pais e filhos

e e professores. Foi dividida em duas partes a primeira para a exposição do filme

com duração de 120 minutos, seguidos de um intervalo e no retorno houve um

debate sobre questões tratadas no filme e as sugeridas a abaixo:

• Retrospectiva da parte do filme que que mais gostou.

• O que se entende como participação da família na escola?

• Como acontece a relação entre família e escola no meio em que você

vive?

• Qual a importância da participação da família na escola?

• O que os pais podem fazer para participar mais ativamente na vida

escolar dos filhos?

• O que pode acontecer com o aluno cuja família não acompanha?

As duas sessões do segundo filme “WALL.E” também foram amplamente

divulgadas nas salas das 5as séries e no colégio em geral.

As sessões desse filme aconteceram com média de 20 participantes.

Wall – E é um filme de amor, mas que faz uma forte crítica ao nosso estilo

de vida, e consegue, com sutileza nos mostrar que estamos no caminho errado.

Tudo gira em torno do fato da humanidade morar em uma gigantesca nave no

espaço, devido ter poluído a atmosfera com gases tóxicos e de encher a Terra de

lixo. Pretendiam voltar à Terra em poucos anos, assim que os milhares de robôs

limpassem tudo. Porém apenas Wall. E permaneceu vivo, por trocar suas peças,

guardar objetos que encontrava no meio do lixo, utilizando-os para seu benefício,

além de trabalhar todos os dias com objetivo de limpar o planeta, a procura de um

ser vivo. Até que um dia, o planeta recebe uma visita de uma nave que traz um novo

e moderno robô: Eva, e juntamente com uma baratinha, grandes aventuras se

iniciam.

As duas sessões desse 2º filme foram realizadas nos moldes do primeiro, o

debate aconteceu de forma mais polêmica devido o conteúdo do filme que nos faz

pensar na realidade do planeta e do envolvimento que a família também deve ter

com as questões ambientais. O debate foi orientado pelo questionamento a seguir.

• Qual parte do filme você mais gostou?

• Como está a situação do nosso planeta?

• Quais atitudes poderíamos adotar em casa, na escola ou no trabalho

para preservarmos o planeta?

• Por que é importante que pais e filhos discutam e realizem juntos,

atividades ecológicas?

• A quem cabe lutar por medidas que melhorem a situação grave em que

se encontra nosso planeta?

• A verdadeira qualidade de vida está acima da posse de bens materiais?

Os pais têm um lugar de destaque na vida dos filhos, então uma

participação positiva contribui significativamente para o desenvolvimento saudável

dos mesmos. Assim o último filme a ser exibido em duas sessões foi “Estão Todos

Bem” com 1h 40 minutos. O filme conta a história de Frank (Robert De Niro), ele

sempre trabalhou em uma fábrica de cabos telefônicos, dedicando sua vida a

sustentar a família. Aposentado recentemente, enfim percebeu que ao longo da vida

dedicou pouco tempo aos quatro filhos, que hoje vivem em cidades diferentes. A

falecida esposa sempre foi o ponto de contato com os filhos, mas ele decidiu que era

hora de recuperar o tempo perdido e resolve fazer um churrasco para toda a família.

As preparações vão bem, até que um a um encontram uma boa razão para para não

comparecer. Ele decide então arrumar as malas e partir em uma viagem com a

intenção de surpreender cada um de seus filhos, para saborear seus sucessos e

alegrias, mas logo fica claro para Frank que seus filhos não são tão felizes e nem

bem sucedidos quanto sua esposa sempre afirmava. Apesar de tudo, estão todos

bem.

No final desse filme também houve um debate orientado pelas questões a

seguir:

• Qual parte do filme mais lhe chamou a atenção?

• Que importância tem o exemplo dos pais na formação dos filhos?

• Vale a pena não viver com a família momentos que não se repetem?

• Que problemas a ausência do pai(mãe) traz para a educação dos filhos?

• O que está faltando na relação pais e filhos

O GTR – Grupo de Trabalho em Rede (2010), que aconteceu de forma

virtual, com 15 professores participantes de vários municípios do Estado do Paraná,

distantes fisicamente, mas próximos por buscarem o objetivos em comum como

conhecimento para a construção de uma Escola Pública de Qualidade, se

interessaram neste projeto tanto que trouxeram grande contribuição para a pesquisa

e implementação do mesmo. Os relatos de vários professores mostra que a

necessidade da urgente interação família/escola, é comum na maioria das escolas.

Entre os resultados positivos do GTR, o principal é o compartilhamento de

nossas experiências e angústias. Vivenciamos realidades diferentes, mas com

problemas comuns, demonstrando o mesmo anseio em vislumbrar

encaminhamentos para uma melhor participação da família na escola.

3 Resultados obtidos e esperados

Buscou-se primeiramente conseguir uma forma de participação que não

demandasse muito tempo e nem se restringisse a outros momentos “participativos”

como a entrega de boletins, reuniões de instâncias colegiadas, etc.

Procurou-se também criar momentos de cultura e lazer que promovam

oportunidades e condições para maior envolvimento das famílias, chamando

atenção dos pais e responsáveis para a necessidade do seu empenho na

caminhada escolar de seus filhos e o quanto a comunidade escolar necessita de

apoio para o cumprimento de suas atividades educativas.

A contribuição dos 15 professores participantes do GTR para a verificação

da importância, da viabilidade e realização da projeto foi significativa e

indispensável. A seguir alguns pronunciamentos:

Professora participante M: “A escola é uma ponte com as famílias, e é

através de projetos com este proposto que poderemos interagir melhor com a nossa

comunidade escolar”.

Professora participante S: “Muitos são os problemas que a escola pública

vem enfrentando nos últimos tempos. Dentre eles estão a estrutura física das

escolas, a falta de alguns materiais, a superlotação de algumas turmas e muitos

outros. Porém, na minha opinião, o pior problema é a falta de comprometimento por

parte de muitos de nossos alunos.

Penso que vários fatores levam a esse problema, entre eles está a facilidade

que os alunos tem para avançar de uma série para outra e principalmente o

desinteresse da família em relação à educação escolar de nossos alunos. A

responsabilidade pela educação escolar ficou totalmente por conta da escola.

O projeto “Cinema na Escola”, seria mais uma grande e boa tentativa de

chamar a atenção de algumas famílias para a escola e através da temática dos

filmes exibidos, chamar também essa atenção para os problemas enfrentados pela

escola e pela sociedade como um todo. E uma vez essa família inserida no contexto

escolar, muitos problemas poderiam ser resolvidos com muito mais facilidade.

Quando escola e família se unem quem mais ganha é o aluno”.

Também com o pronunciamento da professora S percebemos que o projeto

já está sendo adaptado e aplicado conforme a realidade de outras escolas:

“O Projeto Cinema na Escola é uma grande oportunidade de interagir com

nossos pais de uma forma prazerosa. Na minha realidade escolar, presenciamos

vários históricos familiares como: alunos sem a presença paterna; os que são

criados apenas pelos avós e pais que são usuários de drogas e consequentemente

muitos desses alunos apresentam dificuldades na aprendizagem e na convivência

com professores e colegas. Minha direção escolar é bastante comprometida a

informar e orientar os pais com as questões referentes aos seus filhos, apesar de

todo esforço ainda não é suficiente . Ao comentar sobre seu projeto , desenvolvemos

algumas ideias para o ano que vem e na última semana fizemos uma adaptação de

última hora na reunião da entrega de boletim; passamos alguns trechos do filme”Um

sonho possível”, enfatizando que a orientação dos pais é fundamental para a vida de

seus filhos. Talvez esse seja um primeiro passo de sensibilizar e orientar nossa

comunidade escolar, apesar dos efeitos não sejam imediatos , mas sabemos que

nosso trabalho como professores e mediadores de projetos como este e tantos

outras iniciativas, seja uma semente plantada e constantemente regada para termos

futuramente um resultado de uma sociedade mais digna”.

A professora L fez o seguinte comentário: “Para que haja sucesso no

projeto toda a equipe escolar tem que estar engajada para que os pais sintam

confiança no que a escola está propondo. A superação dos problemas só será

possível com essa união.”

Infelizmente, o ponto negativo da implementação no Colégio Amâncio Moro,

foi que o interesse inicial praticamente desapareceu, houve falta de apoio e

engajamento de muitos que fazem parte da direção, equipe pedagógica e

professores, pois veem o projetos realizados pelos professores do PDE como dos

mesmos e não como um projeto da escola. Aparentemente, a apesar de todo

empenho, participação ainda parece tímida. Veiga (1998) explica que normalmente a

comunidade não está preparada pedagógica ou estruturalmente para uma

participação mais efetiva. Obviamente, existem outros motivos, segundo Galina

(2007: 41) (...) desconhecimento do poder de atuação, falta de apoio por parte dos

dirigentes escolares, falta de hábito e experiência de participação, nível de

escolaridade da população, indisponibilidade de tempo, entre outros.

Os poucos professores que participaram, mesmo com o dia a dia atribulado

por aulas a preparar, provas a corrigir , família etc, Tiveram uma participação

excelente, motivando e interagindo com as famílias e alunos.

Podemos dizer que os pais e/ou responsáveis sentiram-se valorizados ao

perceber que a escola está lhes proporcionando momentos de interação, de

aproximação de seus filhos, de troca de experiências mediante um encontro

realizadas com mais descontração.

Através das avaliações em forma de questionário e dos debates realizados

no final de cada sessão , percebemos que as famílias estão dispostas a participar

mais ativamente da vida pessoal e vida escolar dos filhos. Alguns, mesmo tendo

conhecimento da importância da sua presença, disseram não saber como se

aproximar, mas que estes encontros e filmes vieram a esclarecer.

Mesmo com poucos participantes, os filmes e debates geraram reflexões e

questionamentos, levando muitos pais ou responsáveis se reconhecer em

determinadas situações da temática dos filmes.

As sugestões a seguir foram dadas pelos participantes para a questão:

Como a escola pode envolver mais os pais nas atividades pedagógicas? (uma das

questões da avaliação)

“Essa forma de trabalhar o filme é uma forma bem interessante de envolver

os pais nas atividades pedagógicas.”

“A escola precisa fazer vários projetos que envolva a família.”

“Fazer palestra para os pais”.

“chamar para participar de recreações com os filhos (apresentações)”

“A escola deve atribuir mais atividades aos pais”.

“A escola deve fazer gincanas escolares que envolva os pais”.

“A escola deveria fazer oficinas envolvendo as famílias nos finais de

semana”.

“Realizar mais projetos como esse”.

É impossível colocar à parte escola e família, pois se o indivíduo é aluno e

filho ao mesmo tempo, a tarefa de ensinar compete a ambas.

4 Conclusão

Após o estudo realizado percebeu-se a importância da participação da

família no processo educativo dos filhos. Escola e família são referenciais que dão

base ao desenvolvimento e desempenho do aluno. Vida familiar e vida escolar

perpassam por caminhos concomitantes. É quase impossível separar aluno/filho,

assim a participação da família na educação dos filhos precisa ser consciente e

constante. Para que isso aconteça é necessário que a escola abra suas portas

criando mecanismos, como projetos diversificados para atrair os pais para o espaço

escolar. Família e escola devem aproveitar o máximo as possibilidades de

estreitamento de relações e estas devem ser fortalecidas constantemente, com

reuniões motivadoras entre pais e professores.

Acreditou-se e continua-se acreditando no projeto, cujo resultado não foi o

esperado, mesmo assim, permitiu revelar que a boa vontade e simplicidade pode ser

a chave para uma aproximação entre família e escola, além do diálogo e

compromisso de ambas as partes. Quanto maior for a participação da família, mais

eficaz será o trabalho da escola, pois essa parceria sempre será fundamental para

o sucesso da educação de todo o indivíduo.

Espera-se que esta implementação tenha sido só um ponto de partida, que

este projeto passe a ser visto como parte da escola , sendo estendido às demais

séries e suas famílias, criando um ambiente simples e interativo que estimule os

pais a acompanhar a vida escolar de seus filhos.

Também que os professores participantes do GTR- Grupo de Trabalho em

Rede, façam a implementação conforme a realidade de cada escola.

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UM sonho possível. Produção de Gil Neetter. Direção de Jhon Lee Hancock. EUA: 2009. Warner Bros. Pictures distribuidora, 1 DVD (128 min), color

WALL.E. Direção: Andrew Stanton. Produtor: Jim Morris. Produtora:Walt Disney Pictures /Pixar Animation Studios. EUA, 2008. DVD (98 min), color

ESTÃO todos bem. Direção: Kirk Jones. Produtora: Cecchi Gori Pictures. Distribuidora: Miramax Films. EUA/ Itália, 2009. DVD (99 min), color