participaÇÃo da famÍlia no espaÇo escolar · crescimento intelectual e social e que os pais...
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PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO ESPAÇO ESCOLAR
Autora: Loide Hoffmann Raimundo1
Orientador: Reinaldo Aparecido de Lima2
Resumo
A participação da família no espaço escolar tem se tornado numa constante necessidade para melhor desempenho do aluno e melhoria do ensino. Assim a utilização da sala de vídeo, serviu para incentivar a família a participar na escola por meio de exibição de três filmes, com o objetivo de diminuir a “distância” entre a escola, professores e a família, motivar a criticidade dos estudantes, pais e familiares tendo como ferramenta pedagógica os filmes, reconhecimento de todo o espaço além da sala de aula por parte dos pais e promover a integração e o desenvolvimento social, além de oferecer momentos de lazer. Concluímos que é impossível colocar à parte escola e família, pois se o indivíduo é aluno e filho ao mesmo tempo, a tarefa de ensinar compete a ambos.
Palavras-chave: Espaço geográfico; cinema; escola; família.
1 Professora de Geografia Pós graduada no curso de Supervisão, Gestão e Orientação Educacional pela Faculdade Estadual de Ciências e letras de Campo Mourão. Graduada em Geografia Pela Universidade do Oeste Paulista, Professora PDE 2010 no Colégio Estadual Amâncio Moro.
2 , Bel. pela UFPR ( Universidade Federal do Paraná),professor substituto na Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) e mestrando do curso de Geografia.
1 Introdução
As pessoas têm interesses, vontades e possibilidades que em suas relações
sociais e com o meio ambiente tomam formas diversas. Partindo deste pressuposto,
a diversidade como são construídos os entendimentos de mundo é que se pode
fazer uma analogia entre a forma como as pessoas, em especial, os estudantes
constroem seus conhecimentos e o artista que cuida de sua obra em cada fase da
elaboração.
A escola participa ativamente na forma como os estudantes constroem seus
conhecimentos e entendimento do mundo. No entanto, não pode ser considerada
como única responsável por edificar estruturas de apoio que possibilitem
verdadeiramente aos estudantes acessarem os conhecimentos sistematizados e,
ainda, avançarem na construção de novos conhecimentos e formas de interpretar a
sua realidade.
O processo ensino aprendizagem é complexo e pressupõem que a escola é
o espaço privilegiado para seu desenvolvimento, o estudante é parte ativa e os pais
e familiares são parte fundamental e de maior referência para o estudante.
Com o projeto de intervenção “Cinema na Escola” que tem como tema a
“Participação da Família no Espaço Escolar”, com o objetivo de viabilizar aos pais o
acesso à escola, oferecendo uma atividade diferenciada e cultural que contribua
com o trabalho da equipe pedagógica, promovendo oportunidades e condições para
que juntos possamos nos engajar num compromisso de participação e melhoria do
ensino.
Por acreditar que a educação é subsídio principal para o desenvolvimento
da cidadania e do compromisso ético e crítico, e sendo a escola um espaço de
crescimento intelectual e social, os pais devem participar desse processo na vida de
seus filhos. Torna-se imprescindível para o sucesso educacional a busca por uma
melhor relação Escola/Família/Família/ Escola, onde o maior beneficiado é o
filho/educando. Neste sentido, a intervenção com o projeto “Cinema na Escola” teve
o objetivo de chamar atenção, sobretudo das famílias, para a necessidade de
participação na escola e das atividades por ela desenvolvida, como forma de
contribuir mais para com a educação de seus filhos, nossos alunos.
Segundo Fernandes:
“A família também é responsável pela aprendizagem da criança, já que os pais são os primeiros ensinantes e as atitudes destes frente às emergências de autoria, se repetidas constantemente, irão determinar a modalidade de aprendizagem dos filhos.” (FERNANDES, 201,P.42)
Portanto, é necessário que a família mantenha diálogo com a instituição
escolar, uma vez que uma relação com comprometimento só pode enriquecer e
facilitar o desempenho educacional de uma criança. Assim realizamos seis sessões
de cinema, sendo sessões duplas dos filmes “Um Sonho Possível”, “Wall-E” e “Estão
Todos Bem”. O primeiro filme nos faz analisar a importância de uma família
estruturada, envolvida e comprometida com a vida e a educação do filho. Deve estar
pronta para intervir da melhor maneira possível, visando sempre o bem dos seus
filhos. O filme Wall.E faz uma forte crítica ao nosso estilo de vida, e consegue, com
sutileza nos mostrar que estamos no caminho errado. Já o terceiro filme nos mostra
que os pais têm um lugar de destaque na vida dos filhos, então uma participação
positiva contribui significativamente para o desenvolvimento saudável dos mesmos.
Ao final de cada sessão foi realizado um debate com foco na importância da
participação da família na vida escolar dos filhos e a avaliação realizada em forma
de um pequeno questionário.
Assim oferecemos uma atividade diferente e convidamos os familiares para
acompanhar o processo de ensino aprendizagem, pois a família em interação com a
escola e vice-versa, são peças fundamentais para o pleno desenvolvimento da
criança e pilares no desempenho escolar.
2 Desenvolvimento
Constatamos que os seres humanos possuem suas individualidades e com
elas constrói seu meio, e partir das múltiplas relações vão construindo o espaço
geográfico. A escola é o lugar privilegiado para o processo de ensino- aprendizagem
e por meio dos quais se pretende introduzir pais e alunos nos diversos campos do
saber.
O Ensino da Geografia tem como objeto de estudo o espaço geográfico. Nas
Diretrizes Curriculares do Paraná, “o espaço geográfico, é entendido como aquele
produzido e apropriado pela sociedade, composto por objetos naturais, culturais e
técnicos – e ações pertinentes a relações socioculturais e políticas – econômicas.”
(DCE,2008,p.51).
Vesentini (2000) prioriza a ação humana construindo e reconstruindo o
espaço e entendendo-se por espaço geográfico todo o espaço onde possa ser
observada a ação humana na natureza assim observa que:
“O espaço geográfico não é apenas o local da morada da sociedade humana, mas principalmente uma realidade que é a cada momento (re) construída pela atividade do ser humano”. ( VESENTINI, 2000. p.10)
Consequentemente, a sociedade humana e a natureza são elementos
fundamentais para a construção e a transformação (ou reorganização) do espaço
geográfico, onde que se concretizam as identidades, que se manifestam as culturas,
que se estabelecem os hábitos, que se consolidam os costumes, que circulam os
valores ideológicos. É nele que os sujeitos exploram e são explorados, que
transgridem normas ou se submetem a elas. O espaço é, portanto, expressão das
relações sociais resultando na relação sociedade e natureza.
“Os homens vivem num espaço, situam-se nele, ocupam lugares. Esse espaço comumente é visto como algo estático, pronto e acabado. Tem uma aparência. Mas é resultado de uma dinâmica, é cheia de historicidade. A aparência é o resultado, num determinado momento, de coisas que aconteceram. É a expressão de um processo, portanto há dinâmica no arranjo. Só na aparência ele é estático, pois em si está constantemente sendo construído” (CASTROGIOVANNI,1999, p.68-69).
Ao analisarmos esta trajetória encontramos um processo de racionalização e
modernização com marcas de cultura e legado da sociedade, por isso a tarefa
urgente de (des)construir as concepções e práticas escolares que se formaram nas
instituições de um modo geral.
Com isso, a geografia propicia os mecanismos para que se possa estruturar
os conhecimentos adquiridos já que a tomada de consciência da realidade da
sociedade consiste em desenvolver uma prática pedagógica não alienada mas
consciente e crítica da escola.
O espaço escolar tornou-se um ambiente formador de personalidades e de
representações. Sua estrutura física e dimensão social deve ser atrativa para os
alunos de forma que eles possam sentir-se a vontade para desenvolverem suas
atividades socioeducativas, esportivas, e seu pensamento crítico. Pode-se
considerar o espaço escolar como um forte potencial para o desenvolvimento de
atividades cognitivas tornando-se, portanto, cenário de múltiplos interesses.
A escola não é apenas um local em que se realizam atividades de
aprendizagem ou que abriga alunos, livros, professores. Mas é um “conteúdo”, ele
mesmo é educativo. O espaço escolar é mais que muros e paredes; é espaço de
trabalho, de aprendizagem, de relações sociais e de formação de pessoas. Ele
precisa gerar ideias, busca de conhecimento; despertar interesse em aprender; além
de ser alegre, agradável e acolhedor, tem que ser pedagógico. “Há docência no
espaço.” Os alunos aprendem dele lições sobre a relação entre o corpo e a mente, o
movimento e o pensamento, o silêncio e o barulho do trabalho, que constroem o
conhecimento. (FUNDESCOL A / MEC,2006).
É de grande importância que o espaço escolar tenha seu devido valor não
só pelo seu espaço físico, mas também pelas suas dimensões sociais. Portanto, o
local deve ser estimulante e ao mesmo tempo desafiador para que os alunos
possam desenvolver suas atividades estudantis, e acima de tudo, seu senso crítico,
visto que os mesmos passam parte de suas vidas presente na escola não apenas
para serem educados, mas também para aprender a se socializar com as demais
pessoas ao seu redor, esse espaço é de suma importância.
Segundo Piaget (apud KRAMER,2000,p.29) “o desenvolvimento resulta de
combinações entre o que o organismo traz e as circunstâncias oferecidas pelo
meio[...] e os esquemas de assimilação vão se modificando progressivamente,
considerando estágios de desenvolvimento”. Sendo assim, pode-se dizer que a
aprendizagem tem certa relação com o espaço em que desenvolve uma atividade de
ensino.
O espaço escolar abre e oferece oportunidades múltiplas para o
desenvolvimento do aluno, do professor, da Equipe Pedagógica e da comunidade
escolar em sua prática educativa.
Por acreditar que a educação é subsídio principal para o desenvolvimento
da cidadania e do compromisso ético e crítico, sendo a escola um espaço de
crescimento intelectual e social e que os pais devem participar desse processo na
vida de seus filhos, foram abertas as portas da escola para os pais, fazendo com
que eles se sintam à vontade, aproximando o contato entre família e escola.
No inicio do 2º semestre de 2011, foi exposto o projeto com seus objetivos
para a Direção, Equipe Pedagógica e funcionários em uma reunião da Semana
Pedagógica despertando o interesse em todos os ouvintes, pois o assunto é
instigador e atual.
A opção da escolha dos alunos das 5ª séries e seus familiares para
participarem do projeto, foi pelos mesmos estarem iniciando as séries finais do
ensino fundamental, nesse momento da adolescência, geralmente os pais ficam
distantes do processo ensino-aprendizagem, o que dificulta o seu rendimento e a
oportunidade de aperfeiçoamento. Procuramos alertar que, Família e Escola devem
estar unidas, de comum acordo, buscando as mesmas metas para o melhor
aprendizado dos educandos, e para sanar os problemas relacionados ao contexto
escolar.
Bartholo afirma que “a participação família escola é fundamental para que
ocorram os processos de aprendizagem e crescimento de todos os membros destes
sistemas, uma vez que a aprendizagem não está circunscrita à conteúdos
escolares". (BORTHOLO, 2001, p.23). Está nítida a necessidade de interação entre
as duas instituições família e escola, pois ambas complementam-se na contribuição
de um ser humano mais participativo e mais consciente.
Na primeira semana de aula foi feita a divulgação do projeto para os alunos
das 5as séries na sala de aula, no sistema de som e com cartazes no saguão como
mostra a foto abaixo.
O projeto foi desenvolvido com os pais e alunos das 5ªs séries juntamente
com professores e a equipe pedagógica do Colégio Estadual Amâncio Moro -
EFMNP da cidade de Corbélia Paraná. O colégio consta com aproximadamente
1500 alunos distribuídos em três períodos nos cursos que oferece.
Observe no mapa , a localização do município de Corbélia no estado do
Paraná:
Imagem 1: Cartaz no saguão.Fonte: Acervo autora
Imagem 2: Mapa do Paraná destacando o município de CorbéliaFonte:http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/7/79/Parana_Munic
ip_Corbelia.svg/320px-Parana_Municip_Corbelia.svg .png
A sala de vídeo do colégio, é um ambiente agradável, com sonorização e
projetor multimídia, aproximando-se de uma sala de exibição em cinema comercial.
Foram realizadas 6 sessões, com 3 filmes diferentes em duas sessões cada,
sendo cada uma dividida em duas partes, a primeira com a exibição do filme, em
seguida debate acerca das questões que foram tratadas e questionário de avaliação.
Na semana que antecedeu cada sessão, a divulgação aconteceu através do
sistema de som , cartazes e distribuição aos alunos e pais de convites (ingressos)
para. Também foram convidados direção,professores, equipe pedagógica e
funcionários.
O primeiro filme a ser exibido foi “Um Sonho Possível” que é baseado em
fatos reais,conta a história de Michael Oher (Quinton Aaron),um jovem negro, obeso
e filho de uma mãe viciada que não consegue combinar a preocupação de sua
próxima dose ao cuidado com os filhos. Marcado pela rejeição, preconceito e
racismo, Big Mike cresceu em lares adotivos sem encontrar acolhimento verdadeiro.
Sua vida começa a mudar quando seu pai adotivo do momento, decide matriculá-lo
em uma escola particular cristã. Por ser grande e forte, é aceito, Porém, não tem
bom desempenho nos estudos. Fica amigo do pequeno SJ, filho de Legh Ane. Em
uma noite fria eles encontram Big Mike sozinho sem ter para onde ir. Ela decide
simplesmente levá-lo para sua casa e dar-lhe uma cama, comida e basicamente
tudo que ele nunca teve: uma família estruturada. Ela acaba tendo grande empatia
com o garoto, e decide mantê-lo em casa, com o apoio dos filhos e do marido Seam
Tuony. A família o acolhe, acredita em seu potencial e incentiva seu desempenho
nos esportes, paga uma professora particular para que ele melhore na escola e
assim, Big Mike vislumbra a possibilidade de cursar uma universidade e jogar futebol
americano profissionalmente.
As sessões aconteceram em média com 15 participantes entre pais e filhos
e e professores. Foi dividida em duas partes a primeira para a exposição do filme
com duração de 120 minutos, seguidos de um intervalo e no retorno houve um
debate sobre questões tratadas no filme e as sugeridas a abaixo:
• Retrospectiva da parte do filme que que mais gostou.
• O que se entende como participação da família na escola?
• Como acontece a relação entre família e escola no meio em que você
vive?
• Qual a importância da participação da família na escola?
• O que os pais podem fazer para participar mais ativamente na vida
escolar dos filhos?
• O que pode acontecer com o aluno cuja família não acompanha?
As duas sessões do segundo filme “WALL.E” também foram amplamente
divulgadas nas salas das 5as séries e no colégio em geral.
As sessões desse filme aconteceram com média de 20 participantes.
Wall – E é um filme de amor, mas que faz uma forte crítica ao nosso estilo
de vida, e consegue, com sutileza nos mostrar que estamos no caminho errado.
Tudo gira em torno do fato da humanidade morar em uma gigantesca nave no
espaço, devido ter poluído a atmosfera com gases tóxicos e de encher a Terra de
lixo. Pretendiam voltar à Terra em poucos anos, assim que os milhares de robôs
limpassem tudo. Porém apenas Wall. E permaneceu vivo, por trocar suas peças,
guardar objetos que encontrava no meio do lixo, utilizando-os para seu benefício,
além de trabalhar todos os dias com objetivo de limpar o planeta, a procura de um
ser vivo. Até que um dia, o planeta recebe uma visita de uma nave que traz um novo
e moderno robô: Eva, e juntamente com uma baratinha, grandes aventuras se
iniciam.
As duas sessões desse 2º filme foram realizadas nos moldes do primeiro, o
debate aconteceu de forma mais polêmica devido o conteúdo do filme que nos faz
pensar na realidade do planeta e do envolvimento que a família também deve ter
com as questões ambientais. O debate foi orientado pelo questionamento a seguir.
• Qual parte do filme você mais gostou?
• Como está a situação do nosso planeta?
• Quais atitudes poderíamos adotar em casa, na escola ou no trabalho
para preservarmos o planeta?
• Por que é importante que pais e filhos discutam e realizem juntos,
atividades ecológicas?
• A quem cabe lutar por medidas que melhorem a situação grave em que
se encontra nosso planeta?
• A verdadeira qualidade de vida está acima da posse de bens materiais?
Os pais têm um lugar de destaque na vida dos filhos, então uma
participação positiva contribui significativamente para o desenvolvimento saudável
dos mesmos. Assim o último filme a ser exibido em duas sessões foi “Estão Todos
Bem” com 1h 40 minutos. O filme conta a história de Frank (Robert De Niro), ele
sempre trabalhou em uma fábrica de cabos telefônicos, dedicando sua vida a
sustentar a família. Aposentado recentemente, enfim percebeu que ao longo da vida
dedicou pouco tempo aos quatro filhos, que hoje vivem em cidades diferentes. A
falecida esposa sempre foi o ponto de contato com os filhos, mas ele decidiu que era
hora de recuperar o tempo perdido e resolve fazer um churrasco para toda a família.
As preparações vão bem, até que um a um encontram uma boa razão para para não
comparecer. Ele decide então arrumar as malas e partir em uma viagem com a
intenção de surpreender cada um de seus filhos, para saborear seus sucessos e
alegrias, mas logo fica claro para Frank que seus filhos não são tão felizes e nem
bem sucedidos quanto sua esposa sempre afirmava. Apesar de tudo, estão todos
bem.
No final desse filme também houve um debate orientado pelas questões a
seguir:
• Qual parte do filme mais lhe chamou a atenção?
• Que importância tem o exemplo dos pais na formação dos filhos?
• Vale a pena não viver com a família momentos que não se repetem?
• Que problemas a ausência do pai(mãe) traz para a educação dos filhos?
• O que está faltando na relação pais e filhos
O GTR – Grupo de Trabalho em Rede (2010), que aconteceu de forma
virtual, com 15 professores participantes de vários municípios do Estado do Paraná,
distantes fisicamente, mas próximos por buscarem o objetivos em comum como
conhecimento para a construção de uma Escola Pública de Qualidade, se
interessaram neste projeto tanto que trouxeram grande contribuição para a pesquisa
e implementação do mesmo. Os relatos de vários professores mostra que a
necessidade da urgente interação família/escola, é comum na maioria das escolas.
Entre os resultados positivos do GTR, o principal é o compartilhamento de
nossas experiências e angústias. Vivenciamos realidades diferentes, mas com
problemas comuns, demonstrando o mesmo anseio em vislumbrar
encaminhamentos para uma melhor participação da família na escola.
3 Resultados obtidos e esperados
Buscou-se primeiramente conseguir uma forma de participação que não
demandasse muito tempo e nem se restringisse a outros momentos “participativos”
como a entrega de boletins, reuniões de instâncias colegiadas, etc.
Procurou-se também criar momentos de cultura e lazer que promovam
oportunidades e condições para maior envolvimento das famílias, chamando
atenção dos pais e responsáveis para a necessidade do seu empenho na
caminhada escolar de seus filhos e o quanto a comunidade escolar necessita de
apoio para o cumprimento de suas atividades educativas.
A contribuição dos 15 professores participantes do GTR para a verificação
da importância, da viabilidade e realização da projeto foi significativa e
indispensável. A seguir alguns pronunciamentos:
Professora participante M: “A escola é uma ponte com as famílias, e é
através de projetos com este proposto que poderemos interagir melhor com a nossa
comunidade escolar”.
Professora participante S: “Muitos são os problemas que a escola pública
vem enfrentando nos últimos tempos. Dentre eles estão a estrutura física das
escolas, a falta de alguns materiais, a superlotação de algumas turmas e muitos
outros. Porém, na minha opinião, o pior problema é a falta de comprometimento por
parte de muitos de nossos alunos.
Penso que vários fatores levam a esse problema, entre eles está a facilidade
que os alunos tem para avançar de uma série para outra e principalmente o
desinteresse da família em relação à educação escolar de nossos alunos. A
responsabilidade pela educação escolar ficou totalmente por conta da escola.
O projeto “Cinema na Escola”, seria mais uma grande e boa tentativa de
chamar a atenção de algumas famílias para a escola e através da temática dos
filmes exibidos, chamar também essa atenção para os problemas enfrentados pela
escola e pela sociedade como um todo. E uma vez essa família inserida no contexto
escolar, muitos problemas poderiam ser resolvidos com muito mais facilidade.
Quando escola e família se unem quem mais ganha é o aluno”.
Também com o pronunciamento da professora S percebemos que o projeto
já está sendo adaptado e aplicado conforme a realidade de outras escolas:
“O Projeto Cinema na Escola é uma grande oportunidade de interagir com
nossos pais de uma forma prazerosa. Na minha realidade escolar, presenciamos
vários históricos familiares como: alunos sem a presença paterna; os que são
criados apenas pelos avós e pais que são usuários de drogas e consequentemente
muitos desses alunos apresentam dificuldades na aprendizagem e na convivência
com professores e colegas. Minha direção escolar é bastante comprometida a
informar e orientar os pais com as questões referentes aos seus filhos, apesar de
todo esforço ainda não é suficiente . Ao comentar sobre seu projeto , desenvolvemos
algumas ideias para o ano que vem e na última semana fizemos uma adaptação de
última hora na reunião da entrega de boletim; passamos alguns trechos do filme”Um
sonho possível”, enfatizando que a orientação dos pais é fundamental para a vida de
seus filhos. Talvez esse seja um primeiro passo de sensibilizar e orientar nossa
comunidade escolar, apesar dos efeitos não sejam imediatos , mas sabemos que
nosso trabalho como professores e mediadores de projetos como este e tantos
outras iniciativas, seja uma semente plantada e constantemente regada para termos
futuramente um resultado de uma sociedade mais digna”.
A professora L fez o seguinte comentário: “Para que haja sucesso no
projeto toda a equipe escolar tem que estar engajada para que os pais sintam
confiança no que a escola está propondo. A superação dos problemas só será
possível com essa união.”
Infelizmente, o ponto negativo da implementação no Colégio Amâncio Moro,
foi que o interesse inicial praticamente desapareceu, houve falta de apoio e
engajamento de muitos que fazem parte da direção, equipe pedagógica e
professores, pois veem o projetos realizados pelos professores do PDE como dos
mesmos e não como um projeto da escola. Aparentemente, a apesar de todo
empenho, participação ainda parece tímida. Veiga (1998) explica que normalmente a
comunidade não está preparada pedagógica ou estruturalmente para uma
participação mais efetiva. Obviamente, existem outros motivos, segundo Galina
(2007: 41) (...) desconhecimento do poder de atuação, falta de apoio por parte dos
dirigentes escolares, falta de hábito e experiência de participação, nível de
escolaridade da população, indisponibilidade de tempo, entre outros.
Os poucos professores que participaram, mesmo com o dia a dia atribulado
por aulas a preparar, provas a corrigir , família etc, Tiveram uma participação
excelente, motivando e interagindo com as famílias e alunos.
Podemos dizer que os pais e/ou responsáveis sentiram-se valorizados ao
perceber que a escola está lhes proporcionando momentos de interação, de
aproximação de seus filhos, de troca de experiências mediante um encontro
realizadas com mais descontração.
Através das avaliações em forma de questionário e dos debates realizados
no final de cada sessão , percebemos que as famílias estão dispostas a participar
mais ativamente da vida pessoal e vida escolar dos filhos. Alguns, mesmo tendo
conhecimento da importância da sua presença, disseram não saber como se
aproximar, mas que estes encontros e filmes vieram a esclarecer.
Mesmo com poucos participantes, os filmes e debates geraram reflexões e
questionamentos, levando muitos pais ou responsáveis se reconhecer em
determinadas situações da temática dos filmes.
As sugestões a seguir foram dadas pelos participantes para a questão:
Como a escola pode envolver mais os pais nas atividades pedagógicas? (uma das
questões da avaliação)
“Essa forma de trabalhar o filme é uma forma bem interessante de envolver
os pais nas atividades pedagógicas.”
“A escola precisa fazer vários projetos que envolva a família.”
“Fazer palestra para os pais”.
“chamar para participar de recreações com os filhos (apresentações)”
“A escola deve atribuir mais atividades aos pais”.
“A escola deve fazer gincanas escolares que envolva os pais”.
“A escola deveria fazer oficinas envolvendo as famílias nos finais de
semana”.
“Realizar mais projetos como esse”.
É impossível colocar à parte escola e família, pois se o indivíduo é aluno e
filho ao mesmo tempo, a tarefa de ensinar compete a ambas.
4 Conclusão
Após o estudo realizado percebeu-se a importância da participação da
família no processo educativo dos filhos. Escola e família são referenciais que dão
base ao desenvolvimento e desempenho do aluno. Vida familiar e vida escolar
perpassam por caminhos concomitantes. É quase impossível separar aluno/filho,
assim a participação da família na educação dos filhos precisa ser consciente e
constante. Para que isso aconteça é necessário que a escola abra suas portas
criando mecanismos, como projetos diversificados para atrair os pais para o espaço
escolar. Família e escola devem aproveitar o máximo as possibilidades de
estreitamento de relações e estas devem ser fortalecidas constantemente, com
reuniões motivadoras entre pais e professores.
Acreditou-se e continua-se acreditando no projeto, cujo resultado não foi o
esperado, mesmo assim, permitiu revelar que a boa vontade e simplicidade pode ser
a chave para uma aproximação entre família e escola, além do diálogo e
compromisso de ambas as partes. Quanto maior for a participação da família, mais
eficaz será o trabalho da escola, pois essa parceria sempre será fundamental para
o sucesso da educação de todo o indivíduo.
Espera-se que esta implementação tenha sido só um ponto de partida, que
este projeto passe a ser visto como parte da escola , sendo estendido às demais
séries e suas famílias, criando um ambiente simples e interativo que estimule os
pais a acompanhar a vida escolar de seus filhos.
Também que os professores participantes do GTR- Grupo de Trabalho em
Rede, façam a implementação conforme a realidade de cada escola.
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ESTÃO todos bem. Direção: Kirk Jones. Produtora: Cecchi Gori Pictures. Distribuidora: Miramax Films. EUA/ Itália, 2009. DVD (99 min), color