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7/23/2019 Parte02 Direito Tributario Marcos Oliveira1 http://slidepdf.com/reader/full/parte02-direito-tributario-marcos-oliveira1 1/22  Curso: Carreiras Fiscais Prof. Marcos Oliveira Disciplina: Direito Tributário 1 Tema: Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar – Imunidades Tributárias 1. Imunidades x não-incidência x alíquota zero x isenções: Não incidência: alcança os fatos que não são juridicizados pela norma impositiva. Abrange as seguintes situações jurídicas: - o ente tem competência mas não a exerce: ex.: tributação das grandes fortunas pela União. - o ente não detém competência institutiva com relação a determinados fatos, por estes não se enquadrarem na norma de competência tributária: ex.: IPVA sobre aeronaves; - o ente tem, em tese, competência mas norma constitucional impede o exercício da competência (norma de competência negativa): ex.: imunidades tributárias. A imunidade tributária opera no plano do exercício da competência tributária. Tem previsão sempre constitucional, pouco importando que denominação o constituinte utilize, desde que impeça a tributação. Assim, a imunidade se enquadra como uma espécie de não-incidência. Isenção: dispensa de pagamento de tributo devido. Alíquota zero: o fato gerador ocorre, mas o aspecto quantitativo da obrigação tributária é nulo. 2. Imunidades tributárias em espécie: 2.1 Imunidades Previstas no art. 150, VI, da CF/88: Em primeiro lugar, bom lembrar que as imunidades previstas no art. Art. 150, VI, não são as únicas previstas na Constituição, de forma que é equivocado afirmar que de forma genérica que as imunidades se aplicam apenas aos impostos. As imunidades não afastam vínculos de responsabilidade tributária. “Imunidade. (...) Inaplicabilidade às hipóteses de responsabilidade ou substituição tributária. (...) Recurso extraordinário interposto de acórdão que considerou válida a responsabilização tributária do Serviço Social da Indústria (SESI) pelo recolhimento de ICMS devido em operação de circulação de mercadoria, sob o regime de diferimento. Alegada violação do art. 150, IV, c, da Constituição, que dispõe sobre a imunidade das entidades assistenciais sem fins lucrativos. A responsabilidade ou a substituição tributária não alteram as premissas centrais da tributação, cuja regra -matriz continua a incidir sobre a operação realizada pelo contribuinte. Portanto, a imunidade tributária não afeta, tão somente por si, a relação de responsabilidade tributária ou de substituição e não exonera o responsável tributário ou o substituto.” (RE 202.987, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 30-6-2009, Segunda Turma, DJE de 25-9-2009.) a) Imunidade tributária recíproca:

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Tributário

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Tema: Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar – Imunidades Tributárias

1. Imunidades x não-incidência x alíquota zero x isenções:

Não incidência: alcança os fatos que não são juridicizados pela norma impositiva.

Abrange as seguintes situações jurídicas:- o ente tem competência mas não a exerce: ex.: tributação das grandes fortunas pelaUnião.- o ente não detém competência institutiva com relação a determinados fatos, por estes nãose enquadrarem na norma de competência tributária: ex.: IPVA sobre aeronaves;- o ente tem, em tese, competência mas norma constitucional impede o exercício dacompetência (norma de competência negativa): ex.: imunidades tributárias.A imunidade tributária opera no plano do exercício da competência tributária. Tem previsãosempre constitucional, pouco importando que denominação o constituinte utilize, desde queimpeça a tributação.Assim, a imunidade se enquadra como uma espécie de não-incidência.

Isenção: dispensa de pagamento de tributo devido.

Alíquota zero: o fato gerador ocorre, mas o aspecto quantitativo da obrigação tributária énulo.

2. Imunidades tributárias em espécie:2.1 Imunidades Previstas no art. 150, VI, da CF/88:

Em primeiro lugar, bom lembrar que as imunidades previstas no art. Art. 150, VI, não são asúnicas previstas na Constituição, de forma que é equivocado afirmar que de forma genéricaque as imunidades se aplicam apenas aos impostos.

As imunidades não afastam vínculos de responsabilidade tributária.

“Imunidade. (...) Inaplicabilidade às hipóteses de responsabilidade ou substituição tributária.

(...) Recurso extraordinário interposto de acórdão que considerou válida a responsabilizaçãotributária do Serviço Social da Indústria (SESI) pelo recolhimento de ICMS devido emoperação de circulação de mercadoria, sob o regime de diferimento. Alegada violação doart. 150, IV, c, da Constituição, que dispõe sobre a imunidade das entidades assistenciaissem fins lucrativos. A responsabilidade ou a substituição tributária não alteram as premissascentrais da tributação, cuja regra -matriz continua a incidir sobre a operação realizada pelocontribuinte. Portanto, a imunidade tributária não afeta, tão somente por si, a relação deresponsabilidade tributária ou de substituição e não exonera o responsável tributário ou osubstituto.” (RE 202.987, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 30-6-2009, SegundaTurma, DJE de 25-9-2009.)

a) Imunidade tributária recíproca:

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Alcança os entes políticos (independente das finalidades do patrimônio, rendas e serviços),autarquias e fundações (desde que o patrimônio, a renda e os serviços estejam vinculados

às suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes – art. 150, §2º, CF/88 e não sejamexploradoras de atividade econômica) e segundo o STF as empresas públicas e sociedadesde economia mista prestadoras de serviços públicos.

ATENÇÃO: como regra, no compromisso de compra e venda, o promitente comprador não écontribuinte do IPTU, porquanto a propriedade continua nas mãos do promitente vendedor.NO CASO, ENTRETANTO, DE IMÓVEL ALCANÇADO PELA IMUNIDADE, A PRÓPRIACF/88 CUIDOU DE EXCEPCIONAR A REGRA, PREVENDO QUE esta não exonera opromitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.

§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, àrenda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelasnormas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação oupagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador daobrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.

Jurisprudência

Alcança apenas os impostos.“A imunidade tributária recíproca – CF, art. 150, VI, a – somente é aplicável a impostos, nãoalcançando as taxas.” (RE 364.202, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 3-10-2004,

Segunda Turma, DJ de 28-10-2004.)“A imunidade tributária [recíproca] diz respeito aos impostos, não alcançando ascontribuições.” (RE 378.144-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 30-11-2004, PrimeiraTurma, DJ de 22-4-2005.) “Ação direta de inconstitucionalidade: seu cabimento – sedimentado na jurisprudência doTribunal – para questionar a compatibilidade de emenda constitucional com os limitesformais ou materiais impostos pela Constituição ao poder constituinte derivado: precedentes.Previdência social (CF, art. 40, § 13, cf. EC 20/1998): submissão dos ocupantesexclusivamente de cargos em comissão, assim como os de outro cargo temporário ou deemprego público ao regime geral da previdência social: (...). É da jurisprudência do Supremo

Tribunal que o princípio da imunidade tributária recíproca (CF, art. 150, VI, a) – ainda que sediscuta a sua aplicabilidade a outros tributos, que não os impostos – não pode ser invocadona hipótese de contribuições previdenciárias.” (ADI 2.024, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 3-5-2007, Plenário, DJ de 22-6-2007.)

Imunidade das empresas públicas e sociedades de economia mista prestadoras de serviçospúblicos.“IPTU. Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Abrangência. (...) O Plenário doSTF declarou a compatibilidade do DL 509/1969 – que dispõe sobre a impenhorabilidadedos bens da ECT e os benefícios fiscais outorgados a essa empresa – com a CB.”(AI 718.646-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 16-9-2008, Segunda Turma, DJE de

24-10-2008.) 

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EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS ETELÉGRAFOS: IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA: C.F., art. 150, VI, a. EMPRESA

PÚBLICA QUE EXERCE ATIVIDADE ECONÔMICA E EMPRESA PÚBLICA PRESTADORADE SERVIÇO PÚBLICO: DISTINÇÃO. I. - As empresas públicas prestadoras de serviçopúblico distinguem-se das que exercem atividade econômica. A Empresa Brasileira deCorreios e Telégrafos é prestadora de serviço público de prestação obrigatória e exclusivado Estado, motivo por que está abrangida pela imunidade tributária recíproca: C.F., art. 150,VI, a. II. - R.E. conhecido em parte e, nessa parte, provido.(RE 407099, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Segunda Turma, julgado em 22/06/2004,DJ 06-08-2004 PP-00062 EMENT VOL-02158-08 PP-01543 RJADCOAS v. 61, 2005, p. 55- 60 LEXSTF v. 27, n. 314, 2005, p. 286-297)

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. ISS.IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA. INFRAERO. EMPRESA PÚBLICA PRESTADORADE SERVIÇO PÚBLICO. EXTENSÃO. 1. Ao julgar o ARE 638.315, da relatoria do ministroCezar Peluso, o Plenário Virtual do Supremo Tribunal Federal reconheceu a repercussãogeral da questão constitucional analisada e resolveu reafirmar a jurisprudência desta nossaCasa de Justiça no sentido de que as empresas públicas prestadoras de serviço públicoestão abrangidas pela imunidade tributária recíproca prevista na alínea “a” do inciso VI doart. 150 da Magna Carta de 1988. Ressalva do ponto de vista pessoal do relator. 2. Agravoregimental desprovido. (RE 542454 AgR, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Segunda Turma, julgado em 06/12/2011, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-035 DIVULG 16-02-2012 PUBLIC17-02-2012)

“Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (INFRAERO). Empresa pública.Imunidade recíproca. Art. 150, VI, a, da CB/1988. A Infraero, empresa pública prestadora deserviço público, está abrangida pela imunidade tributária prevista no art. 150, VI, a, daConstituição. Não incide ISS sobre a atividade desempenhada pela Infraero na execução deserviços de infraestrutura aeroportuária, atividade que lhe foi atribuída pela União (...).”(RE 524.615-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 9-9-2008, Segunda Turma, DJE de3-10-2008.) No mesmo sentido: ARE 638.315-RG, Rel. Min. Presidente Cezar Peluso, julgamento em 9-6-2011, Plenário, DJE de 31-8-2011, com repercussão geral.

E M E N T A: CODESP - SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA INCUMBIDA DEEXECUTAR, COMO ATIVIDADE-FIM, EM FUNÇÃO DE SUA ESPECÍFICA DESTINAÇÃO

INSTITUCIONAL, SERVIÇOS DE ADMINISTRAÇÃO DE PORTO MARÍTIMO - MATÉRIASOB RESERVA CONSTITUCIONAL DE MONOPÓLIO ESTATAL (CF, ART. 21, XII, “f”) -POSSIBILIDADE DE A UNIÃO FEDERAL OUTORGAR, A UMA EMPRESAGOVERNAMENTAL, O EXERCÍCIO DESSE ENCARGO, SEM QUE ESTE PERCA OATRIBUTO DE ESTATALIDADE QUE LHE É PRÓPRIO - OPÇÃOCONSTITUCIONALMENTE LEGÍTIMA - CODESP COMO INSTRUMENTALIDADEADMINISTRATIVA DA UNIÃO FEDERAL, INCUMBIDA, NESSA CONDIÇÃOINSTITUCIONAL, DE EXECUTAR TÍPICO SERVIÇO PÚBLICO - CONSEQÜENTEEXTENSÃO, A ESSA EMPRESA GOVERNAMENTAL, EM MATÉRIA DE IMPOSTOS, DAPROTEÇÃO CONSTITUCIONAL FUNDADA NA GARANTIA DA IMUNIDADE TRIBUTÁRIARECÍPROCA (CF, ART. 150, VI, “a”) - O ALTO SIGNIFICADO POLÍTICO- -JURÍDICO

DESSA GARANTIA CONSTITUCIONAL, QUE TRADUZ UMA DAS PROJEÇÕESCONCRETIZADORAS DO POSTULADO DA FEDERAÇÃO - IMUNIDADE TRIBUTÁRIA DA

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CODESP, EM FACE DO IPTU, QUANTO ÀS ATIVIDADES EXECUTADAS NODESEMPENHO DO ENCARGO, QUE, A ELA OUTORGADO, FOI DEFERIDO,

CONSTITUCIONALMENTE, À UNIÃO FEDERAL - DOUTRINA - JURISPRUDÊNCIA -PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - EMBARGOS DE DECLARAÇÃOREJEITADOS. - A CODESP, que é sociedade de economia mista, executa, como atividade- fim, em regime de monopólio, serviços de administração de porto marítimoconstitucionalmente outorgados à União Federal, qualificando-se, em razão de suaespecífica destinação institucional, como entidade delegatária dos serviços públicos a quese refere o art. 21, inciso XII, alínea “f”, da Lei Fundamental, o que exclui essa empresagovernamental, em matéria de impostos, por efeito da imunidade tributária recíproca (CF,art. 150, VI, “a”), do poder de tributar dos entes políticos em geral, inclusive o dosMunicípios. - Conseqüente inexigibilidade, por parte do Município tributante, do IPTUreferente às atividades executadas pela CODESP na prestação dos serviços públicos deadministração de porto marítimo e daquelas necessárias à realização dessa atividade-fim. -Para que o julgamento se mostre legítimo, basta que se observe, ressalvadas as hipótesesprevistas no art. 83, § 1º, do RISTF, o interstício temporal mínimo de 48 horas entre a datada publicação da pauta e a da realização da sessão de julgamento, não sendo necessário,para tal fim, que conste, da pauta, o dia em que se procederá à apreciação do litígio.Precedentes. Observância, no caso, de lapso superior a 48 horas. Plena regularidade do julgamento assim realizado.(RE 265749 ED-ED, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em28/06/2011, DJe-160 DIVULG 19-08-2011 PUBLIC 22-08-2011 EMENT VOL-02570-02 PP- 00273)

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. ISS.SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. IMUNIDADE DAS EMPRESAS PÚBLICAS PRESTADORASDE SERVIÇOS PÚBLICOS. INFRAERO. POSSIBILIDADE DE SUJEIÇÃO PASSIVA NAQUALIDADE DE SUBSTITUTO TRIBUTÁRIO. SERVIÇOS PRESTADOS POR TERCEIRONÃO ABRANGIDOS PELA IMUNIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. I – A imunidade recíprocaaplicada aos serviços públicos imanentes ao Estado, quando prestados por empresaspúblicas, não impede a qualificação dessas entidades como substitutas tributárias emrelação ao ISS devido em decorrência de serviços prestados por terceiros não abrangidospor norma de desoneração. II – Agravo regimental improvido.(RE 446530 AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em

29/05/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-114 DIVULG 12-06-2012 PUBLIC 13-06-2012RTFP v. 20, n. 105, 2012, p. 411-416 RT v. 101, n. 926, 2012, p. 783-787)

“As sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, cujo capitalsocial seja majoritariamente estatal, gozam da imunidade tributária prevista na alínea a doinciso VI do art. 150 da CF.” (RE 580.264, Rel. p/ o ac. Min. Ayres Britto, julgamento em 16- 12-2010, Plenário, DJE de 6-10-2011, com repercussão geral.)

EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO.REPERCUSSÃO GERAL. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA. SOCIEDADE DEECONOMIA MISTA. SERVIÇOS DE SAÚDE. 1. A saúde é direito fundamental de todos e

dever do Estado (arts. 6º e 196 da Constituição Federal). Dever que é cumprido por meio deações e serviços que, em face de sua prestação pelo Estado mesmo, se definem como de

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natureza pública (art. 197 da Lei das leis). 2 . A prestação de ações e serviços de saúde porsociedades de economia mista corresponde à própria atuação do Estado, desde que a

empresa estatal não tenha por finalidade a obtenção de lucro. 3. As sociedades deeconomia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, cujo capital social sejamajoritariamente estatal, gozam da imunidade tributária prevista na alínea “a” do inciso VI doart. 150 da Constituição Federal. 3. Recurso extraordinário a que se dá provimento, comrepercussão geral.(RE 580264, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Relator(a) p/Acórdão: Min. AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 16/12/2010, REPERCUSSÃOGERAL - MÉRITO DJe-192 DIVULG 05-10-2011 PUBLIC 06-10-2011 EMENT VOL-02602- 01 PP-00078)

Imunidade recíproca. Caracterização. (...) Segundo teste proposto pelo ministro relator, aaplicabilidade da imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, a, da Constituição) deve passarpor três estágios, sem prejuízo do atendimento de outras normas constitucionais e legais: Aimunidade tributária recíproca se aplica à propriedade, bens e serviços utilizados nasatisfação dos objetivos institucionais imanentes do ente federado, cuja tributação poderiacolocar em risco a respectiva autonomia política. Em consequência, é incorreto ler a cláusulade imunização de modo a reduzi -la a mero instrumento destinado a dar ao ente federadocondições de contratar em circunstâncias mais vantajosas, independentemente do contexto.Atividades de exploração econômica, destinadas primordialmente a aumentar o patrimôniodo Estado ou de particulares, devem ser submetidas à tributação, por apresentarem -secomo manifestações de riqueza e deixarem a salvo a autonomia política. A desoneração nãodeve ter como efeito colateral relevante a quebra dos princípios da livre concorrência e do

exercício de atividade profissional ou econômica lícita. Em princípio, o sucesso ou adesventura empresarial devem pautar -se por virtudes e vícios próprios do mercado e daadministração, sem que a intervenção do Estado seja favor preponderante. (...) Segundo sedepreende dos autos, a Codesp é instrumentalidade estatal, pois: Em uma série deprecedentes, esta Corte reconheceu que a exploração dos portos marítimos, fluviais elacustres caracteriza -se como serviço público. O controle acionário da Codesp pertence emsua quase totalidade à União (99,97%). Falta da indicação de que a atividade da pessoa jurídica satisfaça primordialmente interesse de acúmulo patrimonial público ou privado. Nãohá indicação de risco de quebra do equilíbrio concorrencial ou de livre iniciativa, eis queausente comprovação de que a Codesp concorra com outras entidades no campo de suaatuação. Ressalva do ministro relator, no sentido de que ‘cabe à autoridade fiscal indicar

com precisão se a destinação concreta dada ao imóvel atende ao interesse público primárioou à geração de receita de interesse particular ou privado’.” (RE 253.472, Rel. p/ o ac. Min.Joaquim Barbosa, julgamento em 25-8-2010, Plenário, DJE de 1º-2-2011.) RE 458.164-AgR,Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 21-6-2011, Segunda Turma, DJE de 23-8-2011.Vide: RE 253.394, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 26-11-2002, Primeira Turma, DJde 11-4-2003.

(Procurador da Fazenda Nacional / ESAF /2013) Tal imunidade, em alguns casos, pode tercomo efeito colateral relevante a relativização dos princípios da livre concorrência e doexercício de atividade profissional ou econômica lícita. 

“Tributário. Imunidade recíproca. (...) Extensão. Empresa pública prestadora de serviçopúblico. Precedentes da Suprema Corte. Já assentou a Suprema Corte que a norma do

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art. 150, VI, a, da CF alcança as empresas públicas prestadoras de serviço público, como éo caso da autora, que não se confunde com as empresas públicas que exercem atividade

econômica em sentido estrito. Com isso, impõe -se o reconhecimento da imunidadetributária prevista no art. 150, VI, a, da CF.” (ACO 959, Rel. Min. Menezes Direito, julgamento em 17-3-2008, Plenário, DJE de 16-5-2008.) No mesmo sentido:RE 552.736-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 20-10-2009, Primeira Turma, DJEde 20-11-2009; AI 690.242-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 17-3-2009,Primeira Turma, DJE de 17-4-2009

“A Infraero, que é empresa pública, executa como atividade -fim, em regime de monopólio,serviços de infraestrutura aeroportuária constitucionalmente outorgados à União Federal,qualificando -se, em razão de sua específica destinação institucional, como entidadedelegatária dos serviços públicos a que se refere o art. 21, XII, c, da Lei Fundamental, o queexclui essa empresa governamental, em matéria de impostos, por efeito da imunidadetributária recíproca (CF, art. 150, VI, a), do poder de tributar dos entes políticos em geral.Consequente inexigibilidade, por parte do Município tributante, do ISS referente àsatividades executadas pela Infraero na prestação dos serviços públicos de infraestruturaaeroportuária e daquelas necessárias à realização dessa atividade -fim. O alto significadopolítico -jurídico da imunidade tributária recíproca, que representa verdadeira garantiainstitucional de preservação do sistema federativo. Doutrina. Precedentes do STF.Inaplicabilidade, à Infraero, da regra inscrita no art. 150, § 3º, da Constituição. A submissãoao regime jurídico das empresas do setor privado, inclusive quanto aos direitos e obrigaçõestributárias, somente se justifica, como consectário natural do postulado da livre concorrência

(CF, art. 170, IV), se e quando as empresas governamentais explorarem atividadeeconômica em sentido estrito, não se aplicando, por isso mesmo, a disciplina prevista noart. 173, § 1º, da Constituição às empresas públicas (Caso da Infraero), às sociedades deeconomia mista e às suas subsidiárias que se qualifiquem como delegatárias de serviçospúblicos.” (RE 363.412-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 7-8-2007, SegundaTurma, DJEde 19-9-2008.) No mesmo sentido: ARE 638.315-RG, Rel. Min. PresidenteCezar Peluso, julgamento em 9-6-2011, Plenário, DJE de 31-8-2011, com repercussão geral.

(Procurador da Fazenda Nacional /ESAF/2012) sociedade de economia mista prestadora deserviço público de água e esgoto não é abrangida pela imunidade tributária recíproca.

Imunidade tributária recíproca nos tributos indiretos

“As decisões anteriores foram desfavoráveis ao requerente, o que transmuda o seu pedidoem tutela antecipada em recurso extraordinário, cujo deferimento está condicionado àverossimilhança das alegações contidas no apelo extremo. Condição inexistente no caso,visto que, de acordo com o acórdão recorrido, o fornecedor da iluminação pública não é oMunicípio, mas a Cia. Força e Luz Cataguases, que paga o ICMS à Fazenda Estadual e oinclui no preço do serviço disponibilizado ao usuário. A imunidade tributária, no entanto,pressupõe a instituição de imposto incidente sobre serviço, patrimônio ou renda do próprioMunicípio.” (ADI 457-MC, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 26-10-2004, Primeira Turma,DJ de 11-2-2005.)

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“A jurisprudência do Supremo firmou -se no sentido de que a imunidade de que trata oart. 150, VI, a, da CB/1988 somente se aplica a imposto incidente sobre serviço, patrimônio

ou renda do próprio Município. Esta Corte firmou entendimento no sentido de que oMunicípio não é contribuinte de direito do ICMS, descabendo confundi -lo com a figura docontribuinte de fato e a imunidade recíproca não beneficia o contribuinte de fato.”(AI 671.412-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 1º-4-2008, Segunda Turma, DJE de25-4-2008.) No mesmo sentido: AI 736.607-AgR, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 16-8- 2011, Segunda Turma, DJE de 19-10-2011; AI 518.325-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 6-4-2010, Segunda Turma, DJE de 30-4-2010; AI 574.042-AgR, Rel. Min.Ellen Gracie, julgamento em 6-10-2009, Segunda Turma, DJE de 29-10-2009;AI 634.050-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 23-6-2009, Primeira Turma,DJE de 14-8-2009. Vide: AI 518.405-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 6-4- 2010, Segunda Turma, DJE de 30-4-2010.

Imunidade recíproca na importação de bens por entidade política.

“A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, a, da Constituição aplica -se às operações deimportação de bens realizadas por Municípios, quando o ente público for o importador dobem (identidade entre o ‘contribuinte de direito’ e o ‘contribuinte de fato’). Compete ao entetributante provar que as operações de importação desoneradas estão influindonegativamente no mercado, a ponto de violar o art. 170 da Constituição. Impossibilidade depresumir risco à livre -iniciativa e à concorrência.” (AI 518.405-AgR, Rel. Min. Joaquim

Barbosa, julgamento em 6-4-2010, Segunda Turma, DJE de 30-4-2010.)Imunidade Tributária da OAB

“A imunidade tributária gozada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) é da espécierecíproca (art. 150, VI, a, da Constituição), na medida em que a OAB desempenha atividadeprópria de Estado (defesa da Constituição, da ordem jurídica do Estado Democrático deDireito, dos direitos humanos, da justiça social, bem como a seleção e o controle disciplinardos advogados). A imunidade tributária recíproca alcança apenas as finalidades essenciaisda entidade protegida. O reconhecimento da imunidade tributária às operações financeirasnão impede a autoridade fiscal de examinar a correção do procedimento adotado pela

entidade imune. Constatado desvio de finalidade, a autoridade fiscal tem o poder -dever deconstituir o crédito tributário e de tomar as demais medidas legais cabíveis. Naturezaplenamente vinculada do lançamento tributário, que não admite excesso de carga.”(RE 259.976-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 23-3-2010, Segunda Turma,DJE de 30-4-2010.) Vide: RE 233.843, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 1º-12- 2009, Segunda Turma, DJE de 18-12-2009.

Imunidade tributária recíproca e sua inaplicabilidade às exploradoras de atividadeeconômica.

“Recurso extraordinário interposto de acórdão que considerou tributável propriedade imóvel

utilizada pela Petrobras para a instalação e operação de condutos de transporte de seusprodutos. Alegada imunidade tributária recíproca, na medida em que a empresa agravante

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desempenha atividade sujeita a monopólio. É irrelevante para definição da aplicabilidade daimunidade tributária recíproca a circunstância de a atividade desempenhada estar ou não

sujeita a monopólio estatal.O alcance da salvaguarda constitucional pressupõe o exame(i) da caracterização econômica da atividade (lucrativa ou não), (ii) do risco à concorrência eà livre -iniciativa e (iii) de riscos ao pacto federativo pela pressão política oueconômica.A imunidade tributária recíproca não se aplica à Petrobras, pois: trata -se desociedade de economia mista destinada à exploração econômica em benefício de seusacionistas, pessoas de direito público e privado, e a salvaguarda não se presta a protegeraumento patrimonial dissociado de interesse público primário; a Petrobras visa à distribuiçãode lucros, e, portanto, tem capacidade contributiva para participar do apoio econômico aosentes federados; a tributação de atividade econômica lucrativa não implica risco ao pactofederativo.” (RE 285.716-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 2-3-2010,Segunda Turma, DJE de 26-3-2010.)

(Procurador da Fazenda Nacional / ESAF/2012) é relevante para definição da aplicabilidadeda imunidade tributária recíproca a circunstância de a atividade desempenhada estar ou nãosujeita a monopólio estatal.

A imunidade da OAB não se aplica à Caixa de Assistência dos Advogados

“A Caixa de Assistência dos Advogados, instituída nos termos dos arts. 45, IV, e 62 da Lei8.906/1994, não desempenha as atividades inerentes à Ordem dos Advogados do Brasil(OAB) (defesa da Constituição, da ordem jurídica do Estado Democrático de Direito, dos

direitos humanos, da justiça social. Também não lhe compete privativamente promover arepresentação, a defesa, a seleção e a disciplina dos advogados em toda a RepúblicaFederativa do Brasil). Trata -se de entidade destinada a prover benefícios pecuniários eassistenciais a seus associados. Por não se revelar instrumentalidade estatal, a Caixa deAssistência dos Advogados não é protegida pela imunidade tributária recíproca (art. 150, VI,a, da Constituição). A circunstância de a Caixa de Assistência integrar a estrutura maior daOAB não implica a extensão da imunidade, dada a dissociação entre as atividades inerentesà atuação da OAB e as atividades providas em benefício individual dos associados.”(RE 233.843, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 1º-12-2009, Segunda Turma, DJEde 18-12-2009.) Vide: RE 259.976-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 23-3- 2010, Segunda Turma, DJE de 30-4-2010; ADI 1.145, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento

em 3-10-2002, Plenário, DJ de 8-11-2002.

Os valores investidos pelos entes federados, bem como a renda auferida estãoimunes ao IOF e ao IR.

“A garantia constitucional da imunidade recíproca impede a incidência de tributos sobre opatrimônio e a renda dos entes federados. Os valores investidos e a renda auferida pelomembro da federação é imune de impostos. A imunidade tributária recíproca é umadecorrência pronta e imediata do postulado da isonomia dos entes constitucionais,sustentado pela estrutura federativa do Estado brasileiro e pela autonomia dosMunicípios.”(AI 174.808-AgR, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 11-3-1996, SegundaTurma, DJ de 1º-7-1996.)

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“A norma da alínea a do inciso VI do art. 150 da CF obstaculiza a incidência recíproca deimpostos, considerada a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Descabe

introduzir no preceito, à mercê de interpretação, exceção não contemplada, distinguindo osganhos resultantes de operações financeiras.” (AI 172.890-AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 5-3-1996, Segunda Turma, DJ de 19-4-1996.)

Bens que integram o patrimônio de um ente federado são imunes, mesmo que estejamocupados por empresa delegatária de serviço público.“Imóveis situados no porto, área de domínio público da União, e que se encontram sobcustódia da companhia, em razão de delegação prevista na Lei de Concessões Portuárias.Não incidência do IPTU, por tratar -se de bem e serviço de competência atribuída ao PoderPúblico (arts. 21, XII, f, e 150, VI, da CF). Taxas. Imunidade. Inexistência, uma vez que opreceito constitucional só faz alusão expressa a imposto, não comportando a vedação acobrança de taxas. Agravo regimental a que se nega provimento.” (AI 458.856-AgR, Rel.Min. Eros Grau, julgamento em 5-10-2004, Primeira Turma, DJ de 20-4-2007.)“Recurso extraordinário. IPTU. Imóvel da União destinado à exploração comercial. Contratode concessão de uso. Posse precária e desdobrada. Impossibilidade de a recorrida figurarno polo passivo da obrigação tributária. Precedente. Recurso extraordinário a que se negaprovimento.” (RE 451.152, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 22-8-2006, SegundaTurma, DJ de 27-4-2007.) No mesmo sentido: RE 599.417-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 29-9-2009, Segunda Turma, DJE de 23-10-2009.“IPTU. Imóveis que compõem o acervo patrimonial do Porto de Santos, integrantes dodomínio da União. Impossibilidade de tributação pela municipalidade, independentemente de

encontrarem -se tais bens ocupados pela empresa delegatária dos serviços portuários, emface da imunidade prevista no art. 150, VI, a, da CF.” (RE 253.394, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 26-11-2002, Primeira Turma, DJ de 11-4-2003.)

O serviço notarial e de registro é uma atividade estatal delegada, mas, por serexercido em caráter privado, não é imune à incidência de ISS.

EMENTA: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA.ATIVIDADE NOTARIAL. INCIDÊNCIA. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. Osserviços notariais e de registro exercidos em caráter privado e mediante delegação sofrem aincidência do ISS. A imunidade tributária recíproca não se aplica aos notários e aos

registradores. Como o único fundamento para afastar a lei local sobre a tributação utilizadopelo Tribunal de origem versa sobre as questões de fundo próprias à tributação (e.g.,imunidade), aplica-se ao caso integralmente a orientação firmada na ADI 3.089 (rel. min.Ayres Britto, red. p/ acórdão min. Joaquim Barbosa). Agravo regimental ao qual s e negaprovimento. (RE 599527 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 15/03/2011, DJe-065 DIVULG 05-04-2011 PUBLIC 06-04-2011 EMENT VOL- 02497-02 PP-00301)

“Incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) sobre serviços deregistros públicos, cartorários e notariais. Constitucionalidade. Ação direta de inconstitucio- nalidade ajuizada contra os itens 21 e 21.1 da Lista Anexa à LC 116/2003, que permitem a

tributação dos serviços de registros públicos, cartorários e notariais pelo ISSQN. (...) Aspessoas que exercem atividade notarial não são imunes à tributação, porquanto a

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circunstância de desenvolverem os respectivos serviços com intuito lucrativo invoca aexceção prevista no art. 150, § 3º, da Constituição. O recebimento de remuneração pela

prestação dos serviços confirma, ainda, capacidade contributiva. A imunidade recíproca éuma garantia ou prerrogativa imediata de entidades políticas federativas, e não departiculares que executem, com inequívoco intuito lucrativo, serviços públicos medianteconcessão ou delegação, devidamente remunerados. Não há diferenciação que justifique atributação dos serviços públicos concedidos e a não tributação das atividades delegadas.”( ADI 3.089 , Rel. p/ o ac. Min. Joaquim Barbosa , julgamento em 13-2-2008, Plenário, DJEde 1º-8-2008.) No mesmo sentido : RE 557.643-AgR , Rel. Min. Eros Grau , julgamento em10-2-2009, Segunda Turma, DJE de 13-3-2009.

b) Imunidade Religiosa: templos de qualquer culto.

Alcança apenas os impostos.

Alcança não apenas o templo em si, mas a entidade religiosa (patrimônio, rendas e serviços,desde que vinculados às suas finalidades essenciais).

EMENTA: Recurso extraordinário. 2. Imunidade tributária de templos de qualquer culto.Vedação de instituição de impostos sobre o patrimônio, renda e serviços relacionados comas finalidades essenciais das entidades. Artigo 150, VI, "b" e § 4º, da Constituição. 3.Instituição religiosa. IPTU sobre imóveis de sua propriedade que se encontram alugados. 4.

A imunidade prevista no art. 150, VI, "b", CF, deve abranger não somente os prédiosdestinados ao culto, mas, também, o patrimônio, a renda e os serviços "relacionados com asfinalidades essenciais das entidades nelas mencionadas". 5. O § 4º do dispositivoconstitucional serve de vetor interpretativo das alíneas "b" e "c" do inciso VI do art. 150 daConstituição Federal. Equiparação entre as hipóteses das alíneas referidas. 6. Recursoextraordinário provido(RE 325822, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMARMENDES, Tribunal Pleno, julgado em 18/12/2002, DJ 14-05-2004 PP-00033 EMENT VOL- 02151-02 PP-00246)

Ainda que alugado o imóvel pertencente a uma entidade imune, se as rendas forem

aplicadas em finalidades essenciais, a imunidade continua válida. Aplicação daSúmula 740, do STF.

“Instituição religiosa. IPTU sobre imóveis de sua propriedade que se encontram alugados.A imunidade prevista no art. 150, VI, b, CF deve abranger não somente os prédiosdestinados ao culto, mas, também, o patrimônio, a renda e os serviços ‘relacionados com asfinalidades essenciais das entidades nelas mencionadas’. O § 4º do dispositivoconstitucional serve de vetor interpretativo das alíneas b e c do inciso VI do art. 150 da CF.Equiparação entre as hipóteses das alíneas referidas.” (RE 325.822, Rel. p/ o ac. Min.Gilmar Mendes, julgamento em 15-12-2002, Plenário, DJ de 14-5-2004.) No mesmo sentido:AI 690.712-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 23-6-2009, Primeira Turma,

DJE de 14-8-2009; AI 651.138-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 26-6-2007,Segunda Turma, DJ de 17-8-2007.

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O STF entende que a imunidade se aplica aos cemitérios que constituam extensão de

entidades religiosas, desde que não haja finalidade lucrativa.

EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA.IPTU. ARTIGO 150, VI, "B", CB/88. CEMITÉRIO. EXTENSÃO DE ENTIDADE DE CUNHORELIGIOSO. 1. Os cemitérios que consubstanciam extensões de entidades de cunhoreligioso estão abrangidos pela garantia contemplada no artigo 150 da Constituição doBrasil. Impossibilidade da incidência de IPTU em relação a eles. 2. A imunidade aos tributosde que gozam os templos de qualquer culto é projetada a partir da interpretação datotalidade que o texto da Constituição é, sobretudo do disposto nos artigos 5º, VI, 19, I e150, VI, "b". 3. As áreas da incidência e da imunidade tributária são antípodas. Recursoextraordinário provido. (RE 578562, Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgadoem 21/05/2008, DJe-172 DIVULG 11-09-2008 PUBLIC 12-09-2008 EMENT VOL-02332-05PP-01070 RTJ VOL-00206-02 PP-00906 LEXSTF v. 30, n. 358, 2008, p. 334-340)

c) Imunidade Partidos Políticos, Sindicatos de Trabalhadores, Entidades Educacionaise de Assistência Social SEM FINS LUCRATIVOS.

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, dasentidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social,sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;

A lei a que a constituição faz referência diz respeito, na verdade, aos requisitos para aconstituição e funcionamento da entidade educacional ou assistencial, não dos requisitospara o gozo da imunidade, que, por regular limitação constitucional ao poder de tributar,exige a edição de LC (art. 146, da CF/88), atualmente o art. 14, do CTN.

“Imunidade tributária (CF, art. 150, VI, c, e 146, II) (...) delimitação dos âmbitos da matériareservada, no ponto, à intermediação da lei complementar e da lei ordinária: análise, a partirdaí, dos preceitos impugnados (Lei 9.532/1997, arts. 12 a 14): cautelar parcialmentedeferida. Conforme precedente no STF (RE 93.770, Muñoz, RTJ 102/304) e na linha damelhor doutrina, o que a Constituição remete à lei ordinária, no tocante à imunidade

tributária considerada, é a fixação de normas sobre a constituição e o funcionamento daentidade educacional ou assistencial imune; não, o que diga respeito aos lindes daimunidade, que, quando susceptíveis de disciplina infraconstitucional, ficou reservado à leicomplementar. À luz desse critério distintivo, parece ficarem incólumes à eiva dainconstitucionalidade formal arguida os arts. 12 e § 2º (salvo a alínea f) e § 3º, assim como oparágrafo único do art. 13; ao contrário, é densa a plausibilidade da alegação de invalidezdos arts. 12, § 2º, f; 13, caput, e 14 e, finalmente, se afigura chapada a inconstitucionalidadenão só formal mas também material do § 1º do art. 12 da lei questionada.” (ADI 1.802-MC,Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 27-8-1998, Plenário, DJ de 13-2-2004.) Nomesmo sentido: RE 480.021-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 14-12-2010,Segunda Turma, DJE de 8-2-2011; RE 593.358-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,

 julgamento em 9-11-2010, Primeira Turma, DJE de 25-3-2011; AI 649.457-AgR, Rel. Min.Cármen Lúcia, julgamento em 27-10-2009, Primeira Turma, DJE de 20-11-2009;

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AI 739.800-AgR, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 25-8-2009, Segunda Turma, DJEde 18-9-2009. Vide: AI 769.613-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 9-3-2010,

Segunda Turma, DJE de 9-4-2010

EMENTA: I. Ação direta de inconstitucionalidade: Confederação Nacional de Saúde:qualificação reconhecida, uma vez adaptados os seus estatutos ao molde legal dasconfederações sindicais; pertinência temática concorrente no caso, uma vez que a categoriaeconômica representada pela autora abrange entidades de fins não lucrativos, pois suacaracterística não é a ausência de atividade econômica, mas o fato de não destinarem osseus resultados positivos à distribuição de lucros. II. Imunidade tributária (CF, art. 150, VI, c,e 146, II): "instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos osrequisitos da lei": delimitação dos âmbitos da matéria reservada, no ponto, à intermediaçãoda lei complementar e da lei ordinária: análise, a partir daí, dos preceitos impugnados (L.9.532/97, arts. 12 a 14): cautelar parcialmente deferida. 1. Conforme precedente no STF (RE93.770, Muñoz, RTJ 102/304) e na linha da melhor doutrina, o que a Constituição remete àlei ordinária, no tocante à imunidade tributária considerada, é a fixação de normas sobre aconstituição e o funcionamento da entidade educacional ou assistencial imune; não, o quediga respeito aos lindes da imunidade, que, quando susceptíveis de disciplinainfraconstitucional, ficou reservado à lei complementar. 2. À luz desse critério distintivo,parece ficarem incólumes à eiva da inconstitucionalidade formal argüida os arts. 12 e §§ 2º(salvo a alínea f) e 3º, assim como o parág. único do art. 13; ao contrário, é densa aplausibilidade da alegação de invalidez dos arts. 12, § 2º, f; 13, caput, e 14 e, finalmente, seafigura chapada a inconstitucionalidade não só formal mas também material do § 1º do art.

12, da lei questionada. 3. Reserva à decisão definitiva de controvérsias acerca do conceitoda entidade de assistência social, para o fim da declaração da imunidade discutida - comoas relativas à exigência ou não da gratuidade dos serviços prestados ou à compreensão ounão das instituições beneficentes de clientelas restritas e das organizações de previdênciaprivada: matérias que, embora não suscitadas pela requerente, dizem com a validade do art.12, caput, da L. 9.532/97 e, por isso, devem ser consideradas na decisão definitiva, mas cujadelibação não é necessária à decisão cautelar da ação direta.

(ADI 1802 MC, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em27/08/1998, DJ 13-02-2004 PP-00010 EMENT VOL-02139-01 PP-00064)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA."ENTIDADE EDUCACIONAL". CONCEITO. LEI COMPLEMENTAR. 1. A jurisprudênciadesta Corte consolidou-se no sentido de que, por se tratar de limitação constitucional aopoder de tributar, a demarcação do objeto material da imunidade das instituições deeducação é matéria afeita à lei complementar (ADI 1.802-MC, rel. Min. Sepúlveda Pertence,DJ de 13.02.2004). 2. Agravo regimental improvido. (RE 354988 AgR, Relator(a): Min.ELLEN GRACIE, Segunda Turma, julgado em 21/03/2006, DJ 20-04-2006 PP-00030EMENT VOL-02229-03 PP-00464)

JurisprudênciaSúmula 724  

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AINDA QUANDO ALUGADO A TERCEIROS, PERMANECE IMUNE AO IPTU O IMÓVELPERTENCENTE A QUALQUER DAS ENTIDADES REFERIDAS PELO ART. 150, VI, "C",

DA CONSTITUIÇÃO, DESDE QUE O VALOR DOS ALUGUÉIS SEJA APLICADO NASATIVIDADES ESSENCIAIS DE TAIS ENTIDADES.

EMENTA: - Recurso extraordinário. SENAC. Instituição de educação sem finalidadelucrativa. ITBI. Imunidade. - Falta de prequestionamento da questão relativa ao princípioconstitucional da isonomia. - Esta Corte, por seu Plenário, ao julgar o RE 237.718, firmou oentendimento de que a imunidade tributária do patrimônio das instituições de assistênciasocial (artigo 150, VI, "c", da Constituição) se aplica para afastar a incidência do IPTU sobreimóveis de propriedade dessas instituições, ainda quando alugados a terceiros, desde queos aluguéis sejam aplicados em suas finalidades institucionais. - Por identidade de razão, amesma fundamentação em que se baseou esse precedente se aplica a instituições deeducação, como a presente, sem fins lucrativos, para ver reconhecida, em seu favor, aimunidade relativamente ao ITBI referente à aquisição por ela de imóvel locado a terceiro,destinando-se os aluguéis a ser aplicados em suas finalidades institucionais. Recursoextraordinário não conhecido.(RE 235737, Relator(a): Min. MOREIRA ALVES, PrimeiraTurma, julgado em 13/11/2001, DJ 17-05-2002 PP-00067 EMENT VOL-02069-03 PP-00527)

ATENÇÃO: no caso dos tributos indiretos, o que importa é o contribuinte de direito,pouco sendo relevante quem seja o contribuinte de fato.

“Entidade sem fins lucrativos. Imunidade recíproca. (...) Entidade educacional que não écontribuinte de direito do ICMS relativo a serviço de energia elétrica não tem benefício daimunidade em questão, uma vez que esta não alcança o contribuinte de fato.”(AI 731.786-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 19-10-2010, PrimeiraTurma, DJE de 16-11-2010.) No mesmo sentido: AI 717.793-AgR, Rel. Min Cármen Lúcia, julgamento em 15-2-2011, Primeira Turma, DJE de 17-3-2011.

ATENÇÃO: em tese, as entidades de previdência complementar não podem serqualificadas como entidades assistenciais. As abertas, inclusive, por possuírem clarointuito lucrativo.

Nas entidades fechadas, entretanto, sendo de previdência, ostentam caráter contributivo,exigindo contribuição do beneficiário. Sendo, entretanto, fechadas, sem contribuição dobeneficiário, configuram-se como assistenciais e podem gozar da imunidade:

STF Súmula nº 730   - 26/11/2003 - DJ de 9/12/2003, p. 2; DJ de 10/12/2003, p. 2; DJ de11/12/2003, p. 2.Imunidade Tributária - Instituições de Assistência Social sem Fins Lucrativos -Entidades Fechadas de Previdência Social Privada - Contribuição dos Beneficiários  

A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativospelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de previdência

social privada se não houver contribuição dos beneficiários.

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“Entidade fechada de previdência privada. Concessão de benefícios aos filiados medianterecolhimento das contribuições pactuadas. Imunidade tributária. Inexistência, dada a

ausência das características de universalidade e generalidade da prestação, próprias dosórgãos de assistência social. As instituições de assistência social, que trazem ínsito em suasfinalidades a observância ao princípio da universalidade, da generalidade e concedebenefícios a toda coletividade, independentemente de contraprestação, não se confundem enão podem ser comparadas com as entidades fechadas de previdência privada que, emdecorrência da relação contratual firmada, apenas contempla uma categoria específica,ficando o gozo dos benefícios previstos em seu estatuto social dependente do recolhimentodas contribuições avençadas, conditio sinequa non para a respectiva integração no sistema.”(RE 202.700, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 8-11-2001, Plenário, DJ de 1º-3- 2002.) No mesmo sentido: RE 127.584-EDv, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 15- 10-2008, Plenário, DJE de 14-11-2008; RE 243.652-AgR, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 14-9-2004, Segunda Turma, DJ de 1º-10-2004; RE 227.799, Rel. p/ o ac.Min. Ellen Gracie, julgamento em 1º-2-2002, Plenário, DJ de 1º-8-2003; RE 259.756, Rel.Min. Marco Aurélio, julgamento em 18-11-2001, Plenário, DJ de 29-8-2003. Vide:RE 669.384-AgR-ED, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 1º-2-2011, Primeira Turma,DJE de 23-2-2011.

Aplicação da imunidade às entidades de ensino de línguas estrangeiras.EMENTA: CONSTITUCIONAL. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. INSTITUIÇÃO DE ENSINO.ENSINO DE LINGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS). CARACTERIZAÇÃO. PROCESSUALCIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. 1. O ensino de línguas estrangeiras caracteriza-se como

atividade educacional para aplicação da imunidade tributária (art. 150, VI, c da Constituição).2. A distinção relevante para fins de aplicação da imunidade tributária é o conceito de"atividade assistencial", isto é, a intensidade e a abrangência da prestação gratuita oualtamente subsidiada do ensino da língua inglesa a quem necessitar. Agravo regimental aoqual se nega provimento. (RMS 24283 AgR-segundo, Relator(a): Min. JOAQUIMBARBOSA, Segunda Turma, julgado em 21/09/2010, DJe-190 DIVULG 07-10-2010 PUBLIC08-10-2010 EMENT VOL-02418-05 PP-00114 RTJ VOL-00217- PP-00276 RT v. 100, n. 905,2011, p. 161-164)

Aplicação da imunidade na importação de bens pelas entidades imunes.

“Na tributação das operações de importação, o contribuinte por excelência do tributo é oimportador (que tende a ser o adquirente da mercadoria), e não o vendedor. Há confusãoentre as figuras do contribuinte de direito e do contribuinte de fato. Assim, não faz sentidoargumentar que a imunidade tributária não se aplica à entidade beneficente de assistênciasocial nas operações de importação, em razão de a regra constitucional não se prestar àproteção de terceiros que arquem com o ônus da tributação.” (AI 476.664-AgR, Rel. Min.Joaquim Barbosa, julgamento em 6-4-2010, Segunda Turma, DJE de 7-5-2010.)

“Tributário. ICMS. Imunidade. Operações de importação de mercadoria realizada porentidade de assistência social. (...) A jurisprudência da Corte é no sentido de que aimunidade prevista no art. 150, VI, c, da CF abrange o ICMS incidente sobre a importação

de mercadorias utilizadas na prestação de seus serviços específicos.” (AI 669.257-AgR, Rel.Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 17-3-2009, Primeira Turma, DJE de 17-4-2009.)

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Hipóteses em que não inexiste imunidade:

i) Colônias de férias:

“Sindicato. Colônia de férias. Inexistência de imunidade tributária por não ser o patrimônioligado às finalidades essenciais do sindicato. Recurso extraordinário: descabimento.”(RE 245.093-AgR, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 14-11-2006, PrimeiraTurma, DJ de 7-12-2006.)

ii) Terrenos baldios:

“Terrenos baldios sem vinculação às finalidades essenciais da entidade afastam aimunidade prevista no art. 150, VI, c, da CF.” (RE 375.715-ED, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 31-8-2010, Segunda Turma, DJE de 24-9-2010.)

Abrange todos os impostos:

EMENTA: - CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. ICMS. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA.INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO SEM FINS LUCRATIVOS. C.F., art. 150, VI, "c". I. - Não háinvocar, para o fim de ser restringida a aplicação da imunidade, critérios de classificação dosimpostos adotados por normas infraconstitucionais, mesmo porque não é adequado

distinguir entre bens e patrimônio, dado que este se constitui do conjunto daqueles. O quecumpre perquirir, portanto, é se o bem adquirido, no mercado interno ou externo, integra opatrimônio da entidade abrangida pela imunidade. II. - Precedentes do STF. III. - R.E. nãoconhecido.(RE 203755, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Segunda Turma, julgado em17/09/1996, DJ 08-11-1996 PP-43221 EMENT VOL-01849-08 PP-01727)

Incidência da imunidade com relação ao IOF

“No tocante às entidades de assistência social que atendam aos requisitos atendidos pelaora recorrida, esta Corte tem reconhecido em favor delas a imunidade tributária prevista noart. 150, VI, c, sendo que, especificamente quanto ao IOF, a Segunda Turma, noRE 232.080-AgR, Rel. Min. Nelson Jobim, reconheceu a aplicação dessa imunidade,citando, inclusive, a decisão tomada nos RE 183.216-AgR-ED, onde se salientou que ‘(...) ofato de a entidade proceder à aplicação de recursos não significa atuação fora do queprevisto no ato de sua constituição’.” (RE 241.090, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em26-2-2002, Primeira Turma, DJ de 26-4-2002.) No mesmo sentido: RE 454.753-AgR, Rel.Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 20-4-2010, Segunda Turma, DJE de 28-5-2010;RE 249.980-AgR, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 23-4-2002, Primeira Turma, DJ de14-6-2002; RE 232.080-AgR, Rel. Min. Nelson Jobim, julgamento em 4-9-2001, SegundaTurma, DJ de 31-10-2001.

IPI e Imposto de Importação

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“A imunidade prevista no art. 150, VI, c, da CF em favor das instituições de assistênciasocial, abrange o Imposto de Importação e o IPI, que incidem sobre bens a serem

utilizadosna prestação de seus serviços específicos.” (RE 243.807, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 15-2-2000, Primeira Turma, DJ de 28-4-2000.)

Imóveis utilizados como escritório e residência dos membros da entidade“Instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos (...). O fato de os imóveisestarem sendo utilizados como escritório e residência de membros da entidade não afasta aimunidade prevista no art. 150, VI, c, § 4º, da CF.” (RE 221.395, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 8-2-2000, Segunda Turma, DJ de 12-5-2000.)

Renda auferida com atividade de estacionamento“Eventual renda obtida pela instituição de assistência social mediante cobrança deestacionamento de veículos em área interna da entidade, destinada ao custeio dasatividades desta, está abrangida pela imunidade prevista no dispositivo sob destaque.”(RE 144.900, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 22-4-1997, Primeira Turma, DJ de 26-9- 1997.)

Imunidade do Sesc com relação aos valores obtidos das vendas de ingressos“A renda obtida pelo Sesc na prestação de serviços de diversão pública, mediante a vendade ingressos de cinema ao público em geral, e aproveitada em suas finalidadesassistenciais, estando abrangida na imunidade tributária prevista no art. 150, VI, c, da CartaRepública.” (AI 155.822-AgR, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 20-9-1994, Primeira

Turma, DJ de 2-6-1995.) No mesmo sentido: RE 116.188, Rel. Min. Sydney Sanches, julgamento em 20-2-1990, Primeira Turma, DJ de 16-3-1990

d) Imunidade Cultural:

Alcança os livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.

A única imunidade puramente objetiva, em razão do que não alcança as sociedadesempresárias que comercializam os livros. Assim, não estão alcançados pela imunidade aslivrarias, editoras, agências, jornais.

EMENTA: TRIBUTÁRIO. ANISTIA DO ART. 150, VI, D, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.IPMF. EMPRESA DEDICADA À EDIÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DELIVROS, JORNAIS, REVISTAS E PERIÓDICOS. Imunidade que contempla,exclusivamente, veículos de comunicação e informação escrita, e o papel destinado a suaimpressão, sendo, portanto, de natureza objetiva, razão pela qual não se estende àseditoras, autores, empresas jornalísticas ou de publicidade -- que permanecem sujeitas àtributação pelas receitas e pelos lucros auferidos.Conseqüentemente, não há falar emimunidade ao tributo sob enfoque, que incide sobre atos subjetivados (movimentação outransmissão de valores e de créditos e direitos de natureza financeira). Recurso conhecido eprovido.(RE 206774, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Primeira Turma, julgado em 03/08/1999, DJ

29-10-1999 PP-00019 EMENT VOL-01969-03 PP-00432 RTJ VOL-00171-02 PP-00695)

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Finalidade da imunidade, segundo o STF.

“A razão de ser da imunidade prevista no texto constitucional, e nada surge sem uma causa,uma razão suficiente, uma necessidade, está no interesse da sociedade em ver afastadosprocedimentos, ainda que normatizados, capazes de inibir a produção material e intelectualde livros, jornais e periódicos.” (RE 174.476, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 26-9-1996, Plenário, DJ de 12-12-1997.)

Segundo o STF, não cabe ao Fisco perquirir acerca do valor artístico ou didático, àrelevância das informações divulgadas ou à qualidade cultural de uma publicação:

“‘Álbum de figurinhas’. Admissibilidade. A imunidade tributária sobre livros, jornais,periódicos e o papel destinado à sua impressão tem por escopo evitar embaraços aoexercício da liberdade de expressão intelectual, artística, científica e de comunicação, bemcomo facilitar o acesso da população à cultura, à informação e à educação. O Constituinte,ao instituir esta benesse não fez ressalvas quanto ao valor artístico ou didático, à relevânciadas informações divulgadas ou à qualidade cultural de uma publicação. Não cabe aoaplicador da norma constitucional em tela afastar esse benefício fiscal instituído paraproteger direito tão importante ao exercício da democracia, por força de um juízo subjetivoacerca da qualidade cultural ou do valor pedagógico de uma publicação destinada ao públicoinfanto -juvenil.” (RE 221.239, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 25-5-2004, SegundaTurma, DJ de 6-8-2004.) No mesmo sentido: RE 179.893, Rel. Min. Menezes Direito, julgamento em 15-4-2008, Primeira Turma, DJE de 30-5-2008.

A imunidade alcança as apostilas, chamadas pelo STF de veículos de transmissão decultura simplificada.

IMUNIDADE - IMPOSTOS - LIVROS, JORNAIS, PERIÓDICOS E PAPEL DESTINADO ÀIMPRESSÃO - APOSTILAS. O preceito da alínea "d" do inciso VI do artigo 150 da Carta daRepública alcança as chamadas apostilas, veículo de transmissão de cultura simplificado.(RE 183403, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Segunda Turma, julgado em 07/11/2000,DJ 04-05-2001 PP-00035 EMENT VOL-02029-04 PP-00856)

Segundo o STF os encartes publicitários com exclusiva finalidade comercial nãoestão alcançados pela imunidade:

EMENTA: TRIBUTÁRIO. ENCARTES DE PROPAGANDA DISTRIBUÍDOS COM JORNAIS EPERIÓDICOS. ISS. ART. 150, VI, d, DA CONSTITUIÇÃO. Veículo publicitário que, em facede sua natureza propagandística, de exclusiva índole comercial, não pode ser consideradocomo destinado à cultura e à educação, razão pela qual não está abrangido pela imunidadede impostos prevista no dispositivo constitucional sob referência, a qual, ademais, não seestenderia, de qualquer forma, às empresas por eles responsáveis, no que concerne à rendabruta auferida pelo serviço prestado e ao lucro líquido obtido. Recurso não conhecido. (RE213094, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Primeira Turma, julgado em 22/06/1999, DJ 15- 

10-1999 PP-00023 EMENT VOL-01967-03 PP-00446 RTJ VOL-00171-01 PP-00336)

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Mas atenção, o mesmo STF entende que o fato de as listas telefônicas conteremanúncios publicitários não afasta delas o benefício da imunidade.

“O fato de as edições das listas telefônicas veicularem anúncios e publicidade não afasta obenefício constitucional da imunidade. A inserção visa a permitir a divulgação dasinformações necessárias ao serviço público a custo zero para os assinantes,consubstanciando acessório que segue a sorte do principal. Precedentes: RE 101.441/RS,Pleno, Rel. Min. Sydney Sanches, RTJ 126, p. 216 a 257; RE 118.228/SP, Primeira Turma,Rel. Min. Moreira Alves, RTJ 131, p. 1328 a 1335; e RE 134.071-1/SP, Primeira Turma, Rel.Min. Ilmar Galvão, DJ de 30-10-1992.” (RE 199.183, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em17-4-1998, Segunda Turma, DJ de 12-6-1998.) No mesmo sentido: AI 663.747-AgR, Rel.Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 6-4-2010, Segunda Turma, DJE de 30-4-2010;RE 114.790, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 12-8-1997, Primeira Turma, DJde 3-10-1997

O STF confere interpretação estrita ao termo papel, estendendo a imunidade apenas ao quecom ele se assemelhar, como o papel fotográfico, os filmes fotográficos e o papel paratelefoto, não se aplicando à tinta, portanto. TINTA, COLA E LINHA NÃO ESTÃOALCANÇADOS PELA IMUNIDADE.

EMENTA: Imposto de importação. Tinta especial para jornal. Não-ocorrência de imunidade

tributária. - Esta Corte já firmou o entendimento (a título de exemplo, nos RREE 190.761,174.476, 203.859, 204.234 e 178.863) de que apenas os materiais relacionados com o papel- assim, papel fotográfico, inclusive para fotocomposicão por laser, filmes fotográficos,sensibilizados, não impressionados, para imagens monocromáticas e papel para telefoto -estão abrangidos pela imunidade tributária prevista no artigo 150, VI, "d", da Constituição. -No caso, trata-se de tinta para jornal, razão por que o acórdão recorrido, por ter esse insumocomo abrangido pela referida imunidade, e, portanto, imune ao imposto de importação,divergiu da jurisprudência desta Corte. Recurso extraordinário conhecido e provido.(RE 273308, Relator(a): Min. MOREIRA ALVES, SEGUNDA TURMA, julgado em22/08/2000, DJ 15-09-2000 PP-00132 EMENT VOL-02004-05 PP-01105)

Alcance da imunidade com relação ao maquinário necessário à confecção dos livros,jornais e periódicos.

“A imunidade tributária relativa a livros, jornais e periódicos é ampla, total, apanhandoproduto, maquinário e insumos. A referência, no preceito, a papel é exemplificativa, e nãoexaustiva.” (RE 202.149, Rel. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgamento em 26-4-2011,Primeira Turma, DJE de 11-10-2011.)Inaplicabilidade da imunidade aos serviços de composição gráfica necessários à confecçãodo produto final, o livro.

“Não há de ser estendida a imunidade de impostos prevista no dispositivo constitucional sob

referência, concedida ao papel destinado exclusivamente à impressão de livros, jornais eperiódicos, aos serviços de composição gráfica necessários à confecção do produto final.”

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(RE 230.782, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 13-6-2000, Primeira Turma, DJ de 10- 11-2000.) No mesmo sentido: RE 435.978-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 8-2- 

2011, Primeira Turma, DJE de 3-3-2011.

A questão da imunidade do livro eletrônico está em sede de repercussão geral noSTF:

EMENTA DIREITO CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇACOLETIVO. PRETENDIDA IMUNIDADE TRIBUTÁRIA A RECAIR SOBRE LIVROELETRÔNICO. NECESSIDADE DE CORRETA INTERPRETAÇÃO DA NORMACONSTITUCIONAL QUE CUIDA DO TEMA (ART. 150, INCISO IV, ALÍNEA D). MATÉRIAPASSÍVEL DE REPETIÇÃO EM INÚMEROS PROCESSOS, A REPERCUTIR NA ESFERADE INTERESSE DE TODA A SOCIEDADE. TEMA COM REPERCUSSÃO GERAL.(RE 330817 RG, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 20/09/2012, ACÓRDÃOELETRÔNICO DJe-192 DIVULG 28-09-2012 PUBLIC 01-10-2012 )

Inaplicabilidade aos veículos de radiodifusão

“Constituição do Estado do Rio de Janeiro, art. 193, VI, d; Lei 1.423, de 27-1-1989, domesmo Estado, art. 40, XIV. Extensão aos veículos de radiodifusão da imunidade tributáriaprevista na CF para livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.Relevância jurídica do pedido e periculum in mora caracterizados. Medida cautelar deferida,para suspender, ex nunc e até o julgamento final da ação, na alínea d, VI, do art. 193 da

Constituição do Estado do Rio de Janeiro, as expressões ‘e veículos de radiodifusão’, bemcomo no inciso XIV do art. 40 da Lei fluminense 1.423, de 27-1-1989, as expressões ‘eveículos de radiodifusão’.” (ADI 773-MC, Rel. Min. Néri da Silveira, julgamento em 9-9-1992,Plenário, DJ de 30-4-1993.)

3. Demais imunidades previstas na Constituição Federal.

Imunidade de ImpostoArt. 184, §5§ 5º São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações detransferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.

“Alcance da imunidade tributária relativa aos títulos da dívida agrária. Há pouco, em28-9-1999, a Segunda Turma desta Corte, ao julgar o RE 169.628, Rel. Min. MaurícioCorrêa, decidiu, por unanimidade de votos, que o § 5º do art. 184 da Constituição, emboraaluda à isenção de tributos com relação às operações de transferência de imóveisdesapropriados para fins de reforma agrária, não concede isenção, mas, sim, imunidade,que, por sua vez, tem por fim não onerar o procedimento expropriatório ou dificultar arealização da reforma agrária, sendo que os títulos da dívida agrária constituem moeda depagamento da justa indenização devida pela desapropriação de imóveis por interesse sociale, dado o seu caráter indenizatório, não podem ser tributados. Essa imunidade, no entanto,não alcança terceiro adquirente desses títulos, o qual, na verdade, realiza com o expropriadonegócio jurídico estranho à reforma agrária, não sendo assim também destinatário da norma

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constitucional em causa.” ( RE 168.110 , Rel. Min. Moreira Alves , julgamento em 4-4-2000,Primeira Turma, DJ de 19-5-2000.)

Imunidade de contribuição para o custeio da seguridade socialArt. 195, §7º, da CF/88§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentesde assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.

“Contribuição previdenciária. Quota patronal. Entidade de fins assistenciais, filantrópicos eeducacionais. Imunidade (CF, art. 195, § 7º).A cláusula inscrita no art. 195, § 7º, da CartaPolítica – não obstante referir-se impropriamente à isenção de contribuição para a

seguridade social – contemplou as entidades beneficentes de assistência social o favorconstitucional da imunidade tributária, desde que por elas preenchidos os requisitos fixadosem lei. A jurisprudência constitucional do STF já identificou, na cláusula inscrita no art. 195,§ 7º, da CF, a existência de uma típica garantia de imunidade (e não de simples isenção)estabelecida em favor das entidades beneficentes de assistência social. Precedente: RTJ137/965. Tratando-se de imunidade – que decorre, em função de sua natureza mesma, dopróprio texto constitucional –, revela-se evidente a absoluta impossibilidade jurídica de aautoridade executiva, mediante deliberação de índole administrativa, restringir a eficácia dopreceito inscrito no art. 195, § 7º, da Carta Política, para, em função de exegese queclaramente distorce a teleologia da prerrogativa fundamental em referência, negar, àentidade beneficente de assistência social que satisfaz os requisitos da lei, o benefício que

lhe é assegurado no mais elevado plano normativo.” ( RMS 22.192 , Rel. Min. Celso deMello , julgamento em 28-11-1995, Primeira Turma, DJ de 19-12-1996.)

“Constitucional. Tributário. Contribuições sociais. Imunidade. Certificado de EntidadeBeneficente de Assistência Social (CEBAS). Renovação periódica. Constitucionalidade.Direito adquirido. Inexistência. Ofensa aos arts. 146, II, e 195, § 7º, da CF/1988.Inocorrência. A imunidade das entidades beneficentes de assistência social às contribuiçõessociais obedece a regime jurídico definido na Constituição. O inciso II do art. 55 da Lei8.212/1991 estabelece como uma das condições da isenção tributária das entidadesfilantrópicas a exigência de que possuam o certificado de Entidade Beneficente deAssistência Social (CEBAS), renovável a cada três anos. A jurisprudência desta Corte é

firme no sentido de afirmar a inexistência de direito adquirido a regime jurídico, motivo peloqual não há razão para falar-se em direito à imunidade por prazo indeterminado. A exigênciade renovação periódica do Cebas não ofende os arts. 146, II, e 195, § 7º, da Constituição.Precedente (...). Hipótese em que a recorrente não cumpriu os requisitos legais derenovação do certificado.” ( RMS 27.093 , Rel. Min. Eros Grau , julgamento em 2-9-2008,Segunda Turma, DJE de 14-11-2008.) No mesmo sentido : RMS 26.932 , Rel. Min. JoaquimBarbosa , julgamento em 1-12-2009, Segunda Turma, DJE de 5-2-2010.

“Entendem-se por serviços assistenciais as atividades continuadas que visem à melhoria devida da população e cujas ações, voltadas para as necessidades básicas, observem osobjetivos, os princípios e as diretrizes estabelecidos em lei. 3. Do confronto entre os obje- tivos estatutários do impetrante e a definição de entidade beneficente de assistência social

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da legislação (art. 23 da Lei 8.742/1993, art. 55 da Lei 8.212/1991 e Decreto 752/1993),verifica-se que o recorrente não faz jus ao Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos,

pois, muito embora as elevadas finalidades de estreitamento das relações culturais entrepaíses irmãos, não está voltado precipuamente para as necessidades básicas da populaçãoe não é entidade beneficente de assistência social.” ( RMS 23.729 , Rel. Min. Ellen Gracie , julgamento em 14-2-2006, Segunda Turma, DJ de 10-3-2006.)

Imunidade de taxa

Art. 5ºLXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data , e, na forma da lei, osatos necessários ao exercício da cidadania.

LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anularato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, àmoralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus dasucumbência;

“Constitucional. Atividade notarial. Natureza. Lei 9.534/1997. Registros públicos. Atosrelacionados ao exercício da cidadania. Gratuidade. Princípio da proporcionalidade. Violação

não observada. Precedentes. Improcedência da ação. A atividade desenvolvida pelostitulares das serventias de notas e registros, embora seja análoga à atividade empresarial,sujeita-se a um regime de direito público. Não ofende o princípio da proporcionalidade leique isenta os ‘reconhecidamente pobres’ do pagamento dos emolumentos devidos pelaexpedição de registro civil de nascimento e de óbito, bem como a primeira certidãorespectiva. Precedentes. Ação julgada improcedente.” ( ADI 1.800 , Rel. p/ o ac. Min. RicardoLewandowski , julgamento em 11-6-2007, Plenário, DJE de 28-9-2007.)

Imunidades em relação a impostos específicos.

ICMS nas exportações de mercadorias e serviços.ICMS quando tenha por objeto petróleo ou energia elétrica a outro estado.IPI nas exportações.ITBI na integralização de capital.ITR com relação às pequenas glebas rurais.Ouro definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial.

Art. 149, §2º§ 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico deque trata o caput deste artigo: (EC 33/2001)

I – não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; (EC 33/2001) 

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“A imunidade prevista no inciso I do § 2º do art. 149 da Carta Federal não alcança o lucrodas empresas exportadoras.” ( RE 564.413 , Rel. Min. Marco Aurélio , julgamento em

12-8-2010, Plenário, DJE de 6-12-2010, com repercussão geral.)

“A imunidade prevista no art. 149, § 2º, I, da Constituição, introduzida pela EC 33/2001, nãoalcança a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), haja vista a distinção ontológicaentre os conceitos de lucro e receita. (...) A norma de exoneração tributária prevista no art.149, § 2º, I, da Constituição também não alcança a Contribuição Provisória sobreMovimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira(CPMF), pois o referido tributo não se vincula diretamente à operação de exportação. Aexação não incide sobre o resultado imediato da operação, mas sobre operações financeirasposteriormente realizadas.” ( RE 474.132 , Rel. Min. Gilmar Mendes , julgamento em12-8-2010, Plenário, DJE de 1º-12-2010.) No mesmo sentido : RE 564.413 , Rel. Min. MarcoAurélio , julgamento em 12-8-2010, Plenário, DJE de 6-12-2010, com repercussão geral; RE566.259 , Rel. Min. Ricardo Lewandowski , julgamento em 12-8-2010, Plenário, DJE de24-9-2010, com repercussão geral. Em sentido contrário : AC 1.738-MC , Rel. Min. CezarPeluso , julgamento em 17-9-2007, Plenário, DJ de 19-10-2007.

“Tributo. Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL). Incidência sobre as receitas e olucro decorrentes de exportação. Inadmissibilidade. Ofensa aparente ao disposto no art. 149,§ 2º, I, da CF, incluído pela EC 33/2001. Pretensão de inexigibilidade. Razoabilidade jurídica,acrescida de perigo de dano de reparação dificultosa. Efeito suspensivo ao recursoextraordinário admitido na origem. Liminar cautelar concedida para esse fim.” ( AC 1.738-MC ,

Rel. Min. Cezar Peluso , julgamento em 17-9-2007, Plenário, DJ de 19-10-2007.) No mesmosentido : AC 1.891-MC-REF , Rel. Min. Cármen Lúcia , julgamento em 19-8-2010, Plenário,DJE de 10-9-2010; AC 1.890-MC , Rel. Min. Menezes Direito , julgamento em 16-12-2008,Primeira Turma, DJE de 27-2-2009; AC 2.073-QO , Rel. Min. Celso de Mello , julgamento em1662 26-6-2008, Informativo 512. Em sentido contrário : RE 474.132 , Rel. Min. GilmarMendes , julgamento em 12-8-2010, Plenário, DJE de 1º-12-2010; RE 564.413 , Rel. Min.Marco Aurélio , julgamento em 12-8-2010, Plenário, DJE de 6-12-2010, com repercussãogeral; RE 474.132 , Rel. Min. Gilmar Mendes , julgamento em 12-8-2010, Plenário, DJE de1º-12-2010.