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Aplicação da Lei Penal

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Sumário

PRINCÍPIOS CONSTITUICIONAIS DO DIREITO PENAL. .............................................................................. 6

INTRODUÇÃO. ......................................................................................................................................... 9

APLICAÇÃO DA LEI PENAL ...................................................................................................................... 11

PRINCÍPIOS APLICÁVEIS. ................................................................................................................................. 11

Princípio da legalidade. .................................................................................................................................. 11

Reserva legal. ................................................................................................................................................ 14

Analogia. ...................................................................................................................................................... 16

Anterioridade. ............................................................................................................................................... 17

Taxatividade. ................................................................................................................................................ 19

DESDOBRAMENTOS MATERIAIS ............................................................................................................. 21

LIMITAÇÕES AO CONTEÚDO DOS TIPOS PENAIS. .......................................................................................... 21

Princípio da Insignificância. ............................................................................................................................ 21

Alteridade ..................................................................................................................................................... 23

Adequação social. .......................................................................................................................................... 23

Princípio da ofensividade. .............................................................................................................................. 24

Princípio da intervenção mínima. .................................................................................................................... 24

Princípio do ne bis in idem. ............................................................................................................................. 25

Princípio da individualização da pena. ............................................................................................................ 25

LEI PENAL NO TEMPO ............................................................................................................................. 27

INTRODUÇÃO....................................................................................................................................................... 27

Retroatividade. .............................................................................................................................................. 28

Irretroatividade. ............................................................................................................................................ 33

Lei penal excepcional ou temporária. .............................................................................................................. 38

Tempo do crime. ............................................................................................................................................ 40

Lugar do crime. .............................................................................................................................................. 43

LEI PENAL NO ESPAÇO ........................................................................................................................... 47

TERRITORIALIDADE. .............................................................................................................................................. 47

Princípios aplicáveis a territorialidade. ............................................................................................................ 49

EXTRATERRITORIALIDADE. ..................................................................................................................................... 53

Pena cumprida no estrangeiro. ....................................................................................................................... 58

CONFLITO APARENTE DE NORMAS......................................................................................................... 59

INTRODUÇÃO....................................................................................................................................................... 59

Princípio da especialidade. ............................................................................................................................. 59

Princípio da subsidiariedade. .......................................................................................................................... 60

Princípio da consunção................................................................................................................................... 60

Princípio da alternatividade. .......................................................................................................................... 61

Eficácia da sentença estrangeira. ................................................................................................................... 62

Contagem de prazos. Frações não computáveis da pena. Aplicação do CP a Leis Especiais. .............................. 62

QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR .........................................................................................64

LISTA DE QUESTÕES...............................................................................................................................84

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GABARITO ..............................................................................................................................................94

RESUMO DIRECIONADO ......................................................................................................................... 95

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Apresentação

Olá, tudo bem? Muito prazer em conhecê-lo. Sou o professor Leonardo

dos Santos Arpini, mais conhecido como “Arpini”. Seja muito bem-vindo

ao meu curso! Aqui na DIREÇÃO CONCURSOS sou o encarregado de le-

cionar as disciplinas de Direito Penal e Direito Processual Penal.

Caso não me conheça, além de professor de curso preparatório, sou Ad-

vogado, pós-graduado em Direito Penal e Processual Penal pela Facul-

dade Damásio/SP. Me dedico ao estudo global do ordenamento jurídico

pois, assim como vocês, estou engajado no caminho dos concursos públi-

cos. Então, contem comigo para qualquer dúvida que vocês possuam so-

bre seu estudo e que esteja ao meu alcance.

Iniciaremos uma prazerosa jornada no estudo do Direito Penal e estaremos juntos até a sua APROVA-

ÇÃO, combinado? Tenha a certeza de que vamos encurtar esse caminho!

É com muita satisfação e alegria que inicio este curso de DIREITO PENAL. A programação de aulas, que

você verá mais adiante, foi concebida especialmente para a sua preparação focada nos concursos de TÉCNICO

E ANALISTA DOS DIVERSOS TRIBUNAIS FEDERAIS, ESTADUAIS E ELEITORAIS DO PAÍS E, TAMBÉM

PARA OS CARGOS DE AGENTE E ESCRIVÃO DA POLÍCIA CIVIL, FEDERAL E RODOVIÁRIA FEDERAL. To-

mei por base os últimos editais de cada um desses cargos, e cobriremos TODOS os tópicos exigidos naquela

ocasião, ok? Nada vai ficar de fora, este curso deve ser o seu ÚNICO material de estudo! E você também não

perderá tempo estudando assuntos que não serão cobrados na sua prova. Ou seja, vamos direcionar seu estudo

da melhor forma, para que você estude de modo totalmente focado e aumente as suas chances de aprovação!!

Nesta matéria você terá:

Você nunca estudou DIREITO PENAL para concursos? Não tem problema, este curso também te

atende. Nós veremos toda a teoria que você precisa e resolveremos centenas de exercícios para que você possa

praticar bastante cada aspecto estudado. Fique à vontade para me procurar no fórum de dúvidas sempre que

for necessário.

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Conheça ainda as minhas outras redes sociais para acompanhar de perto o meu trabalho:

[email protected]

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PRINCÍPIOS CONSTITUICIONAIS DO DIREITO PENAL.

Salve, meu amigo(a)!

Seja muito bem-vindo ao nosso estudo sobre os princípios constitucionais do Direito Penal.

Desse modo, vamos, inicialmente, ao estudo dos princípios relacionados com a missão fundamental do

direito penal.

Veja só:

A) PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DE BENS JURÍDICOS: são todos os dados que são pressu-

postos de um convívio pacífico entre os homens. Nenhuma criminalização é legítima se não busca evitar a lesão

ou perigo de lesão a um bem juridicamente determinável (impede que o Estado utilize o direito penal para pro-

teger bens jurídicos ilegítimos).

Que tal já irmos treinando para o seu exame oral?

Veja só essa pergunta de concurso: o que é espiritualização do bem jurídico?

Parte da doutrina critica a expansão inadequada e ineficaz da tutela penal, em razão dos novos bens jurí-

dicos de caráter coletivo e difuso. Argumenta-se que tais bens são formulados de modo vago e impreciso, en-

sejando a denominada desmaterialização (espiritualização) do bem jurídico, ou liquefação do bem jurídico.

B) PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA: o direito penal só deve ser aplicado quando estritamente

necessário, mantendo-se subsidiário, isto é, sua intervenção fica condicionada ao fracasso das demais esferas

de controle e fragmentário, isto é, observa somente os casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem

jurídico tutelado.

O princípio da insignificância é desdobramento da subsidiariedade ou da fragmentariedade?

Da fragmentariedade!

Vale ressaltar que, de acordo com os Tribunais Superiores, os vetores para aplicação do princípio da in-

significância são os seguintes: mínima ofensividade da conduta do agente; nenhuma periculosidade social da

ação; reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; inexpressividade da lesão jurídica provocada. Con-

sequência: excluí a tipicidade material do fato. Não há crime. O fato é materialmente atípico. Nos crimes tri-

butários e previdenciários, aplica-se esse princípio quando o valor sonegado for de até 20mil reais (STJ e STF).

Por sua vez, esse princípio é aplicado no crime de furto, quando o valor subtraído for de até 10% do salário

mínimo. Por outro lado, o princípio da insignificância não incide no crime de roubo porque neste há emprego

de violência ou grave ameaça. O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a adm. pública (599,

STJ). Da mesma forma, conforme a súmula 589 do STJ, é inaplicável o princípio da insignificância nos crimes

praticados contra mulher no âmbito doméstico.

PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O FATO DO AGENTE:

A) PRINCÍPIO DA EXTERIORIZAÇÃO OU MATERIALIZAÇÃO DO FATO: significa que o Estado só pode

incriminar condutas humanas voluntárias, isto é, fatos. Ninguém pode ser punido por seus pensamentos, de-

sejos, meras cogitações ou estilo de vida. Não se admite o chamado direito penal do autor. Dessa forma, o

Brasil adotou o direito penal do fato, ou seja, apenas fatos e condutas podem ser punidos.

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Vale ressaltar, meu amigo(a), que o direito penal do autor é marcado pela punição de pessoas que não

tenham praticado nenhuma conduta. Por outro lado, no direito penal do fato, somente devem ser punidos fatos

causados pelo homem. Dessa forma, só devem ser incriminados fatos, mas na punição, o juiz considera as con-

dições pessoais do agente, conforme art. 59 do CP. Foi com base nesse princípio da exteriorização do fato, que

o art. 60 da LCP foi revogado, uma vez que se punia um estilo de vida e não um fato.

B) PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE OU LESIVIDADE: para que ocorra o delito, é imprescindível que

ocorra a efetiva lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico.

Pergunta de concurso: “Dr.(a), os crimes de perigo abstrato foram recepcionados pela CF/88? “

O perigo resultado da conduta é absolutamente presumido por lei.

Perigo concreto = o perigo resultado da conduta deve ser comprovado.

Para uma primeira corrente, o crime de perigo abstrato viola o princípio da ofensividade, não sendo re-

cepcionado pela CF/88. A segunda corrente prevalece – o crime de perigo abstrato é uma opção legítima do

legislador na tutela antecipada de bens jurídicos relevantes. O STF e o STJ adotam a segunda corrente, quando

decidiram ser crime a condução embriagada de veículo automotor sem mesmo gerar perigo concreto.

PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O AGENTE DO FATO:

A) PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PESSOAL: proíbe-se o castigo penal pelo fato de outrem. Não

há responsabilidade penal coletiva no direito penal brasileiro.

B) PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA: só tem sentido castigar fatos desejados ou previ-

síveis. Portanto, não existe responsabilidade penal objetiva, isto é, sem dolo ou culpa. Tanto nos crimes dolosos

quanto nos crimes culposos, a voluntariedade é imprescindível.

Pergunta de concurso: “Dr.(a), cite duas exceções em que se admite a responsabilidade penal objetiva em

nosso ordenamento penal?”

Embriaguez não acidental completa (no momento do crime não há dolo ou culpa, estes devem ser anali-

sados quando do momento em que o agente se embriagava) e Rixa qualificada (se ocorrer morte ou lesão grave

– porque todos respondem pela qualificadora, até mesmo a vítima).

C) PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE: o Estado só pode punir agente imputável com potencial consciência

da ilicitude, quando dele era exigível conduta diversa.

D) PRINCÍPIO DA IGUALDADE OU DA ISONOMIA: todos são iguais perante a lei. Atenção: a igualdade

é material e não formal, admitindo distinções justificadas. Estrangeiro em situação irregular no país: a 1ª turma

do STF concedeu HC em favor de cidadão Paraguaio em situação irregular no Brasil para substituir PPL por

PRD.

E) PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA: CF/88 – ninguém pode ser considerado culpado até

sentença penal condenatória transitada em julgado. Convenção americana de DH – art. 8º, §2º - todos devem

ser presumidos inocentes. STF – tem utilizado a expressão princípio da presunção de inocência como sinônimo

do princípio de não culpa, pois, a convenção pertence ao nosso ordenamento.

Deste princípio decorrem três conclusões, doutor(a):

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✓ 1ª – É cabível prisão provisória desde que imprescindível e fundamentada. A prisão preventiva é

a ultima ratio.

✓ 2ª – Cumpre a acusação o dever de demonstrar a responsabilidade do réu e não a este comprovar

sua inocência.

✓ 3ª – A condenação deve derivar da certeza do julgador (in dubio pro reo).

PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM A PENA:

A) PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DA PENA INDIGNA E PRINCÍPIO DA HUMANIZAÇÃO DAS PENAS:

ambos decorrem do princípio da dignidade da pessoa humana.

B) PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE: decorrente da individualização da pena. A pena deve ser pro-

porcional a gravidade da infração. Tal princípio proíbe o excesso. Busca evitar a hipertrofia da punição (garan-

tismo negativo). Proíbe a intervenção estatal insuficiente na busca por evitar a impunidade (garantismo posi-

tivo). P.ex. art. 319-A do CP – tal crime foi criado por muitos atentados eram praticados por comandos de dentro

das penitenciárias (pena medíocre – viola o princípio da proporcionalidade, pois é uma clara intervenção estatal

insuficiente, gera impunidade).

C) PRINCÍPIO DA PESSOALIDADE DA PENA: art. 5º, XLV – a pena não passa da pessoa condenado.

Pergunta de concurso? “Dr.(a), o princípio da pessoalidade da pena admite exceções?“

A pena do confisco pode ser estendida aos sucessores, conforme a exceção prevista na própria CF. Se-

gunda corrente: prevalece – o princípio da pessoalidade é absoluto, não admite exceções, pois o confisco não

é pena, mas efeito da condenação. O art. 5º, §3º da CADH, deixa claro que tal princípio é absoluto => a pena

não pode passar da pessoa do delinquente.

D) PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO BIS IN IDEM: tal princípio tem três significados:

✓ 1º - processual: ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo crime.

✓ 2º - material: ninguém pode ser condenado pela segunda vez em razão do mesmo fato.

✓ 3º - execução: ninguém pode ser executado duas vezes por condenações relacionadas ao mesmo

fato. Para a doutrina, trata-se de um princípio constitucional implícito na CF. Porém, está ex-

presso no art.20 do Estatuto de Roma: ne bis in idem.

Desse modo, meu amigo(a), encerramos o estudo dos princípios constitucionais do direito penal.

Aguardo você no próximo tópico.

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INTRODUÇÃO.

Olá, meu amigo(a)!

Antes de adentrarmos em nosso conteúdo propriamente dito, é necessário que façamos uma breve in-

trodução sobre a localização do Direito Penal para o ramo da ciência do Direito.

Para isso, cito uma breve passagem de Roberto Lyra, citando o maior penalista do século XIX, Tobias

Barreto:

“O Direito Penal é o rosto do Direito, no qual se manifesta toda a individualidade de um povo, seu pensar

e seu sentir, seu coração e suas paixões, sua cultura e sua rudeza. Nele se espelha a sua alma. O Direito

Penal dos Povos é um pedaço da história da humanidade”. 1(p.37)

Outra passagem importante é do grande professor André Estefam2:

“Dentre os ramos jurídicos, o Penal traduz, em toda sua expressão, as virtudes e vicissitudes de um

povo. Nele se expõem os valores culturais apontados como fundamentais para determinada sociedade

(como a vida humana, o patrimônio, a saúde pública, a proteção do meio ambiente e da ordem econô-

mica), o estágio civilizatório de uma nação (representado em princípios fundamentais acolhidos ou não

por determinado modelo de Direito Penal) e, em algumas vezes, até mesmo a defasagem entre o que

está prescrito e o que realmente acontece no cotidiano”. (ESTEFAM, 2017, p.33).

Desse modo, meu amigo(a), o Direito Penal é o ramo do Direito que está encarregado de regular os fatos

humanos perturbadores da vida em sociedade, de modo a assegurar, de forma efetiva, a aplicação da norma

penal quando houver alguma violação a um bem jurídico por ela tutelado.

Dados esses breves comentários, não menos importante, é o caráter subsidiário do Direito Penal. Em ou-

tras palavras, meu amigo(a), o Direito Penal é considerado a ultima ratio (última razão) do ordenamento jurí-

dico, somente vindo a ser a aplicado quando outro ramo do direito (constitucional, administrativo, civil, tribu-

tário e etc) não derem conta da situação ocorrida no mundo fenomênico.

Isso quer dizer que: ocorrida uma situação no mundo da vida e que tenha relevância para o Direito, será

necessário verificar se tal ocorrido pode ser solucionado à luz de outro ramo do direito (conforme acima men-

cionado). Caso nenhum ramo tenha o poder para sanar o conflito, será necessário que o Direito Penal interve-

nha para solucionar o imbróglio. Portanto, isso é o que caracteriza o Direito Penal como a ultima ratio do direito.

1 LYRA, Roberto. Direito Penal científico: criminologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Konfino, 1977. 2 ESTEFAM, André. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – 6.ed. – São Paulo : Saraiva, 2017.

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O Direito Penal também se reveste de alguns conceitos fundamentais e, dentro deste, vamos tratar es-

pecialmente acerca das suas fontes.

As fontes do direito penal se dividem em:

Fontes materiais: indicam o órgão encarregado da produção do Direito Penal. No ordenamento jurídico

brasileiro somete a União possui competência legislativa para criar normas penais (art. 22, I, da CF).

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do tra-

balho

Fontes formais: as fontes formais se dividem em imediatas e mediatas.

A partir dessa subdivisão, somente a lei pode servir como fonte primária e imediata do direito penal,

tendo em vista o princípio da legalidade (art. 5º, XXXIX e art. 1º, do CP). Entretanto, admite-se, também, de

forma secundária ou mediata como fonte do direito penal , os costumes e os princípios gerais de direito. Porém,

tais fontes encontram limitação no princípio da legalidade, razão pela qual, não se admite que o emprego dos

costumes e dos princípios gerais surjam crimes não previsto em lei ou, ainda, a agravamento da punibilidade

de delitos já existentes. Em resumo, caríssimo(a), os princípios gerais do direito e os costumes somente incidem

no âmbito da licitude penal.

Assim, meu amigo(a), encerramos nossos breves comentários introdutórios sobre o Direito Penal.

Aguardo você no próximo capítulo.

Fontes Materiais

Fontes Formais

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APLICAÇÃO DA LEI PENAL

PRINCÍPIOS APLICÁVEIS.

Princípio da legalidade.

Então, meu amigo(a), para darmos início ao nosso estudo, precisamos nos debruçar sobre os princípios

que direcionam a interpretação e aplicação de todas as disposições do direito penal.

A nossa Constituição Federal, no seu art. 5º, inciso XXXIX, define o princípio da legalidade:

Art. 5º

[...]

XXXIX – “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”.

Assim, a primeira informação que devemos guardar e que será importantíssima para o seu concurso é que

não há possibilidade de existir um crime sem que haja uma lei anterior que o regule. Ocorre que o artigo 1º do

Código Penal repetiu o comando constitucional da seguinte maneira:

Anterioridade da Lei

Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.

Assim, caríssimo, o princípio da legalidade tem o objetivo de garantir segurança jurídica a todos (eu, você,

seus familiares e quem você possa imaginar nesse momento) que estão submetidos às leis penais. Ou seja, a

segurança jurídica diz respeito ao encaixe perfeito de uma conduta realizada no mundo exterior (fato) e o tipo

penal (artigo do Código Penal que incrimina essa conduta realizada no mundo exterior – fato).

Pode ser que esteja um pouco confuso nesse momento, mas para deixar mais clara suas ideias, permita-

me uma pergunta: “Você já assistiu a série ‘la casa de papel’?” Se ainda não assistiu, aqui vai um spoiler: os per-

sonagens possuem nomes de cidades. Agora, se você já assistiu e sabe disso, permita-te apresentar nosso per-

sonagem “Austin” que será romantizado durante todo o nosso estudo para facilitar seu aprendizado.

Imagine a seguinte situação: Austin desfere dois tiros em Dallas e esse, por sua vez, acaba morrendo por

conta dos disparos. A atitude de Austin em desferir dois tiros em Dallas e matá-lo, é o nosso fato (realização de

uma conduta no mundo exterior). Dessa forma, Austin responderá pelo crime de homicídio, do art. 1213, do

3 Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

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Código Penal (que protege a vida), por sua conduta (matar alguém), se amoldar perfeitamente a redação do

referido artigo.

Vamos ver como isso caiu em concurso?

Ano: 2019 Prova: PC-ES - Escrivão de Polícia

O art. 1º do Código Penal afirma que não há crime sem lei anterior que o defina e que não há pena sem prévia

cominação legal. O mencionado dispositivo corresponde a qual princípio de direito penal?

A) Princípio da legalidade.

B) Princípio da proibição de pena indigna.

C) Princípio da proporcionalidade

D) Princípio da igualdade.

E) Princípio da austeridade.

Gabarito: A – Conforme estudamos anteriormente, o art. 1º do CP reproduziu a definição do princípio da lega-

lidade que nos foi apresentada pela Constituição Federal.

Ano: 2008 Banca: VUNESP Órgão: TJ-MT Provas: VUNESP - 2008 - TJ-MT - Técnico Judiciário

É correto afirmar que o princípio da legalidade

A) está previsto no código de processo penal.

B) pode ser entendido como in dubio pro reo.

C) é uma garantia de que à lei compete fixar os crimes e suas penas.

D) não tem previsão legal.

E) consiste na idéia de ninguém poder ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime.

Gabarito: C – Conforme estudamos anteriormente, o art. 5º, XXXIX, da CF, insculpiu o princípio da legalidade

afirmando que “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”.

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Ano: 2014 Banca: FCC Órgão: TRF - 3ª REGIÃO Prova: FCC - 2014 - TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área

Judiciária

Dentre as ideias estruturantes ou princípios abaixo, todos especialmente importantes ao direito penal brasi-

leiro, NÃO tem expressa e literal disposição constitucional o da

A) legalidade.

B) proporcionalidade.

C) individualização.

D) pessoalidade.

E) dignidade humana.

Gabarito – “B” – Sabemos que o princípio da legalidade está elencado no art. 5º, XXXIX, da CF, razão pela qual,

o gabarito não pode ser a letra “a”. Dessa forma, procederemos através da exclusão das demais alternativas e

a única que não possui previsão expressa na CF é alternativa “b” que trata do princípio da proporcionalidade.

Individualização – art. 5º, XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade;

b) perda de bens;

c) multa;

d) prestação social alternativa;

e) suspensão ou interdição de direitos;

Pessoalidade – art. 5º , XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar

o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles

executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

Dignidade da pessoa humana – art. 1º,III - a dignidade da pessoa humana;

Agora que já verificamos como esse assunto é cobrado em prova, vamos adiante com nosso estudo!!

“Professor, você falou que o Código Penal repetiu as disposições do art. 5º, inciso XXXIX, da Constituição que

define o princípio da legalidade. Mas e agora, porque o título do art. 1º do CP define o princípio como “anterioridade

da lei”?

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Ótima pergunta, meu caro!

Para exemplificar a adoção dessa nomenclatura pelo Código Penal, ficará mais fácil a partir do esquema

abaixo:

Ao analisarmos esse esquema, notamos que o princípio da legalidade se subdivide em: anterioridade, ta-

xatividade e reserva legal. Saber essas subdivisões é muito importante para o seu estudo, mas não se preo-

cupe, pois cada um deles será objeto de estudo a partir de agora.

Reserva legal.

Meu amigo, a reserva legal é um dos desdobramentos do princípio da legalidade e representa a exi-

gência de lei no sentido formal para a criação de crimes no mundo jurídico, razão pela qual, costumes, por

exemplo, não podem ser utilizados como fontes de criação ou agravamento de infrações penais.

Assim, para que possamos falar em crimes no ordenamento jurídico, somente leis complementares

ou leis ordinárias são aptas a criminalizarem condutas, ou seja, a tornar determinado fato do mundo real, uma

conduta criminosa.

Vamos a mais um exemplo!

Você provavelmente deve ter tomado conhecimento através da mídia acerca de criminosos que eja-

culavam em mulheres no interior dos transportes públicos no Estado de São Paulo. Ocorre que, no período em

que essas práticas (infelizmente) se tornaram corriqueiras, não havia no Código Penal nenhuma norma que

incriminasse o indivíduo por tal fato, mas apenas a contravenção penal de perturbação da tranquilidade.

Dessa forma, o legislador ciente da gravidade dos fatos, editou a Lei n.º 13.718/18, criando o crime de

importunação sexual, previsto no art. 215-A do Código Penal. Assim, passou-se a criminalizar, através de lei em

sentido formal, um fato que acontecia no mundo real e que não havia previsão legal para punição.

“Mas professor, quem são os encarregados de criarem essas leis penais? ”

Meu jovem, a lei penal deve ser exclusivamente federal, por força do art. 22, I, da Constituição Federal.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;

Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2013 - PRF - Policial Rodoviário Federal

Com relação aos princípios, institutos e dispositivos da parte geral do Código Penal (CP), julgue os itens seguin-

tes.

Princípio da Legalidade

Reserva Legal

Anterioridade

Taxatividade

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O princípio da legalidade é parâmetro fixador do conteúdo das normas penais incriminadoras, ou seja, os tipos

penais de tal natureza somente podem ser criados por meio de lei em sentido estrito.

( ) Certo

( ) Errado

Gabarito – CERTO – Conforme estudamos anteriormente, os tipos penais somente podem ser criados através

de lei em sentido estrito (lei complementar ou ordinária de competência privativa da União, por força do art.

22, I, CF).

Quero que você fique atento a outra situação, meu jovem!

Agora eu lhe faço uma pergunta: Você acha que é possível Medida Provisória regular matéria que en-

volve direito penal? Responda de uma maneira franca para você mesmo! Respondeu? Pois bem, a resposta não

é positiva e nem negativa nesse momento. Agora a resposta é DEPENDE! Explico-lhes!

A medida provisória, conforme o artigo 62 da Constituição Federal é um ato do Presidente da Repú-

blica que em situação de relevância e urgência poderá editar MP, com força de lei, devendo submetê-la de

imediato ao Congresso Nacional. Entretanto, o parágrafo §1º, alínea “b”, do art. 62 da Constituição Federal diz

que é vedada a edição de medida provisória sobre matéria relativa a direito penal.

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com

força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional

§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:

I - relativa a:

b) direito penal, processual penal e processual civil;

“Mas professor, se o art. 62, §1º, I, “b”, da Constituição Federal diz textualmente que é vedado o uso de

MP para regular direito penal, como a resposta pode ser DEPENDE?”

Certo, meu amigo(a), pelo texto da Constituição você tem razão, é vedado o uso de MP para regular

matéria penal, como, por exemplo, criar um crime ou, até mesmo, agravar a pena já presente em um crime

regulado pelo Código Penal.

Entretanto, é possível Medida Provisória regular matéria BENÉFICA em direito penal, e isso já acon-

teceu no Brasil, com o art. 32 do Estatuto do Desarmamento (Lei nº. 10.826/03) que trata o instituto da entrega

espontânea de arma de fogo, tornando isso uma causa extintiva da punibilidade.

Então, meu amigo, quando você for questionado acerca do uso de MP em direito penal, a resposta é

depende, pois caso seja para piorar a situação do agente criminoso, é vedado, entretanto, se for para beneficiar,

é possível o seu uso.

Agora, veja como isso foi cobrado em concurso!

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Direito Penal para Oficial PM CE

Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal

O art. 1.º do Código Penal brasileiro dispõe que “não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem

prévia cominação legal”.

Considerando esse dispositivo legal, bem como os princípios e as repercussões jurídicas dele decorrentes, jul-

gue o item que se segue.

O presidente da República, em caso de extrema relevância e urgência, pode editar medida provisória para agra-

var a pena de determinado crime, desde que a aplicação da pena agravada ocorra somente após a aprovação

da medida pelo Congresso Nacional.

( ) Certo

( ) Errado

Gabarito – ERRADO – pois, conforme vimos anteriormente, é vedado o uso de Medida Provisória em direito

penal para criar crimes ou AGRAVAR a pena de determinado crime. Então, para ficar mais fácil, tenha sempre

em mente a seguinte premissa: se a MP vier a piorar a situação, é vedado o seu uso em direito penal.

Superada essa primeira parte, outro ponto importante que você precisa ter o pleno conhecimento é

o instituto da analogia.

Analogia.

O instituto da analogia é um método de integração do ordenamento jurídico.

Em outras palavras, meu caro, a analogia atua no direito penal como um “tapa buracos”, ou seja, con-

siste em aplicar a um caso não contemplado de modo direto ou específico por uma norma jurídica, uma norma

prevista para uma hipótese distinta, mas semelhante ao caso não contemplado. Isso é o método de integração!

Vou lhes dar um exemplo:

Imagine que nosso personagem Austin praticou o crime de dano do art. 163, p.ú, do Código Penal

(figura do dano qualificado) – até dezembro de 2017 figurava como qualificadora destruir o patrimônio da

União, Estados e Município. Mas e agora, se o dano causado por Austin fosse contra o patrimônio do Distrito

Federal, seria um crime de dano simples ou qualificado? O STJ disse várias vezes que o crime que fosse come-

tido contra o patrimônio do DF seria simples, pois a lacuna não poderia ser suprida por meio da analogia, o que

geraria o que chamamos de analogia “in malan partem” (em prejuízo do réu – que é proibido pelo direito penal).

Entretanto, meu caro estudante, para suprir essa lacuna e não gerar analogia in malan partem o legislador in-

cluiu, através de lei em sentido formal (Lei n.º 13.531/17), o Distrito Federal no rol do p.ú, do art. 163 do CP,

razão pela qual, se nosso personagem Austin cometesse um dano qualificado contra o patrimônio do DF, res-

ponderia pelo crime na sua forma qualificada.

Dano

Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:

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Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Dano qualificado

Parágrafo único - Se o crime é cometido:

III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação

pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviços públicos; (Re-

dação dada pela Lei nº 13.531, de 2017)

Dessa forma, fechamos nosso estudo sobre analogia no direito penal. Porém, antes de avançarmos, vou

deixar-lhes essa tabela diferenciando a analogia, interpretação extensiva e interpretação analógica. Veja só

Interpretação extensiva Interpretação analógica Analogia

É forma de interpretação É forma de interpretação É forma de integração do di-

reito

Existe norma para o caso

concreto

Existe norma para o caso

concreto

Não existe norma para o

caso concreto

Amplia-se o alcance da pa-

lavra (não importa no surgi-

mento de uma nova

norma)

Utilizam-se exemplos segui-

dos de uma fórmula gené-

rica para alcançar outras hi-

póteses

Cria-se nova norma a partir

de outra (analogia legis) ou

do todo do ordenamento ju-

rídico (analogia iuris)

Prevalece ser possível sua

aplicação no direito penal

in bonam ou in malam par-

tem.

É possível sua aplicação no

Direito Penal in bonam ou in

malam parte.

É possível sua aplicação no

Direito penal somente in bo-

nam partem.

Ex: a expressão “arma” no

crime de roubo majorado

Ex: homicídio mediante

paga ou promessa de re-

compensa, ou por outro mo-

tivo torpe (art. 121, §2º, I, III

e IV, CP

Ex: isenção de pena, prevista

nos crimes contra o patrimô-

nio, para o cônjuge e, analo-

gicamente, para o compa-

nheiro.

Tudo certo?!

Então, vamos em frente!!

Anterioridade.

Meu amigo, minha amiga!

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A anterioridade é mais um dos desdobramentos do princípio da legalidade. Sendo assim, para que possamos

punir alguém pela prática de um crime, a lei penal deve ser anterior à conduta do agente. Em outras palavras,

a lei deve estar vigendo no ordenamento jurídico antes da prática da conduta pelo criminoso.

Que tal recordarmos o exemplo dado anteriormente acerca da importunação sexual?

Dessa forma, ficará fácil de você compreender!

Você provavelmente deve ter tomado conhecimento através da mídia acerca de criminosos que ejacula-

vam em mulheres no interior dos transportes públicos no Estado de São Paulo. Ocorre que, no período em que

essas práticas (infelizmente) se tornaram corriqueiras, não havia no Código Penal nenhuma norma que incrimi-

nasse o indivíduo por tal fato, mas apenas a contravenção penal de perturbação da tranquilidade.

Dessa forma, o legislador ciente da gravidade dos fatos, editou a Lei n.º 13.718/18, criando o crime de im-

portunação sexual, previsto no art. 215-A do Código Penal. Assim, passou-se a criminalizar, através de lei em

sentido formal, um fato que acontecia no mundo real e que não havia anterior previsão legal para punição.

Agora, preste atenção meu amigo(a)!

Ao analisarmos o exemplo acima, com base no que ensinei a vocês sobre o significado do princípio da

anterioridade (a lei penal deve ser anterior à conduta do agente), podemos ter a certeza de que o nosso crimi-

noso não poderia ter sido responsabilizado pelo crime de importunação sexual caso tivesse ejaculado nas suas

vítimas antes da entrada em vigor da Lei nº. 13,718/18, pois, nesse caso, estamos diante da irretroatividade da

lei penal (o que é regra no direito penal).

Entretanto, meu caro, é bom que você saiba que é possível a retroatividade da lei penal benéfica (e isso

será objeto de estudo logo adiante).

Assim, para que possamos fixar de forma bem clara o que acabamos de aprender, vamos ver como isso

vem sendo cobrado nos concursos!

Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Po-

lícia

A impossibilidade da lei penal nova mais gravosa ser aplicada em caso ocorrido anteriormente à sua vigência é

chamada de

A) princípio da ultra atividade da lei nova.

B) princípio da legalidade.

C) princípio da irretroatividade.

D) princípio da normalidade.

E) princípio da adequação.

Gabarito: C - Trata-se do princípio da irretroatividade, pois, lendo o enunciado da questão, podemos trans-

porta-lo para o exemplo mencionado anteriormente acerca do importunador sexual, que não poderá ser punido

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pelos crimes praticados antes da entrada em vigor da Lei n.º 13.718/18, que criou o crime do art. 215-A do,

Código Penal.

Assim, para encerrarmos os desdobramentos do princípio da legalidade, falta apenas estudarmos a figura

da taxatividade. Vamos em frente?!!

Taxatividade.

Por taxatividade, meus caros, temos a exigência de lei penal com conteúdo (tanto no preceito primário –

tópico da lei penal que descreve a conduta – figura típica) e o preceito secundário (tópico da lei que comina a

pena – reclusão de tanto a tanto) determinado.

O ordenamento jurídico penal veda o emprego de tipos penais vagos (cujo conteúdo é indeterminado).

“Arpini, agora fiquei um pouco confuso. Poderia me dar um exemplo de como isso funciona? ”

Mas é claro! É para isso que estou aqui. Quero facilitar e, ao mesmo tempo, potencializar seu estudo!

Vou dissecar um tipo penal para que você visualize o que é um tipo penal com conteúdo determinado e

logo em seguida um tipo penal de conteúdo vago/indeterminado.

Homicídio simples (isso é o nome do crime – você pode encontrar em prova a expressão nomem iuris)

Art. 121. Matar alguém (esse é nosso preceito primário, que possui conteúdo determinado, que se verifica através

do verbo “matar”)

Pena - reclusão, de seis a vinte anos (esse é nosso preceito secundário, que possui conteúdo determinado, que

se verifica através dos parâmetros numéricos abstratos – pena de 6 a 20 anos).

Isso que acabei de ensinar você, meu caro aluno(a) você precisa dominar, pois quando lhe for questionado

algo sobre o preceito primário ou preceito secundário, você já terá o retrato da figura criminosa em sua mente

e saberá onde encontrar a resposta para seu teste.

Agora, como prometido, disse que mostraria um exemplo do que é vedado pelo direito penal, para que

você não se confunda na hora da prova.

Se retornarmos ao período da 2ª Guerra Mundial, a Alemanha Nazista, em seu Código Penal, tinha a pre-

visão da seguinte figura criminosa:

“Praticar qualquer atentado ao sentimento sadio do povo alemão”. No preceito primário, é notória a ausência de

conteúdo de determinado. Fica o questionamento, meu amigo (a), o que poderia ser considerado atentado

para ferir o sentimento sadio do povo alemão?

“Pena – a ser fixada segundo o prudente arbítrio do juiz criminal”. Aqui, também, não há conteúdo determinado.

Que tipos de penas poderiam ser aplicada pelo juiz criminal? Pena de morte, prisão perpétua, trabalhos força-

dos, banimento? Ou seja, o preceito secundário, assim como o preceito primário são completamente vagos.

Então, meus caros, é esse tipo de situação que se apresentava no Código Penal da Alemanha nazista que

o legislador brasileiro quer evitar quando nos presenteia com o desdobramento da taxatividade.

Entretanto, meu amigo, você não deve confundir tipos penais vagos (que é o exemplo do código penal

nazista) com crime vago.

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O crime vago é aquele em que o sujeito passivo (a vítima do crime – titular do bem jurídico protegido) é

um ente sem personalidade jurídica, por exemplo: o crime de tráfico de drogas, previsto no artigo 33 da Lei

11.343/06, tem como sujeito passivo, a sociedade, ou seja, um ente sem personalidade, diferentemente do que

acontece, no crime de homicídio, em que a vítima é uma pessoa individualizada.

Não quero que você confunda crime vago com tipos penais abertos, então, para isso, vamos a diferenci-

ação!

CRIME VAGO TIPOS PENAIS ABERTOS

O sujeito passivo (a vítima do crime – titular do bem

jurídico protegido) é um ente sem personalidade ju-

rídica

É o que possuí conteúdo amplo, porém, determi-

nado. P.ex. o homicídio culposo do art. 121, §3º, do

CP, razão pela qual, a conduta culposa (negligência,

imprudência e imperícia) poderá se dar de diversas

formas.

Tudo entendimento, meu caro aluno? Aposto que sim!

Dessa forma, vamos dar seguimento ao nosso estudo, adentrando ao segundo ponto da nossa matéria.

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DESDOBRAMENTOS MATERIAIS

LIMITAÇÕES AO CONTEÚDO DOS TIPOS PENAIS.

Princípio da Insignificância.

Dando seguimento ao nosso estudo, ainda dentro do tema da aplicação da lei penal, vamos iniciar a abor-

dagem acerca das limitações ao conteúdo dos tipos penais através de outros princípios presentes no direito

penal.

O mais conhecido deles, e afirmo sem nenhuma dúvida, o que mais DESPENCA em concurso é o princípio

da insignificância.

Então, mãos à obra!

Você deve ter em mente que condutas (fatos criminosos) que produzam lesões insignificantes aos bens

jurídicos (vida, patrimônio, honra e etc.) são consideradas atípicas (ou seja, não são consideradas crimes).

Sendo assim, quando for aplicado o princípio da insignificância há a presença da atipicidade material (que será

objeto de estudo quando tratarmos do conceito analítico de crime).

Entretanto, para que possamos verificar no caso concreto a incidência (ou não) do princípio da insignifi-

cância, o Supremo Tribunal Federal nos presenteou com os quatro vetores abaixo:

Ausência de Periculosidade Social

Reduzido grau de Reprovabilidade do fato

Mínima Ofensividade da conduta

Ínfimo grau de Lesão Jurídica.

Para que fique mais fácil de você memorizar esses quatro vetores, vou reproduzir o mnemônico “PROL”

de autoria do meu colega André Estefam.

Além do “PROL”, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) possui duas súmulas acerca do tema. Para que você

se familiarize com as nomenclaturas, meu caro(a), súmulas são o entendimento consolidado do tribunal depois

de ter enfrentado inúmeros casos que versaram sobre determinado tema. Então, dessa forma, o STJ, ao se

debruçar inúmeras vezes sobre casos envolvendo o princípio da insignificância, editou três súmulas, quais se-

jam:

STJ, 589 – Não cabe o princípio da insignificância em infrações praticadas mediante violência doméstica ou

familiar contra a mulher.

STJ, 599 – Não cabe o princípio da insignificância em crimes contra a administração pública.

STJ, 606 – Não cabe a insignificância no crime de transmissão clandestina de sinal de internet via radiofrequên-

cia.

Insignificância nos crimes matérias contra a ordem tributária: Se o valor do tributo acessório não atinge

a cifra de R$20.000,00 (entendimento do STF), não se admite a propositura da ação penal.

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Aposto que você lembra do Austin. Então, vamos colocá-lo em mais uma situação criminosa para que

você entenda o que significa a insignificância.

Imagine a situação em que Austin se dirige até o interior de um supermercado e subtrai de uma das pra-

teleiras um pacote de chicletes avaliado em R$5,00 (cinco reais). Ao verificarmos a conduta de Austin verifica-

mos que ela se amolda ao crime de furto do art. 155, do Código Penal4.

Superado esse primeiro momento, precisamos verificar no caso concreto a incidência do “PROL”.

Dessa forma, não há dúvida de que na subtração do pacote de chiclete está ausente a periculosidade so-

cial de Austin, há um reduzido grau de reprovabilidade do fato, presente também a mínima ofensividade da

conduta e, por fim o ínfimo grau de lesão jurídica, razão pela qual, o fato é materialmente atípico, fazendo

incidir o princípio da insignificância.

Olhe como isso está caindo em concurso, caríssimo!

Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: TRT - 8ª Região (PA e AP) Prova: CESPE - 2016 - TRT - 8ª Região (PA e AP) -

Analista Judiciário - Área Judiciária

Assinale a opção correta, considerando a lei e a jurisprudência dos tribunais superiores.

A) A conduta de vender ou expor à venda CDs ou DVDs contendo gravações de músicas, filmes ou shows não

configura crime de violação de direito autoral, por ser prática amplamente tolerada e estimulada pela procura

dos consumidores desses produtos.

B) Na aplicação dos princípios da insignificância e da lesividade, as condutas que produzam um grau mínimo de

resultado lesivo devem ser desconsideradas como delitos e, portanto, não ensejam a aplicação de sanções pe-

nais aos seus agentes.

C) O uso de revólver de brinquedo no crime de roubo justifica a incidência da majorante prevista no Código

Penal, por intimidar a vítima e desestimular sua reação.

D) A idade da vítima é um dado irrelevante na dosimetria da pena do crime de homicídio doloso.

4 Furto Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

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E) Para a configuração dos crimes contra a honra, exige-se somente o dolo genérico, desconsiderando-se a

existência de intenção, por parte do agente, de ofender a honra da vítima.

Gabarito – B – Conforme acabamos de estudar, devemos verificar na análise do caso concreto se há ou não a

presença dos elementos que compõe o “PROL” e, caso estejam presentes os requisitos, estamos diante da apli-

cação do princípio da insignificância, que considera o fato materialmente atípico, não ensejando a aplicação de

sanções penais ao criminoso.

Ano: 2018 Banca: CESPE

Tendo como referência a jurisprudência sumulada dos tribunais superiores, julgue o item a seguir, acerca de cri-

mes, penas, imputabilidade penal, aplicação da lei penal e institutos.

É possível a aplicação do princípio da insignificância nos crimes contra a administração pública, desde que o pre-

juízo seja em valor inferior a um salário mínimo.

( ) Certo

( ) Errado

Gabarito – Errado – pois, como estudamos anteriormente, o STJ já tem entendimento sumulado sobre a ma-

téria (589) vedando a aplicação do princípio da insignificância em crimes contra a administração pública.

Alteridade

Outra limitação ao conteúdo dos tipos penais é o princípio da alteridade e, por esse princípio, o direito

penal só deve punir condutas que atingem bens jurídicos alheios. Ou seja, meu amigo(a), em sentido contrário,

por exemplo, a autolesão é fato atípico, porque atinge bem jurídico do indivíduo que se auto lesionou.

Suponhamos que Austin munido de uma faca, se lesionasse propositalmente em seu braço, cortando-o

de forma superficial, causando em si mesmo, uma lesão corporal de natureza leve. Nesse caso, estaremos di-

ante a atipicidade do fato, por conta do princípio da alteridade, pois não houve lesão a um bem jurídico alheio

capaz de gerar o crime de lesão corporal do art. 129 do Código Penal.

Sendo assim, vamos encerrar nosso estudo acerca das limitações ao conteúdo dos tipos penais com a

análise do princípio da adequação social.

Adequação social.

Por adequação social, verificamos que condutas socialmente adequadas não podem ser objeto de crimi-

nalização.

As vezes o princípio é invocado em casos que haja uma leniência social.

“Não entendi, Professor! Poderia exemplificar?”

Vamos lá!

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Imagine que Austin tenha sido presenteado por Deus com o nascimento de sua filha, fruto da sua união

com Houston. Logo em seguida ao nascimento de sua filha, Houston a leva até uma drogaria perto de sua resi-

dência para furar as orelhas da menina com a finalidade de colocar brincos. Assim, em um primeiro momento,

não temos dúvidas de que a conduta de “furar as orelhas” é causadora de uma lesão corporal. Entretanto, por

conta de tal conduta ser socialmente adequada, o fato é atípico, ou seja, não há crime para o fato ora descrito.

Olhe como isso foi cobrado em concurso!

Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: TRE-RJ Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Analista Judiciário - Área Judiciária

A respeito de institutos diversos de direito penal, julgue o item a seguir.

A venda de cópias não autorizadas de CDs e DVDs — cópias piratas — por vendedores ambulantes que não

possuam outra renda além da advinda dessa atividade, apesar de ser conduta tipificada, não possui, segundo a

jurisprudência do STJ, tipicidade material, aplicando-se ao caso o princípio da adequação social.

( ) Certo

( )Errado

Resolução:

a) – ERRADO. Os tribunais superiores já foram instados a se manifestarem sobre o tema e rejeitaram a tese de

considerar socialmente adequada a conduta de vender CDs e DVDs piratas, razão pela qual, tal conduta é con-

siderada criminosa.

Princípio da ofensividade.

Para o princípio da ofensividade, não há crime sem lesão efetiva ou ameaça concreta a um bem jurídico

tutelado.

Segundo esse princípio, os crimes de perigo abstrato (aqueles que o tipo penal descreve determinada

conduta sem exigir ameaça concreta ao bem jurídico tutelado) seriam inconstitucionais.

Porém, esse não é o entendimento que prevalece nos Tribunais Superiores (STJ e STF) a respeito do tema,

razão pela qual, ambos os Tribunais consideram constitucionais os crimes de perigo abstrato.

Um exemplo de crime de perigo abstrato é o porte de arma de fogo do artigo 14 do Estatuto do Desar-

mamento, onde o legislador resolveu incutir o potencial lesivo no próprio tipo penal, sem que da conduta de

portar a arma de fogo causa alguma lesão ou perigo de lesão a terceiros.

Princípio da intervenção mínima.

A intervenção mínima se traduz no instituto da ultima ratio que estudamos na parte introdutória da nossa

aula, razão pela qual, só se deve recorrer ao Direito Penal em situações extremas. Desse modo, deve-se deixar

aos demais ramos do Direito a disciplina das relações jurídicas.

Veja o exemplo do Professor Estefam para ilustrar o referido princípio:

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“A subtração de um pacote de balas em um supermercado, já punida com a expulsão do cliente do es-

tabelecimento e com a cobrança do valor do produto ou sua devolução, já foi resolvida por outros ramos

do Direito, de modo que não necessitaria da interferência do Direito Penal”.

Entendido?!

Vamos adiante!

Princípio do ne bis in idem.

Para este princípio, é vedada a dupla incriminação, razão pela qual, nenhuma pessoa pode ser processada

ou condenada mais de uma vez pelo mesmo fato.

Outro aspecto intimamente ligado o princípio consiste na proibição de que ao mesmo fato concreto seja

encaixado mais de uma norma penal.

Veja o exemplo do Professor André Estefam:

“Assim, por exemplo, se o agente desfere diversos golpes de faca contra uma pessoa, num só contexto,

visando matá-la, objetivo atingido depois do trigésimo golpe, não há vinte e nove crimes de lesão cor-

poral e um homicídio, mas tão somente um crime de homicídio” (ESTEFAM, 2017, p.153).

Vamos adiante, meu amigo(a)!

Princípio da individualização da pena.

O princípio da individualização da penal vem insculpido no artigo 5º, inciso XLVI, da CF/88:

Art. 5º. [...]

XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade;

b) perda de bens;

c) multa;

d) prestação social alternativa;

e) suspensão ou interdição de direitos;

Desse modo, o princípio da individualização da pena deve ser observado em várias vertentes.

Nesse sentido é a lição do professor André Estefam:

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“O princípio deve ser observado, em primeiro lugar, pelo legislador, a quem se proíbe a construção de

tipos penais que retirem do magistrado a possibilidade de estabelecer uma pena que leve em conta a

natureza particular do crime cometido, com todas as suas características relevantes, bem como os as-

pectos ligados ao agente que, de algum modo, guardem relação com o fato praticado. Depois da indivi-

dualização legislativa, há a individualização judicial, que se reflete justamente no intrincado e rico pro-

cedimento de aplicação da pena.[...]. Sob esse prisma, é vedado ao julgador impor uma sanção padro-

nizada ou mecanizada, olvidando os aspectos únicos da infração cometida. Há, ainda, a individualiza-

ção executiva, a ser observada durante a execução da pena, com vistas à ressocialização do sentenci-

ado. (ESTEFAM, 2017, p. 394).

Certo, meu caro aluno! Superamos toda essa primeira parte sobre aplicação da lei penal, agora, vamos

dar início ao nosso segundo tema macro, mais precisamente o estudo da lei penal no tempo.

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LEI PENAL NO TEMPO

Introdução.

Dando início ao estudo do nosso segundo tema macro, meu amigo(a), nossa introdução parte do nasci-

mento da norma jurídica (quando ocorre sua entrada em vigor no ordenamento), a sua vida (é o período pela

qual ela permanece em vigência no ordenamento) e o seu óbito (momento em que é revogada e deixa de pro-

duzir efeitos no mundo jurídico).

Sendo assim, a partir do momento em que uma norma em vigor no ordenamento jurídico, o Estado (de-

tentor do direito de punir – jus puniendi) poderá exigir de todas as pessoas que se abstenham de praticar a con-

duta definida como criminosa.

A título de exemplo, quando entrou em vigor a Lei n.º 12.850/13, o Estado passou a ter o direito de exigir

de todos, que não pratiquem os comportamentos definidos como crimes de organizações criminosas (art. 2º

da Lei 12.850/13). Antes disso, não poderia exigir tal conduta das pessoas, visto que tal fato não era definido

como infração penal.

Os dispositivos legais que você precisa ter em mente para mapearmos o nosso estudo sobre lei penal no

tempo, são os artigos 2º a 4º do Código Penal e, também o art. 5º, XL da Constituição Federal:

Art. 5º [...]:

XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

Lei penal no tempo

Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude

dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.

Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores,

ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado – retroatividade penal benéfica.

Lei excepcional ou temporária

Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circuns-

tâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.

Tempo do crime

Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do

resultado.

Dessa forma, a lei penal poderá ser irretroativa (regra), retroativa (exceção) e também ultra ativa. Para

ficar mais fácil a visualização, preparei o esquema abaixo:

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Agora que você já sabe quais são os efeitos que a lei penal pode apresentar, vamos ver como esse conteúdo

está sendo cobrado em concurso:

Ano: 2017 Banca: FEPESE Órgão: PC-SC Prova: FEPESE - 2017 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil

É correto afirmar acerca dos princípios constitucionais do direito penal.

A) A fixação dos crimes e das respectivas penas não depende de lei formal.

B) Para beneficiar o réu, a lei penal poderá ser aplicada retroativamente.

C) A lei não poderá deixar de incriminar uma conduta já tipificada por legislação anterior.

D) As penas cruéis poderão ser aplicadas caso o delito cause grande comoção social.

E) Na impossibilidade de cumprimento da pena pelo réu, os seus familiares poderão ter a liberdade restringida.

Gabarito – B – A lei penal, conforme o art. 2º, p.ú, do CP, poderá retroagir para beneficiar o réu.

Então, meu aluno(a), a partir de agora vamos estudar cada uma dos efeitos da lei penal.

Retroatividade.

Conforme acabamos de ver na questão anterior, o Código Penal, em seu artigo 2º, p.ú., repetiu o co-

mando constitucional do art. 5º, XL e afirmou categoricamente que a lei penal só poderá retroagir para benefi-

ciar o réu.

“Tudo bem, Arpini! Mas e agora, como fica isso no plano prático?”

Então vamos lá! Vou exemplificar para você.

Imaginemos que Austin tenha cometido o crime de furto, previsto no art. 155, caput, do Código Penal.

Conforme estudamos no primeiro tema macro do nosso PDF de estudo, você lembra que o crime possui um

preceito primário (onde está a conduta incriminada) e um preceito secundário (onde nos traz a pena a ser apli-

cada para aquele fato).

Pois bem, se Austin cometeu o crime de furto, ao analisarmos o preceito secundário do art. 155, caput,

do Código Penal, verificamos que a pena a ser aplicada para esse crime é de 1 a 4 anos (Lei 1). Então, se Austin

for condenado pela prática de furto a uma pena de 2 anos, venha uma nova lei penal (Lei 2) dando nova redação

ao crime de furto, apenando esse crime com um preceito secundário de 6 meses a 1 ano. Essa será uma nova

lei benéfica (Lei 2), razão pela qual, ela deverá ser aplicada para beneficiar Austin.

Lei Penal

Irretroativa

Retroativa (art. 2º, p.ú, CP)

Ultra ativa (art. 3º, CP)

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“Professor, mas como será feita a aplicação dessa lei benéfica se o Austin já foi condenado definitivamente

a uma pena de 2 anos como você falou?”.

Nesse caso, meu jovem, caberá ao juiz da execução penal, com base na súmula 611 do STF, aplicar a lei

penal benéfica (Lei 2) a Austin, alterando seus benefícios de cumprimento de pena.

611, STF – Compete ao juízo da execução a aplicação da nova lei benéfica na execução penal.

Preste atenção no esquema abaixo:

Certo!

Quer ver como isso está sendo cobrado em prova? Aposto que sim!

Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: PC-AL Prova: CESPE - 2012 - PC-AL - Escrivão de Polícia

No que concerne aos princípios, direitos e garantias fundamentais, estabelecidos na Constituição Federal de

1988 (CF), julgue os itens a seguir.

A lei penal pode retroagir para beneficiar ou prejudicar o réu.

( ) Certo

( ) Errado

Gabarito – ERRADO – Conforme já estudamos em passagens anteriores, a lei penal somente poderá retroagir

para beneficiar o réu.

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Você também precisa saber que lei penal benéfica ou (lex mitior – outra terminologia que você pode

encontrar em sua prova) é gênero, do qual são espécies a abolitio criminis e a novatio legis in mellius, que serão

nosso objeto de estudo a partir de agora.

“Lex mitior” – retroativa

Abolitio criminis – nova lei que descriminaliza condutas. Não confundir os termos descriminalização

com despenalização (significa suprimir/dificultar/impedir a aplicação de pena privativa de liberdade).

Outra informação importante que quero que você não confunda com a abolitio criminis, diz respeito

ao princípio da continuidade normativo típica.

Continuidade normativo típica: significa a manutenção do caráter proibido da conduta, porém, há um

deslocamento do conteúdo criminoso para outro tipo penal. A intenção, nesse caso, é que a conduta permaneça

criminosa, enquanto na abolitio há a supressão do tipo penal.

Novatio legis in mellius – nova lei que mantém a criminalização do ato, mas lhe confere tratamento

mais brando (611, STF – compete ao juízo da execução a aplicação da nova lei benéfica na execução penal).

ABOLITIO CRIMINIS CONTINUIDADE NORMATIVO TÍPICA

Supressão da figura criminosa Supressão formal do crime

A conduta não será mais punida (o fato deixa de ser

punível)

O fato permanece punível (a conduta criminosa

passa para outro tipo penal).

O legislador não quer mais considerar o fato crimi-

noso

O legislador quer manter a conduta como crimi-

nosa.

A partir dos quadros resumo que apresentei para vocês acima, podemos verificar que no exemplo que

narrei anteriormente em que Austin havia cometido um furto e uma nova lei penal benéfica havia entrado em

vigor dando tratamento menos rigoroso ao fato criminoso, estamos diante de uma novatio legis in mellius, ou

seja, uma lei penal que mantém a criminalização (furto cometido por Austin) mas lhe confere um tratamento

mais brando (pena de 6 meses a 1 ano).

Já a abolitio criminis seria o caso, por exemplo, de uma nova que lei deixasse de considerar crime o

furto praticado por Austin

Lex Mitior (Lei mais Benéfica)

Abolitio Criminis - supressão da figura criminosa

Novatio legis in mellius - lei penal mais benigna

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Agora, veja como isso caiu recentemente em concurso.

Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia Civil

A aplicação do princípio da retroatividade benéfica da lei penal ocorre quando, ao tempo da conduta, o fato é

A) típico e lei posterior suprime o tipo penal.

B) típico e lei posterior provoca a migração do conteúdo criminoso para outro tipo penal.

C) típico e lei posterior aumenta a pena correspondente ao crime.

D) típico e lei posterior acrescenta hipótese de aumento de pena.

E) atípico e lei posterior o torna típico.

Gabarito – A – Pois, conforme o exemplo em que “xxx” cometeu um furto, a sua conduta é considerada um

crime e, no momento em que há a abolitio criminis, por conta de uma lei penal benéfica, essa conduta anterior-

mente criminosa não mais é considerada crime.

Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: PC-CE Prova: VUNESP - 2015 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil de 1a Classe

O indivíduo B provocou aborto com o consentimento da gestante, em 01 de fevereiro de 2010, e foi condenado,

em 20 de fevereiro de 2013, pela prática de tal crime à pena de oito anos de reclusão. A condenação já transitou

em julgado. Na hipótese do crime de aborto, com o consentimento da gestante, deixar de ser considerado

crime por força de uma lei que passe a vigorar a partir de 02 de fevereiro de 2015, assinale a alternativa correta

no tocante à consequência dessa nova lei à condenação imposta ao indivíduo B.

A) A nova lei será aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B, cessando em virtude dela a execução e os

efeitos penais da sentença condenatória.

B) A nova lei só irá gerar algum efeito sobre a condenação do indivíduo B se prever expressamente que se aplica a fatos anteriores. C) A nova lei só seria aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B se a sua entrada em vigência ocorresse antes de 01 de fevereiro de 2015 D) Não haverá consequência à condenação imposta ao indivíduo B visto que já houve o trânsito em julgado da condenação.

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E) A nova lei será aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B, contudo só fará cessar a execução persis-tindo os efeitos penais da sentença condenatória, tendo em vista que esta já havia transitado em julgado.

Gabarito: A – O enunciado da questão nos traz uma situação de abolitio criminis, razão pela qual, sobrevindo

em 2015 uma lei que deixe de considerar criminosa a conduta de aborto com consentimento da gestante,

mesmo que o agente tenha sido condenado pela pratica do referido crime, ela será automaticamente aplicada

ao seu caso através do juiz da execução penal (611, STJ) que declarará extinta a punibilidade do agente pela

superveniência da abolitio criminis.

Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: TJ-RO Prova: CESPE - 2012 - TJ-RO - Técnico Judiciário

Considere que um homem tenha sido denunciado pela prática de estelionato e que, durante a ação penal, tenha

entrado em vigor uma nova lei que prevê diminuição da pena aplicável ao referido crime. Nessa situação hipo-

tética, consoante disposições do Código Penal, a lei nova

A) não se aplica ao crime em tela, uma vez que o fato criminoso que originou a ação penal foi praticado anteri-

ormente à vigência da nova lei.

B) aplica-se ao crime em tela, independentemente do conteúdo material, dado que a lei penal obedece ao prin-

cípio da retroatividade.

C) aplica-se ao crime em tela, visto que a lei penal obedece ao princípio da retroatividade, caso caracterize-se

situação em que o acusado será beneficiado.

D) pode ser aplicada ao crime em tela, desde que não tenha ocorrido o trânsito em julgado de sentença penal

condenatória, situação que impede a retroatividade da lei nova.

E) não se aplica ao crime em tela, conforme o princípio da irretroatividade, visto que a ação penal já estava em

curso quando a nova lei passou a vigorar.

Gabarito – C – Diante da situação apresentada no enunciado, em que o indivíduo está sendo processado pela

prática do crime de estelionato (art. 171, CP) e, durante o tramite do processo, sobrevém nova lei penal bené-

fica, é o caso de aplicarmos, de forma retroativa, a nova lei ao caso concreto, beneficiado o acusado do crime

de estelionato.

Dessa forma, encerramos por aqui o estudo do primeiro efeito da lei penal benéfica e também de suas

espécies. No próximo tópico iniciaremos o estudo de mais um dos efeitos da lei penal, dessa vez a irretroativi-

dade!!

Continue firme no seu estudo e venha comigo!

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Irretroatividade.

O instituto da irretroatividade da lei penal é a regra no ordenamento jurídico, ou seja, meus caros, a

regra é de que as leis penais não retroajam para alcançar fatos passados.

Quanto a irretroatividade, você também precisa saber que ela é gênero (lex gravior – outra termino-

logia que você pode encontrar em sua prova) da qual são espécies a novatio legis incriminadora e a novatio

legis em pejus, que serão abordadas a partir de agora.

“Lex gravior“ – irretroativa

Novatio legis incriminadora – nova lei que criminaliza condutas.

Novatio legis in pejus – nova lei que mantém a criminalização, mas dá ao fato tratamento mais severo.

Ex: inclusão do §2º ao artigo 157 do CP.

Para falar para você acerca da novatio legis incriminadora, quero que você recorde, mais uma vez, do

exemplo dado no início do nosso curso no tocante ao crime de importunação sexual.

A Lei n.º 13.718/18, que criou o crime de importunação sexual (art. 215-A, do CP) é um típico exemplo de

nova lei incriminadora, pois, antes de ela entrar em vigor, não havia no ordenamento jurídico a previsão de um

crime específico para o agente que ejaculasse em uma moça nas condições em que o crime se desenvolvia (no

interior do transporte público paulistano). Assim, por ser uma nova lei incriminadora, ela é irretroativa, não

podendo punir os agentes que tenham praticado a referida conduta antes da sua entrada em vigor no mundo

jurídico.

De outra banda, ainda temos a novatio legis in pejus, que é a lei penal que mantém a criminalização da

conduta delituosa, mas da a esse fato um tratamento mais rigoroso. Voltemos ao exemplo em que Austin pra-

tica o crime de furto (art. 155, caput, do Código Penal), que prevê uma pena de 1 a 4 anos e multa. Suponhamos

que Austin depois de ter praticado esse furto e ter sido condenado a uma pena de 3 anos, sobrevenha ao orde-

namento jurídico uma nova lei que torne mais severa a punição daquelas pessoas que praticam o crime de furto,

prevendo uma pena de 10 a 20 anos. Desse modo, Austin não poderá ser alcançado por essa nova lei, pois ela é

Fato• Conduta de ejacualr nas

vítimas no transporte público

Lei 13.718/18

• Nova lei incriminadora

Art. 215-A

• Tipo penal criado. Portanto a norma é irretroativa.

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prejudicial para si e só passará a incidir a partir dos furtos praticados a partir da sua entrada em vigor no orde-

namento jurídico.

Dessa forma, meu caro, em ambos os casos as leis são irretroativas!!!

Entretanto, preciso que nesse momento você redobre a sua atenção, pois o que vou lhe ensinar agora é

importantíssimo para dar seguimento ao seu aprendizado sobre lei penal no tempo.

Em que pese a nova lei penal mais gravosa e a nova lei penal incriminadora serem irretroativas, temos um

instituto dentro do direito penal que se chama “superveniência de nova lei gravosa” que acontece durante a

permanência ou continuidade delitiva.

Para que possamos entender o que se trata a “superveniência de nova lei gravosa” precisamos entender

o que é um crime permanente.

Dentro do direito penal temos inúmeras formas de classificar os crimes de acordo com o seu momento

consumativo, ou seja, quando o crime produziu todos os seus efeitos no mundo jurídico e dá ao Estado o direito

de punir o agente que praticou tal conduta.

Dentre essas classificações uma delas é o crime permanente, que é aquele em que a consumação do crime

se prolonga no tempo.

Vamos a um exemplo: suponha que Austin sequestrou uma pessoa exigindo que lhe seja entregue uma

grande quantia em dinheiro para a libertação dessa vítima. Nesse contexto estamos diante do crime de extor-

são mediante sequestro, do art. 159 do Código Penal.

Extorsão mediante sequestro

Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como

condição ou preço do resgate:

Pena - reclusão, de oito a quinze anos.

Da análise do crime em tela, a conduta do agente é a de sequestrar, ou seja, no momento em que Austin

sequestra sua vítima, o crime está automaticamente consumado, independente do criminoso vir a receber ou

não a vantagem solicitada para a libertação da vítima.

Quero que você também perceba que a pena desse crime é de 8 a 15 anos.

Agora, tenhamos a seguinte situação em mente.

Furto

Pena 1 a 4 anos

Nova Lei Penal Gravosa

Furto

Pena 10 a 20 anos

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Se Austin mantém a vítima em seu poder por uma semana e, durante esse período de tempo, entra em

vigor uma lei penal que altera o preceito secundário do crime (de 8 a 15 anos) para 20 a 30 anos, não temos

dúvidas de que se trata de uma novatio legis in pejus, correto? Correto! Então, em que pese tratar-se de uma lei

penal gravosa, ELA VAI SE APLICAR AO CRIME QUE ACABEI DE MOSTRAR A VOCÊS, pelo simples fato de

enquanto o sequestrado estiver em poder do sequestrador, a consumação do crime está se prolongando no

tempo, pelo seu caráter permanente.

Diferentemente do crime permanente é o crime continuado, previsto no artigo 71 do CP.

Crime continuado

Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da

mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem

os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes,

se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois ter-

ços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave

ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a

personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos

crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único

do art. 70 e do art. 75 deste Código.

A partir da leitura do artigo 71 do CP, podemos concluir que a continuidade delitiva (crime continuado)

ocorre quando o sujeito, mediante pluralidade de condutas, realiza uma série de crime da mesma espécie, guar-

dando entre si um elo de continuidade (em especial, as mesmas condições de tempo, lugar e maneira de exe-

cução).

O Brasil adotou a teoria da ficção jurídica para o crime continuado.

Para tanto, alguns requisitos são necessários para a ocorrência do crime continuado, quais sejam:

Requisitos Objetivos:

1º) Os crimes praticados devem ser de mesma espécie (aquelas previstos no mesmo tipo penal);

2º) Condições semelhantes: tempo (aproximadamente 30 dias), lugar (no mesmo foro ou foros próximos)

e modo de execução (verificar o “modus operandi”).

Requisito subjetivo: Unidade de desígnios: uma programação inicial de realização sucessiva.

Espécies:

a) comum/simples – Art. 71, caput, basta o preenchimento dos requisitos acima, e uma vez verificados, o

aumento de pena é de 1/6 a 2/3.

b) Específico/qualificado (p.ú. do art.71): São requisitos adicionais aos do caput, com caráter cumulativo,

sendo todos os crimes doloso, praticados contra vítimas diferentes, cometido com violência ou grave ameaça

contra a pessoa. A pena nesse caso pode ser aumenta até o triplo

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Isso também é o que preconiza a súmula 711 do STF.

Súmula 711 do STF – A lei gravosa se aplica ao crime permanente ou continuado quando entrar em vigor

durante a permanecia ou continuidade delitiva.

Agora, meu amigo(a), preste atenção como esse conteúdo vem caindo em provas:

Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE - Escrivão de Polícia Civil

Um crime de extorsão mediante sequestro perdura há meses e, nesse período, nova lei penal entrou em vigor,

prevendo causa de aumento de pena que se enquadra perfeitamente no caso em apreço.

Nessa situação hipotética,

A) a lei penal mais grave não poderá ser aplicada: o ordenamento jurídico não admite a novatio legis in pejus.

B) a lei penal menos grave deverá ser aplicada, já que o crime teve início durante a sua vigência e a legislação,

em relação ao tempo do crime, aplica a teoria da atividade.

C) a lei penal mais grave deverá ser aplicada, pois a atividade delitiva prolongou-se até a entrada em vigor da

nova legislação, antes da cessação da permanência do crime.

D) a aplicação da pena deverá ocorrer na forma prevista pela nova lei, dada a incidência do princípio da ultrati-

vidade da lei penal.

E) a aplicação da pena ocorrerá na forma prevista pela lei anterior, mais branda, em virtude da incidência do

princípio da irretroatividade da lei penal.

Gabarito – C – Pois, conforme acabamos de estudar, a lei penal mais gravosa se aplica ao crime continuado ou

permanente enquanto não cessada a atividade delituosa e a entrada em vigor da lei mais gravosa. Essa também

é a redação da súmula 711 do Supremo Tribunal Federal.

Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TJ-DFT Prova: CESPE - 2015 - TJ-DFT - Analista Judiciário - Judiciária

Em relação à aplicação da lei penal e aos institutos do arrependimento eficaz e do erro de execução, julgue o

item seguinte.

Se um indivíduo praticar uma série de crimes da mesma espécie, em continuidade delitiva e sob a vigência de

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duas leis distintas, aplicar-se-á, em processo contra ele, a lei vigente ao tempo em que cessaram os delitos,

ainda que seja mais gravosa.

( ) Certo

( ) Errado

Gabarito – Certo – Conforme se verifica do enunciado da questão, ela retrata o teor do entendimento sumulado

pelo STF no verbete 711, o qual diz ser possível a aplicação da lei penal mais gravosa que entra em vigor durante

a permanência ou continuidade delitiva.

Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: STF Prova: CESPE - 2013 - STF - Analista Judiciário - Área Judiciária

Acerca dos princípios gerais que norteiam o direito penal, das teorias do crime e dos institutos da Parte Geral

do Código Penal brasileiro, julgue os itens a seguir.

Considere que Manoel, penalmente imputável, tenha sequestrado uma criança com o intuito de receber certa

quantia como resgate. Um mês depois, estando a vítima ainda em cativeiro, nova lei entrou em vigor, pre-

vendo pena mais severa para o delito. Nessa situação, a lei mais gravosa não incidirá sobre a conduta de Ma-

noel.

( ) Certo

( ) Errado

Gabarito – ERRADO – A lei mais gravosa incidirá sobre Manoel, pois entrou em vigor durante a permanência

(prolongamento da consumação do crime) enquanto a vítima se encontrava sob seus domínios.

Sendo assim, meu querido(a) estudante, através das análise das questões que acabamos de resolver, é

de suma importância você estar atento a súmula 711 do Supremo e sua incidência em provas de concurso.

Diante desse panorama que apresentei a vocês, quero-lhes fazer uma pergunta. Você acha que é possível

haver a combinação de leis penais? Em outras palavras, você acha possível que o juiz, no caso concreto, possa

mesclar dispositivos benéficos da nova lei com benefícios da lei revogada?

A resposta por um “sim” pode até parecer tentadora diante de tantas nuances presentes em vários dos

institutos que já estudamos, entretanto, nesse caso é vedado ao juiz a combinação de leis penais, pois, nesse

contexto, ele estaria criando uma terceira lei (chamada de lex terxio), e o STJ, por meio da súmula 501 tratou de

pôr um ponto final na controvérsia.

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Direito Penal para Oficial PM CE

"É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas

disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976,

sendo vedada a combinação de leis."

Na época, a controvérsia pairava sob a forma de como seria aplicada a pena em crimes envolvendo o

tráfico de drogas.

Naquela ocasião, o juiz, ao condenar o indivíduo pela prática do crime de tráfico, ao realizar a dosimetria

da pena (matéria que será objeto de estudo mais adiante no nosso curso) deveria fazer duas dosimetrias, sendo

uma com a lei antiga e outra com a lei nova, aplicando-se a sentença em que chegara em uma condenação mais

branda (pena menor), sendo vedada a combinação dos dispositivos da Lei 11.343/06 (nova lei de drogas) com

os dispositivos da Lei 6.368/76 (antiga lei de drogas) para formular a sentença.

Então, para encerrarmos o estudo dos diversos desdobramentos da lei penal no tempo, ainda tenho a

incumbência de ensina-los acerca do instituto da lei penal excepcional ou temporária. Não percamos tempo!

Vamos adiante!

Lei penal excepcional ou temporária.

Dando seguimento ao nosso estudo, caríssimo, as leis penais excepcionais ou temporárias são criadas

para disciplinar condutas praticadas durante alguma situação excepcional ou temporária e sua previsão legal

encontra-se no art. 3º do Código Penal.

Lei excepcional ou temporária

Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circuns-

tâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.

Como exemplo, posso citar a vocês a Lei 12.663/12 (a Lei Geral da Copa) criada para vigorar somente

durante o período de realização da Copa do Mundo no Brasil. A referida lei criou figuras criminosas, mas fixou

um contexto temporal para que houvesse a incidência desses crimes caso a lei fosse violada. O marco temporal

estipulado pela lei geral da copa foi dia 31/12/2014. Após essa data a Lei Geral da Copa parou de produzir efeitos

no mundo jurídico.

Entretanto, meu amigo(a), como você acha que fica a punição de um indivíduo que tenha cometido um

crime previsto na Lei Geral da Copa durante o seu período de vigência, se posteriormente ele veio a perder os

seus efeitos? Pense um pouco e reflita comigo.

Se a Lei Geral da Copa, criada justamente para proteger os acontecimentos durante a Copa do Mundo,

não punisse os indivíduos que a violassem, mesmo após a sua data final (31/12/2014) de vigência, de nada teria

sentido a criação da referida norma.

Sendo assim, ambas as leis penais (excepcionais e temporárias) são aplicáveis aos fatos cometidos du-

rante a situação excepcional ou o período de tempo, mesmo após o seu termino. Então, meu brilhante aluno,

isso significa que essas leis penais possuem ultratividade.

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Para melhor visualizarmos, suponha que Austin tenha reproduzido indevidamente quaisquer um dos sím-

bolos oficias de titularidade da FIFA durante a Copa do Mundo de 2014 no Brasil, conforme prevê o art. 30 da

Lei Geral da Copa.

Art. 30. Reproduzir, imitar, falsificar ou modificar indevidamente quaisquer Símbolos Oficiais de titula-

ridade da FIFA:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa.

Dessa forma, suponha que a investigação que apurou ser Austin o autor do crime de utilização indevida e

símbolos oficiais tenha se encerrado no ano de 2016, ou seja, dois anos após o término da data prevista para

perdurarem os efeitos da lei (31/12/2014).

Mesmo que Austin venha a ser processado somente em 2016 por ter violado o art. 30 da Lei Geral da Copa,

que perdeu sua vigência em 31/12/2014, o criminoso será punido com base nessa lei pois, se tratando de lei

penal excepcional ou temporária, possui ultratividade alcançado os fatos praticados durante a sua vigência.

Fique atento, meu amigo(a), agora vamos ver como esse assunto vem sendo abordado nos concursos.

Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Provas: CESPE - 2013 - Polícia Federal - Escrivão da Polícia

Federal

Julgue o item subsequente , relativo à aplicação da lei penal e seus princípios. No que diz respeito ao tema lei penal no tempo, a regra é a aplicação da lei apenas durante o seu período de vigência; a exceção é a extra-atividade da lei penal mais benéfica, que comporta duas espécies: a retroatividade e a ultra-atividade. ( ) Certo

( ) Errado

Gabarito – CERTO – pois, conforme virmos anteriormente, a regra é que a lei penal será aplicada apenas du-

rante o seu período de vigência. Porém, excepcionalmente, por conta da ultra atividade, a lei poderá alcançar

fatos praticados durante a sua vigência mesmo após ela ter parado de produzir efeitos no mundo jurídico.

Ano: 2014 Banca: FUNCAB Órgão: PC-RO Prova: FUNCAB - 2014 - PC-RO - Escrivão de Polícia Civil

O artigo 3º do Código Penal dispõe: “a lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua dura-

ção ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência”. O

referido artigo prevê o fenômeno da:

A) coculpabilidade.

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B) tipicidade conglobante.

C) retroatividade da lei.

D) abolitio criminis.

E) ultra-atividade da lei.

Gabarito – E – tendo em vista que o enunciado nos traz a redação do art. 3º do Código Penal, e nosso estudo

até o momento, estamos diante do caráter ultra ativo da lei penal, que tem o condão de ser aplicada durante

sua vigência, mesmo que decorrido o período de sua duração ou cessada as circunstâncias que a determinaram.

Então, espero que você tenha entendido tudo até aqui, meu caro aluno!

Qualquer dúvida acerca da matéria, lembre-se que estou à disposição do você no canal de dúvidas aqui

do Direção Concursos!

Vamos dar seguimento ao nosso estudo?

Nesse momento entraremos no último tópico dentro do estudo da aplicação da lei penal, pois vamos tra-

tar do tempo do crime.

Tempo do crime.

Meu amigo, minha amiga!

Vamos dar início a umas das partes mais importantes no estudo do direito penal! A partir desse momento,

iremos tratar sobre o tempo do crime.

Para que ocorra a correta aplicação da lei penal, é imprescindível definir o tempo do crime, ou seja,

quando um crime se considera praticado.

O nosso Código Penal, no seu art. 4º, adotou a teoria da atividade.

Art. 4º - considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o mo-

mento do resultado.

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Com o intuito de clarear o seu estudo, trago um exemplo do saudoso professor André Estefam5:

“Em 1994, o homicídio qualificado tornou-se crime hediondo; a inclusão deste fato na lista contida na

Lei n. 8.072/90 ocorreu no dia 7 de setembro do ano citado. Suponha que o agente, visando à morte de

seu inimigo, tenha desferido contra ele diversos disparos de arma de fogo, por motivo fútil, no dia 5 de

setembro de 1994. Imagine, ainda, que o atirador se evada do local e a vítima seja socorrida por tercei-

ros, ficando hospitalizada por uma semana, até que vem a óbito, por não resistir à gravidade dos feri-

mentos. Neste exemplo, a conduta foi praticada antes da entrada em vigor da lex gravior, embora o

resultado se tenha produzido despois desta” (ESTEFAM, André. pg. 166).

Assim, meu caro(a) aluno(a), podemos verificar através do exemplo acima mencionado que, o homicídio

qualificado cometido pelo agente não será considerado hediondo, tendo em vista que o tempo do crime é o da

conduta (disparos de arma de fogo), e não da consumação (morte da vítima).

Outra importante função desempenhada pela teoria da atividade, insculpida no art. 4º do Código Penal é

a delimitação da responsabilidade penal do agente criminoso. Sendo assim, através da teoria da atividade,

torna-se possível fixar o exato momento em que o agente passará a responder criminalmente por seus atos –

isso se dará somente se a ação ou omissão houver sido praticada quando ele já tiver completado 18 anos de

idade (o que ocorre no primeiro minuto de seu 18º aniversário).

Peguemos o exemplo acima e mudemos a idade do agente criminoso, teremos a seguinte situação hipo-

tética, por exemplo:

Se ao tempo do disparo de arma de fogo o agente era menor de 18 anos, terá praticado ato infracional

e será punido de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei n.º 8.069/90), ainda que

a vítima somente venha a óbito quando o agente complete 18 anos.

Confira junto comigo como esse conteúdo vem sendo cobrado em prova!

Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Po-

lícia

O Direito Penal brasileiro considera como momento do cometimento do crime

A) desde o seu planejamento.

5 ESTEFAM, André. Direito Penal : parte geral (arts. 1º a 120) / André Estefam. – 6. ed. – São Paulo : Saraiva, 2017.

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B) quando atingido o resultado pretendido.

C) o momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.

D) quando chega ao conhecimento das autoridades competentes.

E) o momento do cometimento do crime é irrelevante para o Direito Penal.

Gabarito – C – Ao analisar o enunciado da questão, ela nos traz a indagação acerca do marco que o Direito Penal

brasileiro resolveu adotar como momento para o cometimento do crime e, a partir dessa informação, conse-

guimos verificar na alternativa “c” que ela transcreveu a literalidade do art.4º do Código Penal, que considera

como momento do cometimento do crime, a ação ou omissão, ainda que outo seja o momento do resultado.

Ano: 2017 Banca: CONSULPLAN Órgão: TRE-RJ Provas: CONSULPLAN - 2017 - TRE-RJ - Analista Judiciário -

Área Administrativa

“João da Silva atira contra ‘X’ no dia 29/5, tendo ‘X’ falecido 20 dias depois.” Sobre o tempo do crime, o

Código Penal adota a teoria:

A) Ubiquidade.

B) Da atividade.

C) Do resultado.

D) Ambivalência.

Gabarito – C – Em que pese X ter falecido 20 dias depois da data dos disparos, o art. 4º do Código Penal, que

adotou a teoria da atividade, é claro ao afirmar que considera-se tempo do crime o momento da conduta (ação

ou omissão) ainda que outro seja o momento do resultado.

E, para fecharmos o estudo do tempo do crime, vamos analisar mais uma questão acerca do tema, para

que, na sequência possamos dar início ao nosso novo tema macro.

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Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: TJ-AL Prova: FGV - 2018 - TJ-AL - Analista Judiciário - Área Judiciária

No dia 02.01.2018, Jéssica, nascida em 03.01.2000, realiza disparos de arma de fogo contra Ana, sua inimiga,

em Santa Luzia do Norte, mas terceiros que presenciaram os fatos socorrem Ana e a levam para o hospital em

Maceió. Após três dias internada, Ana vem a falecer, ainda no hospital, em virtude exclusivamente das lesões

causadas pelos disparos de Jéssica. Com base na situação narrada, é correto afirmar que Jéssica:

A) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Atividade para de-

finir o momento do crime e a Teoria da Ubiquidade para definir o lugar;

B) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria do Resultado para definir

o momento do crime e a Teoria da Atividade para definir o lugar;

C) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Ubiquidade para definir

o momento do crime e a Teoria da Atividade para definir o lugar;

D) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Atividade para de-

finir o momento do crime e apenas a Teoria do Resultado para definir o lugar;

E) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria do Resultado para definir

o momento do crime e a Teoria da Ubiquidade para definir o lugar.

Gabarito – A – Ao analisarmos o enunciado da questão, à luz do tempo do crime (art. 4º do CP), é possível

notarmos que Jéssica possuía 17 anos de idade na data dos disparos, razão pela qual, não poderá ser responder

pelo seu crime com base no Código Penal e sim com base no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei

nº 8.069/90), por ato infracional análogo ao crime de homicídio. Quanto a teoria da ubiquidade, ela será objeto

de estudo quando iniciarmos o estudo da lei penal no espaço.

Dessa forma, finalizamos por aqui o estudo do tempo do crime.

Tenho a certeza de que você irá gabaritar todas as questões sobre o tempo do crime no seu próximo con-

curso! Espero você para o estudo do nosso próximo tópico!

Até lá!

Lugar do crime.

Conforme estudamos até o presente momento, o art. 5º do Código Penal, determina que seja aplicada

a lei brasileira ao crime praticado no território nacional. Entretanto, da mesma forma que uma infração penal

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pode se fracionar em tempos diversos, é possível que ela se desenvolva em lugares diversos, alcançando o

território de dois ou mais países igualmente soberanos.

Para que ficar mais fácil a sua visualização, trago-lhes um exemplo de outro colega, também pena-

lista, Rogério Sanches Cunha6:

“Imaginemos, por exemplo, uma bomba fabricada no Brasil e enviada para explodir e matar vítima que

se encontra em país vizinho. Esse crime foi praticado no Brasil (devendo sofrer os consectários da lei

nacional) ou no país vizinho (aplicando-se a lei estrangeira)?

Me permita responder à questão e trazer a solução que você deverá ter em mente na hora de respon-

der suas questões de concurso.

A nossa solução, meu amigo(a) está no art. 6º do Código Penal, que nos apresenta a seguinte redação.

Lei comigo: “considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem

como onde se produziu ou deveria se produzir o resultado”.

Assim, quanto ao lugar do crime, o Código Penal adotou a teoria da ubiquidade. Logo, sempre que

por força do critério da ubiquidade o fato se deva considerar praticado tanto no território brasileiro como no

estrangeiro, será aplicável a lei brasileira.

CRIMES À DISTÂNCIA

O crime percorre territórios de dois Estados soberanos (Brasil e Paraguai, por exemplo)

Gera conflito internacional de jurisdição (qual país aplicará sua lei?)

Aplica-se o art.6º do Código Penal.

Vou lhes dar mais um exemplo para que fique bem claro: imagine a hipótese de um roubo que tenha

iniciado sua execução no município de Ponta Porã e que sua consumação ocorra no Paraguai. Nesse caso, vai

ser aplicada a lei penal brasileira. Como dizia o PAI do Direito Penal, Nelson Hungria, basta que o crime tenha

“tocado” o território nacional para que nossa lei seja aplicável.

Então, agora veja como isso está sendo cobrado em provas!!

Ano: 2004 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2004 - Polícia Federal - Escrivão da Polícia

Federal - Nacional

6 CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral (arts. 1º a 120) / Rogério Sanches Cunha – 5. ed. rev., ampl. e atual. – Salvador: JusPODIVM, 2017.

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Considere a seguinte situação hipotética.

Na fronteira do Brasil com a Venezuela, mas ainda em território nacional, na cidade de Pacaraima, em Ro-

raima, Otávio desferiu cinco facadas contra Armindo, que conseguiu correr e faleceu na cidade de Santa He-

lena, na Venezuela.

Nessa situação, como o crime se consumou na Venezuela, não há competência jurisdicional do Brasil para

processar e julgá-lo.

( ) Certo

( ) Errado

Gabarito – ERRADO – Pois, conforme estudamos, estamos diante de um crime à distância (aquele que toca o

território de dois ou mais países) e nesse caso, aplicamos o art.6º do CP que trata da teoria da ubiquidade.

Sendo assim, baste que o crime toque o nosso território para que se possível a aplicação da lei penal brasileira.

Ano: 2011 Banca: CESPE Órgão: TRE-ES Prova: CESPE - 2011 - TRE-ES - Analista Judiciário - Área Judiciária -

Específicos

Lugar do crime, para os efeitos de incidência da lei penal brasileira, é aquele onde foi praticada a ação ou omis-

são, no todo ou em parte, bem como aquele onde se produziu ou, no caso da tentativa, teria sido produzido o

resultado.

( ) Certo

( ) Errado

Gabarito – CERTO – ao analisar o enunciado da questão, podemos perceber que ela retrata a literalidade do

art. 6º do Código Penal, já estudado por nós anteriormente.

Superada essa parte, quero deixar a você um mnemônico para memorização acerca da teoria da ati-

vidade e da teoria da ubiquidade.

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Dessa forma, meu nobre estudante, encerramos mais um tópico do nosso estudo e vamos dar segui-

mento a partir do tema da extraterritorialidade.

Venha comigo!

LUTALembre-se desse mnemônico

TATEMPO ATIVIDADE

LULUGAR UBIQUIDADE

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LEI PENAL NO ESPAÇO

Territorialidade.

Seja muito bem-vindo ao nosso segundo grande tema de estudo aqui no nosso curso de Direito Penal

parte geral.

Pois bem, quando estamos tratando de lei penal no espaço, precisamos definir a territorialidade, ou seja,

quais são os limites territoriais para a aplicação do direito penal brasileiro.

De acordo com o artigo 5º, caput, do CP, “aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e

regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.

A partir da regra elencada no art. 5º do Código Penal, podemos verificar que nosso CP acolheu o princípio

da territorialidade da lei penal, ou seja, a lei penal brasileira será aplicada a todos os fatos ocorridos dentro

do nosso território.

“Arpini, o que pode ser considerado território nacional? Somente o espaço físico brasileiro? “

Por território nacional, entende-se a soma do espaço físico (geográfico) com o espaço jurídico (espaço

físico por ficção ou por extensão).

Espaço físico (geográfico) Espaço terrestre, marítimo ou aéreo, sujeito à so-

berania do Estado (solo, rios, lagos, mares interio-

res, baías, faixa do mar exterior ao longo da costa

– 12 milhas marítimas de largura, medidas a partir

da linha de baixa-mar do litoral continente e insu-

lar – e espaço aéreo correspondente.

Espaço físico por extensão ou ficção Para os efeitos penais, consideram-se como es-

paço físico por ficção as embarcações e aeronaves

brasileiras, de natureza pública ou a serviço do go-

verno brasileiro onde quer que se encontrem, bem

como as embarcações e aeronaves brasileiras (ma-

triculadas no Brasil), mercantes ou de propriedade

privada, que se achem, respectivamente em alto

mar ou no espaço aéreo correspondente (art. 5º,

§1º, CP).

É também aplicável a lei brasileira aos crimes co-

metidos a bordo de aeronaves ou embarcações es-

trangeiras de propriedade privada, achando-se

aquelas em pouso no território nacional ou voo no

espaço aéreo corresponde, e estas em porto ou

mar territorial do brasil (art. 5º, §2º, CP).

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Do que acabei de mostrar a você anteriormente, podemos extrair as seguintes conclusões:

A) Quando navios ou aeronaves forem públicos ou esti-

verem a serviço do governo brasileiro, quer se encon-

trem em território nacional ou estrangeiro, são

considerados parte do nosso território.

B) Se os navios ou aeronaves forem privados, quando

em alto-mar ou espaço aéreo correspondente, se-

guem a lei da bandeira que trazem consigo.

C) Quanto aos navios e aeronaves estrangeiros, em ter-

ritório brasileiro, desde que privados são considera-

dos parte de nosso território.

Contudo, meu caro aluno(a), através da redação do art. 5º, podemos perceber que há exceções, não sendo

absoluta a regra da territorialidade, comportando a aplicação de disposições previstas em convenções, trata-

dos e regras de direito internacional (territorialidade temperada/mitigada).

Essa ressalva se refere aos casos de imunidades diplomáticas (que possuem caráter absoluto – tendo va-

lidade para todos os crimes) ou consular (tem caráter relativo – o detentor de imunidade consular só fica

isento dos crimes ligados à função). Isso é decorrência do princípio da soberania das nações.

Vamos exemplificar, caríssimo!

Imagine a seguinte situação: suponha que o embaixador italiano no Brasil, por conta de uma discussão

ocasionada com um brasileiro, acaba matando-o mediante três disparos de arma de fogo.

A partir dessa situação, não temos dúvida de que se trata de um crime de homicídio, praticado dentro do

território brasileiro, contra uma vítima brasileira, sendo assim, devemos aplicar para o caso concreto a lei brasi-

leira, correto? Errado, meu amigo(a)!!! Nesse caso, por conta do princípio da soberania das nações, e das exce-

ções previstas no art. 5º do Código Penal, o embaixador italiano, mesmo que tenha praticado um homicídio

contra um brasileiro, dentro do território brasileiro, por conta de sua função diplomática, responderá pelo ho-

micídio com base na lei italiana.

Por conta disso, permite-se a aplicação da lei penal estrangeira a fato praticado em território brasileiro,

fenômeno conhecimento como intraterritorialidade, presente, justamente na imunidade diplomática.

A intraterritorialidade não se confunde com a extraterritorialidade, que será objeto de estudo logo adi-

ante, quando analisarmos o art. 7º do Código Penal.

Vou exemplificar para você em uma tabela logo abaixo, para que facilitar sua memorização!

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Princípio da Territoriali-

dade

Princípio da Extraterri-

torialidade

Princípio da Intraterri-

torialidade

Local do Crime Brasil País estrangeiro Brasil

Lei a ser aplicada Brasileira Brasileira Estrangeira*

* Na intraterritorialidade, o fato criminoso, apesar de cometido no Brasil, será punido de acordo com a lei

estrangeira aplicada pelo juiz criminal do seu país.

Encerrada essa parte, vamos, a partir do próximo tópico, analisar os princípios aplicáveis a territoriali-

dade.

Venham comigo!!

Princípios aplicáveis a territorialidade.

Meu caro estudante, agora que você já sabe que um fato criminoso punível pode, eventualmente, atingir

os interesses de dois ou mais Estados igualmente soberanos, gerando, nesses casos, um conflito internacional

de jurisdição, o estudo da lei penal no espaço visa apurar as fronteiras de atuação da lei penal nacional.

Em caso de eventual colisão há, pelo menos, seis princípios que sugerem algum tipo de solução.

Vamos ao estudo e cada um deles?!

PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À TERRITORIALIDADE

Princípio da territorialidade Aplica-se a lei penal do local do crime, não impor-

tando a nacionalidade do agente, da vítima ou do

bem jurídico.

Princípio da nacionalidade ou personalidade ativa Aplica-se a lei do país a que pertence o agente crimi-

noso, pouco importando o local do crime, a naciona-

lidade da vítima ou do bem jurídico violado.

Princípio da nacionalidade ou personalidade pas-

siva

Aplica-se a lei penal da nacionalidade da vítima.

Princípio da defesa Aplica-se a lei penal da nacionalidade do bem jurídico

lesado (ou colocado em perigo), não importando o

local da infração penal ou a nacionalidade do sujeito

ativo.

Princípio da Justiça Penal Universal ou da Justiça

cosmopolita

O agente fica sujeito à lei do País onde for encon-

trado, não importando sua nacionalidade, do bem ju-

rídico lesado ou do local do crime. Esse princípio está

normalmente presente nos tratados internacionais

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de cooperação de repressão a determinados delitos

de alcance transnacional.

Princípio da representação, do pavilhão, da subs-

tituição ou da bandeira.

A lei penal nacional aplica-se aos crimes cometidos

em aeronaves e embarcações privadas, quando pra-

ticados no estrangeiro e aí não sejam julgados.

Agora, vamos ver como esse assunto vem sendo cobrado nas provas de concursos!

Ano: 2016 Banca: UFMT Órgão: TJ-MT Prova: UFMT - 2016 - TJ-MT - Técnico Judiciário

Sobre a aplicação da lei penal, de acordo com o Decreto Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940, Código Penal,

marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.

( ) Não há crime sem lei posterior que o defina.

( ) Considera-se praticado o crime no momento da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.

( ) Considera-se como extensão do território nacional, para efeitos penais, a aeronave de propriedade privada,

que se ache no espaço aéreo correspondente.

( ) Não fica sujeito à lei brasileira, embora cometido no estrangeiro, o crime contra a liberdade do Presidente

da República.

Assinale a sequência correta.

A) V, F, F, V

B) F, V, V, F

C) V, V, F, F

D) F, F, V, V

Conforme já estudado anteriormente, você já está craque em saber que “não há crime sem lei anterior que o

defina”, razão pela qual a primeira assertiva é falsa. A segunda assertiva é cópia integral do art.4º do Código

Penal, que adotou como tempo do crime a teoria da atividade, em que este se considera praticado no momento

da conduta (ação ou omissão). A terceira assertiva é verdadeira, pois, conforme acabamos de analisar, as aero-

naves de propriedade privada que se achem no espaço aéreo correspondente são consideradas extensão do

território nacional. Por fim, a última assertiva está equivocada pois, embora cometido no estrangeiro, o crime

contra a liberdade do Presidente da República, fica sujeito a lei brasileira (esse é o fenômeno da extraterritori-

alidade – que será objeto de estudo logo em seguida).

Gabarito: Letra “B”.

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Ano: 2014 Banca: Aroeira Órgão: PC-TO Prova: Aroeira - 2014 - PC-TO - Escrivão de Polícia Civil

Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações brasileiras, mer-

cantes ou de propriedade privada,

A) que se achem em alto-mar.

B) onde quer que estejam ancoradas.

C) que se achem no mar territorial brasileiro.

D) onde quer que estejam navegando.

Gabarito – A – Assim, meu caro, conforme visto anteriormente, quando a embarcação for brasileira (mercante

ou de propriedade privada) encontrando-se em alto mar, será considerada extensão do território brasileiro.

Ano: 2013 Banca: FUNCAB Órgão: PC-ES Prova: FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de Polícia

O marinheiro Jonas matou seu colega de farda a bordo do navio-escola NE Brasil, da Marinha Brasileira, quando

o navio estava em águas sob soberania do Japão. Assim:

A) a lei penal brasileira será aplicada ao caso, em razão do princípio da territorialidade.

B) a lei penal brasileira será aplicada ao caso, em razão do princípio do pavilhão.

C) a lei penal brasileira será aplicada ao caso, em razão do princípio da justiça universal.

D) a lei penal brasileira será aplicada ao caso, em razão do princípio da defesa.

E) a lei penal japonesa será aplicada ao caso, em razão do crime ter ocorrido em águas sob soberania do Japão.

Gabarito – A – tratando-se de navio da Marinha Brasileira, independente do navio estar sob as águas de sobe-

rania Japonesa, este considera-se território brasileiro, razão pela qual, a lei penal brasileira será aplicada ao fato.

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Assim, fechamos mais uma parte do nosso conteúdo programático para essa aula inaugural sobre

territorialidade.

No próximo tópico vamos tratar sobre o lugar do crime e a teoria adotada pelo direito penal brasileiro

para definir em que lugar se considera praticado o crime.

Vamos lá?!

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Extraterritorialidade.

Anteriormente expliquei a vocês que o critério geral adotado pelo ordenamento jurídico penal é o de

que a lei penal brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional (art. 5º, CP), vale

dentro do território nacional (geográfico e por extensão). No entanto, meu caro, em casos excepcionais, a nossa

lei poderá ultrapassar os limites do território, alcançando crimes cometidos exclusivamente em território es-

trangeiro. Esse é o fenômeno conhecido por extraterritorialidade.

A extraterritorialidade está prevista no art. 7º do Código Penal, em seus incisos I e II e, também no §3º,

nos anunciam quais são os crimes que fixam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro.

Vejamos:

Extraterritorialidade

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

I - os crimes:

a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;

b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de

Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo

Poder Público;

c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;

d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;

II - os crimes:

a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;

b) praticados por brasileiro;

c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,

quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.

§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou con-

denado no estrangeiro.

§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condi-

ções:

a) entrar o agente no território nacional;

b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;

c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;

d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;

e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibili-

dade, segundo a lei mais favorável.

§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do

Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:

a) não foi pedida ou foi negada a extradição;

b) houve requisição do Ministro da Justiça.

Meus caros, a leitura desse dispositivo é de suma importância.

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A partir da leitura do art. 7º do Código Penal o tema da extraterritorialidade se dividem em extrater-

ritorialidade incondicionada e extraterritorialidade condicionada.

A extraterritorialidade incondicionada está prevista no art. 7º, §1º do Código Penal, alcançando os

crimes descritos no art. 7º, inciso I. Nessas hipóteses, a lei brasileira, para ser aplicada não depende do preen-

chimento de qualquer requisito. Ocorrendo um crime que se amolde a essas hipóteses, aplica-se a lei brasileira

não importando se o autor do fato foi absolvido ou condenado no estrangeiro.

Por outro lado, a extraterritorialidade condicionada alcança as hipóteses trazidas pelo inciso II do art.

7º do Código Penal. Nesses casos, para que a nossa lei possa ser aplicada, faz-se necessário o concurso das

seguintes condições (art. 7º, §2º, CP):

Agora, meu amigo(a), precisamos recordar dos princípios que ensinei a vocês quando tratei do tema

da territorialidade.

Precisamos recordar tais princípios pois o Brasil, para fundamentar as hipóteses de extraterritoriali-

dade que elenquei acima para vocês, adotou, de forma excepcional, tais princípios.

Dessa forma, para otimizar seu estudo, preparei essa tabela em que a dividindo em três colunas,

sendo a primeira delas responsável pelo dispositivo legal em que incorreu o agente criminoso; a segunda coluna

o princípio a ser aplicado e, por fim, a modalidade de extraterritorialidade (incondicional ou condicionada).

Venha comigo!!

Entrar o agente no território nacional.

Ser o fato punível também no país em que foi praticado.

Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei

brasileira autoriza a extradição.

Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou

não ter aí cumprido pena.

Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar

extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.

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Dispositivo legal Princípio Espécie de extraterritorialidade

Art. 7º, I, a, b, c Princípio da defesa Incondicionada

Art. 7º, I, d Princípio da justiça universal Incondicionada

Art. 7º, II, a Princípio da justiça universal Condicionada

Art. 7º, II, b Princípio da nacionalidade ativa Condicionada

Art. 7º, II, c Princípio da representação Condicionada

Agora que superamos toda essa parte mais teórica sobre os critérios da extraterritorialidade (condi-

cionada e incondicionada), vou trazer exemplos para que você possa visualizar melhor minha explicação até

esse momento.

Imaginemos que Austin, brasileiro, residente nos EUA, mata, dolosamente um cidadão americano.

A partir desse exemplo, pergunt0-lhe: “Austin, autor de homicídio executado no estrangeiro, foge e re-

tornar ao território brasileiro antes do fim das investigações (nos EUA). A lei brasileira alcança esse fato praticado

no estrangeiro? ”.

Resposta: Trata-se de crime praticado por brasileiro, hipótese que se encaixa ao art. 7º, II, b, do Código

Penal, sendo caso de extraterritorialidade condicionada. O agente criminoso retornou ao Brasil (primeira con-

dição preenchida). O homicídio doloso é crime também nos EUA (então, presente a segunda condição), incluído

entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição (observada a terceira condução). Austin fugiu dos

EUA antes do início do processo, sem notícia de perdão ou de causa extintiva da punibilidade (tudo isso será

objeto de estudo aqui no nosso curso de Direito Penal mais adiante – condições quarta e quinta presentes). Con-

clusão, meu amigo(a): a lei brasileira vai ser aplicada ao crime de homicídio praticado por Austin nos EUA.

Vejamos, então, uma questão da banca FCC sobre extraterritorialidade!

Ano: 2010 Banca: FCC Órgão: TRT - 8ª Região (PA e AP) Prova: FCC - 2010 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista

Judiciário - Área Judiciária

José, brasileiro, cometeu crime de peculato, apropriando- se de valores da embaixada brasileira no Japão,

onde trabalhava como funcionário público.

Em tal situação,

A) somente se aplica a lei brasileira se José não tiver sido absolvido no Japão, por sentença definitiva.

B) somente se aplica a lei brasileira se José não tiver sido processado pelo mesmo fato no Japão.

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C) aplica-se a lei brasileira, independentemente da existência de processo no Japão e de entrada do agente no

território nacional.

D) a aplicação da lei brasileira, independe da existência de processo no Japão, mas está condicionada à entrada

do agente no território nacional.

E) aplica-se a lei brasileira, somente se for mais favorável ao agente do que a lei japonesa.

Gabarito – A – O caso envolvendo o brasileiro que comete o crime de peculato apropriação, se apropriando de

valores da embaixada brasileira no Japão, é o típico caso de extraterritorialidade incondicionada, pois, con-

forme o art. 7º, I, b, do Código Penal, fica sujeita a lei brasileira, embora cometido no estrangeiro o crime contra

o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa

pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público.

Ano: 2010 Banca: FCC Órgão: TRE-RS Prova: FCC - 2010 - TRE-RS - Analista Judiciário - Área Judiciária

Dentre os casos de extraterritorialidade incondicionada da lei penal, previstos no Código Penal, NÃO se incluem

os crimes cometidos:

A) contra a fé pública da União.

B) contra o patrimônio de autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público.

C) contra a administração pública, por quem está a seu serviço.

D) em aeronaves ou embarcações brasileiras.

E) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República.

Gabarito – D – Por exclusão, meu caro, é a única hipótese que não costa do rol do art. 7º, I, do CP.

Outra possibilidade de extraterritorialidade é a prevista na Lei de Tortura (9.455/97).

Vejamos o que as disposições da lei especial dispõem sobre o tema:

Art. 1º Constitui crime de tortura:

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I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou

mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça,

a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter pre-

ventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento

físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.

§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las,

incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez

anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

I - se o crime é cometido por agente público;

II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60

(sessenta) anos;

III - se o crime é cometido mediante sequestro.

§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exer-

cício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena

em regime fechado.

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território

nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.

Desse modo, a extraterritorialidade prevista na lei de tortura é a representação do princípio da perso-

nalidade ou nacionalidade passiva.

Existe, ainda, um último caso de extraterritorialidade, que é a chamada extraterritorialidade hiper-

condicionada, prevista no art. 7º, §3º, do CP. Porém, para que essa modalidade seja objeto de aplicação é ne-

cessário o preenchimento dos seguintes requisitos:

Não ser pedida ou, se pleiteada, negada a extradição;

Requisição do Ministro da Justiça.

Então, nesse caso, acolheu-se o princípio da defesa ou da personalidade passiva.

A extradição consiste na entrega de uma pessoa autora de infração penal, por parte do Estado em

cujo território se encontre, a outro que solicita a referida entrega. Assim, para que a extradição ocorra, é neces-

sário que entre os países haja um tratado bilateral ou multilateral tratando do assunto. Porém, caso não

exista, o Estado requerente deverá prometer reciprocidade de tratamento ao Brasil.

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Agora, para fecharmos o nosso grande tema macro (Territorialidade) quero falar com vocês sobre

pena cumprida no estrangeiro e, logo em seguida, para encerramos nossa primeira aula de direito penal parte

geral, vou tratar com vocês sobre conflito aparente de normas.

Pena cumprida no estrangeiro.

Meu querido(a) estudante, ao analisarmos a questão envolvendo a extraterritorialidade da lei brasi-

leira, é possível que suceda a hipótese de ser o agente processado, julgado e condenado tanto pela lei brasileira

como pela estrangeira, cumprido nesta total ou parcialmente a pena.

Para esses casos, devemos aplicar o artigo 8º do Código Penal:

Pena cumprida no estrangeiro

Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime,

quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.

A partir da leitura do artigo mencionado, podemos concluir que dois fatores devem ser considerados

ao mencionarmos a hipótese de pena cumprida no estrangeiro, quais sejam: a qualidade e quantidade da pena

imposta.

Exemplificando: tratando-se da mesma qualidade (duas penas privativas de liberdade) da punição

aplicada no Brasil, será computada a pena cumprida no exterior. Por outro lado, se de qualidade diversa (pena

privativa de liberdade e pecuniária), aqui no Brasil será atenuada a pena imposta.

Imagine que Austin é condenado a pena de 10 anos na Itália por ter atentado contra a vida do nosso

Presidente da República. No Brasil, é também processado e condenado, mas a pena imposta foi de 22 anos.

Neste caso, serão abatidos os 10 anos cumpridos na Itália, cumprindo Austin, no Brasil, somente os 12 anos.

Agradeço sua presença até esse momento e espero que eu esteja atendendo todas as suas expecta-

tivas. Dessa forma, seguimos por aqui e passamos para o estudo do conflito aparente de normas.

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CONFLITO APARENTE DE NORMAS

Introdução.

Dando início ao nosso encontro falando a vocês sobre conflito aparente de normas, quero que você tenha

uma certeza em mente: um mesmo fato concreto não pode ser enquadrado em vários tipos penais (ou seja, em

vários dispositivos do Código Penal ou da nossa legislação esparsa), sob pena de violação ao princípio do ne bis

in idem.

Sendo assim, o conflito aparente de normas surge no momento em que (como o próprio nome já nos diz)

quando a um único fato incidem aparentemente dois ou mais tipos penais, todos eles vigentes no ordenamento

jurídico.

Importante que você saiba que o conflito aparente de normas só ocorrerá se houver um só fato ou uma

só conduta, aos quais aparentemente se apliquem várias normas penais incriminadoras (todas vigentes). En-

tretanto, na hipótese de serem vários fatos, não há que se falar em conflito aparente de normas e sim em con-

curso de crimes, salvo nas situações de antefato e pós-fato impuníveis (todas essas informações serão objeto

de estudo individualizado no decorrer do nosso curso).

Feitas essas considerações iniciais, vamos ao estudo dos princípios que solucionam o conflito aparente de

normas!

Princípio da especialidade.

O critério da especialidade surge quando entre duas normas aparentemente incidentes sobre o mesmo

fato, houver uma relação de gênero e espécie.

Vamos a um exemplo: se a mãe mate o filho durante o parto, sob a influência do estado puerperal, incorre,

aparentemente, nos arts. 121 (homicídio) e 123 (infanticídio). No primeiro, porque matou uma pessoa; no se-

gundo, porque essa pessoa era seu filho e a morte se deu no momento do parto, influenciada pelo estado pu-

erperal.

Ao analisarmos a situação acima descrita, podemos notar que o art. 123 do Código Penal (infanticídio),

contém todas as elementares do homicídio (matar + alguém), além de outras que são especializantes (o próprio

filho + durante o parto ou logo após + sob a influência do estado puerperal), o que torna o infanticídio especial

em relação ao homicídio.

Dessa forma, meu jovem, notamos que toda a ação que realiza o tipo do infanticídio realiza a do homicídio,

mas nem toda ação que se encaixa ao homicídio tem enquadramento no tipo do infanticídio.

Assim, esse conflito se resolve no plano abstrato, sendo suficiente apenas uma comparação entre as duas

normas para saber qual é a especial.

Agora, grave isso que vou lhe dizer: O TIPO PENAL ESPECIAL PREVALECE SOBRE O TIPO PENAL GE-

RAL INDEPENDENTE DE SUA GRAVIDADE.

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Princípio da subsidiariedade.

Já quanto a relação de subsidiariedade, pressupomos que tenha entre as normas aparentemente aplicá-

veis, uma relação de conteúdo a continente, como se um tipo penal estivesse dentro (contido) no outro. O con-

tinente (maior) é o tipo primário/principal e o menor (contido nele) é o chamado de tipo subsidiário.

Nessa hipótese, o tipo penal primário prevalece, mas se sobre qualquer hipótese não puder ser aplicado,

aplica-se o tipo penal subsidiário.

Você deve ficar atento ao fato de que a subsidiariedade pode ser de duas espécies: a) expressa: quando o

próprio tipo penal se declara subsidiário, como, por exemplo, o art. 132 do Código Penal, que dispõe – “se o fato

não constituir pena mais grave” (a norma se autoproclama “soldado de reserva” – nas palavras de Nelson Hun-

gria. b) tácita/implícita: ocorre quando um tipo penal está contido em outro na condição de elementar (elemen-

tos presentes no caput do artigo) ou circunstâncias (dados acessórios que podem interferir na pena), por exem-

plo, no caso do art. 304 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que prevê a omissão de socorro em acidente de

trânsito, em relação ao homicídio culposo na direção de veículo automotor, qualificado pela omissão de socorro

(art. 302 c/c o art. 303, parágrafo único, inciso III, do CTB).

Princípio da consunção.

Pelo princípio da consunção (ou absorção), meu amigo, ocorre quando um fato definido por uma norma

incriminadora é meio necessário ou normal fase de preparação ou execução de outro crime. Nesse caso, há uma

relação de meio – fim, em que o crime fim absorve o crime meio.

Você também deve ficar atento ao fato de que o princípio da consunção é aplicado de duas formas, quais

sejam:

a) Crime progressivo (há uma uniformidade de dolo): o agente possui, desde o princípio, o mesmo es-

copo e o persegue até o final, ou seja, pretendendo um resultado determinado de maior lesividade

(por exemplo a morte de seu algoz), pratica outro fato de menor intensidade (p.ex. lesão corporal, ao

lhe desferir facadas que causam a morte). Nesse caso, as lesões corporais serão absorvidas e o agente

responderá somente pelo crime de homicídio.

b) Progressão criminosa: aqui o indivíduo inicia o caminho do crime com o objetivo específico de prati-

car determinado crime (por exemplo, lesões corporais), entretanto, após alcançar esse resultado (já

houve lesão a sua vítima) o agente criminoso MUDA de ideia e resolve matá-la. Desse modo, haverá

a progressão criminosa e o indivíduo responderá apenas pelo homicídio, ficando as lesões inicial-

mente praticadas, absorvida pelo crime do art. 121, do Código Penal.

c) Ante factum impunível: ocorre quando um fato anterior menos grave é praticado como meio necessá-

rio para a realização de outro. Preste atenção nesse exemplo, caríssimo: o crime de falsidade exclusi-

vamente utilizado com o fim de cometer estelionato, nos termos da súmula 17 do STJ.

d) Post factum impunível: essa, por sua vez, se da quando o agente, após praticar o fato, provoca nova

violação o mesmo bem jurídico, pertencente ao mesmo sujeito passivo. Outro exemplo, meu amigo

(a): o indivíduo que após furtar um relógio simplesmente o quebra (crime de dano). Nesse caso, ha-

verá apenas punição pelo crime de furto.

Agora, vamos ver qual o nível de profundidade questionado nas provas de concurso.

Venha comigo!

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Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Provas: CESPE - 2012 - Polícia Federal - Agente da Polícia

Federal

Julgue os itens a seguir com base no direito penal.

Conflitos aparentes de normas penais podem ser solucionados com base no princípio da consunção, ou absor-

ção. De acordo com esse princípio, quando um crime constitui meio necessário ou fase normal de preparação

ou execução de outro crime, aplica-se a norma mais abrangente. Por exemplo, no caso de cometimento do

crime de falsificação de documento para a prática do crime de estelionato, sem mais potencialidade lesiva,

este absorve aquele.

( ) Certo

( ) Errado

Gabarito – Certo – conforme estudamos minutos atrás, o conflito aparente de normas pode ser solucionado

com base no princípio da consunção. Ademais, o enunciado da questão traz um dos exemplos que por nós foi

explorado e que retrata o teor da súmula 17 do STJ.

E, para encerrarmos nosso estudo e finalizarmos o conteúdo teórico da primeira parte do nosso curso,

vamos para o último princípio do conflito aparente de normas.

Princípio da alternatividade.

Esse princípio está presente nos crimes que possuem diversos núcleos (verbos), separados pela conjunção

alternativa “ou”.

Quando alguém pratica mais de um verbo presente no mesmo tipo penal, num mesmo contexto fático, só

responde por um crime (e não pelo mesmo crime várias vezes).

Preste atenção no seguinte exemplo, meu caro!

Suponha que Austin exponha a venda e, em seguida, venda substância entorpecente. Nesse contexto, ele

responderá por crime único de tráfico de drogas (art. 33 da Lei 11.343/067), mesmo que tenha praticado dois

verbos nucleares (expor venda e vender).

Então, para encerrar nosso estudo acerca do conflito aparente de normas, deixo a você essa tabela resu-

mindo cada um dos principais pontos acerca dos institutos:

7 Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depó-sito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratui-tamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

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ESPECIALIDADE SUBSIDIARIEDADE CONSUNÇÃO ALTERNATIVIDADE

Pressupõe uma rela-

ção gênero - espécie

Pressupõe uma rela-

ção continente- con-

teúdo

Relação meio – fim Tipo misto alternativo

Prevalece o tipo es-

pecial sobre o tipo

geral

Prevalece o tipo con-

tinente (primário)

O crime fim absorve

o crime meio

Há crime único

quando os verbos

atingem o mesmo ob-

jeto material.

Eficácia da sentença estrangeira.

Vamos a leitura do artigo 9º do Código Penal:

Eficácia de sentença estrangeira (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas

conseqüências, pode ser homologada no Brasil para: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; (Incluído pela

Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

II - sujeitá-lo a medida de segurança.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984

O art. 9º do CP revela uma parceria entre países estrangeiro e Brasil.

São casos em que a algum país requer à Justiça brasileira que execute a sua sentença, ou seja, o processo

de conhecimento tramita no estrangeiro e a execução é aqui no Brasil.

Quais são os efeitos decorrentes de sentença penal estrangeira que podem ser executados no Brasil?

O CP é limitado, autorizando somente nessas hipóteses:

1) Efeitos Civis da condenação penal (p.ex. confisco de bens) ou;

2) Medida de segurança. Entretanto, para isso a sentença penal deve ser objeto de homologado pelo STJ.

Só caberá homologação quando o STJ verificar que a lei brasileira autoriza aplicação dos mesmos efeitos no

caso concreto (requisito básico).

Contagem de prazos. Frações não computáveis da pena. Aplicação do CP a Leis Especiais.

Para que possamos estudar cada um dos pontos propostos, vamos a leitura de cada um dos artigos do CP

a respeito da matéria:

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Contagem de prazo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos

pelo calendário comum. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Frações não computáveis da pena (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de

dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Legislação especial (Incluída pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta

não dispuser de modo diverso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

A) CONTAGEM DE PRAZO PENAL (ART.10): Prazo penal é aquele que reflete diretamente no exercício

do direito de punir. Inclui o dia do início e exclui o do final. Os meses e anos devem ser contados de acordo com

o calendário comum.

B) FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS NA PENA (ART.11): Desprezar as frações de dia em pena de prisão

e os centavos em pena pecuniária. (p.ex.: pena de 1 ano 4 meses e 3 dias – aí tem uma casa de diminuição e

o juiz resolve diminuir pela metade, ficaria 8 meses e 1 dia e meio, sendo essa fração “meia” dispensada,

ficando a pena em 8 meses e 1 dia.)

C) APLICAÇÃO DO CÓDIGO PENAL A LEIS ESPECIAIS (ART.12): As regras gerais deste código de apli-

cam a todas as leis penais especiais, salvo se essas dispuserem de modo diverso.

Assim, meu querido estudante, chegamos ao fim da nossa primeira parte do conteúdo de direito penal.

Espero que eu tenha atendido a todas as suas expectativas durante essa aula.

Foi uma satisfação estudar na sua presença! Fico ao seu dispor em minhas redes sociais!

Um forte abraço! Um ótimo estudo! Fique com Deus!

Até a próxima!

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Questões comentadas pelo professor

1) Ano: 2019 Prova: PC-ES - Escrivão de Polícia

O art. 1º do Código Penal afirma que não há crime sem lei anterior que o defina e que não há pena sem prévia

cominação legal. O mencionado dispositivo corresponde a qual princípio de direito penal?

A) Princípio da legalidade.

B) Princípio da proibição de pena indigna.

C) Princípio da proporcionalidade

D) Princípio da igualdade.

E) Princípio da austeridade.

Resolução:

a) Conforme nosso estudo inicial sobre os princípios do direito penal, o art. 1º do Código Penal, reproduzindo

o art. 5º, XXXIX, da Constituição federal, elenca o princípio da legalidade.

b) O princípio da proibição da pena indigna diz respeito ao fato de que a ninguém poderá ser imposta uma pena

ofensiva à dignidade humana, como, por exemplo, a imposição de trabalhos forçados ou, até mesmo a escra-

vidão.

c) O princípio da proporcionalidade não corresponde somente a um princípio do direito penal, pois é utilizado

em todos os ramos do direito, como critério norteador para aplicação de medidas adequadas a determinados

casos concretos. Também, não há previsão legal expressa do princípio da proporcionalidade no ordenamento

jurídico.

d) Não corresponde ao significado do enunciado da questão, pois, o princípio da igualdade (ou isonomia) está

disposto no art. 5º, I, da Constituição Federal, que garante aos homens e mulheres igualdade em direitos e

obrigações na ordem jurídica.

e) O princípio da austeridade não está ligado ao direito, mas sim a economia.

Gabarito: Letra A.

2) Ano: 2008 Banca: VUNESP Órgão: TJ-MT Provas: VUNESP - 2008 - TJ-MT - Técnico Judiciário

É correto afirmar que o princípio da legalidade

A) está previsto no código de processo penal.

B) pode ser entendido como in dubio pro reo.

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C) é uma garantia de que à lei compete fixar os crimes e suas penas.

D) não tem previsão legal.

E) consiste na idéia de ninguém poder ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime.

Resolução:

a) O princípio da legalidade não está expressamente previsto no código de processo penal. Ao contrário, está

expressamente previsto no Código Penal.

b) O princípio do in dubio pro reo é próprio do direito processual penal, ocasião em que, milita a favor do réu o

benefício da dúvida quando não houver prova suficiente para embasar sua condenação. Dessa forma, deverá o

juiz aplicar o princípio do in dubio pro reo (ou favor rei – na dúvida, a favor do réu).

c) Sim, pois o artigo 1º do CP e o art. 5º, XXXIX, da CF, dispõem: “não há crime sem lei anterior (reserva legal)

que o defina e que não há pena sem prévia cominação legal (anterioridade)”.

d) Há sim previsão legal, conforme art. 1º do CP e art. 5º, XXXIX, CF.

e) A assertiva está tratando do instituto da abolitio criminis.

Gabarito: Letra C.

3) Ano: 2014 Banca: FCC Órgão: TRF - 3ª REGIÃO Prova: FCC - 2014 - TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário -

Área Judiciária

Dentre as ideias estruturantes ou princípios abaixo, todos especialmente importantes ao direito penal brasi-

leiro, NÃO tem expressa e literal disposição constitucional o da

A) legalidade.

B) proporcionalidade.

C) individualização.

D) pessoalidade.

E) dignidade humana.

a) – O princípio da legalidade está elencado no art.5º, XXXIX, da CF.

b) – Não há previsão legal expressa a respeito do princípio da proporcionalidade no ordenamento jurídico bra-

sileiro.

c) – O princípio da individualização da pena está expresso no art. 5º, XLVI, da CF.

d) – O princípio da pessoalidade da pena está expresso no art. 5º, XLV, da CF.

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e) – O princípio da dignidade da pessoa humana está expresso no art. 1º, III, da CF, como um dos fundamentos

da República.

Gabarito: Letra B.

4) Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2013 - PRF - Policial Rodoviário Federal

Com relação aos princípios, institutos e dispositivos da parte geral do Código Penal (CP), julgue os itens seguin-

tes.

O princípio da legalidade é parâmetro fixador do conteúdo das normas penais incriminadoras, ou seja, os tipos

penais de tal natureza somente podem ser criados por meio de lei em sentido estrito.

( ) Certo

( ) Errado

Resolução:

Conforme o enunciado da questão, devemos recordar que uma das subdivisões do princípio da legalidade é a

reserva legal, que diz ser obrigatória a criação de tipos penais através de lei em sentido estrito (seja ela com-

plementar ou ordinária).

Gabarito: CERTO.

5) Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal

O art. 1.º do Código Penal brasileiro dispõe que “não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem

prévia cominação legal”.

Considerando esse dispositivo legal, bem como os princípios e as repercussões jurídicas dele decorrentes, jul-

gue o item que se segue.

O presidente da República, em caso de extrema relevância e urgência, pode editar medida provisória para agra-

var a pena de determinado crime, desde que a aplicação da pena agravada ocorra somente após a aprovação

da medida pelo Congresso Nacional.

( ) Certo

( ) Errado

Resolução:

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A edição de MP em matéria penal, como regra geral é vedada, inclusive para criação de crimes e agravamento

dos já existentes. Entretanto, é possível MP benéfica, conforme já ocorreu no Brasil, através do art. 32 da Lei

10.826/03 – Estatuto do Desarmamento.

Gabarito: ERRADO.

6) Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de

Polícia

A impossibilidade da lei penal nova mais gravosa ser aplicada em caso ocorrido anteriormente à sua vigên-

cia é chamada de

A) princípio da ultra-atividade da lei nova.

B) princípio da legalidade.

C) princípio da irretroatividade.

D) princípio da normalidade.

E) princípio da adequação.

Resolução:

a) - A ultra-atividade é um efeito decorrente das leis penais excepcionais e temporárias, fazendo que os efeitos

delas retroajam a data em que se encontravam em vigor.

b) – O princípio da legalidade diz respeito ao processo de criação de tipos penais.

c) – A irretroatividade é a regra no ordenamento jurídico, conforme o art. 5º, XL, da CF.

d) – Tentativa da banca de induzi-lo ao erro, pois o princípio da normalidade é próprio da sociologia e não do

Direito Penal.

e) – O princípio da adequação está inserido dentro dos limites materiais do direito penal, tornando atípico um

fato considerado socialmente adequado.

Gabarito: Letra C.

7) Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: TRT - 8ª Região (PA e AP) Prova: CESPE - 2016 - TRT - 8ª Região (PA e AP)

- Analista Judiciário - Área Judiciária

Assinale a opção correta, considerando a lei e a jurisprudência dos tribunais superiores.

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A) A conduta de vender ou expor à venda CDs ou DVDs contendo gravações de músicas, filmes ou shows não

configura crime de violação de direito autoral, por ser prática amplamente tolerada e estimulada pela procura

dos consumidores desses produtos.

B) Na aplicação dos princípios da insignificância e da lesividade, as condutas que produzam um grau mínimo de

resultado lesivo devem ser desconsideradas como delitos e, portanto, não ensejam a aplicação de sanções pe-

nais aos seus agentes.

C) O uso de revólver de brinquedo no crime de roubo justifica a incidência da majorante prevista no Código

Penal, por intimidar a vítima e desestimular sua reação.

D) A idade da vítima é um dado irrelevante na dosimetria da pena do crime de homicídio doloso.

E) Para a configuração dos crimes contra a honra, exige-se somente o dolo genérico, desconsiderando-se a

existência de intenção, por parte do agente, de ofender a honra da vítima.

Resolução:

a) – Os tribunais superiores já foram instados a se manifestarem sobre o tema e rejeitaram a tese de considerar

socialmente adequada a conduta de vender CDs e DVDs piratas, razão pela qual, tal conduta é considerada

criminosa.

b) – Está de acordo com os vetores elencados pelo STF e que foram objeto de estudo anteriormente na nossa

primeira aula. Lembre-se do mnemônico que ensineis a vocês: “PROL”.

c) – Simulacro (arma de brinquedo) ou arma de fogo desmuniciada, não são aptos a gerar o aumento do em-

prego de arma previsto para o delito de roubo.

d) – Muito pelo contrário, pois caso a vítima seja menor de 14 anos ou maior de 60 na data do fato, e o agente

tenha conhecimento desse dado objetivo, tal hipótese é uma majorante, responsável por aumentar a pena do

criminoso de 1/3 até metade.

e) – Nos crimes contra a honra (art. 138, 139 e 140, todos do CP), é necessário o elemento específico de cada

um dos crimes, animus caluniandi (art.138), animus difamandi (art. 139) e animus injuriandi (art. 140).

Gabarito: Letra B.

8) Ano: 2018 Banca: CESPE

Tendo como referência a jurisprudência sumulada dos tribunais superiores, julgue o item a seguir, acerca de

crimes, penas, imputabilidade penal, aplicação da lei penal e institutos.

É possível a aplicação do princípio da insignificância nos crimes contra a administração pública, desde que o

prejuízo seja em valor inferior a um salário mínimo.

( ) Certo

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( ) Errado

Resolução:

Conforme a súmula 589 do STJ, é vedada a aplicação do princípio da insignificância nos crimes contra a adm.

pública.

Gabarito: ERRADO.

9) Ano: 2017 Banca: FEPESE Órgão: PC-SC Prova: FEPESE - 2017 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil

É correto afirmar acerca dos princípios constitucionais do direito penal.

A) A fixação dos crimes e das respectivas penas não depende de lei formal.

B) Para beneficiar o réu, a lei penal poderá ser aplicada retroativamente.

C) A lei não poderá deixar de incriminar uma conduta já tipificada por legislação anterior.

D) As penas cruéis poderão ser aplicadas caso o delito cause grande comoção social.

E) Na impossibilidade de cumprimento da pena pelo réu, os seus familiares poderão ter a liberdade restringida.

Resolução:

a) – Conforme exaustivamente estudado por nós, o princípio da legalidade, pela via da reserva legal, exige lei

em sentido formal (seja complementar ou ordinária) para a criação de crimes e penas.

b) – Está em conformidade com o art. 5º, XL, da CF.

c) – Não há impedimento para que uma lei deixe de incriminar uma conduta incriminada por lei anterior. O

instituto que regula essa possibilidade é conhecido como abolitio criminis.

d) – Por vedação constitucional (art. 5º, XLVII) é proibida a imposição de penas cruéis.

e) – Conforme o princípio da personalidade da pena (art. 5º, XLV, CF) nenhuma pena poderá passar da figura

do condenado.

Gabarito: Letra B.

10) Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: PC-AL Prova: CESPE - 2012 - PC-AL - Escrivão de Polícia

No que concerne aos princípios, direitos e garantias fundamentais,

estabelecidos na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue os itens

a seguir.

A lei penal pode retroagir para beneficiar ou prejudicar o réu.

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( ) Certo

( ) Errado

Resolução:

Somente poderá retroagir para beneficiar o réu.

Gabarito: ERRADO.

11) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia Civil

A aplicação do princípio da retroatividade benéfica da lei penal ocorre quando, ao tempo da conduta, o fato é

A) típico e lei posterior suprime o tipo penal.

B) típico e lei posterior provoca a migração do conteúdo criminoso para outro tipo penal.

C) típico e lei posterior aumenta a pena correspondente ao crime.

D) típico e lei posterior acrescenta hipótese de aumento de pena.

E) atípico e lei posterior o torna típico.

Resolução:

a) - Estamos diante da situação de abolitio criminis (quando nova lei penal deixa de considerar fato que anteri-

ormente era criminoso).

b) – Nesse caso estamos diante do princípio da continuidade normativo típica. uma novatio legis in pejus (nova

lei penal gravosa).

c) – Nesse caso estamos diante de uma novatio legis in pejus (nova lei penal gravosa).

d) – Também estamos diante de uma novatio legis in pejus (nova lei penal gravosa).

e) – Aqui estamos diante de uma novatio legis incriminadora (nova lei incriminadora).

Gabarito: Letra A.

12) Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: TJ-RO Prova: CESPE - 2012 - TJ-RO - Técnico Judiciário

Considere que um homem tenha sido denunciado pela prática de estelionato e que, durante a ação penal, tenha

entrado em vigor uma nova lei que prevê diminuição da pena aplicável ao referido crime. Nessa situação hipo-

tética, consoante disposições do Código Penal, a lei nova

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A) não se aplica ao crime em tela, uma vez que o fato criminoso que originou a ação penal foi praticado anteri-

ormente à vigência da nova lei.

B) aplica-se ao crime em tela, independentemente do conteúdo material, dado que a lei penal obedece ao prin-

cípio da retroatividade.

C) aplica-se ao crime em tela, visto que a lei penal obedece ao princípio da retroatividade, caso caracterize-se

situação em que o acusado será beneficiado.

D) pode ser aplicada ao crime em tela, desde que não tenha ocorrido o trânsito em julgado de sentença penal

condenatória, situação que impede a retroatividade da lei nova.

E) não se aplica ao crime em tela, conforme o princípio da irretroatividade, visto que a ação penal já estava em

curso quando a nova lei passou a vigorar.

Resolução:

a) – Por se trata de lei pena benéfica (novatio legis in mellius) ela retroagirá, beneficiando o estelionatário.

b) – A lei penal obedece ao princípio da irretroatividade e, também, há de ser feito uma análise acerca do seu

conteúdo material.

c) – Pois, a lei penal obedece ao princípio da retroatividade, caso caracterize situação benéfica ao acusado.

d) – A lei penal benéfica poderá ser aplicada mesmo após o trânsito em julgado, ocasião em que o juiz da exe-

cução penal será o encarregado da aplicação da nova lei penal benéfica (611, STF).

e) – Será aplicado ao crime de estelionato, mesmo com a ação penal em curso.

Gabarito: Letra C.

13) Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: PC-CE Prova: VUNESP - 2015 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil de 1a

Classe

O indivíduo B provocou aborto com o consentimento da gestante, em 01 de fevereiro de 2010, e foi condenado,

em 20 de fevereiro de 2013, pela prática de tal crime à pena de oito anos de reclusão. A condenação já transitou

em julgado. Na hipótese do crime de aborto, com o consentimento da gestante, deixar de ser considerado

crime por força de uma lei que passe a vigorar a partir de 02 de fevereiro de 2015, assinale a alternativa correta

no tocante à consequência dessa nova lei à condenação imposta ao indivíduo B.

A) A nova lei será aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B, cessando em virtude dela a execução e os

efeitos penais da sentença condenatória.

B) A nova lei só irá gerar algum efeito sobre a condenação do indivíduo B se prever expressamente que se aplica

a fatos anteriores.

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C) A nova lei só seria aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B se a sua entrada em vigência ocorresse

antes de 01 de fevereiro de 2015

D) Não haverá consequência à condenação imposta ao indivíduo B visto que já houve o trânsito em julgado da

condenação.

E) A nova lei será aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B, contudo só fará cessar a execução persis-

tindo os efeitos penais da sentença condenatória, tendo em vista que esta já havia transitado em julgado.

Resolução:

a) – Entrado em vigor uma lei penal que deixei de considerar o aborto um crime, estaremos diante de uma

abolitio criminis, aplicando-se ao condenado pelo fato, fazendo cessar em virtude da lei, a execução e os efeitos

penais da sentença (art. 2º, do CP).

b) – A nova lei penal se aplica imediatamente, independentemente de qualquer previsão expressa acerca de

sua retroatividade.

c) – A figura da abolitio criminis alcança todos os fatos praticados anterior a sua entrada em vigor. Não há hipó-

tese de limitação de sua aplicação.

d) – A abolitio criminis se aplica mesmo após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.

e) – Conforme redação do art. 2º do CP, todos os efeitos penais da sentença condenatória cessam.

Gabarito: Letra A.

14) Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE - Escrivão de Polícia Civil

Um crime de extorsão mediante sequestro perdura há meses e, nesse período, nova lei penal entrou em vigor,

prevendo causa de aumento de pena que se enquadra perfeitamente no caso em apreço.

Nessa situação hipotética,

A) a lei penal mais grave não poderá ser aplicada: o ordenamento jurídico não admite a novatio legis in pejus.

B) a lei penal menos grave deverá ser aplicada, já que o crime teve início durante a sua vigência e a legislação,

em relação ao tempo do crime, aplica a teoria da atividade.

C) a lei penal mais grave deverá ser aplicada, pois a atividade delitiva prolongou-se até a entrada em vigor da

nova legislação, antes da cessação da permanência do crime.

D) a aplicação da pena deverá ocorrer na forma prevista pela nova lei, dada a incidência do princípio da ultrati-

vidade da lei penal.

E) a aplicação da pena ocorrerá na forma prevista pela lei anterior, mais branda, em virtude da incidência do

princípio da irretroatividade da lei penal.

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Resolução:

a) – Por força da súmula 711 do STF, será aplicada a lei penal mais gravosa, pois o crime que a banca trouxe é

um crime permanente (que a consumação se prolonga no tempo).

b) – Não há que se falar em aplicação da lei anterior, pois, conforme vimos, trata-se de crime permanente, que

permite a aplicação da lei penal mais gravosa que sobrevenha durante o período da permanência.

c) – É o exato conteúdo da súmula 711 do STF - A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime

permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência

d) – Nesse caso não estamos diante de uma lei excepcional ou temporária, e sim de uma lei que irá vigorar por

tempo indeterminado no ordenamento jurídico.

e) – Não há que se falar em irretroatividade da lei penal, pois é o caso de aplicação de lei penal mais gravosa por

conta da permanência do crime de extorsão mediante sequestro.

Gabarito: Letra C.

15) Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TJ-DFT Prova: CESPE - 2015 - TJ-DFT - Analista Judiciário - Judiciária

Em relação à aplicação da lei penal e aos institutos do arrependimento eficaz e do erro de execução, julgue o

item seguinte.

Se um indivíduo praticar uma série de crimes da mesma espécie, em continuidade delitiva e sob a vigência de

duas leis distintas, aplicar-se-á, em processo contra ele, a lei vigente ao tempo em que cessaram os delitos,

ainda que seja mais gravosa.

( ) Certo

( ) Errado

Resolução:

Conforme a súmula 711 do STF - A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente,

se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.

Gabarito: Certo.

16) Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: STF Prova: CESPE - 2013 - STF - Analista Judiciário - Área Judiciária

Acerca dos princípios gerais que norteiam o direito penal, das teorias do crime e dos institutos da Parte

Geral do Código Penal brasileiro, julgue os itens a seguir.

Considere que Manoel, penalmente imputável, tenha sequestrado uma criança com o intuito de receber certa

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quantia como resgate. Um mês depois, estando a vítima ainda em cativeiro, nova lei entrou em vigor, pre-

vendo pena mais severa para o delito. Nessa situação, a lei mais gravosa não incidirá sobre a conduta de Ma-

noel.

( ) Certo

( ) Errado

Resolução:

Conforme a súmula 711 do STF - A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime perma-

nente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência, razão pela qual, se aplicará

a Manoel.

Gabarito: ERRADO.

17) Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Provas: CESPE - 2013 - Polícia Federal - Escrivão da Polícia

Federal

Julgue o item subsequente , relativo à aplicação da lei penal e seus princípios.

No que diz respeito ao tema lei penal no tempo, a regra é a aplicação da lei apenas durante o seu período de

vigência; a exceção é a extra-atividade da lei penal mais benéfica, que comporta duas espécies: a retroatividade

e a ultra-atividade.

( ) Certo

( ) Errado

Resolução:

O enunciado da questão nos traz as hipóteses envolvendo a ultra atividade da lei penal excepcional ou tempo-

rária, conforme o artigo 3º do CP - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração

ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.

Gabarito: CERTO.

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18) Ano: 2014 Banca: FUNCAB Órgão: PC-RO Prova: FUNCAB - 2014 - PC-RO - Escrivão de Polícia Civil

O artigo 3º do Código Penal dispõe: “a lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua dura-

ção ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência”. O

referido artigo prevê o fenômeno da:

A) coculpabilidade.

B) tipicidade conglobante.

C) retroatividade da lei.

D) abolitio criminis.

E) ultra-atividade da lei.

Resolução:

a) – O fenômeno da coculpabilidade diz respeito a uma teoria de aplicação da pena de autoria de Zaffaroni (que

será objeto de estudo em nossas aulas de Processo Penal).

b) – A tipicidade conglobante, também de Zaffaroni, diz respeito ao conceito de tipicidade no conceito analítico

de crime. Não se assuste, meu amigo(a)! Isso será objeto de estudo nas nossas próximas aulas.

c) – O art. 3º do Código Penal não diz respeito a retroatividade da lei penal.

d) – O art. 3º do CP não diz respeito a abolitio criminis (que está prevista no art. 2º do CP).

e) – O art. 3º do CP traz o instituto da ultra-atividade.

Gabarito: Letra E.

19) Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de

Polícia

O Direito Penal brasileiro considera como momento do cometimento do crime

A) desde o seu planejamento.

B) quando atingido o resultado pretendido.

C) o momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.

D) quando chega ao conhecimento das autoridades competentes.

E) o momento do cometimento do crime é irrelevante para o Direito Penal.

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Resolução:

a) – Vamos estudar em aulas próximas que o planejamento do crime (atos preparatórios – em regra, não são

puníveis).

b) – A assertiva está tratando da consumação do crime e não do tempo do crime.

c) – O tempo do crime (momento) é o da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado, con-

forme o art. 4º do CP.

d) – O tempo do crime (momento) é o da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado, e não

o momento que que chega ao conhecimento das autoridades competentes.

e) – O momento do cometimento do crime tem inúmeras relevâncias para o direito penal, as quais serão objeto

de estudo aqui em nossa próxima aula.

Gabarito: Letra C.

20) Ano: 2017 Banca: CONSULPLAN Órgão: TRE-RJ Provas: CONSULPLAN - 2017 - TRE-RJ - Analista Judiciá-

rio - Área Administrativa

“João da Silva atira contra ‘X’ no dia 29/5, tendo ‘X’ falecido 20 dias depois.” Sobre o tempo do crime, o

Código Penal adota a teoria:

A) Ubiquidade.

B) Da atividade.

C) Do resultado.

D) Ambivalência.

Resolução:

a) – A ubiquidade diz respeito ao lugar do crime, conforme o art. 6º do Código Penal.

b) – A teoria da atividade foi adotada pelo art.4 º do CP para delimitar o tempo do crime.

c) – A teoria do resultado é adotada no âmbito do processo penal para definir a competência, conforme o art.

70 do CPP.

d) – Não faz parte do direito penal.

Gabarito: Letra B.

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21) Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: TJ-AL Prova: FGV - 2018 - TJ-AL - Analista Judiciário - Área Judiciária

No dia 02.01.2018, Jéssica, nascida em 03.01.2000, realiza disparos de arma de fogo contra Ana, sua inimiga,

em Santa Luzia do Norte, mas terceiros que presenciaram os fatos socorrem Ana e a levam para o hospital em

Maceió. Após três dias internada, Ana vem a falecer, ainda no hospital, em virtude exclusivamente das lesões

causadas pelos disparos de Jéssica. Com base na situação narrada, é correto afirmar que Jéssica:

A) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Atividade para de-

finir o momento do crime e a Teoria da Ubiquidade para definir o lugar;

B) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria do Resultado para definir

o momento do crime e a Teoria da Atividade para definir o lugar;

C) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Ubiquidade para definir

o momento do crime e a Teoria da Atividade para definir o lugar;

D) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Atividade para de-

finir o momento do crime e apenas a Teoria do Resultado para definir o lugar;

E) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria do Resultado para definir

o momento do crime e a Teoria da Ubiquidade para definir o lugar.

Resolução:

a) – Esse é o nosso gabarito, tendo em vista que Jéssica não poderá ser responsabilizada pelo fato, pois possui

17 anos de idade ao tempo da conduta, bem como, o Código Penal adota a teoria da atividade para o tempo do

crime e a teoria da ubiquidade para o lugar do crime.

b) – A assertiva erroneamente insere a teoria do resultado, adotada para definir a competência, conforme o art.

70 do código de processo penal.

c) – A assertiva inverte as teorias adotas pelo CP. Para o tempo do crime, o CP adotou a teoria da atividade.

Para o lugar do crime, adotou a teoria da ubiquidade.

d) – A autora do crime não poderá ser responsabilizada, porém, a alternativa traz a teoria do resultado para

definir o lugar do crime, o que não está correto, tendo em vista que a referida teoria se aplica para o tema da

competência no processo penal.

e) – Além de não poder ser responsabilizada, o CP adotou a teoria da atividade para o momento do crime.

Gabarito: Letra A.

22) Ano: 2016 Banca: UFMT Órgão: TJ-MT Prova: UFMT - 2016 - TJ-MT - Técnico Judiciário

Sobre a aplicação da lei penal, de acordo com o Decreto Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940, Código Penal,

marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.

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( ) Não há crime sem lei posterior que o defina.

( ) Considera-se praticado o crime no momento da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.

( ) Considera-se como extensão do território nacional, para efeitos penais, a aeronave de propriedade privada,

que se ache no espaço aéreo correspondente.

( ) Não fica sujeito à lei brasileira, embora cometido no estrangeiro, o crime contra a liberdade do Presidente

da República.

Assinale a sequência correta.

A) V, F, F, V

B) F, V, V, F

C) V, V, F, F

D) F, F, V, V

Resolução:

1ª Proposição: a lei deve ser anterior (anterioridade) e não posterior.

2ª Proposição: – é a redação do art. 4º do CP.

3ª Proposição: – a aeronave de propriedade privada, que se ache no espaço aéreo correspondente é conside-

rada extensão do território brasileiro.

4º Proposição: - Os crimes praticados contra a liberdade do Presidente ficam sujeitos à lei brasileira, ainda que

cometidos no estrangeiro. (art. 7º, I, a, CP).

Gabarito – Letra B.

23) Ano: 2014 Banca: Aroeira Órgão: PC-TO Prova: Aroeira - 2014 - PC-TO - Escrivão de Polícia Civil

Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações brasileiras, mer-

cantes ou de propriedade privada,

A) que se achem em alto-mar.

B) onde quer que estejam ancoradas.

C) que se achem no mar territorial brasileiro.

D) onde quer que estejam navegando.

Resolução:

a) – Essa é a redação do art. 5º, §1º do Código Penal.

b) – A assertiva contraria a redação do art. 5º, §1º, do Código Penal.

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c) – A assertiva contraria a redação do art. 5º, §1º, do Código Penal.

d) – A assertiva contraria a redação do art. 5º, §1º, do Código Penal.

Gabarito: Letra A.

24) Ano: 2013 Banca: FUNCAB Órgão: PC-ES Prova: FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de Polícia

O marinheiro Jonas matou seu colega de farda a bordo do navio-escola NE Brasil, da Marinha Brasileira, quando

o navio estava em águas sob soberania do Japão. Assim:

A) a lei penal brasileira será aplicada ao caso, em razão do princípio da territorialidade.

B) a lei penal brasileira será aplicada ao caso, em razão do princípio do pavilhão.

C) a lei penal brasileira será aplicada ao caso, em razão do princípio da justiça universal.

D) a lei penal brasileira será aplicada ao caso, em razão do princípio da defesa.

E) a lei penal japonesa será aplicada ao caso, em razão do crime ter ocorrido em águas sob soberania do Japão.

Resolução:

a) – Pois o navio-escola da Marinha Brasileira é extensão do território brasileiro. Dessa forma, para fins penais,

é como se o crime tivesse acontecido dentro do território brasileiro, aplicando-se o princípio da territorialidade.

b) – O princípio a ser adotado para o enunciado da questão não é o do pavilhão e, sim o da territorialidade.

c) – O princípio a ser adotado para o enunciado da questão não é o da justiça universal e, sim o da territoriali-

dade.

d) – O princípio a ser adotado para o enunciado da questão não é o da defesa e, sim o da territorialidade.

e) – A lei a ser aplicada é a brasileira, por conta do navio da Marinha ser extensão do território brasileiro, razão

pela qual, não há que se falar em aplicação da lei Japonesa.

Gabarito: Letra A.

25) Ano: 2004 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2004 - Polícia Federal - Escrivão da Polícia

Federal - Nacional

Considere a seguinte situação hipotética.

Na fronteira do Brasil com a Venezuela, mas ainda em território nacional, na cidade de Pacaraima, em Roraima,

Otávio desferiu cinco facadas contra Armindo, que conseguiu correr e faleceu na cidade de Santa Helena, na

Venezuela.

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Nessa situação, como o crime se consumou na Venezuela, não há competência jurisdicional do Brasil para pro-

cessar e julgá-lo.

( ) Certo

( ) Errado

Resolução:

Basta que a infração penal “toque” o território brasileiro para que haja incidência da lei penal brasileira, con-

forme o artigo 6º do Código Penal.

Gabarito: ERRADO.

26) Ano: 2011 Banca: CESPE Órgão: TRE-ES Prova: CESPE - 2011 - TRE-ES - Analista Judiciário - Área Judiciária

- Específicos

Lugar do crime, para os efeitos de incidência da lei penal brasileira, é aquele onde foi praticada a ação ou omis-

são, no todo ou em parte, bem como aquele onde se produziu ou, no caso da tentativa, teria sido produzido o

resultado.

( ) Certo

( ) Errado

Resolução:

O enunciado da questão é cópia literal do art. 6º do Código Penal - Considera-se praticado o crime no lugar em

que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o

resultado

Gabarito: CERTO.

27) Ano: 2010 Banca: FCC Órgão: TRT - 8ª Região (PA e AP) Prova: FCC - 2010 - TRT - 8ª Região (PA e AP) -

Analista Judiciário - Área Judiciária

José, brasileiro, cometeu crime de peculato, apropriando- se de valores da embaixada brasileira no Japão, onde

trabalhava como funcionário público.

Em tal situação,

A) somente se aplica a lei brasileira se José não tiver sido absolvido no Japão, por sentença definitiva.

B) somente se aplica a lei brasileira se José não tiver sido processado pelo mesmo fato no Japão.

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C) aplica-se a lei brasileira, independentemente da existência de processo no Japão e de entrada do agente no

território nacional.

D) a aplicação da lei brasileira, independe da existência de processo no Japão, mas está condicionada à entrada

do agente no território nacional.

E) aplica-se a lei brasileira, somente se for mais favorável ao agente do que a lei japonesa.

Resolução:

a) – Não há que se falar em processo e julgamento Japonês pelo crime cometido por José, visto que o crime

praticado é de extraterritorialidade incondicionada.

b) – Trata-se de típico caso de extraterritorialidade incondicionada, razão pela qual, o agente será processado

no Brasil independentemente de ter sido processado ou não no Japão.

c) – Aplica-se a lei brasileira, pois trata-se de hipótese de extraterritorialidade, conforme o artigo 7º, inciso I,

“c”, do CP).

d) – A aplicação da lei brasileira não está condicionada a entrada de José no território geográfico brasileiro.

e) – Aplica-se a lei brasileira independente de qualquer outra condição, por questão de soberania brasileira.

Gabarito: Letra C.

28) Ano: 2010 Banca: FCC Órgão: TRE-RS Prova: FCC - 2010 - TRE-RS - Analista Judiciário - Área Judiciária

Dentre os casos de extraterritorialidade incondicionada da lei penal, previstos no Código Penal, NÃO se incluem

os crimes cometidos:

A) contra a fé pública da União.

B) contra o patrimônio de autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público.

C) contra a administração pública, por quem está a seu serviço.

D) em aeronaves ou embarcações brasileiras.

Resolução:

Não se incluem nas hipóteses de extraterritorialidade incondicionada, os crimes cometidos em aeronaves ou

embarcações brasileiras (assim, de forma genérica como tratou o enunciado). O restante das alternativas estão

elencadas no art. 7º do CP.

Gabarito: Letra D.

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29) Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Provas: CESPE - 2012 - Polícia Federal - Agente da Polícia

Federal

Julgue os itens a seguir com base no direito penal.

Conflitos aparentes de normas penais podem ser solucionados com base no princípio da consunção, ou absor-

ção. De acordo com esse princípio, quando um crime constitui meio necessário ou fase normal de preparação

ou execução de outro crime, aplica-se a norma mais abrangente. Por exemplo, no caso de cometimento do

crime de falsificação de documento para a prática do crime de estelionato, sem mais potencialidade lesiva, este

absorve aquele.

( ) Certo

( ) Errado

Resolução:

O enunciado da questão nos traz a súmula 17 do STJ - Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais po-

tencialidade lesiva, é por este absorvido.

Gabarito: Certo.

30) Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: TRE-RJ Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Analista Judiciário - Área Judiciá-ria

A respeito de institutos diversos de direito penal, julgue o item a seguir.

A venda de cópias não autorizadas de CDs e DVDs — cópias piratas — por vendedores ambulantes que não

possuam outra renda além da advinda dessa atividade, apesar de ser conduta tipificada, não possui, segundo a

jurisprudência do STJ, tipicidade material, aplicando-se ao caso o princípio da adequação social.

( ) Certo

( )Errado

Resolução:

Os tribunais superiores já foram instados a se manifestarem sobre o tema e rejeitaram a tese de considerar

socialmente adequada a conduta de vender CDs e DVDs piratas, razão pela qual, tal conduta é considerada

criminosa.

Gabarito: ERRADO.

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Agradeço, mais uma vez a sua companhia!

Encerramos nosso primeiro encontro por aqui!

Aguardo a sua presença em nossa próxima aula.

Bons estudo! Fiquei com Deus!

Até lá,

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Lista de questões

1) Ano: 2019 Prova: PC-ES - Escrivão de Polícia

O art. 1º do Código Penal afirma que não há crime sem lei anterior que o defina e que não há pena sem prévia

cominação legal. O mencionado dispositivo corresponde a qual princípio de direito penal?

A) Princípio da legalidade.

B) Princípio da proibição de pena indigna.

C) Princípio da proporcionalidade

D) Princípio da igualdade.

E) Princípio da austeridade.

2) Ano: 2008 Banca: VUNESP Órgão: TJ-MT Provas: VUNESP - 2008 - TJ-MT - Técnico Judiciário

É correto afirmar que o princípio da legalidade

A) está previsto no código de processo penal.

B) pode ser entendido como in dubio pro reo.

C) é uma garantia de que à lei compete fixar os crimes e suas penas.

D) não tem previsão legal.

E) consiste na idéia de ninguém poder ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime.

3) Ano: 2014 Banca: FCC Órgão: TRF - 3ª REGIÃO Prova: FCC - 2014 - TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário -

Área Judiciária

Dentre as ideias estruturantes ou princípios abaixo, todos especialmente importantes ao direito penal brasi-

leiro, NÃO tem expressa e literal disposição constitucional o da

A) legalidade.

B) proporcionalidade.

C) individualização.

D) pessoalidade.

E) dignidade humana.

4) Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2013 - PRF - Policial Rodoviário Federal

Com relação aos princípios, institutos e dispositivos da parte geral do Código Penal (CP), julgue os itens seguin-

tes.

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O princípio da legalidade é parâmetro fixador do conteúdo das normas penais incriminadoras, ou seja, os tipos

penais de tal natureza somente podem ser criados por meio de lei em sentido estrito.

( ) Certo

( ) Errado

5) Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal

O art. 1.º do Código Penal brasileiro dispõe que “não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem

prévia cominação legal”.

Considerando esse dispositivo legal, bem como os princípios e as repercussões jurídicas dele decorrentes, jul-

gue o item que se segue.

O presidente da República, em caso de extrema relevância e urgência, pode editar medida provisória para agra-

var a pena de determinado crime, desde que a aplicação da pena agravada ocorra somente após a aprovação

da medida pelo Congresso Nacional.

( ) Certo

( ) Errado

6) Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de

Polícia

A impossibilidade da lei penal nova mais gravosa ser aplicada em caso ocorrido anteriormente à sua vigên-

cia é chamada de

A) princípio da ultra-atividade da lei nova.

B) princípio da legalidade.

C) princípio da irretroatividade.

D) princípio da normalidade.

E) princípio da adequação.

7) Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: TRT - 8ª Região (PA e AP) Prova: CESPE - 2016 - TRT - 8ª Região (PA e AP)

- Analista Judiciário - Área Judiciária

Assinale a opção correta, considerando a lei e a jurisprudência dos tribunais superiores.

A) A conduta de vender ou expor à venda CDs ou DVDs contendo gravações de músicas, filmes ou shows não

configura crime de violação de direito autoral, por ser prática amplamente tolerada e estimulada pela procura

dos consumidores desses produtos.

B) Na aplicação dos princípios da insignificância e da lesividade, as condutas que produzam um grau mínimo de

resultado lesivo devem ser desconsideradas como delitos e, portanto, não ensejam a aplicação de sanções pe-

nais aos seus agentes.

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C) O uso de revólver de brinquedo no crime de roubo justifica a incidência da majorante prevista no Código

Penal, por intimidar a vítima e desestimular sua reação.

D) A idade da vítima é um dado irrelevante na dosimetria da pena do crime de homicídio doloso.

E) Para a configuração dos crimes contra a honra, exige-se somente o dolo genérico, desconsiderando-se a

existência de intenção, por parte do agente, de ofender a honra da vítima.

8) Ano: 2018 Banca: CESPE

Tendo como referência a jurisprudência sumulada dos tribunais superiores, julgue o item a seguir, acerca de cri-

mes, penas, imputabilidade penal, aplicação da lei penal e institutos.

É possível a aplicação do princípio da insignificância nos crimes contra a administração pública, desde que o pre-

juízo seja em valor inferior a um salário mínimo.

( ) Certo

( ) Errado

9) Ano: 2017 Banca: FEPESE Órgão: PC-SC Prova: FEPESE - 2017 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil

É correto afirmar acerca dos princípios constitucionais do direito penal.

A) A fixação dos crimes e das respectivas penas não depende de lei formal.

B) Para beneficiar o réu, a lei penal poderá ser aplicada retroativamente.

C) A lei não poderá deixar de incriminar uma conduta já tipificada por legislação anterior.

D) As penas cruéis poderão ser aplicadas caso o delito cause grande comoção social.

E) Na impossibilidade de cumprimento da pena pelo réu, os seus familiares poderão ter a liberdade restringida.

10) Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: PC-AL Prova: CESPE - 2012 - PC-AL - Escrivão de Polícia

No que concerne aos princípios, direitos e garantias fundamentais,

estabelecidos na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue os itens

a seguir.

A lei penal pode retroagir para beneficiar ou prejudicar o réu.

( ) Certo

( ) Errado

11) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia Civil

A aplicação do princípio da retroatividade benéfica da lei penal ocorre quando, ao tempo da conduta, o fato é

A) típico e lei posterior suprime o tipo penal.

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B) típico e lei posterior provoca a migração do conteúdo criminoso para outro tipo penal.

C) típico e lei posterior aumenta a pena correspondente ao crime.

D) típico e lei posterior acrescenta hipótese de aumento de pena.

E) atípico e lei posterior o torna típico.

12) Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: TJ-RO Prova: CESPE - 2012 - TJ-RO - Técnico Judiciário

Considere que um homem tenha sido denunciado pela prática de estelionato e que, durante a ação penal, tenha

entrado em vigor uma nova lei que prevê diminuição da pena aplicável ao referido crime. Nessa situação hipo-

tética, consoante disposições do Código Penal, a lei nova

A) não se aplica ao crime em tela, uma vez que o fato criminoso que originou a ação penal foi praticado anteri-

ormente à vigência da nova lei.

B) aplica-se ao crime em tela, independentemente do conteúdo material, dado que a lei penal obedece ao prin-

cípio da retroatividade.

C) aplica-se ao crime em tela, visto que a lei penal obedece ao princípio da retroatividade, caso caracterize-se

situação em que o acusado será beneficiado.

D) pode ser aplicada ao crime em tela, desde que não tenha ocorrido o trânsito em julgado de sentença penal

condenatória, situação que impede a retroatividade da lei nova.

E) não se aplica ao crime em tela, conforme o princípio da irretroatividade, visto que a ação penal já estava em

curso quando a nova lei passou a vigorar.

13) Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: PC-CE Prova: VUNESP - 2015 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil de 1a

Classe

O indivíduo B provocou aborto com o consentimento da gestante, em 01 de fevereiro de 2010, e foi condenado,

em 20 de fevereiro de 2013, pela prática de tal crime à pena de oito anos de reclusão. A condenação já transitou

em julgado. Na hipótese do crime de aborto, com o consentimento da gestante, deixar de ser considerado

crime por força de uma lei que passe a vigorar a partir de 02 de fevereiro de 2015, assinale a alternativa correta

no tocante à consequência dessa nova lei à condenação imposta ao indivíduo B.

A) A nova lei será aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B, cessando em virtude dela a execução e os

efeitos penais da sentença condenatória.

B) A nova lei só irá gerar algum efeito sobre a condenação do indivíduo B se prever expressamente que se aplica

a fatos anteriores.

C) A nova lei só seria aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B se a sua entrada em vigência ocorresse

antes de 01 de fevereiro de 2015

D) Não haverá consequência à condenação imposta ao indivíduo B visto que já houve o trânsito em julgado da

condenação.

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E) A nova lei será aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B, contudo só fará cessar a execução persis-

tindo os efeitos penais da sentença condenatória, tendo em vista que esta já havia transitado em julgado.

14) Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE - Escrivão de Polícia Civil

Um crime de extorsão mediante sequestro perdura há meses e, nesse período, nova lei penal entrou em vigor,

prevendo causa de aumento de pena que se enquadra perfeitamente no caso em apreço.

Nessa situação hipotética,

A) a lei penal mais grave não poderá ser aplicada: o ordenamento jurídico não admite a novatio legis in pejus.

B) a lei penal menos grave deverá ser aplicada, já que o crime teve início durante a sua vigência e a legislação,

em relação ao tempo do crime, aplica a teoria da atividade.

C) a lei penal mais grave deverá ser aplicada, pois a atividade delitiva prolongou-se até a entrada em vigor da

nova legislação, antes da cessação da permanência do crime.

D) a aplicação da pena deverá ocorrer na forma prevista pela nova lei, dada a incidência do princípio da ultrati-

vidade da lei penal.

E) a aplicação da pena ocorrerá na forma prevista pela lei anterior, mais branda, em virtude da incidência do

princípio da irretroatividade da lei penal.

15) Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TJ-DFT Prova: CESPE - 2015 - TJ-DFT - Analista Judiciário - Judiciária

Em relação à aplicação da lei penal e aos institutos do arrependimento eficaz e do erro de execução, julgue o

item seguinte.

Se um indivíduo praticar uma série de crimes da mesma espécie, em continuidade delitiva e sob a vigência de

duas leis distintas, aplicar-se-á, em processo contra ele, a lei vigente ao tempo em que cessaram os delitos,

ainda que seja mais gravosa.

( ) Certo

( ) Errado

16) Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: STF Prova: CESPE - 2013 - STF - Analista Judiciário - Área Judiciária

Acerca dos princípios gerais que norteiam o direito penal, das teorias do crime e dos institutos da Parte

Geral do Código Penal brasileiro, julgue os itens a seguir.

Considere que Manoel, penalmente imputável, tenha sequestrado uma criança com o intuito de receber certa

quantia como resgate. Um mês depois, estando a vítima ainda em cativeiro, nova lei entrou em vigor, pre-

vendo pena mais severa para o delito. Nessa situação, a lei mais gravosa não incidirá sobre a conduta de Ma-

noel.

( ) Certo

( ) Errado

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17) Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Provas: CESPE - 2013 - Polícia Federal - Escrivão da Polícia

Federal

Julgue o item subsequente , relativo à aplicação da lei penal e seus princípios.

No que diz respeito ao tema lei penal no tempo, a regra é a aplicação da lei apenas durante o seu período de

vigência; a exceção é a extra-atividade da lei penal mais benéfica, que comporta duas espécies: a retroatividade

e a ultra-atividade.

( ) Certo

( ) Errado

18) Ano: 2014 Banca: FUNCAB Órgão: PC-RO Prova: FUNCAB - 2014 - PC-RO - Escrivão de Polícia Civil

O artigo 3º do Código Penal dispõe: “a lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua dura-

ção ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência”. O

referido artigo prevê o fenômeno da:

A) coculpabilidade.

B) tipicidade conglobante.

C) retroatividade da lei.

D) abolitio criminis.

E) ultra-atividade da lei.

19) Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de

Polícia

O Direito Penal brasileiro considera como momento do cometimento do crime

A) desde o seu planejamento.

B) quando atingido o resultado pretendido.

C) o momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.

D) quando chega ao conhecimento das autoridades competentes.

E) o momento do cometimento do crime é irrelevante para o Direito Penal.

20) Ano: 2017 Banca: CONSULPLAN Órgão: TRE-RJ Provas: CONSULPLAN - 2017 - TRE-RJ - Analista Judiciá-

rio - Área Administrativa

“João da Silva atira contra ‘X’ no dia 29/5, tendo ‘X’ falecido 20 dias depois.” Sobre o tempo do crime, o

Código Penal adota a teoria:

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A) Ubiquidade.

B) Da atividade.

C) Do resultado.

D) Ambivalência.

21) Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: TJ-AL Prova: FGV - 2018 - TJ-AL - Analista Judiciário - Área Judiciária

No dia 02.01.2018, Jéssica, nascida em 03.01.2000, realiza disparos de arma de fogo contra Ana, sua inimiga,

em Santa Luzia do Norte, mas terceiros que presenciaram os fatos socorrem Ana e a levam para o hospital em

Maceió. Após três dias internada, Ana vem a falecer, ainda no hospital, em virtude exclusivamente das lesões

causadas pelos disparos de Jéssica. Com base na situação narrada, é correto afirmar que Jéssica:

A) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Atividade para de-

finir o momento do crime e a Teoria da Ubiquidade para definir o lugar;

B) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria do Resultado para definir

o momento do crime e a Teoria da Atividade para definir o lugar;

C) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Ubiquidade para definir

o momento do crime e a Teoria da Atividade para definir o lugar;

D) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Atividade para de-

finir o momento do crime e apenas a Teoria do Resultado para definir o lugar;

E) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria do Resultado para definir

o momento do crime e a Teoria da Ubiquidade para definir o lugar.

22) Ano: 2016 Banca: UFMT Órgão: TJ-MT Prova: UFMT - 2016 - TJ-MT - Técnico Judiciário

Sobre a aplicação da lei penal, de acordo com o Decreto Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940, Código Penal,

marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.

( ) Não há crime sem lei posterior que o defina.

( ) Considera-se praticado o crime no momento da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.

( ) Considera-se como extensão do território nacional, para efeitos penais, a aeronave de propriedade privada,

que se ache no espaço aéreo correspondente.

( ) Não fica sujeito à lei brasileira, embora cometido no estrangeiro, o crime contra a liberdade do Presidente

da República.

Assinale a sequência correta.

A) V, F, F, V

B) F, V, V, F

C) V, V, F, F

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D) F, F, V, V

23) Ano: 2014 Banca: Aroeira Órgão: PC-TO Prova: Aroeira - 2014 - PC-TO - Escrivão de Polícia Civil

Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações brasileiras, mer-

cantes ou de propriedade privada,

A) que se achem em alto-mar.

B) onde quer que estejam ancoradas.

C) que se achem no mar territorial brasileiro.

D) onde quer que estejam navegando.

24) Ano: 2013 Banca: FUNCAB Órgão: PC-ES Prova: FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de Polícia

O marinheiro Jonas matou seu colega de farda a bordo do navio-escola NE Brasil, da Marinha Brasileira, quando

o navio estava em águas sob soberania do Japão. Assim:

A) a lei penal brasileira será aplicada ao caso, em razão do princípio da territorialidade.

B) a lei penal brasileira será aplicada ao caso, em razão do princípio do pavilhão.

C) a lei penal brasileira será aplicada ao caso, em razão do princípio da justiça universal.

D) a lei penal brasileira será aplicada ao caso, em razão do princípio da defesa.

E) a lei penal japonesa será aplicada ao caso, em razão do crime ter ocorrido em águas sob soberania do Japão.

25) Ano: 2004 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2004 - Polícia Federal - Escrivão da Polícia

Federal - Nacional

Considere a seguinte situação hipotética.

Na fronteira do Brasil com a Venezuela, mas ainda em território nacional, na cidade de Pacaraima, em Roraima,

Otávio desferiu cinco facadas contra Armindo, que conseguiu correr e faleceu na cidade de Santa Helena, na

Venezuela.

Nessa situação, como o crime se consumou na Venezuela, não há competência jurisdicional do Brasil para pro-

cessar e julgá-lo.

( ) Certo

( ) Errado

26) Ano: 2011 Banca: CESPE Órgão: TRE-ES Prova: CESPE - 2011 - TRE-ES - Analista Judiciário - Área Judiciária

- Específicos

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Lugar do crime, para os efeitos de incidência da lei penal brasileira, é aquele onde foi praticada a ação ou omis-

são, no todo ou em parte, bem como aquele onde se produziu ou, no caso da tentativa, teria sido produzido o

resultado.

( ) Certo

( ) Errado

27) Ano: 2010 Banca: FCC Órgão: TRT - 8ª Região (PA e AP) Prova: FCC - 2010 - TRT - 8ª Região (PA e AP) -

Analista Judiciário - Área Judiciária

José, brasileiro, cometeu crime de peculato, apropriando- se de valores da embaixada brasileira no Japão, onde

trabalhava como funcionário público.

Em tal situação,

A) somente se aplica a lei brasileira se José não tiver sido absolvido no Japão, por sentença definitiva.

B) somente se aplica a lei brasileira se José não tiver sido processado pelo mesmo fato no Japão.

C) aplica-se a lei brasileira, independentemente da existência de processo no Japão e de entrada do agente no

território nacional.

D) a aplicação da lei brasileira, independe da existência de processo no Japão, mas está condicionada à entrada

do agente no território nacional.

E) aplica-se a lei brasileira, somente se for mais favorável ao agente do que a lei japonesa.

28) Ano: 2010 Banca: FCC Órgão: TRE-RS Prova: FCC - 2010 - TRE-RS - Analista Judiciário - Área Judiciária

Dentre os casos de extraterritorialidade incondicionada da lei penal, previstos no Código Penal, NÃO se incluem

os crimes cometidos:

A) contra a fé pública da União.

B) contra o patrimônio de autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público.

C) contra a administração pública, por quem está a seu serviço.

D) em aeronaves ou embarcações brasileiras.

29) Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Provas: CESPE - 2012 - Polícia Federal - Agente da Polícia

Federal

Julgue os itens a seguir com base no direito penal.

Conflitos aparentes de normas penais podem ser solucionados com base no princípio da consunção, ou absor-

ção. De acordo com esse princípio, quando um crime constitui meio necessário ou fase normal de preparação

ou execução de outro crime, aplica-se a norma mais abrangente. Por exemplo, no caso de cometimento do

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crime de falsificação de documento para a prática do crime de estelionato, sem mais potencialidade lesiva, este

absorve aquele.

( ) Certo

( ) Errado

30) Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: TRE-RJ Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Analista Judiciário - Área Judiciá-ria

A respeito de institutos diversos de direito penal, julgue o item a seguir.

A venda de cópias não autorizadas de CDs e DVDs — cópias piratas — por vendedores ambulantes que não

possuam outra renda além da advinda dessa atividade, apesar de ser conduta tipificada, não possui, segundo a

jurisprudência do STJ, tipicidade material, aplicando-se ao caso o princípio da adequação social.

( ) Certo

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Gabarito 1. A

2. C

3. B

4. Certo

5. Errado

6. C

7. B

8. Errado

9. B

10. Errado

11. A

12. C

13. A

14. C

15. Certo

16. Certo

17. Certo

18. E

19. C

20. B

21. D

22. B

23. A

24. A

25. Errado

26. Certo

27. C

28. D

29. Certo

30. Errado

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Resumo direcionado

A seguir, meu amigo(a) segue um resumão que eu preparei com tudo o que vimos de mais importante nesta

aula. Espero que você já tenha feito o seu resumo também, e utilize o meu para verificar se ficou faltando colocar

algo.

Aplicação da lei penal

Analogia

Interpretação extensiva Interpretação analógica Analogia

É forma de interpretação É forma de interpretação É forma de integração do di-

reito

Existe norma para o caso

concreto

Existe norma para o caso

concreto

Não existe norma para o

caso concreto

Amplia-se o alcance da pa-

lavra (não importa no surgi-

mento de uma nova

norma)

Utilizam-se exemplos segui-

dos de uma fórmula gené-

rica para alcançar outras hi-

póteses

Cria-se nova norma a partir

de outra (analogia legis) ou

do todo do ordenamento ju-

rídico (analogia iuris)

Prevalece ser possível sua

aplicação no direito penal

in bonam ou in malam par-

tem.

É possível sua aplicação no

Direito Penal in bonam ou in

malam parte.

É possível sua aplicação no

Direito penal somente in bo-

nam partem.

Ex: a expressão “arma” no

crime de roubo majorado

Ex: homicídio mediante

paga ou promessa de re-

compensa, ou por outro mo-

tivo torpe (art. 121, §2º, I, III

e IV, CP

Ex: isenção de pena, prevista

nos crimes contra o patrimô-

nio, para o cônjuge e, analo-

gicamente, para o compa-

nheiro.

Princípio da Legalidade

Reserva Legal

Anterioridade

Taxatividade

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Desdobramentos materiais.

Ausência de Periculosidade Social

Reduzido grau de Reprovabilidade do fato

Mínima Ofensividade da conduta

Ínfimo grau de Lesão Jurídica.

Lei penal no tempo

“Lex mitior” – retroativa

Abolitio criminis – nova lei que descriminaliza condutas. Não confundir os termos descriminalização

com despenalização (significa suprimir/dificultar/impedir a aplicação de pena privativa de liberdade).

Novatio legis in mellius – nova lei que mantém a criminalização do ato, mas lhe confere tratamento

mais brando (611, STF – compete ao juízo da execução a aplicação da nova lei benéfica na execução penal).

Lei Penal

Irretroativa

Retroativa (art. 2º, p.ú, CP)

Ultra ativa (art. 3º, CP)

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“Lex gravior“ – irretroativa

Novatio legis incriminadora – nova lei que criminaliza condutas.

Novatio legis in pejus – nova lei que mantém a criminalização, mas da ao fato tratamento mais severo.

Ex: inclusão do §2º ao artigo 157 do CP.

Fato• Conduta de ejacualr nas

vítimas no transporte público

Lei 13.718/18

• Nova lei incriminadora

Art. 215-A

• Tipo penal criado. Portanto a norma é irretroativa.

Furto

Pena 1 a 4 anos

Nova Lei Penal

Gravosa

Furto

Pena 10 a 20 anos

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Tempo do crime e lugar do crime

Lei penal no espaço

Territorialidade.

Espaço físico (geográfico) Espaço terrestre, marítimo ou aéreo, sujeito à so-

berania do Estado (solo, rios, lagos, mares interio-

res, baías, faixa do mar exterior ao longo da costa

– 12 milhas marítimas de largura, medidas a partir

da linha de baixa-mar do litoral continente e insu-

lar – e espaço aéreo correspondente.

Espaço físico por extensão ou ficção Para os efeitos penais, consideram-se como es-

paço físico por ficção as embarcações e aeronaves

brasileiras, de natureza pública ou a serviço do go-

verno brasileiro onde quer que se encontrem, bem

como as embarcações e aeronaves brasileiras (ma-

triculadas no Brasil), mercantes ou de propriedade

privada, que se achem, respectivamente em alto

mar ou no espaço aéreo correspondente (art. 5º,

§1º, CP).

LUTALembre-se desse mnemônico

TATEMPO ATIVIDADE

LULUGAR UBIQUIDADE

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É também aplicável a lei brasileira aos crimes co-

metidos a bordo de aeronaves ou embarcações es-

trangeiras de propriedade privada, achando-se

aquelas em pouso no território nacional ou voo no

espaço aéreo corresponde, e estas em porto ou

mar territorial do brasil (art. 5º, §2º, CP).

CONCLUSÕES

A) Quando navios ou aeronaves forem públicos ou esti-

verem a serviço do governo brasileiro, quer se encon-

trem em território nacional ou estrangeiro, são

considerados parte do nosso território.

B) Se os navios ou aeronaves forem privados, quando

em alto-mar ou espaço aéreo correspondente, se-

guem a lei da bandeira que trazem consigo.

C) Quanto aos navios e aeronaves estrangeiros, em ter-

ritório brasileiro, desde que privados são considera-

dos parte de nosso território.

Princípio da Territoriali-

dade

Princípio da Extraterri-

torialidade

Princípio da Intraterri-

torialidade

Local do Crime Brasil País estrangeiro Brasil

Lei a ser aplicada Brasileira Brasileira Estrangeira*

Princípios aplicáveis a extraterritorialidade

PRINCÍPIOS APLICÁVEIS E TERRITORIALIDADE

Princípio da territorialidade Aplica-se a lei penal do local do crime, não impor-

tando a nacionalidade do agente, da vítima ou do

bem jurídico.

Princípio da nacionalidade ou personalidade ativa Aplica-se a lei do país a que pertence o agente crimi-

noso, pouco importando o local do crime, a naciona-

lidade da vítima ou do bem jurídico violado.

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Princípio da nacionalidade ou personalidade pas-

siva

Aplica-se a lei penal da nacionalidade da vítima.

Princípio da defesa Aplica-se a lei penal da nacionalidade do bem jurídico

lesado (ou colocado em perigo), não importando o

local da infração penal ou a nacionalidade do sujeito

ativo.

Princípio da Justiça Penal Universal ou da Justiça

cosmopolita

O agente fica sujeito à lei do País onde for encon-

trado, não importando sua nacionalidade, do bem ju-

rídico lesado ou do local do crime. Esse princípio está

normalmente presente nos tratados internacionais

de cooperação de repressão a determinados delitos

de alcance transnacional.

Princípio da representação, do pavilhão, da subs-

tituição ou da bandeira.

A lei penal nacional aplica-se aos crimes cometidos

em aeronaves e embarcações privadas, quando pra-

ticados no estrangeiro e aí não sejam julgados.

Lugar do crime

CRIMES À DISTÂNCIA

O crime percorre territórios de dois Estados soberanos (Brasil e Paraguai, por exemplo)

Gera conflito internacional de jurisdição (qual país aplicará sua lei?)

Aplica-se o art.6º do Código Penal.

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Extraterritorialidade

Dispositivo legal Princípio Espécie de extraterritorialidade

Art. 7º, I, a, b, c Princípio da defesa Incondicionada

Art. 7º, I, d Princípio da justiça universal Incondicionada

Art. 7º, II, a Princípio da justiça universal Condicionada

Art. 7º, II, b Princípio da nacionalidade ativa Condicionada

Art. 7º, II, c Princípio da representação Condicionada

Entrar o agente no território nacional.

Ser o fato punível também no país em que foi praticado.

Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei

brasileira autoriza a extradição.

Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou

não ter aí cumprido pena.

Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar

extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.

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Conflito aparente de normas

Crime progressivo Progressão crimi-

nosa Antefato impunível Pós-fato Impunível

O agente possui,

desde o princípio, o

mesmo escopo e o

persegue até o final,

ou seja, preten-

dendo um resultado

determinado de

maior lesividade

(por exemplo a

morte de seu algoz),

pratica outro fato

de menor intensi-

dade (p.ex. lesão

corporal, ao lhe des-

ferir facadas que

causam a morte).

Nesse caso, as le-

sões corporais serão

absorvidas e o

agente responderá

somente pelo crime

de homicídio.

Aqui o indivíduo ini-

cia o caminho do

crime com o objetivo

específico de praticar

determinado crime

(por exemplo, lesões

corporais), entre-

tanto, após alcançar

esse resultado (já

houve lesão a sua ví-

tima) o agente crimi-

noso MUDA de ideia

e resolve matá-la.

Desse modo, haverá

a progressão crimi-

nosa e o indivíduo

responderá apenas

pelo homicídio, fi-

cando as lesões inici-

almente praticadas,

absorvida pelo crime

do art. 121, do Có-

digo Penal.

Ocorre quando um

fato anterior menos

grave é praticado

como meio necessá-

rio para a realização

de outro. Preste

atenção nesse exem-

plo, caríssimo: o

crime de falsidade

exclusivamente utili-

zado com o fim de

cometer estelionato,

nos termos da sú-

mula 17 do STJ.

Essa, por sua vez, se

dá quando o agente,

após praticar o fato,

provoca nova viola-

ção o mesmo bem ju-

rídico, pertencente

ao mesmo sujeito

passivo. Outro

exemplo, meu amigo

(a): o indivíduo que

após furtar um reló-

gio simplesmente o

quebra (crime de

dano). Nesse caso,

haverá apenas puni-

ção pelo crime de

furto.