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DIREITO CIVIL – PROF. ANDRÉ ROBERTO DE SOUZA MACHADO ([email protected]) PARTE GERAL DO DIREITO CIVIL 1. LICC. Conceito de Lei: “Lei é uma regra geral que, emanando de autoridade competente, é imposta, coativamente, à obediência de todos.” (Clóvis Beviláqua) Normas imperativas ou cogentes (de ordem pública) x Normas dispositivas. Vigência das Leis: Uma lei existe desde a sua promulgação; é presumivelmente conhecida (presunção absoluta) desde a sua publicação (art. 3°, LICC); é válida estando em conformidade com o ordenamento jurídico como um todo (ex: constitucionalidade ou inconstitucionalidade; será eficaz (eficácia absoluta) a partir do momento em que entra em vigor, podendo não ser eficaz a certos atos (eficácia relativa), como no caso do art. 16, da CF/88, in verbis: Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. Vacatio legis – período compreendido entre a publicação e a entrada em vigor de uma lei. Regra: art. 8°, da LC 95/98 Art. 8 o A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula "entra em vigor na data de sua publicação" para as leis de pequena repercussão. § 1 o A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se- á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subseqüente à sua consumação integral. (Parágrafo incluído pela Lei Complementar nº 107, de 26.4.2001) § 2 o As leis que estabeleçam período de vacância deverão utilizar a cláusula ‘esta lei entra em vigor após decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial’ .(Parágrafo incluído pela Lei Complementar nº 107, de 26.4.2001) Exceção: art. 1°, da LICC - 45 dias no território nacional (obrigatoriedade simultânea) - caput - Três meses no estrangeiro - § 1° Vigência: Regra: vigência por prazo indeterminado.

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DIREITO CIVIL – PROF. ANDRÉ ROBERTO DE SOUZA MACHADO ([email protected])

PARTE GERAL DO DIREITO CIVIL 1. LICC. Conceito de Lei: “Lei é uma regra geral que, emanando de autoridade competente, é imposta, coativamente, à obediência de todos.” (Clóvis Beviláqua) Normas imperativas ou cogentes (de ordem pública) x Normas dispositivas. Vigência das Leis: Uma lei existe desde a sua promulgação; é presumivelmente conhecida (presunção absoluta) desde a sua publicação (art. 3°, LICC); é válida estando em conformidade com o ordenamento jurídico como um todo (ex: constitucionalidade ou inconstitucionalidade; será eficaz (eficácia absoluta) a partir do momento em que entra em vigor, podendo não ser eficaz a certos atos (eficácia relativa), como no caso do art. 16, da CF/88, in verbis: Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. Vacatio legis – período compreendido entre a publicação e a entrada em vigor de uma lei. Regra: art. 8°, da LC 95/98 Art. 8o A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula "entra em vigor na data de sua publicação" para as leis de pequena repercussão. § 1o A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subseqüente à sua consumação integral. (Parágrafo incluído pela Lei Complementar nº 107, de 26.4.2001) § 2o As leis que estabeleçam período de vacância deverão utilizar a cláusula ‘esta lei entra em vigor após decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial’ .(Parágrafo incluído pela Lei Complementar nº 107, de 26.4.2001) Exceção: art. 1°, da LICC - 45 dias no território nacional (obrigatoriedade simultânea) - caput - Três meses no estrangeiro - § 1° Vigência: Regra: vigência por prazo indeterminado.

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Exceção: Leis temporárias (art. 2°) Revogação: Expressa ou tácita Total (ab-rogação) ou parcial (derrogação) Repristinação – somente se admite por menção expressa da lei nova – art. 2°, § 3°, LICC. Ver também: art. 24, § 4°, CF/88 – suspensão da vigência da norma estadual; Art. 11, § 2°, da Lei 9.868/99 – suspensão cautelar da norma impugnada como inconstitucional. FONTES SUPLETIVAS: art. 4°, LICC - analogia, costumes e Princípios gerais do direito. Ver Tb. art. 127, CPC – Equidade, quando previsto em lei (ex: art. 944, Par. Único, CC). IRRETROATIVIDADE DA LEI: art. 6°, LICC – direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada. Atenção: observar que o art. 2.035 do CC admite a incidência da lei nova sobre os efeitos futuros dos atos jurídicos pretéritos, entendimento que se encontra acolhido pelo STJ, por exemplo, no que se refere à incidência do disposto no art. 1.336, § 1°, CC (multa moratória sobre quota condominial) APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO: Princípio da Territorialidade Moderada (Gonçalves, Carlos Roberto – Sinopse Jurídica, vol. 1, Saraiva, p. 40) – admissão excepcional da lei estrangeira em território nacional. Domicílio da pessoa – art. 7°, 9° §2° e 10, da LICC. Situação do bem – art. 8° Constituição da Obrigação – art. 9°, caput e § 1°, da LICC – ver Tb. art. 88, CPC (inafastabilidade da competência da justiça brasileira quando a obrigação se executar no Brasil – REsp 8043061 2. DAS PESSOAS: Pessoas e Sujeitos de direito – noção de pessoa como titular de direitos e deveres na ordem civil. 2.1. DAS PESSOAS NATURAIS: Pessoa Natural = ser humano (art. 1º, do CC e art. 1º da CF/88) – Princípio da Dignidade da Pessoa Humana. Personalidade jurídica (civil) da pessoa natural: aptidão genérica para figurar nas relações jurídicas como titular de direitos e deveres. Início da personalidade: interpretação literal da norma (art. 2º, primeira parte, CC) – NASCIMENTO COM VIDA (Teoria Natalista).

1 (ACÓRDÃO) Processo civil. Competência internacional. Contrato de distribuição no Brasil de produtos fabricados por empresa sediada no Reino Unido. Impropriedade do termo “leis do Reino Unido”. Execução de sentença brasileira no exterior. Temas não prequestionados. Súmulas 282 e 356. Ministra NANCY ANDRIGHI. DJe 03/09/2008. Decisão: 19/08/2008

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OBS: Mas a Lei põe a salvo os direitos do NASCITURO (art. 2º, parte final, CC) – Nascituro é o ser concebido (já no ventre) mas ainda não nascido. CAPACIDADE CIVIL = medida da personalidade. Regra – toda pessoa é capaz. Exceção – a fim de proteger a pessoa o ordenamento jurídico estabelece hipóteses em que a mesma não terá capacidade plena. Capacidade Plena = Capacidade de Direito (Aquisição) + Capacidade de Fato (Exercício) Capacidade de Direito = toda pessoa é capaz (art. 1º), pois se trata da capacidade para ser sujeito de direito. Capacidade de Fato = é a capacidade para exercer pessoalmente os atos da vida civil. As pessoas serão incapazes quando não puderem exercer pessoalmente tais atos. Conforme o grau de discernimento a pessoa natural poderá ser ABSOLUTA (art. 3º) ou RELATIVAMENTE (art. 4º) incapaz – PONTO MUITO IMPORTANTE PARA A PROVA. ABSOLUTAMENTE INCAPAZ – art. 3º: I – Quem não possua 16 anos completos – critério de presunção absoluta; II – Os que por enfermidade ou deficiência mental não tiverem o necessário discernimento; III – Os que mesmo por causa transitória não puderem exprimir vontade. Obs: A causa é transitória e a incapacidade absoluta. Obs 2: Lembrar que os prazos prescricional e decadencial não correm contra os absolutamente incapazes (art. 199, I). RELATIVAMENTE INCAPAZ – art. 4º: I – Pessoas com mais de 16 anos e menos de 18; II – Os ébrios habituais, os toxicômanos e os que por deficiência mental tiverem o discernimento reduzido; III – Os excepcionais sem desenvolvimento mental completo; IV – Os pródigos. Obs: A incapacidade do pródigo é somente para certos atos, nos termos do art. 1.782. MAIORIDADE: A incapacidade cessará para os menores aos 18 anos completos (art. 5º, caput). EMANCIPAÇÃO: Antecipação da capacidade plena para quem ainda não atingiu a maioridade (art. 5º, par. Único). Espécies: Emancipação Voluntária – inciso I, primeira parte; Emancipação Judicial – inciso I, parte final; Emancipação Legal – incisos II a V. FIM DA PERSONALIDADE:

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Morte real – art. 6º, primeira parte, CC e art. 3º, Lei 9.434/97; Morte Presumida independente do procedimento de ausência – art. 7º, CC; Presunção de Morte pela abertura da sucessão definitiva do ausente – art. 6º, parte final, CC. AUSÊNCIA: Consiste no instituto que regula a destinação dos bens da pessoa que desaparece de seu domicílio sem que dela se tenha notícia. AUSÊNCIA = NÃO PRESENÇA + FALTA DE NOTÍCIAS + BENS Divide-se em três fases: 1ª) Curadoria do Ausente – arts. 22 a 25, CC; Se o ausente não houver deixado procurador com poderes suficientes, será nomeado curador a quem incumbirá a administração dos bens do ausente. 2ª) Sucessão Provisória – arts. 26 a 36, CC; Após 1 ano da arrecadação dos bens do ausente ou 3 anos se ele deixar procurador, abre-se a sucessão provisória, transferindo a posse e administração dos bens aos respectivos herdeiros e sucessores. 3ª) Sucessão Definitiva – arts. 37 a 39, CC. Após 10 anos do trânsito em julgado a sentença que concede a sucessão provisória, os bens passam à propriedade dos herdeiros e demais sucessores, podendo retornar ao patrimônio do ausente, no estado em que se encontrarem, se este retornar nos 10 anos seguintes à abertura da sucessão definitiva. DIREITOS DA PERSONALIDADE: Disciplinados nos arts. 11 a 21 do CC, tratam-se de direitos inerentes à condição de pessoa, relacionados à própria dignidade da pessoa humana. São direitos: inatos (art. 2º), extrapatrimoniais; inalienáveis, intransmissíveis, impenhoráveis, irrenunciáveis (art. 11); indisponíveis; vitalícios (art. 6º, art. 12, Par. Único e art. 20, Par. Único, do CC). NOME: toda pessoa tem direito a um nome (art. 16) que é direito personalíssimo protegido (arts. 17 e 18), equiparando-se na proteção o pseudônimo utilizado para fins lícitos (art. 19). O nome é imutável (art. 57, Lei 6.015/73) salvo nas hipóteses excepcionalmente previstas em Lei (vide arts. 56 a 58, Lei 6.015/73 e art. 1.565, § 1º, do CC). ESTADO DA PESSOA NATURAL E RELAÇÃO DE PARENTESCO: Estado individual: qto. ao sexo (masculino e feminino); qto. à capacidade civil (capaz, relativamente incapaz e absolutamente incapaz). Estado civil (stricto sensu): Solteiro, casado, separado judicialmente, divorciado ou viúvo.

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Estado político: estrangeiro ou nacional (nato ou naturalizado). Estado familiar: parentesco natural, civil e por afinidade. Graus de parentesco – forma de contagem e relevância para o direito civil. DOMICÍLIO DA PESSOA NATURAL: Regra – Domicílio voluntário (art. 70) – residência com ânimo definitivo. Obs: Pluralidade de domicílios (art. 71) – qualquer das residências onde alternadamente viva a pessoa; Obs 2: Ausência de residência (art. 73) – o local onde a pessoa for encontrada. Domicílio Profissional (art. 72) – pessoa natural que exerça atividade profissional – o local onde é exercida a atividade. Domicílio Necessário ou Legal (art. 76):

a) Incapaz – domicílio do representante ou assistente; b) Servidor Público Civil – lugar em que exercer permanentemente as funções; c) Militar – lugar onde serve; d) Marinha – sede do comando a que esteja imediatamente subordinado; e) Aeronáutica – sede do comando a que esteja imediatamente subordinado; f) Marítimo – local em que está matriculado o navio; g) Preso – lugar em que estiver cumprindo a pena.

Domicílio Convencional (Foro de eleição) – art. 78, CC – ver tb. Art. 112, Par. Único do CPC, qto. aos contratos de adesão. Domicílio do Agente Diplomático – art. 77. 2.2. DAS PESSOAS JURÍDICAS: Classificação: A) De Direito Público externo – art. 42, CC – Estados estrangeiros e demais pessoas regidas pelo direito internacional público. B) De Direito Público Interno – art. 41, CC: I – União; II – Estados, Distrito Federal ou Territórios; III – Municípios; IV – Autarquias e Associações Públicas; V- demais entidades de caráter público criadas por lei. OBS: De acordo com o Dec. Lei 200/67 as Empresas públicas e as Sociedades de Economia Mista possuem natureza jurídica de direito privado.

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C) De Direito Privado – art. 44, CC: I – Associações – coletividade de pessoas reunidas para fins não econômicos; II- Sociedades – coletividade de pessoas que explora atividade lucrativa; III- Fundações – patrimônio afetado a fins religiosos, morais, culturais ou de assistência; IV – Organizações religiosas; V – Partidos políticos. Obs: o início da personalidade da pessoa natural começa com o registro de seus atos constitutivos (art. 45, CC). Obs 2: a proteção à personalidade aplica-se no que couber às pessoas jurídicas (art. 52, CC). Obs 3: desconsideração da personalidade jurídica para certas e determinadas relações obrigacionais (art. 50, CC). 3 - DOS BENS: Os bens jurídicos constituem o objeto das relações jurídicas. É sobre eles que são dirigidos os interesses dos sujeitos de direito, direta ou indiretamente, conforme a natureza da relação. A doutrina, a nosso sentir, de modo inócuo, discute a distinção entre as expressões COISA e BEM, ora vendo o primeiro como gênero e o segundo como espécie, ora invertendo tais posições. 3.1 - CLASSIFICAÇÃO DOS BENS: De acordo com o Código Civil, os bens classificar-se-iam em: Móveis e Imóveis Fungíveis e Não fungíveis I- Bens considerados Consumíveis e Não consumíveis em si mesmos. Divisíveis e Indivisíveis Singulares e Coletivos II- Bens reciprocamente: Principais, Acessórios e Pertenças. Considerados. III- Bens considerados em relação ao titular do domínio: Públicos e Particulares. IV- Bem de Família: Convencional e Legal. I – BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS: I.I- Imóveis (arts. 79 a 81, do Código Civil)

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Conceito: “São coisas que se não podem transportar, sem destruição, de um lugar para outro”. (Clóvis Beviláqua) Classificação: Imóveis por natureza – artigo 79, primeira parte, do Código Civil. Imóveis por acessão física – artigo 79, parte final, do Código Civil. Imóveis por definição legal – artigo 80, do Código Civil. I.I.I – IMÓVEIS POR NATUREZA: Bem imóvel por natureza é o solo e suas projeções no espaço aéreo e no subsolo. Tais projeções entretanto não conferem ao proprietário o direito absoluto sobre todo o espaço e subterrâneo, mas apenas na medida da utilidade econômica para o titular e em obediência à função social da propriedade. I.I.II – IMÓVEIS POR ACESSÃO FÍSICA: Tudo quanto é incorporado ao solo, quer por ação da natureza, quer pela ação do homem, e que se incorpora permanentemente ao solo, não podendo ser removido sem destruição, modificação, fratura ou dano. São exemplo de acessão natural a formação de ilhas, o abandono de álveo, a aluvião e a avulsão. A acessão artificial por sua vez pode ser obtida através da construção ou da plantação. Cumpre observar neste aspecto que a legislação brasileira admite a classificação da acessão como bem imóvel mesmo que não realizada pelo dono do solo, diferente de outras legislações, como a francesa, que somente considera imóvel se pertencente ao proprietário do solo. I.I.III - IMÓVEIS POR DEFINIÇÃO LEGAL: São considerados bens imóveis por disposição legal: Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; II - o direito à sucessão aberta. Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. I.II – BENS MÓVEIS (ARTIGOS 82 A 84, DO CÓDIGO CIVIL): São aqueles suscetíveis de deslocamento por força própria ou alheia. Subdividem-se em: móveis por natureza, aí incluídos os semoventes e os móveis propriamente ditos, e os móveis por definição legal.

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São móveis por definição legal: Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.

4. DOS FATOS JURÍDICOS: Os fatos são os acontecimentos criam, modificam ou extinguem as relações jurídicas. Em sentido amplo, são conceituados como acontecimentos naturais ou humanos que repercutem no mundo jurídico. Os fatos jurídicos em sentido amplo, são classificados em fatos jurídicos em sentido estrito e em atos humanos voluntários; estes últimos, por sua vez, classificam-se em atos jurídicos lato sensu e em atos ilícitos. Finalmente, os atos jurídicos lato sensu, subdividem-se em atos jurídicos stricto sensu, em negócio jurídico e em atos ilícitos. 4.1. DOS ATOS JURÍDICOS LÍCITOS: São os praticados voluntariamente e em conformidade com o ordenamento jurídico. Classificação: 1) Atos Jurídicos stricto sensu – manifestações de vontade obedientes à lei, geradoras de efeitos

previstos na própria lei. 2) Negócios Jurídicos – manifestações de vontade destinadas à produção de efeitos jurídicos

queridos pelo agente, decorrentes direta e imediatamente desta vontade. “É o ato através do qual os particulares regulamentam seus interesses, estabelecendo preceitos ou regras jurídicas, nas suas relações com os outros.” (J.M. Leoni Lopes de Oliveira) DO NEGÓCIO JURÍDICO: O Código Civil de 2002, disciplinou expressamente o instituto do negócio jurídico nos artigos 104 a 184, e o ato jurídico em sentido estrito ao artigo 185. REQUISITOS DE VALIDADE (ELEMENTOS ESSENCIAIS) DO NEGÓCIO JURÍDICO. - Agente capaz; - Objeto lícito, possível, determinado ou determinável; - Forma prescrita ou não defesa em lei. -

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AGENTE CAPAZ – condição de validade subjetiva. Capacidade Civil – relativa (art. 4º) / absoluta (art. 3º) Legitimação (Impedimento ou Incapacidade Especial) – diz respeito à prática de determinado negócio específico. OBJETO LÍCITO – condição de validade objetiva. O objeto deve ser lícito e possível frente ao ordenamento jurídico. FORMA – é o fato exterior pelo qual a vontade se manifesta. A regra é a da liberdade de manifestação da vontade (art. 107, CC); a exceção é o formalismo, que pode ser exigido AD SOLEMNITATEM (transmissão da propriedade imóvel, testamento) ou AD PROBATIONEM (obrigação superior a 10 salários mínimos). PLANO DE EXISTÊNCIA, VALIDADE E EFICÁCIA DO NEGÓCIO JURÍDICO: O negócio jurídico precisa, para produzir efeitos válidos, preencher determinados requisitos. DOS VÍCIOS OU DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO: DO ERRO: Tem por erro a vontade externada baseada em representação falsa da realidade. O agente ao consentir com os efeitos do negócio jurídico imagina estar realizando negócio diverso ou sobre elemento substancial diverso, ou ainda em proveito de pessoa distinta. DO DOLO: O dolo é o erro do agente provocado intencionalmente pela outra parte ou por terceiro, que por ação ou omissão conduzem ou permitem que o agente tenha falsa percepção da realidade, manifestando vontade diversa da que realmente gostaria. O dolo pode envolver elemento essencial, resultando em invalidade do negócio, ou recair sobre elemento acidental, motivando apenas a reparação dos danos sofridos pelo agente. DA COAÇÃO: Na coação o agente manifesta vontade motivado pelo medo de sofrer mal injusto e grave a que está ameaçado. Para importar em invalidade do negócio, deve consistir em coação moral irresistível (vis compulsiva). A coação física (vis absoluta), não é causa de invalidade do negócio, mas sim de inexistência do mesmo, já que diante do constrangimento físico a vontade externada não corresponderia à uma vontade existente. A coação deve advir de grave temor de dano atual ou iminente, que ameace o próprio agente, pessoa de sua família (podendo este conceito ser estendido a pessoas próximas ao agente) ou aos seus bens, considerando-se o temor a partir da análise das condições do coacto. DO ESTADO DE PERIGO:

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No Estado de Perigo, a aceitação das condições desfavoráveis do negócio é motivada pela premente necessidade que tem o agente de salvar-se ou de salvar a pessoa de sua família (ou equiparada – art. 156, Par. Único, CC). Exige-se, ainda, que a outra parte conheça da situação de perigo vivenciada pelo agente, a fim de restar caracterizado o ESTADO DE PERIGO, o que pode ser entendido com o dolo de aproveitamento. DA LESÃO: Na LESÃO, a motivação é a inexperiência ou a necessidade premente do agente, necessidade esta que pode versar sobre elementos sociais relevantes, como a necessidade de saldar uma dívida a fim de evitar o abalo de crédito ou mesmo um pedido de falência, a necessidade de satisfazer o direito básico à moradia, etc. O conceito da lesão é, pois, o fruto da conjugação de dois elementos, um objetivo (excessiva onerosidade) e outro subjetivo (premente necessidade ou inexperiência). DA FRAUDE CONTRA CREDORES: Diferentemente das demais causa de anulabilidade do negócio, que tem na vontade viciada do agente o elemento comum, a fraude contra credor não se baseia na vontade viciada do agente, mas no prejuízo ocasionado a terceiro, credor, que vê seu direito de crédito frustrado pelo negócio realizado pelo agente. A Fraude exigirá maior ou menor número de requisitos, conforme o negócio tenha sido gratuito ou oneroso, pois que neste último exige-se a demonstração da má-fé do adquirente. DA NULIDADE ABSOLUTA DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS: A nulidade ABSOLUTA é aquela pela qual o negócio jurídico será intrinsecamente inválido, não necessitando de prévia impugnação para sua ocorrência. O negócio jurídico é NULO quando viola norma de ordem pública, ferindo interesse público ou de relevância pública, razão pela qual pode ser argüida a nulidade por qualquer interessado, pelo M.P. ou declarada de ofício pelo Juiz. Tratando-se de uma sanção imposta pelo ordenamento jurídico, a nulidade impede que o negócio se torne válido, podendo ser declarada a qualquer tempo e produzindo efeitos ex tunc. CAUSAS GERAIS DE NULIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO: Art. 166, CC/2002:

I- Absoluta incapacidade do agente; II- Ilicitude do objeto;

Impossibilidade do objeto; Indeterminabilidade do objeto; III- motivo ilícito comum às partes. SIMULAÇÃO:

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Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. A simulação pode ser: a) ABSOLUTA – quando o agente declara vontade cujo conteúdo não é querido por nenhuma das partes, que não pretendem conferir ao negócio nenhum efeito real. O § 1° do referido art. 168 explicita hipóteses de simulação absoluta, a saber: I – aparentem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II – contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III – os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. b) RELATIVA ou DISSIMULAÇÃO - quando o agente faz declaração que sabe não representar a realidade, pois na verdade o negócio celebrado ou o objeto do negócio seria outro. Efeitos da Simulação: nulidade absoluta, muito embora o CC de 1916 trata-se da simulação como causa de anulabilidade. Sentença de natureza declaratória, com efeitos ex tunc e imprescritível.

4.2. DOS ATOS ILÍCITOS.

Das ações praticadas pelo homem e que interessam ao Direito, algumas são conforme o ordenamento jurídico (ações lícitas); outras não (ações ilícitas), mas ambas são atos de vontade e com reflexo no ordenamento jurídico.

Enquanto os atos jurídicos lícitos, não contrários à lei, criam direitos, os atos ilícitos geram obrigações (responsabilidade) para o agente.

Ao contrario, constitui ato jurídico ilícito aquele ato material que infringe o dever legal e causa dano a outrem.

Dispõe o art. 186, do Código Civil, que aquele que, por ação ou omissão voluntária (dolo), negligência (falta ou deficiência do cuidado que se deve ter na realização de seus atos) ou imprudência (falta de cautela ou precaução), violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Havendo um comportamento positivo (ação) ou negativo (omissão), contrário ao direito e que alcança terceiro, causando-lhe dano, o agente deve arcar com as conseqüências, ou seja, deve reparar o dano causado, restaurando o equilíbrio que sua ação ou omissão, dolosa ou culposa ocasionou (restituitio in integrum).

Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes (art. 187 do CC de 2002). Nestes exatos termos, apresenta o legislador a figura do abuso de direito, como espécie do gênero ato ilícito.

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Como se pode observar, todavia, enquanto o ilícito em sentido estrito, previsto no art. 186, exige como requisito para responsabilização do agente a conduta culposa deste, pautando-se numa responsabilidade civil subjetiva, a figura do abuso de direito dispensa a análise da culpa, impondo ao agente responsabilidade objetiva.

EXCLUDENTES DE ILICITUDE:

Face o contido no art. 188 do Código Civil de 2002, não constituem atos ilícitos:

I- os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; nesse caso, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo;

II- a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão à pessoa, a fim de remover perigo iminente.

O fato de estar presente uma excludente de ilicitude não significa, entretanto, que não exista a responsabilidade de reparar os danos causados à vítima. É o que ocorre no estado de necessidade ou na legítima defesa putativa (fundada em erro), quando a vítima não é a causadora da situação de perigo que impôs o comportamento do agente (art. 929, CC).

5. DA PRESCRIÇÃO:

A partir da noção de débito e de responsabilidade, que concentra a atenção no pólo

passivo da relação obrigacional, é possível traçar o efeito do inadimplemento no pólo ativo da mesma relação e, com isso, identificar a direta e imediata correlação entre o estudo da responsabilidade civil e o fato jurídico da prescrição.

Se no pólo passivo o inadimplemento do dever gera para o DEVEDOR a responsabilidade

patrimonial de indenizar, mediante a constrição de seus bens para este fim, no pólo ativo a violação do direito subjetivo, em razão do inadimplemento, fará nascer a denominada PRETENSÃO, a qual, segundo dispõe o art. 189 do CC/2002, se extingue pela PRESCRIÇÃO.

Filiando-se, desta forma, àquele que a nosso ver é o melhor critério científico distintivo dos

institutos da PRESCRIÇÃO e da DECADÊNCIA, o Código Civil de 2002, assim dispõe:

Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.

O Codex conceitua a PRESCRIÇÃO como sendo o efeito extintivo que o tempo provoca na

PRETENSÃO. Deste modo, imprescindível analisar conceitualmente a PRETENSÃO, a fim de distingui-la do próprio direito material violado e, igualmente, do direito de ação.

Atentando para o fim meramente didático, reproduz-se a imagem gráfica da relação

obrigacional, acrescentando os elementos da responsabilidade, da pretensão e da prescrição.

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VÍNCULO S. Ativo ------------------------------- Objeto --------------------------------- S. Passivo Direito Dever Violação descumprimento Pretensão Responsabilidade Prescrição

Violado o direito do sujeito ativo pelo inadimplemento do dever originário pelo sujeito

passivo, nasce para aquele a PRETENSÃO, assim entendida como a exeqüibilidade ou exigibilidade da reparação do direito violado, isto é, a possibilidade de imputar ao sujeito passivo a responsabilidade, constrangendo-o, através de seu patrimônio, à satisfação dos interesses do sujeito ativo.

Transcorrido o lapso temporal definido em lei sem que o sujeito promova os atos

necessários à satisfação de sua pretensão, especialmente promovendo a demanda judicial respectiva, sua pretensão sofrerá os efeitos extintivos do tempo, importando na PRESCRIÇÃO.

Todavia, como bem acentua a doutrina processualista moderna, a perda da pretensão não

se confunde com a perda do direito de ação, uma vez que mesmo prescrita a pretensão, poderá haver o exercício do direito de ação, fundado no direito subjetivo violado, devendo o Réu/ Devedor argüir a prescrição, quando não conhecida de ofício pelo Juiz, de modo que sendo argüida a prescrição e acolhida pelo Juiz, este proferirá sentença de mérito, com fulcro no art. 269, do Código de Processo Civil, prestando a jurisdição.

O direito de ação dirigido ao Estado-Juiz, consiste, assim, no direito à prestação

jurisdicional de mérito, procedente ou não. É, portanto, nas palavras de Alexandre Câmara, “a ação é uma posição jurídica capaz de permitir a qualquer pessoa a prática de atos tendentes a provocar o exercício, pelo Estado, da função jurisdicional, existindo ainda que inexista o direito material afirmado”2. Logo, ocorrendo a prescrição, esta não importará perda do direito de ação, mas sim da pretensão que com ela não se confunde.

2 Câmara, Alexandre Feitas. Lições de Direito Processual Civil, 5ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Iuris, 2001, p.

104.

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Da mesma forma, o direito subjetivo patrimonial não é extinto pelo fenômeno da prescrição, pois que se o devedor voluntariamente pagar a dívida, apesar de prescrita, o pagamento reputar-se-á devido, não cabendo posterior arrependimento do devedor e repetição do pagamento. Afinal não há indébito, visto que o débito não fora extinto, mas tão somente afastada a responsabilidade pela extinção da pretensão.

Não obstante, algumas bancas examinadoras de concursos, principalmente de provas

objetivas, costumam ainda associar a prescrição com a perda do direito de ação, devendo o candidato estar atento a esta possibilidade de tratamento da pretensão como sinônimo de direito de ação.

A prescrição pode ser argüida pelo interessado a qualquer tempo ou grau de jurisdição e

pode, também, ser conhecida de ofício pelo Juiz (art. 219, CPC). Os prazos de prescrição estão concentrados em dois dispositivos legais, os arts. 205 e

206, sendo conveniente a sua atenta leitura. CAUSAS SUSPENSIVAS, IMPEDITIVAS E INTERRUPTIVAS DA PRESCRIÇÃO: 1) Causas Impeditivas (obstativas) ou Suspensivas: são fatos ou situações jurídicas descritas pela norma e que dizem respeito, em regra, ao estado do sujeito de direito.

Tais causas visam proteger o sujeito do efeito extintivo da pretensão, em circunstâncias

consideradas pelo legislador como merecedoras de tratamento especial. Assim, o absolutamente incapaz, por exemplo, não sofre o efeito da prescrição sobre as pretensões que possua, impedindo o início do prazo ou suspendendo o seu curso.

Quando a causa pré-existe ao nascimento da pretensão, o início do prazo é obstado

(impedido); quando a mesma causa surge depois do nascimento da pretensão, o efeito é de suspender o curso do prazo, mantido o tempo até antão transcorrido, voltando-se a contar deste mesmo ponto quando do desaparecimento da causa que motivou a suspensão.

As causas impeditivas e suspensivas estão previstas nos artigos 197 a 199, do CC.

2) Causas Interruptivas: decorrem de comportamentos (condutas) do sujeito de direito no exercício de sua pretensão, por atos judiciais ou extrajudiciais.

A interrupção, que somente se dará uma vez, encerra o prazo até então transcorrido e impõe um novo prazo que se contará por inteiro. Se judicial a interrupção, o novo prazo começa do último ato processual; se extrajudicial, inicia-se imediatamente à prática do ato interruptivo (art. 202, par. Único, CC).

As causas interruptivas estão definidas no artigo 202, do CC.

6. DA DECADÊNCIA:

A Decadência, diversamente, envolve a noção de direito potestativo e de estado de sujeição, onde o sujeito ativo teria o direito/poder de modificar, pela sua vontade, a situação jurídica do

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sujeito passivo, obtendo do Estado-Juiz uma prestação jurisdicional de natureza constitutiva positiva ou negativa.

Este direito já nasce com prazo para ser exercitado, ao final do qual não mais será possível exercê-lo, em razão da decadência.

Decai do direito, por exemplo, o locatário que não exerce em tempo hábil seu direito à renovação do aluguel não residencial, assim como o consumidor que não reclama do vício do produto no tempo oportuno ou ainda a parte interessada que não promove no prazo a ação anulatória do negócio jurídico fundada em erro.

A decadência pode ser legal (definida pela lei) ou convencional (quando o prazo é criado pelas partes). A decadência legal deve ser conhecida de ofício pelo Juiz, enquanto a convencional depende da argüição da parte a quem aproveita, o que pode ser feito a qualquer tempo ou grau de jurisdição (art. 211).

A decadência, em regra, não se suspende nem se interrompe, sendo um prazo fatal. Todavia, pode o legislador excepcionar expressamente essa regra (art. 207), como acontece em relação aos absolutamente incapazes (art. 208).

OBRIGAÇÕES

CONCEITO: obrigação é o vínculo jurídico que une o credor (sujeito ativo) ao devedor (sujeito passivo), em torno de uma prestação (dar, fazer ou não fazer) de conteúdo patrimonial. A patrimonialidade é característica essencial do direito das obrigações, razão pela qual o inadimplemento resulta na obrigação do devedor de indenizar (responsabilidade) os danos emergentes e os lucros cessantes do credor (art. 402). Os elementos da obrigação são: Subjetivos:

1) Credor; 2) Devedor;

Objetivo:

3) Prestação. CLASSIFICAÇÃO: A classificação das obrigações é importante ponto do tema, para o qual o legislador dedica os arts. 233 a 285, do CC. Os critérios de classificação são baseados nos elementos subjetivos ou objetivo da obrigação. 1) Classificação quanto ao objeto:

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1.1) Positivas – consistem em uma ação do devedor em prol do credor. Esta ação pode ser um dar ou um fazer.

1.1.1) Obrigação de DAR – são aquelas cujo pagamento se realiza através da TRADIÇÃO de uma

COISA.

A tradição da coisa transfere ao credor a propriedade, a posse ou restitui ao dono o que temporariamente havia sido entregue ao devedor.

As obrigações de dar subdividem-se em dar coisa CERTA e dar coisa INCERTA. A primeira tem por objeto mediato uma coisa determinada, escolhida previamente, de modo

que somente através dela se pode quitar a obrigação; afinal, o credor não é obrigado a receber coisa diversa da pactuada, ainda que mais valiosa (art. 313).

A coisa incerta é aquela definida pelo gênero e pela quantidade, podendo ser satisfeita por

qualquer uma que satisfaça as características gerais estabelecidas. Tem-se aí uma obrigação de dar coisa fungível.

NOTAS IMPORTANTES:

I- A coisa perece para o dono, isto é, se a coisa perecer ou se deteriorar é o dono quem sofre a sua perda ou diminuição de valor – ver arts. 234, 235 e 238, CC;

II- O gênero não perece, ou seja, antes da escolha não se pode alegar perda ou deterioração da

coisa para não cumprir a obrigação – art. 246, CC;

III- Quem tem o bônus tem o ônus – se o risco da perda é do dono, também pertencerá a ele os melhoramentos e acréscimos que ela sofrer antes da tradição (art. 237 e 241, CC);

IV- In dúbio pro devedor – como o objetivo da obrigação é o pagamento, no silêncio ou dúvida acerca dos termos da obrigação, deve a mesma ser interpretada em favor do devedor, para que se facilite o adimplemento (ex: no silêncio, a escolha, nas obrigações de dar coisa incerta, pertence ao devedor(art. 244); a escolha nas obrigações alternativas será, em regra, do devedor (art. 252); o lugar do pagamento será, se omisso o contrato, no domicílio do devedor (art. 327);

V- No Direito das Obrigações, por inadimplemento ou impossibilidade da prestação responde o

devedor CULPADO, ou seja, a responsabilidade é SUBJETIVA.

1.1.2. OBRIGAÇÕES DE FAZER – são aquelas que se satisfazem através de fatos/serviços desempenhados pelo devedor. Podem ser fungíveis, quando puderem ser prestadas por terceiro, ou infungíveis (personalíssimas), quando somente o devedor pode pessoalmente desempenhar a tarefa. Tal distinção tem especial relevância no caso de inadimplemento pelo devedor, pois nas obrigações de fazer fungíveis vão admitir que se execute através da realização da tarefa por terceiro às custas do devedor, cabendo a auto-tutela em casos de urgência (art. 249, par. Único).

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As obrigações de fazer podem ser, ainda, de meio ou de resultado. No primeiro caso, o devedor cumpre a obrigação integralmente ao empregar os meios ao seu alcance para a busca do resultado desejado, sem contudo obrigar-se pelo alcance deste resultado. No segundo caso, há um resultado necessário que, se não alcançado, não permite que se considere cumprida a obrigação, havendo inadimplemento. 1.2 – NEGATIVAS: aquelas que contêm uma abstenção ou tolerância pelo devedor. São as obrigações de NÃO FAZER. Cumpre destacar sobre as obrigações de não fazer, o aspecto da reversibilidade no caso de descumprimento, sendo possível desfazer aquilo que o devedor realizou em violação à obrigação. Também aqui é prevista a auto-tutela da obrigação em caso de urgência (art. 251, par. Único). 2- Quanto à pluralidade de objetos: 2.1 – Cumulativas – obrigações caracterizadas pela presença de um só vínculo contendo mais de uma prestação, unidas pela conjunção aditiva “e”, de modo que todas elas deverão ser realizadas para que haja a integral quitação. 2.2 – Alternativas – obrigações que se caracterizam pela existência de um só vínculo contendo mais de uma prestação, unidas pela conjunção disjuntiva “ou”, realizando-se o pagamento pelo cumprimento de qualquer delas, em regra à escolha do devedor (art. 252, CC). 2.3 – Facultativas – obrigações acessórias que facultam ao devedor desobrigar-se da principal, satisfazendo outra de menor onerosidade. 3 – Quanto à pluralidade de credores e/ou de devedores. No caso de pluralidade de sujeitos, importa saber se a prestação admite ou não divisão e se os devedores ou os credores são solidários entre si. 3.1 – DIVISÍVEIS – são aquelas que tem por objeto coisas ou fatos que admitem divisão, podendo o pagamento ser fracionado. Deve-se atentar à regra segundo a qual, havendo um só credor e um só devedor, o pagamento presume-se ÚNICO (art. 314) não podendo ser exigido pagamento parcelado, nem imposto o parcelamento ao credor. Entretanto, se houver mais de um devedor e a prestação for divisível, cada um somente responderá pela sua quota parte, que será igual a dos demais salvo disposição em contrário. Também se houver mais de um credor, cada um terá direito a receber somente a sua quota parte no crédito. 3.2 – INDIVISÍVEIS – obrigações que tem por objeto prestações que não comportam divisão, quer por sua natureza, por força de lei ou pela vontade das partes. Por serem indivisíveis tais obrigações não comportam pagamento parcelado, de tal forma que se houver mais de um devedor, qualquer um deles pode ser compelido a pagar a prestação por inteiro, sub-rogando-se nos direitos do credor em relação aos demais devedores.

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Igualmente nos casos de pluralidade de credores, a qualquer um deles pode ser realizado o pagamento integral, mas o devedor somente se desobriga que se pagar simultaneamente a todos os credores ou se um deles prestar caução de ratificação dos demais (art. 260). Vale ressaltar que se houver inadimplemento absoluto e a prestação for convertida em perdas e danos, a obrigação de indenizar em pecúnia é divisível e cada devedor ou credor somente deverá indenizar ou receber a sua quota parte. Se apenas um devedor for culpado, caberá a ele sozinho o dever de indenizar (responsabilidade subjetiva). 3.3 – SOLIDÁRIAS – a solidariedade não se presume, decorre da lei ou da vontade das partes. Isso se dá pois a solidariedade envolve um comprometimento recíproco dos devedores pela integralidade da dívida e dos credores pela totalidade do crédito. 3.3.1 – SOLIDARIEDADE PASSIVA – entre os devedores de uma mesma obrigação. 3.3.2 – SOLIDARIEDADE ATIVA – entre os credores da mesma obrigação. 3.3.3 – SOLIDARIEDADE MISTA – entre os devedores (passiva) e entre os credores (ativa) na mesma obrigação. A solidariedade estabelece uma situação de unidade, fazendo com os efeitos das ações ou omissões de um se reflitam em todos. Assim, o pagamento por um devedor aproveita proporcionalmente a todos; a quitação ou remissão dada por um dos credores se estende aos demais; a interrupção da prescrição por um credor aproveita aos demais e contra um dos devedores, prejudica aos outros. Mas, é importante frisar, a obrigação solidária importa solidariedade no débito e não necessariamente na responsabilidade. Isso explica a regra insculpida no art. 279, que estabelece a responsabilidade pelas perdas e danos somente do devedor culpado. TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES: As relações jurídicas obrigacionais não são estáticas e no seu dinamismo podem levar o credor a ceder o seu crédito ou o devedor a transferir a sua dívida a terceiros. A causa da transmissão pode ser a morte, pelo direito sucessório, ou o negócio jurídico entre vivos denominado CESSÃO DE CRÉDITO ou ASSUNÇÃO DE DÍVIDA. A transmissão por morte deve respeitar a proporção do quinhão hereditário, os limites das forças da herança, a inexistência de solidariedade entre os herdeiros e a eventual indivisibilidade da prestação. A transmissão entre vivos deve respeitar as expectativas justas das partes, a segurança do credor que deve anuir expressamente com a assunção (art. 299), exceto no caso de venda de imóvel hipotecado com assunção da dívida hipotecária pelo comprador (art.303). ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES:

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Adimplemento é gênero, do qual fazem parte o PAGAMENTO, a DAÇÃO EM PAGAMENTO, a NOVAÇÃO, a COMPENSAÇÃO, a REMISSÃO e a CONFUSÃO. DO PAGAMENTO

O pagamento é, pois, o meio normal de extinção das obrigações. No sentido estritamente técnico e tal como está definido no Código, é toda forma de cumprimento da obrigação.

O pagamento é verdadeiro negócio jurídico, já que as partes fazem dele um meio de

verdadeiramente extinguir a obrigação, sendo assim, pode-se assemelhar a um contrato, se bilateral. Mas pode ocorrer sem o concurso da vontade do accipiens (o que deve receber o pagamento), na atividade de cumprimento da obrigação por parte do solvens (o que efetua o pagamento). PAGAMENTO POR CONSIGNAÇÃO

O devedor, e não apenas o credor, também tem interesse na extinção da obrigação, a fim de

ver-se liberado do vínculo que sujeita seu patrimônio à responsabilidade. Não pagando o devedor no tempo, local e forma devidos, sujeitar-se-á aos ônus da mora. Ainda, se sua obrigação consistir na entrega de coisa, enquanto não houver a tradição o devedor é responsável pela guarda respondendo por sua perda ou deterioração.

Se o credor não toma a iniciativa de receber, ou pretende receber de forma diversa do contratado, ou quando não é conhecido o paradeiro do credor, o devedor tem o meio coativo de extinguir sua obrigação: a consignação em pagamento.

A consignação vem regulada nos arts. 346 a 351, do CC e nos arts. 890 a 900, do CPC,

podendo se dar pela via judicial ou extrajudicial, conduzindo se procedente ao efeito liberatório do devedor. PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO

O termo sub-rogação significa substituição e ocorre quando terceiro paga a dívida pela qual o devedor era obrigado, tomando o lugar do credor por força de lei (sub-rogação legal) ou da vontade (sub-rogação convencional).

A sub-rogação é, na verdade, um efeito do pagamento que não extingue a obrigação, pois

que a mesma subsiste entre o terceiro que pagou e o devedor, com as mesmas características, privilégios e garantias. IMPUTAÇÃO DE PAGAMENTO.

A imputação de pagamento é a forma de se quitar um ou mais débitos, quando há vários, do mesmo devedor, em relação ao mesmo credor. Trata-se da aplicação de um pagamento a uma determinada dívida (ou mais de uma), dentre outras que se tem com o mesmo credor, desde que sejam todas da mesma natureza, líquidas e vencidas.

Em respeito à regra do in dúbio pro devedor, a preferência na escolha da dívida a ser adimplida é do devedor. O artigo 352 CC é claro a esse respeito: cabe à pessoa obrigada, ou quem lhe faz às vezes, fazer a imputação.

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Mas, ofertando o pagamento a uma ou mais dívidas e não dizendo o devedor qual a sua

imputação, o credor dará quitação naquela que lhe aprouver. Aceitando tal quitação, não poderá mais o devedor reclamar dessa imputação feita pelo credor (art. 353).

Por fim, sendo inertes ambas as partes da obrigação e surgindo posteriormente o problema, a lei diz como se fará a imputação: “se o devedor não fizer a indicação do artigo 352, e a quitação for omissa quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa”. DAÇÃO EM PAGAMENTO.

Se o credor consentir, a obrigação pode ser resolvida substituindo-se seu objeto. Dá-se algo em pagamento, que não estava originalmente na obrigação. Esse é o sentido da datio in solutum. Só pode ocorrer com o consentimento do credor pois ele não está obrigado a receber nem mesmo coisa mais valiosa (art. 313). NOVAÇÃO

A novação é a operação jurídica por meio da qual uma obrigação nova substitui a obrigação originária. O credor e o devedor, ou apenas o credor, dão por extinta a obrigação e criam outra. A existência dessa nova obrigação é condição de extinção da anterior. Novação objetiva: dá-se a novação quando o devedor contrai com o credor nova dívida, para extinguir e substituir a anterior (inciso I, art. 360). Os incisos II e III desse artigo tratam da novação subjetiva, quando se substituem o devedor ou o credor.

Com criação da nova obrigação, extinguem-se os acessórios e garantias da dívida “sempre que não houver estipulação em contrário” (art. 364). Se há garantias ofertadas por terceiros, só com o consentimento deles é que persistirão as garantias (arts. 365 e 366).

Nas obrigações solidárias, se a novação se opera entre o credor e um dos devedores solidários, os outros ficam exonerados (art. 365). Só persistirá a obrigação para eles se concordarem com a nova avença. COMPENSAÇÃO

Compensar, no direito obrigacional, significa um acerto de débito e crédito entre duas pessoas que têm, ao mesmo tempo, a condição recíproca de credor e devedor. Os débitos se extinguem até onde se compensam, podendo ambos os créditos deixar de existir, ou subsistir parcialmente um deles.

Para se compensarem é preciso que as dívidas sejam líquidas, certas, vencidas (exigíveis) e

de coisas fungíveis, não precisando ter a mesma causa. CONFUSÃO

Ninguém pode ser credor ou devedor de si mesmo. Quando, por fatores externos à vontade das partes as características de credor e devedor se confundem na mesma pessoa, há impossibilidade lógica de sobrevivência da obrigação.

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A confusão pode extinguir toda a dívida ou apenas parte dela. Assim teremos a confusão total ou parcial. Se no fato causa mortis o herdeiro é apenas credor de uma parte de dívida divisível do de cujus, a confusão é parcial.

REMISSÃO

A remissão é o ato ou efeito de remitir, perdoar uma dívida; não se confunde com remição, ato ou efeito de remir, resgatar.

A remissão pode ser total ou parcial. É sempre um ato de disposição do credor que depende de aceitação pelo devedor e em favor deste se opera. Por ser uma liberalidade, deve ser interpretada restritivamente. INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES.

Constituída a obrigação, deve a prestação ser realizada no tempo, no modo e nas condições devidas, liberando-se o devedor com o exato cumprimento de todos os seus termos (PAGAMENTO).

Não cumprida a obrigação em toda a sua extensão, tem-se o inadimplemento, ou a inexecução, que, por causar prejuízo ao credor, ingressa na categoria de ato ilícito, gerando a responsabilidade civil quando imputável o fato ao devedor.

Classifica-se o inadimplemento em: ABSOLUTO – quando a prestação se torna inútil ou impossível por fato imputável ao devedor, convertendo-se a prestação inadimplida em perdas e danos.

Quando prevista contratualmente, pode a parte exigir CLÁUSULA PENAL COMPENSATÓRIA, que tem por função servir de pré-fixação das perdas e danos, dispensando a prova do prejuízo efetivamente sofrido. RELATIVO – quando a prestação não é cumprida no tempo, modo ou lugar devidos, mas há ainda utilidade e possibilidade de ser cumprida. Trata-se da figura da mora. Neste caso, o devedor culpado responde pelos prejuízos que a mora der causa, além da própria prestação principal, que será acrescida de juros, correção monetária, honorários advocatícios e, se houver previsão, de CLÁUSULA PENAL MORATÓRIA. OBS: TANTO O INADIMPLEMENTO ABSOLUTO, QUANTO O RELATIVO, PODE SER TOTAL (INADIMPLEMENTO DE TODA A OBRIGAÇÃO) OU PARCIAL (INADIMPLEMENTO DE PARTE OU CUMPRIMENTO INSATISFATÓRIO).

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RESPONSABILIDADE CIVIL

RESPONSABILIDADE CIVIL

Responsabilidade civil é o instituto que vincula alguém às conseqüências da inexecução, do descumprimento, de uma obrigação ou dever geral de conduta. Consiste em um dever de reparar o dano causado a outrem, em virtude da referida inexecução, de modo que todo aquele que, por ação ou omissão, venha a causar um dano, estará sujeito a repará-lo.

Como se verifica, um dos pressupostos da responsabilidade civil é o dano. O dano é um mal ou prejuízo que se causa a alguém, atingindo seu patrimônio econômico ou moral.

O dano material, ou patrimonial, decorreria da lesão à um bem jurídico de conteúdo econômico, isto é, conversível em expressão pecuniária. É visto como a perda patrimonial efetivamente suportada pela vítima por força direta e imediata da conduta do ofensor, incluindo também tudo aquilo que a vítima razoavelmente deixou, pela mesma razão, de auferir.

Já o dano moral, que somente na história recente do nosso direito passou a ser visto como indenizável, resulta da lesão a um direito da personalidade, a um bem jurídico de natureza extrapatrimonial e, portanto, não apreciável economicamente.

Com a Constituição da República de 1988, é que o ordenamento jurídico efetivamente consagrou o direito moral e o direito à indenização em virtude da sua lesão, ao patamar de garantia fundamental, como se observa no disposto no artigo 5°, inciso X. Além do dano, há também que se observar a presença do nexo causal (art. 403) e da conduta culposa (responsabilidade subjetiva) ou do risco da atividade (responsabilidade objetiva). 2 - RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL:

A responsabilidade civil pode ser classificada, conforme a origem do dever jurídico primário violado, em contratual ou extracontratual, esta última também denominada de aquiliana.

A responsabilidade civil contratual resulta da inexecução ou inadimplemento de uma obrigação originada de um negócio jurídico bilateral ou plurilateral, de conteúdo econômico, onde foi estabelecida uma ou mais prestações de dar, fazer ou não fazer.

A responsabilidade civil contratual pressupõe, portanto, a existência de um vínculo jurídico anterior entre credor e devedor, onde este tenha se obrigado a satisfazer uma prestação em proveito daquele, mas que, todavia, não cumpriu total ou parcialmente.

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Segundo o artigo 389, do Código Civil: Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. E o artigo 402 arremata: Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.

Todavia, quando o dever de indenizar decorrer de situações jurídicas em que inexistia liame obrigacional de natureza contratual, a responsabilidade será denominada extracontratual e terá, à luz do Código Civil de 2002 duplo fundamento, o ato ilícito (artigos 186 e 187) e o risco da atividade (artigo 927, parágrafo único); não esquecendo, entretanto, outras situações eventualmente previstas na legislação especial.

Nesta situação, o responsável irá indenizar a vítima do evento, em decorrência da sua ação ou omissão voluntária, da sua negligência ou imprudência, que provocaram, pelo descumprimento de um dever geral de conduta, dano de natureza material ou moral (art. 186); pelo excesso manifesto no exercício de um direito (art. 187), ou ainda, em razão da atividade normalmente desenvolvida implicar, por sua própria natureza, risco para o direito alheio (art. 927, Par. Único). Para fins didáticos, pode-se tratar concentrar o estudo da disciplina em um quadro sinótico, que apresenta as principais hipóteses reguladas pelo legislador:

Contratual – resp. subjetiva, pautada na culpa do devedor (art. 393)

Por ato próprio Extracontratual – resp. subjetiva no caso do art. 186, e objetiva nas hipóteses do art. 187 e 927, par. Único.

Teoria Geral Da I. dos pais, pelos filhos menores e incapazes, sob sua

autoridade e companhia; Responsabilidade Por fato de 3° II. dos tutores e curadores, pelos pupilos e curatelados;

III. dos patrões e comitentes, pelos empregados e prepostos; IV. dos donos de hotéis, pelos hóspedes; V. do beneficiário do produto de crime, pelo autor do delito.

Obs: responsabilidade objetiva por fato de terceiro – art. 933.

I. Fato do produto – empresário (art. 931); Por fato da coisa II. Guarda de animais – dono ou detentor (art. 936); III. Ruína de prédio – dono (art. 937); IV.Objetos lançados de edifícios (queda)– habitante(art. 938) Obs: responsabilidade objetiva pelo fato da coisa.

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