parques metropolitanos - ufpe · metropolitana do recife - rmr. o propósito de dotar a rmr de...

255
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO URBANO MESTRADO DE DESENVOLVIMENTO URBANO MARIA JOSÉ MARQUES CAVALCANTI PARQUES METROPOLITANOS GESTÃO E PROTEÇÃO DE ÁREAS ESPECIAIS Recife - Agosto de 2005

Upload: others

Post on 02-Jun-2020

11 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO URBANO

MESTRADO DE DESENVOLVIMENTO URBANO

MARIA JOSÉ MARQUES CAVALCANTI

PARQUES METROPOLITANOS GESTÃO E PROTEÇÃO DE ÁREAS ESPECIAIS

Recife - Agosto de 2005

Page 2: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR Capítulo 1 - Introdução

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO URBANO

MESTRADO DE DESENVOLVIMENTO URBANO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PARQUES METROPOLITANOS GESTÃO E PROTEÇÃO DE ÁREAS ESPECIAIS Região Metropolitana do Recife – 1975 / 2004.

Aluna - MARIA JOSÉ MARQUES CAVALCANTI

Profª. Orientadora - Dra. MARIA DE FÁTIMA R. DE G. FURTADO

Recife - Agosto de 2005

Page 3: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR Capítulo 1 - Introdução

MARIA JOSÉ MARQUES CAVALCANTI

PARQUES METROPOLITANOS GESTÃO E PROTEÇÃO DE ÁREAS ESPECIAIS Região Metropolitana do Recife – 1975 / 2004.

Dissertação apresentada como requisito final para obtenção do Grau de MESTRE em Desenvolvimento Urbano, no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco, sob a orientação da Profa. Dra. Maria de Fátima Ribeiro de Gusmão Furtado.

Recife – 2005

Page 4: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR Capítulo 1 - Introdução

Cavalcanti, Maria José Marques PARQUES METROPOLITANOS – GESTÃO E PROTEÇÃO DE ÁREAS ESPECIAIS - Estudo de Caso / Maria José Marques Cavalcanti. – A Região Metropolitana do Recife num recorte temporal de 1975 a 2004: o Autor,2005. 195 folhas: il., fig., tab., quadros, mapas. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CAC. Desenvolvimento Urbano, 2005. Inclui bibliografia e anexos. 1. Desenvolvimento Sustentável – Conceito – Avaliação. 2. Conservação Integrada Urbana e Territorial – Conceito – Avaliação. 3. Unidades de Conservação da Natureza – Política – Avaliação. 3. Gestão Urbana-Metropolitana (1975/2004) – RMR (PE) – Avaliação. 5. Parques Metropolitanos – Conceito.

Page 5: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR Capítulo 1 - Introdução

Page 6: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR Capítulo 1 - Introdução

Se mantiver meus olhos fechados, um pensamento se passa na minha mente, numa velocidade vertiginosa me trazendo fatos e lembranças da minha infância, brincando e correndo nos campos das cidades do interior de Pernambuco, onde moramos, passando logo em seguida para a adolescência voltada para a escolha de uma profissão, onde pudesse me aproximar da razão.

Sempre me acompanha a imagem de meu pai a quem dedico esse trabalho e que hoje, só no pensamento, novamente com os olhos fechados, posso agradecer.

Page 7: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR Capítulo 1 - Introdução

AGRADECIMENTOS

Muitos foram os que direta ou indiretamente se envolveram, participaram e contribuíram para este trabalho. Agradeço a todos que me ajudaram a perseguir o meu objetivo.

Agradeço aos meus filhos – Tiago, Patrícia, Eduardo e Gustavo e ao meu marido Ronaldo, pelo imenso estímulo ao meu crescimento profissional e pelas longas horas em que contribuíram de forma silenciosa nessa construção, permitindo a minha imersão nas pesquisas e na produção do trabalho.

Fundamental também, agradecer ao órgão estadual de planejamento, a Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco CONDEPE/FIDEM, integrante da Secretaria de Planejamento do Estado de Pernambuco, da qual faço parte, desde 1976, e cujas referências me permitiram aprofundar as questões aqui tratadas. A todos os técnicos que se envolveram, em particular a equipe do planejamento metropolitano, composta por Cláudia Paes Barreto, Zuleide Fontes, Lourdes Burégio, Tamar Lima, Manuel Feliciano, Vera Martins, Sandra Rangel, Zenóbio Santos, DaiseOliveira e Eliane Silva, cujas contribuições se configuram através do processo cotidiano, e ainda, nas revisões legislativas das áreas de interesse especial, sempre apontando os espaços de parques como necessários à expansão das cidades. Ainda, a Marisa Figueiroa, da equipe de gestão metropolitana, pelo apoio e avaliação do conteúdo, assim como das regras de apresentação do trabalho e a Roseane Lacerda, com contribuições sobre a gestão metropolitana. Ainda, a Luís Moriel e Leila Maria Prado de Brito, equipe técnica que conduziu a pesquisa de atualização dos Parques Metropolitanos, finalizada em outubro de 2001, permitindo uma visão retrospectiva e um re-lançamento dessa temática.

Em particular agradeço a Eleonora Delgado, advogada da instituição, que muito contribuiu no processo de esclarecimento dos condicionamentos legais, permitindo avanços conceituais de grande relevância, juntamente com o Grupo de Trabalho do Conselho Estadual de Meio Ambiente - GT CONSEMA Parques Metropolitanos, a quem também dedico este trabalho, não só aos integrantes do mesmo, como também a Cláudio Marinho, Secretário Estadual de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente/SECTMA e Presidente do CONSEMA, e Alexandrina Sobreira, Secretária Executiva do referido Conselho, pela forma como abrigaram esse tema.

Á Amélia Reynaldo, cujos estímulos foram infindáveis e, de grande importância, na medida em que articularam os caminhos para que esse tema ganhasse destaque, não se limitando ao temático-conceitual, mas, sobretudo na priorização governamental, enquanto Presidente do órgão estadual supracitado, no período 1999 a 2003. Cabe ainda agradecer a minha orientadora Fátima Furtado, que com seu conhecimento fecha um grupo seleto de técnicos que me ajudaram a conseguir esse feito.

Por fim, em especial agradeço a Graça Barreto, pelo apoio fundamental na finalização dos trabalhos e a Vera Lima, ambas colegas de trabalho.

O que espero, parece hoje mais provável e próximo e, por isso, tenho que agradecer a todos que comigo vivenciaram essa batalha, desde aqueles que me são mais próximos até os que direta ou indiretamente contribuíram, cada um na sua maneira própria, pelo que agradeço, a todos.

Page 8: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR Capítulo 1 - Introdução

APRESENTAÇÃO

O propósito dessa dissertação consiste em aprofundar o conhecimento acerca da relação entre as áreas verdes selecionadas para parques metropolitanos e as áreas urbanizadas da Região Metropolitana do Recife – RMR.

Esta é a questão central que orientou a pesquisa, cujos resultados compõem esse trabalho, em complementação ao Mestrado de Desenvolvimento Urbano – MDU/UFPE: os parques metropolitanos, notadamente no que se refere à proteção e gestão desses espaços, considerando a possibilidade de integrá-los em um sistema de unidades de conservação e áreas de relevante interesse. Também é foco dessa pesquisa a relação entre essas áreas verdes destinadas ao lazer metropolitano e as áreas urbanas ocupadas na Região Metropolitana do Recife - RMR.

O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano, desde a década de 70. Entretanto, apesar de constituírem importantes áreas de patrimônio ambiental, algumas delas contendo edificações do patrimônio histórico, esses espaços têm permanecido sem cumprir sua função social e estão sujeitos à forte pressão antrópica.

Nesse sentido, as áreas verdes que integram a mancha verde da RMR não se articulam com as manchas urbanas ocupadas e, assim, não permitem que a cidade usufrua do potencial ambiental existente, da mesma forma que a mancha verde não interage com cidade, impedindo que a mesma exerça funções complementares às diversas atividades urbano-metropolitanas.

Embora exista um aparato jurídico direcionado a essas unidades de proteção ambiental e patrimonial e apesar das propostas para dotar a RMR de áreas livres para o lazer, na prática essas áreas são extremamente vulneráveis, e a sociedade está perdendo um estoque de capital natural, reduzindo as possibilidades de elevação do nível de qualidade de vida. É fundamental, portanto, responder ao desafio de aliar ao processo de urbanização da região, alternativas possíveis e defensáveis de mesclar o território com áreas de amenidades, muitas situadas em espaços periurbanos, permitindo o equilíbrio na oferta de lazer e recreação para a cidade metropolitana.

O esforço em aprofundar o conhecimento e referenciar as diversas questões que envolvem a gestão e proteção dos parques metropolitanos, a partir dos resultados da pesquisa documental realizada, permitiu conhecer as possibilidades de implementação e identificar as questões relacionadas à vulnerabilidade de cada área selecionada para parque metropolitano. Confirma-se a necessidade desses equipamentos e suas funções precípuas, a partir de uma sistematização do conhecimento, permitida pela pesquisa realizada nas 10 áreas diagnosticadas no âmbito metropolitano, em seus diferentes momentos, num recorte temporal de 1975 a 2004.

Essa investigação teve, ainda, como objetivo, contribuir para o debate atual sobre esse tema, colocando novamente na agenda das políticas públicas o compromisso com a oferta de espaços de lazer, de caráter público ou privado e, ao mesmo tempo, servir como reflexão para todos que queiram dar continuidade às pesquisas e observações, considerando a responsabilidade de cada um com a proteção dos recursos naturais representados por estas áreas.

Page 9: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR Capítulo 1 - Introdução

RESUMO

Objetivando aprofundar o conhecimento sobre os parques metropolitanos da Região Metropolitana do Recife – RMR, a partir da evolução dos conceitos vigentes e das ações integrantes do planejamento urbano-metropolitano, no período entre 1975 e 2004, esse trabalho, apresenta um estudo comparativo entre o que foi planejado e o que de fato ocorreu nas áreas selecionadas para parques, abordando os aspectos da crescente urbanização e a necessidade de conservação de importantes áreas ambientais, permitindo o equilíbrio e a interação entre as áreas verdes e as áreas urbanas ocupadas.

Sob a abordagem do desenvolvimento sustentável, em suas dimensões econômica, ecológica e social, foram analisadas as áreas selecionadas desde 1975, como espaços que abrigariam os parques metropolitanos e, sua relação com a cidade metropolitana, sob o ponto de vista da conservação do ambiente, da qualidade de vida e das questões político-administrativas.

Da mesma maneira foi analisado o sistema legal de proteção ambiental e sua relação com os parques metropolitanos, na perspectiva de que os mesmos possam constituir uma unidade de conservação diferenciada e, portanto, permitir melhor qualidade ambiental urbana na RMR.

A carência de estudos sobre o objeto - parque metropolitano, aliada ao desafio de instalar atividades produtivas, em áreas periurbanas com grande pressão do setor imobiliário, são fatores relevantes porquanto se tratam de espaços que deveriam cumprir funções sociais, garantindo a sustentabilidade ambiental, num processo de urbanização e conservação da natureza, em perfeita interação cidade-parque.

Diversos documentos foram analisados como referenciais do planejamento metropolitano buscando responder ao desafio de aliar o processo de urbanização ao processo de conservação das áreas prioritárias para parques metropolitanos, resultando numa análise de sua proteção legal e dos aspectos relacionados ao grau de vulnerabilidade e perspectivas de implementação.

PALAVRAS-CHAVE Desenvolvimento Sustentável; Conservação Integrada Urbana e Territorial; Unidades de Conservação da Natureza; Gestão Urbana e Metropolitana; Parques Metropolitanos.

Page 10: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR Capítulo 1 - Introdução

ABSTRACT

The scope of this work is to contribute for a deeper knowledge about the metropolitan parks of the Recife Metropolitan Area (RMA), taking into account the evolution of the valid concepts as well as the actions set down in the metropolitan-urban master plan, for the period 1975-2004, this work presents a comparison between the effectively executed actions with those foreseen in the design studies carried out for the selected park sites of the RMA, considering the growing urbanization and the conservation necessity of important environmental areas, allowing the balance and integration of green areas and urban occupied sites.

The since 1975 selected areas were studied under a sustainable development approach, considering its economical, ecological and social extents, as sites to lodge metropolitan parks and its connection with the city itself, accounting for the conservation of the environment, the quality of life and the political-administrative matters.

The environmental legislation was observed, considering metropolitan parks being elected as protected areas, so allowing better urban environmental quality in the RMA.

The lack of a specific studies for the object metropolitan park, connected with the challenge of installing productive activities in periurban areas under great real estate pressure, are significant factors when dealing with areas that should comply with social requirements, assuring the environmental sustainability in a process of urbanization and nature conservation with complete city-park interaction.

Several documents were analysed as references for the metropolitan plan, trying to overcome the challenge of joining the processes of urbanization with conservation of priority areas for metropolitan parks, resulting in an analysis of its legal protection and those aspects related to the vulnerability degree and implementation perspectives.

KEYS WORDS Sustainable Development; Urban and Territorial Integrated Conservation; Protected Areas; Urban and Metropolitan Administration; Metropolitan Parks.

Page 11: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR Capítulo 1 - Introdução

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AMUPE Associação Municipalista de Pernambuco APA Área de Proteção Ambiental APP Área de Preservação Permanente BID Banco Interamericano de Desenvolvimento CECI Curso de Conservação Integrada Urbana e Territorial CEF Caixa Econômica Federal CESP Fundação Brasileira para Conservação da Natureza CIPOMA Companhia de Policiamento do Meio Ambiente CIUT Conservação Integrada Urbana e Territorial CNPU Comissão Nacional de Regiões Metropolitanas COMPESA Companhia Pernambucana de Saneamento CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente CONDERM Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife CONSEMA Conselho Estadual de Meio Ambiente CPRH Companhia Pernambucana de Meio Ambiente CREA/PE Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Pernambuco CSU Centro Social Urbano EMPETUR Empresa Pernambucana de Turismo FAUR Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Federal de PE FIAM Fundação de Desenvolvimento e Apoio aos Municípios do Interior do

Estado de Pernambuco FIDEM Fundação de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife (1974 a

1998) – Fundação de Desenvolvimento Municipal (1999 a 2003) FNEM Fórum Nacional de Entidades Metropolitanas FUNCEF Fundação dos Economiários da Caixa Econômica Federal FUNDARPE Fundação do Patrimônio Artístico e Histórico de Pernambuco FUNDERM Fundo de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife GT Grupo de Trabalho IAHGPE Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco IBAMA Instituto Brasileiro de Proteção e Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional LBA Legião Brasileira de Assistência LEPUR Laboratório de Estudos Periurbanos MMA Ministério do Meio Ambiente MPE Ministério de Planejamento do Estado de PernambucoOMT Organização Mundial do Turismo PAR Programa de Arrendamento Residencial PCR Prefeitura da Cidade do Recife PDE Plano de Desenvolvimento do Estado de Pernambuco PDI/RMR Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana do Recife PDRI Plano de Desenvolvimento Rural Integrado PDSPM Plano Diretor do Sistema de Parques Metropolitanos PPA Plano Plurianual PPSH/RMR Plano de Preservação dos Sítios Históricos - Região Metropolitana do

Recife PRODIUR Programa de Dinamização Urbana – Parque dos Manguezais PIU Peri-urban Interfaces

Page 12: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR Capítulo 1 - Introdução

RPPH Reserva Particular do Patrimônio Natural RMR Região Metropolitana do Recife RPPM Reserva Particular do Patrimônio Natural SECTMA Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Estado de PE SEMA Secretaria Especial de Meio Ambiente do Governo Federal (1973) SEUC/PE Sistema Estadual de Unidades de Conservação da Natureza e de Áreas

de Relevante Interesse de Pernambuco SNE Sociedade Nordestina de Ecologia SNUC Sistema Nacional de unidades de Conservação SPM/RMR Sistema de Parques Metropolitanos da Região Metropolitana do Recife SUDENE Superintendência de Desenvolvimento do NordesteUC Unidades de Conservação da Natureza UFMG Universidade Federal de Minas Gerais UFPE Universidade Federal de Pernambuco UNCHS United Nations Center for Human Settlements UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

(Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura das Nações Unidas).ZEEC Zoneamento Ecológico – Econômico Costeiro ZEPE Zona Especial de Proteção Ecológica ZEPL Zona Espacial de Proteção Ambiental

Page 13: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR Capítulo 1 - Introdução

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO URBANA NO BRASIL E NA RMR - (%)

14

QUADRO 2 ÁREA TOTAL URBANA E RURAL COM % DOS MUNICÍPIOS DA RMR

15

QUADRO 3 MUNICÍPIOS DA RMR E OS PARQUES METROPOLITANOS 17QUADRO 4 RANKING DAS MAIORES CIDADES BRASILEIRAS, EM POP.

URBANA 18

QUADRO 5 POPULAÇÃO DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE, POR DÉCADA (total , urbana, rural e % de população urbana)

19

QUADRO 6 POPULAÇÃO/2000 – MUNICÍPIOS DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

20

QUADRO 7 ÁREAS SELECIONADAS PELO PDSPM / RMR – 1980 25QUADRO 8 ÁREAS SELECIONADAS POR MUNICÍPIO DA RMR – 1980 25QUADRO 9 PARQUES POR MUNICÍPIO – ÁREAS PRIORITÁRIAS/1980 –

PDSPM/RMR 26

QUADRO 10 PARQUES POR MUNICÍPIO – ÁREAS SECUNDÁRIAS/1980 - PDSPM/RMR

26

QUADRO 11 PARQUES POR MUNICÍPIO – ÁREAS ALTERNATIVAS/1980 - PDSPM/RMR

27

QUADRO 12 ÁREAS SELECIONADAS PELO SISTEMA DE PARQUES METROPOLITANOS / RMR – 1987

30

QUADRO 13 ÁREAS SELECIONADAS POR MUNICÍPIO DA RMR – 1987, área e município

30

QUADRO 14 PARQUES POR MUNICÍPIO – ÁREAS PRIORITÁRIAS/1987, segundo SISTEMA DE PARQUES METROPOLITANOS – SPM/RMR

31

QUADRO 15 PARQUES POR MUNICÍPIO – ÁREAS SECUNDÁRIAS/1987, segundo SISTEMA DE PARQUES METROPOLITANOS – SPM/RMR

31

QUADRO 16 PARQUES METROPOLITANOS – 2001 32QUADRO 17 ÁREAS SELECIONADAS POR MUNICÍPIO DA RMR – 1987 33QUADRO 18 PARQUES METROPOLITANOS – 2001 34QUADRO 19 PARQUES METROPOLITANOS E PATRIMÔNIO HISTÓRICO 52QUADRO 20 COMPARATIVO ENTRE AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA

NATUREZA E OS PARQUES METROPOLITANOS 65

QUADRO 21 PARQUES NACIONAIS INSTITUÍDOS NO BRASIL ATÉ 1991 67QUADRO 22 PARQUES POR CATEGORIAS – ÁREA E CAPACIDADE 68QUADRO 23 PROTEÇÃO LEGAL EXISTENTES NAS ÁREAS 132

Page 14: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR Capítulo 1 - Introdução

LISTA DE QUADROS - ANEXOS

QUADRO I POPULAÇÃO RESIDENTE NO BRASIL, por região. 1940 / 2000. 197QUADRO II POPULAÇÃO RESIDENTE EM PERNAMBUCO E REGIÃO

NORDESTE. 1940 / 2000 197

QUADRO III POP. URBANA E RURAL– TOTAL E PERCENTUAL, POR REGIÃO DO BRASIL - ENTRE 1950 E 2000.

198

QUADRO IV POP. EM 1940 - MESORREGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

200

QUADRO V POP. EM 1950 - MESORREGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

200

QUADRO VI POP. EM 1960 - MESORREGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

200

QUADRO VII POP. EM 1970 - MESORREGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

201

QUADRO VIII POPULAÇÃO EM 1980 - REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

201

QUADRO IX POPULAÇÃO EM 1991– REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

201

QUADRO X POPULAÇÃO EM 1996 – REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

202

QUADRO XI CÓDIGO FLORESTAL DE 1934 – CATEGORIAS DE ÁREAS PROTEGIDAS

204

QUADRO XII CATEGORIA DE ÁREAS PROTEGIDAS, SEGUNDO CONVENÇÃO DE 1948

204

QUADRO XIII ÁREAS PROTEGIDAS ATÉ 1965 205QUADRO XIV CÓDIGO FLORESTAL DE 1965 - CATEGORIAS DE ÁREAS

RESERVADAS 205

QUADRO XV LEI FEDERAL Nº 6.902, 27.04.1981 - CATEGORIAS DE ÁREAS PROTEGIDAS

206

QUADRO XVI ÁREAS PROTEGIDAS NO BRASIL ATÉ 1983 206QUADRO XVII DEC. FED. Nº 89.336, 31.01.1984 - CATEGORIAS DE ÁREAS

PROTEGIDAS 206

QUADRO XVIII UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BRASIL, ENTRE 1983 E 1986

206

QUADRO XIX CATEGORIAS DE ÁREAS, EM 1990 207QUADRO XX PROJETO DE LEI Nº 2.892/92 - CATEGORIAS DE UNID. DE

CONSERVAÇÃO 208

QUADRO XXI SUBSTITUTIVO AO PROJETO DE LEI Nº 2.892/92 – CATEGORIAS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

208

QUADRO XXII CATEGORIAS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE PROTEÇÃO INTEGRAL

208

QUADRO XXIII CATEGORIAS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE USO SUSTENTÁVEL

210

QUADRO XXIV COMPARATIVO ENTRE O PROJETO DE LEI Nº 2.892/92 E O SUBSTITUTIVO

211

QUADRO XXV COMPARATIVO ENTRE O PROJETO DE LEI Nº 2.892/92 E O SUBSTITUTIVO

211

QUADRO XXVI ESCALA DE HIERARQUIZAÇAO - SÍTIOS HISTÕRICOS RMR 213QUADRO XXVII SÍTIOS HISTÓRICOS DA RMR – CATEGORIA POR MUNICÍPIO 213QUADRO XXVII SÍTIOS HISTÓRICOS NA ÁREA URBANA DOS MUNICÍPIOS 213QUADRO XXIX LEGISLAÇÃO FEDERAL SOBRE ÁREAS PROTEGIDAS 215QUADRO XXX LEGISLAÇÃO ESTADUAL SOBRE ÁREAS PROTEGIDAS 217

Page 15: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR Capítulo 1 - Introdução

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 INDICADORES SOCIAIS DE POBREZA – PERNAMBUCO E REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE – 2000

43

TABELA 2 ÍNDICE DE POBREZA DOS MUNICÍPIOS DA RMR 43TABELA 3 ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO DA RMR 44TABELA 4 HIERARQUIA DAS VINTE PIORES LOCALIDADES DA RMR 47

Page 16: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR Capítulo 1 - Introdução

LISTA DE MAPAS

MAPA 1 PERNAMBUCO E REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE 4MAPA 2 ÁREA URBANIZADA DA RMR 16MAPA 3 AMBIENTE NATURAL DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE 20MAPA 4 PARQUES 1980 24MAPA 5 PARQUES 1987 29MAPA 6 PARQUES – 2001 35MAPA 7 RMR COM 9 MUNICÍPIOS – 1976 90MAPA 8 PLANO DIRETOR DA RMR – USO DO SOLO PROPOSTO 112MAPA 9 TERRITÓRIOS DE OPORTUNIDADES 118MAPA 10 ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO 122MAPA DOS PARQUES (1 a 14) 150

Page 17: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR Capítulo 1 - Introdução

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 % DE DOMICILIOS COM ABASTECIMENTO D’ÁGUA INADEQUADO 2000

44

FIGURA 2 % DE CHEFES DE DOMICILIOS GANHANDO ATE 1 SALARIO MIN. 2000

45

FIGURA 3 % DE DOMICILIOS C/ ESGOTAMENTO SANITARIO INADEQUADO 2000

45

FIGURA 4 TAXA DE MORTALIDADE POR HOMICIDIO 2000 45FIGURA 5 TAXA DE ANALFABETISMO DA POPULAÇÃO DE 15 A 24 ANOS 2000 46FIGURA 6 TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL 2000 46

Page 18: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR Capítulo 1 - Introdução

LISTA DE FOTOS

FOTO 1 PARQUE METROPOLITANO SANTIAGO DO CHILE 69FOTO 2 CENTRAL PARK – NOVA YORK 69FOTO 3 PARQUE DO IBIRAPUERA - SÃO PAULO 70FOTO 4 PARQUE BARIGÜI - GUIA GEOGRÁFICO. PARQUES DE CURITIBA. 71

Page 19: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR Capítulo 1 - Introdução

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS viAPRESENTAÇÃO viiRESUMO viiiABSTRACT ixLISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS xLISTA DE QUADROS xiiLISTA DE QUADROS ANEXOS xiiiLISTA DE TABELAS xivLISTA DE MAPAS xvLISTA DE FIGURAS xviLISTA DE FOTOS xvii

1. INTRODUÇÃO 11.1. Objetivos 91.2. Estrutura do Documento 9

2. CONTEXTUALIZAÇÃO 122.1. Pressão Antrópica sobre os Espaços Livres na RMR 132.2. Referenciais dos Parques Metropolitanos 212.3. Áreas Selecionadas para Parques Metropolitanos 23

3. BASE TEÓRICA E CONCEITUAL 373.1. Desenvolvimento Sustentável e Cidades 383.2. Conservação Integrada Urbana e Territorial 473.3. Áreas de Interface Periurbanas 533.4. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza 553.5. Parques Metropolitanos na RMR 66

4. METODOLÓGIA 734.1. Métodos Utilizados 754.2. Natureza do Problema e Estratégia do Estudo 774.3. Estratégia de Trabalho 80

5. RESULTADOS DA PESQUISA 855.1. Histórico do Planejamento dos Parques Metropolitanos 865.2. Proteção Legal das Áreas 1245.3. Avaliação dos Parques Metropolitanos 1345.4. Fichas Técnicas dos Parques Metropolitanos 1355.5. Mapas dos Parques Metropolitanos 150

6. RECOMENDAÇOES E CONCLUSÕES 1657. REFERÊNCIAS 1888. ANEXOS 195

8.1. Quadros do Crescimento da População Urbana no Brasil 1968.2. Quadros do Crescimento da População Urbana na RMR 1998.3. Processo Histórico da Política de Conservação Ambiental no Brasil 2038.4. Proteção Legal 2128.5. Proteção Ambiental 2148.6. Parque Metropolitano Armando Holanda Cavalcanti 218

Page 20: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR Capítulo 1 - Introdução

1. INTRODUÇÃO

1.1. OBJETIVOS

1.2. ESTRUTURA DO DOCUMENTO

Page 21: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

1. INTRODUÇÃO

Qualidade urbana e qualidade ambiental, hoje, são conceitos muito próximos no

discurso e na prática do planejamento urbano. Um dos aspectos mais relevantes

da qualidade ambiental urbana refere-se à definição e à gestão dos espaços livres

(não construídos) e áreas especiais (protegidas legalmente) das cidades. A

gestão desses espaços de interesse especial, livres e protegidas da cidade

metropolitana é o tema que se desenvolve com a presente pesquisa.

Quanto à definição torna-se relevante ressaltar que estudiosos no assunto

apontam para dificuldades e similaridades que existem quanto ao uso dos

diferentes termos utilizados, tais como áreas ou espaços livres, espaços abertos,

áreas verdes, sistema de lazer, parques urbanos, unidades de conservação em

área urbana, áreas especiais e outros. Trabalho desenvolvido por pesquisadores

universitários em São Paulo3, que tiveram por base as definições de Lima et al.

(1994) destacam esse problema nos níveis da pesquisa, ensino, planejamento e

gestão dessas áreas. Guzzo et al. (2005) define como espaço livre aquele que se

contrapõe ao espaço construído, em áreas urbanas, dentro de uma conceituação

mais ampla e abrangente, que permite integrar os demais espaços. Ainda

estabelece como área verde, espaço onde há predomínio de vegetação arbórea,

englobando as praças, os jardins públicos e os parques urbanos e complementa

alertando para a restrição de uso dos termos como área livre ou aberta, pela

imprecisão na sua aplicação e espaço aberto, este traduzido erroneamente do

termo inglês “open space”.

É praticamente consenso entre teóricos e estudiosos que os espaços livres e

ambientalmente protegidos dentro dos perímetros urbanos são necessários para

uma melhor qualidade de vida nas cidades, principalmente nas áreas

metropolitanas. Uma das vertentes dessa argumentação relaciona-se com a

questão do lazer.

3 Texto sobre “ÁREAS VERDES URBANAS” do autor Perci Guzzo, ecólogo da Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura de Ribeirão Preto, Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Geociências e Meio Ambiente da UNESP – Rio Claro, com apoio de André Jean Deberdt, MSc Alexandre Schiavetti e MSc Flávia Cristina Sossae.

Page 22: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Segundo GUZZO et al. (2005) os serviços prestados pelas áreas verdes à cidade

está relacionado com a qualidade e quantidade dessas áreas distribuídas na

malha urbana, promovendo melhorias de clima, qualidade do ar, da água e do

solo, consequentemente da qualidade de vida e, ainda, pela possibilidade de lazer

que as mesmas podem oferecer à população. Segundo Medeiros (1971), a

necessidade de lazer é básica para o homem pelas condições em que a vida se

desenrola no ambiente urbano e o seu progressivo afastamento da natureza.

Gera-se assim uma demanda por oportunidades de lazer que vem aumentando

junto com a automação progressiva das tarefas, das leis de proteção ao trabalho,

com o crescimento populacional e com o ritmo de vida determinado pela

urbanização, no qual o tempo de folga fica altamente valorizado.

A autora chega a advogar a constituição de um Conselho, com a cooperação de

órgãos locais, para estabelecer linhas e diretrizes para uma política de uso das

horas livres, capaz de estabelecer planos de âmbito regional, estadual e municipal

de uso do lazer, com aproveitamento das oportunidades, em qualquer meio, seja

urbano ou rural. Considera como essencial à atenção dos poderes públicos para a

necessidade da reserva compulsória de áreas no planejamento urbano como uma

das principais medidas para minimizar problemas centrais da sociedade, como a

violência urbana e a delinqüência de adolescentes e jovens.

Uma outra linha de argumentação, na qual a posição de Antas (1995) se inscreve, apóia-

se na concepção de que a produção dos espaços públicos de lazer contribui para a

produção do espaço urbano, no qual estão inseridos, como uma potencialidade,

permitindo as relações entre a sociedade e o espaço da cidade, num constante embate

entre forças sociais transformadoras e forças espaços-temporais, condicionadoras.

Para Lefevbre (1976), os parques, como espaços públicos de lazer, integrantes de um

sistema de objetos técnicos passam a constituir elementos importantes na regulação das

relações sociais, juntamente com a cultura, a educação e a produção do conhecimento

nas universidades.

Não obstante a importância dessas áreas na cidade, a sua gestão se constitui em

um dos principais problemas para as administrações municipais, em particular

Page 23: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

com relação ao modo de se conseguir uma gestão que garanta o uso coletivo

dessas áreas, preservando-se o seu suporte ambiental.

A presente pesquisa parte do princípio de que proposições sobre uma gestão dos

espaços livres e especiais, direcionada pela conservação das estruturas

ambientais, pressupõe o entendimento dos conceitos e abordagens teóricas que

fundamentam a definição física e funcional dessas áreas.

Assim, este estudo se propõe a construir um histórico da evolução do

pensamento e da ação sobre espaços livres e especiais na Região Metropolitana

do Recife – RMR, no âmbito do órgão responsável pelo planejamento

metropolitano, a FIDEM4, desde a sua criação, em 1975, até o início dos anos

2000, considerando, inclusive, o processo de planejamento urbano e regional, no

período e, o contexto onde se insere a definição de áreas denominadas Parques

Metropolitanos.

O território abordado é a Região Metropolitana do Recife – RMR, que se constitui

importante região, entre as 12 Regiões de Desenvolvimento do Estado de

Pernambuco, Mapa 01, com uma população de 3.337.565 habitantes, dos quais

3.234.647 (96,91%) se encontram em áreas urbanas.

Mapa 1 – Pernambuco e Região Metropolitana do Recife

Fonte: Agência CONDEPE/FIDEM – Governo de Pernambuco – 2003

4 O órgão metropolitano inicialmente era denominado Fundação de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife – FIDEM, passando a Fundação de Desenvolvimento Municipal, em 1999. Atualmente constitui a Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco – CONDEPE-FIDEM.

Page 24: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Sua história de formação é semelhante a das demais regiões metropolitanas

brasileiras. A Lei Complementar no 14, de 08 de junho de 1973, institucionalizou

nove regiões metropolitanas no Brasil, marcando uma nova etapa de vida

administrativa nacional, com o propósito de assegurar ao desenvolvimento

nacional as condições de dinamismo econômico, bastante prejudicado pelos

inadequados processos de urbanização. Foram instituídos processos para que as

políticas setoriais buscassem no planejamento regional as soluções para os

problemas gerados pela crescente urbanização.

Desde então, as ações para superação de alguns problemas urbanos – carência

de serviços públicos, de habitação e de emprego e renda –, vinham ao encontro

de expectativas sociais de uma convivência saudável em locais com qualidade

urbana e ambiental.

Em Pernambuco, a institucionalização da RMR ocorreu em 03 de julho de 1975,

através da Lei Estadual no 6708/75, com a criação da Fundação de

Desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife – FIDEM, como instância de

apoio técnico e administrativo para a gestão metropolitana. Cabiam a esse órgão

as atribuições de execução do planejamento integrado do desenvolvimento

metropolitano, a programação e a coordenação das intervenções, a articulação

dos organismos governamentais e a modernização da administração dos

municípios integrantes dessa região.

Os principais planos e projetos realizados, pela FIDEM, nas décadas de 70, 80 e

90 refletem uma grande demanda por infra-estruturas, dada à expansão urbana

da região. Mas, ao longo desse período, ocorreu uma série de mudanças na

prática do planejamento da cidade metrópole, passando o planejamento

metropolitano a buscar entender as dinâmicas espaciais, sociais e econômicas,

para melhor propor diretrizes que garantissem, no futuro, uma cidade

metropolitana com qualidade para seus cidadãos. No bojo desse esforço, fica

cada vez mais evidente a necessidade de conservar ambientes de interesse

especial, sob o ponto de vista da qualidade ambiental e conseguir sua relação

com as áreas urbanizadas de forma ecologicamente equilibrada.

Page 25: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Com base no entendimento da contribuição de opções de lazer ao ar livre para o de

desenvolvimento psíquico e social do cidadão urbano nesse processo de urbanização

sem fronteiras, a FIDEM propôs a criação de Parques Metropolitanos para a Região

Metropolitana do Recife. Foram selecionadas inicialmente 20 áreas que abrigariam esses

parques – sendo 6 áreas prioritárias: Armando Holanda Cavalcanti, Itamaracá,

Guararapes, Janga, Capibaribe e Tapacurá, totalizando 4.439 ha.; 6 áreas secundárias:

Estuário do Rio Beberibe, Ilha de São Simão, Horto de Olinda, Lagoa Olho D’Água,

Estuário do Rio Timbó e Barra de Orange, totalizando 2.021 ha.; e 8 áreas alternativas:

Açude Jangadinha, Engenho Novo, Engenho Uchoa, Istmo do Paiva, Açude Gurjaú,

Serra do Cotovelo, Paratibe e Engenho Pintos e Pereira, totalizando 4.900 ha.

A presente pesquisa elaborou um levantamento da situação inicial dessas áreas e da

lógica urbanística e ambiental que ensejou a definição física, funcional e operativa desses

parques. A partir desse período, foi possível observar a trajetória desses espaços, sob

vários aspectos. Percebem-se as diversas transformações ocorridas, em termos da

dimensão físico-territorial ofertada, do entendimento conceitual, dos aspectos da gestão –

pública e privada – e das ações propostas para as mesmas, como forma de assegurar

sua função social, enquanto espaços ainda livres de ocupação, a serem protegidos.

Depois de quase 30 anos das primeiras abordagens sobre a preservação de áreas e sua

destinação como espaços de lazer cultural, contemplativo e desportivo, tratadas no Plano

Diretor do Sistema de Parques Metropolitanos – PDSPM, em 1979, que teve como

referência o 1o Plano de Desenvolvimento Integrado da RMR – PDI/RMR – em 1976,

tem-se como desafio maior a institucionalização, a implementação e a gestão dessas

áreas de interesse comum, que hoje totalizam 10 áreas prioritárias, totalizando 1.873 ha.

Também integra este levantamento um breve relato das experiências que paralelamente

vinham ocorrendo na RMR na defesa da função ambiental e social dos parques na

cidade metropolitana, já bastante comprometida frente às pressões do setor privado de

ocupação os vazios urbanos da cidade metropolitana. Pois a análise dos espaços de

lazer não teria valor mais significativo sem a sua inserção no espaço urbano, posto que

não são independentes, embora possuam qualidades bem específicas que lhe dão

significado e valor.

Na análise que se desenvolveu, coube uma reflexão sobre as legislações, ambiental e

urbana, relevantes na definição e relação das unidades ambientais e dos parques

Page 26: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

metropolitanos. Também se discorreu sobre as competências no âmbito das políticas

públicas e procedeu-se a uma avaliação do papel dos órgãos e entidades responsáveis

pela conciliação de interesses entre os segmentos sociais envolvidos em uma possível

gestão público-privada dessas áreas, uma vez que as condições sociais, ambientais e

econômicas dos diferentes municípios da RMR são bastante diversificadas.

Tratar dos parques da Região Metropolitana do Recife não tem sido uma tarefa simples,

inclusive do ponto de vista teórico. A escassez de produção teórica e temática sobre

parques metropolitanos e a decisão de trabalhar com a noção de espaços livres e

especiais em interação com os demais espaços urbanos, inclusive prestando serviços

ambientais necessários ao cidadão, representou uma dificuldade, pois faltaram

parâmetros teóricos, o que acarretou um empobrecimento dos conceitos utilizados. É

emblemático o fato de que, apesar do termo parque metropolitano ser utilizado desde

1976, pela FIDEM, nesta pesquisa observou-se que uma conceituação técnica adequada

só foi elaborada no âmbito de um grupo de trabalho constituído pelo Conselho Estadual

de Meio Ambiente, em 2001, quando se discorreu sobre as relações entre a unidade

tratada e as unidades de conservação da natureza.

Esse conceito de parque metropolitano se pautou na perspectiva de um sistema espacial

de localização de áreas de conservação ambiental com oferta de lazer à população

metropolitana, sob a orientação de uma gestão compartilhada entre o Estado e os

Municípios integrantes da região, como forma de intervenção no espaço urbano. Assim,

em sintonia com Antas (1995), considerou-se que os parques metropolitanos também

integram os espaços públicos de lazer e não apresentam função unívoca, cientificamente

estabelecida. Mas, representam um serviço prestado pelo Estado à sociedade, serviço

este cada vez mais procurado e necessário. Os parques são assim tratados como parte

do conjunto de objetos técnicos presentes na cidade, interferindo de forma diferenciada

na produção social do espaço urbano e na qualidade da vida da população.

Muito há para se aprofundar no tocante aos parques metropolitanos, mais ainda se os

entendemos como partes de um sistema capaz de contribuir para a oferta de lazer para a

população metropolitana, sob uma gestão compartilhada entre o Estado e os Municípios

integrantes da região, resultando de uma intervenção pública no espaço urbano.

Apesar de se encontrar, na literatura específica existente sobre o assunto, autores que

comungam da perspectiva de complementaridade territorial entre espaços livres e verdes,

onde cada parque possa cumprir uma função temática, formando um sistema de espaços

Page 27: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

públicos de lazer, pode-se afirmar que não se contempla adequadamente a questão da

gestão compartilhada dessas áreas. Esse é o caso de Antas (1995), para quem os

espaços públicos de lazer apresentam diferentes potencialidades enquanto objetos

técnicos funcionais, a partir da intervenção do Estado. Essa perspectiva traria para o

cidadão metropolitano a diversidade de escolha de locais para o seu lazer e, ainda,

contribuiria para a conservação de estruturas ambientais importantes naqueles espaços.

Ainda, segundo Antas, o fenômeno da reserva de áreas para o lazer das cidades – tão

necessário e tão pouco aprofundado, tem sua importância a partir da concepção da

geografia, que parte da noção de espaço enquanto instância da sociedade e não como

um receptáculo. (1995: p. 11).

Para o autor, o incremento demográfico e o acirramento da desigualdade social, a partir

da década de 60, com intenso processo de urbanização nas metrópoles brasileiras,

concorreram para uma nova prática espacial, isto é, a criação de espaços de lazer com o

objetivo de contribuir para a melhoria das relações sociais na cidade. Tal posição

encontra respaldo em Antas (1995) apud Santos (1987) e Lefebvre (1976) no tocante à

necessidade de atividades de lazer – entendido como tempo livre da jornada de trabalho

e das obrigações – e sua relação com a manutenção da produtividade espacial e a

sucessiva reconstrução da sociedade.

Assim, argumenta-se, no presente trabalho que a gestão compartilhada dos parques

metropolitanos possibilitaria a interação desses parques com o sistema que abriga as

Unidades de Conservação da Natureza – UC. Haveria, na Região Metropolitana do

Recife, um diálogo entre as áreas de conservação das UCs e as áreas verdes dos

parques metropolitanos. Estes, por sua vez, abrigariam áreas de proteção ambiental, com

resquícios de ecossistemas fundamentais para nossa biodiversidade e, inclusive, com a

presença de importante acervo do patrimônio histórico, em alguns casos, permitindo

novas oportunidades de geração de emprego e renda, na medida em que novos usos e

funções poderiam ser admitidos, dinamizando a economia local.

O grande desafio, portanto, é o de transpor barreiras políticas e administrativas para

conseguir chegar a uma gestão compartilhada entre estado e municípios dos parques

metropolitanos. Cidades que já venceram esse desafio – a exemplo de Curitiba, que tem

vários parques metropolitanos implantados – demonstram que os mesmos são benéficos

para os processos de urbanização e de conservação da natureza, de forma simultânea e

harmônica.

Page 28: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Esta pesquisa muito pode contribuir para a defesa e proteção dessas áreas no território

metropolitano da RMR, sendo particularmente oportuna na medida em que alguns dos

espaços selecionados há quase trinta anos ainda estão reservados para tal finalidade,

mesmo com redução de áreas, como poderá ser visto, de forma mais detalhada no

capítulo 2, que trata da contextualização.

Page 29: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

1.1. OBJETIVOS

O Objetivo Geral dessa Dissertação é construir um histórico da evolução do pensamento

e da ação sobre os espaços livres da RMR destinados aos parques metropolitanos no

período entre 1976 e 2004, permitindo considerações sobre as formas de gestão mais

adequadas do ponto de vista ambiental e social.

Quanto aos Objetivos Específicos, são relacionados, principalmente:

• Apresentar um estudo comparativo dessas áreas em três momentos do período

estudado, apresentando o que foi planejado e o que de fato ocorreu, visando

avaliar as mudanças nelas ocorridas;

• Analisar alguns dos referenciais do planejamento metropolitano, notadamente dos

parques metropolitanos, de forma a permitir uma avaliação histórica, situando a

década de 70 como marco inicial;

• Analisar a legislação de proteção ambiental, visando propor mudanças que

permitam incluir os parques metropolitanos como unidades de conservação

diferenciada e, portanto, na perspectiva de melhorar a qualidade ambiental urbana

na RMR; e,

• Analisar a situação atual do conjunto de áreas urbanas e periurbanas

selecionadas como parques metropolitanos na RMR, avaliando seu grau de

vulnerabilidade e implementação, exemplificando com mais detalhes o Parque

Metropolitano Armando Holanda Cavalcanti (anexo), como forma de apresentar as

condições de uma gestão compartilhada, no âmbito metropolitano.

1.2. ESTRUTURA DO DOCUMENTO

Quanto à estrutura, este trabalho apresenta seis capítulos, além das referências e

dos anexos. Mapas da Região Metropolitana do Recife, nos períodos detalhados

foram elaborados visando à espacialização das informações, assim como mapas

de cada parque, com fotos que melhor representam à área.

O presente capítulo 1, denominado Introdução levanta a questão que motivou a

realização dessa investigação – a história de evolução do processo de

planejamento e gestão dos espaços destinados aos parques metropolitanos,

permitindo uma reflexão sobre os espaços livres e as relações com os espaços da

Page 30: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

cidade metropolitana, sob a concepção de que a produção dos espaços públicos

para o lazer contribui para a produção do espaço urbano. Aborda ainda a gestão

como um dos principais problemas para as administrações municipais, em

particular com relação ao modo de se conseguir uma gestão que garanta o uso

coletivo dessas áreas, preservando-se o seu suporte ambiental, tudo a partir da

análise do processo de planejamento metropolitano.

O segundo capítulo trata do contexto no qual estão inseridos os parques metropolitanos,

desde a análise do processo de urbanização acelerada e a necessidade de conservação

desses espaços livres, passando pelo conhecimento acerca dos referenciais do

planejamento metropolitano que tratam dos parques, chegando às interfaces de uma

gestão compartilhada para utilização dos mesmos. Os mapas contendo a espacialização

dos parques metropolitanos estão inseridos nesse capítulo.

O terceiro capítulo contém a base teórico-conceitual que permitiu as relações diretas e

indiretas com a questão central desse estudo. Busca-se, nesse capítulo, estabelecer a

relação entre o desenvolvimento sustentável e as cidades, bem como entre os parques

metropolitanos e o desenvolvimento sustentável. Na conservação integrada urbana e

territorial foram abordados os desafios da sustentabilidade e os novos desenhos de

cidades, como forma de contribuir para a melhoria da qualidade de vida das cidades no

mundo contemporâneo. Ainda, quanto às questões das pressões antrópicas nos espaços

urbanos, foi tratada a relação dos parques no contexto das áreas periurbanas. Destaca-

se, em seguida, a necessidade de recreação e lazer do homem, associada à preservação

de espaços de valor ambiental, temática que envolve os parques metropolitanos,

determinando suas possibilidades atuais e futuras. São tratadas, igualmente, as unidades

de conservação da natureza, visando identificar as divergências e similaridades

conceituais entre estas e os parques metropolitanos, e inserção destes no sistema de

unidades de conservação.

O quarto capítulo, por sua vez, apresenta o percurso metodológico utilizado nessa

pesquisa, justificando os passos e procedimentos adotados para atingir os objetivos

propostos.

Os resultados da pesquisa são objetos do quinto capítulo, onde estão dispostas as

informações dos documentos referenciais utilizados, com base nas informações do

planejamento das áreas selecionadas como parques metropolitanos, permitindo uma

Page 31: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

visão geral de cada uma, sob o ponto de vista da proteção legal, das características

gerais de cada área e das propostas nos período de 1980, 1987 e 2001, além das

condições de vulnerabilidade e possibilidade de implementação.

O capítulo 6, denominado Recomendações e Conclusões apresenta uma abordagem

geral mais conclusiva, com recomendações específicas sobre os seguintes itens: área,

propostas existentes, proteção legal, recursos naturais, recursos construídos,

conservação integrada, grau de vulnerabilidade, nível de implementação, situação

fundiária, prioridades político-administrativas e gestão.

Finalmente, é apresentado um conjunto de anexos, contendo dados da pesquisa realizada nos

referenciais metropolitanos.

Page 32: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

2. CONTEXTUALIZAÇÃO

2.1. PRESSÃO ANTRÓPICA SOBRE OS ESPAÇOS LIVRES NA RMR

2.2. REFERENCIAIS DOS PARQUES METROPOLITANOS

2.3. ÁREAS SELECIONADAS PARA PARQUES METROPOLITANOS

Page 33: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

2. CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA

Este capítulo aborda os principais eventos que marcaram o planejamento e a

implementação dos parques metropolitanos, ao longo das três últimas décadas. Enfoca-

se, inicialmente a evidente pressão antrópica sobre essas áreas, caracterizadas como

espaços livres, públicos ou privados, urbanos ou periurbanos, da RMR, dotados de

importante patrimônio ambiental, natural e construído, dentro de um processo de

urbanização acelerada e desordenada. Em seguida, contextualizando-se os parques do

ponto de vista conceitual, apresenta-se um conjunto de comentários sobre as referências

do pensamento sobre essas áreas na RMR e as conseqüentes mudanças na sua

configuração espacial.

A análise do contexto objetivo das áreas selecionadas para abrigar os parques no

planejamento metropolitano, e do contexto conceitual em que elas foram planejadas

evidencia três aspectos importantes: (i) as enormes pressões da ocupação urbana sobre

os espaços livres, remanescentes do planejamento metropolitano; (ii) a contínua busca

do planejamento metropolitano de ofertar espaços de lazer para o cidadão, como

condição básica para o seu equilíbrio emocional e físico; e (iii) o fato, central, de que os

parques, apesar de tratados em diversos momentos do planejamento metropolitano,

dentro de diferentes abordagens, ainda carecem de um projeto sustentável.

2.1. PRESSÃO ANTRÓPICA SOBRE OS ESPAÇOS LIVRES NA RMR

O ambiente metropolitano vem se deteriorando gradativamente em termos de qualidade urbana e

ambiental, na medida em que parte do patrimônio natural e construído vem se perdendo ao longo

das últimas décadas, principalmente devido à enorme pressão antrópica sobre essas estruturas.

Durante a década de 70 a população urbana ultrapassou a população rural no Brasil, como mostra o

Quadro 1.

Page 34: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

QUADRO 1 – EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO URBANA NO BRASIL5 E NA RMR – (%)

ANO POP. URBANA - BRASIL POP. URBANA – RMR 1900 9,40 % - 1920 10,70 % - 1940 31,24 % 72,10% 1950 36,16 % 78,78% 1960 44,93 % 85,48% 1970 55,92 % 90,85% 1980 67,59 % 90,03% 1990 75,59 % 94,42% 2000 81,23 % 96,91%

Fonte – Dados do IBGE e FIDEM - 2000

Esse fato acarretou, de um lado, a preocupação com a vida moderna e o processo acelerado de

urbanização brasileira e, de outro, a necessidade de proteger antecipadamente as estruturas urbanas

e periurbanas mais sujeitas à pressão imobiliária. As áreas que deveriam abrigar os parques

metropolitanos foram selecionadas justamente neste período, consolidando a intenção de prover os

habitantes com uma quantidade adequada de áreas verdes e de lazer.

A oferta de áreas verdes em territórios de grande densidade urbana, caso das regiões

metropolitanas brasileiras, tem sido objeto de inúmeros estudos em todo o mundo. Dados

e indicadores relativos a várias cidades demonstram que a proporção de áreas verdes

em relação à área urbana total varia muito. Na Comunidade Européia (Relatório do

Ambiente na Europa, 19986) esse percentual passa de 60% na capital da Eslováquia e

cai para 5% em Madrid, segundo dados de 1995. Esse estudo destaca, ainda, a

necessidade do planejamento, do desenho e da ordenação da vegetação e das áreas

florestais como valores atrativos, tanto em áreas urbanas como periurbanas, vinculando a

paisagem e as condições de desenvolvimento da vegetação à qualidade da vida urbana.

Em outras grandes metrópoles, como a Cidade do México – cidade mais populosa do

mundo com aproximadamente 31,6 milhões de habitantes – esse número se reduz a

2,2%, representando 1,94 m2/hab, índice bem inferior aos 9,0 m2/hab recomendados pela

Organização Mundial de Saúde. Na Turquia, a média varia de 0,3 a 10 m2/hab. Já em

Copenhague, as áreas verdes e ajardinadas representam 23% da superfície urbana,

correspondendo a 43 m2/habitante. A cidade conta ainda com 48 árvores por km de rua e

1 parque de recreação e lazer para cada 459 crianças ou jovens.

5 No capítulo de anexos apresenta-se Quadro I – População Residente no Brasil, por região. 1940 a 2000; Quadro II - População residente em Pernambuco e Região Nordeste, 1940/2000; Quadro III – População Urbana e Rural, total e percentual por Região Brasileira, 1950/2000, onde aparece o fenômeno da urbanização, desde a década de 50.6 Relatório elaborado pelo Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Européias, em seqüência ao Relatório – O Ambiente na Europa: A Avaliação de Dobris (1995), decorrente da solicitação dos ministros do Ambiente de todos os países europeus, visando a quarta Conferência Ministerial de Arhus, Dinamarca, em junho de 1998.

Page 35: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Os dados sobre as áreas verdes nos municípios da RMR são extremamente precários, não sendo

possível avaliar o seu percentual no território ou a quantidade de área verde por habitante. A cidade

do Recife, uma exceção a essa regra, vem realizando estudos e levantamentos sobre a questão

ambiental e construindo um aparato legal e de gestão para a proteção dessas áreas. Nesse esforço,

elaborou o Cadastro de Unidades de Conservação7, que permitiu não apenas formar um banco de

dados, mas um diagnóstico para formulação de propostas de ação, tudo amparado pela Política

Ambiental da cidade do Recife. Embora Recife8 apresente dados importantes sobre os espaços

livres existentes no município, duas observações devem ser consideradas: a primeira trata do

conceito adotado referente aos espaços livres que considera, avenidas, ruas, passeios, vielas, pátios,

largos, parques, praças, jardins, maciços arbóreos cultivados representados pelos quintais, matas,

manguezais, lagoas, restingas, praias fluviais e marítimas, porquanto considera que a denominação

espaços livres está apoiada na condição de oferecer livre acesso. E, a segunda é que não há

informações para os demais municípios da RMR que possibilite uma análise qualitativa.

Os dados mais aproximados que existem para a RMR referem-se à relação entre área total, área

urbanizada e área rural dos municípios, mostrados no Quadro 2. Esses dados demonstram que, na

RMR, 28,65% do território é de área urbanizada, como mostrado no Mapa 2, a seguir.

QUADRO 2 – ÁREA TOTAL URBANA E RURAL COM % DOS MUNICÍPIOS DA RMR*

ÁREA URBANA (ha) ÁREA RURAL (ha) MUNICÍPIOS ÁREA TOTAL MUNICÍPIO(ha) ha % ha %

Abreu e Lima 12,850 2,8257 21,99 10,0242 78,01Igarassu 30,290 3,5802 11,82 26,7097 88,18Ilha de Itamaracá 6,510 2,7400 42,09 3,7699 57,91Itapissuma 7,390 0,5609 7,59 6,8231 92,41Olinda 3,790 3,4898 92,08 0,3001 7,92Paulista 10,180 7,1483 70,22 3,0316 29,78Recife 21,780 21,7800 100 0,00 0,00Jaboatão dos Guararapes 25,620 14,9774 58,46 10,6425 41,54Cabo de Santo Agostinho 44,650 7,6172 17,06 37,0327 82,94Ipojuca 51,260 2,6245 5,12 48,6354 94,88Moreno 19,130 2,6131 13,66 16,5168 86,34São Lourenço da Mata 26,330 3,5782 13,59 22,7517 86,41Camaragibe 48,100 4,8100 100 0,00 0,00Araçoiaba 9,650 0,2113 2,19 9,4386 97,81Fonte – Projeto Análise do Solo Urbano da RMR-FIDEM-2003. (*) A RMR tem um total de 2.742km2.

7 O Cadastro de Unidades de Conservação da Cidade de Recife foi elaborado pela Secretaria de Planejamento da Prefeitura de Recife, em atendimento à Lei Municipal nº 16.243, de 13.09.1996, que instituiu a Política de Meio Ambiente da Cidade do Recife e o Código de Meio Ambiente e do Equilíbrio Ecológico da Cidade. 8 Documento sobre os Espaços Livres do Recife, elaborado pela Prefeitura da Cidade do Recife e Universidade Federal de Pernambuco, em 2000, conceitua e quantifica os espaços livres.

Page 36: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Mapa 2 – ÁREA URBANIZADA DA RMR

Quanto à questão de áreas de parques por município na RMR, o Quadro 3 apresenta dados sobre a

proporcionalidade dessas áreas com a área total e com a área urbana de cada um dos municípios.

Page 37: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

QUADRO 3 – MUNICÍPIOS DA RMR E OS PARQUES METROPOLITANOS

Área urbana Área do parque

Municípios Parque Metropolitano

Área total do

municipio (ha)

(ha) % (ha) % sobre

a área do Município

% sobre a área urbana

Abreu e Lima - 12.850 2,8257 21,99 - - -Igarassu - 30.290 3,5802 11,82 - - -Ilha de Itamaracá ITAMARACÁ 6.510 2,7400 42,09 200 3,07 7,29Itapissuma - 7.390 0,5609 7,59 - - -Olinda ARCOVERDE/

HORTO DE OLINDA 3.790 3,4898 92,08 41 1,08 1,17

Paulista JANGA 10.180 7,1483 70,22 616 6,05 8,62Recife MANGUEZAIS/

JIQUIÁ/ CAPIBARIBE

21.780 21,7800 100 337 1,55 1,55

Jaboatão dos Guararapes GUARARAPES/ LAGOA OLHO D’ÁGUA

25.620 14,9774 58,46 724 2,82 4,83

Cabo de Santo Agostinho ARMANDO HOLANDA 44.650 7,6172 17,06 270 0,60 3,54Ipojuca - 51.260 2,6245 5,12 - - -Moreno - 19.130 2,6131 13,66 - - -São Lourenço da Mata - 26.330 3,5782 13,59 - - -Camaragibe - 48.100 4,8100 100 - - -Araçoiaba - 9.650 0,2113 2,19 - - -

Fonte – Elaboração própria com base nos dados do IBGE e FIDEM - 2000

Para entender o contexto das áreas dos parques metropolitanos da Região Metropolitana

do Recife é necessário ir além dos dados quantitativos, objetivos, sobre a pressão

antrópica que elas sofrem e retroagir ao final da década de 70, para compreender o

contexto histórico da sua criação, em termos de gestão urbana no Brasil.

A partir de 1974, em resposta ao crescimento urbano acelerado – a metropolização ou a

conurbação de cidades – em um momento de recessão econômica, o governo federal

criou as regiões metropolitanas, buscando a promoção do melhor desempenho

econômico dessas áreas e a melhoria da qualidade de vida de seus cidadãos.

Essa preocupação do poder público surgiu a partir do perfil do crescimento urbano que se

estabeleceu no país a partir do início do século passado, quando a população urbana salta de

10,70%, em 1920, para 31,24% em 1940, seguindo-se por 36,16% em 1950, 44,93% em 1960,

55,92% em 1970, 67,59% em 1980, 75,59% em 1990, chegando a 81,23% em 20009.

Esses números demonstram da busca de habitantes pelo espaço urbano, gerando um processo de

crescimento sem precedentes das grandes cidades brasileiras e dos vários problemas a serem

enfrentados. O Quadro 4, mostra a situação das 13 maiores cidades brasileiras em termos de grau

de urbanização da população, em 2000.

9 Quadro III – População Urbana e Rural, total e percentual por Região Brasileira, 1950/2000, já citado.

Page 38: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

QUADRO 4 – RANKING DAS MAIORES CIDADES BRASILEIRAS, EM POP. URBANA

Ranking 13 maiores metrópoles do Brasil

População total - 2000

População urbana - 2000 %

1 São Paulo (SP) 10.434.252 9.813.187 94,05

2 Rio de Janeiro (RJ) 5.857.904 5.857.904 100,00

3 Salvador (BA) 2.443.107 2.442.102 99,96

4 Belo Horizonte (MG) 2.238.526 2.238.526 100,00

5 Fortaleza (CE) 2.141.402 2.141.402 100,00

6 Brasília (DF) 2.051.146 1.961.499 95,63

7 Curitiba (PR) 1.587.315 1.587.315 100,00

8 Recife (PE) 1.422.905 1.422.905 100,00

9 Manaus (AM) 1.405.835 1.396.768 99,36

10 Porto Alegre (RS) 1.360.590 1.320.739 97,07

11 Belém (PA) 1.280.614 1.272.354 99,35

12 Goiânia (GO) 1.093.007 1.085.806 99,34

13 Guarulhos (SP) 1.072.717 1.049.668 97,85

TOTAL 34.389.320 33.590.175 97,68 Fonte – Elaboração própria com base nos dados do IBGE e FIDEM - 2000

Esse processo de urbanização colocou a necessidade de enfrentamento das questões de interesse

comum, considerando que várias cidades passaram a constituir um aglomerado urbano, conurbado,

com outras cidades, levando à necessidade de uma gestão colegiada para resolver problemas que

afetam várias gestões político-administrativas.

A institucionalização das regiões metropolitanas brasileiras baseou-se, portanto, no

conceito dos serviços públicos de interesse comum, passando posteriormente, mas

precisamente em 1994, às funções públicas de interesse comum. Compreende-se,

assim, que não apenas os serviços, mas as funções públicas do interesse comum são

co-responsabilidade das três esferas de setor público governamental, cabendo a todos a

organização, o planejamento e a execução das ações de desenvolvimento e de equilíbrio

dessa região.

Esse momento histórico do processo de gestão urbana no Brasil associou as três esferas

de poder num ambiente de negociação dos diferentes interesses. Nesse esforço, planos,

programas e projetos foram traçados dentro da lógica urbana da RMR, numa rede de

funções complementares, diferentemente de uma visão isolada do crescimento municipal.

Recife e sua região metropolitana, constituída por 14 municípios, não diferem de

outras realidades brasileiras e apresentam uma população urbana bem maior do

que a parcela rural, conforme está demonstrado no Quadro 5. A semelhança de

Page 39: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

outras metrópoles isso já ocorria mesmo antes de se constituir na unidade regional

metropolitana, em 1974.

QUADRO 5 – POPULAÇÃO DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE, POR DÉCADA (total , urbana, rural e % urbana)

Ano de referência População Total População Urbana População Rural % pop. Urbana

1940 576.467 415.668 160.799 72,10%1950 843.409 664.451 178.958 78,78%1960 1.275.125 1.090.050 185.075 85,48%1970 1.827.173 1.660.039 167.134 90,85%1980 2.386.461 2.148.574 237.887 90,03%1991 2.919.979 2.757.088 162.891 94,42%1996 3.087.967 2.926.174 162.793 94,76%2000 3.337.565 3.234.647 102.918 96,91%

Fonte – Diagnóstico Preliminar da Região Metropolitana do Recife – Volume 1 – Recife-1974. Governo do Estado de Pernambuco/Secretaria de Coordenação Geral – Conselho de Desenvolvimento de Pernambuco – CONDEPE e BDE – Banco de Dados do Estado de Pernambuco – CONDEPE/FISEPE, Governo do Estado de Pernambuco, 2004.

Entretanto, o fenômeno da metropolização, não ocorre igualmente em todos os municípios que

integram a Região Metropolitana do Recife10. A urbanização varia de município a município, em

função das potencialidades locais ou de outros fatores internos, como uma gestão de qualidade, ou

externos, como a instalação de um programa de desenvolvimento local com infra-estrutura.

É importante considerar, também, que alguns desses municípios apresentam especificidades

ambientais relevantes para a metrópole, a exemplo das áreas de proteção de mananciais hídricos em

quase toda a parcela oeste da RMR. Esses fatos restringem a ocupação urbana e deveriam

promover compensações, inclusive em termos financeiros, para esses municípios. Um exemplo é

Araçoiaba, onde quase 90% do seu território apresenta restrições à ocupação por se tratar de área

estratégica para o abastecimento de água da área norte da RMR. Também Igarassu, com mais de

50% de sua área com restrições ao uso e ocupação por questões ambientais.

O Mapa 3 apresenta a fatia da RMR comprometida com restrições ambientais legais, em relação à

área urbanizada da RMR. Na parte litorânea é onde se concentra a ocupação predominante urbana.

O Quadro 6 apresenta a população urbana e rural em cada município da RMR.

10 Quadros demonstrativos do crescimento urbano por município da RMR (Quadros IV ao X), desde a década de 40 até 2000 encontram-se, no capítulo de anexo, desta dissertação, permitindo a análise do crescimento da região.

Page 40: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

QUADRO 6 – POPULAÇÃO/2000 – MUNICÍPIOS DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

Município População Total População Urbana População Rural

1 Recife 1.422.905 1.422.905 - 2 Cabo 152.977 134.486 18.491 3 Jaboatão 581.556 568.474 13.082 4 Moreno 49.205 38.294 10.911 5 São Lourenço da Mata 90.402 83.543 6.859 6 Olinda 367.902 360.554 7.348 7 Paulista 262.237 262.237 - 8 Igarassu 82.277 75.739 6.538 9 Itamaracá 15.858 12.930 2.928 10 Ipojuca 59.281 40.310 18.971 11 Camaragibe 128.702 128.702 - 12 Abreu e Lima 89.039 77.696 11.343 13 Itapissuma 20.116 16.330 3.786 14 Araçoiaba 15.108 12.447 2.661

Total 3.337.565 3.234.647 102.918 Área da RMR – 2.742,4 km2. Fonte - BDE – Banco de Dados do Estado de Pernambuco – CONDEPE/FISEPE, Governo do Estado de Pernambuco, 2000.

Mapa 3 – AMBIENTE NATURAL DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

Page 41: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Os problemas gerados pelo crescimento urbano chamaram mais uma vez a atenção do

mundo e da ONU a partir de 1994, quando da preparação da Conferência sobre

População (Cairo). Ali se reconheceu o papel da autoridade local, considerando-se que

os processos sociais, econômicos, culturais e populacionais tendem a globalizar-se, mas

seus efeitos concentram-se nas aglomerações urbanas, requerendo atuações políticas

integradas. Ficou patente a necessidade de se buscar uma articulação entre atores

urbanos para promover as cidades e uma maior oferta de infra-estrutura física, social e

de comunicação, e o atendimento às demandas por serviços sociais, principal razão de

ser das regiões metropolitanas. De fato, a criação e o delineamento das regiões

metropolitanas sejam no sentido das competências e áreas de atuação institucional, seja

no sentido físico-geográfico, buscaram sempre reger um entendimento mais integrado

dos diversos setores atuantes na região.

2.2. REFERENCIAIS DO PLANEJAMENTO METROPOLITANO

O Planejamento Metropolitano da RMR fundamentou-se em um conjunto de

preocupações e de sugestões constantes de documentos de planejamento nacionais,

estaduais e regionais. Todos os documentos que foram referência para a criação dos

parques metropolitanos foram analisados pelo presente estudo, sendo o resultado desse

trabalho apresentado no capítulo 5. Entretanto, são tecidos neste capítulo comentários

sobre aqueles que melhor contextualizam o processo de evolução das propostas

metropolitanas sobre esses espaços livres, que articulavam áreas distintas, como lazer,

turismo, qualidade ambiental e urbana, desportos, vida comunitária, cultura, saúde e

educação.

• I Plano de Desenvolvimento Integrado da RMR - PDI/RMR

O I Plano de Desenvolvimento Integrado da RMR - PDI/RMR baseou-se no III Plano

Nacional de Desenvolvimento – III PND (1980-85)11, que especifica claramente a

preocupação com o intenso processo de urbanização das cidades brasileiras:

“a insuficiência de espaços livres e de equipamentos, a comercialização dos respectivos

serviços, as dificuldades de acesso às áreas de lazer e as formas de cultura de massa

são fatores preponderantes na formulação da política nacional de recreação, lazer e

desportos voltada para o bem estar das populações, sobretudo dos estratos mais

carentes”.

11 III Plano de Desenvolvimento Nacional – III PND, para o período de 1980-85, elaborado pela Secretaria de Planejamento da Presidência da República – Brasília -1979.

Page 42: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Nesse sentido, sugeria que se expandissem as áreas e equipamentos de recreação e

lazer, especialmente aquelas próximas às concentrações urbanas. Sugeria também que

se procedesse a possíveis adaptações de áreas urbanizadas à prática do lazer e o apoio

a programas de lazer associados aos programas sociais, tais como o de Centros Sociais

Urbanos – CSU’s, os da Legião Brasileira de Assistência – LBA, entre outros. Associado

ao lazer encontrava-se a preocupação com o desporto, destacando-se sua importância

para grupos de baixa renda, entendida como uma política de saúde e de educação.

O PDI/RMR também adotou como referencial o II Plano de Desenvolvimento do Estado –

II PDE12, que associa as questões da cultura, do patrimônio histórico, do lazer e do

desporto nos Programas da Área Social, estabelecendo as seguintes linhas de

prioridades: fortalecimento do Sistema Estadual de Informação Cultural; desenvolvimento

do patrimônio cultural; promoção do patrimônio artístico; preservação de monumentos e

sítios históricos; aprimoramento do Sistema Estadual de Esportes; construção de vilas

olímpicas e implantação de zonas esportivas.

Acopla ainda as questões relativas ao turismo, apontando como prioridades: a expansão

dos equipamentos e serviços turísticos; o desenvolvimento turístico da área do mar; o

desenvolvimento turístico das áreas fluviais e lacustres, das áreas de micro-climas e

estâncias hidrominerais; e a capacitação de recursos humanos para as atividades de

turismo. Além desse universo ainda considera os programas especiais de preservação

ecológica, através do fortalecimento dos órgãos de proteção ao meio ambiente e o

controle ambiental em áreas de interesse ecológico.

• Plano Diretor do Sistema de Parques Metropolitanos - PDSPM/RMR

Em seqüência, o Plano Diretor do Sistema de Parques Metropolitanos - PDSPM/RMR

pinçou alguns programas de interesse do PDI/RMR, como sendo de interface direta com

o sistema de parques, a saber: expansão das atividades de turismo; habitação e

equipamentos básicos; Centros Sociais Urbanos; lazer; valorização das faixas de praia e

drenagem e valorização de áreas.

O PDSPM/RMR determinou as condições para o lazer em espaços públicos abertos na

região, além de definir políticas nos diferentes níveis de governo e estabelecer os

12 O II Plano de Desenvolvimento do Estado de Pernambuco – II PDE (1980-83) é um instrumento de política estadual, elaborado pelo Governo do Estado, através da sua Secretaria de Planejamento, em 1980.

Page 43: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

elementos técnicos para a concretização dos objetivos. Partindo de uma análise da

situação na época, apontou para uma situação desejável, definindo um conjunto de

ações de transformação requeridas. Um mosaico é o que se pretendeu estabelecer,

possibilitando compatibilizar interesses distintos, mesmo que em seu interior existissem

áreas de uso restrito e/ou de uso sustentável, sob o ponto de vista ambiental.

Outros documentos trataram dessas áreas, tais como: Parques Metropolitanos - Série

Documental do Governo do Estado de Pernambuco (1987); Inventário sobre a situação

das áreas selecionadas para os parques metropolitanos (2001); Plano Diretor da Região

Metropolitana do Recife – METRÓPOLE 2010 (1998); Plano de Ação Regional para a

RMR – PAR (2000-2003); Agenda 21 do Estado de Pernambuco (2002). Mais

recentemente, os Parques Metropolitanos foram tratados a partir da perspectiva da

promoção de uma maior inclusão social, considerando as questões da competitividade

local e regional. Neste aspecto se destaca o Plano Metrópole Estratégica (2002). A

análise detalhada desses documentos encontra-se no capítulo 5, como destacado

inicialmente.

2.3. AS ÁREAS SELECIONADAS PARA OS PARQUES METROPOLITANOS

A definição das áreas reservadas para abrigar parques metropolitanos na RMR teve três

momentos de destaque: 1980, o final da década de 80 (1987) e o ano de 2001.

O primeiro momento se refere à elaboração do Plano Diretor do Sistema de Parques

Metropolitanos - PDSPM, iniciado no final da década de 70, mas só estruturado em 1980.

Esse instrumento de planejamento reservou 11.360 ha para abrigar os parques

metropolitanos. Esse total foi dividido em 20 áreas, para atender a uma população de

2.386.461 habitantes, o que equivale a uma taxa de 47,60 m2/hab. (Mapa 4). Esse Plano

considerou 6 áreas prioritárias e 6 secundárias, reservando 8 áreas como

complementação do sistema proposto.

Em termos de distribuição espacial, observa-se que 8 dos 9 municípios que integravam a RMR na

época – Recife, Olinda, Jaboatão, Cabo, Itamaracá, Igarassu, Moreno, São Lourenço da Mata e

Paulista - tinham pelo menos um parque. Jaboatão abrigava o maior número, com 4 áreas

selecionadas, seguido por Recife, Cabo e Paulista, cada um com 3 parques; Itamaracá, Olinda e

Moreno com 2 áreas, cada; e São Lourenço da Mata com 1 parque. Apenas o município de Igarassu

não estava contemplado com parque metropolitano, devendo ser atendido pelos municípios

Page 44: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

vizinhos. Os parques estavam distribuídos espacialmente de forma a atender a toda a população

metropolitana e a assegurar áreas ambientalmente valiosas no território metropolitano.

Mapa 4 – PARQUES 1980

Essas áreas selecionadas representavam, naquele momento, apenas 0,5% do território

metropolitano, para atender a uma população urbana que, em 1980, representava 90%

da população total da RMR. Os Quadros 7 e 8, a seguir, apresentam as áreas

selecionadas, distinguindo-se entre áreas prioritárias, áreas secundárias e áreas

alternativas.

Page 45: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

QUADRO 7 – ÁREAS SELECIONADAS PELO PDSPM / RMR – 1980

ÁREAS PRIORITÁRIAS (6) ÁREAS SECUNDÁRIAS (6) ÁREAS ALTERNATIVAS (8)

Quant. Nome do Parque Quant. Nome do Parque Quant. Nome do Parque 01 02 03 04 05 06

Armando Holanda Cavalcanti Itamaracá** Guararapes Janga Capibaribe*** Tapacurá

01 02 03 04 05 06

Estuário do Rio Beberibe****

Ilha de São Simão Horto de Olinda Lagoa olho D’Água Estuário do Rio Timbó Barra de Orange

01 02 03 04 05 06 07 08

Açude Jangadinha* Engenho Novo* Engenho Uchoa* Istmo do Paiva Açude Gurjaú Serra do Cotovelo* Paratibe* Engenhos Pintos e Pereira*

TOTAL DE ÁREAS PROPOSTAS PARA PARQUES METROPOLITANOS – 20 ÁREAS – 11.360 ha A população da RMR, em 1980, totalizava 2.386.461 (Fonte FIDEM/IBGE)

* Áreas não incluídas no Plano Diretor Integrado da RMR –PDI/RMR, 1975. **O Parque de Itamaracá incluía, em seu perímetro, a área do Engenho Amparo. *** O Parque do Capibaribe incluía, em seu perímetro, o Parque de Dois Irmãos. **** Nesta ocasião era constituído pelo Parque Duarte Coelho, objeto de Plano Diretor /1978.

QUADRO 8 – ÁREAS SELECIONADAS POR MUNICÍPIO DA RMR – 1980

Ordem ÁREAS PRIORITÁRIASNome do Parque Área (ha) Município

01 02 03 04 05 06

Armando Holanda Itamaracá

Guararapes Janga

Capibaribe Tapacurá

370 850 365 654

1.400 800

Cabo Itamaracá Jaboatão Paulista Recife

S.L.Mata 6 SUB-TOTAL 4.439 RMR

Ordem ÁREAS SECUNDÁRIAS Nome do Parque Área (ha) Município

01 02 03 04 05 06

Estuário Rio Beberibe Ilha de São Simão

Horto de Olinda Lagoa Olho D’Água

Estuário do Rio Timbó Barra de Orange

80 130 31 560 670 550

Olinda Recife Olinda

Jaboatão Paulista

Itamaracá 6 SUB-TOTAL 2.021 RMR

Ordem Nome do Parque

ÁREAS ALTERNATIVAS Área (ha) Município

01 02 03 04 05 06 07 08

Açude Jangadinha Engenho Novo Engenho Uchoa Istmo do Paiva Açude Gurjaú

Serra do Cotovelo Paratibe

Engenhos Pintos/Pereira

240 1.200 120 240 500 800

1.200 600

Jaboatão Jaboatão

Recife Cabo Cabo

Moreno/Cabo Paulista Moreno

8 SUB-TOTAL 4.900 RMR

20 TOTAL 11.360 ha RMR

Os Quadros 9, 10 e 11 mostram os mesmos dados revistos pelo Plano Diretor de

Parques Metropolitanos:

Page 46: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Par

ques

Met

ropo

lita

nos

– G

estã

o e

Pro

teçã

o de

Áre

as E

spec

iais

na

RM

R

QU

AD

RO

9

PA

RQ

UE

S P

OR

MU

NIC

ÍPIO

– Á

RE

AS

PR

IOR

ITÁ

RIA

S/19

80 –

PD

SPM

/RM

R

Orde

m No

me do

Par

que

Área

(h

a)

Munic

ípio

Popu

lação

aten

dida*

(d

ireta/

1980

e ind

ireta/

2000

) Vu

lner

abilid

ade

Imple

menta

ção

01

02

03

04

05

06

Arma

ndo H

oland

a Ita

mara

Guar

arap

es

Jang

a Ca

pibar

ibe

Tapa

curá

370

850

365

654

1.400

80

0

Cabo

Ita

mara

Jabo

atão

Pauli

sta

Recif

e S.

L.Mata

56 m

il 68

mil

255 m

il 21

5 mil

255 m

il 13

0 mil

871 m

il 97

3 mil

3,5 m

ilhõe

s 2,9

milh

ões

4,1 m

ilhõe

s 55

0 mil

Invas

ões/

Eros

ão de

enco

stas/

Monu

mento

s em

ruína

s. Pr

essã

o pela

ocup

ação

. Inv

asão

no in

terior

da ár

ea.

Pres

são d

e ocu

paçã

o no e

ntorn

o. Pr

essã

o por

ocup

ação

/Esp

ecula

ção i

mobil

iária

nos t

erre

nos.

Risc

os de

ocup

ação

rura

l.

Proc

esso

de to

mbam

ento.

Int

eres

se es

pecíf

ico pa

ra o

turism

o. Pl

ano D

iretor

e Pr

ojeto

espe

cífico

. Pr

opos

ta pa

ra C

apela

. Par

que s

em p

rojet

o. Im

planta

ção d

e tre

chos

. Ár

ea de

sapr

opria

da pe

lo Go

vern

o.

6 TO

TAL

4.439

RM

R 97

9 mil

12,89

4 milh

ões

* Pop

ulaçã

o calc

ulada

segu

ndo P

lano D

iretor

de P

arqu

es M

etrop

olitan

os -

FIDE

M 19

80.

QU

AD

RO

10

PA

RQ

UE

S P

OR

MU

NIC

ÍPIO

– Á

RE

AS

SEC

UN

RIA

S/19

80 -

PD

SPM

/RM

R

Orde

m No

me do

Par

que

Área

(h

a)

Munic

ípio

Popu

lação

aten

dida*

(d

ireta

e ind

ireta/

2000

) Vu

lner

abilid

ade

Imple

menta

ção

01

02

03

04

05

06

Estuá

rio R

io Be

berib

e

Ilha d

e São

Sim

ão

Horto

de O

linda

La

goa O

lho D

’Águ

a Es

tuário

do R

io Tim

Barra

de O

rang

e

80

130 31

560

670

550

Olind

a Re

cife

Olind

a Ja

boatã

o Pa

ulista

Ita

mara

Olind

a Re

cife

Olind

a Ja

boatã

o Pa

ulista

Ita

mara

RMR

Centr

o RM

R Ce

ntro

RMR

Centr

o RM

R Ce

ntro

RMR

Norte

RM

R No

rte

Forte

pres

são d

e inv

asõe

s. Pr

essã

o do s

etor im

obiliá

rio.

Lotea

mento

de pa

rte da

área

. Pr

essã

o de l

oteam

entos

irreg

ulare

s. Se

m pr

ojeto.

Pr

essã

o de l

oteam

entos

irreg

ulare

s. Se

m pr

ojeto.

Pr

essã

o por

ocup

ação

.

Plan

o Dire

tor P

arqu

e Dua

rte C

oelho

. Ár

ea pr

otegid

a pela

Mar

inha.

Plan

o Dire

tor pa

ra o

Horto

Del

Rey.

Atra

tivo d

ifere

ncial

para

o tur

ismo.

Atra

tivo d

ifere

ncial

para

o tur

ismo.

Patrim

ônio

Histó

rico.

6 TO

TAL

2.021

RM

R

* P

opula

ção c

alcula

da se

gund

o Plan

o Dire

tor de

Par

ques

Metr

opoli

tanos

- FI

DEM

1980

.

Page 47: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Par

ques

Met

ropo

lita

nos

– G

estã

o e

Pro

teçã

o de

Áre

as E

spec

iais

na

RM

R

QU

AD

RO

11

PA

RQ

UE

S P

OR

MU

NIC

ÍPIO

– Á

RE

AS

AL

TE

RN

AT

IVA

S/19

80 -

PD

SPM

/RM

R

Orde

mNo

me do

Par

que

Área

(h

a)

Munic

ípio

Popu

lação

aten

dida*

(d

ireta

e ind

ireta/

2000

) Vu

lner

abilid

ade

Imple

menta

ção

01

02

03

04

05

06

07

08

Açud

e Jan

gadin

ha

Enge

nho N

ovo

Enge

nho U

choa

Ist

mo do

Paiv

a Aç

ude G

urjaú

Se

rra do

Coto

velo

Para

tibe

Enge

nhos

Pint

os/P

ereir

a

240

1.200

12

0 24

0 50

0 80

0 1.2

00

600

Jabo

atão

Jabo

atão

Recif

e Ca

bo

Cabo

Mo

reno

/Cab

o Pa

ulista

Mo

reno

Jabo

atão

Jabo

atão

Recif

e Ca

bo

Cabo

Mo

reno

/Cab

o Pa

ulista

Mo

reno

RMR

Centr

o RM

R Ce

ntro

RMR

Centr

o RM

R Su

l RM

R Su

l RM

R Oe

ste

RMR

Norte

RM

R Oe

ste

Área

sem

infra

-estr

utura

. Ár

ea m

ais ru

ral, s

em in

fra-e

strutu

ra.

Pres

são p

or oc

upaç

ão e

invas

ão.

Área

sujei

ta à e

spec

ulaçã

o imo

biliár

ia.

Área

mais

rura

l, sem

infra

-estr

utura

. Ár

ea m

ais ru

ral, s

em in

fra-e

strutu

ra.

Pres

são p

or oc

upaç

ão.

Área

mais

rura

l, sem

infra

-estr

utura

.

- - Legis

lação

espe

cífica

. Inter

esse

do P

oder

Púb

lico.

- - - - Sítio

histó

rico c

omo f

ator d

ifere

ncial

.

8 TO

TAL

4.900

RM

R

* P

opula

ção c

alcula

da se

gund

o Plan

o Dire

tor de

Par

ques

Metr

opoli

tanos

- FID

EM 19

80.

Page 48: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Outra grande mudança no planejamento das áreas reservadas para os parques

metropolitanos se deu em 1987, quando foi desenvolvido um trabalho intitulado Série

Documental Metropolitana. No seu bojo, foi estabelecido o Sistema de Parques

Metropolitanos – SPM/RMR, redefinindo as áreas prioritárias e as secundárias (Mapa 5).

Houve grande redução de área: de 11.360 ha., em 1980, para cerca de 5.227 ha., em

1987, com uma redução de 6.133 ha. As áreas definidas como alternativas (8) foram

desconsideradas, reduzindo-se as possibilidades de expandir a rede de parques

metropolitanos. A redução no índice de atendimento foi de quase 50%, ficando em 21,90

m2/hab. Se considerarmos a população da RMR em 1990, com 2.919.979 habitantes,

esse índice é menor (17,90 m2/hab.), o que equivale a 37,5% do índice inicial estimado.

Como área prioritária permaneceu o Parque do Janga (Paulista) e criou-se o Parque do

Jiquiá (Recife). As demais passaram a ser secundárias, permanecendo nessa categoria o

Parque Horto de Olinda. Destaque-se que o Parque do Beberibe passou ser parte da

área do Complexo Salgadinho, como perspectiva de ali ser instalado o parque que

atenderia a população de Olinda.

Page 49: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Mapa 5 – PARQUES 1987

Não há uma razão explícita para as alterações propostas. Especula-se que tenham se fundamentado

apenas na viabilidade de implementação dos parques, em detrimento de outras considerações, como

a de salvaguardar áreas do processo de acelerada urbanização e, principalmente, a de distribuição

equilibrada no território.

Os Quadros 12 a 15, a seguir, apresentam a seleção das áreas prioritárias e secundárias constantes

do documento Parques Metropolitanos e informações adicionais.

Page 50: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

QUADRO 12 – ÁREAS SELECIONADAS PELO SISTEMA DE PARQUES

METROPOLITANOS / RMR – 1987

ÁREAS PRIORITÁRIAS (6) ÁREAS SECUNDÁRIAS (6) Quantidade Nome do Parque Quantidade Nome do Parque

01 02 03 04 05 06

Salgadinho (Memorial Arcoverde) Janga Timbó Lagoa Olho D’Água Encanta Moça/ Manguezais Jiquiá

01 02 03 04 05 06

Itamaracá Tapacurá Armando Holanda Guararapes Capibaribe/Dois Irmãos Horto de Olinda

TOTAL DE ÁREAS PROPOSTAS PARA PARQUES METROPOLITANOS – 12 ÁREAS – 5.227 ha

A população da RMR, em 1980, totalizava 2.386.461 (Fonte FIDEM/IBGE). No Censo de 1991a população da RMR chegou a 2.919.979 hab.

* Não constava da seleção anteriormente estabelecida pelo Plano Diretor do Sistema de Parques Metropolitanos.

QUADRO 13 – ÁREAS SELECIONADAS POR MUNICÍPIO DA RMR – 1987, área e município

Ordem Nome do Parque

ÁREAS PRIORITÁRIAS Área (ha) Município

01 02 03 04 05 06

Salgadinho (Memorial Arcoverde) Janga Timbó Lagoa Olho D’Água Encanta Moça/ Manguezais Jiquiá

356541505002552

Olinda Paulista Paulista Jaboatão Recife Recife

6 SUB-TOTAL 1.416 RMR

Ordem Nome do Parque ÁREAS SECUNDÁRIAS Área (ha) Município

01 02 03 04 05 06

Itamaracá Tapacurá Armando Holanda Guararapes Capibaribe/Dois Irmãos Horto de Olinda

850800370365

1.40026

Itamaracá S.L.Mata Cabo Jaboatão Recife Olinda

6 SUB-TOTAL 3.811 RMR 12 TOTAL 5.227 RMR

Page 51: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Par

ques

Met

ropo

lita

nos

– G

estã

o e

Pro

teçã

o de

Áre

as E

spec

iais

na

RM

R

QU

AD

RO

14

- PA

RQ

UE

S P

OR

MU

NIC

ÍPIO

– Á

RE

AS

PR

IOR

ITÁ

RIA

S/19

87, s

egun

do

SIST

EM

A D

E P

AR

QU

ES

ME

TR

OP

OL

ITA

NO

S –

SPM

/RM

R

ÁREA

S PR

IORI

TÁRI

AS

Quan

tidad

e No

me do

Par

que

Área

(ha)

Mu

nicípi

o Po

pulaç

ão at

endid

a Vu

lner

abilid

ade

Imple

menta

ção

01

02

03

04

05

06

Salga

dinho

Ja

nga

Timbó

La

goa O

lho D

’Águ

a En

canta

Moç

a Jiq

uiá

35

654

150

500 25

52

Olind

a Pa

ulista

Pa

ulista

Ja

boatã

o Re

cife

Recif

e

RMR

Centr

o RM

R No

rte

RMR

Norte

RM

R Su

l RM

R Ce

ntro

RMR

Centr

o

Pres

são p

or no

vos u

sos

Pres

são d

e inv

asõe

s Pr

essã

o de l

oteam

entos

irreg

ulare

s Pr

essã

o de l

oteam

entos

irreg

ulare

s Pr

essã

o de i

nvas

ões

Pres

são d

e inv

asõe

s

Inter

esse

s gov

erna

menta

is Int

eres

ses g

over

name

ntais

Re-e

nqua

dram

ento

de U

.C.

Estud

os m

unici

pais.

Ob

jeto d

e Con

curso

em 19

84.

Objet

o de C

oncu

rso em

1984

.

6 TO

TAL

1.416

RM

R

QU

AD

RO

15

- PA

RQ

UE

S P

OR

MU

NIC

ÍPIO

– Á

RE

AS

SEC

UN

RIA

S/19

87, s

egun

do

SIST

EM

A D

E P

AR

QU

ES

ME

TR

OP

OL

ITA

NO

S –

SPM

/RM

R

ÁREA

S SE

CUND

ÁRIA

S

Quan

tidad

e No

me do

Par

que

Área

(ha)

Mu

nicípi

o Po

pulaç

ão at

endid

a Vu

lner

abilid

ade

Imple

menta

ção

01

02

03

04

05

06

Itama

racá

Ta

pacu

Arma

ndo H

oland

a Gu

arar

apes

Ca

pibar

ibe

Horto

de O

linda

850

800

370

365

1.400

26

Itama

racá

S.

L.Mata

Ca

bo

Jabo

atão

Recif

e Ol

inda

RMR

Norte

RM

R Ce

ntro

RMR

Sul

RMR

Centr

o RM

R Ce

ntro

RMR

Centr

o

Patrim

ônio

Histó

rico e

m ru

ínas

Risc

o de o

cupa

ção r

ural

Invas

ões /

Ero

são d

e enc

ostas

Pr

essã

o de i

nvas

ões

Pres

são d

e ocu

paçã

o / in

vasõ

es

Lotea

mento

de pa

rte da

área

Sem

proje

to es

pecíf

ico

Área

desa

prop

riada

pelo

Gove

rno d

o Esta

do/S

UAPE

. To

mbam

ento

Estad

ual

Plan

o Dire

tor e

Proje

to Es

pecíf

ico

Impla

ntaçã

o de t

rech

os.

Sem

proje

to 6

TOTA

L 3.8

11

RMR

Page 52: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

O terceiro momento de destaque para o planejamento dos parques metropolitanos se deu no final da

década de 90, com a intensa discussão sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da

Natureza, culminando com a Lei Federal nº 9.985, sancionada em 18 de julho de 2000.

Com a nova lei, surgiu a necessidade de classificação ou re-classificação de áreas especiais,

algumas das quais passaram nesse momento a constituir as unidades de conservação da natureza,

na RMR. É o caso do Horto de Dois Irmãos, inserido no Parque Metropolitano do Capibaribe, que

passa a constituir a Reserva Ecológica de Dois Irmãos e, posteriormente, integrando-se ao Parque

Estadual de Dois Irmãos, em 1998.

É o caso também da área do Timbó, em Paulista, que passa a ser a Reserva Ecológica

de Caetés, única reserva ecológica implantada entre as 40 áreas selecionada. O Parque

Tapacurá passa a constituir uma Estação Ecológica, a partir da implantação de uma

barragem de abastecimento d’água para a RMR. Finalmente, o Parque do Engenho

Uchoa que passa a constituir uma Reserva Ecológica, para na seqüência abrigar uma

Área de Proteção Ambiental – APA Engenho Uchoa. Esse último exemplo está inserido

em uma Zona Especial de Proteção Ambiental - ZEPA, pela legislação de uso do solo do

município do Recife. Os Quadros 16 a 18 a seguir, apresentam os resultados dessa

seleção.

QUADRO 16

PARQUES METROPOLITANOS – 2001

ÁREAS PRIORITÁRIAS* ÁREAS RECLASSIFICADAS ÁREAS COMPLEMENTARES Quantidade Nome do Parque Quantidade Nome do Parque Quantidade Nome do Parque

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

Arcoverde Guararapes Armando H. Cavalcanti Janga Horto de Olinda Manguezais Itamaracá Lagoa Olho D’Água Jiquiá Capibaribe

01 02 03 04

Dois Irmãos Caetés (Estuário do Timbó) Engenho Uchoa Tapacurá

01 02 03 04 05 06

Camaragibe Cordeiro Jaqueira 13 de Maio Santana Paiva

10 Áreas Prioritárias 4 Áreas Reclassificadas 6 Áreas Complementares TOTAL DE ÁREAS PROPOSTAS PARA PARQUES METROPOLITANOS – 10 ÁREAS – 2.188 ha.

A população da RMR, em 2000, totaliza 3.337.565 (Fonte FIDEM/IBGE). * Parques metropolitanos implantados ou a implantar. Apenas como dados comparativos cumpre destacar que a população da RMR, em 1980, totalizava 2.386.461, em 1991, totalizava 2.919.979, chegando a 2000 com 3.337.565. Fonte: Dados do FIDEM/IBGE.

QUADRO 17 – ÁREAS SELECIONADAS POR MUNICÍPIO DA RMR – 1987

Page 53: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

ÁREAS PRIORITÁRIAS

Ordem Nome do Parque Área (ha) Município

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

Arcoverde Guararapes Armando Holanda Janga Horto de Olinda Manguezais Itamaracá Lagoa Olho D’Água Jiquiá Capibaribe

32 224 270 616

9 245 200 500 52 40

Olinda Jaboatão Cabo Paulista Olinda Recife Itamaracá Jaboatão Recife Recife

10 SUB-TOTAL 1.873 RMR Em 2001, deu-se o quarto momento relevante nas áreas reservadas para os parques

metropolitanos, com uma nova revisão que resultou em uma redução significativa da área

proposta, agora com apenas 2.188 ha, distribuídos em 10 áreas prioritárias e 4 re-

classificadas.

O quadro 18, abaixo, apresenta os novos parques, suas áreas, a população atendida,

direta e indiretamente por cada um deles e seus pontos de maior vulnerabilidade.

Page 54: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Par

ques

Met

ropo

lita

nos

– G

estã

o e

Pro

teçã

o de

Áre

as E

spec

iais

na

RM

R

QU

AD

RO

18

- PA

RQ

UE

S M

ET

RO

PO

LIT

AN

OS

– 20

01

ÁREA

S PR

IORI

TÁRI

AS

Orde

mNo

me do

Par

que

Área

(ha)

Mu

nicípi

o Po

pulaç

ão at

endid

a*

(dire

ta e i

ndire

ta/)

Vuln

erab

ilidad

e Im

pleme

ntaçã

o

01

02

03

04

05

06

07

08

09

10

Arco

verd

e Gu

arar

apes

Ar

mand

o Hola

nda

Jang

a Ho

rto de

Olin

da

Mang

ueza

is Ita

mara

Lago

a Olho

D’Á

gua

Jiquiá

Ca

pibar

ibe

32

224

270

616 9

**245

20

0 50

0 52

40

Olind

a Ja

boatã

o Ca

bo

Pauli

sta

Olind

a Re

cife

Itama

racá

Ja

boatã

o Re

cife

Recif

e

Olind

a Ja

boatã

o Ca

bo

Pauli

sta

Olind

a Re

cife

Itama

racá

Ja

boatã

o Re

cife

Recif

e

RMR

Centr

o RM

R Ce

ntro

RMR

Sul

RMR

Norte

RM

R Ce

ntro

RMR

Centr

o RM

R No

rte

RMR

Centr

o RM

R Ce

ntro

RMR

Centr

o

Pres

são p

or no

vos u

sos.

Dens

a ocu

paçã

o no i

nterio

r da á

rea.

Invas

ões/

prob

lemas

lega

is.

Ausê

ncia

proje

to, pr

essã

o de o

cupa

ção.

Área

comp

rome

tida c

om oc

upaç

ões.

Pres

são d

o seto

r imob

iliário

. Au

sênc

ia de

proje

to.

Ocup

açõe

s ileg

ais e

sem

esgo

to.

Pres

são p

or oc

upaç

ão.

Falta

proje

to es

pecíf

ico.

Inser

ida em

plan

os go

vern

amen

tais.

Inter

esse

do E

xérci

to e

Plan

o Esp

ecial

. Pl

ano E

straté

gico –

2000

. Me

ta da

gestã

o mun

icipa

l de i

mplan

tar.

Inser

ida em

plan

os go

vern

amen

tais.

Área

prote

gida p

ela M

arinh

a. Im

pleme

ntaçã

o não

disc

utida

. Pl

ano m

unici

pal d

e tod

a a ár

ea.

Pres

ença

de ge

rênc

ia da

área

. Pa

rque

de S

antan

a imp

lantad

o.

10

TOTA

L 1.8

73

RMR

* A po

pulaç

ão po

derá

ser c

alcula

da em

funç

ão da

atua

l pop

ulaçã

o de c

ada m

unicí

pio.

** Ár

ea de

terra

firme

13,5

ha.

Page 55: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

A distribuição espacial dos novos parques é mostrada no Mapa 6, que se segue.

Mapa 6 – PARQUES – 2001

Page 56: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Os 2.188 ha atuais devem atender a uma população de 3.337.565 habitantes, posto que

Município de Ipojuca passou a integrar a RMR, com base na Lei Complementar nº 10, de

6 de janeiro de 1994, passando de 2.201 km2 para 2.742,4 km2. Ou seja, reduz-se as

áreas de parques tendo havido aumento de área e população na Região Metropolitana.

Os novos números representam uma taxa de área de parque de 6,56 m2/habitante,

redução bastante significativa e preocupante. Também nessa última revisão, que resultou

nesta redução de áreas para parques, os documentos não trazem uma explicação

explícita para o fato, mas acredita-se que ele se deva à perda de áreas com

características que as justifiquem como parques (como a ocupação habitacional e por

outras atividades não conformes) e a uma crescente tomada de consciência da

dificuldade de se manter áreas livres, reservadas para usos ainda não implantados, num

contexto de escassez de solo urbano.

Page 57: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

3. BASE TEÓRICA E CONCEITUAL

3.1. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E CIDADES

3.2. CONSERVAÇÃO INTEGRADA URBANA E TERRITORIAL

3.3. ÁREAS DE INTERFACES PERIURBANAS

3.4. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO - SNUC

3.5. PARQUES METROPOLITANOS NA RMR

Page 58: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

3. BASE TEÓRICA E CONCEITUAL

Este capítulo trata das questões conceituais que nortearam a pesquisa e fundamentaram

a lógica da dissertação. Inicia-se pela questão do desenvolvimento sustentável e suas

possibilidades na cidade, dada sua capacidade de associar as questões ambientais,

sociais e econômicas.

O tema seguinte refere-se à conservação integrada urbana e territorial, permitindo

estabelecer conexões entre o que é passível de transformação e as perspectivas de

introduzir novos usos e funções nos espaços livres, resgatando a qualidade urbana e

ambiental. Discute a relação entre a conservação integrada das áreas verdes dos

parques metropolitanos e das áreas urbanas ocupadas, ambas passíveis de processos

de integração territorial.

Trata-se, em seguida, da questão das áreas de interface periurbana46, já que a maioria

das áreas selecionadas para parques metropolitanos tem essa característica. Isto

significa que elas sofrem violenta pressão por ocupação e apresentam uma velocidade

de transformação intensa, principalmente em termos de estruturas ambientais naturais.

Discute-se, na seqüência, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza

– SNUC. Finalmente, trata-se dos conceitos e modalidades dos parques metropolitanos,

nos vários períodos em que foram objeto de estudos específicos.

3.1. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E CIDADES

Existem vários de conceitos para o termo desenvolvimento sustentável,

desenvolvidos por inúmeros especialistas. O mais divulgado é aquele que consta

do Relatório Bruntland, publicado em 1987. Nele, o desenvolvimento sustentável

é compreendido como um processo que busca satisfazer as necessidades e

46 Espaço periurbano segundo definições do Laboratório de Estudos Periurbanos da UFPE, constitui área situada em zona urbana ou e expansão urbana sob forte pressão antrópica de ocupação ou especulação imobiliária, com possibilidade de passar por um processo de transformação significativo. Destaca-se, ainda, a necessidade de manter esses espaços como áreas de amenização do processo acelerado de ocupação urbana, permitindo qualidade ambiental às cidades.

Page 59: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

aspirações das pessoas no presente, sem comprometer a possibilidade das

gerações futuras de atenderem às suas próprias necessidades.

A busca por uma forma de desenvolvimento sustentável está presente nos meios

científicos e acadêmicos desde a década de 60, mas só após o encontro das

Nações Unidas, ocorrido em Estocolmo, em 1972, é que surgiram movimentos

mais atuantes em defesa de um crescimento econômico menos predatório,

observando o meio ambiente e sua capacidade de resiliência47. Apenas na

década de 80, é que se consagra a idéia de desenvolvimento sustentável,

consolidado no Encontro Mundial ocorrido no Rio de Janeiro, a ECO 92.

Trata-se de uma abordagem que reavalia os relacionamentos da economia e da

sociedade com a natureza e, ainda, do Estado com a sociedade. Esse

desenvolvimento deve garantir o equilíbrio entre o nível de crescimento da

população e a conservação da base de recursos naturais, reorientando a

tecnologia e administrando os riscos de perdas irreparáveis, sempre que possível,

de modo que o meio ambiente passe a ser considerado no processo econômico e

na tomada de decisão.

A idéia de sustentabilidade refere-se à capacidade de algo ser suportável,

duradouro e conservável, associando-se à noção de continuidade. Essa idéia

remete a uma lógica que demanda uma nova ordem econômica e social,

estabelecendo um processo de mudanças no qual a exploração dos recursos, a

orientação dos investimentos, os rumos do desenvolvimento tecnológico e a

mudança institucional estão de voltadas para o atendimento de necessidades

atuais e futuras.

É importante destacar que o princípio da sustentabilidade não é apenas a

conciliação entre o crescimento econômico e a gestão racional dos recursos

naturais. Assim, cabe diferenciar –“desenvolvimento sustentável como a

capacidade de um sistema se reproduzir no tempo, de forma simples ou

47 Resiliência é a capacidade de um sistema de manter sua estrutura e padrão de comportamento face aos distúrbios externos. Capacidade de se adaptar às mudanças.

Page 60: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

expandida, utilizando os recursos existentes no interior de seu território sem

dilapidá-los, considerando, portanto, a potência interna do sistema”48.

(Zancheti,1997)

O conceito de necessidade, sobretudo de necessidades essenciais varia

enormemente para diferentes contextos culturais. Mas, de uma forma geral, um

dos maiores problemas é que muitos teóricos e decisores acreditam que, se por

um lado as necessidades dos pobres do mundo devem receber a máxima

prioridade, por outro, as limitações que a conservação do meio ambiente impõe

ao desenvolvimento, no estágio atual da tecnologia e de organização social,

impedem o atendimento das necessidades presentes, para preservar a

capacidade das gerações futuras.

O grande desafio do desenvolvimento sustentável é, portanto, atingir o

compromisso entre o desenvolvimento econômico, justiça social e a preservação

ecológica e a herança para o futuro, entendendo-o como a relação entre o

crescimento econômico com distribuição, mantendo a preservação da natureza

sem degradação crescente e, simultaneamente, fazendo com que a herança a ser

legada permita adequados níveis de qualidade de vida, mantidos no tempo e no

espaço. Nosso futuro demanda uma nova visão e gestão do desenvolvimento à

luz de postulados interdependentes de equidade social, equilíbrio ambiental,

equilíbrio econômico e autodeterminação política.

O conceito é extremamente abrangente e aplicado distintamente quando as

realidades locais são distintas. O fator cultural é elemento diferenciador da

sustentabilidade possível em cada lugar. O que é sustentável nos países

desenvolvidos, no conceito da pós-modernidade globalizada, não o é

necessariamente para os países dependentes e pobres.

O desenvolvimento sustentável refere-se, portanto, a processos de mudança

sociopolítica, socioeconômica e cultural-institucional, visando assegurar a

48 Zancheti, Sílvio Mendes. Conceitos de desenvolvimento sustentável, no 1º CURSO DE CONSERVAÇÃO INTEGRADA URBANA E TERRITORIAL- CECI,1997. PROGRAMA BRASIL- ITUC/BR.

Page 61: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

satisfação das necessidades básicas da população e a eqüidade social, no

presente e no futuro, promovendo oportunidades de bem-estar social, compatíveis

com as circunstâncias ecológicas de longo prazo. Necessariamente, traduz

preocupações com a produção e o consumo de bens e serviços, com as

necessidades básicas de subsistência, com os recursos naturais e o equilíbrio

ecossistêmico, com as práticas decisórias e a distribuição do poder e com os

valores pessoais e culturais.

A redução da pobreza, a satisfação das necessidades básicas e a melhoria da

qualidade de vida da população passam pelo resgate da eqüidade, pelo respeito à

vida, pelo estabelecimento de uma forma de governo que garanta a participação

social nas decisões, para que o processo de desenvolvimento seja julgado como

sustentável.

O ambiente propício para o desenvolvimento sustentável requer um sistema

econômico que gere excedentes de maneira a atender a um universo maior do

que o atual, além de conhecimentos técnicos calcados em bases tecnológicas e

um ambiente social capaz de resolver conflitos. Por isso um dos pressuposto

básico dos processos decisórios é a participação política dos cidadãos, assim

como o estabelecimento de bases de conhecimento e geração de novas práticas.

Hoje, se observa um discurso mais aberto e hegemônico, onde esse conceito

apresenta-se com mais clareza, haja vista a conscientização ambiental dos

formuladores de políticas de desenvolvimento e a generalização da preocupação

com a proteção de ecossistemas importantes, visando garantir que esses

recursos passem às novas gerações. De outra parte, financiamentos

internacionais vêm condicionando a qualidade dos projetos ao componente

ambiental.

Em resumo, o desenvolvimento é sustentável quando atinge as dimensões

ecológica, econômica e social. No tocante à esfera ecológica se materializa nos

processos de conservação dos ecossistemas e no manejo racional do meio

ambiente e dos recursos naturais. Na esfera econômica se realiza na promoção

de atividades produtivas, razoavelmente rentáveis, mais voltadas para a

Page 62: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

qualidade de vida do que para a quantidade da produção, com relativa

permanência no tempo. Finalmente, o desenvolvimento sustentável acontece na

esfera social quando as atividades oriundas dos processos de desenvolvimento

são compatíveis com os valores culturais e as expectativas da sociedade, quando

os atores sociais estabelecem controles nas decisões sobre ações que afetam

seus destinos, considerando a questão da distribuição, com equidade, dos frutos

do desenvolvimento.

Os mecanismos de mercado são inadequados para garantir a sustentabilidade. A

suficiência material não garante, per si, a melhoria na qualidade de vida, embora

possibilite o acesso aos bens e serviços produzidos, O desenvolvimento

sustentável insiste na qualificação e apreciação do crescimento econômico,

igualando a suficiência material à equidade, como princípio da distribuição e

justiça, e à garantia ambiental como solidariedade entre as gerações.

O discurso atual sobre cidades, em diversos níveis e lugares, faz menção ao

desenvolvimento sustentável. O problema está nas práticas, que tomam caminhos

diferentes do discurso e têm trazido entendimentos focados em dimensões

diversas da sustentabilidade urbana.

De uma forma geral, busca-se a sustentabilidade urbana através do equilíbrio

entre o crescimento populacional e a capacidade de determinado território em

atender à demanda por serviços urbanos e infra-estrutura. Do ponto de vista

ecológico há necessidade de se promover a redução do consumo de energia, da

poluição atmosférica e hídrica, mantendo a diversidade biológica e assegurando a

proteção a determinados recursos naturais.

Na questão social considera-se fundamental a redução da pobreza e da fome,

principalmente nos países do hemisfério sul, onde existe percentual bastante alto

da população que vive abaixo da linha de pobreza, considerando que a redução

da pobreza é pré-condição para o desenvolvimento humano e ambiental

equilibrado.

Page 63: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Na RMR existe um percentual elevado de pobreza49, aquela sem acesso aos serviços

públicos e, conseqüentemente, às condições necessárias a uma vida digna. As tabelas a

seguir apresentam dados de 2000 e indicadores de pobreza dos municípios da RMR. È

possível verificar o contingente populacional que vive em precárias condições de vida na

região: cerca de 40,53% das famílias da metrópole contam com uma renda per capita

inferior a meio salário mínimo.

Vale ressaltar que, como a RMR concentra 42% da população pernambucana, os

indicadores para o Estado são fortemente influenciados pelos da metrópole, melhorando

o desempenho médio estadual. Isso significa que são piores as condições sociais das

outras regiões de Pernambuco. A análise por município metropolitano, a partir de uma

desagregação realizada em trabalho da FIDEM, leva à identificação de municípios mais

carentes no interior da RMR, como é o caso de Araçoiaba, o município de maior pobreza,

e de Itamaracá, que apresenta o pior indicador da metrópole quanto ao atendimento em

esgotamento sanitário.

As Tabelas 1, 2 e 3, a seguir apresentam: a primeira, a composição dos indicadores de

pobreza de Pernambuco e da RMR; a segunda, os dados da população em 2000, por

município da RMR, onde é possível verificar o contingente populacional que vive em

precárias condições de vida, e por fim, tabela que apresenta o Índice de Desenvolvimento

Humano – IDH dos municípios da RMR, comparando dados de 1991 com 2000.

TABELA 1 – INDICADORES SOCIAIS DE POBREZA – PERNAMBUCO E REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE – 2000

INDICADOR PERNAMBUCO RMR Domicílios com abastecimento de água inadequado (%) 19,27 15,36 Domicílios com esgoto sanitário inadequado (%) 56,93 64,78 Domicílios com destino do lixo inadequado (%) 14,63 12,17 Chefes de família com menos de 4 anos de estudo (%) 47,98 27,97 Número médio de anos de estudo dos chefes de família 5,6 7,7 Chefes de família com renda média mensal até ½ SM (%) 17,85 13,89 Analfabetismo da população de 15 anos e mais (%) 24,50 12,77

Fonte: FIDEM (baseado em IBGE). 2000.

TABELA 2 – ÍNDICE DE POBREZA DOS MUNICÍPIOS DA RMR

49 O índice de pobreza foi formado pelos indicadores de abastecimento de água e esgotamento sanitário, média de anos de estudos dos chefes de família, rendimento médio mensal de até um salário mínimo dos chefes de família e taxa de analfabetismo. Essas informações tiveram por base estudo do consultor Rodolfo Hoffmann (Plano Metrópole Estratégica, EstudoTemático sobre Pobreza. FIDEM - Hoffmann, 2001) e nos dados e indicadores da pobreza organizados pela FIDEM - 2000.

Page 64: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

MUNICÍPIO Índice de Pobreza

Abastecimento d'Água

Inadequado

Esgotamento Sanitário

Inadequado

Até 4 anos de estudo

Renda até 1 salário mínimo

Taxa de analfabetismo

Araçoiaba 1.0000 56.9 96.5 68.7 65.1 37.5Ipojuca 0.6107 24.1 68.1 59.8 55.5 30.0Itapissuma 0.5517 14.9 78.6 50.4 58.8 25.9Moreno 0.5447 17.1 82.9 49.1 58.2 23.1São Lourenço da Mata 0.5162 34.7 70.5 45.0 51.4 22.8Igarassu 0.5076 22.1 94.9 42.3 50.6 20.3Ilha de Itamaracá 0.5076 18.6 99.5 38.3 54.5 19.5Cabo de Santo Agostinho 0.3897 14.5 71.7 42.6 48.7 20.5Camaragibe 0.3776 24.9 84.0 34.8 44.4 15.7Jaboatão dos Guararapes 0.2494 21.9 78.5 29.0 35.8 13.2Abreu e Lima 0.2248 11.3 63.3 32.3 43.9 14.3Olinda 0.1045 12.2 61.9 23.8 35.9 9.9Recife 0.0785 12.5 57.1 23.4 33.4 10.6Paulista 0.0000 6.9 52.4 20.2 32.1 8.4Fonte: FIDEM (baseado em IBGE). 2000.

Page 65: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

TABELA 3 – ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO DA RMR

Fonte – Agência CONDEPE/FIDEM – Governo de Pernambuco

As Figuras50: 1, 2, 3, 4, 5 e 6, apresentam os indicadores que compõem o IDH da RMR,

demonstrando a fragilidade entre os municípios da região, conforme a seguir.

Figura 1

Fonte: Plano Regional de Inclusão Social – Governo do Estado de Pernambuco

50 A pobreza e, principalmente, as desigualdades sociais, constituem os principais problemas da RMR, refletidos na paisagem dominada pelas favelas e aglomerados populacionais, com baixa qualidade de vida. Tanto pelo conceito de renda quanto pelas condições de vida e acesso a equipamentos sociais básicos, a RMR apresenta um dramático quadro de pobreza. As figuras constam do Plano Regional de Inclusão Social da Região Metropolitana e do PPA Estadual 2004/2007.Governo do Estado de Pernambuco.

Page 66: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Figura 2

Fonte: Plano Regional de Inclusão Social – Governo do Estado de Pernambuco

Figura 3

Fonte: Plano Regional de Inclusão Social – Governo do Estado de Pernambuco

Figura 4

Fonte: Plano Regional de Inclusão Social – Governo do Estado de Pernambuco

Page 67: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Figura 5

Fonte: Plano Regional de Inclusão Social – Governo do Estado de Pernambuco

Figura 6

Fonte: Plano Regional de Inclusão Social – Governo do Estado de Pernambuco

Percebe-se que municípios com melhor desempenho também contam com bairros ou

distritos em condições evidentes de carências sociais. Agrupando as 20 localidades de

maior pobreza (Tabela 4), percebe-se que a localidade de pior posição é Nossa Senhora

da Luz, no município de São Lourenço da Mata. Entretanto, a situação mais dramática é

a de Ipojuca, que tem todos os seus três distritos incluídos entre as vinte piores

localidades da região. Todos os bairros de Olinda com alto índice de pobreza estão

localizados ao longo da bacia do rio Beberibe.

O município do Paulista tem dois bairros na lista das vinte piores localidades (Jaguarana

e Jardim Velho), enquanto quatro bairros do Recife estão incluídos entre os de maiores

índices de pobreza não monetária (bairro do Recife, Guabiraba, Ilha Joana Bezerra e Pau

Ferro).

Page 68: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

TABELA 4 – HIERARQUIA DAS VINTE PIORES LOCALIDADES DA RMR

BAIRRO/DISTRITO MUNICÍPIO ÍNDICE DE POBREZA Nossa Senhora da Luz São Lourenço da Mata 1.0000 Três Ladeiras Igarassu 0.9999 Juçaral Cabo de Santo Agostinho 0.9278 Araçoiaba Araçoiaba 0.8406 Recife Recife 0.7782 Nova Cruz Igarassu 0.7508 Ipojuca Ipojuca 0.6850 Camela Ipojuca 0.6510 Ilha Joana Bezerra Recife 0.6429 Guabiraba Recife 0.6418 Pau-Ferro Recife 0.6092 Alto do Sol Nascente Olinda 0.5788 Itapissuma Itapissuma 0.5697 Moreno Moreno 0.5598 Passarinho Olinda 0.5545 Jaguarana Paulista 0.5410 Nossa Senhora do Ó Ipojuca 0.5410 Alto da Conquista Olinda 0.5397 Alto da Bondade Olinda 0.5394 Jardim Velho Paulista 0.5373

Fonte: FIDEM (baseado em IBGE). 2000.

A espacialização das condições de pobreza, representadas pelas localidades

mais carentes da RMR, confirma a necessidade de parques metropolitanos como

alternativa de complementação das condições de lazer para a população pobre,

principalmente em municípios ou áreas de abrangência dessas localidades.

Assim, tais espaços periurbanos estariam cumprindo a função social da

propriedade, ao mesmo tempo em que estariam oportunizando alternativas

sustentáveis de desenvolvimento social, econômico e ambiental.

3.2. CONSERVAÇÃO INTEGRADA URBANA E TERRITORIAL

O planejamento urbano como ferramenta política, técnica e instrumental para o

desenvolvimento e gestão sustentável, sem dúvida é um elemento potente. Foi apontado

no Relatório da Conferência Internacional de Nairóbi – 1994, organizado pela United

Nations Centre for Human Settlements (habitat) UNCHS e Governo da Índia, como uma

das saídas para atingir uma melhoria na qualidade de vida das pessoas, notadamente

daquelas que vivem nas cidades.

Page 69: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Considerando, principalmente, o fracasso dos modelos de intervenção urbana das

últimas décadas, a proposta de conservação integrada urbana e territorial advoga que o

futuro do planejamento urbano, na construção ou no redesenho das cidades, está na

consciência de que o seu princípio mais importante deve ser o da sustentabilidade,

principalmente quanto aos aspectos sócio-culturais.

Questões levantadas por Lia Motta51 (Patrimônio Urbano: Auto Sustentabilidade e o

Papel do Estado), quando coloca o conflito de interesses das propostas de “intervenções

esteticizantes para a inserção do patrimônio urbano no mercado de consumo como

objeto auto-sustentável”. As estratégias utilizadas se apropriam do bem como produto de

consumo visual e enobrecimento e o seu uso como produto de disputa entre as cidades

por um mercado globalizado. Essa razão é apresentada pela autora como um modelo

crítico sob o ponto de vista da conservação integrada que, ao contrário, representa um

potencial da preservação urbana e a possibilidade de recuperação e valorização do sítio,

como patrimônio de valor coletivo, com significados e usos locais.

Markevièienë52 destaca como tarefa fundamental da conservação integrada a análise dos

aspectos sociais e culturais da sustentabilidade, como limites éticos para comunidades

urbanas contemporâneas. Como objetivos estratégicos para as intervenções, destaca a

importância de se buscar os vínculos e as semelhanças entre os conceitos de

sustentabilidade social, cultural e ambiental, de forma a determinar o conceito de

desenvolvimento cultural sustentável que se pretende construir.

Na defesa de um ambiente para o desenvolvimento sustentável o especialista ressalta a

necessidade de constituir uma instância de troca e interação social, cultural e ambiental,

considerando ainda a moralidade ideal a ser atingida, pela aplicação do princípio ético da

doutrina da simplicidade, de que seja feito “não mais que o necessário”, principalmente

quando é preciso relacionar o novo e o velho. Por fim, aborda as questões relativas aos

fenômenos naturais, destacando a existência de princípios básicos nos sistemas

existentes auto-organizados, quando se aplica a questão de adaptações versus

desenvolvimento e evolução.

51 Arquiteta e especialista em Conservação e Restauração de Monumentos e Conjuntos Históricos pela UFMG, em sua participação no 2º Seminário Internacional de Conservação e Desenvolvimento Sustentável Urbano-1998. 52 Professor na Universidade da Lituânia, em Conservação do Patrimônio Cultural, em sua participação no 2º Seminário Internacional de Conservação e Desenvolvimento Sustentável Urbano-1998.

Page 70: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Já Leitão53, trata a conservação integrada sob um outro aspecto. Ela aborda a dimensão

subjetiva da sustentabilidade urbana e destaca mais um ingrediente na questão dos

limites e escassez dos recursos e dos processos da natureza: a noção de continuidade.

Essa continuidade se expressa na intervenção do espaço urbano pela conservação ou

pela mudança. Tal questão representa um desafio quando se refere à sutentabilidade dos

processos, porquanto se trata de uma cidade e, como tal, representa a coisa humana.

Lúcia Leitão define a cidade como “a coisa humana por excelência, pois espelha e reflete

a humanidade”.

A autora argumenta que o espaço construído é elemento constituinte do ser humano e

com ele interage, sempre e necessariamente. Dessa forma, as intervenções resultantes

do planejamento urbano podem ser afetadas, na medida em que introduzam o conceito

de conservação urbana, a partir do valor artístico e cultural que as mesmas refletem.

Incluem-se aí os critérios definidos por especialistas e, também, o sentimento e

pensamento da comunidade que legitima esses valores.

Essa concepção é relevante, também, para os parques metropolitanos, considerando o

valor que as pessoas dão ao lugar selecionado para abrigar práticas de lazer,

qualificando-o como área diferenciada das demais. No caso da RMR, o desafio será o de

criar, numa escala metropolitana, um conjunto de parques com papéis específicos e

funções complementares entre si. Também constitui desafio importante considerar a

sustentabilidade desses espaços sob o ponto de vista econômico, inclusive considerando

a inserção da iniciativa privada na sua gestão, entendendo-os também como

oportunidades de geração de novas relações de emprego e renda.

O referencial conceitual que apóia o trabalho de Leitão se respalda no conceito

psicanalítico de identificação. Essa dimensão se inscreve na história familiar, na cultura,

na linguagem e nos elementos estruturantes da psique, que ultrapassam a história

particular de cada indivíduo. O processo de identificação, portanto, não se restringe a

particularidades do indivíduo, podendo-se considerar a cidade como expressão da

cultura. Agrega-se, dessa maneira, o sentido simbólico e subjetivo da relação

estabelecida entre o sujeito humano e seu espaço. É essa relação que permitirá

intervenções comprometidas, fundamentadas no conceito da sustentabilidade e

continuidade, constituindo referências e não destruição dessas referências.

53 Arquiteta e Mestre em Desenvolvimento Urbano e Regional da UFPE, na sua abordagem sobre da Dimensão Subjetiva da Cidade, no CECI – 1997.

Page 71: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Outra abordagem da Conservação Integrada Urbana e Territorial que contribuiu

para a presente pesquisa diz respeito à noção de auto-sustentação ou

sustentabilidade dos sítios de referência para a cidade, a partir da compreensão

dos processos a que estão submetidos esses recursos, sejam eles naturais ou

construídos. Os recursos construídos, se exauridos nem sempre podem ser

renovados, e a grande maioria quando passíveis de renovação perdem parte das

informações54.

Observa-se que no interior das áreas destinadas aos parques metropolitanos são

encontrados resquícios do patrimônio histórico e cultural, que representam a

diversidade de modos de vida e acúmulos de padrões culturais, compondo um

mosaico de elementos diferenciadores de experiências da vida, os quais são

alvos de processos de obsolescência. Benévolo, em “A Cidade e o Arquiteto”,

afirma que “... (as cidades antigas) não nos interessam porque são belas ou

históricas, mas porque indicam uma possível transformação futura de toda a

cidade em que vivemos”.

Os recursos urbanos construídos são expressão de uma sociedade e demandam sua

conservação e/ou manutenção. Dessa maneira há que se considerar diversos fatores,

alguns convergentes, outros divergentes, sob a lógica da conservação55. Esses

referenciais representam o patrimônio que nos chega, sem ônus, e que precisamos

conservar, avaliando os custos de manutenção e as oportunidades de substituição. Esse

processo seria bastante simples, a partir de um bom planejamento, não fossem as

variáveis de outra ordem, muitas vezes não mensuráveis, que também interagem no

campo econômico-financeiro, e que são representadas pelas relações não econômicas

que incidem na produção do bem, afetando sua condição inicial, enquanto patrimônio

líquido a ser comercializado.

Na produção do espaço urbano brasileiro é relevante o papel do Estado como

produtor, acionador, avalista ou mesmo indutor. Através de um determinado

54 Zanchetti, Sílvio. Conceitos de desenvolvimento sustentável, no 1º CURSO DE CONSERVAÇÃO INTEGRADA URBANA E TERRITORIAL - CECI,1997. PROGRAMA BRASIL- CIUT/BR. 55 Conservação Integrada Territorial e Urbana parte do pressuposto da sustentabilidade de território tratado, avaliando a capacidade de auto-sustentação do sítio histórico ou área referencial para a cidade, a partir da compreensão dos processos a que estão submetidos os recursos, garantindo que recursos exauríveis mais renováveis possam permanecer para as gerações futuras.

Page 72: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

modelo de planejamento urbano o Estado estabelece sua forma ou seus laços,

ora favorecendo a acumulação de capitais, ora criando condições para sua

reprodução, o que se traduz em ações concretas no espaço urbano da cidade,

ligadas a processos de valorização desses espaços. Associe-se a isto a

introdução dos ingredientes culturais que promovem determinados espaços da

cidade em detrimentos de outros.

Essa questão afeta diretamente os espaços reservados para os parques

metropolitanos, explicando parcialmente as dificuldades de implementá-los, não

só pela não aplicação dos incipientes mecanismos legais e institucionais de

gestão e proteção existentes, como pelo baixo valor que lhes é conferido no

processo de planejamento e pelo confronto da sua conservação com os

processos econômicos.

O planejamento urbano tem o poder de influenciar a valorização das diversas

fatias territoriais da cidade, inclusive permitindo a imposição de tendências

marcantes de determinadas áreas em detrimento de outras. Porém, no desenho

resultante das diferentes áreas da cidade metropolitana, sejam elas componentes

da cidade formal, sejam decorrentes da cidade informal ou irregular, não se

percebe uma racionalidade produtiva, sob o ponto de vista da sustentabilidade

físico-ambiental, social e econômica.

Para a abordagem da CIUT, nessa valorização influenciam fatos e fatores de ordem

econômica, mas também de origem psicológica, sociológica e antropológica. Estes

interagem com os diversos atores na formação de valores da cidade, acarretando

segregações, cujos casos mais graves e negativos estão representados pela baixa

qualidade de vida urbana, tanto em termos habitacionais como pela oferta reduzida de

espaços públicos para convivência social, lazer e equilíbrio ambiental. A partir dessa

abordagem, o valor das áreas ainda livres destinadas aos parques metropolitanos

(Quadro 19), portanto, passa por fatores ligados à economia local e à questão ambiental,

mas passa também pela variável sociológica, antropológica e psicológica.

Page 73: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

QUADRO 19 – PARQUES METROPOLITANOS E PATRIMÔNIO HISTÓRICO

ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA PARQUES

METROPOLITANOS

SÍTIO HISTÓRICO*

CATEGORIA*

PATRIMÔNIO HISTÓRICO

01 Parque Arcoverde Olinda (sede) Conjunto Antigo Parte integrante do Conjunto de Olinda, compõe área “non aedificandi” para visibilidade da colina histórica.

02 Guararapes Parque Guararapes Conjunto Tombado Sítio de importância histórica pelas batalhas contra os holandeses, com tombamento federal. A área dos Guararapes é alvo de proteção do Governo Federal, desde 1937, quando foi tombada a Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres. Em 1965, o Governo Federal fez o tombamento da área dos Montes e, em 1966, executou a desapropriação das áreas pertencentes à Ordem de São Bento , através do Decreto nº 57.273, de 16/11/65. Em 1971 foi criado o Parque Histórico Nacional dos Guararapes, através do Decreto nº 68.527, de 19/04/1971.

03 Armando H. Cavalcanti Cabo de Sto. Agostinho Conjunto Tombado Conjunto constituído por sítio natural onde desembarcou a Expedição de Vincente Pinzón, com edificações de grande valor patrimonial.

04 Janga Igreja de São Bento Ruínas Edificação com arquitetura do século XVIII, em ruínas.

05 Horto de Olinda Olinda (sede) Conjunto Antigo Parte do conjunto monumental de Olinda. 06 Manguezais Estação Rádio Pina Edifício Isolado Edificação da Marinha do Brasil. 07 Itamaracá Engenho Amparo e Vila

Velha Povoados Antigos 1ª Povoação da Capitania de Itamaracá, tendo

como acesso o Engenho Amparo de arquitetura do século XVIII

08 Lagoa Olho d’Água - - - 09 Jiquiá Torre do Zeppelim Edifício Isolado Único exemplar existente no mundo, pela

característica de ser uma torre móvel, onde atracou o dirigível Zeppelim.

10 Capibaribe Casa Grande do Engenho Barbalho

Edifício Isolado Exemplar de arquitetura significativa do século XIX. Hoje denominada (O Sobrado do Cordeiro)

Áreas complementares 01 Dois Irmãos Chalé do Prata Edifício Isolado Açude e chalé do Prata, formando ambiente de

rara beleza. 02 Caetés - - - 03 Engenho Uchoa - - - 04 Tapacurá Ruínas do Convento Ruínas Edificação do século XVII, anterior à Guerra

Holandesa. Encontra-se hoje em ruínas. * Sítio Histórico e categoria, segundo Plano de Preservação dos Sítios Históricos - PPSH/RMR,1978. Fonte – Dados utilizados do Plano de Preservação dos Sítios Históricos - PPSH/RMR,1978.

Page 74: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Neste sentido, os parques metropolitanos poderiam ser tratados de forma a se

constituírem em oportunidades de empreendimentos que garantissem a sua

sustentabilidade sob diversos aspectos:

� Ambiental, quando protegem áreas com importante cobertura vegetal e

ecossistemas associados, na medida em que condicionam usos sustentáveis

que vão desde a pesquisa científica ao manejo de espécimes vegetais;

� Social, quando, além da simbologia do lugar, contempla a perspectiva de

novos usos e funções da propriedade, através da oferta de espaços de lazer,

com equipamentos que possam subsidiar a geração de emprego e renda,

estimulando a economia local com a oferta-de-mão de obra específica e sua

absorção em processos inovadores do conhecimento científico, cultural e

ambiental.

� Econômico, pela reversão do valor econômico do projeto imobiliário e pela

geração de empreendimentos capazes de associar valores culturais, de

modo dominante, aos valores econômico-financeiros gerados pelo capital

aplicado na implantação das atividades que suportarão a geração de renda e

a manutenção do lugar.

3.3. ÁREAS DE INTERFACE PERIURBANAS

Considerando a vertiginosa progressão da urbanização, com um considerável percentual

de ocupações irregulares56, há uma previsão de que, em 2020, mais da metade da

população de países em desenvolvimento estará vivendo em áreas urbanas. No Brasil, o

processo de urbanização já ultrapassa as previsões discutidas em encontros

internacionais. Na década de 70, houve uma inversão do percentual de população rural

para população urbana, passando de 44,93% em 1960 para 55,92%, em 1970. O

acelerado processo da urbanização brasileira chegou ao ano 2000 com 81,23% de

população vivendo nas áreas urbanas.

56 Segundo o Estudo do Mercado Imobiliário Informal de Terras – a inclusão social do morador de loteamentos clandestinos e irregulares na RMR (1ª versão - 2000) o percentual de parcelamentos irregulares é da ordem de 63,43% dos parcelamentos existentes na RMR.

Page 75: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Essa urbanização que ocorreu no país é um elemento contextual importantíssimo no

período pesquisado. E um dos seus elementos mais relevantes é o conjunto de

fenômenos que ocorrem nas chamadas franjas das cidades. Esses fenômenos são

relevantes para essa pesquisa porque é nessas áreas que se encontra a maioria dos

locais reservados para os parques metropolitanos da RMR.

Daí a importância fundamental nessa estrutura teórica e analítica da noção de Áreas de

Interface Periurbana (Peri-urban Interfaces–PUI), objeto de estudos e pesquisas do

Laboratório de Estudos Periurbanos - LEPUR da UFPE. Essas áreas podem ser urbanas

ou de expansão urbana, mas estão sempre sob forte pressão antrópica e passam por um

processo de transformação violento, pois são locus de encontro de atividades rurais e

urbanas. Ou seja, nos espaços periurbanos estão ocorrendo trocas importantíssimas

entre os sistemas rurais e urbanos, alterando fortemente as estruturas naturais e

construídas que os suportam.

Nas áreas de interface perirubana estão localizadas infra-estruturas urbanas de grande

porte, tais como: portos, aeroportos, aterros sanitários, barragens para abastecimento

d’água, estações de tratamento de esgotos, equipamentos de logística, distritos

industriais e outros. Também estão aí localizados recursos naturais estratégicos para a

cidade metropolitana e para o planeta, como os mananciais de recursos hídricos e os

remanescentes de biomas fundamentais para a conservação da biodiversidade, com a

Mata Atlântica e seus ecossistemas associados. Também convivem nessas áreas

condomínios de alta renda e, principalmente, as habitações de baixa renda das

populações marginalizadas pelos sistemas urbanos e rurais.

É nesse lugar de trocas e conflitos entre ecossistemas importantíssimos que se encontra

o nosso objeto de pesquisa: as áreas destinadas aos parques metropolitanos da RMR.

Para entender os problemas e dificuldades em sua implementação foi fundamental

discutir as pressões que vêm sofrendo, tanto do sistema rural como do urbano e seus

impactos na configuração espacial dos parques. Foram utilizados dados comparativos

entre a RMR e as áreas selecionadas para os parques metropolitanos, com base em

informações do IBGE e de documentos governamentais do Estado de Pernambuco.

Os estudos das áreas de interface periurbana recomendam um processo de

planejamento estabelecido a nível local, que considera as inter-relações regionais, como

elemento importante para a reversão dos quadros atuais. Mas essas recomendações

Page 76: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

devem ser assimiladas pelas agências e departamentos dos diversos níveis

governamentais, pelos seus técnicos, instituições acadêmicas e de pesquisa, pelos

grupos profissionais envolvidos, pelas organizações ou grupos não governamentais e

pelo setor privado interessado em transformar tais recomendações em aplicações

práticas.

3.4. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA

Associar uso sustentável a áreas protegidas representa hoje um desafio para a

conservação ambiental. Grosso modo, pode-se afirmar que existem duas correntes

divergentes no debate sobre a conservação da natureza: a corrente preservacionista, que

teve em Charles Darwin uma influência marcante, entende a preservação como a

proteção da natureza contra o desenvolvimento industrial e moderno, reforçando a

criação de áreas legalmente protegidas. A corrente conservacionista, por outro lado,

defende a idéia do uso racional dos recursos naturais, dentro de um contexto de

transformação da natureza em mercadoria.

Apesar das grandes divergências no debate ambiental já existe no Brasil, no nível

federal, um aparato jurídico e legal importante. Para a presente pesquisa foi fundamental

conhecer o respaldo legal existente para a conservação de áreas verdes e livres nas

cidades. Esse conhecimento fundamenta as perspectivas de inserção dos parques como

áreas de interesse especial de uma região, atreladas ao planejamento e à gestão do

sistema de unidades de conservação da natureza de uso sustentável.

A idéia de criação de monumentos públicos naturais consta do Código Florestal57 de

1934, mais especificamente no Decreto nº 23.793, em 23 de janeiro de 1934, artigo 134:

“sob a proteção e cuidados da Nação, dos Estados e dos Municípios, os monumentos

históricos, artísticos e naturais, assim como as paisagens ou locais particularmente

dotados pela natureza”.

No processo histórico da política de conservação ambiental no Brasil, iniciado em 1934,

com o Código Florestal, destacam-se: a Convenção58 para a proteção da Flora, da Fauna

e das Belezas Cênicas Naturais dos Países da América, que ressaltava, entre outros

57 Legislação de Conservação da Natureza, Fundação Brasileira para Conservação da Natureza. CESP, Companhia Energética de São Paulo, 1986. 58 O Brasil assinou a Convenção em 27 de dezembro de 1940, segundo Rocha, Carmem Moretzsohn. Legislação de Conservação da Natureza.op.cit., p.30.

Page 77: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

pontos, a importância das paisagens; o novo Código Florestal, de 15 de setembro de

1965, com atuação em escala nacional e cuja gestão estava condicionada ao Ministério

da Agricultura; e, no final da década de 1970, o Regulamento dos Parques Nacionais

Brasileiros, marcando a retomada do debate sobre as áreas de proteção ambiental,

acarretando alterações na Legislação Federal em vigor, através do Decreto nº 84.017, de

21 de setembro de 1979.

Em 1984, o Decreto Federal nº 89.336, de 31 de janeiro de 1984 define as Reservas

Ecológicas e as Áreas de Relevante Interesse Ecológico, chegando em 1986 a 29

unidades constituídas. Em 1990, ocorre uma inovação conceitual na categorização de

unidades de conservação no Brasil, com a criação das Reservas Extrativistas, através do

Decreto Federal nº 98.897, de 30 de janeiro de 1990 e, no mesmo ano, o Decreto Federal

nº 98.914, de 31 de janeiro de 1990, que dispõe sobre a instituição de Reservas

Particulares de Proteção Natural – RPPN, por destinação do proprietário, em caráter

perpétuo.

Em 1991, existiam no território nacional 142 Unidades de Conservação, distribuídas nas

seguintes categorias de manejo: 34 Parques Nacionais; 23 Reservas Biológicas; 21

Estações Ecológicas; 6 Reservas Ecológicas; 16 Áreas de Proteção Ambiental; 38

Florestas Nacionais; e 4 Reservas Extrativistas.

O Projeto de Lei nº 2.892/92, encaminhado pelo Executivo para a criação de um Sistema

Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, propõe uma revisão conceitual e legal

das unidades de conservação existentes no Brasil. Foi objeto de discussões no

Congresso Nacional, gerando debates no âmbito internacional.

Nesse processo de construção da política ambiental brasileira, os instrumentos

reguladores e normativos têm sido amplamente utilizados para o estabelecimento de

restrições ambientais, assegurando, de certa forma, a proteção de áreas de relevante

interesse ambiental.

As diversas conceituações adotadas ao longo do processo de criação das categorias

existentes apresentam um caráter excessivamente geral, não sendo possível uma

identificação precisa dos objetivos de cada uma. Pelo contrário, quando comparadas

demonstram claramente as semelhanças e indefinições. Esse fato pode ser entendido

como uma das causas do baixo índice de implementação das unidades de conservação.

Page 78: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Há necessidade de uma revisão conceitual, com especificação dos objetivos, principal e

secundário, adequados à conservação da biodiversidade dos biomas brasileiros.

A tendência de proteção e conservação de áreas no território brasileiro, numa abordagem

que considera o manejo das mesmas, embasa os princípios do sistema proposto, onde

fica reduzido o nível de utilização das unidades de conservação de proteção integral,

partindo-se do princípio que a categoria já estabelece a condição “não flexível” de usos,

da mesma forma que não permite a existência dessas mesmas áreas de proteção

integral dentro de unidades de uso sustentável e vice-versa.

Esses são pontos importantes para as áreas destinadas às unidades de conservação e

áreas de parques metropolitanos, em relação aos usos e à gestão compartilhada de

áreas de unidades de conservação, de proteção integral ou de uso sustentável. Talvez o

aspecto mais relevante dessa discussão seja a não permissão, no interior ou nas

adjacências dos espaços urbanos e periurbanos, de áreas de proteção integral em

coexistência com outras de uso sustentável.

Para as unidades de conservação, e para o sistema em que estão inseridas, a relação

com as populações e comunidades tradicionais que moram no seu interior ou entorno é

uma questão relevante. O impasse gerado por essa proibição leva a reflexões quanto aos

sistemas econômicos de produção dessas comunidades e à impossibilidade de que

essas mesmas áreas constituam espaços de lazer, apenas possível se as referidas

unidades forem mescladas com novos usos e funções.

A Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de

Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, consolida um arcabouço normativo, até

então com regramentos diversos, cada um dispondo sobre categorias diferentes, além de

entendimentos diferenciados quanto à sua aplicabilidade em todo território nacional. A Lei

do SNUC regulamenta o Art. 225, da Constituição Brasileira, aprovada em 1988, que

trata no seu Capítulo VI do Meio Ambiente com a seguinte introdução:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

Page 79: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

O § 1º reforça as condições de assegurar a efetividade desse direito, onde compete ao

poder Público um conjunto de condições estabelecidas nos incisos de I a VII, com

destaque para o inciso III que determina regras mais apropriadas aos territórios ou áreas

a serem conservadas, na forma que segue:

“Inciso III – definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção”.

Com a Lei do SNUC, instituída após oito anos de tramitação no Congresso Nacional,

espera-se adequar áreas de conservação já instituídas, promovendo o seu novo

enquadramento e/ou reclassificação, e identificar novas áreas, com base em critérios

científicos mais detalhados, ampliando a oferta de áreas protegidas. Ressalta-se que o

Brasil tem uma média inferior a outros países, no que diz respeito à proteção legal de

ecossistemas representativos. Isso é fundamental diante do reduzido conhecimento

sobre a biodiversidade, já que se supõe que as espécies não conhecidas superam em 20

vezes aquelas já descobertas.

Com o SNUC várias questões estão dispostas, com destaque para a participação social

na criação e gestão de áreas, a indenização ou justo tratamento de população inserida no

interior das áreas e ainda, a oferta de alternativas sustentáveis de subsistência,

adaptando métodos produtivos; alocação de recursos financeiros para garantia de sua

permanência e sua regularização, quando for o caso.

Quanto à gestão de unidades de conservação da natureza, o Art. 5º do SNUC explicita

algumas diretrizes que tentam assegurar a sustentabilidade da UC, condicionando

critérios de utilização, e garantir o envolvimento de atores relevantes no processo de

condução das mesmas. Essas diretrizes determinam que o SNUC deverá:

II - assegurar os mecanismos e procedimentos necessários ao envolvimento da

sociedade no estabelecimento e na revisão da política nacional de unidades de

conservação;

III – assegurar a participação efetiva das populações locais na criação, implantação e

gestão das unidades de conservação;

IV – buscar o apoio e a cooperação de organizações não-governamentais, de

organizações privadas e pessoas físicas para o desenvolvimento de estudos, pesquisas

Page 80: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

científicas, práticas de educação ambiental, atividades de lazer e de turismo ecológico,

monitoramento, manutenção e outras atividades de gestão das unidades de conservação;

XII – buscar conferir às unidades de conservação, nos casos possíveis e respeitadas as

conveniências da administração, autonomia administrativa e financeira.

O Art. 6º estabelece os órgãos de gestão, com a definição de suas atribuições, iniciando

pelo órgão consultivo e deliberativo, a cargo do Conselho Nacional de Meio Ambiente -

CONAMA, a quem cabe acompanhar a implementação do Sistema. O Ministério do Meio

Ambiente – MMA é o órgão central, com a finalidade de coordenar todo o sistema e

diversos órgãos executores, nos diferentes níveis de Governo, que também têm como

função implementar unidades de conservação, desde sua criação até sua administração.

O Parágrafo Único deste artigo abre a possibilidade de criação de categoriais locais e

regionais, que venham a atender às especificidades locais. Sob o abrigo do sistema

nacional, tais categorias têm objetivos específicos de manejo, não satisfatoriamente

atendidos por nenhuma categoria prevista na Lei. Nesse sentido, abre-se uma

oportunidade de defesa dos parques metropolitanos, que poderiam se diferenciar das

categorias existentes, em termos de manejo, atendendo às peculiaridades locais e

regionais.

� CONSIDERAÇÕES SOBRE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Segundo a Constituição Brasileira de 1988, cabe ao Poder Público definir em todas as

unidades da federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente

protegidos, estabelecendo como responsabilidade a proteção da fauna e da flora. São

vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco a função ecológica desses

espaços, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade. A

Política Nacional do Meio Ambiente prevê como um dos seus instrumentos a criação de

espaços especialmente protegidos pelos Poderes Públicos Federal, Estadual e Municipal.

É fundamental aprofundar as questões que envolvem as dificuldades em transpor os

termos legais para as questões de ordem prática e de sua sustentabilidade. Apesar do

arcabouço legal existente, as unidades de conservação (federais, estaduais, municipais e

particulares) ocupam apenas 4%, do território brasileiro e 6,26 % do pernambucano e

apenas 0,27%, das unidades criadas no Estado se enquadram na categoria de proteção

integral dos recursos, abaixo da média nacional (2, 61%)59.

59 Fonte – Relatório do GT CONSEMA sobre Parques Metropolitanos, 2002.

Page 81: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

A falta de uma política e de um sistema estadual de áreas protegidas no Estado e a

carência de recursos humanos e financeiros para apoiar o planejamento e a gestão

desse sistema, associadas ao acelerado ritmo de degradação de várias das unidades de

conservação estaduais e municipais, a exemplo das Reservas Ecológicas da RMR – Lei

nº 9.989/87, têm levado a processos constantes de degradação ambiental dessas áreas,

segundo diagnósticos realizados pela FIDEM (atual Agência CONDEPE/FIDEM), em

1993, e pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente – SECTMA/PE, em

2001.

A necessidade de uma base legal estadual, atualizada, visando à ordenação e definição

de critérios técnico-científicos uniformes para a criação, o manejo e a escolha de

categorias de UCs estaduais e municipais levam a identificar carências de adequação

das categorias estabelecidas pelo SNUC. Não avançou o debate relativo à manutenção e

gestão das unidades, cabendo ao Estado definir novas categorias e critérios de

conservação. Registra-se como avanço a Lei nº 11.899/00, de 21 de dezembro de 2000,

que estabelece a distribuição do ICMS no Estado, o chamado ICMS Socioambiental,

privilegiando “unidades de conservação”, com critérios específicos.

Essa Lei teve por objetivo redefinir os critérios de distribuição do ICMS que cabe aos

municípios, segundo Artigo 2º da Lei nº 10.48960, de 2 de outubro de 1990,

estabelecendo, para o exercício de 2002, a participação de cada município quanto ao que

lhes é destinado da receita do ICMS, respeitando a aplicação de índice percentual

correspondente à soma das parcelas, com as seguintes condições ou critérios:

� municípios que possuam unidades de conservação da natureza integrantes dos

sistemas nacional, estadual ou municipal;

� municípios que possuam unidades de compostagem ou aterro sanitário;

� municípios que tenham bom desempenho na área de saúde, medido por

coeficiente de redução da taxa de mortalidade infantil;

� municípios que tenham bom desempenho na área de educação, medido pelo

número de alunos matriculados no ensino fundamental em escolas municipais;

� municípios que tenham bom desempenho tributário, considerando a sua

participação relativa na arrecadação “per capita” de tributos municipais.

60 Esta Lei dispõe sobre a distribuição, entre os municípios da parcela do ICMS que lhes é destinada, decorrentes da arrecadação do Imposto sobre Operações relativas à circulação de mercadorias e sobre a Prestação de Serviços de transportes interestadual e intermunicipal e de comunicação – ICMS de forma que 75% dos mesmos cabem ao Estado e 25%, constituem a parcela destinada aos municípios.

Page 82: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

O Decreto Estadual nº 23.473, de 10 de agosto de 2001 regulamenta novos critérios de

distribuição, considerando a hipótese de nenhum município apresentar aterro sanitário,

critério para a habilitação e distribuição da parcela correspondente a ser distribuída por

todos os municípios do Estado, diretamente proporcional ao quociente da parcela urbana

do município pelo somatório das suas populações urbanas.

A Lei nº 12.206, de 20 de maio de 2002, ajusta os critérios de distribuição de parte do

ICMS que cabe aos municípios, nos termos do Art. 2º da Lei nº 10.489, de 2 de outubro

de 1990, com a redação da Lei 11.899, de 21 de dezembro de 2000, relativamente aos

aspectos socioeconômicos. Tal iniciativa veio atender um pleito dos municípios da Mata

Sul, através da Associação Municipalista de Pernambuco – AMUPE. Questiona-se a

perda de cota de participação, por parte de alguns municípios, em função de população

urbana, reivindicando-se uma distribuição igualitária desse percentual, em caso de não

haver informações sobre os aterros sanitários. Sugere-se que critérios socioeconômicos

sejam estabelecidos de forma gradativa, com plena aplicação em 5 anos, a partir de

2002, momento em que os municípios estarão mais preparados para o atendimento aos

requisitos pré-estabelecidos.

Em março de 2003, no entanto, ocorreu um movimento em parte dos municípios do

estado, provocado pelo entendimento que estariam perdendo receitas, já

tradicionalmente contabilizadas. O debate se concentra no ponto mais polêmico, segundo

o qual deve-se adotar o princípio de destino, através do qual a titularidade da receita do

ICMS, incidente sobre as operações interestaduais, deverá passar aos Estados

consumidores, havendo consenso no que diz respeito a que nenhum ente da federação

poderá perder receita com o novo desenho tributário.

Outros avanços, direcionados contra o imobilismo provocado pelos desafios dessa

temática, referem-se à elaboração do Atlas da Biodiversidade de Pernambuco (2002), à

definição de várias unidades de conservação estaduais como zonas núcleo da Reserva

da Biosfera da Mata Atlântica de Pernambuco, e aos planos elaborados pela Companhia

Pernambucana de Meio Ambiente – CPRH e pela FIDEM para reclassificação e

implementação das Reservas Ecológicas e para implantação de Parques Metropolitanos,

respectivamente.

A definição de instrumentos que permitam uma maior participação da sociedade civil

organizada e facilitem o estabelecimento de parcerias com instituições públicas, ONG’s,

Page 83: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

comunidade científica e iniciativa privada, na gestão compartilhada das UC’s, é

referenciada como parte de estratégia de uma política estadual, bem como de um

sistema que forneça as bases legais, institucionais e financeiras para disciplinar, orientar

e gerir, de forma articulada e orgânica, uma rede integrada de unidades de conservação

estaduais, apoiando o seu planejamento e gestão.

� UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E PARQUES METROPOLITANOS

O Projeto de Lei do SNUC apresentava proposta de uma categoria de unidade de

conservação provisória, que permitia a sua utilização, mesmo que restrita à população

tradicional residente. Esta proposta, que foi abandonada pelo Substitutivo, carrega a idéia

da identificação e interdição de uma área de interesse para a conservação, entendendo o

caráter provisório da autoridade para regular a exploração dos recursos naturais naquela

área, enquanto seriam desenvolvidos estudos e consultas à população local que

permitiriam uma melhor definição sobre a mais adequada categoria para sua proteção.

Destaca-se que as categorias trabalhadas no debate do sistema nacional de conservação

eram insuficientes para atender a sua diversidade e às demandas existentes. Cada

unidade nem sempre conteria em sua totalidade os insumos necessários para sua

proteção, ensejando, portanto, uma complementação. Em outras palavras, a área objeto

não seria inteiramente restritiva ou inteiramente de uso sustentável, mas poderia abrigar

partes de cada categoria e, ainda, atender aos usos coletivos, como atividades de lazer,

contemplação, esportes, turismo, entre outras. Com essa perspectiva poder-se-ia agregar

a uma unidade de conservação as atividades de desenvolvimento econômico,

notadamente aquelas que permitiriam a sustentabilidade da mesma.

Esta categoria não inviabilizaria as demais. Pelo contrário, traria um adicional reforço nas

atuais condições e instrumentos normativos, que não conseguem garantir a proteção

necessária dessas áreas, principalmente daquelas sob forte pressão da ocupação e

expansão urbana.

É também óbvia a necessidade de estudos técnicos, científicos e socioeconômicos,

realizados paralelamente, que justifiquem sua implantação em áreas públicas ou

privadas. Esse procedimento permitiria a reclassificação de unidades e, à distinção dos

espaços internos, a convivência dessas áreas com o território externo e as possibilidades

de utilização e produção econômica e científica. Nesse contexto se insere a perspectiva

Page 84: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

de introdução dos parques metropolitanos como forma de gestão de unidades ambiental

diferenciada, em regiões político-administrativas diferentes, mas em áreas de interesse

regional, seja pelo valor científico que a mesma retém, seja pela necessária

complementaridade das funções urbanas modernas.

Explicitam-se, aqui, além do conceito de unidades de conservação da natureza61 e seus

objetivos, as diferenças entre as unidades de conservação e os parques metropolitanos,

o que permite uma avaliação de suas similaridades, destacando alguns pontos de

reflexão:

1 – Quanto à responsabilidade pela criação e administração: o SNUC define um tipo de categoria dependendo da esfera de poder

que criou a UC (Parque Nacional, Estadual ou Municipal) o qual também será responsável pela sua administração. Para os Parques

Metropolitanos esta responsabilidade tem caráter mais amplo embora esteja localizado num município específico. É necessário,

entretanto, que o plano de manejo da área estabeleça uma caracterização ambiental própria e o enquadramento, ou não, da área

como uma das categorias do SNUC.

2 – Quanto aos objetivos: a unidade de conservação tem por objetivo principal a

conservação da biodiversidade, promovendo práticas de educação ambiental, pesquisas

científicas e visitação controlada e orientada para estes objetivos. Os Parques

Metropolitanos não têm esse objetivo como prioritário, nem necessariamente requisitos

para tal, mas buscam oferecer oportunidades de lazer a um grande número de

habitantes, valorizando o patrimônio histórico, artístico e cultural e promovendo a saúde

física e mental dos seus visitantes.

3 – Quanto à abrangência: por sua significância e relevância ecológica, as unidades de

conservação possuem abrangências local, regional, nacional e internacional, quando são

consideradas reservas da biosfera e/ou patrimônio da humanidade. Aos Parques

metropolitanos é atribuída uma abrangência regional, nesse caso, metropolitana.

4 – Quanto aos procedimentos para criação, a forma e os instrumentos de planejamento e gestão: As unidades de conservação

possuem legislação específica, critérios definidos para criação e instrumentos de planejamento e gestão (zoneamento e plano de

manejo, linhas de programas prioritários, etc). Com relação aos procedimentos para a criação dos parques há que se considerar: a) as

iniciativas dos setores que já vêm debatendo a proteção e a conservação dessas áreas e sua relação com a comunidade; b) o processo

de urbanização com a ausência de uma discussão mais aprofundada sobre a sustentação de unidades de conservação.

61 Os conceitos aqui tratados foram definidos pelo Grupo de Trabalho – GT - Parques Metropolitanos, do CONSEMA, iniciado em 2001, sob minha coordenação e presidência, culminando pelo encaminhamento de Relatório Final, entregue em maio/2003, propondo a Criação de um Sistema Estadual de Unidades de Conservação da Natureza e de Áreas de Relevante Interesse do Estado de Pernambuco.

Page 85: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

5 – Quanto às áreas prioritárias para implantação: as áreas escolhidas para parques

divergem das áreas de conservação da natureza, a exemplo das Reservas Ecológicas,

embora existam casos coincidentes, como ocorreu com o Parque do Timbó. Quanto às

Unidades de Conservação da Natureza, criadas pelo Governo Estadual desde 1987,

através da Lei Nº 9.989/87 (até o momento sem regulamentação), já existem 38 como

reservas ecológicas que não foram implantadas, sequer protegidas ou conservadas.

Além disso, estas áreas “protegidas” não contam com orçamento estadual ou municipal

para sua gestão, apesar de serem definidas por legislação específica como unidades de

conservação. O Atlas da Biodiversidade de Pernambuco definiu outras áreas como de

extrema e alta importância para a conservação da biodiversidade no Estado, em outros

ecossistemas estaduais, além daqueles incluídos no Bioma da Mata Atlântica.

Page 86: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

QUADRO 20 - COMPARATIVO ENTRE AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E OS PARQUES METROPOLITANOS62

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO PARQUES METROPOLITANOS

Conceito: Compreendem espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais com características naturais relevantes, legalmente instituídas pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. Objetivos: I - contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais; II - proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito estadual; III - contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais; IV - promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais; V - promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de desenvolvimento; VI - proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica; VII - proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural; VIII - proteger e recuperar recursos hídricos; IX - recuperar /restaurar ecossistemas degradados; X - proporcionar meios e incentivos para pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental; XI - valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica; XII - favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contrato com a natureza e o turismo ecológico; XIII - proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente.

Conceito: São áreas integrantes do território metropolitano a serem protegidas ambientalmente da ocupação urbana e equipadas para o exercício de atividades de lazer, contemplação e esportes, atendendo as funções públicas de interesse comum, no âmbito metropolitano. Devem, portanto, conter espaços verdes, que favoreçam o desenvolvimento físico e intelectual das pessoas, satisfazendo as suas necessidades de contato com a natureza. Podem concentrar várias atividades e devem atender a um grande número de habitantes, de todas as faixas etárias e diferentes condições socioeconômicas. e culturais. Sua localização não precisa estar necessariamente em área urbana, face à relevância de preservar enclaves naturais e de conter o crescimento desenfreado, com medidas conservacionistas. Cumprem, dessa forma, o papel de preservar o meio ambiente. Em geral, são áreas com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características históricas, culturais ou artísticas extraordinárias ou que dele se vislumbra notável beleza cênica, e que atrai visitantes de toda a RMR. Objetivos I - suprir as necessidades de lazer e convivência, considerando que seu uso como parque permita a preservação de fatias do território metropolitano, como salvaguardas do patrimônio natural (matas e reservas ambientais florestais, faunísticas e de recursos hídricos), e do patrimônio histórico edificado, e possibilite uma ocupação compatível com a referida proteção ambiental; II – conservar o patrimônio histórico, cultural e artístico, as notáveis belezas cênicas e promover a saúde física e mental da população metropolitana.

62 Definição adotada pelo GT CONSEMA - Maria José Marques Cavalcanti (Presidente do GT) e Eleonôra Delgado – Fundação de Desenvolvimento Municipal – FIDEM; Geraldo Margela Correia – Ministério Público de Pernambuco - MPE; Marcelo Mesel – Sociedade Nordestina de Ecologia – SNE; Roberto Lemos Muniz – Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CREA/PE; Francisco de Assis Araújo – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA; Alberto Jorge da Rocha Silva – Prefeitura da Cidade do Recife – PCR; Normando Carvalho Oliveira da Silva – Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco – SECTMA; Giannina Cysneiros e Maria Lúcia Costa Lima – Companhia Pernambucana de Meio Ambiente – CPRH.

Page 87: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

3.5. PARQUES METROPOLITANOS

Parque pode ser definido como “terreno murado ou vedado onde há caça; jardim extenso

e murado; ainda, no sentido mais amplo, como região natural que o governo de um país

coloca sob proteção do Estado a fim de conservar flora e fauna, como defesa contra as

devastações feitas pelo homem”. 63,

O parque metropolitano tem um conceito mais amplo, sendo parte de um sistema capaz

de abrigar as áreas destinadas ao lazer coletivo do cidadão metropolitano com a

possibilidade de abrigar em seu interior as unidades de uso sustentável, com agregação

de outra função urbana: a oferta de espaços para atividades de lazer.

Na construção de uma possível definição é importante estabelecer a diferenciação entre

uma área com as características de oferta de lazer e uma unidade de conservação64.

Atribui-se à última, além das características estipuladas na Lei Federal nº 9.985/00, a

qualidade de ser área ambiental passível de administração especial.

Assim, discute-se a seguir, de forma breve os conceitos e das características de parque

nacional, regional metropolitano e de unidade de conservação da natureza.

Em 1937, através do Decreto Federal nº 1.713, de 14 de junho de 1937, foi criado o

Parque Nacional de Itatiaia. Levou-se em consideração que as terras dessa região já

estavam incorporadas, desde 1914, ao Patrimônio do Jardim Botânico e que ali já existia

e funcionava a Estação Biológica de Itatiaia, com área de 11.943 ha., coberta de matas

primitivas, com nascentes de rios e flora diversificada. A necessidade de transformar

essa área em um parque nacional visava, também, à perpetuação de sua conservação

no aspecto primitivo e, dessa maneira, ao atendimento das necessidades de ordem

científica decorrente. Outra questão relevante diz respeito ao entendimento da área

também como fator de atratividade para o turismo, permitindo ao parque abrigar um

centro de atração de viajantes, tanto nacionais como estrangeiros. Finalmente, a

localização desse Parque atendia, simultaneamente, à proteção da natureza, às ciências

63 Pequeno Dicionário da Língua Brasileira – 13ª Edição, supervisionado por Aurélio Buarque de Hollanda Ferreirra, com a assistência de José Baptista da Luz – GAMMA, 3º volume. 64 Unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.

Page 88: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

naturais, ao incremento das correntes turísticas e às necessidades de reserva para as

gerações vindouras.

Em 1939 são criados mais dois parques nacionais, também por Decretos Federais, o de

nº 1.035, de 19 de janeiro e o de nº 1.822, em 30 de novembro, constituindo os Parques

Nacionais de Iguaçu e o da Serra dos Órgãos, respectivamente. Vinte anos depois (1959)

voltam à tona os Decretos de criação de parques. Nesse intervalo são constituídas as

Florestas Protetoras no território nacional. No Quadro 21, a seguir consta a evolução

quantitativa dos parques nacionais instituídos.

QUADRO 21 – PARQUES NACIONAIS INSTITUÍDOS NO BRASIL ATÉ 1991

Categoria 1934/60 1960/65 1965/80 1981/83 1983/86 1986/91

Parque Nacional 06 10 09 02 02 05

Total em 1991 34

Fonte – Workshop sobre Políticas de Unidades de Conservação, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, 29.11 a 02.12.94, Câmara de Deputados, Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias e IBAMA.

Os parques nacionais, portanto, vêm sendo instituídos desde o Código Florestal de 1934,

constituindo áreas remanescentes de domínio público, com proibição de qualquer

atividade contra a flora e a fauna.

Os parques regionais metropolitanos são definidos no Relatório do Grupo de Trabalho do

Conselho Estadual de Meio Ambiente – CONSEMA de Pernambuco, como áreas com

capacidade de atendimento de um grande número de pessoas e que não precisam estar

necessariamente em área urbana, posto ser relevante preservar enclaves naturais

existentes, retendo o crescimento desenfreado com medidas conservacionistas e

cumprindo o papel de preservar o meio ambiente. Há uma grande aproximação entre o

conceito acima disposto e o conceito de parque regional, ambos de abrangência de uma

região, apenas se diferenciando por se constituir o primeiro em ambiente de uma

metrópole.

Segundo o Plano Diretor de Sistema de Parques Metropolitanos – PDSPM/RMR existem

diversas categorias, que podem constituir um sistema de proteção ambiental e de lazer, a

saber:

Page 89: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Parques de Recreação – áreas de oferta de lazer localizadas próximas às escolas e

aos centros habitacionais;

Parques de Vizinhança – mais diretamente ligados aos núcleos ou conjuntos

residenciais devem estar próximos às concentrações habitacionais;

Parques Distritais – mais voltados ao atendimento às demandas entre bairros;

Parques Municipais – permitem atender a uma demanda maior por espaços de lazer

e devem estar localizados em espaços intra-municipais;

Parques Metropolitanos – com características especiais devem ofertar uma vasta

gama de atividades recreativas, desportivas e culturais, além de abrigar atividades

científicas de pesquisa e preservação do patrimônio natural e construído.

Parques Regionais – área necessária para salvaguardar unidade de conservação da

natureza. Quando localizados no espaço metropolitano, passam à categoria anterior,

ou seja, parque regional metropolitano.

QUADRO 22 – PARQUES POR CATEGORIAS – ÁREA E CAPACIDADE CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS

CATEGORIA Área (ha) Raio* de

Influência(m) Capacidade

(pessoas p/ semana) PARQUE DE RECREAÇÃO 0,6 800 750 PARQUE DE VIZINHANÇA 3 1.500 3.000 PARQUE DISTRITAL 10 2.500 7.500 PARQUE MUNICIPAL 50 5.000 37.500 PARQUE METROPOLITANO 400 e mais 20km 120.000

Fonte – dados do Sistema de Parques Metropolitanos – 1987. * O raio de influência considera a distancia do parque até a habitação.

Os parques metropolitanos, segundo definição de Guzzo (1991) são espaços livres de

grandes dimensões, devendo possuir espaços e equipamentos de lazer para permitir

acampamentos, possuir trilhas para passeios a pé e a cavalo, locais de banho, natação,

esporte e outros, diferenciando-se de outros parques pela sua inserção em áreas

metropolitanas, servindo como um espaço público para habitantes de diferentes cidades

próximas. Alguns exemplos de parques: O Parque Metropolitano de Santiago do Chile, o

Central Park, em Nova York, o Parque do Ibirapuera, em São Paulo e o Parque de

Barigüi, em Curitiba.

� Parque Metropolitano - Santiago do Chile

Com 712 ha. é o maior parque de Santiago. Nele está o Monte São Cristóbal, com 300 m

de altura, em cujo topo se destaca a imensa estátua da Virgem Maria. Um teleférico leva

os visitantes até o alto do monte. O parque abriga local para espetáculos, Observatório

Page 90: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Astronômico da Universidade Católica, o Zoológico municipal, áreas de pic-nic, mirantes,

piscinas, abertas ao público. O Parque Metropolitano é cortado por uma linha de bonde,

denominado Funicular.

Foto 1 – Parque Metropolitano Santiago do Chile – Pesquisa Google.

� Central Park

O Central Park, em Nova York, localizado no Distrito de Manhattan oferece uma área de

3.4 km², ou seja 340 ha, distribuídos por matas, gramados, bosques e lagos, oferenco um

conforto ambiental imenso à cidade, tendo sido criado há 150 anos atrás, projetado pelos

arquitetos Calvert Vaux e Frederick Law Olmsted, o Central Park se inspira no estilo dos

paisagistas ingleses e italianos. O parque representa um oásis para os habitantes de

Manhattan escaparem do cotidiano urbano e da grande massa de arranha-céus existente

na região.

Page 91: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Foto 2 - Central Park – Pesquisa Google. Wikipédia.

� Parque Ibirapuera

A área do Ibirapuera é de 1.584 mil m2 e seus três lagos artificiais interligados ocupam

157 mil m2. Projeto de Oscar Niemeyer, o parque ostenta alguns dos principais ícones

arquitetônicos da cidade, com a gigantesca marquise – 28 mil m2 de área, que faz a

intercomunicação entre vários prédios, a abóbada da Oca e o pavilhão da Bienal. Este

último emprestou seu nome, como "estilo Bienal", para designar a arquitetura moderna

que floresceu no país a partir daquele período. No seu interior encontram-se os seguintes

equipamentos, entre outros: Pavilhão Manoel da Nóbrega; Museu da Aeronáutica; Museu

do Folclore; Planetário e Escola Municipal de Astrofísica; Grande Marquise; Pavilhão

Japonês; Assembléia Legislativa;Monumento às Bandeiras; Monumento às Bandeiras;

Homenagem a Pedro Álvares Cabral; Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 1932;

Viveiro Manequinho Lopes; e, Monumento Ayrton Senna.

Foto 3 – Parque do Ibirapuera - São Paulo

� Parque Barigüi

Page 92: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

O Parque Barigüi é um dos maiores e o mais freqüentado parque de Curitiba, tornando-

se um dos principais pontos de encontro da cidade e, durante a semana, é muito comum

as caminhadas em volta do lago. São muitas as opções de entretenimento e lazer no

Barigüi. Possui uma área de 1,4 milhão m², tendo sido transformado em parque em 1972,

segundo o projeto do arquiteto Lubomir Ficinski.

Foto 4 – Parque Barigüi – Pesquisa Google. Guia Geográfico. Parques de Curitiba.

A função mais abrangente dos parques metropolitanos está relacionada à melhoria da

qualidade de vida da população metropolitana. Como objetivo específico, essas áreas

deveriam suprir as necessidades do lazer e da convivência e deveriam preservar fatias

do território metropolitano, como salvaguardas do patrimônio natural – matas e reservas

ambientais florestais, de fauna e de recursos hídricos – e do patrimônio histórico

edificado, mesmo que para isso tenham que, diferentemente das unidades de

conservação da natureza de uso restrito, permitir uma ocupação compatível que seja

adequada à proteção ambiental.

Estrategicamente, para o estabelecimento da atividade lazer65 no espaço metropolitano,

cabe estabelecer um sistema público capaz de suprir as necessidades do cidadão. Um

sistema composto por unidades capazes de se relacionar administrativa e

65 O lazer, segundo o Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana do Recife – PDI/RMR – 1975/76, elaborado pelo Governo do Estado de Pernambuco, através da Fundação de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife – FIDEM - “constitui necessidade básica para o restabelecimento físico e psíquico do organismo humano, devendo no entanto estar sempre caracterizado como liberdade de escolha das atividades, em oposição ao stress imposto à vida pela sociedade moderna” Complementa ainda o entendimento de que “o lazer das massas é força motriz positiva, dirigida no sentido do aperfeiçoamento e desenvolvimento da educação e da cultura da população, assumindo uma posição importante no planejamento metropolitano”.

Page 93: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

operacionalmente, permitindo a melhor utilização dos espaços selecionados, na maioria

dos casos subutilizados.

A palavra lazer, derivada do verbo latino “licere”, corresponde a ser permitido, ser

facultado, ser tolerado, ter licença, poder ser feito. Como necessidade elementar do

homem, conforme já referido, o lazer representa uma necessidade humana de

relaxamento, descanso, folga, descontração, despreocupação, ócio, e, principalmente, de

relacionamento com a natureza66.

As funções básicas – descontração, divertimento e desenvolvimento – e os tipos do lazer

– físico ou sensorial, intuitivo ou intelectual e discursivo ou racional – foram definidos no

PDSPM/RMR, considerando ainda a característica de lazer passivo ou ativo e as formas

em que se manifestam, seja recreativa, cultural e desportiva, colocando a unidade

“parque metropolitano” no centro das questões.

A conservação de uma unidade a ser protegida com esses objetivos e características de

manejo não estaria dentro de uma conceituação fechada, segundo o sistema de unidades

de conservação proposto, mas exige uma categoria complementar. Há uma possibilidade

de criação e gestão dessas áreas, uma vez que o contexto metropolitano traz

especificidades e situações diferenciadas, principalmente em termos das as funções

públicas de interesse comum, em detrimento de questões específicas e locais. Isso

permitiria a gestão administrativa e financeira desses espaços, dentro de um sistema

capaz de suprir as necessidades dos municípios onde se localizam.

Salienta-se, ainda que Parque Metropolitano é uma categoria abrangente. Ela permite uma gestão mais participativa e comprometida

não apenas com a realidade local de cada município, mas com a dimensão metropolitana. Isso torna fundamental a constituição de

um sistema de gestão compartilhada, em que as unidades teriam funções complementares. Um mosaico é o resultado que se

pretende atingir, onde o plano de manejo tem a função de associar as diferentes partes e interesses, passando a constituir uma área de

reserva integrada de conservação e desenvolvimento ou, ainda, área de relevante interesse especial, com um sistema de gestão que

possibilite atender aos diferentes grupos e objetivos da conservação. Para isso, seria necessário estabelecer um Sistema Estadual de

Unidades de Conservação da Natureza e de Áreas de Interesse Especial para Pernambuco67, permitindo introduzir essas unidades

específicas para cada região e destacar as potencialidades locais.

66 Sistema de Parques Metropolitanos-1980. Lazer como necessidade elementar, p.19 67 GT CONSEMA apresentou proposta para um Sistema Estadual onde constam essas questões, em 2003.

Page 94: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

4. METODOLOGIA 4.1. MÉTODOS UTILIZADOS

4.2. NATUREZA DO PROBLEMA E ESTRATÉGIA DO ESTUDO

4.3. ESTRATÉGIA DE TRABALHO

Page 95: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

4. METODOLOGIA

Esse capítulo explicita o método utilizado na elaboração da pesquisa, descrevendo seu

objeto, o objetivo geral e os específicos, os procedimentos operacionais, as técnicas e os

instrumentos de coleta e análise dos dados associados a esses objetivos, considerando

as especificidades do trabalho.

Toda pesquisa acadêmica pressupõe a adoção de uma metodologia capaz de garantir o

alcance dos fins pretendidos, com a utilização de meios que satisfaçam o pesquisador e

atendam aos seus objetivos. Diversos autores apresentam a importância do método no

processo de construção do conhecimento. Nesse sentido, é fundamental que o método

escolhido conduza à intenção desejada, ou seja, propicie condições de aproximação do

objeto de estudo, ou da natureza do problema.

Minayo (1997) destaca que o ciclo da pesquisa se constitui num processo de trabalho

iniciado com um problema ou uma pergunta e concluído com um produto provisório,

capaz de originar novas interrogações. É seguido de fases de exploração do objeto a ser

trabalhado, da análise desse material, do tratamento dado a esse conjunto com todo o

referencial teórico para, finalmente, apresentar os resultados.

Segundo vários autores existem três grandes métodos: o método hipotético-dedutivo, o

fenomenológico e o dialético. Outros métodos são, ainda, citados, como o método

grounded-theory, a etnografia, a análise de conteúdo, a técnica Delphi, o método

comparativo, o sistêmico e aqueles que utilizam técnicas estatísticas descritivas ou

inferenciais. Mas, em qualquer caso, o método científico será sempre “um caminho, uma

forma, uma lógica do pensamento” (Vergara 2000 p.13). É essa lógica que será aqui

apresentada, para o caso da presente pesquisa.

O objeto da pesquisa são as áreas selecionadas para abrigar os parques metropolitanos

na Região Metropolitana do Recife, alvo de constantes conflitos provocados pelo

processo de urbanização e de ocupação predatória ao longo das três últimas décadas.

Seu objetivo geral é o de construir um histórico da evolução do pensamento e da ação

sobre essas áreas entre 1976 e 2004, permitindo considerações e contribuições sobre as

formas de gestão mais adequadas do ponto de vista ambiental e social.

Page 96: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Quanto aos objetivos específicos, pretendeu-se:

� Identificar os diferentes momentos em que a temática da proteção de áreas verdes e

especiais na RMR foi levantada como prioridade, destacando aqueles mais relevantes e

que fundamentaram a implementação dos Parques Metropolitanos.

� Analisar a legislação de proteção ambiental, visando avaliar as possíveis

classificações dos parques metropolitanos da RMR, possibilitando propor mudanças que

permitam incluí-los como unidades de conservação diferenciada e, portanto, melhorar a

qualidade ambiental urbana na RMR;

� Comparar essas áreas em três momentos do período estudado, apresentando o que

foi planejado e o que de fato ocorreu, visando avaliar as mudanças nelas ocorridas e o

seu grau de vulnerabilidade e implementação.

4.1. MÉTODOS UTILIZADOS

A natureza do problema que motivou a pesquisa – as dificuldades na implementação dos

parques metropolitanos na RMR – levou à opção de um método que estuda as coisas e

fatos em constante transformação, tendo como foco um processo. Buscou-se não isolar o

fenômeno, mas estudá-lo no seu contexto – o planejamento metropolitano da RMR, no

período entre 1976 e 2004.

Os parques metropolitanos são parte de um território: a Região Metropolitana que os

insere e o seu processo de planejamento e implementação, recheado de avanços e

retrocessos. A pesquisa recuperou esse processo, buscando entender as relações de

força que o influenciaram e como se encontram esses espaços hoje, inclusive na relação

com a cidade metropolitana.

Buscou-se utilizar procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição de conteúdos,

inferências e deduções lógicas. Esse método se prendeu a análises de textos e

documentos, buscando compreender a evolução do pensamento sobre essas áreas no

processo de planejamento metropolitano no período.

Page 97: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

De acordo com Vergara (2000), há vários tipos de pesquisa, segundo os fins, os critérios

e os meios utilizados para os fins propostos. Nesse sentido, de acordo com os fins, uma

pesquisa pode ser exploratória; descritiva; explicativa; metodológica; aplicada; e

intervencionista. A presente pesquisa tem caráter explicativo e aplicado. Ainda segundo

Vergara, a utilização da pesquisa explicativa tem como principal objetivo esclarecer quais

os fatores que contribuem, de alguma forma, para a ocorrência de determinado

fenômeno. Já a pesquisa aplicada é motivada pela necessidade de resolver problemas

concretos, imediatos ou não, com finalidade prática, se contrapondo à pesquisa motivada

pela curiosidade intelectual do pesquisador, situada no nível da especulação,

principalmente.

Essas duas características da pesquisa determinaram a utilização de uma abordagem

metodológica cujos meios de investigação utilizados fossem principalmente de natureza

bibliográfica, documental e de trabalho de campo, de forma combinada para garantir

melhores resultados.

A pesquisa bibliográfica se desenvolveu através do estudo sistematizado de material

publicado em livros, revistas e jornais técnicos e rede eletrônica, capaz de fornecer

instrumental analítico para o estudo, investigando prioritariamente os seguintes assuntos:

desenvolvimento sustentável, conservação urbana e territorial, conservação da natureza,

gestão urbana, recreação e lazer, fornecendo os fundamentos teóricos e conceituais do

trabalho.

� A pesquisa documental se deu fundamentalmente em órgãos públicos, com

destaque para a produção do órgão estadual de planejamento metropolitano, hoje

denominado Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco –

CONDEPE/FIDEM, buscando-se aqueles documentos desenvolvidos dentro do recorte

temporal preestabelecido: o período compreendido entre 1975 e 2004. Mas também

foram analisados documentos de outros órgãos, como a CPRH, as Prefeituras da RMR,

principalmente a do Recife, do IBAMA, da Fundação do Patrimônio Artístico e Histórico

de Pernambuco – FUNDARPE e do Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional

– IPHAN, além de legislações de diferentes origens, relevantes para as áreas objeto de

pesquisa.

Os trabalhos de campo consistiram na checagem in loco das condições objetivas, atuais,

das áreas selecionadas. As visitas de campo compreenderam todas as áreas

Page 98: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

tratadas. Esse trabalho permitiu a análise comparativa das condições dessas áreas

em três momentos relevantes, no momento da sua seleção, em 1978 e nos dias de

hoje. Essa análise se constitui em um dos principais produtos da pesquisa.

4.2. NATUREZA DO PROBLEMA E ESTRATÉGIA DO ESTUDO

Os parques metropolitanos foram estudados com base em algumas considerações sobre

a natureza do problema, que definiram a abordagem metodológica e a estratégia de

trabalho da pesquisa:

� A primeira delas diz respeito ao desenvolvimento sustentável e ao processo de

urbanização das cidades, de uma forma geral. No caso particular, observou-se

que a relação das áreas verdes destinadas aos parques metropolitanos com os

demais espaços urbanos da cidade metropolitana se traduz pelo não diálogo, não

permitindo a interação completa e harmônica entre eles. Ao contrário, a cidade

tem sido sempre motivo de pressão sobre as áreas periurbanas;

� A segunda trata da necessidade de conservação dessas unidades espaciais, de

forma integrada aos elementos urbanos e territoriais, proporcionando a articulação

harmônica entre as áreas verdes e as áreas urbanas ocupadas;

� A terceira trata da classificação das unidades de conservação da natureza

contidas no SNUC e sua relação com as especificidades de cada unidade da

federação brasileira, ou seja, as especificidades do Estado de Pernambuco,

particularmente da RMR. Os parques metropolitanos parecem constituir uma

unidade diferenciada dentro do sistema formal de UCs. Dentro dessa abordagem,

a oferta de lazer é tratada como elemento essencial ao cidadão metropolitano;

� Finalmente, foi considerada a questão, que vem sendo discutida já há algum

tempo, da gestão compartilhada das áreas especiais inseridas num proposto

sistema metropolitano integrado de unidades de conservação da natureza e áreas

de relevante interesse.

Considerando que tanto as questões teóricas do desenvolvimento sustentável e da

conservação e gestão de áreas especiais, quanto às questões reais do objeto

empírico – os parques metropolitanos – são constituídas de variáveis múltiplas,

Page 99: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

tornou-se fundamental compreender que tratamos de uma relação particular, a dos

parques metropolitanos e a RMR, e outra mais geral, da cidade metropolitana (RMR)

e o seu sistema de unidades ambientais (conjunto mais amplo do que o dos parques

metropolitanos).

A metodologia adotada permitiu a busca contínua de respostas para o grande desafio

da pesquisa, que foi responder a questões como: Qual a importância dos parques

metropolitanos? Que funções específicas essas áreas teriam, em contraponto às

unidades de conservação da natureza, estas últimas respaldadas por leis próprias?

Seguindo o percurso metodológico, foi possível desenvolver uma pesquisa

aprofundada e apresentar um levantamento da situação de cada unidade ao longo de

períodos distintos, quais sejam:

a) o primeiro, em 1976, quando o Plano de Desenvolvimento Integrado para a RMR

incluía programas para o lazer e a recreação da população, bem como para a

proteção ambiental das áreas de crescimento urbano;

b) o segundo, no Plano de Preservação de Sítios Históricos da Região Metropolitana do

Recife – PPSH/RMR, em 1978, quando foram definidos os sítios históricos integrantes

da região. Esse plano estabeleceu um novo conceito de qualidade ambiental,

associado à qualidade urbana. A importância desse documento referencial é sua

identificação de sítios históricos ou patrimônio edificado no interior de muitos parques

metropolitanos, permitindo uma qualificação ainda maior dessas áreas;

c) em terceiro lugar, o Plano Diretor do Sistema de Parques Metropolitanos –

PMSPM/RMR, em 1980. Esse Plano, além de uma leitura da região sob o ponto de

vista das condições de cada área destinada a parque metropolitano, enfocou um

sistema metropolitano capaz de atender à lógica traçada para a oferta dessas

unidades;

PARQUES METROPOLITANOS X RMR

CIDADE METROPOLITANA X SISTEMA DE UNIDADES AMBIENTAIS

Page 100: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

d) no quarto momento são reforçadas e priorizadas algumas áreas, com a redução

territorial de algumas e, conseqüentemente, da oferta ambiental e de lazer, e com

alteração da destinação de algumas delas, segundo o Plano Diretor de Sistema de

Parques Metropolitanos de 1987;

e) no quinto momento, em 1998, o Plano Diretor da Região Metropolitana do Recife –

METRÓPOLE 2010, traz à tona a questão dos territórios de oportunidades, resgatando

potencialidades existentes e especificidades locais de cada parcela do território

metropolitano, com ênfase na questão ambiental, vocacionado para empreendimentos

de apoio ao turismo;

f) um estudo mais atual sobre todas as áreas destinadas a parques metropolitanos

encontra-se no documento intitulado Parques Metropolitanos, concluído em 2001, que

contém um diagnóstico comparativo dos diversos momentos para cada área, no

cenário de evolução da cidade metropolitana;

g) finalmente, foi considerada a contribuição do estudo desenvolvido junto ao Grupo de

Trabalho do Conselho Estadual de Meio Ambiente – CONSEMA, intitulado GT

Parques Metropolitanos. Neste documento as contribuições de diversos órgãos

envolvidos com a temática permitiram estabelecer conceituações e parâmetros entre

as unidades de conservação da natureza e os parques metropolitanos, e propor um

Sistema Estadual de Unidades de Conservação da Natureza e Áreas de Relevante

Interesse Especial.

Foram elaboradas fichas técnicas onde se procurou condensar as informações

pertinentes a cada área selecionada como parte do sistema de parques

metropolitanos. Esse sistema ainda tem 2.188 ha de área disponíveis, distribuídos

entre os seguintes parques:

� Parque Arcoverde (32 ha) – Olinda

� Parque Histórico Nacional dos Guararapes (224 ha) – Jaboatão dos

Guararapes

� Parque Armando Holanda (270 ha) – Cabo de Santo Agostinho

� Parque do Janga (616 ha) – Paulista

Page 101: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

� Horto de Olinda (9 ha) – Olinda

� Parque dos Manguezais (240 ha) – Recife

� Parque de Itamaracá (200 ha) – Itamaracá

� Parque da Lagoa Olho D´Água (500 ha) – Jaboatão dos Guararapes

� Parque do Jiquiá (52 ha) – Recife

� Parque Capibaribe (140 ha) – Recife/São Lourenço da Mata

Embora carentes de projetos, algumas áreas selecionadas merecem atenção

quanto à oportunidade de sua manutenção, por se encontrarem ainda livres da

ocupação, e por conterem atributos de recursos construídos, representados

pelo patrimônio histórico.

4.3. ESTRATÉGIA DE TRABALHO

Para a elaboração dessa pesquisa foram utilizados instrumentos básicos, como

levantamentos, bases teóricas e conceituais, análises e avaliações das

abordagens trabalhadas e, principalmente, a técnica de investigação dos

fatores e variáveis sobre o tema estudado. Dessa forma, a pesquisa está

calcada na análise de referenciais - documentais e bibliográficos - que permitiu

formular questões sobre a viabilidade de um sistema capaz de conservar áreas

verdes – protegidas através de uso adequado – e, ao mesmo tempo, propiciar

lazer e qualidade ambiental, sem prejuízo do estoque de capital natural.

4.3.1 Coleta de Dados

A etapa de levantamento e coleta de dados partiu da identificação do universo

de trabalho – a Região Metropolitana do Recife – para o conhecimento das

especificidades de cada área – os parques metropolitanos – onde são

analisados os seguintes pontos:

� instrumentos legais de controle da ação pública sobre os ambientes selecionados;

� acervo de propostas e/ou programas e projetos de intervenção de caráter

protecionista, anteriormente estabelecidos ou em processo de desenvolvimento, e

seus rebatimentos nos sistemas existentes;

Page 102: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

� propostas existentes para cada uma das áreas estudadas e a situação de

vulnerabilidade das mesmas;

� os espaços urbanos da Região Metropolitana do Recife e o diálogo destes com as

áreas verdes, notadamente as áreas selecionadas para os parques

metropolitanos;

� a atuação e organização dos diferentes agentes que atuam nesse campo da

gestão pública e privada.

O referencial documental pesquisado produzido pelo Governo do Estado de Pernambuco

incluiu:

� o Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana do Recife –

PDI/RMR, de 1976, que constitui o primeiro referencial do macro

planejamento para a região, apresentando um diagnóstico da situação

físico-territorial e socioeconômica da região, e um conjunto de propostas,

em forma de programas e projetos para as diversas áreas de atuação;

� o Plano de Preservação de Sítios Históricos da RMR – PPSH/RMR, 1978, que

introduziu as questões da proteção à ambiência do sítio a ser preservado,

assim como a questão do conjunto de edificações e sítios históricos,

constituindo o primeiro movimento na RMR no sentido de estabelecer novas

categorias para esse patrimônio edificado, contribuindo, também, para a

proteção do patrimônio ambiental;

� o Plano Diretor do Sistema de Parques Metropolitanos da Região

Metropolitana do Recife – PDSPM/RMR, de 1980, considerado como um

desdobramento do PDI/RMR. Esse Plano aborda as áreas ainda livres de

ocupação e sua destinação para o lazer e para a preservação de territórios

com características ambientais relevantes, onde se inserem os parques

metropolitanos;

� o Sistema de Parques Metropolitanos – SPM/RMR, de 1987, com a

perspectiva de focar os planos e projetos existentes para as áreas

selecionadas para os parques metropolitanos, o que decerto, contribuiu

para a conscientização da necessidade de equipamentos desse porte;

� o Plano Diretor da RMR – Metrópole 2010, de 1998, que estabeleceu

diretrizes específicas para a Região Metropolitana e definiu os territórios de

oportunidades, visando ao desenvolvimento de forma equilibrada dessa

Page 103: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Região:

� Parques Metropolitanos – em 2001 detalhou as áreas selecionadas para os

parques metropolitanos, sob o ponto de vista da vulnerabilidade de algumas

áreas, e os aspectos relativos à implementação de outras; e,

� o Plano Metrópole Estratégica, de 2002, que apontou as diretrizes de

desenvolvimento da Região, destacando importantes projetos territoriais,

com base em estratégias de desenvolvimento com maior inclusão social,

onde foram destacados os parques metropolitanos como ambientes de

interesse naturais a serem protegidos.

O referencial bibliográfico que fundamentou amparar os conceitos teóricos trabalhados e

o arcabouço legal de questões afetas, compreendeu as seguintes temáticas:

� desenvolvimento sustentável e sua relação com a cidade;

� conservação integrada urbana e territorial e o patrimônio urbano e ambiental;

� sítios históricos e sua relação com as áreas ambientais da RMR;

� parques metropolitanos no contexto das áreas periurbanas; e

� unidades de conservação da natureza e o sistema constituído.

A abordagem conceitual de cada questão buscou estabelecer relações de

contemporaneidade com os parques metropolitanos, procurando respostas e construindo

uma compreensão acerca do problema que resultou no fortalecimento da idéia de que a

cidade deve dialogar com suas áreas verdes, sob pena de prejuízos incalculáveis para

uma e para outra.

Deve-se destacar nesta metodologia, principalmente na construção do arcabouço teórico,

a importância da abordagem da conservação integrada urbana e territorial (CIUT), que,

de forma consoante com o conceito de desenvolvimento sustentável, inclui na discussão

do Planejamento Urbano a questão da centralidade da conservação do patrimônio, tanto

natural como construído. Especialistas como Lia Motta68 e o Professor Júratê

Markevièienë69, abordaram a questão em participação no 2o e no 3o Seminário

Internacional em Conservação do Patrimônio e Desenvolvimento Sustentável Urbano, em

1998 e 2004, no Recife. O primeiro parte do conflito de interesses entre a conservação do

patrimônio e sua inserção no mercado de consumo, como bem auto-sustentável; o

68 Arquiteta e especialista em Conservação e Restauração de Monumentos e Conjuntos Históricos pela UFMG. 69 Arquiteto e professor na Universidade da Lituânia, em Conservação do Patrimônio Cultural.

Page 104: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

segundo estabelece a sustentabilidade do patrimônio como uma tarefa fundamental,

inserindo-a como um fenômeno que respeita os limites éticos de uma comunidade

urbana.

Outra contribuição a se destacar foi da Professora Lúcia Leitão70 que para o

desenvolvimento sustentável e a conservação do patrimônio é necessário que as

intervenções a serem realizadas encontrem um rebatimento na comunidade afetada,

respeitada na sua forma de sentir e expressar seu sentimento, passando a legitimar seus

valores. A Professora estabelece essa relação mais direta para o patrimônio construído,

não impedindo que o mesmo se reporte ao patrimônio natural, inclusive porque, nas

diversas áreas de parques metropolitanos, estão inseridas várias edificações históricas a

serem protegidas. Essa mesma relação de sentimentos e legitimação de valores deve ser

expressa para o patrimônio natural.

Os sítios históricos presentes em áreas dos parques metropolitanos foram trabalhados

porque compõem importante elemento dos processos de conservação urbana, sendo por

isso um diferencial desses territórios e, como tal, devem ser tratados no planejamento

metropolitano. Nesse aspecto, toda a base conceitual foi considerada na análise do

documento referencial metropolitano: Plano de Preservação de Sítios Históricos da RMR,

de 1978, assim como os contextos atuais de revitalização, requalificação e reabilitação de

espaços de valor histórico, com suas estruturas arquitetônicas e funcionais.

Outra abordagem fundamental para a estrutura teórica e analítica do trabalho de

pesquisa foi a noção de Áreas de Interface Periurbana (Peri-urban Interfaces-PUI), objeto

de estudos e pesquisas do Laboratório de Estudos Periurbanos da UFPE. Esses espaços

constituem áreas - situadas em zonas urbanas ou de expansão urbana - sob forte

pressão antrópica e que passam por um processo de transformação violento, pois são

lócus de encontro de atividades rurais e urbanas, onde acontecem as trocas entre os

sistemas rurais e urbanos.

4.3.2 Análise e Avaliação dos Dados

Na etapa de análise e avaliação dos dados foram tratadas as informações sobre

preservação ambiental na RMR, incluindo as formas e instrumentos de proteção legal,

70 Arquiteta, professora da UFPE e Doutora em Desenvolvimento Urbano pela Universidade do Porto, na sua abordagem sobre a Dimensão Subjetiva da Cidade.

Page 105: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

sobre o processo de planejamento e apoio institucional das áreas verdes e especiais da

metrópole e sobre a execução de ações. Foram analisadas as propostas de cada uma

dessas unidades, nos momentos definidos nesse trabalho, ou seja, em 1980, 1987 e

2001/2004, o que permitiu observar as questões de vulnerabilidade e os pontos positivos

para a possível implementação das mesmas. Também foram objeto de análise os

modelos de gestão em vigência ou já experimentados no universo de trabalho, bem como

as experiências externas contemporâneas e passíveis de adaptação, sob o aspecto

político, econômico e social. Em síntese foram analisados dados e informações sobre:

� a atuação da gestão pública;

� a proteção legal e o apoio institucional (planejamento e execução de ações);

� os modelos de gestão metropolitana em vigência ou já experimentados;

� uma avaliação das diversas transformações ocorridas nas áreas e a atuação dos

agentes envolvidos na gestão das áreas de parques metropolitanos, em seus

aspectos positivos e negativos.

A partir da base teórica e conceitual, foi também possível proceder a uma avaliação

crítica do processo de enquadramento dessas áreas no sistema de proteção ambiental –

unidades de conservação da natureza - e das pressões de transformação a que estão

sujeitas frente ao processo de transformação das áreas periurbanas.

De posse desse conjunto de análises, construiu-se as idéias que vem a ser a proposição

central dessa dissertação, ou seja: existe um conjunto de áreas urbanas e periurbanas na

RMR, selecionadas como parques metropolitanos, sob evidente pressão antrópica, no

contexto do processo de urbanização da cidade metropolitana, sem uso planejado e que

estas áreas poderiam constituir uma unidade diferenciada dentro do sistema formal de

unidades de conservação da natureza e das áreas de interesse especial. Nessa

perspectiva, a cidade metropolitana ganharia qualidade ambiental pela relação de

interação entre as áreas verdes e as áreas urbanas ocupadas.

Page 106: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

5. RESULTADOS DA PESQUISA

5.1. HISTÓRICO DO PLANEJAMENTO DOS PARQUES METROPOLITANOS

5.2. PROTEÇÃO LEGAL DAS ÁREAS

5.3. AVALIAÇÃO DOS PARQUES METROPOLITANOS

Page 107: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

5. RESULTADOS DA PESQUISA

Os trabalhos de campo tiveram três diferentes direcionamentos, subordinados aos

objetivos específicos da pesquisa. Os resultados destes conjuntos de atividades são

apresentados no presente capítulo, de acordo com cada direcionamento.

O primeiro conjunto de atividades buscou, fundamentalmente, construir um histórico da

evolução do pensamento sobre a proteção de áreas verdes e especiais no âmbito do

planejamento metropolitano. Para isso, identificou os diferentes períodos em que a

temática da proteção de áreas verdes e especiais na RMR foi levantada como prioridade,

destacando os momentos em que se fundamentou a implementação dos Parques

Metropolitanos.

O segundo conjunto de atividades dos trabalhos de campo se direcionou no sentido de

discutir a legislação de proteção de áreas de interesse ambiental, dentro da política

ambiental brasileira e sua relação com os Parques Metropolitanos, permitindo apresentar

as normativas existentes que direta ou indiretamente incidem nos parques. Tal

abordagem permitiu, ainda, apresentar, através das fichas técnicas que integram os

Anexos, as leis e demais instrumentos que incidem, direta ou indiretamente nos parque.

Por fim, um quadro com os parques metropolitanos apresenta uma análise comparativa

das propostas do planejamento metropolitano no período pesquisado e uma avaliação da

situação atual dos parques da RMR.

5.1. HISTÓRICO DO PLANEJAMENTO DOS PARQUES METROPOLITANOS NA RMR

Nesta pesquisa foram analisados, inicialmente, todos os documentos elaborados no nível

do planejamento metropolitano, buscando identificar aqueles em que tiveram relevância

idéias, conceitos ou ações relativas à proteção de áreas verdes, livres ou especiais,

destacando aqueles diretamente ligados à noção de Parques Metropolitanos.

Essa análise permitiu situar a década de 70 como marco inicial do processo de

planejamento metropolitano e destacar o conjunto de documentos que formaram a base

Page 108: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

material da segunda etapa dos trabalhos de construção do histórico do planejamento dos

parques metropolitanos da RMR:

� Na década de setenta, mais precisamente em 1976, foi elaborado o Plano de

Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana do Recife – PDI/RMR. Este

documento constitui o primeiro referencial do macro planejamento para a região e

trazia um diagnóstico da situação físico-territorial e socioeconômica da região,

estratégias para o seu desenvolvimento e indicação para elaboração de planos,

programas e projetos;

� Em 1978 foi elaborado o Plano de Preservação de Sítios Históricos da RMR –

PPSH/RMR, que introduz a questão da proteção ao ambiente, inclusive de sítios

históricos. Também representa o primeiro movimento na RMR no sentido de

estabelecer novas categorias do patrimônio edificado, contribuindo, igualmente, para

a proteção do patrimônio ambiental;

� Em seguida, em 1980, surgem o Plano Diretor do Sistema de Parques Metropolitanos

– PDSPM/RMR, considerado um desdobramento do PDI/RMR. Ele aborda as áreas

ainda livres de ocupação e sua destinação para o lazer e para a preservação de

territórios com características ambientais relevantes, onde se inserem os parques

metropolitanos;

� Em 1987, um outro documento, intitulado Sistema de Parques Metropolitanos – SPM,

teve a perspectiva de focar os planos e projetos existentes para as áreas

selecionadas para Parques Metropolitanos, reforçando conscientização sobre a

necessidade de equipamentos dessa natureza e envergadura;

� Em 1998, foi elaborado o Plano Diretor da RMR – Metrópole 2010, que estabeleceu

diretrizes específicas para a região metropolitana e definiu os territórios de

oportunidades;

� Em 2001, foi elaborado um diagnóstico das áreas selecionadas para abrigar os

Parques Metropolitanos. Foi com base nesse documento que se viabilizou a análise

comparativa das mesmas com as proposições iniciais;

� Finalmente, em 2002, desenvolveu-se o Plano Metrópole Estratégica, que define as

estratégias de desenvolvimento da região buscando uma maior inclusão social e

constrói um pacto de gestão metropolitana, onde foram destacados projetos

territoriais como indutores da competitividade dessa metrópole, reafirmando a

importância dos parques como fator de qualidade urbana.

Outros documentos foram considerados, a exemplo do Plano de Ação Regional para a

RMR – PAR (2000-2003), o Plano Regional de Inclusão Social (2004-2007) e a Agenda

Page 109: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

21 do Estado de Pernambuco (2002), embora tratem da questão de forma indireta. No

caso do PAR-RMR cumpre destacar sua relevância, enquanto Plano de Ação para a

RMR, para o período de 2000-2003, resultado de um processo de construção

compartilhada das ações para a região. Consta desse Plano proposta de planejamento e

gestão descentralizada, inserido no Programa Governo nos Municípios, como marco de

uma gestão governamental. No tocante as propostas elencadas, ressaltam-se: a

elaboração de planos de desenvolvimento sustentável; a conservação e preservação de

ecossistemas bióticos e abióticos; a implementação dos territórios de oportunidades.

Quanto ao Plano Regional da RD Metropolitana, para o período 2004-2007 destacam-se

as estratégias de desenvolvimento, onde se inserem os projetos territoriais. Os parques

metropolitanos, nesse contexto constituem elementos importantes.

Quanto a Agenda 21, o principal objetivo é estabelecer uma estratégia de ação do

Estado, baseada em compromissos de mudanças, democratização e de

descentralização, promovendo uma reavaliação do desenvolvimento, em bases

sustentáveis. No tema Cidades Sustentáveis aborda as questões relativas ao

planejamento e gestão urbana; controle e diminuição dos impactos ambientais em áreas

urbanas, relação economia e meio ambiente urbano; conservação e reabilitação do

patrimônio histórico; rede urbana e desenvolvimento sustentável dos assentamentos

humanos, entre outros.

5.1.1. Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana do Recife

O Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana do Recife – PDI/RMR foi

elaborado em seqüência ao 1º Plano de Desenvolvimento do Estado de Pernambuco – 1º

PDE, onde constam as diretrizes e políticas para assegurar uma melhor distribuição

socioeconômica dos benefícios do desenvolvimento no Estado. O PDI/RMR abordou as

questões pertinentes aos parques metropolitanos, indicando a necessidade de proteger

os bens culturais da sociedade metropolitana.

A partir de quatro objetivos fundamentais para o desenvolvimento da região, o PDI/RMR

traçou as estratégias capazes de dar suporte a esse empreendimento. Foram

estabelecidos 39 programas, dos quais decorreram 104 projetos que objetivaram:

� assegurar condições para o desenvolvimento, no contexto nacional e regional;

� proporcionar à comunidade metropolitana progressiva melhoria de qualidade de vida

e distribuição social dos benefícios;

� estimular o melhor desempenho das funções urbanas, de modo a proporcionar o

Page 110: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

crescente atendimento às necessidades da população; e,

� consolidar o sistema de administração metropolitana.

Com essa lógica, o planejamento estadual buscava, primeiramente, condicionar as

potencialidades distribuídas por micro-regiões do Estado ao seu desenvolvimento, a partir

da introdução de uma política espacial. Assim, as atividades econômicas estariam

distribuídas sobre o espaço territorial pernambucano visando atender às demandas das

micro-regiões. Em segundo lugar, apontava uma preocupação no tocante ao espaço

metropolitano, principalmente quanto aos custos decorrentes do processo de ocupação,

destacando claramente a força desse espaço econômico, que polarizava a atenção de

todos. Finalmente, apresentava como uma questão básica os esforços que já vinham

sendo feitos no sentido de ações específicas no território metropolitano visando ao

equacionamento de problemas, com alternativas capazes de assegurar um

desenvolvimento contínuo e harmônico.

Dessa forma, o Governo buscava entender os problemas da RMR e, também, associar

as questões internas e externas da região, notadamente quanto ao processo de migração

interna, que desaguava no território metropolitano. Nesse contexto, associou no mesmo

momento o planejamento da área rural, através do Plano de Desenvolvimento Rural

Integrado – PDRI, aprovado através do Decreto nº 3760, em 29 de outubro de 1975, com

políticas que se rebatiam na RMR, apresentando questões como o desafio de reduzir o

fluxo migratório com o fortalecimento das atividades produtivas e das infra-estruturas

econômica e social no interior. Quanto às questões internas, o PDI apontava uma série

de projetos para a superação das dificuldades latentes.

O PDI teve, portanto, a intenção de ser a primeira intervenção coordenada no espaço

metropolitano, naquela ocasião com 9 municípios, conforme Mapa 7 – RMR – 1976, a

seguir, com função articuladora entre os próprios setores do governo, aliando-se às

representações efetivas de Pernambuco. Com o objetivo de ser um referencial preliminar

para a atuação dessa nova dimensão, o PDI trazia propostas para o horizonte temporal

de 1976-1979, submetido à Comissão Nacional de Regiões Metropolitanas e Política

Urbana – CNPU.

Page 111: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Mapa 7 – RMR com 9 Municípios – 1975

Fonte: Elaboração própria com base em informações da FIDEM

Nesse período, o conhecimento mais aprofundado das questões a serem tratadas era

condição básica, razão porque o diagnóstico realizado ainda era tratado como

insuficiente, considerando que o conhecimento mais completo da região viria a ser

trabalhado em bases informacionais e tecnológicas mais sólidas. Observa-se, assim, que

esse plano teve por base uma análise e interpretação da realidade socioeconômica, da

natureza e dos vários tipos de dinâmica na RMR, a saber:

� a dinâmica social, entendida pelas atividades individuais e coletivas, com o

conjunto de instituições e processos;

� a dinâmica econômica, representada pelo atendimento às necessidades de um

conjunto de bens e serviços e, ainda, pelas funções econômicas desse território

em relação ao Estado, à Região Nordeste e ao País;

� a dinâmica ecológica, considerada a partir das necessidades dos habitantes da

região de espaços para moradia, sobrevivência e desenvolvimento de sua

personalidade;

� a dinâmica política, retratada na concepção de que a sociedade metropolitana é

um subconjunto da sociedade nacional, tendo um sistema de produção e

apropriação dos recursos e excedentes, individuais ou coletivos, determinando o

Page 112: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

grau de atuação política adequada;

� a dinâmica funcional, representada pelas funções básicas da vida urbana como

habitar, circular, trabalhar, “recrear”; e,

� a dinâmica de relacionamentos, entendendo-se a região como parte de um

sistema nacional, em constante relação de integração e dependência com o

restante do sistema.

A elaboração do PDI/RMR apoiou-se no conhecimento da região, principalmente na

leitura da realidade, identificação de suas carências e no apontamento da necessidade

de políticas capazes de garantir a qualidade da vida futura nessa metrópole, com relação

à infra-estrutura, capaz de suprir o déficit já presente, e às condições ambientais e

culturais da sociedade local e regional.

O conhecimento dessa realidade destaca um círculo vicioso, onde qualquer esforço

gerado para a melhoria de qualidade de vida na região, transformava-se em estímulos

para a chegada de novos migrantes, principalmente pelo fato desta região compor a

região do nordeste brasileiro. Qualquer solução, portanto, passa, necessariamente, por

um planejamento mais amplo.

Assim, o Plano de Desenvolvimento Integrado da RMR traz duas partes distintas: a

primeira é constituída pelo diagnóstico da região, onde estão colocadas as carências e os

problemas da região; a segunda contém a política de desenvolvimento, calcada em

objetivos e estratégias, desdobrados em programas e projetos, entre os quais são

apontados os prioritários, constituindo um conjunto de ações e instrumentos dirigidos ao

alcance de soluções para as questões mais relevantes.

O PDI/RMR representa um referencial teórico quanto à necessidade de se antever o

futuro de áreas a serem resguardadas, com uma definição específica de programas e

projetos prioritários, onde se inserem os parques, nas suas diversas modalidades. O

Programa de Lazer para a região metropolitana tinha por objetivo a ampliação ou

implantação de áreas de recreação, inserindo a condição de preservação de áreas para o

desempenho do lazer, contribuindo para a valorização do ambiente ecológico e cultural

da região, melhorando as condições de vida da população metropolitana.

Complementarmente, ao lazer, a proposta voltava-se para a contenção do crescimento

urbano, com previsão de adequados serviços e equipamentos de lazer, a exemplo de

Page 113: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

parques, praças, áreas verdes, áreas desportivas, para garantir o restabelecimento físico

e psíquico do organismo humano na RMR. Com base nesse entendimento ao programa

de lazer estavam associadas ações e metas referentes ao desenvolvimento

socioeconômico, representado pela implantação de Centros Sociais Urbanos – CSUs,

que contemplava a ampliação da oferta dos serviços de recreação e reativação das

tradições culturais; pela expansão das atividades de turismo, através da valorização dos

elementos naturais, principalmente na faixa litorânea; pela preservação do patrimônio

cultural, histórico e artístico, assim como pela política de desenvolvimento físico-

ambiental, notadamente quanto aos objetivos voltados para o lazer e a recreação.

A questão do lazer e dos espaços para essa finalidade foi tratada no bojo dos aspectos

sociais. Além de identificar o contingente demográfico da região, toda uma leitura da

qualidade de vida e da condição social dessa população, foi analisada, frente as

condições de habitação, saúde e nutrição, educação, lazer e segurança. Os Programas e

Projetos Prioritários estavam voltados para ações capazes de promover o

desenvolvimento, vinculadas sempre às políticas nacionais, regionais e estaduais em

curso.

Ao caracterizar a região metropolitana o PDI/RMR destaca a escassez da vegetação aí

existente, representada por fragmentos remanescentes de Mata Atlântica, embora

espaçados. Ressalta a importância da cobertura vegetal como elemento determinante de

combate à poluição, de amenização do espaço e embelezamento da paisagem. A

melhoria da qualidade de vida passa a ser entendida como o resultado da integração

entre os componentes econômicos e sociais do desenvolvimento, de forma a garantir o

tratamento no mesmo plano, aplicando-se a política de desenvolvimento metropolitano a

todas as camadas sociais.

No tocante aos aspectos das necessidades sociais e culturais da população o PDI/RMR

conceitua o lazer, vinculando sua necessidade às questões complexas, como as

condições socioeconômicas do lugar, o grau de desenvolvimento industrial, o

crescimento populacional e a própria cultura regional, que requer padrões de ofertas

diferenciadas. Sobre o lazer estabelece:

“O lazer constitui necessidade básica para o restabelecimento físico e psíquico do organismo humano, devendo, entretanto, estar sempre caracterizado como liberdade de escolha das atividades, em oposição ao stress imposto à vida pela sociedade moderna. O

Page 114: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

lazer das massas funciona como força motriz positiva, dirigida no sentido do aperfeiçoamento e desenvolvimento da educação e da cultura da população, assumindo, portanto, uma posição importante no planejamento metropolitano”.

Estabelece ainda as bases de um sistema de recreação e lazer, observando-se várias

modalidades exemplificadas pela recreação passiva, recreação passiva por difusão,

recreação ativa orientada e recreação ativa livre.

Apesar do déficit de estudos e indicadores sobre o assunto, o Plano apresenta os

equipamentos e modalidades existentes, buscando entender o processo de urbanização

instalado, que apresenta uma expressiva taxa de crescimento demográfico e uma

progressiva especulação imobiliária. Esse quadro exigia, de um lado, o estabelecimento

de medidas para equilibrar o crescimento urbano desordenado e, de outro, a implantação

de áreas de preservação, inserindo aí as áreas de recreação. Observadas as

modalidades estabelecidas, buscou-se identificar o conjunto de equipamentos e

atividades existentes, segundo a classificação adotada.

Sobre a recreação passiva, entendida como a oferta de serviços para a população,

destaca a insuficiência de equipamentos na RMR: a cadeia de cinemas composta por 39

casas (1970), das quais 29 encontram-se em Recife, além de uma sub-utilização da

capacidade instalada e pouca preocupação com a seleção dos filmes; a rede de teatros

(4 no Recife) tem funcionamento escasso, depende das equipes do sul e, em média,

ocupa apenas 31% de sua capacidade, por espetáculo; existem 13 museus, sendo 7 em

Recife e os demais em Olinda, Igarassu, Cabo e Jaboatão, todos com demanda

insignificante, demonstrando pouca divulgação dos acervos representativos da história e

da cultura. Finalmente, identifica uma baixa promoção de exposições artísticas e culturais

e de manifestações folclóricas.

A recreação passiva por difusão, representada pelos meios de comunicação de massa -

rádio, televisão e jornal – pode não atingir o resultado esperado do lazer, considerando a

natureza e o nível da programação ofertada, que pode até contribuir para ampliar as

tensões. Assim as 7 emissoras de rádio, as 4 estações de televisão e 6 jornais podem

atender parcialmente aos requisitos de lazer, sem contudo perfazer as questões relativas

à espontaneidade, liberdade de escolha e decisão sobre como dispor do tempo livre.

Na modalidade de recreação ativa orientada, destacam-se os espaços verdes abertos

Page 115: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

desde que apresentem condições de silêncio, ausência de poluição e possuam

equipamentos destinados à prática de esportes/jogos. Nessa categoria estão os parques

regionais, setoriais, locais e, embora exista na RMR um expressivo potencial, não existe

a oferta assegurada. Diversas áreas desse tipo encontram-se distribuídas pelos

municípios metropolitanos, com destaque para as áreas da Reserva de Dois Irmãos,

Macacos, Gurjaú e Ilha de São Simão. O Horto de Dois Irmãos, o parque Treze de Maio e

o Sítio da Trindade se apresentam como áreas que desempenham esse papel.

Considerando o acervo de monumentos da RMR, alguns espaços reúnem características

que satisfazem a essa categoria, a exemplo do Pátio de São Pedro, em Recife; da Sé e,

do Seminário e toda a colina histórica de Olinda; e do Parque Nacional dos Guararapes,

em Jaboatão. As bibliotecas também se enquadram nessa categoria, onde a RMR conta

com 7 públicas, sendo 4 no Recife e todas sub-utilizadas, considerando a freqüência das

mesmas, bem como os centros esportivos, num total de 2 centros, 3 estádios de futebol e

3 ginásios de esportes.

Dentro da recreação ativa livre destaca o conjunto de praias da RMR que constituem

espaços livres permanentes de lazer coletivo e que, além da paisagem, oferecem

diversas modalidades de lazer, a exemplo de jogos, passeios de barco, banhos, etc. Os

espaços abertos como praças e jardins também constituem áreas destinadas à recreação

ativa livre, assim como espaços de acampamentos. Entre estes últimos destaca-se o

Engenho Monjope, em Igarassu.

Nesse Plano, Recife aparece como local de grande concentração de atividades e

equipamentos de lazer da RMR e, nesse sentido, destacam-se como fatores relevantes

nessa análise os deslocamentos provocados e as distorções relativas à oferta quanto à

real demanda por essas atividades.

Com base no Código Florestal como instrumento de preservação dos remanescentes

ambientais da RMR, e com o objetivo de associar o valor ambiental à qualidade de vida,

com a perspectiva de uso dessas áreas, esse Plano previa a implantação de parques

regionais e tombamento das áreas verdes de Mata Atlântica; aproveitamento de

engenhos como locais de lazer, notadamente no bairro da Várzea; a implantação dos

parques Nacional dos Guararapes, de Exposição do Istmo de Olinda e Setorial do

Capibaribe, que se estendia entre os bairros da Torre e da Várzea, incorporando o açude

de Dois Irmãos; a arborização das ruas nos núcleos urbanos; a preservação dos

coqueirais nas praias; e o aproveitamento da faixa litorânea, incorporando e valorizando

os sítios de Brasília Teimosa, Lagoa Olho D’Água e Timbó. Complementa, ainda, o

Page 116: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Programa de Lazer da RMR, programas como o de Valorização das Faixas de Praia, que

recomenda o desenvolvimento de projetos específicos de atividades turísticas e

implantação de parques de recreação nas faixas de praia, assim como o Programa de

Habitação e Equipamentos Básicos, com destaque para os serviços de transporte e

saneamento, serviços conexos de educação, abastecimento, recreação, entre outros.

Com relação aos projetos prioritários, o PDI/RMR ressalta a urbanização e valorização de

espaços como Brasília Teimosa, o Istmo de Olinda, a Ilha de Itamaracá, a Bacia do Rio

Timbó, a Lagoa Olho D’Água, as praias, e do patrimônio histórico.

Quanto aos parques, ressalta a sua importância, apontando as necessidades de

implantação do Parque Histórico Nacional dos Guararapes; do Parque inserido entre a

PE-15 e a Avenida Joaquim Nabuco, em Olinda; do Parque Metropolitano de Santo

Agostinho; do Parque Metropolitano de São Simão (manguezais de Recife); do Parque

Metropolitano de Dois Irmãos; do Parque Metropolitano do Capibaribe; do Horto de

Olinda; e a adequação de praças e jardins públicos, visando à recuperação dos mesmos

e a oferta de elementos físicos e equipamentos nessas áreas.

O PDI/RMR, responsável pelas diretrizes de desenvolvimento social e econômico dessa

região, neutraliza a ação dos responsáveis pela implementação das ações e programas

propostos, quando toma direciona para a entidade metropolitana, o papel de articulador e

executor do planejamento urbano-metropolitano, com capacidade de deliberação sobre o

território municipal, considerando os aportes financeiros daquele momento.

5.1.2. O Plano de Preservação de Sítios Históricos da RMR

O Plano de Desenvolvimento Integrado – PDI/RMR (1976), já tratado anteriormente, se

antecipa quanto à determinação e urgência da formulação de um Programa de Preservação de

Ambientes Urbanos na RMR, principalmente para conter o processo de destruição do

patrimônio cultural, que desde o início do século vinha demolindo, retificando e redesenhando

as cidades.

O PDI/RMR, seguindo recomendações federais contidas no II Plano Nacional de

Desenvolvimento – II PND (1975) e no Programa de Preservação e de Recuperação do

Patrimônio Ambiental Urbano - PPRPAU (1975), este coordenado pela Comissão Nacional de

Regiões Metropolitanas e Política Urbana – CNPU, seleciona Projetos Prioritários, em resposta

Page 117: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

a programas destacados para o desenvolvimento metropolitano, estabelecidos no âmbito

nacional e estadual, pré-fixados em metas para o período de 76 – 79, de onde decorre o Plano

de Preservação de Sítios Históricos da RMR. Nesse período, em que várias diretrizes de

proteção são estabelecidas nos planos em desenvolvimento, cumpre destacar o compromisso

do Estado com as questões culturais, tentando alterar alguns conceitos voltados basicamente

para o progresso e a modernidade das áreas urbanas. Nesse sentido altera

substancialmente o conceito e o compromisso de administradores, antes voltados para o

progresso e a modernidade, preferencialmente em áreas urbanas que, em pouco tempo,

tinham amputado os seus núcleos mais significativos - edificados em séculos, destruídos

em dias.

Iniciado em outubro de 1975 e concluído em 1978, o Plano de Preservação dos Sítios

Históricos da Região Metropolitana do Recife – PPSH/RMR, elaborado com o apoio do

CNPU, órgão da Secretaria de Planejamento da Presidência da República, e da

Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE, com aporte financeiro

desta, reflete a disposição do Estado, no âmbito da atuação metropolitana, de se colocar

como agente no papel de assegurar a preservação do patrimônio cultural. Evidencia-se,

nessa ocasião, o entendimento de que o desenvolvimento social poderia estar embasado

na proteção da cultura de seu povo, constituindo condição de avaliação a conservação

dos testemunhos históricos, no processo de aperfeiçoamento das expressões culturais.

Para sua elaboração foram estabelecidos alguns pressupostos:

� a preservação e a valorização dos conjuntos históricos, memória do processo

evolutivo brasileiro, são consideradas “potencializadoras” da qualidade ambiental

e fator de amenização da qualidade de vida metropolitana; e,

� os fatores de crescimento e desenvolvimento das cidades, isoladamente, não

constituem razões suficientemente fortes para a eliminação e descaracterização

desses espaços urbanos; ao contrário, têm seu valor acrescido pela

especificidade do seu patrimônio.

O PPSH/RMR retrata o momento em que foi incorporada a questão da valorização dos

ambientes históricos e culturais nas diretrizes de desenvolvimento urbano e regional, e

inova quanto à importância do processo de conscientização e envolvimento dos poderes

locais na implementação de ações preservacionistas, servindo de modelo para outras

regiões do Estado.

Page 118: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Neste Plano há que se considerar a importância e as limitações do papel do Governo:

� Como Agente Normativo

⎯ antecipando-se aos processos em vigência;

⎯ sem condições de exercer o controle.

� Como Patrocinador das Intervenções

⎯ na condição de agente financeiro;

⎯ sem condições de arcar sozinho com esse ônus.

O PPSH/RMR traça diversos objetivos, voltados basicamente para assegurar a

convergência das intenções de desenvolvimento socioeconômico e da preservação das

manifestações culturais na RMR. Nesse sentido, orienta o estabelecimento de

dispositivos institucionais e técnicos que pudessem assegurar a preservação dos sítios

da RMR, promover a revitalização dos ambientes históricos da RMR, como um dos

elementos de sustentação do processo de desenvolvimento socioeconômico da RMR, e

inventariar as expressões culturais do processo histórico da ocupação humana na RMR.

Na sua introdução, o PPSH enuncia:

“A quantos incumbe promover o desenvolvimento social, entendido como processo de contínuo aperfeiçoamento das expressões culturais de uma comunidade, parece indiscutível a necessidade de proteger e conservar os testemunhos históricos desse processo. Seja porque permitem à sociedade, a inteligência do seu presente, seja porque constituem elemento de sua própria identidade, seja porque servem de referência ao juízo do estágio cultural, atual e desejado da comunidade.”

Assim, oficializa o papel do Estado como indutor da preservação do patrimônio cultural de

uma comunidade (região) sob a sua responsabilidade, e sua função de assegurar a

referência cultural, enquanto agente responsável pela continuidade dos movimentos em

prol da preservação, a exemplo do Compromisso de Brasília – 1970, e o Documento de

Salvador – 1972 (onde está clara a necessidade de preservar “conjuntos”, numa ação

mais ampla, e não apenas a preservação de peças isoladas). Ao contrário das políticas e

estratégias traçadas até então que nem sempre asseguraram a proteção de uma cultura;

esses movimentos sugerem concentrar esforços para que o desenvolvimento

socioeconômico esteja embasado na ação preservacionista, constituindo condição sine

qua non, sob o ponto de vista cultural, econômico e urbanístico.

Page 119: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Sobre essa questão há que se refletir sobre o papel soberano do Estado: por um lado,

como legislador dos bens, exercendo um papel normativo, e, por outro, a natureza de

suas intervenções, que permitem o entendimento de que o custo das intervenções

ficavam sob a responsabilidade quase exclusiva do setor público, provocando um certo

descompromisso da sociedade com a proteção.

Embora as décadas de 1970 e 1980 marquem a montagem de um sistema nacional de

preservação do patrimônio cultural, cumpre destacar que nesse período não há uma ligação

evidente entre a política de desenvolvimento econômico e a política de preservação do

patrimônio cultural.

Para a valorização e preservação do patrimônio histórico o PPSH/RMR prioriza ações de

caráter preservacionista, chamando a atenção para o fortalecimento dos órgãos de controle e

proteção do patrimônio histórico e artístico da RMR.

No que tange às ações de caráter ambiental, notadamente as de proteção dos recursos

naturais, enfatiza a sua proteção associada à potencialidade do uso turístico no processo de

valorização para o desenvolvimento econômico. Não associa, porém, a esse desenvolvimento,

a potencialidade das estruturas urbanas antigas, que se apresentavam em pleno processo de

degradação ambiental nessa ocasião. O enfoque dado até então desagrega, mesmo que

parcialmente, o valor histórico das estruturas urbanas de seu valor ambiental natural, embora já

identifique o processo de dilapidação desse patrimônio, pela ausência de ações objetivas e

profundas de pesquisa e classificação desse patrimônio, destacando os conjuntos ambientais

urbanos como de menor grau. Quanto à proteção dos edifícios de grande valor histórico-

cultural, o órgão nacional de proteção histórica e artística salienta que não há disponibilidade

técnica e financeira para uma atuação que garanta a perpetuidade desses conjuntos antigos.

Por outro lado, a interferência da legislação nas estruturas urbanas quase sempre

aponta para a deficiência dos municípios da RMR quanto aos instrumentos

reguladores, ao mesmo tempo em que o sistema de controle demonstra uma

fragilidade comprometedora. A implementação de programas e projetos assinala o

compartilhamento entre as entidades federais, estaduais e municipais como

exercício da administração metropolitana. Nessa ocasião, são congregados

diversos agentes e profissionais motivados pela preservação. O apoio ao

PPSH/RMR foi dado através da Secretaria de Planejamento da Presidência da

República, pela sua Secretaria Geral e Delegacia Regional; pela Comissão Nacional

Page 120: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

de Regiões Metropolitanas e Política Urbana – CNPU; pela Superintendência de

Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE; pelo Instituto do Patrimônio Histórico e

Artístico Nacional – IPHAN; pela Secretaria de Planejamento do Estado de PE; pela

Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco – FUNDARPE; pelo

Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco – IAHGPE, tendo a

FIDEM como executora do Plano, apoiada pelos seguintes consultores contratados

para tal finalidade: José Antônio G. de Melo, Virgínia Pernambucano, Ulysses

Pernambucano, Clóvis Cavalcanti e Diógenes Rebouças.

Vale destacar o hiato criado entre os papéis do Estado e da sociedade, no sentido de

transformar o conceito predominante, na sua maioria contrário à preservação. Nenhum

processo educativo foi deflagrado para reverter esse entendimento, principalmente pela

característica intrínseca ao processo que acarretava uma profunda desvalorização

imobiliária. Destruições continuavam a ocorrer, na medida em que novas áreas passavam a

ser objeto dos presevacionistas, impossibilitando o controle e a salvaguarda dos bens de valor

histórico artístico, arqueológico e paisagístico, no âmbito nacional.

O PPSH/RMR encerra conceitos e proposições básicas, num nível de abrangência muito

grande, traçando intenções e intervenções, que exigiriam desdobramentos num segundo

momento. A cada projeto anterior poderiam ser acrescentados novos componentes, tais

como maior precisão na delimitação do objeto, classificação dos elementos a preservar e

definição de usos mais apropriados.

Ao período do PPSH/RMR é necessário situar os movimentos em prol da

preservação, destacando-se que, nesse momento, políticas de proteção e de

valorização do patrimônio constituem ainda fato novo no Brasil. Sem se distanciar

muito do período que foi elaborado o Plano – 1976 a 1978, é possível enumerar os

momentos da atuação governamental na direção da preservação de seu patrimônio

cultural. Nesse sentido, cumpre destacar que a atuação federal – 1937– 1970 –

estava voltada para a noção de monumento isolado, associado ao edifício

excepcional. Posteriormente as experiências demonstram a intenção de

conservação, numa visão integrada de conjunto.

O Plano definiu a política de Intervenção direta e o traçado dos perímetros,

contendo o zoneamento a partir da visão física do edifício ou sítio. Enquanto

produto tecnicamente correto, fundamentado em conceitos acadêmicos atuais, o

Page 121: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Plano, estava encerrado dentro das instituições oficiais; por outro lado, era

imposto aos municípios, os possíveis gestores, gerando a não apropriação

decorrente da não participação/envolvimento desses agentes durante a sua

elaboração. A não participação da população nesse processo acarretou

conseqüências graves no tocante à preservação dos bens, principalmente pela

falta de consciência preservacionista. Por outro lado, era pensamento corrente o

de que bens preserváveis eram aqueles edifícios isolados e monumentais que, por

si sós, expressavam a necessidade de preservação, como se os traçados de rua, a

morfologia urbana e as características peculiares não tivessem qualquer ligação ou

interesse cultural na sua preservação.

O momento é agravado pelo início de um processo de produção e oferta, em larga

escala, de novas oportunidades para marcar a modernidade. Demolições foram

feitas, indiscriminadamente, sobretudo quando novas áreas estavam na mira dos

preservacionistas. Não seria possível ao IPHAN, por suas limitações, promover o

inventário de todos os bens de valor histórico, artístico, arqueológico e

paisagístico, em todo o território nacional e, menos ainda, promover e fiscalizar a

proteção desse acervo.

O PPSH/RMR tem natureza teórica e analítica, definindo:

� os princípios fundamentais;

� os objetivos;

� o método do trabalho;

� a identificação e a caracterização dos sítios.

A estrutura programática e operativa desse Plano enfoca a hierarquização dos

sítios, por categoria, ressaltando o posicionamento frente às principais ações a

serem trabalhadas, as proposições gerais e específicas, estabelecendo linhas para

as zonas constituídas, ou seja, para as zonas de proteção rigorosa e para as áreas

ou setores de proteção ambiental, além das indicações para uma programação de

ações do Governo, com as condições de implementação.

O PPSH/RMR traz alguns princípios:

� sítio histórico como sendo todo conjunto ambiental caracterizado pela

qualidade da trama estrutural que a constitui, ou pelas expressões

arquitetônicas singulares;

Page 122: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

� sítio histórico como um bem cultural, representa também um notável

bem econômico e urbanístico, insubstituível;

� sítio histórico não deve ser considerado como um conjunto edificado

inerte, pois os usuários são os responsáveis pela sua animação; a

preservação é entendida como um instrumento vivo, mediante o qual

não se isolam os grupos de edificações que abrigam apenas sombras e

vestígios do passado;

� a preservação, do ponto de vista econômico, constitui uma atividade

de transformação de locais de interesse histórico, resguardando a

fisionomia original.

Como objetivos gerais, o referido Plano visa assegurar a convergência das

intenções de desenvolvimento socioeconômico e de preservação das

manifestações culturais na RMR; orientar o estabelecimento de dispositivos

institucionais e técnicos que assegurem a preservação dos sítios históricos da

RMR; e promover a revitalização dos ambientes históricos da RMR, como um dos

elementos de sustentação do seu processo de desenvolvimento socioeconômico.

Como objetivos específicos o PPSH ressaltou a necessidade de:

- delimitar zonas de preservação rigorosa e ambiental de cada sítio histórico da

RMR;

- instituir ou reestruturar órgão oficial com poderes para, no âmbito da RMR, tombar

ambientes culturais e fiscalizar o cumprimento das normas;

- definir normas de uso do solo, especificando os tipos de intervenção permitidos, nas

zonas de preservação delimitadas, na RMR;

- propiciar a incorporação, na legislação dos Municípios da RMR, das delimitações das

zonas e das normas de preservação dos sítios históricos.

- Estabelecer critérios de propriedade para a execução de obras preservacionistas, a

nível metropolitano;

- Promover campanhas de esclarecimento dos poderes públicos e da população acerca

das necessidades e das conseqüências da preservação dos sítios históricos da RMR;

- Identificar fontes de recursos e mobilizá-los para execução de projetos de

preservação dos sítios históricos da RMR.

Page 123: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

O desenvolvimento metodológico, com a utilização de informação documental,

observação direta e análise comparativa, possibilitou uma pesquisa histórica, que

apontou inicialmente um universo de 130 sítios a serem estudados. Análise de

historiadores nas informações colhidas, em modelo adotado pela UNESCO,

complementada por levantamento fotográfico e por pesquisas de campo, permitiu uma

classificação que apontou 7 categorias, num total de 83 sítios, a seguir descritos, onde

mais de 50% se localiza em Recife e a concentração de sítios rurais está mais

concentrada nos municípios de Moreno e Cabo. Quadros em anexo apresentam os sítios

por categoria nos municípios metropolitanos.

Categoria 1 – Sítios Tombados – ambientes urbanos ou rurais, protegidos por

legislação federal, a cargo do IPHAN, totalizando 4 áreas;

Categoria 2 – Conjuntos Antigos – complexos urbanos notáveis, formados por

edificações típicas, com exemplares de excepcional arquitetura ou núcleos de

forte significado histórico para a cidade onde se situam. Elementos encontrados

com forte descaracterização, em constantes processos de modificação, em

função de usos e padrões culturais, totalizando 15 áreas ou conjuntos;

Categoria 3 – Edifícios Isolados – exemplares excepcionais de arquitetura

religiosa, civil, militar ou oficial, com ambiência comprometida ou sob ameaça pela

ocupação espontânea ou permitida, com edificações em geral mais recentes, que

necessitam ser melhor disciplinadas, a fim de preservar a escala do monumento.

Enquadram-se nessa categoria os edifícios antigos, assim como alguns

exemplares dos anos 30, do Século XX, que figuram na história da arquitetura

brasileira como pioneiros na aplicação dos princípios da arquitetura moderna.

Totalizam 36 áreas de arquitetura isolada;

Categoria 4 – Povoados Antigos – conjuntos urbanos que já tiveram razão

econômica ou de defesa, em certo período, mas que entraram em processo de

decadência. Neste caso foram classificados 3 conjuntos;

Categoria 5 – Sedes de Engenho – testemunhos da primeira ocupação territorial

da RMR, representam a cultura canavieira e constituem um conjunto edificado na

Page 124: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

zona rural, composto pela Casa Grande, como a residência original do dono de

engenho; a Senzala, como habitação destinada aos escravos; a Capela, como

símbolo da religiosidade; e, a Moita, local onde se moía a cana-de-açúcar e se

fabricavam seus derivados. Existiam 13 exemplares distribuídos na zona rural da

RMR, com apenas 3 completos;

Categoria 6 – Ruínas – edificações em processo avançado de deterioração

construtiva, constituindo preciosidades de um passado longínquo, desde que

consolidadas as suas estruturas ainda existentes. Nessa categoria foram

classificadas 7 edificações;

Categoria 7 – Vilas Operárias – conjuntos habitacionais edificados na vizinhança

das indústrias que se fixaram na RMR, em fins do Século XIX e princípios do

Século XX. A construção dessas Vilas resultou da iniciativa das indústrias,

compondo notáveis exemplares, pelo pioneirismo da ação e pela tipologia

arquitetônica. Totalizam 5 conjuntos.

Como medidas implementadoras e garantia da preservação são estabelecidas como

ações prioritárias:

� Instituir ou reestruturar órgão estadual, com atribuições de tombar e

fiscalizar os sítios na RMR, bem como de analisar projetos de obras

nas ZPR’s e ZPA’s, cumprindo o que determina o PPSH/RMR;

� Implementar, a curto prazo, as ações de natureza normativa

propostas pelo PPSH/RMR;

� Elaborar projetos globais de preservação dos sítios históricos, objeto

do PPSH/RMR;

� Estabelecer processo de conscientização das autoridades e da comunidade

metropolitana, garantindo a execução do PPSH/RMR.

5.1.3. O Plano Diretor do Sistema de Parques Metropolitanos

Entre os anos de 1979 e 1980, o Governo do Estado de Pernambuco, através da

FIDEM, buscou condensar em um único documento estratégico as questões

relativas à promoção do desenvolvimento sociocultural e melhoria da qualidade

Page 125: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

de vida, mediante a elaboração do Plano Diretor do Sistema de Parques

Metropolitanos – o PDSPM, finalizado em meados de 1980, dando seqüência ao

que preconizava o PDI/RMR em termos de um planejamento mais detalhado para

determinadas áreas. Esse Plano apontou os procedimentos, os instrumentos e as

diretrizes para a implementação do que se chamou um Sistema de Parques

Metropolitanos para a RMR (ver Mapa 4).

Esse Plano passou a ser um importante instrumento de planejamento de caráter

preventivo e estratégico, além de indutor das ações capazes de assegurar a

transformação do território, no sentido de abastecer a comunidade metropolitana

de espaços verdes, com as condições favoráveis ao desenvolvimento físico e

intelectual, no que tange à oferta dos espaços de lazer, recreação, contemplação

e esportes.

Semelhante a outros centros regionais brasileiros, a RMR vivia um processo de ocupação

dos espaços, com uma crescente especulação imobiliária, acarretando uma periferização

urbana de má qualidade. Este processo estava nitidamente marcado pela exploração

urbana e não pela sua qualificação como metrópole emergente. A velocidade imposta

pela especulação não era respondida pela capacidade instalada do setor público de dotar

o território de infra-estrutura urbana e ambiental capaz de satisfazer as condições de

conforto urbano e ambiental. Nem mesmo as políticas para os setores de transportes e

habitação71 foram capazes de assegurar as condições ambientais adequadas, sendo

responsáveis apenas por rasgar o território e permitir a mobilidade e a acessibilidade

desejada sem, no entanto, promover as compensações ambientais que poderiam ter se

acoplado a esse desenvolvimento, trazendo qualidade ao espaço metropolitano e

condições necessárias ao ser humano, haja vista os vultosos investimentos.

O Plano de Desenvolvimento Integrado da RMR – PDI/RMR (1975) abordou as questões

pertinentes aos parques metropolitanos, identificados no contexto de um Programa de

Recreação e Lazer para a RMR, associando a necessidade de proteger os bens culturais

da sociedade metropolitana. O desenvolvimento do PDSPM/RMR contou com uma leitura

da realidade metropolitana, de suas carências, para assim apontar a necessidade de

71 A década de 70 trazia consigo os grandes planos e no caso específico do setor de transportes os investimentos ultrapassavam em muito os recursos responsáveis, por exemplo, para uma política habitacional e de tratamento dos espaços público. Entre os anos de 1964 e 1985 foi implantado o Sistema Financeiro de Habitação, responsável por 4 milhões de unidades habitacionais no Brasil, insuficientes à demanda existente.

Page 126: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

políticas capazes de garantir a qualidade da vida futura dessa metrópole.

O PDSPM/RMR apresentava um caráter estratégico, respaldado pelo Plano Nacional de

Desenvolvimento, para o período de 1980-85, e tinha como objetivo o estabelecimento

das bases de um sistema de parques para o lazer público de massa. Esse sistema era

voltado mais para o que se determinou como parques metropolitanos, como unidades

componentes de um todo, na medida em que se inter-relacionam administrativa e

operacionalmente.

Nas suas diversas abordagens, o PDSPM/RMR define uma política metropolitana para

parques, com objetivos e metas, além de estabelecer diretrizes espaciais, setoriais,

institucionais e administrativas, da mesma forma que explicita os instrumentos normativos

e operacionais, capazes de atender aos objetivos propostos, finalizando por traçar as

linhas de ação de cada unidade, com a definição de sua implementação.

Como de praxe em planos elaborados nesse período, havia a preocupação em estimar a

demanda, sendo nesse caso o ano 2000, o prazo final para o horizonte do planejamento,

tendo sido estabelecido que as referidas áreas deveriam cumprir múltiplas funções,

relacionadas aos interesses e necessidades dos cidadãos metropolitanos, buscando

atingir uma melhoria na qualidade de vida das pessoas e assegurando equipamentos

capazes de suprir as necessidades de lazer e recreação dessa comunidade, além de

preservar espaços, no território metropolitano. Nesse sentido estabelece como estratégia

que a expansão das áreas e dos equipamentos para recreação e lazer devem estar

próximas às concentrações urbanas; que algumas áreas já urbanizadas devem adaptar-

se à prática do lazer, melhorando espaços já existentes; que o apoio aos programas de

lazer, devem estar associados aos programas sociais, na medida em que envolvam as

mesmas comunidades para recuperação e desenvolvimento de propostas nesse sentido;

adequando sempre que possível a política educacional e de saúde as ações voltadas

para o lazer, a recreação e os esportes.

Enquanto plano diretor objetivava atingir a definição de formas e procedimentos para a

implantação e operação de um sistema de parques, respaldado por uma política realista

e consciente da ação coordenada dos diversos órgãos e instituições que atuam, direta ou

indiretamente, no setor, além de estabelecer a priorização de implantação das áreas

selecionadas, chegando ao estabelecimento de programas, com custos e fontes para

viabilização desses empreendimentos.

Page 127: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

O PDSPM/RMR está dividido nos seguintes itens:

� os condicionantes da política de parques;

� definição dos pressupostos, de natureza política e técnica;

� as linhas para implantação e administração dos parques na região, por objetivos e

metas;

� as diretrizes normativas e os instrumentos necessários à implantação;

� a estrutura necessária, estabelecendo a diferenciação entre parques locais e

metropolitanos;

� as ações necessárias, as condições de implementação, seus custos e possíveis

fontes de financiamento.

No tocante aos condicionantes da política metropolitana de parques, foram dispostos: o

quadro natural, a realidade da infra-estrutura física, o contingente demográfico, os

elementos sócio-culturais, a dimensão e os caracteres da clientela, os fatores político-

institucionais e a disponibilidade de espaços físicos.

Do ponto de vista metodológico e estatístico, cumpre salientar o grande universo de

informações, característica de planos desse período, muitas das quais sem a

aplicabilidade para a definição das áreas, a exemplo das diversas tabelas que o integram,

como a que trata das áreas de recursos hídricos por município, que sequer apresentar

dados percentuais dessas áreas para, no mínimo, estabelecer uma relação de

apropriação ou equivalência. Nas considerações feitas para as praias oceânicas, também

recai sobre considerações feitas, em detrimento da sua aplicação, como neste caso, que

quantifica por município e capacidade de atendimento, onde foi considerado o índice de

1.000 usuários por hectare, como taxa de ocupação confortável. Neste caso a

capacidade das 30 praias, ou 68 km de faixa litorânea, estariam disponíveis para 239.350

pessoas, não aparecendo neste sentido nenhuma análise da capacidade de atendimento

ou de superação das necessidades concretas da população atendida, por faixa etária, por

exemplo.

A tabela de cobertura vegetal, também por município, diferentemente das demais traz as

diversas classificações da vegetação existente no município e o somatório da categoria,

sem, contudo estabelecer percentuais de déficit ou superávit. Por exemplo, Paulista se

apresenta como a maior área de vegetação tipo capoeirão (mata), representando cerca

de 30% do município e 27,9% do total de capoeirão da RMR. Já o município de Igarassu

Page 128: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

chega a 45% do total de vegetação tipo capoeira de toda a região. Recife e Cabo

superam os demais na categoria capoeirinha, sendo Igarassu o mais representativo em

termos de vegetação de mangue. No caso de uma análise mais seletiva o município de

Igarassu estaria no primeiro rank nos diversos tipos tratados.

Já a tabela que trata da população vem trazendo além da população total de RMR, com

dados dos censos de 40 (553.846 hab.), 50 (819.256 hab.), 60 (1.225.992 hab.) e 70

(1.791.322 hab.), a população por município onde se destaca o crescimento na ordem de

67,60%, 66,82% e 68,44%, respectivamente entre os períodos tratados, salientando-se

que entre 60 e 70 há um crescimento maior.

Outra leitura que se percebe é a superioridade do crescimento urbano, onde a taxa de

crescimento rural é quase constante chegando a ser igual entre as décadas de 40 e de

70, permitindo-se afirmar que essa constância representa uma redução substantiva, haja

vista o crescimento real da população urbana. Importante destacar também é o

crescimento mais veloz de alguns municípios, a saber: em primeiro lugar Jaboatão que

tem sua população acrescida em 5,6 vezes; Olinda que também cresce 5,3 vezes sua

população; o Recife que triplica sua população.

Ainda quanto aos dados da população, a estimativa para os anos de 1980 e 2000

chegava, em muito, a superar o crescimento atual, principalmente porque eram

considerados como estimativa de crescimento as projeções dos índices presentes, por

município, em taxas elevadas, o que acarretaria no quadro apresentado, onde a

população prevista para a RMR no ano de 1980 totalizaria 2.668.149, chegando a

4.946.006, no ano 2000. Ora, as décadas de 80 e 90 apresentaram respectivamente

índices bem inferiores àqueles que vinham acontecendo no Brasil e nas suas regiões

metropolitanas, mesmo considerando-se o fluxo constante de migração rural, o que

significa dizer que mesmo com índices baixos de crescimento da população que chega

hoje (ano 2000) na RMR a um total de 3.333.603 habitantes, abaixo das previsões, as

constantes mudanças da população do campo para as cidades continuaram em ritmo

acelerado.

A importância das tabelas que tratam da estrutura etária por município e os totais gerais e

percentuais representam um esforço de estimar a capacidade de suporte das áreas

selecionadas, nas suas diferentes ofertas, considerando as respectivas faixas de idade

da potencial clientela. No tocante a relação da população economicamente ativa e o setor

Page 129: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

de atividade há um claro demonstrativo de que 70% dessa população concentram seus

esforços nas atividades do setor terciário, o que fortalece a diretriz de que,

concretamente há necessidade do estabelecimento de políticas que venham a favorecer

a qualidade de vida, através do suporte de oferta de espaços e equipamentos de lazer.

Quanto à análise da distribuição da população economicamente ativa, por classe de

renda, em 1970, cumpre-se destacar que há um alto índice dessa população situada na

faixa de até 1,5 salário mínimo, chegando a 64,3% na RMR, com destaque para o

município de Moreno que alcança a taxa de 89,4%, demonstrando nitidamente o alto

índice de pobreza ou comprometimento da renda familiar com atividades recreativas

pagas, conseqüentemente impossibilitando o lazer, a exceção daquele que esteja ao seu

alcance, sem gerar despesas.

Considerando que a FIDEM trabalhava, naquele momento com um cadastro de

equipamentos sociais, por município, esse suporte ao Plano foi de fundamental

importância, muito embora não tenha sido feita uma pesquisa mais real, com a população

da RMR, sobre suas necessidades e suas práticas de lazer. O uso do conhecimento

desse cadastro aponta para a existência de 239 praças e parques na RMR, 24 cinemas,

141 clubes e associações, 40 bibliotecas e centros culturais, 254 bares, restaurantes e

lanchonetes e 93 hotéis, motéis e hospedagens, além de demonstrar a existência de

equipamentos de educação, saúde, creches e de segurança. Numa análise preliminar

observa-se que Moreno é o município com menos oferta de parques e praças,

apresentando apenas 2 áreas. Seguem Itamaracá e Cabo, com 06 e 08,

respectivamente, devendo-se levar em consideração que estes municípios tem praias.

Recife dispara na frente com 144 áreas. Esta contagem preliminar não leva em

consideração a situação dessas áreas e a possibilidade delas suprirem, enquanto oferta

de lazer e diversão às necessidades da população.

As áreas existentes nesses municípios, em dimensão, não permitem uma análise

qualitativa, entretanto aponta o total de áreas, em metros quadrados, possível de serem

utilizadas. Dessa forma verifica-se que Moreno, apenas com 2 áreas equivalente a 4.800

m2, oferta, em termos reais, mais área do que Itamaracá, este com 6 áreas, que totaliza

4.500 m2, que chega perto do Cabo, que com suas 8 áreas, tendo 5.000 m2.

Page 130: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Foi destacada a responsabilidade compartilhada na transformação da RMR com

destaque para as administrações municipais e de segmentos estaduais e federais, sem

contudo, desconsiderar a importância do setor privado. Havia uma menção sobre a

capacidade de se criar ou mesmo estabelecer um sistema público de lazer, capaz de

suprir as necessidades do cidadão. Um sistema composto por unidades capazes de se

relacionar administrativa e operacionalmente, permitindo a melhor utilização dos espaços

selecionados, na maioria, subutilizados.

5.1.4. Sistema de Parques Metropolitanos

Outro importante referencial para a questão dos parques metropolitanos foi o documento

Sistema de Parques Metropolitanos, elaborado pela FIDEM em 1986, na Série de

Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente. Apresenta-se identificando a plena

necessidade dos parques e espaços vegetados para o estabelecimento e a manutenção

do equilíbrio das relações do homem com a natureza, visando à melhoria da qualidade de

vida e a valorização da paisagem urbana. Realça ainda a importância do respeito às

áreas verdes e seu uso público para entretenimento e lazer, por serem não só

desejáveis, mas também testemunhos da cultura dos povos.

A proposição de um sistema de parques metropolitanos reforça a idéia anterior de

constituir no território metropolitano a oferta de oportunidades diferenciadas de lazer,

criando espaços de amenidades e de paisagem e preenchendo uma lacuna no que diz

respeito ao lazer público de massa, simbolizado através dos parques e jardins ou ainda,

pela conservação das áreas de reservas ambientais. Tal oportunidade reforça o

entendimento da necessidade de se criar espaços para o exercício de atividades

desportivas e sócio-educativas para as diferentes faixas da população, com foco na

população mais carente.

Na introdução do documento é destacada a necessidade do contato com a natureza,

enfocando seus benefícios, enquanto possibilidade da população em usufruir a

amenidade urbana que os referidos territórios dos parques metropolitanos poderão trazer

para as cidades.

No momento desse plano são registrados 1.460 ha, considerando-se 6 parques: Parque

de Salgadinho, na histórica cidade de Olinda, mas especificamente na zona intersticial

entre Recife e Olinda; o Parque do Janga e do Timbó, em Paulista, o Parque da Lagoa

Page 131: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Olho D’Água, no município de Jaboatão dos Guararapes e finalmente o Parque do

Encanta Moça e do Jiquiá, em Recife.

Com a reserva dessas áreas, conforme disposto no Mapa 5, pretendeu-se atingir um

índice positivo em termos da oferta de áreas verdes por habitante na RMR, como

também possibilita a garantia de proteção das áreas de remanescentes de mata atlântica

e de manguezal, além de áreas específicas de coqueirais.

Como problema destaca a questão do crescimento avassalador por uma especulação

imobiliária que vem comprometendo os espaços das cidades, além de uma deterioração

incontrolável nas periferias urbanas. No sentido de regular o crescimento urbano

acelerado e de suprir déficits de equipamentos de lazer para a população, essa proposta

visa a imediata adoção de medidas para desencadear o desenvolvimento dessas áreas.

O objetivo a ser perseguido reflete a preocupação em implantar um sistema com

unidades capazes de se interrelacionarem administrativa e operacionalmente,

aproveitando os recursos da melhor maneira possível, com instrumentos capazes de

assegurar o exercício de atividades recreativas, culturais e desportivas, livres ou

supervisionadas. Assim, fica registrado o esforço em implantar uma política de integração

dos recursos disponíveis ou mobilizáveis, potencializando seu uso, resultante de uma

articulação entre os diversos setores envolvidos, seja do setor público, seja do setor

privado.

Como objetivos foram traçados:

� adotar o espaço físico-territorial da RMR de equipamentos públicos de lazer que

contribuam para a otimização do seu ordenamento e uso, assim como para a

preservação dos seus recursos naturais, históricos e culturais;

� assegurar, a todas as faixas de idade e classes sociais da população

metropolitana, a provisão de áreas de lazer e convívio social compatíveis com as

suas necessidades e preferências;

� criar um conjunto operacional e administrativamente articulado, de áreas de lazer,

em espaços abertos na RMR;

� distribuir espacialmente as áreas de lazer da RMR, em função dos usuários de

modo a assegurar o atendimento de suas necessidades e preferências;

� capacitar espaços livres existentes na RMR para atender à demanda de lazer, em

todas as suas modalidades;

� dotar as atuais áreas de lazer da RMR com equipamentos que facultem a

Page 132: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

elevação do nível cultural e a integração da comunidade metropolitana, assim

como a ampliação das oportunidades de contato da população com a natureza.

Observa-se, assim, uma preocupação com o estabelecimento de uma política de

valorização do meio ambiente e melhoria das condições de vida urbana, partindo-se de

imediato para a priorização de 6 áreas, como forma inicial de descentralizar a oferta

desses equipamentos de porte e ampliar significativamente as áreas de lazer para a

população. Destacam-se, ainda, mais 6 áreas complementares. São os parques:

� Parque de Itamaracá;

� Parque de Tapacurá;

� Parque Armando Holanda

� Parque histórico Nacional dos Guararapes;

� Parque Capibaribe;

� Horto de Olinda.

5.1.5. O Plano Diretor da RMR – Metrópole 2010

Esse Plano foi elaborado de forma participativa, contando com o envolvimento de

técnicos, políticos e decisores nos três níveis de governo, assim como de representantes

da sociedade civil organizada. Foram realizados diversos workshops, entrevistas com

atores relevantes, grupos técnicos de trabalho interinstitucionais e seminário itinerante

nos municípios. Utilizou-se, sobretudo, do espaço institucional do Conselho de

Desenvolvimento da Região Metropolitana – CONDERM e das Câmaras Técnicas

Setoriais Metropolitanas. O Plano Diretor da Região Metropolitana do Recife, intitulado

METRÓPOLE 2010, foi concluído e aprovado pelo CONDERM em setembro de 1998.

Entendido como a construção de um futuro com sustentabilidade para a Região

Metropolitana do Recife, o METRÓPOLE 2010 conta com 2 partes, sendo a primeira

intitulada “Tendências do Planejamento Metropolitano”, voltada para a análise da região,

iniciando pelo processo histórico de configuração da metrópole, destacando o modelo

anterior da organização do espaço e as transformações recentes, e, partindo ainda para

a definição de um novo quadro de desenvolvimento regional.

A segunda parte, se constitui numa abordagem sobre os futuros possíveis dessa região,

a partir da formulação de Cenários, num total de 4, que levou em consideração as

tendências gerais do ambiente externo, além dos condicionantes endógenos e exógenos.

Page 133: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Nesse contexto, ainda são enfocados as potencialidades e os desafios para o

desenvolvimento dessa metrópole.

Conhecida a realidade metropolitana, em suas várias dimensões, são propostos os

territórios de oportunidades, definidos como sendo espaços ou territórios irradiadores de

desenvolvimento, sendo estratégicos em termos de oferta de oportunidades para o

desenvolvimento de atividades e implantação de novos empreendimentos, e estratégicos

ainda, para o desenvolvimento metropolitano, que no futuro próximo, estabelecido para

2010, terão uma situação desejada, considerando que a estratégia traçada para isso

tenha por foco o aproveitamento das potencialidades, principalmente das existentes nos

territórios de oportunidades, associando condições de uso e ocupação do solo,

fundamentada na reconquista e requalificação geral do espaço metropolitano, por

conseguinte agregando valor a esse tecido específico da metrópole.

A estratégia do Plano se baseia no conceito “de desenvolvimento sustentável, entendido

como um processo de mudança e de elevação das oportunidades sociais capazes de

compatibilizar, no tempo e no espaço, o crescimento econômico, a conservação dos

recursos naturais e do meio ambiente e a eqüidade social”.

Mapa 8 – Plano Diretor da RMR – Uso do Solo Proposto

Page 134: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Fonte: Plano METRÓPOLE 2010. FIDEM.1998

É uma proposta fundamentada na diversidade das formas de urbanização (unidades

ambientais), procurando agregar os elementos básicos, que são (os sistemas naturais, as

redes de serviços e de mobilidade de pessoas e informação), que mantêm a agregação

entre as partes, de forma a alcançar um tecido urbano integrado. Assim, a essência da

proposta constitui o planejamento ambiental (natural, cultural e histórico) e o das redes de

mobilidade, informação e serviços. Buscou-se, portanto, o melhor aproveitamento das

potencialidades existentes, capaz de elevar as oportunidades sociais, associada a

especificidades territoriais, conferidas por vocações econômicas, oferta e capacidade de

expansão de infra-estruturas e qualidades ambientais.

Nada foi possível tratar sem que se conhecessem as principais linhas que constituíram o

espaço metropolitano, com suas tendências de crescimento, os futuros possíveis, as

potencialidades, desafios e condicionantes externos e internos ao desenvolvimento. Com

Page 135: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

o conhecimento da realidade e feitas as análises foi possível delinear as propostas para o

redirecionamento das práticas de ocupação, no sentido de garantir a sustentabilidade

ambiental, no médio e longo prazo.

Na construção dos cenários de futuro para a região foram identificadas as “incertezas

críticas” que correspondem aos condicionantes com um elevado grau de incerteza e que

são fortemente relevantes e impactantes, sendo em seguida identificados àquelas que

também tem elevado grau de relevância e impacto, porém com um considerável nível de

previsibilidade de acontecer, as chamadas “mudanças pré-determinadas”.

Principais Incertezas Críticas para o Futuro da RMR:

� Padrão de Qualidade Educacional:

� Desenvolvimento Intra-Metropolitano

� Migração para a RMR

� Expansão das Atividades Terciárias

� Controle do Espaço Urbano Metropolitano

� Qualidade dos Serviços de Saneamento e Controle do Meio Ambiente

� Base Científico-Tecnológica Diferenciada

� Gestão Compartilhada das Funções Públicas de Interesse Comum Metropolitana

� Rumos da Economia Brasileira

� Redução do Peso do Setor Público

� Avanço Tecnológico no Brasil e no Mundo

Mudanças Relevantes Pré-Determinadas para o Futuro da Região Metropolitana do

Recife:

� Riqueza e Diversidade Cultural e ambiental

� Localização Geográfica privilegiada

� Crescente Envelhecimento Populacional

� Presença de Segmentos Empresariais Extra-Regionais

� Insuficiência de Recursos Públicos para Investimento

� Crescente Exigência de Qualificação de Recursos Humanos

� Tendência de Valorização da Coleta e Tratamento de Esgotos

� Municipalização dos Serviços Sociais Básicos (Saúde e Educação)

� Crescimento dos Fluxos Turísticos no Brasil e no Mundo

� Tendência ao Encarecimento da Água

Page 136: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

� Sensibilização e apoio Mundial às Questões Ambientais.

A construção de cenários considera alternativas e os contextos internos e

externos que necessariamente influenciam os resultados. No caso do PDRMR,

quatro futuros alternativos para a metrópole recifense foram estabelecidos. Em

todos foram consideradas as dependências do desenvolvimento sócio-econômico

e político-institucional do Brasil. Assim, o PDRMR estabelece os 4 cenários a

seguir dispostos, possibilitando contextualizar as áreas de proteção ambiental da

RMR e os parques metropolitanos.

Cenário 1 - Estagnação Econômica com Inércia dos Atores e Agravamento Social

Combinação de crise econômica e instabilidade político-institucional

sem um projeto alternativo, concebido pelos metropolitanos;

Cenário 2 - Crescimento Econômico com Hegemonia Liberal

Predomínio do modelo de desenvolvimento de cunho neoliberal,

marcado pela estabilidade econômica, retomada do crescimento e

redução da presença do Estado na promoção de políticas sociais e

regulação da economia com um projeto de desenvolvimento

metropolitano que privilegia a lógica de mercado;

Cenário 3 - Crescimento Moderado com Políticas Compensatórias

Cenário nacional de estabilidade com exclusão e restrições de verbas

federais, mediado por uma proposta alternativa, do Governo do Estado

e alguns Governos Municipais, para promoção de um desenvolvimento

com políticas sociais e ambientais mais ativas;

Cenário 4 - Crescimento Econômico com Respeito ao Meio Ambiente e Justiça

Social

Combinação de um cenário nacional de estabilidade política e

econômica, com o Estado exercendo efetivamente as funções de

promotor de políticas sociais e regulador da economia, com um

contexto metropolitano balizado por um projeto pactuado pelos diversos

Page 137: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

atores metropolitanos em torno de um desenvolvimento em bases

sustentáveis.

Ao se colocar a questão do desenvolvimento em bases sustentáveis, evidencia-se

o meio ambiente, de maneira que o projeto de desenvolvimento tende a dar uma

atenção especial às questões da consciência ecológica, permeado pelo maior

controle e fiscalização por parte do setor público. Aponta-se, portanto, a

necessidade de se estabelecer um zoneamento espacial, contendo as áreas de

proteção ambiental e paisagística, preservadas ou não, todas buscando apoio na

sua execução, e buscando apoio financeiro na iniciativa privada. Complementam

essa proposta as ações de saneamento básico, com novas formas de tratamento

de esgotos e lixo e com os mananciais devidamente protegidos.

Esta proposta se situa em bases atuais, principalmente por estar de acordo com

os movimentos internacionais e políticas de desenvolvimento. O modelo de

desenvolvimento sugerido passa a dar relevância à questão ambiental, nos

moldes dos avanços conseguidos pelos movimentos ambientalistas do mundo

inteiro.

O PDRMR, o METRÓPOLE 2010, faz uma análise detalhada do meio ambiente da

região, principalmente no tocante à conservação dos recursos paisagísticos. Nesse

contexto, apresenta a situação crítica em que a região se encontra, destacando como

causas principais: a expansão desordenada das cidades, as atividades econômicas

desenvolvidas sem o devido controle do uso dos recursos naturais e sua destinação final

e o lazer depredador, como sendo os maiores responsáveis pelo atual comprometimento

do meio ambiente na RMR.

A abordagem do lazer, como um elemento a ser trabalhado na região, é de todo

relevante, considerando-se sua escassez na oferta das diferentes modalidades, seja pela

forma como vem sendo empreendido, levando a comprometer algumas das áreas

consideradas de interesse da população, seja pela ausência de propostas e projetos que

permitam tratar o território com perspectiva de uma conservação integrada. A

conservação e a valorização da qualidade ambiental conferem identidade, caráter e

legibilidade aos lugares, contribuindo para o bem-estar e melhoria da qualidade de vida.

Page 138: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

A cobertura vegetal, a fauna, os cursos d’água, além dos elementos construídos pelo

homem, constituem assim um bem único, não-renovável, de cuja conservação depende o

futuro da Região.

O PDRMR, ao abordar o comprometimento do meio ambiente em todo o território

metropolitano, destaca o processo de degradação do solo por cortes e aterros

indiscriminados, com loteamentos implantados de diferentes formas, exploração de

jazidas e atividades agrícolas, degradadoras, provocando na maioria as vezes o

desmatamento e à erosão. Aterros indiscriminados de mangues, lagoas e riachos são

comuns em todas as praias do litoral, onde aparece uma contraditória questão – a

riqueza do potencial pesqueiro, incluindo a pesca artesanal dos considerados frutos do

mar, gerando emprego e sustentação a diversas famílias e, de outro, o processo de

degradação, que, a cada dia, tem reduzido essas potencialidades.

O comprometimento dos rios da região, principalmente por despejo de dejetos, em

função da ausência de saneamento básico, notadamente do esgoto sanitário e da

exploração predatória de areia e argila, também está comprometendo, sobretudo, as

áreas de morro de Paulista e de Jaboatão.

Como ponto de destaque, está citada a proteção dos recursos paisagísticos da região,

inclusive as áreas protegidas e os parques metropolitanos. Entretanto, alerta para a

necessidade de sua dinamização, destacando que o esforço havido nas décadas de 70 e

80, de normatização do uso de mananciais, manguezais e sítios históricos, embora

importante, é insuficiente para assegurar sua proteção. Além das leis instituídas na

década de 80, mostra-se necessário prover tais reservas de uso e função específica,

principalmente do ponto de vista econômico e de forma sustentável.

A proposta aponta para um planejamento metropolitano voltado para os processos de

requalificação urbana, agregando valor ao que já existe de específico, de irreprodutível, e

que está vinculado à idéia de lugar. Parte-se, pois, da diversidade das unidades

ambientais e das paisagens significativas, em termos de valores da natureza, cultura e

história, abandonando a visão quantitativa do espaço e ressaltando as qualidades de

cada parte.

O PDRMR aborda a questão dos elementos que permitem a unidade dos espaços,

constituindo elementos de ligação entre as partes, num tecido único. Essa idéia é básica

Page 139: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

para os parques metropolitanos, principalmente pela idéia da unidade de sistemas,

articulando a diversidade de formas urbanas em uma unidade funcional.

Assim o PDRMR destaca que “reconhecer as grandes estruturas do espaço urbano,

sejam elas materiais ou imateriais, destacando que o primeiro tipo de estrutura a ser

considerado é o ambiental/natural, formado pelos sistemas de corpos d’água (rios,

córregos, canais, lagoas, estuários, praias e mar), o sistema de colinas e o sistema da

planície. O segundo tipo de estrutura é aquele construído pelo homem, quais sejam: (i) os

espaços construídos com as suas respectivas morfologias e tipologias, (ii) as redes de

mobilidade dos bens e pessoas (o sistema de transporte e de comunicação,

especialmente as telecomunicações) e (iii) as redes de serviços (abastecimento d’água,

saneamento e energia). O terceiro é o da produção da cultura local. São as instituições e

as redes de criação e disseminação de informação, como as instituições de pesquisa,

ensino superior, treinamento profissional e outras”.

Os territórios de oportunidades, apontados no PDRMR, sintetizam as tendências e

vocações predominantes de cada parcela do território, quais sejam:

� Território de oportunidades A - Turismo e lazer náutico/ecológico;

� Território de oportunidades B - Produtivo/industrial;

� Território de oportunidades C - Turismo ecológico/rural;

� Território de oportunidades D - Terciário moderno / turismo cultural /

formação profissional e científica;

� Território de oportunidades E - Terciário moderno/turismo de negócio/cultural;

� Território de oportunidades F - Turismo ecológico/rural/cultural;

� Território de oportunidades G - Turismo e lazer/náutico/ecológico;

� Território de oportunidades H - Portuário/industrial;

� Território de oportunidades I - Turismo e lazer náutico/ecológico;

� Território de oportunidades J - Produtivo/industrial.

Page 140: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Mapa 9 – Territórios de Oportunidades

Fonte: Plano METRÓPOLE 2010. FIDEM.1998

Apontar os territórios e destacar seus pontos importantes como impulsionadores do

desenvolvimento é um passo no sentido de estabelecer prioridades. No caso dos parques

metropolitanos, a associação dos mesmos aos recursos naturais que o englobam ficou

evidente como é o caso do Parque dos Manguezais e do Parque Metropolitano Lagoa

Olho D’Água, no Território. O primeiro é uma das maiores reservas ambientais de

mangue da região, em área totalmente urbana e o segundo a mais típica lagoa de

restinga do Estado.

No Território G, por outro lado foi, apontado o Parque Metropolitano Armando Holanda

Cavalcanti, das praias do Paiva e de Gaibu/Calhetas como sendo um território de “farta

ocorrência de locais de valor ambiental”, cujos componentes variam das praias extensas

Page 141: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

de rara beleza aos estuários dos Rios Pirapama e Jaboatão, além de um conjunto de

matas de preservação permanente constituído pelas matas do Paiva, Duas Lagoas e

Zumbi.

O PDRMR define um conjunto de ações e diretrizes para o tratamento ambiental do

território metropolitano, com destaque para:

� A elaboração da Agenda 21, possibilitando a ampliação das ações ambientais e

fortalecendo a cidadania e a gestão participativa;

� A perspectiva de elaboração do Plano Estadual de Meio Ambiente, aprimorando a

legislação ambiental através da aprovação do Código Ambiental, para dar suporte a

um controle rigoroso das fontes poluidoras;

� A consolidação do Sistema Estadual de Unidades de Conservação, revendo as

Reservas Ecológicas, criando novas unidades de conservação e incentivando a

criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN’s);

� A implantação de corredores ecológicos de proteção da Mata Atlântica e de

mananciais, integrando e recompondo ecossistemas fragmentados/isolados; e,

� A promoção de uma discussão sobre a erosão marinha, tendo em vista o

encaminhamento de soluções alternativas integradas para o controle do avanço do

mar e gerenciamento costeiro.

Com o horizonte de 2010 para a consolidação das ações e diretrizes propostas,

finaliza suas proposições com as condições para uma ação mais ampliada, no

tocante ao envolvimento da sociedade, destacando:

� a riqueza ambiental da RMR como a grande fonte de desenvolvimento e qualidade de

vida para as gerações atuais e futuras da região;

� o processo de desenvolvimento baseado na realização das potencialidades de cada

um dos territórios de oportunidades;

� a gestão metropolitana com o equilíbrio no processo de desenvolvimento entre os

territórios de oportunidades, de forma a não gerar ou aprofundar as diferenciações

econômicas e sociais entre os mesmos;

� ações com caráter essencialmente metropolitano, representando sempre um

entendimento em termos de interesse comum entre dois ou mais municípios;

Page 142: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

� setor público promovendo a construção de uma metrópole organizada, com qualidade

ambiental e oferta de serviços adequados, condições essenciais para atração de

novos investimentos;

� as formas de urbanização respeitando a especificidade local, evitando a

homogeneização das partes da cidade.

5.1.5. O Plano Metrópole Estratégica

O Plano Metrópole Estratégica foi elaborado com o objetivo de contribuir para um

desenvolvimento metropolitano em bases competitivas e de equidade social, buscando

estratégias que permitam a maior inclusão da população mais carente da região.

Respaldou-se em um pacto metropolitano, articulando Governo do Estado, Governos

Municipais e sociedade para enfrentar os desafios do futuro.

O trabalho contou com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, através da

Diretoria de Estudos Regionais e Urbanos, o Banco Mundial, o Cities Alliance, através do

Projeto - Recife Metropolitan Region City Development Strategy – RMRCDS, em

consonância com o interesse do Governo do Estado de Pernambuco e das Prefeituras

que integram o território metropolitano.

Teve como objetivo desenvolver uma ação de planejamento no sentido de identificar os

impactos das tendências da globalização, mas sobretudo entender e avaliar, com mais

profundidade, as perspectivas de crescimento, as oportunidades econômicas e de

melhoria da qualidade de vida, considerando os resultados de relatórios, conduzidos pelo

Banco Mundial e IPEA, sobre a pobreza e seu crescimento no Brasil, com destaque para

os indicadores da Região Nordeste.

O Plano Metrópole Estratégica resultou do trabalho do Governo de Pernambuco,

através de sua Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Social –

SEPLANDES, de desenvolver uma ação de caráter estruturador, articulando

interesses dos governos estadual e dos municípios da RMR em torno de

propostas transformadoras da sua realidade social, promovendo uma taxa

elevada de inclusão social. Essa parceria permitiu uma ação de grande

envergadura, considerando como pressuposto básico a participação do conjunto

dos municípios que integram essa região, bem como dos segmentos sociais

representativos desse território.

Page 143: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Na RMR, os parceiros que integraram o Plano defenderam um esforço conjunto dos

governos, da sociedade civil e do setor privado para melhor compreender a Recife

Metropolitana e definir estratégias de sua inserção na rede de cidades globais,

potencializando as oportunidades existentes capazes de responder pelo projeto de

inclusão social e projetar a metrópole além do local.

Com base em estudos temáticos, totalizando 16 estudos72 elaborados especificamente

para este plano, o trabalho foi desenvolvido em etapas, através do reconhecimento do

território; de seminários e debates com diversos segmentos sociais, públicos e privados;

com a consolidação e análise de consistência dos estudos; construção dos cenários do

contexto externo e interno; definição dos projetos e intervenções programadas e

prioridades estratégicas; matriz de metas e de indicadores; e, mesa de pactuação e

acompanhamento, que se realizou no âmbito da gestão metropolitana.

O Plano Metrópole Estratégica permitiu traçar as principais estratégias e ações territoriais

para a RMR e apresentar um conjunto de Projetos Territoriais, com metas definidas para

o horizonte temporal de 2003/2007 e 2007/2015, sob dois vetores de desenvolvimento: o

da competitividade e o da habitabilidade com inclusão social, representados pelas

diretrizes abaixo descritas.

Eixo da competitividade:

• Ampliação e integração da infra-estrutura viária

• Educação de qualidade e qualificação profissional

• Inovação e desenvolvimento tecnológico

• Consolidação e articulação da cadeia produtiva de turismo e cultura

• Consolidação e articulação da cadeia produtiva do Pólo Médico

• Consolidação e articulação da cadeia produtiva de serviços educacionais e de

informática

• Consolidação e diversificação da cadeia produtiva agrícola e agroindustrial

• Consolidação e articulação da cadeia produtiva industrial

Eixo da habitabilidade:

• Ampliação e melhoria dos sistemas de água e esgotamento sanitário

72 Os estudos temáticos foram contratados diretamente pelo Banco Mundial, com apoio do Cities Alliance e do IPEA, através de Consultoria local – LÓCUS, tendo os seguintes temas: Violência e segurança; Uso do Solo; Transporte; Trabalho; Serviços municipais; Saneamento; Saúde; Pobreza; Meio ambiente; Lixo; Habitação; Finanças municipais; Educação; Demografia; Crescimento econômico; e, Projetos territoriais.

Page 144: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

• Gerenciamento integrado de resíduos sólidos

• Drenagem e tratamento de encostas de risco

• Habitação de interesse social

• Transporte público de qualidade

• Recuperação do patrimônio natural e construído

• Segurança pública, defesa social e cidadania

• Sistema integrado de saúde

• Formação de espaços públicos para a juventude

• Capacitação para o trabalho e geração de emprego e renda.

Esses eixos partem do pressuposto da existência de um sistema de gestão e

planejamento metropolitano e convergem para a inclusão social e redução da pobreza.

Mapa 10 – Estratégias de Desenvolvimento

Fonte: Plano Plurianual Estadual – 2004-2007, com base no Metrópole Estratégica

A estratégia de desenvolvimento se apóia em vetores que norteiam e orientam as ações

com projetos temáticos e territoriais, expressando o que deve ser feito para desenvolver a

metrópole, definindo prioridades para ajustar as condições e possibilidades de realização,

através das capacidades técnico-operacional e financeira de todos os agentes da região.

Page 145: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Foram definidos Projetos Territoriais, que indicaram as ações prioritárias para os

primeiros 5 anos. Em torno desses projetos as ações e os atores sociais seriam

articulados e para onde convergiriam inicialmente as ações setoriais, permitindo sua

visualização por todos os cidadãos metropolitanos. Vários parques metropolitanos foram

objeto de Projetos Territoriais, por atenderem aos seus vários critérios de seleção, tais

como: estarem localizados em áreas onde estão previstos investimentos estruturadores;

serem localidades com ativos patrimoniais; serem espaços com processos de

degradação ambiental ou social com emergência de novas atividades; serem espaços

ociosos com potencial de utilização; terem projetos com capacidade de irradiação dos

seus benefícios; e apresentarem capacidade de exemplaridade, servindo de modelo para

novas intervenções. São os seguintes os Projetos territoriais:

� Porto Digital;

� Parque Aeroportuário dos Guararapes;

� Parque Habitacional Metroviário;

� Parque Tacaruna;

� Conjunto Nascedouro de Peixinhos;

� Porto de SUAPE;

� Parque dos Manguezais/ Parque lagoa Olho D’Água;

� Parque Tapacurá;

� Estuários do Canal de Santa Cruz e do Rio Timbó.

O Estudo Temático – MEIO AMBIENTE73, do Plano Metrópole Estratégica (2002), refere-

se à questão dos problemas ambientais da região, destacando na introdução:

“A Região Metropolitana do Recife registra significativos sinais de degradação ambiental, especificamente, o desmatamento, a contaminação/salinização dos recursos hídricos superficiais e profundos, a redução e poluição das áreas estuarinas, a emissão de poluentes atmosféricos, a poluição visual, os escorregamentos e erosão de encostas, os alagamentos de áreas de planície e a erosão costeira, todos resultantes da pressão antrópica. Por meio da ocupação e estabelecimento das suas atividades os seres humanos vão usufruindo e modificando os aspectos do meio ambiente, inserindo-se como agentes que influenciam nas características visuais e nos fluxos de matéria e energia, modificando o equilíbrio natural dos ecossistemas”.

73 Desenvolvido pela consultora Fátima Maria de Miranda Bryner, contratada pelo Banco Mundial para o Plano Metrópole Estratégica.2001/2002.

Page 146: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

No referido trabalho, o meio ambiente é analisado como o meio natural transformado e

em transformação, remanescente do processo de ocupação do espaço urbano. O

ambiente construído, no entanto é resultante do reflexo da sociedade no espaço, que tem

sua manifestação concreta na cidade, que é constituída por um conjunto de estruturas

físicas geradas pela produção, circulação e consumo, e por uma concentração

populacional dos mais diferentes tipos. Para tanto, faz referência ao geógrafo Milton

Santos quanto ao entendimento das interrelações presentes no espaço, considerado

como um conjunto onde participam objetos geográficos, objetos naturais e objetos

sociais, e, a vida que os preenche, ou seja, a sociedade em movimento”.(Santos, 1994)

Tomando como base o desenvolvimento sustentável da RMR, as propostas elencadas

pelo trabalho, em tela, foram abrigadas na estratégia de promoção do desenvolvimento,

com a maior inclusão social possível dentro do vetor da habitabilidade, seguindo os

seguintes objetivos:

� melhoria das condições de vida da população e de habitabilidade das cidades;

� inserção social e redução das desigualdades e da pobreza na região;

� ampliação da competitividade da economia metropolitana;

� integração da RMR na rede mundial e nacional de cidades, ocupando posição

destacada no Nordeste oriental como elo central na hierarquia nacional de

cidades;

� conservação e uso sustentável do patrimônio natural e construído da metrópole e,

� fortalecimento da conectividade intra e inter regional.

Dentro do Programa de Recuperação do Patrimônio Natural e Construído, está proposto

como prioridade:

� Requalificação e Implantação de Parques e Espaços Públicos, provendo

áreas livres e verdes de amenização urbana e lazer para a população

metropolitana, a exemplo dos parques - Parque Memorial Arcoverde; Parque

Estadual Dois Irmãos; Parque dos Manguezais; Parque do Beberibe; Parque

da Lagoa Olho D’Água; Parque do Engenho Uchoa; Parque do Jiquiá;

Parque do Açude de Apipucos; Parque Armando Holanda Cavalcanti.

5.2. PROTEÇÃO LEGAL DAS ÁREAS ESPECIAIS

A definição de um conjunto de regras e instrumentos normativos para aplicação direta

nos territórios tem sido uma forma largamente usada para proteger as áreas especiais,

Page 147: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

seja no espaço urbano, seja em áreas totalmente rurais. Nessa pesquisa considerou-se

não só os instrumentos legais existentes dentro do recorte temporal pesquisado, mas

analisar as bases conceituais em que vários deles estão calcados, buscando sempre

trazer a tona à questão do uso sustentável de áreas especiais e o suporte legal das

mesmas.

No tocante às áreas selecionadas como parques metropolitanos, pesquisou-se o que

existe sobre a proteção legal dessas áreas, assim como identificou-se a base legal das

áreas de interesse especial. Nesse contexto, estabeleceu-se, a partir daí uma relação

entre o que se dispõe (leis, decretos e resoluções) e aquilo que se há de constituir para

atender aos parques e o sistema metropolitano que o conterá.

5.2.1. Legislação de Proteção Ambiental

A legislação74 voltada para a conservação da natureza, constituída desde 1934, tem nas

Leis, Decretos-Lei e Decretos, nos níveis federal, estadual e municipal, um respaldo no

sentido de assegurar para a geração futura os patrimônios naturais, construídos e

culturais de cada região. Se, entretanto, esses regramentos não têm atingindo a função

precípua de sua constituição parece que a questão está muito mais na sua aplicabilidade

do que no próprio instrumento.

Há um processo crescente de criação de instrumentos normativos para garantir a

proteção e a conservação do patrimônio brasileiro, em diferentes níveis e escalas. O

primeiro movimento nesse sentido aparece através Decreto 23.793/34, de 23 de janeiro

de 1934, que trata do Código Florestal Brasileiro, notadamente em seus artigos que

tratam da proteção e cuidados a serem seguidos pela Nação, pelos Estados e pelos

Municípios. Também o Decreto nº 24.643/34, datado de 10 de julho de 1934,

denominado o Código de Águas, assinado por Getúlio Vargas e ancorado no Decreto nº

19.398, de 11 de novembro de 1930. Nele se estabelecem as condições e

especificidades da propriedade, do uso e aproveitamento das águas. Inicia-se, assim, no

Brasil, uma etapa de novas posturas frente aos recursos naturais e ao bem maior da

natureza – a água.

A partir de então, vários são os movimentos no sentido da proteção dos bens da

natureza. Em 1937 foi instituído o primeiro Decreto (nº 1.713, de 14 de junho) que trata

74 Rocha, C. M. Legislação de Conservação da Natureza, 1986. Fundação Brasileira para a Conservação de da Natureza.

Page 148: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

da questão dos parques e estabelece o primeiro parque nacional: o Parque Nacional de

Itatiaia. Neste mesmo ano, o Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, estabelece

regras para a Proteção do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. A partir dessas duas

iniciativas, sendo uma com o objetivo de garantir reservas nacionais de valor ambiental e

paisagístico e a outra voltada para proteger o acervo cultural do povo brasileiro, pode-se

afirmar a vontade de salvaguardar os patrimônios naturais e construídos, representado

em instrumentos legais.

Em 1964, uma Lei abrangente estabelece o Estatuto da Terra – a Lei nº 4.504, de 30 de

novembro. Em 1965, através da Lei nº 4.771 de 15 de setembro, é instituído o Código

Florestal Brasileiro. Essas leis também são dois marcos importantes na questão da

proteção de bens.

O primeiro avança na função social da propriedade, quando define no § 1º do Art. 2º –

que a propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando

assegura a conservação dos recursos naturais da terra pública ou privada. Esse mesmo

instrumento fala do acesso a terra, da desapropriação por interesse social, da tributação

e distribuição da terra, ou seja, trata de elementos importantes quando se pretende

alterar a função de determinadas áreas.

O segundo instrumento, o Código Florestal, estabelece as condições para proteção de

áreas com determinados tipos de vegetação, colocando essas áreas como “bens de

interesse comum” a todos os habitantes do país, exercendo-se sobre elas o direito de

propriedade. O Código Florestal tem certa preponderância sobre outras leis,

considerando-se que até os dias atuais tem causado polêmica no tocante a sua

aplicabilidade nas áreas urbanas, caso específico das áreas de proteção permanente ao

longo de todos os cursos d’água, inclusive nas cidades.

Na RMR, na década de 70 e, principalmente, na década de 80, vários foram os

movimentos no sentido de conceituar, mapear e estabelecer áreas especiais, refletindo

essa vontade de proteger bens naturais em relação ao processo acelerado de

urbanização, que trazia consigo a alteração de ambientes naturais com rica fauna e flora.

Em 1979, surge uma legislação específica sobre parques, no nível nacional, tudo

abrigado por uma Política de Meio Ambiente (só consolidada em 1981) e por um sistema

institucional que já estava constituído desde 1973, com a criação da Secretaria Especial

de Meio Ambiente – SEMA.

Page 149: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

A Constituição Federal do Brasil de 1988 traz no Artigo 225 as propostas para o Meio

Ambiente, sendo complementada pela Constituição Estadual de Pernambuco, datada de

1989, que traz no Artigo 205 o estabelecimento da competência complementar para os

Estados e Municípios, em consonância com a União, no sentido de proteger Áreas de

Interesse Cultural e Ambiental.

O acontecimento da ECO-92, ocorrido no Rio de Janeiro em 1992, trouxe vários

compromissos importantes para os países e, mas especificamente para o Brasil, que

desde então vem adotando práticas institucionais e sociais com vistas à maior

conservação da natureza. A partir de então, uma série de leis vem sendo incorporada ao

conjunto já existente, constituindo normativos para a proteção de áreas de interesse

especial.

A AGENDA 21 GLOBAL vem consolidar esse amplo movimento mundial. Mesmo assim,

verifica-se um processo lento de mudanças de posturas e práticas, em função

principalmente da divulgação desses conhecimentos e da necessidade de uma

conscientização maior por parte dos que produzem a mudança de fato – os setores

econômicos, que se sentem restringidos no direito de utilizar sua propriedade da forma

como melhor lhes convier.

No nível nacional, com o advento da Lei Federal nº 9.985/00, de 18 de julho de 2000, que

institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, são

unificados entendimentos e estabelecidos os regramentos para a proteção ambiental, no

território nacional. Sobre o rebatimento do SNUC nos parques metropolitanos algumas

questões são relevantes. A primeira diz respeito à ausência de objetivos precisos para

cada uma das unidades estabelecidas pelo SNUC, razão provável da pouca

aplicabilidade no tocante à regulamentação de algumas áreas. A Segunda refere-se à

impossibilidade de se estabelecerem usos diversos para as áreas de proteção integral,

muitas com grandes dimensões, provocando elevados custos de segurança e controle.

Essa proibição impossibilita que essas unidades abriguem usos e manejos distintos,

mesclando atividades. Isso dificulta o simultâneo uso sustentável, uso restrito e o uso de

lazer e esportivo, que poderia gerar novas oportunidades de desenvolvimento sustentável

para as comunidades integrantes deste sistema.

Essas questões são relevantes, pois percebe-se uma tendência de proteger

determinadas áreas dos espaços periurbanos, fortemente pressionadas pelos processos

Page 150: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

de urbanização, a partir da definição de atividades econômicas, sociais e ambientais que

elas poderiam abrigar, viabilizando a sustentabilidade de sua conservação.

Considerando as diversas conceituações adotadas ao longo dos anos e na definição das

categorias das unidades de conservação, entende-se a preocupação de proteger as

grandes reservas ambientais, constituídas por monumentos naturais, assim como a

proteção de ecossistemas representativos da biodiversidade e, finalmente, a

preocupação com ecossistemas ameaçados, já que na década de 80 ficou patente o

potencial da biodiversidade para a biotecnologia e para as funções ecológicas do planeta.

A partir daí busca-se uma nova abordagem da proteção ambiental, agora voltada para a

conservação da natureza em diferentes contextos econômicos, considerando-se que para

a efetiva sustentabilidade desses sistemas é fundamental buscar a inserção das

comunidades envolvidas.

É nesse contexto que se insere a proposta de uso sustentável das áreas selecionadas

para os parques metropolitanos da RMR, de grande importância por abrigarem

remanescentes de vegetação primária e constituírem grandes espaços ainda livres da

ocupação urbana. Elas poderiam abrigar áreas de proteção rigorosa e de uso restrito,

assim como as áreas de uso sustentável e ainda outras destinadas à prática de

atividades de lazer e esportivas, constituindo um mosaico de diferentes partes, inserido

num sistema de gestão compartilhada pelo poder público, em diferentes níveis, e pelo

setor privado.

Como se viu anteriormente, a Lei do SNUC coloca a necessidade de que cada Estado da

Federação defina suas especificidades em termos de unidades de conservação da

natureza, permitindo que sejam redefinidas unidades constituídas, re-classificadas áreas

que tiveram um enquadramento provisório e que apresentem razões específicas para um

novo enquadramento, e ainda, que sejam definidas novas categorias complementares. É

nesse caso que se insere a proposta da criação de uma categoria específica de unidade

de conservação para os parques metropolitanos e áreas de relevante interesse especial.

É fundamental abandonar a idéia negativa de que as unidades de conservação possam

constituir um empecilho para o desenvolvimento. Ao contrário, podem possibilitar o

desenvolvimento regional, conciliando o atendimento às necessidades humanas com o

imperativo do uso equilibrado, inteligente e sustentável da natureza.

Page 151: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Essa proposta para um Sistema Estadual de Unidades de Conservação da Natureza e

Áreas de Relevante Interesse Especial – SEUC foi trabalhada por um Grupo de

Técnicos75 constituído pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente – CONSEMA, no bojo

de uma política estadual e de uma base legal, institucional e financeira que permita

orientar e gerir, de forma articulada e orgânica, uma rede integrada de unidades de

conservação, apoiando o seu planejamento e a gestão necessária para abrigar todo o

sistema. Esse sistema objetivaria:

� Contribuir para a manutenção da diversidade e dos recursos genéticos do

território estadual;

� Promover a sustentabilidade do uso dos recursos naturais;

� Promover a educação e a interpretação ambientais, a recreação em contato com

a natureza e o ecoturismo;

� Contribuir para a manutenção de populações viáveis em seu meio natural;

� Recuperar e restaurar ecossistemas degradados; e,

� Valorizar econômica e socialmente a diversidade ecológica.

O sistema estadual de unidades de conservação estaria embasado na conservação da

diversidade biológica a longo prazo, como eixo fundamental do processo de conservação

de ambientes naturais necessários a qualidade de vida atual e futura. Estaria

considerando a necessária relação de complementaridade entre as diferentes categorias

de unidades, organizando-as de acordo com os seus objetivos de manejo e tipos de uso:

proteção integral e uso sustentável.

A referida proposta levou em consideração:

� A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente que prevê como um dos seus

instrumentos a criação de espaços especialmente protegidos pelo Poder Público

estadual;

� A Constituição Brasileira, de 1988 que incumbe ao Poder Público definir em todas

as unidades da federação espaços territoriais e seus componentes a serem

75 O esforço do GT– Parques Metropolitanos, desde 2001, foi direcionado para a elaboração de uma proposta preliminar de criação de um SISTEMA ESTADUAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E DE ÁREAS DE RELEVANTE INTERESSE – SEUC, que se justifica necessidade de um Sistema Estadual, para legislar de forma complementar ao SNUC – Lei nº 9.985, 18 de julho de 2000, e também, adicionando o disciplinamento das Áreas de Relevante Interesse do Estado de Pernambuco. Ao longo das discussões, o GT verificou que o objeto de seu estudo inicial propiciava uma visão mais ampla do problema, tendo concluído, ser oportuno, um avanço no seu posicionamento no sentido de desenvolver propostas para um sistema que abrigasse as unidades de uso sustentável com agregação de outro valor, o de lazer.

Page 152: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

especialmente protegidos. Por sua vez, estabelece como responsabilidade do

poder público, a proteção da fauna e da flora, vedadas, na forma da lei, as

práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de

espécies ou submetam os animais à crueldade;

� Todos os estudos em curso visando a revisão da Lei Estadual Nº 11.206/ 95, que

estabelece a Política Florestal para o Estado de Pernambuco e dispõe sobre as

unidades de conservação;

� O Plano Estadual de Desenvolvimento Florestal e de Conservação da

Biodiversidade;

� A falta de uma política e de um sistema estadual de áreas protegidas no Estado e

a carência de recursos humanos e financeiros para apoiar o planejamento e a sua

gestão;

� A existência do Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC;

� A inclusão do critério “unidades de conservação” na nova Lei que estabelece a

distribuição do ICMS no Estado (Lei nº 11.899/00) – ICMS Socioambiental;

� A situação do Estado em termos da necessidade de proteger seu patrimônio

natural, a partir dos estudos e diagnóstico das áreas de interesse de Pernambuco

e do Atlas da Biodiversidade de Pernambuco;

� A necessidade de enquadramento e da implementação das Reservas Ecológicas

e Implantação de Parques Metropolitanos, entre outros;

� A definição de várias unidades de conservação estaduais como zonas núcleo da

Reserva da Biosfera da Mata Atlântica de Pernambuco;

� O acelerado ritmo de degradação de várias das unidades de conservação

estaduais (Reservas Ecológicas da RMR – Lei Nº 9.989/87), conforme apontam

os diagnósticos realizado pela FIDEM, em 1993 e pela SECTMA, em 2001;

� Ainda que, apenas 4% do território brasileiro e 6,26 % do pernambucano é

composto por unidades de conservação (federais, estaduais, municipais e

particulares), das quais apenas 0,27% das unidades criadas no Estado se

enquadram na categoria de proteção integral dos recursos, muito abaixo da média

nacional de 2, 61%;

� A necessidade de uma base legal visando a ordenação e definição de critérios

técnico-científicos uniformes para a criação, o manejo e a escolha de categorias

de UCs estaduais e municipais; e,

� A necessidade da definição de instrumentos que permitam uma maior

participação da sociedade civil organizada e facilitem o estabelecimento de

Page 153: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

parcerias com instituições públicas, ONGs, a comunidade científica e a iniciativa

privada na gestão compartilhada das UCs.

Quanto à gestão desse sistema e, mais particularmente, no tocante aos parques

metropolitanos sugere-se a criação de um órgão ou colegiado responsável pela

administração da unidade, que estabelecerá normas específicas regulamentando

a ocupação e o uso dos recursos integrantes da unidade, das áreas de entorno -

constituídas por zona de amortecimento ou áreas urbanizáveis - ou área de

relevante interesse. Elas passam a constituir o Plano de Manejo da unidade de

conservação, que pode estabelecer procedimentos específicos destinados ao

setor privado, com instrumento legal próprio que dê destaque para a concessão

de direito real de uso.

A pesquisa sobre o aparato legal de proteção ambiental relevante para o objeto de

estudo (ver quadros em Anexos) permitiu perceber que nessas áreas incidem normas de

diferentes níveis, normalmente de forma complementar, entretanto, considera-se que sua

aplicabilidade pressupõe uma gestão capacitada na sua execução e no controle dos seus

desdobramentos. Exige um esforço do setor público para garantir a eficácia desses

instrumentos, ainda incipientes, no que se refere ao controle social.

No tocante especificamente à proteção legal das áreas selecionadas para parques

metropolitanas, torna-se relevante destacar a ausência de legislação estadual específica,

como é o caso de outras áreas especiais, como as zonas estuarinas, reservas ecológicas

e áreas de proteção de mananciais, que apresentam legislações próprias. Os

instrumentos legais que incidem sobre cada parque metropolitano estão apresentados no

Quadro 23 a seguir:

Page 154: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

QUADRO 23 – PROTEÇÃO LEGAL EXISTENTES NAS ÁREAS

Ordem Parque Metropolitano ÁREAS PRIORITÁRIAS Proteção Legal

01 PARQUE ARCOVERDE

Tombamento a nível federal do Conjunto Arquitetônico da Cidade de Olinda – nº 1004/68 – 19/04/68 pelo IPHAN. Em 1974 – Convênio celebrado entre Governo do Estado e Marinha para a implantação do Complexo Rodoviário de Salgadinho – 29/03/74, acarretando áreas desapropriadas pelo Estado; Em 1978 – Recomendações do PPSH/RMR-FIDEM para tornar a área do Coqueiral em Zona de Preservação Ambiental – ZPA; Em 1979 – Parte central da área desapropriada pelo Governo Federal – D.F. nº 83.257 – 12/03/79. Em 1985 – Re-ratificação do Polígono de Tombamento de Olinda, ampliando a área preservação estabelecida anteriormente pelo Decreto nº 1155/79. A Re-ratificação ocorreu em 18/11/85, pelo IPHAN; Criação do Sistema de Preservação de Olinda – Lei Municipal nº 4119/79; Em 1992 – Definição da Legislação Urbanística dos Sítios Históricos – Lei Municipal nº 4849/92, que estabelece a Zona de Proteção Ambiental – ZPA e área “non aedificandi”, formada pelas vegetações de coqueiral; Em 1994 – Análise e aprovação pelas instâncias competentes das etapas 1, 2 e 3 do projeto do Parque Memorial Arcoverde, enquanto que a etapa 4 – área do Coqueiral, não foi considerada diante de sua complexidade; Em 1997 – Aprovação do Plano Diretor de Olinda – Lei complementar nº 02/97 – 24/11/97; Em 2000 – Área da Marinha do Brasil integra proposta do TERMO de COMPROMISSO com o Governo de Pernambuco e as Prefeituras de Olinda e Recife visando à implantação de projeto especial; Em 2001 – Termo de Compromisso – nº 001/2001 – FIDEM, firmado entre a União e o Governo do Estado para a elaboração do Estudo Urbanístico para a área do Complexo Salgadinho. Em 2004 – Aprovado a revisão do Plano Diretor Municipal de Olinda – Lei Complementar nº 026/2004.

02 PARQUE HISTÓRICO NACIONAL DOS GUARARAPES

Em 1938 – Tombamento, a nível Federal da Igreja N. S. dos Prazeres; Em 1961 – Tombamento do Campo de Batalha dos Guararapes ; Em 1965 – 224ha desapropriados pelo Governo Federal – Decreto Federal nº 57.273 – 16/11/65; Em 1971 – Criação do Parque Nacional – Decreto Federal nº 68.527 – 19/04/71; Em 1978 – Definição do Sítio Histórico – Parque Guararapes, na categoria sítio tombado, pelo Plano de Preservação de Sítios Históricos da Região Metropolitana do Recife – PPSH/RMR;

03 PARQUE ARMANDO HOLANDA CAVALCANTI

Em 1961 – Tombamento a nível federal da Igreja de N. S. de Nazaré e as ruínas do Convento dos Carmelitas, pelo IPHAN; Área desapropriada por SUAPE em 1979; Em 1978 – Definição do Sítio Histórico - Cabo de Santo Agostinho, na categoria de Sítio Tombado, pelo Plano de Preservação de Sítios Históricos da Região Metropolitana do Recife – PPSH/RMR; Em 1979 – Criação do Parque Metropolitano de Santo Agostinho – Decreto Estadual nº 5554 – 06/02/79 e posterior mudança de nome para Parque Metropolitano Armando Holanda Cavalcanti – Decreto Estadual nº 5765 – 15/05/79;

Page 155: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Em 1989 – Aprovada em 1989, pela Empresa SUAPE, a permissão de uso a título oneroso durante 99 anos, de uma área de 117ha, ao grupo empreendedor do hotel em SUAPE, tendo como contrapartida a restauração dos prédios públicos, equipamentos e monumentos históricos, bem como a preservação do meio ambiente do Parque por igual período, além do ônus pela vigilância, impostos e taxas incidentes sobre a área do Parque; Em 1993 – As normas de Uso e Ocupação do Complexo Industrial Portuário de SUAPE transformam a área do Parque em Zona de Proteção Cultural – Decreto Estadual nº 17070 – 16/11/93; Em 1993 – Tombamento do Sítio Histórico de Cabo de Santo Agostinho – Decreto Estadual nº 17.070 – 16/11/93.

04 JANGA Em 1985, através da Lei Municipal nº 2.802/85 – que estabelece o Zoneamento Funcional do Município, a área do Parque do Janga foi definida como uma Zona Especial de Proteção Ecológica – ZEPE, embora inserida no perímetro de Expansão Urbana. Em 1981 – Definida a área estuarina do Rio Paratibe, como Reserva Biológica de Proteção Ambiental – Lei Estadual nº 6.938 - 31/08/81; Em 1987 – Criação das Reservas Ecológicas da RMR – Lei Estadual nº 9.989/87-13/01/87 (172ha – Mata do Janga); Em 1994 – Tombamento a nível estadual do Sítio Histórico de N. S. dos Prazeres do Maranguape – nº 17.276 – 25/01/94. Decreto Municipal nº 048/98 que institui a área do Parque do Janga com 605,4 ha, subtraindo-se desta uma área de 97,21 ha., passando a ser considerado como área de Parque 508,19 ha.

05 HORTO DE OLINDA Em 1854 – Entre os anos de 1811 até 1854 foi criado o Jardim Botânico; Em 1968 – Tombamento, a nível federal, conjunto arquitetônico e paisagístico da Cidade de Olinda, pelo IPHAN, em 19/04/68, incluindo a área do Horto; Protegida por Legislação Municipal dos Sítios Históricos Lei nº 49/ 1979. Em 2004 – Aprovado a revisão do Plano Diretor Municipal de Olinda – Lei Complementar nº 026/2004.

06 MANGUEZAIS Área da MARINHA, integrante do TERMO DE COMPROMISSO com o GOVERNO DE PE e as Prefeituras de Recife e Olinda. Lei de Uso e Ocupação do Solo de Recife esta área constitui uma Zona Especial de Proteção Ambiental – ZEPA. Área protegida pelas restrições definidas no Cone do Vôo do Aeroporto dos Guararapes e do Aeroclube.

07 ITAMARACÁ Tombamento, a nível Estadual, da Casa do Conselheiro João Alfredo - Engenho São João - nº 8.828 – 26/09/83; Tombamento a nível Estadual do Engenho Amparo - nº 11.239 – 11/03/86; Forte Orange – Proteção legal a nível Federal das fortificações; As áreas dos Engenhos Amparo e São João foram enquadradas na Categoria de Manejo como Reserva Ecológica, através da Lei Estadual nº 9.989/87, de criação das Unidades de Conservação (172,90ha – Mata Engenho do Amparo; 34ha – Mata do Engenho São João). Parte da propriedade pertence ao Governo do Estado. –.

08 LAGOA OLHO D’ÁGUA Sem proteção legal específica, a exceção da legislação de parcelamento federal e estadual que trata das áreas alagadas e alagáveis.

09 JIQUIÁ Em 1983 – A Lei de Uso e Ocupação do Solo de Recife – nº 14.511/83, define esta gleba como área verde, reservada para uso público e de lazer; Em 1983 – Área correspondente a 8,4 ha foi tombada pelo Decreto Estadual nº 8.710 – 01/08/83, como Zona de Preservação do entorno da Torre do Zeppelin.

Page 156: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

10 CAPIBARIBE Tombamento, a nível estadual, do Conjunto Antigo do Poço da Panela; da Igreja de N. S. da Saúde; da Casa Grande do Engenho Barbalho; do Conjunto Antigo de Apipucos; Igreja de N. S. das Dores e, da Casa de Francisco Brennand. Em 1978 – Engenho São José da Várzea – PPSH/RMR, 1978.

Ordem Parque Metropolitano

ÁREAS SECUNDÁRIAS

Proteção Legal

01 DOIS IRMÃOS Lei Federal Nº 9.985/00 -Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação SNUC. Lei Estadual Nº 9.860/86 - Delimita as áreas de proteção dos mananciais de interesse da Região Metropolitana do Recife, e estabelece condições para a preservação dos recursos hídricos.

Lei Estadual Nº 9.989/87 - Define as reservas ecológicas da Região Metropolitana do Recife.

Lei Estadual Nº 11.622, de 29 de dezembro de 1998 - Dispõe sobre a mudança de categoria, de Manejo das Reservas Ecológicas de Caetés e

Dois Irmãos e dá outras providências. Decreto Estadual Nº 17.648/94 - Decreta o tombamento a nível estadual

do Conjunto Ambiental, Paisagístico e Histórico do Prata. Lei Municipal Nº 16.176/96. Lei de Uso e Ocupação do Solo do Recife.

02 TIMBÓ Área de proteção de mananciais, através da Lei Estadual nº 9.860/86 e Lei Estadual nº 9.989/87 que define as Reservas Ecológicas da RMR. Em 1998, através da Lei Estadual nº 11.622/98, de 29 de dezembro de 1998 a Reserva Ecológica passa para a Categoria de Manejo, com a denominação de Estação Ecológica de Caetés. Propriedade do Governo do Estado.

03 ENGENHO UCHOA Em 1986 – A Mata do Engenho Uchoa foi enquadrada na Lei Estadual nº 9.989, de 11.12.86 como Reserva Ecológica da RMR, com 20 ha. O Decreto Municipal nº 17.548, datado de 20 de dezembro de 1996, regulamenta a Unidade de Conservação Engenho Uchoa.

04 TAPACURÁ Em 1975 – Estação Ecológica Federal de Tapacurá, onde se insere um conjunto de matas administradas pela UFRPE, de acordo com a Portaria nº 051/75, de 15.03.1975, com 589,42 ha. Em 1987 – A Mata do Engenho Tapacurá com 316,32 ha. e a Mata de Tapacurá com 100,92 ha. foram enquadradas na Categoria de Manejo como Reserva Ecológica, através da Lei Estadual nº 9.989/87.

5.3. AVALIAÇÃO DOS PARQUES METROPOLITANOS

Foi realizada uma análise comparativa das 14 áreas de Parques Metropolitanos,

considerando 10 áreas prioritárias e 4 áreas re-classificadas, segundo enquadramento

ambiental. Enfocou-se seu planejamento e sua implementação, incluindo as propostas

integrantes do Plano Diretor do Sistema de Parques Metropolitanos, de estudos do final

da década de 70; do Sistema de Parques Metropolitanos, que encerra propostas do final

da década de 80; e de propostas atualizadas até 2004.

Page 157: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Pôde-se verificar que nas propostas analisadas há variação não só da dimensão das

áreas, apontando para uma redução considerável do que foi proposto inicialmente, assim

como alterações visando o enquadramento em categorias ambientais definidas por lei. O

mesmo acontece com as intervenções propostas para cada uma delas, que varia caso a

caso, principalmente devido às suas características ambientais. O que permanece ao

longo da análise é a proposição de que essas unidades possam estabelecer um sistema

complementar de oferta de áreas de lazer, contemplação e esportes, onde cada peça

tenha seu papel, no atendimento às necessidades do cidadão metropolitano.

As 10 áreas selecionadas, complementadas pelos mapas76 e fotos77 de cada área de

parques metropolitanos, assim como as 4 áreas re-classificadas, foram analisadas sob o

ponto de vista da:

• Situação da área inicial, reservada para parque metropolitano, onde foi possível

identificar as alterações ocorridas no período temporal estudado;

• A variação das propostas existentes para cada área, na trajetória do planejamento

metropolitano;

• a evolução das propostas para sua implementação e gestão de cada uma das

áreas selecionadas, identificando o grau de vulnerabilidade e a condição para sua

implementação.

5.4. FICHAS TÉCNICAS DOS PARQUES METROPOLITANOS

⎯ PARQUE ARCOVERDE ⎯ PARQUE HISTÓRICO NACIONAL DOS GUARARAPES ⎯ PARQUE ARMANDO HOLANDA CAVALCANTI ⎯ PARQUE DO JANGA ⎯ HORTO DE OLINDA ⎯ PARQUE DOS MANGUEZAIS ⎯ PARQUE DE ITAMARACÁ ⎯ PARQUE LAGOA OLHO D’ÁGUA ⎯ PARQUE DO JIQUIÁ ⎯ PARQUE DO CAPIBARIBE ⎯ PARQUE DO TIMBÓ ⎯ PARQUE DOIS IRMÃOS ⎯ PARQUE ENGENHO UCHOA ⎯ PARQUE TAPACURÁ

76 Os mapas foram elaborados para essa pesquisa, tendo por base as fotografias aéreas do acervo técnico da FIDEM. 77 As fotos que integram as fichas dos parques metropolitanos pertencem ao acervo FIDEM, resultado do levantamento realizado por bolsista da FACEPE, que, em 2000, desenvolveu estudo sobre a situação dos parques na RMR.

Page 158: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Par

ques

Met

ropo

lita

nos

– G

estã

o e

Pro

teçã

o de

Áre

as E

spec

iais

na

RM

R

FICH

AS T

ÉCNI

CAS

– PRO

POST

A TE

MÁTI

CA, Á

REA

E AN

ÁLIS

E CO

MPAR

ATIV

A DE

PAR

QUE

METR

OPOL

ITAN

O, P

OR P

ERÍO

DO T

EMPO

RAL

Reco

rte T

empo

ral –

1975

- 20

00

Área

s Prio

ritária

s par

a Pa

rque

s Me

tropo

litano

s 19

80

1987

20

00

01

PARQ

UE

ARCO

VERD

E Mu

nicípi

o OL

INDA

Deno

mina

ção a

nterio

r - P

arqu

e Es

tuário

do R

io Be

berib

e, on

de

també

m es

tava i

nser

ido o

Parq

ue

Duar

te Co

elho,

sito à

Av.

Joaq

uim

Nabu

co.

Parq

ue de

Salg

adinh

o, co

m pr

opos

ta de

laze

r con

templa

tivo e

práti

cas

espo

rtivas

; pos

to de

pres

tação

de

servi

ços d

e inte

ress

e com

unitá

rio, a

se

r impla

ntado

com

tratam

ento

paisa

gístic

o, tud

o de a

cord

o com

a

zona

de tr

ansiç

ão R

ecife

/Olin

da.

Parq

ue M

emor

ial A

rcove

rde,

data

do de

1991

, ond

e se i

nser

em 4

etapa

s: - E

tapa 1

e 2 –

área

s de l

azer

e pr

atica

s esp

ortiv

as, já

impla

ntada

s em1

993.

Etap

a 3 –

criaç

ão de

um m

onum

ento

ao ín

dio A

rcove

rde,

uma p

ista d

e auto

mob

ilismo

e um

circo

para

a f

orma

ção d

e uma

esco

la cir

cens

e, co

m ap

rese

ntaçõ

es co

nven

ciona

is; na

Etap

a 4– I

stmo

de O

linda

, se p

revê

a re

staur

ação

das r

uínas

do F

orte

do B

urac

o e a

cons

truçã

o de u

m ho

tel, c

om re

staur

ante

pano

râmi

co, m

arina

e pa

rque

aquá

tico.

Duas

ponte

s estã

o pr

opos

tas, u

ma lig

ando

a Ilh

a do

Recif

e ao I

stmo e

a ou

tra do

Istm

o até

a áre

a do

Coqu

eiral.

As p

ropo

stas d

as E

tapas

3 e 4

não

fora

m ap

rova

das.

A ár

ea in

tegra

aind

a o E

studo

Urb

aníst

ico de

Ren

ovaç

ão U

rban

a Rec

ife/O

linda

, com

pr

opos

tas em

dese

nvolv

imen

to, co

m de

staqu

e par

a req

ualifi

caçã

o da

Vila

Nav

al de

San

to Am

aro;

ampli

ação

da E

scola

de A

pren

dizes

de M

arinh

eiros

com

impla

ntaçã

o de n

ovas

ha

bitaç

ões;

recu

pera

ção d

o coq

ueira

l, do m

angu

e nas

mar

gens

do R

io Be

berib

e, da

ve

getaç

ão na

tiva d

e res

tinga

e do

ambie

nte aq

uátic

o. Ár

ea

80ha

35

ha

32ha

An

álise

comp

arati

va

Redu

ção

da á

rea

anter

iorme

nte d

emar

cada

, rep

rese

ntand

o 50

% d

o tot

al ini

cialm

ente

prop

osto

. No

perío

do e

studa

do h

á um

des

locam

ento

das

área

s an

terior

mente

es

tabele

cidas

, pos

to qu

e a

1ª p

ropo

sta c

onsid

era

um c

onjun

to mu

ito m

aior d

e es

paço

s liv

res

ao lo

ngo

do R

io Be

berib

e, inc

luind

o ter

reno

s sit

uado

s à

Av. A

game

non

Maga

lhães

e à A

v. Jo

aquim

Nab

uco (

área

deno

mina

da V

8 V9 e

V10

) além

das á

reas

rema

nesc

entes

da im

planta

ção d

o Com

plexo

Viár

io do

Salg

adinh

o.

Esse

par

que

se so

bres

sai n

o pe

ríodo

segu

inte

como

a g

rand

e op

ortun

idade

de

impla

ntar o

par

que

em te

la, e

m co

ntrap

osiçã

o às

outr

as á

reas

, prin

cipalm

ente

porq

ue a

s de

mais

área

s já e

stava

m em

proc

esso

de in

vasã

o ace

lerad

a. No

mom

ento

atual

este

parq

ue é

um b

om ex

emplo

de pa

rque

impla

ntado

, com

gestã

o do G

over

no do

Esta

do

e fina

nciam

entos

exter

nos p

ara i

mplan

tação

de eq

uipam

entos

. Vá

rios i

nstru

mento

s inc

idem

sobr

e a ár

ea, c

ujo co

ntrole

e ap

licaç

ão da

legis

lação

e o u

so da

área

per

mitira

m su

a con

serva

ção.

Prop

osta

de pa

rque

temá

tico.

Vulne

rabil

idade

Po

r esta

r inse

rida n

a malh

a urb

ana d

e Olin

da, m

ais pr

ecisa

mente

na s

ua zo

na de

expa

nsão

sofre

pre

ssão

por o

cupa

ção.

Imple

menta

ção

Parq

ue c

om d

uas

etapa

s já

impla

ntada

s, co

m su

a ge

stão

feita

pelo

Gove

rno

do E

stado

e c

om p

lano

de a

tivida

des

educ

ativa

s e

cultu

rais,

dire

ciona

ndo

sua

suste

ntabil

idade

. A ár

ea do

coqu

eiral

enco

ntra-

se em

nego

ciaçã

o co

m a M

arinh

a, on

de fo

i reali

zado

o Es

tudo U

rban

ístico

para

a ár

ea do

Com

plexo

Salg

adinh

o. A

nego

ciaçã

o co

m a

Marin

ha d

eu u

m gr

ande

pas

so, p

osto

que

foi a

ssina

do u

m pr

otoco

lo de

inten

ções

, na

forma

de

um T

ERMO

DE

COMP

ROMI

SSO

entre

a M

arinh

a, o

Gove

rno

do E

stado

e a

s Pre

feitur

as d

e Re

cife

e Ol

inda,

em m

arço

de

2002

. Des

sa m

aneir

a o

Coqu

eiral

de O

linda

pod

erá

ser a

lvo d

e um

pro

jeto

de p

arqu

e tem

ático

ou

paisa

gístic

o, ex

erce

ndo s

ua fu

nção

natur

al e c

omple

menta

ndo a

lguma

s das

ativi

dade

s do e

ntorn

o.

No to

cante

a á

rea

anter

iorme

nte d

esign

ada

Etap

a 4

do P

arqu

e Me

moria

l Arco

verd

e, de

nomi

nada

Pra

ia Po

nta D

el Ch

ifre o

u Pr

aia d

a En

sead

a, ca

be d

estac

ar q

ue n

a po

nta s

ul da

mes

ma, e

m ter

ritório

de

Recif

e, o

nde

enco

ntram

-se a

s ru

ínas

do F

orte

do B

urac

o, ex

iste

um m

ovim

ento

de

pesc

ador

es, q

ue u

sam

a ár

ea p

ara

o laz

er e

pr

etend

em se

orga

nizar

em um

a ONG

, par

a gar

antir

a con

tinuid

ade d

esse

uso.

Movim

entos

de lim

peza

da ár

ea e

colet

a de m

ateria

l par

a rec

iclag

em sã

o feit

os co

m as

Pre

feitur

as e

com

o env

olvim

ento

do E

spaç

o Ciên

cia.

Page 159: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Par

ques

Met

ropo

lita

nos

– G

estã

o e

Pro

teçã

o de

Áre

as E

spec

iais

na

RM

R

Re

corte

Tem

pora

l – 19

75 -

2000

Ár

eas P

rioritá

rias p

ara

Parq

ues M

etrop

olitan

os

1980

19

87

2000

02

PA

RQUE

NA

CION

AL D

OS

GUAR

ARAP

ES

Munic

ípio

JABO

ATÃO

DOS

GU

ARAR

APES

Pres

erva

ção d

a mem

ória

nacio

nal -

confi

gura

ção d

e hist

órico

-cultu

ral;

Imple

menta

ção d

e equ

ipame

ntos

comu

nitár

ios e

de la

ser à

popu

lação

loc

al - e

scola

, bibl

iotec

a, mu

seu

e qu

adra

s de e

spor

tes;

Pape

l sign

ificati

vo no

orde

name

nto d

as

ocup

açõe

s na á

rea –

criaç

ão de

ins

trume

ntos r

egula

dore

s e re

locaç

ões

de ha

bitaç

ões;

Pres

erva

ção A

mbien

tal e

do S

ítio

Histó

rico –

comb

ate á

eros

ão e

recu

pera

ção d

o sítio

e mo

nume

ntos

histór

icos;

Servi

ços

de i

nfra-

estru

tura

básic

a e

turíst

ica -

áre

as p

ara

instal

açõe

s de

cir

cos

e cri

ação

de

lag

o ar

tificia

l, tre

nzinh

o, ch

arre

tes,

peda

linho

s, mi

rante

s, be

lvede

res,

quios

ques

par

a ve

nda

de

artes

anato

, pis

ta

de

aero

mode

lismo

.

Valor

izaçã

o enq

uanto

sítio

histó

rico-

cultu

ral;

Pres

erva

ção d

a mem

ória

nacio

nal;

Ofer

ecer

equip

amen

tos de

laze

r de

múltip

lo us

o – re

creati

vos e

cultu

rais;

Or

dena

mento

do so

lo da

regiã

o.

Plan

o de u

so da

área

do P

arqu

e, ela

bora

do pe

lo IP

HAN

– 5ª C

R, e

m co

njunto

co

m a F

IDEM

, feito

em 19

97 e

enca

minh

ado a

o IPH

AN N

acion

al pa

ra ob

ter

recu

rsos.

Poste

riorm

ente

houv

e no

vo pl

ano,

desta

feita

com

a inte

nção

de

utiliz

ação

pelo

Exér

cito.

Área

do P

arqu

e: 22

4,40 h

á Ár

ea do

Par

que o

cupa

da at

é 199

6 - 2/

3 Nº

de pe

ssoa

s em

96 =

34.00

0 Ár

ea do

Par

que d

ispon

ível: 7

6ha

Área

36

5ha

365h

a 76

ha

Análi

se co

mpar

ativa

R

eduç

ão d

e ár

ea e

m fun

ção

de pr

oces

sos l

itigios

os, n

a ár

ea d

a an

tiga

torre

de c

oman

do a

éreo

e, a

inda,

em fu

nção

das

ocu

paçõ

es ir

regu

lares

e inv

asõe

s no

inter

ior d

o pa

rque

. Con

ta co

m um

a ad

minis

traçã

o loc

al do

IPHA

N, e

mbor

a mu

itos

confl

itos

são

perce

bidos

. Ges

tão b

astan

te co

mplex

a em

funç

ão d

e vá

rios

órgã

os fe

dera

is es

tarem

env

olvido

s, se

m um

a de

finiçã

o cla

ra d

os p

apéis

de

cada

um.

Vár

ios in

stitut

os le

gais

incide

m so

bre

a ár

ea.

Mesm

o as

sim o

corre

m pr

oces

sos

de

comp

rome

timen

to pe

lo ex

cess

o de i

nvas

ões,

em se

u inte

rior.

O ap

arato

lega

l não

tem

sido c

apaz

de s

alvag

uard

ar a

área

. Vu

lnera

bilida

de

Proc

esso

de in

vasã

o em

dive

rsas á

reas

do pa

rque

, com

desta

que p

ara a

parte

mais

plan

a, sit

uada

ao su

l – R

iacho

das V

elhas

e no

inter

ior do

parq

ue, d

enom

inado

rrego

do B

alaio.

Seg

uran

ça (o

mais

grav

e). P

rese

rvaçã

o Amb

iental

(lixo

, san

eame

nto e

dren

agem

). Us

o com

o equ

ipame

nto pú

blico

. Im

pleme

ntaçã

o Ex

istên

cia de

Plan

o Di

retor

e Pr

ojeto

Espe

cífico

para

impla

ntaçã

o do

parq

ue, c

om de

staqu

e par

a pro

posta

s de e

quipa

mento

s, co

nside

rand

o a ex

tensã

o da á

rea e

a viz

inhan

ça já

dens

amen

te oc

upad

a.

O IP

HAN

enco

ntra-

se, n

o mom

ento,

traç

ando

estra

tégias

de at

uaçã

o par

a melh

oria

do pa

rque

.

Page 160: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Par

ques

Met

ropo

lita

nos

– G

estã

o e

Pro

teçã

o de

Áre

as E

spec

iais

na

RM

R

Re

corte

Tem

pora

l – 19

75 -

2000

Ár

eas P

rioritá

rias p

ara

Parq

ues M

etrop

olitan

os

1980

19

87

2000

03

PA

RQUE

ME

TROP

OLIT

ANO

ARMA

NDO

H.

CAVA

LCAN

TI

Munic

ípio

CABO

DE

SANT

O AG

OSTI

NHO

Imple

menta

ção d

e equ

ipame

ntos c

omun

itário

s e d

e las

er à

popu

lação

rura

l, com

pape

l sig

nifica

tivo n

o ord

enam

ento

do so

lo da

faixa

co

steira

sul, a

lém da

Pre

serva

ção A

mbien

tal e

do S

ítio H

istór

ico, o

bser

vand

o aind

a as

nece

ssida

des d

os se

rviço

s de i

nfra

-estr

utura

sica e

turís

tica.

Estab

elecim

ento

de 4

setor

es fu

ncion

ais: S

etor

rura

l – at

ivida

des a

gro-

pasto

ris; S

etor U

rban

o, de

Ativ

ação

Esp

ortiv

a e S

ócio-

Cultu

ral –

ati

vidad

es de

maio

r flux

o de v

isita

ção;

Setor

de

Laze

r Con

templa

tivo –

área

s de

reflo

resta

mento

e laz

er co

ntemp

lativo

.

Pres

erva

ção d

os tr

aços

ur

banís

ticos

dos

povo

ados

exist

entes

; Me

lhoria

da qu

alida

de

ambie

ntal.

Estab

elece

4 ob

jetivo

s estr

atégic

os:

Parq

ue In

stitui

ção –

criaç

ão da

categ

oria

da Á

rea E

spec

ial de

Inte

ress

e Tur

ístico

, com

o un

idade

de co

nser

vaçã

o, e e

stabe

lece o

siste

ma de

gestã

o com

o ins

trume

nto pa

ra

atend

er as

nece

ssida

des e

cara

cterís

ticas

da im

planta

ção,

admi

nistra

ção e

pres

erva

ção

da ár

ea;

Parq

ue S

ítio N

atura

l – re

conh

ece

as qu

alida

des n

atura

is e a

mbien

tais

da ár

ea, v

isand

o su

a rec

uper

ação

, valo

rizaç

ão e

a ex

plora

ção a

dequ

ada d

e tod

os o

s rec

urso

s natu

rais;

Pa

rque

Sítio

Cult

ural

– obje

tiva c

onso

lidar

o im

porta

nte pa

trimôn

io co

nstru

ído ex

isten

te,

prop

ondo

sua r

estau

raçã

o e ut

ilizaç

ão co

m int

eres

se tu

rístic

o e cu

ltura

l; Pa

rque

Sus

tentab

ilidad

e – pr

ocur

a inc

orpo

rar a

comu

nidad

e res

idente

no de

senv

olvim

ento

de to

das a

s açõ

es pr

opos

tas, c

apac

itand

o-a p

rofis

siona

l-men

te e o

rgan

izand

o-a p

ara

ativid

ades

econ

ômica

s com

a va

loriza

ção d

e sua

s tra

diçõe

s e pr

oduto

s loc

ais. A

dmite

a im

planta

ção d

e nov

os eq

uipam

entos

que s

ignifiq

uem

gera

ção d

e ren

da.

Área

37

0ha

370 h

a 27

0ha

Análi

se co

mpar

ativa

N

o pla

nejam

ento

estra

tégico

esta

belec

ido p

ara

o pa

rque

ficam

mais

cons

isten

tes a

s pro

posta

s par

a ca

da a

bord

agem

estr

atégic

a tra

tada,

inclus

ive p

ermi

tindo

que

as a

ções

ac

onteç

am em

mom

entos

difer

entes

ou m

esmo

simu

ltane

amen

te.

São

4 as

estr

atégia

s tra

çada

s –

Parq

ue In

stitui

ção;

Parq

ue S

ítio N

atura

l; Pa

rque

Sítio

Cult

ural;

e, P

arqu

e Su

stenta

bilida

de, c

ompo

ndo

um c

onjun

to d

e 21

pro

jetos

, dis

tribuíd

os po

r estr

atégia

. Per

spec

tivas

de um

a ges

tão pa

rticipa

tiva,

com

envo

lvime

nto do

setor

priva

do.

Proc

esso

s de o

cupa

ções

irreg

ulare

s têm

ocor

rido n

a áre

a com

prom

etend

o sob

rema

neira

a ca

pacid

ade d

e car

ga de

sse e

spaç

o. Ist

o se

contr

apõe

ao co

njunto

de

regr

amen

tos e

incidê

ncia

de le

is e d

ecre

tos ex

isten

tes, q

ue nã

o são

sufic

ientes

para

sua c

onse

rvaçã

o. A

ausê

ncia

de um

a ges

tão de

finida

com

clare

za te

m dif

iculta

do o

contr

ole e

a açã

o imp

lemen

tador

a das

prop

ostas

. Vu

lnera

bilida

de

Desa

prop

riaçã

o não

efeti

vada

finan

ceira

mente

, em

algun

s cas

os.

Proc

esso

de

eros

ão d

o so

lo ca

usad

o pe

las p

recip

itaçõ

es p

luviom

étrica

s, as

socia

das a

s açõ

es n

eglig

entes

de

aber

turas

de

vias e

cami

nhos

, des

matam

entos

, mov

imen

tos

de te

rra, e

tc;

Prox

imida

de co

m a z

ona p

ortuá

ria e

indus

trial, c

om um

cres

cente

risc

o de d

anos

ambie

ntais,

atra

vés d

o man

useio

de m

ateria

is po

luente

s e co

mbus

tíveis

; Pr

oces

so de

ocup

ação

inten

sa e

deso

rden

ada s

em in

fra-e

strutu

ra ad

equa

da;

Alto

grau

de

antro

pizaç

ão n

a ár

ea, r

espo

nsáv

el pe

la de

grad

ação

das

pais

agen

s ve

geta

is ex

isten

tes, c

om re

percu

ssão

na

fauna

e n

a dim

inuiçã

o da

vaz

ão d

as fo

ntes

e có

rrego

s; Di

sper

são d

e ativ

idade

s pro

dutiv

as; D

eficiê

ncia

em ca

pacit

ação

profi

ssion

al, so

cial e

ambie

ntal d

a pop

ulaçã

o res

idente

e do

s usu

ários

. Im

pleme

ntaçã

o De

sapr

opria

ção,

em pr

oces

so;

Plan

o rec

entem

ente

finali

zado

– Pl

ano E

straté

gico d

o Par

que M

etro

polita

no A

rman

do H

oland

a; Es

tá pr

evist

a a cr

iação

do C

onse

lho G

estor

do P

arqu

e que

assu

mirá

, den

tre su

as at

ribuiç

ões,

o ger

encia

mento

das a

ções

e pr

ojetos

, esta

belec

idos p

elo P

lano;

Desta

ca-se

aind

a a ne

cess

idade

de u

m Pl

ano d

e Man

ejo, p

ara a

recu

pera

ção e

man

utenç

ão da

cobe

rtura

vege

tal, m

anten

do o

equil

íbrio

e a di

versi

dade

da ár

ea.

A ex

istên

cia d

e um

com

prom

isso

entre

o G

over

no d

o es

tado

e a

FUNC

EF, a

travé

s do

instr

umen

to de

Per

miss

ão d

e us

o, a

título

oner

oso,

perm

ite-se

ente

nder

uma

po

ssibi

lidad

e de a

doçã

o dos

proje

tos de

imple

menta

ção d

o par

que,

por p

arte

dess

a ins

tituiçã

o.

Page 161: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Par

ques

Met

ropo

lita

nos

– G

estã

o e

Pro

teçã

o de

Áre

as E

spec

iais

na

RM

R

Reco

rte T

empo

ral –

1975

- 20

00

Área

s Prio

ritária

s par

a Pa

rque

s Me

tropo

litano

s 19

80

1987

20

00

04

PARQ

UE D

O JA

NGA

Munic

ípio

PAUL

ISTA

Melho

ria do

ambie

nte ur

bano

; Pa

pel s

ignific

ativo

no or

dena

ment

o do s

olo da

faixa

da

praia

; Im

pleme

ntaçã

o de e

quipa

mento

s com

unitá

rios e

de

laser

à po

pulaç

ão lo

cal -

esco

la, b

ibliot

eca,

muse

u e

quad

ras d

e esp

ortes

; Pr

eser

vaçã

o da p

aisag

em e

dos r

ecur

sos f

lores

tais –

re

flore

stame

nto da

vege

tação

ribeir

inha;

Prote

ção d

o inte

rior d

o Sítio

Hist

órico

; Se

rviço

s de i

nfra-

estru

tura b

ásica

e tur

ística

- tre

nzinh

o, ch

arre

tes, p

edali

nhos

, emb

arca

ções

de

alugu

el, an

cora

dour

os, m

irante

s, qu

iosqu

es;

Equip

amen

tos de

múlt

iplo u

so -

recre

ação

e de

spor

to.

Valor

izaçã

o da e

xcele

nte es

trutur

a pais

agíst

ica

do sí

tio;

Pres

erva

ção d

a pais

agem

natur

al;

Ofer

tar eq

uipam

entos

de m

últipl

o us

o e de

int

eres

se m

etrop

olitan

o, pa

ra re

creaç

ão e

desp

orto;

Or

dena

mento

do so

lo da

faixa

de pr

aia;

Melho

ria do

ambie

nte ur

bano

; Pr

oteçã

o do s

ítio hi

stóric

o; Pr

eser

vaçã

o dos

recu

rsos f

lores

tais,

sobr

etudo

da

s mata

s de s

uas c

olina

s e d

a veg

etaçã

o rib

eirinh

a.

Proje

to de

Res

taura

ção d

o Sí

tio H

istór

ico da

Matr

iz de

N. S

. do

s Pra

zere

s de M

aran

guap

e – P

MP/19

93.

Decre

tos M

unici

pais

estab

elecid

os em

1985

, em

1998

, este

últ

imo p

ara i

mplan

tar o

parq

ue. A

lém do

sítio

histó

rico d

e N.

S.do

s Pra

zere

s de M

aran

guap

e, for

mado

pelas

ruína

s da

igreja

matr

iz e d

a cas

a par

oquia

l, além

dos r

esqu

ícios

da

resid

ência

de Jo

ão F

erna

ndes

Viei

ra, h

erói

da re

staur

ação

Pe

rnam

buca

na, e

rguid

as no

ano

de 16

56 a

pedid

o do

mesm

o, qu

e adq

uiriu

as te

rras d

epois

do m

ovim

ento

liber

tário.

Área

65

4ha

654h

ha

508,1

9ha (

132,2

4 ha d

e mata

do Ja

nga)

An

álise

comp

arati

va

Redu

ção

na á

rea

do p

arqu

e, em

relaç

ão a

o tam

anho

da

área

rese

rvada

, oco

rrida

em

funçã

o da

pre

ssão

imob

iliária

repr

esen

tada

por l

oteam

entos

nas

áre

as a

djace

ntes.

Trata

-se d

e um

a pr

oprie

dade

priv

ada

da F

amília

Lun

dgre

n, do

nos

da A

ntiga

Fáb

rica

de T

ecido

s Pa

ulista

. Áre

a co

m De

creto

Munic

ipal n

º 048

/98 q

ue in

stitui

a á

rea

do

Parq

ue do

Jang

a com

605,4

ha, s

ubtra

indo-

se de

sta um

a áre

a de 9

7,21 h

a., pa

ssan

do a

ser c

onsid

erad

o com

o áre

a de P

arqu

e 508

,19 ha

. Ár

ea e

stagn

ada

e co

m pr

oces

sos d

e inv

asõe

s. Me

smo

conta

ndo

com

pouc

o ar

cabo

uço

legal

para

a su

a pr

oteçã

o, te

m gr

ande

par

te co

nser

vada

por

ser d

e pr

oprie

dade

pr

ivada

, res

pons

ável

pela

gara

ntia d

a sua

integ

ridad

e. Vu

lnera

bilida

de

Área

do en

torno

em pr

oces

so de

aden

same

nto, p

ela lo

caliz

ação

de c

onjun

tos ha

bitac

ionais

; Ru

ínas d

a Cap

ela aí

exist

ente,

em

comp

leto a

band

ono,

com

poss

ibilid

ade d

e rec

uper

ação

; Pr

oces

so de

eros

ão do

solo

caus

ado p

rincip

almen

te pe

las aç

ões n

eglig

entes

de de

smata

mento

s, qu

eimad

as e

movim

entos

de te

rra;

Proc

esso

de oc

upaç

ão cl

ande

stina

inten

sa e

deso

rden

ada s

em in

fra-e

strutu

ra ad

equa

da;

A im

poss

ibilid

ade

legal

de vi

sitaç

ão d

a re

serva

eco

lógica

, o q

ue di

ficult

a o

uso

e co

ntrole

da á

rea,

facilit

ando

a d

egra

daçã

o da

s pais

agen

s veg

etais

exist

entes

, sua

faun

a e

a dep

reda

ção d

o sítio

histó

rico;

Acele

rado

proc

esso

de as

sore

amen

to do

siste

ma hí

drico

; Nã

o exis

tência

de de

marca

ção e

fisca

lizaç

ão da

área

. Em

1979

exist

iam 89

edific

açõe

s , em

taipa

, com

uma p

opula

ção d

e 536

habit

antes

Im

pleme

ntaçã

o Int

eres

se da

Pre

feitur

a do P

aulis

ta, c

onsta

ndo d

e pro

posta

de D

ecre

to Mu

nicipa

l de U

tilida

de P

úblic

a par

a fins

de de

sapr

opria

ção.

Ex

cepc

ionais

cara

cterís

ticas

físic

o-am

bienta

is em

term

os de

situa

ção g

eogr

áfica

, rele

vo e

paisa

gem;

A

partic

ipaçã

o da p

opula

ção r

eside

nte em

relaç

ão à

área

e às

práti

cas s

ociai

s; Fa

cilida

de de

contr

ole do

uso d

a ár

ea.

Page 162: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Par

ques

Met

ropo

lita

nos

– G

estã

o e

Pro

teçã

o de

Áre

as E

spec

iais

na

RM

R

Re

corte

Tem

pora

l – 19

75 -

2000

Ár

eas P

rioritá

rias

para

Par

ques

Me

tropo

litano

s 19

80

1987

20

00

05

HORT

O DE

OL

INDA

Mu

nicípi

o OL

INDA

Impla

ntaçã

o de

pa

rque

co

m ca

racte

rístic

as d

e pa

rque

tem

ático

, ab

sorve

ndo

e am

plian

do a

veg

etaçã

o fru

tífera

e ár

eas d

e laz

er.

Retom

ada c

omo J

ardim

Botâ

nico;

Camp

o de p

esqu

isa e

expe

rimen

tação

; Fu

nção

recre

acion

al.

Dentr

o dos

estud

os re

aliza

dos n

o Ter

ritório

1 – C

omple

xo S

algad

inho (

em

conti

nuida

de ao

estud

o Urb

aníst

ico do

Com

plexo

Salg

adinh

o) fo

i ave

ntada

a po

ssibi

lidad

e de s

er ut

ilizad

o com

o par

que,

inser

ido no

proc

esso

de

revit

aliza

ção e

re-o

rden

amen

to da

Sé d

e Olin

da.

Área

31

ha

26,10

ha

9ha

Análi

se

comp

arati

va

Redu

ção b

astan

te dr

ástic

a de m

ais de

1/3 d

a áre

a ante

riorm

ente

defin

ida, e

m fun

ção d

o pro

cess

o de e

xpan

são d

a ocu

paçã

o urb

ana e

ausê

ncia

de

inves

timen

tos pa

ra a

impla

ntaçã

o do p

arqu

e. Es

sa si

tuaçã

o per

mane

ce, e

mbor

a seja

cons

enso

a im

portâ

ncia

da im

planta

ção d

e um

equip

amen

to de

sse p

orte,

no

conte

xto do

sítio

histó

rico.

Embo

ra in

tegra

nte do

s Sítio

s Hist

órico

s de O

linda

e, po

rtanto

com

prote

ção l

egal,

sofre

u vár

ias oc

upaç

ões e

não t

em a

sua

desti

naçã

o, de

parq

ue, g

aran

tida.

Vulne

rabil

idade

Pr

essã

o da o

cupa

ção u

rban

a pela

prox

imida

de de

área

s de g

rand

e den

sidad

e; Pr

oces

so de

lotea

mento

de pa

rte da

área

– Lo

teame

nto C

ircula

r. Au

sênc

ia de

recu

rsos f

inanc

eiros

para

viab

ilizar

a pr

opos

ta de

criaç

ão de

parq

ue de

laze

r e pr

eser

vaçã

o da v

egeta

ção.

Imple

menta

ção

Área

inclu

ída no

Pro

jeto M

ETRÓ

POLE

EST

RATÉ

GICA

– FI

DEM

e Pre

feitur

as de

Olin

da e

Recif

e, de

staca

da co

mo T

erritó

rio 1

– Com

plexo

Cult

ural

Recif

e-

Olind

a, co

m pr

opos

tas de

açõe

s estr

atégic

as, o

nde d

estac

a-se

a ins

talaç

ão do

Hor

to.

Page 163: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Par

ques

Met

ropo

lita

nos

– G

estã

o e

Pro

teçã

o de

Áre

as E

spec

iais

na

RM

R

Re

corte

Tem

pora

l – 19

75 –

2000

Ár

eas P

rioritá

rias p

ara

Parq

ues

Metro

polita

nos

1980

19

87

2000

06

MANG

UEZA

IS

Munic

ípio

RECI

FE

Anter

iorme

nte P

arqu

e Sã

o Si

mão,

sem

prop

ostas

defi

nidas

, a e

xceç

ão

de c

onsti

tuir

uma

gran

de á

rea

de

pres

erva

ção,

inser

ida e

m ár

eas

de

expa

nsão

ur

bana

, ac

elera

da

e de

nsa.

Há um

a alte

raçã

o da á

rea

anter

iorme

nte de

finida

, pas

sand

o ne

sse m

omen

to ao

Par

que d

o En

canta

Moç

a, on

de oc

orre

u Co

ncur

so P

úblic

o de I

déias

para

os

Parq

ues M

etrop

olitan

os, s

endo

se

lecion

ado,

com

as pr

opos

tas:

Tra

tam

ento

pai

sagí

stic

o co

m

equi

pam

ento

s de

rec

reaç

ão;

Instal

açõe

s par

a eve

ntos t

rans

itório

s –

show

s, co

ncer

tos, c

ircos

e etc

.

Prop

osta

da P

refei

tura d

a Cida

de do

Rec

ife pa

ra im

planta

ção d

o Par

que

dos M

angu

ezais

, den

tro do

PRO

DIUR

– Pr

ogra

ma de

Dina

miza

ção

Urba

na P

arqu

e dos

Man

guez

ais.

A pa

rtir de

1997

, den

tro do

Estu

do U

rban

ístico

do C

omple

xo S

algad

inho,

prom

ovido

pela

FIDE

M em

conju

nto co

m as

Pre

feitur

as de

Olin

da e

Recif

e e a

MAR

INHA

, esta

área

tem

sido c

onsid

erad

a com

o ativ

o imp

ortan

te pa

ra ab

sorve

r um

parq

ue m

etrop

olitan

o.

Área

13

0ha

25ha

24

5ha

Análi

se co

mpar

ativa

Em

bora

poss

a pa

rece

r que

a ár

ea d

efinid

a foi

ampli

ada,

neste

caso

há q

ue se

cons

idera

r que

se tr

ata d

e uma

áre

a frá

gil so

b o p

onto

de vi

sta am

bienta

l, on

de ex

iste g

rand

e res

erva

de ve

getaç

ão de

man

gue,

cons

tituind

o par

te sig

nifica

tiva r

eman

esce

nte do

sítio

natur

al do

Rec

ife e

gran

des p

arce

las de

área

flu

vial,

perfa

zend

o um

total

de

135,8

5 ha

., as

sim c

omo

estre

ita fa

ixa d

e ter

ra d

a an

tiga

Rádio

Pina

da

Marin

ha, q

ue c

orre

spon

de a

12,9

5 ha

. de

terra

po

ssíve

l de

utiliz

ação

. Aind

a é

relev

ante

desta

car u

ma g

rand

e qu

antid

ade

de á

reas

inva

didas

por

pop

ulaçã

o de

baix

a re

nda,

no p

rópr

io int

erior

da

área

, ca

so da

Ilha d

e Deu

s e na

s áre

as ad

jacen

tes.

Área

prote

gida e

cons

erva

da, p

ela M

arinh

a, em

bora

com

o ento

rno b

astan

te co

mpro

metid

o com

inva

sões

por f

avela

s.

Vulne

rabil

idade

Ár

eas p

erifé

ricas

comp

rome

tidas

com

invas

ões o

u ocu

paçõ

es irr

egula

res.

Gran

de pr

essã

o do s

etor im

obiliá

rio, e

m fun

ção d

o cre

scim

ento

urba

no de

Boa

Viag

em.

Imple

menta

ção

Área

prote

gida p

ela M

arinh

a. Re

pres

enta

um al

to po

tencia

l de p

roteç

ão de

ecos

sistem

as na

turais

, pela

pres

ença

de m

angu

es.

A ne

gocia

ção

com

a Mar

inha d

eu um

gran

de pa

sso,

posto

que

foi a

ssina

do um

proto

colo

de in

tençõ

es, n

a for

ma de

um T

ERM

O DE

COM

PROM

ISSO

entre

a Ma

rinha

, o

Gove

rno

do E

stado

e a

s Pre

feitu

ras d

e Re

cife

e Ol

inda,

em m

arço

de

2002

. Des

sa m

aneir

a a

área

corre

spon

dente

aos

man

guez

ais p

oder

á se

r, no

vame

nte a

lvo d

e um

pr

ojeto

de pa

rque

, res

guar

dand

o-se

sua f

unçã

o natu

ral.

Page 164: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Par

ques

Met

ropo

lita

nos

– G

estã

o e

Pro

teçã

o de

Áre

as E

spec

iais

na

RM

R

Re

corte

Tem

pora

l – 19

75 -

2000

Ár

eas P

rioritá

rias

para

Par

ques

Me

tropo

litano

s 19

80

1987

20

00

07

ITAM

ARAC

Á Mu

nicípi

o ILH

A DE

IT

AMAR

ACÁ

Conf

igur

ação

de c

ompl

exo

turís

tico;

Impl

emen

taçã

o de

equi

pam

ento

s com

unitá

rios e

de l

azer

à po

pulaç

ão lo

cal –

esco

la, b

iblio

teca

, mus

eu,

cinem

a, te

atro

e qu

adra

s de e

spor

tes;

Pa

pel s

igni

ficat

ivo n

o or

dena

men

to d

o so

lo d

a ilh

a;

Pres

erva

ção A

mbien

tal e

do S

ítio H

istór

ico –

reflo

resta

mento

e re

cupe

raçã

o dos

sítio

s e

monu

mento

s hist

órico

s; Ma

rina P

úblic

a – cl

ube n

áutic

o, mu

seu d

o mar

, lojas

es

pecia

lizad

as, a

lfând

ega e

políc

ia na

val;

Servi

ços d

e infr

a-es

trutur

a bás

ica e

turíst

ica -

área

s pa

ra ca

mping

, tren

zinho

, cha

rretes

, ped

alinh

o no

açud

e, em

barca

ções

de al

ugue

l, mira

ntes,

belve

dere

s, qu

iosqu

es pa

ra ve

nda d

e arte

sana

to, an

cora

dour

os,

pista

de ae

romo

delis

mo e

tanqu

e pa

ra m

odeli

smo

nava

l, hote

l-pou

sada

.

Apro

veita

mento

para

ativi

dade

s des

portiv

as,

náuti

cas e

terre

stres

; Pr

eser

vaçã

o amb

iental

das c

arac

teríst

icas

rura

is, do

sítio

histó

rico e

xisten

te e d

os

recu

rsos f

lores

tais r

epre

senta

dos p

elas m

atas

de en

costa

s e pe

los co

queir

ais.

Comp

lexo t

uríst

ico: m

arina

públi

ca, b

ibliot

eca e

club

e náu

tico,

lojas

espe

cializ

adas

, alfâ

ndeg

a, mu

seu d

o mar

e po

lícia

nava

l; Im

pleme

ntaçã

o de e

quipa

mento

s: qu

adra

s de t

ênis,

pista

de

aero

mode

lismo

e mo

delis

mo na

val, m

irante

s e be

lvede

res e

pe

dalin

hos e

emba

rcaçõ

es de

alug

uel e

hotel

-pou

sada

; Pa

pel s

ignific

ativo

no or

dena

ment

o do s

olo da

ilha;

Pres

erva

ção a

mbien

tal –

reflo

resta

mento

e re

cupe

raçã

o dos

sít

ios e

monu

mento

s hist

órico

s; Ap

rove

itame

nto da

s edif

icaçõ

es h

istór

icas –

Eng

enho

s Amp

aro

e São

João

Área

85

0ha

850h

a 20

0ha

Análi

se co

mpar

ativa

Ante

riorm

ente

o pa

rque

cons

istia

em q

uase

toda

a zo

na o

este

da Ilh

a de

Itam

arac

á, pa

ssan

do a

gora

a u

ma p

arte

da m

esma

, nota

dame

nte a

quela

ond

e se

ins

erem

os

sítios

hist

órico

s, e

uma

vasta

áre

a de

veg

etaçã

o, qu

e pa

ssar

iam a

com

por u

ma u

nidad

e de

con

serva

ção

da n

ature

za e

de

turism

o ec

ológic

o. Ár

ea es

tagna

da on

de oc

orre

m alg

uns p

roce

ssos

de oc

upaç

ões i

rregu

lares

e au

sênc

ia de

uma a

ção p

úblic

a ou p

rivad

a que

dê su

stente

abilia

dde a

mes

ma.

Vulne

rabil

idade

Ár

ea so

bre p

ress

ão qu

anto

ao pr

oces

so de

ocup

ação

; Po

uca c

larez

a qua

nto ao

s ins

trume

ntos d

e pro

teção

e de

delim

itaçã

o da á

rea;

Proc

esso

acele

rado

de de

grad

ação

e, at

é mes

mo, d

e dem

oliçã

o de c

onstr

uçõe

s dos

Eng

enho

s Am

paro

e Sã

o Joã

o; Co

rtes s

eletiv

os d

e ma

deira

, ero

são,

queim

adas

, pre

senç

a de

foco

s de

lixo

e ha

bitaç

ões n

o en

torno

, prin

cipalm

ente

na R

eser

va E

cológ

ica d

a Ma

ta d

o En

genh

o Sã

o Jo

ão,

por n

ão po

ssuir

dema

rcaçã

o da á

rea e

nem

fisca

lizaç

ão.

Imple

menta

ção

No in

terior

da

área

defi

nida

para

o p

arqu

e, ex

istem

três

áre

as, h

istór

icas r

epre

senta

das p

elo p

ovoa

do d

e Vi

la Ve

lha, e

Eng

enho

s do

Ampa

ro e

São

João

, amb

os o

bjeto

de

inter

esse

do G

over

no do

Esta

do e

inclu

ídos e

m pla

nos e

spec

íficos

; As

Mata

s dos

Eng

enho

s do

Ampa

ro e

São J

oão,

por s

e tra

tarem

de R

eser

vas E

cológ

icas,

fizer

am pa

rte do

Diag

nósti

co da

s Res

erva

s Eco

lógica

s da R

MR –

SECT

MA/20

01;

A Re

serva

Eco

lógica

da

Mata

do A

mpar

o es

tá de

marca

da p

or u

ma ce

rca d

e ar

ame

farpa

do e

é vi

giado

, per

iodica

mente

, por

um

vigia

do C

IPOM

A –

admi

nistra

dor d

a ár

ea.

Não e

xiste

Plan

o de M

anejo

, equ

ipame

ntos e

nem

infra

-estr

utura

para

as ár

eas.

Page 165: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Par

ques

Met

ropo

lita

nos

– G

estã

o e

Pro

teçã

o de

Áre

as E

spec

iais

na

RM

R

Re

corte

Tem

pora

l – 19

75 -

2000

Ár

eas P

rioritá

rias

para

Par

ques

Me

tropo

litano

s 19

80

1987

20

00

08

LAGO

A OL

HO

D’ÁG

UA

Munic

ípio

JABO

ATÃO

DO

S GU

ARAR

APES

Pres

erva

ção e

recu

pera

ção d

o es

pelho

d`ág

ua, d

os m

angu

es;

Faixa

cir

cund

ante

no

entor

no

da

lagoa

, de

ap

roxim

adam

ente

100

metro

s, co

m tra

tamen

to pa

is

Parq

ue da

Lago

a do O

lho D

´Águ

a

A pr

opos

ta pa

ra o

Parq

ue M

etrop

olitan

o da L

agoa

do O

lho D

´Águ

a, int

egra

uma d

as ce

m me

lhore

s inic

iativa

s do m

undo

do H

abita

t II e

se

inser

e um

conte

xto m

ais am

plo, p

assa

ndo p

ela re

estru

turaç

ão do

sa

neam

ento

ambie

ntal d

a áre

a mais

abra

ngen

te e a

impla

ntaçã

o de

equip

amen

tos de

laze

r.

Área

18

5 ha (

+375

– es

pelho

d´ág

ua)

500h

a 50

0ha

375 d

e esp

elho

d’ág

ua

Análi

se co

mpar

ativa

Em

bora

inse

rida

no P

laneja

mento

Mun

icipa

l, e

cons

idera

da c

omo

uma

das

prop

ostas

sele

ciona

das,

pelo

seu

âmbit

o de

abr

angê

ncia,

não

con

sta a

inda

defin

ições

pre

cisas

sobr

e su

a ge

stão

e via

bilida

de té

cnica

e fin

ance

ira. E

ntorn

o co

mpro

metid

o co

m oc

upaç

ões i

rregu

lares

e p

roble

mas d

e ala

game

ntos e

au

sênc

ia de

esgo

tamen

to sa

nitár

io.

Vulne

rabil

idade

Co

mpro

metim

ento

com

lotea

mento

s que

extra

polam

o pe

rímetr

o molh

ado,

de co

tas ba

ixas e

com

a aus

ência

de sa

neam

ento;

Pr

oces

so ac

elera

do de

asso

ream

ento

da la

goa,

ampli

ando

o se

u raio

de ab

rang

ência

; Al

ta pr

essã

o urb

ana;

Ár

ea se

m de

marca

ção f

ísica

, facil

itand

o as o

cupa

ções

irreg

ulare

s. Ár

eas p

erifé

ricas

comp

rome

tidas

com

invas

ões o

u oc

upaç

ões i

rregu

lares

. Gra

nde

pres

são

do se

tor im

obiliá

rio, e

m fun

ção

do cr

escim

ento

urba

no d

e Bo

a Vi

agem

. Im

pleme

ntaçã

o Fa

ltam

proje

tos.

Nece

ssida

de im

ediat

a de d

raga

gem

da la

goa e

dema

rcaçã

o físi

ca do

parq

ue.

Repr

esen

ta um

alto

poten

cial d

e pro

teção

de ec

ossis

temas

natur

ais, p

ela pr

esen

ça de

man

gues

.

Page 166: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Par

ques

Met

ropo

lita

nos

– G

estã

o e

Pro

teçã

o de

Áre

as E

spec

iais

na

RM

R

Re

corte

Tem

pora

l – 19

75 -

2000

Ár

eas P

rioritá

rias

para

Par

ques

Me

tropo

litano

s 19

80

1987

20

00

09

JIQUI

Á Mu

nicípi

o RE

CIFE

A ár

ea nã

o foi

co

ntemp

lada

pelo

Plan

o

Manu

tençã

o das

ativi

dade

s pro

dutor

as;

Valor

izaçã

o da T

orre

por m

eio de

uma p

raça

rode

ada p

or pa

lmeir

as im

peria

is e a

tor

re ao

centr

o; Ed

ifícios

milit

ares

desti

nado

s ao a

poio

ás ár

eas d

e fes

tas po

pular

es e

lazer

; Cr

iação

de no

va ed

ificaç

ão de

stina

da a

biblio

teca,

expo

siçõe

s e m

useu

do

Zepp

elin;

Criaç

ão de

estád

io olí

mpico

com

toda i

nfra-

estru

tura n

eces

sária

; Cr

iação

de ce

ntro d

e esp

ortes

moto

rizad

os e

aero

mode

lismo

; Cr

iação

de ed

ificaç

ão pa

ra o

setor

admi

nistra

tivo;

Uma m

assa

verd

e iso

la vis

ualm

ente

a com

unida

de do

entor

no, n

ão va

loriza

o vín

culo

entre

o Pa

rque

e a c

omun

idade

.

Prop

osta

cons

idera

o en

torno

; A

área

foi c

oloca

da a

dispo

sição

do P

rogr

ama d

e Ar

rend

amen

to Re

siden

cial –

PAR

, par

a a co

nstru

ção

de m

orad

ias po

pular

es em

conv

ênio

com

a C.E

.F;

Foi d

esca

rtada

a po

ssibi

lidad

e de c

onstr

ução

de um

a es

tação

de tr

atame

nto d´

água

, pela

COM

PESA

. Ún

ica to

rre de

atra

caçã

o ex

isten

te no

mun

do co

m as

ca

racte

rístic

as de

confo

rmaç

ão te

lescó

pica,

com

altur

a máx

ima d

e 19 m

etros

.

Área

-

52 h

a 52

ha

Análi

se co

mpar

ativa

Pr

opos

ta de

impla

ntaçã

o de

um

Parq

ue T

emáti

co d

e As

trono

mia

e Ci

ência

s Afin

s, nu

ma á

rea

de 1

6 ha

, que

soma

da a

áre

a an

terior

mente

defi

nida

acre

sce

a me

sma

para

70

,5 ha

. O P

rojet

o de

Lei

nº 1

3, de

13

de m

arço

de

2001

auto

riza

a co

nstru

ção

do re

ferido

par

que

temáti

co d

enom

inado

Mem

orial

Geo

rg M

arcg

rave

, ond

e se

rá in

stalad

o um

obs

erva

tório

astro

nômi

co, p

lanetá

rio e

cen

tros

e mu

seus

de

ciênc

ias a

fins

Gran

de p

arte

da á

rea

comp

rome

tida

com

ocup

açõe

s e

invas

ões

no s

eu e

ntorn

o. Pr

oprie

dade

da Ju

stiça

Fed

eral

e da C

aixa E

conô

mica

Fed

eral,

com

re-d

irecio

name

nto de

usos

. Vu

lnera

bilida

de

Aban

dono

da to

rre de

atra

caçã

o, oc

asion

ando

um es

tado e

levad

o de

corro

são d

e sua

estru

tura m

etálic

a; Pr

oces

so de

ocup

ação

clan

desti

na e

deso

rden

ada s

em in

fra-e

strutu

ra ad

equa

da, in

tensif

icada

a pa

rtir d

a con

struç

ão da

III P

erim

etral,

em 20

00;

Alto

grau

de an

tropiz

ação

na ár

ea, r

espo

nsáv

el pe

la de

grad

ação

da p

aisag

em ve

getal

exist

ente,

com

repe

rcuss

ão na

faun

a e na

dimi

nuiçã

o da v

azão

dos c

órre

gos;

Acele

rado

proc

esso

de as

sore

amen

to do

siste

ma hí

drico

, com

acum

ulo el

evad

o de l

ixo no

s cór

rego

s, ca

nais

e man

gues

; De

ficiên

cia em

capa

citaç

ão pr

ofiss

ional,

socia

l e am

bienta

l da p

opula

ção r

eside

nte no

entor

no.

Imple

menta

ção

Exce

pcion

al sit

uaçã

o geo

gráfi

ca e

m re

lação

a RM

R, pr

incipa

lmen

te qu

anto

a sua

aces

sibilid

ade e

meio

s de t

rans

porte

s; Ma

rcos

histór

icos

das

ocup

açõe

s e

usos

apr

opria

dos

pela

área

, com

o: en

genh

o de

can

a (1

598-

1870

), pis

ta de

atra

caçã

o de

dirig

íveis

(193

0-19

37),

camp

o bé

lico

dos

amer

icano

s na 2

º Gue

rra M

undia

l; Pa

rticipa

ção d

a pop

ulaçã

o res

idente

em re

lação

à ár

ea e

às pr

ática

s soc

iais,

inclus

ive co

mo e

spaç

o de l

azer

das c

omun

idade

s vizi

nhas

; Fu

ndaç

ão, n

o dia

22

de M

aio d

e 20

01, d

a As

socia

ção

dos

Amigo

s do

Zep

pelin

– A

AZEP

, com

a fi

nalid

ade

de p

rogr

amar

e a

poiar

a im

planta

ção

e o

dese

nvolv

imen

to su

stentá

vel d

o Par

que;

Pres

ença

do B

atalhã

o da P

olícia

Milit

ar qu

e res

guar

da e

prote

ge a

área

, den

tro da

s sua

s lim

itada

s pos

sibilid

ades

; Pa

rte da

gleb

a de p

ropr

iedad

e da C

EF fo

i disp

onibi

lizad

a par

a o P

rogr

ama d

e Arre

ndam

ento

Resid

encia

l – P

AR, p

ara a

cons

truçã

o de m

orad

ias po

pular

es.

Atua

lmen

te a

Prefe

itura

do

Recif

e es

tá ce

rcand

o a

área

e p

romo

vend

o um

a no

va d

elimi

tação

, com

pon

tos r

efere

nciad

os. N

a pr

opos

ta da

Pre

feitur

a ex

iste

uma

persp

ectiv

a de

reso

lver o

pro

blema

de

carê

ncia

de h

abita

ção,

demo

nstra

da p

elas i

nvas

ões n

a ár

ea e

seu

entor

no. C

omo

a so

lução

enc

ontra

da p

ress

upõe

uma

peq

uena

re

duçã

o da á

rea d

o par

que,

foi es

tudad

a a po

ssibi

lidad

e de u

ma co

mpen

saçã

o jun

to ao

Mini

stério

Púb

lico

Estad

ual d

o par

que s

er re

almen

te im

planta

do.

A ár

ea do

parq

ue pe

rtenc

e a C

AIXA

ECO

NÔMI

CA F

EDER

AL, q

ue te

m es

tudad

o, co

mo po

derá

ser f

eito o

repa

sse,

sob o

aspe

cto le

gal.

Page 167: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Par

ques

Met

ropo

lita

nos

– G

estã

o e

Pro

teçã

o de

Áre

as E

spec

iais

na

RM

R

Re

corte

Tem

pora

l – 19

75 -

2000

Ár

eas P

rioritá

rias

para

Par

ques

Me

tropo

litano

s 19

80

1987

20

00

10

CAPI

BARI

BE

Munic

ípio

RECI

FE

Pape

l sign

ificati

vo no

orde

name

nto do

solo

ao lo

ngo d

a faix

a do

rio;

Imple

menta

ção d

e equ

ipame

ntos c

omun

itário

s e de

lase

r à

popu

lação

loca

l - es

cola,

bibli

oteca

, mus

eu e

quad

ras d

e es

porte

s; Pr

eser

vaçã

o dos

recu

rsos h

ídrico

s, flo

resta

is e d

os sí

tios

histór

icos;

Servi

ços d

e infr

a-es

trutur

a bás

ica de

recre

ação

e tur

ística

– ár

eas d

e ins

talaç

ão de

circo

s e pa

rque

s de d

iversã

o, tre

nzinh

o, ch

arre

tes, c

iclov

ias, p

istas

de co

oper

, ped

alinh

os,

emba

rcaçõ

es de

tran

spor

te de

mas

sa, a

ncor

adou

ros,

quios

ques

, Mus

eu de

Ciên

cias N

atura

is (D

ois Ir

mãos

), pla

netár

io, de

raias

de re

mo e

de gi

násio

cobe

rto pa

ra

comp

etiçõ

es, tr

einam

entos

e ap

rese

ntaçõ

es de

espe

táculo

s po

pular

es.;

Apro

veita

mento

e m

elhor

ias n

as á

reas

do

Parq

ue P

rof.

Antôn

io Co

elho

– Ca

xang

á, do

Zoo

lógico

de

Dois

Irmão

s e

do S

ítio H

istór

ico da

Cas

a Gra

nde d

o Eng

enho

Bar

balho

.

Orde

name

nto es

pacia

l da

vizinh

ança

e do

solo

urba

no;

Multip

licida

de de

ativi

dade

s de

lazer

; Pr

eser

vaçã

o dos

sítio

s hist

órico

s e

dos r

ecur

sos h

ídrico

s e flo

resta

is ex

isten

tes.

Parq

ue C

apiba

ribe,

assim

cons

tituído

– Ho

rto de

Dois

Irm

ãos;

Parq

ue de

San

tana;

Parq

ue da

Jaqu

eira;

Pa

rque

Exp

osiçã

o de A

nimais

, form

ando

espa

ços d

e laz

er ao

long

o do r

io Ca

pibar

ibe, a

ssim

como

o Ca

is da

Rua

Aur

ora.

Im

planta

do

e em

ple

no

funcio

name

nto

o Ho

rto

Zoob

otânic

o de D

ois Ir

mãos

.

Área

14

00ha

(sem

conti

nuida

de)

160h

a – es

pelho

d´ág

ua

1400

ha(se

m co

ntinu

idade

)

397h

a

Análi

se co

mpar

ativa

O

Parq

ue C

apiba

ribe é

hoje

form

ado p

or um

conju

nto de

unida

des d

e áre

as co

m ofe

rta de

laze

r à po

pulaç

ão m

etrop

olitan

a.

Vulne

rabil

idade

Ár

ea de

nsam

ente

ocup

ada c

om fo

rte pr

essã

o ocu

paçõ

es irr

egula

res,

que s

e apr

opria

ram

das f

aixas

de so

lo liv

re, a

o lon

go do

rio.

Pouc

os tr

echo

s, ao

long

o do

rio,

aind

a se

faze

m pa

ssíve

is de

trata

mento

par

a o

lazer

púb

lico.

Parte

das

áre

as m

argin

ais d

o Ri

o Ca

pibar

ibe te

m a

prote

ção

do C

ódigo

Flo

resta

l e d

a Le

i Mun

icipa

l esp

ecífic

a, em

bora

não

esta

beleç

am re

lação

dire

ta co

m a

gara

ntia

de im

planta

ção

do p

arqu

e lin

ear d

o Ca

pibar

ibe. E

ntreta

nto, a

lguns

par

ques

for

am im

planta

dos,

como

: Jaq

ueira

, San

tana,

Caiar

a e de

Exp

osiçõ

es de

Anim

ais.

Imple

menta

ção

Poss

ibilid

ade d

e imp

lantar

trec

hos e

m ár

eas v

azias

, ao l

ongo

do rio

, entr

e este

s, um

a áre

a hoje

desti

nada

para

o Pa

rque

de A

pipuc

os, c

om pr

ojeto

conc

luído

pela

Prefe

itura

. A

Prefe

itura

do R

ecife

tem

a idé

ia de

dese

nvolv

er es

tudos

e pr

opos

tas, a

travé

s de u

m Co

mitê

da B

acia

do B

aixo

Capib

aribe

, dev

endo

envo

lver a

s Pre

feitur

as de

Jabo

atão

e Ca

mara

gibe,

estas

com

açõe

s pon

tuais

ao lo

ngo

do ri

o. O

uso

do ri

o é

o fo

co p

ara

o pr

ojeto

e pa

ra is

so te

m dis

cutid

o idé

ias d

e me

lhor u

tiliza

ção,

atra

vés d

e pie

rs e

a im

planta

ção d

e um

barco

esco

la.

Page 168: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Par

ques

Met

ropo

lita

nos

– G

estã

o e

Pro

teçã

o de

Áre

as E

spec

iais

na

RM

R

Re

corte

Tem

pora

l – 19

75 -

2000

Ár

eas

comp

lemen

tares

pa

ra P

arqu

es

Metro

polita

nos

1980

19

87

2000

01

DOIS

IRMÃ

OS

Munic

ípio

RECI

FE

Inser

ido n

o Pa

rque

Cap

ibarib

e, co

mo

uma

das á

reas

de

gran

de im

portâ

nica

ambie

ntal e

pais

agíst

ica. C

ompr

eend

e o J

ardim

Zoo

botân

ico de

Dois

Irmã

os.

Em 1

987,

atrav

és d

a Le

i nº 9

.989/8

7, a

Mata

de D

ois Ir

mãos

, com

338

,67

ha

foi

decre

tada

como

Re

serva

Ec

ológic

a. En

tretan

to, a

nterio

rmen

te a

refer

ida ár

ea co

nstav

a do C

adas

tro de

Ár

eas

Verd

es d

a RM

R, c

om 3

94,03

ha

.,

Em 1

998,

atrav

és d

a Le

i Esta

dual

nº 1

1.622

, de

29.12

.98 fo

i esta

belec

ido

o Par

que E

stadu

al de

Dois

Irmã

os.

A ge

stão

do P

arqu

e é

feita

pelo

Gove

rno

do E

stado

, atra

vés

de u

ma

Admi

nistra

ção

próp

ria d

o pa

rque

, vin

culad

a a

Secre

taria

de C

iência

, Te

cnolo

gia e

Meio

Ambie

nte –

SECT

MA.

Tem

uso p

ela po

pulaç

ão m

etrop

olitan

a.

Área

14

00ha

(sem

conti

nuida

de)

160h

a – es

pelho

d´ág

ua

388h

a 38

7,47h

a

Análi

se co

mpar

ativa

Á

rea

re-cl

assif

icada

na

Categ

oría

de P

arqu

e Es

tadua

l, em

con

diçõe

s fav

oráv

eis à

con

tinuid

ade

das

açõe

s de

ativ

idade

s cie

ntífic

as, t

uríst

icas

e de

co

nser

vaçã

o da n

atura

za.

Parq

ue E

stadu

al im

planta

do, b

em co

nser

vado

, com

prote

ção l

egal

e ges

tão es

pecíf

ica.

Vulne

rabil

idade

Pr

essã

o antr

ópica

exer

cida p

ela p

opula

ção a

djace

nte so

bre a

Mat

a Atlâ

ntica

. Im

pleme

ntaçã

o Co

ndiçõ

es fa

vorá

veis

à co

ntinu

idade

do pr

ogra

ma im

planta

do de

recu

pera

ção e

imple

menta

ção d

as at

ivida

des c

ientíf

icas,

turíst

icas e

de co

nser

vaçã

o da á

rea.

Page 169: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Par

ques

Met

ropo

lita

nos

– G

estã

o e

Pro

teçã

o de

Áre

as E

spec

iais

na

RM

R

Re

corte

Tem

pora

l – 19

75 -

2000

Ár

eas

comp

lemen

tares

pa

ra P

arqu

es

Metro

polita

nos

1980

19

87

2000

02

CAET

ÉS

(Tim

bó)

Munic

ípio

PAUL

ISTA

Desti

nada

ao

Parq

ue d

o Tim

bó, o

nde

está

inser

ida a

Mata

de

Chã

de P

au

de L

égua

, re

mane

scen

te de

Mata

At

lântic

a.

Em 1

987,

atrav

és d

a Le

i nº 9

.989/8

7, a

Mata

de C

aetés

, foi

decre

tada

como

Re

serva

Eco

lógica

da

RMR.

Mes

mo

assim

con

tinua

com

a p

ropo

sta d

e Pa

rque

do T

imbó

.

Em 1

998,

atrav

és d

a Le

i nº 1

1.622

/98, a

áre

a da

rese

rva E

cológ

ica d

e Ca

etés f

oi alt

erad

a par

a a ca

tegor

ia de

Esta

ção E

cológ

ica de

Cae

tés.

Área

67

0 ha.

15

0 ha.

15

7 ha.

Análi

se co

mpar

ativa

Ár

ea re

-clas

sifica

da c

omo

Rese

rva E

cológ

ica e

dep

ois c

omo

Estaç

ão E

cológ

ica, t

eve

sua

área

apa

rente

mente

redu

cida

em fu

nção

da

retira

da d

a ár

ea

estua

rina d

o tota

l. Tem

Plan

o de M

anejo

e tem

o co

ntrole

exer

cido p

elo C

IPOM

A e a

gestã

o feit

a pelo

Gov

erno

do es

tado a

trav

és da

CPR

H, co

m ap

oio da

co

munid

ade l

o]cal

que s

empr

e defe

ndeu

essa

unida

de de

cons

erva

ção.

Es

tação

Eco

lógica

impla

ntada

. Falt

am aç

ões p

ara s

usten

tabilid

ade e

conô

mica

. Vu

lnera

bilida

de

Como

toda

s as z

onas

litor

ânea

s, so

fre a

s pre

ssõe

s do

proc

esso

de

ocup

ação

, de

exp

ansã

o ur

bana

, prin

cipalm

ente,

com

a im

plant

ação

de

lotea

mento

s e co

nstru

ção

de

casa

s pop

ulare

s; A

área

é de

marca

da po

r uma

cerca

de ar

ame f

arpa

do, s

endo

que,

em pr

ecár

ias co

ndiçõ

es de

man

utenç

ão;

Avan

çado

está

gio d

e re

moçã

o da

cobe

rtura

vege

tal, in

ician

do p

roce

sso

de e

rosã

o, co

m d

esab

amen

tos d

e ba

rreira

s nos

limite

s da

Mata

, dific

ultan

do a

reco

mpos

ição

da

vege

tação

prim

itiva.

Imple

menta

ção

A ár

ea, o

rigina

riame

nte, e

ra d

estin

ada

para

ater

ro s

anitá

rio d

e lix

o –

Ater

ro S

anitá

rio d

e Tim

bó II

, e a

obr

a foi

emb

arga

da n

a dé

cada

de

80, g

raça

s ao

emp

enho

da

Comu

nidad

e de C

aetés

I, de

Ass

ociaç

ões A

mbien

talis

tas e

de ou

tras e

ntida

des;

A ad

minis

traçã

o da á

rea e

a ma

nuten

ção d

a infr

a-es

trutur

a físi

ca es

tão a

carg

o do C

PRH,

enqu

anto

que a

fisca

lizaç

ão da

área

da m

ata,

está

a car

go da

CIP

OMA;

poss

ui um

a ver

são p

relim

inar d

o Plan

o de M

anejo

.

Page 170: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Par

ques

Met

ropo

lita

nos

– G

estã

o e

Pro

teçã

o de

Áre

as E

spec

iais

na

RM

R

Re

corte

Tem

pora

l – 19

75 –

2000

Ár

eas

comp

lemen

tares

pa

ra P

arqu

es

Metro

polita

nos

1980

19

87

2000

03

ENGE

NHO

UCHO

A Mu

nicípi

o RE

CIFE

Inter

esse

púb

lico

em p

roteg

er a

áre

a co

m po

ssibi

lidad

e de

ofer

tar l

azer

pa

ra a

popu

lação

.

Rese

rva E

cológ

ica le

gal.

Nece

ssida

de de

Plan

o de M

anejo

.

O De

creto

Munic

ipal n

º 17

.548,

datad

o de

20

de d

ezem

bro

de 1

996,

regu

lamen

ta a

Unida

de d

e Co

nser

vaçã

o En

genh

o Uc

hoa,

enqu

adra

ndo-

a na

cate

goria

de

Área

de

Prote

ção

Ambie

ntal,

onde

estã

o de

finido

s os

us

os e

a o

cupa

ção

do so

lo, a

par

tir de

zone

amen

to qu

e es

tabele

ce: Z

ona

de P

rese

rvaçã

o da V

ida S

ilves

tre; Z

ona d

e Tra

nsiçã

o; e,

Zona

Urb

ana.

Em 1

998

é de

finido

o R

egim

ento

Inter

no d

o Co

nselh

o de

Adm

inistr

ação

da

APA

Eng

enho

Uch

oa,

com

11 m

embr

os,

visan

do a

comp

anha

r a

imple

menta

ção d

a mes

ma.

Área

12

0 há.

20 h

á. 19

2ha

Análi

se co

mpar

ativa

P

or e

star i

nser

ida e

m um

a zo

na d

e for

te pr

essã

o po

r ocu

paçã

o de

baix

a re

nda

e, co

nside

rand

o-se

aind

a, su

a loc

aliza

ção

privi

legiad

a pe

la inf

ra-e

strutu

ra

viária

trad

uzida

pelo

eixo

da

BR 1

01, q

ue tr

az b

astan

te mo

bilida

de à

pop

ulaçã

o, es

ta ár

ea v

em a

o log

o do

s an

os s

e tra

nsfor

mand

o. Ne

sse

proc

esso

, pa

ssou

por

uma

prim

eira r

e-cla

ssific

ação

, em

1987

, pas

sand

o a c

onsti

tuir a

Res

erva

Eco

lógica

Eng

enho

Uch

oa, q

ue nã

o lhe

trou

xe b

enefí

cios d

iretos

. Em

segu

ida, 1

998 p

assa

a co

nstitu

ir uma

Áre

a de P

roteç

ão A

mbien

tal _A

PA E

ngen

ho U

choa

, o qu

e lhe

perm

ite fle

xibiliz

ar us

os, s

ob um

a ges

tão pr

ópria

. Vá

rios p

roce

ssos

de en

quad

rame

nto le

gal tê

m oc

orrid

o, se

m ga

ranti

r a co

nser

vaçã

o. O

envo

lvime

nto da

comu

nidad

e é um

fator

impo

rtante

. Vu

lnera

bilida

de

Prop

rieda

de pr

ivada

sem

cerca

par

a sua

prote

ção.

Não e

xiste

Plan

o de M

anejo

, ass

im co

mo in

fra-e

strutu

ra ou

equip

amen

tos qu

e pos

sibilit

em a

gara

ntia d

e sua

integ

ridad

e. Ind

ícios

de ex

plora

ção s

istem

ática

de re

curso

s natu

rais.

Ma

u esta

do de

cons

erva

ção,

com

pres

ença

de lix

o Pr

essã

o sob

re a

mata,

pela

popu

lação

vizin

ha.

Imple

menta

ção

Inter

esse

da P

refei

tura d

o Rec

ife e

m im

pleme

ntar a

ções

que p

ossib

ilitem

o de

senv

olvim

ento

da ár

ea co

mo ár

ea a

ser c

onse

rvada

e ain

da co

mo of

erta

de la

zer.

Forte

mov

imen

to de

defes

a pop

ular d

a áre

a. Ár

ea co

m de

creto

de de

sapr

opria

ção d

esde

2002

, emb

ora n

ão in

deniz

ada.

Page 171: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Par

ques

Met

ropo

lita

nos

– G

estã

o e

Pro

teçã

o de

Áre

as E

spec

iais

na

RM

R

Re

corte

Tem

pora

l – 19

75 -

2000

Ár

eas

comp

lemen

tares

pa

ra P

arqu

es

Metro

polita

nos

1980

19

87

2000

04

TAPA

CURÁ

Mu

nicípi

o SÃ

O LO

UREN

ÇO

DA M

ATA

Pape

l sign

ificati

vo no

orde

name

nto do

so

lo ru

ral;

Imple

menta

ção d

e equ

ipame

ntos

comu

nitár

ios e

de la

ser à

popu

lação

ru

ral -

esco

la, bi

bliote

ca, m

useu

e qu

adra

s de e

spor

tes;

Pres

erva

ção a

mbien

tal da

s ca

racte

rístic

as ru

rais,

do m

anan

cial e

do

s rec

urso

s flor

estai

s –

reflo

resta

mento

da ve

getaç

ão;

Servi

ços

de in

fra-e

strutu

ra b

ásica

de

recre

ação

e

turíst

ica

– ár

eas

de

camp

ing,

trenz

inho,

char

retes

, cic

lovias

, pis

tas

de

coop

er,

peda

linho

s, em

barca

ções

de

alugu

el,

anco

rado

uros

, mi

rante

s, be

lvede

res,

quios

ques

, hote

l-pou

sada

.

Orde

name

nto do

solo

rura

l; Pr

eser

vaçã

o am

bienta

l da

s ca

racte

rístic

as ru

rais,

do

mana

ncial

Repr

esa

de T

apac

urá,

e re

curso

s flo

resta

is.

A Un

idade

de

Cons

erva

ção

da M

ata d

e Ta

pacu

rá n

ão p

ossu

i Plan

o de

Ma

nejo.

Área

36

5 ha

365 h

a 80

0ha

+100

ha –

espe

lho d´

água

+1

00ha

- Ma

ta de

Tap

acur

á. An

álise

comp

arati

va

A á

rea

é ac

resc

ida, e

nqua

nto ta

mbém

são

acre

scida

s às

sua

s atr

ibuiçõ

es, d

esta

feita

para

o a

baste

cimen

to d’á

gua.

Entre

tanto

pre

scind

e de

um

zone

amen

to ec

onôm

ico-e

cológ

ico, a

lém de

um

estud

o de s

ua vi

abilid

ade e

conô

mica

e fin

ance

ira.

Estaç

ão E

cológ

ica im

planta

da, e

mbor

a apr

esen

tando

prob

lemas

de oc

upaç

ões i

rregu

lares

no en

torno

, da b

arra

gem.

Par

te da

área

é ge

rida p

elo G

over

no do

Esta

do.

Vulne

rabil

idade

Co

mo se

trata

de

área

rura

l não

pres

são

de u

rban

izaçã

o, ha

vend

o ris

cos a

pena

s de

ocup

açõe

s rur

ais, c

om p

roce

ssos

de

deva

staçã

o da

vege

tação

e/ou

pro

duçã

o ag

rícola

, que

acar

retem

proc

esso

s de c

ontam

inaçã

o dos

man

ancia

is.

A UC

não a

pres

enta

Plan

o de M

anejo

, equ

ipame

ntos,

infra

-estr

utura

e ce

rca de

dema

rcaçã

o físi

ca.

Apre

senta

bom

estad

o de p

rese

rvaçã

o, co

m po

nto de

pres

são s

obre

a ma

ta po

r con

ta da

popu

lação

do en

torno

que r

etira

mad

eira p

ara a

cons

truçã

o de r

esidê

ncias

. Im

pleme

ntaçã

o Ár

ea já

desa

prop

riada

pelo

Gove

rno d

o Esta

do.

Nece

ssita

urge

nte da

coloc

ação

de c

erca

no lo

cal p

ara i

mped

ir a co

ntinu

ação

da re

tirada

de m

adeir

a. A

UFPE

, atra

vés

de P

rojet

o pa

ra a

Bac

ia do

Tap

acur

á, co

orde

nou

proc

esso

de

elabo

raçã

o de

um

PLAN

O de

GES

TÃO

para

a B

ACIA

do

TAPA

CURÁ

- 20

01, q

ue

conto

u com

a pa

rticipa

ção d

as P

refei

turas

envo

lvida

s.

Page 172: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR Capítulo 5 – Resultados da Pesquisa

5.5. MAPAS DOS PARQUES METROPOLITANOS

⎯ PARQUE ARCOVERDE ⎯ PARQUE HISTÓRICO NACIONAL DOS GUARARAPES ⎯ PARQUE ARMANDO HOLANDA CAVALCANTI ⎯ PARQUE DO JANGA ⎯ HORTO DE OLINDA ⎯ PARQUE DOS MANGUEZAIS ⎯ PARQUE DE ITAMARACÁ ⎯ PARQUE LAGOA OLHO D’ÁGUA ⎯ PARQUE DO JIQUIÁ ⎯ PARQUE DO CAPIBARIBE ⎯ PARQUE DO TIMBÓ ⎯ PARQUE DOIS IRMÃOS ⎯ PARQUE ENGENHO UCHOA ⎯ PARQUE TAPACURÁ

Page 173: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Page 174: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Page 175: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Page 176: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Page 177: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Page 178: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Page 179: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Page 180: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Page 181: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Page 182: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Page 183: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Page 184: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Page 185: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Page 186: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Page 187: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

6. RECOMENDAÇÕES E CONCLUSÕES

Page 188: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

6. RECOMENDAÇÕES E CONCLUSÕES

Este capítulo apresenta um conjunto de considerações e reflexões, fruto da pesquisa realizada

sobre a evolução do pensamento e da ação sobre os espaços livres da RMR, destinados

aos parques metropolitanos, no período entre 1976 e 2004.

Analisados os principais documentos do planejamento, elaborados pelo órgão metropolitano,

cujos resultados integram o Capítulo 5, e observado o suporte teórico-conceitual foi possível

apresentar uma análise comparativa entre a situação inicial das áreas selecionadas para

abrigar os parques metropolitanos, e a situação atual, destacando o quanto foi implementado e

a situação de vulnerabilidade de cada uma delas.

Esta análise permitiu considerações em relação às razões para a efetiva implantação e gestão

desses parques e dos possíveis caminhos de superação dos problemas. Destaca-se ainda

nessa análise a questão da gestão dos parques, de forma a maximizar os seus benefícios para

a população e garantir a conservação do seu suporte físico, através de um gerenciamento

adequado.

Nesse sentido, os parques metropolitanos, no contexto geral, refletem diversas questões a

serem tratadas, cabendo a título de recomendações e conclusões uma apreciação conjunta de

todas as áreas selecionadas, por tópicos ou dimensões que permitam uma visão conjunta,

mesmo que com algumas repetições.

� ÁREA

No período pesquisado pode-se verificar que nas propostas existentes há variação não

só na dimensão das unidades como da área total anteriormente reservada para abrigar

os parques metropolitanos. Reduziu-se também o número de unidades selecionadas,

posto que algumas delas passaram a uma outra destinação a partir de um

enquadramento em instrumentos normativos e legais existentes.

Em 1980, são 20 áreas selecionadas (Mapa 4), totalizando 11.360 ha., para atender a

uma população de 2.386.461 habitantes, o que equivale a uma taxa de 47,60 m2/hab.

São identificadas 6 áreas prioritárias, com 4.439 ha. e 6 secundárias, com 2.021 ha.,

reservando-se ainda 8 áreas, com 4.900 ha., para complementar um sistema de parques

metropolitanos.

Page 189: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Em 1987 há uma redução substantiva, sem que haja uma explicação sobre as razões

que levaram a essa redução (Mapa 5). São 12 áreas selecionadas com um total de 5.227

ha., sendo 6 prioritárias, com 1.416ha., e 6 secundárias, com 3.811ha., havendo uma

redução de 6.133 ha. A redução no índice de atendimento à população passa para 21,90

m2/hab., representando uma redução de quase 50% da estimativa de 1980.

Em 2001, ocorre mais uma redução significativa de área total proposta para os parques,

que passam a ter apenas 2.188 ha, distribuídos em 10 áreas prioritárias e 4 re-

classificadas (Mapa 6), para atendimento a uma população de 3.337.565 habitantes. As

10 áreas selecionadas de parques metropolitanos, assim como as 4 áreas re-

classificadas,para atender ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação da

Natureza – SNUC não abrangem todos os municípios, principalmente porque a RMR é

acrescida com o Município de Ipojuca, além de vários distritos de municípios

metropolitanos terem sidos emancipados, passando a constituir novas unidades

federativas, formando a RMR com 14 municípios.

Conclusão - Há uma redução considerável no número de unidades espaciais

propostas para parques metropolitanos, sendo inicialmente previstas

20 áreas e passando para 10 áreas no momento atual. A área total

estimada para abrigar as atividades de lazer, recreação e esportes na

RMR apresentou redução de 80,7%. Mais grave ainda é a redução em

termos de taxa de área de parque por habitante, cuja proporção era

inicialmente de 0,47m2 /hab., passando atualmente a 0,06m2 /hab.

Recomendação - Melhor delimitação física e definição conceitual dos parques

metropolitanos nos instrumentos do planejamento urbano, municipal e

metropolitano, devendo inclusive constar dos Planos Diretores

Municipais, como exigido pelo Estatuto das Cidades.

� PROPOSTAS EXISTENTES

Na análise dos documentos referenciais do planejamento metropolitano, percebe-se que

as primeiras áreas propostas (final da década de 70) para parques metropolitanos tinham

objetivos mais voltadas para proteger os espaços livres da expansão urbana acelerada e

densa, embora considerando o potencial das mesmas para atender a necessidade do

lazer do homem moderno, tema esse bastante discutido na década de 70. Daí, a

Page 190: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

indicação de vários equipamentos de lazer, esportes e recreação em cada uma das áreas

selecionadas.

O segundo momento, final da década de 80 é caracterizado por uma preocupação maior

com a questão da paisagem, embora apresente um grande empobrecimento em termos

de propostas. É desse período a transformação de algumas áreas selecionadas, que

passam a ser re-classificadas, a exemplo do Parque de Dois Irmãos, do Parque do

Timbó, do Parque Engenho Uchoa e do Parque do Tapacurá.

No período mais recente, as propostas estão voltadas para a utilização sustentável

desses espaços livres, inseridas no contexto da conservação integrada, chegando-se a

detalhar estratégias de ação para se conseguir implementar os parques. Esse é o caso,

principalmente, do Parque Armando Holanda Cavalcanti.

É importante considerar que as propostas contidas nos documentos referenciais

pesquisados apontam para a necessidade de participação de diversos atores, dos

diversos níveis de governo e da sociedade civil, a quem caberia o controle social.

Conclusão - Mesmo com propostas e estratégias traçadas para alguns dos

parques metropolitanos, considera-se insuficiente o nível de

detalhamento e de conhecimento desses espaços, incapaz de

viabilizá-los. Ainda é insuficiente e discutível a questão das unidades

de conservação da natureza e os parques metropolitanos. Isso

também vale para a gestão metropolitana desses espaços,

considerando-se não só o aspecto institucional, mas essencialmente

a viabilidade de financiamento entre os co-partícipes.

Recomendação - Detalhamento dos parques através de projetos específicos, com um

bom nível de especificações, considerando a viabilidade social,

ambiental e principalmente, a viabilidade econômica da implantação

e da gestão dos mesmos.

- Implementar um mosaico de atividades e funções em cada unidade

de parque, com um plano de manejo com a função de associar as

diferentes partes e interesses, passando a constituir uma área de

reserva integrada de conservação e desenvolvimento ou, ainda, área

de relevante interesse especial, com um sistema de gestão que

possibilite atender aos diferentes grupos e objetivos da conservação.

A conservação de uma unidade a ser protegida com esses objetivos

Page 191: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

e características de manejo não estaria dentro de uma conceituação

fechada, segundo o sistema de unidades de conservação proposto,

exigindo uma categoria complementar. Essa proposta permitiria a

parceria público-privada.

� PROTEÇÃO LEGAL

Todos os parques metropolitanos têm a seu dispor institutos legais, sejam na forma de

decretos específicos, tombamentos (nas unidades onde há patrimônio histórico), leis

estaduais, termos de compromisso firmado entre governos, leis de criação (caso do

Parque Metropolitano Armando de Holanda Cavalcanti), seja de forma indireta, através

das leis de zoneamento municipal, leis federais e estaduais de proteção ambiental, leis

de parcelamento do solo urbano, entre outros, conforme apresentado no Capítulo 5 -

Resultados da Pesquisa.

A lei que trata do Sistema de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC permite

uma complementação em cada território estadual e municipal, embora contenha no seu

bojo os conceitos e regramentos próprios, considerando principalmente as

especificidades locais e regionais, abrindo-se a perspectiva de inserção dos parques

metropolitanos.

Embora o SNUC proponha apenas as Unidades de Uso Restrito e de Uso Sustentável,

não tendo sido considerado o parque no nível regional ou metropolitano, se considera a

perspectiva de agregar à unidade de conservação, outras áreas capazes de abrigar usos

diversos, incluindo o lazer e outras atividades econômicas que permitissem a sua

sustentabilidade e das comunidades envolvidas.

Esta defesa não inviabilizaria as demais categorias; ao contrário, traria um adicional

reforço nas atuais condições em que se estabelecem instrumentos normativos que, por si

só, não respondem à proteção necessária e suficiente de cada espaço territorial,

principalmente daqueles em áreas de forte pressão da ocupação e expansão urbana. É

também óbvia a necessidade de estudos técnicos, científicos e socioeconômicos,

realizados paralelamente, que justifiquem sua implantação em áreas públicas ou

privadas. Esse procedimento permitiria a reclassificação de unidades e à distinção dos

espaços internos, a convivência dessas áreas com o território externo e as possibilidades

de utilização e produção econômica e científica. Nesse contexto se insere a perspectiva

de introdução dos parques metropolitanos como forma de gestão de unidades de

Page 192: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

conservação, em regiões político-administrativas diferentes, mas em áreas de interesse

regional, seja pelo valor científico que a mesma requer, seja pela necessária

complementaridade das funções urbanas modernas.

Conclusão - Existe uma grande quantidade de Leis Ambientais, algumas amplas e

outras restritas que incidem sobre áreas dos parques metropolitanos.

Exemplo disso é o aparato legal que protege a Mata Atlântica e os

ecossistemas associados. Outras Leis, a exemplo das que tratam do

patrimônio histórico também incidem sobre os parques, que abrigam,

no seu interior edificações de valor histórico e cultural.

- Entretanto, não existe legislação específica sobre os parques da

RMR e, ainda são conflitantes as abordagens entre as categorias de

unidades de usos sustentável do SNUC e as unidades de parques

metropolitanos que poderiam abrigar atividades diversas, proteger o

patrimônio ambiental, natural e construído, e absorver funções

complementares formando um mosaico de alternativas viáveis.

Recomendação - Amparar os parques metropolitanos em legislação capaz de permitir a

conservação desse patrimônio e de possibilitar que os recursos

públicos, de várias unidades federativas, possam ser aplicados

nesses espaços, na forma de um consórcio.

- Há necessidade de uma revisão conceitual do SNUC, com

especificação de objetivos, principal e secundário, adequados à

conservação da biodiversidade dos biomas brasileiros.

- Há necessidade de uma base legal, estadual, atualizada visando a

ordenação e definição de critérios técnico-científicos uniformes para a

criação, manejo e a escolha de categorias de UCs do estado e dos

Municípios.

- No nível estadual poderá haver uma adequação, passando a

constituir um Sistema de Unidades de Conservação da Natureza e de

Áreas de Relevante Interesse – SEUC.

� RECURSOS NATURAIS E REPRESENTATIVIDADE DOS ECOSSISTEMAS

LOCAIS

A função mais abrangente dos parques metropolitanos, sem dúvida está relacionada à

melhoria da qualidade de vida da população metropolitana. Entretanto, cabe destacar que

essas áreas deveriam suprir as necessidades do lazer e da convivência, sem deixar de

Page 193: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

considerar a sua destinação do uso – como parque, desde que permitisse a preservação

de fatias do território metropolitano, mesmo que para isso conciliasse uma ocupação

compatível com a proteção ambiental.

Os parques representam uma oportunidade de assegurar a conservação de importantes

fatias do território metropolitano, por guardarem recursos naturais diversificados como

relevo acidentado, vegetação de grande porte, paisagens e cenários exuberantes, refúgio

s de fauna e flora, planícies costeiras com manguezais, coqueirais, matas e praias.

O planejamento de um espaço territorial, no caso em tela de um parque metropolitano,

considera o projeto do meio físico e o arranjo dos elementos construídos e naturais da

área. Mais especificamente, o projeto de um sítio envolve a integração ordenada,

eficiente, estética e ecologicamente sensível de um elemento construído, artefato

humano, com as características naturais do sítio, incluindo topografia, vegetação,

drenagem, água, vida selvagem e clima. O projeto produz um tipo de desenvolvimento

que minimiza os impactos ambientais e custos de implantação, além de valorizar o sítio.

Conclusão - Os parques metropolitanos abrigam na sua maioria paisagem e

cenários exuberantes, com planícies costeiras e vegetação de porte,

em algumas com Mata Atlântica, como é o caso do Janga e

Itamaracá. Contém ainda, na sua maioria refúgios de fauna e flora

com áreas de manguezais, coqueirais e vegetações arbustivas.

- O desafio é equilibrar o uso sustentável dos recursos naturais e não

permitir seu esgotamento.

Recomendação - É fundamental a proteção e a conservação desses espaços, ainda

livres de ocupação na RMR, por representarem ambientes ricos e

complexos, no tocante ao meio ambiente. Representam uma

possibilidade de aproximação do homem à natureza, sendo, portanto

fundamental para o equilíbrio humano, no ambiente urbano.

- Ações voltadas para o enquadramento em legislações existentes, mas

especificamente o enquadramento a partir de legislação que trata das

unidades de conservação da natureza são relevantes e poderão

contribuir para a implementação dos parques metropolitanos.

� RECURSOS CONSTRUÍDOS E CONSERVAÇÃO INTEGRADA

Page 194: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

As tendências do planejamento e da gestão governamental, no que se refere à

valorização do seu patrimônio histórico, natural e construído demonstram hoje a

incorporação de novos princípios da conservação integrada. A abordagem da

preservação deixa de ser uma questão estritamente normativo-legal, anteriormente

predominante, passando a integrar os princípios do desenvolvimento sustentável, onde o

patrimônio natural e construído passam a agregar valor econômico, como recurso a ser

legado às gerações futuras.

Órgãos federais, a exemplo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional -

IPHAN, para a proteção do patrimônio histórico nacional e do Instituto Brasileiro de

Proteção ao Meio Ambiente – IBAMA, para a proteção do patrimônio natural, têm

procurado garantir uma maior participação institucional na gestão da conservação do

patrimônio brasileiro. Agrega-se a esta ação órgãos estaduais que por sua natureza,

destinam-se à proteção do patrimônio natural e construído, garantindo-os para as

gerações futuras. Neste contexto estão a Fundação do Patrimônio Artístico do Estado de

Pernambuco - FUNDARPE43 e a FIDEM44, entre outros, que no conjunto de suas

atribuições explicitam como de maior relevância o apoio aos municípios, visando o seu

desenvolvimento.

Aos municípios por sua vez, considerando a característica de lócus do acontecimento,

caberia reger a orquestração da proteção e conservação, mas neste sentido apresentam

uma precariedade no que tange ao controle urbano e ambiental.

Assim, o desafio permanece, qual seja o de preservar para desenvolver, ou ainda

desenvolver preservando, contrariando muitas vezes os fluxos de uma economia calcada

no novo e na velocidade do tempo. Aí aparece uma questão relevante, quando se

consideram os fatores culturais do patrimônio de uma determinada região: as condições

de mudança e permanência do ambiente natural e construído. Considerando que

qualquer intervenção de caráter preservacionista, ou seja, que visa à permanência do

bem patrimonial construído é também um fator de mudança, haja vista a reestruturação

ou requalificação do edifício ou área histórica, mesmo a mudança de uso a que estará

condicionado, permite-se colocar que o entendimento sobre as intervenções urbanísticas,

43 FUNDARPE foi criada em 1974 tendo por atribuição maior a proteção dos edifícios e sítios históricos, constituindo o conjunto de bens a serem preservados no Estado de Pernambuco. 44 A Fundação de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife – FIDEM, foi instalada em 01 de outubro de 1975, criada através da Lei Estadual nº 6.890, de 03 de julho de 1975, para abrigar, no Estado de Pernambuco as competências de gerir os serviços públicos de interesse comum. Atualmente passou a Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco – CONDEPE/FIDEM, de acordo com a Lei Complementar nº 049/03, denominada Lei da Reforma do Estado. Anteriormente, entretanto, através da Lei Estadual nº 6.708, de 17 de junho de 1974 foram criados os Conselhos Deliberativo e Consultivo da Região Metropolitana do Recife.

Page 195: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

que trazem no seu bojo a idéia de mudança, também agregam o entendimento da

conservação, principalmente aquelas que consideram o patrimônio histórico como

elemento indutor da intervenção.

A abordagem da preservação do patrimônio passa de uma questão estritamente

normativo-legal, anteriormente predominante, incluindo aí o período de elaboração dos

planos de preservação dos sítios históricos, na década de 70, a integrar os princípios do

desenvolvimento sustentável, já no final da década de 80 e início de 90, onde o

patrimônio, natural e construído, passa a agregar valor econômico e cultural, como

recurso a ser legado às gerações futuras. Não apenas isso, mas a abordagem das áreas

de interesse histórico, cultural e ambiental (os sítios históricos e áreas verdes) na década

de 70 era enfocada como prioridades estratégicas, passíveis de intervenção e capazes

da alavancar o desenvolvimento das atividades econômicas, numa base de potenciação

dos recursos endógenos, mantendo a identidade e suas características originais. O

conjunto desse potencial composto pelos sítios naturais e culturais chega, no momento

atual a incorporar os princípios da conservação integrada.

Assim, tanto do ponto de vista de usos quanto de gestão compartilhada, as áreas de

unidades de conservação, sejam as de proteção integral, sejam as de uso sustentável,

permitiriam a diversidade de utilização. Ou seja, essas áreas reservadas para a

conservação ambiental nos espaços urbanos e periurbanos, normalmente de grande

porte, seriam capazes de abrigar, no seu interior ou nas suas adjacências, parte de

proteção integral, parte de uso sustentável e partes mais abertas e livres, fazendo um link

com a cidade, atendendo a diversos interesses, formando um mosaico.

Nesse contexto, a corrente conservacionista, vem ao encontro de medidas de prevenção

do desperdício e da democratização dos recursos naturais, com usos sustentáveis dos

mesmos, com um sistema de gestão que possibilite atender às diferentes necessidades,

sem comprometer os objetivos da conservação. A conservação de uma unidade a ser

protegida com esses objetivos e características de manejo não estaria, portanto, dentro

de uma conceituação fechada do sistema de unidades de conservação vigente,

possibilitando uma categoria complementar, a dos parques metropolitanos.

Enquanto bem cultural de uma região, cabe acrescentar a questão da irreprodutibilidade

desse bem. Não se trata, aqui, apenas de resguardar um patrimônio natural ou bem da

natureza, como é o caso do Parque do Janga, que abriga em seu interior resquícios da

mata atlântica. Trata-se, sobretudo, de resguardar o patrimônio histórico, presente no

Page 196: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

interior dessas áreas. São resquícios do patrimônio edificado, principalmente nos séculos

XVII, XVIII e XIX, como apresentado no Capítulo de Resultados da Pesquisa, tendo como

exemplo, de maior relevância os Parques Metropolitanos Armando de Holanda

Cavalcanti, no Cabo de Santo Agostinho, o Parque dos Guararapes, em Jaboatão dos

Guararapes e o do Janga, no município do Paulista. Essa abordagem remete a duas

questões relevantes:

� a primeira trata da natureza do bem patrimonial a ser conservado, considerando o

constante desafio de sua manutenção, enquanto bem físico insubstituível, face ao

constante processo de degradação e à necessidade sempre premente de reparos

e restauros, convivendo com outros usos compatíveis;

� a segunda trata da possibilidade de uma convivência adequada entre as unidades

de conservação da natureza e as atividades definidas para parques

metropolitanos, formando o mosaico, onde se rebatem as áreas de conservação,

de preservação e de uso coletivo para diversas atividades.

Conclusão - Das 10 áreas selecionadas para parques metropolitanos, 9 delas

contem no seu interior edificações do patrimônio histórico, alguns

deles bastante representativo, como é o caso do Parque Armando

Holanda Cavalcanti, todos necessitando de intervenções no sentido

de sua conservação.

- Compreender os parques como espaços que abrigam patrimônio

natural e construído de grande importância na RMR é fundamental

para a priorização de ações de melhoria da qualidade urbana e

ambiental na região, conseqüentemente na qualidade de vida da

população.

Recomendação - Priorizar intervenções de caráter conservacionista nos espaços

destinados aos parques metropolitanos, como forma de iniciar os

processos de requalificação ambiental, chamando a atenção para as

possibilidades de um desenvolvimento em bases sustentáveis.

� GRAU DE VULNERABILIDADE

Toda a trajetória, vivenciada pelos planejadores urbanos e gestores das cidades, desde a

década de 70, no caso em tela, de áreas integrantes da RMR, está marcada por um

processo de mudanças, que se efetuou de forma acelerada, principalmente nos últimos

Page 197: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

anos, em que as cidades têm assumido um papel de destaque na economia, sobre os

demais espaços biogeográficos.

Planejadores urbanos usam técnicas de zoneamento e legislação, planos diretores,

planos conceituais, estudos de uso do solo e outros métodos para estabelecer o layout e

organização de áreas urbanas. A atuação também envolve o "desenho urbano", na

medida em que estabelece a forma de desenvolvimento de espaços públicos, geralmente

abertos, tais como praças, parques e ruas.

No desenvolvimento de projetos de grande escala se estabelecem elos entre as políticas

de desenvolvimento urbano e os projetos específicos, sendo fundamental o

conhecimento da economia local, além das questões legais. O desafio tem sido essa falta

de integração dos setores econômicos com as propostas estabelecidas e, portanto,

permitindo a criação de ambientes qualificados. Projetos multidisciplinares são assim

fundamentais para projetos de parques, de uma forma geral e parques metropolitanos,

assegurando-se assim a qualidade do ambiente. Isto requer conhecimento específico de

leis ambientais, no sentido de permitir a recuperação e/ou a preservação e/ou

conservação de áreas de especial valor regional.

A perspectiva de implementar os parques metropolitanos, considerando a

responsabilidade social com a proteção dos recursos naturais e com a oferta de lazer que

estas áreas representam passa a ser considerado um fator relevante, desde que áreas

pré-selecionadas para espaços de lazer e preservação ainda resistem, no tempo, aos

constantes processos de transformação.

Conclusão - Um aspecto importante a ser considerado é o crescimento urbano

desordenado da RMR e a especulação de áreas ainda livres. Essa

constatação considera fundamental a ação antecipatória de uma

proteção desses espaços, ainda livres da ocupação urbana e

desordenada, como vem ocorrendo, na maioria dos municípios

metropolitanos.

- A vulnerabilidade das áreas selecionadas para os parques

metropolitanos tem como fator preponderante a falta de um projeto

específico que trate das questões setoriais de forma integrada, além

do conflito permanente das ocupações irregulares, clandestinas e

invasões principalmente pela ausência de uma política habitacional

Page 198: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

para os setores de baixa renda; e, pela carência de um mapeamento

da as áreas disponíveis.

Recomendação - Integração do planejamento urbano ao ambiental, notadamente

integração intersetorial e interinstitucional no sentido de permitir

soluções integradas, capaz de contribuir com o processo de

urbanização, que considere a necessidade de conservação de

importantes áreas ambientais, permitindo o equilíbrio e a interação

entre a mancha urbana e as áreas de importância ambiental.

� NÍVEL DE IMPLEMENTAÇÃO

O entendimento sobre o desenvolvimento sustentável permite uma nova ordem, no

sentido do uso e das funções de espaços livres anteriormente destinados a uma

preservação, que tinha por objetivo perpetuar determinado espaço, garantido sua

proteção em lei.

A necessidade de que cada Estado da Federação defina suas especificidades em termos

de unidades de conservação da natureza permite que sejam redefinidas unidades

constituídas, re-classificadas áreas que tiveram um enquadramento provisório e hoje

apresentam razões específicas para um novo enquadramento, e ainda, que sejam

definidas novas categorias complementares, a exemplo dos parques metropolitanos e

áreas de relevante interesse especial.

Assim, uma proposta para um Sistema Estadual de Unidades de Conservação da

Natureza e Áreas de Relevante Interesse Especial – SEUC, foi trabalhada por um Grupo

de Técnicos45 constituído pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente – CONSEMA de

forma a que o Estado seja suprido de uma política estadual, bem como de um sistema

que forneça as bases legais, institucionais e financeiras para disciplinar, orientar e gerir,

de forma articulada e orgânica, uma rede integrada de unidades de conservação,

apoiando o seu planejamento e a gestão necessária para abrigar todo o sistema,

objetivando principalmente:

45 O esforço do GT– Parques Metropolitanos, desde 2001, foi direcionado para a elaboração de uma proposta preliminar de criação de um SISTEMA ESTADUAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E DE ÁREAS DE RELEVANTE INTERESSE – SEUC, que se justifica necessidade de um Sistema Estadual, para legislar de forma complementar ao SNUC – Lei nº 9.985, 18 de julho de 2000, e também, adicionando o disciplinamento das Áreas de Relevante Interesse do Estado de Pernambuco. Ao longo das discussões, o GT verificou que o objeto de seu estudo inicial propiciava uma visão mais ampla do problema, tendo concluído, ser oportuno, um avanço no seu posicionamento no sentido de desenvolver propostas para um sistema que abrigasse as unidades de uso sustentável com agregação de outro valor, o de lazer.

Page 199: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

� Contribuir para a manutenção da diversidade e dos recursos genéticos do

território estadual;

� Promover a sustentabilidade do uso dos recursos naturais;

� Promover a educação e a interpretação ambientais, a recreação em contato com

a natureza e o ecoturismo;

� Contribuir para a manutenção de populações viáveis em seu meio natural;

� Recuperar e restaurar ecossistemas degradados; e,

� Valorizar econômica e socialmente a diversidade ecológica.

O sistema estadual de unidades de conservação estaria embasado na conservação da

diversidade biológica a longo prazo, centrando-a como eixo fundamental do processo de

conservação de ambientes naturais necessários a qualidade de vida atual e futura e

ainda, a necessária relação de complementaridade entre as diferentes categorias de

unidades, organizando-as de acordo com os seus objetivos de manejo e tipos de uso:

proteção integral e uso sustentável. A referida proposta levou em consideração:

� A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente que prevê como um dos seus

instrumentos a criação de espaços especialmente protegidos pelo Poder Público

estadual;

� A Constituição Brasileira, de 1988 que incumbe ao Poder Público definir em todas

as unidades da federação espaços territoriais e seus componentes a serem

especialmente protegidos. Por sua vez, estabelece como responsabilidade do

poder público, a proteção da fauna e da flora, vedadas, na forma da lei, as

práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de

espécies ou submetam os animais à crueldade;

� Todos os estudos em curso visando a revisão da Lei Estadual Nº 11.206/ 95, que

estabelece a Política Florestal para o Estado de Pernambuco e dispõe sobre as

unidades de conservação;

� O Plano Estadual de Desenvolvimento Florestal e de Conservação da

Biodiversidade;

� A falta de uma política e de um sistema estadual de áreas protegidas no Estado e

a carência de recursos humanos e financeiros para apoiar o planejamento e a sua

gestão;

� A existência do Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC;

� A inclusão do critério “unidades de conservação” na nova Lei que estabelece a

distribuição do ICMS no Estado (Lei nº 11.899/00) --- ICMS Socioambiental;

Page 200: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

� A situação do Estado em termos da necessidade de proteger seu patrimônio

natural, a partir dos estudos e diagnóstico das áreas de interesse de Pernambuco

e do Atlas da Biodiversidade de Pernambuco;

� A necessidade de enquadramento e da implementação das Reservas Ecológicas

e Implantação de Parques Metropolitanos, entre outros;

� A definição de várias unidades de conservação estaduais como zonas núcleo da

Reserva da Biosfera da Mata Atlântica de Pernambuco;

� O acelerado ritmo de degradação de várias das unidades de conservação

estaduais (Reservas Ecológicas da RMR – Lei Nº 9.989/87), conforme apontam

os diagnósticos realizado pela FIDEM, em 1993 e pela SECTMA, em 2001;

� Ainda que, apenas 4% do território brasileiro e 6,26 % do pernambucano é

composto por unidades de conservação (federais, estaduais, municipais e

particulares), das quais apenas 0,27% das unidades criadas no Estado se

enquadram na categoria de proteção integral dos recursos, muito abaixo da média

nacional de 2, 61%;

� A necessidade de uma base legal visando a ordenação e definição de critérios

técnico-científicos uniformes para a criação, o manejo e a escolha de categorias

de UCs estaduais e municipais; e,

� A necessidade da definição de instrumentos que permitam uma maior

participação da sociedade civil organizada e facilitem o estabelecimento de

parcerias com instituições públicas, ONGs, a comunidade científica e a iniciativa

privada na gestão compartilhada das UCs.

Torna-se necessário estabelecer uma política estadual, bem como um sistema

que forneça as bases legais, institucionais e financeiras para disciplinar, orientar e

gerir, de forma articulada e orgânica, uma rede integrada de unidades de

conservação estaduais, apoiando o seu planejamento e gestão.

Neste sentido, é necessário “resguardar” determinadas áreas visando dar limite à

expansão de atividades destrutivas, buscando garantir um meio ambiente equilibrado e a

salvaguarda de ecossistemas, espécies, paisagens e recursos naturais, com outros

instrumentos e medidas de prevenção e controle ambiental. Uma das principais

estratégias adotadas mundialmente para conservar remanescentes de ecossistemas e

sua biodiversidade é baseada na constituição de unidades de conservação. A experiência

tem demonstrado que, embora existam outras estratégias para a consecução deste

objetivo, nenhuma tem se evidenciado tão eficiente quanto o estabelecimento e

Page 201: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

manutenção de unidades de conservação, notadamente aquelas onde são maiores a

preocupação com a conservação integral dos recursos naturais.

Assim, é fundamental abandonar a idéia negativa de que as unidades de conservação

possam constituir um empecilho para o desenvolvimento. Ao contrário, podem possibilitar

o desenvolvimento regional, conciliando o atendimento às necessidades humanas com o

imperativo do uso equilibrado, inteligente e sustentável da natureza.

Nesse contexto, surgem alternativas de uso de determinados recursos ambientais no

sentido de permitir uma convivência saudável e equilibrada desses recursos.

Conclusão - Os parques metropolitanos passam a oportunizar

empreendimentos que garantem a sustentabilidade sob

diversos aspectos:

� ambiental, quando protegem áreas com importante

cobertura vegetal e ecossistemas associados, na medida

em que condicionam usos sustentáveis que vão desde a

pesquisa científica ao manejo de espécimes vegetais;

� social, quando, além da simbologia do lugar, contempla a

perspectiva de novos usos e funções da propriedade,

através da oferta de espaços de lazer, com equipamentos

que possam subsidiar a geração de emprego e renda,

estimulando a economia local com a oferta-de-mão de obra

específica e sua absorção em processos inovadores do

conhecimento científico, cultural e ambiental.

� econômico, pela reversão do valor econômico do projeto

imobiliário e pela geração de empreendimentos capazes de

associar valores culturais, de modo dominante, aos valores

econômico-financeiros gerados pelo capital aplicado na

implantação das atividades que suportarão a geração de renda e

a manutenção do lugar.

Recomendação - Transformar as intenções propostas para parques metropolitanos em

ação, a partir de definição em projetos, priorização governamental,

prioridade financeira de investimentos públicos, entre outras

abordagens, tudo abrigado por um Sistema Estadual de Unidades de

Conservação da Natureza e Áreas de Relevante Interesse.

Page 202: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

� SITUAÇÃO FUNDIÁRIA

No tocante aos espaços públicos e privados, pré–selecionados para parques

metropolitanos, e ainda reservados, sob o ponto de vista da ocupação urbana, é

importante colocar que esses espaços podem ainda contribuir para garantir a

capacidade de carregamento dos territórios urbanos e periurbanos46, tão

densamente ocupados e de forma tão desordenada, passando a influir na

qualidade do ambiente. Entende-se essa capacidade como os limites de

manutenção dos recursos internos do sistema, da estrutura e padrão de seu

comportamento, face aos distúrbios externos, sem que haja redução do nível de

qualidade do ambiente. É indispensável concretizar uma estratégia de

desenvolvimento que implique em mudanças de rumo, o que demanda uma nova

institucionalidade, considerando a incerteza e a irreversibilidade como fatores

relevantes.

O que se verifica é um balizamento feito a partir de referenciais integrantes das políticas

públicas vigentes, expresso fortemente na capacidade de planejar com parâmetros de

grande escala, sem considerar as especificidades locais. Nesse contexto, a questão

fundiária passa ao largo das questões centrais, ou seja, não tem acompanhado o

planejamento urbano, enquanto insumo fundamental das políticas públicas, permitindo

um suporte ao controle do crescimento incontrolável das metrópoles brasileiras.

Trata-se de definir limites de uso sustentável do território demarcado onde o

sistema se complementa, assim como a capacidade de carga, que condiciona os

limites de utilização e manutenção dos recursos, de forma a não permitir a

irreversibilidade do sistema dinâmico do interior desse território, condicionado

pelos valores dos elementos do meio ambiente. Trata-se de compreender a

riqueza do território, estabelecendo como mediação de valor a sua utilidade e o

bem estar per capita, assegurando que os indicadores de desenvolvimento

estejam crescendo com o tempo, para que as gerações futuras recebam esse

legado em um meio ambiente com capacidade de se reproduzir no tempo e

espaço.

46 Conceito de espaço periurbano já abordado no item 3. Base teórica e conceitual, segundo definições do Laboratório de Estudos Periurbanos da UFPE.

Page 203: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

As 10 áreas selecionadas para os parques metropolitanos apresentam uma situação

bastante positiva sobre a situação fundiária, ou seja, na sua grande maioria pertencem ao

setor público, distribuídas entre Governo Federal – Arcoverde (parte), Guararapes,

Tapacurá, Manguezais, Jiquiá e Governo Estadual – Itamaracá, Arcoverde (parte),

Armando Holanda.

Conclusão - A difusa caracterização da questão fundiária, não permite, por parte

da sociedade, uma compreensão mais clara sobre o contexto urbano

e periurbano e os espaços rurais, muito menos sobre a função social

da propriedade, principalmente aquelas destinadas aos espaços

públicos.

- Alguns parques pertencem ao setor público, o que de certa forma

permite vislumbrar uma perspectiva de utilização sustentável e

coletiva. Outras áreas contam a seu favor, com intenções de

desapropriação.

Recomendação - Nas áreas de uso público pode ser utilizado instrumento legal de

Concessão de Uso ou Permissão de Uso, através de processos

licitatórios para atrair parceiros privados na implementação dos

parques.

- Nos casos das áreas privadas pode-se utilizar Decretos de Utilidade

Pública visando garantir a destinação de uso para parques e da

mesma forma proceder na busca de parcerias público-privadas,

assegurando as diversas atividades que os parques permitem atrair.

Page 204: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

� PRIORIDADES POLÍTICO-ADMINISTRATIVAS

A pouca clareza sobre os parques metropolitanos, conceituados inicialmente no Plano

Diretor do Sistema de Parques da Região Metropolitana do Recife – PDSPM/RMR,

datado de 1980, no contexto interno do território da região metropolitana e, mais

recentemente, em 2001, trazido à luz do conjunto de informações do GT – CONSEMA,

visam ressaltar as questões regionais, como forma de planejar e implementar políticas

públicas. Tudo para permitir a melhoria contínua da qualidade de vida da população,

neste caso, no âmbito da RMR.

Cabe destacar que, a proteção ambiental e a preservação do patrimônio histórico estão

condicionadas à convergência de intenções e de ações programáticas, nos diferentes

níveis de governo, fortalecendo o desenvolvimento equilibrado, sendo de fundamental

importância, a atuação dos órgãos federais, estaduais e o próprio município, e

particularmente da sociedade, para garantir a integridade do seu patrimônio natural e

construído. É o município, que pela proximidade com as necessidades das comunidades

locais, poderá nortear a intervenção, sendo oportuno para isso a maior participação de

suas representações.

Considerando que parte dos parques metropolitanos são áreas do setor público, exemplo

para o Parque Armando Holanda Cavalcanti, o Parque dos Manguezais e o Parque dos

Guararapes, torna-se fundamental a implementação dos mesmos, como forma de dotar a

região de espaços destinados à coletividade.

Conclusão - Considerando a perspectiva de uma melhoria na qualidade de vida da

população metropolitana, os parques metropolitanos enquanto áreas

de interesse especial e importância ambiental devem ser enfocadas

como prioridades estratégicas, passíveis de intervenções, portanto,

capazes de alavancar o desenvolvimento com novas atividades

econômicas e geração de emprego e renda.

Recomendação - Os projetos de parques metropolitanos poderão de uma forma geral

absorver, em seu interior áreas de relevante interesse da preservação

ambiental, como é o caso do Parque do Janga, com parte de mata

atlântica (resquícios), outras áreas de vegetação rasteira, onde

poderá ocorrer atividades produtivas capazes de lhe dar

sustentabilidade. Ainda, consta do interior dessa área elemento do

Page 205: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

patrimônio histórico, que poderá ainda abrigar outras atividades de

atração cultural, posto ser um bem cultural e, portanto, destacando-se

a questão da irreprodutibilidade desse patrimônio, que vem promover

maior especificidade e valor diferencial ao local. Dessa maneira se

entende que tudo passa por uma prioridade metropolitana, a ser

desenvolvida em projeto com equipe multidisciplinar, levando sempre

em consideração os aspectos da viabilidade técnica e econômica de

sua implantação e manutenção.

� GESTÃO

Constata-se a necessidade de se elaborar novo processo de gestão de políticas públicas, com

destaque para o confronto entre os paradigmas do planejamento urbano da década de 70 e os

problemas gerados pelos moldes do novo padrão de desenvolvimento e de gestão.

Segundo Prof. David Harvey47 as regiões metropolitanas formaram historicamente

organizações do capitalismo, onde a cidade tinha um reduzido significado. Sobre o

pensamento e a economia das cidades, vários foram os mitos que se constituíram ao longo

dos anos, segundo o referido professor, a saber:

� Mito 1 - As regiões metropolitanas seriam capazes de resolver os sérios problemas de

crescimento demográfico e econômico, tendo para tanto que lidar com sérios desafios

impostos pela realidade político-institucional;

� Mito 2 - O poder das instituições financeiras, que partem para investimentos externos como

força motriz do desenvolvimento acarretando processos de desenvolvimento desiguais e

acúmulos de capital;

� Mito 3 - As soluções tecnológicas, como forma para resolver os dilemas e problemas

encontrados na região, todas partindo de soluções do sistema militar, de onde se originou a

idéia de regiões metropolitanas, e portanto apresentando como ponto de interesse a

manutenção do poder;

� Mito 4 - A condição de que os planejadores por si só poderiam solucionar os problemas

físico-espaciais a partir do projeto de cidade, passando a um determinismo geográfico que

seria capaz de resolver tudo;

47 Professor David Harvey, da City University of New York – CY, Estados Unidos, em sua palestra – Questões Estruturais do Planejamento Metropolitano, durante o Seminário Internacional “Diálogos Metropolitanos”, ocorrido em Curitiba, entre os dias 07 e 10 de maio de 2002.

Page 206: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

� Mito 5 - A ordem social ditada a partir do livre mercado, como se ele fosse condição básica

de resolver problemas das desigualdades sociais. Sobre essa questão destaca-se que

nada mais desigual do que tratar pessoas desiguais de forma igual;

� Mito 6 - A solidariedade comunitária como um fim em si próprio e o entendimento de que

desta maneira as relações seriam a base de uma construção alternativa. A solidariedade é

uma base importante, porém as dificuldades são exclusivas de cada questão e os limites

devem ser colocados;

� Mito 7 - A lógica de que a exploração de idéias vai oferecer soluções para tudo e a

perspectiva de que nem sempre conseguimos idéias aplicáveis à realidade local. Sobre

essa questão é importante considerar que a solução normalmente vem da base, ou seja,

da experiência e da prática, assim a vida diária é a matéria bruta para as soluções;

� Mito 8 - Tudo se resolve com ordem, quando na verdade é preciso ter cuidado para que os

planejadores com poder não imponham uma ordem absoluta, provocando uma grande

confusão na prática e ordem nas coisas comunitárias. É, preciso, certa desordem como

forma de fermentação para se entender as questões do dia a dia; e, por fim,

� Mito 9 - O movimento ambientalista onde as cidades se inserem como anti-ecológico e não

como um meio para se buscar novas abordagens e como um ambiente de base para

novas alternativas.

A última colocação do Professor Harvey e, principalmente, esta última retrata a preocupação

com a necessária qualidade ambiental das cidades, ou seja, o diálogo entre os espaços livres e

verdes e as manchas urbanas ocupadas, fortalecendo a investigação em tela, pela perspectiva

de buscar essa interação.

Nas regiões metropolitanas, com grandes e pequenas cidades conurbadas ou integradas,

é fundamental, para responder pelas funções públicas de interesse comum, a revisão de

uma atuação institucional que passa, desde o final da década de 80, principalmente a

partir da nova Constituição Brasileira (1988), por um processo de adaptação do modelo

gestor e de adequação de uma institucionalização para restabelecer a gestão

compartilhada.

Muitas são as expectativas de uma gestão capaz de atender às questões mais

prioritárias, entretanto permanece o desafio, a partir da pesquisa conceitual e o

aprofundamento analítico de experiências desenvolvidas até o momento, que apontam

para novas formas de fazer – a gestão, mais eficaz, na salvaguarda da nossa identidade

cultural, a partir da proteção desse patrimônio histórico, cultural e ambiental.

Page 207: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

A pertinência dessa investigação se pauta na atuação dos diversos níveis de governo e

da sociedade, hoje entendida como uma gestão compartilhada, gestão essa que

pressupõe a participação de diferentes atores sociais – do setor público e do segmento

privado, no papel de co-responsáveis, principalmente pela proteção e conservação do

patrimônio natural e construído.

Entretanto, a situação crítica em que algumas áreas de interesse histórico-ambiental se

encontram, a exemplo dos parques detalhados permite afirmar a necessidade de uma

avaliação dos processos de compartilhamento da gestão intergovernamental e

intersetorial, no tocante às áreas de interesse especial da região metropolitana.

Parte-se do pressuposto de que novas formas de gestão com envolvimento não só do

setor público, mas com a amplitude da sociedade, em processos de participação

democrática, já ocorrem como tendência prática nacional, dentro da nova ordem mundial,

que requer uma revisão dos papéis desempenhados pelo Estado, no contexto

macroeconômico globalizado. Destaca-se, em nossa realidade, a atuação da FIDEM48,

desde 1975 – a Gestão Intergovernamental Compartilhada no âmbito da região

metropolitana –, frente principalmente ao desafio de gerir políticas de desenvolvimento

econômico, redução das desigualdades sociais, preservação ambiental, voltando-se mais

recentemente para a sustentabilidade das cidades, em um contexto participativo e

democrático. São fatores relevantes para esse desenvolvimento os princípios da

conservação integrada, onde se considera a associação do planejamento urbano e

territorial à diversidade das realidades culturais, sociais e econômicas, nos seus diversos

aspectos. Alie-se a essa diversidade, a consciência da necessidade de desenvolvimento

de políticas apropriadas aos valores culturais existentes, em contexto de diversidade e

integração social, cultural, política e econômica.

Sobre o referencial legal para uma proposta de parques metropolitanos, amparada na

gestão compartilhada, convém salientar a Lei Complementar nº 10/9449, que teve como

pressupostos:

� A crise instalada nos centros urbanos, com efeitos perversos na sociedade

brasileira, que necessita de soluções compartilhadas;

48 Atual Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco – CONDEPE/FIDEM, segundo a Lei Complementar nº 049/2003. 49 A Lei Complementar Estadual nº 10, de 06 de janeiro de 1994, instituiu o Sistema Gestor Metropolitano, exercido pelo Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife - CONDERM, onde deliberam os 14 Prefeitos que integram a região, além de igual número de representantes do Governo do Estado e mais 14 representantes das Câmaras Municipais e 3 representantes da Assembléia Legislativa.

Page 208: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

� Os instrumentos de gestão e planejamento territorial, ainda incipientes, para

atender à realidade urbana, com graves problemas em diversos setores que

motivam ações solidárias entre os entes federativos e entre estes e o setor

privado;

� O fenômeno urbano e os processos de conurbação que ensejam soluções de

planejamento e gestão que extrapolam o âmbito restrito do município, por não

encontrar equacionamento exclusivo, indicando uma solução compartilhada, ou

seja, metropolitana;

� O compartilhamento das ações públicas como caminho para otimização dos

resultados, onde a Constituição e as Leis Complementares não são um simples

ideário, nem tão somente uma expressão de aspirações, mas também a

transformação e conversão de aspirações em regras impositivas.

De outra feita, a Lei Complementar Estadual nº 049, de 31 de janeiro de 2003, dispõe

sobre as áreas de atuação do Poder Executivo Estadual, estando à gestão ambiental

como não exclusiva, mas concorrente. Em seu art. 41, estabelece em seu caput que: “No

desempenho de atividades públicas não exclusivas, o Estado emprestará suporte técnico

operacional e financeiro para sua descentralização controlada, ampliando o acesso

àqueles serviços, a menor custo e maior resultado”. Ainda no Parágrafo Único – “A

descentralização controlada operar-se-á na forma e condições estabelecidas na Lei nº

11.743, de 20 de janeiro de 2000”, com observância do Programa de Fortalecimento ao

Terceiro Setor, especialmente nas seguintes áreas: Preservação e Conservação

Ambiental; Patrimônio Histórico e Arqueológico; e Difusão Cultural.

Quanto à gestão de um Sistema Estadual que abrigasse as unidades de

conservação e áreas de relevante interesse e, mais particularmente, no tocante

aos parques metropolitanos cabe destacar que o órgão ou colegiado responsável

pela administração da unidade estabelecerá normas específicas regulamentando

a ocupação e o uso dos recursos integrantes da unidade, assim como das áreas

de entorno, sejam elas constituídas por zona de amortecimento ou áreas

urbanizáveis, limítrofes de uma unidade de conservação ou área de relevante

interesse, que passam a constituir o Plano de Manejo da unidade de conservação

ou área de interesse, podendo o mesmo estabelecer procedimentos específicos

destinados ao setor privado, que passam a compor instrumento legal próprio, com

destaque para a concessão de direito real de uso, instrumento legal, capaz de

legalizar a atuação empresarial.

Page 209: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Conclusão - Considerando a gestão metropolitana, segundo as definições da Lei

Complementar, que a estabelece, torna-se relevante destacar as

funções públicas de interesse comum, no âmbito metropolitano: as

atividades de interesse metropolitano que tenham por natureza o

planejamento das questões territoriais, sociais, ambientais,

econômicas e institucionais, assim como a normatização técnica e

institucional; e que, o estabelecimento de normas legais e

administrativas relativas ao planejamento e à efetivação do

desenvolvimento da RMR decorrentes de proposições relativas às

funções públicas de interesse comum, conduzidas pela União, pelo

Estado e pelos Municípios.

Recomendação - A institucionalização dos parques metropolitanos deve se dar ao nível

metropolitano, por ser de interesse metropolitano. Porém estudo

específico deverá determinar a participação de cada entidade

envolvida, de acordo com a legislação vigente, segundo o interesse

público, analisando a possibilidade da gestão local do parque ser

assumida por organização público-público, público-privada ou ainda,

do setor privado ou do terceiro setor, a partir de concessões de uso,

por tempo determinado.

- A viabilidade desses espaços como áreas públicas para o lazer

metropolitano não impede o compartilhamento de outras atividades,

associadas num mesmo espaço, promovendo o resgate da população

local, fundamental no processo de defesa desse patrimônio e, ainda,

a oferta de atividades capazes de gerar emprego e renda.

Page 210: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

7. REFERÊNCIAS

Page 211: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

7. REFERÊNCIAS

ABNT. Normas Técnicas: Metodologia. NBR 14.724.

AGENDA 21 BRASILEIRA: bases para discussão. Revista Ligação, São Paulo:

SABESP, ano 3, n. 1, jun., 2000.

ANTAS JÚNIOR, Ricardo Mendes. Espaços Públicos de Lazer – Globalização e

Instrumentalização do Tempo Livre na Cidade de São Paulo. Dissertação de

Mestrado em Geografia Humana. USP/ Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências

Humanas. Departamento de Geografia. São Paulo.1995.

ARRETCHE, Marta T. S. Mitos da Descentralização: mais democracia e eficiência nas

políticas públicas? Revista Brasileira de Ciências Sociais - RBCS, São Paulo, ano 11, n.

31, 1996.

ASLA. Paisagismo. Disponível em: <http://www.asla.org e www.arq.ufsc.br

ATLAS da Biodiversidade de Pernambuco. Recife: SECTMA, 2002.

AZEVEDO, S. Planejamento, cidade e democracia: reflexões sobre o papel dos governos

locais nos anos 90. Organização e Sociedade, Salvador. EAUFBA, v. 15, n. 13, 1998.

BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. [Paris:PUF, 1957. Editora Martins Fontes,

242 p.]

BALTAR, Antonio. Diretrizes de um Plano Regional para o Recife, 1951. Editora

Universitária, Recife.

BAUDRILLARD, Jean. Economia do signo. [S.l.; s.n.]. 1996.

BORJA, J. As cidades e o planejamento estratégico: uma reflexão européia e latino-

americana. [S.l.; s. n.]. 1996.

BRAYNER, Fátima Maria Miranda. Estudo do Meio Ambiente da Região Metropolitana

do Recife. Banco Mundial/IPEA/FIDEM – Recife -2002.

BRASIL. Lei n. 9.985 de 18 de julho de 2000. Dispõe sobre o Sistema Nacional de

Unidades de Conservação da Natureza – SNUC e dá outras providências. Brasília:

Ministério do Meio Ambiente – SBF, 2000.

BRASIL. Lei n. 10.257/2001. Institui o Estatuto das Cidades. Brasília: Ministério das

Cidades, 2001.

BRASIL. Leis e Decretos 1974/75. Dispõe sobre a normalização das Regiões

Metropolitanas.

BRASIL. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. Plano Nacional de

Desenvolvimento – II PND. Brasília, 1975.

Page 212: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

CADERNOS DO MEIO AMBIENTE DO RECIFE – Instrumentos do Planejamento

Normativo: A Política do Meio Ambiente, O Código do Meio Ambiente e do Equilíbrio

Ecológico.v2.n2.n3.Prefeitura da Cidade do Recife.Out/dez1999.

COMISSÃO MUNDIAL SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso

futuro comum. [S.l.; s.n.]. 1991.

COMPANS, Rose. O paradigma das global cities nas estratégias de desenvolvimento

local. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, n.1, Campinas, 1999.

COMUNIDADE EUROPÉIA. Relatório – O Ambiente na Europa: segunda avaliação.

1998.

CORDEIRO, N.; OLIVEIRA, A. Panorama histórico das práticas urbanísticas e

operacionais. [S. l.; s n.]. 1997.

COSTA LIMA, M. L. F. A reserva da biosfera da Mata Atlântica: situação atual, ações e

perspectivas. São Paulo: CNRBMA, 1998. (Cadernos da Biosfera, 12).

CPRH. Reservas ecológicas da Região Metropolitana do Recife: Plano de Ação para

Implementação. Recife, 2000.

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM CONSERVAÇÃO INTEGRADA URBANA E

TERRITORIAL – CECI, Programa Brasil ITUC-BR. Aulas ministradas por N. L. de Melo.

[S. l.; s. n.]. 1997.

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM CONSERVAÇÃO INTEGRADA URBANA E

TERRITORIAL – CECI, Programa Brasil ITUC-BR. Aulas ministradas por S. M. Zancheti.

[S. l.; s.n.]. 1997.

DRUMMOND, José Augusto. Devastação e preservação ambiental: os parques

nacionais do Estado do Rio de Janeiro. Niterói. EDUFF. 1997.

FERNANDES, Carlos Alberto. Nem Marx nem Weber – A nova economia...Revista

Continente Multicultural, Recife, dezembro, 2002.

FERRARI, Celson. Curso de planejamento municipal integrado: urbanismo. São

Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1977.

FIAM. Plano de Preservação dos Sítios Históricos do Interior de Pernambuco –

PPSHI. Recife, 1980.

FIDEM. Monitoramento das reservas ecológicas da Região Metropolitana do Recife.

Recife, 1993.

_____ . Parques Metropolitanos da Região Metropolitana do Recife. Recife, 2001.

_____ . Parques Metropolitanos da Região Metropolitana do Recife: dados para uma

programação de intervenção. Recife, 1977.

_____ . Plano Diretor do Horto de Olinda. Recife, 1977.

_____ . Plano Diretor do Parque Duarte Coelho. Recife, 1977.

_____ . Plano Diretor do Parque do Janga. Recife, 1977.

Page 213: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

_____ . Plano Diretor do Parque do Janga. Recife, 1979. 2 v.

_____ . Plano Diretor do Parque Olho d’Água. Recife, 1977.

_____ . Plano Diretor do Rio Timbó. Recife, 1977.

_____ . Plano de Desenvolvimento Integrado – PDI da Região Metropolitana do

Recife. Recife, 1976.

_____ . Plano de Desenvolvimento Metropolitano - PDM da Região Metropolitana do

Recife. Recife, 1984.

_____ . Plano de Preservação dos Sítios Históricos da Região Metropolitana do

Recife - PPSH – RMR. Recife, 1978.

_____ . Plano Diretor de Desenvolvimento da Região Metropolitana – Metrópole

2010. Recife, 1988

_____ . Plano Diretor do Sistema de Parques Metropolitanos. Recife, 1979.

_____ . Região Metropolitana do Recife: sistema de parques. Recife, 1987.

_____ . Plano Diretor da Região Metropolitana do Recife – METRÓPOLE 2010.

Recife, 1998, 133 p.

_____ . Plano METRÓPOLE ESTRATÉGICA. Recife, 2002.

FISHER, Tânia. Gestão contemporânea: cidades estratégicas e reconfiguração de

poderes locais. [S. l.; s. n.]. 1996.

FOLHA DE SÃO PAULO. São Paulo. Edições: dias 3 e 7, dez., 2000.

FUNDREM. Fundação para o Desenvolvimento da Região Metropolitana do Rio de

Janeiro. Secretaria de Planejamento e Coordenação Geral – SECPLAN. Recreação e

Lazer na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro.1979.

GARCIA, Maria Del Carmen. Regiones metropolitanas sustentables: recomendaciones

de politicas publicas a las autoridades. Buenos Aires: FARN, 1999.

GEDDES, Patrick. Cidades em evolução. Campinas: Papirus, 1994.

GUZZO, Perci. Programa Pró-Ciências: texto sobre áreas verdes urbanas. São Paulo:

UNESP – Instituto de Biociências.1996.

_____. Propostas para planejamento dos espaços livres de uso público do conjunto

habitacional Procópio Ferraz em Ribeirão Preto/SP. (Monografia de Graduação) –

Instituto de Biociências - Unesp,Campus de Rio Claro/SP. 1991. 140 p.

HARVEY, David. A condição pós-moderna. [S.l.; s.n.].

_____. A justiça social e a cidade. São Paulo.Hucitec.1980.

HOFFMANN, Rodolfo -– Distribuição da renda e pobreza na Região Metropolitana de

Recife – Banco Mundial/IPEA/FIDEM - Recife/Campinas – Dezembro de 2001.

IBAMA; GTZ. Marco conceitual das unidades de conservação federais do Brasil.

Brasília, 1987.

IPEA. Novo Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil. www.undp.org.br.

Page 214: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

JABOATÃO DOS GUARARAPES (Prefeitura). Parque Metropolitano Lagoa do Olho

d’Água. Jaboatão dos Guararapes, 1997.

JUKKA, Jokilehto. Management of historic cities and areas. In: SEMINÁRIO

INTERNACIONAL ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO EM ÁREAS HISTÓRICAS, 1.,

1995, Recife. Anais. Recife, 1995.

LACERDA, N. Valores da estrutura urbana. Recife, 1998.

LACERDA, N.; ZANCHETI, S.; DINIZ, F. Planejamento Metropolitano no Brasil: uma

proposta de conservação urbana e territorial. Recife, 1998. Doc. 3.

LACERDA, N; LEAL, SUELY. Relação público-privado: do local ao global. Recife,

1996.

LOPES, Felipe. A reabilitação em Lisboa. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL

ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO EM ÁREAS HISTÓRICAS, 1., 1995, Recife. Anais.

Recife, 1995.

MAGALHÃES, Zenaide Nunes. Um olhar apaixonado sobre o Parque do Jiquiá e sua

torre descobre o verde e o passado. Recife, 1999.

McLEAN, Mary (Coord.). Planejamento urbano. Rio de Janeiro: F. G. V.; USAID/B,

1965.

MEDEIROS, Ethel Bauzer – O Lazer no Planejamento Urbano. Instituto de

Documentação, Fundação Getúlio Vargas. Rio de Janeiro,1971.

MELO, M. A. Crise federativa, guerra fiscal e hobbesianismo municipal: efeitos perversos

da descentralização? São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 10, n. 3, 1993.

MELO, N. L. de. A produção social dos interesses fundiários e imobiliários: o caso

do Recife. Recife, 1993.

PARQUE Metropolitano de Santiago do Chile. Disponível em: http//www.parquenet.cl>

Acesso em 2005.

PARQUE Metropolitano de Santiago do Chile. Parque Metropolitano: vegetação variada e

múltiplas opções de lazer. Revista TAM Magazine. Ano 1, nº 6. Agosto, 2004.

PARQUES Metropolitanos da Região Metropolitana de Curitiba. Disponível em :

http//www.curitiba.pr.gov.br/pmc/curitiba/index.asp> Acesso em 2005.

PERNAMBUCO (Estado). Lei Complementar n. 10, de 6 de janeiro de 1994. Institui o

Sistema Gestor Metropolitano. Recife, 1994.

PIERSON, Donald. Estudos de ecologia humana. São Paulo: Martins, 1970.

POMPEU DE TOLEDO, Ana Helena; CAVALCANTI, Marli. (Orgs.). Planejamento

urbano em debate. São Paulo: Cortez e Moraes, 1978.

PROGRAMA de Preservação e de Recuperação do Patrimônio Ambiental Urbano –

PPRPAU. [S.l.; s.n.].

Page 215: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

PROGRAMA de Pós-Graduação de Engenharia – UFRJ. Áreas Verdes do Núcleo Central

da Cidade do Rio de Janeiro. (Tese de Mestrado de Ana Maria De Ranieri Juliano

Rambouske). Rio de Janeiro,1976.

PROGRAMA PRÓ-CIÊNCIAS – Áreas Verdes - Problemas de utilização na

Conceituação de termos como espaços livres, áreas verdes e correlatos. LIMA, A.

M. L. P.; CAVALHEIRO, F.; NUCCI, J. C.; SOUZA, M.A. L. B.; FIALHO, N. O.; DEL

PICCHIA, P. C. D. Internet. 2005.

RECIFE (Prefeitura). Cadastro das Unidades de Conservação da Cidade do Recife.

Secretaria de Planejamento Urbano e Ambiental. Recife, dez.1996.

_____. Programa de Dinamização Urbana – Parque dos Manguezais. Recife, 1996

RECIFE (Prefeitura) e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Espaços Livres do

Recife. Recife. 2000.

RIGOTTI, Giorgi. Urbanismo: la composición. Barcelona: Editorial Labor, 1967.

SANCHEZ, Fernanda. Políticas urbanas em renovação: uma leitura crítica dos modelos

emergentes. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, UFRGS, 1999.

SANTOS, Élida Dias. Estudo e alternativas de uso e ocupação do solo da área do

Aeroclube. Recife: PIBIC, 1998.

SANTOS, L. L. Os movimentos desejantes da cidade: uma investigação sobre

processos inconscientes na arquitetura da cidade. [S. l.; s. n.]. 1996.

SANTOS, Milton. Metrópole corporativa fragmentada. São Paulo, Nobe/SEC. SP,

1990.

_____. A Urbanização Brasileira. São Paulo, Hucitec. SP, 1993.

SÃO PAULO (Estado). Anteprojeto de Lei para o Sistema Estadual de Unidades de

Conservação. São Paulo: SMA, 1998. (PROBIO-SP).

SASSEN, S. As cidades na economia mundial. São Paulo: Studio Novel, 1998.

SECTMA. Diagnóstico das reservas ecológicas da Região Metropolitana do Recife.

Recife, 2001.

_____. Documento Agenda 21 Pernambuco. Recife, 2002.

_____.Pesquisa: O que os pernambucanos pensam sobre meio ambiente, sobre

desenvolvimento e qualidade de vida. 60p. 2003.

TABARELLI, M; SILVA, J. M. C. da (Orgs.). Diagnóstico da biodiversidade de

Pernambuco. Recife: SECTMA; FUNDAJ – Massangana, 2002. 2 v.

UCHOA NETO, C. A. M.; SILVA, J. M. C. da (Orgs.) Diagnóstico da Biodiversidade de

Pernambuco. Recife: SECTMA; FUNDAJ – Massangana, 2002. 2 v.

UFPE. Gestão ambiental da Bacia do Rio Tapacurá: Plano de Ação. Recife, 2001.

URB. Parque do Capibaribe. Recife, 1978.

VILLA, Bona de. O controle e o uso do solo. São Paulo: CEPAM, 1997.

Page 216: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

VILLAÇA, Flávio. Uma contribuição para a história do planejamento no Brasil. In: DEÁK,

Csaba; SCHIFFER, Sueli R. (Orgs.). O processo de urbanização no Brasil. São Paulo:

EDUSP; FUPAM, 1999.

WORKSHOP POLÍTICAS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO, 1994, Brasília. Unidades

de Conservação: um debate conceitual. Brasília: Ministério dos Recursos Hídricos e da

Amazônia Legal; Câmara dos Deputados; Comissão de Defesa do Consumidor, Meio

Ambiente e Minorias, nov./dez. 1994. Anexo 2.

ZANCHETI, S. M.; LACERDA, N. Desempenho do Plano de Revitalização do Bairro

do Recife: o caso do Pólo Bom Jesus. Recife, 1997.

Page 217: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

8. ANEXOS 8.1. QUADROS DO CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO URBANA NO BRASIL

8.2. QUADROS DO CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO URBANA NA RMR

8.3. PROCESSO HISTÓRICO DA POLÍTICA DE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL NO

BRASIL

8.4. PROTEÇÃO LEGAL

8.5. PARQUE METROPOLITANO ARMANDO HOLANDA CAVALCANTI

Page 218: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

8.1. QUADROS DO CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO URBANA, NO BRASIL

QUADRO I – POPULAÇÃO RESIDENTE NO BRASIL

QUADRO II – POPULAÇÃO RESIDENTE EM PERNAMBUCO E REGIÃO NORDESTE

QUADRO III – POPULAÇÃO URBANA E RURAL – TOTAL E PERCENTUAL

Page 219: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

8.1. QUADROS DO CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO DO BRASIL E EM PERNAMBUCO, POR DÉCADA – DE 1940 A 2000.

QUADRO I – POPULAÇÃO RESIDENTE NO BRASIL, por região. 1940 / 2000. REGIÕES

BRASILEIRAS 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000

NORTE 1.467.940 1.834.185 2.561.782 3.603.860 5.893.136 10.030.556 12.900.704 NORDESTE 14.426.185 17.992.094 22.181.880 28.111.927 34.861.907 42.497.540 47.741.711 SUDESTE 18.304.317 22.549.386 30.630.728 39.853.498 51.752.651 62.740.401 72.412.411 SUL 5.722.018 7.835.418 11.753.075 16.496.493 19.036.429 22.129.377 25.107.616 CENTRO-OESTE 1.244.829 1.730.684 2.942.992 5.073.259 7.554.869 9.427.601 11.636.728 BRASIL 41.165.289 51.941.767 70.070.457 93.139.037 119.098.992 146.825.475 169.799.170Fonte – IBGE – ATLAS DIAGNÓSTICO BRASIL – 1990

QUADRO II – POPULAÇÃO RESIDENTE EM PERNAMBUCO E REGIÃO NORDESTE. 1940 / 2000

ESTADO 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 PERNAMBUCO 2.681.032 3.395.099 4.095.379 5.160.640 6.147.102 7.127.855 7.918.344 NORDESTE 14.426.185 17.992.094 22.181.880 28.111.927 34.861.907 42.497.540 47.741.711BRASIL 41.165.289 51.941.767 70.070.457 93.139.037 119.098.992 146.825.475 169.799.170Fonte – IBGE – ATLAS DIAGNÓSTICO BRASIL – 1990

Page 220: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Par

ques

Met

ropo

lita

nos

– G

estã

o e

Pro

teçã

o de

Áre

as E

spec

iais

na

RM

R

QU

AD

RO

III –

PO

PU

LA

ÇÃ

O U

RB

AN

A E

RU

RA

L–

TO

TA

L E

PE

RC

EN

TU

AL

, PO

R R

EG

IÃO

DO

BR

AS

IL -

EN

TR

E 1

950

E 2

000.

Popu

lação

– pe

ssoa

s e pe

rcentu

al/ A

no

Bras

il e

Regiã

o Ge

ográ

- fic

a

Situa

ção

do

domi

cílio

1950

19

50

(%)

1960

19

60

(%)

1970

19

70

(%)

1980

19

80

(%)

1991

19

91

(%)

2000

20

00 (%

)

Total

51.94

4.397

100,0

070

.992.3

4310

0,00

93.13

4.846

100,0

011

9.011

.052

100,0

014

6.825

.475

100,0

016

9.590

.693

100,0

0Ur

bana

18.78

2.891

36,16

32.00

4.817

45,08

52.09

7.260

55,94

80.43

7.327

67,59

110.9

90.99

075

,5913

7.755

.550

81,23

Bras

ilRu

ral

33.16

1.506

63,84

38.98

7.526

54,92

41.03

7.586

44,06

38.57

3.725

32,41

35.83

4.485

24,41

31.83

5.143

18,77

Total

2.048

.696

100,0

02.9

30.00

510

0,00

3.603

.679

100,0

05.8

80.70

610

0,00

10.03

0.556

100,0

012

.893.5

6110

0,00

Urba

na60

7.164

29,64

1.041

.213

35,54

1.626

.275

45,13

3.036

.264

51,63

5.922

.574

59,05

9.002

.962

69,83

Norte

Rura

l1.4

41.53

270

,361.8

88.79

264

,461.9

77.40

454

,872.8

44.44

248

,374.1

07.98

240

,953.8

90.59

930

,17To

tal17

.973.4

1310

0,00

22.42

8.873

100,0

028

.111.5

5110

0,00

34.81

5.439

100,0

042

.497.5

4010

0,00

47.69

3.253

100,0

0Ur

bana

4.744

.808

26,40

7.680

.681

34,24

11.75

6.451

41,82

17.56

8.001

50,46

25.77

6.279

60,65

32.92

9.318

69,04

Nord

este

Rura

l13

.228.6

0573

,6014

.748.1

9265

,7616

.355.1

0058

,1817

.247.4

3849

,5416

.721.2

6139

,3514

.763.9

3530

,96To

tal22

.548.4

9410

0,00

31.06

2.978

100,0

039

.850.7

6410

0,00

51.73

7.148

100,0

062

.740.4

0110

0,00

72.29

7.351

100,0

0Ur

bana

10.72

0.734

47,55

17.81

8.649

57,36

28.96

9.932

72,70

42.84

1.793

82,81

55.22

5.983

88,02

65.44

1.516

90,52

Sude

ste

Rura

l11

.827.7

6052

,4513

.244.3

2942

,6410

.880.8

3227

,308.8

95.35

517

,197.5

14.41

811

,986.8

55.83

59,4

8To

tal7.8

40.87

010

0,00

11.89

2.107

100,0

016

.496.3

2210

0,00

19.03

1.990

100,0

022

.129.3

7710

0,00

25.08

9.783

100,0

0Ur

bana

2.312

.985

29,50

4.469

.103

37,58

7.305

.650

44,29

11.87

6.780

62,40

16.40

3.032

74,12

20.30

6.542

80,94

Sul

Rura

l5.5

27.88

570

,507.4

23.00

462

,429.1

90.67

255

,717.1

55.21

037

,605.7

26.34

525

,884.7

83.24

119

,06To

tal1.5

32.92

410

0,00

2.678

.380

100,0

05.0

72.53

010

0,00

7.545

.769

100,0

09.4

27.60

110

0,00

11.61

6.745

100,0

0Ur

bana

397.2

0025

,9199

5.171

37,16

2.438

.952

48,08

5.114

.489

67,78

7.663

.122

81,28

10.07

5.212

86,73

Cent

ro-

Oest

eRu

ral

1.135

.724

74,09

1.683

.209

62,84

2.633

.578

51,92

2.431

.280

32,22

1.764

.479

18,72

1.541

.533

13,27

Fonte

: IBGE

- Ce

nso D

emog

ráfic

o No

tas:

1 - P

ara 1

950:

Popu

lação

pres

ente.

2 -

Par

a 196

0: Po

pulaç

ão re

cens

eada

3 -

Par

a 197

0 até

2000

: Pop

ulaçã

o res

idente

4 -

Par

a 195

0 e 19

60: O

s dad

os re

feren

tes ao

níve

l Bra

sil in

cluem

a po

pulaç

ão da

regiã

o de S

erra

dos A

imor

és, á

rea d

e litíg

io en

tre M

inas G

erais

e Es

pírito

San

to.

5 - O

s dad

os re

feren

tes à

unida

de da

fede

raçã

o Per

namb

uco,

refer

entes

aos a

nos 1

950,

1960

, 197

0 e 19

80, in

cluem

os do

terri

tório

feder

al de

Fer

nand

o de N

oron

ha.

6 - O

s dad

os re

feren

tes à

unida

de da

fede

raçã

o Per

namb

uco,

refer

entes

aos a

nos 1

991 e

2000

, inclu

em os

do di

strito

estad

ual d

e Fer

nand

o de N

oron

ha, c

riado

em 06

.10.19

88.

7 - P

ara 1

950 e

1960

: Os d

ados

para

a un

idade

da fe

dera

ção M

inas G

erais

exclu

em a

popu

lação

da pa

rte da

Ser

ra do

s Aim

orés

anex

ada à

unida

de da

fede

raçã

o Mina

s Ger

ais.

8 - P

ara 1

950 e

1960

: Os d

ados

para

a un

idade

da fe

dera

ção E

spírit

o San

to ex

cluem

a po

pulaç

ão da

parte

da S

erra

dos A

imor

és an

exad

a à un

idade

da fe

dera

ção E

spírit

o San

to.

9 - P

ara 1

970 e

1980

: Dad

os da

Amo

stra

10 -

Para

1991

: Dad

os do

Univ

erso

11

- Pa

ra 20

00: D

ados

da S

inops

e Pre

limina

r 12

- At

é 197

0: Os

dado

s refe

rente

s à un

idade

da fe

dera

ção R

io de

Jane

iro in

cluem

a do

Esta

do da

Gua

naba

ra.

Page 221: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR Capítulo 5 – Resultados da Pesquisa

8.2. QUADROS DO CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO URBANA NA RMR

QUADRO IV – POPULAÇÃO EM 1940 - MESORREGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

QUADRO V – POPULAÇÃO EM 1950 - MESORREGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

QUADRO VI – POPULAÇÃO EM 1960 - MESORREGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

QUADRO VII– POPULAÇÃO EM 1970 - MESORREGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

QUADRO VIII – POPULAÇÃO EM 1980 - REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

QUADRO IX – POPULAÇÃO EM 1991– REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

QUADRO X – POPULAÇÃO EM 1996 – REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

Page 222: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

8.2. QUADROS DO CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO URBANA, POR MUNICÍPIO DA RMR, DA DÉCADA DE 40 ATÉ O ANO 2000

QUADRO IV – POPULAÇÃO EM 1940 - MESORREGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE50

Município População Total População Urbana População Rural 1 Recife 348.424 324.242 24.1822 Cabo 30.575 5.818 24.7573 Jaboatão 35.847 13.339 22.5084 Moreno 18.970 7.282 11.6885 São Lourenço da Mata 27.497 7.254 20.2436 Olinda 36.712 31.666 5.0467 Paulista 29.543 15.423 14.1208 Igarassu 26.278 7.582 18.6969 Ipojuca1 22.621 3.062 19.559 Total 576.467 415.668 160.799Área – 2.201 km2. 1 Ipojuca passou a fazer parte da RMR em 1994. Entretanto, para fins de contagem da população, foi considerado este Município na Mesorregião Metropolitana do Recife. Itamaracá – A população de Itamaracá está incluída no Município de Igarassu, porque o mesmo só foi instalado em 1962.

QUADRO V – POPULAÇÃO EM 1950 - MESORREGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE Município População Total População Urbana População Rural

1 Recife 524.682 512.370 12.3122 Cabo 36.007 7.714 28.2933 Jaboatão 57.278 39.574 17.7044 Moreno 23.095 11.411 11.6845 São Lourenço da Mata 33.671 11.337 22.3346 Olinda 62.435 38.169 24.2667 Paulista 48.103 33.313 14.7908 Igarassu 33.985 6.681 27.3049 Ipojuca1 24.153 3.882 20.271 Total 843.409 664.451 178.958Área – 2.201 km2. 1 Ipojuca passou a fazer parte da RMR em 1994. Entretanto, para fins de contagem da população, foi considerado este Município na Mesorregião Metropolitana do Recife. Itamaracá – A população de Itamaracá está incluída no Município de Igarassu, porque o mesmo só foi instalado em 1962.

QUADRO VI– POPULAÇÃO EM 1960 - MESORREGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE Município População Total População Urbana População Rural

1 Recife 797.234 788.569 8.6652 Cabo 51.883 15.930 35.9533 Jaboatão 105.261 84.689 20.5724 Moreno 29.709 15.198 14.5115 São Lourenço da Mata 51.108 22.710 28.3986 Olinda 109.953 100.545 9.4087 Paulista 51.897 36.435 15.4628 Igarassu 43.438 18.428 25.0109 Ipojuca1 34.642 7.546 27.096 Total 1.275.125 1.090.050 185.075Área – 2.201 km2. 1 Ipojuca passou a fazer parte da RMR em 1994. Entretanto, para fins de contagem da população, foi considerado este Município na Mesorregião Metropolitana do Recife. Itamaracá – A população de Itamaracá está incluída no Município de Igarassu, porque o mesmo só foi instalado em 1962.

QUADRO VII– POPULAÇÃO EM 1970 - MESORREGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE Município População Total População Urbana População Rural

50 A Mesorregião Metropolitana do Recife é constituída pelas seguintes Microrregiões – Fernando de Noronha; Itamaracá(Araçoiaba, Igarassu, Itamaracá e Itapissuma); Recife (Abreu e Lima, Camaragibe, Jaboatão dos Guararapes, Moreno, Olinda, Paulista, Recife e São Lourenço da Mata); Suape (Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca).

Page 223: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

1 Recife 1.060.701 1.046.413 14.2882 Cabo 75.829 40.284 35.5453 Jaboatão 200.975 185.833 15.1424 Moreno 31.204 17.681 13.5235 São Lourenço da Mata 94.016 74.435 19.5816 Olinda 196.342 187.428 8.9147 Paulista 70.059 62.484 7.5758 Igarassu 55.079 31.391 23.6889 Itamaracá 7.117 4.087 3.0309 Ipojuca1 35.851 10.003 25.848 Total 1.827.173 1.660.039 167.134Área – 2.201 km2. 1 Ipojuca passou a fazer parte da RMR em 1994. Entretanto, para fins de contagem da população, foi considerado este Município na Mesorregião Metropolitana do Recife.

QUADRO VIII – POPULAÇÃO EM 1980 - REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE Município População Total População Urbana População Rural

1 Recife 1.203.899 1.183.391 20.5082 Cabo 104.157 81.901 22.2563 Jaboatão 330.414 290.509 39.9054 Moreno 34.943 26.229 8.7145 São Lourenço da Mata 144.141 127.373 16.7686 Olinda 282.203 266.751 15.4527 Paulista 165.747 96.638 69.1098 Igarassu 73.245 52.356 20.8899 Itamaracá 8.256 6.501 1.75510 Ipojuca1 39.456 16.925 22.531 Total 2.386.461 2.148.574 237.887Área – 2.201 km2. 1 Ipojuca passou a fazer parte da RMR em 1994. Entretanto, para fins de contagem da população, foi considerado este Município na Mesorregião Metropolitana do Recife. Camaragibe, Itapissuma e Abreu e Lima – A população desses municípios constam dos municípios de onde se originaram, ou seja São Lourenço da Mata e Igarassu, porque os mesmos só foram instalados em 1982.

QUADRO IX– POPULAÇÃO EM 1991– REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE Município População Total População Urbana População Rural

1 Recife 1.298.229 1.298.229 -2 Cabo 127.036 109.763 17.2733 Jaboatão 487.119 419.479 67.6404 Moreno 39.132 31.571 7.5615 São Lourenço da Mata 85.861 71.323 14.5386 Olinda 341.394 341.394 -7 Paulista 211.491 207.708 3.7838 Igarassu 79.837 59.817 20.0209 Itamaracá 11.606 8.580 3.02610 Ipojuca1 45.424 25.168 20.25611 Camaragibe 99.407 99.407 -12 Abreu e Lima 77.035 70.548 6.48713 Itapissuma 16.408 14.101 2.307 Total 2.919.979 2.757.088 162.891Área – 2.201 km2. 1 Ipojuca passou a fazer parte da RMR em 1994. Entretanto, para fins de contagem da população, foi considerado este Município na Mesorregião Metropolitana do Recife. Araçoiaba – A população desse município consta do município de Igarassu, de onde foi desmembrado, só passando a constar em 1995, ocasião em que foi inserido oficialmente na RMR.

QUADRO X – POPULAÇÃO EM 1996 – REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE Município População Total População Urbana População Rural

1 Recife 1.346.045 1.346.045 -

Page 224: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

2 Cabo 140.764 125.055 15.7093 Jaboatão 529.966 457.664 72.3024 Moreno 39.962 32.063 7.8995 São Lourenço da Mata 89.754 78.776 10.9786 Olinda 349.380 349.380 -7 Paulista 233.634 229.515 4.1198 Igarassu 72.990 55.884 17.1069 Itamaracá 13.799 11.210 2.58910 Ipojuca 48.479 30.428 18.05111 Camaragibe 111.119 111.119 -12 Abreu e Lima 80.828 72.679 8.14913 Itapissuma 19.186 16.077 3.10914 Araçoiaba 12.061 9.279 2.782 Total 3.087.967 2.926.174 162.793Área – 2.742,4 km2. Fonte BDE, a partir da contagem do IBGE.

Page 225: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

8.3. PROCESSO HISTÓRICO DA POLÍTICA DE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL

QUADRO XI – CÓDIGO FLORESTAL DE 1934 – CATEGORIAS DE ÁREAS PROTEGIDAS

QUADRO XII – CATEGORIA DE ÁREAS PROTEGIDAS, SEGUNDO CONVENÇÃO DE 1948

QUADRO XIII – ÁREAS PROTEGIDAS ATÉ 1965

QUADRO XIV – CÓDIGO FLORESTAL DE 1965 - CATEGORIAS DE ÁREAS RESERVADAS

QUADRO XV – LEI FEDERAL Nº 6.902, 27.04.1981 - CATEGORIAS DE ÁREAS PROTEGIDAS

QUADRO XVI – ÁREAS PROTEGIDAS NO BRASIL ATÉ 1983

QUADRO XVII – DEC. FED. Nº 89.336, 31.01.1984 - CATEGORIAS DE ÁREAS PROTEGIDAS

QUADRO XVIII – UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BRASIL, ENTRE 1983 E 1986

QUADRO XIX – CATEGORIAS DE ÁREAS, EM 1990

QUADRO XX – PROJETO DE LEI Nº 2.892/92 - CATEGORIAS DE UNID. DE CONSERVAÇÃO

QUADRO XXI – SUBSTITUTIVO AO PROJETO DE LEI Nº 2.892/92 – CATEGORIAS DE UNIDADES

DE CONSERVAÇÃO

QUADRO XXII – CATEGORIAS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE PROTEÇÃO INTEGRAL

QUADRO XXIII – CATEGORIAS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE USO SUSTENTÁVEL

QUADRO XXIV – COMPARATIVO ENTRE O PROJETO DE LEI Nº 2.892/92 E O SUBSTITUTIVO

QUADRO XXV – COMPARATIVO ENTRE O PROJETO DE LEI Nº 2.892/92 E O SUBSTITUTIVO

Page 226: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

8.3. PROCESSO HISTÓRICO DA POLÍTICA DE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL

O Código Florestal de 1934 conceituou os Parques Nacionais e as Florestas Nacionais, suscetíveis de exploração econômica, e introduziu o conceito de Florestas Protetoras – áreas de preservação em propriedades privadas. Entretanto, a primeira floresta protetora só foi estabelecida pelo Decreto-Lei nº 6.565, em 7 de junho de 1944, no governo de Getúlio Vargas, visando proteger as áreas de matas na propriedade privada de D. Mariana Castardo, no então Distrito Federal, que passou a constituir o Estado da Guanabara. A primeira floresta nacional – Araripe-Apodi, nos Estados do Ceará, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte – também só foi constituída em 2 de maio de 1946, através do Decreto-Lei nº 9.226. Nacional do. Esse Código definia como categorias de áreas a serem protegidas, conforme Quadro abaixo.

QUADRO XI – CÓDIGO FLORESTAL DE 1934 – CATEGORIAS DE ÁREAS PROTEGIDAS. Parque Nacional Estadual e Municipal

Florestas remanescentes de domínio público.

Proibição de qualquer atividade contra a flora e a fauna.

Floresta Nacional, Estadual e Municipal

Florestas de rendimento. Suscetíveis de exploração econômica.

Floresta Protetora Florestas remanescentes em propriedades privadas.

Conservação perene.

Fonte – Rocha, Carmem Moretzsohn. Legislação de Conservação da Natureza.

O Decreto Legislativo nº 3, de 13 de fevereiro de 1948, que sucedeu ao Código Florestal, aprova a Convenção51 para a proteção da Flora, da Fauna e das Belezas Cênicas Naturais dos Países da América: “Os Governos Americanos, desejosos de proteger e conservar, no seu território natural, exemplares de espécies e gêneros da flora e da fauna indígena, incluindo aves migratórias, em número suficiente e em locais que sejam bastante extensos para que se evite, por todos os meios humanos, a sua extinção; e, desejosos de proteger e conservar as paisagens de grande beleza, as formações geológicas extraordinárias, as regiões e os objetos naturais de interesse estético ou valor histórico ou científico e os lugares caracterizados por condições primitivas dentro dos casos aos quais esta Convenção se refere; e,desejosos de formular uma Convenção para a proteção da flora, da fauna e das belezas cênicas naturais, dentro dos propósitos acima enunciados, convieram nos artigos desta Convenção.”

Essa Convenção definiu ou redefiniu categorias de áreas a serem protegidas, conforme Quadro a seguir.

QUADRO XII – CATEGORIA DE ÁREAS PROTEGIDAS, SEGUNDO CONVENÇÃO DE 1948.

Parque Nacional As regiões estabelecidas para a proteção e conservação das belezas cênicas naturais e da flora e fauna de importância nacional, das quais o público pode aproveitar-se melhor ao serem postas sob a superintendência oficial.

Reserva Nacional As regiões estabelecidas para a conservação e utilização, sob a vigilância oficial, das riquezas naturais, nas quais se protegerá a flora e a fauna tanto quanto compatível com os fins para os quais estas reservas são criadas.

Monumento Natural

As regiões, os objetos, ou as espécies vivas de animais ou plantas, de interesse estético ou valor histórico ou científico, aos quais é dada proteção absoluta, a fim de conservar um objeto específico ou uma espécie determinada de flora ou fauna, declarando uma região, um objeto ou uma espécie isolada, monumento natural inviolável, exceto para a realização de investigações científicas ou inspeções oficiais, devidamente autorizadas.

51 O Brasil assinou a Convenção em 27 de dezembro de 1940, segundo Rocha, Carmem Moretzsohn. Legislação de Conservação da Natureza.op.cit., p.30.

Page 227: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Reserva de Região Virgem Uma região administrada pelos poderes públicos, onde existem condições primitivas naturais de flora, fauna, habitação e transporte, com ausência de caminhos para o tráfego de veículos e onde é proibida toda a exploração comercial.

Fonte – Workshop sobre Políticas de Unidades de Conservação, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, 29.11 a 02.12.94, Câmara de Deputados, Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias. Baseado em Rocha, Carmem Moretzsohn. Legislação de Conservação da Natureza.1986.

Entretanto, não foram significativamente alteradas as categorias de áreas a serem reservadas no Brasil, e continuaram a ser criados os Parques Nacionais, Florestas Nacionais, Florestas Protetoras, Florestas Remanescentes e Reservas Florestais, até a instituição do novo Código Florestal de 15 de setembro de 1965. Até então, as salvaguardas tinham uma escala nacional e sua gestão estava condicionada ao Ministério da Agricultura. Em alguns casos, a exemplo da Floresta do Apodi, o Governo Federal definiu cargos “extranumerários”,52 a serem admitidos para apoiar o Serviço Florestal do Ministério da Agricultura. Até o Novo Código Florestal de 1965, muitas áreas foram protegidas por Decretos, conforme Quadro a seguir.

QUADRO XIII – ÁREAS PROTEGIDAS ATÉ 1965. Categorias 1934/1960 1960/1965 1934/1965

Parque Nacional 06 10 16 Floresta Protetora 15 05 20 Floresta Nacional 02 01 03 Floresta Remanescente 01 00 01 Reserva Florestal 00 09 09 Total 24 25 49

Fonte – Workshop sobre Políticas de Unidades de Conservação, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, 29.11 a 02.12.94, Câmara de Deputados, Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias.

O novo Código Florestal – Lei Federal nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 – faz nova categorização das áreas a serem preservadas, segundo a permissão ou não para a exploração dos recursos naturais.

QUADRO XIV - CÓDIGO FLORESTAL DE 1965: CATEGORIAS DE ÁREAS RESERVADAS Parques Nacionais, Estaduais e Municipais e Reservas Biológicas

Com a finalidade de resguardar atributos excepcionais da natureza, conciliando a proteção da flora, da fauna e das belezas naturais com a utilização educacional, recreativa e científica

Fica proibida qualquer forma de exploração dos recursos naturais

Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais

Com fins econômicos técnicos ou sociais

Fonte - Legislação de Conservação da Natureza, Fundação Brasileira para Conservação da Natureza. CESP, Companhia Energética de São Paulo, 1986.

Ao final da década de 1970, o debate retorna com intensidade, principalmente quanto às áreas de proteção ambiental, acarretando alterações na Legislação Federal em vigor. O Decreto nº 84.017, de 21 de setembro de 1979, aprova o Regulamento dos Parques Nacionais Brasileiros, destacando suas definições e destinações.

A Lei Federal nº 6.902, de 27 de abril de 1981, dispõe sobre a criação de Estações Ecológicas, Áreas de Proteção Ambiental e dá outras providências. O Quadro a seguir apresenta uma síntese da definição dos grupos de áreas tratados na Lei.

52 Rocha, Carmem Moretzsohn. Legislação de Conservação da Natureza.1986, cit., p.23.

Page 228: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

QUADRO XV - LEI FEDERAL Nº 6.902, 27.04.1981 - CATEGORIAS DE ÁREAS PROTEGIDAS Estações Ecológicas Áreas representativas de ecossistemas brasileiros destinadas à realização de pesquisas

básicas e aplicadas da Ecologia, à proteção do ambiente natural e ao desenvolvimento da educação conservacionista.

Áreas de Proteção Ambiental

Dentro dos princípios constitucionais que regem o direito de propriedade, o Poder Executivo estabelecerá normas limitando ou proibindo atividades potencialmente poluidoras ou degradadoras.

Fonte – Workshop sobre Políticas de Unidades de Conservação, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos

Hídricos e da Amazônia Legal, 29.11 a 02.12.94, Câmara de Deputados, Comissão de Defesa do Consumidor, Meio

Ambiente e Minorias.

Um novo conjunto de áreas é estabelecido no território nacional, através de Leis e Decretos Federais. O Quadro a seguir apresenta a situação entre os anos de 1965 e 1983, ocasião em que são regulamentadas novas áreas, segundo Decreto nº 88.351, de 1 de junho de 1983, que regulamenta a Lei Federal nº6.938, de 31 de agosto de 1981 e a Lei federal nº 6.902, de 27 de abril de 1981, que dispõem, respectivamente, sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental.

QUADRO XVI– ÁREAS PROTEGIDAS NO BRASIL ATÉ 1983.

Categorias 1965/1980 1981/1983 1965/1983

Parque Nacional 09 02 11 Reserva Biológica 07 06 13 Floresta Nacional 01 - 01 Estação Ecológica - 12 12 Total 17 20 37

Fonte – Workshop sobre Políticas de Unidades de Conservação, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, 29.11 a 02.12.94, Câmara de Deputados, Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias.

Com o Decreto Federal nº 89.336, de 31 de janeiro de 1984 ficam definidas as Reservas Ecológicas e as Áreas de relevante Interesse Ecológico, explicitadas no Quadro a seguir.

QUADRO XVII - DECRETO FEDERAL Nº 89.336, 31.01.1984 - CATEGORIAS DE ÁREAS PROTEGIDAS Reserva Ecológica Pública ou particular, nas margens dos rios e lagos e outros locais de preservação

ambiental permanente Área de Relevante Interesse Ecológico

Áreas que possuam características naturais extraordinárias ou abriguem exemplares raros da biota regional e tiverem extensão inferior a 5.000 há e pequena ou nenhuma ocupação humana.

Fonte – Workshop sobre Políticas de Unidades de Conservação, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, 29.11 a 02.12.94, Câmara de Deputados, Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias.

Entre 1983 e julho de 1986 foram criadas no Brasil as Unidades de Conservação constantes do Quadro a seguir.

QUADRO XVIII – UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BRASIL, ENTRE 1983 E 1986. Categoria Quantidade

Parque Nacional 02 Reserva Biológica 02 Floresta Nacional 01 Área de Proteção Ambiental 08 Estação Ecológica 02

Page 229: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Reserva Ecológica 04 Área de Relevante Interesse Ecológico 10 Total 29

Fonte – Workshop sobre Políticas de Unidades de Conservação, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, 29.11 a 02.12.94, Câmara de Deputados, Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias.

Em 1990 ocorre uma inovação conceitual na categorização de unidades de conservação no Brasil com a criação das Reservas Extrativistas, através do Decreto Federal nº 98.897, de 30 de janeiro de 199053 que as define como espaços territoriais de interesse ecológico e social, destinados à exploração auto-sustentável e à conservação dos recursos naturais renováveis por população extrativista, mediante regulação definida em contrato de concessão real de uso. Esse direito é concedido a título gratuito, onde estará definido, na forma de um contrato, o plano de utilização aprovado pelo órgão federal de proteção ao meio ambiente.

Neste mesmo ano, o Decreto Federal nº 98.914, de 31 de janeiro de 1990, dispõe sobre a instituição de Reservas Particulares de Proteção Natural – RPPN, por destinação do proprietário, em caráter perpétuo. Essas reservas são constituídas por imóveis de domínio privado onde existem condições naturais primitivas, semi-primitivas, recuperadas, ou cujas características justifiquem ações de recuperação, pelo aspecto paisagístico, ou para a preservação do ciclo biológico de espécies da fauna e da flora nativa do Brasil. O Decreto Presidencial traz ainda o modelo de Termo de Compromisso a ser firmado pelo proprietário, ou seu representante legal, que se compromete a divulgar, na região, a sua condição de RPPN, destacando a proibição de desmatamentos, queimadas, caça, pesca, apanha, captura de animais e quaisquer outros atos que afetem o meio ambiente local. No caso do órgão federal de meio ambiente caberá ao mesmo encaminhar o pedido de isenção do Imposto de Terras Rurais - ITR, junto ao INCRA. No quadro a seguir encontram-se as características dessas unidades.

QUADRO XIX- CATEGORIAS DE ÁREAS, EM 1990. Reserva Extrativista Exploração sustentável dos recursos naturais por população residente.

Reserva Particular do Patrimônio Natural Conservação permanente em imóveis privados.

Fonte – Workshop sobre Políticas de Unidades de Conservação, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, 29.11 a 02.12.94, Câmara de Deputados, Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias.

Em 1991 existiam no território nacional 142 Unidades de Conservação, distribuídas nas seguintes categorias de manejo: 34 Parques Nacionais; 23 Reservas Biológicas; 21 Estações Ecológicas; 06 Reservas Ecológicas; 16 Áreas de Proteção Ambiental; 38 Florestas Nacionais; e 04 Reservas Extrativistas54.

O Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, criado pela Lei Federal nº 6.938/81 e estabelecido segundo Decreto nº 88.351, de 1º de junho de 1983, com alterações em alguns dispositivos através do Decreto nº 91.305/85. O CONAMA promoveu uma articulação dos diferentes tipos de unidades de conservação, com a Resolução nº 11/87, de 03 de dezembro de 1987, que declara como Unidades de Conservação as seguintes categorias de Sítios Ecológicos de Relevância Cultural, criados por atos do Poder Público: Estações

53 Reservas Extrativistas são espaços territoriais considerados de interesse ecológico e social, constituindo áreas que possuam características naturais ou exemplares da biota e que possibilitem a sua exploração auto-sustentável, sem prejuízo da conservação ambiental. Na sua criação são definidos os limites geográficos, a população destinatária e as medidas a serem tomadas pelo Poder Público Executivo para a sua implantação, ficando a cargo do órgão federal, no caso o IBAMA, as desapropriações que se fizerem necessárias. 54

Workshop sobre Políticas de Unidades de Conservação, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, 29.11 a 02.12.94, Câmara de Deputados, Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias

Page 230: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Ecológicas; Reservas Ecológicas; Áreas de Proteção Ambiental, especialmente suas zonas de vida silvestre e os corredores ecológicos; Parques Nacionais, Estaduais e Municipais; Reservas Biológicas; Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais; Monumentos Naturais; Jardins Botânicos e Jardins Zoológicos; e Hortos Florestais. O Projeto de Lei nº 2.892/92, encaminhado pelo Executivo para a criação de um Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, propõe uma revisão conceitual e legal das unidades de conservação existentes no Brasil. Foi objeto de discussões no Congresso Nacional, gerando debates no âmbito internacional, com Substitutivo proposto.

A principal diferença entre o Projeto de Lei e o Substitutivo55 refere-se à criação de uma categoria de Unidade de Conservação de manejo provisório, estabelecida no PL e com supressão proposta no substitutivo. Dessa forma, são três as categorias propostas no PL, passando a duas no substitutivo, como explicitado nos Quadros a seguir:

QUADRO XX – PROJETO DE LEI Nº 2.892/92 - CATEGORIAS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Unidades de Proteção Integral

Admitido apenas o uso indireto dos recursos

Unidades de Manejo Provisório

Proteção total em caráter transitório, sendo permitido o uso sustentável pela população tradicional local até a definição

Única categoria de UC: Reserva de Recursos naturais

Unidades de Manejo Sustentável

Admitida a exploração de parte dos recursos disponíveis.

Fonte – Workshop sobre Políticas de Unidades de Conservação, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, 29.11 a 02.12.94, Câmara de Deputados, Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias.

QUADRO XXI – SUBSTITUTIVO AO PROJETO DE LEI Nº 2.892/92 – CATEGORIAS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Unidades de Proteção Integral

Admitido apenas o uso indireto dos recursos

Atividades que fazem uso da natureza sem, no entanto, causar uma alteração significativa dos atributos naturais.

Unidades de Uso Sustentável

Assegurar o uso sustentável dos recursos.

Uso de recursos naturais renováveis em quantidades ou com uma intensidade compatível com sua capacidade de renovação.

Fonte – Workshop sobre Políticas de Unidades de Conservação, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, 29.11 a 02.12.94, Câmara de Deputados, Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias.

O Quadro seguinte apresenta a definição de cada categoria de proteção integral e de uso sustentável, estabelecendo os limites entre cada uma.

QUADRO XXII – CATEGORIAS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE PROTEÇÃO INTEGRAL

PL 2.892 SUBSTITUTIVO

ESTAÇÃO ECOLÓGICA

Destina-se à proteção integral da biota e demais atributos naturais nelas existentes, bem como para a realização de pesquisas científicas, permitida a alteração de até cinco por cento da totalidade da sua área, até o limite máximo de 1.500 ha.

É constituída por ecossistemas naturais, podendo incluir, em alguns casos, ecossistemas modificados, e têm como objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas rigorosamente observadas... A visitação é permitida exclusivamente para fins educativos...

55 O Substitutivo ao Projeto de Lei nº 2.892/92 foi apresentado pelo Deputado Fábio Feldman.

Page 231: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

PARQUE NACIONAL

Destina-se à preservação integral de áreas naturais inalteradas ou pouco alteradas pela ação do homem, com relevante interesse científico, cultural, cênico, educativo e recreativo, permitida a visitação pública, condicionada a restrições específicas.

Constituído por ecossistemas naturais e, em menor escala, por ecossistemas modificados, em geral de grande beleza cênica, e objetiva preservar a natureza e proporcionar oportunidade para pesquisa científica, educação ambiental, lazer e turismo ecológico.

MONUMENTO NATURAL

Destina-se a preservar áreas que contêm sítios abióticos e cênicos que, por sua singularidade, raridade, beleza e vulnerabilidade, exijam proteção, não justificando a criação de outra categoria de UC, dada a extensão limitada da área ou a ausência de diversidade de ecossistemas. É permitida a visitação pública....

Constituído por sítios abióticos singulares ou de especial beleza cênica,cuja extensão física limitada ou ausência de diversidade de ecossistemas, não justifica a criação de um Parque nacional. Objetiva preservar a natureza e proporcionar oportunidade para a pesquisa científica, a educação ambiental e o turismo ecológico.

REFÚGIO DA VIDA SILVESTRE

Destina-se a assegurar condições para a existência ou a reprodução de espécies ou comunidades da flora local, bem como da fauna residente ou migratória. É permitida a visitação pública....

Constituído por ecossistemas naturais ou ecossistemas modificados, em geral de extensão reduzida, mas de importância crítica para a sobrevivência ou a reprodução de espécies ou comunidades da flora e da fauna local ou da fauna migratória...

RESERVA BIOLÓGICA

Destina-se à preservação integral da biota e demais atributos naturais aí existentes, sem qualquer interferência humana direta ou modificações ambientais...

Fonte – Workshop sobre Políticas de Unidades de Conservação, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, 29.11 a 02.12.94, Câmara de Deputados, Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias.

Page 232: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

QUADRO XXIII – CATEGORIAS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE USO SUSTENTÁVEL

PL 2.892 SUBSTITUTIVO

RESERVA EXTRATIVISTA

Representada por áreas naturais, utilizadas por populações tradicionalmente extrativistas como fonte de subsistência para a coleta de produtos da biota nativa, de acordo com planos de utilização...

Constituída por ecossistemas modificados, podendo incluir também ecossistemas naturais ou cultivados. São áreas ocupadas por populações tradicionalmente extrativistas, cuja subsistência baseia-se na coleta de produtos da biota nativa, e tem como objetivo o uso sustentável dos recursos naturais e a conservação dos ecossistemas ..

ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

Representa porções do território brasileiro e de águas jurisdicionais, de configuração e dimensões variáveis, submetidas a diversas modalidades de manejo. Podem compreender ampla gama de paisagens naturais ou semi-naturais, com características notáveis e dotadas de atributos bióticos e abióticos, estéticos e culturais, que exijam proteção para assegurar o bem estar das populações humanas, resguardar ou melhorar as condições ecológicas locaise manter paisagens e atributos culturais relevantes.

Constituída por ecossistemas modificados, cultivados ou, em menor escala, construídos, podendo também incluir ecossistemas naturais e, em alguns casos, ecossistemas degradados. São áreas em geral extensas, com um grau maior ou menor de ocupação humana, dotadas de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações residente e do entorno, com o objetivo de disciplinar o processo de ocupação, assegurar o uso sustentável dos recursos naturais...

FLORESTA NACIONAL

Representada por áreas com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas, destinadas à produção econômica sustentável de madeira e outros produtos vegetais....

Constituída por ecossistemas modificados ou cultivados, podendo incluir ecossistemas naturais ou ecossistemas degradados. São áreas com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas, visando a produção econômica sustentável de madeira e outros produtos vegetais, a proteção dos recursos hídricos, a pesquisa científica...

RESERVA DE FAUNA

Áreas naturais que contêm populações de animais nativos, terrestres ou aquáticos, residentes ou migratórios, construindo habitats adequados aos estudos técnico-científicos da utilização econômica dos recursos faunísticos.

Constituída por ecossistemas modificados ou naturais, contendo populações de animais nativos, terrestres ou migratórios, adequados para o desenvolvimento de pesquisas e estudos técnico-científicos sobre o uso econômico sustentável dos recursos faunísticos.

Fonte – Workshop sobre Políticas de Unidades de Conservação, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, 29.11 a 02.12.94, Câmara de Deputados, Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias.

Em relação às Unidades de Conservação de Proteção Integral, o Substitutivo aponta a necessidade de supressão da categoria de Reserva Biológica, cuja conceituação era semelhante à de Estação Ecológica. O Quadro em seguida apresenta as categorias tratadas em cada instrumento.

Page 233: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

QUADRO XXIV – COMPARATIVO ENTRE O PROJETO DE LEI Nº 2.892/92 E O SUBSTITUTIVO.

PL 2.892 SUBSTITUTIVO PL 2.892 Estação Ecológica Estação Ecológica Parque Nacional. Parque Nacional. Monumento Natural Monumento Natural Refúgio de Vida Silvestre Refúgio de Vida SilvestreReserva Biológica –

Fonte – Workshop sobre Políticas de Unidades de Conservação, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, 29.11 a 02.12.94, Câmara de Deputados, Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias.

Quanto às Unidades de Conservação de Uso Sustentável não houve mudanças entre o Projeto de Lei e o Substitutivo. O Quadro seguinte apresenta as categorias tratadas em cada instrumento.

QUADRO XXV – COMPARATIVO ENTRE O PROJETO DE LEI Nº 2.892/92 E O SUBSTITUTIVO.

PL 2.892 SUBSTITUTIVO PL 2.892 Reserva Extrativista Reserva Extrativista Área de Proteção Ambiental Área de Proteção Ambiental Floresta Nacional Floresta Nacional Reserva de Fauna Reserva de Fauna Reserva Biológica

Fonte – Workshop sobre Políticas de Unidades de Conservação, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, 29.11 a 02.12.94, Câmara de Deputados, Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias.

Page 234: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

8.4. SÍTIOS HÍSTÓRICOS DA RMR

QUADRO XXVI – ESCALA DE HIERARQUIZAÇAO DOS SÍTIOS HISTÕRICOS DA RMR

QUADRO XXVII – SÍTIOS HISTÓRICOS DA RMR – CATEGORIA POR MUNICÍPIO

QUADRO XXVII – SÍTIOS HISTÓRICOS NA ÁREA URBANA DOS MUNICÍPIOS

Page 235: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

QUADRO XXVI – ESCALA DE HIERARQUIZAÇÃO DOS SÍTIOS HISTÓRICOS DA RMR CRITÉRIOS DE

PRIORIZAÇÃO CATEGORIA LOCAKIDADE

Execução de Obras de Preservação Execução de Ações Normativas 1- Sítios Tombados

Igarassu (sede) Montes Guararapes; Olinda; e Sítio da Trindade

Montes Guararapes; Igarassu, Sítio da Trindade e, Olinda.

2- Conjuntos Antigos

Bairro da Boa Vista (parte) Bairro de São José/Santo Antonio (parte); Bairro do Recife (parte);Forte e Estação do Brum

Pátio de Santa Cruz Pátio de Santa Cruz; Ruas dos Bairros de São José/Santo Antonio; Ruas do Bairro da Boa Vista; Estação e Forte do Brum; e Igreja do Pilar.

3- Edifícios Isolados

Forte Orange; Forte de Pau Amarelo; Casa da Cultura; Sobrado do Madalena; Igreja N.S. do Ó, em Pau Amarelo

Matadouro de Peixinhos; Casa da Cultura; Forte de Pau Amarelo; Sobrado da Madalena; Igreja de N.S.de B.Viagem do Pasmado.

Forte de Pau Amarelo; Capela do Eng. Gurapu; Forte Orange; Igreja N.S.da Boa Viagem; Matadouro de Peixinhos,e Sobrado da Madalena.

4- Povoados Antigos

Cabo de Santo Agostinho Cabo de Santo Agostinho Cabo de Santo Agostinho

5- Engenhos Eng. Massangana; Eng. Monjope.

Eng. Massangana Eng. Morenos

6- Ruínas - Capela N.S.dos Prazeres; Maranguape; Arraial Novo do Bom Jesus

-

7- Vilas Operárias

- - -

Fonte - PPSH/RMR

QUADRO XXVII – SÍTIOS HISTÓRICOS DA RMR – CATEGORIAS POR MUNICÍPIO

MUNICÍPIOS Conjuntos Antigos

Conjuntos Antigos

Povoados Antigos Engenhos Ruínas Sítios

Tombados

Sem Classifica-

ção Vilas

Operárias TOTAL

Cabo de Santo Agostinho 1 2 1 3 2 - 1 1 11 Igarassu - 2 - 1 - 1 - - 4 Itamaracá 2 1 1 1 - - - - 5 Jaboatão dos Guararapes 1 1 1 - - 1 - 1 5 Moreno - - - 6 - - - 1 7 Olinda - 1 - - 1 1 - - 3 Paulista - 5 - - 3 - - 1 9 Recife 9 21 - - - - - - 30 São Lourenço da Mata 1 3 - 1 - - - 1 6 TOTAL

14 36 3 12 6 3 1 5 80

Fonte – Plano de Preservação dos Sítios Históricos da Região Metropolitana do Recife – PPSH/RMR – 1978 * Por ocasião do PPSH/RMR, a região era composta de 9 municípios.

QUADRO XXVIII– SÍTIOS HISTÓRICOS NAS ÁREAS URBANAS DOS MUNICÍPIOS.

(1) O universo apresentado nesta tabela, além dos sítios definidos no PPSH/ RMR, apresenta aqueles contidos na Proposta de Atualização dos Sítios Históricos do Cabo -92.

(2) O universo estudado representa os sítios históricos definidos pelo Plano de Preservação dos Sítios Históricos do Interior, elaborado pela FIAM - 80, quando Ipojuca ainda não pertencia a RMR.

Municípios Sítios Urbanos

Municípios Sítios Urbanos

Abreu e Lima 01 Itapissuma 01 Araçoiaba - Jaboatão dos Guararapes 04 Cabo de Santo Agostinho (1) 02 Moreno - Camaragibe 01 Olinda 03 Igarassu 02 Paulista 05 Ipojuca (2) 01 Recife 31 Ilha de Itamaracá 03 São Lourenço da Mata 02

Fonte PPSH/RMR - FIDEM - 1978

Page 236: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

8.5. PROTEÇAO AMBIENTAL

QUADRO XXIX – LEGISLAÇÃO FEDERAL SOBRE ÁREAS PROTEGIDAS

QUADRO XXX – LEGISLAÇÃO ESTADUAL SOBRE ÁREAS PROTEGIDAS

Page 237: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

QUADRO XXIX - LEGISLAÇÃO FEDERAL SOBRE ÁREAS PROTEGIDAS

INSTRUMENTO EMENTA Lei nº 5.197/67, 03 de janeiro de 1967

Dispõe sobre a Proteção da Fauna e dá outras providências.

Lei nº 5.868/72, 12 de dezembro de 1972

Cria o Sistema Nacional de Cadastro Rural e dá outras providências

Decreto nº 73.030/73 Cria no âmbito do Ministério do Interior a Secretaria Especial do Meio Ambiente – SEMA e dá outras providências.

Lei nº 5.870/73 26 de março de 1973

Acrescenta alínea ao Artigo 26, da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, que institui o novo Código Florestal. A alteração visa a inclusão de floresta, trata da localização e área, assim como sobre Região Metropolitana, com normas de preservação.

Lei nº 6.535/78 15 de junho de 1978

Acrescenta dispositivo ao Artigo 2, da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, que institui o novo Código Florestal.

Lei nº 6.766/79, 19 de dezembro de 1979. Modificada pela Lei Federal nº 9.785/99, de 29 de janeiro de 1999.

Dispõe sobre o parcelamento do solo urbano e dá outras providências.

Decreto nº 84.017/79, 21 de setembro de 1979

Aprova o regulamento dos Parques Nacionais Brasileiros.

Lei nº 6.803/80, 02 de julho de 1980

Dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição e dá outras providências.

Decreto nº 84.973/80, 29 de julho de 1980

Dispõe sobre a co-localização de Estações Ecológicas e Usinas Nucleares

Lei nº 6.902/81, 27 de abril de 1981

Dispõe sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e dá outras providências.

Lei nº 6.938/81, 31 de agosto de 1981

Política Nacional do Meio Ambiente

Decreto nº 88.351/83, 01 de junho de 1983

Regulamenta as Estações Ecológicas.

Decreto nº 89.336/84, 31 de janeiro de 1984

Reservas ecológicas, Áreas de Preservação Permanente e Áreas de Relevante Interesse Ecológico.

Decreto nº 7.347/85, 24 de julho de 1985

Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e, dá outras providências.

Lei nº 7.511/86 07 de julho de 1986

Altera dispositivos da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, que institui o novo Código Florestal.

Decreto nº 94.401/87, 03 de junho de 1987

Aprova a Política Nacional para Assuntos Antárticos.

Lei Federal nº 7.661/88 16 de maio de 1988

Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro.

Constituição Federal, outubro de 1988 Art. 225. Atualizada com Emenda Constitucional nº 45, de 30 de dezembro de 2004.

Compreende o Capítulo VI – Do Meio Ambiente que dispõe – “Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

Lei nº 7.804/89, 18 de julho de 1989

Cria as Reservas Extrativistas

Decreto nº 98.830/90, 15 de janeiro de 1990

Dispõe sobre a coleta, por estrangeiros, de dados e materiais científicos no Brasil e dá outras providências.

Decreto nº 2.473/90, 26 de janeiro de 1990

Dispõe sobre reservas extrativistas.

Decreto nº 98.897/90, 30 de janeiro de 1990

Regulamenta a criação de reservas extrativistas.

Decreto nº 98.914/90, 31 de janeiro de 1990

Dispõe sobre a instituição, no território nacional, de Reservas Particulares do Patrimônio Natural, por destinação do proprietário.

Page 238: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Decreto nº 99.274/90, 06 de junho de 1990

Regulamenta as Leis 6.902/81 e 6.938/81.

Decreto nº 8.171/91, 17 de janeiro de 1991

Dispõe sobre a Política Agrícola.

Decreto nº 8.617/93, 04 de janeiro de 1993

Dispõe sobre o mar territorial, a zona contígua, a zona econômica exclusiva e a plataforma continental brasileiros e dá outras providências.

Decreto nº 750/93, 10 de fevereiro de 1993

Dispõe sobre o corte, a exploração e a supressão da vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração da Mata Atlântica e dá outras providências.

Decreto nº 1.298/94, 27 de outubro de 1994

Aprova o regulamento das Florestas Nacionais e dá outras providências.

Decreto nº 1.922/96, 05 de junho de 1996

Dispõe sobre o reconhecimento das reservas Naturais Particulares do Patrimônio Natural e dá outras providências.

Lei nº 9.605/98 12 de fevereiro de 1998

Crimes Ambientais. Decreto nº 98.830/90, de15 de janeiro de 1990.

Lei nº 9.985/2000 Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC e dá outras providências.

Decreto nº 5300/04 07 de dezembro de 2004

Regulamenta a Lei 7.661, de 16 de maio de 1988, que institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro – PNGC, dispõe sobre regras de uso e ocupação da Zona Costeira e estabelece critérios de gestão da orla marítima e dá outras providëncias.

Resolução do CONAMA nº 001/86

Critérios para EIA/RIMA

Resolução do CONAMA nº 303/02

Estabelece Limites e Definições das Áreas de Preservação Permanente – APPs.

Resolução do CONAMA nº 312/02

Licenciamento Ambiental de empreendimentos de carcinicultura.

Page 239: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

QUADRO XXX - LEGISLAÇÃO ESTADUAL SOBRE ÁREAS PROTEGIDAS Decreto nº 6.347/80 18 de março de 1980.

Define competências de atuação na aplicação de leis na Região Metropolitana do Recife exercido pela FIDEM, atual Agência CONDEPE/FIDEM.

Lei Estadual nº 9.960/86 17 de dezembro de 1986

Define as Áreas de Interesse Especial da Orla Marítima dos Municípios do Estado de Pernambuco.

Lei Estadual nº 9.860/86 12 de agosto de 1986

Define as Áreas de Proteção de Mananciais na RMR.

Lei Estadual nº 9.931/86 11 de dezembro de 1986

Define as Áreas Estuarinas de PE.

Lei Estadual nº 9.989/87 13 de janeiro de 1987

Define as Reservas Ecológicas da RMR.

Lei Estadual nº 9.990’87 14 de janeiro de 1987

Parcelamento do solo urbano na RMR.

Constituição Estadual / 1989 Art. 205

Competência dos Estados e Municípios, em consonância com a União, em proteger Áreas de Interesse Cultural e Ambiental, especialmente os arrecifes, os mananciais de interesse público e suas bacias, os locais de pouso, alimentação e/ou reprodução da fauna, bem como áreas de ocorrência de endemismos e raros bancos genéticos e as habitadas por organismos raros e vulneráveis, ameaçados ou em via de extinção.

Lei Estadual nº 11.516 30 de dezembro de 1997

Define competências, licenciamento e infrações da CPRH.

Lei Estadual nº 11.516 30 de dezembro de 1997

Dispõe sobre o licenciamento ambiental, infrações administrativas e ambientais e dá outras providências.

Decreto nº 20.586/98 28 de maio de 1998

Regulamenta a Lei 11.516 e dá outras providências.

Lei nº 11.734/99 30 d dezembro de 1999

Altera a Lei nº 11.516/97 que trata do licenciamento ambiental a ser exercido pela CPRH.

Decreto nº 21.972/99 29 de dezembro de 1999

Aprova o Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro – ZEEC do Litoral Sul de PE.

Decreto nº 24.017/02 07 de fevereiro de 2002

Aprova o Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro – ZEEC do Litoral Norte de PE.

Resolução do CONSEMA nº 02/02

Licenciamento Ambiental de empreendimentos de carcinicultura.

Lei Estadual nº 049 31 de janeiro de 2003

Dispõe sobre as áreas de atuação do Poder Executivo Estadual, estando a área de gestão ambiental como não exclusiva, mas concorrente.

Page 240: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

8.6. PARQUE METROPOLITANO ARMANDO HOLANDA CAVALCANTI

Visando detalhar a situação do Parque Metropolitano Armando Holanda Cavalcanti este item trata dos aspectos gerais e históricos; aspectos jurídicos e institucionais; aspectos econômicos; das potencialidades e problemas na área, assim como elenca o conjunto de propostas para a área, trazendo os elementos de uma gestão, no âmbito metropolitano.

– ASPECTOS GERAIS E HISTÓRICOS

O Cabo de Santo Agostinho, denominação assumida pelo município no qual está localizado, integrante da Região Metropolitana do Recife, é o principal acidente geográfico do litoral sul de Pernambuco.

Distante 34 Km do Recife, o seu acesso é feito pelas rodovias BR - 101, PE - 60 e PE - 28, todas em boas condições de uso, que também dão acesso as Praias de Gaibu, ao norte, e Suape, ao sul, consolidando intensos processos de ocupação, de naturezas diferentes: Gaibu, como núcleo urbano de formação espontânea e Suape, como base de implantação de equipamento hoteleiro e de lazer de grande porte, atraindo intenso fluxo de usuários.

No caso do Parque Metropolitano Armando Holanda Cavalcanti, trata-se de uma parceria público - privada, com obrigações contratuais decorrentes de permissão de uso de área a título oneroso, envolvendo instituições públicas dos três níveis de governo, a comunidade residente e a comunidade externa usuária do futuro Parque, como consumidora e/ou prestadora de serviços nele instalados.

Como processo permanente de planejamento, torna-se importante, senão fundamental, a constituição de um Conselho Gestor do Parque, tendo entre suas atribuições o gerenciamento do Plano Estratégico do Parque e das ações e projetos dele decorrentes, contando com membros das entidades da administração estadual mais diretamente envolvidas, da Prefeitura Municipal do Cabo de Santo Agostinho e das comunidades usuárias e residentes, com participação paritária à do setor público.

A atuação deste Conselho, sob liderança competente, garantirá a implantação do Plano e a avaliação dos impactos de suas ações, devendo proceder sempre os ajustes necessários para manter a coerência entre as ações propostas e a realidade, em modificação.

Oficialmente descoberto em 1501 pelo navegador Américo Vespúcio, a serviço da coroa portuguesa e, com versão da presença anterior do espanhol Vicente Yañes Pinzon, em 26 de janeiro de 1500, ainda não incorporada à história do Brasil, no exato momento em que a navegação marítima assume dimensão mundial, o Cabo de Santo Agostinho, rapidamente, tornou-se referência obrigatória para aqueles que utilizavam as correntes marítimas para atingir o continente africano ou dele retornar.

No período de conhecimento e domínio do território conquistado, e por muito tempo depois, foi considerado como ponto extremo oriental das Américas. Por suas características geográficas, durante o período de colonização e do concorrido comércio açucareiro, assumiu a condição de ponto estratégico na defesa da costa brasileira. Extremamente disputado por portugueses e holandeses, o Cabo nos lega edifícios militares e religiosos, entre os quais destacamos: a Igreja de Nossa Senhora de Nazaré, as ruínas do seu

Page 241: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

convento, as ruínas da Capela Velha, do Antigo Quartel, do Forte Castelo do Mar, das Baterias de São Jorge, da antiga Casa do Faroleiro, da Bateria de Calhetas e do Forte de São Francisco Xavier, o qual, durante a Segunda Guerra Mundial, ainda serviu de posto avançado de observação das forças aliadas.

Por seu aspecto singular de sítio natural e cultural, e de elemento turístico importante do litoral do Estado de Pernambuco, foi desapropriado em 1979 pelo Governo do Estado e destinado à implantação de um Parque Metropolitano.

– ASPECTOS JURÍDICOS E INSTITUCIONAIS

Em 1975, o PDI/RMR - Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana do Recife ressalta a necessidade de um Plano de Preservação Ambiental Urbana com ênfase nas áreas históricas, entre as quais destaca no município do Cabo de Santo Agostinho, a Igreja de Nossa Senhora de Nazaré e as ruínas do seu Convento, já tombadas pelo IPHAN desde 1961. Quando em 1978 foi elaborado o PPSH/RMR- Plano de Preservação dos Sítios Históricos da Região Metropolitana do Recife foi definido o Sítio Histórico Cabo de Santo Agostinho, na categoria de Sítio Tombado.

Em 1979 o Decreto nº 5554 de 06/02/79 cria o Parque Metropolitano de Santo Agostinho e também pelo Decreto nº 5765 de 15/5/79 é mudado seu nome para Parque Metropolitano Armando de Holanda Cavalcanti. Em seqüência foi elaborado, em 1980, o Plano Diretor do Sistema de Parques Metropolitanos, pela FIDEM, que considera a implantação desse parque como prioridade para a região metropolitana, em particular para o litoral sul, e o Plano de Preservação e Revitalização56 do Cabo de Santo Agostinho, Vila de Nazaré e povoados de Gaibu e Suape, com indicativos dos equipamentos necessários ao atendimento às necessidades da RMR. Ainda em 1980 foi elaborado um Cadastro de Posseiros das áreas desapropriadas do Cabo de Santo Agostinho

Em 1983 a área do Parque é considerada Zona de Proteção Cultural, como parte das normas de Uso do Solo do Complexo Industrial Portuário de SUAPE, aprovado pelo Decreto nº 8447 de 02/3/83. Ainda em 1983 é lançado o Edital de Tombamento do Sítio Histórico do Cabo de Santo Agostinho, só homologado em 1993 através do Decreto nº 17070 de 16/11/93.

56 O escritório Sena Caldas & Polito Arquitetos Associados foi contratado pela FUNDARPE e pela Empresa SUAPE para elaboração do Revitalização, em tela.

Igreja de Nazaré, na parte central da área do parque.

Ruínas do Convento N.Sra. de Nazaré.

Page 242: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Em 1989 a Empresa SUAPE aprova a Permissão de Uso de Bem Imóvel, a título oneroso, pelo prazo de 99 anos, de uma área de 117 ha, denominada Propriedade Tiriri, ao grupo empreendedor do Hotel em Suape, tendo como contrapartida a restauração dos prédios públicos, equipamentos e monumentos históricos, bem como a preservação do meio ambiente do Parque por igual período, além do ônus pela vigilância, impostos e taxas incidentes sobre a área do Parque.

Em 1997, na reunião do Conselho de Desenvolvimento da RMR – CONDERM é lançada a proposta, pela Prefeitura do Município do Cabo de Santo Agostinho, de se rever o Plano Diretor de Preservação e Revitalização do Parque de Santo Agostinho, elaborado dezoito anos antes.

Assim, em 1998 foi elaborado um novo Cadastro por Imóvel da Ocupação da Área do Parque e, em 1999, novo Plano Estratégico foi desenvolvido no sentido de atualizar as ações para a implementação do parque, bem como para permitir a sustentabilidade ambiental, social e econômica da área, em parceria com o setor privado.

Após as transformações ocorridas nos últimos anos nas diversas esferas governamentais, atualmente a área do Cabo de Santo Agostinho figura entre as atribuições das seguintes instituições: na esfera federal:

� Ministérios da Defesa (Terrenos de Marinha); � Ministério da Fazenda (Patrimônio da União); � Ministério do Meio Ambiente, através do IBAMA; � Ministério da Cultura, através do IPHAN; � Ministério da Educação, através da UFPE; e, � Fundação do Economiários Federais - FUNCEF, com atribuições específicas

sobre a área, em função do instrumento de Permissão de Uso, a título oneroso.

As instituições estaduais que se encontram vinculadas à área são: � Empresa SUAPE – Complexo Industrial Portuário; � Secretaria de Planejamento, através da Agência Estadual de Planejamento e

Pesquisas CONDEPE/FIDEM; � Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Esportes, através da

EMPETUR; � Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, através da CPRH; e, � Secretaria de Cultura, através da FUNDARPE.

Demais entidades envolvidas: � Prefeitura Municipal do Cabo de Santo Agostinho;� Agentes locais de turismo; � Moradores e associações existentes na área.

Page 243: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Vista parcial da enseada de SUAPE.

– ASPECTOS ECONÔMICOS57

De acordo com o projeto econômico de Pernambuco para o litoral sul do Estado, a área do Cabo de Santo Agostinho está inserida dentro da perspectiva do Turismo e Preservação Ambiental. Entretanto, é visível a necessidade de um trabalho que qualifique a área para receber os investimentos e se inserir no processo econômico e de sustentabilidade.

Atualmente, verifica-se uma completa dispersão de atividades profissionais dos habitantes do Parque, o que enfraquece desta maneira o potencial de outras fontes econômicas em maior sintonia com a área. Ainda assim, muitas destas atividades exercidas são de caráter complementar à renda familiar, a qual varia na maior parte entre 1 e 3 salários mínimos.

Basicamente estas atividades econômicas estão voltadas aos serviços pessoais, tais como corte e costura, cabeleireiro e manicure, assim como uma culinária local e a fabricação de doces. Não há atividade com grande concentração de mão de obra.

Dentre o número de edificações existentes na área do Parque, há uma predominância do uso residencial. A maioria dos imóveis são próprios ou fruto de invasões, sendo que 80% deles são em alvenaria e 15% em taipa, e apresentam média de ocupação variando entre 4 e 5 habitantes por residência.

A questão da posse definitiva da terra é atribuída pelos habitantes da área como a principal responsável pelo desconhecimento do Projeto e de quaisquer outras intervenções a serem planejadas para o local. Do ponto de vista dos ocupantes, embora a área pertença ao Estado, os planos para o local devem contemplar as perspectivas dos atuais moradores, inclusive para efeito de dimensionamento das ocupações e de seus usos. Apesar de desconhecerem o plano, a maior expectativa é em relação a emprego, infra-estrutura física e preservação do meio ambiente.

57

Os dados apresentados têm por base o Plano Estratégico do Parque Armando de Holanda Cavalcanti, elaborado em cumprimento ao Convênio nº 003/98 celebrado entre a FIDEM – Fundação de Desenvolvimento Municipal, a FADE – Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da UFPE e a FUNCEF – Fundação dos Economiários Federais, com interveniência da Empresa SUAPE – Complexo Industrial Portuário, da FUNDARPE – Fundação do Patrimônio Histórico Artístico de Pernambuco e da CPRH – Companhia Pernambucana do Meio Ambiente, finalizado em 1999.

Praia do Paraíso, situada na parte sul do Parque Metropolitano Armando de Holanda Cavalcanti com vegetação degradada e pequena área erodida.

Page 244: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

As praias de Calhetas e Paraíso, localizadas no Parque constituem a principal opção de lazer dos moradores da área do Parque assim como as celebrações e festas religiosas.

A área apresenta ainda equipamentos como bares, restaurantes e lanchonetes, embora não disponha de sanitários, centro de informações, áreas para esportes e parques infantis, que poderiam melhorar a qualidade de vida dos moradores.

– POTENCIALIDADES E PROBLEMAS NA ÁREA

As características físicas do meio ambiente natural e cultural constituem recursos fundamentais oferecidos pelo Cabo de Santo Agostinho. O seu relevo que proporciona locais naturais para mirantes e vistas paisagísticas, também apresenta interesse por sua formação geológica, que originou o cabo e a sua formação vulcânica.

A beleza de sua pequena faixa de praias e a seu potencial turístico destaca a área em relação a outros pontos do litoral de Pernambuco.

Consideram-se como potencialidades da área: � Características físico-ambientais pela situação geográfica, relevo e paisagem; � Existência de edificações pioneiras da Vila de Nazaré, inclusive a Igreja e o

Convento, e das instalações militares de defesa do Cabo e Praias de Gaibu e Suape;

� Patrimônio cultural em condições de preservação e/ou revitalização; � Diversidade das paisagens vegetais; � Possibilidade de aproveitamento turístico, natural e cultural; � Existência de mercado para desenvolvimento turístico; � Participação da população residente em relação à área e às práticas sociais; � Singularidade e beleza de suas praias, principalmente Calhetas e Paraíso; � Localização privilegiada na região metropolitana, considerando a distância,

acessos e inclusão em projetos regionais; e, � Facilidade de controle do uso da área.

Uma seqüência de fotos apresenta as potencialidades da área.

Page 245: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

As dificuldades apresentadas na área, na sua maioria representam a falta de um planejamento e administração. Exemplo disso são as áreas urbanas de Gaibu e Vila de Suape, com processos acentuados de ocupação, aparentemente sem controle, e que repercutem não apenas na vizinhança, mas na própria área do Parque.

A zona portuária apresenta, face às atividades com petróleo, material vulnerável, sob o ponto de vista do controle, um certo risco, devendo, portanto, serem redobradas a atenção para que não ocorra nenhum dano ao meio ambiente.

Como dificuldades são consideradas: � A ocupação desordenada com prejuízos ao meio ambiente; � Processo erosivo do solo; � Envelhecimento da cobertura vegetal exótica; � Degradação da vegetação nativa com comprometimento da vida animal silvestre; � Precariedade de infra-estrutura, principalmente água e esgoto; � Dispersão de atividades produtivas; � Proximidade de atividades portuárias e industriais; � Proximidade de núcleos urbanos espontâneos, com comprometimento da ocupação

urbana; � Deficiência em capacitação profissional, social e ambiental da população residente e

dos usuários; e, � Ausência de uma política de regularização dos posseiros.

– PROPOSTAS

Com uma área de 270 ha., o Parque Metropolitano Armando de Holanda Cavalcanti, conta com as propostas estabelecidas no Plano Estratégico, elaborado em 1999, que pressupõe como condição indispensável à sua implementação, a constituição de um Conselho Gestor do Parque.

Fato relevante, e ainda tratando-se de uma área de grande interesse natural e cultural, qualquer que seja o tipo de intervenção que se faça no seu interior, requer um planejamento e um dimensionamento das suas atividades e usos que não ponham em risco as suas características excepcionais. Assim, a implantação do Parque, de caráter ecoturístico, está intimamente ligada com o dimensionamento da capacidade de absorção da área. Para garantir as suas características primitivas é necessário que se tenha uma ocupação racional, utilizando baixas densidades, limitando novas construções e promovendo vastas áreas de conservação e de cobertura vegetal

Assim, foi fundamental o Plano apontar a capacidade de absorção da área tomando-se como parâmetro as recomendações da Organização Mundial de Turismo (OMT) que, por suas condições naturais e ambientais, determina como superfície de vocação turística apenas 40% do total da área.

Praia de Suape com o Parque Metropolitano Armando de Holanda Cavalcanti ao fundo.

Vista aérea da Igreja de Nazaré, na parte central da área do parque.

Page 246: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Assim, o Plano em tela recomenda que para uma área com as características ambientais do Cabo de Santo Agostinho, a OMT58 estabelece como densidade máxima, 25 habitantes por hectare, que, de acordo com a área destinada à vocação turística (108 ha), determina uma capacidade máxima de ocupação por dia (população residente + visitante / dia) de 2.700 pessoas.

A capacidade de absorção das áreas de praia foi também recomendada. Para este caso, a Organização Mundial de Turismo estabelece uma área confortável de 25 m2

/ banhista ou 0,4 banhistas / metro linear de praia. De acordo com a extensão de 400 metros de praia, distribuídas entre Calhetas (120 m), Calhetinhas (80 m) e Paraíso (200 m), determina-se que a capacidade máxima de banhistas são, respectivamente, 48, 32 e 80, totalizando os 160 banhistas.

Entretanto, pela dificuldade de controlar o número de banhistas nas praias, resta a alternativa de dimensionamento dos equipamentos de serviço (bares, lanchonetes, restaurantes, barracas e sanitários) utilizando, como base, o número de banhistas determinado pelo cálculo da capacidade de absorção das praias.

Para a quantidade de leitos na área do Parque, a OMT recomenda o índice de 35 leitos/km2, o que de acordo com a superfície do Parque de 2,7 km2 é estabelecido o número de 95 leitos, admitindo-se até 100 leitos. Para este caso a Organização Mundial de Turismo admite ainda que 30% dos hóspedes (30) utilizam as praias, que, num total de 160 banhistas, restariam 130 a serem distribuídos entre moradores e visitantes.

Para manter a integridade do patrimônio cultural e ambiental da área, aponta-se para que o número máximo de pessoas, entre moradores e visitantes, seja de 2700 pessoas. Este condicionante restritivo utilizado para o cálculo de capacidade de absorção da área ajudará a estabelecer e manter a sua vocação natural. Aliado a isso se faz necessário um trabalho de educação ambiental assim como a inserção da comunidade no processo de implantação e manutenção do Parque.

A decisão política de implantação e institucionalização como unidade de conservação da categoria Área Especial de Interesse Turístico e a criação do um Sistema de Gestão Metropolitana e de Administração e Gerência, são os passos iniciais e indispensáveis para a materialização do Parque Metropolitano, em tela, cujas propostas se inserem em 4 eixos estratégicos, a seguir detalhados.

O Parque Instituição que pressupõe a gestão da implementação das propostas, o desenvolvimento e gerência dos projetos e a avaliação dos seus resultados, o controle da utilização e da manutenção da área, além do permanente acompanhamento das modificações decorrentes e a adequação e a atualização das propostas.

O Parque Sítio Natural que determina a recuperação das condições ambientais degradadas em conseqüência do processo erosivo do solo, da devastação da cobertura vegetal e da utilização predatória da área, e oferecer novas condições para o seu aproveitamento com o estancamento da erosão, o controle da ocupação e, inclusive, com a implantação e o incremento de culturas que signifiquem benefícios econômicos para a população local. 58 Para determinar a capacidade máxima de turistas para o Cabo de Santo Agostinho foi utilizado a relação turista / habitante = 0,143, estabelecida pela OMT, a qual admite para a área do Parque a presença diária de 386 turistas. Diante deste fato, a população local não deverá ultrapassar os 2.314 pessoas.

Page 247: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

O Parque Sítio Cultural que compreende a restauração e a reutilização dos monumentos existentes, a revitalização cultural, inclusive com a implantação de novos equipamentos, a valorização dos saberes e fazeres da população local como infra-estrutura para atração e desenvolvimento das atividades de lazer e turismo. Também o aproveitamento de todas as condições de exploração da área, com vistas às práticas esportivas, ao lazer ativo e contemplativo, às condições de trabalho da população residente e ao incremento da área de influência do Parque.

O Parque Sustentabilidade significando os aspectos que favorecem a realização humana. As ações voltadas para a infra-estrutura física, a melhoria do ensino, a capacitação profissional, a criação de oportunidades de trabalho e a organização social, que promoverão a melhoria das condições da saúde, educação, cultura, economia da população residente e prestação de serviços e atendimento à população usuária e ao turismo.

A relação dos 21 projetos e 52 ações definidos pelo Plano Estratégico está distribuída em relação aos objetivos estratégicos, de acordo com o quadro abaixo:

OBJETIVOS ESTRATÉGICOS QUANTIDADE DE PROJETOS

QUANTIDADE DE AÇÕES

1. PARQUE INSTITUIÇÃO 04 04 2. PARQUE SÍTIO NATURAL 04 17 3. PARQUE SÍTIO CULTURAL 03 08 4. PARQUE SUSTENTABILIDADE 10 23

Em prosseguimento, estão detalhados todos os projetos e ações como também indicados os impactos esperados.

PARQUE - INSTITUIÇÃO

PROJETOS AÇÕES IMPACTOS DEFINIÇÃO DA NATUREZA JURÍDICA

DA ÁREA, COMO UNIDADE DE CONSERVAÇÃO.

Adoção da categoria Área Especial de Interesse Turístico, mesmo considerando a área como Parque Metropolitano, com gestão compartilhada.

Assegurar a vocação turística do litoral de Pernambuco, opção econômica para o Estado.

DEFINIÇÃO DO MODELO DE GESTÃO DO PARQUE

Estabelecimento de dois níveis de gestão: Conselho Gestor, Órgão Consultivo e Deliberativo e a Gerência Administrativa.

Atribuição de responsabilidades, e divisão específica de tarefas com gestão participativa para melhor controle da área.

USO E OCUPAÇÃO Definição dos usos e da ocupação, em harmonia com os seus elementos naturais e construídos, a partir dos projetos setoriais.

Disciplinamento dos usos, atividades e ocupações.

CADASTRO IMOBILIÁRIO Identificação de todas as ocupações e respectivas posses.

Estabelecer as condições de permanência dos usos e ocupações.

Page 248: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

PARQUE - SÍTIO NATURAL

PROJETOS AÇÕES IMPACTOS Delimitação do Parque através de cerca em todo o perímetro, exceto nas partes confrontadas ao mar;

Melhor condição de controle da área e das atividades nela desenvolvidas. Exigência de negociação com alguns moradores.

Implementação dos portões de entrada e das vias de acesso e circulação de veículos e dos estacionamentos;

Controle dos acessos, da circulação viária e da drenagem natural.

Implantação de um sistema de abastecimento de água e de saneamento básico em todas as edificações do Parque;

Melhoria das condições ambientais e diminuição de poluição hídrica nas praias e no mar.

Instalação de iluminação especial nas edificações e nos locais de visitação turística, e serviço de telefonia nos principais locais de interesses turístico;

Valorização das condições de uso e atendimento turístico nos diversos pontos de interesse.

Recuperação ou consolidação e controle de áreas erodidas;

Mudança no sistema da drenagem natural e interferência na paisagem local.

INFRAESTRUTURA

Análise de viabilidade para a construção de uma barragem na parte leste do Cabo.

Disponibilidade de água e inundação de área para valorização paisagística e utilização esportiva.

COBERTURA VEGETAL: FLORA NATIVA

Reflorestamento das áreas degradadas: Ecossistema mata Ecossistema tabuleiro Ecossistema restinga

Reflorestamento das áreas erodidas; Recuperação das matas ciliares (se identificadas)Recuperação e reflorestamento das áreas com exploração de argila.

Preservação e recuperação de parte do meio físico natural, cobertura vegetal, visando valorizar e integrar os ecossistemas naturais com os elementos históricos , valorizando ainda o espaço paisagístico, caracterizado pelos aspectos topográficos peculiares e pela diversidade de vegetação.

COBERTURA VEGETAL: FRUTEIRAS NATIVAS E EXÓTICAS

Recuperação e incrementação das áreas ocupadas, especificamente pela cultura do coqueiro; Incrementação das áreas ocupadas por outras culturas: manga, jaca, fruta pão, jambo, entre outras; Incrementação de pequenos cultivos de mandioca, araruta, inhame, e de agricultura orgânica; Incrementação de cultivo de plantas ornamentais;Recuperação e incrementação das áreas com fruteiras nativas; Implantação de novas áreas com fruteiras nativas: araça, mangaba, genipapo, caju, pitomba, entre outras.

Oferecer alternativas econômicas para a comunidade e para a autosustentação do Parque.

DEFESA DAS PRAIAS, DAS FALÉSIAS, DAS COLINAS, DO

SOLO E DAS PAISAGENS

Proibição de desmatamento, remoção de terra, construções em locais de risco para a estabilidade do relevo; retirada de material geológico.

Minimizar interferência na paisagem e no ambiente local.

Page 249: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

PARQUE - SÍTIO CULTURAL

PROJETOS AÇÕES IMPACTOS

RECUPERAÇÃO E/OU ESTABILIZAÇÃO DOS MONUMENTOS HISTÓRICOS.

Recuperação da Igreja de Nossa Senhora de Nazaré;

Recuperação da Antiga Casa do Faroleiro;

Estabilização das Ruínas: Forte do Castelo do Mar; Quartel do Forte do Castelo; Convento de Nossa Senhora de Nazaré e da Capela Velha; Baterias de São Jorge; Bateria de Calhetas; Forte de Gaibu; Quartel de São Francisco Xavier.

Possibilidade de utilização dos monumentos, de implantação de usos e valorização de suas qualidades artísticas, históricas, culturais e de atrativos turísticos, como uma das razões do próprio Parque.

COMPLEMENTAÇÃO DA PESQUISA ARQUEOLÓGICA

Continuação da pesquisa iniciada em 1979;

Realização da pesquisa das embarcações naufragadas.

Aprofundamento do conhecimento histórico local.

CONSTRUÇÃO DE MARCOS, MONUMENTOS E SINALIZAÇÃO.

Instalação de marcos nos locais de desembarque da expedição de Vicente Yañes Pinzon, e no do provável ponto de ruptura dos continentes;

Construção de monumento alusivo à participação histórica do Cabo de Santo Agostinho;

Instalação de sistema de informação e comunicação através de sinalização e placas indicativas.

Criação de elementos para destaque de fatos e locais de interesse turístico. Informação e orientação dos usuários.

Page 250: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

PARQUE - SUSTENTABILIDADE PROJETOS AÇÕES IMPACTOS

FOMENTO A AGRICULTURA ORGÂNICA

Oferecer meios de acesso dos produtores locais a tecnologias alternativas de cultivos orgânicos.

Oferta de produtos agrícolas para uma clientela especial, com possibilidade de ampliação do mercado consumidor.

CAPACITAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA

Oferta de cursos de guias e de tratamento de turistas, incluindo formas de tratamento na apresentação dos produtos naturais, artesanais e da culinária local.

Criação de uma infraestrutura capaz de atender as necessidades e os anseios dos turistas da área, vindo a contribuir para o incremento de renda das famílias.

CURSO DE CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL

Oferta de cursos de gerenciamento e contabilidade objetivando permitir uma maior capacitação dos empresários locais e dos presidentes das associações na preservação dos recursos ambientais e das riquezas advindas da exploração do potencial turístico.

Criação de um clima de preservação e conservação das potencialidades existentes e de aproveitamento das oportunidades.

IMPLANTAÇÃO DE UM CENTRO DE PESQUISAS

Adaptar um monumento ou um outro imóvel, com recursos técnicos e uma biblioteca virtual para professores e estudiosos, principalmente profissionais da área de consultoria, nas questões de desenvolvimento sustentável, inclusive dos recursos da flora e fauna existentes.

Criação de um espaço para um público especializado constituindo uma alternativa de ser referência para encontros técnicos.

FOMENTO A FABRICAÇÃO CASEIRA

Aproveitamento das vocações locais de fabricação de peças artesanais e no aproveitamento dos excedentes dos produtos agrícolas; Instalação de um centro de vendas de artesanato, souvenirs, frutas e verduras biológicas e demais produtos naturais.

Incrementar a renda familiar e criar formas de participação da população da terceira idade e dos jovens. Estruturar e dimensionar a venda da produção local.

MODERNIZAÇÀO, AMPLIAÇÃO E IMPLANTAÇÀO DE EQUIPAMENTOS DE APOIO AO TURISMO RECEPTIVO

Melhoramento, ampliação e modernização das pousadas, bares e restaurantes, dimensionados segundo a capacidade de absorção do Parque; Implantação de barracas ou quiosques em locais atendidos pela infraestrutura de água, esgoto e energia elétrica.

Proporcionar atendimento de qualidade como condição para prolongar a permanência dos turistas no local.

ELEMENTOS DE RECREAÇÀO, LAZER E DE INTERESSE TURÍSTICO

Instalação de áreas de jogos ao ar livre (mini-golf bar, xadrez de solo, bocha) para atender as diferentes faixas etárias dos usuários; Instalação de mirantes nas diversas localidades de descortínio paisagístico com sua respectiva infraestrutura; Construção de caminhos e trilhas naturais, autoguiadas, de interesse e de características do sítio natural; Implantação de áreas para camping e piqueniques; Implantação de centros esportivos nas duas centralidades definidas para a zona de atividades rurais e a de interesse turístico e de lazer.

Proporcionar atrativos para recreação, esportes e lazer, principalmente da comunidade metropolitana.

UTILIZAÇÃO DE PRAIA E MAR Identificação de locais para a pesca esportiva, mergulhos e outros esportes náuticos; Orientação para navegação e

Page 251: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

estacionamento de embarcações; Orientação para utilização de todos os locais sem danos ao meio ambiente, inclusive daqueles apropriados para banho de mar.

ATENDIMENTO À COMUNIDADE RESIDENTE

Capacitação dos professores da rede escolar local em técnicas de preservação ambiental, cultural e de participação comunitária; Elaboração do cadastro imobiliário como elemento para estudo de regularização da permanência no local; Implantação de cooperativa de tratamento dos resíduos sólidos do lixo coletado; Implantação do laboratório de fitoterapia para aproveitamento da flora nativa no tratamento alternativo de algumas doenças, a custos menores; Implantação de creches domiciliares, com utilização da mão de obra das pessoas da 3a idade, devidamente capacitadas.

Melhor qualificação profissional da população residente, com o objetivo de preservação do Sítio Natural e de participação nas atividades desenvolvidas.

DIVULGAÇÃO E PROMOÇÃO

Edição de material sobre temas informativos e de divulgação como mapas, normas, história, aspectos naturais, ecologia e conservação da área do Parque; Promoção nos mercados emissivos após pesquisa sobre equipamentos e demandas existentes.

Ampliação da área de influência do Parque e aumento do público cliente potencial.

Page 252: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

– GESTÃO

A gestão de uma área dessa importância passa por vários níveis e instituições envolvidas. Entretanto, torna-se fundamental a clareza na definição dos papéis de cada um dos envolvidos. De fato, esse é um dos maiores desafios, que aliado à falta de um proposta para a área pode levar a perdas irreparáveis.

No tocante a uma proposta de gestão para a área, há que se considerar as propostas contidas no Plano Estratégico estabelecido como estratégia institucional,

Page 253: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

necessário à sua sustentabilidade, como já descrito. Entretanto, o caso do Parque Metropolitano Armando Holanda Cavalcanti é um exemplo da necessidade de definições claras e precisas de cada um dos entes envolvidos, para uma gestão compartilhada, onde é fundamental o papel do setor privado, como suporte das intervenções estruturadoras.

A incidência de diversos órgãos do nível federal, assim como do Governo do Estado e, ainda do nível municipal, como apresentado abaixo, cada um com uma atribuição específica, poderá contribuir para a execução das ações necessárias a implantação do parque, dentro de uma perspectiva de desenvolvimento sustentável, sendo de outro lado um desafio conciliar todos os interesses.

No nível federal atuam: ÓRGÃOS/ENTIDADES ATRIBUIÇÕES

Ministério da Defesa – Áreas com fortificações de interesse nacional; Ministério da Planejamento e Orçamento – Órgão responsável pelos terrenos do Patrimônio da

União; Ministério do Meio Ambiente, através do IBAMA – proteção e conservação do meio ambiente;

Ministério da Cultura, através do IPHAN – proteção e conservação do patrimônio histórico e

cultural de interesse nacional; Ministério da Educação, através da UFPE – processos de contenção de áreas erodidas;

Fundação do Economiários Federais – FUNCEF – CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

– com atribuições específicas sobre a área, em função do instrumento de Permissão de Uso, a título oneroso.

As instituições estaduais que se encontram vinculadas à área são: ÓRGÃOS/ENTIDADES ATRIBUIÇÕES

Empresa SUAPE – Proprietário da área e responsável direto pela regulação do Complexo Industrial Portuário;

Secretaria de Planejamento, através da Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas CONDEPE/FIDEM

– ações de planejamento e articulação institucional;

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Esportes, através da EMPETUR

– ações para o desenvolvimento cultural e turístico da área;

Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, através da CPRH

– controle ambiental;

Secretaria de Cultura, através da FUNDARPE – responsável pelo Tombamento da área e as atribuições decorrentes.

No nível municipal, são as seguintes entidades envolvidas: ÓRGÃOS/ENTIDADES ATRIBUIÇÕES

Prefeitura Municipal do Cabo de Santo Agostinho

– controle do uso e ocupação do solo; – planejamento municipal; – controle social, através do Conselho Municipal de Desenvolvimento Sustentável;

Page 254: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

– Câmara Técnica do Conselho de Desenvolvimento Sustentável.

Agentes locais de turismo – Associação de turismo do cabo de Santo AgostinhoMoradores e associações existentes na área – Associações comunitárias da Vila de Nazaré e dos

moradores de Calhetas e Paraíso. Câmara Municipal de Vereadores do Cabo de Santo Agostinho.

– Instância de Deliberação Legal.

Não obstante, existirem órgãos e entidades envolvidas com o Parque Metropolitano Armando Holanda Cavalcanti, devem ser consideradas ainda, outras instâncias que atuam no controle e gestão pública. São exemplos:

⎯ O Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife – CONDERM a quem compete estabelecer prioridade de ação compartilhada no Plano de Ação Metropolitana, que vincula ações do PPA Estadual e Municipal;

⎯ O Conselho Estadual de Meio Ambiente – CONSEMA, que estabelece regras e procedimentos para intervenções em áreas de importância ambiental na RMR e no Estado de Pernambuco;

⎯ O Conselho Municipal de Desenvolvimento Sustentável do Cabo de santo Agostinho, a quem cabe o controle social da população local, como já citado acima.

A proposta apresentada pelo Plano Estratégico do Parque Metropolitano, em tela, define um modelo de gestão que passa por duas instâncias:

⎯ A primeira representada por uma gestão coletiva capaz de definir prioridades de ações necessárias à sustentabilidade da área, constituindo-se de um Conselho Gestor, como órgão consultivo e deliberativo;

⎯ A segunda representada por uma Gerência Administrativa, capaz de atuar diretamente no Parque e estabelecer relações com as diversas entidades atuantes, através do Conselho Gestor do parque. Essa administração estaria sob a vinculação da Empresa SUAPE, proprietária da área. Entretanto a relação de recursos necessários passaria por alternativas da relação público-privada, prioritariamente com a Empresa FUNCEF, que já detém obrigações contratuais para tanto.

O que se pretende com esse exemplo é apresentar uma experiência em curso, de uma área selecionada para atender a demanda do litoral sul da RMR, inserida em uma das categorias vigentes de unidades de conservação da natureza, entretanto gerida de forma compartilhada, no nível metropolitano, abrigando as alternativas de gestão público-privada.

Até 2004 a perspectiva de estabelecer o Conselho Gestor do Parque Metropolitano estava se consolidando, ao mesmo tempo em que estavam sendo traçadas as prioridades, tudo dentro de um estudo maior de viabilidade econômica.

Como consideração conclusiva aponta-se a necessidade de instalação do Gerente Administrativo Local com suporte do Conselho Gestor do Parque, de acordo com a proposta existente.

Page 255: PARQUES METROPOLITANOS - UFPE · Metropolitana do Recife - RMR. O propósito de dotar a RMR de espaços livres e protegidos para o lazer de massa é recorrente no planejamento metropolitano,

Parques Metropolitanos – Gestão e Proteção de Áreas Especiais na RMR

Destaca-se a necessária utilização de processos licitatórios e transparência de ações para a abertura da relação público-privada, permitindo a entrada de novos atores/parceiros, capazes de implantar as atividades geradoras de uma dinâmica econômica sustentável para a área.