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PARECER PRÉVIO Nº 681/11 Opina pela rejeição, porque irregulares, das contas da Prefeitura Municipal de ITAMARI, relativas ao exercício financeiro de 2010. O TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DA BAHIA, no uso de suas atribuições legais, com fundamento no artigo 75, da Constituição Federal, art. 91, inciso I, da Constituição Estadual e art. 1º, inciso I da Lei Complementar nº 06/91, e levando em consideração, ainda, as colocações seguintes: DA PRESTAÇÃO DE CONTAS Este processo refere-se à prestação de contas da Prefeitura Municipal de Itamari, exercício financeiro de 2010, de responsabilidade do Sr. Waldson Carlos Alves Menezes, cuja entrada neste Tribunal se deu dentro do prazo legal, em cumprimento ao art. 8º da Resolução TCM nº 1.060/05, com informação de que a documentação foi enviada à Câmara para fins de disponibilidade pública, nos termos do art. 95, § 2º, da Constituição Estadual. Foi apresentado na defesa o Edital nº 01, de 31 de março de 2011, demonstrando que as contas foram colocadas em disponibilidade pública, atendendo, portanto, o que determinam os parágrafos 3º, do art. 31, da CRFB, e 1º, do art. 63 da Constituição Estadual e os arts. 53 e 54, da Lei Complementar n.º 06/91 (fl. 910). O processo foi instruído com o Relatório Anual de fls. 751/857, expedido com base nos Relatórios Mensais Complementados, elaborados pela Inspetoria Regional e submetido à análise das Unidades da Coordenadoria de Controle Externo, que emitiu o Pronunciamento Técnico de fls. 860/879. Distribuído por sorteio para esta Relatoria, determinou-se a conversão do processo em diligência externa, com notificação ao Gestor através do Edital nº 236/11, publicado no Diário Oficial do Estado, de 14/10/11, tendo ele se manifestado tempestivamente, nos termos do processo nº 14.215/11, anexado às fls. 885/903. Do Exercício Anterior 1

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PARECER PRÉVIO Nº 681/11

Opina pela rejeição, porque irregulares, das contas da Prefeitura Municipal de ITAMARI, relativas ao exercício financeiro de 2010.

O TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DA BAHIA, no uso de suas atribuições legais, com fundamento no artigo 75, da Constituição Federal, art. 91, inciso I, da Constituição Estadual e art. 1º, inciso I da Lei Complementar nº 06/91, e levando em consideração, ainda, as colocações seguintes:

DA PRESTAÇÃO DE CONTAS

Este processo refere-se à prestação de contas da Prefeitura Municipal de Itamari, exercício financeiro de 2010, de responsabilidade do Sr. Waldson Carlos Alves Menezes, cuja entrada neste Tribunal se deu dentro do prazo legal, em cumprimento ao art. 8º da Resolução TCM nº 1.060/05, com informação de que a documentação foi enviada à Câmara para fins de disponibilidade pública, nos termos do art. 95, § 2º, da Constituição Estadual.

Foi apresentado na defesa o Edital nº 01, de 31 de março de 2011, demonstrando que as contas foram colocadas em disponibilidade pública, atendendo, portanto, o que determinam os parágrafos 3º, do art. 31, da CRFB, e 1º, do art. 63 da Constituição Estadual e os arts. 53 e 54, da Lei Complementar n.º 06/91 (fl. 910).

O processo foi instruído com o Relatório Anual de fls. 751/857, expedido com base nos Relatórios Mensais Complementados, elaborados pela Inspetoria Regional e submetido à análise das Unidades da Coordenadoria de Controle Externo, que emitiu o Pronunciamento Técnico de fls. 860/879.

Distribuído por sorteio para esta Relatoria, determinou-se a conversão do processo em diligência externa, com notificação ao Gestor através do Edital nº 236/11, publicado no Diário Oficial do Estado, de 14/10/11, tendo ele se manifestado tempestivamente, nos termos do processo nº 14.215/11, anexado às fls. 885/903.

Do Exercício Anterior

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A prestação de contas do exercício financeiro de 2009, de responsabilidade deste Gestor, foi aprovada, com ressalvas, mediante Parecer Prévio nº 722-10, com aplicação de multa de R$ 5.000,00, devidamente quitada.

DOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO

O alicerce e ponto de partida para qualquer Gestão é o processo de planejamento. A ação planejada na Administração Pública tem como premissa a execução de planos previamente traçados, orientados pelos anseios e necessidades da população, reduzindo assim os riscos e otimizando os recursos do Município.

A Constituição de 1988, em seu art. 165, caput, reforça as atribuições do planejamento e de execução dos gastos públicos, preconizando através de lei de iniciativa do Poder Executivo, a elaboração do Plano Plurianual - PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO e a Lei Orçamentária Anual – LOA, os quais passarão a ser objeto de efetivo acompanhamento da gestão, servindo de subsídios para tomadas de decisões e de avaliações periódicas.

Plano Plurianual - PPA

O PPA, contemplado na Carta Magna, no art. 165, inciso I, é o planejamento estratégico das ações governamentais. Com duração de quatro anos, nele são estabelecidas de forma regionalizada, levando-se em consideração as particularidades e os potenciais de cada Município, a proposição de programas e ações, para as despesas de capital e outras delas decorrentes, bem como para os programas de duração continuada.

A Lei n.º 138, de 02 de dezembro de 2009, aprovou o Plano Plurianual (PPA) para o período de 2010 a 2013.

Da análise do PPA constata-se que não trouxe indicadores e metas, desdobrando os objetivos em termos quantitativos, que permitam o monitoramento e avaliação dos programas de duração continuada e dos resultados alcançados por meio das políticas e programas a eles associados.

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Adverte-se a Administração para que estruture os instrumentos de planejamento através de indicadores visando a concretização dos objetivos pretendidos, possibilitando desta maneira a avaliação dos resultados alcançados.

Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO

A Lei nº 128, de 24 de setembro de 2009, aprovou as Diretrizes Orçamentárias do Município para o exercício de 2010.

A Lei de Diretrizes Orçamentária é omissa com relação as normas relativas aos critérios e forma de limitação de empenho, ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos orçamento, e demais condições e exigências para a transferências de recursos a entidade públicas e privadas, em descumprimento ao art. 4º, I, alíneas “b”, “e” e “f” da Lei Federal nº 101/00 – LRF.

Adverte-se o Gestor para que observe tais dispositivos na elaboração da próxima Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Integra o projeto da LDO o anexo de Metas Fiscais, em que são estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultado nominal e primário e montante da dívida pública, além da evolução do patrimônio líquido, em cumprimento ao art. 4º §§ 1º e 2º da LRF, bem como o anexo de Risco Fiscal, que demonstra os Passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem, como determina o § 3º, do art. 4º da Lei nº 101/00.

Lei Orçamentária Anual - LOA

A Lei Orçamentária nº 140, de 29 de dezembro de 2009, aprovou o orçamento do Município, e estimou a receita e fixou a despesa para o exercício financeiro de R$ 13.500.000,00, compreendendo o Orçamento Fiscal e da Seguridade Social nos valores de R$ 10.386.530,00 e R$ 3.113.470,00, respectivamente.

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Consta nos autos a comprovação de publicação do PPA, LDO e LOA no Diário Oficial dos Municípios, em cumprimento ao art. 48 da Lei Federal nº 101/00 – LRF.

Em seu artigo 7º, a Lei de Meios autorizou a abertura de créditos suplementares nos limites e com as fontes de recursos abaixo indicadas:

a) Decorrentes de superávit financeiro, até o limite de 100% (cem por cento) do mesmo, de acordo com o estabelecido no art. 43, § 1º, inciso I e § 2º, da Lei nº 4.320/64;

b) Decorrentes do excesso de arrecadação até o limite de 100% (cem por cento) do mesmo e a tendência do exercício, conforme estabelecido no artigo 43, § 1º, inciso II e § § 3º e 4º da Lei nº 4.320/64;

c) Decorrentes de anulação parcial ou total de dotações até o limite de 100% (cem por cento) das mesmas, conforme o estabelecido no art. 43, § 1º, inciso III da Lei nº 4.320/64.

Programação Financeira

Foi apresentada a Programação Financeira e o cronograma mensal de desembolso, sendo este o instrumento instituído pelo art. 8º da LRF que possibilita ao Gestor traçar um programa de utilização dos créditos orçamentários aprovados no exercício, bem como efetivar uma análise comparativa entre o previsto na LOA e a sua realização mensal, compatibilizando a execução das despesas, com as receitas arrecadadas no período (fls. 60/83).

DAS ALTERAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS

Créditos Adicionais Suplementares

Após análise das justificativas do Gestor constata-se que foram abertos via decretos do Poder Executivo e contabilizados créditos adicionais suplementares de R$ 9.214.307,74, sendo R$ 9.017.687,71 utilizando como fonte de recursos anulação de dotação, R$

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104.000,00 por superávit financeiro e R$ 92.620,03 por excesso de arrecadação, devidamente respaldados pela legislação em vigor.

Na defesa o Gestor argumentou que por equívoco foi editado o Decreto nº 91 promovendo alterações orçamentárias de R$ 345.200,00, quando o correto foi de R$ 330.200,00, devidamente contabilizado. Para tanto, foram apresentados o novo Decreto nº 91 e o Demonstrativo do SIGA suplementando o valor de R$ 330.200,00 (fls. 920/931).

Sobre a suplementação de R$ 104.000,00 utilizando como fonte de recursos superávit financeiro, verifica-se que no exercício anterior houve superávit financeiro de R$ 104.870,95, portanto a utilização dessa rubrica observou o art. 43, § 2º, da Lei nº 4.320/64 e art. 167, inciso V da Constituição Federal, conforme quadro abaixo:

Ativo Financeiro Passivo Financeiro Superávit Financeiro

1.090.750,27 985.879,32 104.870,95Fonte: Anexo XIV – 2009

Quanto à suplementação de R$ 92.620,03 utilizando como fonte de recursos excesso de arrecadação, constata-se que no exercício houve excesso de arrecadação de R$ 94.891,33, em conformidade com o art. 43, § 3º, da Lei nº 4.320/64.

Previsão de Receita

Execução de Receita

Excesso de Arrecadação

13.500.000,00 13.594.891,33 94.891,33

DO ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA

A 6ª Inspetoria Regional de Controle Externo - IRCE exerceu a fiscalização contábil, financeira, orçamentária e patrimonial do Município, notificando mensalmente o Gestor sobre as falhas e irregularidades detectadas no exame da documentação mensal. As ocorrências não sanadas ou não satisfatoriamente esclarecidas estão consolidadas no incluso Relatório Anual de fls. 752/857, destacando-se:

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• não encaminhamento à 6ª IRCE dos processos de licitatórios, nº 001/2009 – execução de obras de infraestrutura urbana e rural (R$ 600.000,00), nº 005/2008 - execução de obras de infraestrutura urbana e rural, revestimento de canalização e pavimentação (R$ 1.436.903,45), nº 016/2009 – materiais diversos e gêneros alimentícios (R$ 79.974,85), nº 021/2009 – material elétrico (R$ 68.422,00), nº 004/2008 – serviços de infraestrutura urbana e rural, revestimento de canalização e pavimentação (R$ 800.000,00), nº 006/2010 – material de expediente (R$ 27.616,08), nº 006-C/2010 – medicamentos (R$ 19.828,90), nº 027-Inex-2010 – locação de estrutura para festejos juninos (R$ 205.884,83), nº 016-A/2010 – combustíveis (R$ 77.510,00), nº 009/2010 – locação de estruturas para festejos juninos (R$ 72.500,00), nº 013-A/2010 – materiais e equipamentos para capacitação de artesãos (R$ 22.608,80), nº 018/2010 – material de expediente (R$ 79.696,61), nº 031-Inex-2010 – contratação de médicos (R$ 183.040,59), nº 020/2010 – material de limpeza (R$ 79.939,06), nº 021/2010 – medicamentos clinico geral (R$ 38.426,20), nº 033A-Inex-2010 (R$ 40.926,00), nº 022/2010 – aquisição de frango (R$ 18.000,00), nº 023/2010 – material de limpeza (R$ 48.732,32), nº 024/2010 – peças para veículos (R$ 11.115,50), nº 025/2010 – material gráfico (R$ 16.160,22), totalizando R$ 3.927.285,41. Os valores indicados são os constantes do SIGA;

• ausência de licitação em casos legalmente exigíveis, na aquisição de medicamentos (R$ 48.373,28), gêneros alimentícios (R$ 49.891,05), materiais de construção (R$ 25.313,37), material de limpeza (R$ 20.168,23), material gráfico (R$ 26.458,80), outros (R$ 64.199,46) - Jezio V. Almeida R$ 11.768,00, Comercial São Paulo Ltda. R$ 39.061,46, Company VP Com. Representações R$ 13.370,00), no montante de R$ 234.404,19;

• ausência de comprovação de despesas referente aos processos de pagamento nºs 837 (R$ 47.901,29) e 930 (R$ 50.853,81), ambas pagas ao credor CVIX Construtora Ltda. Na defesa o Gestor apresentou a documentação (“doc. 25, 26 e 27”), referente aos processos de pagamento nºs 837 e 930, descaracterizando essa irregularidade.

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• atraso na remuneração dos profissionais do magistério em abril, maio, junho, setembro;

• Emissão de oito cheques sem fundo de R$ 15.923,05, gerando taxas de devolução no valor de R$ 166,80, quantia esta que será imputada ao Gestor, ao final deste pronunciamento, pois configura irregularidade de natureza grave, por ser prática danosa que não só expõe o ente público perante a comunidade e os fornecedores prejudicados, como lhe impõe prejuízos decorrentes do pagamento de taxas e multas, constituindo inclusive delito tipificado na legislação penal;

• contratação de pessoal sem concurso público, ferindo o art. 37, inciso II da Constituição Federal, em outubro e dezembro;

• despesas com publicidade sem a comprovação da sua efetiva publicação e conteúdo, conforme determinado no Parecer Normativo nº 11/2005, em dezembro, segundo processos de pagamentos nºs 2824 – credor, Rádio FM Vitória de Gandu (R$ 1.486,50) e 2748 – credor, IMAP (R$ 5.600,000) totalizando R$ 7.086,50;

• Despesa de R$ 605.777,60 com locação de veículos, durante todo o exercício, considerada excessiva pela CCE, correspondente a 4,45% da receita orçamentária e 4,42% da despesa realizada no exercício;

• Classificação irregular de despesa; notas de empenho sem autorização do ordenador de despesa, ausência de boletim e/ou medição em processos de pagamento de obras/serviços de engenharia; pagamentos divergentes de cláusulas estipuladas em contrato, dentre outras falhas formais;

• Indício de acumulação remunerada de cargos públicos pelo Sr. Orlando Guedes Andrade, que segundo o Relatório Anual estaria percebendo cumulativamente as remunerações relativas aos cargos de Diretor de Unidade Hospitalar, Médico Cirurgião e Médico Clínico. Considerando que não existem nos autos

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elementos suficientes para julgamento de mérito deste fato, determina-se à CCE proceder as apurações devidas e, se constatadas irregularidades, lavrar Termo de Ocorrência.

Vale registrar, que segundo informação verbal da titular da 6ª IRCE, embora solicitado, o Gestor não apresentou os originais dos processos licitatórios realizados no exercício sob exame que, segundo ela, deveriam ter tramitado na extinta Inspetoria de Ipiaú, à qual era o Município jurisdicionado até o final do exercício de 2010.

Com relação aos questionamentos sobre licitação, o Gestor apresentou cópias de 20 (vinte) processos administrativos. Posteriormente, em complementação à defesa apresentada, o Gestor trouxe 23 processos administrativos, sendo: 18 Convites, três Inexigibilidade e duas Tomadas de Preços. Do acervo total encaminhado, entretanto, 20 procedimentos se encontram sem a chancela da 6ª IRCE, conforme abaixo relacionados, e por isso foram desconsiderados por esta Relatoria em face do flagrante descumprimento do art. 4º, §1º, “e”, da Resolução TCM nº 1065/05:

• Tomada de Preços nº 005/2008 - execução de obras de infraestrutura urbana e rural, revestimento de canalização e pavimentação (R$ 1.436.903,45);

• Tomada de Preços nº 004/2008 – serviços de infraestrutura urbana e rural, revestimento de canalização e pavimentação (R$ 800.000,00);

• Inexigibilidade nº 027/2010 – locação de estrutura para festejos juninos (R$ 205.884,83);

• Inexigibilidade nº 031/2010 – contratação de médicos (R$ 183.040,59);

• Inexigibilidade nº 033-A/2010 - contratação de médicos (R$ 40.926,00);

• Convite nº 006/2010 – material de expediente (R$ 27.616,08); • Convite nº 006-A/2010 – aquisição de cadeiras escolares;• Convite nº 006-B/2010 – prestação de serviços de dedetização

escolas;• Convite nº 006-C/2010 – medicamentos (R$ 19.828,90);

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• Convite nº 016/2009 – materiais diversos e gêneros alimentícios (R$ 79.974,85);

• Convite nº 016-A/2010 – combustíveis (R$ 77.510,00);• Convite nº 019/2010 – aquisição de combustíveis (R$ 77.510,00);• Convite nº 020/2009 – aquisição de materiais de expediente (R$

75.965,20)• Convite nº 020/2010 – material de limpeza (R$ 79.939,06);• Convite nº 021/2009 – aquisição de materiais elétricos (R$

66.352,35);• Convite nº 021/2010 – medicamentos clinico geral (R$

38.426,20);• Convite nº 022/2010 – aquisição de frango (R$ 18.000,00), • Convite nº 023/2010 – material de limpeza (R$ 48.732,32); • Convite nº 024/2010 – peças para veículos (R$ 11.115,50); e• Convite nº 025/2010 – material gráfico (R$ 16.160,22),

totalizando R$ 3.927.285,41. Os valores indicados foram informados pelo SIGA;

Em alguns destes processos licitatórios apresentados há diversas infrações à Lei de Licitações, tais como:

A Tomada de Preços nº 005/2008 – No Contrato nº 140/08, assinado em 27/06/2008 com a empresa Gasol Engenharia Ltda, representada pelo Sr. Henrique de Almeida Santana, foram feitos seis aditivos, no entanto só foram apresentados três (2º, 3º e 6º), sendo que, inusitadamente o 2º foi celebrado em 30/06/2008 (prazo e preço), três dias após assinatura do contrato e o 3º em 27/10/2008 (prazo), quatro meses após a assinatura do contrato. Foram apresentados quatro processos de pagamento, sendo que um deles não tem correlação com essa Tomada de Preços, todos chancelados pela IRCE.

A Tomada de Preços nº 004/2008 – O Contrato nº 133/2008, assinado em 18/06/2008, com a empresa Gasol Engenharia Ltda, representada pelo Sr. Henrique de Almeida Santana, foi aditado seis vezes, contudo, somente foram apresentados três (2º, 5º e 6º), sendo que o segundo, inusitadamente, ocorreu 12 dias após a assinatura do contrato, em 30/06/2008 (preço e prazo). Foi apresentado apenas um processo de pagamento nº 551, no valor de R$ 58.525,12.

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As Inexigibilidades nº 027A2010, nº 031/2010 e nº 033A/2010 não comprovam atendimento aos requisitos estabelecidos na Lei nª 8.666/93 para esta modalidade licitatória.

Convite nº 006/10 – O contrato nº 131-A/2010 foi assinado em 03/05/2010, no valor de R$ 27.616,08, com prazo de validade de dois meses. Em 15/06/2010 foi celebrado o “1º Aditivo ao Contrato nº 131-A/2010” elevando o preço inicial para R$ 34.520,10. Os processos de pagamento apresentados, autenticados pela IRCE, foram empenhados em 03/05/2010, totalizando R$ 30.931,96.

Convite nº 006-A/2010 – o enquadramento registrado nos processos de pagamento é de “dispensa de licitação”.

Convite nº 006-B/2010 – não foram apresentados os processos de pagamento.Convite nº 006-C/2010 - o contrato nº 134-A/2010 foi assinado em 03/05/2010, no valor de R$ 19.828,90, com prazo de validade de um mês. Vinte dias após a assinatura do contrato, em 21/05/2010, foi feito o “1º Termo Aditivo ao Contrato nº 134-A/2010 (preço), alterando o valor inicial para R$ 24.786,13. Os processos de pagamento apresentados, foram enquadrados como “dispensa de licitação”.

Convite nº 016/09 – a validade do contrato foi de dois meses a partir da sua assinatura, efetivada em 18/11/2009, sem previsão de prorrogação. Foram celebrados seis aditivos todos de preço. Observa-se portanto, que a vigência deste procedimentos não alcança as despesas apontadas no Relatório Anual/Cientificação.

Sobre a Concorrência Pública nº 001/09 informou o Gestor que, embora este procedimento esteja cadastrado no SIGA, não teria havido pagamento no exercício sob exame, pois o contrato teria sido objeto de distrato, anexando à defesa Instrumento Particular de Rescisão Contratual por Distrato datado de 25/02/2011, do Contrato nº 355/2009 celebrado entre a Prefeitura Municipal de Itamari e a empresa CVIX Construtora S/A, representada pelo Sr. Henrique de Almeida Santana.

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No exercício de 2010 houve pagamento para essa empresa no montante de R$ 471.343,33, conforme registrado no SIGA.

Os registros tidos como irregulares pela 6ª IRCE em face do suposto não encaminhamento àquela Inspetoria, no montante de R$ 174.914,21 relativos aos Convites nºs 009/2010 (R$ 72.500,00), 013-A/2010 (22.608,80) e 018/2010 (79.805,41), foram descaracterizados pela defesa em função da apresentação dos respectivos procedimentos, todos autenticados pela Inspetoria Regional.

Em síntese, após análise documental e considerações acima expostas, esta Relatoria conclui pelo descumprimento da Lei Federal nº 8.666/93 em decorrência de ausência de licitações em casos legalmente exigíveis, a maioria consideradas não realizadas por não terem sido encaminhadas à Inspetoria Regional/Tribunal, conforme determina a Resolução TCM nº 1060/05, prejudicando o exercício da ação fiscalizadora desta Corte, realizada através das Inspetorias Regionais, sob a supervisão das 1ª e 2ª CCE's no exame da documentação de receita e despesa apresentada mensalmente pelos respectivos gestores, com repercussão nas contas anuais, além de outras infrações cometidas, conforme relatado acima, cujos recursos envolvidos nos certames relacionados no Relatório Anual/Cientificação com irregularidades, totalizam R$ 3.752.480,00.

Quanto às demais ocorrências não apresentou o Gestor qualquer justificativa.

DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS - LEI nº 4.320/64

Com relação ao cumprimento do art. 1°, parágrafo único, daResolução CFC n° 871/00, foi apresentado na defesa o selo da Declaração de Habilitação Profissional, anexado à fl. 950.

Análise dos Balancetes Mensais

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cont. do P.P. Nº 681/11

Inicialmente cabe registrar que os saldos de diversas rubricas do balanço patrimonial do exercício anterior apresentaram inconsistências ao serem transportados para o Demonstrativo de Contas do Razão – DCR referente ao mês de janeiro/10.

Da mesma forma, foram transportados com divergência saldos de contas patrimoniais do DCR de dezembro/10 para o balanço patrimonial do exercício.

Estas divergências impactam a variação patrimonial do Município, e comprometem a confiabilidade dos dados, desrespeitando os princípios contábeis da continuidade, oportunidade e competência, estabelecidos nos artigos 5º, 6º e 9º da Resolução CFC nº 750/93, devendo a administração ao elaborar as próximas peças contábeis ter um maior zelo no que diz respeito à escrituração contábil, a fim de garantir maior grau de segurança na situação patrimonial ao final do exercício.

Adverte-se a Administração para que mantenha sempre atualizados os demonstrativos mensais, em obediência ao princípio contábil da oportunidade, possibilitando assim, um monitoramento pela IRCE da real situação patrimonial da entidade.

Confronto com as Contas da Câmara e Descentralizadas

O demonstrativo de despesa do mês de dezembro/10 da Prefeitura não registra corretamente as movimentações orçamentárias da Unidade Gestora Câmara Municipal, a exemplo dos créditos adicionais, bem como seus bens patrimoniais, em descumprimento ao art. 2º, da Resolução TCM nº 1.060/05.

Adverte-se o Prefeito Municipal e o Presidente do Legislativo, para que realizem a consolidação das Contas Públicas corretamente para que reflitam a real situação patrimonial do Município, em obediência ao art. 110 da Lei Federal nº 4.320/64. Frise-se que o art. 50, III, determina que “as demonstrações contábeis compreenderão, isolada e conjuntamente, as transações e operações de cada órgão, fundo ou

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cont. do P.P. Nº 681/11

entidade da administração direta, autárquica e fundacional, inclusive a empresa estatal dependente”.

Balanço Orçamentário

No quadro abaixo está demonstrado o resultado orçamentário oriundo do confronto das receitas e despesas previstas com a realizada, conforme previsto no art. 102 da Lei nº 4.320/64.

RECEITA DESPESAPrevista 13.500.000,00 Fixada 13.696.620,03Realizada 13.594.891,33 Realizada 13.696.620,03

Receita Orçamentária

A arrecadação foi de R$ 13.594.891,33, superior em 0,71% à sua previsão de R$ 13.500.000,00. As receitas correntes, destinadas a cobrir as atividades governamentais, alcançaram R$ 14.538.137,80, enquanto as receitas de capital, decorrentes de transferências de convênios foram de R$ 236.340,29.

Despesa Realizada

As despesas foram acrescidas em R$ 196.620,03 através de créditos adicionais suplementares, tendo sido executadas ao final do exercício R$ 13.696.620,03.A Despesa Realizada em 2009 e 2010 comportou-se conforme tabela abaixo:

Despesas 2009 2010 VariaçãoDespesas Correntes 10.387.985,4312.654.498,97 21,82%Pessoal e Encargos 6.522.274,16 7.798.166,53 19,57%Juros e Encargos da

dívida 1.922,59 0,64 -99,96%

Outras despesas cor-rentes 3.863.788,68 4.856.331,80 25,69%

Despesas de Capital 1.892.846,08 1.042.121,06 44,94%Total 12.280.831,5113.696.620,03

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cont. do P.P. Nº 681/11

Para as despesas com manutenção e o funcionamento dos serviços públicos, classificadas como Despesas Correntes, as despesas com pessoal e encargos contabilizadas, tiveram um incremento de 19,57% em relação ao exercício de 2009, representando em 2010 56,94% do total das despesas realizadas no exercício.

Os investimentos do Município com intenção de adquirir ou constituir bens de capital que contribuirão para a produção ou geração de novos bens ou serviços e integrarão o patrimônio público em benefício da população, foram de 7,07% (R$ 968.328,56) do total de R$ 13.696.620,03 das despesas em 2010.

Resultado da Execução Orçamentária

Em relação ao exercício de 2009, verifica-se que as receitas cresceram 10,30% e as despesas 11,53%. Houve um deterioramento do resultado orçamentário do Município, passando de um panorama superavitário de R$ 44.668,68 para um déficit de R$ 101.728,70.

Descrição 2009 2010 VariaçãoReceita 12.325.490,19 13.594.891,33 10,30%

Despesa 12.280.831,51 13.696.620,03 11,53%Resultado 44.668,68 -101.728,70

Além da precária condução orçamentária do Município neste exercício verificada com o déficit de R$ 101.728,70, constata-se uma grande dependência com relação às transferências de recursos de outros entes da Federação para execução de suas despesas. As Transferências Correntes financiaram 94,59% de todo o plano orçamentário, enquanto as Receitas Tributárias corresponderam apenas 2,68%.

Balanço Financeiro

Esta peça contábil tem o objetivo de evidenciar o fluxo financeiro da entidade, ilustrando a receita e despesa compreendidas na execução orçamentária, bem como os recebimentos e pagamentos de natureza extraorçamentária, conjugados com os saldos em espécie

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cont. do P.P. Nº 681/11

provenientes do exercício anterior, e os que são transferidos para o exercício seguinte.

O resultado do Balanço Financeiro foi o seguinte:

RECEITA (R$) DESPESA (R$)Orçamentária 13.594.891,33Orçamentária 13.696.620,03Extra orçamentária 1.069.100,11Extra orçamentária 966.952,27Saldo exerc. Anterior 1.090.750,27Saldo exerc.

Seguinte 1.091.169,41

Total 15.754.741,71 Total 15.754.741,71

Do total de ingressos de R$ 15.754.741,71, são orçamentários R$ 13.594.891,33, além de R$ 1.069.100,11 de origem extraorçamentária e R$ 1.090.750,27 oriundos do exercício anterior.

À luz do princípio da prudência, alertamos para a escrituração do saldo para o exercício seguinte de R$ 1.091.169,41, pois foram incluídas as contas do Ativo Realizável no total de R$ 190.333,76, que conforme o Balanço Patrimonial não são disponibilidades financeiras imediata, e sim futura.

De acordo com o art. 103 da Lei Federal n°4.320/64, a escrituração no balanço financeiro nesse contexto são para os saldos em espécie que são transferidos para o exercício seguinte, devendo a administração municipal adotar providências, objetivando a correção de tal fato, cujo reflexo deverá ficar evidenciado no balanço financeiro do exercício subsequente.

A título ilustrativo, as Normas e Procedimentos de Contabilidade, especificamente a NPC – 1, em seu item 12, alínea “a”, define as disponibilidades como:

As disponibilidades compreendem apenas o numerário em mãos, em trânsito e os depósitos em conta corrente que possam ser livremente utilizados. Os numerários cuja utilização regular seja obstada por restrições de qualquer natureza devem ser excluídos deste item.

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cont. do P.P. Nº 681/11

Balanço Patrimonial

Apresenta o estado patrimonial ao final do exercício, através de seus investimentos e de sua origem, representando os bens, direitos e obrigações. Conjugado com a Demonstração das Variações Patrimoniais as alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou independentes da execução orçamentária, indicando o resultado do exercício.

A situação patrimonial ao final do exercício está demonstrada abaixo:

ATIVO PASSIVO

FinanceiroDisponível 900.835,65 Financeiro 130.288,04Realizável 256.907,58

Permanente 2.852.494,46Permanente 13.303.929,87

Passivo Real Desc. 9.423.980,22Total Ativo 13.434.217,91 Total Passivo 13.424.217,91

O Balanço Patrimonial do exercício de 2009 apresentou um Passivo Real Descoberto de R$ 4.627.196,72, que adicionado do déficit de R$ 4.796.783,50, constante das Variações Patrimoniais de 2010, resultou em um Passivo Real Descoberto atual de R$ 9.423.980,22, devendo a Administração buscar alavancar recursos e um melhor planejamento para quitação das obrigações pactuadas, obstando que o déficit existente comprometa o equilíbrio financeiro do Município.

Disponibilidade de recursos

Conforme Balanço Patrimonial, as disponibilidades financeiras do Município ao final do exercício alcançaram o montante de R$ 900.835,65, valor este 17,41% inferior ao apresentado no exercício anterior.

Ativo Realizável

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cont. do P.P. Nº 681/11

Este grupo do ativo evidenciou diversas contas totalizando R$ 256.907,58, que representam valores relevantes pendentes para ingressar no Tesouro Municipal, oriundos de consignações/antecipações e créditos com o INSS a regularizar, devendo a Administração evitar que estas pendências perdurem nas contas subsequentes.

Ativo Permanente

Adverte-se a Administração para que observe a Resolução CFC nº 1.136/08 e as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público – NBC T 16.9, apropriando a depreciação dos bens tangíveis pelo desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência. Inicia-se a Depreciação com a colocação do uso do bem, e deve ser obrigatoriamente reconhecida pela Entidade, adotando o método que seja compatível com a vida útil econômica do ativo.

Passivo Quanto ao grupo do Passivo, integrante também do Balanço Patrimonial, estão registradas as dívidas de curto e longo prazos do Município a seguir representadas:

PASSIVO VALORPassivo Financeiro 130.288,04Passivo Permanente 13.303.929,87Total Passivo Real 13.434.217,91

Dívida Fundada

A análise da Dívida Fundada do Município demonstra que R$ 13.303.929,87 correspondem às dívidas com o INSS (R$ 11.881.225,24), FGTS (R$ 9.906,55), e Precatório (R$ 1.412.798,08), devidamente comprovadas através das certidões emitidas pelos órgãos competentes.

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cont. do P.P. Nº 681/11

Dívida Ativa

No exercício a cobrança da Dívida Ativa Tributária foi de R$ 71.997,73, que representa 47,69% do saldo do exercício de 2009, que foi de R$ 150.968,84, não sendo inscritos valores neste exercício.

Sobre a Dívida Ativa não Tributária não foram inscritos nem cobrados nenhum valor neste exercício, permanecendo o saldo de R$ 870.799,96.

Na defesa o Gestor argumentou que estaria revisando a procedência de todos os créditos inscritos em Dívida Ativa não Tributária anteriores ao exercício de 2009, mas não apresentou nenhum documento comprobatório das medidas adotadas para sua regularização.

A falta de ação deixa patente a reincidente omissão do Gestor na cobrança da Dívida Ativa não Tributária, demonstrando descaso na recuperação dos débitos inscritos, podendo caracterizar renúncia de receita, conforme previsto na Lei Complementar nº 101/00. Compete ao Gestor promover medidas para o ingresso dessa receita à conta da Prefeitura Municipal, como forma de elevar a arrecadação direta, bem como instaurar competente processo administrativo para as respectivas baixas dos valores cuja cobrança se demonstrem inexequíveis, sob pena de responsabilidade. É salutar mencionar que por “renúncia de receita” deve se entender a desistência do direito sobre determinado tributo, por abandono ou desistência expressa do ente federativo competente por sua instituição. A não cobrança da Dívida Ativa só é permitida quando o montante do débito for inferior aos respectivos custos de cobranças, conforme § 3º, art. 14 da LRF, entretanto, para se estabelecer quais os débitos que são inexequíveis se faz necessário manifestação da Procuradoria Jurídica do Município e da Secretaria de Administração e Finanças, estabelecendo os parâmetros e critérios para os débitos de pequeno valor, observando todos os ditames estabelecidos no Código Tributário Nacional, em seus arts. 175 a 182.

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cont. do P.P. Nº 681/11

Alerta-se também que o Manual da dívida ativa, instituído pela Portaria n° 564 da Secretaria do Tesouro Nacional, indica que os créditos inscritos em dívida ativa são objeto de atualização monetária, juros e multas, previstos em contratos ou em normativos legais, que são incorporados ao valor original inscrito. A atualização monetária deve ser lançada no mínimo mensalmente, de acordo com índice ou forma de cálculo pactuada ou legalmente incidente. Contudo não foi identificado qualquer lançamento contábil na Demonstração das Variações Patrimoniais que demonstre que esse procedimento esta sendo adotado pela Administração Pública Municipal.

Determina-se ao Gestor que faça a correção ou atualização do saldo da Dívida Ativa na Demonstração das Variações Patrimoniais – Variação Ativa – Independente da Execução Orçamentária, conforme disposto na Portaria STN nº 564, de 27/12/2004.

Dívida Consolidada Líquida

O Pronunciamento Técnico indica que a Dívida Consolidada Líquida do Município obedeceu ao limite de 1,2 vezes da Receita Corrente Líquida, em cumprimento ao disposto no art. 3º, inciso II, da Resolução nº 40, de 20.12.2001, do Senado Federal.

Restos a Pagar

A Entidade dispôs de recursos suficientes para quitar seus compromissos assumidos, pois as disponibilidades financeiras no final do exercício foram de R$ 900.835,65, e em contrapartida as dívidas de curto prazo, especificamente as consignações/retenções, despesas de exercícios anteriores e inscrição de Restos a Pagar, totalizaram R$ 129.520,76.

Ressalte-se que no exame da Prestação de Contas anual referentes ao último ano de mandato, para fins da verificação do cumprimento do art. 42 da Lei Complementar nº 101/00 – LRF, a disponibilidade financeira será apurada levando em consideração diversos aspectos, devendo o Gestor a observar a didática adotada pela Coordenadoria de Controle Externo, conforme Pronunciamento - item 4.7, amparada na Instrução Cameral nº 05/11 deste Tribunal.

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cont. do P.P. Nº 681/11

Deve o Gestor também cumprir o quanto disposto na Resolução TCM 1.060/05, art. 9º, itens 19 e 29, quanto à apresentação das relações analíticas dos elementos que compõem o Passivo Financeiro visando atender a todas as suas exigências, inclusive as que se referem aos Restos a Pagar, indicando ainda, as fontes de recursos, possibilitando, assim, verificar-se a vinculação da disponibilidade com a respectiva despesa.

Despesas de Exercícios Anteriores

No exercício financeiro de 2010 foram pagas Despesas de Exercícios Anteriores – DEA de R$ 536.115,77, demonstrando por esse montante que a Administração não está tendo um planejamento e acompanhamento das suas despesas, visto que a ocorrência deste tipo de despesa deve ser evitada.

Demonstração Das Variações Patrimoniais

A Demonstração das Variações Patrimoniais registra Variações Ativas no total de R$ 15.173.309,06 e Passivas de R$ 19.970.092,56. O Resultado Patrimonial apresentou déficit de R$ 4.796.783,50.

Encontram-se contabilizadas na Demonstração das Variações Patrimoniais superveniências ativas no total de R$ 999.276,41, sem que o Gestor tenha apresentado o processo administrativo correlato que teve com objetivo a sua validação, em descumprimento ao item 36, do art. 9º, da Resolução TCM nº 1.060/05.

Inventário

O Inventário Patrimonial (fls. 232/259, 265/340, e complemento apresentado na defesa às fls. 960/964) demonstra a localização dos bens e os números dos respectivos tombamentos, e acompanha da Certidão atestando que todos os bens do Município estão registrados no Livro de Tombo, em cumprimento o quanto estabelecido no art. 9º, item 18, da Resolução TCM nº 1.060/05.

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DAS OBRIGAÇÕES CONSTITUCIONAIS

Educação - artigo 212 da Constituição Federal

O município não cumpriu o disposto pelo art. 212 da Constituição Federal, aplicando em educação R$ 5.496.523,07, correspondentes a 24,29% da receita resultante de impostos, de acordo com o Pronunciamento Técnico e dos exames efetuados pela Inspetoria Regional de Controle Externo, na documentação de despesa apresentada aí incluídos os “Restos a Pagar”, quando o mínimo exigido é de 25%.

Na defesa o Gestor contestou o valor efetivamente aplicado, apresentando 15 cópias de processos de pagamento, no total de R$ 199.835,00, referentes à contratação da empresa GEOMAN – Construtora e Pavimentadora Ltda, para reforma de escolas, que não teriam sido incluídos pela Inspetoria Regional de Controle Externo - IRCE no cálculo do art. 212 (p.p. 71, 78, 92, 208, 306, 314, 354, 399, 420, 509, 616, 733, 776, 808, 950 – Pasta tipo “a-z”, Volume 01/05 - doc. 13).

O procedimento licitatório utilizado para contratação desta empresa foi a Carta Convite nº 19/09, de 08/12/09 e pactuado o valor de R$ 135.690,00, através do contrato nº 472/09, de 22/12/09, tendo sido realizadas despesas nos meses de janeiro, fevereiro, março e abril de 2010. Posteriormente em 01/03/10, foi alterado o valor do contrato para R$ 169.612,50, conforme cópia do 1º Termo Aditivo. Entretanto, embora o valor do contrato alterado pelo 1º Termo Aditivo alcance R$ 169.612,50, foram feitos desembolsos de R$ 199.835,00, restando uma diferença de R$ 30.222,50 sem qualquer amparo contratual. Identifica-se também que as Planilhas de Medições dos serviços executados não acompanham os processos pagos.

Além disso, o total gasto de R$ 199.835,00 excede o valor máximo permitido para realização da modalidade Carta Convite (limite de R$ 150.000,00 para contratação de obras e serviços de engenharia), demonstrando que houve o enquadramento irregular de licitação, quando o correto seria a Tomada de Preços, a qual tem variações na estrutura procedimental de suas fases, podendo participar todos os

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interessados que tiverem obtido seu cadastramento prévio, ao contrário do Convite que é um procedimento mais simplificado dentre as modalidades comuns de licitação, tendo o licitante a discricionariedade na escolha dos destinatários do convite.

Já quando o processo se encontrava em pauta, apresentou o Gestor cópia do Parecer nº PLC-T-336/2003 da Procuradoria Geral do Estado da Bahia, emitido em razão do caso concreto referente ao Processo nº 0200030068555 da Secretaria da Administração, onde foi esboçado o entendimento de que “independentemente do limite de valor da modalidade licitatória realizada, podem os contratos serem alterados, prorrogados ou revistos, desde que com base em fatos comprovados, motivados, justificados, todos posteriores à data da pactuação”.

Essa também é a interpretação desta Relatoria, por entender que eventos baseados na teoria da imprevisão e enquadrados como força maior, caso fortuito, fato da própria Administração ou agravações imprevistas, ocorridas após a contratação, podem provocar desequilíbrio no contrato, gerando obrigatoriamente alteração de preço. Entretanto, essas situações devem necessariamente serem comprovadas, motivadas e justificadas, o que não ocorreu neste caso concreto.

Assim, considerando que os aditivos de preços celebrados posteriormente, elevando o valor originalmente pactuado além do limite máximo permitido para licitação da modalidade de Convite, acabaram por viciar todo o procedimento administrativo, com infringência às normas estabelecidas na Lei nº 8.666/93 para licitação e contratos administrativos, além de não constar nos processos de pagamento as planilhas de medições, conforme estipulado no contrato, portanto, indispensáveis para ratificar a efetiva execução dos serviços, fica comprometida a validação destas despesas para fins do cumprimento do art. 212, da Constituição Federal, permanecendo o percentual aplicado para o art. 212 da Constituição Federal apontado no Pronunciamento Técnico de 24,29%.

Diante disso, alerta-se o Gestor para que adote a modalidade licitatória de acordo com os arts. 23 e 24 c/c o art. 57, inciso II, da Lei nº 8.666/93, de modo a evitar que a eventual prorrogação do contrato

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cont. do P.P. Nº 681/11

administrativo dela decorrente resulte em valor total superior ao permitido para a modalidade utilizada.

FUNDEB – Lei Federal nº 11.494/07

O Município cumpriu o art. 22 da Lei Federal n.º 11.494/07, que instituiu o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais de Educação - FUNDEB, aplicando 62,65% dos recursos, correspondentes a R$ 3.253.055,79, na remuneração de profissionais em efetivo exercício do magistério, quando o mínimo exigido é de 60%. Conforme informação da Secretaria do Tesouro Nacional, a receita do Município proveniente do FUNDEB foi de R$ 5.189.882,94. Consta nos autos o Parecer do Conselho Municipal de Educação (Pasta tipo “a-z” - doc. 14), em cumprimento ao art. 31 da Resolução TCM nº 1.276/08.

Despesas do FUNDEB – art. 13 § único da Resolução TCM nº 1.276/08

Conforme Pronunciamento Técnico foi observado o limite de 5% para aplicação dos recursos do FUNDEB no primeiro trimestre do exercício subsequente àquele em que se deu o crédito, mediante abertura de crédito adicional nos moldes do art. 13, § único da Resolução TCM nº 1.276/08, restando a ser aplicado o percentual de 1,97% pelo Município.

Glosa deste exercício

Foram glosadas pela Inspetoria Regional despesas de R$ 83.049,54, por caracterizarem desvio de finalidade do FUNDEB.

Na defesa o Gestor comprovou através dos extratos bancários a transferência de R$ 76.620,54 da conta corrente do FPM para a do FUNDEB. Sobre o saldo não restituído de R$ 6.429,00, argumentou o Gestor que os processos de pagamento nº 1.640 (glosa parcial de R$ 2.380,00) e 1.950 (glosa parcial de R$ 4.049,00) teriam sido glosados indevidamente pela IRCE, no entanto da análise destes documentos (Pasta tipo “a-z” - doc. 15) não foi identificada nenhuma falha da Regional, pois o primeiro trata-se de aquisição de material gráfico para

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cont. do P.P. Nº 681/11

a Secretaria de Saúde (bloco de atendimento médico; bloco de exames laboratoriais; dentre outros) e o segundo de aquisição de gêneros alimentícios, que não podem ser adquiridos com recursos desta natureza.Em face da restituição de apenas R$ 76.620,54 à conta corrente do FUNDEB, deve o Gestor fazer retornar imediatamente e em uma única parcela o valor remanescente de R$ 6.429,00, com recursos municipais, à conta corrente do Fundo, com remessa da comprovação a esta Corte de Contas, sob pena de responsabilidade e comprometimento de contas futuros.

Débitos pendentes do FUNDEB

O Parecer Prévio nº 347-09 atinentes às Contas da PrefeituraMunicipal, relativa ao exercício de 2009, determinou a restituição à conta corrente do FUNDEB de recursos municipais de R$ 14.019,12, decorrentes de despesas glosadas, por terem sido constatados desvio de finalidade, tendo o Gestor comprovado na diligência anual o comprovante de sua restituição em 28/10/11 (Pasta tipo “a-z” - volume 01 - doc. 17). Assim, este documento deve ser desentranhado dos autos e encaminhados à Coordenadoria de Controle Externo para os devidos registros.

Aplicação Mínima em Ações e Serviços Públicos de Saúde – art. 77 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias

Conforme Pronunciamento Técnico o Município não teria cumprido o art. 77, inciso III, § 1º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, pois as aplicações realizadas em ações e serviços públicos de saúde seriam de R$ 810.162,28, correspondentes a 12,70% do produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, I, alínea b e § 3º, da Constituição Federal, com a exclusão de 1% (um por cento) do FPM, de que trata a Emenda Constitucional nº 55/07, quando o mínimo exigido é de 15%.

Na defesa o Gestor contestou o valor consignado no Pronunciamento Técnico, apresentando 21 cópias de processos de pagamento, devidamente chancelados pela Inspetoria Regional de Controle

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cont. do P.P. Nº 681/11

Externo - IRCE (p.p. 263, 285, 286, 288, 302, 390, 287, 436, 584, 492, 759, 922, 967, 976, 996, 1070, 2035, 2042, 2043, 2050, 2132), no total de R$ 186.185,33 e que não teriam sido registradas pelo SIGA como ações e serviços públicos de saúde. Da análise destes processos identifica-se que eles não foram computados pelo SIGA pois foram utilizadas fontes de recursos orçamentários diversas daquela definida (02 – Receitas/Transferências de Impostos – Saúde 15%), conforme art. 12, da Resolução TCM nº 1.277/08.

Entretanto, como estas despesas foram efetivamente pagas através da conta específica nº 10885-5 (Recursos próprios – Saúde 15%), entende esta Relatoria, excepcionalmente, que devem ser computados estes processos de pagamento para efeito de aplicação nas ações e serviços públicos de saúde, no total de R$ 186.185,33, pois são compatíveis com a legislação vigente, que adicionados ao montante identificado pela Inspetoria Regional de Controle Externo de R$ 810.162,28, totalizam R$ 996.347,61, correspondentes ao percentual de 15,62% das receitas pertinentes, em cumprimento ao art. 77, III, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

Adverte-se o Gestor que a reincidência quanto ao descumprimento do disposto na Resolução TCM nº 1277/08, ainda que motivado pela utilização de fonte de recursos orçamentários incorreta, poderá ensejar o comprometimento de mérito de contas futuras dessa Municipalidade, nos termos do parágrafo único do art. 40, da Lei Complementar nº 6/91.

O Parecer do Conselho Municipal de Saúde foi encaminhado pelo Gestor na diligência anual (Pasta tipo “a-z” - doc. 19), cumprindo ao art. 13, da Resolução TCM nº 1.277/08.

Transferência de Recursos ao Poder Legislativo – art. 29-A da C.F.

Embora o valor fixado no Orçamento para a Câmara Municipal tenha sido de R$ 600.000,00, foram efetivamente repassadas R$ 403.508,73, de acordo com os parâmetros estabelecidos no art. 29-A, da Constituição Federal.

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cont. do P.P. Nº 681/11

SUBSÍDIOS DOS AGENTES POLÍTICOS

A Lei Municipal nº 125/08 fixou os subsídios do Prefeito em R$ 7.500,00, os do Vice-Prefeito em R$ 5.000,00 e os dos Secretários Municipais em R$ 2.500,00, depreendendo-se das informações contidas no Pronunciamento Técnico neste particular que os valores por eles percebidos obedeceram aos parâmetros legais estabelecidos.CONTROLE INTERNO

O Relatório Anual de Controle Interno reincidentemente não atende às preconizações do art. 74, incisos I a IV, da Constituição Federal e do art. 90, incisos I a IV da Constituição Estadual, vez que é omisso na avaliação do cumprimento das metas previstas no Plano Plurianual e a execução dos Programas de Governo, além de não analisar os resultados quanto à economia, eficiência e eficácia da gestão orçamentária, financeira, patrimonial e operacional da entidade.

Nele não constam informações e elementos de análise que evidenciem a avaliação das metas previstas em confronto com as realizadas, a análise dos programas em execução, dos aspectos legais e a avaliação dos resultados da ação municipal envolvendo as diversas funções em exercício, através das unidades elencadas, especificamente quanto aos aspectos da eficiência, eficácia e efetividade, ficando o Prefeito ciente que a reincidência em contas futuras poderá incidir negativamente no seu mérito, com a consequente cominação prevista em lei.

Fica o Gestor advertido para o cumprimento da Resolução TCM nº 1.120/05 e legislação pertinente.

DAS EXIGÊNCIAS DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

Pessoal

Mesmo após análise das justificativas apresentadas pelo Gestor na diligência anual constata-se que a despesa realizada com pessoal não obedeceu ao limite de 54% definido pelo art. 20, inciso III, alínea “b”, da Lei Complementar nº 101/00, aplicando R$ 7.916.073,91,

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cont. do P.P. Nº 681/11

correspondentes a 59,26% da Receita Corrente Líquida de R$ 13.358.551,04.

Registre-se que no exercício de 2009, o percentual aplicado correspondeu a 62,34% da Receita Corrente Líquida.

Na defesa o Gestor contestou o valor de R$ 8.292.108,12 registrado no Pronunciamento Técnico para as despesas com pessoal, alegando que o valor correto seria R$ 7.927.402,65, sem apresentar nenhum documento comprobatório que desse suporte às suas alegações, apenas argumentando que o Município não teria criado novos cargos nem feitas novas contratações.

De qualquer sorte, esta Relatoria promoveu o reexame da matéria e identificou através dos Demonstrativos Contábeis que as despesas com pessoal ativo realizadas pela Prefeitura foram de R$ 6.837.614,23, ao contrário do valor de R$ 7.213.657,44 registradas no Pronunciamento Técnico no item 6.1.2.1 (fl. 874).

É importante esclarecer também ao Gestor que existem situações que mesmo o Município não tendo criado novos cargos ou feitas novas contratações, impactam o total das despesas com pessoal para fins do cumprimento do art. 20 da LRF. A título ilustrativo, em seu §1º, art. 18, as despesas com terceirizações de mão de obra sempre quando referirem-se à substituição de servidores e empregados públicos são regularmente incluídas como despesa pessoal. Somente desta natureza de despesa foram identificadas pela Inspetoria Regional de Controle Externo R$ 968.541,87.

D E S P E S A C O M P E S S O A L Receita Corrente Líquida R$ 13.358.551,04 Limite máximo – 54% (art. 20 LRF) R$ 7.213.617,57 Limite Prudencial – 95% do limite máximo (art. 22)

R$ 6.852.936,70

Limite para alerta – 90% do limite máximo (art. 59)

R$ 6.492.255,82

Despesa realizada com pessoal R$ 7.916.073,71 Percentual da Despesa na Receita Corrente Líquida

59,26%

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cont. do P.P. Nº 681/11

De acordo com Pronunciamento Técnico não foi eliminado pelo menos 1/3 do percentual excedente nos dois quadrimestres subsequentes ao exercício de 2009, em descumprimento ao art. 23 da LRF, tendo em agosto de 2010 totalizado as despesas de pessoal em R$ 7.699.699,17, correspondente a 63,62% da Receita Corrente Líquida, quando o mínimo exigido seria de 59,56%.

Deve o Gestor eliminar o percentual excedente das despesas com pessoal imediatamente, para que não ultrapasse os limites definidos no art. 20 da LRF, adotando as medidas inscritas nos incisos I a V, do art. 22, da Lei Complementar nº 101/00, e as providências contidas nos §§ 3º e 4º do art. 169 da Constituição, sob pena de responsabilidade e comprometimento de contas futuras.

O descumprimento a esta norma constitui infração administrativa contra as leis de finanças públicas, nos termos do art. 5º, inciso IV, da Lei nº 10.028, de 19 de outubro de 2000, punível com a sanção pecuniária prevista no § 1º do mesmo artigo, correspondente a 30% de vencimentos anuais do gestor, e que em caso de reincidência poderá comprometer o mérito das contas anuais.

Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária e de Gestão Fiscal

Publicidade - arts. 6º e 7º, da Resolução TCM nº 1.065/05

Foi apresentada pelo Gestor a comprovação de publicidade dos Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária e de Gestão Fiscal, correspondentes aos 1º, 2º, 3º, 4º, 5º e 6º bimestres e 1º e 2º semestres (fls. 648/750), em cumprimento aos arts. 52 e 55, § 2º, da Lei Complementar nº 101/00 e 6º e 7º, da Resolução TCM nº 1.065/05.

Entretanto, constata-se que no Relatório Resumido de Execução Orçamentária, referente ao 3º bimestre, não consta o comprovante de publicação de todos os anexos exigidos pela Portaria da Secretaria do Tesouro Nacional nº 587/05 (anexos III, VII, X, XVII e

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cont. do P.P. Nº 681/11

XVIII), devendo o Gestor ao realizar as próximas publicações observar todos os ditames estabelecidos na legislação.

Remessa dos Dados – arts. 1º e 2º, da Resolução TCM nº 1.065/05

O Sistema LRF-Net registra o cumprimento do art. 1º, da Resolução TCM nº 1.065/05, que institui a obrigatoriedade da remessa a este Tribunal, por meio eletrônico, dos demonstrativos com os dados dos Relatórios de Gestão Fiscal e Resumidos da Execução Orçamentária, de que trata a Lei Complementar nº 101/00 – LRF.

Audiências Públicas

Foi cumprido o § 4º, do art. 9º, da Lei Complementar nº 101/00, que dispõe que “até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, o Poder Executivo demonstrará e avaliará o cumprimento das metas fiscais de cada quadrimestre, em audiência pública na comissão referida no § 1º, do art. 166, da Constituição ou equivalente nas Casas Legislativas estaduais e municipais”. Encontra-se às fls. 504/509 as cópias das atas das audiências públicas.

DAS RESOLUÇÕES DO TRIBUNAL

ROYALTIES - Resolução TCM nº 931/04 e CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO – CIDE – Resolução TCM nº 1.222/05

Conforme Pronunciamento Técnico, o Município recebeu recursos oriundos do Royalties/Fundo Especial e da CIDE no montante de R$ 70.765,23 e R$ 22.927,59, respectivamente, não tendo sido no exercício glosadas despesas desta natureza.

RESOLUÇÃO TCM nº 1.060/05

Demonstrativo dos Resultados Alcançados

Foi encaminhado o Demonstrativo dos Resultados alcançados pelas medidas adotadas na forma do art. 13 da Lei Complementar nº101/00, contemplando as medidas de combate a evasão no exercício, contudo não discrimina a quantidade de ações ajuizadas

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cont. do P.P. Nº 681/11

para cobrança da dívida ativa, bem como a evolução do montante dos créditos tributários passíveis de cobrança administrativa, não atendendo ao item 30, do art. 9º da Resolução TCM nº 1.060/05.

Relatório de Projetos e Atividades

Consta às fls. 510/511 o Relatório firmado pelo Prefeito quanto aos projetos e atividades concluídos e em conclusão, em cumprimento ao item 32, do art. 9º, da Resolução TCM nº 1.060/05 e parágrafo único, do art. 45, da Lei Complementar nº 101/00 – LRF.

RESOLUÇÃO TCM nº 1.282/09

Como o Pronunciamento Técnico não faz qualquer registro dos dados informados pelo Ente jurisdicionado no Sistema Integrado de Gestão e Auditoria - SIGA, e de seus respectivos relatórios, relativos aos gastos do Poder Executivo Municipal com obras e serviços de engenharia, servidores nomeados e contratados, bem como o total de despesa de pessoal confrontado com o valor das receitas no semestre e no período vencido do ano, além dos gastos com noticiário, propaganda ou promoção, no exercício 2010, conforme disposto nos inc. I, II e III, do §2º, combinado com o §3º, ambos do art. 6º da Resolução TCM nº 1.282/09, de 22/12/2009, deixa esta Relatoria de se manifestar sobre estas questões, sem prejuízo de exame e julgamento em eventuais questionamentos.

MULTAS E RESSARCIMENTOS PENDENTES

O Sistema de Informações sobre Multas e Ressarcimentos deste Tribunal registra as seguintes pendências, sendo duas multas de responsabilidade do Gestor destas contas:

MULTAS

Processo Multado Cargo Venc. Valor R$ Divida Ativa

Execução Fiscal

08738-10 WALDSON CARLOS ALVES MENEZES

PREFEITO 08/01/2011 R$ 5.000,00 N N

09184-09 WALDSON CARLOS ALVES MENEZES

PREFEITO 05/09/2011 R$ 2.000,00 N N

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cont. do P.P. Nº 681/11

05626-06 ENEDINO RIBEIRO VASCONCELOS

PREFEITO 22/02/2007 R$ 2.500,00 N N

13668-06 ENEDINO RIBEIRO VASCONCELOS

PREFEITO 16/05/2007 R$ 500,00 N N

10534-01 ANTONIO LEANDRO DE MATOS

EX-PREFEITO

28/06/2008 R$ 2.000,00 N N

07199-08 PAULO CESAR SANTOS SARDINHA

PRESIDENTE DA CAMARA

21/08/2009 R$ 800,00 N N

08739-10 ATEITON FERNANDES MENEZES

PRESIDENTE DA CAMARA

02/05/2011 R$ 700,00 N N

RESSARCIMENTOS

Proc. Responsável(eis) Cargo Venc. Valor R$ Divida Ativa

Execucao Fiscal

03979-97

RUI BARBOSA SILVA LISBOA

EX-PREFEITO

14/06/1998 R$ 79.843,88 N N

06225-99

ANTONIO LEANDRO DE MATOS

PREFEITO 19/12/1999 R$ 17.000,00 N N

02879-01

ANTÔNIO LEANDRO DE MATOS

EX-PREFEITO

16/06/2001 R$ 6.600,00 N N

07198-08

ENEDINO RIBEIRO VASCONCELOS

PREFEITO MUNICIPAL

28/12/2008 R$ 6.587,64 N N

07198-08

ANTÔNIO CARLOS CALO

VICE-PREFEITO MUNICIPAL

28/12/2008 R$ 7.575,79 N N

Na defesa o Gestor apresentou as Guias de Arrecadação e os comprovantes de depósito relativos ao pagamento das multas - Processos TCM nº 7199-08, 8738-10, e 9184-09, as duas últimas de sua responsabilidade do Gestor destas contas, e a restituição parcial de R$ 1.250,00 referente ao Processo nº 5626-05 (do total de R$ 2.500,00), anexados em Pasta tipo “a-z” - Volume 02 (doc. 22), documentos que devem ser desentranhados dos autos e encaminhados à Coordenadoria de Controle Externo para os devidos fins.

Sobre os Processos TCM nº 10.534-01, 6225-99, e 2879-01, 3979-97 o Gestor apresentou cópia de “Certidões da Comarca de Itamari demonstrando que estão em tramitação as respectivas Ações de

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cont. do P.P. Nº 681/11

Execução Fiscal, conforme fazem prova documentos anexos em Pasta tipo “a-z”, Volume 02 – doc. 23.

Quanto aos Processos TCM nº 8739-10 e 13668-06 que não tiveram comprovados seu pagamento no exame, alerta-se o Gestor para a obrigação de adotar medidas efetivas de cobrança, inclusive judiciais, sob pena de responsabilidade, promovendo a sua inscrição na dívida ativa, daqueles que ainda não o foram, já que as decisões dos tribunais de contas, por força da estatuído no artigo 71, § 3º da constituição da república, das quais resulte imputação de débito ou multa, têm eficácia de título executivo.

Ressalte-se que em relação às multas, a cobrança tem de ser efetuada antes de vencido o prazo prescricional, “sob pena de violação do dever de eficiência e demais normas que disciplinam a responsabilidade fiscal”. A omissão do gestor que der causa à sua prescrição resultará em lavratura de Termo de Ocorrência para ressarcimento do prejuízo causado ao Município. Caso não concretizado, importará em ato de improbidade administrativa , pelo que este TCM formulará Representação junto à Procuradoria Geral da Justiça.

Em face do exposto,

R E S O L V E:

Emitir Parecer Prévio pela rejeição, porque irregulares, das contas da Prefeitura Municipal de ITAMARI, exercício financeiro de 2010, constantes do processo TCM-7982/11, com base no art. 40, inciso III, c/c o art. 43, da Lei Complementar nº 06/91, de responsabilidade do Sr. Waldson Carlos Alves Menezes, pelos seguintes motivos:

• descumprimento do art. 212 da Constituição Federal aplicando em educação R$ 5.496.523,07, correspondentes a 24,29% da receita resultante de impostos, quando o mínimo exigido é de 25%;

• descumprimento da Lei Federal nº 8.666/93 em decorrência de ausência de licitações em casos legalmente exigíveis, a maioria

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cont. do P.P. Nº 681/11

consideradas não realizadas por não terem sido encaminhadas à Inspetoria Regional/Tribunal, conforme determina a Resolução TCM nº 1060/05, prejudicando o exercício da ação fiscalizadora desta Corte, realizada através das Inspetorias Regionais, sob a supervisão das 1ª e 2ª CCE's no exame da documentação de receita e despesa apresentada mensalmente pelos respectivos gestores, com repercussão no mérito das contas anuais, além de outras infrações cometidas, conforme relatado acima, cujos recursos envolvidos nos certames relacionados no Relatório Anual/Cientificação com irregularidades, totalizam R$ 3.752.371,20.

As conclusões consignadas nos Relatórios e Pronunciamentos técnicos submetidos à análise desta Relatoria levam a registrar, ainda, as seguintes ressalvas:

• descumprimento do limite da despesa com pessoal, estabelecido no art. 20, inciso III, “b”, da Lei Complementar nº 101/00, tendo gasto 59,26% de despesa com pessoal;

• descumprimento do art. 23 da Lei de Responsabilidade Fiscal, em face não eliminação de pelo menos 1/3 do percentual excedente do limite do total das despesas de pessoal nos dois quadrimestres subsequentes ao exercício de 2009;

• reincidência na omissão na cobrança de multas e ressarcimentos imputados a agentes políticos do Município;

• reincidência no Relatório deficiente do Sistema de Controle Interno;

• despesas de R$ 6.429,00 realizadas indevidamente com recursos do FUNDEB, em desvio de finalidade;

• existência de déficit orçamentário, demonstrando que o Município gastou mais do que arrecadou;

• descumprimento da Resolução TCM 1.060/05 – itens 30 e 36 do art. 9º, a exemplo dos processos de cancelamentos de dívidas ativas e passivas;

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cont. do P.P. Nº 681/11

• Outras ocorrências consignadas no Relatório Anual/Cientificação expedido pela CCE, notadamente atraso na remuneração dos profissionais do magistério; emissão de oito cheques sem fundo , gerando taxas de devolução no valor de R$ 166,80; contratação de pessoal sem concurso público; despesas com publicidade sem comprovação de sua efetiva publicação e conteúdo, conforme determinado no Parecer Normativo nº 11/2005; despesa de R$ 605.777,60 com locação de veículos, durante todo o exercício, considerada excessiva, correspondente a 4,45% da receita orçamentária e 4,42% da despesa realizada no exercício; dentre outras.

Por estas ressalvas, aplica-se ao Gestor, com arrimo no art. 71, III, c/c o art. 76, inciso III, alínea “c”, da Lei Complementar nº 06/91, multa de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), além dos ressarcimentos de R$ 7.086,50 (sete mil, oitenta e seis reais e cinquenta centavos), decorrente de despesas com publicidade sem a apresentação de elementos que comprovem sua efetiva publicação e conteúdo conforme determinado no Parecer Normativo nº 11/2005 e de R$ 166,80 (cento e sessenta e seis reais e oitenta centavos), referente a taxa de devolução de cheque sem provisão de fundos. Subsidiariamente, em razão do descumprimento do art. 23 da Lei de Responsabilidade Fiscal, por não ter eliminado pelo menos 1/3 do percentual excedente do total das despesas com pessoal nos dois quadrimestres subsequentes ao exercício de 2009, aplica-se ao Gestor multa de R$ 27.000,00 (vinte e sete mil reais), correspondentes a 30% dos seus vencimentos anuais, com fulcro no art. 5º, inciso IV, §§ 1º e 2º, da Lei nº 10.028, de 19/10/2000. Essas cominações deverão ser quitadas no prazo e condições estipulados nos arts. 72, 74 e 75 da Lei Complementar nº 06/91, lavrando-se para tanto a competente Deliberação de Imputação de Débito, nos termos regimentais.

Determinações ao Gestor:

1 - Adotar as medidas previstas nos incisos I a V, do art. 22, da Lei Complementar nº 101/00, entre outras, as providências contidas nos §§ 3º e 4º do art. 169 da Constituição Federal, para que as despesas

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cont. do P.P. Nº 681/11

com pessoal não ultrapassem o limite de 54% da receita Corrente Líquida imposto pelo art. 20 da mesma Lei Complementar, sob pena de responsabilidade e comprometimento de contas futuras;

2 – Restituir imediatamente à conta do FUNDEB, o valor de 6.429,00, relativo ao exercício de 2010, devendo a CCE acompanhar o cumprimento desta determinação, ficando o Gestor advertido que a reincidência no desvio de finalidade na aplicação dos recursos do FUNDEB ou o não cumprimento da determinação dos estornos, conforme acima consignado, poderá comprometer o mérito de suas contas futuras;

3 - Adotar medidas efetivas de cobrança das multas e ressarcimentos relacionados acima, aplicadas a agentes políticos do Município, inclusive dela própria, sob pena de responsabilidade, promovendo a sua inscrição na dívida ativa, daqueles que ainda não o foram, inclusive com promoção de ação executiva judicial, já que as decisões dos Tribunais de Contas, por força da estatuído no artigo 71, § 3º da Constituição da República, das quais resulte imputação de débito ou multa, têm eficácia de título executivo.

Determinação à CCE:

Apurar a regularidade da acumulação remunerada de cargos públicos pelo Sr. Orlando Guedes Andrade, que segundo o Relatório Anual estaria percebendo cumulativamente as remunerações relativas aos cargos de Diretor de Unidade Hospitalar, Médico Cirurgião e Médico Clínico e, se constatada irregularidade, lavrar Termo de Ocorrência.

Determinações à SGE:

• Extrair os documentos anexados em Pasta tipo “a-z” - Volume 01 (doc. 17), referentes às transferências financeiras no total de R$ 14.019,12 realizadas com recursos municipais para a conta específica do FUNDEB, e encaminhar para a Diretoria de Controle Externo competente para fins de registro;

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cont. do P.P. Nº 681/11

• Desentranhar dos autos as Guias de Arrecadação e os comprovantes de depósito relativos ao pagamento das multas - Processos TCM nº 7199-08, 8738-10, e 9184-09, a restituição parcial de R$ 1.250,00 referente ao Processo nº 5626-05 (do total de R$ 2.500,00), anexados em Pasta tipo “a-z” - Volume 02 (doc. 22), e encaminhados à Coordenadoria de Controle Externo para os devidos fins.

Encaminhe-se o presente processo à Assessoria Jurídica desta Casa, a fim de ser formulada representação ao Ministério Público Estadual, para as providências que entender cabíveis, em razão de reiterado descumprimento da Lei nº 8.666/93, conforme relatado neste pronunciamento.

SALA DAS SESSÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS, em 06 de dezembro de 2011.

Cons. PAULO MARACAJÁ PEREIRA – Presidente

Cons. PAOLO MARCONI – Relator

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