parecer dos conselheiros da apa tamoios

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Conselho Consultivo da Área de Proteção Ambiental de Tamoios Plano de Manejo e respectivo zoneamento 31 de maio de 2012 !"#$ &'#(")*#+(&$, - &'./0.($)$ &'#.((*012" *'&3$#.($3 )"/ .'#.')&4.'#"/ $()*$4.'#. 5"'/#(*6)"/ .'#(. $ /"5&.)$). 5&7&3 "(8$'&9$)$ . $ :(.$ $4;&.'#$3 )" <&" ). =$'.&("> $'*'5&$)$ .4 $4;&.'#. ./#($'?" $" )" @"'/.3?" A./#"( )$ -B- C$4"&"/ 5$*/"* /*(0(./$ . )./$0"'#$4.'#" $ #")"/D E.//$ 0"*5" (.0*;3&5$'$ . )./(./0.&#"/$ $#&#*).> #.4.F/. G*. " &'#.(.//. )"/ 5&)$)2"/ . $ 5"'#(&;*&12" G*. ./#./ 0").4 #($9.( $"/ $7$'1"/ /"5&$&/ (.G*.(&)"/ /.H$4 (.)*9&)"/ $ *4 /&403./ /&4*3$5(" ). ).4"5($5&$ 0$(#&5&0$#&7$D - 3.& 'I JDJKL> ). MKNOPNQOOO G*. $//.8*("* $ 0$(#&5&0$12" )$ /"5&.)$). 5&7&3 '$ 8./#2" )$/ R'&)$)./ ). @"'/.(7$12" )$ !$#*(.9$ #("*S. '" /.* ;"H" " .'"(4. $7$'1" '$/ (.3$1T./ .'#(. "/ 5"'/.3?"/ . "/ 8./#"(./ 0U;3&5"/> $&')$ G*.> .4 $38*'/ 5$/"/> ). V"(4$ 5"'/*3#&7$D <.5"'?.5.4"/ $/ (./#(&1T./ 3.8$&/ ).//$ &40"/&12"> 4$/ ).3$ )&/5"()$4"/> 0"( .'/.H$( $ 5(&$12" ). )*$/ 5$#.8"(&$/ ). 5"'/.3?.&("/, *4$> ). 0(&4.&($ 5$#.8"(&$> G*. 0"). )&/5*#&( #*)"> . "*#($> ). /.8*')$> G*. /+ )&/5*#. " G*. 3?. W 0.(4&#&)" . W *#&3&9$)$ 0$($ 3.8&#&4$( ).5&/T./ #"4$)$/ .4 8$;&'.#./D X'/$#&/V.&#"/> $ ./#($#W8&$ )"/ /&8'$#:(&"/ W $ ). 3*#$( 5"4 #")$/ $/ V"(1$/ 0$($ 4*)$( .//. G*$)(" ). &'#.()&12"Y G*.4 0"). /.( 5"'#($ " $*4.'#" )" 5"'?.5&4.'#"> )$ )&/5*//2" ). &)W&$/> )" 5"'#($)&#+(&" . )" 5"'V("'#" ). $(8*4.'#"/Z [ ).//. $4;&.'#. G*. '$/5. $ 3*9D - 0$(#&( ). $8"($> $" G*. #*)" &')&5$> 0(.7$3.5.(2" $/ ).5&/T./ 7&')$/ )$ ./#(&#$ 7"'#$). )" /.5(.#:(&"> )&7"(5&$)$/ )" $H*'#$4.'#" 3.8$3> G*. 5"'/*;/#$'5&$(2" 4$&/ *4 5.':(&" ). .S5.12"> 5"4 .V.&#"/ '.8$#&7"/ /";(. 5$)$ @"'/.3?" G*. (./"37.( $#*$( ). V"(4$ 5(6#&5$Z E.7.4"/ 5"'/&).($( .'5.(($)" " $4;&.'#. ).4"5(:#&5" )*($4.'#. 5"'G*&/#$)"Z \ 0(./.'#. )"5*4.'#" V"& 5"'/#(*6)" 0$($ $#.').( $" 5"4;&'$)" '$ (.*'&2" ). QQ ). 4$(1" ). QOMQ G*$')" "/ 5"'/.3?.&("/ G*. G*&/.//.4 ).7.(&$4 /. 4$'&V./#$( $ (./0.&#" ). 0("0"/#$/ 0$($ " 9"'.$4.'#" )$ -B- C$4"&"/D @"'53*6)" $" 5$;" ). /*5.//&7$/ (.*'&T./ .'#(. "/ /&8'$#:(&"/> #.7. " 4./4" G*. /.( (.7&/#" 0$($ $#.').( ] &'*/&#$)$ 4*)$'1$ ). 0"/#*($ )" +(82" $4;&.'#$3 ./#$)*$3D \ #.S#" $ /.8*&( &'5"(0"($ ./#$/ '"7$/ 5"')&1T./D

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parecer de dez conselheiros sobre o zoneamento proposta poelo governo do estado

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Page 1: Parecer dos conselheiros da APA Tamoios

C o n s e l h o C o n s u l t i v o d a Área de Proteção Ambiental de Tamoios

Plano de Manejo e respectivo zoneamento 31 de maio de 2012

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Page 2: Parecer dos conselheiros da APA Tamoios

! 2 Introdução

Está na lei.Todos têm direito ao meio ambiente equilibrado, de uso comum e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo (Art. 225 da CF). Portanto, é obrigatório que o estado, além de ouvir, deve considerar e viabilizar as demandas da sociedade civil em prol da conservação dos ambientes costeiros e marinhos da Baía da Ilha Grande.

Os debates sobre um novo zoneamento para a APA Tamoios iniciados em 2007 foram conduzidos por seu Conselho Consultivo com grande vontade. Todo o processo de discussão foi marcado por um intenso esforço para viabilizar a melhor proposta frente às dificuldades estruturais que cercam a sua realização, além do passivo ambiental acumulado depois de anos de omissão e abandono, somado aos conflitos de uso de todas as costeiras e praias de Angra dos Reis.

Uma das diretrizes que rege o Sistema Nacional das Unidades de Conservação é assegurar

a participação efetiva das populações locais na criação, implementação e gestão das Unidades de Conservação (Inc. III do Art. 5º, Lei Federal nº 9.985/2000). Esse é o pressuposto mandatório para que os debates prosperem, com qualidade. O INEA tem a obrigação de superar os conflitos presentes e as falhas observadas na confecção da proposta para fazer nada menos do que o melhor e o mais seguro zoneamento da APA Tamoios.

O Ato Administrativo a ser praticado como declaração jurídica do estado ou de quem lhe

faça as vezes, deve obedecer ao preceitos legais mais altos do campo jurídico brasileiro. Sem ter ainda apresentado qualquer fundamento que justificasse mudanças constantes nas regras do jogo, a sua falta promoveu desentendimentos suficientes para que os debates deixassem de atender aos níveis apropriados.

Page 3: Parecer dos conselheiros da APA Tamoios

! 3 E agora, com a mudança assinalada na mensagem

eletrônica de 24/05/2012, assinada pelo chefe da APA Tamoios, o órgão ambiental estadual ameaça abortar o processo desenvolvido no âmbito do seu Conselho Consultivo para impor um zoneamento estabelecido à sua revelia e atendendo a interesses obscuros. Com isso, as regras do jogo se apresentam ainda mais confusas: em que condições de aplicabilidade, inclusive legal, o decreto será colocado em vigor? Como será ele utilizado por 240 dias no licenciamento ou na fiscalização de projetos e empreendimentos, por exemplo? Quais são os pontos consensuais apontados? O que significa “a previsão conceitual de uma nova Zona que admita a presença de equipamentos de interesse turístico na UC”? O zoneamento aprovado pelos conselheiros em 2010 e 2011 serão considerados até que limites? Por que o prazo de 240 dias para debate de que proposta? Se refere à Ilha Grande ou ao continente? Em que se baseou a SEA/INEA “para assumir a posição relativamente à valorização que se pretende dar à atividade turística no entorno dos parques estaduais como forma de fomentar a visitação e, desta forma, reforçar a percepção da importância da existência dessas UCs e da legislação ambiental que se encontra atualmente sob o ataque de interesses econômicos contrários à conservação dos recursos naturais”? Que ataques são esses?

Chamamos a atenção da autoridade para o fato de que essas e outras questões irão requerer discussões vitais para que a aplicação do decreto ganhe estabilidade institucional. Essa é uma das questões mais urgentes para ser considerada.

Page 4: Parecer dos conselheiros da APA Tamoios

! 4 Não esqueceremos

O Conselho Gestor não pode ser subestimado

A ameaça à manutenção de nosso VERDE

A APA de Tamoios envolve todas as áreas costeiras continentais e marinhas do município

de Angra dos Reis. Em seus recortes, esse litoral abriga centenas de ilhas e praias, costões rochosos e manguezais, áreas densamente urbanizadas e industriais, assim como ambientes ainda bastante conservados.

A conservação destes ambientes ainda intactos deve ser o cerne da existência e da

manutenção de uma área de preservação ambiental.A nossa Carta Magna assim o determina.

Esta é a verdadeira função estratégica de natureza ambiental e social da APA TAMOIOS: manter os ambientes costeiros

ainda conservados, garantindo o seu uso público!

E é justamente neste aspecto que reside o maior risco na proposta estatal de estimular a

criação de zonas ditas “turísticas” (ZITH e ZIRTS) como estratégia de conservação. Ao implantar zonas turísticas e residenciais em áreas preservadas e/ou em zonas anteriormente classificadas como de conservação da vida silvestre (as chamadas ZCVS do decreto ainda em vigor), mais do que o bom senso, o estado diminui a proteção legal, agride a paisagem e a manutenção do ecossistema destes ambientes e entrega as suas áreas para a especulação imobiliária privatizarem e restringirem o acesso a elas. A ADIN 4370 em julgamento no STF bem indica as dúvidas legais que cercam o decreto nº. 41.921/2009.

Page 5: Parecer dos conselheiros da APA Tamoios

! 5 Não é a primeira vez que poderosos agentes econômicos se

utilizam do estado para privatizar áreas, expulsar a população tradicional e restringir o acesso ao litoral de Angra dos Reis.

O projeto Turis: onde a “vocação” e o futuro de Angra se desenharam

Concomitante com a abertura da

Rodovia Rio-Santos no início da década de setenta, a atividade turística no litoral desde Mangaratiba a Guarujá projetou-se e firmou-se como excludente. O resultado está aí, à vista de todos. Contratado na França em 1975, um pouco depois da Conferência das Nações Unidas Sobre o Homem e Meio Ambiente

(Suécia-1972) o projeto inspirou-se no modelo europeu dos grande resorts e condomínios de luxo do Mediterrâneo. Hoje, como obsoleta imagem desfocada no retrovisor da autoridade, maquiado de verde, está sendo utilizado como clichê para uma proposta de continuidade, mascarada por um suposto estímulo ao turismo, como sempre, para os bem-aventurados.

Projeto Turis, contratado na França na época da ditadura militar: Ilha Grande e Gipóia em 1975. O nº 30.000 se refere à quantidade de leitos a serem alcançados em 1995. fonte: Projeto Turis: Desenvolvimento Turístico do litoral Rio-Santos (cortesia da Fundação Biblioteca Nacional)

Page 6: Parecer dos conselheiros da APA Tamoios

! 6 Da mesma forma, a criação de ZITH E ZIRTS nas praias da Ilha Grande, na Ilha da

Gipóia, nas costeiras da estrada do Contorno (em praias como a da Bica) e da enseada de Itapiocanga até Caetés resulta na entrega para a ocupação das últimas extensões verdes do litoral - que escaparam dos processos econômicos e da corrupção ambiental – colocando em cheque a valiosa marca turística da “Costa Verde”.

Mas os impactos são ainda maiores. Não queremos ver nossas trilhas alteradas e desviadas

para nos impedir de chegar às praias e costões. Somos contra a privatização de praias e o confinamento de nossos núcleos populacionais, transformados em centros de serviço e manutenção. Repudiamos um turismo sem possibilidades de avanços e ganhos de qualidade e cujo futuro ficará marcado pelo colapso socioeconômico dos pequenos e médios empreendedores locais no curto prazo.

A APA Tamoios pode se transformar no paradigma transformador das desigualdades

sociais Esse esforço de impor um falso conceito de turismo sustentável leva a negligenciar

procedimentos legalmente obrigatórios a todo e qualquer funcionário público, o que contribui sobremaneira para o esgarçamento das relações entre a sociedade civil e o poder público. Um exemplo marcante foi a tentativa de desqualificar parecer técnico de pesquisadora de turismo na Ilha Grande, que respondeu consulta formal de conselheiro sobre o processo.

“.................

Pode-se dizer que a Ilha se divide em áreas já muito pressionadas e outras (cada vez em menor proporção) ainda vazias e conservadas. Não me parece absolutamente adequado que seja incentivada a ocupação construtiva das áreas ainda não ocupadas, estejam elas em bom estado de conservação ou não, pois como se sabe, essas que não estão, tem a possibilidade de serem recuperadas. Não me parece, inclusive, que seja o caso de incentivarmos o crescimento do turismo na Ilha Grande e sim, a organização do que já existe, o que será sem dúvida um trabalho bastante grande, já que o que tem ocorrido até então tem se caracterizado pela iniciativa espontânea e não pelo planejamento, produzindo consequências nefastas tanto do ponto de vista ambiental quanto social.

O que se conceitua como empreendimento turístico de baixo impacto é, por sua vez, muito vago e relativo, pois o que é considerado por alguns como não impactante, como um hotel com poucas unidades habitacionais e que não ocupa uma grande área física, quando multiplicado, acaba por produzir consequências semelhantes aos grandes empreendimentos. Sabemos que qualquer iniciativa neste sentido atrai novas levas de trabalhadores e investidores. Certamente isso acarretaria um inchamento dos núcleos populacionais existentes, ou mesmo a criação de outros, quando os que existem já estão com deficiência de infraestrutura para a população atual, que cresce naturalmente pela simples reprodução das famílias. Desta forma, presenciaríamos uma piora na qualidade de vida daqueles que habitam a Ilha (e também na

Page 7: Parecer dos conselheiros da APA Tamoios

! 7 qualidade da experiência turística em geral) e uma urbanização crescente dos espaços, o que além de prejudicar a Ilha ambiental e paisagisticamente, tornará ainda mais difícil a vidas dos gestores das unidades de conservação locais para controlar as ações ilegais e indesejadas.

.....................

”Professora Helena Catão (16/04/2012)

A análise das discussões produzidas com crescente resistência de grande parte dos

conselheiros da APA de Tamoios quanto à adoção do conceito de ZITH e ZIRTS indica que a justificativa para a sua adoção se baseia muito mais no curto prazo e nos interesses político-econômicos e imobiliários. Ou seja, o que interessa é a possibilidade de liberação de construções em áreas naturais até então protegidas pelos atuais decretos 9.452/86 e 20.172/94.

Há um flagrante desrespeito pelo interesse geral e desprezo pelas questões de fundo -

aquelas de maior importância para o contexto socioambiental - e que devem reger uma unidade de conservação de uso sustentável. Salta aos olhos a ausência de debates com significado estratégico para uma região tão importante, como se o seu futuro não estivesse em jogo.

Com um discurso reticente e inconsistente, onde palavras como sustentabilidade,

empregabilidade, empregos verdes e ecoturismo tem sido usadas em vão, o órgão ambiental quer induzir a todos de que o fortalecimento das atividades turísticas da região, via construção de hotéis e pousadas é a panacéia para os atuais problemas. Para eles, a salvação de anos de corrupção, omissão e baixos investimentos passa pela criação de Zonas de Interesse de Ocupação Turística (ZITH) e Zonas de Interesse Residencial e Turístico (ZIRT), intrinsecamente voltadas para privilegiar atividades turísticas de natureza excludente. E quem ganha com isso é o ramo da construção civil, e não a sociedade como um todo. E muito menos o turismo.

O fortalecimento do turismo na região, tanto na Ilha Grande quanto no continente, se dará, de fato por ações estratégicas

cuidadosamente planejadas, baseadas em ações de longo prazo. Pode começar, por exemplo, pela implantação e operação dos

parques da Ilha Grande e Cunhambebe, estes sim, fortes indutores de um turismo de importância ecológica ou de base

comunitária, de baixo impacto ou seja, o ecoturismo. Seria uma boa idéia se o INEA acelerasse a construção das demais sub-

sedes do parque na Ilha Grande e colocasse esforços na estruturação da APA Tamoios

Page 8: Parecer dos conselheiros da APA Tamoios

! 8

É vaga a utilização do termo ecoturismo, cujo verdadeiro significado não condiz com o

discurso oficial, carente de claros pressupostos. É zero a chance de se alcançar algum ganho coletivo via implantação de ZITH ou ZIRT na forma como estão propostas. Basta visitar a quase totalidade das espetaculares ilhas e praias da Baía da Ilha Grande oferecidas a essa forma de uso e ocupação e conhecer sua situação ambiental e/ou fundiária para verificar que o caminho apontado é o errado. Por menos que se queira, e sem se esforçar muito, são intrinsecamente prejudiciais ao contexto social da região e, se pretendem atender a alguma decisão estratégica, o fazem na direção oposta ao interesse geral. Turbinada por histórico de laissez-faire, sua comprovação será uma questão de tempo.

“ZIRT” em Jacareí, divisa com Angra dos Reis

Ecoturismo é muito mais do que turismo em ambiente natural ou ao ar livre. E ainda é pouco

praticado na região

Page 9: Parecer dos conselheiros da APA Tamoios

ILHA GRANDE: Maior atrativo turístico de Angra dos Reis

A Ilha Grande é a maior e a mais importante ilha da Baía da Ilha Grande. Toda a história

da região passa por ela. São dezenas de comunidades, mais de uma centena de praias, costeiras, morros, riachos e diversas UC’s estaduais. Ainda que a Vila Abraão, por razões geográficas e históricas, seja o mais importante distrito da ilha, é falsa a afirmação de que seja o único lugar onde se pratica o turismo na Ilha Grande. Onde os turistas ficariam “amontoados”. A atividade turística, tanto hoteleira quanto residencial, ocorre na maioria das suas praias e costeiras, sob as mais diversas modalidades, de forma equilibrada e bem resolvida, como ilustrado a seguir, no sentido dos ponteiros do relógio:

Notação:

residencial de veraneio – casa de veraneio do proprietário

residencial turística - casa de veraneio do proprietário que a aluga para temporada

cama e café – aluguel de suítes em residências

Praia Atividade praticada

Vermelha Residencial de veraneio e turística, cerca de cinco pousadas, cama e café e moradias

Itaguaçu Uma pousada

Araçatiba ou Araçatibinha Residencial de veraneio

Grande de Araçatiba + Canto de Araçatiba + Cachoeira

Residencial de veraneio e turística, cerca de 15 pousadas, camping e cama e café, comércio e moradia

Boqueirão da Longa Boating Club do Brasil

Longa Residencial de veraneio e turística, cama e café, comércio e moradia

Ubatubinha Residencial de veraneio

Tapera Residencial de veraneio e turística, cama e café, comércio e moradia

Sitio Forte Residencial de veraneio

Marinheiro Residencial de veraneio e turístico

Maguariquissaba Residencial de veraneio e turística, uma pousada, cama e café, comércio e moradia

Passa Terra Residencial de veraneio, uma pousada, moradia

Page 10: Parecer dos conselheiros da APA Tamoios

! 10 Aripeba Residencial de veraneio, com sinais de privatização

Jaconema Uma pousada

Matariz Residencial de veraneio, uma pousada, camping e comércio, moradia

Bananal Grande + Demo Residencial de veraneio, cinco pousadas, comércio e moradia

Bananal Pequeno Residencial de veraneio, com sinais de privatização

Araçá Residencial de veraneio

Prainhas das Ilhas Comprida e de Leste e doa Macacos

Residencial de veraneio (Lagoa Azul)

Freguesia de Santana + Freguesia de Fora ou de Sul + Grumixama + Pai Paulo + Baleia

Complexo de Freguesia de Santana. Residencial de veraneio, turística, uma igreja e um cemitério do século XVIII, trilhas desviadas e sinais de privatização

Japariz Residencial de veraneio e turístico, uma pousada, comércio e moradia

Guaxuma ou do “U” Residencial de veraneio

Barreto Residencial de veraneio

Paraíso ou Maracangalha (Praia do Amor) Residencial de veraneio

Caravela de Dentro Desabitada, com mangue, com costeiras próximas aterradas, a confirmar pelo órgão ambiental

Saco do Céu: Caravela de Fora + Figueira + Conrado + Nóbrega + Galo Pequeno + Galo Grande

Residencial de veraneio e turística, cerca de três pousadas, cama e café, comércio e moradia

Raposinha Residencial de veraneio, com sinais de privatização, com degradação constatada pelo órgão ambiental

Fora Residencial de veraneio e turístico, uma pousada, cama e café, comércio e moradia

Fazenda ou Perequê Residencial de veraneio

Camiranga Residencial de veraneio e turística

Costão da Camiranga Uma pousada com fechamento e desvio de trilha

Iguaçu Residencial de veraneio e turística, com sinais de privatização e supressão de trilha

Cachoeira Residencial de veraneio

Feiticeira Desabitada, com projeto para implantação de complexo hoteleiro desaprovado pelo INEA

Ponta do Lobo Uma pousada

Canto do Miradeiro + Miradeiro + Marina + Residencial de veraneio e turístico, moradia

Page 11: Parecer dos conselheiros da APA Tamoios

! 11 Galego

Lazareto + Preta + Pedra Rachada + Pórtico ou Pontilhão

PEIG

Abraão + Brava ou Júlia + cais ou Bica + Comprida + Crena

Mais de noventa pousadas, campings, residências de veraneio, moradias, comércio, cama e café

Guaxuma Residencial de veraneio e turístico e uma pousada

Abraão Pequeno ou Sobrado Residencial de veraneio, alteração de trilha de acesso com sinais de privatização

Abraãozinho Residencial de veraneio e turístico e pequeno comércio, moradia

Morcegos Residencial de veraneio, alteração do traçado de trilhas de acesso, sinais de privatização e existência de monumento histórico tombado pelo IPHAN

Brava Camping e moradia

Grande de Palmas Residencial de veraneio e turístico, cama e café, camping, três pousadas, comércio e moradia

Mangues Um hotel e moradia

Pouso Uma pousada

Itaoca Residencial de veraneio

Aroeira Residencial de veraneio, desvio de trilha e sinais de privatização

Recifes Residencial de veraneio

Castelhanos Residencial de veraneio e turístico, cama e café e moradia

Pescaria PEIG

Lopes Mendes PEIG Residencial de veraneio (ver ocupação prevista no Plano de manejo do PEIG)

Baleia ou Prainha PEIG

Santo Antonio PEIG

Caxadaço PEIG

Dois Rios CEADS (ver ocupação prevista no Plano de manejo do PEIG)

Parnaioca PEIG - Residencial de veraneio e turístico, camping, cama e café (ver ocupação prevista no Plano de manejo do PEIG)

Conchas PEIG

Leste Rebio-Sul

Sul Rebio-Sul

Popa do barco Rebio-Sul

Page 12: Parecer dos conselheiros da APA Tamoios

! 12 Demo Rebio-Sul

Aventureiro Futura RDS, em análise na Alerj, com camping e cama e café

Meros Rebio-Sul, residencial de veraneio e com sinais de privatização

Provetá Duas pousadas, cama e café, campings, residências de veraneio, moradias, comércio

A busca por maior equilíbrio e equidade visando melhor estruturar e distribuir o turismo

nas praias e comunidades deverá envolver diversas ações estratégicas de todos os âmbitos de governo e passa, por exemplo, pelo estabelecimento de transporte regular entre as praias; saneamento ambiental, financiamento para os pequenos empreendedores de turismo ou de cultura, por exemplo, melhor estruturação do Parque Estadual da Ilha Grande, criação da Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Praia do Aventureiro, dentre outras medidas estruturantes.

A construção de hotéis nas praias mais cobiçadas da Ilha Grande maculará a paisagem e o

patrimônio histórico e cultural, estimulará o crescimento desordenado das vilas próximas e introduzirá nas praias da Ilha Grande a prática do “turismo exclusivo” e não o inclusivo que desejamos.

Como pode ser observado pelo manifesto expresso pela Associação dos

Empreendedores de Turismo da Enseada de Araçatiba e Praia Vermelha –AETEA.

De: “Marcelo Lopes” <

Data: 19 de abril de 2012 07:57:00 BRT

Para:

Assunto: RES: APA Tamoios:

Pessoal,

Apoiamos o manifesto! Marcelo Lopes Diretor de Documentação AETEA – Ass. dos Empreendedores de Turismo da Enseada de Araçatiba e Praia Vermelha

Page 13: Parecer dos conselheiros da APA Tamoios

! 13 Da mesma forma, o posicionamento que esperamos do órgão

ambiental estadual, com histórico de corajosas decisões é: orientar-se pela política de prevenção e não pela do gerenciamento de crises e desastres.

O negócio não é ampliar, e sim organizar. A

demanda turística na Ilha Grande parece estar em níveis aceitáveis, mas próximos da

saturação

A Rio+20 será palco de grandes pronunciamentos visando

fortalecer seus princípios e diretrizes de sustentabilidade ambiental e de priorizar a igualdade social. A grande estrela nacional do encontro serão as alterações do Código Florestal. No âmbito estadual a Baía da Ilha Grande e os debates em torno da nova APA Marinha da Baía da Ilha Grande e a revisão do Plano de Manejo da APA Tamoios.

Qual a imagem que o governo do estado representará? A de

loteador do patrimônio ambiental de Angra dos Reis para os amigos do governador Sérgio Cabral ou do defensor incondicional de nossa biodiversidade ambiental e cultural?

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Nossa proposta para o Novo Zoneamento da APA TAMOIOS

A intempestiva proposta do governo estadual para o zoneamento da APA Tamoios é plena de vícios e inconsistências. A inexplicável falta de razoável fundamentação não lhe dá coerência, substância, profundidade e conteúdo estratégico, ao tempo em que, incompleta e apressada, permite vislumbrar, não só a anistia a eventuais ilícitos ambientais mas, sobretudo, o favorecimento à indústria da construção civil e a possibilidade de privatização de espaços públicos. Se materializada por essa distorção conceitual, perderão todos: a sociedade em geral, o próprio turismo, as comunidades do entorno e as ações a favor da natureza.

E agora, piorada ainda mais com um hiato de 240 dias para “ajustes de discordâncias”.

O presente documento reitera a posição de seus signatários e de outras entidades a respeito

da proposta do governo do estado para o zoneamento da APA Tamoios. Pretende incorporar muitas das considerações feitas ao longo das reuniões formais do Conselho Gestor sobre o assunto, a saber, 19/02, 22/03 e 19/04 e dos documentos correlatos, protocolados junto à chefia da APA Tamoios.

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! 15 Alguns dos seus pontos podem ser eventualmente reiterados, quando considerados

relevantes e convenientes à consistência desejada ao parecer, que é oferecido à consideração dos demais conselheiros e da autoridade. A cada um deles é dada o devido destaque.

Assim como este, todos os documentos

formais produzidos pelos interessados e

envolvidos nos debates deverão

obrigatoriamente ser parte integrante do

Processo E-07/301.586/08. A sua

disponibilização deve ser feita de imediato

para uso e consulta dos conselheiros

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Atender na integralidade ao disposto no Parecer Técnico nº 07/2012, de 17 de abril de 2012 elaborado pela Estação Ecológica de Tamoios/ICMBio.

Impõe-se criação de um espaço coletivo formal, capacitado e deliberativo (Comitê Local),

a partir do Conselho Gestor da APA Tamoios com o objetivo de desenvolver um Plano Estratégico para a região, para além da unidade de conservação, visando a gestão pública democrática integrada da Baía da Ilha Grande, incorporando outras intervenções relevantes, como a criação em bases factíveis da APA Marinha da Baía da Ilha Grande, do fortalecimento do Mosaico Bocaina e do recém criado Comitê de Bacia Hidrográfica da Baía da Ilha Grande, com o apoio da estrutura do GEF/FAO e de outros.

Dar andamento aos estudos de capacidade de carga da região, devidamente integrados. O

da Ilha Grande, em fase inicial, deve ser aprimorado e replicado para o resto da APA Tamoios.

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Retirar da minuta do decreto a exigência de que o estudo de

capacidade de carga deverá ficar a cargo do empreendedor, como condição para aprovação de projetos. Isto é obrigação do estado.

Deve-se criar força tarefa para equacionar as pendências jurídicas e estudar a situação

legal das áreas abrangidas pela APA Tamoios.

No mínimo, foi equivocada a elaboração da lista de praias da Ilha Grande a serem

transformadas em ZITH sem a devida atenção aos detalhes peculiares de cada uma delas. Existem casos de: presença de Termos de Ajuste de Conduta (TAC), desaprovação de projetos para construção de bangalôs, impossibilidade de doação de áreas para as comunidades do entorno, existência de impedimentos legais para construção, confirmação de áreas consideradas ambientalmente frágeis, etc. Sem esses cuidados estamos assistindo uma já esperada “corrida do ouro”.

A escolha de áreas pelo aplicativo Google não nos parece que tenha sido a mais correta.

Tecnicamente duvidosa, a escolha necessitaria de estudos e exames mais rigorosos e permanentes.

Page 18: Parecer dos conselheiros da APA Tamoios

! 18 Os conselheiros signatários do presente

desaprovam a utilização dos conceitos de ZITH e de ZIRT no zoneamento da APA Tamoios e recomendam

seu descarte

Corrigir e detalhar o documento Sistematização das Propostas para Retificações do

Zoneamento da APA de Tamoios, a começar pelo seu nome que deve passar para

Sistematização do Zoneamento da APA de Tamoios. Considerando o estado de conservação das praias da Tapera e Sitio Forte, na Ilha Grande,

alterar as suas tipologias de ZOC para ZOR.

Manter a tipologia do trecho entre a praia da Júlia e do Abraãozinho como ZOR

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Não faz sentido a idéia de trocar a lógica da responsabilidade pela da impunidade

As áreas classificadas no atual zoneamento como Zona de

Vida Silvestre (ZVS) e Zona de Conservação da Vida Silvestre (ZCVS) representam as zonas de maior relevância ambiental e que somadas, cobrem a maior parte das costeiras e das ilhas, inclusive continente

PROPOMOS TAMBÉM QUE:

As áreas objeto de autuações e Ações Civis Públicas por desrespeito ao zoneamento

ambiental vigente devem ser mantidas em categoria de zoneamento similar e que a celebração dos Termos de Ajustamento de Conduta (TAC) sejam apenas e tão somente no sentido de recuperar os danos causados, sendo submetidos ao plenário do Conselho Gestor da APA Tamoios e nele incluídas obrigatoriamente contrapartidas para estruturação da referida unidade de conservação.

Nos Planos de Ação do Plano de Manejo da APA Tamoios sejam adotadas políticas de

recuperação das áreas com pequenos e médios graus de degradação.

Nas ilhas sejam terminantemente proibidos o parcelamento do solo destinados a

condomínios ou loteamentos.

Page 20: Parecer dos conselheiros da APA Tamoios

! 20 Onde se caracterizar inadequação do zoneamento anterior ou que se constate

degradações decorrentes de uso coletivo ou natural, que se adote o conceito de Zona de Ocupação Controlada (ZOC) ou similar, e que para este caso formar um grupo de trabalho no âmbito do Conselho Gestor para definir as normas a serem adotadas.

Todas as áreas legalmente protegidas (declivosas, costões rochosos, manguezais,

estuários, restingas, etc) tenham seu zoneamento incluído na classe de maior restrição possível.

A cabotagem seja estimulada na Ilha Grande como forma de melhor atender a seus

moradores e distribuir os visitantes.

Para o novo zoneamento do continente e demais ilhas, incorporamos a seguinte proposta:

PARA O CONTINENTE

Localidade atual proposta mudar para

Piraquara de Fora até Ponta Arame ZVS ZIT ZC Saco da Piraquara de Dentro (Ponta Fortaleza até Ponta do Pasto) ZVS ZIRT ZC Frade (área limitada entre rio Ambrósio e rio Gratau) ZCVS ZIRT ZC Quitumba ZCVS ZOC ZC Praia do Recife ZCVS ZIRT ZOR Ilha do Major ZVS ZIRT ZC Enseada do Ariró (Porto Marisco a Ponta da Itanema) ZVS ZOR ZP Rio Florestão ZVS ZIT ZOR Manguezal da Gamboa do Belém ZCVS ZOC ZC

Estrada do Contorno entre o condomínio depois do Tanguá e Hotel Pestana ZVS ZIRT ZC

Estrada do Contorno (Ponta entre o Hotel do Tanguá e o condomínio depois do Tanguá). Alça da ponta ZVS ZOC/ZIRT ZC

Estrada do Contorno (Entre a Praia da Figueira e praia do Hotel do Tanguá) ZVS ZOC ZC Ponta da cidade ZCVS ZOC ZC Ponta do Camorim até Praia Bexiga ZOC ZOC ZC Entre Itapiocanga até Maciéis ZCVS ZIT ZC

PARA AS ILHAS

Localidade atual proposta mudar para

Gipóia (da prainha da fazenda até a Ponta da Maresia) ZCVS/ZVS ZIRT ZP Gipóia (Praia das Amendoeiras na face externa) ZCVS ZIRT ZP Gipóia (Demais áreas de ZIT) ZCVS/ZVS ZIRT ZOR

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! 21 Ilha Cunhambebe Grande ZVS ZP ZP

Ilha Itanhangá ZVS/ZCVS ZOR ZC/ZOR (na sela)

Ilha Brandão ZCVS ZOR (nas bordas) ZP

Ilha do Major ZVS ZIT ZOR Ilha do Maná ZCVS ZIT ZC Ilha do Aleijado ZCVS ZIT ZC Ilha Cunhambebe Mirim ZCVS ZIRT ZOR Ilha do Japão ZCVS ZIRT ZC Ilha do Pimenta ZVS ZIRT ZP Ilha Redonda ZCVS ZIT ZOR Ilha dos Porcos (Japuíba) ZCVS ZIT ZP Ilha do Arroz ZCVS ZIT ZOR Ilha do Aterrado ZCVS ZIT ZC Ilha do Cabrito ZCVS ZIT ZC Ilha do Maia ZCVS ZIT ZC Ilha Francisca ZCVS ZIT ZOR Ilha dos Coqueiros ZCVS ZIT ZC

Disposições transitórias

Disponibilizar a minuta do Plano de Manejo e respectivos

mapas para o Conselho Gestor com a devida urgência. Se for preciso, criar força tarefa para trabalhar na confecção dos mapas.

Como já demonstrado por técnicos, especialistas e pesquisadores, a Baía da Ilha Grande

apresenta uma coleção ambiental rica, mas que vem sendo ameaçada com o empobrecimento gradativo de sua diversidade biológica. Ao aumento de sua atividade antrópica, corresponderá fatalmente uma maior taxa de decrescimento ecológico, resultado, dentre outras formas, por exemplo, de uma menor dispersão de sementes pela já exaurida fauna.

Page 22: Parecer dos conselheiros da APA Tamoios

! 22 Propomos ainda: Acelerar a ampliação do Parque Estadual da Ilha Grande e retirar desde já, do zoneamento

da APA Tamoios as áreas previstas para a referida ampliação

Disponibilizar as atas das reuniões do Conselho Gestor de 29/02/2012, 22/03/2012 e

19/04/2012.

Incluir no glossário do decreto o real significado do termo “estudos de capacidade de

carga do empreendimento”.

Dar curso aos trabalhos voltados para a recuperação de áreas de risco geológico da APA

Tamoios, aí incluída a Ilha Grande.

Buscar alternativa legal a ser aplicada em eventuais impedimentos de direito, em nome do interesse coletivo, que regulamente o direito de construção ou o potencial construtivo permitido por lei, transferindo-o para outras áreas e fazendo jus às eventuais contrapartidas. Promover consultas jurídicas sobre a viabilidade dessa iniciativa.

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Considerações finais

O prazo de 240 dias para que alegadas divergências no âmbito do Conselho sejam

resolvidas é uma falácia. Seu estabelecimento de forma unilateral, inapropriada e intempestiva pelo Exmo Sr. Secretario Estadual de Meio Ambiente desrespeitando o Conselho Consultivo compromete todo este longo e rico processo de aprendizado e decisão.

Reiteramos nosso pesar ao órgão ambiental estadual pela sua postura autoritária e equivocada

Manter essa proposta gerará um profundo desgaste não só às relações amistosas existentes

entre todos mas, sobretudo, e principalmente, à gestão ambiental, sempre frágil diante das forças econômicas e que provocará um esvaziamento no processo decisório e em questionamentos quanto a sua validação. Tememos pelo desmonte de profícuas parcerias.

As entidades não se propõem a discutir o “onde” mas sim sobre o “porque” das zonas de

interesse turístico, estas de fundo conceitual e aquelas de natureza geográfica

Estimulados pela bem sucedida política do

cumpra-se, com todo o respeito que nos cabe,

insistimos para que, em relação à Ilha Grande se publique o zoneamento como aprovado pelo Conselho Gestor em

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! 24 2010. Para as demais áreas, que sejam concluídas as revisões em curso no Conselho e que se estabeleça um prazo mínimo de cinco anos para que as todos os estudos requeridos sejam efetivamente realizados. São eles necessários e suficientes ao processo decisório que se impõe, devidamente qualificado e para que as mudanças possam acontecer com a devida cautela e segurança. A nosso ver, para melhor.

Finalmente, esperamos das autoridades a defesa do patrimônio ambiental

contra o assédio daqueles que colocam seus interesses econômicos acima dos da preservação e conservação e do interesse coletivo.

Em ordem alfabética:

Associação Curupira de Guias e Condutores de Visitantes da Ilha Grande

Associação de Moradores de Araçatiba

Associação de Pousadas da Enseada do Banal e Sítio Forte - APEB

Associação dos Meios de Hospedagem da Ilha Grande – AMHIG

Comitê de Defesa da Ilha Grande - CODIG

Instituto Ambiental Costa Verde – IACV

Liga Cultural Afro-brasileira

Palma Editora – Jornal O ECO

Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro – SINDIPETRO-RJ

Sociedade Angrense de Proteção Ecológica – SAPÊ