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    Presidente da Repblica Federativa do BrasilLuiz Incio Lula da Silva

    Ministro do Desenvolvimento Social e Combate FomePatrus Ananias de Sousa

    Secretria Executiva

    Mrcia Helena Carvalho Lopes

    Secretrio Executivo AdjuntoJoo Domingos Fassarel la

    Assessora Especial do Fome ZeroAdriana Veiga Aranha

    Secretrio Nacional de Assistncia SocialOsvaldo Russo de Azevedo

    Secretria Nacional de Renda de CidadaniaRosani Evangelista Cunha

    Secretrio de Avaliao e Gesto da InformaoRmulo Paes de Sousa

    Secretrio de Segurana Alimentar e NutricionalOnaur Ruano

    Secretria de Articulao Institucional e ParceriasHeliana Ktia Tavares Campos

    Esta uma publicao da Secretaria de Articulao Institucional e Parcerias do Ministrio doDesenvolvimento Social e Combate Fome

    Secretria de Articulao Institucional e ParceriasHeliana Ktia Tavares Campos

    Diretora do Departamento de Articulao e Mobilizao SocialMaria de Ftima Abreu

    Diretor do Departamento de Articulao GovernamentalMarcus Vincius da Costa Villarim

    Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate FomeSecretaria de Articulao Institucional e Parcerias

    http://www.desenvolvimentosocial.gov.brFome Zero: 0800-707-2003

    Assessoria de Comunicao Social do Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate FomeChefe da Ascom: Roberta CaldoEsplanada dos MinistriosBloco C 5 andar70.046-900 Braslia DF

    Tel: (61) 3433-1021www.desenvolvimentosocia [email protected]

    http://www.desenvolvimentosocial.gov.br/http://www.desenvolvimentosocial.gov.br/mailto:[email protected]:[email protected]://www.desenvolvimentosocial.gov.br/http://www.desenvolvimentosocial.gov.br/
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    Os autores so responsveis pela escolha e apresentao dos fatos contidos neste livro, bem comopelas opinies nele expressas, que no so necessariamente as da UNESCO, nem comprometem aOrganizao. As indicaes de nomes e a apresentao do material ao longo deste livro no implicama manifestao de qualquer opinio por parte da UNESCO a respeito da condio jurdica dequalquer pas, territrio, cidade, regio ou de suas autoridades, nem tampouco a delimitao desuas fronteiras ou limites.

    Conselho Editorial da UNESCO no BrasilVincent DefournyBernardo Kliksberg

    Juan Carlos TedescoAdama OuaneClio da Cunha

    Comit para a rea de Cincias Sociais e HumanasCarlos Alberto VieiraMarlova Jovchelovicth NoletoRosana Sperandio

    Redao:Amundsen Limeira, Ana Paola Valente, Camila Bini, Patrcia Saldanha, Regina Mamede,Tasa Ferreira

    Diagramao: Fernando BrandoAssistente Editorial:Larissa Vieira LeiteProjeto Grfico:Edson FogaaFotos:Ana Torres, Carol Quintanilha, Jaciara Aires, Jos Martins, Marcelo Botelho/Obrito News,

    Bruno Spada/MDS

    Jornalista Responsvel: Roberto Baraldi

    Parcerias por um Brasil sem fome e mais justo: sociedade, empresas e governo juntos para gerar

    renda e dignidade. Braslia: MDS, UNESCO, 2006.

    136p.

    BR/2006/PI/H/8

    1. Justia Social Desenvolvimento Socioeconmico Parcerias Brasil 2. Distribuio de

    Renda Desenvolvimento Socioeconmico Parcerias Brasil 3. Fome Desenvolvimento

    Socioeconmico Parcerias Brasil 4. Desigualdade Social Parcerias Brasil

    5. Desenvolvimento Socioeconmico Brasil I. Brasil. Ministrio do Desenvolvimento Social e

    Combate Fome II. UNESCOCDD 303.372

    MDS, UNESCO, 2006

    Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a CulturaRepresentao no BrasilSAS, Quadra 5, Bloco H, Lote 6, Ed. CNPq/IBICT/UNESCO, 9 andar70070-914 - Braslia - DF - Brasil

    Tel.: (55 61) 2106-3500Fax: (55 61) 3322-4261Site: www.unesco.org.brE-mail: [email protected]

    http://www.unesco.org.br/mailto:[email protected]:[email protected]://www.unesco.org.br/
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    Apresentao ................................................................................................... 7

    Fortalecendo redes para a responsabilidade social ...................................... 9

    Trabalho e renda para as famlias pobres .................................................... 11

    Fome Zero ...................................................................................................... 13

    Responsabilidade Social Instituto Ethos .................................................... 17

    DIAGNSTICO, MOBILIZAO E ARTICULAO DE PARCERIAS

    Um Brasil para brasileiros ............................................................................. 23COEP

    Energia que vem da terra ............................................................................. 27Eletrosul

    Parceria contra a pobreza ............................................................................ 33Chesf

    FORMAO E CAPACITAO PARA O TRABALHO

    Saindo do silncio .......................................................................................... 39Furnas

    Frmula de vida ............................................................................................. 45INT

    Tece e acontece ............................................................................................. 51ABIT

    APOIO INSTITUCIONALIZAO (Associativismo e Cooperativismo)

    Ilha Viva, Serto Vivo ..................................................................................... 57Eletronuclear

    Na ponta dos dedos ...................................................................................... 63Pastoral da Criana

    Contra a violncia........................................................................................... 69Fiocruz

    SUMRIO

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    INFRA-ESTRUTURA E LOGSTICA DE PRODUO

    Peixe na rede ................................................................................................. 77

    Eletronorte

    ACESSO A CRDITO

    Donos da prpria histria .............................................................................. 85

    Banco do Brasil

    Aposta no micronegcio ................................................................................ 93

    Banco do Nordeste do Brasil

    COMERCIALIZAO

    Caras do Brasil .............................................................................................. 99Po de Acar

    Texturas, cores e histrias .......................................................................... 103

    Caixa Econmica Federal

    ASSISTNCIA TCNICA

    Molhar a terra .............................................................................................. 111

    Petrobras

    A fora do empreendedorismo .................................................................... 115

    Sebrae

    ACESSO GUA E ALIMENTAO

    O milagre da gua ....................................................................................... 123

    ASA/Febraban

    O prato do povo........................................................................................... 127

    Coca-Cola

    DOADORES EVENTUAIS

    Guitarras, telas, remdios e alimentos ....................................................... 133

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    APRESENTAO

    Senhores e Senhoras,

    Em junho de 2006 o Governo Federal atingiua meta prevista de 11,1 milhesde famlias atendidas pelo Programa Bolsa Famlia, ou seja, a quase totalidadedos pobres brasileiros contabilizados oficialmente pelo IBGE esto tendo umacrscimo mdio em sua renda de cerca de vinte por cento por meio detransferncias financeiras. uma vitria a se comemorar na luta contra a fomee a misria no Brasil. Ainda assim, em razo da enorme dvida social, essa luta apenas a ponta de um grande iceberg, diante do desafio de trazer ao pas o

    verdadeiro desenvolvimento que pressupe e integra a justia social.

    O grande emblema dessa luta o Fome Zero, um conjunto de aesgovernamentais e no-governamentais e de polticas pblicas que visam asseguraro direito humano alimentao adequada por meio da promoo da seguranaalimentar e nutricional e esto vinculadas busca da erradicao da extremapobreza e da conquista da cidadania para a populao mais pobre. O FomeZero foi criado pelo Governo Federal em 2003, mas conseqncia de umaluta, cujo marco inicial o Movimento pela Cidadania Contra a Fome,encabeado pelo saudoso socilogo Herbert de Souza, o Betinho, e se desdobracom o trabalho incansvel de toda a sociedade civil: de empresrios amovimentos sociais.

    Com a criao, h dois anos e meio, do Ministrio do DesenvolvimentoSocial e Combate Fome, o Governo Federal assumiu a tarefa de conduzir oFome Zero como poltica pblica, coordenando as aes governamentais egerenciando as parcerias no-governamentais. um processo permanente, noqual fundamental contar com a participao e a contribuio da sociedadecivil. OBrasil est avanando na luta contra a fome e contribuindo para que asfamlias que so o foco do trabalho de proteo e promoo social direitorepublicano e constitucional tenham tambm o direito emancipao.

    O maior desafio agora fortalecer as aes e os programas de gerao de

    trabalho e renda, desenvolvidos justamente para que se consiga a emancipaodas famlias pobres. J houve um avano fundamental: a criao do cadastronico das famlias necessitadas. Com ele, e por meio dele, possvel focalizarmelhor o pblico beneficirio dos programas de incluso social, propiciando aconcentrao de esforos nas parcerias com o setor privado, garantindo umalinhamento estratgico com as polticas pblicas formuladas, de forma a darsustentabilidade a todas as aes, tanto as de iniciativa do governo como as de

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    iniciativa privada. Isoladas, essas aes no tm continuidade, muito menos oalcance desejado. Sem essa continuidade, e privadas da escala necessria paracrescer e se fortalecer, elas deixam de atender o objetivo maior: transformardefinitivamente essa realidade.

    E com esse objetivo fazer a diferenapara essas pessoas e essas regies

    que todos esto convidados a melhor conhecerem as polticas pblicas quecompem a estratgia Fome Zero e as experincias bem sucedidas de algunsdos parceiros j institudos. Governo Federal e sociedade unidos podempotencializar todas essas aes e transformar iniciativas, muitas vezesdesarticuladas, em grandes projetos que resultem na formao de associaes,cooperativas e de sociedades ativas fortalecendo a incluso produtiva e aeconomia solidria.

    Assim, ser possvel dar mais um passo para a emancipao das famliaspobres, depois de garantida a segurana alimentar que resgata sua dignidade.

    Um passo que deixa o Brasil cada vez mais prximo da conquista civilizatriapela qual nosso pas luta, alinhando o fim da misria e da fome com aemancipao e a promoo social, resgatando a auto-estima dos pobres,preservando-lhes as famlias e transformando a nossa realidade.

    Patrus AnaniasMinistro de Estado do Desenvolvimento Social e Combate Fome

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    FORTALECENDOREDESPARAARESPONSABILIDADESOCIAL

    com grande satisfao que a UNESCO publica em parceria com oMinistrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome, por meio daSecretaria de Articulao Institucional e Parcerias, experincias de parceriasbrasileiras em polticas pblicas de corte social.

    A publicao em questo uma iniciativa da rea de Cincias Humanas eSociais (Desenvolvimento Social) da UNESCO no Brasil. Assim, ao mesmotempo em que reconhece o valor dessas experincias de parcerias na reasocial, a rea de Cincias Humanas e Sociais no Brasil coloca em prtica umade suas principais misses: a de expandir o conhecimento e promover acooperao intelectual a fim de facilitar transformaes sociais alinhadas com

    os valores universais de justia, liberdade e dignidade humana.No caso desta publicao, os esforos em favor das transformaes sociais

    podem ser verificados de vrias formas, e com o envolvimento dos maisdiferentes parceiros, todos igualmente importantes para o sucesso dasiniciativas desenvolvidas pelo MDS e os expressivos resultados alcanadosat o momento.

    Parte desse sucesso encontra nos prprios atores internos do MDS suasrazes de ser. Exemplo disso est na Secretaria de Articulao Institucional eParcerias SAIP, que tem como um de seus principais objetivos dar

    visib ili dade s aes de pa rcerias do Mini st rio e amplia r sua s redes deparceiros. Assim, contribui para o fortalecimento das polticas pblicas decombate fome e incluso social e refora o trabalho articulado, integrado ecoordenado com outros parceiros, governamentais e no-governamentais,potencializando os resultados positivos do conjunto de polticas sociaisbrasileiras.

    Promover o desenvolvimento social no Brasil tarefa sobretudo do poderpblico. Entretanto j no h mais dvidas de que a contribuio de diferentesatores fundamental. Terceiro setor, iniciativa privada e a sociedade civilpodem e devem contribuir para que os resultados de polticas pblicas possamser ainda mais significativos e ganhem escala e potencial de replicabilidade.

    Esta publicao traz agora alguns exemplos de como a ampla rede deparceiros do MDS, que j ultrapassa a marca de cem colaboradores advindosdo governo, sociedade civil e da iniciativa privada , se trabalhados de formaeficiente e coordenada, pode produzir benefcios ao maior nmero possvelde brasileiros em situao de vulnerabilidade e risco social.

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    Para a UNESCO motivo de orgulho estar associada a esse tipo deiniciativa, que refora a importncia e o indiscutvel papel da responsabilidadesocial no Brasil, articulado a um trabalho comprometido da Secretaria de

    Ar ti cu la o Ins ti tucional e Parce ri as na busca por caminhos que possamampliar as oportunidades e reduzir a pobreza no pas.

    Mais uma vez, a UNESCO est convicta de que dividir as experinciasaqui relatadas com toda a sociedade brasileira e com outras naes podecontribuir para multiplicar os frutos positivos produzidos pelo MDS e pelogoverno brasileiro com a fundamental participao de segmentos diversos dasociedade brasileira.

    Vincent DefournyRepresentante da UNESCO no Brasil a.i.

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    TRABALHOERENDAPARAASFAMLIASPOBRES

    Um esforo vigoroso para gerar de forma sustentvel trabalho e renda paraas famlias pobres, vulnerveis, beneficirias de programas sociais, est em cursono Brasil . Desafio complexo, que depende de muitas iniciativas, daresponsabilidade de diferentes atores governamentais, empresariais e demobilizao social. Por essa razo, em janeiro de 2003, ao lanar a estratgiaFome Zero, o Governo Federal definiu que ela seria de responsabilidade dosgovernos e de toda a sociedade brasileira.

    Erradicar a fome no Brasil, com aes urgentes e estruturantes mais que umcompromisso de governo, um propsito de nao. At que todos cidados ecidads brasileiros(as) possam ter em sua mesa trs refeies dirias e, ao mesmo

    tempo, apoio em atividades de incluso produtiva, de gerao de trabalho paraobterem uma renda digna, deve haver mobilizao em massa dos diversos atoressociais. preciso ir fundo na raiz dos problemas para que as solues sejameficazes e sustentveis. Para tanto, h que se consolidar mudanas culturais,enfrentar preconceitos e acreditar que uma outra realidade possvel. O Brasilno pode continuar como um dos campees mundiais de desigualdade social.

    O esforo de transferncia de renda, por meio do Bolsa Famlia e outrosprogramas governamentais e aes estruturantes de gerao de emprego,trabalho e renda tm dado um impulso reduo dessa desigualdade. preciso,no entanto, reforar essas aes. E se h algo que mobiliza a sociedade brasileira

    o apelo para uma ao coletiva e solidria. O objetivo desta publicao mostrar como vrias instituies se comprometeram com esse desafio e,sobretudo, estimular a ampliao delas, alm de buscar novas parcerias emprojetos transformadores e comprometidos com o processo de promoo edesenvolvimento social.

    Na mobilizao de parcerias, o Ministrio do Desenvolvimento Social eCombate Fome (MDS), por meio da Secretaria de Articulao Institucional eParcerias (Saip), tem exercido uma funo de arregimentador, receptor earticulador das doaes ao Fome Zero. Busca-se, sobretudo, privilegiar asparcerias em projetos estruturantes de gerao de trabalho e renda para as

    famlias pobres, com foco especial nos grupos indgenas, quilombolas, populaode rua, catadores e acampados.

    So mais de cem parceiros estratgicos certificados, que desenvolvem aesestruturantes, incluindo empresas pblicas e privadas, entidades da sociedadecivil, entidades internacionais e uma pessoa fsica. Dentre estes, cerca de quarentaso parceiros que desenvolvem aes que contribuem efetivamente para agerao de trabalho e renda e desenvolvimento local sustentvel.

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    Nesta publicao, so apresentadas algumas dessas iniciativas, reunidas deacordo com sua maior afinidade com os eixos temticos considerados essenciaispara a sustentabilidade das aes de gerao de trabalho e renda: diagnstico,mobilizao e articulao de parcerias; formao e capacitao para o trabalho;associativismo e cooperativismo; infra-estrutura e logstica de produo; acessoa crdito; comercializao e assistncia tcnica. H tambm um eixo especficode aes que viabilizam o acesso gua e alimentao, alm do destaque paraas principais aes de doadores Fome Zero, parceiros eventuais mobilizadosdesde 2003.

    Ao ler as histrias e depoimentos aqui publicados, o leitor perceber que hbeleza e esperana no brasileiro e no Brasil. Perceber tambm que, sozinhos,governos, empresas, movimentos sociais, religiosos, Ongs e cidados no serocapazes de promover a mudana definitiva. preciso a articulao de todos emuma Rede de Proteo e Promoo Social na busca por esta to sonhadasociedade justa, fraterna e solidria.

    Voc nosso convidado para ler cuidadosamente estes registros, se emocionarcom depoimentos como o de dona Margarida que, aos 58 anos, virou artes em

    Angra dos Reis (RJ) e confirma que ganhou alma nova. Os leitores perceberoque seu papel, de sua empresa, de sua instituio, fundamental. As conquistasso muitas, mas preciso muito mais, preciso ir alm do bojador.

    Estimulamos voc a participar deste processo civilizatrio e ajudar o nossoBrasil a conquistar um ttulo que possa ir alm do pas apaixonado pelo futebol.Um pas apaixonado e obcecado pela busca da igualdade social, com respeitos diferenas. Um Brasil sem fome e mais justo.

    Heliana Ktia Tavares CamposSecretria de Articulao Institucional e Parcerias MDS

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    FOME ZERO

    No Brasil, a pobreza associada s desigualdades sociais configura um quadrode insegurana alimentar. Por isso, o desafio assumido pelo governo Lula, em2003, foi integrar e articular as aes pblicas visando acabar com a fome e, aomesmo tempo, enfrentar os problemas da pobreza e da desigualdade.

    Face a esse desafio foi lanado o Fome Zero, uma estratgia impulsionadapelo governo federal para assegurar o direito humano alimentao adequadas pessoas com dificuldades de acesso aos alimentos. Tal estratgia se insere napromoo da segurana alimentar e nutricional buscando a incluso social e aconquista da cidadania da populao mais vulnervel fome.

    A atuao integrada dos ministrios que implementam polticas fortementevinculadas s diretrizes do Fome Zero Desenvolvimento Social e Combate Fome, Desenvolvimento Agrrio, Sade, Educao, Agricultura, Pecuria e

    Abastecimento, Traba lho e Emprego, Cincia e Tecnol ogia, IntegraoNacional, Meio Ambiente, Fazenda, Justia e a Secretaria Especial de Polticasde Promoo da Igualdade Racial possibilita uma ao planejada e articuladacom melhores possibilidades de assegurar o acesso alimentao, a expansoda produo e o consumo de alimentos saudveis, a gerao de ocupao erenda, a melhoria na escolarizao, nas condies de sade, no acesso aoabastecimento de gua, tudo sob a tica dos direitos sociais e de cidadania.

    Dessa forma, os princpios do Fome Zero tm por base a integrao das aesestatais nas trs esferas de governo; o desenvolvimento de aes conjuntas entreo Estado e a sociedade; a superao das desigualdades econmicas, sociais, degnero e raa; e a articulao de medidas emergenciais com aes estruturantes.

    Hoje, h um reconhecimento pela sociedade brasileira de que ao inserir comprioridade o tema da fome na agenda poltica nacional, o Fome Zero contribuiuefetivamente para a consolidao de aes pblicas em alimentao e nutriono Brasil. Isso pode ser traduzido pelos impactos positivos dos programas eaes desenvolvidos, muitos em parceria com a sociedade, assim como pelo

    projeto de lei que cria o Sistema de Segurana Alimentar e Nutricionalencaminhado para a apreciao do Congresso Nacional em 2005.

    O Fome Zero possibilita repensar a ao pblica. Quanto mais garantida aintegrao das reas envolvidas mais estimuladas as parcerias e melhorpromovidos os canais de participao social, maior a possibilidade deconsolidao da Poltica de Segurana Alimentar e Nutricional.

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    Desde 2003, o Governo Federal j investiu mais de R$ 27 bilhes no FomeZero, aplicados em quatro eixos articuladores: Acesso aos Alimentos,Fortalecimento da Agricultura Familiar, Gerao de Renda e Articulao,Mobilizao e Controle Social.

    Um balano dos principais programas e aes integrantes desses eixos

    apresenta resultados expressivos, como podemos ver adiante.O Bolsa Famlia, maior programa de transferncia de renda do pas, atende

    mais de 11 milhes de famlias, atingindo a meta de atender os cerca de 50milhes de brasileiros que em 2003 viviam em situao de pobreza e extremapobreza. Com isso, 94% das crianas passaram a fazer mais de trs refeiesdirias, com melhoria na quantidade e qualidade dos alimentos consumidos eaumento no consumo de frutas, leite, macarro e carne, de acordo com pesquisarealizada pelo DataUFF e UFBA em 2006.

    O Programa Nacional de Alimentao Escolar (PNAE) oferece pelo menosuma refeio diria de qualidade para cerca de 37 milhes de crianas eadolescentes nas escolas pblicas, sobretudo com aumento de 70% do valorrepassado por dia para cada criana e adolescente.

    O Programa de Alimentao do Trabalhador (PAT) beneficia oito milhesde trabalhadores no mercado formal, que recebem auxlio financeiro especficopara refeies e aquisio de alimentos.

    O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf)vem beneficiando desde 2003 quase 1,65 milho de famlias de trabalhadoresrurais, inclusive assentados da reforma agrria. Outro exemplo de promoode gerao de renda no campo e aumento da produo de alimentos para o

    consumo o Programa de Aquisio de Alimentos (PAA), que compra aproduo do agricultor familiar e fornece os alimentos a entidades sociais e agrupos em situao de vulnerabilidade.

    Com a criao do Frum Nacional de Economia Solidria e dos 27 frunsestaduais em funcionamento e oferta de R$ 2 bilhes em recursos para omicrocrdito produtivo, o Fome Zero incentiva a gerao de trabalho, empregoe renda e desenvolve aes de qualificao da populao pobre no sentido decontribuir para a sua insero no mercado de trabalho.

    Outra importante ao foi o financiamento para implantao de 2.244

    Centros de Referncia da Assistncia Social, em mais de 1.600 municpios detodo o Brasil, com atendimento preferencial para as famlias de maiorvulnerabil idade social .

    O Fome Zero tambm inclui programas inovadores como a construo decisternas no semi-rido brasileiro; os restaurantes populares instalados nosgrandes centros urbanos; e os bancos de alimentos, alm de levar populaoinformaes sobre hbitos alimentares saudveis.

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    PARCERIAS POR UM BRASIL SEM FOME E MAIS JUSTO

    De acordo com a PNAD/IBGE 2004, entre 2003 e 2004 a misria caiu 8%no Brasil, com mais de 3 milhes de pessoas deixando de ser extremamentepobres. A desigualdade de renda ainda muito alta, mas nunca foi to baixadesde que comeou a ser medida, em 1976.

    Por meio da integrao interministerial, o governo federal articula polticas

    sociais com estados e municpios e, com a participao da sociedade, implementaprogramas e aes que buscam superar a pobreza e, conseqentemente asdesigualdades de acesso aos alimentos em quantidade e qualidade, de formadigna, regular e sustentvel.

    A despeito de todas as dificuldades, o Programa vem conseguindo pr emprtica a utopia que um dia vrios cidados como Josu de Castro e Herbert deSouza sonharam para o pas: o Brasil est vencendo a fome!

    Adriana AranhaAssessora Especial do Fome Zero

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    RESPONSABILIDADESOCIAL Instituto Ethos

    Parceria a palavra-chave para enfrentar os profundos e graves problemassociais brasileiros. A opinio do empresrio Oded Grajew, presidente doInstituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e grande articulador doenlace entre governo e sociedade em aes de impacto social, como o FomeZero.

    O Brasil um pas com muitas e muitas carncias, mas tambm tem tudo oque precisa para acabar com todas as carncias. Produzimos alimentos e temosrecursos para acabar com tudo isso. S que sobra muito de um lado e faltamuito de outro. A parceria faz com que se juntem recursos que sozinhos nofariam nada, resume Grajew.

    O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social uma organizaono-governamental criada em 1998 com a misso de mobilizar, sensibilizar eajudar as empresas a gerir seus negcios de forma socialmente responsvel,tornando-as parceiras na construo de uma sociedade sustentvel e justa.Seus mais de mil associados empresas de diferentes setores e portes temcomo caracterstica principal o interesse em estabelecer padres ticos derelacionamento com funcionrios, clientes, fornecedores, comunidade,acionistas, poder pblico e com omeio ambiente.

    Nesta entrevista, Oded Grajewmostra como as prticas socialmenteresponsveis se difundiram entre asempresas e analisa as muitaspossibil idades de ao conjuntaentre governo e sociedade paraconstruir um pas mais justo.

    O que contribuiu para quetemas como responsabilidade

    social e parceria ganhassem tantodestaque na agenda de discussesdo Pas?

    Oded Grajew A volta democracia, sem dvida alguma.Com a volta democracia, a

    Oded Grajew do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos de

    Empresas e Responsabilidade Social

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    sociedade teve condies de se organizar. Surgiram as Ongs (Organizaes No-Governamentais), entidades de defesa dos direitos do cidado, os sindicatos puderamse estruturar melhor. Consequentemente, a liberdade de Imprensa permitiu que asinformaes passassem a circular mais, abrindo espao para questionamento dopoder empresarial. As empresas, por seu lado, tiveram ento que se preparar pararesponder a essas demandas e presses...

    Quanto mais democracia maior a resposta das empresas questo social?

    Oded Grajew Exatamente. Com democracia, as informaes circulam mais,voc acaba ficando mais exposto, mais transparente. No exterior, as questesrelacionadas a meio ambiente, por exemplo, esto sob regulamentaes, leis, normas,que foram o empresariado a responder tambm a essas demandas. Em um ambientecompetitivo, as companhias dependem cada vez mais das pessoas, da qualidade doseu quadro de pessoal. fundamental para o empresrio ter um pessoal engajado,

    trabalhando motivado, porque o diferencial entre as empresas hoje em dia no soas mquinas nem os produtos, que se tornaram bem similares. Os fatores demudana so vrios: presso, demanda, transparncia, expectativas, organizaoda sociedade, tecnologia... Por isso mesmo, atrair e reter talentos tornou-se questoestratgica. Ento, responsabilidade social significa tratar bem as pessoas. Sendoassim, o importante cuidar da imagem, que por sua vez tem a ver como a empresase comporta e convive com o seu entorno.

    Quer dizer que as empresas esto tratando melhor da questo social?

    Oded Grajew Certamente!

    Qual o papel do Instituto Ethos nesse processo?

    Oded Grajew Nosso papel foi levar a questo social empresarial a um outropatamar. Afastar o sentimento geral de que mais uma ao filantrpica.Introduzimos a responsabilidade social na gesto da empresa, porque no adiantater uma ao social com alguma comunidade carente e no tratar bem os seusfuncionrios, no se preocupar com a educao dos filhos dos seus funcionrios, se

    meter com corrupo, jogar lixo industrial nos rios e enganar o consumidor. Issono responsabilidade social. Mas a responsabilidade social empresarial passou aocupar lugar estratgico na empresa, agora servida de ferramentas de gesto forjadasespecialmente para medir, avaliar, planejar, fazer um check up completo da empresa.Nosso papel, portanto, mostrar como as empresas podem encurtar o caminhopara chegar a uma sociedade economicamente sustentvel e mudar de patamar,sair da fase da reflexo do agir sobre o efeito, para a de tentar agir sobre as causas.

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    PARCERIAS POR UM BRASIL SEM FOME E MAIS JUSTO

    O sr. considera que esse novo patamar foi alcanado?

    Oded Grajew Alcanamos um novo patamar, sim. Em 1998, quando criamoso Instituto Ethos, o termo responsabilidade social era praticamente um senhordesconhecido de todo mundo. A gente tinha que ir aos meios de comunicaoexplicar o que isso queria dizer.

    Na prtica, em que resultou todo esse esforo?

    Oded Grajew Vrias empresas mudaram de patamar no relacionamento comseus diversos pblicos ao introduzir na sua agenda outros temas como diversidade,mulheres, negros e deficientes fsicos. Elas agora enxergam as aes sociais nocomo uma coisa que o presidente faz para agradar polticos, mas como aesestratgicas, focando e dimensionando resultados, profissionalizando o trabalho,debatendo e medindo os impactos ambientais. Muitas j trabalham sobre a cadeia

    produtiva, coisa que ningum fazia antes. Selecionam fornecedores com base emresponsabilidade social, colocando ao lado dos critrios econmicos, exignciascomo o fim do trabalho infantil, do trabalho escravo e registro dos funcionrios.

    Tambm mudou a convivncia com o pblico consumidor e exemplo disso so osSacs, os servios de atendimento aos consumidores. Outro indicador o tamanhodo nosso quadro de associados, que comeou com 11 empresas e hoje j passa demil empresas de todo o Brasil e de todos os tamanhos.

    Esse clima envolve todo mundo ou ainda est limitado s regies mais ricas

    do Pas?Oded Grajew Uns mais, outros menos, mas aos poucos vai se disseminado

    pelo Brasil.

    Onde o sistema de parceria se encaixa nesse processo?

    Oded Grajew Diversidade, tica, meio ambiente, direitos humanos,investimento social organizado, crescimento sustentvel, todos esses temas so umanovidade para a grande maioria das empresas. A parceria tornou-se fundamental

    para quem lida com questes desta ordem, seja muitas vezes com o governo, sejaoutras vezes com entidades sociais. No d para tratar sozinho de problemas comosade, drogas, gravidez na adolescncia, meio ambiente, reas indgenas. Tem quecombinar vontade e recursos com competncia. Para se ter uma idia, em doisanos, constitumos mais de 550 parcerias estruturadas para beneficiar a comunidade,no Estado de So Paulo. Isso quer dizer que as empresas tambm j perceberamque quanto melhor estiver a comunidade e o seu entorno, melhor para elas.

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    Qual a razo de to repentino interesse?

    Oded Grajew Porque parceria e responsabilidade social esto incorporadas lgica empresarial, que gerar lucro, competir pelo mercado. As estatsticasmostram que as empresas mais duradouras e mais lucrativas so aquelasapontadas como as mais socialmente responsveis. Se voc se comporta de forma

    irresponsvel, voc acumula passivos em vrias reas, como o passivo ambiental,por exemplo, que pode no aparecer no primeiro momento, mas uma horaacaba estourando de algum jeito.

    Quais, em sua opinio, os programas de parceria que mais se aproximamdo modelo proposto pelo Instituto Ethos?

    Oded Grajew Em minha opinio, a parceria mais fantstica at agora aformada pela Articulao do Semi-rido (ASA) do Nordeste com a Febraban,a Federao Brasileira dos Bancos. Os dois nunca tinham sequer ouvido falarum do outro e hoje esto juntos no Projeto de Construo de Cisternas, e quedeve se ampliar a cada ano. Outra parceria importante a que viabiliza o projetoQueroLer, que pretende montar bibliotecas em 1,2 mil municpios brasileirossem bibliotecas pblicas. uma parceria grande envolvendo empresa, governoestadual e governo municipal. As empresas doam o acervo e um computador;o governo do Estado treina a bibliotecria e o governo municipal seresponsabiliza pela manuteno. Nada disso seria possvel no fosse o programade parcerias.

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    Levantamento das potencialidades e carncias de cada

    local, mobilizando e articulando parceiros e atores locais

    em prol da gerao de trabalho e renda.

    DIAGNSTICO, MOBILIZAOE ARTICULAO DE PARCERIAS

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    PARCERIAS POR UM BRASIL SEM FOME E MAIS JUSTO

    UM BRASILPARA BRASILEIROS COEP

    O corpo frgil, debilitado pela hemofilia, tuberculose e Aids, no foi capazde derrotar uma vontade de ferro e uma determinao que transformaramHerbert de Souza, num dos maiores smbolos de resistncia deste pas.Betinho, como era conhecido, sempre recusou o papel de vtima. Ao contrrio,

    preferiu concentrar sua energia na defesa da cidadania e da dignidade dos queno tem voz.

    Com imensos olhos azuis e fala mansa, que transmitiam integridade,Betinho convenceu milhes de pessoas a olhar mais atentamente para oprximo ao lanar em junho de 1992, uma campanha para que os restaurantesdoassem a comida que era jogada fora para as comunidades carentes. Estaidia foi o ponto de partida para uma das mais impressionantes mobilizaespopulares do Brasil: a criao dos comits de Ao da Cidadania, conhecida

    Se enganam aqueles que pensam que ns estamos

    simplesmente querendo entregar comida a quem tem

    fome. ... Temos que ter vergonha dessa indiferena,

    dessa frieza, desse cinismo de alguns que acham

    que desenvolvimento uma coisa e gente outra.

    ... So 32 milhes de pessoas na indigncia. ...

    Tivemos que interpelar o governo, interpelar a

    sociedade e a conscincia de cada um. ... At hoje

    ns fizemos um Brasil para uma minoria; ns temos

    que saber se queremos produzir um Brasil para

    todos os brasileiros

    (Betinho, 1993).

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    como Campanha contra a Fome, ou simplesmente, Campanha do Betinho. Omovimento que comeou com 300 comits, um ano depois j contabilizavamais de cinco mil que receberam a doao de 25 milhes de pessoas.

    S a participao cidad capaz de mudar o pas, dizia Betinho. Estaconscincia de que a multiplicao de esforos a chave para resultados

    consistentes o levou a fundar no mesmo ano, em parceria com Andr Spitz eLuiz Pinguelli Rosa, o COEP Comit de Entidades no Combate Fome epela Vida. O balano do trabalho realizado nos ltimos quatorze anos, mostraque ele tinha razo. Da associao inicial com apenas 33 estatais, hoje fazemparte da rede mais de 850 entidades pblicas e privadas que trabalham emconstante troca com as 26 unidades estaduais do COEP, que comea agora amontar o mesmo modelo nos municpios.

    Betinho sempre defendeu a idia que a fome no Brasil se devia principalmente indiferena das elites que ignoravam a enorme populao socialmente excluda.

    Movido por essa convico, lanou o apelo para arrecadao de alimentos quefoi criticada por muitos setores pelo carter assistencialista. O slogan Quemtem fome, tem pressa tirou a fora deste argumento.

    As aes de carter emergencial ainda fazem parte da esfera de atuao doCOEP como, por exemplo, a campanha Natal Sem Fome que acontece desde1994, arrecadando sempre toneladas de alimentos no pas inteiro. No entanto,cada vez mais se multiplicam aes estruturais que podem modificar as condiesde pobreza e misria ao trabalhar para que comunidades carentes encontremcaminhos para a auto-sustentabilidade, com a implantao de projetos mltiplos

    como a educao, incluso digital, sade e gerao de trabalho e renda.Estes projetos ganham ainda mais consistncia com a troca permanente de

    experincia e complementaridade com a participao de empresas com perfisto diferentes como as de energia, desenvolvimento rural, instituiesfinanceiras, petrleo e comunicao, entre outras. O resultado prtico quecada uma pode usar sua experincia para desenvolver programas que podem irda montagem ou financiamento de cursos de alfabetizao ou artesanato; dacriao de um banco de leite materno ou a instalao de rede eltrica ou desaneamento.

    A sec ret r ia -execut iva do COEP, Gley se Pe ite r, resume a fi losof ia daorganizao: Ns criamos pontos de convergncia e construmos pontes. Ecom o tempo pudemos constatar que as empresas substituram o conceito defilantropia por uma postura mais profissional. E este parece mesmo ser umdos maiores orgulhos do COEP, o de ter sido a primeira organizao a implantarnas empresas brasileiras o conceito de responsabilidade social. E, ao assumir opapel de identificar e aproximar diferentes iniciativas multiplica a possibilidade

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    de xito na execuo de cada idia, baseado em trs diretrizes bsicas: fechandoparcerias, mobilizando empresas e entidades e estimulando a participao decada cidado.

    A transparncia da informao tambm tem contribudo enormemente paraa ampliao deste tipo de trabalho. O Banco de Dados (www.mobilizacao.org.br)

    j tem mais de 2500 projetos cadastrados. Nele, qualquer pessoa ou instituiopode divulgar o que est fazendo, as metas propostas, os resultados atingidos eas necessidades mais urgentes. O Banco, desta forma, funciona ao mesmo tempocomo uma fonte de idias e um poderoso instrumento de divulgao na buscapor patrocnio de empresas ou na busca de trabalho voluntrio.

    Com o objetivo de atuar de forma mais efetiva na transformao da realidadesocioeconmica de comunidades brasileiras de baixa renda, o COEP ampliouo seu campo de ao, e hoje aps 14 anos de existncia, permeia 3 nveis:estratgico, institucional e o comunitrio. No nvel estratgico, a rede temampliado sua participao em espaos/movimentos de discusso de questesde interesse pblico/polticas pblicas (exemplos: Consea, Movimento Nacionalpela Cidadania e Solidariedade, GT Parcerias Fome Zero, Apoio a SecretariaEspecial de Direitos Humanos etc). No nvel institucional, vem trabalhandopara a construo de uma rede de parceiros em todo o pas, onde cada entidadeassociada agrega sua competncia, recursos e ativos, viabilizando odesenvolvimento de projetos coletivos, e, no que tange s comunidades de baixarenda, trabalha na implementao de projetos de desenvolvimento comunitrio,

    visando sua incluso social, econmica e poltica.

    A tica tem que prevalecer. No podemos fingir que no vemos as

    estatsticas que refletem a enorme desigualdade social. De qualquer forma, maisdo que os nmeros, o que importa que a pobreza no pode ser ignorada,afirma Gleyse Peiter, com convico.

    PARA SABER MAIS

    COEP

    Comit de Entidades no Combate Fome e pela Vida

    www.coepbrasi l.org.br

    (21) 2528-3158

    http://www.mobilizacao.org.br/http://www.coepbrasil.org.br/http://www.coepbrasil.org.br/http://www.mobilizacao.org.br/
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    Conservar e limpar as reas sob as linhas de transmisso de energia eltricasempre foi uma dor de cabea para as empresas. Espao para plantar o quefalta para muitos agricultores incrementarem a renda da famlia. Doisproblemas, uma soluo perfeita: usar a rea ao longo das linhas para o cultivo

    de hortas comunitrias, nas regies urbanas, e de lavouras, na zona rural.Esse o caminho que est sendo adotado por vrias companhias eltricas,entre elas a Eletrosul Centrais Eltricas S.A. A empresa entra com a terra e,em troca, os produtores se responsabilizam pela conservao e vigilncia daslinhas. As duas partes saem lucrando e o combate fome e misria no Pasganha mais um aliado. O Programa Hortas Comunitrias j beneficiou maisde 660 famlilas nos quatro estados de atuao da Eletrosul (Santa Catarina,Rio Grande do Sul, Paran e Mato Grosso do Sul) desde que iniciou em 2003.

    Impulsionados pela parceria da empresa com o Fome Zero, os programas

    Hortas Comunitrias e Vamos Plantar comearam h quatro anos, no Paran.De l para c, foram produzidas 215 toneladas de alimentos e beneficiadas2.024 famlias carentes. A experincia do Paran, com as Hortas Comunitrias,nas regies urbanas, e o Vamos Plantar, na rea rural, pioneira dentro daEletrosul e foi expandida para os demais estados atendidos pela empresa: SantaCatarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.

    Os agricultores no ganham s o direito de usar a terra para plantar. AEletrosul limpa o solo embaixo das linhas de transmisso, facilitando o plantio,fornece sementes e combustvel para mquinas usadas no preparo do solo e,se necessrio, energia eltrica para irrigao. Tambm permite a captao edistribuio de gua para irrigao, d apoio tcnico para a implantao doprojeto e fiscaliza questes relacionadas ao uso do solo e meio ambiente. APrefeitura de Curitiba, parceira da Eletrosul no Hortas Comunitrias, elabora oprojeto agrcola e o levantamento topogrfico da rea e busca apoio junto aempresas privadas e instituies comunitrias para implementar as hortas ecumprir a legislao ambiental.

    ENERGIA QUE VEM DA TERRA Eletrosul

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    O Programa Hortas Comunitrias um dos 21 programas e aes de alcance

    social da empresa, envolvendo atividades que vo desde a alfabetizao eincluso digital, at programas para portadores de necessidades especiais,agricultura familiar, capacitao profissional e gerao de emprego e renda.O selo de Empresa Parceira do Fome Zero um reconhecimento da atuaosocial da Eletrosul e ao mesmo tempo um incentivo criao de novosprogramas que melhorem a vida das pessoas, avalia Jos Drumond Saraiva,Presidente Interino da Eletrosul.

    O RESULTADO

    Para os produtores, o Hortas Comunitrias significa uma melhora e tanto devida. o caso de Geralda de Oliveira Lcia, que mora na periferia de Curitiba:Antes eu trabalhava como diarista, em casa de famlia. Para mim compensamuito mais trabalhar na horta, porque, alm de ganhar quase a mesma coisaque no trabalho fora de casa, eu ainda posso cuidar de meu filho pequeno.

    Tomate , couve , cenoura e be te rraba, Geralda planta pa ra o consumo da

    O plantio de hortas comunitrias e lavouras sob as linhas de transmisso garante renda e alimentopara milhares de famlias

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    famlia. A alface, que produz mais rpido, ela vende parte nas quitandas dacomunidade e tambm para clientes que vm direto na horta. Em meses deboa produo, chega a tirar de R$ 250,00 a R$ 300,00. O marido, operador demquinas de terraplanagem, tambm ajuda com a horta nos finais de semana.Meu marido tinha problemas de sade, de depresso. O trabalho na terra

    substituiu os quatro comprimidos que ele tomava por dia, conta Geralda.Enquanto cultiva com zelo os canteiros de alface, Geralda vai tambm regandoos sonhos: Meu desejo levar esse projeto em frente, unir todos os produtoresnuma cooperativa, numa mini-Ceasa, para garantir clientes certos nossaproduo.

    Raquel Vieira e o marido Agenor Gonalves foram os primeiros moradoresda localidade de Monteiro Lobato a cultivarem verduras e legumes embaixodas torres da Eletrosul. At hoje, ela no esconde o entusiasmo: Antes agente fazia o servio de casa e ficava parada. Agora no. Terminou o trabalhol e a gente vem pra horta plantar. Aqui bom porque a gente tambm sediverte, afirma Raquel. Ela planta alface, mandioca e feijo e divide com afamlia os produtos que colhe. Alm da economia domstica com os produtosda horta, a qualidade da alimentao deu um salto significativo.

    Uma parceria boa para ambos os lados: a rea limpa e cuidada da Eletrosul gera renda e alimentos saudveispara o agricultores

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    No caso de Dolores Rudnick, que tem origem rural, a maior motivaofoi a possibilidade de produzir os prprios alimentos e de mexer na terra.Mas a expectativa de maior segurana tambm pesou bastante: Antes eupensava em vender minha casa e ir embora daqui, porque tinha muito mato,o local estava abandonado e era comum virem desovar carros e consumir

    drogas nos terrenos vazios. Agora mudou, estamos todos cuidando do local,at chamamos essa rea aqui de nossa chcara.

    Uma economia de cerca de R$ 50,00 mensais nas despesas com a alimentaoda famlia. o que estima a costureira e dona-de-casa Eullia de Campos, 55anos, natural de Santo Antonio da Platina. Ela cultiva uma grande variedadede hortalias em canteiros que ocupam em torno de 150 metros quadrados nahorta implantada em dezembro de 2005, junto ao conjunto Moradias RioBonito, no bairro Tatuquara, em Curitiba (PR). Alm da economia,melhorou a refeio, porque sempre preparo dois tipos de verdura. As crianas

    passaram a se alimentar melhor e esto com mais sade. Se fosse para comprarverduras no mercado, eu compraria bem menos, comemora a costureira.

    s voltas com o neto Jonathan, o caula da famlia, a dona-de-casa Anados Santos Correia, 45 anos, viva e natural de Santo Antonio da Platina, naregio do Norte Pioneiro do Paran, recorda o tempo em que aprendeu alidar com a terra. Presidente do Conselho da Associao de Moradores daRio Bonito, Ana encara a atividade na horta como uma terapia e, ao mesmotempo, um reforo na renda familiar. Vendo para outros moradores o quesobra de verduras e legumes. Com isso, compro leite e medicamentos. Mas

    percebi que diminuiu o uso de remdio depois que comecei a trabalhar nahorta, diz Ana, que prefere cultivar variedades de folhosas, como alface ecouve, e temperos como cebolinha, salsinha, coentro, manjerona e alfavaca.Segundo ela, a bronquite asmtica do pequeno Jonathan, com dois anos deidade, tambm no tem se manifestado desde o incio da atividade ao ar livre.

    As trocas de produtos entre as famlias tambm so uma constante nolocal e, segundo o casal Valdemiro Dziedcz, 58 anos, e Maria do CarmoDziedcz, 53 anos, reforam os laos de amizade na regio. A gente acabafazendo amizade, se torna conhecido, diz Valdemiro, aposentado da indstria

    de tecelagem e que trabalha na construo civil. Com cinco filhos e seis netos,o casal diz que toda a sua produo na horta consumida pela famlia.

    Na zona rural, o Vamos Plantar tambm j rende bons frutos. No municpiode Rio Azul, por exemplo, Dirceu Jock conseguiu aumentar a lavoura desoja em trs hectares depois da parceria com a Eletrosul. com o aumento darea plantada que Jock pretende recuperar a perda na produtividade,

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    decorrente da seca no perodo do cultivo da soja. Tambm foi com o apoioda Eletrosul que ele conseguiu pagar R$ 880,00 dos R$ 2.088,00 que gastouna contratao de mquinas para a limpeza da rea. Ele espera cobrir oinvestimento em no mximo trs safras. Para a Eletrosul, Jock um parceiro,cujo trabalho evita o crescimento do mato embaixo das linhas de transmisso

    e, assim, o risco de interrupo no fornecimento de energia.

    PARA SABER MAIS

    Eletrosul

    Empresa Transmissora de Energia do Sul do Brasilwww.el et ros ul .gov.br

    (48) 3231-7402

    http://www.eletrosul.gov.br/http://www.eletrosul.gov.br/
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    A experincia da Companhia Hidreltrica do So Francisco, a Chesf, comhortas sob as linhas de transmisso j vem de longe. O projeto comeou em1987, em Teresina, no Piau, e no s mudou a vida de 752 famlias comogarantiu o desenvolvimento de comunidades que hoje poderiam ser grandesbolses de pobreza. Essas hortas so um dos exemplos mais bem sucedidos deaes sociais que trazem resultados efetivos para comunidades carentes. Elasminimizam os problemas sociais das grandes cidades e oferecem oportunidadesde sobrevivncia para populaes com pouqussimas alternativas de trabalho erenda, orgulha-se Antemio Arruda, responsvel pela implantao do programaligado rea de Responsabilidade Social da Chesf. Assim como no caso daEletrosul, a parceria com o Fome Zero est estimulando a empresa a multiplicara experincia de Teresina para outras grandes cidades atendidas pela Chesf,como Recife, Salvador, Natal, Fortaleza, Macei e Campina Grande.

    A preocupao com o lixo nas faixas de servido, a quebra de isoladores e

    todo tipo de vandalismo ficou para trs. Tambm pudera. Hoje so osprodutores que tm o maior interesse de cuidar direitinho das torres de energiae linhas de transmisso. dali que eles garantem alimento e sustento para asfamlias. Pelos clculos da Prefeitura de Teresina, uma das parceiras da Chesfno projeto, cada famlia tira cerca de um e meio a dois salrios mnimos porms com a venda das verduras e legumes plantados na faixa de 65 metros porsete quilmetros ao longo da linha da Chesf.

    cebolinha, cebola, alface, pimento, pimenta, coentro, hortel e quiaboque no acaba mais, numa rea verde que mais parece um osis em meio ao vaie vem de carros, geografia e burburinhos urbanos de bairros pobres de

    Teresina. Eu acho isso aqui lindo demais , quando chego logo cedo voudizendo bom dia, meus bichinhos, como que vocs esto? pras minhas

    verduras, brinca Isaura Arajo da Silva. Assim como tantos vizinhos, no bairrode Itarar, ela resgatou, com o projeto da Chesf, a experincia e o prazer detrabalhar na roa, de onde veio. Nem o calor, que vira e mexe bate os 41, 43,desanima Isaura. Foi com as hortalias da Chesf que ela e o marido conseguiramcriar os quatro filhos. um trabalho pesado, verdade, mas daqui que a

    PARCERIA CONTRA A POBREZA Chesf

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    gente tira o de vestir e o de comer. Sem essa horta, tambm no tinha dadopara garantir estudo para os meninos todos, ela se orgulha. A qualidade decomida dentro de casa melhorou? tanto verde no prato, que eu digo que opessoal l em casa vai virar calango, ri Isaura.

    Antnia e Ccero Francisco da Silva tambm no reclamam da vida.

    Enquanto atendem um cliente e outro na banquinha de madeira, bem nabeira da horta, o casal conta sua histria: Isso aqui foi uma bno de Deus. O

    Antnio perdeu a mo direita na mquina, fazendo sandlia. Depois disso ficoudifcil arrumar trabalho. A gente j est aqui h 18 anos e hoje s tira menosdinheiro porque os meninos cresceram e ns achamos melhor diminuir onmero de canteiros. Mas comida na nossa mesa e um dinheirinho pro dia-a-dia nunca mais faltou.

    As hortas comunitrias sob as linhas de transmisso da Chesf integram os178 hectares plantados na cidade toda, em benefcio de comunidades carentes.

    Ao todo, so 2.923 famlias beneficiadas pelas hortas mantidas pela prefeitura,

    orgulha-se Paulo Fortes. Famlias que tambm so acompanhadas de perto porprojetos de alfabetizao de jovens e adultos, vacinao e outros benefciossociais. O Ncleo do Fome Zero no Piau, adianta o superintendente, quermultiplicar a experincia de Teresina pelo Estado todo. E levar mais renda,alimento e cidadania para milhares de pessoas que precisam.

    As hortas de Teresina transformam a vida de comunidades carentes

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    Alm das hortas comunitrias de Teresina (PI), a Chesf tambm desenvolveprojetos em Macei (AL), Campina Grande (PB) e Salvador (BA). Na SubestaoMessias, na Regio Metropolitana da Macei, o projeto est em plenoandamento. So dez hectares de rea nas faixas de servido das Linhas de

    Transmisso (LT) , us ados para cul tura de horta li as , mi lho , fe ijo, fava ,macaxeira e inhame. Atualmente, 26 famlias so beneficiadas com gerao derenda e alimentao complementar.

    No municpio de Campina Grande (PB), 120 famlias esto integradas aoMovimento de Ajuda Alimentar Manjar, entidade que incentiva o resgate dacidadania com a fabricao de bucha automotiva, alm da distribuio de umacesta bsica semanal. A previso que o projeto seja estendido para mais 140famlias.

    Na Regio Metropolitana de Salvador (BA), 20 famlias so diretamentebeneficiadas com a produo de rabanete, alface, coentro e cebolinha. Alm deestimular o uso da faixa de LT para gerao de trabalho e renda, o projeto

    objetiva integrar a Chesf comunidade do entorno de seus empreendimentos,ao mesmo tempo em que promove a preservao das faixas de linha detransmisso.

    PARA SABER MAIS

    Chesf

    Companhia Hidreltrica do So Franciscowww.ches f.gov.br

    (81) 3229-2222

    http://www.chesf.gov.br/http://www.chesf.gov.br/
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    Capacitao em atividades que dem habilitao

    para as oportunidades de trabalho e renda, individuais ou

    coletivas, em funo das demandas e das atividades locais.

    FORMAO E CAPACITAOPARA O TRABALHO

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    Eles no ouvem msica, desconhecem o barulho das cachoeiras, no falamao celular. So surdos. Mas como habitantes de um outro pas, tm seus prprioscostumes e valores, usam outra lngua que no a nossa e so capazes de produzircom suas prprias mos. Basta que haja oportunidade.

    isso o que o projeto Saindo do Silncio, implantado com apoio daCoordenao de Responsabilidade Social de Furnas Centrais Eltricas,proporciona a 22 surdos de Vrzea Grande, cidade vizinha da capital mato-grossense, Cuiab. A partir da oferta de cursos profissionalizantes na rea decorte e costura, homens e mulheres puderam desenvolver ou aperfeioar ahabilidade com as mos, to usadas por eles para se comunicarem. O objetivo chegar formao de uma cooperativa de confeco de uniformes, auto-sustentada e administrada pelos surdos.

    Se a produtividade dos cegos alta em atividades de telemarketing, por

    exemplo, no caso dos surdos uma atividade que requer concentrao e muitadestreza com as mos tem grande potencial de alcanar timos ndices deprodutividade, explica Denise Torres Molina, intrprete da Lngua Brasileirade Sinais (Libras) e relaes pblicas da Associao de Surdos de VrzeaGrande.

    O projeto Saindo do Silncio comeou em 2004 a partir de um processodemocrt ico real izado pelo voto. Foi ideal izado por voluntrios dosdepartamentos de Furnas em Cuiab, e da Usina de Manso em Chapada dosGuimares. Inscrito no Concurso de Projetos Sociais do Programa VoluntrioFurnas em Ao, Gerando Cidadania, foi selecionado para implantao em2005. Ficamos sabendo de experincias similares em outros estados que deram

    certo e resolvemos arriscar, comenta o assistente de administrao evoluntrio de Furnas , Jos Nunes Xavier.

    Selecionado o projeto, os voluntrios puseram mos obra: enquanto aempresa disponibilizava equipamentos, funcionrios voluntrios ergueram asmangas levantando a estrutura do galpo que abriga o projeto, no bairro CristoRei, em Vrzea Grande. Assim comeou a histria do Saindo do Silncio.

    SAINDO DO SILNCIO Furnas

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    O passo seguinte foi a realizao de parcerias institucionais. Hoje, o projetoconta com o apoio do Governo do Estado de Mato Grosso, via Secretaria deEstado de Trabalho, Emprego e Cidadania (SETEC), da Secretaria Municipalde Educao e da Associao de Surdos de Vrzea Grande.

    Outro importante parceiro o Servio Nacional da Indstria (Senai) de

    Vrzea Grande, que colocou disposio da associao um professor e umintrprete para os cursos de corte de camiseta e jaleco, modelagem, cala,avental e acabamento.

    As aulas ocorreram diariamente durante quatro meses, com carga horriade 4 horas dirias. At agora, 22 pessoas foram capacitadas. Mas o aprendizadono parou. Ainda neste semestre, o curso de serigrafia ser ofertado para oprojeto, e por meio de rodzio mais surdos de Cuiab e Vrzea Grande serotreinados via projeto Saindo do Silncio.

    A produo propri amente di ta comeou em meados do ms de maro,

    sempre com a presena de um monitor do Senai. O primeiro cliente foi aSecretaria de Estado de Sade, que encomendou 1.000 camisetas. Em seguida,a Escola Municipal So Vicente, localizada em Rondonpolis na regioSul de Mato Grosso pediu 300 kits de uniforme.

    O projeto deu aos surdos oportunidade de capacitao profissional

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    PARCERIAS POR UM BRASIL SEM FOME E MAIS JUSTO

    Um projeto piloto, no entanto, antecedeu a produo propriamente dita.Foi a confeco de camisetas para o coral Clamor do Silncio, formado porsurdos que seguem com palmas e gestos as melodias entoadas por coralistasparceiros.

    O mais importante disso tudo que agora os surdos esto tendo aoportunidade de ter emprego e trabalho. A maioria deles nunca trabalhou, eessa oportunidade est mudando a realidade de todos. Eles sabem que agorapodem produzir algo. Isso d dignidade, observa a intrprete Denise, quetem acompanhado os trabalhos da Associao h mais de 17 anos.

    Agora a gente pode dizer: acreditem no futuro. No uma falsa promessa.Todo mundo vai ter salrio. A cooperativa vai ser uma fbrica de verdade, eo projeto j saiu do papel. Isso nunca aconteceu antes na nossa vida. J temat gente querendo emprego!, comenta uma das surdas que participam do

    projeto, Alba Lcia da Silva. A animao dos participantes reflete o empenhoem tornar realidade o sonho de dar sustentabilidade e autonomia de gestopara o projeto, a partir da criao da cooperativa.

    ESCOLARIDADE

    A baixa escolaridade dos surdos, de uma forma geral, sempre umempecilho para qualquer projeto de incluso social. Eles simplesmente tmuma enorme dificuldade em acompanhar o sistema tradicional de ensino. A

    maioria deles nem completou o ensino fundamental, porque no sabe falar edevido a isso a leitura torna-se muito complexa, explica Denise.

    No caso do Saindo do Silncio, o surdo mais escolarizado Luis Dinarte,que tem a quinta srie completa. Por conta dessa qualificao, ele foi oescolhido para as tarefas administrativas e financeiras da Associao e da futuracooperativa.

    Vindo de uma faml ia cujos irmos so todos surdos, Luis casado comHelena, tambm surda. No caso dos dois, a surdez fruto de complicaesgenticas. Seus filhos, porm, nasceram sem qualquer deficincia auditiva.Embora sejam inteligentes, gostem de cultura, os surdos geralmente no seadaptam ao sistema tradicional de ensino. H casos em que os professorespassam o ano todo sem saber que a criana surda. Como essa umadeficincia que no se percebe primeira vista, fica mais difcil combat-la,pondera a relaes pblicas da Associao.

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    Denise, formada em processamento de dados e letras, comeou suaaproximao com a associao de surdos h mais de 17 anos, em funo desuas atividades sociais na Igreja Batista. Criou uma ligao to forte com ossurdos que aprendeu a Libras, e hoje tornou-se uma espcie de referncialocal quando o assunto deficincia auditiva. Atualmente, est frente deum projeto de incluso digital para deficientes de uma forma geral, em parceriacom o Senai e com o Governo do Estado.

    OUTRA CULTURA

    A condio de ser surdo no marcada pelo impacto negativo de umadeficincia. Independente da causa (que pode ir de formao gentica rubolana gravidez, passando por excesso de medicao em recm-nascidos e algumasdoenas venreas), a surdez engloba um estilo de vida totalmente diferentedaquele levados pelos ouvintes. A comear pela lngua, que diferente etem sua gramtica prpria.

    Mas alm da Libras, que a segunda lngua oficial do pas, h um cdigode conduta e valores comportamentais e morais que diferem dos no surdos.Dificilmente um surdo namora um ouvinte, porque poucos ouvintes do a

    O objetivo chegar formao de uma cooperativa de confeco de uniformes

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    ateno que o surdo necessita ter para se comunicar. O nome e o sobrenomedas pessoas no o mais importante: o gesto definido para cada um de ns

    vem de uma caracterstica marcante, seja fsica ou de temperamento. Tudoparte de uma associao, explica Denise.

    Outro aspecto interessante dessa cultura de surdos a objetividade. Sem o

    uso da lngua oral, eles so mais diretos em suas observaes. Nossas piadasso nossas, falamos quando uma pessoa est feia, dizemos a verdade, comentaHelena Dinarte, uma das surdas que levou de casa para o galpo o talentocom a costura.

    PARA SABER MAIS

    Furnas Centrais Eltricas

    www.furna s.com.br

    (21) 2528-4266

    http://www.furnas.com.br/http://www.furnas.com.br/
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    D para imaginar que a fabricao de um detergente salvou um casamento?Pois ! O marido, que prefere no se identificar, estava desempregado hmeses e prestes a ser abandonado pela mulher, cansada de sustentar a casasozinha. Pressionado pela situao, ele decidiu se inscrever em um curso de

    qumica oferecido pelo Centro de Educao Tecnolgica e Profissionalizante(CETEP),administrado pela Fundao de Apoio Escola Tcnica (FAETEC)do Rio de Janeiro.

    O resultado que depois que passou a dominar o segredo da frmula dodetergente e de vrios outros produtos de limpeza, comeou a fabric-losem casa e com isso conquistou uma clientela fiel. A mulher, no s desistiuda separao como ainda se tornou parceira neste empreendimentotrabalhando como representante de vendas. Este apenas uma das histriascom final feliz colecionadas desde o ano de 2000, quando o curso foi

    implantado.

    A inic iativa de oferecer es te tipo de curso part iu do Inst ituto Nacionalde Tecnologia INT, rgo vinculado ao Ministrio da Cincia e Tecnologiae um dos parceiros do Fome Zero. O projeto batizado Tecnologia Solidriafoi idealizado levando em conta a disseminao de tecnologias de baixocusto e de alto valor agregado atravs da criao de empresas-escola, seguindoum modelo auto-sustentvel que pudesse oferecer uma alternativa real detrabalho para pessoas de baixa renda. A unidade-piloto foi a Empresa-Escolade Detergentes instalada na unidade da FAETEC de Quintino, subrbio do

    Rio, que j formou mais de 1,5 mil alunos.

    O INT desenvolveu a primeira frmula de detergente e cedeu doismisturadores para mostrar aos alunos o produto em escala industrial e assimmotivar o crescimento dos futuros empresrios . Em contrapart ida, aFAETEC, instalada numa antiga instalao da Funabem Fundao

    FRMULA DE VIDA INT

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    Nacional do Bem-Estar do Menor, destinou uma rea com cerca de 500metros quadrados para montar o laboratrio e a sala de aula que comportaduas turmas mensais com 40 alunos cada.

    Da cozinha industrial e do hospital desat ivados da FUNABEM, oengenheiro qumico e professor Laurindo dos Santos, garimpou, comodefine, materiais importantes como utenslios da farmcia, mesas de metale balana mecnica. E assim, ele comeou o desafio de ensinar qumica paraum grupo heterogneo que inclui estudantes, donas de casa, aposentadosou profissionais em busca de outra alternativa de trabalho. Este perfilecltico de cada turma se deve aos poucos pr-requisitos necessrios parafazer a matrcula que so a idade mnima, 14 anos, e ter cursado, pelo menos,a quarta srie do ensino fundamental. Fora isso, o professor exige delesapenas um nico compromisso: vontade de aprender.

    Para driblar a baixa escolaridade da maioria dos alunos e desmistificar acomplexidade da matria que costuma assustar at os estudantes das escolastradicionais, o professor criou um mtodo de ensino que passa longe dasfrias e complicadas frmulas escritas em um quadro-negro. Ensinocontrariando a metodologia clssica. No me preocupo com o que eles jsabem, mas com o que podem aprender. Ao invs de apresentar os smbolosque representam os elementos ou a composio das frmulas, comeo pormostrar a qumica na prtica, resume ele.

    Procurando explorar os sentidos ocultos, o professor optou por aulas

    ldicas e bem humoradas. Ao incentivar os alunos a colocar a mo namassa, eles visualizam as mudanas qumicas e aprendem a identificar pelacor e viscosidade as reaes e a qualidade dos produtos, desvendando assimo processo de fabricao.

    Para facilitar a vida dos futuros empresrios, levou-se em conta tambma escolha de materiais que permitissem o mnimo de investimento. Destaforma, equipados apenas com um balde de plstico, um pedao de madeirapara misturar e um recipiente com medida, os alunos esto aptos a abrir onegcio. O investimento na compra dos materiais necessrios para fabricar

    os produtos como formol, soda custica e essncias, no ultrapassa R$ 20,00Assim, a fabricao de dez litros de gua sanitria, por exemplo, permite aoempresrio um lucro de cerca de R$ 7,00.

    A embalagem outro item considerado importante. Para manter a relaode custo, qualidade e respeito ao meio ambiente, os alunos colocam oproduto em garrafas plsticas. Assim, o que era considerado lixo de difcil

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    degradao biolgica transforma-se em embalagem. Nem por isso elesdeixam de ser informados sobre a legislao da ANVISA que regula produtosde limpeza. A importncia da limpeza prvia das garrafas, a determinaode colocar no rtulo toda as informaes sobre a frmula e o cuidado nomanuseio dos produtos so conceitos exaustivamente repetidos durante todo

    o curso. Eles aprendem ainda que a cor deve evitar qualquer semelhanacom alimentos, para evitar acidentes domsticos.

    A reengenharia do conhecimento outr a fi losofi a importante adotadanesta escola. Os alunos aprendem as frmulas bsicas de mais de vinteprodutos, mas so incentivados a no adotar uma at i tude pass iva,

    Futuros empresrios aprendem os segredos da qumica: renda e auto-estima

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    reproduzindo s o que lhes ensinado. Ao contrrio, so estimulados adesenvolver suas prprias misturas para obter um produto diferenciado ede maior qualidade aliando beleza na escolha de corantes que tornem oproduto mais atraente, nas essncias para atrair pelo cheiro e na eficincia

    no combate a fungos e bactrias.

    Quando se chega a este ponto, os alunos se sentem orgulhosos porconseguirem desvendar este mundo misterioso como resume Lus CarlosCorreia de Moraes,aposentado de 57 anos: Achava que isso era s coisa decientista, agora sei que tambm posso fazer algo importante. Para DalvaPereira da Silva, de 56 anos, aprender qumica como aprender a cozinhar.A gente mistura ovo,com farinha, leite e manteiga e faz um bolo, resumeela com sabedoria.

    O curso tambm leva em conta outros aspectos importantes para que o

    empreendimento de cada um d certo. So dezesseis horas de aula prtica eoito de como montar uma cooperativa. Alm disso, os alunos ainda recebemnoes de marketing, aprendem a calcular custos e projetar rentabilidade eat a desenvolver rtulos para valorizar o que fazem. Em apenas um ms,esto aptos a competir no mercado com produtos que no agridem o meioambiente e a sade do consumidor.

    Marco Antnio de Paula Souza um bom exemplo da eficincia destecurso. Ele j trabalhava vendendo detergentes, mas andava cansado de tantoouvir as donas de casa reclamando que o produto machucava as mos. Sem

    conseguir convencer o fornecedor a melhorar a qualidade, decidiu procurara escola. Com isso, se tornou efetivamente dono do prprio negcio aodominar todas as etapas. Com a ajuda da mulher, desenvolveu e passou afabricar uma linha diversif icada de produtos de limpeza priorizando aqual idade. Como resultado, tr ipl icou a renda e conquistou cl ientesimportantes como hotis, lojas e academias de ginstica. Ganhei confianaporque sei o que estou fazendo, resume Marco Antnio.

    A escola tambm oferece acompanhamento tcnico constante. Pelo sitewww.escoladedetergente .hpg.com.br ou escrevendo para : Escola de

    Detergente CETEP, Rua Clarimundo de Melo, 847 Quintino Rio deJaneiro-RJ, ex-alunos ou qualquer outra pessoa pode entrar em contato paratirar dvidas ou conseguir as frmulas dos produtos. O professor Laurindoexplica que manter este canal aberto, alm de divulgar o conhecimento, oaluno no se sente desamparado porque sabe que pode contar comconsultoria especializada em qualquer fase do negcio.

    http://www.escoladedetergente.hpg.com.br/http://www.escoladedetergente.hpg.com.br/
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    A lis ta de espera de interessados em fazer este curso mais um indicadordo acerto desta frmula. A cada ms so oferecidas quarenta vagas e mesmoassim a escola no consegue atender a demanda crescente. Tal interesse sejustifica por vrias componentes favorveis: mtodo simples de ensino,gratuidade do curso e possibilidade de retorno rpido de renda. Os incentivos

    tambm incluem um lanche e o direito de viajar de graa de nibus.

    PARA SABER MAIS

    INT

    Instituto Nacional de Tecnologiawww.int.gov.br

    (21) 2123-1007

    http://www.int.gov.br/http://www.int.gov.br/
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    Desde que foi implantado, h cerca de um ano, em Mirassol, cidadelocalizada a 400 quilmetros de So Paulo, o projeto de escola de corte ecostura da Associao Brasileira de Indstria Txtil e de Confeco (Abit) jatraiu o interesse de indstrias de dez outras cidades da regio de So Jos do

    Rio Preto, no noroeste do estado de So Paulo. Trata-se de um dos maioresplos de confeco infantil no Pas, com cerca 230 indstrias que respondempor 30% da produo nacional desse segmento.

    Nesse perodo, 40 artess, entre costureiras e aprendizes, j passaram pelaescola de confeco de Mirassol, instituio mantida com recursos doPrograma Carncia Zero, criado pela Abit para incentivar a incluso socialatravs do Primeiro-Emprego na cadeia txtil e de confeco. Atendeaprendizes e costureiras de baixa renda que moram no municpio e no seuentorno em busca de aprimoramento profissional.

    O curso ministrado por funcionrio da Yellow Bug, indstria de roupainfantil instalada no municpio, e que a cada ano pretende formar maiscostureiras . Parte delas ser incorporada diretamente ao quadro defuncionrios da empresa, enquanto a outra no s continuar prestandoservios confeco como tambm a seus fornecedores, atualmente um grupode 30 pequenas confeces da regio de Mirassol.

    Com o aumento da oferta de mo-de-obra qualificada, as empresas jpodem pensar em exportar seus produtos, diz Sylvio Napoli, gerente deinfra-estrutura da Abit. A entidade, com sede em So Paulo, rene 4,2 milindstrias, o equivalente a 15% do universo das empresas que operam no

    Pas. Juntas, elas respondem por cerca de 80% do PIB do setor, que emprega1.65 milho de pessoas, chegando a movimentar US$ 40 bilhes, dos quaisUS$ 24 bilhes pelas empresas de confeces e US$ 16 bilhes pela indstriatxtil .

    O projeto resultado da parceria entre a Prefeitura de Mirassol, que cedeuo terreno para a instalao da escola, a Abit, que forneceu as 13 mquinas de

    TECE E ACONTECE ABIT

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    costura e a Yellow Bug, encarregada de ministrar os cursos. De acordo comNapoli, o Programa Carncia Zero garantiu o investimento, calculado porele em R$ 30 mil na compra de mquinas de costura, material didtico,instalaes, entre outros. At o momento, apenas a Yellow Bug participa doprograma, mas o interesse demonstrado por indstrias de outras cidades da

    regio levou o Senai (Servio Nacional de Aprendizagem Industrial) a integraros preparativos para a segunda etapa do programa: uma oficina mvel quetreinar e formar mo-de-obra especializada para outras confeces da regiode Rio Preto.

    A escola de corte e costura de Mirassol, explica Sylvio Napoli, integra oPrograma Tece e Acontece, ao socialmente responsvel desenvolvida juntocom o Fundo Social de Solidariedade, que, entre outras atividades, tambmprev a criao da Cooperativa de Costura Nova Helipolis, comunidadecarente localizada na capital de So Paulo. Estima-se que o projeto irbeneficiar cerca de 90 pessoas inicialmente, entre 16 e 29 anos de idade e

    acima de 40, com renda familiar de at R$ 90,00.

    Indstria aposta na incluso pelo trabalho

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    O Tece e Acontece est voltado formao de multiplicadores, que teroa tarefa de repassar os conhecimentos recebidos no Programa para acomunidade de seu municpio. Dessa maneira, o trabalho de qualificao ecapacitao servir como incentivo para que mais pessoas possam ser includasno mercado de trabalho local ou tenham base de conhecimento para montar

    sua prpria confeco.

    PARA SABER MAIS

    ABIT

    Associao Brasileira da Indstria Txtil e da Confeco.www.abi t.org.br

    (11) 3823-6175

    http://www.abit.org.br/http://www.abit.org.br/
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    Apoio a grupos vulnerveis para se unirem

    em organizaes que promovem a ajuda mtua e

    a solidariedade entre os membros, para conseguirem

    trabalho remunerado em bases sustentveis.

    APOIO INSTITUCIONALIZAO(AssociativismoeCooperativismo)

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    Mar azul, vegetao exuberante. Uma paisagem de tirar o flego. Masnem tudo beleza nas ilhas e enseadas de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.Nas praias mais afastadas ou nas regies do serto, o desenvolvimentotrazido pelo turismo passa bem longe das comunidades. A pesca e a

    agricultura de subsistncia j no garantem o sustento da famlia. Os homensbuscam trabalho na cidade, jovens e crianas no tm maiores ocupaes eas mulheres lutam para manter a casa. Informao e lazer so produtos deluxo, to raros quanto as oportunidades para uma vida melhor.

    Um cenrio que comea a ganhar um novo contorno, graas ao projetoIlha Viva, Serto Vivo , desenvolvido pela Prefeitura de Angra dos Reis,Universidade Rural do Estado do Rio de Janeiro e Eletronuclear, em parceriacom o Fome Zero. O Ilha Viva, Serto Vivo j atingiu cerca de 600 famlias egera trabalho, renda e esperana para sete comunidades: Serto do Perequ,

    Caputera, Serto do Bracu, Praia da Longa, Praia Grande de Araatiba,Praia Vermelha e Stio Forte. O investimento, bancado pela Eletronuclear,at agora, se aproxima de R$ 210 mil em 5 anos. Mais que o dinheiro, observao Assessor de Responsabilidade Social da empresa, Eng. Paulo A. Gonalves,o que pesa a criatividade, a iniciativa.

    RIQUEZA NATURAL

    Uma iniciativa e tanto. As comunidades aprendem a explorar a riqueza

    natural sua volta e descobrem talentos e potencialidades que nuncapoderiam imaginar. Gente que no tinha qualquer perspectiva de renda outrabalho vira artes, doceira, produtora. Ganha auto-estima, multiplicaconhecimento e vai fincando razes na terra onde nasceu e cresceu.

    Margarida Vasconcelos da Silva, agricultora que virou artes aos 58 anos,abre um grande sorriso para contar sua histria: Eu ganhei alma nova.

    ILHA VIVA, SERTO VIVOEletronuclear

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    No sabia, nunca na vida, que tinha essa vocao. Hoje fico admirando asbolsas que fao, enfeito com uma sianinha, com uma pintura, acho umalindeza.

    As bo lsa s so de pa lha de banane ira. O que antes er a jogado fora ouqueimado agora vira renda e trabalho para dezenas de famlias. Depoisque a bananeira d o cacho, ela cortada, no serve mais. Mas a palha, bemtrabalhada, resistente e malevel para o trabalho manual, explica GiseleCarvalho, coordenadora do projeto.

    Em Serto do Bracu, onde dona Margarida mora, tem bananeira paratodo lado. Os estagirios do Ilha Viva, Serto Vivo ensinaram as mulheres acortar, separar, secar e tranar a palha. Bolsas, cestos, potes, bijuterias etapetes de todo tipo vo brotando das mos e da imaginao da comunidadedo serto.

    COOPERATIVA

    O povo aqui diz que eu agora respiro palha de bananeira, brincaLaudiana dos Santos, de 33 anos. verdade. Na varanda da casa de Laudiana,tem tronco de bananeira, palha sendo curtida, tear e todo tipo de pea deartesanato. O dinheiro ainda pouco: junto com outras trs amigas, elaconseguiu juntar R$ 248,00 no ms, vendendo as peas de palha. Mas a moaj sonha mais alto. Ela e dona Margarida esto fundando uma cooperativa,que, antes mesmo de formalizada, j tem 16 associados. Vai dar, se Deusquiser, para eu reformar a casa e ter um dinheirinho guardado. Masimportante mesmo que agora a gente est se juntando, trocando idias.

    A organizao da comunidade um dos grandes objetivos do projeto.A idia abri r oportunidade de trabalho e renda para que as pessoas noabandonem sua terra, seu contexto familiar. Mas, depois do empurro inicial,elas devem aprender a caminhar por conta prpria, observa a gerente deEducao Comunitria da Secretaria de Educao de Angra, Elizabeth Souza.

    O empurro inicial dado pelo Ilha Viva, Serto Vivo inclui apoio para o

    escoamento da produo, em feiras e exposies no s em Angra dos Reis,como em vrias cidades do Pas. Na medida em que se organizam, ascomunidades tambm vo descobrindo, por s i s, novos canais decomercializao.

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    DOCES, CONCHAS E AGRICULTURA

    A rede hoteleira tambm vai descobrindo os talentos locais . E no sartesanato com palha de bananeira. A produo de doces nas comunidadesatendidas vai de vento em popa. Doce de banana, de goiaba, de jaca, manga,abbora, frutas que antes apodreciam pelo cho e que agora geram renda etrabalho para dezenas de faml ias . O pessoal no t inha o menorconhecimento de tcnicas de higiene nem de esterilizao de vidros. Noadiantava fazer doce, se ele ia se perder em pouco tempo, observa ElizabethSouza. Hoje, clientes que no faltam nas pousadas ou at mesmo nas praias.

    O artesanato com conchas outra opo. Embora as praias da regiono tenham tantas conchas, o pessoal consegue juntar material suficientepara produzir quadros e ms de geladeira que fazem sucesso com os turistas,conta a gerente de Educao Comunitria.

    O Ilha Vivo, Serto Vivo tambm importante para incentivar a produoagropecuria das comunidades. Estudantes de Agronomia da UniversidadeRural vo de casa em casa para observar a plantao ou a criao de animais.s vezes, eles do orientaes bem simples, sobre pragas ou sobre o localda plantao, mas que fazem uma diferena e tanto na produo, relataElizabeth Souza.

    Novas tcnicas absorvidas pela comunidade garantem produo de doces com as tcnicas de higiene necessrias

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    No Serto do Perequ, a comunidade tem sentido no bolso o efeito detanta orientao. Alm de ter mais alimentos na mesa, as famlias estoconseguindo uma produo extra para vender os hortigranjeiros numa feiralivre semanal, pelas redondezas. Uma experincia que o projeto quermultiplicar e que pode ser estimulada com as hortas comunitrias montadas

    nas escolas.

    RESPONSABILIDADE SOCIAL

    Na sede da Eletronuclear, o presidente Othon Luiz Pinheiro da Silva,comemora o sucesso do Ilha Vivo, Serto Vivo. E observa que a empresa temuma srie de outros projetos sociais, entre eles uma cozinha comunitriaque funciona como central de produo e distribuio de multimistura, emparceria com a Pastoral da Criana, na comunidade Nova Angra. A empresa

    tem ainda um convnio com a Prefeitura de Angra dos Reis para oferta deoficinas de corte e costura, artesanato, culinria e economia domstica nacidade. E mantm um hospital de primeira linha em Praia Brava, onde atendeno s os funcionrios da Eletronuclear, mas toda a rede SUS e pessoasacidentadas entre Angra e Paraty.

    Margarida ( direita): alma nova ao descobrir nova vocao

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    PARCERIAS POR UM BRASIL SEM FOME E MAIS JUSTO

    A Eletronuclear tem um profundo respeito pelo ser humano e pelo meioambiente. Acredito que cada empresa, dentro de sua regio de atuao, temde gerar condies materiais para o desenvolvimento social e para a melhoriade vida da populao, analisa o Eng. Othon Silva. Para o presidente daEletronuclear, um dos papis mais importantes das parcerias em torno do

    Fome Zero estimular a organizao social: Com apoio financeiro iniciale ajuda profissional de nossos tcnicos, essas comunidades podem depoisseguir seu prprio caminho. o milagre da multiplicao dos pes.

    PARA SABER MAIS

    Eletronuclear

    www.el et ros ul .gov.br

    (21) 2588-7912

    http://www.eletrosul.gov.br/http://www.eletrosul.gov.br/
  • 7/26/2019 Parcerias por um Brasil sem fome e mais justo - sociedade, empresas e governo juntos para gerar renda e dignid

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    PARCERIAS POR UM BRASIL SEM FOME E MAIS JUSTO

    Com a grade de madeira firme entre as pernas e a pacincia infinita dequem criou dez filhos driblando a seca e a misria, dona Lusa Pereira daCosta aperta os olhos midos e vai contando e puxando, um a um, os fios dacambraia de linho. Nas casinhas que surgem aos poucos no tecido, pontos

    delicados vo depois alinhavar e cobrir o que agora parece uma grande teia.A gente a torce cada fio e cobre uma parte com o paleito. Mais pra frenteainda tem que perfilar, para dar o acabamento no bordado, para s entorecortar ele todinho, com jeito, tenta explicar a velha senhora. Difcil nose perder no labirinto de linhas, tramas e arte que vai brotando das mosgeis de Lusa e de suas filhas, amigas, vizinhas. Um labirinto que comea agerar renda e esperana na pequena comunidade do Crrego da Nica, a 18quilmetros de Aracati, no Cear.

    Foram os lderes comunitrios da Pastoral da Criana que se deram conta

    do potencial do labirinto no Crrego da Nica. Uma arte que foi passando degerao em gerao e que, ao lado da agricultura, sempre ajudou a garantir osustento de cada dia na comunidade. De dia a gente ajudava o marido naroa, de noite trabalhava no labirinto. Era o jeito de ter o de comer para afamlia toda, recorda Maria Jos Santos, que aprendeu os pr