paratormonio e calcitonina

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FISIOLOGIA CALCITONINA E PARATORMÔNIO

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Page 1: PARATORMONIO E CALCITONINA

FISIOLOGIA

CALCITONINA E PARATORMÔNIO

campinas

Maio/2011

Page 2: PARATORMONIO E CALCITONINA

Trabalho apresentado á disciplina de fisiologia do curso de farmácia, sob orientação da Prof.ª Andréia Cristina Zago da silva, para obtenção parcial de nota.

Universidade São Francisco

FISIOLOGIA

CALCITONINA E PARATORMÔNIO

Campinas

Mai/2011

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Page 3: PARATORMONIO E CALCITONINA

Sumário

Página

Introdução.............................................................................................. 04

Objetivo ................................................................................................. 05

Cálcio, Fosfato e a Vitamina D ..............................................................06

Paratormônio (PTH) ...............................................................................08

Calcitonina .............................................................................................10

Patologias

Hipoparatireoidismo ...............................................................................12

Hiperparatireoidismo ..............................................................................13

Raquitismo .............................................................................................15

Osteomalacia .........................................................................................16

Caso especial: Osteoporose em mulheres na menopausa ...................17

Conclusão ............................................................................................. 19

Referências Bibliográficas..................................................................... 20

3

Page 4: PARATORMONIO E CALCITONINA

Introdução

A fisiologia do metabolismo de cálcio e fosfato, a formação de ossos e dentes,

bem como a regulação de vitamina D, do paratormônio (PTH) e da calcitonina estão

intimamente interligados. A concentração extracelular do cálcio iônico, por exemplo,

é determinada pela interação entre a absorção intestinal, a excreção renal e a

captação/ liberação óssea deste elemento; cada um desses processos, por sua vez,

é regulado pelos hormônios mencionados acima.

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Page 5: PARATORMONIO E CALCITONINA

Objetivo

Correlacionar os efeitos fisiológicos da Calcitonina e do Paratormônio -

também conhecido pela sigla PTH, sobre seus efeitos fisiológicos e a utilização de

cálcio em formulações por mulheres na menopausa.

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Page 6: PARATORMONIO E CALCITONINA

Cálcio, Fosfato e a Vitamina D

O cálcio desempenha um papel fundamental em muitos processos fisiológicos;

citando apenas alguns estão: a formação óssea; a contração dos músculos

esqueléticos, cardíacos e lisos; a coagulação sanguínea; e a transmissão de impulsos

nervosos.

O cálcio está presente 98,9% nos ossos, 1% nas células e 0,1% no líquido

extracelular. Portanto os ossos podem servir como reservatórios, liberando cálcio em

casos de declínio na concentração do líquido extracelular e armazenando o mesmo em

casos de excesso.

Em aproximadamente 85% do fosfato corpóreo se encontra armazenado nos ossos,

14 a 15% nas células, e menos de 1% no líquido extracelular. Embora a concentração

de fosfato no líquido extracelular não seja tão bem regulada como a concentração de

cálcio, o fosfato desempenha diversas funções importantes, sendo controlado por

muitos dos fatores reguladores do cálcio.

A mudança nos níveis de fosfato no líquido extracelular, desde valores bem abaixo

do normal até concentrações de até duas ou três vezes acima, não provoca importantes

efeitos imediatos sobre o organismo. Porém leves aumentos ou quedas do íon cálcio no

líquido extracelular podem provocar efeitos fisiológicos extremos imediatos.

O osso compõe-se de uma matriz orgânica resistente, fortalecida por depósitos de

sais cristalinos que compõem-se basicamente de cálcio e fosfato. A fórmula do sal

cristalino predominante, conhecido como hidroxiapatita, é:

Ca10(PO4)6(OH)2

Continuamente ocorre a remodelagem óssea devido à ação de osteoblastos que

atuam na neoformação óssea constante, e de osteoclastos que correspondem a

grandes células fagocitárias multinucleadas, derivadas de monócitos ou células

semelhantes a monócitos formadas na medula óssea. O controle da atividade absortiva

óssea dos osteoclastos é feita pelo hormônio PTH, discutido mais adiante.

A vitamina D exibe um potente efeito em aumentar a absorção de cálcio a partir do

trato intestinal; além disso, apresenta efeitos significativos sobre a deposição e a

absorção óssea, contudo essa vitamina em si não é a substância ativa real indutora

destes efeitos, em vez disso a vitamina D deve sofrer uma série de reações no fígado e

nos rins, convertendo-se no produto final ativo, o 1,25-diidroxicolecalciferol, também

conhecido como 1,25(OH2)D3, como na figura 1.

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Page 7: PARATORMONIO E CALCITONINA

Figula 1. Ativação da vitamina D3 e a sua atuação na concentração plasmática do Cálcio

Conforme é possível observar na figura 1, através de mecanismos de feedback

negativo a concentração de 25-Hidroxicolecalciferol inibe a transformação de

colecalciferol no fígado, impedindo assim a ação excessiva da vitamina D quando o

consumo de vitamina D3 está alterado; e a concentração plasmática de cálcio iônico

inibe a secreção do PTH que age na transformação de 25-Hidroxicolecalciferol em

1,25(OH2)D3 nos túbulos proximais dos rins.

O 1,25(OH2)D3 por si só atua como um tipo de “hormônio” para promover a absorção

intestinal de cálcio. Esse efeito ocorre principalmente por meio do aumento da formação

de uma proteína ligante do cálcio nas células epiteliais intestinais. Embora o fosfato

costume ser absorvido com facilidade, o fluxo deste elemento através do epitélio

gastrintestinal é intensificado pela Vitamina D. Essa vitamina também aumenta a

absorção de cálcio e fosfato pelas células epiteliais dos túbulos renais e, dessa forma,

tende a diminuir a excreção dessas substâncias na urina.

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Pele

Produção de colecalciferol (Vitamina D3)

Proteína

ligada

ao cálcio

ATPase

estimulada

pelo cálcio

Fosfatase

alcalina

25-Hidroxicolecalciferol

1,25(OH2)D3

Absorção intestinal do cálcio

Fígado

RimPTHAtivação

Inibição

Inibição

Concentração plasmática de cálcio iônico

Page 8: PARATORMONIO E CALCITONINA

Paratormônio (PTH)

O PTH é produzido pelas glândulas paratireóides, localizadas posteriormente à

glândula tireóide – uma atrás de cada pólo superior e inferior da tireóide. Este hormônio

é um dos fatores mais importantes para o controle da reabsorção do cálcio nos rins e

consequentemente para o controle da excreção do cálcio.

Este hormônio apresenta dois efeitos sobre o osso na absorção de cálcio e fosfato.

Um deles corresponde a uma fase rápida que se inicia em minutos e exibe um aumento

progressivo em algumas horas. Essa fase resulta na ativação de células ósseas já

existentes (principalmente os osteócitos) para promover a absorção de cálcio e fosfato.

A segunda fase é mais lenta, exigindo alguns dias ou até semanas para seu pleno

desenvolvimento, esta fase provém da proliferação de osteoclastos, seguida pela

reabsorção osteoclástica bastante acentuada no próprio osso, e não meramente na

absorção óssea dos sais de fosfato de cálcico.

Fase rápida da absorção de cálcio e fosfato (osteólise) - Ao aumento de quantidade

de PTH, a concentração do cálcio iônico no sangue começa a se elevar dentro de

minutos, antes que seja possível o desenvolvimento de novas células ósseas. O PTH

provoca a remoção dos sais ósseos de duas áreas:

1. Matriz óssea, nas proximidades dos osteócitos já existentes.

2. Nas adjacências dos osteoblastos presentes ao longo da superfície óssea.

As membranas plasmáticas de osteócitos e osteoblastos possuem receptores para o

PTH, este hormônio pode ativar intensamente a bomba de cálcio, induzindo a remoção

dos íons cálcio do líquido ósseo para o extracelular. Quando esta bomba atua de forma

acentuada, a concentração de íons cálcio declina do líquido ósseo, assim sais de

fosfato de cálcio são absorvidos a partir do osso, esse efeito chama-se osteólise.

Fase lenta da absorção óssea e liberação do fosfato cálcico (ativação de

Osteoclastos) – Este é o efeito mais conhecido e evidente do PTH, ativando os

Osteoclastos. Porém estas células não possuem receptores para o PTH, assim

acredita-se que os osteócitos e osteoblastos emitam um sinal secundário, ainda

desconhecido, que irá ativar os osteoclastos, iniciando assim sua tarefa de

engolfamento do osso em semanas ou meses.

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Page 9: PARATORMONIO E CALCITONINA

A ativação do sistema osteoclástico ocorre em dois estágios:

1. Ativação imediata dos osteoclastos já formados

2. Formação de novos osteoclastos.

Alguns dias de excesso do PTH costumam levar ao desenvolvimento satisfatório do

sistema osteoclástico, mas esse crescimento pode continuar durante meses sob intensa

estimulação desse hormônio.

Atuação no sistema renal e digestório

O rim é responsável por regular a concentração de fosfato no líquido extracelular,

alterando sua excreção de acordo com a concentração plasmática. Por outro lado, o

PTH também aumenta a reabsorção tubular renal do cálcio, ao mesmo tempo em que

diminui a reabsorção de fosfato. A excreção do cálcio na urina segue os mesmos

princípios da excreção do sódio, ou seja, sendo cerca de dois terços do cálcio do filtrado

glomerular são reabsorvidos nos túbulos proximais e a reabsorção do cálcio restante

depende da concentração dos íons cálcio no sangue. Não fosse o efeito do PTH sobre

os rins, a perda contínua de cálcio na urina provocaria uma consequente diminuição da

concentração do mesmo no líquido extracelular e nos ossos.

O cálcio é pouco absorvido pelo tubo intestinal, por possuir compostos insolúveis, já

o fosfato é facilmente absorvido, exceto quando há excesso de cálcio proveniente da

dieta. Como o PTH atua na formação do 1,25(OH2)D3 (vide figura 1), ele também

intensifica a absorção de cálcio e fosfato presente no intestino.

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Page 10: PARATORMONIO E CALCITONINA

Calcitonina

A calcitonina, um hormônio peptídeo secretado pela glândula tireóide, tende a

diminuir a concentração plasmática do cálcio e, em geral, atual como antagonista ao

PTH. No entanto quantitativamente o papel da calcitonina é bem menor que o PTH na

regulação da concentração de cálcio iônico. Também tem a propriedade de diminuir os

níveis de fosfatos no sangue.

O principal fator de secreção da calcitonina é o aumento da concentração plasmática

do cálcio iônico (hipercalcemia), através da ação das células C tiroideanas através de

um mecanismo de feedback positivo, isso é o oposto do que ocorre com o PTH que é

estimulado na diminuição da concentração deste íon.

A calcitonina diminui a concentração sanguínea do cálcio iônico com rapidez,

iniciando em minutos após a injeção desse hormônio, de duas formas:

1. O efeito imediato consiste na redução de atividade dos osteoclastos e

desviando o equilíbrio do efeito osteolítico em favor da deposição de cálcio

nos sais cálcicos ósseos intercambiáveis.

2. O segundo e mais prolongado efeito é a diminuição da formação de novos

osteoclastos. Além disso, como a reabsorção osteoclástica induz

secundariamente à atividade osteoblástica, a queda do número de

osteoclastos é seguido pela queda do número de osteoblastos, assim ocorre

a diminuição da ação de ambas as células ósseas. Sendo assim o efeito

sobre o cálcio do plasma é basicamente transitório, durando no máximo

algumas horas ou dias.

A calcitonina também tem efeitos secundários sobre o uso do cálcio nos túbulos

renais e intestino, eles atuam de forma oposta ao PTH, mas parecem ser de pouco

importância, sendo raramente levados em consideração.

Os efeitos da calcitonina são fracos sobre a concentração de cálcio plasmático, pois

a qualquer redução da concentração de cálcio iônico pela calcitonina, leva a uma

potente estimulação da secreção do PTH dentro de horas, o que acaba quase

superando o efeito da calcitonina. Também devido às taxas de absorção e deposição de

cálcio em indivíduos adultos ser baixas, e mesmo após o retardo na velocidade de

absorção da calcitonina, isso se reflete como um efeito muito leve sobre a concentração

plasmática iônica do cálcio. Porém este efeito é maior em crianças, devido a atividade

remodeladora dos ossos ser maior.

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Page 11: PARATORMONIO E CALCITONINA

Quando a glândula tireóide é removida, e a calcitonina não é mais secretada, a

concentração sanguínea de íons cálcio a longo prazo não sofre alteração mensurável—

demonstrando, também, o maior efeito do sistema de controle do hormônio

paratireóideo; todavia, o controle final a longo prazo da concentração de íons cálcio é

exercido pelo hormônio paratireóideo e pela vitamina D no controle da absorção

intestinal de cálcio e de sua excreção na urina.

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Page 12: PARATORMONIO E CALCITONINA

Patologias

HIPOPARATIREOIDISMO

Quando as glândulas paratireóides não secretam uma quantidade suficiente do PTH,

a reabsorção osteocítica do cálcio permutável diminui e os osteoclastos tornam-se

quase totalmente inativos, como consequência, a reabsorção de cálcio do osso fica tão

deprimida que o nível de cálcio nos líquidos corporais diminui.

O Hipoparatireoidismo é muito menos comum do que o hiperparatireoidismo. As

principais causas incluem:

Remoção acidental cirúrgica das paratireóides durante a tireoidectomia,

devido a dificuldade de da localização das glândulas paratireóides. Elas se

assemelham com um outro lóbulo da glândula tireóide.

Ausência congênita.

Hipoparatireoidismo autoimune, uma síndrome de deficiência poliglandular

hereditária causada por auto anticorpos contra órgão endócrinos múltiplos.

Infecções fúngicas crônicas envolvendo a pele e as membranas mucosas

são por vezes encontradas nestes indivíduos, sugerindo um defeito

subjacente na função das células T.

As principais manifestações clínicas do hipoparatireoidismo referem-se a

hipocalcemia e incluem irritabilidade neuromuscular aumentada (formigamento,

espasmos musculares, caretas faciais e espasmo ou tetania carpopedais sustentados),

arritmias cardíacas e ocasionalmente, elevação das pressões intracranianas e

convulsões. As alterações morfológicas geralmente são discretas, mas podem incluir

catarata, calcificação dos gânglios basais cerebrais e anomalias dentárias.

Em certas ocasiões é utilizado o hormônio PTH no tratamento do

hipoparatireoidismo. Todavia, devido ao elevado custo desse hormônio e também a

pouca duração de seus efeitos, que no máximo é de algumas horas, e considerando-se

a tendência do organismo a desenvolver anticorpos contra ele, tornando-o cada vez

menos ativo, o tratamento do hipoparatireoidismo com hormônio PTH é raro atualmente.

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Page 13: PARATORMONIO E CALCITONINA

HIPERPARATIREOIDISMO

Quando o nível de cálcio nos líquidos corpóreos se eleva acima do normal, o

sistema nervoso se torna deprimido e as atividades reflexas do sistema nervoso central

mostram-se lentas. O hiperparatireoidismo provoca intensa atividade osteoclástica no

osso, o que eleva a concentração de íons cálcio do líquido extracelular, deprimindo em

geral (mas nem sempre) a concentração de íons fosfato, devido à maior excreção renal

desses íons.

Embora no hiperparatireoidismo leve possa ocorrer deposição de novo osso rápido o

suficiente para compensar o aumento da reabsorção osteoclástica, no

hiperparatireoidismo grave a absorção osteoclástica logo sobrepuja a deposição

osteoblástica, de modo que o osso pode ser quase totalmente devorado. Com efeito, a

razão pela qual o indivíduo portador de hiperparatireoidismo procura o médico é quase

sempre uma fratura óssea. As radiografias do osso revelam extensa descalcificação e,

em certas ocasiões, grandes áreas císticas em saca-bocado do osso, repletas de

osteoclastos, na forma do denominado "tumor" de células gigantes.

Naturalmente, múltiplas fraturas dos ossos debilitados podem resultar de

traumatismo leve, especialmente nos locais em que surgem cistos. A doença óssea

cística do hiperparatireoidismo é denominada osteíte fibrosa cística.

O hiperparatireoidismo ocorre de duas formas principais, a primária e a secundária.

A primeira condição apresenta uma superprodução autônoma e espontânea de PTH,

enquanto a segunda ocorre tipicamente como fenômenos secundários em indivíduos

com insuficiência renal crônica.

O hiperparatireoidismo primário é um dos distúrbios endócrinos mais comuns, sendo

uma importante causa da hipercalcemia. Na maioria dos casos, o hiperparatireoidismo

primário é provocado por um adenoma paratireoideano esporádico e, menos

comumente, por hiperplasia das paratireóides. As manifestações esqueléticas incluem

reabsorção óssea, osteóte fibrosa cística e “tumores marrons”. As alterações renais

incluem nefrolitíase (cálculos) e nefrocalcinose. As manifestações clínicas podem ser

resumidas como “ossos dolorosos”, cálculos renais, dores abdominais e queixas

psíquicas.

O hiperparatireoidismo secundário é provocado por qualquer condição associada à

depressão crônica do nível sérico de cálcio, uma vez que o cálcio baixo leva à

hiperatividade compensatória (hipertrofia compensatória) das paratireóides. A

insuficiência renal é a causa mais comum de hiperparatireoidismo secundários.

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Page 14: PARATORMONIO E CALCITONINA

EFEITOS DA HIPERCALCEMIA NO HIPERPARATIREOIDISMO

Algumas vezes, o hiperparatireoidismo pode determinar elevação do nível

plasmático de cálcio por até 12 a 15 mg/dl e, raramente, até mais. Os efeitos desses

níveis elevados de cálcio, como já dito, consistem em depressão do sistema nervoso

central e periférico, fraqueza muscular, constipação, dor abdominal, úlcera péptica, falta

de apetite e diminuição do relaxamento do coração durante a diástole.

Intoxicação paratireóidea e calcificação metastática. Quando, em raras ocasiões,

são secretarias quantidades extremas de hormônio paratireóideo, o nível de cálcio nos

líquidos corporais se eleva rapidamente e atinge valores muito altos. Mesmo a

concentração de fosfato do líquido extracelular quase sempre aumenta

acentuadamente, em lugar de diminuir, como acontece normalmente, talvez pelo fato de

os rins não serem capazes de excretar com rapidez suficiente todo o fosfato que está

sendo absorvido do osso. Por conseguinte, o cálcio e o fosfato dos líquidos corporais

tornam-se muito supersaturados, de modo que os cristais de fosfato de cálcio (CaHPO4)

começam a se depositar nos alvéolos dos pulmões, nos túbulos renais, na glândula

tireóide, na área da mucosa gástrica produtora de ácido e nas paredes das artérias em

todo o corpo. Essa extensa deposição metastática de fosfato de cálcio pode aparecer

dentro de poucos dias. Formação de cálculos renais no hiperparatireoidismo. A maioria

dos pacientes com hiperparatireoidismo leve exibe alguns sinais de doença óssea e

poucas anormalidades gerais em consequência da elevação do cálcio. Todavia,

possuem tendência extrema para formar cálculos renais. A razão disso é que todo

excesso de cálcio e de fosfato absorvido do intestino ou mobilizado dos ossos no

hiperparatireoidismo é excretado pelos rins, ocasionando elevação proporcional das

concentrações urinárias dessas substâncias. Em consequência, os cristais de fosfato de

cálcio tendem a precipitar-se nos rins, formando cálculos de fosfato de cálcio. Além

disso, verifica-se o desenvolvimento de cálculos de oxalato de cálcio, visto que o

oxalato, até mesmo em níveis normais, determina a precipitação de cálcio quando os

níveis deste último estão elevados. Como a solubilidade da maioria dos cálculos renais

é pequena em meio alcalino, a tendência à formação de cálculos renais é

consideravelmente maior na urina alcalina do que na urina ácida. Por esse motivo, as

dietas ácidas e as substancias acidificantes são quase sempre utilizadas no tratamento

dos cálculos renais.

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Page 15: PARATORMONIO E CALCITONINA

RAQUITISMO

O raquitismo ocorre principalmente nas crianças em consequência da deficiência de

cálcio ou de fosfato no líquido extracelular. Todavia, em geral, o raquitismo é devido

mais à falta de vitamina D do que à carência dietética de cálcio ou de fosfato. Se a

criança for adequadamente exposta à luz solar, o 7-desidrocolesterol na pele torna-se

ativado pelos raios ultravioleta e forma a vitamina D; que impede o desenvolvimento do

raquitismo, ao promover a absorção de cálcio e de fosfato do intestino, conforme

discutido no início deste capítulo.

As crianças que permanecem dentro de casa durante todo o inverno geralmente não

recebem quantidades adequadas de vitamina D, a não ser que seja fornecido algum

suplemento na dieta. O raquitismo tende a ocorrer especialmente durante a primavera,

porque a vitamina D formada durante o verão anterior é armazenada no fígado e ainda

disponível para uso nos primeiros meses de inverno. Além disso, a absorção de cálcio e

de fosfato dos ossos pode evitar o aparecimento de sinais clínicos de raquitismo nos

primeiros meses de deficiência de vitamina D.

Concentrações plasmáticas de cálcio e de fosfato no raquitismo. Habitualmente, a

concentração plasmática de cálcio no raquitismo está apenas ligeiramente deprimida,

enquanto o nível de fosfato apresenta-se acentuadamente diminuído. Isso decorre do

fato de que as glândulas paratireóides evitam a queda do nível de cálcio, promovendo a

absorção óssea toda vez que o nível de cálcio começa a diminuir. Por outro lado, não

existe um sistema regulador satisfatório para evitar a redução do nível de fosfato, e o

aumento da atividade paratireóidea eleva, na realidade, a excreção urinária de fosfatos.

Efeito do raquitismo sobre o osso.

Durante o raquitismo prolongado, o acentuado aumento compensador da secreção

de hormônio paratireóideo determina absorção osteoclástica extrema do osso; isso, por

sua vez, torna o osso progressivamente mais fraco e impõe estresse físico acentuado

sobre o osso, resultando em rápida atividade osteoblástica. Os osteoblastos depositam

grandes quantidades de osteóide que não se calcifica, devido à quantidade insuficiente

de tons cálcio e fosfato. Em conseqüência, o osteóide recém-formado, não calcificado e

muito fraco substitui gradualmente o ossomais velho que está sendo reabsorvido.

Tetania no raquitismo. Nos estágios iniciais do raquitismo, quase nunca ocorre

tetania, porque as glândulas paratireóides estimulam continuamente a absorção

osteoclástica do osso, mantendo, portanto, um nível quase normal de cálcio no líquido

extracelular. Todavia, quando os ossos sofrem depleção total de cálcio, o nível desse

15

Page 16: PARATORMONIO E CALCITONINA

elemento pode cair rapidamente. A medida que o nível sanguíneo de cálcio cai para

valores inferiores a 7 mg/dl, surgem os sinais habituais de tetania, e a criança pode

morrer por espasmo respiratório tetânico, a não ser que lhe seja administrado cálcio por

via venosa, aliviando imediatamente a tetania.

Tratamento. Naturalmente, o tratamento do raquitismo depende do suprimento

adequado de cálcio e de fosfato na dieta, bem como da administração de grandes

quantidades de vitamina D. Se a vitamina não for administrada, haverá pouca absorção

intestinal de cálcio e de fosfato.

OSTEOMALACIA

A osteomalacia refere-se ao raquitismo do adulto e quase sempre é denominado

"raquitismo adulto". Os adultos normais raramente apresentam grave deficiência

dietética de vitamina D ou de cálcio, visto não haver necessidade de grandes

quantidades de cálcio para o osso em crescimento como ocorre nas crianças.

Todavia, verifica-se a ocorrência ocasional de grave deficiência de vitamina D e de

cálcio em consequência de esteatorréia (incapacidade de absorver gorduras), visto que

a vitamina D é lipossolúvel, e o cálcio tende a formar sabões insolúveis com a gordura;

consequentemente, na esteatorréia, a vitamina D e o cálcio tendem a ser eliminados

nas fezes. Nessas condições, o adulto apresenta ocasionalmente absorção deficiente

de cálcio e de fosfato, o que pode levar ao desenvolvimento de raquitismo adulto,

embora isso quase nunca evolua para o estágio de tetania — apesar de ser

frequentemente causa de grave incapacidade óssea.

Osteomalacia e raquitismo, causados por doença renal.

O "raquitismo renal" é um tipo de osteomalacia resultante de lesão renal prolongada.

A causa dessa condição consiste principalmente na incapacidade dos rins lesados de

formar 1,25-diidroxicolecalciferol, a forma ativa da vitamina D. Nos pacientes cujos rins

foram totalmente removidos ou destruídos e que estão sendo tratados por hemodiálise,

o problema do raquitismo renal é quase sempre muito grave.

Outro tipo de doença renal que leva ao raquitismo e a osteomalacia é a

hipofosfatemia congênita, resultante da diminuição congênita da reabsorção de fosfatos

pelos túbulos renais. Esse tipo de raquitismo deve ser tratado com compostos de

fosfato, em lugar de cálcio e de vitamina D, sendo por isso denominado raquitismo

resistente à vitamina D.

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Page 17: PARATORMONIO E CALCITONINA

Caso especial: Osteoporose em mulheres na menopausa

Os estrogênios inibem a atividade osteoclástica nos ossos e, portanto, estimulam o

crescimento ósseo. Depois da menopausa, quase nenhum estrogênio é secretado pelos

ovários. Essa deficiência leva a:

1. Maior atividade osteoclástica nos ossos.

2. Diminuição da Matriz óssea.

3. Diminuição do depósito de cálcio e fosfato ósseos.

Em algumas mulheres este efeito é extremamente grave, e a condição resultante é a

osteoporose. Na medida em que a osteoporose pode enfraquecer os ossos e levar a

fraturas ósseas, uma grande proporção das mulheres pós-menopausa são tratadas com

estrogênio para prevenir os efeitos osteoporóticos.

A osteoporose é a mais comum de todas as osteopatias nos adultos, especialmente

em indivíduos com idade avançada. Difere da osteomalacia e do raquitismo por resultar

mais da diminuição da matriz orgânica do que da calcificação anormal do osso. As

formas mais comuns de osteoporose são a osteoporose senil e a pós-menopausa; a

osteoporose senil afeta todos os indivíduos em fase de envelhecimento, enquanto que a

osteoporose pós-menopausa, obviamente, afeta apenas mulheres após a menopausa.

O pico de massa óssea é alcançado durante o início da fase adulta, mas com o

envelhecimento, em ambos os sexos, a reabsorção óssea começa a ultrapassar a

deposição óssea.

Em adultos existe um equilíbrio dinâmico entre a formação óssea pelos

osteoblastos, sua manutenção pelos osteócitos e a reabsorção pelos osteoclastos. A

osteoporose ocorre quando este equilíbrio é alterado para o favorecimento da

reabsorção. Tal deficiência ocorre em mulheres devido ao declínio nos níveis de

estrogênio associado à menopausa. Os efeitos hipoestrogênicos são atribuídos, em

parte, a um aumento na produção de citocinas que através de mecanismos de

receptores fazem com que osteoblastos se diferenciem em osteoclastos, provocando

uma maior reabsorção óssea.

A prevenção e o tratamento da osteoporose começam com uma dieta adequada de

cálcio, suplementação de vitamina D, e um regime regular de exercícios, iniciando antes

dos 30 anos de idade, a fim de aumentar a densidade óssea. A administração de

bisfosfonato, como o alendronato de sódio, é uma parte importante da estratégia

terapêutica em osteoporose em virtude de melhorar a densidade mineral óssea e

diminui os marcadores bioquímicos da remodelação óssea em pacientes com

17

Page 18: PARATORMONIO E CALCITONINA

hiperparatireoidismo primário assintomático. A administração do raloxifeno, um

modulador seletivo do receptor estrogênico, leva a moderada diminuição no cálcio

sanguíneo e nos marcadores bioquímicos da remodelação óssea, sem redução no

cálcio urinário.

Para mulheres, a terapia de reposição hormonal da menopausa leva à supressão da

reabsorção óssea, redução da excreção urinária de cálcio e aumento da densidade

mineral óssea em vários sítios esqueléticos, agonistas seletivos de receptores de

estrogênio são outra classe de drogas que atuam através do aumento de massa óssea

(similar ao estrogênio endógeno), mas sem os efeitos colaterais associados ao uso do

estrogênio. A administração do hormônio da paratireóide também é outra abordagem, e

pode der especialmente aplicável em pacientes que não toleram a terapia com

estrogênios.

18

Page 19: PARATORMONIO E CALCITONINA

Conclusão

O mecanismo de ação dos hormônios paratormônio e calcitonina são estreitamente

relacionados à absorção e depósito de cálcio na matriz óssea. Eles regulam a

concentração de cálcio e fosfato no líquido extracelular, que são de suma importância

para uma série de atividades do organismo.

Ao menor desequilíbrio da ação destes hormônios uma série de disfunções, desde

anormalidades no sistema nervoso central até a fragilidade óssea associada à

menopausa na mulher.

O sistema endócrino, em particular aos mecanismos associados ao Paratormônio/

Calcitonina, é essencial para a manutenção da vida de um ser humano, devido a sua

complexidade e o inter-relacionamento dos vários tipos de sistemas de mensageiros

químicos, fazendo com que todo o organismo trabalhe corretamente, promovendo o

bem-estar do indivíduo.

19

Page 20: PARATORMONIO E CALCITONINA

Referências Bibliográficas:

GUYTON, Artur C.; HALL, John E. Tratado de fisiologia médica. 11 ed. Rio de

Janeiro: Elsevier, 2006.

Vinay Kumar et al; Robbins, patologia básica. 8 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

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