( espiritismo) # - a e e - 3º p e e

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3° ENCONTRO DE PLANEJAMENTO ESPIRITUAL DA ALIANÇA ESPÍRITA EVANGÉLICA 2 2 8 8 d de e a ag g o os s t t o o d de e 2 2 0 01 1 1 1

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Page 1: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

33°° EENNCCOONNTTRROO DDEE

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Page 2: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

NA SEMEADURA I 46 EXIGÊNCIAS DOUTRINÁRIAS 47 ESTÁGIOS EVOLUTIVOS

48 COMUNHÃO PELA PRECE

49 ATIVIDADES DO ESPÍRITO 54 CONSCIENTIZAÇÃO

60 VERDADES INICIÁTICAS

61 MUNDO INTERNO 64 ESFORÇO DE PREPARAÇÃO

66 INICIAÇÃO ESPÍRITA

142 COMBATE A DEFEITOS 146 SINTONIA COM DEUS

156 AMADURECIMENTO ESPIRITUAL

171 PROGRESSO ESPIRITUAL 246 ENCERRAMENTO

NA SEMEADURA II 80 RESPOSTAS

120 VALOR DA INICIAÇÃO ESPIRITUAL

194 INICIAÇÃO ESPIRITUAL

LENDO E APRENDENDO NA SEMEADURA III 20 SER VERDADEIRO 102 MORTE E EVOLUÇÃO

103 PODER ESPIRITUAL

104 LEI DO PROGRESSO 117 SETORES DE AÇÃO

119 TESOUROS DO ESPÍRITO

127 SETORES DE ATIVIDADE 137 CHAMAMENTO DIVINO

139 TAREFAS SEMELHANTES

140 ESPIRITUALIZAÇÃO 141 VALOR DA INICIAÇÃO EVANGÉLICA

142 VEÍCULOS DE MANIFESTAÇÃO

143 SIMPLIFICAÇÃO 146 A LEI DA REENCARNAÇÃO

VERDADES E CONCEITOS I 9 A TAREFA MAIOR 20 PARA OS DISCÍPULOS

VERDADES E CONCEITOS II 1 COMO EVOLUIR MAIS DEPRESSA – I: O CORPO ORGÂNICO

2 COMO EVOLUIR MAIS DEPRESSA – II

15 PERGUNTAS OCIOSAS 17 DESPERTAMENTO

20 MEDITAÇÃO

36 REDENÇÃO PELO AMOR

38 DUAS FORÇAS PODEROSAS – I 39 DUAS FORÇAS PODEROSAS – II

44 ESPIRITUALIZAÇÃO

45 VERDADES SOBRE AS ESCOLAS DE APRENDIZES DO EVANGELHO 55 CUIDEMOS DA BOA PLANTA

60 O VALOR DA INICIAÇÃO ESPÍRITA

MENSAGENS E INSTRUÇÕES 12 MENSAGEM PARA A INAUGURAÇÃO DA 1ª EAE DE BUENOS AIRES,

ARGENTINA – 1974

23 MENSAGEM PARA DIRIGENTES DE TURMAS – 1975

GUIA DO APRENDIZ 0 ENUNCIADOS 4 A INICIAÇÃO ESPÍRITA

10 INICIAÇÃO SEM ESCOLA

11 COMENTÁRIOS FINAIS 12 TRANSCRIÇÕES

Page 3: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

APRESENTAÇÃO

A Aliança Espírita Evangélica está desenvolvendo seu

segundo Planejamento Estratégico.

Em uma primeira fase foram constituídos quatro grupos

de trabalhos para aprofundar e propor ações que melhorem ainda

mais a condução de suas atividades.

O Grupo de Trabalho PE 03 – Iniciação Espiritual, tem

como objetivo propor ações para “Melhorar a conscientização e

Vivência dos Conceitos de Iniciação Espírita proposto pela

Escola de Aprendizes”.

O grupo estuda algumas ações práticas que possibilitem

o reavivamento dos conceitos iniciáticos da Escola de

Aprendizes, a ponto de que todos os que tomem contato com ela

busquem conscientemente seus objetivos e instrumentos,

caminhando para o mais alto, como demonstra a metáfora da

escada na capa da nossa apostila “Iniciação Espírita”.

A presente compilação de textos de Edgard Armond é

um apoio para esta tarefa e está sendo apresentada neste 6º

Encontro de Dirigentes de Escolas de Aprendizes do Evangelho.

Esperamos que todos possam aqui encontrar um rico

material para melhorar a conscientização e vivência dos

conceitos de Iniciação Espiritual.

Bom encontro!

São Paulo, 18 de outubro de 2009.

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NA SEMEADURA I

46

EXIGÊNCIAS DOUTRINÁRIAS

O Espiritismo religioso exige muito dos seus adeptos, no

campo moral, onde não pode haver contemporizações. Por isso,

dizer-se alguém espírita fora disso, nada significa de real e

positivo; e coisa muito diferente é possuir o ideal, o anseio de

espiritualização, a força íntima que leva à evangelização

redentora, acima de qualquer outra preocupação ou desejo.

Verdadeiramente espírita é aquele que, primeiramente,

evangelizou-se pela reforma íntima e passou, em seguida, a

viver segundo os ensinamentos recebidos, no campo coletivo,

em bem do próximo; mas não esses que somente pregam,

mandam fazer mas não fazem; adeptos inoperantes ou meros

simpatizantes, que foram tocados pelas influências divinas da

Doutrina mas não penetraram nela, não se submetem às suas

exigências do campo moral, condição liminar irrecorrível,

primeiro e único degrau do pórtico que leva aos interiores

iluminados dos mundos superiores.

Jesus não veio somente para esclarecer os homens

intelectualmente, mas sim para redimir uma humanidade

condenada.

47

ESTÁGIOS EVOLUTIVOS

Os Espíritos criados simples e ignorantes, não contêm

em si nada de mau, porque vêm de Deus, onde o mal inexiste.

Todavia, na involução ou queda, sofrendo a atração e os

contatos com as esferas materiais por onde transitam,

corrompem-se, adensam-se, envolvem-se de sombras.

Mais tarde, quando iniciam o movimento de retorno à

origem, na evolução que é iniciada nos reinos inferiores,

mineral, vegetal e animal, os contatos e as impregnações

pesadas se multiplicam e os Espíritos prosseguem

impulsionados pelos instintos, não tendo ainda consciência do

mal.

Somente quando penetram no reino humano, conquistam

o livre-arbítrio e a faculdade da razão, e começam a agir

conscientemente, assumindo responsabilidade dos seus atos.

Esse é o momento crucial em que as revelações

espirituais são de ingente necessidade, para apontar rumos

certos; e o importante é que essas revelações ou inspirações

sejam de elevada condição moral, para que o encaminhamento

seja feito no bom sentido, não representem perda de tempo,

concorram ao apressamento do progresso, rumo às esferas

espirituais luminosas e puras, donde os Espíritos procedem.

Daí a grande importância de cursos e escolas de iniciação

doutrinária espírita, que oferecem conhecimentos selecionados e

autênticos, afins com as realidades espirituais, dignos portanto

de confiança da parte dos neófitos, que buscam

encaminhamento.

Cursos e escolas desse tipo foram criados desde 1950 na

Federação Espírita do Estado de São Paulo, na Aliança Espírita

Evangélica, a partir de 1973, e em outras Casas Espíritas, que

realizam a iniciação espiritual com base evangélica, com a

necessária fidelidade às verdades cristãs.

48

COMUNHÃO PELA PRECE

É necessário manter constante comunhão com o Plano

Espiritual, recolhendo-se, pelo menos uma vez por dia, ao

silêncio do mundo interno, na adversidade como no êxito, no

sofrimento como no bem-estar, para buscar diretamente a Deus.

A prece mecanizada, sistemática, decorada, é quase

inútil, podendo mesmo representar uma ofensa a Deus, por

significar desprezo aos canais sempre abertos da inspiração, que

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nos mantêm sintonizados aos céus, a qualquer hora, em todos os

momentos de nossa vida.

49

ATIVIDADES DO ESPÍRITO

Na evolução espiritual, eterna e progressiva, jamais há

um fim definitivo, um alvo final. O Espírito sobe degrau a

degrau, a imensa escada ascensional, havendo sempre um novo

começo para coisas novas; ele nunca descansa nas atividades

psíquicas e, quando atinge as esferas superiores, ainda menos o

faz, pelo desdobramento crescente dos encargos e das

responsabilidades.

Para compreender isto, basta verificar que, mesmo agora,

neste mundo inferior, submerso na matéria pesada, não tem o

Espírito descanso nem mesmo no sono quando, então, vaga pelo

espaço, em atividade constante, boa ou má, segundo seus

próprios pendores e sintonias.

54

CONSCIENTIZAÇÃO

Quando o homem, qualquer que seja, puder encontrar-se

com a luz misteriosa e clara, que vem da profundidade do seu

próprio íntimo, e encarar a verdade face a face, então terá

realizado a tarefa mais difícil de sua longa trajetória evolutiva: e

não será mais simplesmente um homem.

60

VERDADES INICIÁTICAS

Há três verdades iniciáticas fundamentais para a

aquisição do conhecimento espiritual, que podem ser formuladas

da seguinte maneira por autores respeitáveis:

1) A alma humana é imortal e o seu futuro é algo cujo

crescimento e esplendor não têm limites.

2) O princípio que dá a vida reside em nós e fora de nós,

porque é universal, imortal e eternamente beneficente; não se

pode ouvi-lo, nem vê-lo, nem senti-lo, mas quem deseja

percepção, percebe-o.

3) Cada ente humano é seu absoluto legislador,

dispensador de glória ou de obscuridade a si mesmo;

determinador de sua vida, sua recompensa ou sua punição.

61

MUNDO INTERNO

O verdadeiro discípulo, mesmo quando envolvido no

tumulto da vida ambiente, integra-se, quando necessário, no

silêncio interior.

Não esbanja palavras para expressar sentimentos e

pensamentos, porque os atos melhormente os revelam. Está

sempre atento ao seu mundo interior, para que possa ver-se e

sentir-se tal qual é, e ver como desperta e cresce a luz interna, o

resplendor eterno de Deus em si mesmo, pela eclosão de

sentimentos purificados, pelas transformações íntimas que

podem surpreender dia por dia.

64

ESFORÇO DE PREPARAÇÃO

Desde que o mundo existe, a conquista espiritual tem se

apresentado aos homens como um sério problema a ser

resolvido, mesmo quando não deliberadamente; inúmeras

instituições têm se devotado a isso, sem resultados satisfatórios,

ou porque permanecem no campo das exterioridades, ou no das

introspecções pouco acessíveis à maioria.

Muitos milênios transcorreram até que Jesus apontasse,

de forma objetiva, mesmo quando, algumas vezes, simbólica, o

modo simples de fazê-lo, mostrando que a solução reside no

próprio homem e se resume na eliminação dos vícios e defeitos

morais, com a purificação dos sentimentos e dos atos; e que

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aquilo que todos procuram exteriormente só se encontra dentro

deles mesmos, no íntimo da alma, porque o ser humano, como

Espírito que evolui, é o único responsável por essa realização,

cabendo-lhe inteiramente o esforço correspondente.

Em cada milhar de indivíduos, uns poucos se destacam

como interessados no seu adiantamento espiritual e, em menor

número ainda, se dispõem aos esforços e às transformações

indispensáveis que esse adiantamento exige. Isso mostra, de um

lado, as dificuldades do empreendimento, quando não se tem

como escudo a confiança em Deus e a fé como força de

sustentação; e, doutro, o quanto a humanidade terrena carece de

conhecimentos espirituais verdadeiros.

Para auxiliar os que desejam evoluir mais rápido e

seguramente, criou-se na Federação Espírita de São Paulo, a

Escola de Aprendizes do Evangelho, em 1950, e na Aliança

Espírita Evangélica, em 1973. Nessa escola logo nos primeiros

dias indaga-se do candidato que se inscreveu, porque veio: a)

por simples curiosidade? Neste caso dificilmente encontrará o

que deseja e sofrerá desilusões; b) por inspiração momentânea?

É de crer então que haja merecido a interferência espiritual de

algum amigo interessado no seu adiantamento; c) mas se o fez

por si mesmo, deliberadamente, por decisão consciente e firme,

então é porque já amadureceu o que baste para compreender que

era urgente a medida, para o seu adiantamento espiritual.

Mas, seja como for que tenha vindo, é sempre

fraternalmente acolhido e as portas se abrem para ele, porque

“quem procura encontra” e, neste caso, pode-se afirmar que um

lutador a mais ingressou nas legiões numerosas que, na Terra,

defendem os ensinamentos de Jesus, batem-se pelo triunfo do

seu Evangelho e pela evolução espiritual do mundo porque,

terminado o aprendizado, estará ele preparado para as atividades

exigidas no campo coletivo, apto aos testemunhos e sacrifícios

que virão em seguida.

Mas, em todos os casos, o candidato deve,

primeiramente, devotar-se a essa autopreparação e isso poderá

fazê-lo em escolas desse tipo, que se estão criando por toda

parte.

Turmas numerosas e sucessivas de aprendizes têm-no

feito e já se lançaram à luta no campo exterior das atividades,

como discípulos aptos a compartilhar na grande batalha

espiritual; e não há exagero nem misticismo excessivo nestas

frases e modos de encarar o assunto, porque a realidade é

exatamente essa.

Nesse sentido, o problema mais urgente é sempre e

primeiramente a evangelização, visando a redenção espiritual,

orientando os candidatos a desenvolverem em si mesmos, cada

vez mais objetivamente, o amor aos semelhantes, servir sem

restrições, com humildade e desprendimento, porque, fora disso,

não há possibilidade de êxito; e somente assim poderá o

aprendiz cooperar na difusão de uma doutrina como o

Espiritismo, que tem o amor como fundamento e representa na

Terra o Consolador prometido por Jesus. E deve fazê-lo sem

pensar em recompensas, porque, se mérito realmente há, num

comportamento desses, o primeiro e maior interessado é ele

mesmo.

66

INICIAÇÃO ESPÍRITA

Nos templos egípcios, a iniciação dos adeptos ao

sacerdócio era rigorosa e o iniciante subia degrau por degrau, só

atingindo os graus mais elevados, quando vencia os defeitos da

avareza (para fugir das ambições materiais); da luxúria (para

defender-se das tentações da carne); da inveja (para evitar

competições e traições entre companheiros); da hipocrisia (para

manter a lealdade aos superiores) e da ira (para não utilizar

impulsivamente as próprias forças, ou deixar-se dominar por

elas).

Page 7: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

Estas virtudes eram representadas por uma estrela de

cinco pontas, desenhada a cores, no piso da nave central dos

templos.

No Espiritismo, em nossos dias, a eliminação de vícios e

defeitos morais é feita mediante a reforma íntima, por processos

mais simples, e as diferenças de condições morais entre os

adeptos não representam posições ou hierarquias no campo

material, nem significam menor ou maior conquista de poderes

psíquicos.

Porque a Doutrina não cogita desenvolver tais poderes,

mas esclarecer os homens espiritualmente, engrandecê-los

moralmente ante si próprios, preparando-os para os testemunhos

da propagação e da redenção espiritual, isto é, libertando-os dos

estigmas da animalidade inferior, que são empecilhos à evolução

do Espírito.

142

COMBATE A DEFEITOS

Os que enfrentam a luta pelo aperfeiçoamento moral

sabem que os defeitos mais difíceis de eliminar são o egoísmo e

o orgulho, justamente por serem os que mais profundas raízes

têm no metabolismo da vida animal.

O egoísmo, sobretudo, foi a força que permitiu a

sobrevivência da espécie, em meio às circunstâncias adversas da

vida primitiva do homem na Terra.

Portanto, vícios como esses não devem ser combatidos

com violência, mas com paciência, compreensão e inteligência.

146

SINTONIA COM DEUS

A irradiação de Deus impregna e ilumina toda a Criação

e quanto mais evolui o homem, mais se torna capaz de vibrar em

sintonia com essa presença divina.

156

AMADURECIMENTO ESPIRITUAL

Enquanto desliza tranqüila a vida, e os problemas

pessoais de existência e de competição no meio ambiente não se

colocam à nossa frente como obstáculos sérios a transpor; e os

sofrimentos físicos e morais não ultrapassam nosso ardor

combativo, diminuindo nossa capacidade de reação, tudo é

claro, alegre e feliz; e o sol tem sempre brilho e as flores mais

perfume e as mãos que acariciam mais ternura...

Mas, aos poucos, enquanto se evolui, tudo passa e as

ilusões vão desaparecendo; e com elas vai-se avolumando o

conhecimento das realidades, e aquilo que formava à nossa volta

uma trama dourada encobridora da verdade, tudo agora é visto

de cima para baixo, e como se observado de fora; libertamo-nos

da igualação da mistura e da multidão e nos vemos, então, sós,

como indivíduos separados, desligados.

Do ponto de vista introspectivo amadurecemos sozinhos

e sozinhos devemos viver no pequeno mundo que formamos

para nós próprios; superadas estão as irrealidades, que nos

faziam obedientes mais a impulsos que a raciocínios, a paixões

que a conveniências, a instintos e não à inteligência, a

aparências e não a realidades, à matéria e não ao espírito.

O amadurecimento leva à sabedoria e esta fecha as portas

à irreflexão, à turbulência, aos rumores do mundo material e

abre outras, mais sólidas, para o silêncio e a sintonia com Deus.

171

PROGRESSO ESPIRITUAL

O discípulo do Evangelho, para apressar sua evolução,

deve ter em vista o aprimoramento do corpo, da mente e do

sentimento, isto é, da matéria, da inteligência e do espírito.

O aprimoramento do Espírito pode ser conseguido com a

modificação dos sentimentos íntimos, exercitando o amor a

Deus e ao próximo, isoladamente ou filiando-se a algum

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agrupamento, desprendendo-se do mundo material no que for

possível, para que haja realmente espiritualização.

O aprimoramento da inteligência pode ser conseguido

com um selecionamento sensato e adequado de estudos

doutrinários e de registros no subconsciente, de meditações

aprofundadas sobre a vida espiritual, em seus variados aspectos

e suas implicações na vida material que nos rodeia.

E o aprimoramento da matéria, com alimentação frugal,

abstenção de tóxicos, eliminação de vícios e hábitos perniciosos;

combate a paixões, disciplinação do sexo, metodização do

trabalho e do repouso e vida higiênica, segundo as leis da

Natureza.

Atingindo esse desenvolvimento tríplice, o discípulo não

encontrará mais afinidades com as coisas mundanas, salvo para

trabalhos e atividades de fundo espiritualizante; nada mais terá o

mundo material para oferecer-lhe, como experiência evolutiva,

porque o homem que atinge esse ponto, isto é, a sintonia com os

Planos Espirituais Superiores e o desprendimento, estará

desambientado, não será mais compreendido e viverá mais para

as coisas internas que para as externas, sem, contudo,

negligenciar seus deveres e compromissos desse mundo

material.

Estará apto a viver em mundos mais evoluídos, onde as

condições da vida são de maior significação espiritual, e

permitem realizações mais elevadas e construtivas.

246

ENCERRAMENTO

Em todas as oportunidades de sua trabalhosa pregação

Jesus sempre afirmava que toda iniciação espiritual poderia ser

resumida no seguinte: amar a Deus acima de todas as coisas e ao

próximo como a nós mesmos.

Com esta sentença tão profundamente verdadeira e de

universal aplicação, encerramos a exposição da matéria deste

livro.

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NA SEMEADURA II

80

RESPOSTAS

Sobre o indefinível e misterioso fundo do passado

humano sobre a Terra, as pessoas que se preocupam com seu

destino, costumam perguntar e sempre perguntam, o que somos,

donde viemos e para onde vamos.

A essas perguntas que já se tornaram habituais, a

iniciação espiritual responde através da definição do respeitável

Instrutor: “Os homens são chispas vivas do Eterno Vivente,

integradas em todo ser vivo que habita os mundos”.

“Vieram da infinita imensidade de Deus e para Deus

voltam na infinita sucessão do tempo”. E prossegue: – “Nesses

estágios a chispa primeiramente se reveste de elementos etéreos

gasosos e magnéticos e, em seguida, para poder viver e se

manifestar nos mundos materiais, condensa um corpo físico e,

desta forma, fica possuindo 2 elementos constitutivos de apoio e

manifestação, a saber: o revestimento fluídico energético

intermediário e o corpo denso”.

Esses ensinamentos fornecidos em escolas iniciáticas,

velhas de 4 ou 5 milênios atrás, são exatamente aqueles que o

Espiritismo difunde desde a Codificação de Kardec na França,

há um século, e que seus propagadores oferecem aos seus

adeptos.

E nem poderia ser de forma diferente, porque a verdade

não tem dupla essência e, mesmo quando mostrada de formas

diferentes em épocas diferentes, é sempre semelhante a si

mesma.

120

VALOR DA INICIAÇÃO ESPIRITUAL

Considerando que a maior parte da população do globo é

desencarnada, não sendo fácil, para nós que estamos aqui agora,

voltar de novo, com rapidez, para completar nossas provas e nos

libertarmos da vida nos mundos baixos; e também, que a

população por toda parte está tentando reduzir os nascimentos

de novos comensais para enfrentar as dificuldades de obter

recursos e bens de vida, sobretudo de alimentos, sendo negras as

previsões científicas sobre isso, crescem então de vulto as

oportunidades das reencarnações e dos conhecimentos

espirituais.

Ante estes argumentos de sentido material avultam os

ensinamentos doutrinários conhecidos, segundo os quais

somente os insensatos ou incréus malbaratam suas encarnações

a troco de comodidades ou prazeres ilusórios e passageiros.

Daí a importância das iniciações espirituais para o

aproveitamento consciencioso do tempo que se tem para resgate

de débitos e eliminação de defeitos e vícios, sem mais demora, o

que alguns julgam ser um exagero, bastando crer em Deus,

dizem eles, para que tudo acabe bem...

E então avulta também de valor a existência da Escola de

Aprendizes do Evangelho, criada justamente para isso e cujas

portas devem estar sempre abertas para todos quantos desejem

apressar sua evolução, purificando-se, evangelizando-se.

194

INICIAÇÃO ESPIRITUAL

Na iniciação espiritual que, à falta de instrutores, é feita a

custo de experiências pessoais dolorosas que a própria vida

oferece a todo instante, a passagem de uma para outra é

progressiva e resume-se na conscientização de valores maiores,

como por exemplo, a distinção entre o bem e o mal, o certo e o

errado, o que é melhor e o que é pior para o próprio ser que os

anota; um pouco mais adiante surgem as experiências sobre os

direitos próprios e dos semelhantes, o dever de auxiliar os outros

para ser também auxiliado nas suas necessidades, os cuidados da

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família organizada segundo leis e costumes aceitos e respeitados

pela comunidade, etc.

Estes são conhecimentos preliminares e gerais. Em um

grau mais avançado já surgem as conquistas de virtudes morais

que enobrecem o ser humano, dignificam a vida; e o

devotamento às necessidades dos semelhantes nos termos de

códigos religiosos de maior expressão, baseados no “amai-vos

uns aos outros e a Deus sobre todas as coisas”.

Tudo isso forma a iniciação natural que aproxima os

homens de Deus pelo exercício do amor.

Page 11: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

LENDO E APRENDENDO NA SEMEADURA III

20

SER VERDADEIRO

A evangelização pela reforma íntima exige que sejamos

desprendidos em relação ao mundo material, e verdadeiros, sem

fingimentos; não aparentar o que não somos ou não temos;

sermos humildes, sem malícia, sem vaidades, e sempre ativos.

Sem essa reforma não pode haver progresso espiritual

apreciável; haverá uma movimentação forçada, fingida,

aparente, mas de valor muito relativo: a iniciação espiritual é

sempre mais profunda.

Cada um deve mostrar-se como é, conquanto lutando

sempre por melhorar. Nada do que queiramos ocultar de mau

por interesse, vaidade ou orgulho, deixará de ser conhecido

duma forma ou doutra, hoje ou amanhã, como Jesus ensinou.

Todos nossos atos e pensamentos são registrados pela luz

etérea e suas conseqüências se voltarão contra nós no momento

certo ou a nosso favor, conforme sua natureza e qualidade, para

restabelecimento de equilíbrio evolutivo e a correspondente

liberação espiritual.

102

MORTE E EVOLUÇÃO

“Quantas mais vezes morremos melhor evoluiremos,

porque a morte nos proporciona sempre uma nova oportunidade

de progresso e ascensão”, desde que, bem entendido, estejamos

já trilhando com segurança os caminhos da ascensão pelo amor,

nos termos do Evangelho de Jesus.

103

PODER ESPIRITUAL

“Quando o homem aprender a empregar a inteligência

para o bem da humanidade, adquirirá poderes espirituais sobre a

vida, porque, ao mesmo tempo, terá desenvolvido seu animismo

a uma escala elevada e construtiva e a guiar-se por um

conhecimento inato tão superior ao atual quanto este é superior à

consciência animal.”

104

LEI DO PROGRESSO

“Na evolução humana progredir é a lei”; o que não é

capaz de aperfeiçoamento próprio cristaliza-se, degenera-se,

entra em estagnação e morte.

117

SETORES DE AÇÃO

O Espírito nas primeiras encarnações exerceu suas

atividades através de quatro setores distintos e conjugados: o

etéreo, animado pelo fluido vital; o do desejo, onde se situaram

a vontade, a ambição, a memória e outros impulsos dinâmicos; o

denso, veículo mais exterior da manifestação e por fim, a mente.

Essas diferentes atividades posteriormente se fundiram

na alma, que pode ser consciente, emocional e intelectual e que,

no ser evoluído, habita mundos superiores, na fase da

angelitude.

119

TESOUROS DO ESPÍRITO

É comum dizerem os materialistas e os crentes de

religiões de exterioridades que “desta vida nada se leva e por

isso comamos e bebamos”.

Mas a verdade é muito outra: desta vida nada do que é

material realmente se pode levar para o Além, mas tudo se leva

do quanto valha como aperfeiçoamentos feitos e conquistas

Page 12: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

obtidas no terreno espiritual. E justamente para isso é que

encarnamos desta e de inúmeras outras vezes porque, para a

evolução, somente têm valor “os tesouros do Espírito, não da

matéria”.

127

SETORES DE ATIVIDADE

No conhecimento da vida espiritual há dois caminhos

bem evidentes a percorrer: o intelectual e o místico; o primeiro

utiliza a mente e o último segue preferentemente os impulsos do

coração.

O materialismo apoderou-se da iniciação intelectual e

transformou-a em um agnosticismo arrogante e exclusivista,

desviando o homem encarnado dos rumos certos e justos da

reverência à Divindade, e os frutos desse erro já estamos

colhendo desde já, com a enorme depreciação dos legítimos e

verdadeiros valores espirituais.

137

CHAMAMENTO DIVINO

Quantas vezes, nas sombras escuras da Terra, onde

curtimos nossas dolorosas provações de resgate, não ouvimos o

chamamento amoroso e divino: “Vinde a mim, ó tu que sofres,

pois que, em mim encontrarás misericórdia. Meu jugo é suave e

leve e imenso o amor que tenho para distribuir às ovelhas do

rebanho que o Pai me confiou. Vinde a mim e descansarás dos

teus sofrimentos...”

E quantas vezes ouvimos e passamos indiferentes! Até

que amadureçamos na dor, o desânimo a se apoderar de nós e

compreendemos, finalmente, que não há felicidade na Terra, a

não ser para aqueles que se desprendem dela e se voltam para as

luzes dos céus, com Jesus!

139

TAREFAS SEMELHANTES

Na Fraternidade dos Discípulos de Jesus o pensamento

maior deve ser este: os discípulos de hoje, semelhantemente aos

de antigamente, também falam e agem em nome do Divino

Mestre e pregam a mesma mensagem redentora de outrora; mas

seu esforço só dará bons frutos se forem humildes, sinceros,

desprendidos do mundo e capazes de amar como os antigos

amavam.

140

ESPIRITUALIZAÇÃO

A espiritualização representa a própria finalidade da

existência em qualquer mundo, porque as verdades são

universais e a maior de todas é Deus, o criador soberano,

invisível e eterno.

141

VALOR DA INICIAÇÃO EVANGÉLICA

O Evangelho de Jesus, na sua essência, é o recurso mais

poderoso e seguro para a espiritualização.

A Escola de Aprendizes foi criada para auxiliar essa

sublime conquista de quantos emergem das sombras, já tocados

pela luz redentora do Cristo e deixam-se penetrar pelo ideal

maior de servir a Jesus, servindo aos semelhantes, com

desprendimento.

142

VEÍCULOS DE MANIFESTAÇÃO

Ao termo da involução a centelha divina deve iniciar seu

retorno às esferas de origem, mas não pode fazê-lo por não

possuir organização e veículos de manifestação no mundo

exterior.

Descendo até o reino mineral, passa a ser então

custodiada por Espíritos-grupo que a auxiliam a iniciar o

Page 13: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

desenvolvimento de sensações, que se ampliam com o tempo e

se aperfeiçoam no reino vegetal, onde já recebe um corpo vital

etéreo, passando em seguida ao reino animal, onde desenvolve o

instinto que, no reino humano, se aprofunda com inteligência e

outros atributos preciosos.

No reino animal a centelha já possui um corpo denso, um

corpo etéreo e uma alma animal, sendo ainda, entretanto,

dirigida pelo Espírito-grupo. Somente quando penetra no reino

humano pode possuir, além do corpo vital e do corpo denso, e,

para completar sua organização, uma mente, com seu

contingente maravilhoso de vontade, razão, livre-arbítrio e

consciência.

143

SIMPLIFICAÇÃO

O Espiritismo simplifica essa organização clássica

reunindo no “perispírito” ou alma, os diferentes veículos das

atividades psíquicas humanas.

Apresenta o ser como um homem feito, sem referências

ao seu passado milionário de experiências da longa evolução

anterior através dos reinos da Natureza e apressa sua evolução,

porque o tempo cósmico arbitrado à Terra para seu progresso já

está se esgotando e o selecionamento cíclico da humanidade está

bem próximo.

146

A LEI DA REENCARNAÇÃO

Uma das mais amplas e seguras garantias de redenção

espiritual para os seres humanos é a lei da reencarnação, que

obriga o Espírito a evoluir, quer queira quer não. Aquele que

não o faz por si mesmo, terá de fazê-lo sob o látego acirrado do

sofrimento e dos resgates dolorosos nos mundos materiais, por

força dessa lei inexorável que, aos nossos olhos, representa a

justiça divina em plena ação redentora.

Page 14: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

VERDADES E CONCEITOS I

9

A TAREFA MAIOR

Cada missionário crístico trouxe uma linha de

conhecimentos e de iniciação espiritual. Com Jesus veio a linha

mais perfeita que a humanidade da Terra poderia receber no

grau evolutivo que atingiu, o ponto mais alto a que aqui pode

chegar: o amor.

“Assim sendo não haverá mais necessidade de novas leis

espirituais, bastando que os homens se amem uns aos outros,

como a si mesmos.”

Essa lei, trazida por Jesus, encerrou o ciclo das

revelações messiânicas para nosso mundo, restando agora

somente que os homens, utilizando o livre-arbítrio e os demais

atributos que já possuem na sua organização psíquica, executem

o que lhes foi ensinado e exemplificado pelo Divino Mestre.

Através dessa lei e antes que soe a hora profética das

apurações, para separar os bons dos maus, como o próprio

Mestre revelou, é necessário que os homens procurem se

aproximar das instituições que oferecem a iniciação evangélica

em espírito e verdade, para que se esclareçam e se preparem

espiritualmente.

Para auxiliar esse heróico esforço criaram-se, a partir de

1940, como base fundamental, entre outros organismos

orientadores, as Escolas de Aprendizes do Evangelho, a

Fraternidade dos Discípulos de Jesus e, ultimamente, a Aliança

Espírita Evangélica, que orientam, encaminham e preparam os

que se dispõem a cooperar para a redenção do maior número

possível de irmãos nossos, ainda carentes de compreensão e de

conhecimento espirituais verdadeiros.

20

PARA OS DISCÍPULOS

Terminada a preparação e incluídos os servidores na

Fraternidade dos Discípulos de Jesus, passam eles a agir com

inteiro livre-arbítrio, organizando programas próprios para suas

atividades evangélicas.

Mas, nessa nova condição, livres das servidões da

Escola, suas obrigações aumentam ao invés de diminuírem, pois

que enfrentam, agora, uma realidade muito mais positiva e

categórica; como discípulos sua lei é a exemplificação dos

ensinamentos do Divino Mestre, sem restrições, reservas ou

qualquer sentido acomodatício; o sacrifício e a renúncia fazem

parte do seu esforço.

Porque o discípulo não é maior que o Mestre e o servo

que o seu Senhor.

Page 15: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

VERDADES E CONCEITOS II

1

COMO EVOLUIR MAIS DEPRESSA – I:

O CORPO ORGÂNICO

O perispírito, como matriz fluidomagnética, não se altera

numa mesma encarnação: o mesmo, porém, não sucede com o

corpo denso, que sofre alterações do tempo, de acidentes, de

moléstias, de traumatismos morais.

Este corpo é sustentado por energias de diferentes

origens: as provenientes dos Reinos da Natureza, pela

alimentação; as da atmosfera, pela respiração; as do Cosmo

(raios e ondas) e as do campo mental (esperança, vontade, fé)...

– As primeiras interessam às células orgânicas na

sua formação, sustentação, substituição e tendem a densificá-las,

animalizá-las, como elementos próprios que são do mundo

material.

– As absorvidas pela respiração queimam resíduos

do metabolismo, vitalizam o sangue, dão calor ao corpo.

– As provindas do Cosmo penetram os chacras,

passam aos plexos para ativarem as atividades nervosas.

– As que vêm do Espírito, através da mente,

destinam-se ao comando do corpo e às relações com o mundo

exterior, cujas impressões se concretizam no cérebro.

– E há, ainda, energias mais poderosas, de caráter

ascensional, que sustentam o Espírito intimamente, como

unidade inteligente da Criação, partícula divina obscurecida na

involução, escravizada nas reencarnações pelos mundos

materiais.

Há, pois, energias de condensação celular, retensoras de

sintonia animal e outras, mais elevadas, que arrastam para cima,

no ritmo ascensional.

O homem comum, ainda muito involuído, normalmente

desconhece essas energias e submete-se a elas

inconscientemente.

– As primeiras, vindas dos reinos naturais, materializam-

no, ao mesmo tempo em que seus sentimentos, ainda inferiores,

reproduzem o fenômeno no perispírito condensando suas

moléculas fluídicas.

– Por causa disso são lentas e difíceis as reações

psíquicas de caráter ascensional: o Espírito, de onde poderiam

vir poderosos impulsos nesse sentido, está ainda incapacitado de

emiti-los, porque são insuficientes seu entendimento e

capacidade volitiva.

– Quando, com o tempo, trabalhado pelas vicissitudes e

ganhando experiência, almeja por mudanças, nesse momento é

que esclarecimentos sobre a necessidade de evangelizar-se

ganham enorme importância e devem ser fornecidos com

proficiência e boa vontade.

– Considere-se que mais de dois terços da humanidade

planetária desconhecem tais esclarecimentos, não tiveram a

ventura de recebê-los e ingressam nos planos espirituais

completamente alheios às suas realidades.

Não nos referimos, é claro, à higiene pessoal ou qualquer

outro cuidado de caráter exterior mas, sim, a fatores intrínsecos,

dos quais o principal é a alimentação.

– Com a alimentação formada de produtos naturais

ajudamos as células a se libertarem do processo de condensação

que se mantém, sobretudo, pela ingestão de produtos animais,

sejam de que espécies forem.

– A vibração desses produtos, principalmente a carne,

transmite-se às células mantendo a densificação e o ritmo

vibratório próprios do reino animal, dando à situação cada vez

maior estabilidade e permanência. Esse processo de

animalização, contrário aos impulsos ascensionais do Espírito,

Page 16: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

influi fortemente no psiquismo humano como elemento

francamente retardador da evolução.

– De outra parte, como o organismo físico,

conquanto perecível, deve também evoluir, tornando-se cada vez

mais perfeito, é preciso combater esse processo de condensação

celular, oferecendo ao Espírito encarnado um corpo cada dia

mais delicado e sensível. Isso também ajuda o Espírito a evoluir.

Esta é a razão mais profunda ou científica que explica

não ser aconselhável a alimentação carnívora em mundos baixos

como o nosso, onde o elemento carne seja a massa constitutiva

do corpo denso e os Espíritos que ali evoluem submissos às

sensações dos sentidos.

No esforço de reforma íntima, eliminados que sejam os

vícios comuns (fumo, álcool, etc.) e alterada convenientemente a

alimentação, as células irão, pouco a pouco, se libertando da

carga grosseira da vibração animal, desafogando-se e adquirindo

uma tonalidade vibratória mais elevada e delicada; por outro

lado aprimorar-se-á a sintonia entre corpo e espírito, facilitando

e fortalecendo a atuação deste sobre os sentidos físicos e, ao

mesmo tempo, a sensibilidade perispiritual, de tudo resultando,

em conseqüência, mais rápido progresso evolutivo.

2

COMO EVOLUIR MAIS DEPRESSA – II

Além da reforma íntima, a purificação depende, em

grande parte, da dominação ou, no mínimo, do controle dos

sentidos, das paixões e da formação de um “status” mental

desprezador dos atrativos do mundo físico.

– Vários recursos podem ser utilizados e um dos mais

simples e fáceis é a música. Não a música neurótica, irritante,

sensual, dos nossos dias, mas a música fina, suave, das melodias

ou a clássica dos mestres, que abrem, nas almas, portas largas à

sensibilização; nem tampouco a música simplesmente técnica,

exibidora de virtuosismo, mas a que fala aos sentimentos e os

sintoniza com planos mais elevados, produzindo calma,

serenidade, enlevo.

– A música é fator espiritualizante, que satura o mundo

celular de harmonias e liga o conjunto corpo-espírito a planos

mais elevados.

– O homem rude, primário, sintoniza com música de

baixo teor vibratório, que lhe recorda as vidas primitivas,

enquanto que o homem mais evoluído prefere a música

inspiradora e delicada que leva para fora do mundo grosseiro da

matéria.

– Ao mesmo tempo em que satura de harmonia o mundo

celular orgânico, a música também eleva o tônus vibratório do

perispírito, quando é sintônica.

– São também elementos sensibilizadores a pintura, a

escultura e as artes em geral, através das quais a alma humana

procura expressões acima do mundo material; como também os

contatos estreitos e amiudados com a Natureza, onde se

manifestam, aberta e livremente, as forças da criação, o encanto

e a beleza das cores, mas, sobretudo a mensagem comovente

que está por detrás de tudo e que é a voz de Deus sem palavras.

– Estes são fatores que educam os sentidos e os desviam

das sensações grosseiras e negativas, das emoções e dos desejos

impuros que retardam a evolução, prendendo à matéria.

– Na sua luta de todos os instantes devem os aprendizes

orar e vigiar, exercendo forte controle para repelir os impulsos

maus, fiscalizar as atividades mentais para evitar que do

subconsciente venham à tona reminiscências negativas do

pretérito animalizado, de há muito acumuladas ali.

Para facilitar essas realizações, os aprendizes organizem

um programa de ação pessoal, íntimo, segundo possam:

escolham local e momento propício a estarem sós e cultivarem o

silêncio; arranjem um fundo musical harmonioso, agradável, e

façam ali meditações sobre assuntos e temas elevados e

construtivos. Abram as portas da imaginação, focalizando

Page 17: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

previamente o que desejem de bom e de útil ao seu

aprimoramento psíquico. Todas estas imagens irão para o

subconsciente e trabalharão em silêncio para sua concretização

em futuro breve; e em havendo mediunidade, com este regime,

ela despertará mais facilmente, sem sobressaltos ou violências,

porque os benfeitores espirituais terão mais facilidades para

ajudar e orientar.

A evangelização verdadeira exige tudo isto que, aliás, é

bem pouco, considerando-se os surpreendentes resultados que

destes esforços de purificação advirão desde os primeiros dias.

Em resumo, para desenvolver a sensibilidade é preciso:

1) descondensar as células orgânicas, adotando

alimentação natural, de produtos vegetais;

2) dominar os impulsos inferiores dos sentidos físicos,

utilizando práticas adequadas, de refreamento e desviamento;

3) manter sintonia com o Plano Espiritual superior,

sentindo, pensando e agindo sempre pelo Bem.

Considerem, porém, os aprendizes o seguinte: desde que

se disponham a purificar-se de corpo e espírito e a combater o

Mal a começar de si mesmos, passam a ser automaticamente

agentes operantes do Bem, tornando-se, desde logo, alvos das

forças das sombras.

Como defesa devem armar-se de compreensão, fé e

humildade, sem o que não vencerão a batalha de desejos,

paixões e ambições, contra sua capacidade de renúncia e

sacrifício.

Em textos de sabedoria antiga lê-se isto: “Como a

fumaça envolve a chama, a ferrugem o metal e o útero materno a

criança que vai nascer, assim o homem do mundo é envolvido

pelos desejos”.

Como os desejos, em geral, têm sua sede nos sentidos e

na imaturidade do Espírito, neste esforço de purificação grande

poder tem a mente, através da qual o Espírito manifesta sua

vontade, conduz o corpo e utiliza a razão, para discernimento

das coisas que o rodeiam: o Espírito, o elemento dominante do

maravilhoso conjunto humano, o senhor do sistema, que possui

as virtudes potenciais da própria Divindade Criadora, da qual

derivou e recebeu a graça da vida imortal.

Estes são fatores que asseguram todas as vitórias, mas

não sem luta...

15

PERGUNTAS OCIOSAS

Aos que ainda interrogam perguntando por que foram

criadas a “Escola de Aprendizes do Evangelho” e a

“Fraternidade dos Discípulos de Jesus”, organismos educativos

criticados, no início, por alguns, mas enaltecidos hoje por

milhares, respondemos:

Foram criadas em 1950 para fazer o que não fora feito

até então, a saber: voltar ao sulco primitivo da cristianização;

ultrapassar a fase de carência do Espiritismo flexível; congregar

os adeptos em esforços de realizações no campo interno, único

processo capaz de transformá-los em homens novos, e

espiritualizá-los pela vivência evangélica; transpor um período

longo de atividades dispersas e inconclusivas, com acomodações

em torno a rotinas entorpecedoras, tudo para evitar que o

Espiritismo porventura se tornasse um movimento simplesmente

teórico, intelectual, frio, formalístico, fechado em paredes, com

um mínimo de repercussão popular, incapaz de realizar na vida

prática os ensinamentos de Jesus condensados na frase “amar a

Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”,

base de todo o seu ensinamento, expressão nítida de uma

filosofia de amor feita ação, com sentido universal e não-

exclusivo, e sobretudo como conquista evolutiva pessoal de cada

adepto em plena consciência e lucidez de opção.

Page 18: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

Haverá outro caminho para a redenção nos dias atuais,

para uma humanidade que está esgotando a paciência dos santos

e tem pouco tempo para mudar de estrutura e de mentalidade? E

bastaria porventura a devoção dos espíritas na organização de

assistência social, para produzir tais mudanças, ou a difusão

teórica da Doutrina como vinha até então sendo feita?

Jesus não deixou corpo algum religioso baseado em

teorias, nem demonstrou alguma vez desejo de criar uma

filosofia exclusiva, nem tampouco fez pregações ou discursos

delineando esquemas de uma doutrina própria mas, bem ao

contrário, pregou sempre o amor como base de toda a ação,

viveu por ele, sacrificou-se por ele e ainda deu-lhe testemunho

final imorredouro e claro na cruz, perdoando a todos os algozes

por ignorarem a verdade sobre a vida espiritual.

E aos que dizem ser a “Escola” e a “Fraternidade”

inovações dispensáveis pode-se responder que realmente são,

não no que se refere à doutrina em si mesma, que é parte

intangível de um corpo perfeito de sabedoria eterna, mas na sua

prática, nas realizações efetivas, na testemunhação em atos da

vida comum; porque perdeu-se tempo precioso na difusão e

porque o Espiritismo não veio para repetir o que foi feito por

religiões e filosofias anteriores, que não conseguiram resolver o

fundamental problema da espiritualização do homem encarnado,

mas sim, para efetivar essa espiritualização de forma prática,

acessível a todos, sem ritos, exclusivismos ou preconceitos de

qualquer natureza, com repercussões profundas nas massas do

povo, justamente como era o Cristianismo primitivo que, após a

morte de Jesus, organizou-se com esse caráter, sob a influência

imediata das palavras e exemplos do Condutor Divino que hoje,

como ontem, continuam presentes através de seus mensageiros

espirituais, exigindo a mesma coisa.

É preciso ter em vista que as inovações quando

altruísticas, dentro de bases nobres e justas, são indispensáveis e

fazem progredir; e estes organismos educativos e iniciáticos são

uma inovação construtiva, já bastante retardada para o

cumprimento, nos limites que puder atingir, dos ensinamentos

redentores do Divino Mestre.

E por causa disso mesmo é que, na abertura e no

encerramento de suas reuniões, os aprendizes cantam hinos e

preces de gratidão a Deus por estarem finalmente trilhando

caminhos certos no mundo das realizações espirituais

redentoras, preparando-se devotadamente para atingirem como

discípulos, o reino da paz, do amor e da felicidade eterna.

17

DESPERTAMENTO

O esforço de auto-evangelização – a garantia mais segura

de redenção individual – deve partir de uma decisão firme,

sincera, definitiva, e ser feito ao mesmo tempo com a busca de

conhecimentos referentes à evolução espiritual da humanidade,

desde seus primórdios; de como foram transmitidos pelos

missionários divinos, de geração em geração, à medida que os

homens iam adquirindo consciência de si mesmos e da conduta

a seguir, como células individuais, na comunhão dos

semelhantes; e se capacitavam para distinguir o bem do mal, o

certo do errado, o justo do iníquo.

Mas esses conhecimentos transmitidos aos homens até o

presente, sobretudo através de sacerdotes das mais variadas

seitas e religiões, não impediram que o livre-arbítrio, outorga de

maioridade, levasse ao desenvolvimento desenfreado do

egoísmo inato, das ambições de poder, de brutalidade e

dominação pessoal, que a própria diferença de valores

individuais de força física incentivavam.

Somente mais tarde, com o decorrer do tempo, vivendo e

sofrendo, errando e acertando, caindo e levantando-se, é que as

virtudes espirituais humanas foram lentamente despertando,

aproximando os homens entre si, nas primeiras manifestações do

amor universal.

Page 19: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

Compreendido isso e vendo como estamos ultrapassando

esse primarismo, é que poderemos realizar, com mais

inteligência e eficácia, os esforços da evangelização, que o

Cristianismo Primitivo difundiu no seu tempo e o Espiritismo de

hoje reafirma e, da mesma forma, exige.

Com essa compreensão poderemos também, melhor, nos

situar, após auto-exame rigoroso, no esquema da seguinte

progressão evolutiva geral: primitivismo e instinto,

inconsciência relativa, animalidade em todas as suas formas

reminescentes; – despertamento anímico, egoísmo (amor de si

mesmo), dominação pela violência; sociabilidade precária,

tentativas de fraternização (amor para muitos); consciência

universalista e altruísmo (amor para todos), que é a meta visada

pelo Evangelho de Jesus.

A luta contra o Mal, em si mesmo e fora dele, será

vencida pelo aprendiz, utilizando o conhecimento e a vontade,

num esforço de oposição firme e deliberada, em atos e

pensamentos, aos defeitos principais do Espírito e aos vícios do

corpo orgânico, fortes resíduos da animalidade inferior.

O esforço cego, mesmo quando sincero, de melhoria,

jamais leva a resultados positivos porque é quase sempre fruto

de impulsos momentâneos, sem bases mais profundas nas almas;

não abrange a trajetória toda das tarefas evolutivas, do princípio

ao fim e fica sempre sujeito a flutuações e instabilidades.

Mas quando o aprendiz sabe que se movimenta dentro de

leis espirituais de eterna vigência, que o vêm impulsionando

desde o ato divino da Criação e continuarão a impulsioná-lo até

que atinja os mundos superiores, ficará então mais capacitado a

um esforço definitivo, consciente, no momento presente, para

que a felicidade espiritual lhe sorria o mais cedo possível, e

incentivará ainda muito mais esse esforço quando souber, como

espírita que é e, portanto, indivíduo mais esclarecido, que agora

já não haverá mais tempo a desperdiçar com negligências ou

divagações, porque este é um momento de definições espirituais

definitivas, em que já não bastam unicamente compreensão

intelectual dos problemas do Espírito e resultados de superfície,

mas atos e mudanças profundas.

E deve também lembrar-se de que para esse

despertamento espiritual, esse esforço redentor, é que Jesus

morreu na cruz, que o Evangelho nos foi legado e que a

Doutrina dos Espíritos – o Paracleto prometido – foi outorgada,

não para alguns mas para toda a humanidade, inclusive para as

centenas de milhões de retardados e maus que trabalham, nos

dois Planos, ingloriamente, contra a vitória do amor e da luz na

Terra.

20

MEDITAÇÃO

Enquanto crescem neste mundo o tumulto e o

desentendimento, por força da ambição de poder e pela busca

insensata de valores simplesmente insubsistentes, e os recursos

da inteligência e da tecnologia alimentam a guerra e não a paz,

avultam os valores espirituais configurados no Evangelho de

Jesus.

Torna-se então evidente a necessidade de serem estes

valores mantidos bem vivos e bem altos no coração dos

discípulos e dos homens de boa vontade, para que assim se

demonstre a todos onde se situam as verdades imortais, e se

possa também avaliar o quanto é meritório o esforço daqueles

que difundem esse Evangelho no mundo, com humildade,

desinteresse e abnegação.

36

REDENÇÃO PELO AMOR

Os Espíritos desencarnados trazem constantes mensagens

de libertação e promessas de vida melhor, em mundos melhores,

onde reinam amor e alegria: e pouco exigem além de amor,

vivência evangélica e respeito às leis de Deus.

Page 20: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

Precisamos difundir essas mensagens em altas vozes para

que elas, neste turbilhão angustiante que é a vida moderna

possam ser ouvidas e analisadas.

Condensando as mensagens no slogan: “libertação pelo

amor” estaremos agindo com sabedoria.

Este slogan não conflita de forma alguma com as

necessidades da vida moderna nem foge, ao mesmo tempo, às

realidades da vida espiritual estereotipada no Evangelho de

Jesus.

Os defeitos morais e os vícios que proliferam nas almas e

se multiplicam na atualidade por toda parte, fruto de uma

civilização incoerente e desorientada, escravizam e cada vez

mais dominam os seres humanos; mas, combatendo-os com a

evangelização e o amor, nos libertaremos dessa trama

inextrincável de paixões, desenfreios de sexo, ambições de toda

espécie, brutalidades e ódios que envenenam indivíduos, nações

e povos.

A base da evangelização é o amor, caminho mais curto

para a alegria e a felicidade, de que gozam os seres mais

evoluídos.

O conhecimento dessa realidade liberta o homem e

derrota a materialidade inferior. Os Espíritos encarnados e as

casas espíritas têm hoje dois caminhos bem definidos a escolher:

permanecerem na rotina da vida comum, cristalizando-se, ou

engrandecerem-se, lutando pela finalidade principal da Doutrina

que é a redenção pelo amor.

38

DUAS FORÇAS PODEROSAS – I

Oração proferida pelo Autor por ocasião da solenidade

da passagem dos alunos da 14ª Turma da Escola de Aprendizes

do Evangelho para a Fraternidade dos Discípulos de Jesus, na

sede da Federação Espírita do Estado de São Paulo:

Queremos manifestar, primeiramente, a alegria com que

sempre comparecemos a solenidades como esta, quando

trabalhadores que perseveraram na preparação, vão se lançar ao

campo das testemunhações, tornando realidade os ensinamentos

que receberam, como também saudar os dirigentes e auxiliares

que, com seu devotamento, tornaram possível essa promissora

realização.

Ao invés de simples palavras improvisadas, achamos

melhor oferecer aos aprendizes que passam a servidores e aos

que se transferem para a Fraternidade dos Discípulos de Jesus,

algumas considerações um pouco mais desenvolvidas sobre esta

Escola e seu passado histórico; e desejamos fazê-lo como se

falássemos a todas as turmas que por aqui passaram antes, bem

como àquelas que vierem depois desta porque, como todos nós

sabemos, os homens passam, mas as instituições, quando boas,

permanecem.

Caros Aprendizes...

Quando esta Escola se inaugurou, em maio de 1950, a

par do alvoroço causado pelo acontecimento, fizeram-se

reservas discretas, porém justas, sobre o fato de não possuírem

os homens autoridade espiritual para conferir o título de

discípulos de Jesus aos membros desta Fraternidade.

O alvoroço era natural que houvesse, por se tratar de

iniciativa, que sacudia a rotina, sempre estagnadora; iniciativa

arrojada de uma escola que fazia exigências inusitadas como

esta, por exemplo, da obrigatoriedade da reforma íntima, ou esta

outra, ainda mais rigorosa, da vivência evangélica a substituírem

as simples e costumeiras interpretações literárias dos textos e o

ritmo da vida comum, como era entendida e adotada por cada

qual.

Sobre estes pontos que já temos, aliás, procurado

esclarecer, anteriormente, e que ainda agora se reiteram no livro

O Guia do Aprendiz, desejamos acrescentar que essa

obrigatoriedade de aperfeiçoamento moral é exigência rigorosa

Page 21: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

do próprio Evangelho, quando interpretado com objetividade,

pois ali está escrito “que os homens velhos devem transformar-

se em novos e mais perfeitos, para terem méritos de admissão ao

Reino de Deus”; e mais: “que não adianta remendar roupa velha

mas, sim, fazê-la nova”; e ainda: “que não se põe vinho novo em

odre velho”, tudo para dizer que é indispensável a transformação

espiritual para se poder evoluir.

Mas, antes mesmo destas sábias pregações de Jesus, esta

exigência já era fundamento de religiões e filosofias antigas,

altamente respeitáveis, na esteira das quais o Espiritismo veio,

como prolongamento ou remate, mas em terreno de muito maior

significação espiritual e objetividade; de objetividade sim,

porque esta é também uma singular característica do Evangelho

cristão dos primeiros dias.

E, como não podia deixar de ser, faz parte também da

dinâmica do próprio Espiritismo, quando ensina que os erros

devem ser reparados pelo amor ou pela dor, em provações

dolorosas, até o último ceitil, justamente para promover essas

transformações íntimas; como também é sabido que nos mundos

baixos da escala evolutiva essas transformações geralmente só

se operam pela dor, com esforço, sacrifício e renúncias.

Tudo isto foi dito antes e continua a ser dito agora, para

compelir os homens a reagirem contra si mesmos nos seus

defeitos, visando a conquista de padrões mais elevados de

espiritualidade.

A conquista do Reino, como se dizia antes, traduz-se

hoje como reforma íntima e o castigo do ranger dos dentes nas

trevas exteriores, entende-se agora como o sacrifício de novas

reencarnações punitivas após o próximo selecionamento da

humanidade.

Tudo isso era e continua a ser obrigatório, imperativo,

não-aleatório ou transigente, porque se se falava antigamente a

crianças-homens, fala-se hoje a homens-crianças, que ainda o

são apesar de somarem quase vinte séculos de civilização e

experiências em todos os campos das atividades humanas; é

obrigatório principalmente agora, quando há muitíssimo pouco

tempo para se arriscar em comodidades iludindo a redenção

própria; esse é o problema mais cruel, não mais passível de

contemporizações.

Se tivesse havido sistemas educativos religiosos, que

provassem bem nestes quase dois mil anos de tempo

transcorrido, certamente que resultados melhores teriam

apresentado e não estaríamos agora nesta difícil e lastimável

condição de humanidade retardada.

O Espiritismo veio justamente para sanar esta falha e,

como última religião a surgir, deve ser a mais esclarecedora.

Quanto ao título de discípulos, apesar das reservas feitas,

foi ele mantido e melhor compreendido porque realmente não se

tratava de conferir diplomas de sabedoria ou qualidades

humanas que não se podem improvisar e, às vezes, custam

séculos de esforços continuados.

A Escola é de simples aprendizes, humildes e idealistas;

não transforma a estes em discípulos, neste sentido imaginado

de hierarquia superior, mas prepara-os para isso; a eles mesmos

é que cabe, depois, fazerem-se discípulos pelas obras, pela

conduta, pelas virtudes que demonstrarem na vivência e na

testemunhação no meio social, em pleno livre-arbítrio, livre

escolha e decisão, agindo no sentido do bem, engrandecendo-se

ou, em sentido contrário, retrogradando, o que dificilmente

cremos poder acontecer em se tratando de membros de uma

Fraternidade como esta.

Os que terminam hoje sua preparação e passam a

discípulos, não tenham pois ilusões sobre títulos; nem repousem

em paz, pois que a verdadeira luta para eles realmente é agora

que começa, em mais livres porém responsáveis atividades,

porque agora não mais estarão custodiados pela Escola ou por

Page 22: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

dirigentes humanos, mas diretamente subordinados ao Plano

Espiritual.

Se foram dignos até aqui e se prepararam, devem

confirmá-lo agora na vivência por conta própria, como acontece

com muitos outros que por aqui passaram, sendo hoje discípulos

verdadeiros, carregados de méritos.

Se, na preparação que hoje termina, venceram vícios e

maus costumes porventura existentes e se adequaram a uma

conduta padrão muito honrosa, mantenham-se nesse mesmo teor

de retidão daqui por diante, se venceram defeitos e conquistaram

virtudes, prossigam no mesmo esforço fazendo-se cada vez mais

perfeitos e evangelizados; lutem para não se depreciarem, não se

diminuírem ante si mesmos, ante aos companheiros mas,

sobretudo, ante o Divino Mestre que tanto espera daqueles que

amparou carinhosamente, para que não se desviassem, não se

enfraquecessem na luta.

Não se esqueçam também, de que todos os nossos atos,

pensamentos e palavras, são gravados indelevelmente nos

arquivos da luz etérea, para a regulagem do nosso destino após a

morte física; e também de que, se podemos facilmente esconder,

no casulo da carne, com habilidade, transgressões e desvios,

enganando ao próximo e ao mundo, a Deus não se engana, pois

que Ele está sempre presente a tudo e em tudo.

Verdadeiramente têm vocês agora, amigos, uma

alternativa decisiva e inevitável, a saber: prosseguir com Jesus,

cada vez mais aproximados d’Ele ou se deixarem novamente

envolver na trama do mundo material, desviando-se, ou na

melhor das hipóteses, retardando-se dos companheiros mais

felizes.

Essa alternativa tem hoje capital importância, às vésperas

do selecionamento cíclico bem à vista; do ponto a que chegaram

hoje é fácil prosseguir sempre por bons caminhos, mais difícil

voltar a eles quando desviados, e ainda perdendo a feliz

oportunidade de realizar um grande impulso ascensional em

suas trajetórias evolutivas.

Que jamais se possa aplicar a vocês, a qualquer de nós, a

frase expressiva que se dirige aos que falham, retroagem, por

fraqueza ou desleixo, nos momentos decisivos da vida espiritual,

frase que se refere “à porca lavada que volta ao lodo” ou ao “cão

faminto que volta ao vômito”, na figura pitoresca e simbólica do

Evangelho.

39

DUAS FORÇAS PODEROSAS – II

Duas forças poderosas, mas negativas, agem agora no

mundo, como agiram sempre, em circunstâncias semelhantes,

visando destruí-lo espiritualmente: uma delas é o materialismo

que nega a existência de Deus; julgando-a mera superstição mas

que, contraditoriamente, adota a crença vazia da geração

espontânea, pela força do acaso, outra é a ação das forças do

Mal que rondam nossas portas dia e noite, visando o mesmo

objetivo destruidor nos lares, na sociedade e nas almas humanas,

tão torturadas e vacilantes, como estão hoje, atacando-as nos

seus pontos fracos dos vícios e das falhas morais e elegendo

como alvo principal a juventude inexperiente e impulsiva, que

formará a humanidade da próxima geração e a esta hora já

também bastante atingida e necessitada de mais adequado e

direto apoio espiritual.

E esta situação dos jovens se deve, entre outros motivos,

à falta de ideais elevados e empolgantes, à ausência de

conhecimentos espirituais verdadeiros. Mas que ideal maior

podem eles desejar que esse conhecimento espiritual

impulsionador das almas para as esferas superiores da vida? Que

outro maior que não o esforço consciente, a luta consciente, para

a conquista da redenção e a superação da necessidade de novas

reencarnações punitivas? Nenhum outro se pode a este

comparar. Pois este ideal maior o aprendiz já certamente que

Page 23: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

possuía quando aqui chegou e nesta Escola, lutando, consolidou

e desenvolveu; e agora que daqui sai como discípulo, está apto a

difundi-lo no meio social, ensinando e exemplificando e assim

provando com atos perfeitos que é digno do título que recebeu.

Se houve, há quase vinte séculos um deus-homem – o

Cristo – que sacrificou-se na cruz tornando imortais seus

ensinamentos; e houve discípulos que morreram na propagação

dessas verdades, aos discípulos de hoje cabe apenas a vivência

delas porque agora, para propagá-las, não se precisa mais

morrer, mas sim viver, mas viver com grandeza, utilizando as

mesmas armas da fé, da presença, da coragem, do sacrifício e do

desprendimento.

Tudo isso a escola ensinou e o discípulo aprendeu e deve

ter incorporado para que possa pautar por essas verdades as suas

atividades individuais; e só assim poderá dizer: realmente sou

digno do título.

É oportuno repetir agora as palavras pronunciadas nesta

mesma sala há mais de trinta anos pelo venerável diretor

espiritual da Casa – Bezerra de Menezes (que agora nos está

ouvindo) ao se dirigir aos homens vacilantes e atemorizados

ante o vulto do empreendimento que se lhes propôs quando

convocados para formar seu primeiro Conselho Deliberativo:

“Amigos, falou ele, por que vacilais em servir à

humanidade? Não tendes porventura a espada da fé e o escudo

do Evangelho? Isso não vos basta?”

Repetindo agora estas palavras queremos relembrar que

na luta que se travou a partir de então, para a implantação dos

rumos exatos das atividades espirituais em nosso Estado, e até

onde esta Casa projetou sua influência benéfica, a vitória não foi

das forças do Mal, mas sim das do Bem, como era de esperar;

foi a vitória da fé e do Evangelho a que o venerável mentor se

referia e dela milhares de nós até hoje se têm beneficiado e

assim se continuará pelo tempo adiante, porque o que se

desenrola nesta arena não é uma luta de interesses meramente

mundanos, pessoais ou sectários, mas a batalha grandiosa pelo

Bem Universal, que se desdobra sob o comando do Cristo

planetário.

Tanto em relação aos que se promovem hoje a

servidores, como aos que partem e são incluídos na Fraternidade

dos Discípulos de Jesus, essas mesmas armas bastam para

vencer, desde que haja fidelidade aos ensinamentos recebidos e

firmeza no ideal de redenção pelo Evangelho.

Repetimos também as palavras de Jesus quando, para

fazê-los enfrentar o mundo, lançou os discípulos na primeira

jornada de propagação da Palestina:

“Ide e pregai, disse; curai os enfermos, socorrei os aflitos

e levai a todas as partes a boa nova da salvação.”

Pois amigos, nada há a acrescentar hoje a estas palavras,

salvo no que se refere à liberdade de ação, que não havia antes e

existe hoje em todos os sentidos, não havendo, portanto, lugar

algum para temores ou abstenções.

O que posso pois desejar a vocês é que se façam

discípulos verdadeiros, humildes, mas fecundos em atividades

construtivas, seguindo sempre por caminhos limpos e claros, os

únicos que levam ao Reino Prometido, onde Jesus a todos nós

oferece o aconchego de seus braços generosos e as dádivas do

seu divino amor, a felicidade, enfim, que todos nós desejamos.

UM IDEAL PARA OS JOVENS

No panorama tumultuado do mundo moderno, por toda

parte os jovens se agitam, reivindicando vantagens, exigindo

reformas. Competem nas ruas, nas indústrias, nas academias,

por seus direitos, premidos pelas necessidades da vida material.

Mas não se voltam para as conquistas de bens espirituais –

(únicas permanentes e que são, justamente, o motivo principal

desta vida encarnada) – buscando fora aquilo que somente

encontrarão em si mesmos, pela auto-realização.

Page 24: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

Todavia, nesse tumultuoso esforço de sobrevivência,

destacado lugar lhes cabe, por mais despreparados que estejam,

por mais desorientados que se encontrem no momento e por

toda parte, inclusive nas áreas dominadas pelas ideologias

materialistas.

Em nosso país o fato de centenas de jovens já se haverem

filiado ao Espiritismo, significa que já amadureceram para uma

melhor concepção de vida e melhor aproveitamento do tempo

que lhes foi marcado nesta encarnação.

E se esses jovens completarem o gesto positivo,

inscrevendo-se em escolas de iniciação espiritual como, por

exemplo, as Escolas de Aprendizes do Evangelho que se

reproduzem nas casas espíritas bem orientadas e dirigidas,

poderão conquistar, mais rápida e seguramente, uma vida mais

feliz no presente e no futuro.

Seguindo tais exemplos, se ingressarem nessas escolas,

terão abertas largas portas para esclarecimentos maiores e mais

verdadeiros sobre a vida espiritual, sem as limitações impostas

pelas religiões dogmáticas e os formalismos de filosofias vazias

de sentido construtivo, incompatíveis com as exigências do

momento histórico que vivemos, neste fim de ciclo evolutivo.

Ao termo da formação os jovens tornar-se-ão membros

das legiões sucessivas de cristãos verdadeiros que, ano por ano,

se vêm formando, passando a pertencer à Fraternidade dos

Discípulos de Jesus, com vasto campo de ação consciente e

produtiva no serviço ao semelhante.

Contra a juventude trabalham forças maléficas e

traiçoeiras vinculadas aos programas de envolvimento da Terra

pelas forças do Mal; e estas têm alto interesse na desorientação

dos jovens, que serão amanhã o governo do mundo, mas que

podem, desde já, intervir nos lares, nas escolas e na sociedade

em geral, disseminando sementes negativas de protestos,

rebeldias, desordens, violências, amoralidade, concorrendo

assim, fortemente, para a progressiva degradação da

humanidade.

Encarnam hoje grandes levas de Espíritos que

permaneceram séculos privados de reencarnação, por

recalcitrância anterior em se conformarem com as leis de Deus e

que hoje, como encarnados, a coberto de leis pacíficas e liberais,

poderão redimir-se, reintegrando-se novamente no caminho da

ascensão espiritual interrompida e assim resgatando pesados

débitos do passado criminoso.

A juventude moderna já está grandemente contaminada

pela generalização de vícios destrutivos como, por exemplo, o

fumo, o álcool, as drogas, o sexualismo mórbido e também de

ideologias ateístas, que só podem levar a maiores retardamentos

evolutivos.

Certamente que não ficarão órfãos da proteção divina em

futuro indefinido, mas sua recuperação atual é tarefa árdua e

demorada de governos e particulares, pois carecem de

confinamento, de assistência assídua e, sobretudo, de recursos

afetivos que, somente famílias bem organizadas e moralizadas

poderão prestar, em condições normais.

Se a juventude compreender que as medidas de protesto

e as reações a que se entregam só podem levar à própria

destruição; e se, em conseqüência, os jovens tiverem dignidade

suficiente para voltarem as costas aos tóxicos e outros vícios,

tapando os ouvidos às insinuações criminosas de companheiros

igualmente viciados; e se puderem aspirar a um novo rumo, a

uma vida mais feliz, por certo que se libertarão da

desencarnação prematura a que estão sujeitos e se farão seres

novos em atividades altamente promissoras.

E os ainda não-contaminados, mas padecentes do mesmo

mal de indecisão de rumos ou desinteresse pela vida, estes,

ainda mais facilmente vencerão, se se armarem de disposição

firme de lutarem pelo seu destino, contra as próprias

inferioridades e de se reformarem intimamente, lançando-se,

Page 25: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

depois, como discípulos de Jesus e a exemplo de milhares de

outros que já o estão fazendo, ao campo tumultuado da vida

coletiva, como homens renovados, apóstolos do Bem,

mensageiros do Plano Espiritual para a difusão das práticas e

das verdades que levam à redenção espiritual, realizando assim

grandiosa e meritória tarefa.

Para essa redenção, é preciso saber, não há caminho mais

perfeito que a vivência evangélica cristã-espírita quando

devotada à propagação pelo exemplo, dos ensinamentos de Jesus

que, segundo ele mesmo afirmou, é o caminho, a verdade e a

vida, ninguém podendo ir ao Pai senão por Ele.

A juventude necessita urgentemente de apoiar-se em um

ideal forte e construtivo, acima de horizontes meramente

humanos; e nenhum ideal é maior e mais elevado que este, de

dedicar-se ao serviço do Bem, ajudando a construir na Terra,

desde já, alicerces sólidos da futura vida espiritual. Desta forma,

como fracos ajudarão fortemente o próximo, como os fortes.

Estamos na hora destas tremendas decisões e cada um

pode escolher livremente seu caminho, para as trevas ou para a

luz, para a permanência nesta humanidade sofredora e retardada,

ou para a ressurreição no reino espiritual, destinado aos

humildes e idealistas que se venceram a si mesmos.

NOTA: Este é o setor da propaganda espírita que, no

momento, necessita de mais amplos desdobramentos e mais

assíduos cuidados por parte dos líderes, dirigentes e editores,

não se esperando que as vicissitudes nos empurrem, mas

antecipando-nos aos acontecimentos.

44

ESPIRITUALIZAÇÃO

O que acima de tudo deve interessar aos homens

encarnados é a progressão espiritual, pois que esta é a única

finalidade da vida dos seres em todos os escalões e em todos os

mundos. A espiritualização, portanto, representa o próprio

motivo da existência; e o melhor meio de consegui-la é

enriquecer a mente e dedicar-se ao Evangelho, estudá-lo,

compreendê-lo, interpretá-lo com exatidão e, em conseqüência,

vivê-lo e testemunhá-lo em todas as circunstâncias e ocasiões.

Isto não é fácil, mas esta é a luta inevitável, que depende

em grande parte de decisão, fé, vontade firme e perseverança

constante.

Espiritualização é a exteriorização, é o “vir à tona” da

centelha, isto é, do Eu interno, no esforço de sintonizar-se à

vibração universal divina, que é harmonia, luz e amor; é

sobrepor-se o homem ao mundo material purificando-se para

conquistar o direito de viver em mundos mais perfeitos.

Permanecendo na vibração baixa, inferior, própria do

mundo da matéria densa, o homem viverá como escravo desta,

pelo instinto ou pelo intelecto, não importa, mas sempre com o

espírito submerso. Entre os dois extremos haverá, naturalmente,

uma escala de progressividade, na qual se situarão todos os

seres, do inseto ao homem civilizado.

À medida que se espiritualiza o ser humano demonstra

mudanças visíveis dentro e fora de si mesmo. O homem atual

atingiu um ponto na evolução cósmica do planeta em que

qualquer esforço de melhoria que demonstre no campo moral,

trará resultados rápidos e positivos, porque o tempo da

expectação terminou e agora urge acelerar o esforço de

aperfeiçoamento.

É fácil distinguir aquele que se espiritualiza: basta ver

para onde vão e como se manifestam na vida comum, seus

sentimentos, pensamentos e atos, porque, por mais que o

intelecto venha em seu auxílio, com artifícios ou subterfúgios,

não poderá esconder o que nele predomina, a saber: a densidade

do mundo material no corpo físico e o retardamento, ou a lenta

exteriorização da centelha, em forma de luz e de amor, no

campo moral.

Page 26: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

Diz muito claramente o Evangelho: – onde estiver a

carniça aí estarão os corvos; isto é, para onde forem os

sentimentos e os pensamentos dos homens, aí estarão seus

corações e a sua consciência, amadurecida ou embrionária e

carente de espiritualidade; e isto os classificará,

automaticamente, por si mesmos, nos paralelos norte-sul do

mundo dos espíritos.

Não há alternativas: ou se cevam ainda nas ilusões do

mundo material, ao qual se escravizam, ou se desprendem dele e

sobem na sintonia dos mundos divinos.

Este é um esforço de milênios, inúmeros dos quais já se

passaram sem que o homem atingisse tais alturas; mas o

Evangelho sempre oferece ao homem encarnado neste orbe, um

poderoso auxílio para a realização imediata da espiritualização,

desde que seja compreendido, interpretado e vivido na essência

de sua significação e do seu poder redentor.

45

VERDADES SOBRE AS ESCOLAS DE APRENDIZES DO

EVANGELHO

Estas escolas não foram criadas para estudos teóricos do

Evangelho, ou de Doutrina Espírita em sentido geral.

São uma iniciação doutrinária do setor religioso, com

base nos ensinamentos de Jesus, nas quais somente devem se

inscrever aqueles que desejem realizar, em si mesmos, as

transformações morais que o Evangelho exige nas suas

testemunhações.

Jesus, ao falar sobre essas transformações, referiu-se a

um homem novo, purificado à luz das verdades que ensinava, e

cujo substrato se configura no Sermão do Monte.

E, no mesmo estilo figurado, disse que não há proveito

em se fazer remendo em roupa velha, significando que, para

essas transformações, é preciso renovar tudo, desprezando-se

preconceitos sociais e religiosos, contemporizações, arranjos,

adaptações; é necessário tecer um tecido novo, em trama mais

resistente, para que perdure e o trabalho seja aproveitável.

A roupa velha é o homem velho, saturado de vícios e

defeitos e o homem novo é aquele que recebe o remendo

(compreensão, preparação, purificação, serviços), tudo resumido

na Reforma Íntima, que é o principal fundamento e finalidade

inarredável destas escolas.

E essas transformações não se realizam com teorias

(como temos várias vezes afirmado), com meias medidas; para

elas a regra é: o não, não; sim, sim, do Evangelho; o oito ou

oitenta, da gíria popular; ação não com palavras mas com fatos

concretos e conscientes; com mudanças internas profundas; com

sacrifícios e renúncias, e nunca com simples aparências

enganadoras.

Por isso a reforma íntima é obrigatória e não aleatória.

Depende de decisões pessoais e corajosas, no sentido de efetivá-

las rigorosamente e jamais supor que ela se possa realizar por si

mesma, ou na força das palavras dos expositores e dirigentes,

algumas vezes precisados tanto delas, como os próprios

aprendizes.

Não se pode usar o termo reforma íntima separado de sua

verdadeira e irrecorrível significação: de transformações morais.

Escolas de Aprendizes do Evangelho sem a

obrigatoriedade da reforma íntima é um contra-senso, quando

não for um subterfúgio usado para fugir a essa verdade; uma

adaptação cômoda, porém inútil; ou uma tolerância

contraproducente, porque não atinge o alvo essencial do esforço,

que é a evangelização.

Conquanto essas medidas satisfaçam porventura a

Instituições que mantêm escolas, os benefícios serão

inconsistentes e ilusórios, como a experiência tem demonstrado,

inclusive esta de ostentar número elevado de alunos; e tudo

reverte, por fim, em descrédito da Doutrina e frustração

Page 27: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

momentânea dos programas do Plano Espiritual Superior para o

nosso meio.

A não ser que, em ressalva da responsabilidade

espiritual, se declare que a Escola em causa é de ensinamentos

teóricos e de simples interpretações do Evangelho.

Assim sendo, a situação se esclarece e ninguém se

engana, porque, neste caso, se trataria de escola de um tipo

diferente, que assim seria útil, porque no Espiritismo escolas as

mais variadas devem surgir amplamente para o esclarecimento

do maior número.

55

CUIDEMOS DA BOA PLANTA

A iniciativa da fundação da Escola de Aprendizes do

Evangelho, em 1950, tinha em vista criar um organismo de

iniciação espírita de elevadas condições, não-secreto (pois que

nada há de secreto no Espiritismo), mas de portas abertas, de

caráter popular, livre de restrições, que oferecesse ao povo

oportunidades e meios de integrar-se na Doutrina, entendê-la e

praticá-la na sua justa e verdadeira significação de cultura

espiritualizante e de realização evangélica.

Na organização do seu programa consideraram-se

circunstâncias principais:

a) O baixo nível cultural dos adeptos pertencentes, em

grande maioria, às classes menos favorecidas da sociedade e,

por isso mesmo, ainda mais merecedoras de atendimento.

b) A urgência da evangelização para todos nós, neste fim

de ciclo evolutivo, considerando também o precário nível de

espiritualização da humanidade em geral.

c) A preparação do maior número para a vivência na

Terra renovada do futuro, onde o evangelho cristão será regra e

lei.

Da forma pela qual a Escola foi organizada e programada

era de se esperar pleno êxito porque também vinham preencher

uma lacuna muito ampla no campo das realizações espíritas,

satisfazendo necessidades evidentes e anseios individuais de

todos quantos, já sensíveis ao chamamento espiritual,

encontravam-se entretanto carentes de orientação adequada no

terreno prático, do modo como realizar a evangelização.

Este período de 18 anos, da fundação até esta data, foi

um labor constante de muitos e prova que a iniciativa, em si

mesma, na maneira pela qual foi levada a efeito e nos resultados

apresentados, ultrapassou até mesmo as mais otimistas

expectativas.

Mas já agora pode-se perguntar: quais os fatores mais

determinantes desse êxito?

E a resposta pode ser esta:

1) O próprio caráter da iniciação, eminentemente

realizadora.

2) Sua base essencialmente evangélica, respeitada com

rigor e polarizada na reforma íntima individual e obrigatória.

3) A necessidade, sentida por milhares, de ingressar

numa iniciação que lhes desse orientação segura, verdadeira e

definitiva.

4) O aconchego espiritual pelo qual ansiavam muitos que

viviam desorientados, desalentados, em penumbra de crença e

solidão espiritual.

5) O ideal nascente que empolgou a todos, dirigentes e

aprendizes, desde os primeiros dias do lançamento da Escola, de

evoluir mais depressa, espiritualizar-se, engrandecer-se,

sobrepondo-se às misérias do mundo e à própria inferioridade.

6) Porque foi a tábua da salvação para milhares de

náufragos.

7) Todos estes fatores, fundidos num só impulso ou

sentimento; uma mística, um ideal pronto a ser realizado e

impossível de obter-se, tão amplamente, fora de uma religião

racional e popular como o Espiritismo.

Page 28: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

Este é pois o fundamento da iniciativa e a natureza

essencial da Escola; e tirando-se a ela esta feição mística de

autotransformação íntima e auto-redenção, sobrará somente um

organismo mecanizado, frio, pobre de expressão, mas,

contrariamente, velando-se pela sua permanência, a coberto de

modificações aventurosas, por melhor intencionados que sejam;

assim se fará o trabalhador digno do seu salário, cabendo-lhe

ainda a esperança de novas e gloriosas tarefas, segundo a

promessa de Jesus quando disse que aquele que é fiel no pouco

sê-lo-á no muito.

60

O VALOR DA INICIAÇÃO ESPÍRITA

O Espiritismo é doutrina que alterou o conhecimento

religioso no ocidente porque, efetivamente, esclarece as almas,

abre caminhos novos, limpos e claros, na desordem e na

desorientação; cuida da evolução dos adeptos sem ritos e

exterioridades inúteis.

Alterou a cultura religiosa, influindo, assim, na formação

social. Influiu até mesmo na existência das seitas paralelas e de

inferior significação, algumas de cujas alas já se vão desviando

para práticas mais perfeitas, compreendendo melhor o

mediunismo, criando cursos de desenvolvimento, adotando

conceitos mais verdadeiros como, por exemplo, o do carma, que

grandemente influi no comportamento individual.

E essa movimentação esclarecedora do povo em geral se

deve em grande parte à criação de cursos de desenvolvimento

mediúnico e de escolas de evangelização.

Olhando a sociedade humana como se apresenta hoje,

podemos ver, de um lado, o materialismo frio e incrédulo, que

nega a existência do próprio Criador, atribuindo à vida e tudo o

que lhe concerne, a meras circunstâncias ocasionais, ou à

mágica evolução da própria matéria; de outro lado, religiões

dogmáticas superadas e decadentes, e seitas e cultos primitivos

sem finalidades e conseqüências construtivas em esferas mais

elevadas.

Por todos os lados, aridez, prevalência de individualismo

egoísta e desdobramento de paixões e de impulsos humanos

menos dignos.

O Espiritismo veio como doutrina libertadora do

pensamento até determinado ponto, mas com a finalidade

altíssima de reavivar nas almas os princípios morais que

dignificaram o Cristianismo Primitivo; seus adeptos, por

conseguinte, devem ser mais amadurecidos nos conhecimentos,

nos sentimentos e possuidores de um ideal mais puro e elevado

na vivência entre seus semelhantes.

Estas são as qualidades que distinguem os adeptos

verdadeiros dos curiosos e comodistas que somente se aprazem

com ritos e superficialidades e que fogem ante responsabilidades

e esforços de melhoria interior, que esses conhecimentos exigem

dos adeptos.

Entre esses conhecimentos e realizações as mais altas

expressões são as do campo da evangelização pela reforma

íntima, na forma estabelecida pela Escola de Aprendizes do

Evangelho que opera nas almas as transformações morais

indispensáveis à vivência e à exemplificação cristãs, os

aprendizes sendo mais que simples adeptos, mas verdadeiros

discípulos e porta-vozes do Divino Mestre na Terra.

Mas essa grandeza não lhe é dada de graça, pois que

exige luta árdua e demorada de auto-aperfeiçoamento e

purificação, luta constante dia por dia, hora por hora, eliminando

defeitos, destruindo vícios, certos de que não há, realmente,

outro caminho mais curto que leve ao Reino de Deus, senão

este.

Os que seguem e perseveram até o fim, submetendo-se

às servidões que a Escola de Aprendizes do Evangelho

estabelece, serão vencedores de si mesmos como milhares de

outros que já o fizeram antes e que se devotam, como discípulos

Page 29: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

na vida comum, às atividades construtivas e beneméritas de

ajuda aos semelhantes na imensa seara de Jesus.

Estes constroem para si mesmos, desde já, o Reino de

Deus na Terra.

MENSAGENS E INSTRUÇÕES

12

MENSAGEM PARA A INAUGURAÇÃO DA 1ª ESCOLA DE

APRENDIZES

DO EVANGELHO DE BUENOS AIRES, ARGENTINA –

1974

Prezados Confrades Dirigentes do Centro Espírita

“Providência”:

Atendendo ao generoso convite para compartilhar da

inauguração da Escola de Aprendizes dessa Instituição, faço-o

por esta mensagem, na qual expresso, em ligeiras palavras, meu

júbilo sincero pela inspirada iniciativa, a primeira, que nos

conste, tomada em seu país e por ver como, assim, os

ensinamentos do Divino Mestre Jesus, na forma pela qual são

transmitidos pelo Espiritismo, caminham vitoriosamente,

expandem-se por toda parte, são aceitos, difundidos e

testemunhados por Servidores corajosos, fiéis e idealistas.

Todos sabemos que a humanidade deste planeta inferior,

em grande maioria afastada das luzes espirituais, vive dominada

pelas ilusões absorventes do mundo material e, qual se fosse

uma caravana imensa, caminha cegamente para abismos

tenebrosos de violência, de espanto e de dor, mais fortes que as

advertências que lhe são feitas por muitos modos, as evidências

e os sinais emitidos pela própria natureza no céu, no mar e na

terra. São os apelos do mundo, as atrações, as ambições que por

toda parte tentam os homens encarnados, surdos e insensíveis,

que desprezam inclusive os conselhos que lhes vêm do Plano

Espiritual, através de porta-vozes autorizados, contaminados

como estão de descrença, pela impotência dos credos

fantasiosos, meramente humanos, de que o mundo está cheio,

deslumbrados pelo avanço espetacular da ciência materialista,

fria, impiedosa e negativista, esquecendo-se de Deus e

Page 30: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

desvairadamente se entregando às ilusões e prazeres transitórios,

esquecidos dos compromissos severos e irrecorríveis a cumprir e

às contas a prestar no futuro aos tribunais divinos.

Estes pobres irmãos que aceitam como única e

verdadeira a vida efêmera de um dia nada cogitam das glórias da

eterna vivência do espírito imortal. Cegos que vivem nas

sombras e, lastimavelmente, ignoram as luzes que lhes estão ao

alcance e que jorram dos céus amplamente abertos pelo imenso

amor do Cristo Redentor.

Mas nesse panorama escuro surgem luzes e claridades

representadas pelos agrupamentos humanos suficientemente

espiritualizados, dedicados ao Bem, e instituições de

benemerência, notadamente as casas espíritas,

fundamentalmente integradas nas atividades evangélicas

redentoras, que se esforçam por difundir e exemplificar, em

espírito e verdade, o Cristianismo Primitivo, num trabalho

semelhante ao de João Batista e dos Essênios, no preparo das

almas humanas para um novo advento espiritual. Se naquele

tempo a esperança era a vinda do Messias, hoje é a

popularização da vivência evangélica para a conquista de uma

vida espiritual mais perfeita, no próximo ciclo que se abre para a

vida na Terra.

Tal foi o programa que organizamos para a Escola de

Aprendizes do Evangelho da FEESP, que inspiradamente se

propuseram seguir em terras argentinas, e estamos seguros de

que se perseverarem com prudência e fé, grandes messes

colherão no seio do povo humilde, e glorificada nos céus será

sua tarefa, porque abrirão sendas novas nas trevas e nelas

acenderão claridades eternas.

Como sabem inútil se torna a filiação a credos religiosos

de quaisquer títulos se não se tem como decisão sincera e firme

o desejo de melhorar. Os templos estão cheios de freqüentadores

que absolutamente não se preocupam com tal coisa e realmente

não passam de freqüentadores. E inútil será também freqüentar

casas espíritas se não se tem no coração o desejo sincero de

reformar-se, evangelizar-se, transformando-se no homem novo a

que Jesus se referia nas suas prédicas, eliminando vícios e

defeitos morais, renovando-se, enfim, à luz dos ensinamentos

redentores.

Mas também é preciso ter em vista que o conhecimento

meramente intelectual nada resolve em definitivo e que somente

a vivência, o testemunho pessoal, após cuidadosa e persistente

preparação, pode assegurar o êxito; e considerar também que o

Discípulo não é um espírita comum que se supõe

espiritualizado, porque conhece a Doutrina Espírita teoricamente

e cita passagens do Evangelho com precisão e boa memória: é

muito mais que isso, é o Servidor idealista que se preparou

humildemente para testemunhar os ensinamentos, vivendo-os na

vida comum de todos os dias, dedicando-se ao bem dos

semelhantes; é aquele que sabe e que serve, porque ama.

Não se pode freqüentar esta Escola com a idéia frívola de

receber um título, mas para dar-se ao serviço do próximo, atingir

o grau de Discípulo e continuar a viver como qualquer outra

pessoa desinteressada da vida coletiva, do bem dos semelhantes

e dos ideais de fraternidade universal, porque as

responsabilidades crescem com o aumento do conhecimento.

Esta Escola, além disto, não é semelhante a todas as

demais que se conhece; não fornece diplomas vistosos, mas,

para os que nela entram e perseveram e lutam e vencem, há

galardões mais preciosos que abrem caminhos retos para o

coração do Divino Mestre e portas muito amplas para mundos

mais felizes nos Planos Espirituais.

É preciso saber que para ser um bom Discípulo é preciso

que cada um crie em si mesmo uma mentalidade sacrificial de

devotamento aos semelhantes, que se torne um escudo poderoso

contra a dúvida, o temor e o desânimo.

É preciso desprendimento de coisas materiais, sem se

olvidar, todavia, dos deveres comuns sociais, domésticos e de

Page 31: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

trabalho; renúncia a conforto, desprezo a ambições; tolerância e

compreensão para os defeitos alheios; bondade inalterável para

com todos; esforços constantes para conquistar virtudes;

paciência no sofrimento, humildade nas ofensas, nas

hostilidades, injustiças, perdão ou, no mínimo, tolerância para

todos os agravos; e muito mais que tudo isso são os deveres dos

Discípulos.

O estatuto da FDJ, aliás, é o Sermão do Monte, que é o

substrato do Evangelho, conquanto seja óbvio que não se pode

atingir tais perfeições num simples curso de preparação, por

melhor que seja, nem mesmo numa só vida encarnada, por mais

operosa que seja; mas lutar pela perfeição, isso sim se pode

exigir de todos os Aprendizes e Discípulos.

Importante também é não esquecer que a exemplificação

começa nos lares onde o Aprendiz, seja qual for sua posição,

passa a ser elemento de estabilidade, equilíbrio, acomodação,

harmonia e esclarecimento. Por seu intermédio é que se poderá

manter ali o fluxo das luzes e das bênçãos celestes, das quais é

ele também o polarizador responsável em grande parte.

Tudo isso é preciso dizer para que não haja ilusões,

decepções e para que os que batem às portas possam fazê-lo por

inteiro livre-arbítrio, plena consciência e sinceridade de

propósitos.

Nesta Escola o ensino doutrinário teórico, conquanto

necessário, não é preocupação de maior monta, nem exige

apurações escolares em exames, porque o fundamental é a

reforma moral que, esta sim, deve merecer todo empenho dos

diretores, para que seja devida e rigorosamente apurada.

Para essa verificação o sistema de cadernetas pessoais

pode ser considerado proveitoso, assim como outras medidas

semelhantes, mas tudo isso, repetimos, será de resultados

ilusórios se os Aprendizes não tomarem consigo mesmos a

decisão sincera e firme de melhorar, eliminando vícios e

defeitos, os primeiros em tempo curto, pois que dependem

unicamente da vontade pessoal, e os últimos, somente após

tempo mais ou menos longo, segundo o caráter moral, o

devotamento, o grau de avançamento espiritual de cada um.

Milhares de irmãos nossos se perdem nos caminhos

escuros do mundo, porque batem às portas dos que têm pouco

para dar, no sentido construtivo, e milhões também se desviam

porque se satisfazem com exterioridades, rituais que os isentam,

segundo pensam, de esforços e sacrifícios incômodos, havendo,

também, outros tantos que ainda não foram tocados pela

ansiedade da espiritualização, a todos estes, pois, faltando

orientação adequada e impulsos internos de mudança de vida.

Mas é certo e fora de dúvida que todos aqueles que

edificam sua vida nas bases espíritas, que são as da

evangelização, esses subirão depressa os degraus que levam a

mundos melhores. E os Aprendizes desta Escola não

encontrarão dificuldades em prosseguir nos caminhos retos que

escolheram porque a conduta rigorosamente evangélica não é

sujeita a erros e perdas de tempo e abre janelas muito amplas

para a assistência espiritual vinda do Alto.

Desde o primeiro dia serão ajudados amplamente e em

todos os sentidos pelos benfeitores espirituais, para que tenham

completo êxito nesse meritório esforço.

E possam eles em tempo breve se transformar em

Discípulos operosos de Jesus, tornando assim sua atual

encarnação plenamente benéfica e altamente proveitosa.

Estes são os votos que fazemos, olhos postos no futuro,

pelo bem dessa comunidade.

23

MENSAGEM PARA DIRIGENTES DE TURMAS – 1975.

Adotar o Espiritismo como crença pessoal é um acertado

passo na senda evolutiva.

Page 32: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

Como espírita, de qualquer grau de compreensão,

inscrever-se na Escola de Aprendizes do Evangelho, eis um

segundo passo, mais largo que o primeiro, um avanço maior no

caminho que leva ao progresso espiritual.

Obtido bom aproveitamento na Escola e transferido o

Servidor para a Fraternidade dos Discípulos de Jesus, isso

representa um ponto já bem alto na caminhada espiritual, desde

que, bem entendido, como Discípulo se disponha a iniciar sem

demora a vivência evangélica independente, desenvolvendo

labores de exemplificação no meio social, segundo programa

próprio, ou em sentido de colaboração criativa.

Finalmente, como Discípulo, ser indicado para exercer a

tarefa de Dirigente de turma na mesma Escola, isso se torna uma

complementação honrosa, uma oportunidade magnífica de

acelerar o aprimoramento, desde que, também, bem entendido,

preste boas contas nesse nobilitante cargo.

Pode-se encarar essa tarefa como um desafio e como um

teste; desafio, porque o Discípulo põe à prova sua capacidade

formadora e condutora de almas; e teste porque mostra como

aproveitou realmente o conhecimento recebido na Escola, e se a

reforma moral ali realizada foi obtida em profundidade,

tornando-se assim digno de maiores encargos no futuro.

Para o bom desempenho dessa tarefa convém ter em

vista o que foi publicado no nº 7 de O Trevo – jornal da Aliança

–, onde foram enumeradas em 6 itens as qualidades necessárias

a um bom Dirigente. Logo no preâmbulo foi dito que o

Dirigente é o pivô em torno do qual giram a assiduidade, o

interesse pelo estudo, o esforço da Reforma Íntima, a

perseverança nesse esforço e o aproveitamento geral do

trabalho, que é o mesmo que dizer tudo isso em resumo.

Examinemos, porém, mais detalhadamente esses itens:

1) Capacidade de comunicação com os Aprendizes: Se o

Dirigente for uma simples figura de proa, inerte e pomposa,

nenhuma boa influência exercerá na vida da classe. Isso quer

dizer que o Dirigente não deve abster-se, isolar-se, omitir-se,

limitando-se à rotina de “presidir a reunião”, mas, sim, penetrar

em todos os assuntos internos e externos que se relacionem com

o processo de iniciação dos Aprendizes, fazendo-se árbitro dos

problemas, tornando-se útil em todos os sentidos.

O mesmo preâmbulo diz que o Dirigente faz a turma;

bom Dirigente significando bons resultados finais do trabalho

comum.

Isto quer dizer que é importante a presença do Dirigente,

seu modo de agir, suas qualidades de líder, de condutor, mas,

sobretudo, importante sua capacidade de exemplificar, pois ele é

a imagem viva do indivíduo espiritualizado que a Escola tem em

vista formar em grande número.

O aprimoramento do Aprendiz não advém somente dos

ensinamentos que recebe, mas das transformações morais que

estes promovem no seu íntimo e que são as mesmas que o

Evangelho exige. O Dirigente é o exemplo vivo dessas

conquistas espirituais, que nele se refletem como num espelho, e

isso tanto na vida escolar, como na social e na doméstica,

porque a Escola prepara em todos os sentidos, para todas as

circunstâncias.

2) Boa integração nos conhecimentos doutrinários e,

sobretudo, nas finalidades essenciais da Escola:

Não será bom Dirigente aquele que não conheça bem a

Doutrina, porque os Aprendizes vêem nele uma fonte rica de

conhecimentos, de esclarecimentos, respondendo perguntas,

dirimindo dúvidas, solucionando problemas conscienciais, tudo

com base no que a Doutrina ensina e a Escola tem como

finalidades fundamentais.

No mesmo preâmbulo também se diz que para ser um

bom Dirigente não basta a boa vontade, sendo preciso ter

qualidades especiais e preencher determinadas condições. E isto

é evidente porque ele ocupa uma posição, como já dissemos, de

liderança intelectual e moral e, sem essas qualidades, a boa

Page 33: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

vontade sozinha não prevalece, porque não assegura bons

resultados no esforço a dispender pelos Aprendizes.

3) Vida limpa, inatacável, doméstica e social:

Se não tiver essas qualidades, que condições terá para

formar ou corrigir caracteres e guiá-los no aprimoramento

espiritual? Que autoridade moral terá para orientar, aconselhar,

indicar o melhor rumo?

4) Objetividade, facilidade de expressão verbal e

capacitação pessoal no campo da Reforma Íntima:

O Evangelho é ação pura, simples e direta, sem

subterfúgios, enganos ou acomodações; portanto, o que se

ensina deve ser também direto, simples e verdadeiro, utilizando-

se palavras apropriadas, claras e compreensíveis.

A nebulosidade ou o subentendimento, próprios, de

algumas filosofias, não se compatibiliza com a vivência

evangélica. Jesus mesmo ensinou dizendo que o falar deve ser

sim, sim, não, não.

Esta tarefa, por outro lado, deve ser executada por quem

tenha sido penetrado do idealismo que a Escola ressuma, irradia

e, preferentemente, tenha cursado a Escola e ingressado em

condições na Fraternidade dos Discípulos de Jesus.

5) É vedado ao Dirigente alterar os programas da Escola

e as suas finalidades evangélicas:

Qualquer alteração, divagação ou desvio literário ou

doutrinário traz confusões, perda de tempo e inutilidade para o

fim que se têm em vista, que é: preparar trabalhadores

evangelizados e aptos à difusão do Evangelho no campo social e

nos corações; e os programas da Escola foram organizados

justamente nesse sentido.

6) Sensibilidade didática para manter o interesse e a

progressão do esforço da Reforma Íntima:

Isso é importante porque, apesar de reduzidos, os

programas são substanciais, e a monotonia deve ser evitada o

mais possível. É preciso ter inalterável o interesse dos

Aprendizes, tanto para as exposições teóricas, como,

principalmente, no esforço de Reforma Íntima. Isto requer

amenidade e clareza nas exposições, evitando prolixidade, o que

exige preparação aprofundada da matéria a expor.

O sistema de perguntas e respostas deve ser

sistematizado com clareza e proficiência, objetivando o ensino o

mais possível, com freqüentes estímulos e sempre aplicada a

criatividade direcional.

O artigo que vimos comentando termina por declarar que

qualquer falha ou ausência de expositores o Dirigente suprirá,

quando for apto e bem integrado na tarefa, compensando assim,

de uma ou de outra forma, a falta ou ausência e,

conseqüentemente, evitando prejuízos e atrasos no

aproveitamento dos Aprendizes.

Ao encerrar esta mensagem devemos dizer que o tipo

ideal de Dirigente aqui descrito nem sempre se pode obter,

sendo necessário recorrer a substituições muitas vezes

medíocres, inadequadas ao duplo fim do ensino, porque, se a

parte teórica, simplesmente complementar, prevalecer, por ser

mais facilmente substituível, o prejuízo será do setor

fundamental, mais importante, que é o da Reforma Íntima, que,

em grande parte, depende da atuação, do auxílio e da capacidade

pessoal do Dirigente da turma.

Page 34: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

GUIA DO APRENDIZ

ENUNCIADOS

1º) Não pode haver redenção, isto é, libertação espiritual,

sem as transformações morais que levam à eliminação de vícios

e defeitos e à aquisição e desenvolvimento de virtudes cristãs;

2º) A Escola de Aprendizes do Evangelho visa

exclusivamente esses altos e fundamentais objetivos;

3º) Essas transformações se operam com a reforma

íntima, da qual a vivência do Evangelho de Jesus é condição

essencial.

4

A INICIAÇÃO ESPÍRITA

Essa situação refletia-se no Plano Espiritual ligado à

direção do planeta, sobretudo na parte referente ao nosso País,

dada sua anterior destinação, como núcleo da futura

espiritualização do mundo.

Para impulsionar o movimento doutrinário nesse rumo,

realizar esse trabalho de forma objetiva, em caráter iniciático e

aberto ao povo em geral, criou-se, então, na Federação, uma

Iniciação Espírita em três graus ou estágios sucessivos e

complementares, inspirada na situação existente na Palestina ao

tempo de Jesus e na Fraternidade Essênia, que foi o elemento

espiritualmente organizado que lhe deu franco e decisivo apoio

em sua transcendente missão redentora.

A História, mas sobretudo as revelações que têm vindo

pelos canais mediúnicos, em nosso País e no estrangeiro,

informam detalhes pouco conhecidos dessa jornada inolvidável

que culminou com o sacrifício cruento da cruz e do qual o

Evangelho emergiu como luz para o futuro do mundo.

Examinando bem as coisas e em humilde analogia,

verificamos que nesse tempo, os que se apresentavam a Jesus,

sem aspirações bem definidas, eram acolhidos como aprendizes,

sem compromissos de trabalho efetivo; permaneciam junto

d’Ele ou periodicamente se aproximavam, limitando-se a ver,

ouvir, aprender, formando o agrupamento conhecido como “Os

quinhentos da Galiléia”, grupo esse que se reduziu a setenta e

dois quando se configurou e se tornou patente a má vontade do

clero judaico.

Aos membros desse grupo reduzido, que demonstravam

maior compreensão e fidelidade, Jesus atribuía tarefas menores e

fornecia conhecimentos de caráter geral religioso e, em certas

ocasiões, permitia que acompanhassem os discípulos mais fiéis

em suas andanças pelo país. Dava-lhes instruções que deixavam

clara a necessidade da testemunhação. “Ide e pregai”, dizia-lhes,

mas acrescentava: “curai os enfermos, consolai os aflitos, afastai

os Espíritos malignos, dai testemunho de Mim”, indicando-lhes

que a propagação não se faz somente com palavras.

Já prestavam, portanto, serviços efetivos, colaborando na

propagação das verdades espirituais, como verdadeiros

servidores.

Esse grupo, à sua vez, reduziu-se a doze, quando se

concretizaram as ameaças do Sinédrio, cujos delegados

interferiram nas pregações com interpelações, protestos e outros

meios coercitivos.

A estes últimos Jesus consagrou como apóstolos –

mensageiros – alterou-lhes os nomes, confiou-lhes

conhecimentos mais aprofundados, outorgou-lhes faculdades

psíquicas, revelou detalhes mais importantes sobre sua pessoa,

sua missão redentora, sua hierarquia espiritual e seu destino, ao

término da tarefa, da qual os considerava autênticos porta-vozes

Seus.

Os mesmos doze, alguns dos quais ainda vieram a

fraquejar nas horas difíceis dos testemunhos, nos momentos

dramáticos da prisão e da crucificação.

Os mesmos, vários dos quais, após a retirada do Mestre,

permaneceram inativos, desalentados, por mais de dez anos, até

Page 35: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

que despertassem para as responsabilidades da propagação,

como testemunhos vivos, e se lançassem ao trabalho,

dispersando-se pelos países vizinhos ou remotos, do mundo

então conhecido, e onde, em sua maioria, sofreram e morreram

nas tarefas piedosas e dignificantes.

10

INICIAÇÃO SEM ESCOLA

Para aqueles que não têm possibilidades de freqüentar

escolas desse tipo, sobretudo vivendo em lugares onde elas não

existem, o problema poderá ser resolvido com a AUTO-

INICIAÇÃO, isto é, cada um realizando seu próprio esforço

com os recursos que tiver à mão.

Para isso há duas soluções melhor aplicáveis:

Primeira solução

As escolas já existentes, como, aliás, já foi previsto na

organização da Escola de Aprendizes do Evangelho,

promoverão Cursos por correspondência, com instruções

pormenorizadas e metódicas, enviadas aos interessados pelos

meios normais conhecidos, encarregando-se também da

apuração dos resultados nas épocas próprias.

Segunda solução

Onde quer que residam, os interessados em realizar esse

dignificante esforço de melhoria íntima – libertar-se da

ignorância religiosa e dos enganos retardadores da vida material

– poderão promover sua auto-iniciação da seguinte forma:

1) Assumirão perante Jesus, diretamente, o compromisso

firme e sincero de se reformarem, solicitando ao mesmo tempo

que benfeitores espirituais desencarnados possam vincular-se ao

seu intento, auxiliando-os e inspirando-os a bem agirem nas

diversas etapas do empreendimento.

Farão duas ou três concentrações sucessivas, com hora

marcada, durante as quais se abrirão para o mundo espiritual, até

que se sintam penetrados da certeza de que foram atendidos e

estão em condições de iniciar seu esforço;

2) Organizarão em seguida um plano de ação pessoal,

levando em conta sua posição social, condições gerais de vida,

compromissos domésticos e possibilidades de tempo disponível,

de forma a realizar seu esforço sem criar reações ou prejudicar

quem quer que seja;

3) O plano abrangerá as duas partes já referidas – teórica

e prática – como segue:

a) Estudos e meditações progressivas e metódicas dos

conhecimentos teóricos da Doutrina, que podem ser obtidos pela

leitura das obras da Codificação Espírita, de Emmanuel, André

Luiz e de outros autores conhecidos;

b) Caso não disponham de tempo e facilidades, poderão

adquirir a obra Iniciação Espírita, existente para isso mesmo,

contendo noções desses conhecimentos destinados aos

principiantes;

c) Praticagem das regras constantes deste Guia do

Aprendiz para o 1º grau da Escola de Aprendizes, versando

sobre combate aos vícios, maus costumes, maus sentimentos,

repressão às más tendências e defeitos morais.

Com persistência e força de vontade lutarão nesse

sentido durante dois anos, anotando em sua caderneta tudo

aquilo que conseguirem realizar; darão então um balanço nos

resultados e na sua posição atual, concluindo por si mesmos

sobre a passagem para o segundo grau.

Novamente se dirigirão ao Divino Mestre em

concentrações diferentes, abrindo-se, como na primeira fase,

para as inspirações do Alto. Se se esforçaram e eliminaram os

vícios e modificaram o trato com seus semelhantes, certamente

poderão passar ao grau de servidores, no qual prosseguirão no

combate às falhas ainda existentes e aos defeitos morais que,

então, passarão a ser combatidos com redobrado vigor.

Page 36: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

Ao mesmo tempo iniciarão a parte mais importante da

reforma, que é a prestação de serviços aos semelhantes em

geral, não uma vez ou outra, de forma aleatória, mas como regra

de procedimento habitual, no ambiente doméstico, no social e no

de trabalho e por todos os meios ao seu alcance, inclusive por

meio de preces e concentrações em benefício de necessitados,

conhecidos ou não.

Esse trabalho deve ser realizado com discrição, sem

alardes, para evitar reações contrárias ou interferências

exteriores, que podem prejudicar seu aprendizado.

Poderão, como medida acertada e útil, organizar o

trabalho de “Evangelho no Lar”, que pode interessar e beneficiar

aos próprios familiares e conhecidos que demonstrem desejo de

participação. Essa reunião poderá com o tempo transformar-se

em uma sólida base de trabalho efetivo em benefício de muitos

necessitados, dali se irradiando para lugares afastados.

Após dois anos desse segundo esforço e balanceados os

resultados como já mostramos, alcançados no próprio íntimo e

no setor das testemunhações, voltarão os aprendizes às

concentrações de consulta ao Plano Maior, em busca de

inspirações para novos avanços espirituais, neste caso para saber

se estão ou não em condições de encerrar suas atividades como

servidores, passando ao grau de discípulos.

A aprovação para isso será: terem combatido com bons

resultados os defeitos morais ou, no mínimo, os terem reduzido

de forma evidente e profunda; e terem integrado sua nova

formação espiritual no conceito do amor universal.

Se a resposta que receberem for afirmativa, dirigir-se-ão

mais uma vez a Jesus, para reafirmar sua fidelidade ao serviço

do Evangelho, prometendo dedicar-se daí por diante,

definitivamente, à sua propagação e testemunhação.

Isso obrigará os servidores a um desdobramento de

programas e atividades com uma atuação permanente e

definitiva, para a qual, aliás, já possuem um bom cabedal de

experiências, conhecimentos e condições íntimas. A essa altura

já se fizeram verdadeiros espíritas e verdadeiros cristãos,

podendo contar com amplas aberturas no Plano Espiritual e

auxílio poderoso da parte dos benfeitores espirituais, que lhes

custodiaram e ampararam os esforços realizadores.

Se, em todo esse tempo de aprendizado, puder haver o

concurso de médiuns, tudo será facilitado, principalmente o

intercâmbio com os Espíritos desencarnados, com os protetores

espirituais e os atendimentos de necessitados – desde que, bem

entendido, os médiuns possuam realmente qualidades

inspiradoras de confiança, o que pode ser verificado, desde o

início, pelos resultados do trabalho deles e as conseqüências que

dele decorrerem, pois que pelos frutos se conhecem as árvores.

Se, porventura, surgirem dificuldades insuperáveis de

soluções por conta própria, ou não tiverem os interessados

capacidade para organizar sua auto-iniciação, é de todo

conveniente solicitarem, pessoalmente ou por escrito, instruções

a escolas já existentes das quais tenham conhecimento, ou

diretamente à Aliança Espírita Evangélica.

O esforço de reforma íntima, é bom esclarecer, deve ser

executado com todo rigor possível, sem transigências com

comodidades e preconceitos de qualquer ordem, sem prejudicar,

como já dissemos, os deveres comuns domésticos, sociais e de

trabalho, mas, muito ao contrário, exige que estes sejam

realizados ainda com maior perfeição, exatidão e boa vontade.

Nas cidades onde houver um grupo que deseje realizar o

esforço por conta própria, as facilidades serão maiores e, nesse

caso, o mais capacitado e que inspire mais confiança será o

dirigente.

Nota: Nada impede que a reforma íntima seja realizada a

título precário por indivíduos isolados ou em grupos, quando

não existam escolas apropriadas, porque evangelizar-se é um

direito de todos; e pontos de vista, preconceitos ou

exclusivismos, mesmo quando partidos de organismos

Page 37: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

direcionais, não devem servir de obstáculos a tão necessária e

urgente realização popular. Não podendo ou não desejando

levar-lhes o conhecimento, devem, no mínimo, dar-lhes

assistência e orientação dessa maneira.

11

COMENTÁRIOS FINAIS

1) Com o Velho Testamento os homens reverenciavam a

Deus poderoso e punitivo que, nos salmos e nas profecias, fazia-

se presente às atividades humanas de forma objetiva; mas com

Jesus abriram-se novos horizontes iluminados pelo amor, pela

esperança e pela certeza de uma vida mais feliz, nos reinos

espirituais.

2) Agir pelo Bem é como amealhar tesouros que

reverterão em nosso próprio benefício, quando deles

necessitarmos. Assim, nos celeiros de Deus, acumulamos

recursos de vida feliz para a eternidade.

3) Obedecer às leis de Deus em tudo e sempre, eis a

sabedoria maior. Aqueles que ouvem e esquecem, constroem na

areia casas efêmeras que facilmente desmoronam; mas os que

são fiéis às leis, plantam alicerces firmes e jamais ficarão ao

relento; assim são edificações argamassadas com o amor

conforme Jesus ensinou, e que são eternas.

4) Conforme disse um autor inspirado, a alma do

discípulo é como um reduto sitiado por forças hostis, que

buscam, infatigavelmente, abertura por onde penetrar; mas a

vigilância constante, pela comunhão espiritual e o coração limpo

de maldades, representam defesas invencíveis.

5) Conservar a confiança em Deus e prosseguir corajosa

e persistentemente, nos caminhos traçados para a

espiritualização própria, eis a atitude dos que querem vencer,

pois que as dúvidas e as vacilações retardam a marcha, fazem

perder tempo e são fontes perenes de sofrimentos evitáveis.

6) Manter o bom ânimo e a alegria é condição importante

na luta pela espiritualização, porque a inquietação e o temor

causam grande dano, enfraquecem a alma e a isolam das forças

protetoras. A alegria espanca as sombras, dá forças e restaura o

equilíbrio psíquico.

7) Recebam com amor a todos os que os procurem,

porque a muitos podemos dar alguma coisa de nós mesmos e

bom será que os necessitados guardem desses encontros

lembranças favoráveis. De tudo o que dermos receberemos de

volta, centuplicadamente, bênçãos e graças de eterno valimento.

8) Nunca suponham os aprendizes serem demasiadas as

tarefas recebidas, pois que, se as receberam, é que poderão

suportá-las, porque a força do Divino Mestre reside em nós

quando agimos em seu nome e também porque Deus, como

disse um venerável instrutor, “quando põe sobre nossos ombros

uma carga pesada, nos ajuda a sustentá-la com seus próprios

braços”.

9) Mesmo em meio às maiores dificuldades, privações e

fracassos, a presença dos seres amados traz conforto e estímulo.

Assim também deve ser em relação ao Divino Mestre: sabendo

que Ele estará sempre com seus discípulos, isso conforta,

estimula e traz alegria e paz de espírito.

10) “Buscai primeiro o reino de Deus e sua Justiça...”

Não se deve buscar com ansiedade os bens do mundo,

porque são transitórios e efêmeros.

Nos mundos inferiores os homens buscam, em primeiro

lugar, as coisas materiais, e só em certas circunstâncias as do

espírito. Mas as primeiras são nos dadas por Deus segundo

nossas necessidades de momento e conveniências encarnativas,

ao passo que às últimas cabe a nós conquistá-las, aperfeiçoando-

nos espiritualmente, para a vivência eterna.

“Cuidai das coisas do espírito que das materiais

cuidaremos nós” dizem os benfeitores espirituais, duma forma

alegórica, para nos advertirem dessas verdades.

Page 38: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

11) “Não importa que choremos de noite – afirma um

instrutor espiritual – se as alegrias voltam pela manhã com as

luzes deslumbrantes de sol”. Essa é a chama da esperança que

não morre e o estímulo para a retomada infatigável dos esforços

da ascensão para Deus.

12) Não nos atemorizemos com as dificuldades da vida,

pois que elas são de todos os que vivem. Do alto de um morro,

donde enxergamos um vasto horizonte, como nos lastimarmos

das canseiras da subida? Agradeçamos, isso sim, a visão das

metas, para as quais caminhamos, pois que, se as vemos, é

porque já estão mais próximas. Igualmente rejubilemo-nos com

os sofrimentos do passado, porque através dele é que nos vieram

as experiências e a sabedoria que nos trouxeram até aqui onde

estamos.

13) Para os que lutam bastam as preocupações e o peso

das horas de cada dia. Se juntarmos a isso preocupações sobre o

passado e o futuro não agüentaremos a carga. Por isso mesmo é

que Deus cerra aos encarnados a cortina do tempo.

14) O que se pede a Deus certamente que se recebe desde

que seja coisa justa, e nestes mundos inferiores, há muita coisa a

pedir para suportar a vida que neles se leva; mas o esforço

próprio deve preceder o pedido porque, na vida espiritual, quase

tudo deve ser conquistado e não solicitado.

15) A compreensão do verdadeiro sentido do Evangelho

só se obtém com o amadurecimento do Espírito. Com a

compreensão surge na alma o ideal do aperfeiçoamento, da

espiritualização, e o aprendiz torna-se apto a realizar a reforma

íntima com perseverança e sinceridade.

A reforma não é um título que se receba, mas uma

transformação que se opera no mais íntimo da alma, visando a

libertação dos tormentos, misérias e temores da vida inferior e a

ascensão para mundos melhores, mais altos e perfeitos.

Desenvolver esse ideal e criá-lo nas almas que ainda não

o possuem, essa é a verdadeira finalidade da Iniciação Espírita.

Entender de outra maneira é cometer erro paralisante do

movimento ascensional, retardar a evolução de milhares de

almas irmãs, para as quais o Divino Condutor mantém abertas as

portas do seu Reino; porque foi justamente para isso que semeou

no mundo os insuperáveis ensinamentos do seu Evangelho

redentor.

Ao encerrar este trabalho convém ainda perguntar:

P – Como consolidar a Fraternidade dos Discípulos de

Jesus e a Escola de Aprendizes do Evangelho, bases

fundamentais da iniciação?

R – Conservando e aperfeiçoando, mas não modificando

levianamente: a) a característica religiosa predominante; b) a

filiação evangélica operante não somente interpretativa; c) a

finalidade fundamental redentora do trabalho; d) a

obrigatoriedade do esforço de reforma; e) a formação cuidadosa

de expositores e dirigentes que, preferentemente, devem ter

passado pelos mesmos graus de acesso; f) a multiplicação das

escolas nas mesmas bases e finalidades.

Se isso for feito, grandes serão os frutos do trabalho

comum e o Brasil virá a ser, realmente, a pátria do Evangelho e

a Doutrina dos Espíritos alcançará seus alvos redentores,

configurados no binômio: amor e sabedoria.

12

TRANSCRIÇÕES

Do opúsculo citado Para os Aprendizes do Evangelho

transcrevemos aqui os capítulos seguintes que, inteiramente, se

integram e completam este trabalho.

O mundo interno

Em todos os casos, sejamos ignorantes ou sábios,

retardados ou evoluídos, tudo o que se faz a Lei registra, e nada

escapa à sua surpreendente flexibilidade. No esforço de

Page 39: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

esclarecimento próprio, ler, interpretar, colaborar na divulgação

da Doutrina, obter conhecimento teórico, tudo isso é fácil;

oferece atrativos e até causa deleite, porém só vale o que se

passa no íntimo.

O mundo interno é que é o nosso mundo. Não vivemos

para solucionar os problemas do Universo, porque estes já estão

desde sempre solucionados por Deus. Nosso problema é a

questão evolutiva, o desenvolvimento do Eu individual. Porque

há um céu interno, feito de valores divinos, que devemos

revelar, exteriorizar, se bem que, muito ao contrário, o que

sucede é que os homens mais se devotam às coisas exteriores,

preocupando-se com problemas inúmeros, pertencentes quase

todos à criação divina e, portanto, já elaborados e solucionados,

desde sempre, por Deus.

Esses problemas exteriores, para que se os conheça basta

que se lhes dê atenção, que se os estude, utilizando-se da

inteligência e, nesse esforço, mesmo quando se descubra coisa

nova, nada mais se faz que penetrar em terreno já conhecido

antes, já existente antes, unicamente ainda desconhecido para

nós. Mas o campo interno, esse precisa ser edificado por nós,

realizado e revelado por nós mesmos; esse é que é o nosso

problema fundamental, para solução do qual fomos criados,

encarnamos e desencarnamos, sofrendo e aprendendo sempre.

Nada que seja exterior nos dará felicidade, nem resolverá

nossa equação espiritual, antes que primeiramente o campo

interno tenha sido conquistado, edificado e revelado por nós,

com sacrifício, perseverança e sofrimento, e antes que, para essa

solução, saibamos manejar a arma poderosíssima do Evangelho,

isto é, a do amor, porque esta é a chave maravilhosa que abre

todas as portas do mundo espiritual. Foi isso que Jesus revelou

como fundamento de seus ensinos e foi com isso que Ele

apontou o caminho da Redenção.

O amai-vos uns aos outros é isso...

Ele nos mostrou até onde podemos ir no esforço imenso

da evolução, dizendo que o Reino de Deus está dentro de nós; e

por isso nosso pensamento principal deve ser esse de revelar o

Eu interno, despertar em nós as virtudes crísticas, realizar em

nós o Reino de Deus, para vivermos nele e nos libertarmos do

círculo das reencarnações punitivas.

A esse esforço glorioso de realizar o amor, criando-o,

primeiramente, em nosso coração e depois expandindo-o para

fora com o intuito de com ele beneficiar o mundo, é que

devemos intensamente nos devotar.

Este é o acrisolamento de toda a iniciação, seu ponto

alto, definitivo, porque o amor é o fator transcendente da

evolução, o único que constrói para a eternidade e que

representa o rumo seguro e certo para a edificação, desde já, do

Reino de Deus na Terra.

As etapas dos resgates A Doutrina Espírita é severa no expor essa questão,

porque, simplesmente, expõe a verdade, segundo ela se

apresenta nos planos da vida espiritual.

Assim, esclarece que a libertação do Espírito, em relação

aos males praticados, subordina-se às seguintes etapas:

1) Compreensão do erro;

2) Arrependimento;

3) Expiação da falta;

4) Reparação.

O Espírito culpado só se libera da cadeia dos resgates

quando passar por essas quatro fases sucessivas e

complementares do processo, para qualquer das quais necessita

coragem e boa vontade. Enquanto não o fizer, permanecerá nas

trevas e na infelicidade, vendo fechados para ele os caminhos da

ascensão.

Não é necessário dizer que não se pode resgatar todos os

erros numa só vez; o Pai Celestial não dá a seus filhos cargas

Page 40: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

excessivas; cada vez se paga uma dívida, encerra-se um ciclo do

Carma, vira-se uma página do livro da vida. E nem tampouco os

resgates são feitos de acordo com a ordem cronológica das

transgressões; resgata-se numa vida aquilo que foi julgado

compatível com as circunstâncias do momento, seja qual for o

tempo em que a transgressão tenha sido praticada.

Espíritos endurecidos ficam séculos afundados no mal, e,

antes que ocorra o tédio, pelo desgaste natural do tempo, ou haja

alguma intercessão benévola a seu favor, não retornam aos

caminhos da ascensão.

Tomemos por exemplo um Espírito de condição

evolutiva inferior, ainda capaz de cometer violência e mortes.

Vivendo entre sombras, sua consciência ainda não

despertou para a realidade da vida espiritual superior, porém,

quando tal coisa suceder, estará em condições de iniciar o

resgate de seus erros pretéritos; compreenderá que é sagrada a

oportunidade da vida na carne e que destruir o veículo material é

acumular pesadas responsabilidades e sofrimentos no futuro.

Entretanto, a compreensão unicamente não basta; se não

se arrepender sinceramente, chorar suas fraquezas, assumir

consigo mesmo o compromisso de melhoria espiritual, não

entrará sequer no caminho da reabilitação.

Porém, quanto tempo passará antes que realize esse

segundo passo? As forças do mal o solicitam insistentemente e o

Espírito ainda é frágil para resistir a elas com vantagem.

Mas, mesmo que triunfe e se arrependa e delibere

reabilitar-se, somente isso basta? Não basta: o devedor continua

devendo suas dívidas; o arrependimento não as redime e a

terceira etapa deve ser infalivelmente enfrentada.

Vem, pois, a expiação: o Espírito vai sofrer o que fez

sofrer para que, então, pague o débito e ponha-se em dia com a

justiça divina, desde que, bem entendido, sofra a expiação com

espírito de humildade e subordinação à Lei de Deus. Mas,

terminada a expiação, estará o Espírito reabilitado? Ainda não,

porque, se deu os três passos anteriores, agindo no plano

individual em benefício de si mesmo, os males praticados no

plano coletivo, contra o próximo, continuam de pé, a espera de

ressarcimento.

Por isso o culpado entra na última fase, a de reparação,

durante a qual deve desfazer o que fez, reparar suas

consequências e compensar as vítimas, beneficiando-as com o

seu auxílio espontâneo, com a sua assistência amorosa, fraternal.

Então sim, e só então, estarão as dívidas satisfeitas até o

último ceitil, terminados os resgates, redimido o Espírito perante

si mesmo e perante Deus; contrito e maravilhado, entra ele agora

no caminho da felicidade espiritual.

Preparação Observando o mundo, como se estivéssemos fora dele,

em uma torre imensamente alta, veríamos como não existe paz e

fraternidade em parte alguma e como a humanidade,

desorientada, corre em todas as direções, sem saber bem o que

quer, ou para onde vai; e lutam os homens uns com os outros e

se revoltam e se desesperam. Vendo isso compreenderíamos,

então, como a dor e a morte governam no mundo.

Assim sempre foi e continua a ser nos nossos dias,

porque as leis que ainda imperam no coração do homem são as

do instinto e da animalidade.

Mas quantos emissários divinos já desceram do Plano

Espiritual para mostrar caminhos diferentes, que levam para o

amor? E quanto já não se sacrificaram, tentando levar os homens

para rumos mais justos e acertados?

E ainda nos cantam aos ouvidos as palavras carinhosas

esclarecedoras daquele – maior de todos – que por último esteve

entre nós, no mais sublime intuito de libertar a humanidade de

seus sofrimentos, da cegueira mortal, e do desvairamento.

Mas entregando seu corpo à morte cruenta na cruz,

selando com seu sangue a tarefa sublime da salvação, plantou

Page 41: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

Ele raízes tão fortes no coração dos homens, deixou no chão

marcas tão profundas de seus passos, que sua lembrança não se

apagou jamais e seus ensinamentos sobreviveram como uma

grande luz a iluminar as trevas do mundo.

Jesus, como Ele mesmo disse, venceu a morte,

glorificando a vida eterna do espírito; e iluminou os caminhos

escuros com as luzes de seu Evangelho de amor e de paz, que

desde então, e muito mais agora, se torna o único e verdadeiro

recurso capaz de redimir a humanidade e afastá-la dos abismos

terríveis do aniquilamento.

Sabendo disso é que Jesus informou a seus discípulos

que, ao termo do ciclo, haveria a separação de bons e de maus,

conquanto desejasse redimir a todos.

Essa é a tarefa que cabe aos discípulos de hoje, não de

visão curta, mas bem ampla: ajudar para que o maior número

possível de irmãos nossos se esclareçam enquanto é tempo,

penitenciem-se e enveredem sem mais tardança, pelo caminho

que leva ao reino prometido...

O chamamento reboa dos céus para que essa Terra,

transfigurada e santificada pelo sofrimento de tantos, se torne

apta a receber em seu seio uma humanidade regenerada e feliz.

Como evoluir mais depressaI

O Espírito para evoluir precisa purificar-se.

Quando involui para adquirir forma aparencial,

materializou-se, e, nas provas da vida inferior, adquiriu defeitos

e deixou-se dominar por paixões que ainda conserva. Esses

defeitos são justamente os obstáculos que impedem a

purificação.

Dentre eles o egoísmo é aquele que mais alimenta o Eu

inferior e o indivíduo somente evolui quando vence as

inferioridades; quando consegue viver com os pensamentos

postos em alvos elevados fora da matéria e das paixões do

mundo inferior encarnado.

E não há maior ideal que unir-se a Deus, unindo-se ao

próximo. Mas como Deus está acima de nossa atual

compreensão, devemos focalizar Jesus – o Divino Mestre –

entidade espiritual, que é uma imagem de Deus acessível aos

homens, correspondendo a todos os nossos anelos, tendo a Ele

como um padrão divino de vida moral, alvo muito acima de nós,

mas que se torna próximo quando nos esforçamos por alcançá-

Lo.

Basta, às vezes, um curto período de vida e de esforços

bem conduzidos, rigorosamente dentro da lei espiritual, para

evoluirmos mais depressa que em cem anos de vida

improdutiva.

Se Jesus é o alvo a atingir e o Evangelho é o caminho

para esse alvo, nenhuma vacilação devemos ter em penetrarmos

nele, dentro das regras e condições exigidas.

Assim, a vida do aprendiz é cheia de estímulos porque

noite e dia trabalha e se esforça no silêncio e na meditação, para

atingir esse alvo, reprimindo, cada dia com mais intensidade e

determinação, os impulsos que vêm do Eu inferior; e nesse

esforço também, dia por dia, a partícula divina, que jazia

sepultada ao peso da matéria, vem surgindo para fora, como luz

que sobe por detrás de um horizonte escuro.

É como está figurado na parábola evangélica “A semente

que cresce”: tal o reino de Deus, como um homem que lança a

semente sobre a terra; e que dorme e se levanta e a semente

brota e cresce sem ele saber como. Porque a terra, por si mesma,

produz primeiramente a erva, depois a espiga, e por último, o

grão.

O animal se transforma pela purificação em Espírito de

luz autêntico e visível: o coração se vai dulcificando, os

sentimentos mudando e o aprendiz se sente crescer, expandir-se

diariamente, como uma chama que fulgura cada dia mais.

O desprendimento, o desinteresse, a repressão ao Eu

inferior, devem prosseguir infatigavelmente, até que o tempo,

Page 42: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

passando, mostre as mudanças que se operaram e assim, período

a período, dia por dia, as mudanças se vão acumulando, e o

aprendiz vai galgando os degraus da evolução.

O endeusamento do Eu inferior normalmente é a

principal preocupação do homem encarnado, que se deixa

engolfar completamente pelas atrações ilusórias do mundo

material, e é dessa atração, que está em tudo, que o aprendiz

deve libertar-se se quiser evoluir mais depressa, e tornar-se

digno de habitar esferas mais perfeitas do mundo espiritual;

somente assim subirá para as luzes das moradas felizes.

II

“Das forças íntimas da renovação, a mais poderosa é a do

amor ao Bem”. Quando essa força começa a surgir em nós isto é

sinal de que devemos tomar as rédeas da evolução em nossas

próprias mãos, emergindo das sombras da ignorância e da

inconsciência.

No plano espiritual mais chegado à Terra, o Espírito já

despertado para o Bem assume compromissos de renovação

íntima e colaboração no plano coletivo, e assim reencarna.

Essa preparação exige, antes de mais nada, a reforma

íntima, operação custosa, sacrificial, testadora de vontades, mas

sempre gloriosa ao final, quando há êxito; e sem ela não pode

haver sucesso em realização alguma, mesmo quando as sanções

corretivas continuem a incidir sobre os recalcitrantes.

Mas, de livre vontade, quantos se recordam dos

compromissos e os realizam? Quantos corajosamente os

iniciam? A maior parte é tomada de roldão pelas tentações do

mundo e negligenciam ou se negam. Entretanto, esse é o único

caminho e quando os obedientes e sensatos resolvem entrar por

ele, não pode haver recuos sem redobramento de corretivos, pois

que a Lei é severa; e é com os pensamentos postos nesse quadro

e os olhos presos às metas marcadas que o aprendiz deve

caminhar sem desfalecimentos, vencendo as etapas sucessivas,

uma por uma, até o término do esforço engrandecedor.

E assim como ocorre com a semente na terra, que pela

manhã já mostra seus brotos, assim brotam no seu coração as

virtudes evangélicas da renovação.

É incrível a rapidez com que se operam em nosso íntimo

essas transformações redentoras e como cresce depressa, sob as

luzes do Evangelho, a seara dourada do amor e da esperança!

Na medida em que mais e mais no devotamos, mais

intensamente age a força renovadora até que brilhe em nós, para

fora, como um raiar de sol; e à medida que caminhamos, tudo

em torno se vai vestindo dessa luz, tornando o nosso caminho

claro e belo, com os obstáculos todos à vista, fáceis de transpor.

E só então compreendemos como é poderosa e real, a

força renovadora do Evangelho e que a palavra “religião” nada

significa em si mesma enquanto não se transformar em

realizações íntimas, concretas, conquistadas com o próprio

esforço e o suor do rosto, numa trajetória de sacrifícios que

deixa marcas bem visíveis no chão que foi pisado.

Compreendemos que essa força é o amor imenso do

Cristo agindo em nós, abrindo-nos olhos e corações, para que se

veja como se opera a ressurreição nas almas pecadoras que,

nessa altura, já podem refletir para as trevas do mundo um

pouco de suas próprias luzes nascentes.

Nota: A iniciação espírita evangélica difere da iniciação

clássica oriental, porque na primeira os aprendizes não se isolam

do mundo, lutam no aconchego moral e afetivo dos

companheiros e sabem que lhes está assegurada, pela bondade

de Deus, a assistência amorosa, constante e sábia, dos protetores

espirituais.

III

O corpo orgânico:

Page 43: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

O perispírito, como matriz fluido-magnética, não se

altera numa mesma encarnação, como estrutura; o mesmo,

porém, não sucede com o corpo denso, que sofre alterações de

tempo, de acidentes, de moléstias, de traumatismos morais e

outros.

O corpo é sustentado por energias de diferentes origens:

as provenientes dos reinos da Natureza, pela alimentação; as da

atmosfera, pela respiração; as do Cosmo (raios e ondas) e as do

campo mental, oriundas do próprio Espírito.

As primeiras interessam às células orgânicas, na sua

formação, sustentação e substituição e tendem a densificá-las,

como elementos próprios que são do mundo material; as

absorvidas pela respiração queimam resíduos do metabolismo

orgânico, vitalizam o sangue, dão calor ao corpo; as provindas

do Cosmo penetram os chacras, passam aos plexos, alimentam

as atividades nervosas; e, as que vêm do Espírito, através da

mente, destinam-se ao comando do corpo e às relações com o

mundo exterior, pelos sentidos.

E há ainda energias mais poderosas, vindas do Alto, que

sustentam o Espírito intimamente, através de canais psíquicos

pouco conhecidos. O homem comum, pouco evoluído,

normalmente desconhece essas energias e submete-se a elas

inconscientemente.

Há, pois energias de condensação celular retentoras de

sintonia animal e outras, mais elevadas, que arrastam para cima,

no fulcro ascensional.

As primeiras, vindas dos reinos naturais, materializam o

homem e se refletem sobre o perispírito, densificando, de certa

forma, suas células fluídicas. Por causa disso são lentas e

difíceis as reações psíquicas de caráter ascensional; o Espírito,

de onde poderiam vir poderosos impulsos nesse sentido, está

ainda incapacitado de emiti-los, porque são insuficientes seu

entendimento e capacidade volitiva.

Quando, pelo tempo, trabalhado pelas vicissitudes e

ganhando experiências, almeja mudanças e começa a interferir,

nesse momento é que esclarecimentos adequados e orientação

evangélica operam nas almas transformações surpreendentes.

Considere-se que mais da metade da humanidade

planetária desconhece tais esclarecimentos, não tiveram a

ventura de recebê-los, nem estão preparados para isso e

ingressam nos planos espirituais inteiramente alheios às suas

realidades.

IV

Purificação do corpo:

Não nos referimos, é claro, à higiene pessoal ou qualquer

outro cuidado de caráter exterior, mas sim a fatores intrínsecos,

dos quais o principal é a alimentação.

Com a alimentação formada de produtos naturais puros,

não animais, ajudamos as células a se libertarem ou reduzirem

ao mínimo o processo de densificação. Mas a vibração própria

dos produtos animais transmite-se às células, mantendo a

densificação e o ritmo vibratório do mundo animal, dando à

situação cada vez maior estabilidade e permanência.

Esse processo de densificação, contrário aos impulsos

ascensionais do Espírito, influi fortemente no psiquismo

humano, como elemento francamente retardador da

espiritualização.

Essa é a razão mais ponderável de se desaconselhar a

alimentação carnívora, quando se deseja apressar a evolução. No

esforço de reforma íntima, eliminados que sejam os vícios

comuns (fumo, álcool, etc.) e alterada convenientemente a

alimentação, as células irão pouco a pouco se libertando da

carga grosseira da vibração animal, desafogando-se e adquirindo

uma tonalidade vibratória mais delicada; isso trará como

consequência imediata uma melhor sintonia entre corpo e

espírito, facilitando a atuação deste sobre os sentidos físicos e

Page 44: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

aumentando a sensibilidade perispiritual, permitindo ao Espírito

maior facilidade nas ligações com o Plano Espiritual.

Purificação do Espírito:

Além da ação cármica que houver, a purificação

depende, em grande parte, da dominação ou, no mínimo, do

controle dos sentidos, das paixões, dos impulsos inferiores e da

formação de um status mental resguardado das atrações do

mundo físico, apto aos selecionamentos e substituições

aconselháveis.

A música é uma dessas substituições. Não a música

irritante, sensual, neurótica, dos nossos dias, mas a música

suave, harmoniosa, das melodias, ou a clássica, de certos

compositores mais inspirados, que abrem nas almas portas

largas à sensibilização; nem tampouco a música simplesmente

técnica, exibidora de virtuosismo, mas a que fala aos

sentimentos e os sintoniza com planos de vida mais elevados,

produzindo calma, serenidade, enlevo.

A música é fator espiritualizante que satura o mundo

celular de harmonias, relaxando-o e elevando o tônus vibratório

do perispírito.

O homem rude, primário, sintoniza-se com música de

baixo teor vibratório, que lhe recorda as vidas primitivas,

enquanto que o mais evoluído prefere a música inspiradora e

delicada, que o leva para fora do mundo grosseiro da matéria

física.

São também elementos sensibilizadores a pintura, a

escultura e as artes em geral, através das quais a alma humana

procura expressões acima do mundo material; como, também,

contatos estreitos e amiudados com a Natureza, onde se

manifestam, abertas e livremente, as forças da Criação, o

encanto e a beleza das formas e das cores, sobretudo a

mensagem comovente e viva que está por detrás de tudo que

seja manifestação do Deus criador.

Esses são fatores que educam os sentidos e os desviam

das sensações grosseiras e negativas das paixões e desejos

impuros que retardam a evolução, prendendo o homem à

matéria perecível.

Na sua luta de todos os instantes os aprendizes devem

orar e vigiar, controlando cuidadosamente os impulsos maus, e

as atividades mentais, para evitar que, do subconsciente, venham

à tona reminiscências negativas do pretérito animalizado, de há

muito tempo ali acumuladas.

Organizem um programa de ação pessoal, conforme as

possibilidades, escolhendo local e momentos propícios para

meditações e cultura do silêncio, com fundo musical harmonioso

e suave. Abram nessas horas as portas da imaginação

focalizando precisamente o que desejam obter, de bom e de útil,

ao seu adiantamento espiritual; essas imagens se irão integrando

no seu subconsciente e trabalharão em silêncio para sua

efetivação em futuro breve; e, em havendo mediunidade, com

esse regime ela despertará mais facilmente, sem sobressaltos e

violências, porque os benfeitores espirituais terão mais

oportunidades de orientar e ajudar.

A evangelização verdadeira exige tudo isso que, aliás, é

bem pouco, considerando-se os surpreendentes resultados que

desses esforços advirão desde os primeiros dias.

Em resumo, para desenvolver a sensibilidade é preciso:

– descondensar as células orgânicas, adotando

gradativamente alimentação natural, de produtos vegetais;

– dominar os impulsos inferiores dos sentidos físicos,

utilizando práticas adequadas, de refreamento e desviamento;

– manter sintonia com o Plano Espiritual superior,

sentindo, pensando e agindo sempre pelo Bem.

Considerem, porém, os aprendizes, o seguinte: desde que

se disponham a purificar-se de corpo e espírito e a combater o

mal, a começar de si mesmos, passam a ser automaticamente

Page 45: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

agentes do Bem, tornando-se, desde logo, alvos das forças das

sombras.

Como defesa devem armar-se de compreensão, fé e

humildade, sem o que não vencerão a ofensiva dos desejos,

paixões e ambições, contra a sua capacidade de renúncia e de

sacrifícios.

Em textos de sabedoria antiga lê-se isto: “Como a

fumaça envolve a chama, a ferrugem o metal, e o útero materno

a criança que vai nascer, assim o homem do mundo é envolvido

pelos desejos”.

Como os desejos, em geral, têm sua sede nos sentidos e

na imaturidade do Espírito, nesse esforço de purificação grande

poder tem a mente, através da qual o Espírito manifesta a sua

vontade, conduz o corpo e utiliza a razão, para discernimento

das coisas que o rodeiam; o Espírito é o elemento dominante do

maravilhoso conjunto humano, o senhor do sistema, que possui

as virtudes potenciais da própria Divindade Criadora da qual

derivou e recebeu a graça da vida imortal.

Esses são fatores que asseguram todas as vitórias, mas

não sem luta...

SÍNTESE DA MATÉRIA EXPOSTA

Esta Iniciação Espírita visa:

a) a conquista do conhecimento espiritual verdadeiro,

fora de qualquer limitação sectária ou exclusivista, o Espiritismo

compreendido como doutrina racional, evolucionista e

universalista.

A ortodoxia, útil quando dentro de limites justos, não

deverá tornar-se um entrave à expansão doutrinária, respeitada a

estrutura fundamental estabelecida na Codificação, o exame

sensato e rigoroso do subsídio doutrinário que veio depois e

continua a vir pela revelação mediúnica progressiva e que deve

ser aceito e acrescentado ao corpo da Doutrina, num trabalho

discreto, prudente, porém liberal, de atualização;

b) a reforma íntima e a conquista de virtudes

evangélicas, com preparação individual para as testemunhações

públicas que a expansão da doutrina exige;

c) a transformação moral do homem velho, saturado de

defeitos e fanatismos, em um ser renovado, esclarecido,

cristianizado, espiritualizado;

d) o esclarecimento do maior número de pessoas, tendo

em vista o selecionamento dos dias finais deste ciclo.

A missão do Espiritismo é espiritualizar os homens antes

desse selecionamento; essa espiritualização depende, em grande

parte, do esforço individual de renovação, mas se o Espiritismo

não conseguir interessar os homens nesse esforço, não terá

obtido êxito em sua missão cósmica; esta Escola de Aprendizes

do Evangelho, com a organização que recebeu, colabora em

nosso meio para que esse objetivo seja alcançado no mais amplo

nível possível.

O que se refere à letra “a” desta síntese é conhecimento

teórico indispensável, mas não fundamental e, muito menos,

eliminatório; ao passo que em relação à letra “b” a falta de

aproveitamento por parte do aprendiz é fator impossibilitante de

prosseguimento, eliminatório, portanto; quem não demonstrar

progresso na reforma íntima, mesmo que o demonstre em

relação à parte teórica, não compreendeu as finalidades da

Escola e inútil será prosseguir, pelo menos enquanto isso

proceder.

Por outro lado, como a base da reforma é o Evangelho,

ninguém pode escusar-se ao cumprimento rigoroso dos seus

programas, com desvios ou argumentação capciosa.

Os dirigentes Quanto aos dirigentes de turmas ou de cursos, além de

tudo o mais que lhes compete, devem ter em vista e aplicar,

Page 46: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

sistematicamente, os recursos e meios viáveis e adequados à

apuração do aproveitamento da renovação, sem o que sua tarefa

não terá êxito. Cuidarão para que os pontos dados e os temas

tenham em vista sobretudo o processamento dessa renovação,

devendo ser posto em evidência tudo aquilo que valha como

exemplo e regra de conduta, norma de ação, incentivo,

estimulação e apoio para esse grande esforço exigido dos

aprendizes.

Em certo sentido os dirigentes são os responsáveis pelo

êxito das turmas que dirigem, quando não forem exemplo para

todos e não orientarem o ensino e as práticas visando única e

exclusivamente a finalidade redentora da iniciação. Se lhes

confiaram o encaminhamento de centenas de aprendizes, tudo

devem fazer para que não haja incompreensões, desânimos,

fracassos e, só depois disso, estarão isentos de responsabilidade

espiritual.

O melhor dirigente ou expositor de matéria não é aquele

que conhece bem o ponto a ser dado e cita com boa memória

passagens do Evangelho, mas aquele que retira dos pontos e dos

temas elementos valiosos de edificação moral, que valem como

diretrizes justas e estímulos para o prosseguimento da luta difícil

na qual os aprendizes estão empenhados.

Os expositores O índice mental de uma classe de aprendizes é

normalmente o mediano e também por isso a direção do ensino

não lhes deve fazer maiores exigências da natureza intelectual.

Por isso, também é recomendável que os pontos e os temas

previamente sejam estudados, e compreendidos na sua

verdadeira significação iniciática, isto é, nas suas relações e

consequências com o que se visa oferecer aos candidatos.

A exposição deve ser feita de forma clara, acessível e

simples, fugindo o expositor a terminologia empolada ou

pedante, com tiradas literárias ou filosóficas de difícil

entendimento, que muitas vezes somente servem para evidenciar

a vaidade dos seus autores. Simplicidade, clareza, método e

síntese, eis as qualidades que devem ter as exposições

doutrinárias, a melhor maneira de se apresentar os assuntos e

torná-los acessíveis e úteis a todos.

A testemunhação Esta parte é essencial porque demonstra, logo à primeira

vista, o quanto os aprendizes estão progredindo no

conhecimento das coisas e na preparação moral exigida pela

reforma, como também indica como se vai processando no seu

íntimo essa tão desejada transformação. Devem eles, portanto,

aproveitar todas as oportunidades para essas exteriorizações do

espírito, que valem como auto-testes no decorrer da luta difícil

que encetaram; e quando os dirigentes, por qualquer motivo, não

estejam atentos à necessidade do fornecimento de estímulos e

oportunidades, devem agir por si próprios, criando

circunstâncias favoráveis, aceitando encargos e realizando

tarefas de cooperação que lhes permitam o exercitamento

indispensável.

E certos podem estar de que, na medida em que se forem

tornando aptos, o Plano Espiritual lhes vai abrindo portas à

frente, oferecendo-lhes campos cada vez mais vastos, para esse

exercitamento, até que sejam dados como capazes de coisas

maiores e mais úteis.

Diretrizes Quem entra nesta Escola e ouve aulas, palestras, toma

parte em reuniões e atos sociais, mas não realiza a reforma

íntima, melhora, talvez, sua cultura geral, mas movimenta-se

somente à superfície do problema principal, não lhe atinge o

fundo e, portanto, não o resolve, perdendo preciosa

Page 47: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

oportunidade de progredir espiritualmente, nesta atual

encarnação.

Quem vive sua vida cumprindo unicamente seus deveres

para com o mundo e se devota firmemente à sua renovação

espiritual, está nos primeiros degraus da escada difícil que leva

aos mundos superiores. É aprendiz do Evangelho.

Aquele que já sentiu despertar em seu coração o interesse

pelo próximo e suas necessidades, o desejo de servir, e a isso se

empenha com sinceridade, renunciando ao seu próprio repouso e

comodidades, subiu mais alguns degraus na longa ascensão. É

um servidor.

Mas aquele que vive no mundo e dele se desprende,

ligando-se fortemente a Deus e devotando-se ao Bem, sem

exclusivismos; que se esforça por viver o Evangelho em tudo

que pode, esquecendo-se de si mesmo, este subiu muitos

degraus e à hora da morte estará mais próximo do Senhor;

atravessará a Porta Estreita e entrará no Caminho do Reino. É

discípulo.

Mas tenham presente que quem serve a Espíritos

inferiores, sabendo que o são, com eles se identifica, e encarna

neste mundo sob domínio desses Espíritos; como, também, que

há muitos que vivem nas sombras e combatem pensando que

servem à Luz e que o Evangelho é luz que ilumina todos os

caminhos.

Fecha pois as portas dos teus sentidos a tudo aquilo que

possa diminuir ou aniquilar o valor do teu esforço de purificação

interna e abre a tua alma para a Luz, pois dela emanam sempre

eflúvios saneadores e inspirações salvadoras.

Despreocupa-te da opinião de estranhos e faz a tua parte

silenciosa e humildemente, dentro de ti mesmo, em comunhão

estreita com Deus; pelos caminhos do amor que o Evangelho

espelha, Ele se torna acessível muito mais depressa.

Crê firmemente na Sua ajuda e na Sua presença em tudo

e em ti mesmo, mesmo sem o perceberes; na água que bebes, no

alimento que ingeres, no teto que te cobre, no aconchego do lar,

na liberdade de pensar e de agir, na luz do sol que alumia e

aquece, nas cores vivas e no aroma das flores e dos frutos, nos

sons da Natureza, nos vastos horizontes, nas madrugadas e nos

crepúsculos, na certeza feliz da vida imortal.

Em tudo Deus está presente, envolvendo-te com o Seu

divino amor, dando-te esperanças, forças e paciência.

Esforça-te dia a dia e de cada vez teus olhos ficarão mais

abertos para os esplendores da vida espiritual; e quando as lutas

desta encarnação chegarem ao seu fim e voltares ao grande lar

do espaço infinito, com surpresa verás que foi nos Seus braços

amorosos que viveste neste mundo escuro e neles mesmos foste

levado à ressurreição da morte.

Mas jamais te esqueças que a eterna caravana dos

mortais conta bilhões e todos seguem os mesmos rumos, sob o

látego dos sofrimentos e das dores comuns; verás que essa

caminhada terrível segue veredas sombrias; mas a meta é

sempre a mesma para todos, a saber: os alvos cimos onde as

dores não mais penetram, pois para isso Jesus trouxe ao mundo

a redenção.

E a luz que alumia a caminhada escura vem do

Evangelho, o mesmo que queres ajudar a propagar no mundo; e

os penitentes são “o próximo” a quem Jesus se referia e que tu,

por fim, aprendeste a servir e a amar como discípulo.

Olha tudo com grandeza e esperança, mas recorda-te que

só se é grande na humildade, servindo, e isso podes.

Segue pois com eles, sofrendo e ajudando como um

exemplo vivo do que o Mestre ensinou quando disse: “o que

fizeres em benefício de um destes pequeninos é a mim que o

farás”.

E assim estarás fazendo mais que dar o pão ao corpo

perecível, pois que estarás abrindo os olhos e conduzindo os teus

semelhantes pelos caminhos alvos que levam ao Reino Eterno

da Luz.

Page 48: ( Espiritismo)   # - a e e - 3º p e e

A grande tarefa Além do mais, é também finalidade principal desta

Escola: aumentar o número daqueles que atendem ao

chamamento e desejam devotar-se à revivescência do

Cristianismo Primitivo; preparar os guerreiros para os duros

embates que se vão ferir, neste período difícil e tormentoso do

transcurso deste ciclo evolutivo; lançá-los depois na batalha

redentora cujo chefe é Aquele que disse: “vinde a mim todos vós

que sofreis, que ansiais por justiça, que estais desamparados e

necessitais proteção; que estais perdidos e não atinais com os

rumos certos, que estais nas trevas e ignorais a existência da

Luz; vinde a mim e encontrareis a salvação”.

Esse é o nosso condutor divino, que aplaina os caminhos

dizendo: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida e ninguém vai

ao Pai senão por mim”.

Preparai-vos pois, aprendizes, burilando vossas almas,

enobrecendo-as com virtudes, purificando-as, vencendo a

animalidade inferior, desprendendo-vos do mundo, lembrando-

vos também destas palavras: “aquele que amar a vida pelo amor

do mundo, perdê-la-á, mas aquele que perder a vida por amor de

mim, achá-la-á e ainda mais sublime e para sempre”.

Quando atingirdes nesta Escola o grau de discípulo e

fordes declarados prontos para as grandes lutas, que então

possais ouvir de novo essas palavras de Jesus, não mais somente

em vossos ouvidos mas sim na profundidade de vossas almas

esclarecidas.

O Espiritismo oferece à humanidade oportunidades de

recuperar o tempo perdido e preparar-se, com relativa rapidez,

para enfrentar as transformações a virem no fim deste ciclo, com

a separação dos bons e dos maus.

O mundo regenerado que virá em seguida terá novo

aspecto e o Evangelho será a norma de conduta dos seus

habitantes; e os costumes e leis serão também diferentes,

espelhando virtudes cristãs, a duras penas conquistadas nas

vidas anteriores.

Enquanto, pois, é tempo, aproximemo-nos das verdades

espirituais veiculadas pela Doutrina dos Espíritos, que antes de

tudo exige a reforma moral dos adeptos, semelhantemente ao

que ocorreu nos tempos de Jesus, quando o Precursor

mergulhava simbolicamente os israelitas nas águas do rio

Jordão, para que se purificassem e pudessem merecer o Reino de

Deus, que o Messias esperado vinha implantar na Terra.

Pois chegou agora o momento dessa conquista espiritual,

não como antigamente, para um só povo, mas para toda a

humanidade; porque o Messias veio, apontou os caminhos, selou

com o seu sangue suas promessas de redenção, um tempo bem

longo já passou, restando agora o selecionamento dos homens,

para separar os que merecem viver nesse reino prometido.

Importante é saber que a base dessa escolha será

justamente a claridade própria individual indicadora do grau de

evangelização de cada um. E não haverá apelo para esse

julgamento.

Eis como se expressou um aprendiz das primeiras

turmas, que dá aqui forte testemunho em favor das afirmativas

que se fazem neste trabalho e que pode ser multiplicado por

milhares:

“Eu não acreditava em nada, não tinha esperança de

nada, vivia como um animal simplesmente racional, dominado

pelas ambições da matéria e pelos instintos inferiores.

Numa tarde de que nunca mais me esquecerei, deixei-me

arrastar por um amigo e compareci a uma aula da Escola de

Aprendizes do Evangelho.

Os acordes harmoniosos do “Largo” de Haendel e as

palavras comovedoras da prece que foi cantada, me trouxeram

um extraordinário bem-estar, calaram muito fundo na

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minh’alma atribulada e creio que marcaram os novos caminhos

que eu deveria percorrer daí em diante.

Hoje, do homem que fui, pouco mais resta. Achei meu

caminho e nele encontrei o que nunca tive antes, que é a

consolação, alegria e esperança de vida melhor e mais feliz”.

O que faltava a esse aprendiz era o que ele encontrou e

que, da mesma forma, encontra todo aquele que busca o rumo

certo da vida espiritual, com honestidade, e permanece nele.

E por fim, as palavras do venerável benfeitor Bezerra de

Menezes:

“O iniciante em qualquer escola espiritual caminha como

se seus pés não tocassem o solo, de tal forma tem postos nas

esferas superiores mente e coração. Mas, invariavelmente, vem a

tropeçar, pois a ninguém é dado atingir a perfeição de súbito,

ainda que muito se possa vencer de um golpe, num impulso

libertador e santificante.

O discípulo esclarecido e corajoso contempla a pedra que

o deteve, anota-lhe o peso e a localização, analisa o motivo pela

qual a encontrou, e adquire valiosa experiência.

O discípulo entusiasta, mas pusilânime, avista no menor

obstáculo intransponível montanha e se detém à margem do

caminho, perdendo preciosas oportunidades de ascensão.

Existe terceira categoria de discípulos, talvez a mais útil

às entidades empenhadas na continuação do mal na Terra, pois

que, de certa forma, com elas colaboram, inconscientes, porém

responsáveis; tropeçam e não o percebem; detêm-se, mas julgam

estar ainda avançando; as sombras os envolvem, mas crêem-se

portadores de luz; erram, acreditando praticar sublimes

ensinamentos; o bem que realizam traz de envolta muito mal,

mas se consideram assessores de Jesus.

O quadro é velho conhecido dos espíritas sob os nomes

de obsessões e fascinação, nascidas da vaidade, do temor ou da

sintonia com quaisquer correntes maléficas na obediência a

impulsos inferiores. E o discípulo, nessas condições, recebe

inefáveis bênçãos de Jesus, sem o perceber, exaltado às vezes

pela contemplação das próprias obras, que a seus olhos avultam

como realizações plenas do mérito, sendo simplesmente o

socorro de Deus aos sofredores, sem que o desvalor dos

intermediários o diminua.

Parece haver razões para que temamos, e outras para que

nos maravilhemos. Mas como nos atemorizarmos se o Mestre

descreveu, sim, dores e sofrimentos, mas afirmou que ao fim

toda a lágrima seria enxugada? E por que nos maravilharmos se

disse, com tal singeleza, que faríamos maiores obras que as

Suas?

Tudo vem de Deus, ou com Sua permissão: sofrimentos

acerbos ou esplêndidas realizações. Confiemos em Sua amorosa

sabedoria; que tenhamos antes os olhos postos no Redentor do

Mundo do que nas trevas do caminho e na pobre claridade de

nossas almas, pálido reflexo da Divina Luz”.