paralelismo felizmente há luar

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12º ano “Felizmente Há Luar” Paralelismo entre o contexto histórico da acção (sé. XIX) e o contexto histórico da obra (sé. XX) Paralelismos Contexto Histórico da Acção Séc. XIX-1817 Contexto Histórico da Obra Séc. XX-1961 Regime político Monarquia absolutista Ditadura, de índole fascista Conceito de sociedade “ideal” D. Miguel e o principal Sousa têm um conceito de sociedade “ideal” muito semelhante: uma sociedade estratificada, onde cada um tenha a noção exacta da sua condição e saiba manter o distanciamento devido; uma sociedade em que os trabalhadores contribuam prazenteiramente com o seu esforço para a prosperidade do país, sempre numa atitude de resignação cristã; uma sociedade sem opiniões políticas que aceite, sem contestação, o poder do rei.; uma sociedade que se mantenha passiva e alheia a novas ideologias, a novas maneiras de estar na vida e feliz na sua Para Salazar, chefe do Governo durante cerca de quarenta anos, a sociedade ideal era aquela em que cada cidadão vivesse feliz e tranquilamente integrado no seu pequeno mundo-família paróquia e terra, uma sociedade conservadora em que os valores tradicionais fossem respeitados e tivesse como divisa “Deus, Pátria, Família; uma sociedade fechada sobre si mesma, alheia às perniciosas influências do estrangeiro, defensora da estabilidade e hostil à mudança, que confiasse, sem dúvidas ou contestações, nos seus governntes. Enfim,um país-aldeia, pobre, mas sereno.

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12º ano“Felizmente Há Luar”

Paralelismo entre o contexto histórico da acção (sé. XIX) e o contexto histórico da obra (sé. XX)

Paralelismos Contexto Histórico da AcçãoSéc. XIX-1817

Contexto Histórico da ObraSéc. XX-1961

Regime político Monarquia absolutista Ditadura, de índole fascista

Conceito de sociedade “ideal” D. Miguel e o principal Sousa têm um conceito de sociedade “ideal” muito semelhante: uma sociedade estratificada, onde cada um tenha a noção exacta da sua condição e saiba manter o distanciamento devido; uma sociedade em que os trabalhadores contribuam prazenteiramente com o seu esforço para a prosperidade do país, sempre numa atitude de resignação cristã; uma sociedade sem opiniões políticas que aceite, sem contestação, o poder do rei.; uma sociedade que se mantenha passiva e alheia a novas ideologias, a novas maneiras de estar na vida e feliz na sua ignorância.

Para Salazar, chefe do Governo durante cerca de quarenta anos, a sociedade ideal era aquela em que cada cidadão vivesse feliz e tranquilamente integrado no seu pequeno mundo-família paróquia e terra, uma sociedade conservadora em que os valores tradicionais fossem respeitados e tivesse como divisa “Deus, Pátria, Família; uma sociedade fechada sobre si mesma, alheia às perniciosas influências do estrangeiro, defensora da estabilidade e hostil à mudança, que confiasse, sem dúvidas ou contestações, nos seus governntes. Enfim,um país-aldeia, pobre, mas sereno.

Formas de persuasão ou mentalização

Manter o povo na ignorância e estimular o ódio pelo “estrangeiro”, para preservar valores tradicionais e conservadores. Estimular, com o apoio da igreja, o ódio aos inimigos de Cristo, ou seja, todos os que contestassem o poder instituído.

Manter o povo na ignorância e desinteressado dos assuntos políticos. Estimular a confiança no Governo e no regime através da propaganda política ou de instituições como a Mocidade Portuguesa. Estimular, nomeadamente com o apoio da igreja, a defesa dos “bons costumes”, evidenciando os aspectos negativos de hábitos inovadores vindos do estrangeiro.

Métodos de repressão Instalação de um clima de medo às forças militares e militarizadas. Proibição de ajuntamentos, para se evitar trocas de opiniões, conversas que pudessem despertar a consciência cívica ou a divulgação de ideias

Censura prévia de todas as publicações e manifestações artísticas nacionais ou estrangeiras- jornais, revistas, livros, representações teatrais, filmes,canções...Represálias ou mesmo pena de prisão para quem não acatasse

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revolucionárias. Instalação de um ambiente de terror com condenações à morte por motivos políticos, aparentemente sentenciados por julgamentos secretos e sumários.

as proibições feitas pela censura.Exílio forçado ou proibição de entrada de estrangeiros considerados “subversivos”.Vigilância feita pela polícia política, ou seus informadores, sobre qualquer pessoa, ou grupo, suspeitos de oposição ao regime. Obtenção (ou procura de) informações e confissões sob tortura física e psicológica.Prisão no campo de concentraçãpo do Tarrafal (Cabo Verde) onde as condições precárias condenaram à morte ou invalidez muitos detidos.

Causas de descontentamento social

Invasões francesas e consequente ruína agrícola, comercial e industrial provocada por quatro anos de guerra.Ausência do rei no Brasil e incapacidade dos regentes de tomar medidas para superar a crise económica. Descontentamento dos militars portugueses em situação de subalternidade aos oficiais ingleses. A reorganização das forças armadas em Portugal fora entregue a Beresford, que, como chefe militar com plenos poderes integrava também a Regência do País.Clima de opressão e repressão às ideologias progressistas.

Clima de opressão e repressão às ideologias progressistas.Falta de liberdade de expressão e de possibilidade de escolha por eleições livres e fiáveis.Obrigatoriedade de participação na guerra colonial, sem que se vislumbrasse, apesar das pressões internacionais, qualquer abertura para a resolução pacífica do conflito.

Representatividade das personagens

Miguel Forjaz- estadista com um conceito de poder totalitário; não admite que as suas decicões sejam criticadas ou discutíveis e é implacável nos métodos repressivos a adoptar para que não haja vozes discordantes. O seu ódio é particularmente dirigido aos defensores do liberalismo.Extremamente conservador, defende um conceito de sociedade ideal ultrapassado pelo fluir dos acontecimentos

Salazar- estadista fundador e ideólogo do Estado Novo. Impõe um regime político ditatorial e procura moldar a sociedade ao seu conceito de sociedade ideal- conservadora, tradicional. Assente na trilogia “Deus, Pátria, Família”. Não sendo um homem de multidões, mas um estadista de “gabinete”, procura impor-se e impor o regime pela persuasão e propaganda políticas, não hesitando contudo em utilizar

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históricos, o que leva ao isolamento de Portugal do resto da Europa. Não é um político que goste de falar às multidões, mas um político de “gabinete” e como tal dificilmente desperta , pela simpatia pessoal, a adesão popular.

métodos repressivos suficientemente fortes para manter a estabilidade política e neutralizar as vozes discordantes, através da demisssão compulsiva de empregos, exílio e prisão. Apesar do descontentamento político- social crescente, apesar da pressão internacional para pôr fim à guerra colonial, mantém inalteráveis os seus princípios ideológicos. Para conter as forças progressistas, e deter os ventos de mudança, aumenta a intransigência e o poder da polícia política. Isola Portugal do resto da Europa, fechado num conservadorismo e numa estagnação económica, social e cultural, mas “orgulhosamente só”.

Principal Sousa- cardeal, representante do poder religioso, embora procure manter-se distante das decisões políticas, dá apoio total às medidas repressivas de D. Miguel, justificando-as como a defesa de princípios cristãos inalienáveis.

Cardeal Cerejeira- colega e amigo de Salazar desde a adolescência, partilhavam a mesma ideologia. A sua posição de Cardeal Patriarca deu-lhe grande poder na orientação religiosa do país. Expressa ou implicitamenmte apoiou o regime do Estado Novo quase até ao fim.

General Gomes Freire d'Andrade- general com grande prestígio, que tendo vivido vários anos fora de Portugal, terá idealizado contribuir para a construção de um país mais europeu. Mais evoluído, mais justo, mais próspero e livre da tirania conservadora. A sua ligação à ideologia liberal, aliadas ao prestígio social e apoio popular, constituíam um desafio e um Perigo para o poder instituído. A conspiração abortada em 1817 abalou os alicerces do absolutismo, que viria a ser abolido pouco depois.

General Humberto Delgado- general de grande prestígio político- militar, mereceu a confiança do Estado Novo que o destacou para altos cargos no estrangeiro. A vivência em países democráticos e o clima de mudança do pós-guerra terão contribuído para a sua evolução ideológica. Ousou desafiar o Estado Novo candidatando-se a Presidente da República e o seu prestígio e fortíssima adesão popular abalarm seriamente o regime. Apesar de ter sido obrigado a exilar-se, não abdicou da luta pela democracia em Portugal. A sua determinação e coragem

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valeram-lhe o apelido de “General sem medo” e condenaram-no à morte, numa cilada preparada pela polícia polítiaca.

Matilde- mulher do General Gomes Freire, é uma personagem que através das suas falas, demonstra como nela se consubstanciam vários vectores da argumentação progressista da época.Assim, ao lado dos valores afectivos de quem via presa a pessoa amada, particular realce merece toda a contra-argumentação perante o Poder,nomeadamente o religioso.

Mulheres dos prisioneiros políticos; católicos progressistas.

Frei Diogo- representa, pela sua atitude frontal de oposição a principal Sousa, alguns membros da Igreja, progressistas e democratas, que se opuseram à política salazarista, nomeadamente o Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, forçado a exílio.

Morais Sarmento, Andrade Corvo, Vicente- representam os denunciantes, informadores da polícia política. Provenientes de diferentes estratos sociais partilham o objectivo comum de conseguir benefícios pessoais pela denúncia.

Manuel, Rita, Antigo Soldado, outros Populares- representam o povo, as principais vítimas da injustiça social e política, mas impotentes para lutar pelos seus direitos ou por uma causa. Impotência de índole diferenciada- miséria, medo, ignorância, falta de consciência política.Sousa Falcão- pertence também ao núcleo representativo do descontentamento passivo, que se acomoda ou resigna por falta de coragem para enfrentar a repressão.