papel da história e da filosofia da química

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Papel da História e da Filosofia da Química no Ensino de Química Waldmir Araujo Neto IQ – DQO UFRJ

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Page 1: Papel da História e da Filosofia da Química

Papel da História e da Filosofia da Química no Ensino de Química

Waldmir Araujo Neto

IQ – DQO

UFRJ

Page 2: Papel da História e da Filosofia da Química

Esta apresentação

Características gerais e expectativas sobre os usos de história e filosofia da química no ensino de química. Muitas vezes considerados a partir da HFC. Demanda das orientações oficiais.

Algumas orientações O que fazer e o que evitar.

Dois casos situados Considerações finais

Page 3: Papel da História e da Filosofia da Química

Questões de Partida

A História da Química e a Filosofia da Química não substituem o ensino de química, mas deve ser um elemento em sua constituição.

Estudos adequados de episódios históricos permitem compreender interrelações entre ciência, tecnologia e sociedade.

Permite desenvolver uma visão crítica do fazer científico, e da ciência como construção humana.

Page 4: Papel da História e da Filosofia da Química

Questões de Partida

Estudo de HFQ permite perceber o processo social, coletivo e gradativo de construção do conhecimento.

O que temos hoje lapidado nasce confuso e passa por processos de reconstrução, seja por influência da atividade racional, intervenção social ou política.

Page 5: Papel da História e da Filosofia da Química

Questões de Partida

O Prof. R. A. Martins considera que esse é o momento para um movimento em prol da HFC no EC, uma vez que nos últimos 50 anos muitas concepções ingênuas sobre as Ciências foram superadas, contudo, ainda falta difusão.

A recomendação é o investimento na formação de professores capazes de representar e fortalecer a área.

Page 6: Papel da História e da Filosofia da Química

Orientações oficiais

na interpretação do mundo através das ferramentas da Química, é essencial que se explicite seu caráter dinâmico. Assim, o conhecimento químico não deve ser entendido como um conjunto de conhecimentos isolados, prontos e acabados, mas sim uma construção da mente humana, em contínua mudança. A História da Química, como parte do conhecimento socialmente produzido, deve permear todo o ensino de Química, possibilitando ao aluno a compreensão do processo de elaboração desse conhecimento, com seus avanços, erros e conflitos.

PCNEM (2002)

Page 7: Papel da História e da Filosofia da Química

Proposições decorrentes

Idéias científicas são afetadas pelo meio social e histórico no qual são construídas.

Ciência é parte de tradições sociais e culturais.

O conhecimento depende, mas não inteiramente, da observação, da evidência experimental, de argumentos racionais e do ceticismo.

Não há método científico universal. Leis e teorias cumprem papéis distintos.

Page 8: Papel da História e da Filosofia da Química

Uso impróprio

Padrões advindos do mau uso: Redução da história aos nomes, datas e

anedotas. Concepções errôneas sobre método científico. Uso de argumentos de autoridade. Impropriedades conceituais e de caráter

analítico.

Page 9: Papel da História e da Filosofia da Química

Deve-se perseguir

Admissão de pluralismo metodológico. Rejeição da visão empírico-indutivista. Aceitar a dependência teórica da observação. Reconhecimento do papel das hipóteses na prática

científica Natureza conjectural do conhecimento. Reconhecimento do caráter social da atividade

científica. Conhecimento que busca coerência global,

sistematização, unificação e correlação com outras áreas.

Page 10: Papel da História e da Filosofia da Química

Métodos e estratégias

Abordagem implícita ou explícita? Exclusividade de padrões:

Internalista? Externalista? Biográfica?

Page 11: Papel da História e da Filosofia da Química

Métodos e estratégias

Na estratégia implícita, a elaboração do conhecimento acontece como conseqüência do engajamento no processo pedagógico. Os trabalhos devem possibilitar a inserção do aluno em atividades investigativas.

Na abordagem explícita, os objetivos e materiais instrucionais são direcionados de forma a incluir a discussão dos conteúdos epistemológicos. As atividades planejadas incluem exemplos históricos que possibilitam discussões, reflexões guiadas e questionamentos específicos sobre o assunto

Abd-el-Khalick e Lederman, 2000

Page 12: Papel da História e da Filosofia da Química

Orientação

Martins, 2000

Page 13: Papel da História e da Filosofia da Química

Questões de militância

Procedimentos não-científicos não podem ser colocados de lado por causa do sucesso da ciência. Dizer que uma procedimento não é adequado

por que não é científico, pressupõe que a ciência é bem sucedida porque usa procedimentos uniformes.

Pessoas de todas as culturas contribuem para a ciência.

Page 14: Papel da História e da Filosofia da Química

Questões de militância

A ciência do primeiro mundo é uma ciência entre muitas. Mecanismos políticos e sociais de blindagem

e proteção à expansão do conhecimento devem ser rechaçados.

Caminhos alternativos de conhecimento devem ser contemplados e convidados ao debate.

Page 15: Papel da História e da Filosofia da Química

Questões de militância

É obrigação do público participar das discussões e das promessas de cura e avanços da ciência. Porque é a parte interessada e atingida nas

atividades da ciência. A participação é a melhor educação científica

que o público pode obter – uma democratização completa da ciência não está em conflito com a ciência.

Page 16: Papel da História e da Filosofia da Química

Um caso

Ressonância para formação inicial: Sobre contribuições de ressonância,

Solomons e Frhyle (2005): Então, as estruturas de ressonância não são

estruturas para a molécula ou íon real; elas existem apenas no papel... nenhum contribuinte único representa adequadamente a molécula ou íon ... na teoria de ressonância, vimos o íon carbonato, que é, naturalmente, uma espécie real como tendo uma estrutura que é um híbrido dessas três estruturas de ressonância hipotéticas.

Page 17: Papel da História e da Filosofia da Química

Um caso

Page 18: Papel da História e da Filosofia da Química

Um caso

Ressonância? O que é isso? De onde veio? Serve para que? Vou ver na IUPAC! In the context of chemistry, the term refers to

the representation of the electronic structure of a molecular entity in terms of contributing structures. Resonance among contributing structures means that the wavefunction is represented by 'mixing' the wavefunctions of the contributing structures.

Gold Book IUPAC

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Um caso

Essa resposta não presta !! Então senta que lá vem história !! Proposta: Kekulé e os aromáticos.

O ouroboros e a serendipidade! Discurso de Pauling ao receber o Nobel (1954)

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Outro caso

Nanotecnologia Impactos éticos e sociais sobre suas formas

de uso.

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Considerações finais

O uso da história de filosofia no ensino pode ser proveitoso, mas também pode atrapalhar a formação dos estudantes.

Constitui um ponto terminal para aferir o “rigor conceitual” de um tema ou conteúdo.

Estabelecer formas de cooperação entre educadores e especialistas em história das ciências.

Page 22: Papel da História e da Filosofia da Química

Considerações finais

Sempre há problemas na história de um conceito, desconfie de relatos geniais e fuja dos argumentos de autoridade.

Fuja também do ridículo conferido aos que não tem suas idéias aceitas atualmente.

É impossível para uma pessoa sozinha conhecer sozinha toda a história de uma disciplina trabalho coletivo esforço maturidade pesquisa.

Page 23: Papel da História e da Filosofia da Química

Referências

ABD-EL-KHALICK, F.; LEDERMAN, N. G. Improving science teachers’conceptions of nature of science: a critical review of literature. International Journal of Science Education, Londres, v. 22, n. 7, p. 665-701, 2000.

MARTINS, R.A. Que Tipo de História da Ciência Esperamos ter nas Próximas Décadas? Episteme, n. 10, p. 39-56, 2000.

MATTHEWS, M.R. Science teaching: the role of history and philosophy of science. New York: Routledge, 1984.

ROCKE, A. Image and Reality: Kekule, Kopp, and the Scientific Imagination. London: Univ. Chicago Press, 2010.

SILVA, C.S. Estudos de história e filosofia das ciências: subsídios para aplicação no ensino. São Paulo: Livraria da Física Editora, 2006.