paideia educacao, sociedade e politica na grecia antiga

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  • PAIDIA: EDUCAO, SOCIEDADE E POLTICA NA GRCIA ANTIGA

    Renato Gross - Doutor em Educao UNICAMP. Foi Professor do curso de Pedagogia OPET e do Mestrado em Educao da

    Universidade Tuiuti do Paran.

    RESUMO O iluminismo grego deu ao mundo um dos conceitos basilares da Filosofia da Educao Paidia. O presente artigo examina os diferentes aspectos nele envolvidos. Como os Gregos o conceberam j no incio mesmo de sua civilizao e que permitiram as apropriaes posteriores que dele fizeram um dos conceitos permanentes na lenta e longa evoluo do pensamento educacional ocidental.

    Palavras chave: paidia, educao, pedagogia.

    Neste artigo, inteno do autor, traar a genealogia itinerrio de um dos mais fundamentais conceitos de filosofia da educao o de Paidia, em conexo com a viso educacional, social e poltica gregas, do perodo arcaico ao clssico.

    Para captar-se o incio mesmo do conceito grego de Paidia, h que se retroceder educao aristocrtica dos tempos homricos. Naquele ento, ela corresponderia aos mtodos utilizados para assegurar a transmisso s sucessivas geraes, daqueles valores considerados essenciais morais e religiosos principalmente que servem de fundamento sociedade. No grego, o vocbulo Paidia se caracteriza por um duplo modo de emprego: como substantivo de ao e como caracterstica final (produto, resultado) de um processo verbal. No primeiro caso pode-se encar-la como processo educacional em evoluo (ao), e no segundo, como educao. O vocbulo tambm apresenta uma conotao diferenciadora dos mbitos mente/corpo, permitindo a diferenciao entre as concepes de Paidia-ginstica e Paidia musical-filosfica.

    Como ocorre freqentemente com outras palavras derivadas do grego, Paidia mais que um vocbulo toda uma conceituao que nos permite traar os momentos iniciais do pensamento educacional grego. Rastreando-se a palavra, iremos encontr-la pela primeira vez em Aischylos com o significado de criao de crianas com nfase na alimentao. Em Aristfanes e Tucdites, a nfase se desloca para

  • os aspectos prticos da instruo e da especializao. (cf. RITTER; GRNDER, s.d. col. 35-39). Werner Jaeger, autor do clssico Paidia, referindo-se educao grega nos tempos de Homero, fala de um cdigo de nobreza cavalheiresca, regendo a vida do homem nobre que, na vida privada como na guerra, rege-se por normas certas de conduta, alheias aos comuns dos homens (JAEGER, 1986, p. 20); e lembra ainda que: O sentido do dever , nos poemas homricos, uma caracterstica essencial da nobreza, que se orgulha por lhe ser imposta uma medida exigente. A fora educadora da nobreza reside no fato de despertar o sentimento do dever em face do ideal, que deste modo o indivduo tem sempre diante dos olhos. (Ibid, p.20)

    Corolrio dessa nobreza idealizada e modeladora que o homem grego primitivo cultivava a nsia de se distinguir e a aspirao honra - era a que comeava o valor: honrar os Deuses e os homens pela sua arete. Arete e Paidia so conceitos inseparveis na cultura helnica, mas os dois de traduo impraticvel. Ambos os conceitos evoluram, mas conservando sempre os sentidos de nobreza e de formao, indicando uma educao de espectro integral e tridimensional que visava a formao harmnica mente, corpo e corao. Em outras palavras, uma formao intelectual, fsica e virtuosa.

    Tais conceitos, encontrados na Ilada e na Odissia poemas escritos ambos no alvorecer da Hlade fixaram os ideais a serem buscados e desenvolvidos nos sculos seguintes. Plasmaram a psych grega, helnica e ocidental. Tm, portanto, valores que lhe so extrnsecos, pela influncia que exerceram na cultura ocidental, e justificam chamar-se Homero de Educador da Grcia, como aponta Plato na sua obra A Repblica. Tal influncia pode ser detectada na religio, na poesia, na lngua, nos costumes e principalmente nos ideais que se expandiram a partir destas duas epopias. No dizer de Pereira (1988, p.136), ... temos de reconhecer que a sua influncia sobre a cultura grega, donde passa latina, e desta todas as culturas ocidentais dela derivadas, um fato que no demais sublinhar.

    Aponta Assa, (apud DEBESSE & MIALAERT, vol.2, 1974, p.8-14) que os primeiros educadores gregos foram os poetas. Homero o mais antigo, o mais lido, o mais comentado. Havia ele fixado com o que um espelho ideal no qual deveria mirar-se todo grego que se pretendia paidutico um espelho que propunha um modelo que atendia s aspiraes profundas do povo grego. Assa lembra mais: os poemas homricos deles que os gregos ao longo de mais de um milnio tiraram tudo do que suas necessidades exigiam, e so eles tambm

  • que acompanharam toda a evoluo do seu pensamento ao longo daqueles sculos. E Homero

    ... pe em cena dois heris, que formam uma espcie de anttese, mas a completam profundamente: Aquiles e Ulisses. Aquiles o guerreiro sublime, amante da glria, mas que no hesita em sacrificar a vida para no perder a honra. A nobreza militar das altas pocas, a cidade guerreira de Esparta, ou o comum dos cidados nele encontraro o exemplo do super-homem por imitar, ou simplesmente por admirar.(...) Para aqueles a quem a virtude de Aquiles pudesse desencorajar um pouco, existia outro modelo, aparentemente mais acessvel, e mais utilizvel: o fino, o engenhoso Ulisses, o homem dos mil truques, o vivo, sempre capaz de safar-se de uma dificuldade, perfeito exemplo do saber viver e, em todo caso, de esperteza; a virtude herica completada pela sabedoria prtica. (Ibid, p.9)

    As narrativas tecidas em torno dessas duas personagens e a atmosfera de aventura, de herosmo, de superao e de auto-superao que as envolvia, enchia de encanto, de admirao e de desejo de imitao herica e mtica, tanto as crianas quanto os adultos da mais remota antiguidade grega. Na infncia, na juventude e na maturidade, Homero estava sempre presente. Era dele o primeiro e quase sempre nico livro de literatura que acompanhava o leitor por toda a vida. Dele se extraa Literatura, Histria, Geografia, Poesia, Teologia, Fsica, Moral. E em Aquiles, e mais tarde Telmaco (filho de Ulisses), que, a par dos heris acima citados, vai-se encontrar dois exemplos educacionais-pedaggicos. O primeiro impulsivo h que refre-lo. O segundo indolente h que encoraj-lo. Ambos so confiados aos cuidados de preceptores, homens livres, de boa famlia, de boa reputao, que lhes ministravam ao corpo, ao corao, ao esprito..

    Telmaco o primeiro de uma longa genealogia de jovens que saem em viagem de formao. Viagens quase sempre longas, cheias de peripcias, de vivncias e experincias que ilustram um mtodo pedaggico da jornada interior em busca das virtudes e do carter. Jaeger ressalta que em Homero, (cerca de 700 a.C.) uniram-se a tica e a esttica, o divino e o humano, a harmonizao da natureza e da vida humana, a poesia com o mito, a celebrao da glria e o conhecimento do que magnfico e nobre. Explica assim o vigor milenar dos escritos de Homero:

    Mas s pode ser propriamente educativa uma poesia cujas razes mergulhem nas camadas mais profundas do ser humano e na qual viva um ethos, um anseio espiritual, uma imagem do humano capaz de se tornar uma obrigao e um dever. (...) Por outro lado, os valores mais elevados ganham, em geral, por meio da expresso artstica, significado permanente e fora emocional capaz de mover os homens. A arte tem um poder ilimitado de converso espiritual. o que os gregos chamaram

  • psicagogia. S imediata e viva, que so as condies mais importantes da ao educativa. (JAEGER, 1986, p.44)

    A sociedade e as formas e estilos de vida que produziram os ideais de nobreza e de formao desapareceram, mas os ideais no. Estes resistem passagem do tempo e permanecem como princpios paiduticos. Ao tratar do seu povo, do seu lugar, do seu tempo, Homero atingiu o universal e o atemporal.

    O que ocorreu com Homero, repete-se com Hesodo (cerca de 800 a.C). O conceito de arete aristocrtico, passa agora para aquele que trabalha e sua, o que, longe de ser uma maldio, uma bno:

    fcil alcanar a misria. O caminho desimpedido. E ela no mora longe. Os deuses imortais, porm, puseram o suor antes do xito. A senda que a ela conduz ngreme e comprida, e de incio penosa. No entanto, quando tiveres chegado ao cimo, torna-se fcil, apesar de sua aspereza. (HESODO, apud, JAEGER, 1986, p.68-69)

    At ento as atividades comerciais e industriais no eram contempladas no mbito da educao grega. Herdoto assinalou que os gregos tm em menor conta... aqueles que aprendem qualquer arte... mas consideram como nobre aquele que se abstm das artes manuais. (apud MUNFORD, 1998, p.169) Plutarco, por sua vez, referindo-se poca de Slon, lembra que trabalho no era vergonha para ningum, nem se fazia distino com respeito ao comrcio, mas o ofcio dos mercadores era nobre.(Id. p.169). Eram novos tempos, novas realidades sociais e econmicas a exigir formulaes e reformulaes novas num conceito que j se cobria com a poeira dos tempos os limites da Paidia se ampliavam. Voltando, porm, no tempo, em Esparta, o significado de arete, nos versos de Tirteu, assume uma conotao guerreira, pblica, herica, conservando todavia, a busca pela distino por sobre os demais:

    No dar boas provas de si na luta se no for capaz de encarar a morte sangrenta na peleja e de lutar corpo-a-corpo com o adversrio. Isto arete exclama comovido o poeta -, este o ttulo mais alto e mais glorioso que um jovem pode alcanar entre os homens. bom para a comunidade, para a cidade e para o povo que o homem se mantenha com o p firme frente aos combates e afaste da sua cabea qualquer idia de fuga. (JAEGER, 1986, p.83)

    E Jaeger (1986, p.84) conclui que para os Gregos, e mesmo para toda a Antigidade, o heri , pura e simplesmente, a mais alta forma de humanidade.

    Na poca dos sofistas, surge a Paidia do homem adulto:

    O conceito que originariamente designava apenas o processo da educao como tal, estendeu ao aspecto objetivo e de contedo a esfera do seu significado, exatamente

  • como a palavra alem Bildung (formao) ou a equivalente latina cultura, do processo da formao passaram a designar o ser formado e o prprio contedo da cultura, e por fim abarcaram, na totalidade, o mundo da cultura espiritual: o mundo em que nasce o homem individual, pelo simples fato de pertencer ao seu povo ou a um crculo social determinado. A construo histrica deste mundo atinge o seu apogeu no momento em que se chega idia consciente da educao. Torna-se assim claro e natural o fato de os Gregos, a partir do sculo IV, quando este conceito encontrou a sua cristalizao definitiva, terem dado o nome de Paidia a todas as formas e criaes espirituais e ao tesouro completo da sua tradio... (JAEGER, 1986, p.245, 246)

    Com os sofistas surge tambm o ternrio pedaggico de vocao, instruo e exerccio, com os quais a realizao da arete passa a se constituir sobre as bases intelectuais. A sua instruo formal, abarcando o estudo da gramtica, da retrica, da dialtica e a transmisso do conhecimento enciclopdico, completa o trivium. Temos assim uma educao abrangendo aspectos informativos e formativos tridimensionais, conforme j visto. A estes, mais tarde, acresce-se o quadrivium, ou seja, a aritmtica, a geometria, a msica e a astronomia. Tem-se assim o embrio do conhecimento enciclopdico.

    Com Demcrito (469-370 a.C.) a Paidia assume a caracterizao de uma educao espiritual, a qual se torna um bem inalienvel de cada um. Diferentemente dos sofistas, cuja atividade educacional buscava a realizao da vida prtica/poltica, aqui educao presta socorro vida enquanto refgio no infortnio. (RITTER; GRNDER s.d. col.36) Chega-se, finalmente, ao sculo IV a.C. ao qual Jaeger denomina de poca clssica da Paidia, e a Grcia est sob a hegemonia de Atenas. Estamos nos sculos de Slon, Pricles, Sfocles, squilo, Fdias, Scrates e Plato com toda a grandeza poltica que os caracterizara e que a arquitetura imortalizou e com o esplndido florescimento que a Cidade-Estado experimentou. A poca clssica da Grcia estava entrando para a Histria, e a coruja de Minerva alando seu vo derradeiro, ao anoitecer da civilizao grega. Surgem agora novos personagens e novas classes sociais, que democraticamente aspiram a alternncia no poder, circulam novas idias, as crenas so substitudas. Surgem no proscnio Scrates, Plato e Aristteles. Vive-se na poca do Iluminismo Grego.

    Est-se agora entre os sculos IV e III a.C., e a figura do filsofo tende a surgir como um novo modelo de homem, por vezes em alternativa com a imagem tradicional do cidado. (CAMBIANO, apud, VERNANT, 1994, p.97). Pois ... no Fdon, Scrates -nos apresentado na sua serenidade perante a morte, sem renegar a filosofia, precisamente como o hoplita sabia enfrenta-la combatendo pela

  • ptria. A integrao da moral militar na moral filosfica triunfaria com o estoicismo, na figura do sbio insensvel aos sofrimentos e indestrutvel perante os golpes do destino. Tambm a funo procriativa podia ser reabsorvida e transposta para outro nvel: em Plato, exprimia-se atravs das metforas da alma grvida de saber e levada a parir pelas hbeis interrogaes filosficas. A escola filosfica convertia-se no lugar de reproduo e de perpetuao de um novo modelo de homem. (Idem, p.97)

    A polis grega est a exigir um novo tipo de Homem, que entendesse os mitos como fbulas alegricas, que usasse a Retrica para bem expressar-se, que apresentasse domnio racional e que fosse ativo participante da vida na polis, para ser um cidado completo, plenamente instrudo. (TARNAS, 2000, p.45) E Cambi relaciona esta nova realidade com a pedagogia ao referir que nessa poca

    Nasce a pedagogia como saber autnomo, sistemtico rigoroso; nasce o pensamento como episteme, e no mais como thos e como prxis apenas. A guinada ser determinante para a cultura ocidental, j que reelabora num nvel mais alto e complexo os problemas da educao e os enfrenta fora de qualquer localismo e determinismo cultural e ambiental, num processo de universalidade racional; e por em circulao aquela noo de Paidia que sustentou por milnios a reflexo educativa, reelaborando-se como Paidia crist, como Paidia humanstica e depois como Bildung. (CAMBI, 1999, p.87)

    A parte final da citao acima como que assinala o trajeto do conceito de Paidia. No perodo helnico, com Alexandre Magno, e a conseqente helenizao do mundo antigo, a formao paidutica visava a formao de um homem completo, moralmente desenvolvido, que no seja s um tcnico, mas justamente um homem, nutrido de cultura antes de tudo literria e hbil no uso da palavra, consciente da tradio e que se faz pessoa, sujeito de carter. (Ibid, p.96) Em sntese, um indivduo em constante amadurecimento de si prprio, acolhendo em seu interior a voz do mestre e fazendo-se mestre de si mesmo, (Ibid., p.88) como preconizado por Scrates. Alis Ritter e Grnder (Historisches... col.36) lembram que Scrates entendia a educao no como profisso, mas como vocao divina.

    Com isso, a orientao retrica da essncia da formao da antiguidade se torna predominante. Ao programa de formao retrico-humanstico contrape-se o conceito filosfico-poltico de Paidia, assim como ele foi traado por Plato. E entre esses dois sistemas apresenta-se um conflito, que ir permanecer constitutivo da discusso na antiguidade: a questo se a verdadeira, isto , a melhor Paidia deve basear-se na retrica ou na filosofia. (RITTER; GRUNDER, col. 36) E mais:

  • O projeto pblico de Plato, que prev o desenvolvimento gradual e progresso da educao o primeiro programa de educao da cultura europia. O curso fundamental educa no ensino da ginstica e da msica, cuja forma filosfica e reformulada por Plato estabelecida partir da antiga Paidia grega. O estgio seguinte, que corresponde ao ensino de formao geral dos sofistas, concebido apenas como preparao para o degrau seguinte, que ensina a dialtica, contando que ela sozinha permita a idia do bem. Paidia entendida aqui como o processo abrangente de toda a vida, no qual o ser humano, ao contemplar a imagem do ser ideal, deve, analogamente, dar forma s suas prprias feies de modo elaborado.(...) Merece meno uma outra especificao, que manifestada igualmente por Plato: Paidia defendida como um assunto que diz respeito ao ser humano e somente a ele. (Ibid, col. 38)

    Ao defender o poder para os filsofos a utopia platnica est como que transformando o estado ideal em um lugar de educao universal transpondo o abismo entre esprito (Geist, em alemo) e o poder. No se incorre em erro ao se afirmar que o lugar histrico de tal mediao a Academia, na qual se tinha em mente, simultaneamente, a fundamentao da Paidia na episteme e a pretenso de uma realidade poltica transformada. Pois na Academia, ao mesmo tempo monastrio e universidade, a Paidia clssica ganha dimenses metafricas e espirituais mais profundas pregando o ideal da perfeio interior realizada atravs da educao disciplinada. (TARNAS, 2000, p.59) Na Repblica platnica os ilustrados assumem o poder para possibilitar a formao do carter dos subalternos segundo a imagem ideal do ser humano. Ao final de todo este processo formativo e educacional est o homem gebildete, aquele que passou pela Bildung, apropriao alem da Paidia ei-lo educado, instrudo, culto. Isto indica como que um quase impossvel alargamento do conceito, j que a Paidia incorpora, partir daqui, as noes de civilizao e cultura.

    No helenismo, o significado que atribudo noo de Paidia, encontra sua expresso em uma frmula que Ritter e Grnder (s.d. col. 38) assim resumem: o mais precioso bem que foi dado aos mortais (grifo acrescentado), e que, segundo ele, era uma frmula freqentemente utilizada na poca.

    Com a expanso do helenismo e do seu pensamento educacional, Paidia passou a expressar a cultura e a civilizao gregas. Em Jaeger, a prpria histria grega estudada luz dos conceitos educacionais paiduticos. E Tarnas completa: A Paidia grega florescia. Assim, a antiga realizao helnica foi escolasticamente consolidada, estendeu-se geograficamente e sustentou-se com vitalidade pelo restante da era clssica. (TARNAS, 2000, p.97)

  • Cremos haver conseguido deixar evidente como que a Paidia foi se constituindo pouco a pouco como um genuno sistema educativo que veio a constituir-se em teoria e modelo matriz da educao ocidental.

    Como menciona Marrou (apud FINLEY, 1988, p.228): Sua inspirao conserva um valor permanente, o de uma educao, uma cultura que tem por meta o treinamento do homem como tal, do homem total, e no de um mero produtor, consumidor, um mero dente na engrenagem da economia industrial.

    J em Roma, a Paidia grega recebe, por Ccero, o nome de Humanitas e passa a servir de base e fundamento para a educao liberal e clssica da aristocracia romana. Mas a Histria avana e aproximadamente cinco sculos aps a idade de ouro de Atenas, os cristos se apropriaram da teorizao da Paidia e a reelaboraram sombra da cruz. Atenas, Roma, Jerusalm. Tem-se assim trs etapas da conceituao paidutica que formou a base conceitual da educao ocidental por milnios.

    REFERNCIAS CAMBI, Franco. Histria da pedagogia. Trad. lvaro Lorencini. So Paulo: Ed. UNESP, 1999. DEBESSE Maurice. Tratato das cincias pedaggicas. Vol. 2. Trad. de Luiz Damasco Penna e J.B. Damasco Penna. So Paulo: Editora Nacional, Ed. da USP, 1974. (Col. Atualidades Pedaggicas). FINLEY, M.I. (org.). O legado da Grcia: uma nova avaliao. Trad. Yvette Vieira Pinto de Almeida. Braslia: Editora UnB, 1998. JAEGER, Werner. Paidia: a formao do homem grego. Trad. Artur M. Parreira. So Paulo: Martins Fontes, 1986. MUNFORD, Lewis. A cidade na histria: suas origens, transformaes e perspectivas. Trad. de Neil R. da Silva. So Paulo: Martins Fontes, 1998. PEREIRA, Maria Helena da Rocha. Estudos de histria clssica: Ivol. Cultura Grega. Lisboa: Fundao Calouste Gulbenkian, 1988. RITTER, Joachim; GRNDER, Karlfried. Historisches Wrterbuch der Philosofie: unter Mitwirkung von mehr als 1200 Fachgelehrten. Basel: Schwabe & Co.AG, s.d., col.35-40.(vol.7-P-Q) TARNAS, Richard. A epopia do pensamento ocidental: para compreender as idias que moldaram nossa viso de mundo. Trad. Beatriz Sidou. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000. VERNANT, Jean Pierre. (org.). O homem grego. Lisboa: Ed. Presena, 1994.