padronizacao absoluta do 177lu e do 111in

98
Eduarda Alexandre Rezende PADRONIZAÇÃO ABSOLUTA DO 177 Lu E DO 111 In. Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Radioproteção e Dosimetria do Instituto de Radioproteção e Dosimetria da Comissão Nacional de Energia Nuclear, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Radioproteção e Dosimetria na área de Metrologia. Orientador: Dr. Luiz Tauhata IRD/CNEN Co-Orientador: Dr. Akira Iwahara IRD/CNEN Rio de Janeiro Brasil Instituto de Radioproteção e Dosimetria Comissão Nacional de Energia Nuclear Coordenação de Pós-Graduação 2011

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  • Eduarda Alexandre Rezende

    PADRONIZAO ABSOLUTA DO 177

    Lu E DO 111

    In.

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-

    Graduao em Radioproteo e Dosimetria do

    Instituto de Radioproteo e Dosimetria da

    Comisso Nacional de Energia Nuclear, como

    parte dos requisitos necessrios obteno do

    ttulo de Mestre em Radioproteo e Dosimetria

    na rea de Metrologia.

    Orientador: Dr. Luiz Tauhata

    IRD/CNEN

    Co-Orientador: Dr. Akira Iwahara

    IRD/CNEN

    Rio de Janeiro Brasil

    Instituto de Radioproteo e Dosimetria Comisso Nacional de Energia Nuclear

    Coordenao de Ps-Graduao

    2011

  • Rezende, Eduarda Alexandre

    Padronizao Absoluta do 177

    Lu e do 111

    In. [Rio de Janeiro] 2011

    Dissertao (mestrado) - Instituto de Radioproteo e Dosimetria

    Rio de Janeiro, 2011.

    1. Padronizao Absoluta; 2. Lu-177; 3. In-111; 4. Medicina

    Nuclear.

    I. Instituto de Radioproteo e Dosimetria II. Padronizao

    Absoluta do 177

    Lu e do 111

    In.

  • Eduarda Alexandre Rezende

    PADRONIZAO ABSOLUTA DO 177

    Lu E DO 111

    In.

    Rio de Janeiro, 29 de abril de 2011.

    _________________________________________________________

    Dr. Luiz Tauhata FAPERJ - IRD/CNEN

    _________________________________________________________

    Dr. Jos Ubiratan Delgado - IRD/CNEN

    ________________________________________________________

    Dra Karla Cristina de Souza Patro IRD/CNEN

    _________________________________________________________

    Dr.Vitor Luiz Bastos de Jesus Instituto Federal do Rio de Janeiro - IFRJ/Campus Nilpolis

    Rio de Janeiro Brasil

    2011

  • iv

    DEDICATRIA

    A minha amada av Delta (in memoriam).

  • v

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus acima de tudo, pela minha vida e pela sua graa e misericrdia me

    permitiu realizar este trabalho.

    Meu obrigado a toda minha famlia por toda a cooperao, apoio, pacincia, carinho

    e amor dispensados em mim. Em especial agradeo a minha av Delta, que durante meu

    primeiro ano neste trabalho me ajudou e amou incondicionalmente. Ela sempre acreditou

    em mim.

    Agradeo ao Jlio Csar, meu namorado, pelo amor e pela imensa pacincia que

    teve comigo nesses anos. As minhas amigas de mestrado, Nilmara, Amanda, Tain e

    Brbara, eu s tenho a agradecer por terem tornado esses momentos mais divertidos.

    Agradeo ao Luiz Tauhata que mais que meu orientador, um amigo que est

    sempre pronto a me ajudar e sempre tem as palavras certas que quero ouvir. Ao Akira

    Iwahara, meu co-orientador, pelo carinho e esforo sem o qual esse trabalho no sairia. A

    todos os funcionrios do SEMRA e ao chefe Bira, pelo acolhimento, carinho e ateno. A

    minha amiga Estela e a Vanessa pela preparao das fontes usadas nesse trabalho.

    Em especial meu agradecimento ao Carlos Jos da Silva e ao Roberto Poledna,

    amigos do SEMRA, pelos trabalhos realizados, que foram essenciais ao desenvolvimento

    desse tema.

  • vi

    RESUMO

    Em virtude do uso crescente do 177

    Lu e 111

    In na medicina nuclear, verificou-se a

    necessidade de se ter padres destes radionucldeos no pas para a calibrao dos

    ativmetros utilizados nos SMNs.

    Neste trabalho, com o objetivo de disponibilizar padres confiveis aos usurios,

    solues de 177

    Lu e de 111

    In foram calibradas utilizando os mtodos absolutos de

    padronizao por coincidncia 4(PC)-(NaI(Tl)), de anticoincidncia 4(LS)-

    (NaI(Tl)), pico-soma (Ge) e pico-soma (NaI(Tl)) disponveis no Laboratrio Nacional de

    Metrologia das Radiaes Ionizantes/IRD.

    Na padronizao por cada mtodo, foram determinados os valores da atividade por

    unidade de massa e de suas incertezas. Tambm foram determinados os valores das

    probabilidades de emisso de raios X e gama, a verificao de impurezas por

    espectrometria gama e a meia-vida, com uma cmara de ionizao IG12.

    Os resultados da atividade por unidade de massa do 177

    Lu obtidos pelo mtodo de

    coincidncia de 3274,9 kBq/g 0,94% e anti-coincidncia de 3253,3 kBq/g 0,68%

    mostraram uma concordncia de 0,4% e 1%, respectivamente, em relao ao valor de

    referncia de 3288 kBq/g estabelecido na comparao-chave do BIPM.

    Os resultados da atividade por unidade de massa das medies do 111

    In obtidos com

    os quatro mtodos de calibrao deram incertezas menores que 2,5% e diferenas em

    relao ao valor mdio da atividade por unidade de massa menores que 0,9%.

    Os resultados mostraram uma incerteza expandida menor que 2,5%, o que

    suficiente para assegurar uma incerteza menor que 5%, conforme normas internacionais,

  • vii

    para a calibrao dos ativmetros utilizados nas radiofarmcias e servios de medicina

    nuclear.

    Palavras-chaves: Padronizao Absoluta, 177

    Lu, 111

    In, Medicina Nuclear.

  • viii

    ABSTRACT

    Due to the increasing use of 177

    Lu and 111

    In in nuclear medicine, there was a need to

    have standards of these radionuclides in the country for the calibration of radionuclide

    calibrator used in NMSs.

    In this work, with the objective of providing to the users with reliable standards,

    solutions of 177

    Lu and 111

    In were calibrated using the absolute methods of standardization

    by coincidence 4(PC)-(NaI(Tl)), anticoincidence 4(LS)-(NaI(Tl)), sum-peak (Ge)

    and sum-peak (NaI(Tl)), availables at LNMRI / IRD.

    In the standardization with each method used, the values of activity per unit mass

    and its uncertainty were determined. The values of emission probabilities of X rays and

    were also determined, were checked the impurities by gamma spectrometry and the half-

    life value, with an ionization chamber IG12.

    The results of the activity per unit mass of 177

    Lu obtained by the method of

    coincidence of 3274.9 kBq/g 0.94% and anti-coincidence of 3253.3 kBq/g 0.68%

    showed an agreement of 0.4% and 1%, respectively, compared to the reference value of

    3288 kBq/g established in the BIPM key-comparison.

    The results of the activity per unit mass of 111

    In obtained with the four calibration

    methods showed uncertainties smaller than 2.5% and differences of the average value of the

    activity per unit mass less than 0.9%.

    The results showed an expanded uncertainty less than 2.5%, which is sufficient to

    assure an uncertainty of less than 5%, according to international standards for the

    calibration of radionuclide calibrator used in radiopharmacies and nuclear medicine

  • ix

    services.

    Keywords: Absolute Standardization, 177

    Lu, 111

    In, Nuclear Medicine.

  • x

    NDICE

    I INTRODUO ________________________________________________________ 1

    1.1 A Conveno do Metro ________________________________________________ 1

    1.2 Arranjo de Reconhecimento Mtuo MRA ________________________________ 2

    1.3 As Comparaes-chave ________________________________________________ 3

    1.4 Padres de Radioatividade _____________________________________________ 3

    1.5 Padres de Radionucldeos para Radiofrmacos _____________________________ 7

    1.6 Radionucldeos de Uso Recente na Medicina Nuclear ________________________ 9

    1.7 Mtodos de Padronizao ______________________________________________ 9

    1.8 Objetivos do Trabalho ________________________________________________ 10

    II FUNDAMENTOS TERICOS __________________________________________ 12

    2.1 Mtodos Absolutos de Padronizao da Grandeza Atividade __________________ 12

    2.1.1 Mtodo de Contagem em Coincidncia 4- __________________________ 12

    2.1.2 Mtodo de Contagem em Anti-coincidncia 4- _______________________ 20

    2.1.2.1 Tempo morto no estendvel ______________________________________ 22

    2.1.2.2 Tempo morto estendvel __________________________________________ 24

    2.1.3 Mtodo do Pico-soma _____________________________________________ 26

    2.2 Medicina Nuclear ___________________________________________________ 28

    2.2.1 Radiofrmacos ___________________________________________________ 29

  • xi

    2.2.2 Diagnstico _____________________________________________________ 30

    2.2.3 Terapia _________________________________________________________ 32

    2.3 Lutcio-177 ________________________________________________________ 33

    2.3.1 Aplicabilidade do 177

    Lu na Medicina Nuclear ___________________________ 34

    2.4 ndio-111 __________________________________________________________ 35

    2.4.1 Aplicabilidade do 111

    In na Medicina Nuclear ___________________________ 35

    III MATERIAIS E MTODOS ___________________________________________ 37

    3.1 Mtodos Utilizados para a Calibrao ___________________________________ 37

    3.2 Radiofrmacos Padronizados __________________________________________ 37

    3.3 Preparao das Fontes ________________________________________________ 38

    3.3.1 Fontes Finas _____________________________________________________ 41

    3.3.2 Frascos de Vidro P6 e 10R _________________________________________ 42

    3.3.3 Ampola de 2 cm __________________________________________________ 42

    3.3.4 Fonte para Cintilao Lquida _______________________________________ 42

    3.3.5 Fontes Slidas em Acrlico _________________________________________ 42

    3.4 Caractersticas das Solues ___________________________________________ 43

    3.4.1 Soluo de 177

    Lu _________________________________________________ 43

    3.4.2 Soluo de 111

    In __________________________________________________ 43

    3.5 Procedimento Experimental ___________________________________________ 44

  • xii

    3.5.1 Medio pelo Mtodo de Contagem em Coincidncia 4- _______________ 44

    3.5.1.1 Componentes para medio pelo mtodo de Coincidncia 4- _________ 45

    3.5.2 Medio pelo Mtodo de Contagem em Anti-coincidncia 4- ___________ 46

    3.5.2.1 Componentes para medio pelo mtodo de Anti-coincidncia 4- _____ 47

    3.5.3 Medio pelo Mtodo Pico-soma ____________________________________ 48

    3.5.4 Impurezas ______________________________________________________ 52

    3.4.5.1 Impurezas 177

    Lu _______________________________________________ 52

    3.4.5.2 Impurezas 111

    In _______________________________________________ 52

    3.5.5 Determinao da Meia-vida_________________________________________ 52

    3.5.5.1 Meia-vida do 177

    Lu ____________________________________________ 52

    3.5.5.2 Meia-vida do 111

    In _____________________________________________ 53

    3.5.6 Determinao das Probabilidades de Emisso de Ftons PX, _______________ 54

    3.5.6.1 Probabilidade de emisso de ftons do 177

    Lu ________________________ 54

    3.5.6.2 Probabilidade de emisso de ftons do 111

    In _________________________ 55

    3.6 Dificuldades nas Medies ____________________________________________ 55

    IV RESULTADOS E DISCUSSO ________________________________________ 58

    4.1 Resultados do 177

    Lu __________________________________________________ 58

    4.1.1 Mtodo de Contagem em Coincidncia 4- __________________________ 58

    4.1.2 Mtodo de Contagem em Anti-coincidncia 4- _______________________ 59

  • xiii

    4.1.3 Resultados da Comparao-chave do BIPM ____________________________ 61

    4.1.4 Impurezas ______________________________________________________ 63

    4.1.5 Meia-vida _______________________________________________________ 63

    4.1.6 Probabilidades de Emisso de Ftons PX, _____________________________ 64

    4.1.7 Discusso dos Resultados do 177

    Lu ___________________________________ 65

    4.2 Resultados do 111

    In __________________________________________________ 65

    4.2.1 Mtodo de Contagem em Coincidncia 4- __________________________ 65

    4.2.2 Mtodo de Contagem em Anti-coincidncia 4- _______________________ 66

    4.2.3 Mtodo Pico-soma ________________________________________________ 68

    4.2.4 Impurezas ______________________________________________________ 69

    4.2.5 Meia-vida _______________________________________________________ 69

    4.2.6 Probabilidades de emisso de ftons PX, ______________________________ 71

    4.2.7 Discusso dos Resultados do 111

    In ___________________________________ 71

    V CONCLUSO ________________________________________________________ 74

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ______________________________________ 75

  • xiv

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1.1 Esquema da cmara de ionizao tipo poo ___________________________ 8

    Figura 2.1 Imagem da fonte fina com uma soluo de radionucldeo. ______________ 13

    Figura 2.2 - Arranjo experimental do mtodo pico-soma. _________________________ 27

    Figura 2.3 Esquema de decaimento radioativo do 177Lu. ________________________ 34

    Figura 2.4 Esquema de decaimento do 111In.__________________________________ 36

    Figura 3.1 Fonte fina. ___________________________________________________ 39

    Figura 3.2 Frasco de vidro 10R. ___________________________________________ 39

    Figura 3.3 Frasco de vidro P6. _____________________________________________ 39

    Figura 3.4 Ampola 2 cm. _________________________________________________ 40

    Figura 3.5 Frasco de cintilao. ___________________________________________ 40

    Figura 3.6 Fonte slida em acrlico. ________________________________________ 40

    Figura 3.7 - Diagrama de blocos do mtodo de contagem em coincidncia 4 . _____ 46

    Figura 3.8 - Diagrama de blocos do mtodo de contagem em anti-coincidncia 4 __ 48

    Figura 3.9 Espectro com o pico-soma. ______________________________________ 50

    Figura 3.10 Curvas de extrapolao de eficincia do 177Lu. ____________________ 57

    Figura 4.1 Resultado parcial da comparao-chave do 177Lu promovida pelo BIPM. __ 62

    Figura 4.2 - Curva de decaimento radioativo de uma amostra de 111

    In medida na cmara de

    ionizao tipo poo modelo IG12. ___________________________________________ 69

    Figura 4.3 -Resduos percentuais do ajuste no-linear para determinao da meia-vida __ 70

    Figura 4.4 Resumo dos resultados do 111In. __________________________________ 71

  • xv

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 3.1 Nomenclatura para as distncias entre detector x fonte usadas no LNMRI. _ 49

    Tabela 4.1 Atividade por unidade de massa do 177Lu pelo mtodo de contagem em

    coincidncia. ____________________________________________________________ 58

    Tabela 4.2 Componentes de incerteza da medio do 177Lu pelo mtodo de contagem em

    coincidncia. ___________________________________________________________ 59

    Tabela 4.3 - Resultado das medies do 177

    Lu pelo mtodo de contagem em coincidncia.

    ______________________________________________________________________ 59

    Tabela 4.4 Atividade por unidade de massa do 177Lu pelo mtodo de contagem em

    anticoincidncia. _________________________________________________________ 60

    Tabela 4.5 - Componentes de incerteza da medio do 177

    Lu pelo mtodo de contagem em

    anticoincidncia. _________________________________________________________ 60

    Tabela 4.6 - Resultado das medies do 177

    Lu pelo mtodo de contagem em anti-

    coincidncia. ____________________________________________________________ 61

    Tabela 4.7 - Componentes de incerteza da medio da meia-vida do 177

    Lu. ___________ 63

    Tabela 4.8 - Resultados para a meia-vida do 177

    Lu. ______________________________ 64

    Tabela 4.9 - Probabilidades de emisso de raios X e do 177Lu. ____________________ 64

    Tabela 4.10 - Componentes de incerteza da medio do 111

    In pelo mtodo de contagem em

    coincidncia. ____________________________________________________________ 66

    Tabela 4.11 - Resultado das medies do 111

    In pelo mtodo de contagem em coincidncia.

    ______________________________________________________________________ 66

  • xvi

    Tabela 4.12 - Componentes de incerteza da medio do 111

    In pelo mtodo de contagem em

    anticoincidncia. _________________________________________________________ 67

    Tabela 4.13 - Resultado das medies do 111

    In pelo mtodo de contagem em

    anticoincidncia. _________________________________________________________ 67

    Tabela 4.14 - Resultado das medies do 111

    In pelo mtodo pico-soma. ______________ 68

    Tabela 4.15 - Componentes de incerteza da medio da meia-vida do 111

    In. __________ 70

    Tabela 4.16 - Resultados para a meia-vida do 111

    In. _____________________________ 71

  • xvii

    LISTA DE SMBOLOS

    ADC Conversor analgico digital.

    ANSTO Australian Nuclear Science and Technology Organisation - Austrlia.

    APMP - Regio Metrolgica da sia e Pacfico.

    BG Radiao do fundo.

    BIPM Bureau Internacional de Pesos e Medidas.

    CCRI Comit Consultivo de Radiaes Ionizantes.

    CGPM Conferncia Geral de Pesos e Medidas.

    CIPM Comit Internacional de Pesos e Medidas.

    CNEN Comisso Nacional de Energia Nuclear.

    CRV Valor de Referncia da comparao.

    ENEA Agenzia Nazionale per le Nuove Tecnologie lenergia e lo Sviluppo Economico

    Sostenibile - Itlia.

    EUROMET Regio Metrolgica da Europa.

    GMX Cristal de germnio puro para baixas e altas energias.

    IFIM-HH Laboratrio Nacional da Romnia.

    IFRJ Instituto Federal do Rio de Janeiro.

    INM Instituto Nacional de Metrologia.

    INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial.

    IPEN Instituto de Pesquisas Energticas e Nucleares.

    IRD Instituto de Radioproteo e Dosimetria.

    IRMM Institute for Reference Materials and Measurements - Comunidade Europia.

    KCDB Key-Comparisons Data Base Comparaes-chave.

  • xviii

    LNHB Laboratoire National Henri Becquerel - Frana.

    LNMRI Laboratrio Nacional de Metrologia das Radiaes Ionizantes Brasil.

    MRA Arranjo de Reconhecimento Mutuo.

    NaI(Tl) Cristal de iodeto de sdio ativado com tlio.

    NIST National Institute of Standardization and Technology - Estados Unidos.

    NMISA National Metrology Institute of South Africa - frica do Sul.

    NPL National Physics Laboratory - Reino Unido.

    PC Contador proporcional.

    PET Tomografia por emisso de psitron.

    PNI Programa Nacional de Intercomparao.

    POLATOM Institute of Atomic Energy POLATOM, Radioisotope Centre - Polnia.

    PTB Physikalisch-Technische Bundesanstalt - Alemanha.

    PVC Cloreto de povinila.

    SEMRA Servio de Metrologia de Radionucldeos

    SI Sistema Internacional de Unidades.

    SIM Sistema Interamericano de Metrologia.

    SIR Sistema Internacional de Referncia.

    SMN Servio de Medicina Nuclear.

    SPECT Tomografia computadorizada por emisso de fton nico.

    UTC Tempo universal coordenado.

    VIM Vocabulrio Internacional de Termos Fundamentais e Gerais da Metrologia.

    VYNS Acetato de cloreto de polivinila.

  • 1

    CAPTULO I

    INTRODUO

    1.1. A Conveno do Metro

    Os padres so indispensveis na vida do homem desde as primeiras civilizaes.

    Sem eles no seria possvel estabelecer o comrcio entre povos ou o dimensionamento das

    terras.

    Nos dias de hoje, no se consegue imaginar a vida sem os padres de medio.

    Mesmo sem perceber, eles so usados constantemente, seja na compra de alguns metros de

    tecido para confeccionar uma roupa ou de alguns quilos de carne no mercado.

    Na indstria, os padres de medio tambm so essenciais nos processos de

    fabricao para garantir a uniformizao e qualidade dos produtos.

    A padronizao internacional das medies comeou na Revoluo Francesa, onde

    foi proposto um sistema universal de medies que definia fenmenos da natureza como

    padres de referncia para definio das grandezas. Foi proposta da Frana a criao de

    uma comisso internacional sobre medies e foi constituda, em 1875, a Conveno do

    Metro. Em 1921 sofreu uma leve modificao e atualmente constituda por 54 pases

    membros, entre eles o Brasil e 32 estados associados [1,2].

    A Conveno do Metro um tratado de base diplomtica que deu autoridade

    Conferncia Geral de Pesos e Medidas (CGPM) e ao Comit Internacional de Pesos e

    Medidas (CIPM) para atuar na rea da metrologia mundial, particularmente em relao

    demanda por padres de medio, aumento da exatido, faixa de medio, diversidade, e a

    necessidade de demonstrar a equivalncia entre os padres nacionais de medio [2,3].

  • 2

    Outro fruto da conveno foi a criao do Bureau International de Poids et Mesures,

    (BIPM). Ela estabeleceu as bases para que as suas atividades fossem financiadas, e uma

    permanente estrutura organizacional para que membros de governos atuassem em comum

    acordo em todas as matrias relativas a unidades de medio [2,3].

    1.2. Arranjo de Reconhecimento Mtuo - MRA

    Em 1999, foi assinado pelos institutos nacionais de metrologia o Arranjo de

    Reconhecimento Mtuo (Mutual Recognition Arrangement-MRA) do Comit Internacional

    de Pesos e Medidas. Atualmente integram o Arranjo 80 institutos. Os objetivos principais

    do MRA so:

    Fornecer confiabilidade e conhecimento da capacidade de medio dos

    Institutos Nacionais de Metrologia (INM), particularmente para a comunidade

    regulatria e de acreditao;

    Melhorar a realizao dos padres nacionais nos INMs, particularmente nos

    INMs com menor experincia metrolgica;

    Fornecer o suporte tcnico para acordos comerciais;

    Manter a equivalncia de certificados de calibrao aceitos mundialmente, para

    reduzir barreiras tcnicas do comrcio, causadas por lacunas em rastreabilidade

    e equivalncia de medies.

    O MRA pode ser dividido em duas partes. A primeira trata do reconhecimento

    mtuo do grau de equivalncia dos padres nacionais de medio mantidos pelos INMs

    baseado nos resultados das Comparaes-chaves (Key-comparisons). A segunda, trata do

  • 3

    reconhecimento mtuo dos certificados de calibrao publicados pelos INMs baseados na

    capacidade de medio e calibrao que passaram por avaliaes internacionais e que so

    suportadas por um sistema da qualidade [4].

    1.3. As Comparaes-chaves

    Para avaliar a capacidade de medio dos INMs so analisados os desempenhos por

    Comparaes-chaves (Key-Comparisons Data Base-KCDB) organizadas pelo BIPM. Essas

    comparaes so exerccios que visam estabelecer valores de referncia de grandezas

    fsicas, que servem como base para a garantia da coerncia das medies realizadas

    internacionalmente [5].

    1.4. Padres de Radioatividade

    O Comit Consultivo de Radiaes Ionizantes (CCRI) do BIPM se rene a cada

    dois anos, para analisar e propor ao CIPM exerccios de comparaes-chaves na rea de

    radiaes ionizantes. Os resultados das comparaes-chaves so registrados e relatados sob

    a forma de Relatrios Preliminares ou Relatrios Finais e ficam disponveis no site do

    BIPM [5].

    Com o crescimento da utilizao de materiais radioativos, tornou-se desejvel

    estabelecer padres nacionais e internacionais da grandeza atividade. Sua caracterstica

    efmera e os processos de decaimento dos radionucldeos constituem um problema

    diferente para a medio dos radionucldeos conforme seus esquemas de decaimento

    radioativo. No existe ento um padro permanente, mesmo que arbitrrio da grandeza

    atividade.

  • 4

    A grandeza atividade definida como a taxa de mudanas dentro de um ncleo

    radioativo, ou seja, de um ncleo instvel. Essa taxa expressa pelo nmero de tomos

    existentes em uma amostra, n(t), no instante t, segundo a equao (1.1). Integrando a

    equao (1.1), obtemos a expresso para determinar a atividade de uma amostra, equao

    (1.2) [1].

    )t(ndt

    )t(dn (1.1)

    t

    0en)t(A (1.2)

    = constante de decaimento

    n0 = nmero de tomos radioativos existentes na amostra no tempo (t)

    O Curie, smbolo Ci, foi a primeira unidade estabelecida para a grandeza atividade.

    Em 1975, a 15 CGPM adotou o Bequerel, smbolo Bq, como unidade do Sistema

    Internacional de Unidades (SI) para a grandeza atividade. A relao entre a unidade antiga

    Curie com o Bequerel :1 Ci = 3,7.1010

    Bq. [6].

    Os padres de radioatividade so essenciais para que, como em outros campos da

    cincia, possam ser relacionados aos efeitos observados com estmulos bem definidos e

    conhecidos. Efeitos biolgicos e fisiolgicos tambm podem ser relacionados em resposta a

    uma dada quantidade de radiao aplicada, atravs de padres de atividade que so

    utilizados para calibrar os equipamentos de medio utilizados por diferentes

    investigadores [1].

    Para que isso possa ser realizado, necessria a existncia de uma contnua

    disponibilidade de padres nacionais e internacionais. Esses padres so, entretanto,

    difceis de serem mantidos, principalmente os de meia-vida curta. Essa dificuldade tem sido

  • 5

    resolvida atravs da manuteno de instrumentos calibrados, de maior ou menor grau de

    complexidade, todos normalizados por calibraes em relao aos sistemas nacionais e

    internacionais de medio de radioatividade para uma ampla variedade de radionucldeos

    de diferentes modos de decaimento [1].

    No entanto, necessrio que os padres formem uma cadeia de rastreabilidade para que

    as medies possam ser relacionadas. No vocabulrio internacional de termos fundamentais

    e gerais de metrologia (VIM) a rastreabilidade metrolgica definida como: A

    propriedade do resultado de uma medio ou valor de um padro, estar relacionado a

    referncias estabelecidas, geralmente a padres nacionais ou internacionais, atravs de

    uma cadeia contnua de comparaes, todas tendo incertezas estabelecidas [7].

    O conceito geralmente expresso pelo adjetivo rastrevel, no sentido de demonstrar a

    ligao e a hierarquia entre os padres [8].

    O Laboratrio Nacional de Metrologia das Radiaes Ionizantes (LNMRI), pertencente

    Comisso Nacional de Energia Nuclear (CNEN) recebeu em 1989, a delegao do

    Instituto Nacional de Metrologia Normalizao e Qualidade Industrial (INMETRO), para

    atuar como laboratrio designado na rea de metrologia das radiaes ionizantes. [9].

    Em 2004 foram implementados os requisitos da norma NBR ISO/IEC 17025 [10] para

    laboratrio de calibrao e se submeteu avaliao de pares para validar a implementao

    dos requisitos da norma. O sistema da qualidade foi em seguida avaliado em reunio do

    Sistema Interamericano de Metrologia (SIM) sendo considerado satisfatrio [9].

    As funes do LNMRI so: implantar e manter mtodos e padres relacionados

    metrologia das radiaes ionizantes; participar de comparaes-chave organizadas pelo

    BIPM; participar das comparaes promovidas pelas organizaes regionais de metrologia

  • 6

    e promover e organizar a coerncia das medies realizadas no Brasil no campo das

    radiaes ionizantes [9].

    O LNMRI participa desde 1987 de programas de comparao organizados pelo BIPM,

    para garantir a rastreabilidade de suas medies. Alm disso, tambm submete,

    periodicamente, solues radioativas padronizadas ao Sistema Internacional de Referncia

    (SIR) e participa como convidado, de comparaes organizadas e promovidas pelas

    organizaes regionais de metrologia como: o SIM ao qual pertence, a Regio Metrolgica

    da Europa (EUROMET) e a Regio Metrolgica da sia e Pacfico (APMP) [1].

    Para estabelecer a rastreabilidade e fazer o controle de qualidade das medies de

    atividade no pas, o LNMRI promove dois programas de comparaes, tendo como

    participantes os laboratrios de anlises de amostras ambientais e os servios de medicina

    nuclear [11,12].

    O primeiro o Programa Nacional de Intercomparao (PNI), que busca o controle de

    qualidade e a rastreabilidade das medies de atividade nas anlises de amostras

    ambientais. Foi iniciado em 1991, e possui atualmente a participao de 22 laboratrios.

    Neste programa so efetuadas trs rodadas de comparaes por ano, onde so analisados

    em torno de 24 radionucldeos em amostras com diferentes tipos de matrizes [11].

    O segundo o Programa de comparao de medies de atividade de radionucldeos

    integrantes de radiofrmacos com a participao de hospitais e servios de medicina

    nuclear do Brasil, iniciado em 1998. Neste programa, so realizadas comparaes de

    medies de atividade de radiofrmacos contendo 99

    Tcm

    (Tecncio-99m), 67

    Ga (Glio-67),

    131I (Iodo-131),

    123I (Iodo-123),

    201Tl (Tlio-201), em todo territrio brasileiro, utilizando

    uma rede nacional de metrologia formada por centros regionais localizados em Porto

    Alegre, Rio de Janeiro, So Paulo, Braslia e Recife [12].

  • 7

    1.5. Padres de Radionucldeos para Radiofrmacos

    No campo especfico da metrologia na rea nuclear, um dos interesses est na

    determinao precisa dos parmetros nucleares dos radionucldeos que so utilizados em

    aplicaes na indstrias agrcolas, proteo ao meio ambiente e na medicina [13].

    Em medicina, vrias so as tcnicas utilizadas para terapia e diagnstico, utilizando

    radiaes ionizantes. Em medicina nuclear, as radiaes ionizantes so emitidas de dentro

    dos pacientes utilizando vrios tipos de radionucldeos incorporados e detectados

    externamente para a formao de imagens que permitem o diagnstico. Os radionucldeos

    compem uma grande variedade de frmacos para realizar procedimentos bem

    estabelecidos baseados na sua incorporao seletiva pelos rgos do corpo humano [14].

    Para a boa realizao destes exames, valores bem estabelecidos da atividade dos

    radiofrmacos so administrados aos pacientes e, por meio de detectores externos, como as

    gamacmaras, obtm-se as imagens das regies analisadas. Entretanto, para que o exame

    atinja os seus objetivos preciso que o valor da atividade aplicada seja bem determinada.

    Isto porque, um valor menor pode fornecer imagem insuficiente para o diagnstico, alm de

    aumentar o tempo de exame. Valores superestimados da atividade podem saturar a

    capacidade de captao e processamento dos impulsos eletrnicos, impossibilitando a

    formao de imagem de boa qualidade e assim, comprometer os objetivos do procedimento

    [12].

    Para assegurar o xito do procedimento mdico e melhorar a proteo do paciente

    em relao aos possveis riscos de efeitos biolgicos deletrios sua sade induzidos pela

    radiao, as medies da atividade dos radiofrmacos administrados a pacientes devem ter

    boa exatido com no mximo 5% de desvio, como recomendam os rgos reguladores

  • 8

    internacionais [15]. No Brasil o limite estabelecido pela norma CNEN NN-3.05 de no

    mximo 10% [16].

    Para medir a atividade do radiofrmaco, os Servios de Medicina Nuclear (SMNs),

    utilizam medidores de atividade, os ativmetros, denominados tambm de medidores de

    dose ou curimetros. Basicamente estes equipamentos so constitudos de um medidor tipo

    poo, acoplado a um sistema de processamento dos sinais ou da corrente, denominado de

    eletrmetro. O detector pode ser do tipo Geiger-Muller ou Cmara de ionizao. Na parte

    re-entrante do medidor colocado o radiofrmaco a ser medido, acondicionado em

    ampolas, frascos ou seringas [12].

    Um medidor tipo poo caracterizado pelo seu formato, onde possui uma cavidade

    re-entrante, onde colocado o material a ser medido, que lembra a figura de um poo, para

    melhor entendimento, o medidor est ilustrado na Figura 1.1.

    Figura 1.1 - Esquema da cmara de ionizao tipo poo [17].

    Para que a medio da atividade seja correta necessrio que o ativmetro esteja

    devidamente calibrado para que suas medies possam estar dentro dos limites.

  • 9

    importante salientar que a sua calibrao envolve o bom desempenho para todos os

    radionucldeos que compem os radiofrmacos utilizados. Esta exigncia implica na

    existncia de padres de atividade para tais radionucldeos no pas [12].

    1.6. Radionucldeos de Uso Recente na Medicina Nuclear.

    Com a pesquisa e o desenvolvimento de novas tcnicas para tratamento e diagnstico

    em medicina nuclear, foram utilizados novos radionucldeos como o 111

    In (ndio-111),

    177Lu (Lutcio-177),

    153Sm (Samrio-153) e o

    18F (Flor-18) [14, 18].

    Pelo uso recente, o 111

    In e o 177

    Lu ainda no possuam padres para calibraes dos

    ativmetros. O que gerou a motivao para realizao deste trabalho, padronizando solues

    destes radionucldeos, que sero usadas na calibrao dos ativmetros utilizados nos SMNs.

    Em diagnstico, os radionucldeos como 99

    Tcm

    , 111

    In, 201

    Tl, 123

    I e 67

    Ga so os mais

    utilizados. Para terapia so mais usados o 131

    I, 90

    Y (trio-90), 89

    Sr (Estrncio-89), 188

    Re

    (Rnio-188), 186

    Re (Rnio-186) e 153

    Sm (Samrio-153). O 18

    F usado em exames de

    tomografia por emisso de psitrons (PET) [14].

    1.7. Mtodos de padronizao

    A padronizao de solues radioativas para uso em diferentes reas de interesse,

    como exemplo o uso na medicina nuclear, pode ser feita por mtodos absolutos ou

    relativos. Denominam-se mtodos relativos, os que necessitam de um padro de referncia

    para comparao com a fonte radioativa em calibrao. Os mtodos absolutos no fazem

    comparaes e seus resultados so obtidos diretamente pelas taxas de contagem [19,20].

    A escolha do mtodo para padronizao de um radionucldeo varia com o tipo de

    decaimento e a intensidade de emisso. Existem radionucldeos com maior dificuldade de

  • 10

    medio em um mtodo do que em outro, devido s caractersticas do radionucldeo. Por

    outro lado, um radionucldeo pode ser calibrado por mais de um mtodo. Isto importante

    porque permite a anlise crtica do processo de calibrao adotado e a confirmao do

    resultado. Os mtodos mais usados pelos laboratrios nacionais so os mtodos de

    contagem em coincidncia, anti-coincidncia, cintilao lquida e espectrometria , X e

    [19,20].

    Radionucldeos que decaem por captura eletrnica so usualmente calibrados pelo

    mtodo de cintilao em meio lquido. Para radionucldeos com emisso de raios X e , a

    espectrometria de ftons, obviamente, a mais recomendada. Quando um radionucldeo

    emite duas ou mais radiaes, so indicados os mtodos de contagem em coincidncia e

    anti-coincidncia [19,20].

    1.8. Objetivos do Trabalho

    Nesse trabalho so apresentados os resultados da padronizao absoluta da grandeza

    atividade por unidade de massa dos radionucldeos 177

    Lu e 111

    In, usados em medicina

    nuclear, utilizando os mtodos de coincidncia 4(PC)-(NaI(Tl)), anticoincidncia

    4(LS)-(NaI(Tl)), pico-soma (Ge) e pico-soma (NaI(Tl)).

    No segundo captulo sero abordados os fundamentos tericos, englobando a

    descrio dos mtodos absolutos de calibrao por coincidncia, anticoincidncia e pico-

    soma. Trata tambm dos radiofrmacos utilizados na Medicina Nuclear e os istopos de

    interesse para esse trabalho.

    O terceiro captulo descreve os procedimentos experimentais envolvidos na

    padronizao das solues de 177

    Lu e 111

    In para os diversos mtodos absolutos utilizados.

  • 11

    Os resultados e incertezas esto apresentados no quarto captulo. No quinto captulo est

    apresentada a concluso deste trabalho.

  • 12

    CAPTULO II

    FUNDAMENTOS TERICOS

    2.1. Mtodos Absolutos de Padronizao da Grandeza Atividade

    Mtodos absolutos, ou primrios, de padronizao da grandeza atividade so definidos

    como os que possuem a mais alta qualidade metrolgica, cujos procedimentos podem ser

    completamente descritos e compreendidos, nos quais as incertezas de medio podem ser

    declaradas em termos de unidades do SI e os resultados no necessitam de um padro da

    grandeza medida ao qual devam ser referenciados para serem aceitos [8, 19, 20].

    Estes mtodos permitem a determinao da atividade de uma amostra atravs das taxas

    de contagem observadas, necessitando apenas, em alguns casos, do conhecimento prvio do

    esquema de decaimento do radionucldeo em questo. Eles produzem, a partir de amostras

    no calibradas, padres primrios, que possuem os valores absolutos de determinada

    grandeza [8].

    A definio de um padro primrio segundo o VIM : Um padro designado ou

    amplamente aceito como o padro de mais alta qualidade metrolgica e cujo valor aceito

    sem estar referenciado a outro padro da mesma grandeza [7].

    Os mtodos absolutos de padronizao utilizados neste trabalho foram: Contagem em

    coincidncia, Contagem em anti-coincidncia e Pico-soma.

    2.1.1. Mtodo de Contagem em Coincidncia

    O mtodo utilizado na medio da grandeza atividade, para decaimento simples alfa-

    gama ou beta-gama. Geralmente so utilizados dois detectores, cada um sensvel a somente

  • 13

    um tipo de radiao. Um terceiro canal de contagem, constitudo de um circuito de

    coincidncia, registra eventos provenientes dos dois detectores que ocorrem

    simultaneamente. Com os valores de contagem de cada um dos trs canais e as correes e

    ajustes experimentais, que so simples, pode-se determinar todos os parmetros para

    obteno da atividade [8].

    Na contagem das partculas alfa e beta so utilizados detectores proporcionais ou

    cintiladores lquidos, e para os ftons, cristais de Iodeto de Sdio ativados com Tlio,

    NaI(Tl) ou de Germnio, GMX.

    Em sua concepo bsica so necessrios dois detectores, um detector proporcional

    para a contagem beta e a eletrnica que compe o canal beta. Um detector de NaI(Tl) ou

    GMX para a contagem gama e a eletrnica que resulta no canal gama. Um terceiro canal de

    contagem onde so registrados os eventos de coincidncias entre os dois canais, resultando

    no canal de coincidncia.

    As fontes usadas na calibrao so preparadas depositando algumas gotas da soluo do

    radionucldeo sobre filmes finos de VYNS (acetato de cloreto de polivinila), esticados em

    arandelas de ao inoxidvel e metalizados com ouro em uma das faces, como ilustrado na

    figura 2.1 [21].

    Figura 2.1 Imagem da fonte fina com uma soluo de radionucldeo.

  • 14

    No mtodo de coincidncia tradicional, a atividade da fonte pode ser determinada em

    funo das contagens nos trs canais, introduzindo as correes relativas ao tempo morto,

    tempo de resoluo, de radiao de fundo, coincidncias acidentais e decaimento [8,19,20].

    Com modificaes tcnicas e escolha adequada dos detectores, o mtodo pode estender-

    se a um grande nmero de radionucldeos, inclusive puros, utilizando a tcnica do

    traador [21, 22].

    A tcnica do traador consiste em misturar uniformemente o emissor beta puro a um

    emissor beta-gama, este ltimo chamado de traador. Para isso necessrio que o traador

    tenha o espectro similar ao do emissor beta puro e suas energias mximas no podem ser

    diferentes de um fator dois e suas eficincias de contagem devem ser lineares. Este mtodo

    tem como fundamento terico o princpio de que existe uma relao linear entre a eficincia

    do traador e a eficincia do emissor beta puro [21, 22].

    Para o uso do mtodo de contagem em coincidncia essencial que um dos detectores

    permanea estvel durante todo o processo de medio, isto garantido por meio do

    detector do canal gama, e que o outro detector possua eficincia geomtrica de 4

    possibilitando que seja alcanada no canal eficincia prxima a 100% [8].

    Considera-se ainda que o detector beta s sensvel a partculas beta e o detector gama

    a raios gama. Assim, cada evento contado em coincidncia resultar em um evento de

    decaimento. Ento para uma fonte puntiforme de atividade por unidade de massa No e

    eficincia de deteco e as taxas de contagem nos canais beta, gama e de coincidncia

    sero respectivamente [8,19,20]:

    0NN (2.1)

    0NN (2.2)

  • 15

    0c NN (2.3)

    Com estas trs equaes bsicas, pode-se determinar o valor de No,

    cNNNN 0 (2.4)

    As eficincias, gama e beta, tambm podem ser obtidas por meio das taxas de contagem

    dos respectivos canais, considerando que a fonte extensa e que o detector proporcional ,

    em primeira aproximao, igualmente sensvel a toda a fonte [8]

    NNc (2.5)

    NNc (2.6)

    Entretanto, estas condies ideais raramente so alcanadas [23], pois existem vrios

    fenmenos que obrigam a aplicao de correes, tais como [8]:

    Eltrons de converso interna: a converso interna da transio gama contribui com

    a taxa de contagem nce observada no canal beta, j que o detector no distingue os eltrons

    de partculas . Essa contribuio pode ser expressa pela relao (2,7):

    110 cece Nn (2.7)

    Onde nce a taxa de contagem de eltrons de converso no canal beta e o coeficiente de

    converso interna total, ce a eficincia para eltrons de converso interna, geralmente

    100%. Porm, em energias menores que 200 keV, o evento pode ser detectado por meio dos

    raios X associados ou do eltron Auger e, deste modo, pode-se substituir ce por:

    iiii

    ice A,x1 (2.8)

  • 16

    i coeficiente de converso interna associado transio i

    i eficincia de deteco para o nvel i do eltron de converso x,A) probabilidade

    de deteco de pelo menos um raio X ou eltron Auger no detector beta,

    acompanhada da emisso do eltron de converso da camada i.

    As taxas de contagem nos canais gama e de coincidncia sero,

    1/NN (2.9)

    )1(

    0

    NNc (2.10)

    Sensibilidade gama do detector proporcional, : o detector proporcional tem uma

    pequena sensibilidade para as radiaes gama que deve ser considerada. A taxa de

    contagem adicional deve ser obtida por meio da seguinte expresso:

    1

    10Nn (2.11)

    Sensibilidade beta do detector gama: o ajuste da energia do canal gama permite

    excluir a radiao de freamento ou bremsstrahlung.

    Coincidncias acidentais: ocorrem devido limitao do valor do tempo morto. A

    expresso mais utilizada para estimar a taxa de ocorrncia deste tipo de evento :

    ''''*

    1

    2

    NN

    NNNN

    r

    rc

    c

    (2.12)

    *

    cN a taxa de contagem de coincidncia corrigida para radiao de fundo

    r o tempo de resoluo

    '

    N a taxa de contagem observada no canal beta

    '

    N a taxa de contagem observada no canal gama

  • 17

    Tempo morto: usa-se a seguinte expresso para a correo do tempo morto no canal

    beta e tambm no canal gama, com seus respectivos parmetros,

    bN

    Nn

    '

    '

    1 (2.13)

    o tempo morto no canal beta

    b a taxa de contagem no canal beta para a radiao de fundo

    Para o canal de coincidncia, usa-se a expresso sugerida por Kawada [23]:

    ccc

    c bNNN

    Nn

    ''''

    '

    1 (2.14)

    '

    cN a taxa de contagem no canal de coincidncia,

    bc a taxa de contagem no canal de coincidncia devido radiao de fundo.

    Para o clculo da coincidncia existem dois casos: decaimento simples e complexo

    [24, 25].

    simples: considerando eltrons de converso interna e sensibilidade gama do

    detector beta. Utiliza a seguinte expresso:

    1

    1NNce

    o (2.15)

    1

    0NN (2.16)

    cc NN

    1

    10

    (2.17)

  • 18

    Esquema de decaimento complexo (vrios ramos beta e gama As expresses de

    clculo so mais complexas.

    r r

    ce

    rrraNN

    1

    10 (2.18)

    r r

    r

    raNN

    10

    (2.19)

    r

    crr

    r

    rr

    rc aNN

    1

    10

    (2.20)

    No a atividade da fonte que esta sendo medida

    N Ne Nc so as taxas de contagem observadas nos canais beta, gamae de

    coincidncia, corrigidos para radiao de fundo, decaimento, coincidncias

    acidentais e perdas por tempo morto.

    r e r so as eficincias dos detectores beta e gamapara o ramo r do decaimento

    beta.

    ar a intensidade beta do ramo r

    r o coeficiente de converso interna dos raios associado com os ramos r.

    er a eficincia do detector beta para eltrons de converso associada com

    o ramo r.

    r a eficincia do detector beta aos raios associada com o ramo r.

    cr a eficincia de uma coincidncia ocorrer, quando a partcula do ramo

    r no detectada.

  • 19

    Para o clculo da atividade por unidade de massa, N0, pelo mtodo de coincidncia,

    o laboratrio de metrologia LNMRI utiliza a expresso que um algoritmo de Smith

    baseado no trabalho de Cox-Isham [8, 26].

    me

    eeN

    eepp

    NeeeeNN

    N

    tT

    c

    crr

    2

    1

    21

    21212121

    2ln

    21

    "

    21

    "

    21

    01

    1

    ''' ,, cNNN taxas de contagem observadas nos canais beta, gama e coincidncia,

    respectivamente;

    N, N taxas de contagem beta e gama corrigidas para a radiao de fundo;

    , tempo morto dos canais beta e gama;

    r tempo de resoluo das coincidncias;

    2

    1T meia-vida do radionucldeo;

    t intervalo de tempo decorrido entre uma data de referncia e a data da

    medio;

    m massa da fonte radioativa, em g;

    ''" 2 NNNN rcc ( cN = taxa de contagem em coincidncia corrigida para a radiao de

    fundo);

    '

    1 1 Np '

    2 1 Np

    fundoderadiao

    1 '

    '

    1

    N

    N

    fundoderadiao

    1 '

    '

    2

    N

    N

    (2.21)

  • 20

    Eficincia

    N

    N

    NN

    Nc

    0

    '1 Eficincia

    N

    N

    NN

    Nc

    0

    '1

    C

    1 C = constante que depende do esquema de desintegrao e da

    geometria dos detectores

    Taxa de coincidncia acidentais ''

    ''

    1

    2

    NN

    NNNNN

    r

    rc

    cac

    2.1.2 Mtodo de Contagem em Anti-coincidncia 4-

    O mtodo de contagem em anti-coincidncia como uma alternativa ao mtodo de

    coincidncia foi sugerido pela primeira vez por Bryant para decaimento beta-gama pronto e

    posteriormente aplicado ao caso de emissores que possuem estados metaestveis com a

    emisso de radiao gama retardada [8, 27, 28].

    Com a contagem em anti-coincidncia, os raios gama no correlacionados s partculas

    beta so contados e a taxa de contagem no canal de coincidncia pode ento ser obtida pela

    subtrao entre a taxa de contagem gama total e a taxa de contagem no correlacionada.

    Com a introduo da tcnica de cronometragem em tempo vivo, este mtodo apresenta

    vantagens na eliminao de correes instrumentais tais como permitir trabalhar com o

    estado metaestvel que emite radiao gama retardada [8].

    Na aplicao do mtodo proposto por Bryant ao decaimento beta-gama pronto,

    somente os sinais provenientes de eventos gama que precedem ou sucedem sinais

    provenientes de eventos beta em um intervalo maior que 10-10

    s, so aceitos como eventos

    gama em anti-coincidncia. O intervalo menor que < 10-10

    s considerado para os

    radionucldeos que decaem prontamente, na contagem em coincidncia [8].

  • 21

    Com o mtodo de anti-coincidncia aplicado ao decaimento beta-gama, as taxas de

    contagem de cada detector sero N e N, respectivamente, contadas juntamente com os

    eventos gama no correlacionados aos eventos beta detectados. Ento, a contagem em anti-

    coincidncia complementar tcnica de coincidncia [8].

    O diagrama de blocos do mtodo de contagem em anti-coincidncia 4 - est

    ilustrado na figura 3.8 [8, 29].

    As taxas de contagem nos trs canais podem ser representadas pelas seguintes

    equaes:

    r r

    cerrraNN

    110 (2.22)

    r

    r

    rraNN

    10

    (2.23)

    r r

    r

    rranc aNN

    110 (2.24)

    A taxa de contagem em anti-coincidncia Nanc pode ser obtida diretamente da taxa de

    contagem gama total N e da taxa de contagem em coincidncia Nc, sendo representada pela

    equao (2.25):

    canc NNN (2.25)

    A atividade da amostra pode ento ser determinada usando as equaes abaixo:

    (2.26)

    cN

    NNA

    (2.27)

    ANc

  • 22

    No decaimento beta-gama pronto pode-se medir aceitando-se somente sinais gama

    que precedam ou sigam a deteco de partculas beta em um intervalo de tempo mnimo.

    Isto pode ser conseguido atrasando o sinal gama relativamente ao sinal beta de um valor e

    fechando a porta de entrada do canal gama por um intervalo de tempo 2 aps a

    deteco de cada partcula beta. Para a escolha de aplica-se o mesmo critrio usado para a

    escolha do tempo de resoluo do sistema de coincidncia levando em considerao o

    deslocamento em tempo e a flutuao do atraso beta-gama. Neste caso o registro de

    qualquer evento gama correlacionado evitado [8].

    2.1.2.1 Tempo morto no estendvel

    No caso da emisso de raio gama retardado, necessrio somente que o canal de

    contagem gama permanea fechado por um intervalo de tempo adicional aps a deteco

    da partcula beta do decaimento beta-gama pronto. Ento a probabilidade de se detectar

    algum evento coincidente reduzida a um valor to pequeno quanto possvel dentro das

    condies prticas de 2-m

    , considerando (2+) igual a m meias-vidas do estado

    intermedirio. O maior limite prtico para a meia-vida de um estado isomrico

    provavelmente de alguns milisegundos, determinado pela estatstica de contagem, porque

    uma longa meia-vida requer um grande perodo fechado para a porta do canal de anti-

    coincidncia e por conseguinte uma baixa taxa de contagem se as perdas devido a tempo

    morto permanecerem pequenas [8, 28, 31].

    As correes aplicadas s taxas de contagem nos canais beta e gama so as mesmas

    do mtodo de coincidncia, ou seja, correo de tempo morto e de radiao de fundo. Para

    o canal beta a taxa de contagem ser, considerando o tempo morto no estendvel, igual a:

  • 23

    b

    N1

    NN

    `

    '

    (2.28)

    E para o canal gama:

    b

    N1

    NN

    `

    '

    (2.29)

    No caso do mtodo de coincidncia, as correes aplicadas aos canais beta e de

    coincidncia constituem, por extenso, uma compensao. Isto no ocorre no caso da

    contagem em anti-coincidncia, onde a correo de tempo morto importante. Em seu

    primeiro trabalho tratando da aplicao do mtodo de anti-coincidncia ao decaimento

    beta-gama pronto, em 1962 Bryant props uma equao simplificada como aproximao

    para a taxa de anti-coincidncia [27].

    (2.30)

    Ele assume tempo morto no estendvel nos canais individuais e a entrada de contagem

    fechada por um intervalo de tempo igual a duas vezes o atraso na via gama aps a deteco

    de cada partcula beta.

    Em um trabalho posterior destinado a padronizao de radionucldeos que decaem pela

    emisso de raios gama retardados, em 1967 Bryant props uma equao mais sofisticada

    incluindo a correo de tempo morto para a contagem em anti-coincidncia. A correo de

    radiao de fundo uma simples subtrao e o tempo morto nos canais beta e gama

    novamente assumido ser no estendvel [28].

    (2.31) acac

    ac

    ac bNNN

    NNN

    1`2exp

    1`

    '

    acac

    ac bN

    NN

    21`

    '

  • 24

    2.1.2.2 Tempo morto estendvel

    Como a correo de tempo morto para o canal de anti-coincidncia bastante difcil

    de ser estabelecida de forma a garantir uma boa exatido dos resultados, a contagem em

    tempo vivo tem sido introduzida, utilizando na configurao do sistema, um circuito com

    tempo morto estendvel. Em princpio esperado que, com a contagem em tempo vivo,

    sejam eliminadas todas as correes instrumentais [8].

    Este mtodo consiste inicialmente em atrasar os sinais gama, relativamente aos

    sinais beta, de um valor maior do que qualquer flutuao em tempo dos sinais beta-gama.

    Ento, ambos os canais, sinais lgicos beta e gama dispararo um circuito gerador de tempo

    morto estendvel. Este tempo morto estendvel ajustado de forma a ter um valor maior

    que todo o atraso ou flutuao de tempo entre os sinais beta-gama. No geral, fixado

    entre 2 e 4 s. Deste modo, os pulsos de sada deste circuito so aplicados como sinal de

    chaveamento que bloqueia a cronometragem de tempo vivo bem como a entrada de sinais

    nos canais beta e gama [8].

    Um atraso de 5 ns entre o disparo e o acionamento das portas devido ao circuito

    acionador do tempo morto.

    No LNMRI, o sistema de anti-coincidncia usa, para gerao do tempo vivo, um

    oscilador a quartzo de 1 MHz como referncia de tempo. Quando o sistema est apto a

    contar um pulso na entrada do mdulo eletrnico, gera um tempo morto mnimo e

    simultaneamente envia um sinal ao contador para que a contagem C seja registrada. O

    tempo morto acionado a cada chegada de um novo pulso na entrada do mdulo eletrnico,

    MTR2. Deste modo o tempo Ta que o sistema est livre pode ser descrito pela equao

    (2.32) [30, 32, 33]:

  • 25

    d.Cf

    FTref

    a

    (2.32)

    fref a frequncia de referncia

    F a frequncia dos pulsos oriundos do oscilador no canal de contagem e representa o

    intervalo de tempo no qual o sistema no est paralisado pelo tempo morto

    C a contagem durante o perodo de amostragem

    d a largura do pulso.

    C.d a correo devido largura do pulso gerado pelo mdulo eletrnico, MTR2.

    Para reduzir tal correo, a largura do pulso gerado pelo mdulo eletrnico fixada

    em 5 ns. Por conseguinte a taxa de contagem real ser representada pela equao [30]:

    aT/CN (2.33)

    A atividade de um dado radionucldeo pode ser determinada pela equao clssica

    do mtodo de coincidncia, e que difere do mtodo de anti-coincidncia, apenas na taxa de

    contagem Nc, que neste caso passa a ser denominada taxa de contagem no canal comum.

    Ela determinada, para uma dada janela de contagem gama, como a diferena entre a

    taxa de contagem gama total e a taxa de contagem gama de eventos no correlacionados, ou

    que no estejam em coincidncia, que pode ser representada pela prxima equao [8, 30]:

    wncw

    w

    NN

    NNA

    (2.34)

    N a taxa de contagem no canal beta corrigida para radiao de fundo

    wN taxa de contagem gama na janela corrigida para radiao de fundo

    wncN a taxa de contagem gama de eventos no correlacionados corrigida para

    radiao de fundo.

  • 26

    Chamamos de janela, a faixa de energia que corresponde a um ou mais picos do

    radionucldeo medido. Ela pode ser estabelecida por meio de um discriminador, onde

    determinamos o incio e o fim do intervalo. Com isso, a eletrnica s vai identificar as

    energias que estiverem dentro dessa faixa pr-estabelecida.

    2.1.3. Mtodo do Pico-soma

    O mtodo do pico-soma aplicvel aos radionucldeos que emitem dois ou trs

    ftons em cascata, sem transio direta para o estado fundamental. As radiaes so

    detectadas no mesmo sistema de espectrometria observando um pico para cada valor de

    energia dos ftons (fotopico) e um pico espectral correspondente soma das energias

    desses ftons (pico-soma). Para se obter o pico espectral, a fonte em calibrao colocada

    junto ao detector para que as radiaes de energias diferentes cheguem juntas no detector e

    a eletrnica no seja capaz de diferenci-las [3].

    Foram usados dois sistemas para esse mtodo. O primeiro com um cristal detector

    cilndrico de NaI(Tl) tipo poo e o outro com um detector de germnio puro, tipo GMX.

    O primeiro, com o cristal detector cilndrico de NaI(Tl) tipo poo, com uma

    cavidade cilndrica coaxial, onde a fonte colocada para uma medio com geometria

    aproximada de 4e detecta radiaes com energia entre 50 keV a 3 MeVEst alocado

    dentro de uma blindagem de chumbo revestida internamente por cdmio e cobre.

    O segundo constitudo de um detector de germnio puro, tipo GMX, planar onde a

    fonte medida com geometria aproximada de 2Detecta radiaes com energia entre 3

    keV a 1,5 MeV com alta resoluo, refrigerado com nitrognio lquido, alocado dentro de

  • 27

    uma blindagem de chumbo revestida internamente por cdmio e cobre. O detector

    polarizado externamente por uma fonte de alta tenso de 0 keV a 3 keV.

    Ambos os sistemas possuem eletrnica associada para registrar o nmero total de

    ftons que interagem com o detector por unidade de tempo, a contagem de fotopico e a

    contagem do pico-soma, para ftons de energias diferentes [34].

    O sinal de sada processado por um pr-amplificador, junto ao cristal e enviado

    para um amplificador. No amplificador feito o ajuste do ganho da amplitude do pulso,

    conformao de seu tempo de subida e descida e polaridade para que o sinal seja analisado

    adequadamente pelo multicanal.

    O analisador multicanal faz a converso dos pulsos analgicos em pulsos digitais,

    de modo que as suas amplitudes sejam convertidas e armazenadas em posies de memria,

    chamadas canais. A sada das informaes pode ser em forma grfica, atravs de

    espectros ou de forma numrica em contagens por canal. acoplada ao analisador

    multicanal uma interface que compatibilize os seus sinais de sada com o modo de operao

    do microprocessador, denominado conversor analgico digital (ADC), que tambm

    colocado no arranjo para realizar as anlises de espectros com o uso de softwares para

    anlise de espectros. O arranjo experimental dos sistemas est ilustrado na figura 2.2.

    Figura 2.2 - Arranjo experimental do mtodo pico-soma [35].

    Fonteradioativa

    Detector

  • 28

    As reas dos fotopicos e do pico-soma so utilizadas para deduzir diretamente a

    atividade. A atividade de uma fonte tambm pode ser obtida por uma curva de eficincia,

    porm o mtodo passa a ser relativo. Essa curva usada para relacionar o nmero de

    contagens registradas a uma determinada energia e o nmero de radiaes emitidas pela

    fonte com a mesma energia, por unidade de tempo. Se a fonte em calibrao s possuir um

    tipo de radionucldeo, possvel usar um padro certificado na comparao e a eficincia

    para obter a atividade da amostra [35].

    Para obter a curva de eficincia podem ser usados dois procedimentos. No primeiro

    so usadas vrias fontes radioativas padres emissoras gama com energias e atividades

    conhecidas e determinadas com exatido e preciso e os fotopicos se distribuem ao longo

    de uma regio de energia em que se vai operar. O outro utilizar apenas um radionucldeo

    com radiaes gama de diferentes energias e que se distribuem ao longo do espectro como

    o 152

    Eu (Eurpio-152) e o 166

    Hom

    (Hlmio-166m) [36].

    A eficincia de um detector definida como a relao entre as taxas de radiao

    detectadas e as emitidas pela fonte, utilizando fontes padres de energia e intensidade

    relativa bem definida e a mesma geometria. O conjunto de pontos obtido ajustado pelo

    mtodo dos mnimos quadrados, formando a curva de eficincia do detector. No entanto,

    esta curva s vale para as mesmas condies de operao e de geometria da fonte [35].

    2.2. Medicina Nuclear

    A medicina nuclear uma especialidade mdica que faz uso da radioatividade para

    diagnstico e terapia de doenas. Ela aproveita as propriedades nucleares de compostos

    radioativos para realizar avaliaes diagnsticas das condies fisiolgicas de determinado

    rgo ou tecido, tratamentos teraputicos e pesquisas mdicas [37, 38].

  • 29

    Atualmente, a Medicina Nuclear uma especialidade bastante requerida. Estima-se

    que mais de 10 milhes de pessoas so submetidas a tratamento ou diagnstico por

    procedimentos de Medicina Nuclear, por ano, nos Estados Unidos [37].

    A grande maioria dos radiofrmacos utilizada com o propsito de diagnstico.

    Nos ltimos anos houve um aumento no interesse pela terapia radionucldica, com a

    introduo de novos radiofrmacos atuantes especificamente em determinada clula ou

    impedindo sua proliferao indesejvel.

    2.2.1. Radiofrmacos

    Radiofrmacos podem ser definidos como substncias que contm tomos

    radioativos na sua estrutura e so utilizados na medicina nuclear para fins de diagnstico e

    terapia de acordo com a quantidade e qualidade da radiao [39].

    Os radiofrmacos possuem caractersticas fsico-qumicas que determinam sua

    fixao no rgo alvo, metabolizao e eliminao do organismo. Podem ser considerados

    como vetores que apresentam certa especificidade por algum rgo, tecido, ou determinada

    funo fisiolgica e/ou fisiopatolgica [39].

    A quantidade e a qualidade da radiao emitida determinam sua finalidade

    diagnstica ou teraputica. Os radionucldeos so empregados em tcnicas de medicina

    nuclear por emitirem radiao gama ou beta. Para uso em diagnstico, apropriado o uso

    de radioistopos emissores gama, pois so mais penetrantes e podem ser detectados

    externamente ao corpo do paciente. J para terapia, emissores beta so mais apropriados

    porque so capazes de causar destruio localizada de tecidos [37,38].

    necessrio atender a alguns requisitos para que um radionucldeo seja usado na

    medicina nuclear, tais como [38]:

  • 30

    Meia-vida fsica compatvel com os estudos a serem realizados;

    Baixa toxicidade;

    Pureza radionucldica, radioqumica e qumica adequada;

    Alta atividade especfica;

    Disponibilidade rpida;

    Preo baixo;

    Possibilidade de marcao para preparao de radiofrmacos

    2.2.2 Diagnstico

    Na medicina nuclear os diagnsticos podem ser realizados por meio de ensaios in

    vivo ou in vitro. Os ensaios in vitro so feitos em laboratrios com auxlio de um

    radionucldeo e so conhecidos como radioimunoensaio. A quantidade de uma

    substncia medida, por competitividade das ligaes, em uma amostra biolgica, como o

    sangue e a urina. Os ensaios podem ser utilizados para medio de protenas, drogas,

    hormnios da tireide, entre outros [37, 38].

    Nos testes in vivo o radiofrmaco injetado no paciente. O procedimento pode

    ser administrado oral ou parenteralmente, com uma boa localizao na regio ou no tecido

    de interesse [38].

    O diagnstico in vivo pode ser dividido em duas categorias [37]:

    Deteco externa de raios gama emitidos de dentro do corpo do paciente, aps a

    administrao do radiofrmaco, por ingesto ou injeo, com objetivo de construir

    uma imagem com base na distribuio da radioatividade;

  • 31

    O estudo compartimental no corpo humano aps a injeo ou a ingesto de um

    radiofrmaco, com intuito de determinar o tamanho de determinadas regies do

    corpo ou, ainda, a taxa de circulao de uma certa substncia dentro do organismo.

    Os testes in vivo requerem o uso de um radioistopo que emitir ftons ou

    psitrons, para serem detectados externamente por instrumentos adequados. Atualmente, as

    tcnicas de maior interesse para diagnstico em medicina nuclear so a Tomografia por

    Emisso de Psitrons (PET) e a Tomografia Computadorizada por Emisso de Fton nico

    (conhecida pela sigla inglesa SPECT) [37,38].

    Essas duas tcnicas empregam radioistopos que so comumente usados na

    Medicina Nuclear, por fornecer imagens tridimensionais para o estudo das regies de

    processos fisiolgicos e de alta atividade bioqumica no corpo humano [38].

    Os radionucldeos utilizados para obteno de imagens devem atender as seguintes

    caractersticas [37]:

    No emitir partculas alfa ou beta, pois causam maior dano ao tecido, so facilmente

    barradas e no sero detectadas para a construo da imagem;

    Decair por Emisso de Psitrons (PET) e Captura eletrnica ou Transio Isomrica

    (SPECT);

    A energia dos ftons emitidos deve estar entre 30 e 300 keV, para uma tima

    eficincia de deteco;

    Deve ter uma meia-vida fsica de poucas horas e compatvel com o tempo

    necessrio para o exame, evitando assim que o paciente receba uma dose alta de

    radiao;

    Deve ter alto valor de atividade por unidade de massa (Bq/g);

  • 32

    Deve ser facilmente produzido, com preos acessveis e prontamente disponveis

    para uso em medicina nuclear.

    2.2.3. Terapia

    O tratamento de tumores pode ser feito de trs maneiras: cirurgia, radioterapia ou

    quimioterapia. Essas tcnicas podem ser aplicadas juntas ou separadas [37, 38]. A terapia

    com radionucldeos, ou radioterapia, utiliza a propriedade de entrega de grandes doses de

    radiao aos tecidos alvos doentes, poupando os tecidos normais. Alm da localizao

    seletiva da radiao, a terapia tem a vantagem de poder determinar a dose de radiao no

    tecido alvo. Outra vantagem a de que existe um grande nmero de radionucldeos, com

    uma ampla variedade de tipos de emisso e energias, disponvel, viabilizando aplicaes

    especficas e diversificando as possibilidades para produo.

    A efetividade da terapia pode ser aumentada pelo local de introduo do

    radiofrmaco. Radiofrmacos emissores de radiao alfa ou beta so administrados

    diretamente dentro da cavidade tumoral, como na terapia de tumores slidos, ou

    introduzidos por meio de uma via arterial preferencial. Ainda como exemplo de

    administrao localizada de radiofrmacos para terapia importante citar a aplicao em

    radiosinovectomia, na qual o radiofrmaco administrado na cavidade articular para efeito

    de tratamento de patologias tais como a artrite reumatide. A administrao local do

    radiofrmaco pretende confinar o efeito da radiao no local da aplicao, para poupar os

    tecidos normais da exposio desnecessria radiao.

    Os radioistopos empregados no desenvolvimento de radiofrmacos teraputicos

    devem apresentar decaimento por emisso particulada (partculas beta, alfa ou eltrons

    Auger). A partcula pode apresentar alcance mdio (partculas beta) ou curto (partculas

  • 33

    alfa ou eltrons Auger), diminuindo assim os danos aos tecidos normais circunvizinhos ao

    tecido alvo. O tipo especfico de decaimento vai depender da natureza e do estgio da

    doena. Desta forma, a toxicidade da radioterapia (interna) muito menor do que a

    radioterapia (externa). A emisso de raios gama, que pode ou no acompanhar o processo

    de emisso de partculas carregadas, apresenta uma pequena contribuio efetiva no

    tratamento teraputico, porm, tambm contribui para um aumento na irradiao dos

    tecidos adjacentes. A emisso gama, entretanto, facilita a localizao e acompanhamento da

    regio de interesse, atravs de imagens cintilogrficas [40, 41].

    A radioterapia pode ser dividida em trs tcnicas [37, 38]:

    terapia com feixe externo (Teleterapia)

    terapia com fontes radioativas seladas (Braquiterapia)

    terapia com fontes no-seladas (Injetveis)

    2.3. Lutcio-177

    O Lutcio-177 ou apenas 177

    Lu um radionucldeo de enorme potencial na rea

    mdica. Este istopo decai atravs da emisso de partculas beta para trs nveis excitados,

    e atinge a estabilidade atravs de seis transies gama diferentes, com energias de 71 a

    312 keV, tornando-se Hfnio-177 ou 177

    Hf. A transio beta para o estado fundamental do

    tomo ocorre com 79,3 % de probabilidade e com a emisso de uma partcula beta com

    energia mxima de 498 keV. As partculas beta com 177 keV de energia mxima (11,64%

    de probabilidade de transio) e 385 keV de energia mxima (9,1% de probabilidade de

    transio) esto ambas em coincidncia com a transio gama de 113 keV. Sua meia-vida

    de 6,647 dias [38, 42]. A Figura 2.3 ilustra o esquema de decaimento para o 177

    Lu.

  • 34

    O radionucldeo 177

    Lu pode ser produzido diretamente, irradiando-se alvos naturais

    de xido de lutcio (176

    Lu2O3) ou em alvos de Lu2O3 enriquecidos em 176

    Lu com nutrons

    em reatores nucleares, utilizando a reao nuclear 176

    Lu(n,) 177Lu. E indiretamente,

    irradiando-se os alvos de xido de Itrbio (176

    Yb2O3) com nutrons, originando 177

    Yb, que

    por sua vez decai em 177

    Lu atravs de emisso beta [38, 42].

    Figura 2.3 - Esquema de decaimento radioativo do 177

    Lu [8, 42].

    2.3.1. Aplicabilidade do 177

    Lu na Medicina Nuclear

    Devido ao fato dele ser emissor beta com energia de at 498 keV e de radiaes

    gama com energias de 71 a 312 keV, ele tem sido estudado como agente de terapia para

    diferentes formas de cncer [46, 47].

  • 35

    Com a propriedade de entregar uma alta taxa de dose local, este radionucldeo tem

    sua aplicabilidade semelhante a do 90

    Y. Por ser tambm um componente do grupo das

    terras raras, suas propriedades qumicas so similares, cujas tcnicas de marcao j

    desenvolvidas podem ser as mesmas para serem utilizadas com o 177

    Lu. Devido ao fato da

    energia da radiao beta de 498 keV ser menor que a do 90

    Y de 2280,1 keV, observado um

    maior poder de destruio do tumor com menor dose de radiao no paciente. Alm disso,

    as radiaes gama emitidas produzem imagens cintilogrficas, permitindo um melhor

    acompanhamento do local de tratamento [46, 47].

    Pesquisas revelam a aplicabilidade do 177

    Lu em uma grande variedade de patologias

    como: cncer de clon, sseo, pulmo, ovrio e prstata, e tumores neuroendcrinos, entre

    outras [44].

    2.4. Indio-111

    O ndio-111 ou 111

    In tem meia-vida de 2,8049 dias e decai em 99,99% por captura

    eletrnica, para estados excitados do 111

    Cd (Cdmio-111) , o qual retorna ao seu estado

    estvel emitindo dois ftons, 171,28 keV e 245,35 keV, com intensidades de 90,61% e

    94,12%, respectivamente [45]. O esquema decaimento est representado na figura 2.4.

    O 111

    In produzido pelas reaes nucleares diretas 112

    Cd(p,2n)111

    In e 111

    Cd(p,n)

    111In, a partir do bombardeamento de cdmio com prtons em ciclotron [45].

    2.4.1. Aplicabilidade do 111

    In na Medicina Nuclear

    Os primeiros testes com o 111

    In foram feitos na forma de 111

    InCl3 para estudos de

    visualizao de tumores em animais. Praticamente toda a quantidade aplicada estava

    acumulada nos tumores no perodo de 48 h depois da aplicao. Outros testes clnicos

  • 36

    comprovaram que a atividade do 111

    In administrada na forma de cloreto se concentrava em

    tecidos moles com tumor, assim como nos ossos [37].

    Foram ento realizadas pesquisas para explorar o uso do 111

    In como um agente de

    localizao de tumores para obteno de diagnstico em medicina nuclear. Foram testados

    outros compostos marcados com 111

    In que tambm tiveram bons resultados.

    Os principais usos do 111

    In so a marcao de linfcitos, neutrfilos, plaquetas,

    fibrinognio humano modificado, anticorpos monoclonais e fragmentos F(ab')2, peptdios e

    glbulos vermelhos. Alm da localizao de tumores, marcao de antimiosina para

    avaliao do miocrdio, visualizao da medula ssea e cisternografia.

    Uma nova tcnica com o uso do 111

    In foi desenvolvida para marcao de vitamina

    B12 para visualizao de tumores, sendo eficaz em vrios rgos como mama, pulmo,

    tireide, ossos, prstata e crebro [37].

    Figura 2.4 Esquema de decaimento do 111In [45].

  • 37

    CAPTULO III

    MATERIAIS E MTODOS

    3.1. Mtodos Utilizados para a Calibrao

    Para a calibrao do 177

    Lu e do 111

    In foram usados trs mtodos: coincidncia,

    anticoincidncia e pico-soma.

    O mtodo de contagem em coincidncia 4usa o arranjo convencional com um

    contador proporcional (PC) gs para contagem beta e um iodeto de sdio NaI(Tl) para

    contagem gama [21]. O gs do detector uma mistura de 90% de argnio mais 10% de

    metano e conhecido comercialmente como P10, operando presso normal.

    A instrumentao para o uso do mtodo de anti-coincidncia foi composta por um

    detector proporcional com geometria 4 de fluxo gasoso e um detector com cintilador

    lquido [8].

    O mtodo pico-soma utilizou dois sistemas, um com cristal detector cilndrico de

    NaI(Tl) tipo poo e o outro com um detector de germnio puro, tipo GMX, refrigerado com

    nitrognio lquido [35].

    Todos esses mtodos compem os diversos sistemas de calibrao dos laboratrios do

    LNMRI/SEMRA.

    3.2. Radionucldeos Padronizados

    Os radionucldeos padronizados pelos mtodos absolutos de calibrao foram: o

    177Lu e o

    111In.

  • 38

    A padronizao do 177

    Lu foi feita simultaneamente com a participao do LNMRI

    na Comparao-chave promovida pelo BIPM para o 177

    Lu no ano de 2009. Os resultados

    estaro disponveis no relatrio final, no site do BIPM. [5]

    Para garantir um bom desempenho, o laboratrio utilizou uma soluo de 177

    Lu na

    forma do peptdeo dotatate com 0,03 mL, fornecida pelo Instituto de Pesquisas Energticas

    e Nucleares, IPEN, para realizar testes preliminares.

    O objetivo da realizao dos testes preliminares foi estudar o melhor ajuste da

    eletrnica e do arranjo experimental para medio, uma vez que para cada esquema de

    decaimento o sistema precisa ser ajustado de acordo com suas caractersticas e seria a

    primeira vez que o LNMRI estava calibrando o 177

    Lu.

    Aps os testes, uma soluo com 20 g/g de Lu+3 como LuCl3 em 1N HCl foi

    enviada pelo BIPM para a calibrao. O 177

    Lu, devido ao seu esquema de decaimento, no

    foi padronizado pelo mtodo pico-soma.

    Para a padronizao do 111

    In foi usada uma soluo com 0,75 mL de DTPA-OCT-In

    fornecida pelo IPEN.

    3.3. Preparao das Fontes

    As fontes utilizadas nas medies do 177

    Lu e 111

    In foram preparadas com o mesmo

    procedimento tcnico.

    As fontes, contendo o radionucldeo de interesse, foram obtidas mediante a diluio

    da soluo original com gua destilada at atingir a atividade por unidade de volume,

    apropriada para a realizao das medies. A seguir, usando o mtodo de pesagem

    diferencial em uma balana METTLER TOLEDO modelo AX205 no laboratrio de

  • 39

    preparao de fontes com as condies ambientais entre 19,0 C e 21,0 C para temperatura

    e entre 49% e 51% para umidade relativa do ar, as fontes foram preparadas nas seguintes

    geometrias:

    Fontes finas

    Figura 3.1 - Fonte fina.

    Frasco de vidro 10R

    Figura 3.2 - Frasco de vidro 10R

    Frasco de vidro P6

    Figura 3.3 - Frasco de vidro P6.

  • 40

    Ampola 2 cm

    Figura 3.4 - Ampola 2 cm.

    Frascos de cintilao

    Figura 3.5 - Frasco de cintilao.

    Fontes slidas em acrlico

    Figura 3.6 - Fonte slida em acrlico.

  • 41

    As fontes finas foram usadas no mtodo de coincidncia. Os frascos de cintilao

    no de anticoincidncia e as fontes slidas no mtodo de pico-soma. Os frascos 10R e P6

    foram medidos no ativmetro Capintec CRC-15R. O frasco 10R foi tambm usado para

    determinao da meia-vida.

    A ampola com 2 cm de altura de soluo foi medida no detector de Germnio,

    tipo GMX para avaliao de impurezas.

    3.3.1. Fontes Finas

    So constitudas de gotas da soluo do radionucldeo, depositadas sobre um filme

    fino de VYNS (copolmero de cloreto de polivinila) com cerca de 15 g.cm-2 de densidade

    superficial. Este filme fixado sobre uma arandela de ao inoxidvel com 30 mm e 16 mm

    de dimetros externo e interno, respectivamente e 0,2 mm de espessura. Para permitir a

    condutividade eltrica da fonte dentro do detector proporcional, o filme recoberto com

    uma fina camada de ouro.

    Aps esse processo as fontes so colocadas em um dessecador, por um dia, para a

    secagem. Outra camada de VYNS colocada para evitar contaminao. Para isso outra

    arandela com o filme posta em cima com soluo e, com um pincel fino, pingam-se gotas

    de lcool at que o filme cole no outro. Para cortar o excedente de filme sem soluo,

    utiliza-se a ponta de uma caneta de pena com acetona. Assim, a fonte fica sanduichada

    pelo filme.

  • 42

    3.3.2. Frascos de Vidro P6 e 10R

    Em cada frasco foi colocada uma quantidade de soluo radioativa necessria para

    realizar as medies. Depois completado com gua destilada at o volume de 4 mL.

    3.3.3. Ampola de 2 cm

    Um volume apropriado da soluo radioativa colocado na ampola o suficiente

    para realizar as medies. Depois completada com gua destilada at a altura de 2 cm.

    Existe um suporte feito para a ampola que torna possvel a marcao nessa altura. A massa

    de soluo da ampola fica em mdia em 2,6 g.

    Para fechar a ampola necessrio o uso de um maarico e, com o auxlio de uma

    pina, se puxa a extremidade superior at que ela solte e a parte aquecida forme uma nova

    extremidade.

    3.3.4. Fonte para Cintilao Lquida

    Foram usados frascos, de baixo teor de 40

    K, prprios para uso em cintiladores

    lquido, contendo cerca de 15 mL de soluo cintiladora. As solues cintiladoras usadas

    foram Ultima Gold e HiSafe. Nesses frascos foram colocadas algumas gotas da soluo,

    tambm o suficiente para obter a atividade desejada.

    3.3.5. Fontes Slidas em Acrlico

    Foram depositadas algumas gotas da soluo radioativa em suportes cilndricos de

    acrlico com uma pequena cavidade no centro. Uma rodela de acrlico encaixada no

    suporte para selar a fonte.

  • 43

    3.4.Caractersticas das Solues

    3.4.1. Soluo do 177

    Lu

    A composio qumica da soluo fornecida pelo IPEN foi de 0,03 mL, na forma de

    Dotatate, com atividade aproximada de 185 MBq.g-1

    (5 mCi.g-1

    ) em 29/09/2008 s 9h, hora

    local.

    A partir dessa soluo-me foram preparadas 10 fontes slidas, 6 fontes em

    coquetis de cintilao (3 em coquetis de cintilao Hisafe e 3 em Ultima Gold), 5 fontes

    em acrlico e 3 ampolas.

    A composio qumica da soluo fornecida pelo BIPM foi de 20 g.g-1 de Lu+3

    como LuCl3 em 1N HCl com concentrao de atividade aproximada: de 888 kBq.g-1

    em

    14/05/2009 s 9h, hora local.

    A partir dessa soluo-me foram preparadas 26 fontes slidas, 6 fontes em

    coquetis de cintilao (3 em coquetis de cintilao Hisafe e 3 em Ultima Gold), 5 fontes

    em acrlico e 1 ampola.

    3.4.2. Soluo de 111In

    A composio qumica da soluo fornecida pelo IPEN foi 0,75 mL na forma de

    OCT-DTPA-In com atividade por unidade de massa aproximada de 148 MBq.g-1

    em

    23/06/2010 s 9h00 hora local.

    A partir dessa soluo-me foram preparadas 15 fontes slidas, 6 fontes em

    coquetis de cintilao (3 em coquetis de cintilao Hisafe e 3 em Ultima Gold), 6 fontes

    em acrlico, 1 frasco P6, 1 frasco 10R, e 2 ampolas.

  • 44

    3.5. Procedimento Experimental

    3.5.1. Medio pelo Mtodo de Contagem em Coincidncia 4-

    No contador proporcional so detectadas as partculas betas e os eltrons de converso

    e, mediante eletrnica associada, so contados no canal beta.

    As radiaes gama, aps seleo de sua energia por meio de um discriminador

    monocanal, foram processadas eletronicamente e contadas no canal gama.

    Ao se colocar a fonte fina no suporte posicionado dentro do detector proporcional e

    fechar a blindagem, esperou-se cerca de trinta minutos para estabilizar a presso do gs no

    circuito do sistema e dentro do detector. Esse processo demorado e prejudica as medies,

    principalmente, para os radionucldeos de meia-vida muito curta. Para cada energia

    selecionada na janela do discriminador, o procedimento de medio foi repetido.

    O software utilizado foi o CNEN/IRD Sistema de Medida de Coincidncia 4-

    [46], que foi desenvolvido para uso nesse mtodo. Os dados de entrada so: meia-vida do

    radionucldeo, radiao de fundo (BG), nmero de ciclos de contagem e sua durao. A

    medio do BG foi feita sem fonte e para cada janela selecionada.

    Com os dados obtidos nas medies, com as correes de BG, tempo morto e

    decaimento j realizadas pelo software, obteve-se uma curva de extrapolao, relacionando

    a atividade da fonte N0, as taxas de contagem beta, gama e coincidncia N, N e Nc e a

    eficincia de deteco beta Nc/N, representada pela expresso (3.1).

    1

    c

    c

    c

    0N/N

    N/N1C1*

    N

    NNN

    (3.1)

    Para variao de eficincia em intervalos pequenos na regio de altos valores de Nc/N

    a equao (3.1) aproximadamente linear onde C a inclinao da reta de extrapolao e

  • 45

    expressa uma constante de correo para esquemas de decaimento de cada radionucldeo

    em questo. O valor extrapolado de (NN)/Nc, quando N/Nc1, fornece a atividade N0 da

    fonte. Nas contagens de coincidncia, a variao da eficincia de contagem beta Nc/N para

    se obter a reta de extrapolao, foi realizada colando-se absorvedores de VYNS metalizados

    e Mylar aluminizados de diferentes espessuras em ambos os lados das fontes.

    3.5.1.1 Componentes para Medio pelo Mtodo de Coincidncia 4-

    Os principais componentes utilizados no sistema de coincidncia foram os mdulos

    eletrnicos comerciais listados a seguir:

    Canal beta

    Pr-amplificadores Camberra 2006

    Amplificadores Camberra 241

    Somador Ortec 533

    Analisador monocanal Ortec 551

    Fonte de alta tenso Ortec 556

    Retardo Ortec 416 A

    Fixador de tempo morto Tennelec TC 410 A

    Canal gama

    Detector NaI(Tl) Harshaw 3x3

    Amplificadores Ortec 460

    Analisador monocanal Ortec 551

    Fonte de alta tenso Camberra 81020

    Retardo Ortec 416 A

  • 46

    Fixador de tempo morto Tennelec TC 410 A

    Unidade de coincidncia Ortec

    Canal de coincidncia

    Unidade de coincidncia universal Ortec 418 A

    A figura 3.7 ilustra, usando um diagrama de blocos, o mtodo de contagem em

    coincidncia 4

    Figura 3.7 Diagrama de blocos do mtodo de contagem em coincidncia 4 [3].

    3.5.2 Medio pelo Mtodo de Contagem em Anti-coincidncia 4-

    Anteriormente ao incio das medies foram feitos ajustes na eletrnica para

    determinar alguns parmetros como: freqncia de referncia, atraso no canal gama, tempo

    morto, fixao da janela de contagem no canal gama, que depende do esquema de

    desintegrao de cada radionucldeo e a tenso de operao do detector NaI(Tl) e do

    detector com cintilador lquido.

    fonte

    fonte dealta tenso

    fonte dealta tenso

    proporcional

    pr-amplificador

    pr-amplificador

    pr-amplificador

    amplificador

    amplificador

    somador

    iodeto de sdio

    fotomulti-plicadora

    analisadormonocanal

    analisadormonocanal

    gerador de atraso e gatilho

    gerador de atraso e gatilho

    unidade decoincidncia

    contador beta

    contadorcoincidncia

    contador gama

    temporizador

  • 47

    Neste mtodo a variao da eficincia beta foi feita por discriminao eletrnica.

    O software utilizado foi desenvolvido em Labview. Ele faz a aquisio das

    contagens de forma semi-automtica, onde s necessrio determinar o tempo de medio

    e o nmero de medidas. Os dados so arquivados com a identificao da fonte no prprio

    programa ao fim do tempo de contagem.

    Os dados extrados pelo programa so trabalhados em uma planilha de clculo em

    Excel para a determinao da atividade aparente e do parmetro de eficincia. Esses

    parmetros so ajustados por mnimos quadrados em programas como Excel, Origin e

    SigmaPlot para a determinao da atividade por unidade de massa.

    3.5.2.1 Componentes para Medio pelo Mtodo de Anti-coincidncia 4-

    Os principais componentes utilizados no sistema de anti-coincidncia foram os

    mdulos eletrnicos listados a seguir:

    Canal beta

    Gerador de tempo morto LNHB MTR2

    Amplificador Ortec 572

    Somador Ortec 433 A

    Fonte de alta tenso Ortec 556

    Fotomultiplicadoras Amperex 1000 (acopladas ao detector com cintilador lquido)

    Canal gama

    Detector NaI(Ti) Harshaw 3x3

    Gerador de tempo morto LNHB MTR2

    Amplificador Ortec 572

    Fonte de alta tenso Ortec 478

  • 48

    Atraso Ortec 427 A

    MI-1 LNHB Unidade lgica que permite selecionar a contagem da janela gama a

    contagem gama no coincidentes

    MI-2 LNHB Atua como gerador de tempo vivo (para todo o sistema)

    MI-3 LNHB Atua como discriminador no canal gama

    Oscilador 1 Mhz IRD/LNMRI (para todo o sistema)

    A figura 3.8 ilustra, usando um diagrama de blocos, o mtodo de contagem em anti-

    coincidncia 4 .

    Figura 3.8 Diagrama de blocos do mtodo de contagem em anti-coincidncia 4 [8].

    3.5.3 Medio pelo Mtodo Pico-soma

    Para a calibrao do 111

    In pelo mtodo pico-soma, foram utilizados dois sistemas:

    um com detector cilndrico de NaI(Tl) tipo poo e outro com detector de germnio puro,

    tipo GMX, refrigerado com nitrognio lquido. Para ambos os sistemas de calibrao o

    procedimento de medio o mesmo.

  • 49

    Os detectores ficam localizados dentro de uma blindagem de chumbo, revestida

    internamente com cobre para atenuar os raios X caractersticos produzidos por cada

    material. Antes de se iniciar as medies das fontes, fez-se a medio do BG sem nenhuma

    fonte. Depois se colocou cada fonte slida em acrlico na posio P=0, conforme a figura

    2.2.

    O LNMRI possui uma nomenclatura para fixar posies de distncia entre a fonte e o

    detector, conforme a tabela 3.1. Cada posio tem um suporte fixo, feito em PVC, sendo a

    posio P=0 a nica a no ter a necessidade de um suporte.