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jornal que traz no nome a identidade de sua terra guarda em suas páginas momentos de todo um povo. A trajetória do O Mossoroense se confunde com essa história. Idealizado por Jeremias da Rocha há 140 anos, o outrora se- manário de apenas quatro páginas estampou notícias que marcaram Mossoró e o Rio Grande do Norte, reunindo - em todas as épocas - grandes nomes da intelectualidade e do jornalismo do Estado. Compositor de destinos, o tempo fez ver que ideais se renovam e mostrou como O Mossoroense se reinventou para vencer os desafios impostos pelas dificuldades econômicas e políticas. Sempre pioneiro, o jornal traz como marca o jornalismo sério, feito de forma ética, consciente de sua função social e comprometido com o leitor. Venha conosco e embarque nessa epopeia: a história de um jornal e seu povo. Seja bem-vindo! issera Deus ao sol: surge, alu- mia! E iluminou-se o val, o monte o albergue,o fruto, a flor, as palmas Mas do espírito a luz chegara o dia, O seu fiat, em fim, diz Gutemberg, E fez-se o sol das almas". Os versos do poeta T. Ri- beiro anunciam a chegada do mais novo fruto da invenção de Gutemberg. Era 17 de outu- bro de 1972 e nascia o jornal O Mossoroense, o 1º jornal de Mossoró, a principal fonte histórica da região e motivo de orgulho de nosso povo. A fundação do O Mossoroen- se veio apenas 64 anos depois da criação da Imprensa Régia e quase dois meses após a che- gada do telégrafo à cidade. Estamos falando do Segundo Im- pério, um tempo relativamen- te calmo na política nacio- nal - e acirrado em Mossoró - , uma economia fragilizada pós-Guerra do Paraguai, ideias abolicionistas no ar e muito romantismo na lite- ratura. Localizada entre Natal e Fortaleza, Mossoró era um jo- vem município de apenas 20 anos de idade e cerca de 3 mil moradores. A estratégica po- sição geográfica entre Natal e Fortaleza já a colocava co- mo umas das principais cida- des do interior nordestino. Em Mossoró, o acirramento entre liberais e conservado- res destoava da "relativa cal- ma" na política nacional. A eleição de 7 de setembro de 1872 foi o estopim da guerra que fez surgir, em 17 de ou- tubro seguinte, o jornal O Mossoroense. O pleito era pa- ra escolha de vereadores e juízes de paz. Após a vota- ção, o padre Antonio Joaquim Rodrigues, líder dos conser- vadores, levou as urnas para serem apuradas no interior da igreja. Capangas armados de porrete e punhal posicio- nados nas portas do templo impediram a entrada de ad- versários. O Mossoroense trazia todas as características da impren- sa da época: era político, panfletário, polêmico, desa- fiador e inquietante. A ban- deira defendida - o ideário liberal - sobrepunha em im- portância a tiragem e a qua- lidade gráfica. A linha adotada pelo jornal, que tinha também como redato- res José Damião de Souza Mel- lo, um dos chefes liberais, e Ricardo Vieira do Couto, re- fletia não apenas o pensamen- to liberal ou as caracterís- ticas da época, era a marca do espírito combativo de Je- remias da Rocha Nogueira. Boa parte dos editoriais pu- blicados na primeira fase do O Mossoroense, que se esten- deu até 1876, tinha como al- vo os conservadores. Um des- ses textos, assinado por Jo- sé Damião, com o pseudônimo de "Velho da Montanha", ata- cava o bispo da região chaman- do-o de celerado e o vigário mossoroense de fingido e sub- serviente. O primeiro número do jor- nal, que tinha em seu fron- tispício a marca de "Semaná- rio, político, comercial, no- ticioso e litterario", trazia um manifesto em que destaca- va as bases do seu programa social e se colocava como "o novo Atila (que) entra no mun- do jornalístico cheio de te- mor e com a fraca luz de seu espírito a tomar parte na questão magna que deve deci- dir os futuros destinos da humanidade". 140 anos 140 anos de História O “D Semanário, político, comercial, noticioso e litterario O Mossoroense O Mossoroense QUARTA-FEIRA, 17 DE OUTUBRO DE 2012 Especial

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jornal que traz no nome aidentidade de sua terraguarda em suas páginasmomentos de todo um povo.

A trajetória do O Mossoroensese confunde com essa história.Idealizado por Jeremias daRocha há 140 anos, o outrora se-manário de apenas quatropáginas estampou notícias quemarcaram Mossoró e o Rio Grandedo Norte, reunindo - em todas asépocas - grandes nomes daintelectualidade e dojornalismo do Estado.Compositor de destinos, o tempofez ver que ideais se renovam emostrou como O Mossoroense sereinventou para vencer osdesafios impostos pelasdificuldades econômicas epolíticas. Sempre pioneiro, o jornal trazcomo marca o jornalismo sério,feito de forma ética,consciente de sua função sociale comprometido com o leitor. Venha conosco e embarque nessaepopeia: a história de umjornal e seu povo.Seja bem-vindo!

issera Deus aosol: surge, alu-mia! E iluminou-se

o val, o monte oalbergue,o fruto, a flor, aspalmas Mas do espírito a luzchegara o dia, O seu fiat, emfim, diz Gutemberg,E fez-se o sol das almas".Os versos do poeta T. Ri-

beiro anunciam a chegada domais novo fruto da invençãode Gutemberg. Era 17 de outu-bro de 1972 e nascia o jornalO Mossoroense, o 1º jornal deMossoró, a principal fontehistórica da região e motivode orgulho de nosso povo.A fundação do O Mossoroen-

se veio apenas 64 anos depoisda criação da Imprensa Régiae quase dois meses após a che-gada do telégrafo à cidade.Estamos falando do Segundo Im-pério, um tempo relativamen-te calmo na política nacio-

nal - e acirrado em Mossoró -, uma economia fragilizadapós-Guerra do Paraguai,ideias abolicionistas no are muito romantismo na lite-ratura. Localizada entre Natal e

Fortaleza, Mossoró era um jo-vem município de apenas 20anos de idade e cerca de 3 milmoradores. A estratégica po-sição geográfica entre Natale Fortaleza já a colocava co-mo umas das principais cida-des do interior nordestino.Em Mossoró, o acirramento

entre liberais e conservado-res destoava da "relativa cal-ma" na política nacional. Aeleição de 7 de setembro de1872 foi o estopim da guerraque fez surgir, em 17 de ou-tubro seguinte, o jornal OMossoroense. O pleito era pa-ra escolha de vereadores ejuízes de paz. Após a vota-ção, o padre Antonio Joaquim

Rodrigues, líder dos conser-vadores, levou as urnas paraserem apuradas no interiorda igreja. Capangas armadosde porrete e punhal posicio-nados nas portas do temploimpediram a entrada de ad-versários.

O Mossoroense trazia todasas características da impren-sa da época: era político,panfletário, polêmico, desa-fiador e inquietante. A ban-deira defendida - o ideárioliberal - sobrepunha em im-portância a tiragem e a qua-lidade gráfica.

A linha adotada pelo jornal,que tinha também como redato-res José Damião de Souza Mel-lo, um dos chefes liberais, eRicardo Vieira do Couto, re-fletia não apenas o pensamen-to liberal ou as caracterís-ticas da época, era a marcado espírito combativo de Je-remias da Rocha Nogueira.

Boa parte dos editoriais pu-blicados na primeira fase doO Mossoroense, que se esten-deu até 1876, tinha como al-vo os conservadores. Um des-ses textos, assinado por Jo-sé Damião, com o pseudônimode "Velho da Montanha", ata-cava o bispo da região chaman-do-o de celerado e o vigáriomossoroense de fingido e sub-serviente.

O primeiro número do jor-nal, que tinha em seu fron-tispício a marca de "Semaná-rio, político, comercial, no-ticioso e litterario", traziaum manifesto em que destaca-va as bases do seu programasocial e se colocava como "onovo Atila (que) entra no mun-do jornalístico cheio de te-mor e com a fraca luz de seuespírito a tomar parte naquestão magna que deve deci-dir os futuros destinos dahumanidade".

140 anos

140 anos de HistóriaO

“DSemanário, político, comercial, noticioso e litterario

O MossoroenseO MossoroenseQ U A R T A - F E I R A , 1 7 D E O U T U B R O D E 2 0 1 2 Especial

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O ano de 1873 come-ça com o jornal O Mos-soroense alinhando o

"conservador e o jesuíta" nummesmo nicho de "inimigos dasociedade".No editorial do dia 22 de

fevereiro daquele ano, Je-remias da Rocha define um co-mo "carrasco do fiel", o ou-tro como "inimigo do cida-dão". Ambos "cruéis e egoís-tas"."Conservador e jesuíta

portanto são dous aliadosperversos, que azafamando-se em repellir toda a ini-ciativa como um perigo, emmanter toda a instituiçãoanachronica, como um prin-cípio sagrado e em procla-mar a imobilidade nas for-

ças sociais, introduzindo aeternidade em todas as cou-zas humanas e conservandoas gerações e o mundo em umainfancia perpetua, devem serconsiderados e proclamadosurbi et orbi como os maio-res inimigos do progresso so-cial e da perfectibilidadedo genero humano".Nas edições seguintes, Je-

remias da Rocha continua aabordar questões políticasatravés de editoriais queversavam sobre "A irrespon-sabilidade da Corôa", "Mos-soró e o Governo da Provín-cia" e "Lágrimas Cristãs",entre outros.Mas, é só a partir da edi-

ção número 27, de 19 de abrilde 1873, que O Mossoroense

escancara de vez a sua po-sição e passa a adotar emseu frontispício a famosainscrição: "Semanário, po-lítico, comercial, noticio-so e antijesuítico".

No editorial intitulado"Jesuítismo pela prôa!", ojornal condena o comporta-mento do vigário AntônioJoaquim - religioso e polí-tico -, que publicamenteatacou a "dignidade da Ma-çonaria".

"Felizmente tendo-se da-do o facto perante um publi-co numeroso e grado, hade semnenhuma sombra de duvida che-gar a toda parte a verdaderadiosa e esplendorosa. Des-ta vez terá a grande fami-lia maçonica e toda a impren-

sa do paiz de registrar maisuma grande miséria jesuíti-ca, como obra de um padrefanático e ignorante, que,constituindo-se orgão do fa-migerado Bispo de Pernambu-co, quer a seu turno derra-mar no espirito deste povoas ideias da propaganda obs-curantista, com que aquellelouco tem revolucionado aopinião, e o que é mais ata-car por meio de insulto gros-seiro a dignidade da maço-naria, sem que direito al-gum lhe possa authorizar aprotervia".

O Mossoroense manteve ainscrição: "Semanário, po-lítico, comercial, noti-cioso e antijesuítico" atéo dia 8 de novembro de 1873.

A briga do O Mossoroense comos jesuítas e a Igreja pare-cia não arrefecer. A insta-lação da Loja Maçônica 24 deJunho, em junho de 1873, veioacirrar os ânimos. Naquela época, a Maçonaria

era uma instituição conside-rada inimiga da Igreja. Essa'guerra' vinha desde 24 deabril de 1738, quando o PapaClemente XII condenou a Ma-çonaria, a sociedade e as reu-niões dos maçons e seus adep-tos.Como explica o historiador

Geraldo Maia, daí a repulsade parte dos católicos e dospárocos que sempre se manifes-taram em combate irreconci-liável à instituição.Mas, o trabalho silencioso

dos obreiros natalenses che-gou a Mossoró. A exemplo desuas congêneres, a Loja Ma-çônica 24 de Junho tinha finshumanitários, com uma filo-sofia que se fundamentava noprincípio da defesa da liber-dade e de livre manifestaçãode pensamento. Esta institui-ção transformou-se, logo ce-do, num ativo centro de reu-niões dos pedreiros-livres dacidade, um grupo de homens in-dependentes e idealistas quecombatiam a intolerância e oobscurantismo.Os pedreiros-livres, como

eram conhecidos os maçons,passaram a sofrer acusaçõese agressões diárias por par-te do vigário Antônio Joa-quim, que também era um doschefes políticos locais. Je-remias da Rocha, que tornou-se "homem livre e de bons cos-tumes" respondia com severi-dade no jornal O Mossoroen-se.Em um desses textos, o jor-

nal apregoava o fim do poderdo clero:"É sem assombro que vamos

dizer uma palpitante verda-de, que vive oprimida e si-lenciosa em todas as consciên-cias: o poder dos papas che-gou à sua última fase. Romadesta vez não seria invadidapelos bárbaros, é a bárbaraRoma, agora, que se carboni-za abrasada pela luz da civi-lização".

D

O jornal O Mossoroensesurgiu como um semanário dequatro páginas. O forma-to, no relato de Lauro daEscóssia, era de 45cm x31cm, diagramado em trêscolunas de 7cm cada, até onúmero 56, publicado em 8de novembro de 1873. Na edi-ção seguinte, o jornal sur-gia com o mesmo formato, masdiagramado em quatro co-

lunas de 6cm cada. Era impresso com o uso

de tipos, blocos de metalfundido ou de madeira, comgravação em relevo de de-terminado sinal de escri-ta (letra, vírgula etc.) aser reproduzida por impres-são.O papel utilizado para

imprimir O Mossoroense vi-nha do norte do País, no

Vapor Pirapama. As máqui-nas e o material tipográ-fico foram comprados em Re-cife. A tipografia de Jeremias

da Rocha, onde o jornal eraimpresso por José Soares deCouto Lima, chamava-seTypographia Mossoroense,mudando em 22 de dezembrode 1872 para TypographiaLiberal Mossoroense.

A impressão dos primeiros números

Semanário AntijesuíticoEspecial 140 anos

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Maçonaria xx IIgreja

A primeira página da edição inaugural do O Mossoroense foi recompostano início de 2012, num trabalho de restauração do jornalista eadvogado Lauro da Escóssia Filho, que resguardou a forma e oconteúdo, atualizando a ortografia para facilitar a leitura.

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undador da im-prensa Mossoroense,Jeremias da Rocha

nasceu a 29 de março de1844. Era filho do poe-ta Floriano da Rocha No-gueira e da valente An-na Rodrigues Braga, a An-na Floriano.Advogado, foi secre-

tário da Câmara Munici-pal de Mossoró de 1864 a1872, quando se demitiupor questões políticase instalou o jornal OMossoroense. Homem li-vre, foi ardoroso defen-sor da maçonaria.Consta ainda que Je-

remias foi suplente devereador em duas legis-laturas seguidas (1870-1880 e 1881-1882), juizmunicipal, primeiro su-plente de delegado de po-lícia e sexto suplentede juiz municipal. Como advogado, seu

mais ilustre cliente eraJesuíno Alves de Melo Ca-lado, o famoso cangacei-ro Jesuíno Brilhante. Sobre o assunto, nar-

ra Lauro da Escóssia:" (...) muita coisa Je-

suíno procurava resol-ver na Justiça. Tantoque, estando em Mossoró(segundo narrativa deminha avó, Maria Fil-gueira de Sousa), Jesuí-no tinha um advogado _Jeremias da Rocha No-

gueira, jornalista e ad-vogado provisionado pe-lo Tribunal de Apelaçãode Pernambuco.Contava a mesma senho-

ra que, todas as noitesvinha um cabra de Jesuí-no, montado e puxando umcavalo selado. Batia naporta de Jeremias, re-sidência esta na atualrua Dix-sept Rosado, nacasa em que hoje mora oSr. Clóvis Ciarlini, le-vava o mesmo para Caja-zeiras, ali redigindopetições, colhendoapontamentos, e de ondevoltava, lá pela alta ma-drugada".Lauro da Escóssia tam-

bém escreveu sobre a per-sonalidade de Jeremiasda Rocha:"(...) A par de uma co-

ragem espartana, jamaisse quedou Jeremias fren-te aos potentados da épo-ca. Seus artigos, fos-sem doutrinários ou con-tundentes, refletiam otemperamento a que che-gou, imbuído do propó-sito de dar a Mossoró eao país, a demonstraçãodo quanto seria capaz derealizar em prol de seupovo. Mesmo sob ameaçade morte e de empaste-lamento do seu jornal,cousa comum da época, ja-mais se intimidou Jere-mias aos arreganhos de

quantos adversáriostentaram fazer calar suapena amestrada".De acordo com Jaime Hi-

pólito Dantas, em A Im-prensa em Mossoró, "onosso primeiro jorna-lista tinha sangue debravo, possuía o arrojodas ideias novas e es-crevia com elegância deestilo, como quem domi-nasse com segurança asdificuldades e meandrosdo idioma".No centenário de Je-

remias, Raimundo Nona-to publicou o artigo in-titulado "Jeremias daRocha Nogueira, o Ma-rat das ruas de Mosso-ró", no qual o compa-rava com Jean Paul Ma-rat, considerado umdos mais violentospanfletários do jor-nalismo francês:"O motivo da convo-

cação é inequívoco,pela evidente seme-lhança temperamentale pelas atitudes ex-plosivas desses doishomens, por vezes ge-niais, mas sobretudo,provocantes, diferen-tes só pelas latitudesdos mundos em que se si-tuam, porém realmenteidentificatos pelo es-pírito da agressivi-dades que nelesconstituía uma

espécia de denominadorcomum, força atuante,indissociável e orgâni-ca".Abolicionista, Jere-

mias morreu aos 37 anosno dia 29 de junho de1881, antes de ver Mos-soró libertar seus es-cravos.Como reconhecimento ao

trabalho de Jeremias daRocha em prol do fim daescravidão, os seus res-tos mortais foram tras-ladados para o Panteondos Abolicionistas, noMuseu Municipal.

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s ancestrais dos Es-cóssias eram chama-dos de Camboa por re-

sidirem na ilha dos Vea-dos, camboa (estreito poronde a água penetra, namaré alta, e que esvaziaquando as águas refluem nabaixa-mar) situada em Ara-cati.No fim do século XVII, o

alferes Manoel Nogueirade Lucena saiu de Muribe-ca, Pernambuco, como mem-bro do Serviço de Policia-mento das Costas das Ca-pitanias do Norte para aribeira do Jaguaribe, Cea-rá, na companhia de algunsirmãos. Lá, casou-se comFemiana Rosa dos Prazeres

e tornou-se proprietáriode terras e gados, além deJuiz Ordinário. Na luta contra os índios,

no tempo de colonização doCeará, para evitar o con-fisco de seus bens, ManoelNogueira retirou-se de Ja-guaribe para a Serra daMaioridade (Martins), noRio Grande, e depois paraa Serra Mossoró. Teve 12filhos.O oitavo dos filhos de

Manoel, Miguel Nogueirade Lucena deu origem aosEscóssias. Casado com Pás-coa Maria Soares da Encar-nação, teve dois filhos Ma-ria Soares de Lucena e Flo-riano da Rocha Nogueira.

Floriano, por sua vez,casou-se com Joana de Me-lo, com quem teve cincofilhos. Após ficar viúvo,casou-se com Anna Rodri-gues Braga, a Anna Floria-no, e teve mais dois fi-lhos: Francisco Firminoda Rocha Nogueira e Jere-mias da Rocha Nogueira.Casado com Izabel Benig-

na da Cunha Viana, Jere-mias teve duas filhas, Ce-cília e Agar, que faleceuainda criança.Na época do nascimento do

terceiro filho de Jere-mias da Rocha Nogueira,fervia o litígio entre aMaçonaria e a Igreja Ca-tólica.

Quando nasceu o menino,em 27 de maio de 1873, quepossivelmente se chamariaJoão Batista da Rocha No-gueira, o vigário AntônioJoaquim se recusou a ba-tizá-lo porque o pai e o pa-drinho, Targino Nogueirade Lucena, eram maçons. As-sim, o pai levou o reben-to para a Loja Maçônica 24de Junho, onde o batiza-ram simbolicamente com onome daquele que acredi-tavam ser o patrono da Or-dem Escocesa Antiga e Acei-ta, São João da Escóssia.Surgia aí a família Escós-sia, hoje com centenas dedescendentes radicados portodo o país.

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O surgimento da família Escóssia

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O estilo combativo de Jeremias da Rocha

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ontam que, em 1º de ja-neiro de 1875, enfure-cidos devido a comen-

tários publicados na seçãointitulada Mofina, do O Mos-soroense, o deputado provin-cial Rafael Archanjo da Fon-seca e o guarda da Mesa de Ren-da José Tertuliano contra-taram cerca de 10 capangas pa-ra tentar assassinar os re-datores do jornal. Após bebedeira e baderna

pelas ruas da cidade, o gru-po teria se dirigido à reda-ção do jornal. Chegando lá,encontraram Anna Floriano,mãe de Jeremias da Rocha, queos esperava armada com um es-peto. - Quem subir à escada mor-

re na ponta deste espeto! -teria dito Anna. Desgraçamaior não aconteceu graças àintervenção de terceiros. Na primeira edição após es-

se ataque, publicada a 13 dejaneiro de 1875, O Mossoroen-se chegou às ruas com mani-festo assinado por Jeremiasda Rocha Nogueira, no qual co-menta o acontecimento e clas-sifica os pretensos invaso-res como "facínoras, sangui-nários, celerados e cani-bais". Jeremias presta, em seu

texto, solidariedade a Jo-sé Damião e ao agente con-sular Frederico Antonio deCarvalho."No dia 1º de Janeiro do

corrente anno, reunindo-seo mencionado deputado RafaelArchanjo - a um seu comensal- de nome José Tertuliano,guarda da Meza de Rendas - per-correram os suburbios destacidade assalariando capangascacetistas, para um fim sócompativel com a naturezacorrompida desta miseravelgente, e conseguiram, que aelles se incorporassem os se-guintes indivíduos - Quin-tiliano Fraga e um filho denome João, João Martins daSilveira, e 2 ou 3 filhos, umfamulo do Dr. Euclides Dio-cleciano, de nome Manuel e Ma-nuel Gavião. Reunidos assim

em numero de 10 ou 11 pes-sôas, depois de haverem afo-gado a mente n'um oceano d'al-cool, armaram-se de cacetes,punhaes e pistollas, e diri-giram-se, às 3 horas da tar-de pouco mais ou menos, ca-pitaneados pelo referido Ra-fael - na mais selvagem gri-taria e criminosa ostentação,à casa onde reside José Da-mião de Souza Mello e Frede-rico Antonio de Carvalho, on-de tem estes seu estabeleci-mento commercial, e o ulti-mo o escriptorio da AgenciaConsular Portugueza; e ahi,furiosos como tigres, aosgritos de mata, morra etc, pe-netraram no interior della,indo até a cosinha, onde nãoencontrando suas victimas,que sorprehendidas pelo ac-comettimento inesperado, semtempo para ganharem uma po-sição convenientemente de-fensiva, subiram ao andar dacasa por cima do referido es-tabelecimento, onde permane-ceram e onde aguardavam a su-bida dos aggressores. Abandonada assim a casa,

escriptorio e estabelecimen-to ao poder dos assaltantes,estes sedentos de sangueabrasados de ferocia e bru-teza, e certos, pelo concur-so d'algumas pessôas carac-terizadas que com animo pa-cificador, para ali se diri-gião, de que não levarião aeffeito o assassinato de Jo-sé Damião e de seu sócio, nemsatisfarião daquella vez seusinstintos brutais, atiram-sesobre as vidraças do estabe-lecimento e escriptorio daAgencia e quebrão quasi to-dos os vidros a cacete, dan-do até profundos golpes napropria madeira e balcão,quebrando igualmente diver-sos objectos de vidro expos-tos à venda, e praticando ou-tros desatinos acompanhadosde mil injurias atrozes e in-famantes!!!!!!!!! Ao vêr-se o desespero bru-

tal e sanguinario d'aquellasucia de sceleratos, dir-se-hia um bando de salteadoresacommettendo de sorpresa a

casa d'um cidadão pacifico,dispostos a lhe pedirem a bol-sa ou a vida!!!

Depois sahindo todos osfaccinoras do theatro de seudrama de ferêsa e selvagis-mo, onde lhes havião escapa-do as victimas em que pre-tendiam cevar seus instinc-tos e brutal furor, percor-reram as ruas redobrando osinsultos e ameaçando volta-rem à typographia Mossoroen-se, causa originaria de seusodios contra os redactores.Era já noite e ainda se ou-via de todos os angulos dacidade o rugir medonho des-sas feras avidas de vingan-ça e famintas de sangues!".

Jeremias da Rocha prosse-gue em seu texto questionan-do a postura do delegado Joa-quim Severino da Silva, quea tudo assistiu impassível ea do promotor Avelino Ilde-fonso, amigo do deputado.

"(...) Ignorava por ven-tura o plano sinistro e milvezes reprovado d'aquelle seuamigo? Não via que o preparobelico d'aquella matilha fe-roz, horrivelmente alcooli-zada não podia ser para pra-ticar um ato lícito?".

No manifesto, o pai da im-prensa mossoroense diz que éhora de se fazer respeitaros direitos.

"(...) Acordai para com-preender vossos direitos epraguejar estes monstros san-guinarios, que rasgando aConstituição e as leis, temarrojo de tentar contra a ul-tima de vossa liberdade, a im-prensa.

Mas a imprensa não morre,porque não morre a liberda-de! Como o cedro altivo queno picaro das montanhasafronta o embate furiosod'impetuosa rajada, hade oMossoroense resistir impa-vido aos tufões da prepo-tencia dos sicarios e dosvandalos desta desgraçadaactualidade! Collocai-vos aomeu lado, mossoroenses, equando por sobre as victi-mas sacrificadas ao furorsanguinario destes bandidos,

avistar-des alguem lutandoaté cair esange abraçado aopendão da liberdade que noscongraça e une, levantai osolhos, e encontrareis o quesempre esteve a vosso ladonas lutas da oppressão con-tra a tyrannya".

Na mesma edição, Jeremiasassina outro texto em que de-safia seus desafetos, reve-la a solidariedade do capi-tão Targino Nogueira de Lu-cena, irmão maçom e padrinhode João da Escóssia:

"Os autores do attentado...depois de insultuosas... epasseatas de musica, foguetvivas à constituição do im-pério, o capitão Deputado echefe... acabava de calcaraos pés violando asilo do ci-dadão fizeram... ameaças pu-blicas de no dia 6 atacar atypographia Mossoroense.

[...]A typographia foi aberta...

todo esse dia em exposição pu-blica a espera do cumprimen-to da... ameaça dos vânda-los, que foram... intimida-dos pelo capitão Targino No-gueira de Lucena destinctomossoroense que os esperouna estacada... com seus ami-gos e ao lado do seu proprie-tario".

José Damião de Souza Mel-lo também assina artigo naedição de 13 de janeiro de1875, em que os autores doatentado são tachados comocorruptos, selvagens antro-pófagos, cães hidrofóbicose sicários.

O assunto ainda é aborda-do na edição do dia 24 se-guinte. O texto sob o título"A queda do Archanjo Ra-phael!", em clara alusão a Ra-fael Archanjo, referindo-seao "verme das pústulas", "Ar-chanjo maldito", é finali-zado com o "epitaphio hor-rendo":

"Aqui jáz Raphael, esseprecito, Belsebú da Fonse-ca, anjo maldito Maldito che-rubim! Larva negra a vagar nastrevas mudas, Fantasma dePlutão, sombra de Judas,

Espectro de Caím!"

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A tentativa de empastelamento ou a bravura na ponta de um espeto

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Decreto nº 5851, de27 de fevereiro de1875, aprovado no go-

verno Rio Branco e regulamen-tado pelo Duque de Caxias,contendo as normas de recru-tamento para o Exército e aArmada causou revolta em di-versos pontos do país.No Rio Grande do Norte não

foi diferente. Nos municí-pios de Arez, Canguaretamae Goianinha, grupos de homense mulheres invadiram igre-jas e rasgaram livros, papéise editais referentes ao re-crutamento, segundo o mes-tre Câmara Cascudo.Em Mossoró, o episódio ga-

nhou mais repercussão tantopelo tamanho do movimentoquanto pelo fato de ele tersido realizado por mulheres,cerca de 300, comandadas porAnna Rodrigues Braga, a An-na Floriano, mãe de Jeremiasda Rocha.O movimento, que recebeu

o nome de Motim das Mulhe-res, aconteceu no dia 30 deagosto de 1875. O grupo demulheres tomou do escrivão de

juiz de paz e rasgou em pra-ça pública o livro e papéiscom a relação dos mossoroen-ses sorteados. O mesmo foifeito com as cópias prega-das na porta da igreja e asque foram entregues para pu-blicação no jornal O Mosso-roense.O episódio foi narrado pe-

lo major Romão Filgueira:"No dia marcado, estavam u-

mas trezentas mulheres reu-nidas em Mossoró, porque aspróprias Evas dos arrabal-des haviam aderido ao motim.O cortejo rebelde partiu daatual rua João Urbano indoaté a hoje praça Vigário An-tônio Joaquim. Aí, forma ras-gados os editais, pregadosnas portas da igreja e des-pedaçados vários livros. Dapraça Antônio Joaquim, di-rigiram-se as amotinadas àPraça da Liberdade, passan-do pela hoje 30 de Setembro.Naquele logradouro públicoachava-se disposto um corpode Polícia, ali posto com fimde dominar a sedição. Aos gri-tos de Avança, logo ficaram

confundidos, no tumul-to da luta, soldados emulheres. Como era na-tural, foram várias asferidas, tendo a inter-ferência de pessoas gradasda localidade evitado maisfunestas consequências".

Em correspondência curta,Jeremias da Rocha comu-nicou à Junta Paro-quial da impos-sibilidade decontinuar pu-blicando a rela-ção dos sortea-dos:

"Comunico a V. Sas.Que deixo de continuara publicar no meu perió-dico a lista de sorteio des-ta paróquia, como me haviacomprometido, em consequên-cia de haverem sido os res-pectivos autógrafos que seachavam em meu poder, inu-tilizados por um grupo de se-nhoras, que ontem pelas no-ve horas do dia invadiram aminha tipografia".

O ofício enviado pelo juizJosé Antonio Rodrigues ao

pre-sidente da Província, JoãoBernardo Alcoforado Júnior,apontava, além de Anna Flo-riano, as senhoras Maria Fil-gueira e Joaquina de Souzacomo líderes do movimento queteria sido, segundo ele, ar-quitetado por Jeremias da Ro-cha.

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Mossoroense defendiaa abolição da escrava-tura, embora o pensamen-

to em favor da liberdade daraça negra tenha sido expres-so de modo quase sempre dis-creto e algumas vezes de for-ma contraditória. Na edição de 3 de maio de

1874, por exemplo, o jornalprotestava contra a persegui-ção do delegado e do carce-reiro de Mossoró a um escravodo comerciante Francisco An-tonio Martins de Miranda, pre-so várias vezes, de modo ar-bitrário, e obrigado a fazera faxina da delegacia. O con-traditório da matéria está naconstatação de que o jornal de-fende muito mais o direito doproprietário do negro, pelofato deste ter sido mantidoem cárcere sem autorizaçãodaquele, do que o direito àliberdade do cativo. Outra dessas contradições

está estampada na última pá-gina, em 12 de julho de 1874,na forma de anúncio da fuga deum escravo. "ESCRAVOS FUGIDOS - No dia

4 de Abril próximo passado,evadio-se da Povoação da Ara-runa, Provincia do Parahybado Norte, hum escravo de nomeAlexandre com os signaes se-guintes - idade 20 anos, corparda, altura regular, cheiodo corpo, rosto redondo, fal-ta de hum dente na frente,barba nenhuma, cabeça e ore-lhas grandes, cabellos cres-pos, e as pernas arqueadas, equando se veixa gagueja humpouco. Quem o apprehender e le-var á Lagoa do Fumo na Provín-cia do Rio Grande do Norte, emcasa do Coronel Miguel Ribei-ro Dantas, ou a Araruna a ca-

sa de Antonio Ribeiro da Sil-va, será generosamente recom-pensado". Voltando um pouco no tempo,

encontra-se, em 14 de dezem-bro de 1872, a denúncia con-tra o juiz Sebastião Cracará,que teria roubado bens do es-cravo Tomaz para dar a outrapessoa. Não se trata de umadefesa da libertação dos es-cravos, mas de um negro em es-pecial. "RESSURREIÇÃO - temos em

nosso poder a corresponden-cia, a que por falta de espa-ço dexamos de dar publicida-de neste n. - É relativa aoapparecimento do escravo -Tomaz - cujos bens forão nes-ta Cidade escamoteados pelojuiz municipal supplente Se-bastião Cracará, de eternamimoria, e afinal entregues aum quidam, que dizia herdei-ro do mesmo - Tomaz - No es-cripto a que nos referimos sepõe bem patente a corrupção,que grassa aqui em certos func-cionarios - que, constitui-dos Srs. da justiça - são aomesmo tempo escrivãs, advo-gados - meirinhos e afinal ar-bitros da propriedade alheia.

(...) igualmente que peloceleberrimo Cracará foi es-tabelecido um novo princípioem jurisprudencia, isto é - àsucessão inter vivos - porquanto sem a prova do falle-cimento de - Tomaz apparece,e manda ordem para se receberos seus bens, não deixara porcerto de reagir contra a vio-lencia, que soffrera a pessoaque por sua ordem tinha seusbens - e que do seu uso ficouprivado. - Prepare se o juizCracará, que teremos contra-danças, e S.S. peça bem a Deus

- não fique agarrado por umsuspensório - ao anno do Nas-simento de Nosso Senhor JesusChristo - Quem te mandou al-faiate tocar rabecão?!

Isto quer dizer em bons ter-mos para quem quer ser juiztendo nascido para capar bo-des?"

As defesas mais amplas doideal libertário estão em1874, como esse trecho de re-portagem publicada em 26 de ju-lho:

"Mais um triunpho da liber-dade - Os jornaes da heroicaprovíncia de São Paulo dão con-ta da acção altamente gran-diosa e meritória, que alliacaba de destinguir o subdi-to francez José Planet, ex-dono do Hotel d'Europa sitona capital; o qual tendo deretirar-se para a Europa, re-solveu dar a liberdade a 10escravos de sua propriedade.[...]"

Em 13 de setembro seguinte,a defesa abolicionista apa-rece como propaganda da maço-naria:

"A loj.: Regeneração Ca-tharinense, da cidade de Des-terro, que mantém uma aula gra-tuita, solemnisou o dia 24 dejunho do corrente anno liber-tando uma criança menor de 11annos.

O Sr. Augusto César Morei-ra Pantaleão, por ocasião deentrada na loj.: Honra e Hu-manidade , ao Unido (Rio Gran-de do Sul), libertou em nomeda sua officina e sem ônus al-gum a uma sua escrava de cin-co annos de idade. [...]"

Outro texto merece desta-que. Em 24 de outubro de 1874,comemorando o segundo aniver-sário do jornal, transcorri-

do em 17 passado, Jeremias pu-blicou o manifesto do qual fa-zem parte as seguintes passa-gens:

"A bandeira do Mossoroenseé a da liberdade; não a liber-dade que assiste ao senhor nacompreensão do escravo; mas aliberdade de iguaes e de ir-mãos.

[...]Elle caminha e busca a li-

berdade completa e real aon-de quer que ella esteja.

[...]O Mossoroense sem desviar-

se um ápice do caminho, que ajustiça e a razão lhe tem apon-tado, acompanhará nas lidesos obreiros do progresso, en-toando em coro sob a luz res-plandecente da verdade, hyn-nos a Deus, a Patria e à Li-berdade.

Avante! Coragem!"

OO movimento em prol do fim da escravatura

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O Motim das Mulheres

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encerramento daprimeira fase do OMossoroense - possi-

velmente em março de 1876,depois de publicar cerca de158 números em edições do-minicais -, ao que pare-ce, se deu por problemasfinanceiros que obrigaramJeremias a vender o preloprincipal ao coronel An-tônio Soares Macedo, paraimpressão de O Brado Con-servador, em Assu. O restante dos equipa-

mentos gráficos, com a

morte de Jeremias, em1881, foi enterrado porJosé Damião no quintal desua casa, na antiga Rua dasFlores, hoje Bezerra Men-des, e resgatado cerca de30 anos depois. Em 1911, morando na mes-

ma casa que pertencera aopai, Alfredo de Souza Mel-lo contou a João da Escós-sia, Jerônimo Rosado, Ru-fino Caldas, Lauro da Es-cóssia e outros presentes,que sempre ouvira o pai di-zer que enterrara um dos

prelos do O Mossoroense,o primeiro a ser usado natipografia, bem ali, noquintal de sua residência. A revelação de Alfredo

Mello despertou a curio-sidade dos presentes, quedecidiram procurar o ve-lho prelo. Lauro da Es-cóssia, com a autoridadede quem assistiu a tudo,conta: "Estou vendo na retina

da memória o próprio Al-fredo Melo com aquela suaagucidade inglesa, de pos-

se de uma alavanca cavan-do a terra, revolvendo osolo e grande foi a sur-presa de todos. As peças,uma a uma estavam sendo re-tiradas de um ângulo doquintal do prédio em quehoje está situada a Far-mácia Assunção, contíguaà residência da famíliaMelo que ao tempo passadointegrava todo conjuntoresidencial e armazém decomércio de José Damiãode Souza Melo e de seu su-cessor".

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A venda e o enterro dos equipamentos

Português de Aveiro, José Damiãode Souza Melo chegou ao Brasil noano de 1862, onde mais tarde reque-reu a naturalização. "Um estrangeiro de espírito

adiantado", segundo o historiadorRaimundo Nonato, José Damião foijornalista, poeta, comerciante eabolicionista.Sacerdote, largou a batina pelo

presbiterianismo. Publicou um es-tudo "O Purgatório perante o séculoe as escrituras", tendo sido um dosanimadores da religião protestanteem Mossoró.Companheiro de primeira hora de

Jeremias da Rocha à frente do OMossoroense, José Damião escreviafacilmente, com precisão e vivaci-dade. Muitos de seus textos eramassinados com o pseudônimo "Velhoda Montanha". Teve atuação desta-cada pelo fim da escravatura e dei-xou seu nome vinculado à galeriados Abolicionistas Mossoroenses."De natureza intranquila, per-

correu outros lugares. Além de Mos-soró, morou em Acari, Jardim do Se-ridó, Fortaleza e Manaus, exercen-do as atividades mais diversas,deixando por onde passava a marcade seu espírito combativo e vibran-te", conta o escritor Geraldo Maia.Faleceu em Manaus no dia 1º de

fevereiro de 1905.

José Damião, OO VVeellhhoo ddaa MMoonnttaannhhaa

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segunda fase doO Mossoroense teminício em 1901,

quando o jornal ressur-ge como "Periódico hu-morístico e Illustra-do", sob o comando deJoão da Escóssia, filhode Jeremias da Rocha,com o apoio dos redato-res Antonio Gomes e Al-fredo Mello.Sobre esse período,

conta o historiadorVingt-un Rosado: "Em 1901, o velho e

glorioso órgão de nossaimprensa ressurgiu soba capa d'O Eco, jornalhumorístico, durandoaté 1902. Marca esteúltimo ano, o início da2ª fase d'O Mossoroen-se, aos 12 de julho. Sãoseus novos redatores ocoronel Antônio Gomesde Arruda Barreto e Al-fredo de Souza Melo,filho de José Damião.Gerencia-o, com muitacompetência, o redator-xilógrafo João da Es-cóssia, que também éseu proprietário. Trazagora o intuito deprestar 'serviços àsletras, às artes, àsciências, às indústriase ao desenvolvimento detodos os ramos da ati-vidade humana'. Nesta segunda fase

era quinzenal,passando-se em 1905 apublicar-se três vezes

ao mês. Imprimia-o aAurora Escossesa, de-pois Atelier Escóssia.Mais tarde seria sema-nal e em sua última eta-pa, bissemanal, saindoàs quartas e aos domin-gos. Depois do faleci-mento de João da Escós-sia, O Mossoroense pas-sou a ficar sob a dire-ção dos jornalistas Au-gusto da Escóssia eLauro da Escóssia, ne-tos de Jeremias da Ro-cha Nogueira e filhosde João da Escóssia. A terceira geração,

como a segunda, soubemanter o tradicionalórgão na diretriz quelhe traçara a primeira,em 1872".LLiinnhhaaA reabertura do O Mos-

soroense traz a marcado segundo período daimprensa brasileira,que se iniciou em 1880 ese estendeu até 1910. Ojornal passa a ganhardimensão de empresa e apolítica partidária nãoé mais a mola propulso-ra do rumo a ser segui-do. Não havia a agres-sividade dos primeirosanos. É o período em queos processos de compo-sição e impressão pas-sam a ser aprimorados,a caricatura surge naimprensa brasileira ecresce a consciência deque o objetivo do jor-

nal é a notícia. A Questão de Grossos,

disputa entre os Esta-dos do Ceará e Rio Gran-de do Norte para esta-belecer seus limites,foi o principal assuntoabordado nesse período.Também nesse períodoque foram dados os pri-meiros passos na áreada publicidade.IIlluussttrraaççõõeessCom a publicação de

charges e dese-nhos, o jornalaparece maisatrativo e le-ve. Era o pró-prio João daEscóssia queesculpia asxilogravuraspara ilustraro jornal fun-dado por seupai, algumasdelas copia-das ou inspi-radas em ilus-trações publi-cadas em revis-tas do Sul. Chama atenção

dos especialistasno assunto, a finezado traço nos traba-lhos desse artista,inclusive os temasescolhidos: varia-vam desde ca-ricaturasa

charges satirizandoacontecimentos políti-cos. João da Escóssiachegou a retratar cenasde um crime ocorrido emGrossos e o incêndio daBastilha, além de es-culpir artes publicitá-rias.

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O Ressurgimento nas mãosde João da Escóssia

Em 1917, dando cada vez mais ar empresa-rial ao jornal, João da Escóssia compra amáquina impressora Marinoni.De fabricação francesa, plana, acionada

a eletricidade e com capacidade para 1.500exemplares por hora, a Marinoni continuoufazendo a tiragem do jornal aos anos 1950,com a inserção dos linotipos.Doada ao Museu Municipal Lauro da Escós-

sia na década de 1990, a Marinoni passouanos desmontada até que João da EscóssiaNeto tomou a iniciativa de recompô-la,voluntariamente.

A Marinoni

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A arte de João da Escóssia

Os sucessores de João da EscóssiaCom o afastamento de

João da Escóssia em 1917e sua morte, em 1919, ojornal perdeu muito desuas característicasculturais. Vale salien-tar que a partir da IGuerra Mundial, defla-grada em 1914, os jor-

nais do País começarama perder suas caracte-rísticas literárias ea ser influenciados pe-las novas relações es-tabelecidas entre a so-ciedade e a comunica-ção de massa, passandoa ser mais noticiosos.

O historiador Raimun-do Soares de Brito men-ciona Francisco Pi-nheiro de Almeida Cas-tro como sucessor deJoão da Escóssia no co-mando do jornal, de 1917a 1921.Em seguida, conforme

Jaime Hipólito, vieramRafael Fernandes Gur-jão, como diretor polí-tico e redator-chefe de1922 a 1930, e Augustoda Escóssia como geren-te, de 1930 a 1934,quando do encerramen-to da segunda etapa.

rtista nato,João da Escóssiafoi jornalista,

xilógrafo, artistaplástico, desenhista,gravador, cenarista eautor de teatro. Foi oprimeiro caricaturistado Rio Grande do Norte.Nascido em 1873, era

herdeiro do espíritocombatente de seu geni-tor - Jeremias da RochaNogueira. Fundou o jornal O

Echo em 1901. No anoseguinte reabriu o jor-nal fundado por seupai, O Mossoroense, comuma inovação: as pági-nas antes preenchidasapenas por textos, ago-ra eram ilustradas com

gravuras, cujas matri-zes (xilogravuras) elepróprio talhava em ma-deira utilizando-seapenas de um simplescanivete.Na segunda conferên-

cia do I Ciclo de Con-ferências e EstudosMossoroenses, em agostode 1958, o jornalista eescritor Jaime HipólitoDantas assim se expres-sou: "De João da Escóssia,

pode-se dizer, primeiroque tudo, que se trata-va de um artista deprimeira ordem. Era umadmirável xilógrafo,com uma capacidade sim-plesmente extraordiná-ria para retratar, em

madeira, com o auxíliode um mero canivete,figuras do seu tempo oude outras épocas, comoainda objetos, fatos oualegrias para a ilus-tração de notícias oureportagens.A arte do xilógrafo

João da Escóssia esta-ria a merecer um estudoà parte por um entendi-do na matéria. Como seexplicar que um homemdo interior, sem qual-quer estudo especiali-zado, haja chegado adominar com tal perfei-ção a arte, não tão fá-cil, da xilogravura?Possuía o artista osenso da observação dosdetalhes mais diminu-

tos. Parecia ser ágil,sutil e penetrante. Umavocação, sem dúvida, depuro retratista, que aprovíncia, na pequenezdas suas proporções, noincolor da sua vida noprincípio do século,não pode devidamentevalorizar". Quando morreu, em 14

de dezembro de 1919,João da Escóssia jáusava cadeira de rodashá cerca de 9 anos, de-pois de um início deparalisia. Também eram-lhe frequentes inchaçose fortes dores na mãodireita, justamente aque imprimia força nocanivete para moldarformas na madeira.

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Escossinha, como era conhe-cido Augusto da EscóssiaNogueira, o quarto descen-dente de João da Escóssia,nasceu no dia 14 de janeirode 1900. Herdou, no sangue,o amor pelo jornalismo,dando continuidade ao OMossoroense. Foi tambémvice-presidente da Câmarade Vereadores, prefeito deMossoró, suplente de juizfederal e tesoureiro da Câ-mara de Mossoró.A passagem pela Câmara foirápida. Eleitos para o pe-ríodo de 1937 a 1940, osedis daquela legislatura,que era presidida pelofarmacêutico JerônimoLahyre de Melo Rosado,perderam os mandatos 13dias depois da primeirasessão, que realizou-se a15 de setembro, como efei-to do Estado Novo, implan-tado por Getúlio Vargas.A sua gestão como prefeitoaconteceu de 19 de feve-reiro a 3 de agosto de1946.Raimundo Nonato assim odefiniu:"(...) Homem otimista e decompreensão realista davida, sem alimentar falsasilusões, para ele não ha-via coisas impossíveis, ecomo não concretizava si-tuações, ia disfarçando asdificuldades que lhe apa-reciam no caminho com umriso franco, cheio daquela

m 1918, O Mosso-roense era "Órgãovespertino, inde-

pendente e consagradoaos interesses das clas-ses conservadoras". Nodia 18 de junho de 1919,passava a anunciar-secomo "Órgão do PartidoRepublicano Federal".Apesar do período de vi-brante engajamento polí-tico, o jornal não traziamais a violência dos em-bates da primeira fase. Proprietário e gerente,

Augusto da Escóssia nãoaceitou a censura impostapelos que detinham o po-der político e preferiususpender a circulação dojornal, temporariamente,a apresentá-lo aos leito-res com as ideias tolhi-

das. Com o manifesto "Aopovo de Mossoró", Augustoanunciou o fechamento: "O Mossoroense, depois

de circular continuamen-te por mais de trintaannos, vê-se forçado ho-je a interromper sua pu-blicação. É do domíniopúblico que na quarta-feira passada, o sr. de-legado de polícia, 1�tenente José T. da Rosa,procurou o nosso direc-tor, fazendo-lhe verque, de ordem superior,antes de circular, teriao jornal de se submeterà censura. Consciente dodever de acatar as reso-luções do governo ditac-torial implantado emnossa Pátria, nada te-ríamos a objectar se a

censura tivesse de serfeita pela autoridadepública, no uso de suasatribuições regulares.Mas, para O Mossoroensea censura se revestia deuma humilhação, poisque, estranhamente, ocensor seria um cidadãoque, além de adversáriopolítico, era desafectopessoal do director emais redactores do jor-nal. Nestas condições,impulsionados por umsentimento de brio que,herdado dos nossos maio-res, queremos transmitirintegro aos nossos des-cendentes, resolvemoscerrar as portas do or-gam, cuja vida tem sidoum exemplo de trabalho eesforços em prol de to-

dos os nobres cometti-mentos que se relacionamcom o progresso e com obem estar do município edo estado, e cuja orien-tação, como podem ates-tar todos os que nosleem, tem sido a maisprudente, sensata e ele-vada que seria licitodesejar. Esperamos que um dia os

clarões dos raios subli-mes da liberdade, do amore da justiça illuminem anossa trajectoria, e queentão, se concretisem emverdade inconcussa aspalavras santas do Evan-gelho: "OS HUMILHADOSSERÃO EXALTADOS".

Mossoró, 17. 7. 1932. A Redação"

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Vespertino e sem censura

Augusto da Escóssiaconfiança que tanto con-corria para sua tranqui-lidade e para sua paz deespírito.(...)Na sua vida toda, Augustoda Escóssia Nogueira foium modelo de probidade ede estrutura moral.Talvez tenha sido, emMossoró, o homem ideal desua geração, sem inimiza-des, sem recalques, semrservas de ódios que lhepudessem estorvar a cons-

ciência, vivendo de seutrabalho para a manuten-ção da sua família. Hoje,pensando nele, é pena re-cordar que, com seu desa-parecimento, abriu-se umgrande claro na imprensamossoroense, de onde elese foi, como um dos seusmais famosos mosquetei-ros".Era casado com Alaíde daEscóssia e deixou 12 fi-lhos. Faleceu no dia 6 dejulho de 1951.

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Tentativa de reativação e o fim de mais uma era

O primeiro crime de imprensa

vítima do primeirocrime de imprensaoficialmente regis-

trado em Mossoró foi, porironia do destino, o jor-nalista João da Escóssia.Os acusados eram Eduardodos Santos e Francisco Xa-vier de Miranda, respon-sáveis por A Tribuna. No dia 9 de maio de

1915, A Tribuna publicou

artigo intitulado "Honraao Mérito", no qual ataca-va João da Escóssia. Leva-do a juízo, Francisco Xa-vier acabou se retratan-do.Na queixa-crime, Escós-

sia afirma que o artigo éinjurioso porque "traduz,embora velada, equivocaou vaga, uma offensa à suadignidade e à sua honra".

Os originais da queixa-crime e da procuração pa-ssada por João da Escós-sia a José Soares Franco,para que, na condição deseu representante legal,acompanhasse o processo,despachos do juiz e in-terrogatórios dos acusa-dos fazem parte do acervodo Museu Municipal deMossoró.

m 30 de setembro de1933, ainda sob adireção de Augusto

da Escóssia, O Mossoroen-se voltou a circular: "Após mais de um ano de

silencio, imposto pelasituação de compressão edespotismo que abastar-dou as nossas tradiçõesde liberalismo, - surgena arena jornalística O

MOSSOROENSE, o velho or-gam que sempre se consti-tuiu em trincheira dasaspirações de nossa ter-ra em tudo que respeitas-se o seu progresso mate-rial e a sua cultura. De-fendendo o programa a quese traçou em toda a suajá longa existência, estejornal, sem jamais baixaràs ofensas pessoais e nem

cultivar ódios estéreis,continuará a sua missãonobilitante de propugnarpelos altos empreendi-mentos locais, e, há deser o vanguardeiro dignoe leal das boas causas edos propositos merito-rios. Confia a sua direção

que o POVO MOSSOROENSErecebe-lo-á com a sim-

patia que tanto lhe ser-virá para estimulo, e aque corresponderá com oMaximo esforço para bemservi-lo". A circulação se es-

tendeu até fins de1934. O último númeroconstante do acervo doMuseu Municipal é o1.155, de 11 de novem-bro.

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reabertura dojornal em setembrode 1946 confirmou

as palavras proféticasdo monsenhor Barreto,ex-diretor do ColégioDiocesano, de que haven-do um descendente deJoão da Escóssia O Mos-soroense há de reapare-cer. Sob o comando deLauro da Escóssia, filhode João da Escóssia eneto de Jeremias da Ro-cha, chega-se à terceirafase. Na árdua tarefa, Lauro

da Escóssia tinha a ajudade, entre outras pes-soas, seus filhos LauroFilho e Danilo Couto daEscóssia, ambos aindacrianças, que começaramvendendo jornais e aca-baram jornalistas.

No frontispício nadade trazer o anúncio dascores partidárias quedefendia, O Mossoroensese mostrava mais noti-cioso. Seus redatoreseram Jorge Freire,Vingt-un Rosado e JoséAugusto Rodrigues. Segundo o historiador

Raimundo Nonato, "Laurotrazia no sangue o arre-batamento e a impetuosi-dade de seu avô Jeremias.(...) Lauro era o espada-chim animoso com a viva-cidade do felino, semprepronto para enfrentar ,nas horas das trevas, umvulto encapuzado. Suaoficina estava sempreaberta para a acolhidadas iniciativas, namaior parte delas, dandoprejuízo à empresa. Mas,os Escóssias nem olhavampara isso".Lauro dirigiu O Mosso-

roense por aproximada-mente 30 anos e foi quemmais escreveu sobre ojornal e sobre a famíliaEscóssia. Um dos marcosde sua atuação profis-sional foi a entrevistacom o cangaceiro JoséLeite Santana, o Jarara-ca.O advogado e ex-

deputado estadual Lauroda Escóssia Filho falousobre o pai quando osubstituiu na cadeira12 da Academia Mos-soroense de Letras,

no dia 30 de junho de1989:"Humilde como ele era,

nunca usou as páginas deseu jornal para se proje-tar. Certamente eleacreditava que o seu tra-balho a serviço de Mosso-ró seria um dia reconhe-cido sem o emprego dequalquer mídia. Jamaistentou elevar-se maisalto do que as condiçõeso permitiam. Sempre usoua modéstia como norma,nada exigindo em troca deseu empenho.Ele fez do seu trabalho

a sua vida.O jornal eraseu segundo lar. Suasnoites eram indormidas.Seu descanso era nada.Sua vaidade era nenhuma.Era, isto sim, incansá-vel batalhador de todasas horas, no se afã deeditar o velho jornal decem anos, chegando a fa-zer quase tudo dentro dasoficinas e da redação dojornal."Lauro da Escóssia foi

um democrata, correli-gionário do Partido Re-publicano e do PartidoPopular. Por causa desuas posições políticas,o O Mossoroense chegou afechar por duas vezes, deacordo com Lauro Filho.Pela numeração dos

exemplares existentes noMuseu Municipal, um des-ses 'mergulhos' foi em1963, embora alguns au-

tores se refiram a 1965.Jaime Hipólito cita1964. O último númerodesta fase é o 3.393, dedomingo, 7 de julho de1963. Lauro da Escóssia rea-

briu o jornal em 1970 e ocomandou até a venda, em1975, quando o controleacionário passou a ser domédico Jerônimo RosadoCantídio, ligado ao gru-po do deputado federalJerônimo Vingt RosadoMaia, adversário políti-co dos Lauros (pai e fi-lho).Sobre Lauro e a sua li-

gação umbilical com OMossoroense, disse Rai-mundo Nonato: "Ainda hoje, Lauro da

Escóssia continua dentroda oficina com o mesmoentusiasmo dos seus diasjovens, trabalhando, di-rigindo, fazendo tudo. E quando o tempo lhe

sobra, o que é muito ra-ro, toma uns goles de ca-fé requentado, fuma umcigarro-mata-rato e dáuns curtos cochilos ar-riado por cima dos fardosde papel. Imensa e gloriosa com-

pensação para um homemidealista que tem naque-las velhas máquinas defazer o jornal, um tesou-ro bem muito maior do queaquele que enchia de vai-dade o poderoso e sábioRei Salomão!".

Lauro da Escóssia começouo processo de modernizaçãodo jornal e, em 1953, in-troduziu o uso da linotipo,uma máquina que fundia embloco cada linha de carac-teres tipográficos, compos-ta de um teclado, como osdas antigas máquinas de es-crever.Eis o registro do próprio

O Mossoroense, na ediçãonúmero 351, do dia 7 de ju-nho de 1953: "Está em fase de expe-

riência a linotipo adquiri-da pelo O Mossoroense. Representa esse presente

regio para a cidade de Mos-soró, a primeira dentre asmuitas cidades interioranasdo norte do país a possuirgráfico mecanisado, maisuma conquista do esforço dafamília Escóssia, que maisuma vez se apresenta comopioneira nos árduos miste-res da imprensa mantendoatravés de quatro geraçõesde Jeremias da Rocha aosbisnetos, a mesma chama deexpansão e progresso recla-

mados por Mossoró. Dentro de mais alguns

dias terá esta folha todasua composição mecanizada,o que muito irá proporcio-nar sua circulação e maisrápido contato com os seusinúmeros leitores e amigos,tal o propósito queanimam seusatuais responsá-veis. A montagem da má-

quina que é uma Li-notipo Relâmpagomodelo 31,obedeceu aorientação dotécnico LeoncioTobasa, mecani-co, da Lino-tipo doBrasilS.A., em to-do o norte dopaís, que numa de-monstração de tra-balho e grande co-nhecimento, fez comdesincumbência felizreferida montagem emdois dias apenas".

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Especial 140 anos

Lauro da Escóssia e seus filhos

A inserção da linotipo

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orian Jorge Frei-re nasceu em Mos-soró em 1934 e co-meçou a trabalharno O Mossoroense

com apenas 14 anos comorepórter estagiário,tendo passado por todasas etapas da redação atéchegar ao cargo de dire-tor.Em depoimento publica-

do no livro "Escóssia",de autoria do jornalistaCid Augusto, mostra bemo apego que tinha com ojornal O Mossoroense: "Eu aprendi a ler so-

letrando o jornal O Povode Fortaleza, noticiárioda Segunda Guerra Mun-dial. Mas aprendi a amara liberdade foi no O Mos-soroense, vendo a práti-ca democrática de Lauroda Escóssia. Era meninoquando ingressei no jor-nal, a convite de seu do-no, Lauro da Escóssia em1947 ou 1948. Meu pri-meiro artigo chorava amorte de Monteiro Lobatoe era intitulado "Zé Bra-sil". Há 44, 45 anos. Delá para cá, nunca deixeijornal e nunca estive lon-ge do O Mossoroense, aolado de Jorge Freire, Ra-fael Negreiros, Jaime Hi-pólito, Vingt-un Rosado,José Augusto Rodrigues,Lauro Escóssia Filho.Escrevíamos com intei-

ra liberdade. Até contraas opiniões dos dois Lau-ros (donos) e os inte-resses do jornal. Censu-ra não havia. Imoralida-de só havia na boca sujade Zé Abel. Eu também en-tregava papel para Albecy

fazer engoli-lo a velhaMarinoni. O resto do diapassava no jornal vendoa sua faina, testemunhan-do o seu alegre heroís-mo. Lauros, os dois, fa-

ziam de tudo: artigos,crônicas, armação de pá-gina, titulagem e eram ar-tistas em tipografia. E-les e Surica, Tinteiro eQuincão. Sem falar em Chi-co Abel, Zé Abel, Vicen-te, Dois e Postal. Assimfoi até eu partir para SãoPaulo de onde continueiescrevendo para o jornal. Regressando definiti-

vamente a Mossoró (em1975), fui convidado pe-los Lauros para assumira direção do jornal, o quefiz incontinenti. Assis-ti à venda da maioriaacionária da empresa dosEscóssia para o grupo po-lítico de Vingt Rosado.Continuei diretor. Asse-gurando a todos as mes-mas liberdades concedi-das no passado por Lau-ro. Eu que assisti os Lau-

ros trazerem para Mosso-ró a primeira Linotipo,trouxe para o velho jor-nal a primeira off set eo primeiro fotolito. Alémde ter sido na minha ad-ministração que o jornalteve sede própria na no-va rua com o seu nome.Depois de Lauro da Es-cóssia, fui quem mais de-morou na direção do jor-nal. Mais que o fundadorJeremias, mais do que Joãoda Escóssia, Escossinha:10 anos inesquecíveis pa-ra mim.

Nestes meus 44 anos deimprensa, passei por mui-tos jornais, dirigi al-guns deles. Nada me or-gulha tanto do que a tem-porada no O Mossoroense.Principalmente sob a di-reção do querido Lauro daEscóssia. Tenho muitasaudade do matraquear daMarinoni, do cheiro detinta de Dois, de suaspiadas, das imoralidadesde Zé Abel e das reaçõespermissivas do velho Ga-to. Tenho saudades de Su-rica, Vicente, Chico A-bel, Fernando, Danilo eLauro, Lucinha e Tó, Tin-teiro, Albecy e Quincão.O Mossoroense foi a me-lhor escola de cidadaniade Mossoró desde 1872".De 1954 a 1961, Dorian

Jorge Freire foi repór-ter e colunista polí-tico da Última Hora,depois fundou e di-rigiu, até o golpede 64, o semanárioBrasil, Urgente;trabalhou comCaio Prado Jú-nior na RevistaBrasiliense, fun-dou e dirigiu, atéser fechada pelosmilitares, a Edito-ra Sinal; foi re-pórter eredatordas re-vistasEsco-la eRea-

lidade, diretor do Diá-rio de Natal, diretor da-Tribuna do Norte, dire-tor do O Mossoroense.Dono de um texto pre-

cioso - "o maior esti-lista brasileiro", no di-zer de Tristão de Ataíde-, Dorian marcou época nojornalismo brasileiro efoi um dos maiores inte-lectuais deste país.Dorian Jorge Freire fa-

leceu em 24 de agosto de2005, vítima de falênciamúltipla dos órgãos, de-pois de 57 anos dedica-dos ao jornalismo.

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Especial 140 anos

jornalistae advogadoLauro da Es-cóssia Fi-

lho, bisneto dofundador do OMossoroense,Jeremias da Ro-cha Nogueira,ingressou no

jornal aindacriança, vendendoexemplares, e che-gou a diretor docentenário. "Eu sei fazer de

tudo dentro dojornal. No O Mos-soroense fui dire-tor, redator, re-visor, trabalheina composição emanuseei até a má-quina linotipo",recorda Lauro que

foi, junto com seupai, responsávelpor implantar, em1953, a primeiramáquina linotipodo jornal, o queacelerou a produ-ção do periódico.Aos 80 anos, Lau-

ro Filho mora noCeará, onde é mem-bro da Comissão deÉtica da Subsec-cional da Ordemdos Advogados doBrasil (OAB), ten-do, inclusive, re-cebido a condeco-ração de AdvogadoPadrão 2010. "Meupai é um exemplo decaráter retíssimo,uma pessoa digna,um eterno apaixo-nado pelo jorna-

lismo", defineFernanda da Escós-sia, filha queherdou do pai ofascínio pelo jor-nalismo e é hojeeditora do caderno"O País", do jor-nal O Globo.Em março deste

ano, Lauro Filhoresgatou a páginaprincipal da pri-meira edição docentenário, datadade 17 de outubro de1872. Segundo ele,a recuperação éimportante resgatehistórico. "O tra-balho ajuda a pre-servar a históriae é um presente pa-ra a atual e futu-ras gerações".

De vendedor de jornal a jornalista

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Dorian Jorge Freire

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Especial 140 anos

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ste jornal está comple-tando 140 anos de suafundação, uma vez quecirculou pela primeira

vez no longínquo dia 17 de ou-tubro de 1872, período que re-presenta o início de uma se-quência de lutas enfrentadaspor seu fundador - Jeremias daRocha Nogueira - o "aristocra-ta do talento", em consequên-cia dos seus artigos, sempremuito bem escritos e oportu-nos, como dos demais seguido-res de empreitada, filhos, ne-tos, bisnetos e trinetos. Como falecimento de Jeremias, ojornal passou às mãos do filhoJoão da Escóssia, o "xilógra-fo por excelência". Com amorte de João, foi paraseus filhos Augusto e Lauroda Escóssia, "o repórter dahistória". Passou ainda peladireção do jornalista, advoga-do e bisneto Lauro da EscóssiaFilho. Agora seu editor é o tri-neto Cid Augusto da EscóssiaRosado.

Jeremias, além de escrevermuito bem, era advogado pro-visionado pelo Tribunal de Per-nambuco e tinha como companhei-ros de aventura o padre portu-guês José Damião de Souza Me-lo, Ricardo Vieira do Couto eAlexandre Soares do Couto. To-dos escreviam muito bem.

O fundador, entretanto, en-controu no padre Antonio Joa-quim Rodrigues um adversário.O vigário não concordava comos bons costumes maçônicos deJeremias, de uma maneira tal,que se negou a batizar o filhode Jeremias na igreja, porqueo pai e o padrinho eram ma-çons, fato que obrigou Jere-mias a levar o menino para amaçonaria, batizando-o com onome de João da Escóssia, comdois esses, nome do patrono daOrdem Escocesa Antiga e Acei-ta - São João da Escóssia. Es-tavam iniciadas a família Es-cóssia em lugar de Rocha No-gueira e a luta com o vigário,passando o jornal O Mosso-roense a ser antijesuítico.

Exercendo a advocacia, Je-remias, além de outras funções,secretariou a Câmara Municipalde Mossoró e foi defensor nasComarcas da zona oeste do Es-tado, de Jesuíno Brilhante, "obandoleiro romântico". A lu-ta de Jeremias, entretanto, du-rou pouco, pois faleceu muitojovem, aos 37 anos, mas tevetempo de deixar um acervo in-vejável que sua inteligênciaproduziu. Com sua morte o jor-nal também teve vida curta,fechando as portas e somentereabrindo-as a 12 de junho de1902, pelo filho - João da Es-cóssia - "o artista da xilo-gravura", que trabalhava pa-ra dar vida ao jornal, àspessoas e aos fatos, bem re-tratados em pequenos pedaçosde madeira, tanto n'O Mosso-roense como n'O ECO.

Eram companheiros de Joãoda Escóssia na redação, Al-fredo de Souza Melo, filho deJosé Damião, Antonio Gomes deArruda Barreto, o Cônego Amân-cio Ramalho, Dr. Antonio Soa-res Júnior, além de outros.João, como o pai, morreu mui-to novo, aos 46 anos, deixan-do um acervo imenso de xilo-gravuras, cujas matrizes fo-ram destruídas pelo tempo. Eraum artista, jornalista, xiló-grafo, desenhista, gravador,cenarista e autor de teatro.

Com os falecimentos de Je-remias e do filho João, houveum hiato na circulação do jor-nal. Os filhos Augusto e Lau-ro não tinham condições de as-sumir o jornal, que somente vol-tou a circular na década de1920/1930. Augusto com 25/30anos e Lauro com 15/20.

Veio Getúlio ditador de 1930

a 1945. O Mossoroense passoua sofrer perseguições. Augus-to e Lauro eram contra a di-tadura que, de tão forte,permaneceu por quinze anos.Uma pequena prova foi o queaconteceu em Mossoró, naapresentação de um artistado sul. Mandava a plateia es-crever qualquer coisa para eledizer, sem ver o que estavaescrito. Augusto da Escóssia,gozador da melhor estirpe, es-creveu e mandou o seu recado.O artista foi dizer o que es-tava escrito no último enve-lope e ficou titubeando: "is-so eu não posso dizer". E aturma: "diga, diga". O ar-tista, partidário da Revolu-ção de São Paulo, se entu-siasmou e gritou aos quatrocantos: "VIVA SÃO PAULO". Ime-diatamente a polícia entrouem cena, prendeu o artista ealguns políticos conterrâ-neos, suspeitos da autoriado escrito, como o médico JoãoMarcelino e o industrialFrancisco Queiroz. Escossi-nha, o autor, deixou o teatrocaladinho e incólume. A di-gressão foi feita para mos-trar os absurdos da forçapolicial.

O Mossoroen-se foi teste-munha do ata-que de Lampiãoa Mossoró,tendo publi-cado uma en-trevista como perigosocangaceiro Ja-raraca, de au-toria de Lau-ro da Escós-sia, entãocom 17 anos,entrevistaque serviu pa-ra a primeirapágina do jor-nal O Estado deS. Paulo.

Os seguido-res do Sr. JoãoCafé Filhoapoiavam a di-tadura. Entãochegou uma or-dem: "O Mosso-roense teriade passar porcensura a serfeita pelo Sr.Amâncio Leite".Augusto e Lauro não se subme-teram e preferiram fechar o jor-nal com a publicação de umanota que dizia que "os humi-lhados serão exaltados", comorealmente aconteceu. Em poucotempo caiu a ditadura, o paísvoltou à normalidade democrá-tica e entre mortos e feridosescaparam todos.

Durante grande parte do pe-ríodo da ditadura, o jornalnão circulou, somente voltan-do às ruas após a deposição dogoverno Vargas. Augusto da Es-cóssia falece no Rio de Janei-ro aos cinquenta anos de ida-de, restando a Lauro, aos 40/45anos a tarefa de continuarcom o jornal.

Entre os anos de 1945/1950o padre Mota, então prefeitode Mossoró, convocou uma reu-nião da "cúpula" mossoroense,no local onde hoje é o Banco doBrasil, com a finalidade dedar um jornal à cidade. Re-uniram-se liberais, perrepis-tas, cafeístas e outros is-tas, os quais financiariam tu-do para Mossoró ter um novo jor-nal. Boa vontade que esbarrouno nome. Lauro, meu pai, suge-riu o nome d'O Mossoroense. Oscafeístas não concordaram.Lauro se retirou e proclamouque poria o jornal nas ruascom o nome de O Mossoroense.Assim aconteceu e o jornal pro-metido pelo padre Mota e pelos

cafeístas nunca apareceu.Na redação d'O Mossoroense,

Lauro contou com a ajuda demuitos companheiros, como Jor-ge Freire, pai de Dorian, Jo-sé Augusto Rodrigues, Vingt-unRosado, Mário Negócio, Dix-sept Rosado e outros. O jornalvoltou às ruas feito tipogra-ficamente, com letras soltas,uma a uma, e impresso em má-quina plana Marinoni, que ho-je está no Museu. Lauro tevea ajuda na redação e oficinasde seus filhos Lauro Filho e Da-nilo, de seu cunhado FernandoCouto, todos bons tipógrafos,e tantos funcionários que tra-balhavam com o mesmo entusias-mo, como Nezinho, Leôncio, As-sis Coelho, Domingos Costa,Marcílio, José Ferreira, Anas-tácio, Surica, Expedito, Vi-cente Santiago (pai e filho),Seu Né, Joaquim Soares, Rai-mundo Luz, Massilon, Mauricio,Antonio Santiago, José Moba,Francisco e José Abel, AlbeciApolinário, Pedro, além de ou-tros, até que, adquiridas nomeu tempo, chegaram duas li-notipos.

Segundo a Linotipo do Bra-sil, O Mossoroense foi o pri-meiro jornal do interior do país

a adquirir asm á q u i n a sdesse mode-lo. Era o má-ximo em com-posição emlinhas parajornal, pas-sando a cir-cular duasvezes por se-mana e final-mente diá-rio. Antesdas linoti-pos, quandoeu falava emjornal diá-rio, meu paisempre per-g u n t a v a :"cadê os as-suntos? "e osanúncios? e"o noticiá-rio local?".No final dascontas, com acirculaçãodo jornaldiário, ele

sempre foi ocampeão em conseguir os

anúncios e o noticiário local. Nessa trajetória, o jornal

apoiou memoráveis campanhas,como a de Dix-sept Rosado pa-ra prefeito de Mossoró, pelaUDN. Dix-sept prefeito for-mou depois a chapa com SilvioPedrosa para vice ao Governodo Estado, para perecer poucotempo depois, no acidente deavião, com seu secretariado,nas águas do Rio do Sal, emAracaju.

Depois, no meu tempo, o jor-nal ainda fez as campanhas vi-toriosas para governador de Di-narte Mariz (UDN), Aluízio Al-ves (MDB) e Walfredo Gur-gel. (PMDB).

Levamos para a redação dojornal nomes que se firmaramno cenário jornalístico comoDorian Jorge Freire, Jaime Hi-pólito Dantas, monsenhor Rai-mundo Gurgel, padre HubertoBruening, João Batista Cascu-do e seu irmão José de Arima-téia (Tatá), Emery Costa, Xa-vier Vieira, Alberto Mendes,Nilo Santos, Walter Gomes, Ivo-nete Paula e tantos outros. Wal-ter foi descoberto por mim,quando fui professor de Por-tuguês do Instituto de Educa-ção de Mossoró e ele aluno. Omesmo aconteceu com IvonetePaula. Reconheci em ambos a veiajornalística e levei os doispara O Mossoroense, onde sefirmaram vitoriosamente. Ivo-

nete me apresentava como seuprimeiro patrão.

Depois dessa boa fase, vie-ram os militares e as enchen-tes do rio Mossoró. Nova sus-pensão do jornal, desta vez,não somente pela censura, maspelas enchentes, quando encon-tramos certa noite as depen-dências do jornal alagadas comcerca de um metro d’água co-brindo os fardos de papel. Foium drama prejudicial, a um cus-to muito alto, porém devida-mente consertado.

Foi nesse período que eu so-fri dois atentados. O primei-ro nas portas do jornal, quan-do foram desfechados doze ti-ros de calibre 38, felizmentesem o autor acertar qualquerdeles. Só divisei o fumacei-ro. Rechaçado com apenas umtiro, o atirador se evadiu.

O segundo foi às caladas damadrugada, no momento em que,geralmente, eu chegava ou saíada redação, alguém atirou e al-guém gemeu, não se sabendo quemteria sido autor ou vítima.

No mesmo período o jornalsofreu dois processos: um mo-vido pela ACDP, decidindo oJuiz, Dr. Olavo Maia, pela pu-blicação n'O Mossoroense da de-fesa da ACDP. A publicação foifeita. O segundo, movido pelomajor Francisco Bezerra Car-los, então Delegado de Polí-cia, contra mim, em vista dacampanha do jornal contra o jo-go, na qual era responsabili-zada a Delegacia de Polícia deMossoró, ocupada pelo major Be-zerra. Foi julgado improceden-te pelo Dr. José Augusto Del-gado, então Juiz de Direito deMossoró.

Não obstante estar morandona capital cearense e traba-lhando no Banco do Brasil, emFortaleza, toda semana eu via-java de ônibus para Mossoró,entrando no jornal às sextas-feiras à noite (22h30min),saindo somente às cinco horasda manhã do domingo.

Volta o país à normalidadedemocrática, o jornal voltoua circular, eu em Fortaleza eo "velho" Lauro já doente, emMossoró, não podia continuarna luta. Faleceu aos 83 anos,porém, antes disso, comu-niquei-lhe que sua neta maisnova, Fernanda, minha filha,havia decidido deixar a Facul-dade de Direito para fazer jor-nalismo. Foi motivo para umagrande satisfação dele. Satis-fação maior teria sido se eletivesse vivido mais um poucopara saber que a mesma neta, ho-je, é editora do caderno País,do jornal O Globo, do Rio deJaneiro.

Diante de todos esses fatosque, em qualquer dia desses se-rão contados por alguém commais detalhes, transferi o po-der acionário do jornal ao Dr.Jerônimo Rosado Cantídio, sen-do hoje seu editor o Dr. CidAugusto da Escóssia Rosado,jornalista e advogado, descen-dente dos dois fundadores dojornal: Jeremias da Rocha No-gueira e José Damião de SouzaMelo. Cid está à altura docargo, seguindo a tradição deseus antepassados, o que ser-ve para confirmar o que meupai um dia afirmou após a trans-ferência d'O Mossoroense: "ojornal está em boas mãos".

Hoje aos oitenta anos, vi-vidos quase sempre em sobres-salto, vejo que O Mossoroen-se está sendo feito com todasas condições de modernidade,em computadores, com tudo a quetem direito como compensaçãopelos velhos tempos.

É' esta, em resumo, na minhavisão, uma parcela da saga d'OMosoroense, nesses 140 anosde conturbada, porém vito-riosa existência.

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Saga de 140 anos

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Lauro da Escóssia Filho

Jeremias, aalém de eescrever mmuitobem, eera aadvogado

provisionado pelo TTribunal ddePernambuco ee tinha ccomo

companheiros ddeaventura oo ppadreportuguês JJoséDamião dde SSouzaMelo, RRicardoVieira ddo CCouto e AAlexandre

Soares ddo CCouto.Todos eescreviam

muito bbem.

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Com o avanço da ida-de de seu pai, Lauroda Escóssia, e o tra-

balho em Fortaleza, Lauro Fi-lho decide transferir o poderacionário do jornal ao médi-co Jerônimo Rosado Cantídio,ligado ao grupo do deputado fe-deral Jerônimo Vingt RosadoMaia, adversário político dosLauros (pai e filho).Nessa 4ª fase, Dorian Jor-

ge Freire continuou à frentedo jornal. O Mossoroense man-teve a linha noticiosa, masampliou a militância políti-co e o espaço para opinião.Durante esse período, hou-

ve o salto da tipografia pa-ra a impressão offset, com acompra de uma máquina Big

Chief 29 e do primeiro foto-lito, ao jornal Estado do Ma-ranhão. Foi também durante a admi-

nistração de Dorian que o jor-nal se mudou para a sede pró-pria, na qual permanece atéhoje, na rua com seu nome: Tra-vessa O Mossoroense.Quando deixou a Prefeitura

de Mossoró, em 1982, João New-ton da Escóssia, filho de Au-gusto, também passou pelo jor-nal, na condição de diretoradministrativo. Segundo elepróprio, sua permanência foide aproximadamente um ano, am-pliando as ações do departa-mento comercial com a venda,somente no primeiro período,de 500 assinaturas.

m 6 de maio de 1984,o jornal O Estado deS. Paulo lamentamais um fechamento

do O Mossoroense, aos 112anos, e estranha o fatodas "forças vivas da cida-de e do próprio Estado po-tiguar "não haverem se ma-nifestado para assegurara continuidade da circu-lação do velho órgão deimprensa":

"Continua repercutindona imprensa do interior anotícia, que publicamosrecentemente, do fechamen-to do O Mossoroense, diá-rio de Mossoró, RN, o ter-ceiro jornal mais antigodo país, em circulação há112 anos. Mais antigo doque ele são O Diário dePernambuco, também o maisantigo da América Latina,

e o Jornal do Commercio,do Rio de Janeiro, que jáfoi chamado de 'ata da vi-da brasileira', por circu-lar na Corte e no velhoDistrito Federal. Se não estamos equivoca-

dos, o lugar, cronologica-mente, passa a ser ocupadopor O Estado de S. Paulo.Não nos rejubilamos, po-rém, pelo amargo fim do OMossoroense e de sua glo-riosa tradição de porta-voz da Capital do Sal e deelo da chapada do Apodicom o mar. Antes pelo con-trário. Cabe-nos o direitode estranhar, vivamente,que nenhuma providênciatenha sido tomada pelasforças vivas da cidade edo próprio estado poti-guar, a fim de assegurarsua circulação.

Longe de nós pleitearinjeções de recursos pú-blicos, federais, esta-duais ou municipais paramantê-lo vivo, pois se-ria cerceá-lo em sua li-berdade.

Mas há outras saídasperfeitamente razoáveis,que permitiriam a conti-nuidade do velho órgão esua orientação imparcial.Assim é que, lamentando ofato, nossos confrades daTribuna do Norte, de Pin-damonhangaba, o mais anti-go jornal do interior pau-lista, lembrava para o ca-so o mesmo remédio que osalvou da ruína. Faz pre-cisamente quatro anos queo prefeito José MariaAlckmin, hoje deputado fe-deral, sancionava a Lei nº1.672, de 6 de maio de

1980, instituindo a Funda-ção do 'Dr. João Romeiro'(nome do fundador do jor-nal), que assegurou a so-brevivência daquele verda-deiro patrimônio da im-prensa brasileira.

Não é possível, comolembravam os nossos con-frades daTribuna do Norte,que se deixe perecer sim-plesmente um jornal quedurante 112 anos - aindaque tenha tido, como tudoo que é humano, seus errose falhas - se fez credorde 'relevantes serviços àvida, ao povo, à cidade deMossoró e ao próprio RioGrande do Norte'. Princi-palmente nesta hora em quea comunicação massiva -acrescentaríamos - ameaçaduramente a identidade dascidades brasileiras".

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Especial 140 anos

Os novos donos e a modernização gráfica

O sonho transformado em realidade

O Estado de S. Paulo noticia mais um fechamento do O Mossoroense

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Durante eesse pperííodo, hhouve oo ssalto dda ttipografia ppara aaimpressão ooffset, ccom aa ccompra dde uuma mmááquina BBig CChhief 229e ddo pprimeiro ffotolito, aao jjornal EEstado ddo MMaranhhão..

Na década de 1970quando se falava em im-pressão offset (proces-so de impressão plano-gráfico que imprime fo-lha a folha, onde os tex-tos no papel são grava-dos por meio de laser etransferidos a laserpara a chapa, sem a ne-cessidade de fotolitointermediário) aquilosoava como algo muitodistante da realidade.E para os funcionáriosdo jornal O Mossoroen-se, um periódico do in-terior do Estado, en-tão, a offset era umautopia. Mas, foi acreditando

em tornar o sonho rea-lidade que o jornal ado-tou no final do ano de1977 a impressão offset.A modernização ousadapara os padrões da épo-ca foi proposta pelo en-tão diretor, o jornalis-ta Dorian Jorge Freire.

Quando Dorian chegoude São Paulo para diri-gir o jornal, ele trou-xe consigo a ideia detrazer a impressão off-set. "Outros diretorestambém tinham essaideia, mas não tinham co-mo botar em prática",lembra o funcionárioFrancisco Guerra. Francisco Guerra re-

corda de quando Lauroda Escóssia chegou àequipe de impressão edisse: "Em breve vamoster a offset", a equi-pe ficou surpresa. "Agente nem sabia o queera isso", confessa ofuncionário, relem-brando as dificuldadesenfrentadas pela dire-ção para concretizaresse projeto.

Com muito empenho,Dorian Jorge Freire e Ro-sado Cantídio encabeça-ram o processo de aqui-sição da máquina. Eles

foram ao Maranhão e com-param a offset. De lá,junto com a máquina veioum técnico para orien-tar a equipe de impres-são sobre como utilizaro equipamento e o pro-cesso que seria desen-volvido. E no início de1978, começou a impri-mir os primeiros jornaisem offset. A tecnologiafacilitou, em muito, oprocesso de impressão.

Antes, a diagramaçãoera artesanal. Os dia-gramadores "montavam"as páginas com cola desapateiro e palito de pi-colé. Eles cortavam ascolunas, pegavam uma fo-lha de cartolina e iammontando do jeito quequeriam, deixando um es-paço onde seria coloca-do a foto.

Depois desse proces-so, iniciava um outro:o da impressão. Francis-co Guerra lembra que o

jornal tinha máquina comum teclado com 90 carac-teres diferentes, todaem tipo de cobre, "eramumas matrizes, que per-corriam essa máquina iame voltavam com a caldei-ra de chumbo e imprimiamesse chumbo nos carac-teres das matrizes e iasaindo linha por linha",diz Guerra e complemen-ta: "Cada página de chum-bo pesava em torno de50kg, eram dois homenspara pegar a página pa-ra colocar na máquina Ma-rinoni".

Guerra lembra que pa-ra fazer um jornal deoito páginas, a equipecomeçava às 7h da manhãe muitos vezes às 3h damadrugada ainda não ti-nha terminado. "Com achegada da offset o sis-tema de impressão deu umaavançada e conseguimosagilizar o processo deimpressão", destaca.

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reabertura, mar-cando a 5ª fase,aconteceu em 1985. Otambém médico Laíre

Rosado Filho, diretor-presidente desde então,recebeu de presente asações do primo Rosado Can-tídio e fez com que, apósa enchente daquele ano, OMossoroense voltasse acircular, desta vez diri-gido por Eder Andrade deMedeiros.Naquele ano, a enchente

do rio Mossoró alagou boaparte do centro da cidade.O andar térreo da sede dojornal, que fica a poucosmetros do leito do rio,foi inundado e as antigascoleções do O Mossoroenseque estavam guardadasno prédio fo-ram

destruídas. Na administração de Ed-

er Medeiros - que durouaté 1987 -, o diretor-pre-sidente do jornal, LaíreRosado, comprou, em Reci-fe, o primeiro terminal devídeo denominado FormaComposer, substituto dasmáquinas eletrônicas ET-125 que, por sua vez, ha-viam substituído as lino-tipos, nos quais os digi-tadores compunham as ma-térias datilografadas naredação.De 1987 a 1989, o

jornalista Emery Costaassumiu a direção do OMossoroense. Nessa épocafoi implantado o segundoterminal Forma Composer.

A década de 1980é o ponto cul-

minante dainformati-zação dosjornais

brasileiros. Os grandes,desde a década anterior,já experimentavam a mani-pulação de textos por meiodos terminais de vídeo.Após Emery Costa,

sucederam-se os seguintesdiretores: José Walter daFonsêca (1989), Cid Au-gusto (1989 a 1991), PedroAlmeida Duarte (1991) eValney Moreira da Costa(1992). Na administração de La-

rissa Daniela da EscóssiaRosado, de 1992 a 1998,foi comprada uma segundaimpressora offset, modeloATF Chief 25. O jornal ga-nhou grande impulso em suainformatização, com acompra de computadoresPCs e impressoras a laser.A partir de 1995, a dia-gramação e a redação tam-bém foram informatizadas. O primeiro microcompu-

tador empregado na reda-ção do jornal foi um XT,utilizado por Cid Augustopara digitar matérias po-liciais. Laíre Rosadoquem o levou. De início,houve reação dos redato-res, que preferiam as ve-lhas máquinas de escre-ver. O marco mais importante

desse período foi a demo-cratização da linha edi-torial. Sem perder suascaracterísticas políti-cas, O Mossoroense, gra-ças ao esforço que envol-veu desde os proprietá-rios aos servidores maishumildes, ampliou os seushorizontes, abrindo espa-ços cada vez maiores parapessoas de outras corren-tes de pensamento. Com a saída de Larissa,o jornal passou a ser

administrado peloprofessor José

Cristóvão de Lima, tendoAlvanilson Medeiros Car-los na gerência. Nestaúltima gestão, vieram no-vos avanços no campo dainformática, com a insta-lação de micro-computadores avançados emtodos os setores do jor-nal. Na década de 1990 come-

çaram as transformaçõesque a grande imprensa jásofria desde 1985, com aprática de um jornalismomais técnico. O dia 7 de dezembro de

1997 marca a última mu-dança no formato do jor-nal. O Mossoroense, destandard, voltou ao for-mato de 32cm x 47cm ado-tado em décadas passadas.O projeto foi elaboradopelo diagramador PauloCésar Rodrigues. Em 24 de agosto de

1999, O Mossoroense deuum importante passo nasua trajetória, que foi ainauguração de sua páginana Internet, possibili-tando a leitura diária desuas notícias em váriaspartes do mundo. Por O Mossoroense pas-

saram grandes nomes daintelectualidade e dojornalismo do Estado.Hoje, ele é um jornal comadministração, redação ediagramação completamen-te informatizadas. Ape-sar da idade, é jovem nasideias e crê no culto aopassado como único meiode planejar o futuro. Co-mo sempre, enfrenta di-ficuldades financeiras,mas tem fôlego para lutarpor mais algumas cente-nas de anos pelos "inte-resses do município, daprovíncia e da humanida-de em geral".

Em 1985 houve em Mossoróuma enchente muito grande eo jornal ficou completamen-te alagado. Devido ao inci-dente, o periódico fechoupor 12 meses. "Ninguém sabia de nada, até

a direção foi pega de sur-presa. Soubemos do fechamen-to através de uma nota naTribuna do Norte. Muitos fun-cionaram ainda vieram tra-balhar, mas o jornal estava

fechado", relembra o funcio-nário Francisco Guerra, oGuerrinha para os colegas deredação. Guerra relata que na épo-

ca foi feito um acordo entrea direção do jornal, os fun-cionários e o Ministério doTrabalho para que quando ojornal reabrisse em 12 mesestodos os funcionários queformavam a equipe do perió-dico teriam o direito de vol-

tar por lei, e foi o que acon-teceu.

Nesse período em que fi-cou fechado, muito foi oesforço para fazer com queo jornal O Mossoroense vol-tasse às ruas. Guerra serecorda que Laíre Rosado ti-nha programado uma data pa-ra a reabertura do jornal,mas para conseguir cumpriro prazo estabelecido foipreciso a direção e os fun-

cionários superarem váriosobstáculos.

"Três ou quatro dias antesda data tudo praticamentetinha dado errado. Passamostrês quatro dias sem dormir.Era um compromisso meu e detodos que faziam o periódi-co fazer com que ele reabris-se na data estabelecida. E ojornal saiu no dia previstoe foi uma alegria para todos",conclui Guerrinha.

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Especial 140 anos

O presente de Laíre Rosado e os novos desafios do velho jornal

Ressurgindo das águas

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Era início do ano de1997. O Mossoroense, umdos mais antigos jor-

nais do Brasil, tinha uma his-tória para contar e preser-var. Como toda empresa decaráter familiar, isto é, ad-ministrada por membros da fa-mília detentora da maioriado capital social, logo, comuma visão voltada para osinteresses do grupo - o queé perfeitamente normal -, semfoco no interesse empresa-rial, vinha se deparando comdificuldades de gestão, querseja no campo das finanças,da administração do patri-mônio ou dos recursos huma-nos. Nada diferente de ou-tras tantas empresas que seveem, de repente, tolhidaspelas transformações que seoperam cada vez mais rapi-damente na sociedade e in-fluem diretamente no mundocorporativo. São mudançastecnológicas, de processosde gestão, de novas concep-ções das relações entre osdiversos parceiros que in-teragem no dia-a-dia da em-presa, além de múltiplas in-fluências externas que re-querem novas abordagens e umacompreensão sistêmica darealidade local e global quedefinem a matriz situacio-nal de uma empresa. Em ou-tras palavras, são exigidasnovas soluções para os ve-lhos e para os novos proble-mas, mas com uma visão téc-nica e fundamentada em teo-rias de gestão. A grande sa-cada da administração d'OMossoroense, naquele momen-to, foi compreender que ofazer administrativo, àque-la altura, requeria um ol-har externo, requeria a vi-são de alguém de fora, quevisse os problemas como e-les realmente eram e não ti-vesse complacência com os er-ros e as falhas de inúmeroscolaboradores e parceiros -vícios adquiridos ao longodo tempo -, que a esta altu-ra se tornaram tão próximose "tão amigos", "quase dafamília", que ficaria difí-cil pensar em repreensões oucorreções de qualquer natu-reza. Foi nesse contexto quefomos contatados para pres-tar consultoria ao O Mosso-roense, objetivando redimen-sionar os processos de ad-ministração e criar uma cul-tura voltada para os resul-tados que se desejava. O tra-balho estendeu-se também àRádio FM 93, à época FM 94,administrada no mesmo pro-cesso como se as duas fossem

uma única empresa.O esforço que fizemos con-

tou com a participação ativade muita gente, que se envol-veu nas mudanças e as encaroucomo um desafio a ser supera-do. Desde os membros da admi-nistração, estendendo-se aosfuncionários de todos os ní-veis, tiveram papel importan-te (evito nomes para não come-ter injustiças com omissões).E aqui registro a total

confiança que nos foi depo-sitada pelos donos, Dr. Laí-re Rosado e Sandra Rosado eda então diretora-geral La-rissa Rosado, colocando emnossas mãos o controle detodos os processos das em-presas, inclusive o finan-ceiro, condição necessáriapara que as decisões fossempostas em prática como de-cisões superiores e assim,sem poderem ser contestadasno nível de execução, tives-sem chancede lograrêxito.As pri-

meiras me-didas quet o m a m o sforam: a)mapear osprocedi-mentos re-lativos àsfinanças(fatura-m e n t o ,sistemasde cobran-ça, paga-mento, ní-vel de en-dividamen-to, plane-j a m e n t oorçamentá-rio etc.); b) identificarquem fazia o que, e se comoera feito atendia às neces-sidades de operacionaliza-ção das empresas. Essas açõesserviram de fundamentaçãopara o planejamento do mo-delo operacional, do esta-belecimento de rotinas ereestruturação do quadro deservidores. Surgiu a partirdaí um modelo de gestão quedava conta do tamanho e dacomplexidade das empresas,a redefinição do quadro defuncionários e identifica-ção de competências. Cada umdeveria saber exatamente oque fazer, como fazer e a quemprestar contas. Antes O Mos-soroense contava 47 empre-gados (inclusos prestadoresde serviços) e Rádio Resis-tência com 18. Do total de65 pessoas, o quadro funcio-

nal passou a ter menos de 50.Permaneceram todos os que ti-nham um papel no novo padrãode gestão e, principalmen-te, tinham o compromisso como jornal. Muitos foram re-locados em novas funções, re-speitando-se aptidões e qua-lificações. Deu-se preferên-cia aos valores internos jádisponíveis, quase não ha-vendo necessidade de novascontratações, salvo paracargos que exigiam especia-lização, como é o caso do di-retor-geral Alvanilson Car-los - aqui citado tão somen-te para assinalar sua impor-tância no processo de rees-truturação -, que foi pornós levado ao jornal comotreinando e a quem delega-mos o papel de continuar otrabalho que iniciamos. Al-vanilson ainda atua como des-tacado diretor.

Seguiu-se um longo proces-so de trei-n a m e n t o .Foram inú-meras reu-niões, se-minários ecursos, como propósitode estabe-lecer umsistema devalores in-ternos e ocompromis-so com amissão dojornal, jáperfeita-mente iden-tificada.Faltava es-sa ser assi-milada pe-los colabo-

radores, o que se conseguiuem alguns meses. O jornal,no primeiro trimestre de1998, já contava com uma equi-pe afinada, focada no inte-resse geral e devidamentequalificada.

Outra vertente de ações sevoltara para a questão doscustos do jornal. Dentre asvárias medidas destacamos aque culminou com a altera-ção do formato do O Mosso-roense. Citando trechos dorelatório apresentado aosdiretores em julho de 1997..."a) redução de custos - per-cebemos que o peso do papelde impressão é excessiva-mente alto, pelo fato de queo dimensionamento da folhade impressão causa um des-perdício muito grande do in-sumo. Como não é possíveladquirir o papel nas dimen-

sões desejadas, resta a pos-sibilidade de adaptar o for-mato de impressão ao papel.(...) A adoção do formatoadaptado a meia folha de pa-pel, reduziria os custos comesse item em 50 % (cinquen-ta por cento), (...) As im-plicações de ordem estéti-ca, bem como a influênciaque a alteração de formatopoderia ter no conceito dojornal, devem ser analisa-das com muito cuidado, poisa mudança que se propõe é fun-damental para a conjunturaatual do jornal e sua sobre-vivência. A discussão deve,também, para que possa terassegurado seu êxito, serdiscutida com os profissio-nais responsáveis pela pro-dução do jornal, tais comoeditores, redatores, compo-sitores, impressores, etc.,de forma a se vincular a efe-tiva participação de todosnas modificações, caso se-jam aceitas".

A partir dessas pondera-ções o formato do jornal foimodificado. Hoje, pode-seafirmar, não teve nenhum im-pacto negativo no conceitoou no conteúdo do jornal,somente tendo contribuídopara a sua sustentabilidadeeconômico-financeira.

Muitas outras ações foramdeterminantes para um re-sultado positivo em termosde funcionamento do jornal:controles de custos, rede-finição de estratégias co-merciais, criação de siste-ma de caixa e tesouraria in-tegrados - tudo sob um rigo-roso controle contábil -, re-modelagem de rotinas inter-nas, treinamento permanentede funcionários, estabele-cimento de um organogramafuncional ágil e enxuto, eprincipalmente, a adoção deum sistema de remuneração combase no mérito e nos resul-tados individuais e coleti-vos, afora muitas outras,consolidaram uma maneiratécnica e eficiente de ad-ministração que nos parece,ser importante até hoje. Enão somos nós que dizemosisso, são depoimentos de pes-soas que foram contemporâ-neas do processo e até hojeatuantes no jornal, que de-claram "que o trabalho ren-de frutos até hoje". Uma gra-ta constatação para nós, quemodestamente nos sentimosorgulhosos e, sobretudo,honrados em fazer parte, mes-mo que minimamente, da his-tória deste jornal mais quecentenário.

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JJoosséé CCrriissttóóvvããoo ddee LLiimmaaConsultor

O Mossoroense:

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oi aos 13 anos deidade que FranciscoGuerra teve a opor-

tunidade de trabalhar nojornal O Mossoroense comoauxiliar de linotipista,através de um amigo em co-mum com Lauro da Escóssia,que era o diretor do jornalna época, ele foi chamadopara vir para compor aequipe do periódico. Desdeentão, "Guerrinha", como écarinhosamente chamado pe-los colegas de redação,construiu uma bonita his-tória de trabalho e fide-lidade ao jornal. Foram quase 40 anos de

dedicação a este centená-rio, onde passou por fun-ções diversas como opera-dor de linotipo, atuou naimpressão, fotomecânica(fotolito), auxiliar dediagramação e chefe deoficina. Atualmente, Guer-rinha está afastado pormotivos particulares, mas,conforme ele mesmo diz,nunca deixou de ser ligadoa este centenário, "porquesempre me senti em casaaqui", declara.O último comentário é

fruto do tempo em que ofuncionário passava desem-penhando suas funções."Nós chegávamos às 7h esaíamos às 4h do outrodia, porque não dava prair em casa e voltar parafazer o trabalho do outrodia. Então, dormíamos aquimesmo. Nos dedicávamos 24horas para possibilitarque o leitor tivesse a in-formação diariamente",lembra.Do trabalho simples à

grandeza de um homem quemuito dedicou seus dias àelaboração deste periódi-co, é que o jornal O Mosso-roense reconhece Guerra

como um dos mais importan-tes elos do seu crescimen-to nos dias de hoje. Uma das maiores provas

de fidelidade de Guerrinhaao jornal, foi quando naépoca em que ele trabalha-va nos Correios teve de op-tar devido à incompatibi-lidade dos horários entrea empresa pública, ondetinha estabilidade, ou ojornal O Mossoroense.Guerrinha não hesitou naescolha e optou pelo se-gundo. "Não me arrependonunca da escolha", frisa. Guerrinha relata que tevea oportunidade de traba-lhar com bons diretores,"mais da metade dos que as-sumiram a direção destecentenário eu pude acompa-nhar, começando por Lauroda Escóssia, passando porDorian Jorge Freire, JoãoNewton da Escóssia, EderMedeiros, Emery Costa,Walter Fonseca, Pedro Al-meida, Valney Costa, La-rissa Rosado e Cid Augus-to", conta. Segundo ele, uma das ca-racterísticas do centená-rio é o carinho e o empenho que seus funcionários prestam à empresa. "A dedicação com que trabalhamos no jornal sempre foi uma marca do O Mossoroense. Mesmo com as dificuldades da época, sempre a gente buscava uma solução pras coisas, isso nos unia nos momentos de dificuldade", diz.

“Guerra”: uma história de amor e fidelidade

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á quase 20 anos trabalhandono jornal O Mossoroense, orevisor Benjamim Linhares

descreve a relação com o trabalhocomo um "casamento". "Adquiri nes-se tempo todo um apego tão grandeque por mais que eu queira nãoconsigo me dissociar dele", decla-ra o profissional. "Vivemos em todos esses anos

sabores e dissabores, altos e bai-xos, mas sobrevivemos e vencemosas tormentas", descreve o revisor,resumindo toda a sua trajetóriano O Mossoroense velho de guerra. Ele conta que quando iniciou

sua vida profissional no jornal

os redatores trabalhavam na sau-dosa máquina de escrever, pois com-putador ainda era novidade na nos-sa cidade. E destaca que na épocaera uma dificuldade para colocaro jornal nas ruas, o trabalho ini-ciava pela manhã cedo e adentra-va à madrugada. "Hoje tudo está maravilhoso,

além de computador há também a in-ternet para você trabalhar semter muito trabalho", afirma. Benjamim Linhares enfatiza que

a resistência é a principal mar-ca do jornal O Mossoroense. "Pos-so dizer que para um jornal im-presso resistir mais de cem anos

no Brasil a crises, concorrênciase inúmeras dificuldades tem queter bravura, heroísmo", comentao profissional.

E complementa: "O ambiente emtodos os setores é de muita cor-dialidade, todos (a maioria) tra-balham felizes. Eu costumo dizerque se o salário fosse bom não te-ria emprego melhor do que este.Para encerrar gostaria de para-benizar o jornal O Mossoroensepelos seus 140 de existência etorço para que ele nunca cerresuas portas como já aconteceu emoutras épocas de muitas dificul-dades", finaliza.

Revisor descreve a relação como trabalho como um "casamento"

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om 25 anos de experiên-cia no jornal O Mosso-roense, o chefe da dia-

gramação, Paulo César Rodri-gues, é conhecido pela criati-vidade imprimida nas primeiraspáginas do periódico. Desde1987, quando iniciou sua tra-jetória no jornal, Paulo Cé-sar, o PC como é chamado peloscolegas de redação, vem apri-morando o trabalho de diagra-mação, acompanhando todas astransformações ocorridas emmais de duas décadas. Paulo César lembra que quan-

do chegou ao jornal, o proces-so de diagramação era pratica-mente artesanal. "Nós literal-

mente montávamos as páginas.Colávamos os textos e fotoscom cola de sapateiro e erafeito a montagem página porpágina", relembra. Dessa tra-dição, surgiu o termo "montarpágina", utilizado até hojepara descrever o processo dediagramação.Devido a criatividade e pro-

fissionalismo, todas as capasdo jornal O Mossoroense sãoconfiadas a Paulo César, quecorresponde à confiança depo-sitada à altura. As capas te-máticas do dia 1º de outubrode 2006: "Vote, Brasil"; 7 demaio de 2008: "Silêncio! Elesnão querem ouvir sua voz; dodia 2 de julho de 2011, quandocompletaram 100 mortes em Mos-soró, são alguns dos exemplosdo talento do diagramador.

Entre tantos trabalhos, Pau-lo César informa que um dosque mais marcaram foi a capado dia 13 de dezembro de 2011,que tem a silhueta de SantaLuzia com o povo de Mossorópreenchendo a imagem. "Foi umadas melhores capas para mim",destaca. Paulo César enfatiza que uma

das coisas que mais gosta dojornal é a liberdade de cria-ção. "Aqui todos podem ousar,propor novidades", destaca.Ele define o jornal O Mosso-roense como parte de sua vida.O jornal é minha vida, eu en-trei aqui antes dos 18 anos deidade e é aqui que quero meaposentar. Já me oferecerammais dinheiro, mas daqui eunão saio, não troco o que te-nho aqui por nada", finaliza.

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Criatividade e ousadia na primeira página

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Crescimento e nova roupagemdia 30 de junho de

2001 foi uma datamarcante para o

jornal O Mossoroense. Emuma das maiores ediçõesda história, em um exem-plar com 64 páginas, ocentenário velho de guer-ra apresentava aos leito-res um "novo jornal", comuma ampla reforma gráficae editorial. Na data em que comple-

tava a edição 11 mil, ojornal O Mossoroense ama-nheceu nas bancas e nascasas dos assinantes maisrejuvenescido do que nun-ca. Com um novo projetográfico, novas edito-rias, novos cadernos com-plementares, novos colu-nistas, mas mantendo aessência que o acompanhou

desde a publicação do seuprimeiro exemplar: a mis-são de levar a notícia aoleitor com precisão ecredibilidade. Segundo Emerson Linha-

res, diretor de redaçãona época, o novo projetofoi resultado de uma"operação de guerra", quedurou 45 dias. "Desdequando assumi a editoriafomos alimentando novasideias para incrementar ojornal", afirma. Foi en-tão, que foi desenvolvidoo novo projeto, mais mo-derno, acompanhando astransformações da socie-dade. Nesta nova etapa as

cidades da região ganha-ram espaço para divulgaras notícias de cada mu-

nicípio com o cadernoRegional. A partir deentão, o jornal amplioua circulação para as ci-dades da região Salinei-ra, Médio e Alto Oeste,e o Vale do Açu. Alémdisso, também foram im-plementados os cadernosMais TV e Escola. A edição especial ainda

trouxe o depoimento defuncionários, colabora-dores e parceiros quecontribuíram para a reno-vação. O periódico tambémcontou com depoimentos deprefeitos da época de di-ferentes municípios daregião, que passariam aacompanhar as notíciasdiárias do jornal cente-nário. No editorial da edição

especial, a equipe dojornal comemora a novafase. "Respaldado num ou-sado e moderno projetográfico-editorial, ojornal O Mossoroense ini-cia mais uma nova fasedessa trajetória, cujopasso inicial foi dadopor Jeremias Nogueira daRocha em 1872". Emerson Linhares des-

creve que esse foi um mo-mento muito importantepara o jornal. "Investi-mos em publicidade, fi-zemos uma série de reu-niões e com muito traba-lho conseguimos lançar ojornal mais moderno",diz. Modernização essaque acompanha a filoso-fia do jornal até os diasde hoje.

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Transformar cenas de crimeem verdadeiras obras de ar-te. A sensibilidade de ver odetalhe da fotografia e aretratar o submundo policialsem ser chulo e ainda encan-tar os olhos do leitor é, semdúvidas, a principal carac-terística do repórter-fotográfico Luciano Lellys.Há 25 anos no jornal O Mosso-roense, o profissional pas-sou por boa parte das trans-formações vividas pelo cen-tenário. Luciano Lellys começou sua

vida profissional em 1988,acompanhando os repórterespoliciais Edmilson Lucena ePaulo Wagner, à época na rá-dio Difusora. O primeiro assalto a banco

em Mossoró e umas fotos dofamoso "Falcone" serviram depassaporte para o jornal OMossoroense. Desde então,foram muitas ocorrências,muito trabalho e belíssimasfotos que ilustraram inúme-ras capas do centenário. O talento e o trabalho do

repórter-fotográfico ultra-passaram os limites de Mos-soró e suas fotografias jáestamparam a capa do jornalFolha de S. Paulo. Dentretantos trabalhos e cobertu-ras de crimes, uma das quemais marcaram foi o assaltoao Banco do Nordeste do Bra-sil (BNB), em Assú, na déca-da de 1980."Fiquei 24h em frente ao

banco acompanhando toda amovimentação do assalto.Lembro que fiquei atrás deum poste que era a minha úni-ca proteção em caso de trocade tiros entre o criminoso ea polícia. Gosto de acompa-nhar as matérias com emoção,

apesar do risco é uma satis-fação muito grande fazerparte dos aconte-cimentos",afirma. Com mais

de duas dé-cadas de ex-periência nojornal OMossoroense,LucianoLellys relem-bra das difi-culdades dese fazer otrabalho defotografia nojornal nas dé-cadas de 1980 e1990. "A pessoatinha que fazera foto, sabermexer em amplificador, reve-lador, era um processo demo-rado e trabalhoso. Hoje, étudo muito mais fácil", des-creve Luciano. Ele comple-menta que a facilidade notrabalho fotográfico trazidapela tecnologia fez com quea qualidade de muito mate-rial fotográfico nas publi-cações caísse um pouco. "Hoje, qualquer pessoa

compra uma máquina digital ese acha fotógrafo. E não ébem assim. O trabalho de fo-tografia exige conhecimento,experiência, dedicação e,acima de tudo, a sensibili-dade para perceber o detalhedo momento e na hora certafazer uma fotografia quepossa repassar uma informa-ção. Pois, a fotografia nojornalismo tem a missão nãosomente de ilustrar a pági-na, mas de complementar ainformação da matéria", pon-dera.

O talento diante do crime

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Pioneirismo na internet

Transição para o jornal On-line em 2011

uando o termo jor-nalismo na internetsurgiu, na década de

1990, mais uma vez foi de-cretada a "morte" do jor-nalismo impresso. Em meioa essa "ameaça" muitos jor-nais viam a internet comoum inimigo e resistiam emaderi-la, com medo de se-rem extintos pelo novo meiode comunicação. O pensamento comparti-

lhado pela maioria dos jor-nais não era comum ao dadireção do jornal O Mosso-roense. Apesar da muita ida-de, o periódico sempre te-ve pensamentos contempo-râneos e uma visão futu-rista. E foi por essas ca-racterísticas, que enquan-to todos tinham na inter-net uma inimiga mortal, OMossoroense a viu como alia-da e foi o primeiro jornala se lançar na rede de com-putadores. O site do jornal O Mos-

soroense foi lançado em

1995, no mesmo ano da cria-ção do primeiro site jor-nalístico no país, o Jor-nal do Brasil. Na tendên-cia do pioneirismo, o cen-tenário também foi o pri-meiro jornal fora do eixoRio de Janeiro-São Paulo afazer parte da galeria doUniverso On-Line (Uol), umdos maiores portais de no-tícias do Brasil. O Mossoroense ainda foi

o primeiro jornal nacidade a se apresentarna Internet em PDF, pa-ra que você leia o jor-nal com a fotografia, damesma maneira que ele éapresentado na versão im-pressa. No início de sua vida vir-

tual, o jornal O Mossoroen-se era atualizado pelo web-master Cliff Oliveira."Quando fechava o jornal,2h da manhã, o editor na épo-ca ia deixar o disquete comos textos em minha casa. Ede lá mesmo fazia a atua-

lização do jornal", conta.Ele lembra que demorava emmédia uma hora para atua-lizar o material. Cliff Oliveira relata

que naquela época era di-fícil acompanhar o acessoà página virtual. "Não tí-nhamos ferramenta de acom-panhamento de acesso. O si-te tinha um pequeno con-tador de visitas que nãoera tão preciso. Mesmo as-sim, podemos afirmar quenós tínhamos quando ini-ciamos o site, uma médiade 100 visitas diárias, oque naquela época era umgrande número de acessos",diz. Para o profissional foi

uma ousadia muito grandedo jornal se lançar no mun-do virtual naquela época."A internet era vista comoinimiga, demorou até servista como aliada. E o jor-nal O Mossoroense teve es-sa visão e foi o pioneiro aentrar para a era digital",

diz Oliveira. O jornalismo na internet

mais que uma prova da ou-sadia e coragem do jornal,era a concretização de umsonho do seu diretor LaíreRosado. Segundo ele, mes-mo com todas as dificulda-des, a direção manteve a de-cisão revolucionária de co-locar o jornal na internete o esforço foi recompen-sado. "Eu me lembro de uma emo-

ção que eu tive quando es-tava em uma missão parla-mentar em Santiago, no Chi-le, e fui acessar o jornalO Mossoroense. Vários jor-nalistas que cobriam o en-contro ficaram espantados,sem saber como um jornalda cidade do interior doRN, do porte de Mossoró,já estava informatizado,já estava sendo lido portodo o mundo, o que nãoacontecia com muitos jor-nais no Brasil", declarouLaíre.

Q

empre com a visão fu-turista e o desejo deacompanhar as trans-

formações da sociedade, ojornal em 2011 iniciou umanova era na tecnologia di-gital: o jornalismo on-li-ne. O projeto, também fru-to de um desejo antigo dodiretor-presidente LaíreRosado, vinha sendo traba-lhado há cerca de ano e seconsolidou como opção dejornalismo dinâmico e ins-tantâneo,inerente aos no-vos tempos.No ar desde 29 de abril

de 2011, o novo site dojornal O Mossoroense está

no ar, levando ao leitor onoticiário em tempo real eacompanha tendência dojornalismo mundial, entre-tanto,sem eliminar a ver-são impressa.O site oferece as notí-

cias mais importantes àproporção dos acontecimen-tos dos fatos e continuadisponibilizando o conteú-do do jornal impresso. Alémdas editorias da versão im-pressa (Cotidiano, Econo-mia,Esporte,Polícia, Polí-tica e Regional),a páginadispõe ainda de notícias deBrasil e do mundo com osmais relevantes fatos bra-sileiros e internacionais. O novo site do O Mosso-

roense fortalece o projetobem-sucedido de jornalismona internet. Além das notí-cias, a página possibilitauma maior interatividadecom o leitor, com espaçopara comentários, enquetese sugestões.

A home-page registra umgrande número de visitasdiárias, segundo o webmas-ter Argolante Lopes.Como oleitor pode verificar noendereço www.omossoroen-se.com.br,o novo site éleve,de fácil navegação edinâmico.

Laíre Rosado destacamais uma vez que O Mosso-roense inovou em matériade jornalismo."Depois de

ser o primeiro jornal adisponibilizar conteúdo nainternet,O Mossoroense re-nova seu pioneirismo aodispor de notícias tambémem tempo real",frisa.

NOVIDADESMas, apesar dos bons re-

sultados no mundo da in-ternet, o jornal O Mosso-roense ainda não se deu porsatisfeito e prepara umnovo projeto de site para opróximo ano. A proposta éampliar o número de notí-cias on-line e montar umaequipe de plantão aos fi-nais de semana, com o in-tuito de manter o leitorbem informado 24h por dia,todos os dias da semana.

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om quase 130

anos de história,

já tendo passado por uma

série de transformações

ao longo de mais de um

século de existência, o

jornal O Mossoroense

iniciou uma nova etapa

no ano de 2002: a im-

pressão em policromia,

ou seja, a impressão em

cores.

Em 22 de setembro de

2002, o jornal O Mosso-

roense se apresentava

pela primeira vez "Nas

cores da fé". A primeira

impressão colorida fez

uma homenagem a Mossoró

e sua gente contando a

história da Catedral de

Santa Luzia, que é o

principal marco religio-

so e de desenvolvimento

urbano do município.

A manchete do referido

dia traz uma ambiguidade

proposital remetendo

tanto ao culto à santa

das claridades visuais,

quanto ao novo ciclo que

o jornal estava inician-

do. A foto assinada pelo

repórter-fotográfico

Luciano Lellys externa-

va o sentimento duplo de

homenagem à cidade e a

conquista do centenário

velho de guerra.

Conquista, sim. Por-

que o processo até che-

gar à policromia não foi

fácil. Assim como todos

os outros processos de

modernização que o jor-

nal enfrentou. O fun-

cionário Francisco

Guerra, que era chefe de

oficina na época, conta

que o processo de ini-

ciar a impressão em po-

licromia vinha sendo

discutido há algum tem-

po pela direção.

"Na época, ninguém do

setor de impressão do

jornal sabia trabalhar

com policromia. Então,

nós fomos até a gráfica

da Igramol para ver como

era realizado o proces-

so. Fomos eu, Radir Al-

ves e Aristóteles Car-

los para acompanhar a

impressão em cores",

relata Guerra.

Após ter a orientação

sobre como era realiza-

da a impressão em cores,

foi iniciada a fase de

testes no jornal. "Pas-

samos uma semana tes-

tando até sair à impres-

são definitiva", diz

Radir. O dia para este

marco foi especialmente

escolhido na data das

comemorações de aniver-

sário da Catedral de

Santa Luzia.

A partir de então, to-

dos os domingos as pri-

meiras páginas sairiam

coloridas. No início, a

impressão da capa em co-

res era semanal devido

ao complexo trabalho de

impressão em policromia

ser inversamente pro-

porcional à reduzida

equipe do jornal e sua

pouca experiência com o

processo.

Assim foi até 28 de

fevereiro de 2007, pois

a partir do dia 1º de

março de 2007, numa

quinta-feira, as pri-

meiras páginas chegam

coloridas todos os dias

às bancas e casas dos

leitores.

PPOOLLIICCRROOMMIIAA

O processo de impres-

são em policromia é

obtido através da com-

binação das cores pri-

márias: Ciano, Magen-

ta, Amarelo (Yellow) e

preto (Black), abre-

viado como CMYK. A

combinação destas 4

cores primárias pode

gerar uma quantidade

imensa de cores.

Para imprimir uma pá-

gina em policromia, a

mesma página é impres-

sa quatro vezes em co-

res diferentes. Pro-

gramas de computador

específicos fazem a

separação das cores da

ilustração nas quatro

cores básicas (CMYK).

No processo de im-

pressão em policromia,

as quatro cores são

impressas umas sobre

as outras. "É impor-

tante saber a combina-

ção e a intensidade de

cada cor para que a

impressão fique per-

feita", explica Radir

Alves.

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Especial 140 anos

"Nas cores da fé"

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Especial 140 anos

Um jornal que faz escola jornalismo sempre

foi uma paixão, des-de criança, quando co-

mecei a ler jornais. O Bra-sil vivia sob o regime mi-litar e a família não viacom bons olhos aquela es-colha. Aos dez, a coisa foificando mais séria, porquemudamos para a rua MárioNegócio, para bem próximoda casa de seu Lauro Escós-sia, então diretor do O Mos-soroense. Criança, logo a gente se

apegou com as netas de seuLauro: Florina - escreve-se Florina mesmo, sem o D -Cláudia e Valéria. As brin-cadeiras se juntavam ao pa-po com seu Lauro, ainda ematividade e sempre com umjornal à mão. Ou teclandona máquina, geralmente debermuda e sem camisa. Na minha família havia

dois primos ligados dire-tamente à profissão: AssisCabral, na Rádio Difusora,como noticiarista e depoiscomentarista esportivo; eCanindeh Alves, locutor ediretor de algumas emisso-ras de rádio. Ainda crian-ça, por diversas vezes viCanindeh usando uma máqui-na de datilografia na casadele. Seus dedos desliza-vam no teclado, parecia umpianista. Impressionavaaquela agilidade. Aos doze, achei que es-

tava na hora de dar o pri-meiro passo rumo ao jorna-lismo e ingressei, por con-ta própria, na escola dedatilografia de RogérioDias, a Dat Rápida, perti-nho de casa. Digo por con-ta própria, porque apenascomuniquei em casa e paga-va com dinheiro ganho com avenda de balas na escola demamãe. Rogério Dias lembrabem disso.Obediente a família, ti-

ve que me contentar com oscursos que a Uern ofereciae cursei Ciências Sociais.Ao final do curso, incen-tivada por minha sobrinhaTeresa Cristina, única pes-soa que me incentivava afazer jornalismo, inscrevi-me com ela no vestibular daUFRN, eu para jornalismo eela, arquitetura. SomenteTeresa sabia. Aprovada, to-dos ficaram sabendo peloDiário de Natal, isso em1987. Naquela época, o úni-co profissional com gra-duação em atividade em Mos-soró era, registre-se, aareia-branquense AglairAbreu, egressa da UFRN. Depois de adulta, jamais

alimentara o sonho de entrarnuma redação. Portanto, de-vo em primeiro lugar, meudiploma e o ingresso no jor-

nalismo a Teresa, residen-te na Suécia há alguns anos.Ao final daquele ano,

1987, a professora da dis-ciplina História do Jorna-lismo, Otêmia Porpino, co-mentou que no Curso de Co-municação da UFRN, não ha-via nada a respeito de umdos jornais mais antigos ematividade, que é o nosso OMossoroense. Então, passoucomo trabalho da discipli-na naquelas férias, a ta-refa de colher a históriado jornal. Foi então que se deu o meu

ingresso num veículo de co-municação,nas páginas docentenário O Mossoroense,pela bondade do então di-retor Emery Costa.A sede do jornal já era

na Travessa O Mossoroense,o mesmo já pertencia ao gru-po liderado pelo então de-putado fe-deral V-ingt Rosa-do e co-mandadopelo seuprimo egenro, mé-dico LaíreRosado. Quando

procureiEmery, eleabriu to-das asportas dojornal pa-ra a pes-quisa eofereceuum espaçopara fazerreporta-gens. Tornei-me uma espécie de

repórter especial durantetodo aquele ano de 1988,escrevendo uma página aosdomingos, com reportagenslongas, sobre os mais diver-sos assuntos, desde a che-gada de ultraleves, comotambém uma entrevista coma saudosa Neuma da Manguei-ra, em passagem pela cida-de. Essas reportagens eramfeitas aos domingos, acom-panhava-me o fotógrafo dojornal, Nequinho. Eu leva-va o material para Natal epassava a semana datilo-grafando, errando, rasgan-do páginas, reescrevendoaté chegar a sexta-feira,quando pegava a estrada pa-ra Mossoró. O sábado era na redação,

acompanhando todo o pro-cesso. Entregava as pági-nas datilografadas paraCosme, que montava a pági-na. Cada letra uma barri-nha de chumbo, o jornalis-mo estava bem distante doadvento do computador.

No domingo, saía em cam-po com outra pauta. Até ho-je nunca tive pauteiro.Sempre deram total liber-dade para escrever sobrequalquer assunto e jamaisos diretores do jornal pro-curaram saber a pauta, o as-sunto. Assim, naquele anode 1988, fiz uma página so-bre a participação da mu-lher na política e entre-vistei a então candidata aprefeito da cidade, a pe-diatra Rosalba Ciarlini.Que chegou a perguntar sea entrevista seria mesmopublicada. Ficou acertado com Emery

que não haveria salário enenhuma ajuda de custo pa-ra o deslocamento nos finaisde semana Natal-Mossoró-Na-tal, enfim, período mara-vilhoso que jamais deixa-rei de agradecer a Deus pe-

la oportu-nidade, porEle terusado cadafuncioná-rio do jor-nal paraencamin-har-me noingresso daprofissãotão deseja-da e sonha-da. Foi as-

sim, com oespaço ofe-recido porEmery quemeu textofoi se de-senvolven-do, acredi-te! Os pri-

meiros professores e in-centivadores foram doisfuncionários cujo currícu-lo é a escola da vida e opróprio jornal, Guerra eCosme, o “Vovô”. Pessoaséticas e por demais gentis,que, ao modo de cada um, da-vam dicas e falavam de ou-tros colaboradores que pas-saram pela casa. Um delesme chamava bastante aten-ção, Dorian Jorge Freire,que só vim a conhecer pes-soalmente muito tempo de-pois. Naquele ano de 1988, lem-

bro bem de um jovem, menorde idade,que atuava na pá-gina policial. Cid Augus-to, que passava as manhãscolhendo informações de de-legacia em delegacia, jun-tamente com o fotógrafo Lu-ciano Léllys. Quando che-gava ao jornal, Cid senta-va e retirava da cintura umrevólver, que deixava na me-sa, bem junto da máquina,enquanto dedilhava as no-tícias, geralmente em tor-

no de roubo de galinhas, bri-ga de vizinhos, acidentes,num tempo de uma Mossoró maispacata. Depois Cid procu-rou o conhecimento acadê-mico na UFRN, fez mestra-do, hoje um dos melhores tex-tos da imprensa potiguar ediretor do jornal. Lamento que as empresas

não mais oferecem oportu-nidades de estágio, mesmosem remuneração, porquecorrem o risco de proces-sos na Justiça do Trabalho. Eu até pagaria, se fosse

o caso, se pudesse voltarno tempo para remunerar ojornal pela oportunidadeque me deu.No ano seguinte, passei

a escrever no semanário DoisPontos, de Natal, de ondesaí para a TV Cabugi, de-pois São Paulo. Aos poucosestou disponibilizando to-do esse material de repor-tagens no blog. Tenho a maior satisfação

em dizer que passei por trêsinstituições centenárias.Colégio Sagrado Coraçao deMaria, Colégio Diocesano ejornal O Mossoroense. Sinceramente, não sei

qual rumo seria dado o meudestino se não tivesse acei-tado o convite de Emery Cos-ta para fazer 'qualquercoisa' no velho e bom jor-nal centenário O Mossoroen-se, uma grande escola pa-ra muita gente que atuana imprensa. A mesma esco-la por onde passara DorianJorge Freire, talvez o me-lhor texto do jornalismobrasileiro, com atuação naimprensa de São Paulo e comquem me espelho não somen-te no texto, mas na ética ena condução da carreira pro-fissional, acima de tudo. Guerra e Vovô bem sabem

disso. Por diversas vezesfalei pessoalmente o quan-to eles são importantes pa-ra mim. Mas sempre que di-zia isso em entrevistas, oscolegas supriam essa infor-mação. Injustamente, por si-nal. Temos excelentes co-legas que desenvolvem a pro-fissão muito bem, indepen-dente de possuir o diploma. A formação acadêmica é

ótima, foi bom demais terpassado pelos bancos da uni-versidade, porém, caráter,dignidade, amor à profis-são e um bom texto quem nãotrouxe do berço pode adqui-rir na faculdade da vida,basta ter bom senso e lerbastante.O melhor goleador ca-

pacita-se mais a cada trei-no. Seja num time de várzeaou numa grande equipe. As-sim também deve ser no jor-nalismo.

O

Lúcia RRochaJJornaliista ee ciientiista ssociial

A fformação aacadê-mica éé óótima, ffoibom ddemais tter ppas-sado ppelos bbancosda uuniversidade,porém, ccaráter,dignidade, aamor ààprofissão ee uum bbomtexto qquem nnão

trouxe ddo bberço ppo-de aadquirir nna ffa-culdade dda vvida,

basta tter bbom ssensoe ller bbastante.

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frente do O Mosso-roense desde 1985, omédico Laíre Rosado

avalia a trajetória dojornal velho de guerra co-mo uma história de luta eresistência. Em meio àconcorrência das novastecnologias e à velocidadeda informação com a inter-net e as redes sociais, operiódico consegue se man-ter vivo e cativar cada vezmais os leitores. Para o médico, o segredo

à longevidade está na suaconstante modernização,acompanhando as transfor-

mações da sociedade.Laíre Rosado lembraque há 27 anos o jor-nal era quase queartesanal, feitocom máquina de

escrever. "Com muita lutaconseguimos modernizar aredação, acredito que foio primeiro do Estado a pas-sar pelo processo de in-formatização", declara.Além da modernização das

máquinas, O Mossoroensetambém aperfeiçoou a mãode obra intelectual. "Nosúltimos anos, estamos dan-do prioridade para a con-tratação de profissionaiscom curso superior em jor-nalismo", informa. Eledestaca ainda que o jornalpassou por uma adequaçãodo esquema de trabalho,eliminando uma práticaantiga, uma pessoa escre-ver para várias editoriasao mesmo tempo. "O jornalfoi dividido por caderno esetores e cada

um é responsável pelo seusetor, otimizando o traba-lho", diz. Laíre Rosado enfatiza

que apesar de ter uma linhapolítica definida - talvezaté por isso -, o jornaltem a credibilidade dosleitores, sobretudo da po-pulação mossoroense. Se-gundo ele, O Mossoroense éo jornal mais aberto, quenoticia todas as tendên-cias e que sempre estáaberto aos colaboradores. O diretor-presidente

enfatiza que o jornal vemse mantendo vivo por maisde um século, resistindocontra tudo e todos, "in-clusive contra políticosque administram a cidadepressionando para que os

anunciantes não uti-

lizem as páginas do jor-nal contra os calotespraticados pelo poder pú-blico estadual e munici-pal", enfatiza.Com relação ao futuro,

Laíre aposta no fortaleci-mento do jornalismo on-li-ne, com a contratação deequipes e ajuda de colabo-radores. "Acredito que es-sa é a marcha natural pelavelocidade com que a notí-cia é veiculada". Mas, isso não significa

o fim da edição impressa."Minha ideia é que o jor-nalismo on-line seja am-pliado e o jornal impres-so seja um espaço de opi-niões, crônicas e maismatérias opinativas egrandes reportagens", fi-naliza.

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jornal O Mossoroensesempre foi uma grandeescola de jornalismo.

Boa parte da imprensa localjá sentou nos bancos da "fa-culdade", fundada por Jere-mias da Rocha Nogueira.Atualmente, a equipe do jor-

nal O Mossoroense alia expe-riência à juventude. No es-paço da redação, jovens devinte e poucos anos atuam aolado de profissionais com vin-te e poucos anos de estrada.Uma troca de sabedoria e vi-talidade que reflete no bomresultado das matérias vei-culadas pelo impresso.

Um bom exemplo dessa u-nião é a diagramadora Wal-kíria Martins, que tem amesma idade que o tempo queseu pai, Paulo César Rodri-gues, também diagramador,atua no jornal.

Já o repórter mais jovemda redação, Maricelio Almei-da, tem menos idade do queos anos que o repórter-fo-tográfico Luciano Lellys temna empresa. Mais do que a união entre

várias gerações do jornalis-mo, O Mossoroense é uma gran-de família para os que tra-balham no periódico, todos,

sem exceção, têm ao menosuma história, ou várias, pa-ra contar sobre a dedica-ção, o companheirismo, aslongas horas de trabalho,os obstáculos vencidos pa-ra executar as pautas e oempenho diário para fazer ojornal chegar todos os diasàs mãos dos leitores. Atualmente, a equipe é for-

mada pelos jornalistas CidAugusto, diretor de redação;o mestre Emery Costa, Már-cio Costa, editor-chefe;Bruno Barreto, editor de Po-lítica; Paulo Walter, res-ponsável pela página poli-

cial; Sérgio Oliveira, res-ponsável pela página de es-porte; Adriana Morais, edi-tora do Cotidiano; e os re-pórteres Gelza Gurgel, Ma-ricélio Almeida e Talita Lu-cena. Além dos repórteres-fotográficos, LucianoLellys e Marcos Lima; osdiagramadores Paulo César,Walkíria Martins e CarlosEduardo; e os revisores Ben-jamim Linhares e CarlosEduardo Paiva. Radir e Ale-xandre comandam a impressãoe a jornalista Ana Cadengueé responsável pelo serviçoon-line.

OJuventude e experiência

Especial 140 anos

Uma história de luta e resistência

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140 anos O MossoroenseO Mossoroense Especial

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Especial 140 anos

140 anos de garra e determinação

memória me trai quandotento trazer de volta a pri-meira vez que ouvi falardo O Mossoroense. É uma lem-

brança tão remota como aprendera andar. Desde que me entendo porgente escuto falar do jornal OMossoroense como se fosse uma pes-soa da família. Um velho amigo,muito velho, daqueles cheios dehistórias boas de contar, e quesó precisa de um pretexto paracomeçar a revirar o baú de aven-turas.Certa feita, perguntei ao meu

pai se uma palavra qualquer de-veria ser escrita com letra maiús-cula ou minúscula.- Maiúscula, caixa alta - res-

pondeu ele.- Caixa alta, pai?Coisa de tipografia, ele expli-

cou: nos tempos em que comanda-va O Mossoroense, o jornal queherdara do bisavô, era assim quese falava. O jornal era todo com-posto letra por letra, com umamáquina chamada tipógrafo, di-vidida em caixas com as letrasmarcadas. As letras maiúsculasficavam nas partes altas, nas cai-xas altas, e as minúsculas, nascaixas baixas. Daí o nome, cai-xa alta, caixa baixa.Não entendi muito bem. Pensei

num grande móvel cheio de caixi-nhas e imaginei meu pai na pontados pés, tentando alcançar numacaixa muito alta o B maiúsculo.E naquele jornal feito letrinhapor letrinha, como pontos do cro-chê da minha mãe.

Sou filha de Lauro da EscóssiaFilho, neta de Lauro da Escós-sia, bisneta de João da Escós-sia, trineta de Jeremias da Ro-cha Nogueira, um dos três funda-dores do O Mossoroense. Cresci ou-vindo histórias deste cavalhei-ro republicano e abolicionistaque criou um jornal para defen-der ideais de liberdade. O mesmoque, num protesto, deu ao filhoo nome de um santo, João da Es-cóssia, com dois "esses", como fa-ço questão quando me perguntamse eu sou da Escóssia mesmo.

João se tornou o grande ilus-trador do O Mossoroense, o ar-tista xilógrafo cujos desenhosganhavam vida nas páginas do jor-nal. Com o filho dele, meu avô,conheci a Mossoró do passado. His-toriador nato, Lauro da Escóssianarrou, em "Memórias de um jor-nalista de província", o sustodo cometa Halley, o encanto doprimeiro automóvel e a resistên-cia mossoroense ao ataque de Lam-pião. Meu vozinho tão pacato, de

cabelos brancos, quem diria, erao repórter intrépido que fora àdelegacia entrevistar o canga-ceiro Jararaca.

Anos mais tarde, jornalistaformada, eu perguntava ao meu pai,Lauro Filho, o que ele fazia noO Mossoroense. Tudo, ele ria.Escrevia, titulava, cortava, pa-gava as contas. Quando um colu-nista faltava, meu pai escreviaa coluna do ausente do mesmo jei-to, no mesmo estilo, e ainda as-sinava o nome do faltoso, paraque o leitor não estranhasse.

Desde pequena vejo na casa dosmeus pais uma estante com um bu-raco de bala.

- Que buraco é esse, pai?- Foi um dia em que tentaram me

dar um tiro lá no jornal - e eleainda ri quando conta.

Ri até dos tempos mais sombrios,quando teve de se afastar de suacidade e de seu jornal para as-segurar a tranquilidade da famí-lia. Águas passadas, diz.

Com 140 anos de existência, OMossoroense é uma trincheira naqual a família Escóssia tem or-gulho de haver lutado. Há coisasque ninguém tira de nós, e a His-tória do O Mossoroense é uma de-las. História assim, com caixaalta.

Caixa alta, caixa baixa

A

á exatos 140 anos erafundado o jornal O Mos-soroense. Da história

dele, muito pode ser vistonesta edição, prefiro con-tribuir dividindo um poucodo que vivi ao longo de mi-nha vida aqui no jornal.Quando criança, vinha

brincar com as letras mol-dadas no chumbo para im-pressão, depois com as bo-linhas de gude, que no jor-nal eram utilizadas paralimpar as chapas para queestas fossem reutilizadasdiversas vezes. Houve diasem que o saudoso Gomes Fi-lho pedia que eu lhe con-tasse o que o pessoal deminha turma andava apron-tando para ele colocar emsua coluna. Aqui e acolá fa-zia uma matéria sobre car-ros, paixão da infância quecarrego até hoje, na maio-

ria das vezes um resumo doque lia em revistas comoQuatro Rodas. Depois, quan-do tive a oportunidade demorar na Inglaterra, escre-via artigos sobre as des-cobertas e experiências dasviagens pelo Velho Mundo.Em 2006, após concluir umapós-graduação, fui convi-dado para assumir a dire-ção-geral do jornal.Nesse tempo todo tive o

prazer de conviver com pes-soas de bem, determinadas,apaixonadas pelo jornalis-mo, apaixonadas pelo jor-nal O Mossoroense. Foi de-pois de assumir o comandodesse diário, que compro-vei todas aquelas dificul-dades que ouvia falar des-de criança. Para se ter umaideia, em Natal há na atua-lidade apenas três jornaisdiários em circulação, em

Mossoró são quatro. Antesde trabalhar no jornal, ti-ve oportunidade de traba-lhar em uma agência de pu-blicidade na capital e cons-tatar que boa parte dos veí-culos de comunicação passapor dificuldades financei-ras, a não ser aqueles quetêm o "canal" do poder pú-blico ligado direto a seucaixa.O jornal O Mossoroense é

o único que tem cara e la-do, sem comprometer a cre-dibilidade de suas matérias.Não se esconde atrás de slo-gans bonitos que diferemdas práticas jornalísticasdo dia-a-dia. Por isso mes-mo somos vítimas de uma per-seguição implacável por par-te dos que estão no comandoda Prefeitura Municipal deMossoró, que desde 2007 nãopagam uma conta alta devi-

da e nem anunciam nas nos-sas páginas, assim como tam-bém a FM Resistência, que so-fre com o calote e boicotedo Executivo municipal.O que mais me fascina é a

garra e a determinação dosque fazem o velho centená-rio. Não só os que estãoaqui hoje, mas a maioria dosque por aqui passaram, noshonram e deixam saudades.Os que aqui estão e os queainda passarão vão um dia tero gostinho da vitória, queé a marca dos que vencem naadversidade; vão olhar pa-ra trás e ter o orgulho dedizer que fizeram parte des-te, que é um dos mais anti-gos jornais em circulaçãoda América Latina.Parabéns ao O Mossoroen-

se e todos que se empenha-ram por ele nesses 140 anosde existência!

H

Lahyre Rosado Neto

é diretor-geral

do O Mossoroense

Fernanda daEscóssia éeditora dePaís do jornalO GLOBO.

Edição ee ttextos: Ana CadenguePesquisa ee rreportagens: Adriana Morais e Maricelio AlmeidaFotos: Luciano Lellys, Marcos Lima e arquivo O MossoroenseRevisão: Benjamim Linhares e Carlos Eduardo PaivaDiagramação: Paulo César Rodrigues

Fontes: Acervo do Museu Lauro da Escóssia, Geraldo Maia, Raimundo Soares de Brito (Ruas e Patronos de Mossoró), Cid Augusto (Escóssia), arquivo do jornal O Mossoroense.

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140 anos

140 anos de notícias

O MossoroenseO MossoroenseQ U A R T A - F E I R A , 1 7 D E O U T U B R O D E 2 0 1 2 Especial

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Pelas páginas do jornal OMossoroense, os leitores dacidade puderam ser informa-dos a respeito da instalaçãoda primeira loja maçônica deMossoró. A notícia foi pu-blicada no jornal "A Luz",de Natal, e transcrita nosemanário em 2 de agosto de1873: "Acaba de ser instala-da sob os auspícios da Loja24 de Março, uma loja maçô-nica com a denominação de 24de Junho, por ter sido nessedia que teve lugar a suainstalação".Para o maçom Olismar Me-

deiros, integrante da 24 deJunho, a história da Loja semistura com a do jornal OMossoroense. "Em junho, a

Loja completou 139 anos deexistência, e o próprio Je-remias da Rocha Nogueira foium dos nossos grandes ba-luartes, um abolicionista.Somos a primeira Loja Maçô-nica de Mossoró, fato re-gistrado pelo jornal, e asegunda mais antiga do RioGrande do Norte", destaca.A Loja teve papel crucial

na libertação dos escravosem Mossoró, uma vez que essaideia surgiu a partir de umahomenagem prestada na 24 deJunho ao casal Romualdo Lo-pes Galvão, líder da políti-ca e do comércio na época.Na ocasião, a ideia de fun-dar uma sociedade com o ob-jetivo de abolir a escravi-

dão na cidade foi difundida,e no dia 6 de janeiro de1883, era instalada, na Câ-mara Municipal, que funcio-nava no edifício da CadeiaPública, hoje Museu Lauro daEscóssia, a "Sociedade Li-bertadora Mossoroense".

"A Loja contribuiu signi-ficativamente para o pro-cesso abolicionista da ci-dade, culminando com a li-bertação dos escravos em 30de setembro de 1883, sendoMossoró a quinta cidade doBrasil a registrar tal acon-tecimento antes da Lei Áu-rea", acrescenta OlismarMedeiros, integrante da Lo-ja desde 1957, como Lawton(filho adotivo da maçona-

ria, como ele mesmo expli-ca), e desde 1957 como ma-çom.

Hoje, a 24 de Junho, ins-talada na Rua 30 de Setem-bro, Centro, conta aproxi-madamente com 108 membros."Com o surgimento da nossaLoja, outras foram sendoinstaladas em Mossoró.Atualmente são 10 Lojas,sendo que apenas três sãofiliadas ao Grande OrienteIndependente do Estado doRio Grande do Norte , oGoiern: a própria 24 de Ju-nho, a João da Escóssia,criada em homenagem ao fi-lho de Jeremias da Rocha,e a Bet-El", diz Olismar Me-deiros.

o longo dos seus140 anos, o jornalO Mossoroense do-

cumentou os fatos maisimportantes registradosnão somente em Mossoró,mas em todo o Rio Grandedo Norte, no Brasil, eno mundo. Em seu arqui-vo, o periódico conservainformações que marcaramépoca, obtiveram granderepercussão, e em deter-minados momentos mudaramo rumo da humanidade.Nas próximas páginas,você vai conhecer melhortoda essa história, erelembrar as principaisnotícias que estamparamas páginas do jornal quehoje celebra 140 anos deinformação.

Instalação da primeira loja maçônica de Mossoró é noticiada pelo jornal em 1873

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140 anos de informação: arquivos do jornal OMossoroense preservam notícias que marcaram época

Em 22 dde aagosto dde 11873, O MMossoroense nnoticia aa

instalação dda LLoja Maçôônica 224 dde JJunhho, aa

primeira dda ccidade

24 de outubro de 1872:O Mossoroense destaca, emsua segunda edição, oprimeiro crime ocorridona cidade após o periódicoentrar em circulação. Apequena nota dizia oseguinte: "No dia 16 docorrente, a crioulaBernarda, casada com Fran-cisco de tal, ferira comduas facadas a pardaLuisa, dando origem a esteacontecimento umadesavença entre elas. Adelinquente, sendo presaem flagrante, está sendodevidamente processada".

30 de novembro de1872: A falta de selos naagência dos Correios érepercutida pelo jornal,problema que estava geran-do insatisfação e revoltaentre os moradores daProvíncia de Mossoró.

04 de janeiro de 1873:

A hoje tradicional Festade Santa Luzia já eranotícia em 1873. O espaço"Noticiário" lamenta o fa-to de que o encerramentoda festa da "padroeiradesta freguesia", tenhaconsistido apenas em uma"simples missa cantada pe-lo celebrante e outro sac-erdote e acompanhada daorquestra desta cidade".

10 de maio de 1873: Aquantidade insuficientede vereadores para a real-ização de sessão ordináriana Câmara Municipal énoticiada. Em abril daque-le ano não havia ocorridosessão, e nem existia pre-visão de quando ela seriapromovida.

25 de outubro de 1873:É destaque no semanário, oabandono do cemitériolocal, que de tãodeficiente, sua

estrutura, segundo ojornal, não suportaria oinverno seguinte.

19 de fevereiro de1874: Na edição de número59, é veiculado orecebimento de propostas,pela secretaria dogoverno, para construçãode uma estrada de ferro naprovíncia de Mossoró.

31 de maio de 1873: OMossoroense repercute odecreto de 25 de abril de1873, que estabelecia, apartir daquela data, oregistro civil dosnascimentos, casamentos eóbitos ocorridos noBrasil.

03 de maio de 1873: Ojornal divulgou asestatísticas de uma tragé-dia: 15 mortos, 39feridos, 11 contusos, edois desaparecidos. Esse

foi o resultado de umdesmoronamento ocorridono Rio de Janeiro, no dia29 de abril.

08 de fevereiro de1874: O falecimento do ex-imperador da França,Napoleão III, ganhouespaço no O Mossoroensenessa data, quando osemanário noticiou a mortedo "déspota", ocorrida em09 de janeiro daquele ano,em Londres.

29 de março de 1874:Com o título "Mathusalensno Brazil", o Mossoroensediz, baseado no jornalestrangeiro "Nação", que ohomem mais velho do mundonaquela época residia noBrasil: Martin Cantinho,que vivia em Cabo Frio,província do RJ, terianascido em 1694, ou seja,tinha em 1874, 180 anos.

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m dos principaisregistros encon-trados nos arqui-

vos das primeiras edi-ções do jornal O Mosso-roense, é o princípioda elaboração do CódigoCivil Brasileiro. O fa-to data de 18 de janeirode 1873, quando o jor-nal reproduziu notíciaveiculada pelo jornal"Pátria". A informaçãocontinha detalhes comoo nome do jurisconsulto(José Thomaz Nabuco deAraújo) contratado peloGoverno Imperial paraconfeccionar o Código.

As condições para acontratação do trabalhoapresentadas na épocaeram as seguintes: dar oprazo de cinco anos parao trabalho ser concluí-do; receber como retri-buição 2,000 $ (contosde réis) mensais, e re-ceber como prêmio100:000 $, no caso deapresentar o trabalhoantes do prazo.José Thomaz Nabuco deAraújo não conseguiuconcluir o projeto, fa-lecendo em 19 de marçode 1878. A intenção dojurisconsulto, que

exerceu as funções dedeputado geral, presi-dente de província, mi-nistro da Justiça e se-nador do Império doBrasil, era criar umcódido que tivesseefeito prático e alcan-ce social.Com a morte de JoséThomaz, foram sendoelaborados outros esbo-ços, mas somente em1901, a convite do Mi-nistro da Justiça Epi-tácio Pessoa, o magis-trado Clóvis Beviláquaapresenta o projeto deCódigo Civil, que viria

a ser aprovado peloCongresso após 15 anosde discussão.Duramente criticado

por vários juristas daépoca, como Inglês deSousa e Torres Neto, otrabalho de Beviláquafoi fortemente influen-ciado pelo Código Civilalemão (BGB) e sofreuvárias alterações atésua aprovação, em 1916.O atual Código CivilBrasileiro (Lei 10.406de 10 de janeiro de2002) está em vigordesde 11 de janeiro de2003.

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Elaboração do Código Civil Brasileiro é detalhada em 1873

m tema que até ho-je é motivo de de-bate na socieda-

de, principalmente en-tre os seguidores daIgreja Católica, jáera discutido pelojornal O Mossoroenseem seus primeiros nú-meros: o casamento deex-padres, destaque naedição de 11 de janei-ro de 1873.Na seção "Noticiá-rio", foi publicadauma nota originalmenteveiculada pela "Gazetade Pariz", e republi-cada pelo jornal "Re-pública". O texto di-zia o seguinte: "A Ga-

zeta de Pariz deplorao barulho que se estáfazendo por amor docasamento do padreLoyson", acrescentandoque na diocese de Pa-ris a média de casa-mento de ex-padres porano era entre vinte etrinta.Para o historiador Ge-raldo Maia, o registrode informações comoesta refletem a impor-tância do O Mossoroen-se para a sociedade."O Mossoroense semprefoi um diário da cida-de. Quem quer conhecerum pouco da histórianão somente de Mosso-

ró, mas de cidades daregião, do Brasil, eaté mesmo de outrospaíses, precisa buscaras páginas do periódi-co", conta.Segundo Geraldo Maia,a publicação de fatosrelacionados à IgrejaCatólica eram frequen-tes logo após o surgi-mento do jornal, umavez que o veículo decomunicação tinha comouma de suas principaiscaracterísticas a de-fesa de ideais antije-suítas. "Os assuntosreferentes à IgrejaCatólica, que eram en-voltos de polêmica,

sempre vinham à tonano O Mossoroense",diz.Ainda conforme o his-toriador, o registrode acontecimentos tãoimportantes, como o daedição de 11 de janei-ro de 1873, serve tam-bém para que seja fei-to comparativo com osfatos que hoje estãosendo debatidos."Nesse caso dos pa-dres, é aquela velhahistória que se repe-te, é um assunto quecontinua em evidên-cia, em discussão, ge-rando polêmica",acrescenta.

UCasamento de ex-padres já era destaque na edição de 11 de janeiro de 1873

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A economia de Mossoró temhoje como um de seus prin-cipais pilares a exportaçãode sal marinho, sendo a ci-dade uma das responsáveispor grande parte da produ-ção registrada em todo oRio Grande do Norte. Em1910, o município também sedestacava na indústria sa-lineira, como mostrou ojornal O Mossoroense naedição de 30 de outubro da-quele ano. Nessa data, o periódico

transcreveu notícia publi-cada na revista "Associação

Comercial do Rio de Janei-ro", que dizia que, segundorelatório, as salinas deMossoró e Macau forneciam amaior parte do sal aos de-mais estados do Brasil. Na-quela época, somente as sa-linas de Mossoró abrangiamuma superfície de 432 qui-lômetros quadrados, e pro-duziam 248 milhões de li-tros de sal."Nossa indústria é mais

do que secular. Economica-mente, a produção de sal nacidade começou em 1805. Ho-je, com a participação sig-

nificativa de Mossoró, oRio Grande do Norte produzentre 92% e 98% de todo osal brasileiro, variaçãoque está associada as nos-sas condições climáticas, eque totaliza entre 4,5 e5,5 milhões de toneladasanualmente", frisa o empre-sário do setor salineiro, eatual titular da Secretariade Estado do Turismo do RN,Renato Fernandes.

Para o secretário, o tra-tamento dado pelo jornalO Mossoroense à economialocal sempre foi significa-

tivo, oportunizando dessaforma a divulgação de fatosimportantes para diversossetores, entre eles, o sa-lineiro.

"O jornal O Mossoroense éum dos orgulhos da cidade,por ser um dos mais antigosdo Brasil e por tratar aeconomia da cidade commuito respeito e isenção.Nós do segmento salineiroficamos muito felizes comessa data, e parabenizamoso periódico pelos seus 140anos de informação", con-clui Renato Fernandes.

Em 21 de janeiro de1908, os leitores dojornal fundado por

Jeremias da Rocha Nogueiraforam informados que emdois anos, um acontecimen-to surpreendente seriapresenciado pela humanida-de: a passagem do CometaHalley. A notícia foi pu-blicada da seguinte forma: "Em 1910, os que logra-

rem chegar lá, presencia-rão o fenômeno mais gran-dioso que por ventura játem observado a humanida-de: trata-se do CometaHalley, que há muito vem seaproximando do núcleo so-lar, e por conseguinte, denós".A informação publicada

pelo jornal O Mossoroense

se confirma, e em 1910 ocometa tem uma de suas pas-sagens mais brilhantes pe-la Terra, envolta por mis-ticismo e lendas, como aque diz que antes da visitado cometa, toda uma aldeiahúngara, convencida de queele se chocaria com a Ter-ra, fazendo-a em pedaços,acendeu uma grande foguei-ra na praça e se atirou auma orgia místico-gastronômica.Em 1910, uma série de

notícias a respeito docianogênio, gás letalpresente na cauda do Come-ta, criou um clima de pâni-co em escala global. Nes-se período, pela primeiravez, os astrônomos identi-ficaram os elementos quí-

micos de um cometa, in-cluindo os componentes ve-nenosos, e a informaçãorepercutiu para a impren-sa.

Houve tentativas de ex-plicar que, mesmo aoaproximar-se mais da Ter-ra, na noite de 18 para 19de maio, o cometa não enve-nenaria ninguém, mas oclima de pavor já estavadisseminado. O que aconte-ceu a partir daí foi umabola de neve de supersti-ções, especulação e explo-ração comercial e religio-sa.

A passagem do Halley em1910 também é marcada pelamorte do rei Eduardo VII daGrã-Bretanha, uma vez quenaquele período era atri-

buída ao cometa a caracte-rística de "assassino demonarcas", sendo queEduardo VII já se encon-trava doente, e tinha emmente a ideia de abdicar dotrono.

Em 1986, O Mossoroensevoltaria a anunciar a vi-sita do Cometa Halley àTerra. Dessa vez, o cometateve uma passagem discre-ta, desapontando aquelesque esperavam uma aproxi-mação maior com a Terra. Apróxima passagem do Come-ta, seguindo o período daórbita de 76 anos, deveocorrer em 28 de julho de2061, e a expectativa é quemais uma vez, o jornal OMossoroense noticiará fatode tamanha relevância.

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Passagem do Cometa Halley éanunciada pelo periódico em 1908

Janeiro de 1909: Naprimeira edição do ano,é veiculada notíciasobre um grande terremo-to que havia destruído acidade de Messina, naItália, matando aproxi-madamente 20 milpessoas.

26 de maio de 1909:Jornal noticia a mortede Visconde de Sabóia,"uma das maioresilustrações médicas dapátria brasileira".

19 de junho de 1909:Destaque em primeirapágina a morte do então

presidente da Repúblicados Estados Unidos doBrasil, Afonso Pena.

28 de fevereiro de1910: Destaque, naprimeira página, aeleição presidencialque seria realizada nodia seguinte, que tinhacomo concorrentes o ex-ministro da Guerra doGabinete de Afonso Pena,Marechal Hermes, e o ex-ministro da Fazenda doGoverno Provisório, RuyBarbosa.

09 de março de 1910:É mostrado o resultado

parcial das eleições:Marechal Hermes despon-tava como presidenteàquele momento, com295.252 votos. RuyBarbosa tinha alcançado165.542 votos.

08 de julho de 1910:Notícias vindas do Rioapontavam que a posse donovo presidente ocorre-ria no dia 20 daquelemês.

19 de outubro de1910: Autorizada aconstrução de uma novaestrada de ferro ligandoo Brasil ao Paraguai.

20 de janeiro de1914: A primeira páginaabre espaço para amensagem inaugural doGovernador Joaquim Fer-reira Chaves, lida nodia 1º de janeiro, aoassumir a administraçãodo Estado.

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atos que marcaram ahistória da IgrejaCatólica também es-

tão documentados nos arqui-vos do O Mossoroense. Amorte de oito papas, entre1903 e 2005 (o falecimentodo pontífice Pio XI em 1939não foi divulgado, poisnesse período o jornal nãoestava em circulação, vol-tando às bancas da cidadeem 1946), é um dos regis-tros mais significativosque o periódico preserva emsuas páginas. Em 27 de ju-lho de 1903, o jornal des-taca o falecimento do papaLeão XIII, com publicaçãode xilogravura na primeirapágina.

"O pontífice, que mereci-damente, gloriosamente,ocupava o trono de São Pe-dro, desapareceu da face daterra no dia 20 do cadente.Tal era o se estado mórbi-do, denunciado frequente-mente pelo telégrafo, queantes já era esperado essedesenlace fatal de tão pre-ciosa existência, que jácontava 93 anos", enfatizouo jornal no período.Para o vigário-geral daDiocese de Mossoró, padreFlávio Augusto, a repercus-são de notícias como o fa-lecimento do papa LeãoXIII, reflete o valor his-tórico atribuído ao O Mos-soroense. "Hoje as notícias

são on-line, de muito fácilacesso, mas no início dojornal, publicar aconteci-mentos de repercussão mun-dial, e trazer esses assun-tos para o acesso local,mostra a importância dojornal para a história, denoticiar acontecimentosque marcaram a humanidade",diz.Na edição de 14 de agostode 1903, o jornal publica onome do sucessor de LeãoXIII: assume o posto demaior autoridade eclesiás-tica da Igreja Católica Jo-sé Sarto, patriarca de Ve-neza, adotando a identida-de de Pio X. "A morte dePio X também foi noticiada

de forma marcante, já queele foi um grande pontífi-ce, sendo o responsável poruma importante reforma li-túrgica", acrescenta ovigário-geral da Diocesede Mossoró.São Pio X permaneceu comopontífice até 1914, quandoGiácomo della Chiesa, sob opseudônimo de Bento XV, éescolhido como novo papa daIgreja Católica. "Um jor-nal se manter tanto tempoem evidência, repercutindofatos tão marcantes, em umasituação particular como ada nossa região, o Nordes-te, é um grande mérito paratodos nós", conclui o padreFlávio Augusto.

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A história da Igreja Católica contada através das páginas dojornal O Mossoroense: periódico informa a morte de oito papas

Papa Leão XIII Papa Pio X Papa Bento XV

m 14 de fevereiro de1903, o jornal O Mos-soroense noticia o

conflito existente entre oBrasil e a Bolívia, paísesque travaram uma verdadei-ra batalha pela posse dasterras do Acre.A disputa teve início apósos seringueiros que ocupa-vam o Acre se revoltaremcontra a Bolívia, país quedetinha a posse das ter-ras. Naquele período, ogoverno boliviano cedeu

todo o território ao trus-te anglo-americano Boli-vian Sybdicate, e os se-ringueiros proclamaram aindependência da região,dando origem à disputa di-plomática que ficou conhe-cida como "Questão doAcre".Meses depois, o conflitoteria fim, e O Mossoroensetambém repercutiria o queficou conhecido como "Tra-tado de Petrópolis", docu-mento de intenção que ofi-

cializou a permuta e fina-liza a disputa entre o Bra-sil e a Bolívia em 17 denovembro de 1903.O Tratado, por ter sido as-sinado no Rio de Janeiro,recebeu a intermediação dodiplomata José Maria Para-nhos Júnior, o Barão de RioBranco, passando a valerde fato com a assinatura doDecreto n° 5.161, de 10 demarço de 1904. Foi a partirdessa data que as terraspertencentes à Bolívia fo-

ram incorporadas definiti-vamente ao Brasil.O acordo custou aos cofresbrasileiros dois milhõesde libras esterlinas, pa-gos à Bolívia, e mais 110mil libras esterlinas comopagamento de multa ao Bo-livian Syndicate, que doisanos antes havia assinadocontrato de arrendamentopara explorar os seringaisacrianos no período demaior crescimento da ex-tração da borracha.

E

Disputa entre Brasil e Bolívia pelas terras do Acre é repercutida pelo jornal

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31 de janeiro de 1903:É notícia no jornal a in-formação de que o presi-dente da Intendência Mu-nicipal, tenente-coronelAntônio Filgueira Filho,cogitava dotar a cidadecom uma iluminação muitosuperior a existente noperíodo, tendo encomenda-do na Europa um sistema deaparelhos apropriados àluz de querosene.

28 de fevereiro de1903: A instalação de umserviço telefônico entreMossoró e o Porto de SantoAntônio é notícia no pe-riódico.29 de maio de 1903: É vei-culada informação refe-rente à negociação de umempréstimo destinado àsobras do Porto do Rio deJaneiro.

16 de outubro de 1903:Primeiro registro de can-gaceiros no Rio Grande doNorte. Um bando havia ata-cado fazenda do tenente-coronel João Chrisostomo,em Martins, dando início aum grande tiroteio.

30 de novembro de1903: Novas notícias so-bre a Estrada de Ferro deMossoró: Nessa edição, érepercutido que o presi-dente da República haviarecomendado ao secretáriode aviação, após repre-sentação de comissão dosestados do Ceará, RN, Pa-raíba e Pernambuco, aconstrução de uma estradade ferro, partindo do por-to de Mossoró e tangen-

ciando o Ceará, RN, e pas-sando pela PB, PE. A ex-tensão seria de 550 quilô-metros, e custo não exce-deria 22 contos cada km. Arenda garantida anunciadaera de três mil contosanualmente, só com otransporte de sal.

30 de setembro de1904: É destaque a inaugu-ração da Estátua da Liber-dade, na Praça da Reden-ção, trabalho artísticodo arquiteto e escultorFrancisco Paulino da Sil-va, em homenagem ao 30 desetembro.

29 de novembro de1904: O médico Octávio deFreitas faz uma importantedescoberta em benefício dahumanidade, afirmando queo pão de ferro (jucá) eraum remédio eficaz contra odiabetes, moléstia para aqual a medicina ainda nãohavia encontrado recursospara combater.

15 de novembro de1906: A primeira página dojornal dedica seu espaçopara a seguinte notícia:"Dr. Afonso Pena é o novopresidente da Repúblicabrasileira, dando inícioa um novo governamental".

19 de setembro de 1907:Com 283 votos, o farmacêu-tico Jerônimo Rosado éeleito um dos intendentesda cidade de Mossoró, apóseleições realizadas entreos dias 15, 16 e 17 de se-tembro.

28 de janeiro de 1908:

O jornal detalha todas asinformações relacionadasà lei que torna o serviçomilitar obrigatório pelosbrasileiros. Destaque pa-ra o fato de quem perten-cesse ao Exército ativonão poderia se casar en-quanto estivesse em ser-viço.

25 de março de 1908:Destaque para o início doperíodo governamental dogovernador Alberto Mara-nhão. Na edição seguinte, aprimeira página do O Mosso-roense relata um fato bas-tante curioso. Durante aposse do governador AlbertoMaranhão, ocorrida no dia25 de março, uma "copiosa"chuva foi registrada na ci-dade, tendo início às 17h,prolongando-se até a madru-gada do dia 26. Detalhe: Acidade enfrentava um rigo-roso período de seca.

21 de junho de 1908: Énotícia a realização de umprocedimento cirúrgico ou-sado para a época: O atle-ta Roberto Inglis, apósser assaltado, e ter sidoferido à faca, precisouque seu coração fosse re-tirado da caixa toráxica,dado alguns pontos de su-tura na víscera, e depoisdois cirurgiões colocaramo coração no lugar.

08 de agosto de 1908: Épublicada uma carta aber-ta ao governador do Esta-do, relatando as conse-quências dos efeitos daforte seca que o Estadoenfrentava naquela época:"A seca, com seu fúnebre

corteja de miséria, asso-la o Estado, devastandotudo", pontuava o inícioda carta.

08 de setembro de1908: Nessa data, o proje-to do deputado AlcindoGuanabara, que discorriasobre o divórcio no Bra-sil, é apresentado. A Co-missão de Constituição eJustiça da Câmara, no en-tanto, havia dado parecercontrário ao projeto, queestabelecia que o vínculoconjugal podia ser dis-solvido, ficando os côn-juges com a faculdade deestabelecerem novas núp-cias, dois anos depois depassado em julgado a sen-tença que houver proferi-do o divórcio, na formadas leis em vigor, e desdeque um dos cônjuges o re-queresseEm edição de novembro de1908, época em que o jor-nal era publicado trêsvezes por mês, em diasindeterminados, e cujaedição não se pode visua-lizar o dia exato em quefoi veiculada, é desta-que a morte do então pre-sidente da Academia Bra-sileira de Literatura:Machado de Assis, em ar-tigo que dizia o seguin-te: "Morto, é morto opoeta das Americanas, oromancista de Brás Cubas -Machado de Assis, o pri-meiro dos literatos bra-sileiros deste século".Machado morreu no dia 29de setembro, na sua peque-na vivenda do Cosme Velho,onde morava há mais de 30anos.

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onsiderada o marcozero da cidade de Mos-soró, a Catedral de

Santa Luzia, ao longo desua história, foi submeti-da a processos de restau-ração, e reconstrução,tendo o jornal O Mosso-roense registrado grandeparte desses momentos. Emsua edição de 30 de setem-bro de 1909, o periódicoinforma que naquele diaseriam inauguradas asobras da Igreja Matriz.

"Com uma missa solene,serão inauguradas hoje as o-bras da nossa Igreja Matriz,que compreendem a completatransformação da fachada develho templo em estilo góti-co, tendo numa das elegantestorres o relógio, que ao po-vo, em geral, vai prestandoinestimáveis serviços",afirmava o texto.A iniciativa de dar con-

tinuidade às obras daigreja foi do padre PedroPaulino. Na época, elepromoveu uma meritóriacampanha em prol da con-

clusão das torres da igre-ja. Para isso, convocou osfiéis às romarias duranteas tardes de domingo,quando seriam transporta-dos tijolos, pedras, areiae cal para o adro da ma-triz, de forma a não para-rem os serviços por defi-ciência de material. A po-pulação atendeu ao chamadodo vigário e as torres fo-ram concluídas.

O início da história daCatedral de Santa Luzia, noentanto, data de 5 de agostode 1772, quando o sargento-

mor da ribeira do Mossoró esua mulher Rosa Fernandesrecebem autorização da Pro-visão das Dignidades do Ca-bido de Olinda, para cons-truírem uma capela na fa-zenda Santa Luzia. A capelafoi construída com os cru-zados do sargento-mor e oauxílio dos devotos circun-vizinhos, sendo o primeiroato litúrgico celebrado em25 de janeiro de 1773, quan-do foi batizada uma criançado sexo feminino, cerimôniaessa oficiada pelo padreJosé dos Santos da Costa.

C

A construção dastorres da Catedralde Santa Luzia énotícia em 30 desetembro de 1909

A notícia hojeRecentemente, a Catedral Diocesana deSanta Luzia, elevada a essa condição em28 de julho de 1934, quando foi criada aDiocese de Mossoró, foi revigorada, gan-hando novas cores, através de um projeto

desenvolvido nacionalmente.O trabalho de pintura da Catedral deSanta Luzia, executado por 15 pintoresprofissionais e 20 aprendizes, teve iní-cio em julho, e foi concluído em 13 de

setembro. As novas cores da matriz,aprovadas pela diocese, são Fuga no tem-po, uma cor da família dos tons cinzas,e branco, somando 1.100 litros de tintautilizados.

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a mesma edição emque o naufrágio doTitanic é destaque,

um fato marcante para Mos-soró também é noticiado: ainstalação do Colégio Sa-grado Coração de Maria (C-SCM). A publicação conti-nha informações referentesao prédio onde o estabele-cimento de ensino funcio-naria, "situado numa dasmais invejáveis posições

da cidade", e que estavaem estado final de cons-trução.Em 09 de julho de 1912, o

assunto volta a ser repercu-tido, dessa vez, com todosos detalhes sobre o Colégio,relatando inclusive as dis-ciplinas que seriam minis-tradas na instituição,inaugurada no dia 02 deagosto.O primeiro grupo de Irmãs

(formado por seis religio-sas, entre elas a Ir. Leocá-dia do Menino Jesus, supe-riora, e primeira diretorado Colégio), vindas de Por-tugal com o intuito de fun-dar a instituição de ensino,chegou a Mossoró em 30 dejunho de 1912.

O Colégio surgiu objeti-vando instruir e educar me-ninas, sendo que no seu pri-meiro ano de funcionamento o

estabelecimento registrouum total de 57 alunas, sendoMaria de Lourdes Nogueira aprimeira estudante matricu-lada.

"O sacrifício das irmãsque vieram de Portugal fun-dar o Colégio não foi emvão. Foi uma semente lançadaque tem dado muitos frutos,em abundância e em qualida-de", diz a atual diretora doCSCM, Irmã Nerialba.

NJornal apresenta detalhes da instituição de ensino fundada em 1912

Quantos habitantesexistiam no Brasilem 1910? Quantaspessoas estavammatriculadas nasredes pública eprivada de ensino?Qual era o númerototal de municí-pios brasileirosnesse período?Questões como es-tas foram respon-didas em um deta-lhado material pu-blicado pelo jor-nal O Mossoroenseem 26 de maio de1910.Os dados mostravamque a população dopaís encontrava-seentre 20 e 22 mi-lhões de pessoas,distribuídas entre

22 circunscriçõesterritoriais autô-nomas (20 estados,Distrito Federal eo Acre), que com-preendiam 1.154municípios.Naquele ano, o Po-der Legislativoera composto por1.040 "fabricantesda lei", como ojornal classificouos 189 senadores,212 deputados fe-derais e os 639 de-putados estaduais.Números curiosostambém foram reve-lados, como o fatode que em 1910 cer-ca de um milhão deestrangeiros resi-diam no Brasil.O país possuía

ainda 19 mil qui-lômetros de viastérreas em tráfegoe uma rede tele-gráfica de28.395.612 km.Aproximava-se deum milhão o númerode alunos matricu-lados nas escolasde ensino primá-rio, público eparticular, 31 milos que frequenta-vam os institutosde ensino secundá-rio, e seis mil oensino superior.No Brasil existiam108 teatros, e ogoverno havia, atéaquele período,feito 23 emprésti-mos externos eseis internos.

Segundo os númerosdivulgados peloInstituto Brasi-leiro de Geografiae Estatística (IB-GE) no último dia31 de agosto, apopulação do paísestá estimada em193.946.886 habi-tantes, um aumentode aproximadamen-te 781% em relaçãoao total de pes-soas residentes noBrasil em 1910.Hoje, o territóriobrasileiro estádividido em 27unidades federa-tivas, sendo 26estados mais oDistrito Federal,e conta 5.565 mu-nicípios.A composição atualdo Poder Legisla-

tivo está assimdistribuída: 81senadores, 513 de-putados federais,e 1.059 deputadosestaduais. Atualmente, o Bra-sil possui41.183.103 estu-dantes matricula-dos na rede públi-ca de educação bá-sica - estadual emunicipal, con-forme aponta dadospreliminares doCenso Escolar, pu-blicados na ediçãodo dia 6 de setem-bro do Diário Ofi-cial da União(DOU). O ensinoregular (educaçãoinfantil - crechese pré-escolas) tem40.554.335 matrí-culas.

A notícia hojeO Brasil em números: O Mossoroense apresenta dadosrelevantes sobre o país em 1910

Para celebrar o seucentenário, o CSCM rea-lizou extensa programa-ção, que incluiu ativi-dades como show com apresença do padre Nu-nes, missa no CemitérioSão Sebastião, promovi-da em homenagem a todasas pessoas que partici-param da história dainstituição, e momentosde confraternização com

ex-alunos do Colégio."O Colégio é hoje umgrande patrimônio, nãosomente da Congregaçãoque o mantém, mas tam-bém pela história quedesenvolveu ao longodesses 100 anos, e pelobem que tem feito à co-munidade, educando ge-rações de mossoroensese de toda a redondeza",enfatiza Irmã Nerialba.

Inauguração do ColégioSagrado Coração de Maria:

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Navio brasileiro é atacado:participação do país na Guerra é incentivada

Até o início de 1917, oBrasil acompanhava o con-flito bélico apenas comoobservador. No entanto, em5 de abril, a participaçãodo país na Primeira GuerraMundial ganha novos contor-nos, devido ao ataque dire-cionado ao navio brasileiro"Paraná", que navegava deacordo com as exigênciasfeitas a países neutros,mas foi torpedeado, por umsubmarino alemão.Com o título "Em torno da

Guerra", o jornal publicaartigo em 09 de maio de1916, que apontava o rompi-mento das relações diplomá-ticas entre o Brasil e oImpério Alemão: "Em vistade tão agressivo quãoafrontoso ataque aos briosda Nação Brasileira, o go-verno do País, cioso documprimento de seus deve-res, e intérprete fiel dosintuitos patrióticos do po-vo brasileiro, rompeu ime-diatamente suas relaçõesdiplomáticas e comerciaiscom o Império Alemão",constava a publicação.Após o ataque ao vapor

brasileiro, o governador doRio Grande do Norte, desem-bargador Ferreira Chaves,encaminha mensagem aos pre-sidentes das intendênciasmunicipais, solicitando aatenção para "o grave mo-mento da vida soberana ealtiva da nossa pátria". Oentão presidente da Inten-dência de Mossoró, farma-cêutico Jerônimo Rosado,convoca reunião para quetodos tomem conhecimento arespeito da mensagem enca-minhada pelo chefe do PoderExecutivo potiguar. O fatoé divulgado pelo jornal em30 de maio de 1917.

Com o rompimento das re-lações diplomáticas com oImpério Alemão, crescem asespeculações a respeito daentrada oficial do Brasilna Guerra, e em 6 de junhode 1917, O Mossoroense re-percute, em sua primeirapágina, dois artigos dojornal "D'Província", dePernambuco, enfocando osmomentos e tensão que opaís enfrentava. Um dostextos, escritos por chefedo positivismo brasileiroTeixeira Mendes, dizia oseguinte:

"O Brasil está, de fato,em estado de guerra com aAlemanha. Não que tenhafeito a este país uma de-claração formal nesse sen-tido, mas em consequênciade afirmações anteriorespor ocasião da nota teutô-nica sobre o bloqueio daEuropa. Lamenta que só ago-ra o Brasil tivesse chegadoa esse extremo, esperandoque um caso que lhe dizrespeito diretamente o lan-çasse em uma atitude que hámuito lhe era ditada porseus deveres". Em 31 de outubro de 1917,

o jornal abre espaço parainformar que mais um naviobrasileiro havia sido tor-pedeado por um submarinoalemão. "É a quarta afrontaque o Brasil recebe à suasoberania. Esgotando todosos recursos diplomáticos, anossa pátria se viu na duracontingência, a bem da suadignidade e da sua honra,de romper as suas relaçõescom a Alemanha, o país quepersistia em desrespeitar anossa bandeira", dizia oartigo do "Jornal Pequeno",do Recife, republicado peloO Mossoroense.

Presidente do Brasil comunica aogovernador do RN entrada oficialdo país na "Grande Guerra"

Através de nota encami-nhada pelo Presidente daRepública, Wenceslau Braz,ao governador do RN, desem-bargador Ferreira Chaves, aentrada oficial do Brasilna Guerra, anunciada em 26de outubro de 1917, é noti-ciada pelo jornal O Mosso-roense. Leia a seguir tre-chos do documento históri-co:

"... É a paz a aspiraçãodo país, foi ela em todosos tempos o ideal da naçãoeducada nas normas do tra-balho pacífico, do progres-so, da ordem, do respeitoaos direitos alheios. Desdeos primeiros dias da inde-pendência, nossa ação in-ternacional jamais se exer-ceu em detrimento de quemquer que fosse ... Nuncativemos guerra de conquis-ta; e a índole do nosso po-vo está a indicar, em lar-gos anos de vida laboriosa,que não nos movemos de ou-tros intuitos que não os dapaz e do trabalho. Entre-tanto, na guerra a que ou-tros povos já deram o me-lhor do seu sangue e dosseus recursos, conhece oBrasil a soma de sacrifí-cios que está chamando afazer e os encara sem vaci-lação. ... Do litoral aossertões, cada brasileirocumprirá o seu dever, comoele sempre entendeu e en-tende que deve cumprir, naluta sangrenta cujas sur-presas dia a dia excedem osmais avisados cálculos ...É necessário que sedissipem todas as di-vergências internas eque a nação apareçauma e indivisível em

face do agressor. Por isso,o Governo aconselha e espe-ra de todo o país o maioracatamento às suas decisões... Nossas tradições libe-rais ensinaram sempre orespeito às pessoas e bensdo inimigo, tanto quantoforem compatíveis com a se-gurança pública. E assimdevemos proceder. É opor-tuno que aconselhemos amaior parcimônia nos gastosde qualquer natureza, pú-blicos ou particulares. In-tensifique-se quanto pos-sível a produção dos camposa fim de que a fome, quebate já às portas da Euro-pa, não nos aflija também;e, antes, passamos serceleiros de nossos alia-dos. Estejam todas as aten-ções alertas aos manejos daespionagem, que tem todasas formas e emudeçam todasas bocas, quando se tratardo interesse nacional" Cor-diais sau-dações,Wences-lauBraz,Presi-denteda Re-públi-ca.

xistem acontecimen-tos, que de tão impor-tantes serão sempre

tema de discussões, ocupan-do páginas e mais páginasdos livros de história ado-tados pelas instituições deensino. A Primeira GuerraMundial é, sem dúvida, umdesses assuntos que nuncacairão no esquecimento, e ojornal O Mossoroense con-tribui para que detalhesdesse período tão intensoda humanidade sejam preser-

vados, uma vez que todas asetapas do conflito foramdocumentadas pelo periódi-co, entre 1914 e 1918.Um dos primeiros regis-

tros referentes à "GrandeGuerra" é datado de 3 de se-tembro de 1914, quando, como título "Conflagração Eu-ropeia", o jornal publicaartigo sobre o confrontobélico que havia tido iní-cio na Europa em julho da-quele ano.Tempos depois, em abril

de 1916, o escritor BlascoIbanez assina texto que re-

trata os sentimentos da po-pulação espanhola perante àGuerra. Segundo o autor,a maioria da população es-panhola estava convencidado 'triunfo final dos alia-dos", e que os homens inte-ligentes baseavam sua fé nosucesso final e no enfra-quecimento contínuo dasforças imperiais.

Dando sequência às notí-cias da Primeira GuerraMundial, em 29 de junho de1916, o jornal repercute oque, segundo alguns crité-rios, foi a maior batalha

naval da história: a bata-lha de Jutlândia, únicoconfronto em grande escalaentre navios de guerra des-se período. A batalha ocor-reu entre 31 de maio e 1º dejunho. Em sua edição de 29de junho, O Mossoroensedestaca o discurso do impe-rador de Berlim, GuilhermeII, onde ele afirma que oato foi uma "magnífica li-ção ao orgulho inglês". Se-gundo as informações, mor-reram durante o combate en-tre couraçados 132 ofi-ciais, e 2.414 marinheiros.

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Primeira Guerra Mundial:

O Mossoroense registra todas asetapas do conflito que assustouo mundo entre 1914 e 1918

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iante do sentimen-to de patriotismoque o país viven-

ciava após a oficializa-ção da entrada do Brasilna Guerra, Mossoró é con-vocada a participar doconflito, através da or-ganização de uma "Socie-dade de Tiro". No dia 28de novembro de 1917, OMossoroense repercuteartigo, intitulado "PelaPátria", quando aponta

que a cidade deveria"acompanhar o movimentopatriótico que se opera-va no Brasil":

"Não queremos regis-trar o fato como uma no-tícia comum, na compe-tente seção desta folha.Sobre o assunto, que é dereal importância para omomento que atravessa-mos, somos levados a adu-zir algumas palavras,com as quais não visamosexpressar, simplesmente,o regozijo que nos causouesse gesto patriótico da

mocidade mossoroense, depar com os aplausos efu-sivos de que se tornouela merecedora".Na sequência, infor-

mações do deputado Cu-nha da Mota mostram quejá estava definida ainauguração do "TiroMossoroense", e organi-zada a lista daquelaspessoas que receberiaminstruções militares pa-ra defenderem a pátriaquerida.Alguns meses depois,

em 5 de junho de 1918, ojornal noticia que no dia

1º daquele mês, tinhaminiciados os trabalhosda "Junta de AlistamentoMilitar" de Mossoró,presidida por JerônimoRosado, Coronel BentoPraxedes, tendo como en-carregado de registrocivil o Major Teixeira deHolanda. Também foi durante o

confronto mundial queocorreu a instalação doprimeiro Tiro de Guerrade Mossoró, fato esseregistrado pelo jornalem 18 de setembro de1918.

Em 16 de outubro de1918, O Mossoroense dizque a Alemanha havia eva-cuado todos os territó-rios dos aliados e es-tava disposta a aceitaro programa de paz do pre-sidente americano Woodrow

Wilson. Na edição seguinte, o

jornal destaca, em sua se-ção "Telegramas", que osalemães estavam em francaretirada em todos os seto-res da Guerra, e que aTurquia já negociava sua

rendição. O fim do confli-to bélico estava próximo.

Por fim, em 11 de no-vembro de 1918, é assinadoo Armistício de Compièg-ne, um tratado entre osAliados e a Alemanha, den-tro de um vagão-

restaurante, na florestade Compiègne, regiãofrancesa, com o objetivode encerrar as hostilida-des na frente ocidental daPrimeira Guerra Mundial.O conflito chega ao fimapós quatro anos.

29 de janeiro de 1916:Sob o título "MaravilhoInvento", é notícia queum frade residente naItália havia criado um"invento verdadeiramentemaravilhoso e que, se pa-rece, vai ser de muitaimportância no atual mo-mento": a fabricação deum tecido vegetal o qualtem a propriedade de im-pedir a passagem das ba-las de fuzil através docorpo humano. Era criadoo colete à prova de bala,durante a Primeira GuerraMundial.

28 de fevereiro de1916: No dia 19 daquelemês, ocorria o primeirodesastre em um pequenotrecho da linha férrea deMossoró: uma locomotivaque fazia manobras na es-tação de Porto Franco co-lidiu com uma mulher,

fraturando uma das per-nas.

26 de agosto de 1916:Anúncio de que em poucosdias seria inaugurado oAçude do Saco, bacia hi-dráulica que traria mui-tos benefícios para a pe-quena agricultura da ci-dade.

09 de setembro de1916: Destaque a inaugu-ração da estrada de auto-móveis ligando Mossoró aLimoeiro, sendo que suaviagem inaugural ocorreuno dia 04, com as presen-ças do Coronel Cunha daMota, presidente da in-tendência, e outros re-presentantes políticos.

15 de agosto de 1917:Na seção "Telegramas" énotícia que a China haviadeclarado guerra a Alema-nha, e a explosão de uma

fábrica de munições emHennersdorf, na Alemanha,morrendo 300 operários.

24 de outubro de1917: Publica-se notíciarelatando que a Rússiatinha transferido sua ca-pital para Moscou.

27 de março de 1918:No espaço "Telegramas",mostra-se os números daguerra: A ofensiva alemãà França já havia regis-trado grande mortandade,de ambos os lados. Esti-mava-se as perdas em 150mil homens. Na mesmaedição e seção, é notí-cia que Paris estavasendo bombardeada comcanhões de alcance de120 km.

30 de outubro de1918: Mossoró registracerca de 600 casos da

Gripe Espanhola, epidemiaque assustava o mundonesse período.

01 de janeiro de1919: Jornal publica no-tícia sobre a morte dopríncipe dos poetas: Ola-vo Bilac, ocorrida no dia30, no Rio de Janeiro. Namesma edição, é relatadoque no dia 02 de dezembrode 1918 foi instalada nacidade uma filial do Ban-co do Brasil.

24 de julho de 1919:O prolongamento da Estra-da de Ferro de Mossoró éautorizado nessa data.Uma página inteira é de-dicada ao assunto, emedição especial.

31 de julho de 1919:Dr. Epitácio Pessoa assu-me a Presidência da Repú-blica.

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Mossoró acompanha movimento patriótico e cria sua "Sociedade do Tiro"

Países em guerranegociam suarendição: o fim do confrontose aproxima

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10 de janeiro de1920: Destaque à posse donovo governador do RN,Antônio J. de Mello e Sou-za, e do presidente da In-tendência Municipal deMossoró, Camillo Porto daSilva Figueiredo.Na mesma edição estreia acoluna "Vida Social", comnotas sobre aniversários,casamentos, apresentaçõesculturais.

24 de janeiro de1920: Artigo detalha asituação deficiente quese encontrava a CadeiaPública de Mossoró.

12 de março de 1920:Com o título "Uma novapraga", é publicado arti-go relatando os problemasque a cidade estava en-frentando devido ao cres-cimento da frota de auto-móveis em Mossoró, emtexto que dizia o seguin-te:"...Em rigor, não preci-

samos dizer qual seja es-sa nova calamidade, que,atualmente, a todos osmomentos ameaça a vida dacalma população de Mosso-ró, porque os nossos in-teligentes leitores jácompreenderam que, nestacidade, pior do que a cri-se, pior do que o sol, pi-or do que a água, só... oautomóvel!"

24 de julho de 1920:Destaque para aprovação,na Câmara dos Deputados,de projeto que revogava obanimento da família Impe-rial do Brasil, decretadopor lei em 21 de dezembrode 1889. Com isso, os res-tos mortais de D. PedroII, e sua esposa, poderiamser trazidos para o Bra-sil.

30 de Outubro de1920: O senador potiguarFerreira Chaves, foi es-colhido, no dia 21 daque-le mês, como novo Minis-tro da Marinha, após o pe-

dido de demissão do Dr.Raul Soares.

16 de setembro de 1921:Notícia revela que Fer-reira Chaves era elevadoao posto de Ministro daJustiça.

01 de outubro de1921: É notícia a funda-ção, no dia 26, de uma no-va sociedade musical emMossoró: O "Grêmio Musi-cal".

12 de junho de 1922:Notícia que no dia 9 da-quele mês, o Congresso Na-cional havia proclamadoArtur Bernardes como pre-sidente do Brasil, e Urba-no Santos, como vice, tor-nando o cargo vago em se-guida, devido a morte dovice.

11 de julho de 1925:Enfatizada a sessão so-lene de inaguração da luzelétrica em Areia Branca,ocorrida em 4 de julho de

1925.Na mesma edição é repercu-tida a situação em quese encontrava a União Cai-xeral, fundada em 27 deagosto de 1911: "... In-justificável é o desinte-resse dos empregados denosso comércio pela únicadas nossas associações,que tem por objetivo de-fender os seus interes-ses", dizia o artigo.

30 de agosto de 1925:Sob o título "A Reforma doEnsino", é destaque a"Lei do Ensino", em vigordesde o dia 26 de julho, eque estabelecia uma novatentativa do governo paraorganizar a instruçãoeducacional no Brasil.

23 de setembro de1926: Destaque, que desde25 de agosto estava pu-blicada a nova Constitui-ção Política do Rio Gran-de do Norte, criando o es-tatuto da aposentadoria,entre outros pontos.

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elas páginas dojornal O Mosso-roense estão re-gistradas as

etapas da evolução dacidade. Em 29 de julhode 1916, o jornal re-leva que, em artigo deprimeira página, quehavia sido firmado umcontrato entre a In-tendência Municipal ea Sociedade Anônima"Força, Luz e Melho-ramentos de Mossoró",para que a cidadefosse contemplada,até o mês de novem-bro, com a esperadaluz elétrica, em no-vembro. Na mesma edi-ção, foi publicado oestatuto da Socieda-de, contendo todos osdetalhes de sua cria-ção, objetivos e fun-cionamento.Todos os pontos re-

ferentes ao contratofirmado entre o muni-cípio e a Sociedadeforam transcritos naedição do O Mosso-roense de 18 de agostode 1916. Em um dostrechos, o traslado

diz que a iluminaçãopública da cidade se-ria equipada com 120lâmpadas de 32 velasde filamento metáli-co, distribuídas pe-las ruas e praças dacidade. As lâmpadas seriam

colocadas em braçossobre postes de ma-deira de até cinco me-tros acima do solo. Aintendência municipalpagou pelas 120 lâm-padas a importânciaanual de 15 contos deréis, divididos em 12prestações mensais deum conto e duzentos ecinquenta mil réis.Além da iluminação

pública, também esta-va prevista ilumina-ção privada, sendoque as instalaçõesdomiciliares seriamfeitas mediante oproprietário, que te-ria de pagar pelo con-sumo mensal de luzparticular, taxas quevariavam de acordocom o tipo de quanti-dade e de lâmpadasutilizadas.

Segundo informações repassa-das pela Companhia Energética doRio Grande do Norte (Cosern),nos últimos anos foram investi-dos aproximadamente R$ 5,8 mi-lhões na ampliação da rede deenergia elétrica da cidade,através do Programa "Luz paraTodos".

Conforme a Companhia, foramimplantados em Mossoró 2.935postes, 228 km de rede primáriae 60 km de rede secundária, alémda instalação de 2.970 KVA decarga.

Ainda de acordo com o Cosern,

está prevista a retomada do Pro-grama "Luz Para Todos", entre2012 e 2013, através do Termode Compromisso firmado em19/12/2011 entre o Ministério deMinas e Energia (MME), a Compa-nhia Energética do RN, a AgênciaNacional de Energia Elétrica (A-NEEL) e a Eletrobrás, que bene-ficiará 4.845 famílias potigua-res, até 31/12/2013.

Hoje, o valor da tarifa dosconsumidores residenciais,atendidos em baixa tensão (grupoB) é de R$/KWh 0,36373 (sem im-postos).

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Mossoró evolui:

A notícia hoje

sistema de iluminaçãoelétrica chega à cidade em 1916

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onhecida por terservido comotrincheira para

os defensores de Mos-soró durante a inva-são do bando do can-gaceiro Lampião em 13de junho de 1927, aIgreja de São Vicentecomeçou a ser erguidaem 3 de outubro de1915, quando foi lan-çada a primeira pedrapara a edificação da"Nova Capela" do mu-nicípio. Seis diasdepois, O Mossoroensenoticia o fato mar-cante, relatando queum novo templo cató-lico seria construídosob a invocação deSão Vicente de Paulo.De acordo com o

historiador GeraldoMaia, apesar de aIgreja ser constan-temente associada aoepisódio envolvendoo ataque de 13 de ju-nho de 1927 (sendoque foram de sua tor-re que partiram ostiros que mataram ocangaceiro Colchetee feriram Jararaca),outro fato marcantemerece ser destaca-do: os serviços daconstrução do temploforam executados pe-los retirantes quedeixaram sua terranatal e se aventura-ram em direção a Mos-soró (que naquela

época era considera-da um grande centrocomercial, comabrangência não só noOeste potiguar, mastambém em parte daParaíba e do Ceará),buscando formas desobreviver em meio àforte seca que o Nor-deste brasileiro en-frentava."Era necessário que

se oferecesse algumtrabalho para queaquela gente pudessese sustentar digna-mente sem se humilhartanto. E a construçãoda Igreja de São Vi-cente de Paulo foi umalento para muitasfamílias de retiran-tes", conta GeraldoMaia.Segundo o historia-

dor, os trabalhado-res recebiam comoforma de pagamentopelo serviço efetua-do uma pequena quan-tia em dinheiro, su-ficiente apenas paracomprar seus alimen-tos. "Isso salvoumuita gente. E o de-talhe era que elesconseguiram erguer otemplo, mesmo em con-dições sofríveis,cavando buracos,moldando tijolos, umprocesso que exigiamuito mais esforçosdo que atualmente",declara.

onsiderado por histo-riadores o maior con-flito bélico ocorrido

na cidade de São Paulo, a"Revolta Paulista de 1924"foi notícia no jornal OMossoroense, em sua ediçãode 31 de julho daquele ano.Em sua primeira página, operiódico destacou o assun-to, com artigo que iniciavada seguinte forma: "O gran-de levante militar de SãoPaulo foi, antes de maisnada, uma dolorosa surpresa

para o país", dando sequên-cia a um artigo completosobre o assunto.Caracterizada como a se-gunda revolta tenentista(movimento político-militar e série de rebe-liões de jovens oficiais debaixa e média patente doExército Brasileiro noinício da década de 1920,descontentes com a situa-ção política do país), arevolta foi deflagrada nacapital paulista em 5 de

julho de 1924, ocupando acidade por 23 dias, forçan-do o presidente do Estado,Carlos de Campos, a fugirpara o interior de São Pau-lo, depois de ter sido bom-bardeado o Palácio dos Cam-pos Elíseos, sede do gover-no paulista na época.No interior do estado deSão Paulo aconteceram re-beliões em várias cidades,com tomada de prefeituras.Os revoltosos foram final-mente derrotados nos pri-

meiros dias de agosto de1924, retornando o Presi-dente Carlos de Campos àcapital paulista.Os tenentes e demais mili-tares que participaram des-ta revolta e das demais re-voltas da década de 1920receberam anistia dada porGetúlio Vargas logo após avitória da Revolução de1930. No bairro de Perdi-zes, a revolução de 1924ainda é comemorada anual-mente.

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Revolta Paulista de 1924: Levante militar é notícia no jornal O Mossoroense

A Igreja de São Vicente sob outro aspecto: construção dacapela foi desenvolvida por retirantes que fugiam da seca

A Igreja de São Vicente de Paulo preserva até hoje asmarcas das balas trocadas entre o bando de Lampião e osdefensores de Mossoró. Conhecida como a Igreja de Lam-pião, ou a "Igreja da Bunda Redonda", por assim ter si-do chamada pelo chefe dos bandidos, o templo é palco doespetáculo "Chuva de Bala no País de Mossoró", encena-do no adro da Capela há dez anos, e que retrata a inva-

são do bando do temido cangaceiro em 1927. A Igreja também permanece até hoje com o mesmo estiloidealizado pelo arquiteto Francisco Paulino, pois qua-

se nada mudou em sua arquitetura original.

A notícia hoje

ma das mais antigas etradicionais agremia-ção carnavalesca deMossoró foi fundada em

14 de janeiro de 1924: O"Clube dos Baraúnas", asso-ciação cultural que deu ori-gem, décadas depois, ao timede futebol Baraúnas.A fundação do Clube foi noti-ciada pelo jornal O Mosso-roense em 9 de fevereiro. Obloco surgiu com o intuito derepresentar o povão da cida-

de, sobretudo os moradores dobairro Doze Anos, zona sul dacidade.Na década de 1960, os direto-res do bloco carnavalesco re-solveram estender a sua atua-ção, criando o time de fute-bol, tendo o Baraúnas ganhadoo primeiro campeonato quedisputou: o Torneio Início doCampeonato Mossoroense. Nos anos seguintes, o clubeainda conquistou outros doistítulos do Campeonato Mosso-

roense e duas Taças Cidadede Mossoró. Hoje o Baraúnasé o clube do interior do RioGrande do Norte com o maiornúmero de títulos que tem achancela da Federação Norte-riograndense de Futebol(FNF), são oito no total. O tricolor, como é conhecidoentre seus torcedores, con-quistou dois títulos do Tor-neio Início, dois turnos doCampeonato Estadual, um Tor-neio Seletivo, duas Copas RN

e ainda venceu o CampeonatoNorte-riograndense duas ve-zes no ano de 2006.O feito que trouxe mais re-conhecimento nacional para oBaraúnas foi a campanha naCopa do Brasil no ano de2005. O clube é o único doEstado que conseguiu chegaràs quartas-de-final da com-petição nacional, eliminan-do, naquele ano, os clubesAmérica Mineiro, Vitória eVasco da Gama.

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Bloco carnavalesco "Clube dos Baraúnas" é fundado em1924, dando origem décadas depois ao time de futebol

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pioneirismo deMossoró sempre foienaltecido por sua

população, possuindo a ci-dade inúmeros elementosque corroboram com essepensamento, entre eles, ofato de ter ocorrido emMossoró a primeira inclu-são de uma mulher no qua-dro de eleitores não só domunicípio, mas da AméricaLatina.O Mossoroense, sempre

atento aos principaisacontecimentos da cidade,noticia, em sua edição de30 de outubro de 1927, quea senhora Celina GuimarãesViana havia solicitado oseu registro como eleitorado município. "Opera-se no atual mo-

mento um movimento de jus-ta simpatia em nosso pe-quenino Estado ... no tó-pico atinente à mulherriograndense o direito devotar e de ser votada naspugnas eleitorais paraqualquer cargo público. Epara esta finalidade, Mos-soró como ser a líder doseu estado, não quis fi-car indiferente ao gestode Natal, que em dias an-teriores alistou a suaprimeira eleitora, a pro-fessora Júlia Barbosa, etambém vem de alistar emdata de anteontem a pri-meira eleitora do municí-pio, Celina Guimarães Via-na...", destaca o jornal.Apesar de não ter sido a

primeira mulher a requerera sua inclusão no alista-

mento militar, Celina Gui-marães é considerada aprimeira eleitora porque aprofessora Júlia AlvesBarbosa teve o seu deferi-mento retardado pelo juizManuel Xavier da CunhaMontenegro, da 1ª Vara dacapital. Dada a condiçãode solteira da requerente,somente despachado e pu-blicado pelo Diário Ofi-cial do Estado em data de1º de dezembro. Dessa for-ma, coube a Celina o pio-neirismo.Em 4 de dezembro de

1927, o jornal publicoureportagem intitulada "APrimeira Eleitora Brasi-leira", enfatizando a in-formação de que no dia 25de novembro, o nome de Ce-lina Guimarães havia sidoconfirmado na lista deeleitores do Rio Grande doNorte, fazendo com que,em virtude da Lei nº 660 de25 de outubro, teve o Bra-sil a sua primeira eleito-ra. "Na audiência eleitoral

daquele dia, em que acor-rera ao chamamento para oexercício dos direitos po-líticos, a primeira mulhersul americana (porquantodos 36 países do mundo quesufragam o voto primeirosó o Brasil agora iniciou)recebeu o Dr. Israel Fer-reira Nunes, Juiz de Di-reito interino da Comarca,com a mais viva satisfa-ção, e ali mesmo, após averificação dos documentoscomprobatórios com que re-

querera a sua qualificaçãode eleitora, exarou o seujurídico despacho, mandan-do incluir o seu nome nalista geral dos eleito-res...", apontou O Mosso-roense.

Sancionada pelo governa-dor José Augusto Bezerrade Medeiros, regulamentan-do o Serviço Eleitoral noEstado do Rio Grande doNorte, a Lei de nº 660 es-tabelecia não mais haver"distinção de sexo" para oexercício do sufrágioeleitoral e condiçõesde elegibilida-de. O projetoque alte-rava a leiordináriafoi de au-toria dodeputadomosso-roenseAdautoCâmara,que oapresen-tou naAssem-bléia Legis-lativa comaprovação unâ-nime.

Meses após ofeito histórico,em 2 de setembro de1928, O Mosso-roensepu-

blica entrevista com aprofessora Celina Guima-rães. Perguntada sobre suaideia de feminismo, elarespondeu: "Na sociedadeatual é cada vez mais com-plexo o papel da mulher.Quando todos os habitantesdos centros civilizados seagitam pelo trabalho e pe-la alegria, sentem as su-gestões dos movimentos deprogresso e de estímulos,e vivem uma vida de ativi-dades que os impele as

conquistas e as vitó-rias, já aí não se

pode maisconside-rar queno mun-do hajaluga-resparaosinú-teis."

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1927: Mossoró registra a primeiraeleitora da América Latina

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06 de março de 1927:É publicado o estatuto doCentro Espírita Redençãode Mossoró, criado em 28de novembro de 1926. Odocumento possuía seis ca-pítulos, com informaçõessobre o objetivo da socie-dade, seus deveres e di-reitos, administração, re-ceita e despesas, etc. etinha como presidente osenhor Aurélio Valente.

01 de maio de 1927:Notícia que o hidroaviãoJahú, pilotado pelo brasi-leiro Ribeiro de Barros,havia caído no mar próximoà Ilha de Fernando de No-ronha, sendo os aviadoressalvos por um paquete ita-liano. Na edição de 22 demaio, é destaque que oavião havia conseguidoaterrissar nas águas dorio "Potengi", em Natal,no dia 14 daquele mês,sendo motivo de festa parao Estado.

31 de julho: Notícia deque o paradeiro de Lampiãohavia sido descoberto, emRecife. O bandido estaria

escondido no serrote "Ris-co", do Riacho do Navio.

07 de agosto: O Mosso-roense publica entrevistacom o comparsa do canga-ceiro Massilon Benevidesno ataque à cidade de Apo-di: o bandido Manoel Fer-reira, conhecido "Bronzea-do".

16 de outubro: In-formada a morte do prefei-to Rodolfo Fernandes."Mossoró despertará no dia11 do corrente aos dobresplangentes de finados comque os campanários da ci-dade anunciavam o faleci-mento do Coronel RodolfoFernandes", relatou o jor-nal.

30 de outubro: Vei-culada informação a res-peito da fundação da "Con-gregação Esportiva Mosso-roense", entidade consti-tuída pelos presidentes decinco clubes da cidade -Ypiranga, Humaytá, SantaCruz, Mossoró e Palmeiras- cujo objetivo era supe-rintender os destinos es-portivos de Mossoró. Fun-

dado no dia 16 daquelemês.

Ainda na edição de 30 deoutubro, é publicada a Lein. 93, que determina a de-nominação de Praça CoronelRodolfo Fernandes, que an-tes tinha o nome de Praça06 de janeiro.

06 de novembro de1927: Destaque para o nau-frágio do transatlântico"Princesa Mafalda", emPorto Seguro, na costa naBahia, vitimando cerca de300 pessoas.

17 de março de 1929:Publicada notícia que queestava quase completo oplano de construções doLeprosário São Franciscode Assis, "estabelecimentode morpheticos", em Na-tal. "O atual governochegará ao seu términodeixando resolvido, entrenós o problema da lepra,que consistirá em ter re-colhidos ao 'Leprosário'todos os doentes do mal deHansen existentes no Esta-do", dizia o jornal.

26 de outubro de 1930:O então presidente do Es-

tado, Washington Luís es-tava preso, devido a Revo-lução, assumindo o governodo RN, o General Leite deCastro. Também na edição éenfatizado que toda maté-ria do jornal seria revi-sada pelo prefeito provi-sório Cônego Amâncio Rama-lho Cavalcanti.

09 de novembro de1930: Na seção Telegramas,é notícia que o presidenteGetúlio Vargas havia assi-nado, no dia 8, um decretodissolvendo o Supremo Tri-bunal Federal.

30 de novembro de1930: Morte do farmacêu-tico Jerônimo Rosado. Ojornal destaca em sua ca-pa a morte do ex-presidente da intendên-cia municipal, ocorridano dia 25 daquele mês."Raras vezes o nosso povosentiu-se tão profunda-mente abalado no seu co-ração e na sua alma, comodesta vez, quando se pro-palou pela "urbs" intei-ra a infaustosa e lasci-nante notícia do faleci-mento do farmacêuticoJerônimo Rosado".

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Hunos da nova espécie: A cobertura do jornal OMossoroense

durante a invasão do bando de Lampião à cidade de Mossoró

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nossa pena dejornalista tre-me, ao fazermosdivulgar na pre-sente notícia,

os dias de horror, infortú-nio e apreensões de que foiteatro Mossoró, por ocasiãoda incursão do famigeradogrupo sinistro capitaneadopelo mais audaz e miserávelde todos os bandidos que teminfestado o Nordeste brasi-leiro e o pacato territóriodo Rio Grande do Norte -Virgulino Lampião, esta ma-jestade do crime e do ter-ror, alma diabólica de per-vertido tarado cujo rasti-lho de misérias vem desas-sombradamente espalhando emtodos os recantos onde pas-sa com o seu cortejo macabroe facinoroso. Assim, logoàs primeiras horas de do-mingo último, 12 de junho,correu célere por toda anossa cidade, a notíciaalarmante de que o grupo fa-manaz desses hunos da novaespécie tentara atacar esaquear a vizinha cidade doApodi, tendo sido obrigadoa recuar em vista da resis-tência heróica que encon-traram por parte dos habi-tantes da pequena cidade, e

que desesperado por estefracasso, rumara o mesmopara a povoação de São Se-bastião, deste município, edali viria a Mossoró com ointento de locupletar asalgibeiras do sinistro che-fe - Lampião, em seguida in-cendiado a cidade, prosse-guindo, então, vitorioso, atrajetória infame do seutraçado hediondo de toda asorte de crimes". Foram es-sas as primeiras palavraspublicadas pelo jornal OMossoroense após a invasãodo bando do cangaceiro Lam-pião a Mossoró, em 13 de ju-nho de 1927.A edição de 19 de junho,

documento histórico quecomprova o fato até hojequestionado por parte dapopulação, relata com ri-queza de detalhes todas asetapas do ataque, caracte-rizado como a única derrotado bando, repercutido na-cionalmente naquele perío-do, e lembrado até hoje co-mo um dos principais feitosdo povo mossoroense.O inícioAs primeiras notícias re-

lacionadas ao ataque decangaceiros à região datamde 15 de maio de 1927. Nes-

sa data, o jornal publicouque da noite do dia 10 parao dia 11 de maio, a cidadede Apodi havia sido assal-tada, por um grupo de apro-ximadamente 17 cangacei-ros. Na edição seguinte, em22 de maio, na seção "Tele-gramas", é destaque que obandido Lampião estava in-ternado com o seu grupo noestado do Ceará.

O ataqueEm um dos trechos da edi-

ção de 19 de junho, o jor-nal noticia como o combateocorreu. Leia a seguir atranscrição da notícia: "Ofamigerado bando não nosencontrou desprevenidos... Sabendo dos nossos há-bitos pacíficos, desse va-garosamente e ao meio diade 13 começa a ser avista-do. A uma légua desta cida-de, manda uma intimativa aoCel. Rodolfo Fernandes, pa-ra que lhe envie 400 contosde réis, sob pena de nosinvadir. A tal ultimatum,respondido negativamente,segue-se outro que não tevemelhor sorte, e o celeradoe seus adeptos entram emcontato conosco, pouco an-tes das 16h. Divididos,aparecem em diversos pon-

tos. O sino da Matriz repi-ca, alertando o posto datorre que se prepara para aluta. Ao troar dos fuzis,casa-se ribombo do trovão,pois que pouco antes come-çara a chover. Se o céu nosmandava lágrimas, tambémsaudava, abafando o som dosdisparos. Era comovente oespetáculo. Investem osbandidos as primeiras trin-cheiras, ladeiam, cortamcaminho, surgem ao lado daestação da Estrada de Fer-ro, onde entram no prédioda União de Artistas e seentrincheiram; aparecem àmargem direita do rio, de-fendida pela trincheira dabarragem; o Telégrafo Na-cional, ao lado da Matriz,acha-se também defendido.Onde chegam, ai está o fogo... As torres da Matriz eda capela de São Vicente,as trincheiras atacadas di-retamente, as de retaguar-da, mantém nutrido tiro-teio. Os bandidos recuam,voltam à carga e repelidosnovamente se retiram para oseu acampamento, deixandomorto o bandido Colchete evários feridos. De nossaparte, nenhuma morte nemferimento se verificou."

Sob o título "Mossoró continua emarmas, na expectativa de um novo ata-que", a primeira página do jornaldedica seu espaço para publicar as in-formações mais recentes referentesaos ataques do bando de Lampião aMossoró. O texto dizia que a cidadeainda estava apreensiva quanto à pos-sibilidade de um novo ataque "pelahorda canibalesca de Virgulino Lam-pião, este terrível quadrilheiro doNordeste, pelo insucesso do assaltoque levou a efeito na noite de 13".No mesmo número também é destacado queo Lampião teria se refugiado, após aderrota sofrida em Mossoró, na zonado Jaguaribe, cidade de Limoeiro, noCeará.Ainda na edição de 26 de junho de

1927, são publicados trechos de umaentrevista concedida pelo próprioLampião ao jornal "O Nordeste", deFortaleza. No tópico referente à Mos-soró, o cangaceiro frisou:"Houve boa resistência em Mosso-

ró, porém não me desagradou o resul-

tado da luta; os inimigos estavambem entrincheirados, mas consegui com34 homens apenas, fazê-los recuar,abandonando as trincheiras; chegamosa tomar a cidade, mas em vista do"tenente" Sabino Gomes ter caído emuma emboscada na frente da casa dochefe político, fui obrigado a fazera retirada; o grosso de minhas tro-pas atinge a 190 homens e a retaguar-da da mesma ficou sob comando de LuizPedro". Na mesma entrevista Lampiãonega que tenham morridos bandidos deseu grupo, uma vez que, segundo ele,Jararaca não pertencia ao bando.Em 03 de julho de 1927, o jornal

repercute entrevista com a senhoraMaria José Lopes, ex-prisioneira daquadrilha de Lampião, que passou 16dias como refém do bando. "O bandoaprisionou-me pelas 11h do dia 10 dejunho, no sítio da minha proprieda-de denominado Aroeira, do municípiode Luís Gomes. Logo os bandidos co-meteram as maiores depredações, mal-trataram-me, bem assim pessoas de

minha família, quebrando toda mobí-lia de casa, queimando alguns uten-sílios e conduzindo ainda pequenosobjetos", disse a senhora.

Questionada sobre onde havia fi-cado durante a invasão do bando aMossoró, Maria José Lopes respondeuque os prisioneiros estavam bem per-to da cidade, sob a mira de seis ban-didos. "Após o ataque desta cidade,nada ouvi dos bandidos sobre resul-tado; e daqui partimos às 6h30 danoite. O grupo foi descansar em umroçado distante três léguas", dis-se.

Em 17 de julho, o jornal destacainformações repassadas por meio decarta por uma pessoa vinda do Ceará,que apontava o local onde o bando es-tava refugiado após a derrota em Mos-soró. "A perseguição a Lampião noestado do Ceará tem sido uma vergo-nha. É sabido que o prefeito de Mis-são Verde é um célebre protetor deLampião", dizia trechos da reporta-gem.

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A expectativa de um novo ataque

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ravemente feridodurante o ataquede seu bando à ci-

dade, Jararaca ficou re-colhido na Cadeia Públi-ca de Mossoró, local on-de concedeu entrevistaao professor Eliseu Via-na, declarações essaspublicadas no O Mosso-roense. A edição de nº884, datada de 19 de ju-nho de 1927, que constaesse acontecimento foiextraviada dos arquivosdo periódico, mas o tex-to pode ser consultadono livro "Lampião emMossoró", escrito pelohistoriador RaimundoNonato. Na conversa com Eliseu

Viana, o cangaceiro JoséLeite, o "Jararaca", re-velou que fazia parte dobando de Virgulino Fer-reira há um ano e seismeses, e que o ataque aMossoró teria sido acon-selhado por Massilon,não sendo este o desejode Lampião. Na entrevis-ta, o bandido se autode-nominou como um canga-ceiro temível em todazona pernambucana, con-tou que sempre encontrouproteção no territóriocearense, tendo o PadreCícero do Juazeiro for-necido munição a Lam-pião.Jararaca ainda deta-

lhou a forma como foialvejado durante o com-bate, afirmando que oprimeiro balaço que oatingiu partiu de cimada Capela de São Vicen-te, enquanto procuravatirar a munição de col-chete e conduzir a armado mesmo. O cangaceiroconfessou também que avida de bandido era mui-to ruim, mas que sempreprocurou evitar maus-tratos de seus compa-nheiros, pois teve edu-cação e era muito res-peitado no bando.Após ser divulgada no

O Mossoroense, a entre-visa ganhou proporçõesnacionais, sendo repu-blicada no jornal O Es-tado de S.Paulo, ondeobteve uma vendagem re-corde de cinco mil equatrocentos exempla-res. Na edição de 26 de ju-

nho, é informado que Ja-raraca havia morrido nasproximidades da cidadede Assu, em consequênciados seus graves ferimen-tos, enquanto estavasendo transferido para aCadeia de Natal. O can-gaceiro foi enterrado emMossoró, e até hoje seutúmulo continua sendo umdos mais visitados noCemitério São Sebas-tião.

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Jararaca é entrevistadopelo O Mossoroense

Revolução de1930, lideradapelos Estados de

Minas Gerais, Paraíbae Rio Grande do Sul,que culminou com o gol-pe de Estado que depôso presidente da Repú-blica Washington Luís,impediu a posse do pre-sidente eleito JúlioPrestes e pôs fim à Re-pública Velha, levandoGetúlio Vargas a assu-mir o destino da nação,também surtiu efeitosem Mossoró. Na edição de 26 de

outubro de 1930, o jor-nal O Mossoroense pu-blica extenso artigorelatando os "NovosRumos" que a cidade en-frentava a partir da-quele momento. Dizia operiódico: "Estamos,pois, na vigência dogoverno revolucionáriono Estado a partir do

dia 4 do corrente,quando as tropas doglorioso Exército Na-cional tomarão possedo Estado do Rio Grandedo Norte, entrando nodia 5, triunfalmenteem Natal. Como se vê,houve brusca transiçãodo passado regime parao atual. Em Mossoró, acidade mater da liber-dade, o despertar darevolução foi por en-tre a bandeira brancada paz, sem nenhumaefusão de sangue". Namesma edição, é desta-que, na capa do jornal,que toda matéria pu-blicada pelo informa-tivo seria revisadapelo prefeito provisó-rio Cônego Amâncio Ra-malho Cavalcanti.Uma das principais

movimentações ocorri-das em Mossoró após aRevolução ser defla-

grada, registra-se em5 de outubro, quando osadeptos da Aliança Li-beral, formado peloPartido RepublicadoMineiro (PRM), chega-ram a Natal, e na se-quência, vieram até acidade, onde invadirama Coletoria de Renda deMossoró, de onde reti-raram e quebraram o re-trato do governadorJuvenal Lamartine. Du-rante essa mobiliza-ção, até mesmo a sededo jornal O Mossoroen-se foi alvo dos revolu-cionários, que ameaça-ram destruir o perió-dico, na época dirigi-do pelo deputado fede-ral Rafael Fernandes.Os revolucionários

ficaram alojados nasdependências do entãoColégio Santa Luzia.Durante o tempo em quepermaneceram em Mosso-

ró, o comércio da cida-de manteve suas portasfechadas, inclusive aagência do Banco doBrasil, pois havia oreceio de saque e de-predação. O povo deMossoró só voltou àtranquilidade com che-gada da tropa federal,que assumiu o controlemilitar de toda cida-de.No dia 12 de outubro

de 1930, assumiu o go-verno do Estado o in-terventor Irineu Jôfi-le, que nomeou o CônegoAmâncio Ramalho para ocargo de Prefeito deMossoró, em substitui-ção a José Octávio, quehavia assumido a ges-tão administrativa domunicípio no dia 6,tendo sido o prefeitoque menos tempo perma-neceu no exercício docargo.

AA Revolução de 1930 em Mossoró: a cidade sob "Novos Rumos"

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15 de fevereiro de1931: Relato a respeitoda decretação da revisãodo Código Civil Brasilei-ro e da Lei Eleitoral.

22 de fevereiro de1931: Inauguração oficialda praça Coronel RodolfoFernandes. Na mesma edi-ção é notícia que tinhasido aberta a estação derádio do Vaticano, peloPapa Pio XI.

15 de março de1931:Notícia que no dia 18,entraria em vigor no Es-tado o decreto que obri-gava o registro de nasci-mento a todos os brasi-leiros nascidos a partirde 1º de janeiro de 1889e não registrados até adata da publicação do de-creto.

12 de abril de1931: Era destaque ainauguração do Cinema Fa-lado em Natal, o Cine"São Pedro".

19 de julho de1931: Repercutida publi-cação de decreto que sim-plificaria a ortografianacional, "considerando avantagem de dar uniformi-dade à escrita do idiomanacional, utilizado nasrepartições públicas nosestabelecimentos de ensi-no a ortografia aprovadapela Academia Brasileirade Letras e pela Academiade Ciências de Lisboa"

16 de agosto de1931: Duplo assassinato:Jornal destaca que no dia12, um duplo assassinatoocorreu na cidade. "Nãohá notícia, na vida de

Mossoró, desde os seusprimórdios, ter esta ci-dade assistido quadro se-melhante ao que esse diase descortinou perantenós, com acentos da maisviva indignação". Foramassassinados dois irmãos,Silva e Lucas Felipe, naAvenida Tavares de Lira.O caso ocorreu em um es-tabelecimento comercial,onde o feitor geral daEstrada de Rodagem deMossoró- Assu, BelarminoAraújo, atirou contra osjovens, acusando-os deroubo.

04 de outubro de 1931:O jornal destaca a passagemdo primeiro aniversário da"Revolução Brasileira", re-latando que Mossoró comemo-rava a data em um ambientede paz, e "sob as esperançasmais vivas de um porvir bo-nançoso".

01 de novembro de1931: Durante as comemo-rações de um ano da Revo-lução, o chefe do governoprovisório, Getúlio Var-gas, assinou decretoconcedendo anistia amplapara todos os crimes po-líticos ocorridos emterritório brasileiroaté aquele momento.

24 de janeiro de1932: O Mossoroense pu-blica artigo explicandoaos seus leitores as re-gras do novo imposto ter-ritorial, decretado peloGoverno Estadual, e aoqual estavam sujeitastodas as terras, inde-pendente do seu valor.Nessa edição também é no-tícia a fundação da"União de Professores deMossoró".

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undada em 27 deagosto de1911, a Socie-

dade "União Caixei-ral", entidade cujoobjetivo era assis-tir social e educa-cionalmente à classede empregados do co-mércio de Mossoró,ganhou sua sede pró-pria 1934.Em 4 de novembro, O

Mossoroense noticiaque no dia 30 de ou-tubro, a nova sedeera inaugurada, ins-talada na praça daRedenção. As obrashaviam sido inicia-das em 1931. A Sociedade era

formada por comer-ciantes, intelec-tuais da cidade ecaixeiros viajantesque transportavammercadorias paraMossoró. A constru-ção da sede própriada entidade foi ar-ticulada pelo comer-ciante Alcides DiasFernandes.Antes da edifica-

ção do prédio que se-diara a "União Cai-xeiral", as reuniõesdos sócios eram rea-lizadas nas depen-dências do ColégioDiocesano, na épocalocalizado na praçaVigário Antônio Joa-quim, onde atualmen-te se localiza o Ban-co do Brasil.Na estrutura cria-

da por Alcides foimontada a EscolaTécnica de ComércioUnião Caixeral, pri-meira instituição deensino superior pro-fissionalizante deMossoró, que serviude berço para a cria-ção da Faculdade deCiências Econômicas(Facem), instituídaatravés da Resoluçãonº 01/43, de 18 deagosto de 1943.Na Escola Técnica,

eram ministradas au-las de disciplinascomo economia demercado, análise debalanço, contabili-dade de custos e con-tabilidade financei-ra. A Escola Técnicapermaneceu em atua-ção até o ano de2000, com apenasseis alunos matricu-lados em seus últi-mos dias de funcio-namento.À luta do grupo de

idealistas daUnião, somou-se aUnião UniversitáriaMossoroense, enti-dade fundada em 9 dejulho de 1955, com-posta por universi-tários de Mossoróque estudavam emoutras cidades. Aentidade foi presi-dida por João Ba-tista Cascudo Ro-drigues que veio aser o primeiro rei-tor da UniversidadeRegional do RioGrande do Norte,atual Uern.

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União Caixeiral: prédio próprio é inaugurado em novembro de 1934

O imponente prédio queabrigou as atividades daSociedade União Caixeiralhoje preserva em seu espa-ço obras raras, títulosdatados de 1822, como"Odisseia", de Homero. Asinstalações da entidadeforam reformadas, e em2006, o acervo da Biblio-teca Municipal Ney Pon-

tes, que em setembro cele-brou os seus 64 anos deexistência, foi transfe-rido para a estrutura lo-calizada na praça da Re-denção.Atualmente, a Biblioteca

conta aproximadamente com56 mil livros em sua cole-ção, e recebe uma médiadiária de 200 visitantes.

A notícia hoje

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or não estar circulandoem 1943, O Mossoroense nãonoticiou a inauguração doCine Pax (principal reduto

cinematográfico da cidade du-rante décadas), ocorrida em 23de janeiro, com a exibição dofilme "Formosa Bandida".

Mesmo assim, o periódico logoapós o seu retorno às bancas,abriu seu espaço para informaraos seus leitores a programaçãoda "conceituada casa de diver-sões cine-teatrais", como as-sim definiu a publicação, emsua edição de 18 de janeiro de1947, quando homenageou os qua-tro anos de existência do espa-ço cultural.

O Cinema foi idealizado poruma associação constituída porpessoas que pertenciam a umaclasse social mais abastarda naépoca, as quais dividiam açõessobre a propriedade. Esta asso-ciação era constituída de milações, divididas entre diver-sas pessoas.

O projeto arquitetônico doCine Pax foi elaborado pelofrancês George Lumier, que veioao Brasil para construir a Ca-tedral de Fortaleza. Informa-dos a respeito da presença doarquiteto, os acionistas do PAXtrataram de convidá-lo paraconstruir o prédio do novo ci-nema de Mossoró.

Ao longo de sua existência,

longa-metragens que obtiveramsucesso internacionalmente fo-ram exibidos em suas salas, co-mo por exemplo, "Os Dez Manda-mentos", "Dio come ti amo" e"Titanic".

O Cine Pax chegou a fechar asportas algumas vezes, tendo si-do utilizado como igreja evan-gélica e sede de comitê políti-co. Em diversas ocasiões, o ci-nema serviu de palco para showsmusicais e teatrais. Por lá, seapresentaram artistas como Vi-cente Celestino, Roberto Car-los e o frei cantor mexicanoJosé Mojica.

O Cinema interrompeu defini-tivamente suas atividades noinício de janeiro de 2008, doismeses antes de completar 65anos de história. Na época, ocinema havia entrado em recessopara a realização de uma refor-ma, exigida pelo Ministério Pú-blico, mas não pôde cumprir comas modificações arquitetônicasnecessárias.

Após o seu fechamento, os fãsda sétima arte de Mossoró per-deram o único cinema da cidade,e somente em 2010, os mosso-roenses puderam desfrutar doprazer em assistir aos lança-mentos nacionais e internacio-nais nas telas de um cinema,com a inauguração de cinco sa-las de cinema no Mossoró WestShopping.

A história do Cine Pax:

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O Mossoroense destaca em suas páginas a trajetóriado maior reduto cinematográfico da cidade

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Logo após ser fechado, o prédio doCine Pax abrigou em suas instala-ções uma loja de variedades, que

também encerrou seu funcionamento,dando lugar a loja de departamentofeminino e masculino, que permanece

em funcionamento no local.

A notícia hoje

AA nnoottíícciiaa hhoojjee

om a redemocrati-zação do país, após ofim do Estado Novo,

em 29 de outubro de 1945,data em que o presidenteGetúlio Vargas foi deposto,o Brasil passou por signi-ficativas mudanças, entreelas, a reconstitucionali-zação dos poderes Executi-vo, Legislativo e Judiciá-rio, e é nesse período que

é instituída a primeira le-gislatura da Câmara Munici-pal de Mossoró.Em 29 de novembro de

1947, o jornal O Mossoroen-se divulga que estavam fi-xados em 16 o número de ve-readores da cidade, quanti-dade de edis estabelecidosa partir da ConstituiçãoEstadual, promulgada no dia25 daquele mês. Nessa edi-

ção, é publicado um resumodo documento, que fixavatambém a data para as elei-ções municipais, o saláriodos servidores públicos,entre outros pontos.

"Está o Rio Grande doNorte sob o regime consti-tucional, com a promulgaçãode sua Carta Magna. Aconte-cimento de relevo na vidapolítica de um povo, passa

o Estado, após um longo pe-ríodo de mando pessoal e davontade própria dos gover-nantes, ao regime da lei,com a reconstitucionaliza-ção de seus poderes Execu-tivo, Legislativo e Judi-ciário, independentes eharmônicos entre si, emana-dos do povo e exercidos emseu nome", informava o jor-nal.

C

Constituição Estadual de 1947 institui a primeiralegislatura da Câmara Municipal de Mossoró

Após duas legislaturas compostas por13 vereadores, a Câmara Municipal deMossoró passará a ter, a partir de ja-neiro de 2013, 21 representantes, elei-tos no pleito do último dia 7. O di-reito de ampliar o número de vereado-res da cidade foi concedido a partirda Emenda Constitucional número58/2009, que permitiu aos municípiosa ampliação do número de cadeiras noPoder Legislativo de acordo com o au-mento populacional medido pelo Insti-tuto Brasileiro de Geografia e Esta-tística (IBGE).A lei, entretanto, prevê que não ha-

verá aumento no repasse do Executivo

ao Legislativo para acomodar os novosparlamentares, ou seja, as Câmaras Mu-nicipais terão que manter funcioná-rios e os novos vereadores com o mes-mo orçamento que possuem atualmente.

No Rio Grande do Norte, pelos cri-térios estabelecidos pela Emenda, po-deriam elevar o número de parlamenta-res, além de Mossoró, as cidades deNatal (de 21 para 29 vereadores), SãoGonçalo do Amarante (de 10 para 17);Parnamirim (de 12 para 18); Assú (de10 para 15); e, Caraúbas, Currais No-vos e Monte Alegre (passará de novepara 11 vereadores cada um dos muni-cípios).

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âmara Municipalindica estudos.A existência de

petróleo em solo mos-soroense começou aser cogitada em 1945,quando o agrônomoVingt-un Rosado sedeparou com um artigode autoria do geólogoJohn Casper Branner,da UniversidadeStanford, EstadosUnidos, intitulado"Possibilidade dePetróleo no Brasil",publicado em 1922. Branner enfatizou,

em seu artigo, quehaviam cinco hori-zontes geológicosque produziam petró-leo no mundo, chama-dos Devoniano, Car-bonífero, Permiano,Cretáceo e Terciá-rio, sendo esse úl-timo, localizado nasformações costeiras,zona que segundo ogeólogo, continhapetróleo na Bahia, etambém em Mossoró.A partir das leitu-

ras iniciais em espar-sos artigos, Vingt-untornou-se ferrenhodefensor da ocorrên-cia de petróleo no Es-tado do Rio Grande doNorte e de seus bene-fícios econômicos efinanceiros.Em 27 de junho de

1948, o jornal O Mos-soroense repercute apossibilidade de serencontrado na cidadeo precioso combustí-vel, e publica indi-cação do então verea-dor Vingt Rosado arespeito da pesquisada existência de Pe-tróleo na cidade:

"... Desde Bran-ner que se fala dapossibilidade, em-bora um pouco vaga,da existência de Pe-tróleo em Mossoró... Poderíamos pos-suir petróleo nas d-uas idades geológi-cas de que se com-põem os terrenos deMossoró: no cretá-ceo, em que se loca-liza a Formação daChapada do Apodi eno Terceário, em queestá a planície aonorte da cidade... OConselho Nacionalde Petróleo infor-mou à Assembleia doEstado que fora vo-tada uma verba paraa perfuração de po-ços na Chapada doApodi. A minha indi-cação é no sentido éque esta Câmara te-

legrafe ao ConselhoNacional de Petróleodizendo da sua sa-tisfação por estamedida e ao Dr. PauloFernandes pedindo oseu interesse, nacapital da Repúbli-ca, junto aqueleConselho, para quese concretizasseainda este ano, oserviço cuja inicia-tiva brilhante lhecoube, e que tantosbenefícios poderiamtrazer ao municípiode Mossoró", dizia aindicação.A partir de 1949

foram realizados di-versos estudos geo-lógicos no litoraldo Rio Grande do Nor-te, mas os resulta-dos não foram satis-fatórios. Mesmo as-sim, os estudosprosseguiram, e oagrônomo Vingt-unRosado continuou de-fendendo a existên-cia de petróleo emMossoró.Em 1966, o prefei-

to de Mossoró con-tratou uma firma pa-ra abrir um poçod'água, supervisio-nado pelo geólogoLúcio Cavalcante,na praça Padre JoãoMota. O poço jorroupetróleo misturadocom água e serviu decombustível para aslamparinas da popu-lação pobre "duran-te meses". Mesmo as-sim, os poços expe-rimentais perfura-dos pela Petrobrasindicaram que aquantidade não erasuficiente para aextração em nívelcomercial, e aban-donou a proposta.A primeira acumu-

lação economicamenteviável em um poçoperfurado para cap-tação de água que de-veria atender ao Ho-tel Thermas, o poçoMO-13, que originouo campo de Mossoró,em 1979. Ao lado des-se equipamento, foiperfurado pela Pe-trobras um semelhan-te, que ainda é pro-dutor. Nos anos se-guintes, novos cam-pos foram sendo des-cobertos, e hoje, opetróleo representauma das forças ma-trizes da economiamossoroense, sendo acidade a principalprodutora em terrado Brasil.

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CCrroonnoollooggiiaa ddooss ffaattooss

Petróleo em Mossoró:

Vereador Vingt Rosadoindica pesquisa nosolo da cidade em 1948

10 de maio de 1947: STEdecide cancelar as ativida-des políticas do Partido Co-munista do Brasil.

19 de julho de 1947:Disco voadores teriam caídoem Currais Novos. O jornalnoticia que segundo notíciasvindas de Natal, dois discosvoadores teriam caído emCurrais Novos. Na edição se-guinte, a procedência dosdiscos que assustavam o mun-do é descoberta: "Trata-sede um invento de um cidadãobritânico, que residia noChile, e guiava os discospor rádio".

10 de janeiro de 1948:Seria inaugurado no dia se-guinte o mercado público deMossoró, pondo fim à vendade mercadorias em pedras.

31 de janeiro de 1948:Gandhi assassinado! Com essetítulo, o jornal destaca,que de acordo com informa-ções vindas de Nova Deli,foi morto a tiros por um fa-nático muçulmano, o chefeIndu Mahatma Gandhi, "símbo-lo da resistência contrasorte de opressão e o maiorpacifista da humanidade".

30 de março de 1948: Je-rônimo Dix-sept Rosado Maiaé eleito prefeito de Mosso-ró, nas eleições realizadasno dia 21 de março, com 4.427votos, seguido pelo candida-to Sebastião Fernandes Gur-gel Filho, que obteve 2.992votos. No mesmo pleito, Je-rônimo Vingt Rosado Maia é

eleito vereador de Mossoró,sendo o mais bem votado.

19 de setembro de 1948:Experiências de televisão noBrasil estavam ocorrendo,sendo que a Rádio Nacionalhavia feito uma demonstraçãopública, instalando estúdiosna avenida Rio Branco, noRio de Janeiro.

31 de outubro de 1948:Destaque o assassinato, nodia 29, do deputado Virgíliode Melo Franco, presidenteda União Democrática Nacio-nal, seção de Minas Gerais.O crime foi praticado porseu ex-empregado, Pedro Fer-reira, a tiros.

16 de janeiro de 1949: Li-berada a venda de automóveispara o todo o Brasil.

06 de fevereiro de 1949: Obairro Alto da Conceição se-ria contemplado com um Merca-do Público, cujos trabalhosjá haviam sido iniciados.

31 de março de 1949:Destaque as ações do entãoprefeito Dix-sept Rosado naárea da cultura. Entreeles, a criação de uma bi-blioteca Infantil, do MuseuMunicipal, e da Coleção Mos-soroense, com uma pequenatiragem.

27 de novembro de 1949:Entraria no ar, em breve, emfase experimental, a RádioDifusora de Mossoró, na fre-quência de 1.170 kilociclos.A rádio foi inaugurada em 7de setembro de 1950.

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CCrroonnoollooggiiaa ddooss ffaattooss05 de março de 1950:

Informado que Getúlio Var-gas seria candidato à Pre-sidência da República.

16 de abril de 1950:Descoberto o túmulo de SãoPedro. Notícia anunciadapelo Papa Pio XII.

30 de abril de 1950:Mossoró registra 125 milí-metros de chuva, em apenas30 minutos, no dia 28, pre-cipitações que inundaramvárias ruas da cidade.

04 de junho de 1950:Nessa edição, é publicadoartigo onde era retratado apreocupação referente aonúmeros de leitos de hotéisdisponíveis para abrigar osturistas que estariam noBrasil durante a Copa doMundo de 1950. Também noartigo, é enfatizado aconstrução do Maracanã,

"estádio monumental e quepode obrigar com todas ascomodidades possíveis eimaginárias, algumas deze-nas de milhares de expecta-dores. É mesmo o maior domundo, deixando para trás,em beleza arquitetônica,conforto e técnica de cons-trução, os similares de ou-tros países. Honra, real-mente, a capacidade reali-zadora do povo brasileiro"

25 de junho: Anuncia-do que Dix-sept Rosado foio nome escolhido para pelospartidos PSD, PSP e PR paraconcorrer ao cargo de go-vernador do RN.

23 de julho de 1950:É notícia a derrota do Bra-sil para o Uruguai na finalda Copa do Mundo. "Perantecerca de 200 mil pessoas,no estádio do Maracanã, noRio de Janeiro, disputaram

a finalíssima da Copa doMundo, as representações doBrasil e do Uruguai, saindovencedora a equipe azul ce-leste, que numa tarde glo-riosa para sua pátria, der-rotou o selecionado brasi-leiro por 2 tentos a 1".

30 de julho de 1950:O potiguar Café Filho é es-colhido, pelo PSP, para sercompanheiro de chapa de Ge-túlio Vargas, sendo candi-dato a vice-presidência daRepública.

27 de agosto de 1950:Repercussão da visita docandidato Getúlio Vargas aMossoró. "Mossoró viveu namanhã de sexta-feira um dosseus mais entusiasmados mo-mentos de vibração. Seriamcinco ou sete mil pessoasque aguardavam a chegada dosenador Getúlio Vargas",dizia o jornal.

08 de outubro de1950: Mostrado resultadoparcial das eleições presi-denciais, onde o candidatoGetúlio Vargas estava ven-cendo com 945.919 votos,contra 440.698 votos doBrigadeiro Eduardo Campos.O resultado também apontavao favoritismo de Dix-septRosado na disputa pelo go-verno do Estado.

15 de outubro de1950: "Dix-sept Rosado estáeleito governador". Com aapuração quase finalizada,o candidato da Aliança De-mocrática já era considera-do eleito, obtendo mais dametade dos votos em todo oEstado. Na edição de 29 deoutubro, é mostrado o re-sultado final, tendo Dix-sept ganho com maioria de33.382 votos.

edição do jornal OMossoroense de 14 dejulho de 1951 retrata

um dos episódios mais tris-tes da história política doRio Grande do Norte: a trá-gica morte do governadorDix-sept Rosado, que haviaassumido a chefia do PoderExecutivo estadual há pou-cos meses, em 31 de janei-ro. A notícia foi repercu-tida da seguinte forma:"Ainda duramente golpea-

do pelo triste desenlaceque para o Estado represen-tou a tragédia de Tacima,quando há pouco mais dedois meses perdeu a vida oDr. Mário Negócio,Secretário-Geral, sofreesta infeliz e malsinadaterra, para quem a fatali-dade reservou o mais durodesígnio, um outro tremendoacontecimento lutuoso queenternece, pranteia e avas-sala todos os corações. De-sapareceu tragicamente numdesastre de avião, a maissólida expressão de sua vi-da pública - o GovernadorJerônimo Dix-sept Rosado".O acidente ocorreu no dia

12 julho, quando um avião,modelo DC3, da companhiaLinhas Aéreas Paulistas,caiu na altura de Aracaju,vitimando 32 pessoas, entreeles, três auxiliares daadministração de Dix-septRosado. A aeronave haviapartido de Natal com desti-no à capital do país, Riode Janeiro, onde o governa-dor firmaria um convêniocom o Banco do Brasil paraa execução de obras de me-lhoria do saneamento de Na-tal.Após fazer breves escalas

em Recife e Maceió, o aviãose preparava para a próxima

escala em Aracaju. Choviaforte na capital sergipana,o que dificultava a ater-rissagem. Por conta dascondições meteorológicasdesfavoráveis, a tripula-ção optou por efetuar umpouso guiado por instrumen-tos e Radiofarol (NDB). Às9h, durante a tentativa depouso, uma das asas da aero-nave se chocou com uma árvo-re localizada às margens doRio do Sal, cerca de trêsquilômetros da cabeceira dapista. Com o choque, a aero-nave cairia ao solo,despedaçando-se em seguida.Por conta da chuva forte eda área da queda ser de di-fícil acesso, as equipes deresgate alcançariam a re-gião dos destroços apenas 11horas depois da queda."A dura fatalidade que

dilacera o coração do RioGrande do Norte, privando oEstado da assistência deci-dida que o pranteado chefede seu Executivo vinha pau-tando, particularmente nosfere acerbamente, a nósmossoroenses, que desde osprimeiros instantes de vidanos habituamos a ver em umRosado um intransigente es-teio de nosso progresso,tamanha a dedicação que suailustre família conterrâ-nea sabe devotar, quando aseus ombros pesa o encargode uma responsabilidade",enfatizava o jornal.A tragédia culminou no

fechamento da empresa Li-nhas Aéreas Paulistas, quedurante sete anos de opera-ção, perdeu cinco de suasaeronaves em decorrência deacidentes, impossibilitan-do dessa forma que os ser-viços da empresa continuas-sem a ser oferecidos, já

que a companhia passou acontar com apenas doisaviões.

Com a morte de Dix-septRosado, assume o governo doRio Grande do Norte seu vi-ce, Silvio Pedrosa, notíciaessa publicada pelo O Mos-soroense em 22 de julho de1951. Nessa mesma edição,é destaque ainda que Câ-mara Municipal de Mosso-ró havia convocado reu-nião extraordinária,na qual prestaria ho-menagem ao governa-dor falecido, dandoo seu nome à vilade Sebastionópo-lis, que passariaa se chamar Gover-nador de Dix-septRosado.

Quatro meses apóso desastre aéreode Aracaju, aideia da cons-trução de um mo-numento dedica-do a Dix-septRosado estavase propagandopelo Estado,tendo Mossoró,inclusive, do-nativos paratal feito. A in-tenção era inau-gurar a estatuajá em março de1952, durante ascomemorações docentenário de eman-cipação política dacidade. Mossoró. Oobelisco, no entanto, sófoi inaugurado em 30de setembro de 1953,em cerimônia rea-lizada na PraçaVigário Antô-nio Joa-quim.

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O Rio Grande do Norte de luto:Morre o governador Dix-sept Rosado

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07 de fevereiro de1954: Rainha ElizabethII sofre ameaça de mor-te, por meio de carta.

25 de fevereiro de1954: Cerca de 200 miltrabalhadores ameaçavamparalisar suas ativida-des, no dia 25 de março,caso não fosse decretadoo novo valor do saláriomínimo.

28 de março de 1954:"Quanto ganham os cra-ques da seleção brasi-leira?" Reportagem es-pecial revela uma dasprincipais curiosidadesdo torcedor brasileiro:o salário dos craques daseleção de futebol. Ho-je, os valores pagos aesses profissionaiscontinuam sendo alvo dediscussões.

11 de abril de 1954:Ex-ministro do traba-lho, Jânio Quadros, éindicado para concorrerà Presidência da Repú-blica, tendo sido infor-mado da indicação no dia10 de abril.

18 de abril de 1954:O movimento estudantilbrasileiro estava pre-parando uma campanha na-cional de combate à cor-rupção. Na mesma ediçãoé destaque que o CentroMundial contra a Gripe

estava testando uma va-cina eficaz contra o ví-rus.

21 de maio de 1954:Presidente Vargas de-creta novos valores parasalário mínimo, insti-tuindo os seguintes pi-sos: Rio de Janeiro -2,4 mil cruzeiros, SãoPaulo - 2,3 mil, RioGrande do Sul, Paraná eSanta Catarina - 1,8mil, e demais estados1,3 mil..

24 de junho de 1954:No dia 23, é repercutidaa inconstitucionalidadedo decreto 35.450, quealterava o salário míni-mo, por não ter obedeci-do os pressupostos le-gais.

08 de julho de 1954:Seleção Alemã é campeãda V Copa do Mundo. O ti-me consagra-se como ven-cedora da competição,jogando contra a Hun-gria, em partida queterminou com o placar de3x2.

24 de dezembro de1954: Destaque que can-didato a Presidência doBrasil, então governa-dor mineiro JuscelinoKubistchek visitariaMossoró, possivelmenteno dia 17 de janeiro.

23 de janeiro de1955: Pela primeira vezé realizada uma cirurgiade bócio tóxico em Mos-soró, na maternidade Al-meida Castro. A pacienteMargarida Almeida, re-sidente em Lucrécia, foioperada pelo médico Cé-sar Alencar.

13 de fevereiro de1955: Notícia que haviasido assinado contratoentre a prefeitura deMossoró e a construtoraCia. Stander de investi-mentos, para a edifica-ção de um Hotel em Mos-soró.

12 de junho de 1955:Homologada a escolha deJânio Quadros como re-presentante do PSD comocompanheiro de chapa deJuscelino a presidên-cia.

24 de julho de 1955:Destaque a visita doscandidatos Juscelino eJânio a Mossoró e AreiaBranca

07 de agosto de 1955:Após a visita de Jusce-lino e Jânio, vem a Mos-soró o candidato do PSP àPresidência, Ademar deBarros, naquele dia 7.

14 de agosto de 1955:Notícia a morte de Car-mem Miranda. "A cidade

recebeu num pleito damais sentida emoção, ocorpo de Carmem Miranda,a "pequena notável", vi-timada por um colapsonos EUA". Rio.

21 de agosto de 1955:Destaque que no dia 24seria feriado no Estado,devido ao aniversário damorte de um ano do pre-sidente Vargas.

28 de agosto de 1955:Mossoró possuía 14.328eleitores, e 57 seçõeseleitorais.

09 de outubro de1955: Resultado do plei-to de 1955: Dinarte Ma-riz é eleito governadordo RN, vencendo em 38municípios. Juscelino eJango estavam liderandoas eleições presiden-ciais, com diferença de242.941 votos, para ocargo de presidente.

03 de julho de 1956:Tragédia nos EUA: Doisaviões chocam-se no ar,matando 127 pessoas.

11 de julho de1956:Publicado que seria en-dereçado ao Secretáriode Conselho de Abasteci-mento, memoriais refe-rentes à construção doaçude de Apodi, e o açu-de de Santa Cruz.

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pós a RevoluçãoConstitucionalistade 1932, o governoprovisório de Getú-

lio Vargas se viu obrigadoa adotar medidas que des-sem normalidade ao regimerepublicano. Dessa manei-ra, o governo criou umanova Lei Eleitoral e con-vocou eleições que foramrealizadas no ano poste-rior. A partir de então,uma nova assembleia cons-tituinte tomou posse emnovembro de 1933 com o ob-jetivo de atender os an-seios políticos defendidosdesde a queda do regimeoligárquico. Todo esseprocesso foi noticiado pe-lo jornal O Mossoroense.A convocação da AssembleiaConstituinte foi anunciadapelo periódico em sua edi-ção de 22 de outubro de1933. No ano seguinte, em27 de maio de 1934, o jor-nal repercute um dos prin-cipais pontos da CartaMagna do país que estavaem fase de elaboração: a

aprovação de emenda, con-cedendo capacidade eleito-ral aos maiores de 18anos, de ambos os sexos,sendo que após ser insti-tuída, a Constituição per-mitiu o voto para maioresde 21 anos, autorizando aadoção do voto secreto edireto. Somente os analfa-betos, soldados, padres emendigos não poderiam terdireito ao voto.Em 22 de julho de 1934,foi noticiada uma novaConstituição, "...Lei Mag-na que vai nortear do-ravante a atividade dopaís e que será o pedestalda reação popular contraos desmandos dos governos,contra a desordem moral, adesordem política e todaespécie de desordem queporventura perturbe a li-vre manifestação e o livreevoluir da consciência pú-blica, na marcha evolutivada vida nacional", dizia OMossoroense.A Constituição entrou emvigor em 16 de julho, pos-

suindo 187 artigos. Emtermos gerais, a nova car-ta ainda preservava algunspontos anteriormente lan-çados pela Constituição de1891. Entre muitos itensforam respeitados o prin-cípio federalista que man-tinha a nação como uma Re-pública Federativa; o usode eleições diretas paraescolha dos membros dospoderes Executivo e Legis-lativo; e a separação dospoderes em Executivo, Le-gislativo e Judiciário.Na questão trabalhista, aCarta Magna proibia qual-quer tipo de distinção sa-larial baseada em crité-rios de sexo, idade, na-cionalidade ou estado ci-vil. Ao mesmo tempo, ofe-receu novas conquistas àclasse trabalhadora com acriação do salário mí-nimo e a redução dacarga horária detrabalho para oitohoras diárias.Além disso, ins-ti-

tuiu o repouso semanal eas férias remuneradas, aindenização do trabalhadordemitido sem justa causa eproibiu o uso da mão-de-o-bra de jovens menores de14 anos.As primeiras eleiçõesconstitucionais após a Re-volução de 1930 foram rea-lizadas em 14 de outubrode 1934, data em que OMossoroense assim noticiouo feito: "O dia de hoje ade assinalar a arrancadacívica na qual o povo bra-sileiro dirá, exercendo odireito do voto, das suaspreferências por aquelesque venham a merecer a suaconfiança... A revolução,deflagrada e vitoriosa háquantos anos, enfeitava asua bandeira com um idea-lismo promissor de melho-res dias para o Brasil.Idealismo oco e falaz! Asua pregação resultou no

mandonismo feroz deuns demagogos de

ocasião".

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Constituição de 1934: etapas do processo de elaboraçãoda nova Carta Magna do país são repercutidas pelo jornal

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m 8 de março de1953, O Mossoroenseinforma que a Rússia

estava planejando "o maiorfuneral de todos os tempos"para sepultar, na PraçaVermelha, os restos mortaisde Josef Stalin, líder daUnião Soviética desde a dé-cada de 1920.Stalin faleceu aos 73

anos, em sua casa, noPalácio de Hudicator.Sob sua liderança, aUnião Soviética de-sempenhou um papeldecisivo na derrotada Alemanha nazis-ta na Se-gunda

Guerra Mundial.O governo de Stalin come-

çou rigoroso, o líder dopartido assumiu uma condutade ditador e passou a caçare matar todos que pudessemcausar alguma ameaça aosistema. O líder expulsoudo partido e do exércitosoviético todos os inimigos

consolidados ou empotencial.

Milhões depessoas forampresas sob seugoverno ditato-

rial. Mas Stalinfez a União So-viética crescersignificativamen-

te, assumindo ocaráter de

superpo-tênciano mun-do e

criando um império propor-cional ao Antigo ImpérioRusso. A partir de 1928,impôs uma industrializaçãointensiva e a coletivizaçãoda agricultura, o que gerouuma reorganização social.

O nome Josef Stalin pas-sou a ser utilizado quandoesteve deportado por causade uma prisão na Sibéria.Stalin significa, em russo,homem de aço. Após as pri-sões e deportações, Stalinse aproximou de Lênin e seugrupo que planejavam a Re-volução Russa. Entrou entãopara o Partido Social Demo-crata Russo e tornou-se obraço direito de Lênin. OPartido Bolchevique, quereunia os defensores de re-formas na Rússia pela viarevolucionária, assumiu ocontrole da Revolução Russade 1917 e o poder no país.O partido converteu-se emPartido Comunista, no qual

Stalin se tornousecretário-geral do Polit-buro, o órgão máximo dentrodo partido.

Stalin faleceu em 5 demarço, em decorrência deuma hemorragia cerebral.Seu corpo passou a ser ex-posto no mesmo salão em quese encontra o corpo de Lê-nin, na Praça Vermelha, emMoscou. Porém, no XX Con-gresso do Partido Comunis-ta, realizado em 1956, fo-ram apresentados dados querevelavam a ordenação damorte pelo ditador de apro-ximadamente quatro milhõesde pessoas, sendoque pes-quisadores acreditam queesse número possa chegar a20 milhões de indivíduos.Após a denúncia, o corpo do"Pai dos Povos", como erachamado Stalin, foi enter-rado próximo aos muros doKremlim, onde permanece atéhoje.

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19 de novembro de 1950:Eleito vice-presidente,Café Filho vive um dilema:permanecer com o seu man-dato de deputado, ou assu-mir a função a qual o povolhe escolheu. Dizia: "Aperspectiva de ter quedeixar aminha cadeira dedeputado não fascina e atéjá me provoca uma espéciede saudade antecipada. Nãotomarei nenhuma delibera-ção. O juiz, afinal, seráo meu partido - PSP - a cu-jos interesses condicionominha atitude, estandodisposto, inclusive, a sa-crificar o meu ponto devista pessoal, no caso".

21 de janeiro de 1951:Tribunal Superior Eleito-ral proclama, no dia 17,Getúlio Vargas e Café Fi-lho, como presidente evice-presidente do Brasil,respectivamente.

28 de janeiro de 1951:Notícia o impeachment doGovernador do RN, José Va-rela. Ato decidido peloAssembleia Legislativa,que apreciou os "desmandosadministrativos do Gover-nador em seus últimos ins-tantes de mandato".

04 de fevereiro de1951: Dix-sept Rosado éempossado governador, nodia 31 de janeiro. Em seudiscurso de agradecimento,o chefe do Poder Executivofrisou: "Ao investir-medas elevadas funções deGovernador Constitucionaldo Rio Grande do Norte, aque fui conduzido pelavontade soberana e demo-crática dos meus conterrâ-neos, expressa em pleitomemorável nos anais danos-sa história política, de-sejo agradecendo ainda umavez a generosa confiançacom que fui honrado, reas-segurar os propósitos decorresponder aos anseios e

aspirações populares".

18 de março de 1951:Foto do deputado Dix-huitRosado, em encontro com opresidente Getúlio Vargas.

01 de abril de 1951:Notícia a morte do entãosecretário-geral do Gover-no do Estado, Mário Negó-cio. O trágico acidenteocorreu na estrada entreNatal e Recife, próximo acidade de São José Campes-tre. No desastre de carro,morreu também o proprietá-rio do veículo Osmar Me-deiros.

03 de junho de 1951:"Chuvas artificiais do Es-tado". Nessa edição, édestaque que, atendendo aoconvite do vice-presidenteCafé Filho, e do governa-dor Dix-sept Rosado, o en-genheiro Janot Pacheco vi-ria ao RN, com o objetivode elaborar experiênciasmeteorológicas no Estado,como já havia feito noCeará.

10 de junho de 1951:Destaque desastre ocorridona Central do Brasil, cujacomposição elétrica sechocou com um carro tanqueque conduzia 18 mil litrosde gasolina, matando 51pessoas carbonizadas, dei-xando 47 passageiros feri-dos.

01 de julho de 1951:Notícia que seriam inicia-dos os serviços de sanea-mento básico em Mossoró.,tendo o Governo do Estadoadquirido 40 toneladas dematerial para execução dosserviços.

08 de julho de 1951:Notícia relatando a mortede Augusto da Escóssia No-gueira, ex-diretor do Mos-soroens.

14 de julho de 1951:

Fatalidade! O Rio Grandedo Norte de luto. Perdem avida em um desastre deavião o Governador Dix-sept Rosado, três auxilia-res de sua administração,além de vários passageirosde um DC3 das Linhas Aé-reas Paulistas.

09 de setembro de1951: Autorizada a insta-lação de uma nova rádio emMossoró, a Rádio Tapuyo,pertencente a organizaçãoDiários Associados do Bra-sil.

30 de setembro de1951: Inaugurado, naqueladata, o mercado público doAlto da Conceição, e oserviço telefônico de Mos-soró .

15 de março de 1952:Destaque a inauguração doAmbulatório José PereiraLima, no Alto da Concei-ção.

23 de março: Notícia amorte de Isaura Rosado Ma-ia, viúva do farmacêuticaJerônimo Rosado.

31 de agosto de 1952:Homologada a candidaturade Vingt Rosado para pre-feito de Mossoró.

30 de novembro de1952: Entraria em vigor, apartir de 1º de dezembro,o Horário de Verão em todoo país. Na mesma edição érepercutida a instalaçãode telefones automáticosem Mossoró, a partir dematerial importado da em-presa Siemens.

21 de dezembro de1952: São diplomados, nocartório eleitoral da 21ªzona, aos cargos de Pre-feito e Vice-prefeito, ossenhores Vingt Rosado Maiae Joaquim Felício de Mou-ra, sufragados pela coli-gação partidária Aliança

Democrática, formada peloPartido Republicano, Par-tido Social Democrático ePartido Trabalhista Brasi-leiro.

22 de março de 1953:Nesta edição O Mossoroenseapresenta uma novidade aosseus leitores: o Suplemen-to Integráfico (SINGRA),publicação que seria vei-culada todos os domingos,abordando diversos assun-tos, com inúmeras ilustra-ções.

31 de março de 1953:Destaque a posse do pre-feito Vingt Rosado, na Câ-mara Municipal.

21 de junho de 1953:Informada a execução docasal Rosenberg. Em NovaYork, o casal Julius eEthel Rosenberg, é eletro-cutado, por ser autor decrime de traição contra osEstados Unidos, por have-rem revelados segredosatômicos à Rússia.

28 de junho de 1953:Noticiada a inauguração daEscola Ambulatório PadreDehon, que ocorreu naqueledia, entidade que tinhacomo objetivo prestar ser-viços às crianças pobresdo bairro Alto de São Ma-noel.

29 de novembro de1953: Repercutida a pro-posta de desmembramentode Mossoró, para dar au-tonomia municipalista aoDistrito de GovernadorDix-sept Rosado, reti-rando da cidade quase 50%de seu território, quepassaria a constituir ou-tra unidade administra-tiva do Rio Grande doNorte. O projeto foi der-rotada na Assembleia Le-gislativa, onde 20 depu-tados votaram contra, e14 a favor da "mutilação"do município.

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Rússia prepara o maior funeral de todosos tempos: morre o ditador Josef Stalin

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undada em 4 dejaneiro de 1940,com o objetivo deincentivar a

prática do amadorismocivil da aviação entreos jovens mossoroen-ses, o Aero Clube deMossoró registrou seuprimeiro e único aci-dente fatal em 3 dejulho de 1954, fatonoticiado pelo jornalno dia seguinte.Pilotada pelos alunos

Edson Sabóia e ValdirFernandes, a aeronave,um modelo "teco-teco",caiu nas imediações dafábrica de redes SantoAntônio, no bairro Bai-xinha. Os dois não re-sistiram ao desastre, efaleceram no local.O Aero Clube de Mos-

soró teve como seu pri-meiro instrutor oaviador Mário Santos,da Escola de Pilotagemdo Aero Clube do Rio deJaneiro. A entidadepossuiu uma frota deaviões tipo "paulisti-nha", dentre os quaisdestacaram-se o "MárioBarreto", chegado em1942, o "Cidade de Mos-soró", adquirido em1944, o "Capitão Síl-vio Canizares" e "JoãoMonteiro Rocha", em

1945, e o "RaimundoFernandes" que foidoado pela firma Ter-tuliano Fernandes &Cia., para ser usado emtreinamento avançado. Os sócios instalado-

res da entidade foramCamilo Pereira de Pau-la, João Bruno da Mota,Aldemir Fernandes,Francisco Felício deMorais, Enéas da SilvaNegreiros, RaimundoNonato da Silva e osirmãos Jerônimo Dix-sept Rosado Maia eJerônimo Vingt RosadoMaia. Em novembro de1942, depois de doisanos de treinamento, oinstrutor Mário Santosbrevetou a primeiraturma de aviadores ci-vis de Mossoró.Jerônimo Dix-sept

Rosado Maia, que esta-va na época com 31 anosde idade, foi um dosbrevetados da primeiraturma, e por quatroanos presidiu o AeroClube de Mossoró. Du-rante sua gestão, ad-quiriu novos aparelhosde treinamento e cons-truiu campos de pousono interior do Estado,além de dotar a entida-de de inúmeros melho-ramentos.

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12 de julho de 1956: Estavamcancelados todos os títuloseleitorais do Brasil. Segundo aLei nº 2.550, todos os eleitoresdeveriam se alistar novamente,de acordo com o Tribunal Supe-rior Eleitoral.

14 de julho de 1956: Destaquedeclaração de Café Filho, refe-rentes as dúvidas quanto a au-tenticidade da carta-testamentode Vargas: "Tenho minhas dúvidasquanto a autenticidade da carta-testamento de Vargas", dizia oex-presidente.

03 de agosto de 1956: Aprova-do projeto na Comissão de Justi-ça da Câmara, autorizando atransformação do Banco do Brasilem uma entidade pública.

17 de agosto de 1956: Polê-mica: Vereadores de Mossoróaprovam aumento de 100% sobre ossubsídios dos parlamentares. Namesma sessão, é aprovada isençãopara o Grande Hotel, que estavaem fase de construção na cidade.

09 de novembro de 1956: Esta-va suspensa a luta no Canal deSuez, que teve início em 29 deoutubro de 1956, quando Israel,com o apoio da França e ReinoUnido, que utilizavam o canalpara ter acesso ao comérciooriental, declarou guerra aoEgito..

15 de novembro: Destaque arealização da Convenção de Gene-bra, quando foram abordados te-mas relacionados à força "Atômi-ca", e a sua utilização no pla-neta.

18 de novembro de 1956: As-sinado ato de desapropriação daestrada de ferro de Mossoró, pu-blicado na edição de 17 de no-vembro do DOU, passando o con-trole da Estrada a União a par-tir daquela data.

22 de novembro de 1956: Re-percutida negociação entre osEstados Unidos e o Brasil para ainstalação de uma rede de rada-res em Natal.

13 de dezembro de 1956: Es-tava assegurada a instalação deuma filial do Banco do Nordesteem Mossoró. Na mesma edição, édestaque que seria lançado, em1º de janeiro de 1957, o primei-ro satélite artificial da Terra.

16 de dezembro de 1956: Des-taque manchete que revelava: "De12 em 12 minutos morre umacriança no Brasil". Dados levan-tados em todo o Brasil apontavamque a cada hora morriam no paíscrianças.

03 de janeiro de 1957: Inau-gurada, em João Pessoa, a ener-gia da rede elétrica da cachoei-ra de Paulo Afonso.

05 de janeiro: Noticiado oinício das obras de escavação doRio Mossoró.

11 de janeiro de 1957: In-formado o falecimento da poetisaGabriela Mistral, morta no dia10, vítima de câncer. Gabrielafoi a primeira escritora latino-americana a receber o Prêmio No-bel de Literatura, em 1945.

15 de janeiro de 1957: Desta-que a fundação da Federação Car-navalesca de Mossoró, entidadeque tinha como objetivo supervi-sionar os festejos do Momo na ci-dade.

01 de fevereiro de 1957: Pu-blicada portaria da 2ª Vara daComarca de Mossoró, onde é deter-minada que sejam proibidos defrequentarem casas de jogos e ca-barés, os menores de 18 anos.

05 de fevereiro de 1957: Oentão secretário de educação doEstado, Tarcísio Maia, afirma areportagem do jornal O Mossoroen-se que dentro de 40 dias seriaminiciados os serviços de constru-ção da estrada Mossoró-Tibau.

20 de fevereiro de 1957: Re-percutida notícia que no Rio deJaneiro, a Polícia havia proibi-do o "Rock And Roll": "O Chefe dePolícia determinou severa puni-ção aos dançarinos do Rock AndRoll, a dança maluca que estáenervando e alucinando o povo,tendo proibido terminantementesua prática, mesmo por parte deadultos. Os proprietários de or-questras estão sendo intimados aprocurar novo ritmo em suas exi-bições, mesmo nos grandes clu-bes, durante os festejos carna-valescos, onde o policiamento,nesse sentido, será dos mais se-veros", dizia O Mossoroense.Destaque também nessa edição queno dia posterior seriam inicia-das as obras da estrada Mossoró-Tibau.

Aeroclube de Mossoró: primeiro e único acidente da entidade é registrado em 1954

Mesmo não oferece nenhumcurso de formação para novosaviadores, o Aero Clube con-tinua ativo. Funcionando nasdependências do AeroportoDix-sept Rosado, a entidadeconta hoje com aproximadamen-te 50 sócios, que mantêm vivasas esperanças da entidadevoltar a funcionar em sua nor-malidade.

"Há sete anos, reativamos oAero Clube, implantando algunscursos, mas por falta de apoiodo poder público, e falta derecursos, essa oferta foi in-terrompida. Como somos uma en-tidade sem fins lucrativos,precisamos do apoio, da con-

tribuição de setores que cola-borem com a nossa causa", ex-plica Sérgio Maia, atual pre-sidente do Aero Clube.

Segundo Sérgio Maia, é la-mentável que o Aero Clube Mos-soroense não esteja disponibi-lizando cursos de formação,levando em consideração a es-trutura que a entidade possui."Temos uma estrutura melhor doque os Aero Clubes de Fortale-za e Natal, por exemplo, poisestamos instalados em um han-gar com capacidade para 10 ae-ronaves, só precisamos de re-cursos para darmos sequênciaas nossas atividades", concluio presidente.

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Passados mais de 50 anos da RevoluçãoCubana, o país conseguiu obter êxito emdiversos campos, eliminando o analfabe-tismo, implantando um sistema de saúdepública universal, diminuindo signifi-cativamente as taxas de mortalidade in-fantil e reduzindo o índice de desempre-go.No campo político, no entanto, Cuba se-

gue com um sistema de partido único, oPartido Comunista Cubano, apontado co-mo um sistema ditatorial. Em 24 de fevereiro de 2008, com a renún-

cia do irmão devido a problemas de saúde,Raúl Castro assumiu o comando da ilha,prometendo algumas reformas econômicas,

como o incentivo a mais investimentos es-trangeiros e a mudanças estruturais paraque o país possa produzir mais alimentose reduzir a dependência das importações.Entretanto, o regime segue fechado no cam-po político, reprimindo brutalmente osdissidentes.

Apesar das polêmicas, a RevoluçãoCubana é considerada um capítulo im-portante da história da América Lati-na, por constituir o primeiro e únicoEstado socialista do continente ame-ricano. Atualmente, Cuba é único paíssocialista do Ocidente, e um dos pou-cos do mundo, ao lado da China, daCoreia do Norte, do Vietnã e do Laos.

rimeiro movimento queconseguiu resultadospositivos contra a

hegemonia norte-americanaque dominava a AméricaCentral, a Revolução Cuba-na atingiu o seu ápice em1959, quando o governo re-volucionário assumiu o co-mando do país, após derro-tar o presidente FulgêncioBastista, que em 31 de de-zembro de 1958 fugiu para aRepública Dominicana.O golpe que tiraria do

poder o ditador Batistacomeçou a ser orquestradoalguns anos antes de sercolocado em prática. Em1953, começou a se plane-jar um grande movimentoguerrilheiro nacionalis-ta, liderado por FidelCastro. A proposta política era

derrubar o ditador Batis-

ta e acabar com a corrup-ção. O revolucionárioreuniu um pequeno grupode homens e tentou tomar oQuartel de Moncada (emSantiago de Cuba), e do-minar o restante das for-ças militares do país,mas fracassou no ataque efoi preso. Dois anos depois, foi

solto e exilou-se no Mé-xico, onde reuniu 82guerrilheiros e articulouo golpe que derrubaria aditadura de Batista. Fi-del e seu "Exército Re-belde" desembarcaram nolitoral de Cuba, em de-zembro de 1956, iniciandoassim a Revolução de Cu-ba, acontecimento noti-ciado pelo O Mossoroenseem 1º de dezembro daqueleano:

"Eclodiu na manhã de

hoje, precisamente às5h40, um movimento revo-lucionário com a finali-dade de derrubar o gover-no do presidente Fulgên-cio Batista. Aos primei-ros disparos, as forçasoficiais permaneceram deprontidão contra os re-beldes, sufocando ime-diatamente a revolução.Do primeiro combate ar-mado, morreram 16 pes-soas, enquanto 10 outrosficaram feridos", desta-ca o jornal.

Dias depois, O Mosso-roense publica nota re-latando a suposta mortedo chefe da Revolta,Fidel Castro, infor-mação não confirmada,sendo que em ediçõesposteriores, o assun-to volta a ser discu-tido.

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20 de janeiro de 1958: Desta-que proposição dos Estados Uni-dos, que estava elaborando umplano para extinguir o ExércitoBrasileiro, controlar o forneci-mento de novas armas militares, einstalações de bases teleguiadas,em troca de assistência econômi-ca. A proposição não foi aceitapelo Conselho Nacional de Segu-rança.

12 de fevereiro de 1958: Ins-talação uma agência do Banco doNordeste em Mossoró, fato ocorri-do no dia 10.

27 de fevereiro de 1958: "Ge-túlio não se teria suicidado".Destaque a versão do historiadormineiro, Augusto Lima, que teriareunido provas para comprovar queo presidente Getúlio teria sidoassassinado por pessoas do Palá-cio Presidencial.

13 de maio de 1958: Votado na-quele dia o projeto de aposenta-doria integral dos trabalhadoresbrasileiros, concedendo aposenta-doria aos segurados de institutosde aposentadoria e pensões quetivessem no mínimo 55 anos deidade e 30 anos de serviço. O pro-jeto foi aprovado por unanimidadeno Senado Federal no mesmo dia,sendo sancionada também naqueladata.

27 de maio: Após 30 anos semexercer o direito ao voto, os de-ficientes visuais do Brasil vol-tam a exercer sua cidadania, apóso Tribunal Superior Eleitoral en-caminhar projeto de resolução de-terminando que os cegos se ins-crevessem no processo de alista-mento eleitoral, a partir da gra-fia em braile.

06 de outubro de 1958: Publi-cado resultado parcial das elei

ções ocorridas no dia 03 de outu-bro. Em Mossoró, os candidatosmais votados até aquele momentoeram: Dix-hhuit RRosado ((foto) (Se-nado Federal, com 3.853 votos);Tarcisio Maia (Deputado Federal,com 2.909 votos), Vingt Rosado(Deputado Estadual, com 3.133 vo-tos). E Severino Ramos (Vereador,com 715 votos) Resultados essesapurados na 33ª Zona.

15 de dezembro de 1958: Lança-da a candidatura do general Tei-xeira Lott à presidência da repú-blica, no pleito de 1960.

A notícia hoje

O princípio da Revolução Cubana: O Mossoroense registra movimentoorquestrado por Fidel Castro em 1956

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ela primeiravez na históriado seu futebol,conseguem os

Brasileiros o título má-ximo na disputa da Copado Mundo". Foi assim queo jornal O Mossoroensenoticiou a conquista iné-dita da seleção brasilei-ra de futebol, no dia 29de junho de 1958, em edi-ção extra, dedicada quaseque exclusivamente ao as-sunto que dominava o no-ticiário internacional.A matéria principal des-tacava o placar que sa-cramentou a vitória doBrasil sobre a Suécia, empartida realizada em Es-tocolmo: "... O placar de5 x 2 selou a vitória dosnacionais contra a Sué-cia, num atestado autên-tico da supremacia donosso futebol em todo omundo, mesmo jogando emcanchas estrangeiras.Nossos aplausos, portan-to, ao nosso seleciona-do, que teve em Gilmar,Belini, Nilton Santos,Djalma Santos, Zito, Or-lando, Garrincha, Didi,Vavá, Pelé e Zagalo osartífices da vitória".A edição detalha o jogo,a comemoração dos brasi-leiros, informando, porexemplo, que os brasilei-ros não haviam jogado bemnos primeiros instantesda partida, principal-mente sua defesa, colo-cando o jogador Belinicomo o único culpado doprimeiro gol da Suécia,no primeiro tempo.No dia seguinte, em 30 de

junho, O Mossoroense re-percute a comemoraçãorealizada na cidade pelavitória do Brasil na Copado Mundo, em matéria como título "Carnaval nasruas de Mossoró pela vi-tória do Brasil na Sué-cia. Toda a população vi-brou de entusiasmo comun-gando da mesma satisfaçãonacional". A concentra-ção da festa dos mosso-roenses ocorreu na Praça

Rodolfo Fernandes, e avibração dos torcedoresse estendeu até a sede daAssociação Atlética doBanco do Brasil (AABB).Algumas curiosidades fo-ram registradas no his-

tórico jogo que consa-grou o Brasil como cam-peão mundial. Como a se-leção brasileira e a Sué-cia tinham uniforme ama-relo, houve um sorteiopara decidir quem joga-ria com a vestimentaprincipal na final. OBrasil perdeu o sorteio,e o time precisou jogarde azul, sendo esse o de-sejo do chefe da delega-ção do país, Paulo Macha-

do de Carvalho.Após a vitória do Brasilsobre a Suécia na final,o capitão Bellini rece-beu a taça e as atençõesde todos que queriamfotografá-la. O jogador,

então, ergueu a taça domundo sobre sua cabeça,de modo que todos a pu-dessem fotografar. Nas-cia assim o famoso gesto,que desde então vem sendorepetido pelos campeõesao logo dos anos. Especial 140 anos

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Brasil vence a Suécia e conquista primeiro título mundial em 1958

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26 de janeiro de 1959: Um fatoinédito chama atenção das autori-dades médicas: Uma criança deapenas 10 anos de idade, dá a luza gêmeos, no estado do Rio de Ja-neiro.

19 de março de 1959: Desta-que informação que Mossorónão tinha sido contempladacom as linhas da Chesf, ouseja, a energia da PauloAfonso não chegaria à ci-dade.

31 de maio de 1959:Mais uma vez é rejeitado oprojeto que criava a pena demorte no Brasil, na Câmarados Deputados.

14 de setembro de 1959: Des-taque a chegada do primeiro fo-guete à lua. "O foguete lunar rus-so, que deveria chegar à lua às18h, 21 minutos e um segundo,atrasou um pouco, atingindo a Lua

às 18h, 22 minutos e cinco se-gundos", destaca o jor-

nal, informando que ofeito havia alcan-çado êxito no diaanterior.

26 denovembro de

1959: Notí-cia a renún-

cia da candi-datura do depu-tado Jânio

Quadros a

presidência da república. Jânioencaminhou uma carta ao presiden-te da UDN, comunicando a decisão:"Nobre presidente, nesta data re-nuncio a minha candidatura a Pre-sidência da República. Não conse-gui, como é do meu conhecimento,de V. Excelência e da opinião pú-blica, reunir em torno do meu nomeas preferências dos partidos po-líticos que me apoiavam e com osquais, eu procurava realizar aunidade política do país e a har-monia indispensável para a nossajornada". A renúncia ocorreu nodia anterior.

08 de dezembro de 1959: In-formado que Jânio Quadros haviareconsiderado a renúncia e con-cordava em voltar a disputa pre-sidencial.

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onsiderada umadas maiores tragé-dias vividas pelo

povo cearense, o rompi-mento da barragem de Orós,localizada na região doRio Jaguaribe, teve co-bertura especial do jor-nal O Mossoroense. O pe-riódico enviou na épocao jornalista Lauro da Es-cóssia Filho para o Cea-rá, de onde todas as in-formações a respeito dotriste acontecimento fo-ram colhidas.A barragem de Orós não

suportou o volume da águavinda do rio Jaguaribe,e rompeu no dia 26 de mar-ço de 1960. Com a inten-sidade das chuvas regis-tradas naquele período,a possibilidade do açuderomper a qualquer momen-to fez com que O Mosso-roense direcionasse ojornalista Lauro da Es-cóssia Filho até o Esta-do vizinho alguns dias an-tes da tragédia. Na edi-ção do dia 25 de março, re-portagem assinada porLauro retratava, em de-talhes, a situação em quese encontrava a cidade deAracati. Segundo o jornalista,

Aracati havia se trans-formado em uma cidade fan-tasma, uma vez que os mo-radores haviam abandona-do o local, com medo dapossível inundação, egrande parte dessa popu-lação estava sendo trans-ferida para Mossoró.As previsões de que as

paredes do açude de Orósnão resistiriam a pres-são das chuvas se confir-maram no dia seguinte apósa publicação da matériaque destacava o esvazia-mento do município de Ara-

cati: em 26 de março, rom-pia a barragem, cujas o-bras ainda estavam em an-damento, causando des-truição na região do bai-xo Jaguaribe, atingindocerca de 170 mil pessoas,correspondente a 60% dapopulação local.

"O Orós transpôs a pa-rede e suas águas corriamcom uma velocidade incrí-vel, enchendo os povoa-dos, as cidades. O distri-to de Mapuá foi o primei-ro. Ficou completamentearrasado. Seguiu-se a ci-dade de Jaguaribe. Ape-nas 40% das casas resis-tiu à força das águas dorio Jaguaribe ... Sucum-biu inteiramente a vila deCastanhão. Almas foi to-talmente destruída, Jan-doim, Limoeiro do Norte,Quixeré, Russas, Borges,

Jaguaruana, Itaiçaba, Ca-breiro, nenhuma dessasvilas e cidades resistiuà fúria torrente de"Orós", dizia reportagemde Lauro da Escóssia, pu-blicada em 29 de março de1960.Na mesma edição, é in-

formado que o presidenteJuscelino Kubitschek ha-via prometido inauguraro novo "Orós" no mês de no-vembro seguinte. Tambémfoi revelado que Câmarados Deputados tinha so-licitado a liberação demais de um bilhão de cru-zeiros para a vítima dasenchentes no Ceará.Devido a tragédia, a

bancada da União Democrá-tica Nacional (UDN) na Câ-mara dos Deputados suge-riu que a data de inaugu-ração da nova capital fe-

deral, em fase final deconstrução, fosse alte-rada. No entanto, JK con-firmou a inauguração deBrasília para o mês deabril, embora sem gran-des solenidades, em vir-tude da situação em quese encontrava o estado doCeará.As possíveis causas do

rompimento do açude sãoapresentadas na edição de07 de abril. Segundo oeconomista Celso Furtar-do, superintendente daSudene, a tragédia ocor-reu porque a obra não foicompletamente concluídaem um período seco. "Naminha opinião, foi a in-flexibilidade da direçãodo DNOCS na execução doplano de obras do proje-to de construção da bar-ragem", afirmava.

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Reportagens especiais narram as consequênciasdo rompimento do açude de Orós em 1960

dealizada com o obje-tivo de equilibrar adiferença existenteno crescimento econô-

mico e industrial entre oNordeste e Centro-Sul doBrasil, a Superintendênciado Desenvolvimento do Nor-deste (Sudene) foi oficial-mente criada pela Lei nº3.692 em 15 de dezembro de1959, mas a aprovação doprojeto que instituía o no-vo órgão foi destaque naedição de 27 de maio daqueleano.O jornal informava que a Su-perintendência tinha a in-tenção de oferecer melhores

condições de vida aos habi-tantes do polígono das se-cas, região reconhecida pe-la legislação como sujeitaà repetidas crises de pro-longamento das estiagens e,consequentemente, objeto deespeciais providências dosetor público.Um dos principais fatoresque influenciaram a criaçãoda Sudene foi justamente anova seca que afetou o Nor-deste em 1958, situação queaumentou o desemprego rurale o êxodo da população.A Sudene surgiu como uma au-tarquia subordinada direta-mente à Presidência da Re-

pública, tendo como secre-tário executivo o economis-ta Celso Furtado, responsá-vel pela estratégia deatuação do órgão, entre1959 e 1964. Após uma sucessão de escân-dalos, em 1999, a imprensainiciou um debate sobre aexistência do órgão, extin-to oficialmente em 2001,durante a administração dopresidente Fernando Henri-que Cardoso. No entanto, aSuperintendência foi re-criada em 2002, desta vezcomo Agência do Desenvolvi-mento do Nordeste (Adene).A Adene foi criada pela me-

dida provisória número2.146-1, de 4 de maio de2001, alterada pela medidaprovisória número 2.156-5,de 24 de agosto de 2001 einstalada oficialmente pelodecreto número 4.126, de 13de fevereiro de 2002. Com alei complementar nº 125, de03 de janeiro de 2007, a Su-dene foi reimplantada, comatuação nos Estados do Ma-ranhão, Piauí, Ceará, RioGrande do Norte, Paraíba,Pernambuco, Alagoas, Sergi-pe, Bahia e alguns municí-pios de Minas Gerais. O ór-gão permanece em funciona-mento até os dias atuais.

I

Criação da Sudene éaprovada em maio de 1959

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Escolhido por JK paraprojetar todas asedificações monumen-tais da nova capital,Oscar Niemeyer é oresponsável portransformar a arqui-tetura de Brasília emum dos símbolos dopaís.Oscar já havia dese-nhado as principaisinstalações da Pampu-lha, bairro projetadode Belo Horizonte,Minhas Gerais, por JKenquanto prefeito dacidade, em 1940. De-pois da Pampulha,Niemeyer, em poucosanos, já era reconhe-cido como um dosmaiores arquitetos desua geração. O arquiteto teve pa-pel de destaque noprojeto da sede dasNações Unidas(1947), em Nova York;em construções de

grande escala como oEdifício Copan(1951) e o Parque doIbirapuera (inaugu-rado em 1954), ambosem São Paulo; e aindano Edifício Niemeyer(1954), em Belo Hori-zonte. As realizações maisnotáveis de Niemeyerem Brasília são as dochamado período he-roico, do início daconstrução, em 1957,à inauguração, em1960. O Congresso, oPalácio do Planalto,o Supremo e a Cate-dral. O Alvorada, cu-jas portas se abriramem 1958, havia sidoprojetado antes mes-mo da escolha doPlano Piloto.Outra obra-prima doarqui-teto nacida-

de, o Palácio Itama-raty foi projetadodepois do governoJuscelino e termina-do no fim dos anos1960, já com os mili-tares no poder.Com esses edifícios,que apresentavam so-luções e formas aomesmo tempo variadas,chamativas e elegan-tes, e com uma arqui-tetura que conseguiatransmitir ao conjun-to uma rara coerência,Niemeyer tornou-se

uma estrela.

"Brasí-lia não éuma cida-de, é umatrin-cheira

avançada". A afirma-ção do então presi-dente Juscelino Ku-bistchek foi publi-cada no jornal OMossoroense em 21 deabril de 1960, dataque marca a concre-tização de um dosprincipais legadosdo governo JK: aconstrução da novacapital federal,Brasília."Há três anos, pelaprimeira vez, dorminesta construção queo próprio povo deno-minou Catetinho,traduzindo o espíri-to que imperava emtodos os corações: atransferência de go-verno para o inte-rior", dizia o pre-sidente, em declara-ção a imprensa na-cional, transcritano período de Mosso-ró.A história de Brasí-lia começou a serescrita, oficial-mente, em setembrode 1956, quando oCongresso Nacionalaprova o projeto delei que autorizadasua construção. Anotícia foi comemo-rada com lágrimaspor JK, principaldefensor da transfe-rência da capitalfederal do Rio deJaneiro para um es-paço quase virgem doBrasil, em Goiânia."Brasília é hojemais que uma simplesideia criadora, jánão existe mais ape-nas nas anotaçõescoloridas dos mapas.Brasília já é emnossos dias uma rea-

lidade positiva, umaideia a caminho desua decisiva objeti-vação, a concretiza-ção do sonho de tan-tos patriotas que,durante mais de umséculo, desejaramque o Brasil fos-se um

todo, um ter-ritório contínuo euma população uni-da", destacava OMossoroense em 21 deabril.Erguida em apenas 43meses, Brasília foialvo de polêmicasdurante todo seuprocesso de constru-ção. O Governo Fede-ral era acusado dedestinar recursospara uma obra gran-diosa, enquanto opaís enfrentava di-ficuldades em algunssetores, e o Nordes-te era afetado porintensas chuvas. E já no dia de suainauguração, infor-mações publicadasno jornal O Mosso-roense apontavamque alguns deputa-dos, que haviam re-cebido, em dinhei-ro, a ajuda de custodestinada a comprade passagens aéreaspara transferênciapara Brasília, pre-feriram fazer otransporte de suasfamílias para a ca-pital em automóveise ônibus.

“B

21 de abril de 1960: O Mossoroense destaca inauguração de Brasília

28 de junho de 1960:Anunciado que no dia se-guinte seria lançada apedra fundamental da sededa Associação AtléticaBanco do Brasil (AABB),situada na margem direitado rio Mossoró, no bairrode Santa Luzia.

02 de agosto de 1960:Notícia que havia sidolançado no Brasil o maispoderoso antibiótico domundo: o DMCT, que de-monstrou ser de duas aquatro vezes mais eficazcontra micróbios causa-dores de enfermidades doque os antigos antibióti-cos à base de tetracicli-na.

04 de setembro de1960: Curiosidade sobre opleito de 1960 publicada nojornal: Três candidatos,Jânio Quadros, MarechalLott e Ademar Barros, dis-putavam o posto de presi-dente do Brasil, e enfren-tariam nas urnas a escolhade cerca de 15 milhões deeleitores. O escolhido se-ria o quarto presidente dopaís a ser eleito após aredemocratização do Bra-sil, em 1945. Na históriada República brasileiraseria o 15º presidente es-colhido pelo povo, sendo oprimeiro Prudente de Mo-rais, em 1894.

26 de setembro de1960: Repercutida a inau-

guração da nova sede doBanco do Brasil em Mosso-ró, que passaria a funcio-nar em edifício situado àpraça Getúlio Vargas.

11 de outubro de1960: Divulgado o resul-tado final do pleito de03 de outubro: Para Go-vernador, é eleito Aluí-zio Alves, com diferençade 24.522 votos. Parapresidente, foi eleitoJânio Quadros, tendo comovice João Goulart.

06 de novembro de1960: Destaque a posse,no dia anterior, do pri-meiro prefeito constitu-cional de Natal: DjalmaMarinho, eleito no pleitode 03 de outubro.

08 de novembro de1960: "Cena de sangue naAssembleia Legislativa doRio Grande do Norte": OMossoroense detalha que nodia anterior, o deputadoMoacir Duarte, por não su-portar as críticas feitaspelo Governo, durante dis-curso do deputado CarvalhoNeto sacou seu revólver, edisparou contra o parlamen-tar, atingindo-o. O mesmorevidou, atingindo o depu-tado Garibaldi Alves. Em

10 de novembro, é no-ticiado que, devido ao in-cidente, a Assembleia se-ria fechada, sendo reaber-ta somente quando houves-sem condições necessá-rias.

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O projeto arquitetônico

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om a renúncia do presi-dente Jânio Quadros, em25 de agosto de 1961,sete meses após assumir

o poder, uma crise política éinstalada no

Brasil: osministrosmilita-res ma-rechalOdílioDenys,brigadei-ro Grum

Moss e al-miranteSílvioHeck,informa-ram aopre-si-

dente interino do país, depu-tado Ranieri Mazzili, que ve-tavam a posse do vice-presidente João Goulart, poisalegavam possuir provas deseu envolvimento com o comu-nismo internacional.Dessa forma, o Congresso Na-cional, objetivando por fim acrise que se agravava, em umasessão histórica realizada em30 de agosto de 1961, tomousua decisão: confirmou Jangocomo presidente constitucio-nal do Brasil, mas paralela-mente submeteu à apreciaçãodos três ministros militaresuma proposta de emenda parla-mentarista, onde ficaria man-tido o presidente como chefedo Estado, tendo um Primeiro-Ministro eleito pelo Congres-so como chefe do Governo.O parlamentarismo então éinstituído no país, em 02 de

setembro de 1961. Mas o novoregime durou menos de 17 me-ses, e em 06 de janeiro de1963, através de um plebisci-to convocado pelo própriopresidente João Goulart, maisde 80% dos eleitores optarampela volta do presidencialis-mo, acontecimento amplamenterepercutido pelo jornal OMossoroense em sua edição de09 de janeiro, que informou,inclusive, o resultado localda votação.Em Mossoró, na 34ª Zona,6.932 eleitores decidiram pe-la fim da manutenção do atoadicional que havia instituí-do o parlamentarista no país.Apenas 690 decidiram pelacontinuidade do regime, 109votaram branco, e 108 eleito-res anularam o voto. Apuradastodas as urnas, 12.515 mosso-roenses disseram não ao mode-

lo adotado em setembro de1961, e 1.095 pessoas defen-deram o regime em vigor na-quele período.Em sua edição de 23 de janei-ro, O Mossoroense informouaos leitores que a partir da-quele dia estava restabeleci-da a Constituição de 1946,após a queda do ato adicionalde 03 de setembro de 1961.O sistema presidencialista,no entanto, permaneceu emvigor até março de 1964,quando o golpe militar der-rubou o presidente João GGou-lart ((foto), dando início aoperíodo de ditadura que du-rou até 1985, ano da eleiçãoindireta de Tancredo Neves,que havia sido o primeiroministro do Brasil logo apósa instituição do parlamen-tarismo, para presidênciada república.

28 de abril de 1963:Iniciada a construção daCasa de Saúde e Maternida-de Santa Luzia. O empreen-dimento era de propriedadedo Centro Hospitalar deMossoró, sociedade anôni-ma que se organizavaanualmente na cidade.

10 de maio: Morre, nodia 06, vítima de um colapso

cardíaco, o senador cearen-se Carlos Jereissati.

23 de maio: Abordadanotícia que relatava ainstalação de uma Cen-tral Telefônica em Mos-soró que possibilitarialigações entre a cidadeo restante do Brasil. Ainiciativa do governadorAluísio Alves viabilizoua instalação de uma ex-

tensa rede de telefoniaem diversos municípiosdo Estado.

20 de junho: Destaqueque em 53 novos municípiosdo Rio Grande do Norte,haveriam eleições munici-pais no mês de dezembro.Grande parte das cidadesforam criadas no ano ante-rior, ou tiveram sua cria-ção ratificada pelo poder

legislativo naquele ano.Entre os municípios querealizariam o pleito pelaprimeira vez estavam Go-vernador Dix-sept Rosado,Tibau do Sul, Alto do Ro-drigues, entre outros. Em37 comunas, seriam esco-lhidos os dois poderes(legislativo e executivo),e nas 16 apenas haveriaeleição para a CâmaraMunicipal.

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A volta do presidencialismo no Brasil: plebiscitopõe fim ao regime parlamentarista adotado em 1961

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homem não pi-sará em Marteem menos deduas ou trêsdécadas". Aafirmação do

cientista Dennis Fielder,então membro da equipe deplanejamento da Nasa, foipublicada pelo jornal OMossoroense em 21 de no-vembro de 1971. Passados41 anos, as previsões daépoca não se confirmaram,e até hoje, o homem nãoconseguiu chegar ao "pla-neta vermelho".Na reportagem veicula-

da em 1971, informava-seque uma viagem a Marteexigiria a montagem deuma nave com cerca de 120metros de comprimento. "Anave-mãe teria três moto-res nucleares paraconduzi-la até o planeta,com uma tripulação de 12homens, que viveriam abordo de um sistema eco-lógico, auto-regenerati-vo, aproveitando tudo,desde o ar até a água". Segundo a matéria, a

viagem até o planeta du-raria cerca de 200 dias,tempo suficiente para anave entrar em órbita

marciana. "Usando a mesmatécnica para acoplamentodo projeto Apollo, a tri-pulação regressaria ànave-mãe, para a viagemde volta à órbita terres-tre, onde trocariam parauma nave reutilizável, afim de pousar na terra",dizia o texto referindo-se ao retorno dos tripu-lantes, após semanas, oumeses em Marte.Os estudos mais atuais

da Nasa indicam que o ob-jetivo de enviar astro-nautas ao Planeta Verme-lha só deve ser concreti-zado em 2030, sendo quejá se encontra sobre asuperfície de Marte, des-de agosto deste ano, oexplorador batizado de"Curiosity", que tem comomissão, prevista para du-rar dois anos, buscar umaresposta à antiga pergun-ta de se a vida existiuem Marte ou se o planetapode abrigar vida no fu-turo.Além da Nasa, a agência

espacial ESA, compostapor 17 países europeus,também pretende levar se-res humanos a Marte. Masum problema que preocupa

tanto a Nasa quanto a ESAé o retorno dos tripu-lantes que poderãoaterrissar em solo mar-ciano, já que uma mis-são tripulada deve le-var cerca de mil dias:350 na ida, duas semanasno planeta e o restantena volta, segundo aESA. Até hoje, o re-corde de permanênciano espaço é do cosmo-nauta russo SergeiKrikalev, (foto)que ficou 748dias emórbita.

21 de novembro de 1971:

Marte só daqui a 20 ou 30 anos“O

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CCrroonnoollooggiiaa ddooss ffaattooss17 de janeiro de1971: Destaque a liber-tação do embaixador Gio-vanni Enrico Bucher, queficou 40 dias sob o po-der de terroristas du-rante a ditadura mili-tar. "A sua chegada emcasa, recebeu o primeiroabraço da sua irmã MarieAnne Alex, e nos jardinsda sua residência, con-versou com os jornalis-tas para dizer que nãopoderia falar ainda àimprensa, antes de man-ter entendimentos com asautoridades", dizia amatéria principal dojornal.Na mesma edição, é informa-do que no dia 30 daquelemês seria lançado mais umfoguete tripulado à lua, oApolo 14, a exemplo do fei-to dos foguetes Apolo 11,12 e 13. O lançamento seriafeito da base de Cabo Ken-nedy. Os tripulantes daApollo 14 eram os astronau-tas Shepard, Stuart e Nixon

28 de janeiro e 1971:"Cigarro provoca câncer eúlcera, afirma médico". Amatéria abordava o posi-cionamento de médico Ro-berto Alvarenga, que mani-festava-se contrário aouso do fumo, uma vez que ocigarro, segundo ele, pro-vocava câncer e úlcera:"Cigarro dá câncer. Qual-quer irritação constantegera câncer. E o que o ci-garro faz no pulmão nãopassa de uma irritaçãoconstante, durante anos".

19 de fevereiro de1971: Morre o primeiro Bis-po Diocesano de Mossoró,cardeal Dom Jaime de BarrosCâmara, arcebispo do Rio deJaneiro. O religioso fale-ceu no dia 18 de fevereiro,em São Paulo, no PalácioPaulino.

17 de abril de 1971:"Empresta-se grande signi-ficação a presença dos Go-vernadores dos Estados do

Nordeste durante o dia dehoje em Natal, a fim departiciparem da recepçãoao Presidente Emílio Gar-rastazu Médici, chefe doExecutivo Nacional que às14h30 estará desembarcandono Aeroporto Internacionalde Parnamirim para inaugu-rar amanhã a BR-304 que li-ga a capital norte-riograndense a Fortaleza",Foi assim que O Mossoroensenoticiou a vinda do presi-dente Médici para inaugu-ração da BR-304, em 1971.

09 de outubro de 1971:Repercutido posicionamentodo Ministro da Justiça, Al-fredo Buzaid, que havia ve-tado a criação de um ter-ceiro partido político noBrasil, mantendo a tendên-cia de permanecer as duasagremiações partidárias jáexistentes naquele perío-do: Arena e MDB.

05 de novembro de 1971:Destaque o falecimento doMonsenhor Walfredo Gurgel,

ex-governador do Estado.

30 de março de 1971:"Muro da Vergonha abertohoje, depois de vinteanos". Foi assim que ojornal anunciou que osberlinenses ocidentaiscomeçariam a cruzar, apartir daquela data, omuro que separava as duasparte da capital alemã,para visitar parentes eamigos na Alemanha Orien-tal, pela primeira vez em20 anos. "As visitas setornaram possíveis depoisque o governo da AlemanhaOriental, decidiu cance-lar na época da páscoa, asrestrições impostas quan-do o tráfego entre as duasAlemanhas foi cortada porum muro, chamado da Ver-gonha ... Calcula-se quecerca de meio milhão depessoas aproveitarão aoportunidade e levarãoflores para seus parentesque estão do outro lado aespera desse momento",abordava o jornal.

TV em cores no Brasil é inauguradaoficialmente em março de 1972

m plena era digital, atelevisão apresentauma qualidade de ima-gem cada vez mais per-

feita, resultado de um pro-cesso de evolução vivencia-do desde que foi lançada, nadécada 1920. No Brasil, umdos principais aprimoramen-tos sofridos pela televisãofoi a inauguração, oficial,da transmissão em cores, em31 de março de 1972.Em 14 de março daquele

ano, o jornal O Mossoroensejá revelava aos seus leito-res que o equipamento trazi-do para o Brasil por AssisChateaubriand em setembrode 1950, passaria a ter suastransmissões exibidas emcores, um avanço significa-tivo para a época."A benção do Papa VI, a

transmissão da representa-ção da Paixão de Cristo emNova Jerusalém, em Pernam-buco, ou dos atos religiososem Tubarão, Santa Catarina,projeção de um filme sobre oBrasil e o discurso do pre-sidente Médici constituirãoa programação oficial dainauguração de TV a cores noBrasil, no dia 31 de março",informava o periódico,acrescentando: "A programa-ção do dia 31, por cair nasexta-feira santa, terá umcaráter discreto, ficandopara o domingo as apresenta-ções mais populares eesportivas'.Apesar de ter sido ofi-

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cialmente aberta em 31 demarço (data escolhida pelogoverno militar em virtudedo aniversário do golpeocorrido em 1964) as exibi-ções em cores da TV no Bra-sil tiverem início em 19 defevereiro de 1972, quandouma transmissão singela daFesta da Uva, feita a partirde Caxias do Sul, Rio Grandedo Sul, encheu de cores osolhos dos telespectadoresbrasileiros.Em 09 de maio, O Mosso-

roense revela que a cidadereceberia mais cedo o sinalda TV em cores do que Natal,sendo que no dia anterior játinha ocorrido uma demons-tração da transmissão, pelaempresa TELESOM.A história da cor na tele-

visão brasileira foi longa,com avanços e retrocessos. ATV Excelsior foi a primeiraemissora no país a tentartransmitir em cores, utili-zando o sistema norte-ameri-cano NTSC, produzindo, em1962, o programa "MoacyrFranco Show".

Em 1970, a Embratel reu-niu convidados na sua sedeno Rio de Janeiro, no Edi-fício Itália, em São Paulo,e, em Brasília, para trans-mitir em cores, o Mundialde Futebol de 1970, reali-zado no México. Era umatransmissão experimental, osinal recebido em NTSC eraconvertido em PAL-M, capta-dos pelos aparelhos insta-lados nas três cidades.Poucos assistiram à trans-

missão colorida da copa de1970, pois os aparelhos er-am praticamente inexisten-tes no Brasil.

Somente em 1971, as emis-soras decidiram investir natecnologia em cores, quandoo governo militar decretouuma lei que determinava atransmissão de uma porcen-tagem mínima de programascoloridos. A emissora quenão obedecesse, teria aconcessão cancelada. Semalternativa, foi criado osistema oficial que gerariaimagens em cores, o PAL-M,sendo o padrão M vindo dosistema NTSC, mesclado como PAL da Europa, criandoassim, um sistema próprio:o PAL-M foi autorizado em1972.

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27 de abril, o jornalpublica matéria relatandoque o Rio Mossoró regis-trara a maior enchente desua história: "Vimosacompanhando há 60 anos,precisamente, as periódi-cas enxurradas do rioMossoró, e podemos afir-mar, sem receio de con-testação, haver sido re-gistrado em 1974 a maiorenchente de toda sua his-tória".

18 de maio de 1975: OMossoroense noticia aprimeira morte na cidadecausada pela meningite."Em absoluto furo de re-portagem, lamentamosinformar ao nosso públi-co que a meningite che-gou a Mossoró, já atin-giu diversas pessoas ejá causou uma morte",informava.

10 de agosto de 1975:Notícia principal desta-que que a desidrataçãoocasionada pelo forte ca-lor que estava sendo re-gistrado em Mossoró, vi-nha vitimando algumaspessoas na cidade. Segun-do a matéria, somente nodia anterior, Mossoró ti-nha registrado 37 graus.Em edições anteriores, édestaque que cerca de 300casos de desidratação ti-

nha sido registrados emMossoró em apenas uma se-mana, 20 de julho.

04 de janeiro de1979: O Mossoroense pu-blica entrevista exclusi-va com o religioso FreiDamião, que entre outrastemas abordados, emitiusua opinião a respeito doaborto: "Os que praticamo aborto, sob qualquerpretexto, está excomunga-do pela Igreja. É pecadograve e a culpa não é sóda mãe, mas de todos queparticipam do ato crimi-noso: médico, seus assis-tentes, farmacêuticos quefornecem remédios, donosde hospitais. Todos quesabendo do ato não procu-ram evitá-lo"

10 de março de 1979:Destaque a inauguração daPenitenciária AgrícolaMário Negócio

15 de março de 1979:Notícia posse dos novosgovernantes do país: Opresidente Geisel dá lu-gar a João Baptista Fi-gueiredo. No Rio Grandedo Norte, Tarcísio Maiase despede do governo,ficando em seu lugar La-voisier Maia.

28 de março de 1979:Informado que havia ter-

minado no dia anterior agreve dos metalúrgicosdo ABC, em São Paulo, lo-go depois do apelo do mi-nistro do Trabalho Muri-lo Macedo, sendo que os90 mil trabalhadores emgreve só voltaram ao tra-balho depois que o sindi-calista Luís Inácio Lulada Silva, falou a todos,em assembléia extraordi-nária.

10 de julho de 1980:É notícia a morte do es-

critor Vinícius de Mo-rais. Ele morreu vítimade um ataque cardíaco, em09 de julho, no Rio de Ja-neiro.

24 de julho de 1980:Destaque a inauguração doconjunto habitacionalAbolição III, construídopelo governado do Estado.Foram 1.046 casas entre-gues a população, em so-lenidade que contou com apresença do então presi-dente da república, Fi-gueiredo.

05 de junho de 1981:Destaque a visita de Ma-dre Teresa de Calcutá aoBrasil. Ele veio ao paíspara participar, em SãoPaulo, da 72ª ConvençãoInternacional do Rotary.O prêmio Nobel da paz de1979, deixou uma mensagempara os brasileiros: re-zem, acrescentando:"Amai-vos una aos outroscomo o Pai ama a cada umde nós".

21 de junho de 1981:Destaque o estado de saú-de do Papa João Paulo II,que havia sido baleadopor terrorista turco nodia 13 de maio. Segundo areportagem, o papa haviavoltado ao hospital, comfebre alta e suspeita deinfecção pulmonar.

CCrroonnoollooggiiaa ddooss ffaattooss

"O presidente Ri-chard Nixon, pronun-ciou, na noite pas-

sada, discurso de renúnciado posto de Presidente dosEstados Unidos. O pronun-ciamento foi transmitidopara todo o país por ca-deia de emissoras de rádioe televisão que anunciava,instantes após, a investi-dura hoje do senhor GeraldFord na Casa Branca", foiassim que o jornal O Mos-soroense anunciou o desfe-cho do "Caso Watergate",que culminou com a únicarenúncia de um presidentena história dos EstadosUnidosRichard Nixon comprometeusua carreira política aose envolver no escândalomundialmente conhecido co-mo "Caso Watergate", quan-do na madrugada de 17 dejunho de 1972, cinco inte-grantes do Comitê para aReeleição do Presidenteforam presos na sede na-cional do Partido Democra-ta, no edifício Watergate,às margens do rio Potomac,em Washington, em operaçãoque tinha como objetivosabotar a campanha do opo-

nente de Nixon, o senadorGeorge McGovern, atravésda instalação de escutastelefônicas no local.O escândalo estourou vá-rios meses depois graças àimprensa americana, e aca-bou provocando, em outubrode 1973, a abertura de umprocesso de impeachmentcontra o presidente, acu-sado de envolvimento dire-to nas escutas telefônicasilegais.A história mostra que opresidente não teve conhe-cimento prévio da invasão.Mas, depois de informado,fez tudo o que pôde paraobstruir a Justiça e impe-dir que seus assessoresfossem punidos. Os jorna-listas Bob Woodward e CarlBernstein, do jornal "TheWashington Post", desco-briram, por meio de umafonte misteriosa apelidadade "Garganta Profunda", oenvolvimento de Nixon.Em 24 de julho de 1974, aSuprema Corte exigiu queNixon enviasse à Justiçaos registros de suas con-versas privadas, que com-provavam que tinha orques-trado desde junho de 1972

os esforços da Casa Brancapara dificultar a ação dajustiça e por ter mentido ànação.Três dias depois, a Comis-são de Justiça da Câmara deRepresentantes recomendoua destituição do presiden-te e abriu três processos:obstrução da Justiça, abu-so de poder e desacato àsordens judiciais. Pressio-nado, o Nixon não resis-tiu, e acabou renunciando.Nixon faleceu em 1994, aos81 anos de idade, mas suarenúncia ficou gravada namemória dos americanos eofusca até hoje o resto deseu legado presidencial.

Caso Watergate: Presidente Richard Nixon é o primeiro e único presidentedos Estados Unidos a renunciar ao cargo

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onsiderado o mais longoconflito militar que ocor-reu após a II Guerra Mun-

dial, a Guerra do Vietnã, ini-ciada no final dos anos 1950,teve seu desfecho em 30 de abrilde 1975, quando ocorreu a inva-são e ocupação comunista de Sai-gon, então capital do Vietnã doSul, e a rendição total do exér-cito sul-vietnamita. O fim doconfronto, repercutido mun-dialmente, também foi des-taque nas páginas do jor-nal O Mossoroense:"Saigon caiu, ontem, empoder dos comunistas.As tropas vermelhasentraram na capitalcom vários tanques e

metralharam, demo-radamente, o Paláciodo Governo. Nele,contudo, não estavamais ninguém. Todosos governantes já ha-viam fugido. Horasantes, num esforço de-sesperado para conse-

guir um entendi-mento com os

comunis-

tas, o último presidente doVietnã do Sul pedira a retiradatotal dos norte-americanos dopaís", relatava o periódico emsua edição de 1º de maio de1975.Divido em dois países durante aprimeira metade da década de1950, o Vietnã do Norte e oVietnã do Sul possuíam diver-gências políticas e ideológi-cas, sendo o Norte com orienta-ção comunista e o Sul, aliadodos Estados Unidos, vivendo sobditadura militar, através de umsistema capitalista.A relação entre os dois Vietnãs,ficou insustentável, quando em1959, guerrilheiros comunistasatacaram uma base norte-americana no Vietnã do Sul, fatoesse que deu início a guerra.O conflito deixou mais de ummilhão de mortos (civis e mili-tares) e o dobro de mutilados eferidos. A guerra arrasou cam-pos agrícolas, destruiu casas eprovocou prejuízos econômicosgravíssimos no Vietnã. O Vietnãfoi reunificado em 2 de julho de1976 sob o regime comunista,aliado da União Soviética.

CJornal noticia o fim da Guerra do Vietnã

No mês de setembro, a jus-tiça do Chile ratificou o fimda investigação sobre a causada morte de Salvador Allendee confirmou a tese do suicí-dio do ex-presidente.

Em maio de 2011, os restosmortais de Allende, sepulta-dos no Cemitério Geral da ca-pital chilena, foram exuma-dos, e após dois meses de di-versas análises, uma equipemultidisciplinar de peritos

concluiu que a causa de mortedo ex-presidente se deveu auma "lesão perfurante da ca-beça por um projétil de armade fogo de alta velocidade acontato", o que na medicinalegal significa suicídio.

Na época, o juiz Carrozadeclarou que Allende se sui-cidou no dia 11 de setembrode 1973 com um fuzil AK-47colocado entre seus joelhos eapontado para seu queixo.

AA nnoottíícciiaa hhoojjee

Golpe Militar põe fim ao governo e a vida do presidente chileno Salvador Allende em 1973

ois anos após assumiro governo chileno, opresidente SalvadorAllende é vítima de

um golpe militar que o tiroudo poder, e pôs fim a suavida. O trágico aconteci-mento foi documentado pelojornal O Mossoroense, que em13 de setembro de 1973 noti-ciou o fato da seguinte ma-neira:"A junta militar que assu-

miu o governo chileno con-firmou oficialmente ter de-posto o presidente SalvadorAllende. Comunicado oficialtransmitido por uma emisso-ra controlada por milita-res, informou que Allendematou-se a tiro durante oataque militar ao PalácioPresidencial. O comunicadodizia ainda que o corpo dopresidente foi sepultado emum cemitério de Santiago,após cerimônia fúnebre as-sistida pela família".Na edição é seguinte, O

Mossoroense informa que aJunta Militar havia deci-dido fechar o CongressoNacional Chileno, decla-rando vagos os cargos dedeputados e senadores emexercício.Salvador Allende perdeu

por três vezes as eleiçõespresidenciais, em 1952,1958 e 1964, antes de seeleger presidente do Chile,em 1970, como candidato de

uma coligação de esquerda, aUnidade Popular. Entrou pa-ra a história como o primei-ro marxista a chegar ao po-der pelas urnas. Durante seu governo na-

cionalizou as minas de co-bre, a principal riqueza dopaís. Além disso, transfe-riu o controle das minas decarvão e dos serviços de te-lefonia para o Estado, au-mentou a intervenção nosbancos e fez a reforma agrá-ria, desapropriando grandesextensões de terras impro-dutivas e entregando-as aoscamponeses. Mas seus atos não eram

bem vistos pelas grandescorporações norte-americanas, e os EstadosUnidos, não admitiam a ins-tauração de um segundo re-gime socialista em sua áreade influência, e em 29 dejunho de 1973 houve então aprimeira tentativa de golpemilitar, fracassada. Porém, na madrugada de 11

de setembro de 1973, aviõesmilitares sobrevoaram ebombardearam o palácio pre-sidencial., onde se encon-trava Allende,que pôs fim àprópria existência. Com osuicídio do presidente chi-leno, estava instaurada aditadura de Augusto Pino-chet, que durou até 1990,deixando mais de três milmortos no país.

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orreu Elvis Pres-ley". A manchete,objetiva, direta,e surpreendente,

foi publicada pelo jornal OMossoroense em 17 de agostode 1977. A notícia abalou omundo do rock, e deixou umalegião de fãs entristecidamundo a fora:

"O rock and roll está deluto. Com 42 anos de idade,morreu nas primeiras horasda noite de ontem, nos Esta-dos Unidos, o cantor ElvisPresley, vítima de um ede-ma pulmonar. Elvis foiinternado à tarde, comproblemas respirató-rios, e à noite foi en-contrado morto, noquarto do hospital,por seu empresário.Era 'o rei do rockand roll'. Desde1950, quando começoua cantar, em Holly-wood. Durante maisde 30 anos provocouhisteria em suasfãs, com sua músi-ca e sua dança,fazendo com que

os críticos considerassem a'preslomania' tão fortequanto a ''beatlemania'. El-vis será sepultado hoje, nofim da manhã, nos EstadosUnidos", anunciada aos seusleitores o jornal.Elvis iniciou sua carreira

profissional em julho de1954, e em 1956 o cantor jáhavia se tornado um fenômenocom um estilo que misturavaos mais diversos tipos deinfluência musical e suasapresentações sensuais e em-polgantes, que quebravam ospré-conceitos de uma socie-dade norte-americana conser-vadora.Na década de 70, o astro do

rock and roll, atinge o ápi-ce de sua carreira, com maisde mil show realizados, lan-çando documentário de suces-so, sendo recebido na CasaBranca pelo então presidenteRichard Nixon, e voltando aotopo das paradas musicais detodo o mundo, sendo premiadoinúmeras vezes, inclusivecom seu segundo Grammy, pre-miação considerada o "Oscar"da música.

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AA nnoottíícciiaa hhoojjeePassados 35 anos da mortedo rei do rock, diversasteorias a respeito docantor ainda são mantidasvivas pelos seus fãs.Muitos de seus seguidorescontinuam a defender que"Elvis não morreu", e apon-

tam uma série de fatoresque comprovariam essa tese,entre elas, a de que eleera um agente queinvestigava o tráfico nosEstados Unidos e aencenação de sua morteaconteceu para que ele con-

tinuasse em segurança comuma nova identidade, depoisde prender um poderosochefe da máfia.

Teorias conspiratórias aparte, Elvis ainda vive nahistória do rock mundial,

por ter chocado uma geraçãoconservadora ereacionária, unido negros ebrancos, sendo consideradopor muitos historiadorescomo um dos maiores nomesda chamada "última granderevolução cultural".

om apenas dois depontificado, opapa João Paulo

II visitou o Brasil pe-la primeira vez em1980, chegando ao paísem 30 de junho, onderealizou, em Brasília,o gesto célebre deajoelhar-se e beijar ochão que acabava de pi-sar. Durante sua esta-dia, o papa percorreuas cidades de Belo Ho-rizonte, Rio de Janei-ro, São Paulo, Apareci-da, Porto Alegre, Curi-tiba, Manaus, Recife,Salvador, Belém do Pa-rá, Teresina e Fortale-za, sendo essa últimacenário de um triste

acontecimento: a mortede sete pessoas, comonoticiou o jornal OMossoroense em 10 dejulho de 1980, em re-portagem intitulada"Tragédia na visita doPapa a Fortaleza":"Logo nas primeirashoras da madrugada, umatragédia nos portões doCastelão estragou afesta do papa na vizi-nha capital alencarina.Quando os portões seabriram, uma multidãoincalculável tentou en-trar no estádio e acon-teceu o inesperado:tropeções, quedas, em-purrões e a morte desete pessoas, além de

ferimentos em mais 15.Uma tragédia que foilamentada pelo próprioJoão Paulo II", aponta-va o jornal.A passagem de João Pau-lo II pelo país, encer-rada no dia 11 de ju-lho, foi uma das maio-res movimentações popu-lares já registradas noBrasil. A vinda ao Bra-sil em 1980 foi a séti-ma chamada peregrinaçãointernacional de seupapado. Pela tradiçãosedentária da Igreja,antes de João Paulo II,somente um papa, seuantecessor Paulo VI,havia viajado bastantee, mesmo assim, não

tanto quanto ele.O Santo Padre havia idoà República Dominicana,México, Bahamas, Polô-nia, Turquia, Irlanda,Estados Unidos, Françae outros seis paísesafricanos. No Brasil,João Paulo II percorreu30 mil quilômetros, em12 dias.Um dos principais moti-vos para a grandiosida-de da viagem foi a im-portância que da naçãopara o catolicismo. OBrasil já era o maiorpaís católico do mundo.No Censo de 1970, 90%da população (63 mi-lhões) se declarava ca-tólica.

Tragédia na primeira visita do papa João Paulo II ao Brasil:católicos morrem em acidente registrado na capital cearense

O rock and roll deluto: morre o astroElvis Presley

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Hoje, a Universidadedo Estado do Rio Grandedo Norte está presentede forma direta em 17cidades do Estado. Sãocinco Campi Avançados,incluindo o Campus Cen-tral, em Mossoró, e 11Núcleos Avançados deEnsino Superior.

A Uern conta com maisde 80 opções(licenciatura ebacharelado) nos 32cursos de graduação,sendo que seu ProcessoSeletivo Vocacionado(PSV) oferece,anualmente mais de2.400 vagas.

A notícia hoje

Plano Cruzado é lançado: presidente José Sarney alteramoeda brasileira e apresenta pacote de medidas econômicas

ara tentar revertero quadro preocupanteenfrentado pelaeconomia nacional em

1986, o governo federal de-cide lançar um pacote demedidas voltadas,principalmente, para o com-bate à inflação. Em 28 defevereiro de 1986, o presi-dente José Sarney anuncia oplano que previa o congela-mento de preços por um anodos produtos vendidos emsupermercados, a extinçãoda correção monetária (rea-juste automático devalores), e a substituiçãoda moeda brasileira, crian-do o cruzado, extinguindo ocruzeiro. O anúncio dopresidente Sarney dominou onoticiário nacional, e foidestaque na edição de 1º demarço de O Mossoroense.O novo plano provocou uma

série de mudanças nocenário da economia local.Em 7 de março, o jornal re-lata que, após a decisão dogoverno em tabelar ospreços dos produtos, oscomerciantes de Mossoró serecusarem a disponibilizarprodutos que tiveram seuspreços reduzidos pelaSuperintendência Nacionaldo Abastecimento (Sunab)retirando de suas lojasequipamentos comoeletrodomésticos.

Outro problema vivencia-do pelos mossoroenses apóso anúncio do Plano Cruzadofoi a escassez de carne nacidade, uma vez que os dev-ido ao tabelamento dospreços, os marchantestiveram seus lucrosreduzidos, econsequentemente, deixaramde fornecer o alimento:"O Rio Grande do Norte

pode ser abastecido, combrevidade, com carneimportada pelo GovernoBrasileiro, dentro doplano de restabelecer o'Mercado Regulador' doproduto, pelo Ministérioda Fazenda. Mossoró vem en-frentando uma graveescassez do produto. Desdea implantação do Plano deEstabilização Econômicapelo Governo da NovaRepública, com otabelamento de preços, quea carne iniciou um ritmo decompleto desaparecimentodo mercado, gerado pela re-dução dos lucros dosmarchantes, a violação nopreço da fontefornecedora", dizia OMossoroense em 18 de julhode 1986.Devido a esses

problemas, em novembro de86, foi anunciado o PlanoCruzado II, que congeloupreços muito acima da real-

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idade do mercado. Com opassar do tempo, ainflação voltou a crescere, em maio de 1987, jáultrapassava a casa dos20% ao mês.

O fracasso do planoprovocou a queda doministro Dílson Funaro, eem junho de 87, o governodecretou um novo planoeconômico, agora sob aorientação do ministro

Luís Carlos BresserPereira: o Plano Bresser,como ficou conhecido, quevisava regularizar as con-tas públicas. Em seguida,foi criado o Plano Verão,que também não obteve osresultados pretendidos, eo governo Sarney terminouem ambiente de recessão e-conômica, especulaçãofinanceira e ameaça dehiperinflação.

URRN é estadualizada e passa a oferecer ensinosuperior de forma gratuita na cidade

riada em 28 de setem-bro de 1968, através daLei Municipal nº 20/68,

sob o nome de UniversidadeRegional do Rio Grande doNorte (URRN), vinculada àFundação Universidade Regio-nal do RN (FURRN), a princi-pal instituição de ensinosuperior com sede em Mossorótem sua história marcada porgrandes conquistas e desa-fios, sendo uma dessas a suaestadualização, iniciado em1986, e concluído no ano se-guinte. As etapas do proces-so concluído em 1987, foramdocumentadas pelo O Mosso-roense, que no dia 21 deagosto de 1986 fez o seguin-te relato:"Universidade de Mossoró

conquista estadualização: AUniversidade Regional do RioGrande do Norte encontrou ocaminho da estadualização.Ontem, em audiência com o go-vernador Radir Pereira, a Co-missão Especial da FURRN, co-mandada pelo reitor SátiroCavalcante, logrou êxito nainvestida de obter do execu-tivo potiguar o compromissode do Estado assumir a Uni-versidade. O governador pre-parou uma mensagem, que estáenviando a Assembleia Legis-lativa, resolvendo todos osproblemas que atravessa a es-

cola. A conquista resultou deum grande trabalho dos seg-mentos universitários e dacomunidade mossoroense, alémda classe política".Antes da estadualização, a

Universidade tinha caracte-rísticas de estabelecimentosde ensino particulares, ape-sar de ser definida como muni-cipal seu ensino era pago. Nainstituição, também não haviaum corpo docente profissiona-lizado. Estadualizada, o en-sino na URRN se tornou gratui-to, e pôde-se organizar umacarreira docente, com concur-sos e plano de carreira. Devido a estadualização,

algumas mudanças na estruturafísica da Universidade foramrealizadas. Entre elas, atransferência da Faculdade deEnfermagem, que antes funcio-nava no centro da cidade, pa-ra o Campus Central. No espa-ço da Faculdade de Enferma-gem, passou a funcionar aReitoria da URRN.Curiosidade: A última cola-

ção de grau da FURRN enquantouniversidade particular ocor-reu em 27 de dezembro de 1986.Em 8 de janeiro de 1987, ainstituição passa a fazerparte oficialmente da redeestadual de ensino do RioGrande do Norte, a partir dalei nº 5.546.

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aracterizada atual-mente com um dosprincipais eventosdo segmento, a Feira

Industrial e Comercial daRegião Oeste (Ficro), tevesua primeira edição reali-zada em 25 de agosto de1988. O Mossoroense regis-trou o fato, e apresentouaos seus leitores detalhesda Feira.A I Ficro ocupou uma área

de dois mil metros quadra-dos, onde foram instaladosestandes de 25 empresas. Oevento foi realizado na se-de do Serviço Social da In-dústria (Sesi), e contoucom a participação de 22empresas mossoroenses, umanatalense, uma de Alagoas euma da Bahia. A expectativainicial dos organizadoresera reunir um público apro-ximado de 15 mil pessoasdurante a Feira.Em sua mais recente edi-

ção, a Ficro, organizadapela Associação Comercial eIndustrial de Mossoró(Acim) reuniu no Centro deExposições e Eventos deMossoró (Expocenter) 320

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Jornal apresenta detalhes da I Feira Industrial e Comercial da Região Oeste em 1988

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Brasil ganhahoje mais umaConstituição".Notíciaprincipal

publicada pelo jornal OMossoroense em 05 de out-ubro de 1988 destacava apromulgação da nova cartamagna do país:"A sessão solene da

promulgação da nova Cartaserá iniciada às 15h30,no plenário da Câmara dosDeputados. Além dos 599constituintes,participarão da sessãosolene o presidente doSupremo Tribunal Federal,

ministro Rafael Maia,representando o poder ju-diciário, e o presidenteda república, JoséSarney, representando opoder executivo", aborda-va o periódico em suaprimeira página.A Constituição de 1988

foi escrita no período emque o país saía dos anosde governo militar,portanto, é um marco paraa redemocratização doBrasil.Elaborada por uma

Assembleia Constituinteconvocada em 1986, a car-ta magna do país, ainda

em vigor, é conhecida co-mo "ConstituiçãoCidadã", por garantir di-versos direitos, entre e-les a liberdade deexpressão, habeas corpuse o direito de habias da-ta, um direito que dá atodos a possibilidade deconhecer informações en-tão catalogadas pelosgovernos militares sobreos consideradossubversivos.Também ocorreram diver-

sas modificações nalegislação eleitoral, jáque a Constituição estab-eleceu o voto facultativo

para os maiores de 65anos e para os jovens com16 e 17 anos. Osanalfabetos tambémganharam o direito devotar.Também osanalfabetos ganharam odireito de votar, lembrao professor. Houveram ainda

alteraçõessignificativas nalegislação trabalhista:direitos importantesapareceram, como o defazer greve e o delicença maternidade - queantes era de 90 dias epassou para 120 dias.

Jornal destaca a promulgação a nova constituição do Brasil em 1988

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estandes, onde foram expos-tos produtos e serviços de180 empresas da cidade e deoutros estados.A Feira vem crescendo

meteoricamente a cada ano.

Os valores negociados noano passado, por exemplo,foram R$ 22 milhões a maisdo que o registrado em2006, quando a Ficro movi-mentou R$ 3 milhões.

Esse ano, a Feira superousuas expectativas, e conse-guiu movimentar mais de R$ 27milhões, e registrar um pú-blico superior a 50 mil pes-soas.

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CCrroonnoollooggiiaa ddooss ffaattooss

20 de outubro de1985: "Quem matou Bessa?Um ano após o assassina-to do bancário Luiz Bes-sa, morto com dois tirosda Estrada do Contorno,a polícia mossoroenseainda não havia desven-dado o crime que reper-cutiu significativamentena cidade.

25 de outubro de1985: Notícia que o pre-feito Dix-huit Rosadohavia determinado quefossem adotadas as medi-das para a instalação deuma antena parabólica emMossoró, sendo que a tor-re já estava fixada emMossoró. O equipamentosó começou a funcionar,em fase experimental, em23 de dezembro, disponi-bilizando aos mossoroen-ses a programação do ca-nal Bandeirantes.

02 de novembro de1985: Estabelecido o no-vo valor para o saláriomínimo: 600 mil cruzei-ros.

15 de novembro de1985: Destaque as elei-ções que seriam realiza-das em Natal para a es-colha do prefeito da ca-pital, em substituiçãoao prefeito biônico Mar-cos César Formiga, indi-cado pelo governador Jo-sé Agripino. Na disputa,os principais nomes eramGaribaldi Alves Filho e

Wilma Maia. Na edição de17 de novembro, é notí-cia a vitória de Gari-baldi.

28 de dezembro: Su-dene libera 957 milhõesde cruzeiros para a Pre-feitura Municipal deMossoró. Os recursos se-riam utilizados paracontinuar o trabalho derecuperação da cidade,assolada pela enchenteocorrida naquele ano.

12 de janeiro de1986: Notícia curiosapublicada pelo jornal:Uma pedra de 500 gramasfoi encontrada no corpode um homem, identifica-do como Anedino Barbosa.O senhor foi operado noHospital Duarte Filho,onde os médicos retiramde sua bexiga a pedra,com o peso surpreenden-te.

01 de fevereiro de1986: Matéria destaca quea utilização de perucaspor homens já estava sendobem aceita na sociedade.Na época, o uso do asses-sório foi popularizadopelo personagem Sinhozi-nho Malta, interpretadopelo ator Lima Duarte nanovela Roque Santeiro.06 de julho de 1986: Notí-cia que a cidade já estavacaptando o sinal da TV S,a TV de Silvio Santos.

27 de setembro de1986: Destaque a inaugu-

ração da sede própria daprefeitura de Mossoró: oPalácio 13 de junho. 10 de outubro de 1986:Informado que Mossoróseria beneficiada, até ofinal do ano, com a edi-ficação da base da Pe-trobras do Rio Grande doNorte.

19 de outubro de 1986:Destaque que as novas no-tas do Cruzado entrariamem circulação em todo opaís a partir do dia 20 deoutubro.15 de novembro de 1986:Notícia as eleições queseriam realizadas naqueledia, para os cargos de go-vernador, senador, depu-tados estadual e federal.

22 de novembro de1986: Com a apuração dopleito de 15 de novembrochegando ao fim, o re-sultado já é conhecido:Geraldo Melo é eleitogovernador com uma dife-rença, até aquele momen-to, de mais de 18 mil vo-tos. O deputado VingtRosado foi reeleito paraa Câmara Federal, e omédico Laíre Rosado,eleito para a AssembleiaLegislativa.

05 de dezembro de1986: Curiosidade: Notí-cia revela que pela pri-meira vez um mossoroenseé sorteado na quina daLoto da Caixa EconômicaFederal, realizado nodia anterior. O nome do

novo milionário foiapresentado na ediçãoseguinte: Hércules Amo-rin Mota, que faturou aquantia de 2 milhões e100 mil cruzados.

01 de fevereiro de1987: Notícia a instala-ção da Assembleia Nacio-nal Constituinte, convo-cada através da EmendaConstitucional nº 26,promulgada em 27 de no-vembro de 1985. Na As-sembleia, foram delega-dos 487 deputados fede-rais e 72 senadores, quetinham como missão ela-borar a nova Constitui-ção do Brasil.

03 de fevereiro de1987: "Hospital Regio-nal continua sem soluçãopara os plantões". Amanchete de edição pode-ria muito bem servir pa-ra os problemas enfren-tados hoje no HospitalRegional Tarcísio Maia.Naquela época, os médi-cos plantonistas rei-vindicavam reajuste sa-larial.

19 de fevereiro de1987: Racionamento deenergia é iniciado. Emdecorrência da deficiên-cia nas condições gera-doras da hidrelétrica deSobradinho, que abaste-cia a região Nordeste,todos os estados preci-saram dar início a umprocesso de economia deenergia.

1989: O Mossoroense noticia a escolha de Fernando Collor como primeiro presidente do Brasil eleito a partir do processo direto

pós 29 anos, oBrasil elegeu,através do pro-

cesso de votação di-reta, o presidente daRepública. Realizadasem dois turnos, comoprevia a nova Consti-tuição em casos ondeo total de votos vá-lidos não superasse50% mais um, o pleitoconsagrou o candidatodo hoje extinto Par-tido da ReconstruçãoNacional (PRN), Fer-nando Collor de Melo.O Mossoroense re-

percutiu o resultadoda eleição, revelan-do números locais daeleição ocorrida em17 de dezembro de1989: "Fernando Col-lor de Melo, do PRN,será mesmo o novopresidente do Bra-

sil. De acordo com eevolução da contagemfeita pelos computa-dores da Rede Globo,ontem à noite, jáera notório o dis-tanciamento do plei-teante do PRN, dian-te do candidato daFrente Brasil Popu-lar, Luís Inácio Lu-la da Silva. Depoisde 29 anos, o povobrasileiro escolheuseu representanteatravés do processodireto, consolidan-do, desse modo, ademocracia", dizia amatéria, que mostra-va que Lula tinhaganho de Collor emMossoró com uma di-ferença de 10.495votos de maioria.O primeiro turno do

pleito presidencialdaquele ano foi pro-movido em 15 de no-

vembro. Os principaiscandidatos que dispu-tavam a chefia doexecutivo federal er-am Ulysses Guimarães,Lula, Collor, LeonelBrizola, Mário Covase Paulo Maluf. Noprimeiro turno Collorobteve 22.611.011 vo-tos, 28,52% do total.Lula conseguiu11.622.673 sufrágios,totalizando 16,08%.Em 21 de novembro

de 1989, O Mossoroen-se informa que estavadefinido o candidatoque disputaria o se-gundo turno do pleitopresidencial: Lulaseria o adversário,derrotado, de Fernan-do Collor. O resulta-do final do pleito de1989 foi o seguinte:Collor conseguiu35.089.998 de votos eLula 31.076.364.

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votação que aconteceuontem à tarde se prolon-gando até o início danoite emocionou o país,cuja população ficou mo-

bilizada em compasso de espera. Avotação aconteceu dentro da expec-tativa do povo brasileiro com 441 afavor de impeachment, 38 votos con-tra sendo registrada uma abstenção.Apenas 23 parlamentares resolveramse ausentar". Dessa forma, um dosfatos de maior destaque da políticanacional foi noticiado pelo jornalO Mossoroense, em 30 de setembro, oimpeachment do presidente FernandoCollor de Melo.As denúncias que culminaram com

o afastamento do chefe do PoderExecutivo federal começaram a sur-gir alguns meses após a posse deCollor, quando informações veicu-ladas pela imprensa apontavam queo tesoureiro da campanha de Col-lor, Paulo César Farias, o PC Fa-rias, pediu dinheiro a empresáriose ofereceu vantagens no governo.Em 1991, Collor falou publica-

mente sobre as suspeitas. "Toda equalquer denúncia tem que serexemplarmente apurada", afirmou.Em maio de 1992, uma reportagem darevista "Veja" levou à abertura deuma Comissão Parlamentar de Inqué-rito (CPI) no Congresso.Em 20 de junho de 1992, Collor

negou relações com PC Farias.Diante da pressão da CPI, Collorpediu o apoio da população. "Quesaiam no próximo domingo de casacom alguma das peças de roupa nascores da nossa bandeira. Que expo-

nham nas janelas, que exponham nassuas janelas toalhas, panos, o quetiver nas cores da nossa bandeira.Porque assim nós estaremos mostran-do onde está a verdadeira maioria",disse o então presidente.

A estratégia foi malsucedida, eos chamados "caras-pintadas" saí-ram às ruas vestidos de preto epedindo a saída de Collor da Pre-sidência. No mesmo mês, Collor so-freu outra derrota. A CPI no Con-gresso concluiu que ele foi bene-ficiado pelo suposto esquema mon-tado pelo ex-tesoureiro PC Farias.O relatório da CPI afirmou que

Collor cometeu crime de responsa-bilidade ao usar cheques fantasmaspara o pagamento de despesas pes-soais, como uma reforma na Casa daDinda e a compra de um carro FiatElba. Com isso, o caminho para oimpeachment estava aberto.Em 29 de setembro de 1992, ocor-

reu o principal marco do processoque levou à saída de Collor daPresidência. A Câmara aprovou opedido de impeachment. O caso foiao Senado, que abriu um processopara apurar se houve crime de res-ponsabilidade e que deveria estarconcluído em até 180 dias. A co-missão de impeachment era presidi-da pelo presidente do Supremo, mi-nistro Sidney Sanches.Até lá, Collor ficaria afastado

da presidência temporariamente,sendo substituído pelo vice ItamarFranco, o que só aconteceu em 2 deoutubro de 1992. Foi o dia em queCollor desceu a rampa do Paláciodo Planalto pela última vez.

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Morre Ayrton Senna: ídolo do Brasil e do mundoIdolatrado por todo o

Brasil, com fãs tambémem diversas partes domundo, o piloto de Fór-mula I Ayrton Senna sedespediu da vida e doesporte que tanto ama-va, de forma trágica. Amorte do tricampeãoabalou o país, foi no-tícia na edição do OMossoroense no dia 3 demaio de 1994:"O sentimento de per-

da pela morte do pilotoAyrton Senna, 34 anos,continua predominandono mundo inteiro. NoBrasil, a tragédia dei-xou todos em estado dechoque, a tristeza se-gue estampada no rostode cada pessoa. AyrtonSenna, da Williams,morreu domingo de ma-nhã, quando seu carrochocou-se violentamentecontra o muro de prote-ção do circuito de Ímo-la (Itália) a uma velo-

cidade superior a 300km/h. O piloto brasi-leiro sofreu traumatis-mo craniano e paradacardíaca instantâneaapós a batida".O acidente ocorreu na

sétima volta do GrandePrêmio de San Marino,no autódromo de Ímola,na Itália. Às 13h40,hora do Brasil, um bo-letim médico do hospi-tal Maggiore de Bolo-nha, para onde o pilotofoi levado de helicóp-tero, anunciou a mortecerebral de Ayrton Sen-na. Ayrton Senna daSilva conquistou 41 vi-tórias em Grandes Prê-mios, 65 pole-positions, um dos maio-res fenômenos de todosos tempos no automobi-lismo estava morto.Foi o triste epílogo

de um final de semanaem que a morte passeoupelo circuito de Ímola.

Na sexta-feira, o carrodo brasileiro RubensBarrichello espatifou-se. Barrichello só nãomorreu porque o choquefoi amortecido pelos p-neus. Nos treinos desábado, o carro do aus-

tríaco Roland Ratzen-berger se desintegrouno muro de concreto de-pois de passar reto nu-ma curva. O piloto che-gou morto ao hospital,vítima de comoção cere-bral.

Impeachment de FernandoCollor é manchete em 30de setembro de 1992

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m 30 de dezembrode 1999, em meioàs previsões ca-

tastróficas que dese-nhavam um apocalipsedigital para a humani-dade, O Mossoroensenoticiava as preocupa-ções referentes ao bugdo milênio, apontandoque a cidade estava sepreparando para asconsequências do co-lapso que poderiaocorrer:"A magia da chegada

do ano 2000 pode ser

quebrada pelos efeitosdo tão temido bug domilênio. Todos os seto-res de atendimento quetrabalham com sistemascomputadorizados estãoprecavidos para o quepoderá ocorrer depoisda meia-noite de ama-nhã, quando 2000 entrarem cena", relatava operiódico. Segundo a matéria, a

Cosern, Telemar, BCP,além de hospitais dacidade já haviam atua-lizado seus sistemas

para não correrem riscode serem pegos com osproblemas da pane geraldos computadores.A possibilidade de um

bug em toda a rede mun-dial de computadoressurgiu devido ao fatode que, no século pas-sado, programadoresusavam dois dígitos pa-ra a posição do ano noscampos de data de soft-wares de computador.Sendo assim,

acreditava-se que navirada de 1999 para o

ano 2000 os computado-res poderiam "enlou-quecer", causando umcolapso tecnológico degrandes proporções.Nas previsões mais

sombrias, credoresbancários se tornariamdevedores, aviões en-trariam em pane e cai-riam, indústrias in-teiras parariam de fun-cionar. No fim das con-tas, o bug do milêniose mostrou inofensivo.Apenas poucos PCs para-ram de funcionar.

Rio Grandedo Norteperdeu ontemum dos seusgrandesconstruto-

res, o ex-deputado Je-rônimo Vingt RosadoMaia, que faleceu aos77 anos, vitimado poruma embolia pulmonar",dizia o trecho inicialda matéria que noti-ciava, lamentavelmen-te, o falecimento deuma das maiores lide-ranças políticas doRio Grande do Norte.Vingt Rosado faleceu às17h30 do dia 2 de feve-reiro de 1995. O ex-deputado federal vinhase tratando na Casa deSaúde Dix-sept Rosadode problemas respirató-

rios e cardíacos. Polí-tico experiente e co-nhecido pela sua capa-cidade de articulação epelo poder de decisão,o ex-deputado federaldeixou uma história re-pleta de sucessos erealizações. Vingt deixou a vidapública em 1990. Ape-sar de não ter maismandato, ele conti-nuou sendo o grandelíder do grupo polí-tico que representavao PMDB em Mossoró. Aotodo, Vingt conseguiusete mandatos de de-putado federal. An-tes, porém, deputadoestadual duas vezes,prefeito de Mossoróde 1953 a 1958, e ve-reador.

17 de janeiro de1990: Destaque asituação do TerminalRodoviário de Mossoró,que naquele período jápossuía equipamentosquebrados, e era motivode reclamação por partedos usuários.

15 de março de 1990:Toma posse Fernando Col-lor como presidente doBrasil.

06 de maio: Destacaa entrega do conjuntohabitacional WilsonRosado, construídoatravés do programa "No-

vo Teto".

11de setembro de1992: Revelado que aapuração do pleitodaquele ano, que seriarealizado em 3 deoutubro, deveria ser fi-nalizada até o meio-diado 4 de outubro, uma vezque seria utilizadoo esquema de apuraçãoinformatizado.

19 de fevereiro de1994: Destaca os númeroscada vez mais crescentesde casos de cólera emMossoró. Somente no dia18 de fevereiro, 11pacientes deram entrada

no Hospital RafaelFernandes vítimas dadoença.

14 de julho de 1996:"Aids: a cura está próx-ima". Com esse título, édestaque matéria queaborda o surgimento deum novo coquetel, 100vezes mais poderoso queo AZT, único remédiodisponível para o vírusna época. "A palavracura ainda não é pronun-ciada publicamentepelos médicos, massussurrada noscorredores. Todosadmitem abertamente,porém, que está próximo

o dia em que a Aidssairá da lista dasdoenças fatais paraintegrar o rol dasmoléstias crônicasgraves". O novo remédioera uma combinação deNorvir, 3TC e AZT, esurgia como umaesperança para os cercade 44 mil portadores dovírus HIV no Brasilnaquela época.

14 de julho de 1998:Destaca a derrota doBrasil na final da Copado Mundo de 1998, quandoo Brasil perdeu o títulomundial para a França,por 3 a 0.

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O Rio Grande do Norte perde uma de suas maiores lideranças políticas:

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30 de dezembro de 1999: Mossoró se prepara para o bug do milênio

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Morre o ex-deputado Vingt Rosado

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30 de maio de 2000:Destaca que a ausência dechuvas na região tinhaprovocado a alta no preçodo milho, que subiu maisde 100%. O alimento, quecustava em média R$ 0,05,passou a ser comerciali-zado por R$ 0,12.

18 de julho de 2000: ACasa de Saúde Dix-septRosado implantou em seusprocedimentos médicos ascirurgias cardíacas.

16 de setembro de2000: Abertos os JogosOlímpicos de 2000, reali-zados em Sidney, na Aus-trália. O jornal destacao fato das Coreias do Sule do Norte, terem entradojuntas durante a aberturada competição, fato re-percutido mundialmente,devido as divergênciasexistentes entre os paí-ses.

23 de setembro de2000: Destaca que Mossoróestava entre as cidadescom o maior índice de de-semprego do Brasil. Naépoca, 60 mil pessoas, oque correspondia a 25% da

população economicamenteativa, sofriam com o pro-blema.

02 de outubro de 2000:Noticia o resultado daseleições municipais da-quele ano: A candidata doPFL, Rosalba Ciarlini,venceu o pleito, com57.369 votos. Destacatambém o resultado dosvereadores eleitos, tendosido consagrado como omais bem votado o es-treante nas urnas, Fran-cisco José Júnior, com4.308 votos. Na sequên-cia, aparecem os vereado-res Vicente Rêgo (3.478votos), e o também es-treante em eleições, Je-rônimo Vingt Rosado Neto,que obteve 2.927 sufrá-gios.

03 de outubro de 2000:Destaca o reconhecimento,pelo Ministério da Educa-ção, do curso de MedicinaVeterinária da então Es-cola Superior de Agricul-tura de Mossoró (Esam).

22 de novembro de2000: Destaca a visita dadeputada estadual SandraRosado à Câmara dos Ve-

readores de Mossoró, ondeanunciou, que iniciaria aluta pela implantação deuma Faculdade de Medicinana cidade.

17 de dezembro de2000: Anunciada, pelo Go-verno do Estado a cons-trução de uma Cadeia Pú-blica em Mossoró, obraque surgia como um alentopara a solução de um pro-blema crônico na cidade:a superlotação de presos.

28 de dezembro de 2000:Destaca a liberação dosrecursos destinados àconstrução da barragem deSanta Cruz, no total de R$20 milhões.

02 de março de 2001:Reportagem especial marcao Centenário do ColégioDiocesano, fruto do empe-nho do bispo dom AdautoAurélio Miranda de Henri-ques

26 de maio de 2001:Valdetário concede entre-vista ao jornal O Mosso-roense. O mecânico JoséValdetário Benevides queconseguiu escapar de umcerco policial contra ele

e um grupo, todos acusa-dos de assaltar uma agên-cia do Banco do Brasil, nacidade de Pedro II, (PI),concedeu uma entrevistaao radialista Otoniel Ma-ia. Na sua conversa, oacusado negou qualquerenvolvimento com RicardoRoland Rocha, que era di-retor do presídio de Al-caçuz. Ele também apro-veitou para mandar recadopara ao delegado MatiasLaurentino, falou da mor-te de Manoel Haroldo edisse que a políciapiauiense era frouxa.

16 de junho de 2001: OMossoroense inicia umasérie de matérias exclu-sivas e furos de reporta-gem com o caso do "Amorassassino", que trata doassassinato do servidorpúblico Gilvanir Dinizde Lima, cujo acusado é oamante Nestor Álvaro. Emquatro edições seguidas,o jornal traz detalhes damorte de Gilvanir, en-trevista exclusiva com oacusado de ser o autor docrime, traçou perfil doassassino, e focos do no-ticiário com vários fu-ros de reportagem.

omo atestaramtodas aspesquisas, Lula éo novo presidentedo Brasil". Assim

O Mossoroense inicioureportagem noticiando aeleição de Luiz Inácio Lu-la da Silva para aPresidência da República.O primeiro governante

eleito de esquerda dahistória do país ganhou aPresidência no dia de seu57º aniversário. Lula foi o

primeiro civil sem formaçãouniversitária a ser eleitopresidente, na 19ª eleiçãodireta para o cargo. Nordestino e

metalúrgico, Luiz inácioLula da Silva venceu aprimeira eleição definidano segundo turno desde1989, quando opetistaperdeu para Fernan-do Collor de Mello (PRN),por 53,0% a 47,0% dosvotos válidos. Naseleições seguintes, em

1994 e em 1998, FernandoHenrique Cardoso (PSDB)venceu no primeiro turno,com 54,27% e 53,06% dosvotos válidos, respectiva-mente.

Apesar de ter ficado emsegundo lugar em três dis-putas consecutivas, avotação de Lula cresceu acada pleito: em 1989,11.167.665 votos (17,2%dos válidos); em 1994,17.122.127 (27,0%); em1998, 21.475.218 (31,7%);

e, finalmente, 39.444.010(46,4%) no primeiro turnoda eleição de 2002 contra19.700.549 (23,2%) de Ser-ra, e 52.793.364 (61327%),contra 33.370.739 milhõesde votos (38,72%) obtidospelo tucano no segundoturno.

Na mesma edição, em 28de outubro de 2002, édestaque também a eleiçãoda primeira mulher para oGoverno do Estado: Wilmade Faria.

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Lula chega lá:Ex-metalúrgico é eleito presidente do Brasil pela primeira vez em 2002

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refeito deCaraúbas,Aguinaldo Pe-reira, sua mu-

lher Antônia Gur-gel, além do sargen-to Ronaldo Rafael daSilva, o soldadoCláudio Pereira doNascimento e o ca-seiro Everlândio daSilva foram mortosnuma emboscada naRN-117, altura doSítio da Várzea, a10km de Mossoró. O veículo que os

conduzia capotoujogando os corpospara fora depois queos autores da tocaiautilizaram armas degrosso calibre, in-clusive fuzis AR 15,para matar seus ocu-pantes. Em Caraú-bas, o aspecto decidade-fantasmaprevaleceu por todoo dia. Em uma ediçãoespecial, o jornal OMossoroense fez acobertura completado crime, abordandoas investigações,velório.

14 de julho de 2001:Repórter do jornal O Mos-soroense, Luciano Lellys,tem trabalho destacado naFolha de S. Paulo.

04 de agosto de 2001:Jornal Nacional denunciafraude do Bolsa Renda emMossoró. A Rede Globoapontou casos de cadas-tramentos irregulares noprograma.

11 de setembro de 2001:O agropecuarista Luiz Be-nevides Carneiro, popu-larmente conhecido comoDoutor Benevides, morrevítima de infarto no in-terior da Casa de Deten-ção em Teresina (PI). Emmeados do mês de junho, osfamiliares de doutor Be-nevides foram presos nacidade de Pedro II. O cor-po foi velado em Caraúbase sepultado em FelipeGuerra.

12 de janeiro de 2002:Criada oficialmente a Fa-culdade de Ciências So-ciais e Saúde (FCS), quecontemplava o curso deMedicina da Universidadedo Estado do Rio Grande doNorte (Uern). O ato con-tou com a presença de vá-rias autoridades políti-cas do estado que parabe-nizaram a deputada esta-

dual Sandra Rosado, auto-ra do projeto, pela ini-ciativa.

31 de janeiro de 2002:Cangaço atrai pesquisado-ra na Inglaterra a Mosso-ró. Hilary Stanway é fas-cinada pelo Nordeste equis conhecer a cidadeque expulsou o bando deLampião em 1927. Ela che-gou à cidade por intermé-dio de Paulo Gastão, pre-sidente da Sociedade Bra-sileira para Estudos doCangaço.

23 de fevereiro de2002: Gays no RN serão ca-dastrados. O ativistaWilson Dantas, membro dogrupo Habeas Corpus Poti-guar (GHCP) e secretáriopara a região Nordeste daAssociação Brasileira deGays, Lésbicas e Traves-tis (ABGLT), realiza ummapeamento da populaçãohomossexual de Assú, paraem seguida, iniciar oprograma "Trilhas da ci-dade" que cadastraria oshomossexuais, a priori,de outros 12 municípiosdo Rio Grande do Norte.

04 de outubro de 2002:Uern cria curso de Comu-nicação Social, com trêshabilitações: jornalismo,radialismo, publicidade epropaganda.

16 de novembro de 2002:Polícia prende maior tra-ficante do RN em Mossoró.Josafá Clementino de Sou-za, que residia em AreiaBranca, foi preso pela Po-lícia Federal em Mossoró.

27 de dezembro de 2002:Taxa de iluminação públi-ca deixaria energia 12%mais cara. A Câmara Muni-cipal de Mossoró aprova acobrança da contribuiçãodo Custeio de IluminaçãoPública (CIP). Dos 21 ve-readores, 14 votaram afavor da contribuição.

03 de janeiro de 2003:Wilma é a primeira mulhera governar o RN. Destaqueà posse de Wilma de Fariano mais alto cargo do Exe-cutivo potiguar. Na mesmaedição, também é notícia aposse do presidente Lula: "Lula assume o Brasil: "Onovo presidente do Bra-sil, Luiz Inácio Lula daSilva, empossado ontem,fez questão de frisar emseu discurso que as prio-ridades de seu governoserão o combate à fome,corrupção e impunidade.

31 de janeiro de 2003:Destaque para o lançamen-to do programa "Fome Ze-ro", que segundo as ex-pectativas do InstitutoCidadania, beneficiaria

no Rio Grande do Nortemais de um milhão de pes-soas que viviam com menosde um dólar por dia.

23 de março de 2003:Destaca a guerra do Ira-que: "Continua o bombar-deio ao Iraque. Ontem,cinco grandes explosõessacudiram os subúrbios deBagdá, a capital iraquia-na. Autoridades iraquianasdisseram que três pessoasmorreram e pelo menos 207ficaram feridas nos ata-ques", abordava o jornal.

31de março de 2004: Dis-cutida a possibilidade da re-dução do número de vereadoresem Mossoró, de 21 para 13.

16 de julho de 2004:Destaca que as ambulân-cias do programa recente-mente criado pelo governoLula, o Serviço de Aten-dimento Móvel de Urgência(Samu) chegariam a Mosso-ró no mês de agosto.

05 de setembro de2004: "Até quando?" Man-chete do jornal O Mosso-roense relata o ato ter-rorista ocorrido na Rús-sia, onde uma escola emBeslan, sudoeste do país,foi invadida por terro-ristas, vitimando 322pessoas, em sua maioria,crianças.

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Prefeito de Caraúbas morre em emboscada

tendendo uma recomendação do Gover-no Federal, Mossoró adotou o racio-namento de energia. A medida afetou

o horário das sessões da Câmara Municipalde Mossoró (CMM), a iluminação das ruasforam cortadas em horário programado e atéo abastecimento de água foi reduzido comoforma de economizar energia.

O racionamento de energia em todo país,conhecido como "crise do apagão", foi umacrise nacional ocorrida no Brasil, queafetou o fornecimento e distribuição deenergia elétrica. A medida foi necessáriadevido a falta de chuvas, que deixaram vá-rias represas vazias, impossibilitando ageração de energia e por falta de planeja-mento e investimentos em geração de ener-gia.

Na época, havia grande possibilidade deocorrer apagões no país, sobretudo nasgrandes cidades. Mas, a aplicação dessescortes - que produziriam severas perdas naeconomia brasileira - pôde ser evitada gra-ças ao bom resultado de uma campanha por umracionamento "voluntário" de energia.

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P Mossoroenses racionam energiaatendendo pedido do Governo Federal

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ânico nos Esta-dos Unidos. O mun-do assistiu estar-

recido ao vivo pela te-levisão o ataque terro-rista ao Word TradeCenter (WTC) e ao Pen-tágono, nos EstadosUnidos da América. Porenquanto, nenhum grupoterrorista assumiu aautoria do atentado. Ogoverno norte-americano ainda não sa-be o número de vítimase promete retaliações".A manchete do jornal OMossoroense de 12 desetembro de 2011 abor-dava o principal assun-to de todos os noticiá-rios do mundo naqueledia: o atentado às tor-res gêmeas nos EstadosUnidos. Os ataques terroris-

tas de 11 de setembrode 2001foram uma sériede ataques suicidascoordenados pela Al-Qaeda aos Estados Uni-dos. Na manhã daqueledia, 19 terroristas daAl-Qaeda sequestraramquatro aviões comer-ciais a jato de passa-geiros. Os sequestrado-res intencionalmentebateram dois dos aviõescontra as Torres Gêmeasdo World Trade Centerem Nova Iorque, matandocerca de 2.753 pes-soas.

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vereador VingtRosado Neto mor-reu, no dia 21 de

julho, aos 24 anos, deforma trágica quandoexercia o primeiromandato parlamentar.Sua permanência na Câ-mara durou seis meses.Um dos vereadores maisvotados nas eleiçõesdo ano 2000, Vingt Ne-to logo mostrou poderde articulação nopleito que escolheu amesa diretora no biê-nio 2001/02. Ele con-seguiu articular umgrupo que elegeu Vi-cente Rêgo para a pre-sidência da Casa e foieleito primeiro-secretário, cargo maisimportante depois dapresidência.A morte do vereadorinterrompeu uma car-reira promissora napolítica. O sepulta-mento de Vingt RosadoNeto contou com cercade 50 mil pessoas. Naépoca, entidades ór-gãos e repartições pú-blicas ficaram em lutopela morte do jovemparlamentar.

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11 de setembro de 2001: Atentado às Torres Gêmeas aterroriza o mundo

Morre overeador Vingt Rosado Neto

os 71 anos,morreu no dia 24de agosto de 2005o jornalista Do-

rian Jorge Freire. Ojornal O Mossoroense,assim como toda a im-prensa do Rio Grandedo Norte, deu a notí-cia com destaque. Na-quele dia, a imprensapotiguar estava de lu-to, pois perdeu umgrande colaborador quemuito contribuiu parao enriquecimento inte-lectual dos periódi-cos. Dorian Jorge Freire

nasceu em 14 de outu-bro de 1933, na casa175 da Praça da Reden-ção, em Mossoró. Filho

do jornalista JorgeFreire de Andrade e daprofessora Maria Dolo-res Couto Freire deAndrade, começou nojornalismo em 18 dejulho de 1948, no jor-nal O Mossoroense.A partir de então,

nunca mais parou. Doperíodo de 1954 a 1961foi repórter e colu-nista político da Úl-tima Hora. Depois fun-dou e dirigiu, até ogolpe de 64, o semaná-rio Brasil, Urgente;trabalhou com CaioPrado Júnior na Revis-ta Brasiliense, fundoue dirigiu, a EditoraSinal; foi repórter eredator das revistas

Escola e Realidade,diretor do Diário deNatal, Tribuna do Nor-te e do O Mossoroense.Mesmo doente por

conta de três Aciden-tes Vascular Cerebral(AVCs) e dois infar-tos, ele fazia questãode continuar escreven-do uma coluna semanalno jornal Gazeta doOeste. Ele morreu porfalência múltiplas dosórgãos. Além de jornalista,

Dorian Jorge Freireera professor de Di-reito, escritor dedois livros, membro daAcademia Norte-Riograndense de Le-tras.

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Jornalista Dorian JorgeFreire morre aos 71 anos porfalência múltipla dos órgãos

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riador da ColeçãoMossoroense, Je-rônimo Vingt-unRosado Maia mor-

reu aos 85 anos no dia21 de dezembro de 2005,em Natal, vítima de pa-rada cardíaca. Filho dofarmacêutico JerônimoRosado Maia e de IsauraRosado Maia, Vingt-unRosado, natural de Mos-soró, era o vigésimoprimeiro filho do casale foi o último a fale-cer. Ele foi responsável

pela publicação de maisde quatro mil títulos.Os números fizeram daColeção Mossoroense,fundada em 30 de setem-bro de 1949, a maioreditora de livros doPaís, proporcionando aMossoró um status cul-tural de grandeza. Jerônimo Vingt-un Ro-

sado era formado emAgronomia e foi poranos diretor da EscolaSuperior de Agricultu-ra de Mossoró (Esam),hoje Universidade Fe-deral Rural do Semi-Árido (Ufersa). Inte-grante de família com-posta quase que em suatotalidade por políti-cos, Vingt-un RosadoMaia ainda se aventuroua concorrer a um cargoeletivo. Ele foi candi-dato a prefeito de Mos-soró, em 1968, sendoderrotado. No ano de1973, tentou novamenteingressar na vida pú-blica e foi eleito ve-reador.Apesar da veia polí-

tica, herdada da famí-lia, o historiador de-dicou sua vida à ciên-cia e à cultura. Porsua dedicação aos estu-dos da região, Vingt-unRosado era consideradoo maior pesquisador deassuntos do semiáridonordestino.

Morre aos 85 anos o último filho do farmacêutico Jerônimo Rosado, pesquisador Vingt-un Rosado, vítima de parada cardíaca

Morre o ex-governador Aluízio Alves

MP deflagra “Operação Sal Grosso” na CMM

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ex-governador do RioGrande do Norte,Aluízio Alves morreu

no dia 6 de maio de 2006,em Natal, aos 84 anos, de-vido a falência múltiplados órgãos. O corpo dopolítico foi sepultado nocemitério Morada da Paz.Aluízio Alves foiministro dos governosJosé Sarney e ItamarFranco, além depresidente estadual doPMDB. Ele era tio dosenador Garibaldi AlvesFilho (PMDB) e pai dodeputado federalHenrique Eduardo Alves(PMDB). Aluízio Alves foi um dosmaiores líderes políticosdo Rio Grande do Norte.

Ministério Público epoliciais cumpriram man-dado de busca e apreen-

são na Câmara Municipal deMossoró (CMM), concedido pelajuíza Valéria Maria Lacerda. A"Operação Sal Grosso" inves-tigava possíveis irregulari-dades na CMM com fraudes emlicitações. Os representantes vasculha-

ram gabinetes da Câmara e fize-

ram busca e apreensão na resi-dência do presidente da Casa,Júnior Escóssia. Nove vereado-res foram envolvidos no escân-dalo: Júnior Escóssia, AluízioFeitosa; Benjamim Machado,Claudionor dos Santos; DanielGomes; Gilvanda Peixoto; Ma-noel Bezerra; Izabel Montene-gro e Osnildo Morais de Lima.Foram mais de vinte mil do-

cumentos e 40 computadores

apreendidos. Entre os princi-pais pontos de irregularida-des apontados pelo MP estão:gastos com diárias não compro-vadas; empréstimos consigna-dos pagos pela Câmara Munici-pal à Caixa Econômica Federal,em nome de vereadores e demaisservidores da Casa; despesasrealizadas sem licitação e usode verbas de gabinete de ma-neira irregular.

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início do ano de2011 foi marcadopor uma onda degreves nunca vis-

ta na história do RioGrande do Norte. Pelo me-nos 12 categorias cruza-ram os braços em prol de

melhorias trabalhistas. Aderiram à paralisaçãono início do ano servi-dores da Central do Ci-dadão, motoristas deônibus, policiais ci-vis, professores, fun-cionários do Detran,

Idema, Emater e Tribu-tação, além dos servi-dores da ProcuradoriaGeral do Estado (PGE),médicos da rede esta-dual e os técnicos doIdiarn (fiscalizaçãoagropecuária).

Exatamente quatro anos após amorte do seu esposo, Vingt-un Ro-sado, morreu dona América Rosa-do, 88. A viúva do escritor e pro-fessor era professora, escri-tora e assistente social. Amé-rica era membro da AcademiaNorte-Riograndense de Letras(ANL), cadeira 38.

O velório acontece na Univer-sidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), que fora diri-gida por Vingt-un Rosado.

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12 de Maio de 2009:Miss do Rio Grande do Nor-te, Larissa Costa foi elei-ta Miss Brasil 2009

21 de junho de 2009:Convidada pela PrefeituraMunicipal de Mossoró para fa-zer a cobertura do MossoróCidade Junina, a equipe doPânico na TV escracha e de-bocha de Mossoró em rede na-cional.

30 de junho de 2009:Mossoroense SolwellingtonVieira de Sá era um dos 228passageiros da Air France.

20 de dezembro de 2009:Nos primeiros minutos dasprimeiras provas do Proces-so Seletivo Vocacionado -PSV, da Universidade do Es-tado do Rio Grande do Norte- Uern, o processo foi can-celado devido a problemastécnicos.

6 de janeiro 2010: Em-presário italiano Giusep LiCausi morre com sintomas dagripe A (H1N1).

11 de fevereiro de2010: Secretário Ruy Perei-ra morre em acidente auto-mobilístico na cidade deIguarassu (PE).

17 de maio de 2010:Governo realiza a maior pro-moção de oficiais e praçasda história da Polícia Mi-litar com ascensão de 200oficiais e 400 praças.

21 de maio 2010: Su-perior Tribunal de Justiçaabsolve ladrão que roubou ga-linha no valor de R$ 10.

30 de julho de 2010 Presos da cadeia pública

protestam contra o corte deregalias. Cerca de 70 fami-liares são feitos de reféns.

12de agosto de 2010:Após tumultuadas sessões,o então presidente da CMM,Claudionor dos Santos, pro-mulga projeto de resolu-ção que põe fim à reelei-ção para o cargo de presi-dente da mesa diretora naCâmara.

27 de agosto de 2010 Produtores rurais perdem

safra pela terceira vez se-guida.

15de setembro de 2010Morre a vereadora Niná Re-

bouças.

7 de dezembro de 2010:Dona Idalina Nilda, de 107anos, a pessoa mais velha deMossoró faleceu por compli-cações pós-cirúrgicas

7 de janeiro 2011: Pelaprimeira vez na história, oTribunal de Justiça do RioGrande do Norte (TJ/RN) serápresidido por uma mulher. A de-sembargadora Judite MirandaNunes foi eleita presidenteda Corte para o biênio2011/2013.

14 de março de 2011:Poetas mossoroenses são ex-pulsos da Cobal no recital des-tinado à comemoração do Diada Poesia.

5 de junho de 2011: Mos-soró supera 100 assassinatosem um ano mais violento dahistória.

orreu no dia 5 deoutubro de 2009, omonsenhor Américo

Simonetti. O religiosofaleceu aos 79 anos, ví-tima de câncer. Dos seus 53 anos de mi-

nistério ordenado, quase30 foram dedicados à Ca-tedral de Santa Luzia,onde ele guiou os paro-quianos nos ensinamentosda fé e da caridade. Mon-senhor Américo é lembra-do sempre como exemplo derealização, desde a pri-meira central telefônicade Assú, passando pela

instalação da Rádio Ru-ral de Mossoró, a suaatuação frente à diocesee a estruturação e orga-nização das festas deSanta Luzia.Este último foi de to-

dos os seus feitos semdúvida o mais marcante. Éimpossível ouvir o "Mos-soró com alegria saúdaSanta Luzia" e não lem-brar do monsenhor Améri-co. A frase que se con-funde com a História dacidade se confunde tam-bém com a História de seucriador.

Morre monsenhor Américo

Onda de greves atinge o RN

Morre donaAméricaRosado

Os anos de 2008 e 2009 forammarcados por um período de chu-vas acima da média. O problemadas enchentes atingiu 34 milpessoas de 13 municípios da re-gião Oeste, Vale do Açu e Valedo Apodi.

Em Mossoró, o nível do rioApodi-Mossoró atingiu 1,40 metroe mais de três mil famílias fi-caram desabrigadas. As forteschuvas também prejudicaram vá-rios setores da economia como aagricultura, que perdeu quase100% da colheita, o setor sali-neiro e o setor da carcinicul-tura.

Chuvas deixam maisde 34 mil pessoasdesabrigadas

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