p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i c a...

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número 125 15 De abril a 15 De maio De 2013 2 € periódico galego de informaçom crítica referenDo na eScócia 12 o povo escocês poderá finalmente pro- nunciar-se sobre a sua independência em setembro de 2014. o Reino Unido marcou o prazo, para evitar o ascenso da posiçons soberanistas, e impom a Edimburgo acordar as perguntas. criSe e arteSanato 14 A situaçom económica está a ser um ponto de inflexom para a criatividade. Cada vez mais moças e moços procu- ram tirar algum valor económico das suas afeiçons, recuperando no cami- nho ofícios tradicionais. N ovas da G ali a “Governo e instituiçons políticas continuam a nos ver como periferia” MóNicA cAMAñO atriz e ativista do sector cultural Pág. 6 oPiniom UM fRAcASSO SiONiSTA por Elvira Souto / 3 A ViOlêNciA DE géNERO TAMBéM é NOSSA por Teresa Moure / 3 iNDEPENDêNciA? por Xurxo Borrazás / 28 SuPlemento central a reviSta ARqUEOlOgiA E SOciEDADE ciVil Entrevista a Manuel Gago, jornalista, divulgador e arqueólogo amador, ao redor da defensa e posta em valor do património O ENTERRADOR E OS SEUS MORTOS Publicamos o primeiro relato premiado no certame promovido por NovAS DA GAlizA e Edicións Positivas, escrito por Xabier vieiro Pescanova naufraga em dívidas milionárias DenúnciaS De falSiDaDe naS contaS A multinacional Pescanova, in- sígnia do empresariado galego por décadas, vém de solicitar o concurso de credores. Em poucos dias, a empresa passava dumha imagem de solvência nom qües- tionada a reconhecer umha dívi- da de entre 1.500 e 3.000 milhons de euros. Mentres as acusaçons voam entre membros do conse- lho de administraçom, o fato é que a Pescanova despediu a sua auditoria de referência. Mas nin- guém dá explicaçons razonáveis a que as cifras de exportaçons te- nham sido falseadas de jeito re- corrente. A Pescanova recebeu desde há dez anos mais de cem milhons de euros em subvençons da Junta da Galiza. / PÁGS. 16 e 17 Sectores do PP filtrárom as imagens de Feijóo e Dorado As ‘zonas de sombra’ da Justiça Os muros da prisom ocultam muitos castigos e vexames quotidianos além da mesma privaçom de liberdade / PÁG. 19 Xesús Palmou, com a colaboraçom do juiz Vázquez Taín, procuraria frustrar as aspiraçons políticas do presidente da Junta e danar o sector ligado ao Opus Dei A recente publicaçom dumhas fo- tografias que relacionam ao pre- sidente da Junta com o narcocon- trabandista Marcial Dorado agita nas últimas semanas a atualidade da política institucional. Segundo puido saber NovAS DA GAlizA, a origem da filtraçom estaria em seitores do Partido Popular em ourense, com um protagonismo especial do ex-conselheiro duran- te o governo Fraga Xesús Palmou. o juiz José Antonio vázquez Taín fazia tamém parte da manobra de descrédito contra Núñez Feijóo, com a que ao mesmo tempo se pretende desgastar ao presidente do governo espanhol Mariano Ra- joy. De feito, a facçom que filtrou as instantáneas estaria, segundo as fontes consultadas, em poses- som de imagens do próprio Rajoy em companhia doutro ex-capo do tráfico de tabaco. Mais um capítu- lo da estreita relaçom entre o as máfias e o PPdeG. / PÁGS. 8 e 9 SINO SECO

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número 125 15 De abril a 15 De maio De 2013 2 €

p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i c a

referenDo na eScócia 12o povo escocês poderá finalmente pro-nunciar-se sobre a sua independênciaem setembro de 2014. o Reino Unidomarcou o prazo, para evitar o ascensoda posiçons soberanistas, e impom aEdimburgo acordar as perguntas.

criSe e arteSanato 14A situaçom económica está a ser umponto de inflexom para a criatividade.Cada vez mais moças e moços procu-ram tirar algum valor económico dassuas afeiçons, recuperando no cami-nho ofícios tradicionais.

Novas da Gali a

“Governo einstituiçonspolíticascontinuam anos ver comoperiferia”

MóNicA cAMAñOatriz e ativista dosector culturalPág. 6

oPiniom

UM fRAcASSO SiONiSTA por Elvira Souto / 3

A ViOlêNciA DE géNERO TAMBéM é NOSSApor Teresa Moure / 3

iNDEPENDêNciA? por Xurxo Borrazás / 28

SuPlemento central a reviSta

ARqUEOlOgiA E SOciEDADE ciVilEntrevista a Manuel Gago, jornalista, divulgador e arqueólogoamador, ao redor da defensa e posta em valor do património

O ENTERRADOR E OS SEUS MORTOSPublicamos o primeiro relato premiado no certame promovido porNovAS DA GAlizA e Edicións Positivas, escrito por Xabier vieiro

Pescanova naufraga em dívidas milionárias

DenúnciaS De falSiDaDe naS contaS

A multinacional Pescanova, in-sígnia do empresariado galegopor décadas, vém de solicitar oconcurso de credores. Em poucosdias, a empresa passava dumhaimagem de solvência nom qües-tionada a reconhecer umha dívi-da de entre 1.500 e 3.000 milhonsde euros. Mentres as acusaçonsvoam entre membros do conse-

lho de administraçom, o fato éque a Pescanova despediu a suaauditoria de referência. Mas nin-guém dá explicaçons razonáveisa que as cifras de exportaçons te-nham sido falseadas de jeito re-corrente. A Pescanova recebeudesde há dez anos mais de cemmilhons de euros em subvençonsda Junta da Galiza. / PÁGS. 16 e 17

Sectores do PP filtrárom asimagens de Feijóo e Dorado

As ‘zonas de sombra’ da Justiça Os muros da prisom ocultam muitos castigos e vexamesquotidianos além da mesma privaçom de liberdade / PÁG. 19

Xesús Palmou, com a colaboraçom do juiz Vázquez Taín, procuraria frustrar asaspiraçons políticas do presidente da Junta e danar o sector ligado ao Opus DeiA recente publicaçom dumhas fo-tografias que relacionam ao pre-sidente da Junta com o narcocon-trabandista Marcial Dorado agitanas últimas semanas a atualidadeda política institucional. Segundopuido saber NovAS DA GAlizA, aorigem da filtraçom estaria emseitores do Partido Popular emourense, com um protagonismoespecial do ex-conselheiro duran-te o governo Fraga Xesús Palmou.o juiz José Antonio vázquez Taín

fazia tamém parte da manobra dedescrédito contra Núñez Feijóo,com a que ao mesmo tempo sepretende desgastar ao presidentedo governo espanhol Mariano Ra-joy. De feito, a facçom que filtrouas instantáneas estaria, segundoas fontes consultadas, em poses-som de imagens do próprio Rajoyem companhia doutro ex-capo dotráfico de tabaco. Mais um capítu-lo da estreita relaçom entre o asmáfias e o PPdeG. / PÁGS. 8 e 9

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02 oPiniom Novas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2013

Se tés algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos algumha in-quietaçom ou mesmo algumha opiniom sobre qualquer artigo aparecido no NGZ, este é o teulugar. As cartas enviadas deverám ser originais e nom poderám exceder as 30 linhas digitadasa computador. É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA

GAlIZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons, como também de resumi-las ou ex-tratá-las quando se considerar oportuno. Também poderám ser descartadas aquelas cartasque ostentarem algum género de desrespeito pessoal ou promoverem condutas antisociaisintoleráveis. Endereço: [email protected]

o Pelourinho Do novaS

GaS “PenoSa”: Se nom téS QuartoS “aPaGa y vÁmonoS”

Estám-no-lo a pôr muito negro. opoder cada dia precisa mais espaçopara os seus negócios e nesse avan-ce leva por diante conquistas so-ciais alcançadas trás muitos anosde luita: emprego estável, prote-çom social, sanidade, educaçom...

Cousas tam básicas como ace-der a umha vivenda, levar unha ali-mentaçom variada e saudável, dis-por de água corrente..., quer dizer,elementos quotidianos e necessá-rios para viver com um mínimo dedignidade estám a ser submetidosà lógica depredadora da especula-çom dos mercados de capitais, en-carecendo-se de dia a dia.

A insuficiência de recursos faique nos sintamos rodeados polaobscuridade, umha obscuridadeda que se lucram os mesmos desempre. Mas quando falamos defalta de luz nom estamos a usarnenhumha figura retórica, senomque estamos a descrever a cruarealidade de muitas famílias epessoas que sofrem:

As dificuldades para pagaremcom regularidade os recibos da luz,

que em muitos casos nom se cor-respondem com o consumo real aonom terem as empresas adjudica-tárias a obriga de ler o contador to-dos os meses para emitir as faturas.

os obstáculos que companhiascoma Fenosa ponhem para nego-ciar o pagamento do devido, emcasos em que por exemplo os in-gressos venhem de ajudas sociaiscomo a Risga, de Pensons NomContributivas ou de subsídios pordesemprego, quer dizer, casos nosque tenhem que viver com menosde 500 euros ao mês e pagar reci-bos que às vezes suponhem unhaquarta parte dos seus ingressos.

A violência dum corte de luz e osimpedimentos para volver a tê-la.Para recuperar a luz tes que pagaro enganche e o importe devido,com pouco margem para alongaros prazos de pagamento.

A impossibilidade de manter assuas vivendas na temperatura mí-nima ajeitada, as limitaçons a quese chega mesmo para atender ahigiene mais básica ou até paraaquentar a comida.

E todo isto coa 3ª electricidademais cara de Europa, com umhasubida do prezo da electricidadedesde 2006 do 70% e com uns be-

nefícios em 2012 para Gas Natu-ral Fenosa, empresa com maiorcota de mercado na Galiza, de1441 milhons de euros. Ás práti-cas desta transnacional que co-nhecemos nos nossos bairros, te-mos que adicionar o saqueio derecursos naturais em países daAmérica latina, as violaçons dedireitos humanos, os problemasde subministraçom que padecemamplas populaçons, etc.

Por todo isto exigimos:Que a subministraçom eléctri-

ca seja reconhecida como um di-reito básico para garantir umhavida digna e que, por conseguin-te, esteja em maos da populaçome nom privatizada em beneficiodos grandes capitais.

Que nom se corte a subminis-traçom naquelas vivendas quenom podam assumir os pagamen-tos por falta de recursos.

Que se apliquem tarifas justas ede acordo aos ingressos da vivenda.

ODS de Coia (Vigo)

‘la voz’ criminaliza a comuniDaDe GaleGofalante

Após diversas notícias aparecidasem La Voz de Galicia sobre diver-sos casos de criminalidade, estejornal menciona explicitamente acondição de galego utentes de vá-rios dos delinquentes citados pelojornal. Tendo em conta que o ga-lego é a língua própria e oficial naGaliza não teria nenhum sentindoapelar a essa condição.

A Carta Europeia dos DireitosFundamentais estabelece no seuArtigo 21.1 que «é proibida a dis-criminação em razão, designada-mente, do sexo, raça, cor ou origemétnica ou social, características ge-néticas, língua, religião ou convic-ções, opiniões políticas ou outras,pertença a uma minoria nacional,riqueza, nascimento, deficiência,idade ou orientação sexual».

Consideramos muito graves asacusações vertidas pelo jornal eprovavelmente a fiscalia ou o vale-dor do Povo da Galiza ou organiza-ções de defesa dos direitos civis de-veriam tomar partido no assunto.

Revista Portugaliza

Com certeza, a situaçom deemergência nacional e so-cial por que transita o nos-

so povo nom é desconhecida paraqualquer pessoa observadora darealidade: a depauperaçom cadavez mais acentuada no económico,o roubo descarado dos aforros, adesintegraçom dos setores produ-tivos, o desmantelamento da sani-dade e ensino públicos, o espóliodos nossos recursos naturais, a de-gradaçom ambiental crescente, asangria migratória ou a perda dos

nossos sinais de identidade coleti-vos; som só algumhas das conse-quências da nossa dependêncianem só do Estado espanhol, mastambém dum conjunto de poderespolíticos e económicos cujos cen-tros de decisom ficam cada diamais afastados de nós e que aogrosso das galegas e galegos mes-mo nos custa identificar.

No campo nacionalista produ-zírom-se, nos últimos meses, cer-tas mudanças de rumo cara posi-çons mais rupturistas com Espa-

nha e com o modo de produçomque padecemos: o capitalismo nasua vertente mais neoliberal. Sebem o nacionalismo galego nomdeixou de ser um movimento ato-mizado –constatando-se de factoumha tendência que aponta a um-ha maior divisom no político-, odiscurso da soberania e mesmo daabsoluta independência a respeitode Espanha ganhou um certo ter-reno, apesar de nom chegaremnem de longe à centralidade queocupa noutras latitudes do Estado.

Porém, os limites da política nosentido mais restrito do termonom fôrom ainda ultrapassados:as galegas e os galegos ficamosainda orfos dum teito comum. istoé: carecemos polo momento dum-ha instituiçom nacional galega.

Para além desta política de par-tidos e organizaçons, de corren-tes, unidades de açom, cisons ereunificaçons, a eventual sobrevi-vência da Galiza como naçom exi-ge umha outra política: umha po-lítica de país. Umha política que,

para além das circunstâncias elei-torais e conjunturais unidades oudivisons, seja capaz de produzirinstrumentos efetivos de liberta-çom que girem à volta da sobrevi-vência e do bem-estar do nossopovo, da nossa terra e nos que sejadoado participar e sentir-se refle-tido. Umha política nacional e su-pra-partidária, a partir da qual acoletividade tome o protagonismopor cima de liderados individuais,e que faga que todas as pessoasque acreditamos numha Galiza li-vre e numha sociedade justa re-memos juntas cara a liberdade nocanto de competirmos por um ni-cho de mercado eleitoral.

Um barco para remarmos juntaseDitorial

humor beto

D. LEGAL: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografia e citando procedência.

EDiTORAA.c. MiNhO MEDiA

cONSElhO DE REDAçOMiván g. Riobó, Aarón lópez Rivas, RubénMelide, Xavier Miquel, Antia Rodríguez gar-cía, Raul Rios, Xoán R. Sampedro, Olga Ro-masanta, Alonso Vidal, Paulo Vilasenin

SEcçONScronologia: iván cuevas / Economia:Aarón lópez Rivas / Agro: Paulo Vilasenine Jéssica Rei / Mar: Afonso Dieste / Media:Xoán R. Sampedro e gustavo luca / A Terra Treme: Daniel R. cao / Além Mi-nho: Eduardo S. Maragoto / Povos: José

Antom ‘Muros’ / Dito e feito: Olga Roma-santa / A Denúncia: iván garcía / cultura:Antia Rodríguez / Desportos: Anjo Rua Nova, isaac lourido e Xermán Viluba /consumir Menos, Viver Melhor: Xan Duro /A criança Natural: Maria Álvares Rei /Agenda: irene cancelas / A Revista: RubénMelide / A galiza Natural: João Aveledo /gastronomia: luzia Rgues., Sino Seco /língua Nacional: Valentim R. fagim / criaçom: Patricia Janeiro / cinema:francesco Traficante, Xurxo chirro

DESENhO gRÁficO E MAqUETAçOMhilda carvalho, Joám fernandes, Manuel Pintor, helena irímia

fOTOgRAfiAArquivo NgZ, Sole Rei, galiza independente(gZi-foto), Zélia garcia, Borja Toja

ADMiNiSTRAçOMJosé Viana e carlos Barros gonçales

lOgÍSTicA E PUBliciDADEJosé Viana e Daniel R. cao

AUDiOViSUAl: galiza contrainfo

hUMOR gRÁficOSuso Sanmartin, Pestinho, Xosé lois hermo,gonzalo, Ruth caramés, Pepe carreiro, Mincinho, Beto

cORREçOM liNgÜÍSTicAXiam Naia, fernando corredoira, Vanessa VilaVerde, Mário herrero, Javier garcia, iván Velho

iMAgEM cORPORATiVAMiguel garcia

cOlABORAM NESTE NÚMEROElvira Souto, Teresa Moure, Salvador Rosa,André R.P. Silva, Maria Álvares, cesar cara-mês, Sino Seco, A. quintiá, Pepe Árias, Xur-xo Borrazás, André Pena granha, éire cid,Susana Sánchez Arins, Xan gómez Viñas

fEchO DE EDiçOM: 18/04/2013

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Um grupo numeroso e bemarmado de pessoas queprocedem de umha mesma

ou diferente comunidade nacional,que professam umha mesma, dife-rente ou nenhuma fé religiosa e dei-xam a sua terra obrigadas por um-ha mesma ou diferentes razons (so-brevivência ou afám de aventura econquista) penetra num território,persegue, expulsa e mata parte dasgentes que o habitam, submete oresto a condiçom subalterna, des-trói o habitat, impom umha novalíngua e umha nova cultura, afirmaa sua supremacia sobre os aboríge-nes e proclama o seu direito a go-vernar a terra que ocupou.

Nada novo. A história está esmal-tada de agressons, conquistas,opressons, expulsons coletivas, ge-nocídios, operaçons de limpeza ét-nica... e das subsequentes revoltascontra esse injusto estado de cousas.

Quando essas revoltas triunfam,nós, nacionalistas, estamos de fes-ta. Quando fracassam, de luto. Nocombate, ao lado do povo agredi-do. Tampouco nada novo portantono amplo apoio que encontra nonacionalismo galego a luita que opovo palestiniano trava contra amultinacional sionista que ocupa asua terra desde 1948.

A novidade, que a há, nom estáaí. A novidade -o paradoxo, o oxi-moro, o despropósito- está no em-

penho que mostram algumhas pes-soas em se proclamarem naciona-listas ao tempo que aceitam (mes-mo defendem) a agressom colo-nial, versom sionista, que perpetraem Palestina um exército ocupantemultinacional, petrechado com ar-mamento nuclear nom declarado efora do controlo, ao que dá cober-tura um estado usurpador, confes-sional e racista que amparam as

grandes potências ocidentais.Triste novidade? Pois talvez nom

tanto. os denudados esforços queleva anos fazendo israel e o muitodinheiro que leva investido emcaptar apoios no mundo naciona-lista dérom sempre na Galiza bemmagros resultados, ridículos mes-mo. Um grupo mal amanhado depessoas que vam e venhem à pro-cura dum partido nacionalista on-de ancorar. Um par de arrivistas.vários indivíduos afeitos a buscarpouso onde mais quenta o sol. Pou-co mais. o nacionalismo galego, nasua expressom política e sindical,nom morde o engodo.

Comprovar este fracasso recon-forta. E honra. Teremos fraquezas,cometeremos erros e disputare-

mos interminavelmenteentre nós, en-

ganaremo-nos de caminho e tro-peçaremos umha e outra vez emtodas as pedras, mas sionistas nomsomos. Nom há equívoco: nacio-nalismo e sionismo som termosantitéticos. A sua combinaçom, umtorpe oximoro. E se alguém enten-de isto como umha forma de negara condiçom de nacionalistas àspessoas que mostram apoio a is-rael, entende bem.

Na sua reuniom do passado mêsde março, a assembleia do BNGaprovou umha contundente Reso-luçom de apoio à campanha globalde Boicote, Desinvestimento eSançons a israel:

israel, um estado confessionalde origem multinacional assenta-

do na Palestina, praticaumha específica forma de opres-som, que denomina sionismo, cu-jo objectivo é a apropriaçom doterritório e a erradicaçom do seu

povo mediante sucessivas opera-çons de limpeza étnica.

A resposta global a esta práticaatroz, contrária ao direito interna-cional, cristalizou em 2005 com oinício da campanha BDS (Boicote,Desinvestimento e Sançons a is-rael), umha iniciativa civil que visaa restauraçom dos direitos do povopalestiniano e o cumprimento dodireito internacional.

A Assembleia do BNG adere aesta iniciativa da sociedade civilcontra a opressom sionista, em de-fensa dos direitos do povo palesti-niano e a recuperaçom do seu terri-tório, e anima tod@s @s militantesa praticar o boicote nom compran-do produtos etiquetados como "ma-de in israel" (código de barras 729).

inequívoca tomada de posiçomcolectiva que se inscreve na longatradiçom anti-sionista das diferen-tes formas em que se expressa onacionalismo galego. Nos próxi-mos meses outras formaçons cele-brarám também as suas assem-bleias e todo fai pensar que tere-mos de dar as boas-vindas a maisiniciativas como esta.

03oPiniomNovas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2013

oPiniom

Voltam as mortes. os jor-nais encarregam-se de di-fundir sotto voce umas de-

terminadas condições sociais,mais próprias das margens quedas pessoas que os lêem. "Tinhacinco filh@s, dous não eram doagressor, estava grávida..." Paramuitas mulheres essas são condi-ções de vida anacrónicas, ditadaspor um mundo antigo. voltam asmortes, mas envolvidas em mantode classe. São as mortes delas, assem nome, as que não entraramna vida moderna, as que nãoaprenderam a manejar um iPad,as que não estudaram inglês, sãoas últimas duma estirpe a se ex-tinguir... E os meios de comunica-ção mostrarão a sua solidarieda-

de: tirarão da notícia, exporão osdados íntimos com prazer exci-tante (uma filha viu-no tudo!), de-leitarão-se, como sempre fizeramnas páginas de sucessos, com oescabroso dos dados. Das institui-ções, as vozes autorizadas tam-bém se vão doer, e falar das víti-mas menores, das filhas e filhosda assassinada, como precisadasde serviços sociais. Mas a violên-cia de género não é um caso pon-tual, mas um processo sistémico.Não tem um único culpável, se-não que partilhamos com o assas-sino algum grau de culpabilidadepor estarmos a construir uma so-ciedade agressiva, onde as des-cargas emocionais só se orientamcara à violência.

Embora os níveis de riqueza eeducação incidam no cômputo,homens de qualquer raça, classe

ou idade atacam as suas pare-lhas. Esta permeabilidade socialdo fenómeno deve levar-nos a su-por que a violência constitui ummecanismo útil para subordinarmulheres. Com certeza, há mui-tos outros mecanismos que servi-rão e servem ao patriarcado paramanter as mulheres em posições

sociais de opressão, porém a vio-lência deve ser o mais aberto eefetivo para o controlo social.Conquanto alguns homens emparticular rejeitam o uso da vio-lência física ou psíquica contradas suas companheiras na vida, osistema beneficia-se em conjuntodo modo de as mulheres se veremrestringidas e limitadas a causada violência dos seus amantes ecompanheiros. A presença deabusos na nossa sociedade atuapara reforçar a passividade dasmulheres e algumas formas dedependência: aceitar o admitidopola tribo, medos às vezes sur-preendentes na nossa “épocaavançada” até o ponto de que elasacabam por ver os seus direitoscomo benefícios de que se estãoa aproveitar (“tu sim que tens sor-te, com um moço que sabe cozi-

nhar”) e aumenta o acatamentode todas as formas de autoridadee controlo; as chegadas do estadoe as leis, e as difundidas por rela-tos menos formais, como as mo-das e o consumismo capitalista.Para esta altura deveríamos reco-nhecer que a violência machistaé criada e mantida por um siste-ma geral de domínio social; nãoalgo aparte. Talvez, num momen-to de forte crise económica,quando a agressividade capitalis-ta nos faz matinar sobre as dis-tintas formas que adopta a vio-lência cada dia, podamos refle-xionar sobre que vida paga a pe-na ser vivida. E na lógica feminis-ta (alternativa, subversiva,transgressora...), a existência quepaga a pena há ser tão livre, tãorica, tão intensa, tão própria... etão pacífica como for possível.

A violência de género também é nossaTeresa Moure

Um fracasso sionistaElvira Souto

A violência de géneronão é um caso pontual,mas um processosistémico. Mesmopartilhamos com oassassino algumgrau de culpabilidade

Os esforços que temfeito israel e o muitodinheiro que leva investido em captarapoios no mundonacionalista dêromsempre magros resultados na galiza

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04 acontece Novas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2013

NGZ / A Plataforma em defesa do SetorMarítimo Pesqueiro da Galiza (Pladese-mapesga) apresentou umha denúncia nojulgado de guarda da Corunha. A causafoi a presumível contrataçom irregulardos helicópteros do serviço aéreo da Jun-ta por parte da Secretaria-Geral Técnicada Conselharia de Meio Rural e do Mar.Esta presumível contrataçom irregular,da que a plataforma responsabiliza o se-cretário geral técnico Francisco José vi-dal Pardo y Pardo, chegaria aos 34 mi-lhons de euros. Contudo, a plataformapede-lhe à oposiçom que “crie iniciativasparlamentares que persigam deitar luzsobre o obscurantismo destes modos deproceder, tanto dentro da Conselharia deMeio Rural e do Mar como também, so-

bre a falta de transparência no multimi-lionário gasto”.

Como já foi publicado no NovAS DA GA-lizA do passado mês de Dezembro(Nº121), e como recalcam agora desdePladesemapesga, o monopólio do salva-mento marítimo com meios aéreos foiblindado pola Junta ao ser-lhe adjudica-do à inaer Helicópteros offshore. Estapertence à família proprietária da Pesca-nova, que gere o serviço desde que foiinstituído e que, desde há pouco, passoua controlar também as brigadas aero-transportadas contra incêndios.

Na denúncia apresentada por esta pla-taforma, é assinalado que na adjudica-çom producírom-se certas irregularida-des, como que as ofertas doutras empre-

sas fôrom rejeitadas, depois ficou deser-to o concurso público e, por fim e de jeitourgente, o contrato passou a maos da ia-ner-Nanutecnia.

o coletivo responsabiliza de maneiradireta o secretário geral técnico de MeioRural e do Mar, Francisco José vidal Par-do y Pardo, tal como recolhem no docu-mento de denúncia, no que também pe-dem responsabilidade penal. No mesmonúmero do NGz, no 121, também era as-sinalada a violaçom da lei de incompati-bilidades por parte de vidal Pardo quemtem, polo menos, para além da secretariageral técnica, outros nove cargos diferen-tes em conselhos de administraçom deempresas públicas, e mesmo nalgumhaimobiliária, como Bankia Habitat.

aconteceo 23 de março o CS Revolta de vigo cele-brou a sua festa de décimo aniversário. Emlugo, depois da criaçom da AssembleiaAnarquista lucense, abrirá as portas o Ate-neu libertário “A Engranaxe”, com jorna-das de portas abertas e várias atividades.

10 anoS De revolta e novo cS em luGo

A plataforma independentista iniciouaçons legais contra o jornal espanholABC, depois de ter publicado um artigoonde num organigrama relacionavaCausa Galiza como a plataforma demassas de 'Resistência Galega'.

cauSa Galiza Denuncia o jornal abc

10.03.2013 / Explosom destro-ça um caixa automático deNovagalicia Banco no Rosal.

11.03.2013 / Afetados polaspreferentes fecham-se na casado concelho de Ferrol.

12.03.2013 / Parlamento gale-go pede por unanimidade o in-dulto para David Reboredo. O18 sairá da cadeia.

14.03.2013 / TSJG invalida osconcertos da Junta com os

centros de ensino que segre-gam por sexo.

15.03.2013 / Estudantes daUSC em defesa da educaçompública irrompem no conselhode governo da universidade eobrigam a suspendê-lo.

16.03.2013 / Umhas 9.000 pes-soas manifestam-se em Mon-forte em defesa do hospital.

18.03.2013 / Associaçom 'OuroNom' interpom recurso contra

a autorizaçom à mineira Astur-gold para realizar novas son-dagens em Salave (Tápia).

19.03.2013 / Julgado do Con-tencioso-Administrativo nú-mero 3 de Ponte Vedra declarailegais os sinais de trânsitoescritos só em galego.

20.03.2013 / Afetados polaspreferentes retenhem na novadepuradora de Vigo o Delega-do do governo espanhol, Sa-muel Juárez, o conselheiro de

Meio Ambiente, Agustín Her-nández, e outros.

21.03.2013 / Funcionários judi-ciais marcham em Vigo contraa privatizaçom do Registo Civil.

22.03.2013 / Umhas 200 pes-soas manifestam-se em Boalcontra a supressom de duasunidades educativas no Colé-gio Carlos Bousoño.

24.03.2013 / Trabalhadores doMuseu do Mar de Galiza reali-

zam marcha reivindicativa emVigo para reclamar o cumpri-mento da sentença que obri-gava à sua readmissom.

25.03.2013 / Pleno de Vila Gar-cia aprova taxas para o usodos recintos culturais emmeio de protestas que recla-mam a gratuidade da cultura.

26.03.2013 / Polícia local des-peja aos afetados polas prefe-rentes fechados desde haviatrês meses em Sam Genjo.

cronoloGia

Denunciam Meio Rural polacontrataçom do serviço aéreo

a contrataçom irreGular cheGaria aoS 34 milhonS De euroS

NGZ / A Junta vai paralisar definitivamente asobras dos dous edifícios pendentes de constru-çom da Cidade da Cultura. Segundo assinalouAlberto Núñez Feijoó, a Junta procederá à parali-saçom do Centro de Arte internacional e do Tea-tro da Música. o executivo anunciou a sua deci-som após realizar a sua reuniom semanal, justoum dia depois de que o Parlamento aprovasseumha moçom proposta polo BNG para deter asobras em projeto no Gaiás.

Na moçom apresentada polos nacionalistas,para além de instar à paralisaçom dos prédios,pedia-se a avaliaçom do impato económico, so-cial e cultural do Gaiás. Apesar de que o PP re-jeitou a proposta completa, sim votou a favordo primeiro ponto da moçom, que foi tramitadode forma independente.

o complexo, desenhado polo arquiteto PeterEisenman constava de seis edifícios na sua for-mulaçom inicial, dos que há quatro construídoscom um investimento que supera os 287 milhons,segundo a Junta. os outros dous, valorados em170 milhons, mais custos em equipamento e ma-nutençom, nom se iniciaram, e a sua construçomdeteve-se a passada legislatura, em princípio até2014, momento em que estava previsto fazer um-ha reflexom sobre a paralisaçom definitiva.A paralisaçom temporária, incluída no planoGaiás 2012-2018, poupou 77 milhons de euros àJunta, segundo o próprio Governo, que precisaque as empresas adjudicatárias -duas UTES, um-ha formada por Copasa e Acciona, e a outra porestas duas sociedades e oHl- renunciaram àsindemnizaçons. Ao converter em definitiva estadecisom, Núñez Feijóo assumiu que as empresasreclamaram umha indemnizaçom, ainda quenom quijo adiantar umha cifra já que, segundoas suas palavras, "há que negociar".

Paralisam as obras

da Cidade da Cultura

de forma definitiva

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05aconteceNovas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2013

NGZ / o governo espanhol apre-sentou no dia 1 de Fevereiro umnovo decreto que introduzia mo-dificaçons no sistema elétrico pa-ra, segundo declaraçons do mi-nistro de industria, “rebaixar opreço da tarifa”. Entre estas regu-laçons está o incremento das pri-mas para as renováveis por de-baixo do iPC anual, o que signifi-ca umha reduçom destas. SoGA-MA, empresa encarregada de ge-rir o 82% do lixo da Galiza, vendea eletricidade que sai da incinera-çom do refugo e por isso tambémestá dentro das primas às renová-veis. ora, coas modificaçons, aempresa calcula que vai deixar deganhar uns 13 milhons de eurosanuais, para além dos 21 milhonsque lhe devem os concelhos, quesomados aos quase 300 milhonsde euros que a Junta tem investi-do nos últimos dous anos na em-presa, criam um devido difícil de

suster. Para SoGAMA, umha dassoluçons ao problema seria a am-pliaçom do vertedouro de Cerce-da, o qual já conta com 2 milhonsde toneladas de lixo acumulado.

Para a associaçom ambienta-lista Adega, este conflito só mos-tra que a incineraçom é um sis-tema que a parte de perigoso pa-ra a saúde, também é totalmenteineficiente economicamente.Desde esta associaçom denun-ciam que com a reduçom das pri-mas e a quantidade devida cres-cendo, a soluçom pode ser umaumento da taxa do lixo por ci-ma do 26%. A associaçom ecolo-gista também denúncia que comas novas modificaçons a princi-pal beneficiária será Gas Natu-ral-Fenosa (proprietária do 49%das açons de SoGAMA) já quelhe vai vender mais caro o gásque precisa SoGAMA para secare poder queimar o refugo.

A factura do lixo podesubir 26% pola mágestom de SOGAMA

A confederaçom Minho-Sil sancionou o concelho delugo com 300 euros, polo mal estado em que se topavaumha arqueta de saneamento no rio Rato. Por esta ar-queta estava-se a filtrar boa parte da água do rio Ratoque depois ia ao coletor geral de águas fecais, cousaque fazia que o canal baixasse quase baleiro em verao.

Sancionam o concelho De luGo Por Permitir fuGaS De ÁGua

A fiscalia de meio ambiente pede para os responsáveis daempresa “Piedra Natural de Mura S.l.” cinco anos de pri-som por promover a louseira “Angelita ii” num espaço pro-tegido pola Rede Natura 2000. o PP concedeu vários con-tratos á empresa para fornecer de pedra a residência presi-dencial de Fraga e a Cidade da Cultura.

juízo contra a louSeira Que forneceu a ciDaDe Da cultura

27.03.2013 / Afetados polas pre-ferentes obrigam a suspendero pleno de Ponte Areias. Diasantes rebentaram os de O Gro-ve, Sam Genjo, Salvaterra, asNeves e Gondomar 

28.03.2013 / Corporaçom deMoanha fecha-se na casa doconcelho em solidariedade comos afetados polas preferentes.

29.03.2013 / Elena Dumitro, vi-zinha de lugo, é assassinadapolo seu homem.

30.03.2013 / Por volta de 1000pessoas manifestam-se na Co-runha contra o feche da fábricade armas de Santa Bárbara.

01.04.2013 / Declaram em Ou-rense três pessoas acusadasde enaltecimento do terroris-mo por portarem fotos de pre-sos independentistas na gra-vaçom dum lipdub em marçode 2012.

02.04.2013 / C.V.Z.F., engenhei-ro madrileno morre atropelado

nas obras do TAV na Alberga-ria (laça).

03.04.2013 / Independentistajulgada polos protestos deMassó em Cangas chega a umacordo com a acussaçom e écondenada a um ano e novemeses de prisom.

04.04.2013 / Morre no posto detrabalho um operário dumhaempresa auxiliar de Gas Natu-ral Fenosa na central térmicade Sabom (Arteijo).

05.04.2013 / Ex-diretor deAquagest na Galiza, Henrylaíño lópez, detido ao seu re-gresso da Colômbia por causada operaçom Manga.

06.04.2013 / Stop Despejos deOurense realiza escracho pe-rante a casa do deputado doPP no Congresso espanholCelso Delgado.

07.04.2013 / Más de 100 veícu-los participam na tratorada or-ganizada em Cabana de Ber-

gantinhos para se opor ao pro-jeto de exploraçom mineira.

08.04.2013 / Doze organiza-çons políticas, sindicais e so-ciais apresentam manifestogalego em apoio a NicolásMaduro nas eleiçons venezue-lanas.

09.04.2013 / Plataforma Gale-ga em Defesa do Ensino Pú-blico inicia em Santiago osfechos rotatórios em contrada lOMCE.

cronoloGia

NGZ / o coletivo ecologista verde-gaia denunciou, por meio dumhanota de imprensa, a “captura in-discriminada de cavalos que seestá a realizar nos concelhos dePaços de Borbém, Mondariz eFornelos de Montes por parte dascomunidades de montes, os mu-nicípios e a própria Junta”. Se-gundo esta organizaçom, as “ba-tidas” que se estám a organizarafectam também o gado vacumem extensivo, e ameaçam com seestender a outros lugares do país.os cavalos apresados pertencemà raça autóctone galega, contamde verdegaia. Habitam entre ou-tros espaços na serra do Suído,Coto de Eiras e monte Saramago-so em regime de liberdade e comum cuidado mínimo por parte daspessoas. A organizaçom afirmaque o destino final das bestas se-rá, previsivelmente, “o sacrifício”,enquanto que as vacas captura-das serám incineradas. Contudo,denunciam a actuaçom da Juntaque, segundo assinalam, “comonoutros conflitos que se venhemproduzindo no nosso país entre afauna selvagem e as actividadeshumanas, o governo opta por um-ha soluçom salomónica, decidin-do o extermínio dos animais co-mo única resposta”.Nesta linha, de verdegaia recal-cam que o cavalo galego de mon-

te é umha variedade autóctoneque fai parte do grupo dos póneisatlânticos. Noutros países da Eu-ropa, a administraçom tutela es-tas raças, mas na Galiza, a Junta,segundo contam desta associa-çom, “pretende erradicar as po-pulaçons silvestres desta espécie,pese a se tratar dumha variedadeprópria do pais incluída no Grupode Raças Autóctones em Perigode Extinçom”. Deste modo, da as-sociaçom pedem que estes ani-mais do monte “sejam identifica-

dos de maneira clara, entre ou-tros motivos para frenar certaspráticas ilegais que provocam umsofrimento desnecessário, comoé o uso de trancas e pejas”. No en-tanto, demandam “umha ordena-çom dos usos do monte que inte-gre os diferentes tipos de explo-raçom e a conservaçom da biodi-versidade”, que procure “minimi-zar os conflitos entre aexploraçom em extensivo de ca-valos e gado doméstico, e a agri-cultura e a gestom florestal”.

Alertam sobre extermínio de cavalos em liberdade

verDeGaia anunciou batiDaS inDiScriminaDaS De cavaloS

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06 acontece Novas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2013

A fiscalia de Santiago fijo pública a acusaçom contra JoséManuel Fernández Castiñeiras, eximindo a igreja de qual-quer responsabilidade, embora considera um feito provadoque o administrador da catedral no ano 2000 deu-lhe achave do despacho onde se encontra a caixa forte. Ademaisobriga a Castiñeiras a devolver o dinheiro á igreja.

fiScalia exime a iGreja De reSPonSabiliDaDe

A independentista Charo lopes foi condenada a 1,9 anosde cárcere por terem participado nos protestos contra aconstruçom dum porto desportivo que a empresa Massóqueria construir em Cangas. Um acordo entre a acusaçome a defesa evitou a entrada no cárcere por nom terem an-tecedentes e a umha multa economica de 6000 euros.

conDenam charo loPeS a um ano e nove meSeS De PriSom

Como surge a plataforma Cultu-ra contra a mentira, e quais somos seus objetivos?Haverá um ano e meio, quandocomeçamos a ver que o tecido e osetor era desmantelado, e com ogalho de nom se ter celebrado aFeira Galega das Artes Cénicas eMusicais (no seu lugar fijo-se um-ha pseudo-amostra que nom va-lia, em que nós criticamos o fun-cionamento das cousas mas parti-cipamos igualmente), o coletivocomeçou a se reunir em assem-bleia, e vimos que era preciso fa-zer algumha cousa para darmosvoz ao tecido galego das artes cé-nicas, advertir do desmantela-mento deste e combatê-lo. Foi apartir de aí que começou a traba-lhar o que chamamos de Platafor-ma das Artes Cénicas e Musicais,que pouco e pouco foi somandomais coletivos. Está desde a Asso-ciaçom de Companhias de Teatro,o Coletivo das Salas de Teatro Pri-vadas da Galiza, os coletivos demagos, de dança cénica, de circo,a Revista Galega de Teatro, músi-cos ao vivo... em total fazemos de-zassete coletivos. Somamos for-ças especialmente para termosum único interlocutor, porquetambém fomos vendo que cadavez que tínhamos reunions com osecretário geral, mas sobretudocom o diretor de AGADiC, utiliza-vam a nossa voz de forma mal-in-tencionada para nos dividirem.Foi entom que dixemos: vamo-nos juntar para constituirmo-noscomo interlocutor e como uniomdo setor. Apareceu entom a Rede

Alternativa de Teatros do estado,que alcunhou umha legenda: “Cul-tura contra a mentira”, baseadoem dous piares: um, que a alterna-tiva dos cortes que nos queremvender de Madrid nom é viável e ooutro, que os cortes nem só estámno ensino e na saúde, mas tambémna cultura. Há umha frase de vidalBolanho que diz que a arte é ab-surda, sendo precisamente essacondiçom o que a fai necessária.Parece que a única política que te-mos é a mentira repetida mil vezes.As nossas reivindicaçons som se-toriais, mas também as somamosàs de outros coletivos, como o en-sino ou a saúde, porque nós traba-lhamos para a cidadania.

Como valorizas o talante da ad-ministraçom galega no campoda cultura, com episódios comoa nomeaçom na direçom daAGADIC de Jacobo Sutil ou aescolha de Marta Rivera de laCruz para a celebraçom dumhahomenagem a Rosalia?Polo que parece, esses dous as-pectos fam parte dumha mesmaestratégia. Eu nom sei se elesquerem ser inconscientes nassuas decisons, mas na rua issocheira a que há umha intenciona-lidade clara. Nós, no coletivo, es-tamos de há cerca de dous anos atratar de saber qual é o plano quehá para a cultura, pola incertezaque temos. Tem de haver um pla-no para a cultura, como o tem dehaver para a educaçom e para asaúde. E estamos a ver que nomhá, ou que existe o plano de nosdesmantelar. E nesse conjunto es-tá o idioma, estám símbolos comoque no dia de Rosalia escolhamcomo imagem umha senhora do

mundo da escrita espanhola, queainda que seja galega nom per-tence ao universo cultural da es-crita galega, igual que Cela, valleinclán ou Torrente Ballester, oqual adoro. Entom, a escolha deSutil como diretor da AGADiC(agência que já em si é questioná-vel) é um pouco mais do mesmo.Nom duvidamos da formaçomeconómica do novo diretor, masnestes momentos precisamos dadiligência dumha pessoa do mun-do da cultura, e que seja escolhi-do um homem deste perfil assus-ta-nos. o que temos que achegarnós à sociedade nom é só econo-mia, nem muito menos.Aliás, até a chegada de Sutil, le-vamos cinco meses de parálise nosetor. os três melhores meses doano perdêrom-se, e continuam anos pedir paciência.

Pensas que as subvençons somfundamentais para se manter osetor das artes cénicas?Completamente. De nom existi-rem as subvençons haveria cultu-

ra, sim, mas haveria umha cultu-ra “X”. Nom existiria umha cultu-ra democrática. Falamos da artedo teatro, nom do teatro comer-cial. Este último seguramente po-deria aguentar, com gentes quetenham conhecimento polo quefor – por qualidade, por serempessoas televisivas ou polo quefor-, mas estamos a falar dumhacena ampla em que haja de todo:teatro rico em textos, teatro uni-versal, produçom dramática pró-pria galega, nova criaçom, dançacontemporánea... E para haverum abano amplo tem de haverum apoio institucional.

Como valorizas o comportamen-to das instituiçons a respeito doDia das Letras dedicado este anoa Roberto Vidal Bolanho?É tristíssimo, e resulta umha ironia,o facto de que no ano em que te-mos por fim um dramaturgo comohomenageado nas letras seja efe-tivamente o ano do desmantela-mento total da nossa cultura, nemsó no teatro. Sinceramente: somos

muitas as que pensamos “que diriaRoberto disto?”. Mágoa da sua voz,da sua inteligência e da sua lucidez,para pormos os pontos sobre os is,como já lho figera antes a um con-selheiro em Caprice de Dieu, quan-do se enfrentou com a censura e osilêncio. Depois voltou fazê-lo,dumha maneira diferente em Sem

ir mais longe. Penso que nom se es-tá a fazer o que se deveria. Para co-meçar, é triste que montem um es-petáculo dele com só cinco pes-soas. E nom me serve a excusa deque Roberto o figesse assim, por-que ele fazia-o só com a sua com-panhia. Por agora, é o único que sa-bemos que vai montar o CentroDramático Galego, que é o nossoteatro nacional. Entom, parece-meum projeto mui parco. Tem que ha-ver muito mais, e penso que a níveloficial se está a fazer pouco.

Que acontece no nosso país pa-ra a cultura autóctone ser umhacultura quase marginal?É um reflexo da conjuntura pró-pria do país. Parece que o gover-no e as instituiçons políticas con-tinuam a nos ver como umha pe-riferia. Somos quase bombeirosapagando lumes. Nom se fai umprojeto pensado para o país. Emtodo o caso, é subsidiário doutrasalternativas. Ainda que a conjun-tura económica te obrigue a isso,há que encarar essas questonsdesde aqui. É um reflexo claríssi-mo da sociedade e um indicativode como estamos. o momentopresente é muito perigoso, por-que é um momento de recentra-lismo. Se houvo plantejamentosde criaçom de instituiçons paratrabalhar desde a Galiza estamosa ver como, com a excusa da cri-se, estám a ficar desmembradas esem orçamentos. Entom perde-sea fortaleza para trabalharmosdesde nós mesmos. Parece que acultura nom é fundamental, masparafraseando Bernardino Gra-ña, quando nom esteja aí, como

hei viver manhá sem a luz tua?

“As nossas reivindicaçons som sectoriais,mas acompanham às de outros coletivos”

mónica camaño, atriz e ativiSta Do Sector cultural

RUBÉN MElIDE / EntrevistamosMónica Camaño, atriz de tea-tro, televisom e cinema origi-nária do Morraço, diretora deteatro amador e envolvida notrabalho de mobilizaçom e de-núncia contra o que o setorchama de “destruiçom da cul-tura galega”. É precisamentearredor desta destruiçom quegira a nossa conversa.

“A excusa da crisedeixou sem orçamentoinstituiçons culturais”

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07aconteceNovas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2013

A intençom das trabalhadoras é denunciar a mani-pulaçom que se dá no telejornal. A web trata de evi-denciar o tratamento informativo que se lhe dá a va-rias noticias de caráter político. os últimos artigosfalam sobre o tratamento que se lhe deu à compare-cência de Feijoo após as fotos com Marcial Dorado.

trabalhaDoraS Da tvG criam um bloGue

A revista Portugaliza denunciou que o jornal corunhêsLa Voz de Galicia está levando a cabo umha campa-nha de criminalizaçom contra a comunidade linguísti-ca galega. Segundo a revista, este diário descreve acondiçom de galegofalantes em várias notícias rela-cionadas com a criminalidade.

Denunciam Que ‘la voz De Galicia’ criminaliza

NGZ / os centros privados con-certados terám um financiamen-to de quase 1.000 milhons de eu-ros durante os próximos quatroanos por parte da Conselharia deEducaçom. Depois de que estanormativa saltasse para os titula-res em março, polo veto do Tri-bunal Superior de Justiça da Ga-liza aos concertos com colégiosque segregam o estudantado emfunçom do seu sexo, Educaçompublicou o passado 1 de abril noDoG a ordem que regerá estasachegas até o próximo ano 2017.Sem grandes novidades no seuarticulado, a normativa rebaixaligeiramente a sua dotaçom or-çamental e deixa aberta a porta

aos pagamentos aos colégios se-gregacionistas em canto culminea reforma educativa que preparao governo espanhol, a conhecidacomo lei Wert.

Encerram-se contra a lOMCEAo igual que já figeram o passadoano, as pessoas da Plataforma emdefesa do ensino público voltarámfechar-se nos centros para exigira retirada da loMCE, e reagir aoscortes recolhidos nos orçamentospara 2013. Algum dos empraza-mentos elegidos pola plataformapara desenvolver as 24 horas defeche som centros que a Junta daGaliza prevê suprimir no ensinomédio, como o luguês iES das

Mercedes, que será convertidonum centro de Formaçom Profis-sional após eliminar os cursos deESo e Bacharelato.

Para os vindoiros dias, os lu-gares e horários de feches somestes: 16 de abril, lalim (CEiPXesus Golmar); 17 abril, lugo(iES As Mercedes); 18 abril, ve-rim (iES Xesús Taboada Chivi-te); 22 abril, Burela (iES MonteCastelo); 22 abril, ourense (Xe-fatura territorial); 23 abril, Cam-bados (iES Ramón Cabanillas);24 abril, Ribeira (iES Nº 1); 24abril, vigo (iES San Tomé vigo);25 abril, Gondomar (iES Terrade Turonio); e 26 abril, Ponte ve-dra (iES Torrente Ballester).

quase mil milhons de eurospara os centros concertados

vÁriaS eScolaS PreParam encerramentoS contra a lei Wert

O trabalho escravo daInditex chega à ArgentinaNGZ / Em meados do mês de Mar-ço passado, foi clausurado emBuenos Aires umha oficina clan-destina em que se confecionavaroupa para zara. Era o primeiroque se achava na Argentina compeças da marca galega. Foi a oNGfundaçom A Alameda a que apre-sentou umha denúncia penal con-tra a firma de Amancio ortega, epromoveu um escrache peranteumha das lojas que a empresapossui no centro portenho.

Junto a zara, fôrom denuncia-das outras duas empresas argen-tinas, Ayres e Cara y Cruz, depoisde que A Alameda informasse àpromotoria anti trata UFASE dasituaçom exata de três oficinas in-formais nos bairros de Mataderos,de Floresta e de liniers (todos nooeste da capital) que comprome-tiam as marcas de roupa. Achegá-rom como experimenta algumhasimagens dos locais filmadas du-rante os registos da Agência Go-

vernamental de Controlo (AGC),organismo do governo autónomoda cidade de Buenos Aires.

Poucos dias após conhecer-seesta primeira notícia, o presidentedesta organizaçom argentina,Gustavo vera, adiantou que vi-nham de encontrar outro recintoilegal no que trabalham imigrantesexplorados, e onde voltaram a des-cobrir indumentaria da filial de in-ditex. Trataria-se dum obradoiroclandestino que também produzpara outra marca, Scombro, a qualfoi denunciada pola organizaçomem 2007. Neste sentido, a oNG,junto com o sindicato CGT, apre-sentava umha segunda denúnciapenal contra a multinacional.

ECOAR, nova plataformasocial na cidade de VigoNGZ / o 21 de março, entrou emfuncionamento a nova páginaweb da plataforma cidadáECoAR (Espaço de Contra dis-curso, Coordinaçom e Constru-çom de Alternativas e RespostaSocial), que pretende afiançareste coletivo formado por agen-tes pertencentes a distintos mo-vimentos sociais da cidade de vi-go. Assim vemos vários coletivos,desde o 15M da cidade ou a PAH,até o coletivo de solidariedade

cos presos ou os centros sociaisBou Eva ou a Cova dos Ratos. Aweb pretende ser um espaço on-de poder achar vários documen-tos e debates arredor do antica-pitalismo, o ecologismo ou a de-fesa do setor público. Entre osseus objetivos está a criaçomdum contra discurso, o apoio edefesa de projetos, plataformas ecoletivos de crítica social ou a di-namizaçom do entorno atravésde açons e iniciativa crítica.

centroS SociaiScS abrenteArcade · Souto Maior

aguilhoarO Forno · Ginzo de Límia

arredistaRodas, 25 · Compostela

cS almuinhaRosalia de Castro, 46 · Marim

artábriaTrav. Batalhons · Ferrol

aturujoPrincipal · Boiro

bou evaTerço de Fora · Vigo

a casa da estaciónPonte d’Eume

cSo casa do ventoFigueirinhas · Compostela

cSo a Kasa negraPerdigom · Ourense

lS do coletivo terraBoa Vista · Ponte d´Eume

a cova dos ratosRomil · Vigo

Distrito 09Coia · Vigo

faíscaCalvário · Vigo

fervesteiroAdám e Eva · Ferrol

o frescoBº da Ponte · Ponte Areias

o fuscalhoRua Colom · Guarda

a GhavillaPonte da Raínha · Compostela

Gomes GaiosoMonte Alto · Corunha

henriqueta outeiroQuir. Palácios · Compostela

cSo liceo Estribela · Marim

cS lume!Rouxinol nº16 · Vigo

mádia levaSerra de Ancares · Lugo

cSo PalaveaPalaveia · Corunha

cS en PéZona velha · Ponte Vedra

o PichelSta. Clara · Compostela

a reviraGonz. Gallas · Ponte Vedra

a revolta do berbésRua Real · Vigo

a revolta de trasancosA Faísca · Narom

Sem um camRua do Vilar, 9 · Ourense

a tiradouraReboredo · Cangas

cS vagalumeR. das Nóreas, 5 · Lugo

cSo xuntasRua do Carme · Vigo

cS a zalenváR. Carris, Valençá · Barbadás

JESúS VáZqUEZ,conselheiro de Educaçom

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08 a PeSQuiSa Novas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2013

O ex-conselheiro Xesús Palmou é umha figura chave napressom ao presidente da Junta pola existência das fotosa PeSQuiSa

SAlVADOR ROSA / Fontes ligadas aumha das conselharias do últimoGoverno Fraga às quais tivo aces-so esta publicaçom confirmamque a filtraçom das fotografias dopresidente galego com o históricocontrabandista -na atualidade emprisom por narcotráfico e subor-no e prestes a ser julgado porbranqueamento de capitais- res-ponde às luitas internas que des-de há anos se vêm reproduzindono seio da formaçom conservado-ra. Nomeadamente, indicam quese trataria de umha manobra dosector ourensano do PP próximoaos Baltar e tradicionalmente li-gado ao ex-conselheiro de Políti-ca Territorial e eterno delfim deFraga iribarne, o falecido JoséCuiña, destinada a frustrar as as-piraçons sucessórias de Feijóo e,ao mesmo tempo, desgastar opresidente do Governo espanhol.Rajoy teria pactuado que o presi-dente da Junta daria entrada àsdistintas famílias 'populares' noGoverno galego, ainda que ao fi-nal se impugesse o sector do PPligado ao opus Dei cuja cabeçavisível é o ex-conselheiro e ex-mi-nistro espanhol de Sanidade, JoséManuel Romay Beccaría, mentorpolítico de Feijóo e atual presi-dente do Conselho de Estadoapós deixar o cargo como tesou-reiro do PP, a que acedeu por en-cargo de Rajoy depois da demis-som de Bárcenas pola sua impli-caçom na rede “Gürtel”.

Este caso de financiamento ile-gal do PP, feito público polo grupoda ex-presidenta da Comunidadede Madrid Esperanza Aguirre noquadro doutra guerra interna,afeta diretamente a um dos ho-mens de Cuiña na Galiza, PabloCrespo, a quem o de lalim fichoupara a Deputaçom de Ponte ve-dra na mesma época em que pro-movia a Rafael louzán para a ins-tituiçom provincial em contra daopiniom doutros pesos pesadosdo partido. o ex-conselheiro deindústria, Javier Guerra, situaria-se também na órbita de Aguirre

após ser cessado por Feijóo. oempresário viguês pertence aochamado sector dos “liberais”junto à gente de Padrom organi-zada ao redor de José ManuelCortizo, proprietário do GrupoCortizo, líder espanhol na fabri-caçom de alumínio.

Estas mesmas fontes situam de-trás da operaçom que acabou coma entrega das imagens ao jornalEl País ao ex-comissário da Polí-cia e ex-conselheiro de Justiça aproposta do próprio Cuiña, XesúsPalmou –hoje coincidente em in-teresses com Aguirre- que teriaacedido a elas depois de terem si-do confiscadas durante os regis-tos na casa de Dorado. Pessoas do

ambiente do narcocontrabandistaconsultadas por este jornal con-firmam que as fotos desaparecê-rom durante a intervençom dirigi-da polo juiz José Antonio vázquezTaín e polo chefe do Serviço de vi-gilância Aduaneira na Galiza,Hermelino Alonso Eiras.

outras testemunhas susten-tam que, tal e como reconheceuo próprio juiz, existem mais ima-gens que fôrom intervindas emdistintos registos em domicíliosde narcocontrabandistas ondese podem observar outros desta-cados militantes e cargos do PPem companhia de pessoas rela-

cionadas com estes negócios ilí-citos. Umha vez que Feijóo se foia Madrid para ocupar um cargoem Sanidade figérom-lhe chegara Fraga um relatório com as ins-tantáneas publicadas recente-mente, assim como outras emque também estám o ex-alcaldede Sam Genjo, Telmo Martín, e aministra de Fomento, Ana Pas-tor, cujo companheiro sentimen-tal, José Benito Suárez, foi te-nente de alcalde e concelheiroem Ponte vedra com Martín. oex-presidente da Junta teria con-sultado com o Centro Nacionalde inteligência (CNi), mas optou

por esquecer-se das fotos depoisde que Romay Beccaría “petasseem riba da mesa”.

o próprio presidente do Gover-no espanhol, Mariano Rajoy, temconhecimento da existência defotografias suas com outro impor-tante ex-capo do contrabando -nalgumha das quais apareceriajunto a Manuel Fraga, segundopuido confirmar NovAS DA GAli-zA- que nom saírom à luz graçasà intervençom do presidente daDeputaçom de Ponte vedra, Ra-fael louzán. Tal e como recolhe ojornalista galego Gustavo luca deTena no seu libro “Fraga, retratode um fascista”, Rajoy nom eramenos amigo que Fraga dalgumdos chefes do contrabando, comoo caso de vicente otero, 'Terito',“e era visto também com frequên-cia na companha de José RamónBarral ‘Nené’, luís Falcón ‘Falco-netti’ ou José Manuel Prado Bu-gallo ‘Sito Miñanco’.

Ambiçom política por detrásPalmou e Taín partilham, além dasua origem ourensana e de umhaamizade íntima que se viu reforça-da quando o juiz foi nomeado poloconselheiro de Justiça diretor doCentro de Estudos Judiciais e Se-gurança Pública da Galiza, umhadesmesurada ambiçom política. Évox populi que tanto o juiz como opolítico aspiram a ocupar algumcargo importante na Junta ou noGoverno espanhol. No caso de Pal-mou, sabemos que pretendiaacompanhar a Rajoy ora como mi-nistro do interior ora como diretorgeral da Guarda Civil, mas foi veta-do por Romay Beccaría, que xuntoa María Dolores de Cospedal foiquem impujo os membros do exe-

Sector ourensano quer frustrar aspiraçonspolíticas de feijóo e desgastar Rajoy

façom Do PP Que filtrou aS fotoS De feijóo tem imaGenS De rajoy com outro ex-caPo Do contrabanDo

As velhas luitas internas no PP da Galiza estám detrás da recente publicaçom dasfotografias que relacionam o presidente da Junta, Alberto Núñez Feijóo, com onarcocontrabandista Marcial Dorado. A façom que filtrou as imagens possui tam-bém instantáneas do presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, em compa-

nhia doutro ex-capo do tráfico ilegal de tabaco. Detrás desta manobra com que seprocura frustrar as aspiraçons políticas do primeiro e desgastar o segundo en-contra-se o sector ourensano do PP, próximo aos Baltar e tradicionalmente ligadoa José Cuiña, e que na atualidade coincide em interesses com Esperanza Aguirre.

O registo foi dirigidopor Taín e o chefe de

aduanas na galiza

Palmou pretendiaacompanhar Rajoy

no governo espanhol

O ambiente de Doradoconfirma que as fotos

desaparecêrom durante a intervençom

PP EM FAMÍlIAPastor, Fejóo, Rajoy, louzán, Telmo Martín e José Benito Suárez, home da ministra

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09a PeSQuiSaNovas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2013

cutivo, nomeadamente a Ana Pas-tor e a Arsenio Fernández de Mesa.

Foi precisamente esta ambiçomo que teria levado a Palmou a aliar-se num primeiro momento comRajoy e trair a Cuiña com a filtra-çom dos dados que supugérom ofinal da sua carreira política e ago-ra ao presidente do Governo espa-nhol com a distribuiçom das fotosde Feijóo. A manobra nunca lhe foiperdoada polas boinas, que o acu-sárom de tê-los traído ao alinhar-se com os birretes.

De facto, o ex-conselheiro deJustiça substituíra a Cuiña à frentedo partido na Galiza meses antesda sua demissom como conselhei-ro de Política Territorial, e já desdeum primeiro momento o sector ou-rensano acusou-no diretamente deser o responsável da defenestra-çom que terminou com as possibi-lidades do político lalinense de su-ceder a Fraga. A manobra reavivouos enfrontamentos entre os gruposda boina e do birrete, denomina-çons com que se conhecem as fa-çons rural (de corte mais galeguis-ta e autónomo) e urbana (ligada àdireçom central de Madrid) dos'populares' galegos.

A irrupçom das imagens produ-ziu-se unicamente três meses de-pois de Rajoy ter reconhecido emcírculos próximos que pensava nopresidente da Junta para tomar oseu relevo à frente do PP espanhol.Curiosamente, a filtraçom que per-mitiu relacionar a Cuiña com avenda de material para a limpezade praias após a maré negra doPrestige tivo lugar depois de Fragater desvelado que iria nomeá-lo vi-ce-presidente e justo antes de terremodelado um Governo onde fi-nalmente acabaria por entrar Fei-jóo. Agora Palmou volta mudar debando para buscar o apoio deAguirre e Guerra, inimigos decla-rados de Rajoy e Feijóo.

Noutras imagens aparecem Rajoy e fragacom um contrabandista

Antes das fotos Rajoyconfessou que pensava

em Núñez feijóo como o seu sucessor

financiamento ilegal: das redes donarcocontrabando ao dinheiro públicoS.R. / A importante penetraçom so-cial que em pouco tempo foi quemde lograr no nosso país a AlianzaPopular do ministro fascista Fra-ga iribarne nom se entende sem oingente fornecimento de fundospor parte das redes do contraban-do de tabaco e do tráfico de dro-gas desde a sua fundaçom em1976. Nom por acaso o assenta-mento na Galiza da formaçomque umha década depois agrupa-ria a direita espanhola sob as si-glas do Partido Popular coincidiucom a época dourada de um ne-gócio ilegal que a partir da novalei do contrabando de 1983 dirigiuo seus passos para o narcotráfico.

os antigos contactos entre oatual presidente da Junta e Mar-cial Dorado que evidenciam asfotografias publicadas recente-mente som um exemplo maisdesta histórica relaçom do PPcom pessoas ligadas a negóciosilegais que têm em comum ma-nejar enormes quantidades de di-nheiro. o NovAS DA GAlizA levadenunciando desde o ano 2003 -de igual jeito que outras publica-çons figérom antes- umhas cone-xons que servírom para financiaro partido desde o seu inicio e che-gou a publicar originais dos bi-lhetes que se entregavam comojustificante de pagamento.

Mediante este sistema de dona-tivos ilícitos ingressou umhaquantidade próxima aos 1000 mi-lhons de pesetas -seis milhons deeuros- a inícios dos anos 90, coin-cidindo com a presidência provin-cial de Rajoy, graças a alguns dosprincipais contrabandistas e nar-cotraficantes da Arouça como Jo-sé Manuel Prado Bugallo 'Sito Mi-ñanco', luis Falcón 'Falconetti', Jo-sé Ramón Barral 'Nené', Manuellorenzo 'Ferrazo', Manuel Carbal-lo Jueguen, Manuel Nieto, Joséluis vilela ou o próprio MarcialDorado. Conforme fontes consul-tadas, vicente otero, 'Terito', pio-neiro do negócio e que recebeu ainsígnia de ouro e brilhantes daAlianza Popular, chegou a acumu-lar entre 60 e 70 destes justifican-tes de pagamento, o qual equiva-

leria a um montante superior aos30 milhons de pesetas da época.Alguns históricos narcocontra-bandistas como laureano oubiñaconfirmárom o publicado por estejornal numha entrevista concedi-da à revista Vanity Fair.

os fundos eram para financiara campanha das eleiçons ao Par-lamento autonómico de 1990, asmesmas em que Fraga ascendeuao poder na Junta da Galiza. oex-presidente partilhava multitu-dinárias veladas com os contra-bandistas no restaurante Rositade Cambados e no Altamira devila Garcia, onde lhes eram en-tregues os bilhetes para as doa-çons. o atual presidente do Go-verno espanhol participou nal-guns destes encontros. igual queo também ex-presidente da JuntaGerardo Fernández Albor, quecostumava acudir com Fraga aosbares-restaurantes Santos, Beni-to Calteiro, la Sirena e Alúminana localidade ponte-vedresa devila Nova de Arouça.

Testemunhos recolhidos recen-temente nos círculos do contra-bando galego permitírom apro-fundar nos detalhes da rede tecida

sobre a comarca do Salnês polaformaçom de Fraga na etapa demáximo esplendor do 'choio dofume', onde havia quatro pessoasda máxima confiança da organi-zaçom encargadas de recolher oscontributos entre contrabandistase narcotraficantes que depoiseram entregues em Ponte vedra aRosendo Naseiro, o famoso ex-te-soureiro do PP processado por fi-nanciamento ilegal e suborno.

«o partido nom tinha nada, es-tava na oposiçom, e aceitavam-setodos os quartos, vinheram deonde vinhessem; ninguém per-guntava», explica umha pessoaque naquela época mantinha re-laçom co tráfico ilegal de tabaco.Em troca, os generosos financia-dores receberiam impunidade ereconhecimento social, além deabrir umha nova via de negócioscom as instituiçons públicas. Estamesma pessoa explica que umdos preferidos por muitos contra-bandistas é o subministro de car-burantes, «algo com que MarcialDorado fijo muitos quartos».

De facto, fontes próximas à fa-mília do narcocontrabandista re-conhecem que a adquisiçom deumha estaçom de serviço por par-te Dorado através de Manuel Cruz-chofer de Romay Beccaría e tes-ta-de-ferro do narco, que à sua vezfoi comprada a Evaristo JuncalCarreira, um alto cargo da Juntaque também atuaria como ho-

mem de palha dos traficantes- seproduziu porque os contactos deCruz no Governo galego lhe per-mitiam aforrar os trámites admi-nistrativos. Ao mesmo tempo,pessoas do contorno de Marcialsugerem que detrás do interessedo motorista de Romay Beccaríaem apresentar-lhe a Feijóo estaria«a sua intençom de ganhar pontosdiante do capo porque talvez qui-gesse abandonar o seu posto dechofer e iniciar negócios conjun-tos». A bomba de gasolina termi-naria finalmente nas maos de Pa-blo vioque, outro ilustre narco doPP, que a explorou um tempo bai-xo o nome de Gasóleos de Caldas.

Umha vez no poder, o financia-mento ilegal da formaçom conser-vadora foi transferida para as ins-tituiçons públicas. Ex-cargos doPP com quem contactou este jor-nal revelam que nada mais chegaràs Alcaldias, o partido enviavaumha pessoa com umha relaçomdas obras que se iriam executarno município e entregava um en-velope com a oferta da empresa aque se tinham que adjudicar ostrabalhos. «Havia gente do partidoque tinha umha lista com todas asobras dos distintos concelhos dopaís e dedicava-se a visitá-los pararepetir a operaçom; ao principiovestiam trajes e sapatos baratos elevavam as camisas gastadas, maslogo começárom a vestir bem, oqual significa que além de receberpara a organizaçom algo tambémlhes caía a eles», lembram.

Depois a cobrança centrou-senas Deputaçons e nas grandesobras da Administraçom, portan-to, a Conselharia de Política Terri-torial que dirigia Cuiña conver-teu-se em pouco tempo no princi-pal organismo público através doqual se nutria de fundos o PP e oseu titular o principal financiadorda formaçom conservadora, queexplica o grande poder que logrouatesourar até a sua queda em des-graça. A partir de entom foi subs-tituído neste labor polo presidenteda Deputaçom de Ponte vedra,Rafael louzán, tal e como revela-va o NovAS em outubro de 2004.

A campanha que levoua fraga à Junta foi

financiada pola droga

RAJOy E FRAGAem tempos da Alianza Popular

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10 acontece Novas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2013

aGro

J.R. / o valor de compra da hectarede pastizal sequeiro na Galiza édum 189% maior que a media doestado espanhol segundo os dadosque dá inquéritos de Preços daTerra do 2011. Aumenta a deman-da de terrenos agrários, crescemos alugueres e também os preçosdas fincas no rural das zonas tra-dicionalmente produtoras de leitee gado (ordes, vilalva, Santa Com-ba, Comarca do Deça...).

As exploraçons gadeiras dese-jam aumentar a sua base territo -rial para poupar na compra decereais e concentrados aumen-tando a produçom própria, etambém entrar com bom pé nairreversível Política Agrária Co-mum que primará às granjas po-la sua superfície.

o Banco de Terras triplicou assolicitudes recebidas neste 2012fronte ao 2011, contudo, o des-mantelamento de orçamento quesofreu o Banco de Terras, con-verte esta administraçom empouco útil para resolver o proble-ma de território abandonado queos proprietários a miúdo resol-vem com plantaçons. Enquantoos gadeiros alertam de que a de-sorganizaçom do terreno está aser um problema à hora de au-mentar a base territorial. As plan-taçons espontâneas de eucalipto epinheiro no meio de chao agrárioútil diminui a oferta de solo agrárioe o seu valor produtivo.

No mês de março conhecêrom-

se novas propostas que afunda-rám nos problemas do setor ga-deiro-leiteiro galego. Além de pro-por suprimir o sistema de cotaspara o 2015, as subvençons serámconcedidas prestando atençom àsuperfície que maneja a granja.Tendo em conta o modelo de pro-duçom galego que emprega muitopouco território em relaçom àproduçom, será unha das zonasmenos beneficiadas.

os sindicatos agrários levamdemandando mais terreno agrá-rio útil nas últimas concentraçonspola baixada de preço do leite, co-mo soluçom para paliar a crise efrenar a suba constante dos pre-ços dos cereais.

Nenhuma das últimas interven-çons legislativas favoreceu o au-mento de terreno agrário útil,nem a lei de montes, nem as dire-trizes, intervenhem na incontrola-da plantaçom de terreno lavradio.

A escassez de território agrárioútil é um problema que arrastaGaliza desde toda a sua historiarecente, e que foi muito agravadona década de 90 com os Planos deReforestaçom Agrária do estadoespanhol, subvencionados polacomunidade europeia, que con-cluiu em montes a esgalha de eu-calipto e pinheiro. Contudo, a pro-duçom gadeira seguiu a medrarde maneira exponencial enquantoo terreno agrário útil diminuía.

Procuram-se fincas!

mar

Junta dá 400.000 eurosa Conservas Cuca,que poderia despedirtodas as trabalhadorasA.DIESTE / Cuca é umha das 67conserveiras da Galiza, commais de 75 anos de existência.A proprietária, Garavilla, fechaa fábrica de vila Joám paratransladar a produçom a outrapranta que tem em o Grove enom garante manter os empre-gos. A Junta concedeu-lhe400.000 euros.

Desde há meses, as operáriasde Conservas Cuca, em vila-joam, estám a se mobilizar paraque a empresa lhes garanta queo traslado da factoria a o Grovenom vai implicar despedimen-tos. As trabalhadoras estám areceber sançons e multas pormanifestaçons e mobilizaçons.

A empresa proprietária, a vas-ca Garavilla, quer transladar aproduçom e maquinaria de Cu-ca (sita em vila Joám) a o Gro-ve, onde já tem instalaçons. Astrabalhadoras querem garantespor escrito de que se manteramos postos de trabalho, tanto daspermanentes, como das perma-nentes-descontínuas e as even-tuais. Até o de agora, a empresanom deu resposta a essa solici-tude. Umha empresa que rece-beu do governo autonómico400.000 euros, um governo quenom está a mover um dedo paradefender o quadro de pessoalda conserveira.

Desde janeiro, e numa barra-ca ao pé da factoria pagada po-las próprias trabalhadoras, oquadro de pessoal organiza-seem turnos de 24 horas com sóumha finalidade: impedir otranslado da maquinaria da fac-toria para ogrove. Estám dis-

postas a manter essa atuaçomaté que a empresa chegue a umacordo com as representantesdas trabalhadoras. Mas há unsdias, de noite, cinco furgons po-liciais com inibidores de fre-quência cercárom a factoria devila Joám (após cortar a estra-da) e retirárom a maquinaria.Mesmo os polícias arrinconá-rom a cinco operárias numhahabitaçom.

Ao longo destas semanas, asoperárias convocárom e prota-gonizárom diversas mobiliza-çons e protestos. Assim, mais deum milheiro de pessoas concen-trárom-se em vila Joám emapoio às operárias.

Fruito de algumhas das mani-festaçons, como umha realizadahá umhas semanas em Compos-tela, algumhas das trabalhado-ras estám a receber estes diasnotificaçons de sançons e multas(de noventa euros) após seridentificadas pola Polícia.

o setor conserveiro é umpiar no tecido industrial de co-marcas como a do Salnês e oBarbança, onde representamcentos de postos de trabalho,ocupados na sua imensa maio-ria por mulheres. Desde háanos, este setor está sometidoa um processo de deslocaliza-çom, com a conseguinte des-truiçom de empregos. As mu-lheres que trabalham na con-serva estám a levar o facho daluita operária na Ria de Arou-ça, rachando com prejuízos edesmontando mais dumha vi-som fecha sobre o gênero nasmobilizaçons operárias.

Os gadeiros demandam mais terreno útil para reduzir custos

‘Política aGrÁria comum’ Prima aS GranjaS Pola SuPerfície

O Banco de Terrastriplicou as solicitudes

recebidas ao longodo ano 2012

Polícia Serviu intereSSeS emPreSariaiS

As plantaçons espontâneas reduzem

o solo agrário

relaçom De exPloraçonS e SuPerfície aGrÁria útil

MAIS DE 50HECTARES

DE 20 A 50HECTARES

DE 10 A 20HECTARES

DE 5 A 10HECTARES

DE 0 A 5HECTARES

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000

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A armadilha do endividamen-to está a converter a Adminis-traçom pública num garantedo setor privado. No anteriornúmero do NOVAS DA GAlIZA ex-punha-se como a reformaconstitucional patada entre oneo-liberalismo e a social-de-mocracia espanholas afogaqualquer prestaçom socialque provenha do Estado paraconverter este num excelentepagador de dívidas e jurosaos grandes especuladoresmundiais. Mas nom é so num-ha grande escala , o desman-telamento do setor públicoque se está a realizar por partedo poder através dos meca-nismos da dívida estende-setambém às administraçons lo-cais. No passado ano, o Go-verno espanhol punha emmarcha o chamado 'Plano depagamento a provedores', um-ha medida que formula a Ad-ministraçom como umha sim-ples devedora e que hipotecadurante 10 anos os orçamen-tos municipais. Na atualidadeo Executivo espanhol está aestudar um novo plano destascaracterísticas.

A.l.R. / Quando em fevereiro de2012 o Governo espanhol apre-sentava o conhecido como 'Planode pagamento a provedores' o dis-curso de "ter as contas ao dia" vol-tava ser o grande mantra dos po-líticos neo-liberais e dos mass-mí-dia nos que se apoia o poder paraa sua construiçom da realidade.Mas as estratégias de comunica-çom institucional agacham aspráticas e as conseqüências obje-tivas que há sofrer a populaçom.o anunciado plano nom fixo ou-tra cousa que priorizar o paga-mento das dívidas do setor públi-co com os grandes provedorespor acima de qualquer outra ne-cessidade coletiva, todo um ata-que ideológico agachado baixo aspremissas de umha "adequada"gestom contável . Com este plan,o atual governo neo-liberal si-tuou-se de novo como defensordo setor privado, culpabilizandoà Administraçom das dificulda-des financeiras das empresas. Defacto, na exposiçom de motivosdo Real Decreto-lei 4/2012, noque se determinavam os procedi-mentos necessários para aderir

ao plano de pagamento de prove-dores, insinua-se que os atrasosnesses pagamentos tenhem "inci-dência negativa na liquidez dasempresas" ou mesmo que dificul-tam "o financiamento das empre-sas e a sua competitividade". Asintencionalidades políticas do PPespanhol nom rematam aqui,constituindo também este planode pagamento um notável danopara a autonomia das entidadeslocais e sendo mais umha mostrade como se empregam os meca-nismos da dívida para fortalecerum poder centralizado.

Mais dívidaPolo citado RDl 4/2012 e poloRDl 7/2012 estabelecia-se o fun-cionamento do Fundo para o Fi-nanciamento dos Pagamentos aProvedores. Neste último decretoexpom-se que este Fundo dota-sede uns 6.000 milhons de euros,dos que 1.500 milhons seriam de-sembolsáveis em 2012. Deste jei-to, aprovava-se um crédito espe-cial para os orçamentos Geraisfinanciado com dívida pública.Também se estabelecia que oFundo pode captar financiamentonos mercados de capitais nacio-nais e estrangeiros. Pola sua ban-da, no RDl 4/2012 obrigava-se atodas as entidades locais a apre-sentar ante o Ministério de Fazen-da de todas as faturas pendentesde pagamento dentro de certos

requisitos, coma que as faturas ti-vessem umha data anterior ao 1de janeiro de 2012 ou que a dívidaderive de contratos administrati-vos de obras, serviços ou submi-nistros. o decreto considera um-ha falta mui grave nom transmitiresta informaçom ao Estado. Apósisto, o Estado espanhol obrigavaaos concelhos que nom podiamafrontar esses pagamentos aapresentar um plano de ajusta-mento no que se deveriam reco-lher os ingressos necessários pa-ra afrontar essas dívidas com pro-vedores. É logo deste plano deajustamento que se passa à ope-raçom de endividamento com oFundo para o Financiamento dosPagamentos a Provedores, tendoeste endividamente um períodode amortizaçom de 10 anos, comdous de carência (no que apenasse pagariam os juros). E os jurosnom som especialmente baixos,senom que serám os mesmos que

os do Tesouro público mais 115pontos básicos. É dizer, flutua se-gundo os mercados e provavel-mente nunca chegue a estar porbaixo de um 5%.

Segundo cifras que fôrom apa-recendo nos meios, perto de 180concelhos galegos passárom a seendividar. Entre os concelhosmais endividados que se apresen-tárom ao plano de pagamentoatopam-se Compostela, com fatu-ras por um importe de 12,7 mi-lhons de euros; A Corunha, commais de 7 milhons; Ferrol com 4,7milhons e vilgarcia com 4,4 mi-lhons. Curiosamente, todas estascidades estám governadas poloPP, enquanto o resto das grandesurbes em maos de outras forçaspolíticas declinárom endividar-se.

Um exemplo: a Corunhao concelho que preside atualmen-te Carlos Negreira, um dos ho-mens do PPdeG que de sempreestivo perto de Alberto Núñez Fei-jóo, é um dos municípios galegosque se somou ao endividamentopara realizar os pagamentos aprovedores. E nom sem polémica.Da oposiçom denunciou-se conti-nuadamente o obscurantismo emque se desenvolveu a elaboraçomdo plano de ajustamento e mesmoo innecessário de recorrer a estetipo de endividamento. Assim, de-nunciava-se que segundo a pró-pria memória do plano o nível de

aforro do concelho corunhês si-tuava-se em 9,2 milhons de euros,de avondo para afrontar os maisde 7 milhons pendentes de paga-mento. Na memória reconhece-seesse aforro mas, sem achegarmais dados, assinala-se que essedinheiro já se acha comprometi-do. o resultado: através do endivi-damento A Corunha terá de de-sembolsar em 10 anos uns 2,6 mi-lhons em conceito de juros, se-gundo tem denunciado publica-mente o BNG municipal.

No mês de março do ano pas-sado, no momento de maioratualidade desta polémica, oportavoz do grupo municipal doBNG, Xosé Manuel Carril, assi-nalava que “os beneficiários dadecisom do Governo local que olevará a endividar-se som osbancos, aos que a Fazenda mu-nicipal terá-lhe que pedir os cré-ditos a 10 anos com um 5% de ju-ros”. isto é assim pois o institutode Crédito oficial (iCo), ao quecorresponde a administraçom ea gestom das operaçons concer-tadas em base ao Fundo, estabe-leceu que as entidades locaisque se endividaram neste planodeveriam assinar operaçons definanciamento com as entidadesfinanceiras que colaboram como iCo, entre as que se encontramo Santander, BBvA ou Bankia.Eis o resultado final: dinheiropúblico para a banca.

11acontece

O chamado Plano de pagamento a fornecedores formula a Administraçom como simples devedoraeconomia

Pagar fornecedores, hipotecar concelhos

corunha deve 7 milhons, compostela

12,7 e ferrol 4,7

aS aDminiStraçonS locaiS verÁm eStranGulaDoS Durante 10 anoS oS SeuS PróPrioS orçamentoS

corunha terá degastar em 10 anos

2,6 milhons em juros

Novas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2013

CARlOS NEGREIRA,alcalde da Corunha, cidade que se endividou

em mais de 7 milhons de euros através doPlano de Pagamento a Fornecedores

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12 internacional Novas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2013

A tendência soberanista é ascendente e existe a possibilidade de se concretizar como umha maioria antes da consultaa terra treme

Escócia, país que constituiumha das pontas de lança danova onda de afirmaçom na-cional que está a surgir naEuropa ocidental, já tem datapara a sua consulta auto-de-terminista: o dia em questomé o 18 de Setembro de 2014.Paradoxalmente, o momentoda eleiçom afasta-se em sóumha semana da data de re-ferência manejada polo movi-mento soberanista doutra na-çom emergente europeia, acatalá. Foi em 11 de Setembrode 1714 quando, com a irrup-çom das tropas bourbónicasem Barcelona, este povo me-diterrâneo perdeu, segundo ahistoriografia e o imaginárionacionalistas, sua soberania.

RUBÉN MElIDE / Foi em 10 de Janei-ro de 2012 que o governo escocês,presidido polo nacionalista AlexSalmond, propujo oficialmente acelebraçom da consulta. Naquelemesmo mês, o executivo britâni-co do conservador David Came-ron aceitou a realizaçom do refe-rendo, estabelecendo para a mes-ma um prazo máximo de dezoitomeses. Segundo que parece, a ce-leridade exigida polo governolondrino responde ao paulatinoincremento das posiçons sobera-nistas na naçom mais nortenhado Reino Unido, o que faz que osapoios à total independência es-cocesa sejam previsivelmentemaiores quanto mais demorar aconsulta. Assim, londres estariainteressado num referendo rápi-do que restaria apoios à segrega-çom da Escócia da Uniom. Po-rém, apesar da vontade do gover-no de Cameron por alterar os re-sultados- também houvo polémi-ca a respeito da perguntaconcreta a formular- a atitude dogoverno da metrópole nom deixade admirar entre os povos semsoberania que componhem o Es-tado espanhol.

Apesar de os apoios à indepen-dência nom serem polo momentomaioritários no país do cardo –osinquéritos falam de algo menos dametade embora com umha grandequantidade de pessoas indecisas-,a tendência soberanista é ascen-

dente, existindo a possibilidade dese concretizar umha maioria antesda data da consulta.

Três séculos de UniomEscócia e inglaterra partilhammonarca desde o ano 1603, mo-mento em que o rei Jaime vi daEscócia passou a reinar tambémno vizinho país do sul sob o nomede Jaime i. Porém, até 1707, asduas naçons constituírom coroasseparadas, embora ficassem sobum mesmo reinado. Em 1606,1667 e 1689 houvo tentativas deunificar os dous reinos, mas estasnom dérom resultado. Já em 1706,o Parlamento da inglaterra apro-vou a Ata de Uniom com a Escó-cia, sendo no ano seguinte que oParlamento escocês tornava recí-proca a decisom. Foi assim quenasceu o Reino Unido da Gram-Bretanha. A explicaçom da famo-sa Union Jack, bandeira do ReinoUnido, encontra-se neste episódiohistórico, tratando-se original-mente da superposiçom das cru-zes de Sam Jorge e Santo André,símbolos respetivamente da in-glaterra e da Escócia, à que maistarde foi acrescentada a cruz deSam Patrício em representaçomdo norte da irlanda. Em 1997,após a umha importante pressompopular, era celebrado um refe-

rendo por meio do qual se reins-taurava o Parlamento escocês.

Diferente focagem a respeitoda independência escocesaPara além do governante SNP, de-claradamente social-democrata,apoiam a saída da Escócia do Rei-no Unido o Partido verde Escocês(SGP) e o Partido Socialista Esco-cês (SSP). Este último, fundado em1998, tem como finalidade a exis-tência dumha Escócia indepen-dente e socialista. Nas eleiçons de2003, o SSP atingiu 6 cadeiras noParlamento de Holyrood, que per-deu no seguinte escrutínio escocêsde 2007, em que ficou sem ne-nhum representante a consequên-cia da erosom produzida por umhacisom nas suas filas. Porém, o Par-tido Socialista está atualmente arecuperar parte da força perdida.

Aliás, nos últimos tempos está ase articular a iniciativa popular Ra-

dical Independence Campaign (ra-

dicalindependence.org), esta pre-tende empregar a soberania esco-cesa como alavanca para a conse-cuçom dum novo modelo de socie-dade, meta que só poderá seratingida através do apoderamentodas comunidades escocesas. Porpalavras de Jack Ferguson, impul-sionador da Radical Independence,“a única saída possível ao pesadeloda austeridade e a devastaçom queviria afetar as economias familia-res em todo o país é a possibilidadedum voto afirmativo no referendode 2014. Se conseguirmos ter um-ha independência radical e um mo-delo realmente diferente de socie-dade será fruto da luita e a pressomexercida polas massas organizadasdesde abaixo”. A iniciativa sustémque as perspetivas sócio-económi-cas no cenário dumha Escócia quemantivesse a sua pertença ao Rei-no Unido som dumha cor maisbem obscura. A RiC pretende daràs pessoas afetadas pola austerida-de e a reforma do estado providên-cia à oportunidade de luitarem des-de já polos direitos que lhes estáma ser arrebatados. Um exemplodesta situaçom é a conjuntura emque se encontram as pessoas comincapacidades, sobre as quais paira

a ameaça de serem declaradas “ap-tas para o trabalho”, o qual viria su-por a obriga de realizarem “traba-lhos para a comunidade” em trocadumha mínima remuneraçom.

Para além disto, da RiC chamamà reconstruçom dos antigos víncu-los sociais e da organizaçom co-munitária para protegerem o povoescocês da ameaça que supom acrise do capital e a gestom destapor parte de londres. Fergusonafirma que “precisamos recuperaro associativismo comunitário: as-sociaçons de inquilinos, sindicatose redes simples de contatos nosbairros. isto quer dizer que temosque chegar a conhecer nossos vizi-nhos. Em síntese, necessita-se daesquerda para implementar umhaviragem na a organizaçom comu-nitária, o que viria significar ga-nhar também muita mais humil-dade da que por vezes tivemos nopassado e ouvir o que pensa a gen-te dos bairros sobre os temas im-portantes”. A soberania alimentar,a posta em valor das terras incultasou a potenciaçom das tradicionaisinstituiçons comunitárias escoce-sas também estám na agenda daRadical Independence Campaign,cujo olhar se situa numha Escóciaindependente e igualitária, regidapor umha democracia radical numcenário após-capitalista.

O referendo pola independência da Escócia terá lugar em setembro do ano que vem

‘raDical inDePenDence camPaiGn’ DefenDe umha Soberania Plena e raDicalmente DemocrÁtica

A Ata de Uniom coma Escócia foi aprovadapor inglarerra em 1706

Existem diferençassobre como focar a

ansiada independência

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13internacionalNovas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2013

A constituição portuguesa conforma um entrave de peso às políticas neoliberais mais desenfreadasalém minho

JOSÉ ANTOM ‘MUROS’ / Territóriohistórico da Rota da Seda, cruze decaminhos e lugar final de distintascivilizaçons (turquesa-muçulma-na, chinesa, russa), esta parte doimenso território do Turquestám éconsiderado polo poder despóticochinês umha nova fronteira ondedesenvolver umha indústria extra-tiva e transformadora para um es-tado sedento de matérias primas.os gasodutos e oleodutos (quevam de ali até a costeira Xangai) eas vias férreas, estradas e auto-es-tradas e novas cidades construídasao redor delas estám planificadasnum desenvolvimento de fora,alienante, que promove umhamassiva migraçom chinesa Ham.

Um deslocamento povoacionalagressivo vinculada a umha eco-nomia vertebrada ao redor dos in-teresses das elites do Estado, doexército, das grandes indústrias.

o velho Turquestám, um terri-tório imenso habitado por nóma-das e habitantes de cidades comer-ciais e oásis, quer ser reduzido pa-ra seus colonizadores a guetos edegradaçom. Umha política e um-ha economia voraz e nom auto-centrada no território mostra-o.

É esclarecedor que os chineseschamem a esta suposta provínciaautónoma Sinkian (Nova Frontei-ra em Chinês mandarim), umhasuposta nova fronteira de desertosdespovoados e enormes e cordi-

lheiras montanhosas coma a doTiam Sham, içada de verdes oásise cidades comercias com amáveishabitantes; com um povo que alémdos novos colonizadores é maiori-tariamente turcofono: os Uiguressom a etnia maioritária seguidosdos também turcofonos Kazajos edos chineses de religiom islâmicae tradiçom comercial denomina-dos Hui e islâmico nom rigorista.Um povo que reclama por meio da

auto-organizaçom da sua gentenos seus povoados rurais, nos bair-ros, nas povoaçons nómadas ou nadiáspora a sua liberdade e inde-pendência. As mesquitas e os cen-tros culturais som lugares de ati-vismo e encontro (reprimidos). Háumha ativa diáspora coordenadaque dos EUA, Turquia ou de formamais sinuosa nas repúblicas doTurquestám ocidental (acordoseconómicos dos seus dirigentescom os dirigentes chineses) dá di-nheiro e coordena fundos para um-ha resistência social e armada nopróprio território de Uigeristámque se enfrenta com orgulho de sere sem medo com um grande Goliat.

o Uigeristam é turcofono e nó-

mada, com pacíficos e nom servishabitantes numhas cidades comer-ciais milenárias e nuns oásis ferti-líssimos. Sabem que o tempo estácom eles é com umha cultura adap-tada a um território que mostra nopasso dos dromedários e cavalos osom do ar, dos desertos e das mon-tanhas. Sabem que no tempo hou-vo outros colonizadores que com ovento se fôrom (antigos gregos, an-tigos chineses, mogoles, persas,russos, ocidentais...) e que eles que-dárom. Na face dos seus anciaos eanciás sabemos que sobreviviráma este último império e terám comobem di Rebije Qadir (a Mandela Ui-gur e considerada como mai da na-çom). Um Uigeristam livre.

Um povo turcófono e nómada, com pacíficos e nom servis habitantes numhas cidades comerciais milenárias e nuns oásis fertilíssimosPovoS

Uigeristám contra a fronteira do colonizador

Se não há alternativa, inventemos outra coisaANDRÉ R.P. SIlVA / que o pri-meiro-ministro Passos Coe-lho e este governo não têmqualquer respeito pela Cons-tituição Portuguesa é algoque já sabíamos de há muito,resulta óbvio das políticasque pratica e não seria neces-sário que nenhum discurso oviesse confirmar.

Ainda assim, na comunicação quefez ao país, no passado dia 7 deAbril, logo a seguir ao anúncio,por parte do Tribunal Constitucio-nal, do chumbo de quatro medi-das do orçamento de Estado, Pas-sos Coelho dedicou a quase totali-dade do seu discurso escrito a ata-car a decisão do TC, apontando-ocomo responsável pelas conse-quências da política que ele mes-mo, entenda-se, o primeiro-minis-tro e o seu governo, levam a cabo,e que estão, a cada dia que passa,a empurrar um cada vez maiornúmero de portugueses para a mi-séria sem esperança.

Há muito que esta direita revan-chista elegeu a Constituição Por-tuguesa, uma das conquistas daRevolução do 25 de Abril, comoinimigo a abater. Portugal temainda uma constituição progres-sista, apesar dos contínuos ata-ques a que vai sendo sujeita e de

algumas revisões bem contráriasao seu carácter, e constitui um en-trave de peso às políticas neolibe-rais mais desenfreadas. Por isso adireita a ataca como pode, bemcomo ao Código do Trabalho.

E, claro está, o governo lá vaidizendo aos portugueses que aausteridade é necessária e queos portugueses serão certamenterecompensados por todos os sa-crifícios que têm hoje de fazer.Há quem creia que, num país on-de a psicologia colectiva é aindaprofundamente afectada por umsentimento de culpabilidade decariz religioso, embustes comoeste ganham uma terrível eficá-cia. Não certamente, acrescenta-ríamos, sem a contribuição em-

penhada de muitos dos comen-tadores de serviço, descarada-mente implantados nos telejor-nais, encarregando-se do cate-cismo dos incautos.

Já que falamos de embustes,diz-se que terá sido Thatcher (ago-ra certamente entretida em nego-ciações conducentes à privatiza-ção do inferno), a autora do famo-so “não há alternativa”, com quetantas vezes se procura justificarestas políticas. Não se vá pensar

que elas, as alternativas, não ape-nas existem, como se vão tornan-do cada dia mais necessárias.

o caminho, sabemo-lo por ex-periência, é longo e difícil. Elaexige que nos unamos para pôrfim a este estado de coisas. Quenos possamos juntar nas lutasde todos os dias. o duro golpeque constituiu a eleição destegoverno não é irreversível, mes-mo que a conjugação de forçasseja actualmente perversa paraos trabalhadores e o povo. A di-reita está no poder e apoderou-se mesmo do principal órgão desoberania, a presidência da re-pública, onde cumpre o seu se-gundo mandato o maior dos car-rascos da classe trabalhadora

portuguesa que, anos atrás, en-quanto primeiro-ministro, tantoprejudicou a produção nacional,as pescas, a agricultura.

vem ele agora afastar, no con-texto da convulsão social que vive-mos, um cenário de crise política.Se soubesse e quisesse interpretaras legítimas aspirações dos portu-gueses, a sua obrigação seria dei-xar cair este governo e convocar jáeleições, como pede a generalida-de das forças progressistas e dosdemocratas deste país, incluindo oPCP e Bloco de Esquerda.

Quanto àquele que é o maiorpartido da oposição, seria bom pa-ra a democracia portuguesa quepudesse sê-lo de facto. o proble-ma não estará apenas, é claro, nasua anódina liderança, embora es-ta não ajude. Não serei certamen-te o único a ter dificuldade emcompreender neste momento anatureza do seu projecto político,quando a sua prática o contradiztão profundamente.

o problema em Portugal é,neste ponto, semelhante ao dosdemais países da Europa mergu-lhados nesta crise estrutural docapitalismo. Para a superamos,precisamos de lutar lado a lado.Como dizem as palavras de or-dem, é preciso, é urgente, umapolítica diferente.

anÁliSe Sobre a criSe Do Governo PortuGuêS Perante o veto juDicial a Parte DoS corteS imPoStoS

A china procura aquiobter e transformar

matérias primas

A direita elegeu aconstituição como

inimigo a bater

O TRIBUNAl CONSTITUCIONAllembrou à Troika que a cidadania ainda tem direitos em Portugal

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14 Dito e feito Novas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2013

MARIA álVARES / Para enfrenta-rem a crise, moços e moçasfam das suas afeiçons umhaajuda em tempos difíceis. Re-cuperam-se oficios tradicio-nais e experimenta-se com aarte moderna.

A crise foi o ponto de inflexom pa-ra darem livre curso à sua criati-vidade e, a nom ser por ela, amaioria nom teria encontradotempo para se dedicar a isto. Asredes sociais e os postos na ruasom o seu escaparate. o boca aboca fai o resto da publicidade deque necessitam para se dar a co-nhecer. o que mais valoram dasua nova dedicaçom é que somdonos do seu tempo e que é umtrabalho em que podem expressarao máximo a sua criatividade. E oque mais apreciam os seus clien-tes é que compram peças únicas,cento por cento galegas e de qua-lidade, atributos que nom se en-contram nas grandes superfícies.

Moda para criançasHenar Cavero conta que ao ter ummeninho se deu conta que nomqueria voltar ao trabalho anterior:conservadora e restauradora dearte, “algo mui inseguro e itine-rante”; de maneira que procurouumha atividade que lhe permitisseestar com a criança o tempo todo. Há dous anos pegou pola primeiravez numha máquina de coser edesde entom nom a soltou. Foi as-sim que nasceu o Sol de inverno,a marca com que desenha roupapara bebés e crianças. A prova defogo foi a Feira da Primavera dobairro compostelano de Sam Pe-dro, ali montou um posto conjuntocom umha amiga, mas antes tra-balhou arreu dous meses cosendoe desenhando: “Figemo-lo paraprovar, e afinal foi-nos bastante

bem!”. o êxito animou-na a conti-nuar. Agora desenha de todo: cal-ças, vestidos, chapéus, petos, sa-cas de merenda, sacas para guar-dar cueiros e mais. Encarrega-sede todo, di-nos. “E é bastante rápi-do, porque gosto de ver os resulta-dos decontado! Corto quase sem-pre diretamente sobre a teia, sempadrom, e o resto vai só”.

Di que ainda nom lhe dá para vi-ver já que o investimento em teiasé mui grande, mas é umha ajudaimportante para a economia fami-liar. o que para Henar nom tempreço desta atividade é que a podefazer em qualquer lugar e que éela quem organiza a sua jornadalaboral. “Ademais de ser mui cria-tivo, é também mui satisfatório vernas crianças roupas que lhes fige-che com as tuas próprias maos”.

Obreiro e pintorFran Fernández fijo-se pintor derua quando perdeu o trabalho dechefe de obra em que trabalharadurante dous anos e meio. “Tinhade procurar algo que fazer e aomesmo tempo queria dar um giroà minha vida e buscar atividadesmais agradáveis e menos stres-santes”. Sempre tivera jeito com

a pintura, de modo que quando ti-vo um pouco de tempo a retomou.“Comecei a expor na rua. EmCompostela, nas épocas de verao,há muita gente que olha as mi-nhas pinturas, e mentres vendo,também podo pintar”.

As vistas da cidade servem-lhede inspiraçom, e continua apren-dendo. “vou mudando de estilo ca-da pouco, mas os meus referentessom artistas das vanguardas: Ma-levich, Mondrian, Klee...” A pintu-ra tampouco lhe dá para viver, porisso deve conciliá-la outras activi-dades e o que mais aprecia é a sa-tisfaçom pessoal. “É incompará-vel, isto é um labor artesao em quetu te ocupas de todo o processo, oque me permite desenvolver-mecriativamente. Ademais, nom con-cordava com as práticas económi-cas que se dam no mundo da cons-truçom, por isso procurei esta al-ternativa, aqui ninguém sai preju-dicado senom todo o contrário”.

Graffitti por encomendaArmando Carril, como Fran, tam-bém escolheu a pintura; mas comspray. “Agasallarte começoudumha maneira um tanto difusa,sempre gostei de debuxar, do de-

senho gráfico. Comecei fazendoestarcidos a modo de passatem-pos, inspirado nas técnicas quefum investigando na rede até darcom o estilo que desenvolvo a diade hoje. Figem algum que outrodebuxo até que um dia umha ami-ga me perguntou se lhe podia fa-zer uns quadros para fazer unspresentes, essa foi a primeira vezque apareceu a minha afeiçomcom um aliciente económico, edesde aquela até hoje”.

Armando expom os seus traba-lhos no Twitter, Facebook ou nasfeiras de Artesanato. A maioriasom por encomenda, baseadosem fotografias da sua clientela, equando trabalha por conta pró-pria inspira-se em paisagens gale-gas ou referentes artísticos e cul-turais, “como Castelao ou Rosalia,ou ícones do cinema e da televi-som. Nunca sabes qual vai ser atemática do próximo quadro quefás, podes estar a ver qualquercousa na imprensa ou na rede epensar: isto ficaria genial levado aum lenço!”. Armando estudouCiências Políticas e de momentoconcebe a Agasallarte como um-ha ajuda económica, já que o cus-to dos materiais para trabalhar é

mui elevado. Por enquanto traba-lha no baixo que lhe emprestouum amigo. As diferenças com acarreira que estudou som muitasmas nom a acha a faltar: “o queestudas numha carreira como aminha está mais focado para o cál-culo de oportunidades, a adminis-traçom, ao estudo de campo... muilonge da criatividade, da esponta-neidade e da inspiraçom que re-quer o mundo do Artesanato”.

Brinquedos tradicionaisTrás da Bicolico agocha-se Diegoiglesias, que focou a carpintariana recuperaçom e fabricaçom debrinquedos tradicionais. vende osseus produtos nas feiras de Arte-sanato, na rede e em duas lojas deRiba-d’Ávia e da Caniça. A madei-ra e os produtos naturais som a es-sência do seu trabalho. o mais im-portante dos seus brinquedos,conta Diego, é que tenhem um ca-rácter didático e ajudam a estimu-lar as habilidades para o autode-senvolvimento e a criatividade dosmeninhos e meninhas. “Cadaquem pode encomendar a peça aoseu gosto através da internet, as-sim cada joguete é único”.

Ademais, estám baseados nasensinanças de pedagogos da es-cola Montessori e Waldrof, “quedestacam a importáncia da ma-deira nos jogos dos mais peque-nos, aprendem pola experiênciae pola repetiçom sistemática, oque lhes ajuda a conhecer-se asi mesmos, a coordenarem osseus movimentos e a controlaras suas açons”.

Dito e feito

Artesanato para combater a crise

As redes sociais servem-lhes para expor as suas peças e o que mais valoram é a gestom do seu tempo

o novo Perfil De arteSao é um jovem com titulaçom univerSitÁria e DeSemPreGaDo

“é satisfatório ver nascrianças roupas que

figeche com as maos”

ARMANDO CARRIl criou ‘Agasallarte’ e fai graffitti por encargo

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XOáN R. SAMPEDRO / Som, segundoas últimas contagens, 1.408.Mais de mil e quatrocentos nú-cleos de populaçom sem popula-çom, centos e centos de aldeiassem gente, das quais agora umpar de páginas web tenhem emcatálogo duas dúzias, à espera decomprador, e das corresponden-tes comissons como intermediá-rio. E, porém, as redaçons deci-dem apontar os olhos para um fe-nómeno menor e convertê-lo nofoco da notícia, mesmo logo con-tradizendo-o nas peças jornalís-ticas. Assim acontece com lavoz de Galicia, que numha repor-tagem recente perguntava à so-cióloga Antía Pérez Caramés,professora da Universidade daCorunha. Esta di que “observan-do os dados da imigraçom doReino Unido de pessoas maioresde 60 anos, verifica-se que de1998 a 2011 só fôrom 200 pes-soas”. Mas isto fica escondidonum tom geral da peça jornalísti-ca que fala do 'desembarque' deinvestidores e pom a esperançano grande número de chamadasrecebidas para se interessarempolos núcleos à venda.

'Eco-aldeias' e 'casinhas parapassar uns dias', todo o mesmoMais umha amostra da escassa se-riedade com que venhem tratadasestas informaçons é misturaremnum barulho de citaçons alhoscom bugalhos. Assim, como o te-ma é que a gente rica com divisasque paga polas nossas pedras, namesma ‘reportagem’ aludem a umprojeto de eco-aldeia, que funcio-nará com trabalho voluntário eproduzirá alimentos numha hortaprópria e misturam-no com a re-ferência a “um escritor francêsmui famoso” que anda a procurarumha casinha de fim de semana.Para quem redige, semelha que ociclo vital das casas remata nomomento em que os seus e as suasherdeiras conseguem ao fim liber-tar-se da 'carga' que representam,

e transformá-la em dinheiro.Por isso, sem analisar para nada

a realidade, as 'reportagens' quepublicam esses media viram aoredor do fascínio provocado polos'empreendedores' que venhemsalvar-nos com páginas web eclientes foráneos. Também nomatendem para nada à realidadedos preços e a influência deste ti-po de nova borbulha neles. lem-bram com patente alegria, issosim, o facto de a Galiza ser paraos compradores estrangeiros“mais barata do que a Catalunhaou Castela”. Eis o melhor que osmedia do sistema, quer por voca-çom ou por nugalha, conseguemver no rural galego.

15a DenúnciaNovas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2013

a Denúncia

Jornais espanhóis fam campanha pola conversom da Galiza noutra Costa Azul

Empresas de investimento pretendem fazer das aldeias galegas umha mercadoria de luxo

umha Série De rePortaGenS iluStram o ‘fenómeno’ Da comPra De alDeiaS Por milionÁrioS

“A Galiza pom à venda as suas aldeias abandonadas”, “Mais de 20 aldeias gale-gas colocam o cartaz de 'Vende-se'”, ou que estám “no ponto de vista dos inves-tidores”. Assim titulavam recentemente la Voz de Galicia, El Correo Gallego emais o madrileno ABC reportagens sobre a suposta 'febre' de compra por partede cidadaos de economias ricas de populaçons rurais galegas. logo, citam umpar de casos de compras deste tipo, algumha empresa -na verdade, em todos

os casos umha - à qual dalgum jeito estám a fazer umha promoçom. Seja deforma propositada, escondendo umha promoçom comercial, seja por desleixoe nugalha de quem assina, que se contenta com conteúdos bem envolvidospor algum gabinete de comunicaçom habilidoso, o caso é que nas últimas se-manas meia dúzia de páginas estivérom a contar à gente o interessante do mer-cado de aldeias como produtos de luxo para estrangeiros ricos.

Destacam que galizaé mais barata do quecatalunha ou castela

X. R. S. / De novo, os média reparam no 'interes-se' de “ingleses, noruegueses, árabes e norte-americanos” polo rural galego abandonado.Desta volta, três jornais que em cousa de duassemanas tiravam algo que talvez consideremreportagens, mas cujos conteúdos som sobre-todo promoçons comerciais encobertas dal-gumhas empresas à procura dum nicho demercado. Três jornais que se ponhem ao ser-viço da criaçom e alimentaçom dum mito, odos milionários que vam vir de fora mercar anossa terra, que agora tem árabes ou escandi-navos no papel que dantes correspondeu aos‘da cidade' ou 'os de Madrid'. A realidade, po-rém, indica antes que, mesmo dando credibi-

lidade à afirmaçom publicitada polos ditosmeios de que é 'um mercado em alta', este tipode compras som anedóticas.

E mesmo assim, os média contribuem paraalargar a imagem dum 'fenómeno' que, se bemse ajuda da rede para ampliar-se, nem é novonem é o futuro para o rural do Pais. Ainda, co-mo se assinalava numha recomendável publi-caçom do blogue Capítulo Cero, sob o título 'odrama demográfico e o falso interesse dos bri-tánicos', reportagens que exageram deste jeito“acentuam a cobiça do vendedor por crer queaparecerá um rico que lhe pagará a preço deouro um lugar asilvestrado”. Enquanto famí-lias galegas com vontade de voltar ao campo

topam com dificuldades para aceder a habita-çom num preço razoável, os média fam o jogoa empresas para as quais a desertizaçom ourepovoaçom do rural é mais um investimento(compre assinalar que a empresa matriz doportal mais citado nas 'informaçons' -ao quenom imos continuar a publicitar aqui- é cha-mada de 'Sacapartido.com – Brokers online').E da Junta da Galiza e das políticas públicasnem se sabe nem se espera, como é sabido.De modo que o País continuará a cair aos pe-daços enquanto espera polos xeques árabesou os engenheiros suecos que fam fila no Pa-dornelo para nos encher de ouro em trocadum ‘remanso de paz'.

Media e dependência (mais umha)

Disfarçam como informaçom a

promoçom imobiliária

ANúNCIO DUMHA wEBdedicada à venda de aldeias: “Impresionante aldea, 3 casas,

anexos, e 18 ha de terreo, só 180.000 euros. A 15 km de Ortigueira”

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16 a exame Novas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2013

Vários acionistas da companhia denunciam que a dívida eraconhecida por parte do conselho de administraçom e os bancosa exame

XAVI MIqUEl / Há dous meses, aPescanova era umha empresacom uns lucros líquidos de 29,4milhons de euros nos nove primei-ros meses do ano, com umha re-valorizaçom de 24% em bolsa e assuas açons estavam cotadas a 17,4euros. Além disso, acabava de fa-zer umha ampliaçom de capital de125 milhons de euros. Agora, aPescanova é umha sociedade emconcurso de credores, com umhadívida que os últimos dados si-tuam em perto dos 3.000 milhonsde euros e com as suas açons embolsa em 4,7 euros, após a suspen-som feita pola Comissom Nacio-nal do Mercado de valores(CNMv). isto é, o valor das açonsdesceu 70%.

Dentro do conselho de adminis-traçom as denúncias som várias.Por umha banda, o presidente daempresa, Sousa-Faro, denunciaque há um complô de vários mem-bros do conselho de administra-çom (comandados polo presidentedo grupo Damm, Demetrio Car-celler) para tomarem o controloda empresa. Segundo denunciouSousa-Faro, um dos problemas se-ria a compra dos bónus de refinan-ciamento que a empresa emitiu eque se estám a vender num mer-cado secundário. Pola outra ban-da, o grupo presidido por Carcel-ler (onde também estám o presi-dente do Banesto e o filho do pre-sidente do Nova Galicia Banco)denuncia que Sousa-Faro ocultoudados e informaçons sobre a con-tabilidade da companhia.

Ao mesmo tempo, a Pescanovadenunciou e despediu a sua audi-tora de referência, a empresaBDo, por nom auditar correta-mente as contas da firma. Aliás, aempresa também está no ponto demira por umha dívida interna quepoderia chegar a 600 milhons deeuros, umha dívida de várias em-presas da companhia sedeadas emparaísos fiscais, polo que algum-has fontes também apontam para

umha desviaçom de fundos. ora bem, segundo fontes acio-

nariais consultadas por este jor-nal, a situaçom da companhiaera conhecida polos grandesacionistas do conselho de admi-nistraçom que agora estám emguerra, polos bancos credores emesmo também poderia ser co-nhecida pola própria ComissomNacional do Mercado de valores(CNMv), além de por certos se-tores políticos. As mesmas fontesasseguram que nos últimos ba-lanços de contas as exportaçonsda Pescanova fôrom duplicadase até triplicadas para se fazeremquadrar os números sem queninguém apresentasse nengum-ha queixa. outra linha que faipensar nesta conivência é a ven-da de açons do Banco Sabadelldous dias antes de se apresentaro pré-concurso de credores, nummomento em que a valorizaçomda companhia aumentava de 4%.

Certamente o Banco de Saba-dell é o principal credor da Pesca-nova com 200 milhons de euros,seguido pola Nova Galicia Bancopor 150 milhons de euros. Ade-mais, a entidade galega tem 26%das açons da companhia e até aocorrência deste conflito sempre

foi umha fiel aliada das atividadesde Sousa-Faro. Finalmente, estasfontes assinalam que o pré-con-curso poderia ter sido a tentativadoutras entidades maiores (comoo Banesto) para assaltar umha dascompanhias pesqueiras maiores aum preço de saldo.

100 milhons em subvençonsAlém disto, há que ter em contaque a Pescanova é umha das em-presas privadas com mais ajudaspúblicas na história da Junta daGaliza. À falta de dados oficiaisdo conselho de contas e da pró-pria empresa, no NovAS DA GAli-zA figemos umha aproximaçomde mais de 100 milhons de eurosnos últimos dez anos que fôromparar para empresas relaciona-

das com a Pescanova, boa partedestes, de fundos provenientesda Uniom Europeia.

As principais ajudas fôrom parao desenvolvimento do setor aquí-cola, muito criticado por boa parteda pesca artesanal galega. Umhadas empresas que recebeu maisdinheiro foi a insuamar –unica-mente no ano 2006 recebeu 25 mi-lhons de euros de ajuda direta daJunta –, depois de que a Pescanovacomprara esta entidade encarre-gada da planta aquícola de Jovededicada à produçom de dourada,olhomol e outras espécies. outradas empresas beneficiárias dasajudas à aquicultura foi a insuíña,que recebeu mais de 6 milhons deeuros para a construçom dumhagranja marinha em Santa Mariade oia (Mougas). Também a Pes-canova Chapela recebeu 13 mi-lhons de euros que a Junta deu pa-ra construir outra instalaçom aquí-cola. Há que ter em conta que to-das estas subvençons forom finan-ciadas com os fundos europeus doinstrumento Financeiro de orien-taçom da Pesca (iFoP). A partedas ajudas a aquicultura, tambémhá um setor importante de ajudasà renovaçom das instalaçons ou demaquinaria, como por exemplo os

4,5 milhons que a Conselharia dasPescas outorgou em 2006 à sucur-sal Frivipesca Chapela.

O nervosismo das trabalhadorasPola parte das trabalhadoras, se-gundo aponta o secretário nacio-nal da FGAMT-CiG, Xosé Fernán-dez, a situaçom é dumha “extre-ma impotência” já que cada sema-na está a aparecer umha novaquestom e as trabalhadoras nomtenhem mais informaçom da quesai nos meios. A central naciona-lista reclama a apresentaçom dascontas e dum plano estratégicopara renegociar a dívida. Tambémestám preocupados polos saláriose os postos de trabalho, já quepouco antes de anunciar o pré-concurso, congelárom ou diminuí-rom os soldos nas várias empre-sas, enquanto os diretivos e osmembros do conselho de adminis-traçom se aumentavam os salá-rios a si próprios em 15%. Ade-mais, afirmam que a situaçom deapoio ao presidente da companhianom é a mesma que há um mês,quando o pessoal emitiu um co-municado para defender a dire-çom, e que este ponto agora seriadifícil devido ao sentimento de en-gano que tem o plantel.

o banco SabaDell venDeu DouS DiaS anteS Do concurSo boa Parte DaS SuaS açonS

Pescanova: o bom nom sempre saitam bem como nos querem vender

Mais de 100 milhonsde subvençons nos

últimos 10 anos

Nas últimas semanas, a atençom mediática e económica estivo centrada na si-tuaçom da multinacional Pescanova. A empresa, sedeada em Vigo e presidida porManuel Fernández de Sousa-Faro, acaba de solicitar um concurso de credores(antiga suspensom de pagamentos) numha situaçom que, segundo apontam vá-rias fontes, é mais um caso de conivência política e económica, em que váriosdos atores implicados que agora estám a pelejar-se polo poder da firma conhe-

ciam de abondo o estado da dívida da Pescanova. A notícia apanhou por surpresaa sociedade já que a Pescanova passou de ser umha empresa supostamente sol-vente que reportava grandes lucros a ter umha dívida dentre 1.500 e 3.000 milhonsde euros. Todo isto com o beneplácito da Junta de Galiza, da qual a empresa rece-beu milionárias subvençons, e com a incerteza do que acontecerá com os 1.000postos de trabalho direto que tem na Galiza a multinacional do peixe.

Nos últimos balanços decontas as exportaçonsfôrom até triplicadas

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17a funDoNovas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2013

X.M. / A Pescanova foi fundada emvigo no ano 1960 por José Fernán-dez lópez e a sua família. Proce-dentes de Sárria, durante o fran-quismo fôrom umha das mais im-portantes fornecedoras de carnepara toda a zona fascista e os exér-citos franquistas, cousa que lhesvaleu boas disposiçons comerciaisdurante a ditadura. Foi em 1980que o atual presidente, ManuelFernández de Sousa-Faro (filho dofundador) chegou à presidência ereestruturou todo o conglomeradode empresas, saindo a bolsa em1985 e começando umha expan-som por todo o mundo que a iriatransformá-la na empresa multi-nacional que é hoje em dia.

O poder em VigoNa cidade que viu nascer a multi-nacional, sempre fôrom boas asrelaçons entre o poder e o seu pre-sidente. Nom por acaso, Sousa-Faro é membro diretor do ClubeFinanceiro de vigo, grupo da eliteeconómica e social da cidade quelhe deu ademais a sua medalha deouro. Também é membro de vá-rias fundaçons como a FundaciónPorto de vigo ou vigo en Deporte.É de salientar que é um dos prin-cipais fomentadores dos despor-tos de elite em vigo, como a hípica-é presidente executivo do Comitéorganizador da Copa do Mundode Salto de obstáculos- ou as re-gatas de vela e desportos aquáti-cos. É justamente nesse setor queSousa-Faro tem boa parte do seunegócio, além do setor alimentar,e onde se concentram as princi-pais irregularidades na cidade. Em 2001, através da firma Astille-ros y Construcciones lagoa, co-meçou a construçom do portodesportivo de Ponta lagoa, que,pondo de parte as denúncias apre-sentadas por associaçons vizi-

nhais, ambientalistas e mesmo doConcelho de vigo, foi declaradailegal pola Audiência Provincialde Ponte vedra e tem duas ordensde derribo. Desde aquela e confor-me foi avançando o porto, as irre-gularidades fôrom umha constan-te e as críticas e sentenças desfa-voráveis também; mas o porto e oseu projeto seguem o seu cami-nho. Ademais, neste porto está asede do Clube Náutico MarinaPonta lagoa (presidido por Sou-sa) e várias tendas e comércios re-gidos polo capataz da Pescanova,como a empresa dedicada a ven-der iates de luxo, Yatesport.

Amizades perigosasNa sua dilatada trajetória no mun-do empresarial, Sousa-Faro temcoincidido com diversas relaçonscomerciais suspeitas. Umha destasrelaçons é Jose Alberto BarrerasBarreras, que tem 4% das açons dePescanova e onde a sua filha, AnaBelén, é membro do conselho de

administraçom. Barreras foi o prin-cipal acionista da empresa Pebsa(Pesquerías Españolas del Baca-lao), umha empresa que foi o pri-meiro grupo de bacalhau a níveleuropeu e que a princípios da dé-cada de 90 apresentou umha sus-pensom de pagamentos que a le-vou à quebra absoluta vários anosdepois, num processo mui similarao que hoje afronta a Pescanova.

Ademais a família Barreras, comquem se compartem alguns mem-bros mais de conselhos de admi-

nistraçom, está intimamente ligadaatravés de empresas como Trans-pesca -dedicada ao setor pesqueiroem vigo- com Ramón Fernández-Tapias, irmao de Francisco Fernán-dez Tapias que apareceu envolvidonumha trama de narcotráfico juntoao narco Pablo vioque, que saiu doporto de vigo. Neste sentido há queter também em conta a relaçomcom o empresário Manuel Rodrí-guez vázquez, dono da RodmanPolyships e que o Serviço Aduanei-ro submeteu a empresa a umha in-vestigaçom ao ter indícios clarosde que nas suas instalaçons deMoanha estavam a ser descarrega-das grandes quantidades de cocaí-na (NovAS DA GAlizA nº30). As rela-çons de Rodríguez ultrapassam asua condiçom de sócio da firma, jáque um dos homens fortes da Pes-canova, Alfonso Rodríguez Paz-Andrade, pertencia ao conselho deadministraçom da Rodman e a an-tiga Caixanova.

No nível comercial também

cumpre destacar as denúncias deamiguismo, no campo de salva-mento marítimo, a umha das em-presas da família Sousa-Faro: He-licsa, filial da inaer inversiones.Com mais de 50% das açons con-trolam uma holding que monopo-liza 70% do negócio dos helicóp-teros em todo o Estado.

Cabo Tourinhám e diversasdenúncias em meio mundolembremos por fim o caso do Ca-bo Tourinham, onde a Pescanovasempre quijo fazer umha grandepiscifatoria, numha zona de altovalor ambiental. Depois de váriastentativas, ameaças e deslocaliza-çons para Portugal, a Junta decla-ra em maio de 2011 a aquiculturacomo de “interesse público de pri-meira ordem na Galiza” e um mêsdepois publica o Plano Diretor daRede Natura 2000, autorizandoeste setor em várias zonas do lito-ral protegidas pola máxima figu-ra ambiental europeia.Com estadeclaraçom, os entraves legais àpiscifatoria que desde há anosquer construir a Pescanova noCabo Tourinham desaparecemquase por completo.

A nível internacional, tambémsom contínuas as denúncias quea multinacional do peixe tem re-colhido em meio mundo. Parapôr só alguns exemplos, está odeslocamento forçoso de milhei-ros de pescadores artesanais naNicarágua pola construçom damaior instalaçom de processo decamarom da América do Sul.Atualmente, a Pescanova regista70% da pesca do camarom. Tam-bém um tribunal dos EstadosUnidos sentenciou que a Pesca-nova devia pagar 1,7 milhons dedólares e entregar toda a pesca-da-preta de contrabando que ten-tou vender a esse país.

SouSa-faro também é ProPrietÁrio Da inaer inverSioneS, Que controla oS helicóPteroS De Salvamento

Os tentáculos da companhia

O porto desportivoPonta lagoa de Vigo

foi declarado ilegal

“Tomou decisons valentes quando se pensava que a Galiza nom era um territóriopróprio para as grandes iniciativas, tomou-nas quando o seu setor viu mudar ascondiçons internacionais em que operava e tomou-nas em momentos de criseem que todo parece levar ao catastrofismo”. Com estas palavras definia o presi-dente da Junta de Galiza, Alberto Nuñez Feijoo, a Manuel Fernández de Sousa-Fa-

ro na entrega do galardom de galego do ano organizada por ‘El Correo Gallego’em 2010. E certo é que desde que pegou nas rédeas da firma, Sousa-Faro temsido umha pessoa de grande influência, tanto em Vigo como na Galiza. Destas in-fluências surgírom conflitos com as suas empresas, tanto dentro como fora doPaís. Revemos alguns desses conflitos agora que a figura está a ser questionada.

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ASSiNATURA

A Junta favoreceu oprojeto de piscifatoria

em Tourinhám

MANUEl FERNáNDEZ DE SOUSA-FAROé presidente do grupo Pescanova

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18 tribuna Novas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2013

tribuna Um sistema alicerçado no feudalismo eleitoral precisa de vassalos, nom de cidadania

césar caramés

AgoraAgora, a monarquia “campecha-na”, o rei que salvou a democra-cia, a família real cristá, virounum ninho de ladrons onde oauspício do golpismo convivecom os sete pecados capitais pa-ra cada vez mais cidadania. omelhor embaixador do estadotransformou-se no parentecheias que envergonha a famíliana festa da paróquia. Nos corre-dores do regime, a sucessom es-preita preocupada.

À transiçom exemplar esbor-ranchou-se-lhe a maquilhagem.Umha ditadura de duas faces, ser-va da oligarquia e inamovível gra-ças a um desenho ad hoc, já seperfila evidente para a maioria dapopulaçom. o grau de corrupçomgeral, desde o governo do estadoaté o último concelho rural, pro-voca a identificaçom sem matizesdo político profissional do regimecom o malfeitor.

Uns corpos policiais que ma-lham, torturam e incriminam nosde abaixo com mais desvergonhaque nunca; umha justiça que se-qüestra dissidentes políticos ouque castiga reinsertos enquantogarante a imunidade de banquei-ros e terroristas de estado som játemas freqüentes nos faladoirospopulares.

E por cima de todo, a aboiar co-mo um abutre faminto, a miséria.“Sem trabalho e sem serviços pú-blicos que nos amparem”, escre-vem no futuro imediato os olharesde em baixo. E cresce um mou-meio: para a banca, para os parti-dos do regime, para as empresasbeneficiárias da corrupçom, paraeles os milhons pagos por nós, po-los expulsos das casas, polos quefugimos do país, polos que esmo-

lamos escravitude e delinquimospara alimentar famílias... polosque nos suicidamos.

AquiAqui, a ausência de decisom sobrea nossa economia diferenciadaexpujo-nos ao arbítrio dos inte-resses oligárquicos espanhóis eeuropeus. A administraçom e o ti-jolo suavizárom a castraçom eco-nómica do nosso país um tempo.Com a crise, a desfeita ficou ao ar.Esta é umha terra rica, capaz defornecer-nos bem-estar aos que ahabitamos e até solidariedade aoutros que a precisem. Mas emi-gramos e padecemos necessidadeporque somos de aqui e a decisomsobre a exploraçom da nossa ri-queza sempre se toma por e parao alá acima.

A dispersom demográfica, omelhor jeito que atopamos paraaproveitar os recursos do País pormilénios, esse apegamento ao ter-ritório como mecanismo indefec-tível de sobrevivência, foi atacadasem dó. A sua maior eiva, o desa-juste com os modelos do estadoespanhol, umha armaçom admi-nistrativa à imagem de economiase territórios radicalmente diferen-tes dos galegos. Hoje, um rural deterras férteis e abandonadasaguarda a apariçom das multina-cionais enquanto a necessidade se

espalha e mesmo dá em fame nascidades da Galiza.

No entanto, as castas intermediá-rias do franquismo perduram in-demnes no controlo institucionaldo território autonómico. Arrivis-tas, pilhabáns e feirantes figérom-lhes um pé na construçom do piar“esquerdo” na renovaçom biparti-dista da ditadura. A compra de vo-tos e meios de comunicaçom cons-tituem o motor da nave. Sobre to-dos eles sustentam-se no narcotrá-fico, a depredaçom colonial dos re-cursos, o espólio dos bens eserviços públicos, a submissom àtroika e aos fantoches de Madrid...

Assim, o ataque aos nossos si-nais de identidade é-lhes primei-ramente umha necessidade práti-ca, a extirpaçom do perigo da to-mada de consciência cívica. Umsistema alicerçado no feudalismoeleitoral precisa de vassalos, nomde cidadania. Por isso é impres-cindível que nos envergonhem doque nos identifica ante o mundo,que sintamos a marca de inferio-ridade inata, que reneguemos damemória e da língua que nos fam

comunidade, que nos rendamos àdialéctica indígena/homem bran-co... o vassalo deve interiorizar asua inferioridade ante o senhor. Aguerra actual contra a identidadegalega é a guerra contra a demo-cracia na Galiza.

DepoisHá muitos possíveis “depois” masapenas num poderemos viverapropriadamente como cidadaos.Só haverá trabalho digno nestaterra se recuperarmos a capacida-de de decisom sobre a nossa eco-nomia e a sua especificidade, se acolocarmos ao serviço do bem-es-tar colectivo. Temos que ser nós,habitantes da Galiza, únicos ad-ministradores e beneficiários dosrecursos do seu território. Qual-quer alternativa “democrática”que ceda essa capacidade a repre-sentaçons foráneas posterga-nosa interesses contrários. A sobera-nia galega é imprescindível paraque haja emprego e serviços pú-blicos no País. Nom se trata de rei-vindicar essências e bandeiras,trata-se de sobrevivência.

Este “depois” nunca vai chegardestas instituiçons. Toda a estru-tura vertical e institucionalista dospartidos favoráveis a umha ruptu-ra democrática deve ser transfor-mada. Nom há volta atrás, o cha-mado estado de bem-estar nom ésalvável, teimar em fórmulas diri-gistas focadas a ele só empece o“depois”. Umha democracia novae aberta, participativa e plural,tem que nascer além das institui-çons oficiais. Nom vai ser umhamesa de partidos nem umha coli-gaçom eleitoral quem no-latraiam. Porém, é indispensável oimpulso e a submissom dos parti-dos a essa realidade. Compre um-ha assembleia nacional consti-tuinte para o povo galego e a agru-paçom nela de todas as vítimas esujeitos: desempregados, despe-jos, preferentes, desassistidos, tra-balhadores... Compre subordinaro trabalho institucional a essa no-va legitimidade, sacrificá-la poroportunismos tacticistas ou eleito-rais é um crime de lesa pátria.

o “depois” deve conviver com oagora desde já. Nom se trata só demobilizar, criar assembleias ou ra-bunhar o último direito numhasinstituiçons xordas. É precisoconstruirmos tecido popular queencha os espaços que vai deixandoa administraçom, desde refeitórioscomunitários até cuidados de saú-de por profissionais desemprega-dos. Necessitamos dumha via deintercámbio de mercadorias quedê saída interna às pequenas pro-duçons sem portagens alófilas:umha moeda social galega unifica-da junto ao euro, canda ela, umhabanca ética nacional. Compre re-solvermos o imediato a partir do“depois” nascente, compre agir-mos como cidadaos da sociedadeque arelamos para demonstrar asua efectivabilidade.

cumPre conStruir teciDo PoPular Que encha oS eSPaçoS Que vai DeixanDo a aDminiStraçom

Agora aqui e depois“Umha justiça que

seqüestra dissidentespolíticos ou que castiga

reinsertos enquantogarante a imunidade

de banqueiros e terroristas de estado”

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19em anÁliSeNovas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2013

A.l. / Em dezembro passado, na se-quência dumha pergunta parla-mentar da deputada do BNG Ro-sana Pérez, o Governo espanholinformava das pessoas galegas quese encontram em prisons no terri-tório do Estado espanhol fora daGaliza. Segundo esses dados, das3.066 pessoas de origem ou resi-dência habitual na Galiza presashoje nos cárceres do Estado, 538estám internas em cárceres de forado país, 84 em situaçom de prisompreventiva e 454 penadas.

Quanto ao emprego da disper-som penitenciária, o Governonom quijo dar explicaçons à de-putada, argumentando que “odestino dos internos para um de-terminado estabelecimento pri-sional está condicionado por di-versos critérios previstos na regu-lamentaçom penitenciária e queestám ligados à resoluçom daclassificaçom penitenciária”.

ora bem, como salienta Fernan-do Blanco, membro do observa-tório para a Defesa dos Direitos eliberdades Esculca, esta políticade dispersom “nom se justifica po-la falta de vagas na Galiza”: as3.066 pessoas presas que cita oGoverno espanhol nom ultrapas-sam a capacidade teórica dos cár-ceres instalados no nosso país(3.105 vagas), e ademais “é clara-mente inferior à ocupaçom real,dum mínimo de 4.861 pessoas”.igualmente, Blanco di que a Es-culca pediu ao Governo estes da-dos e que este nom deu resposta.

Maus tratosA aplicaçom da dispersom peni-tenciária é umha das dificuldadesacrescidas que padece a popula-çom presa, para além da próprianegaçom de liberdade. FernandoBlanco aponta que “a construçomdo preso como cidadao de segundacategoria, deriva tanto da próprialegislaçom como da aplicaçom damesma e mesmo de práticas espú-rias da administraçom penitenciá-ria. Assim, para citar um exemplo,a legislaçom penitenciária eliminao direito de associaçom das pes-soas presas, sem que tal limitaçomtenha umha fundamentaçom cons-titucional ou legal”.

A esta legislaçom já restritiva,junte-se ainda o número alarman-te de denúncias por tortura nasprisons espanholas. Assim, o rela-tório da Coordenadora Estatal dePrevención de Tortura referente a2011 refere 64 denúncias, afetan-do 71 pessoas em prisom. Blancoacrescenta que atualmente aCoordenadora “é parte acusadoraem duas denúncias por torturasna prisom de Teixeiro, e vai inter-vir ainda noutra denúncia por tor-turas na prisom da lama”. Por seulado, a Esculca realiza desde háanos relatórios sobre maus tratose torturas nas cadeias galegas, no-meadamente nas de Teixeiro e alama. “Concluímos”, expomBlanco, “que é preciso que a sani-dade penitenciária rompa os seusvínculos hierárquicos com o Mi-nistério do interior de forma queos médicos de prisom que pode-riam certificar os maus tratos se-jam trabalhadores nom depen-dentes da admistraçom peniten-ciária. E também que a impunida-de nestes casos deriva do escassoou nulo interesse judicial em in-vestigar esses factos”.

A situaçom de indefensom daspessoas presas é também patente.Blanco di que o elevado grau dediscricionariedade com que podeagir da administraçom peniten-ciária “fai que sejam inumeráveis

os meios para reprimir a mais mí-nima atuaçom, já nem sequer dedissidência senom de defesa dedireitos”. Refiram-se a este respei-to os traslados, o isolamento ou asuspensom das comunicaçons.“Para recorrer estas sançons le-gais ou encobertas”, di aindaBlanco, “nom disponhem de direi-to de advogado de ofício até o re-curso de apelaçom, isto é, numhafase mui avançada do procedi-mento”. o escasso empenho dosjuízes de vigiláncia penitenciária,lamenta este ativista, agrava a si-tuaçom de indefensom das pes-soas penadas.

Excecionalidade crescenteo penalista Borxa Colmenero temchamado a atençom em diversaspalestras e meios para a criaçom

dum Estado de Excepçom, enten-dido como “aquele dispositivo decontrolo que situa o 'político' aci-ma do 'jurídico'”. Assim, engadeque “da perspectiva dumha pena-lidade crítica, observa-se compreocupaçom a normalizaçom,nom sem conflito, da excepciona-lidade penal no nosso contextopolítico”. Recentemente, ficava asaber-se que a Audiencia Nacio-nal mantinha pola primeira vez aacusaçom de “pertença a bandaarmada” contra militantes inde-pendentistas, alguns deles em pri-som sem julgamento. Diante disto,Colmenero aponta que “o Estadoespanhol parece que tem especialinteresse em perpetuar fórmulasde controlo social que lhe permi-tam legitimar-se em negativo.Neste sentido, o inimigo principalque lhe permitia essa coesom erao 'basco'; no entanto, as circuns-tâncias sociopolíticas mudárom ea ameaça excepcional que justifi-cava a legislaçom de excepçomcomeça a ser posta em causa. Se-ria dentro desta análise que, aomeu modo de ver, deveríamos si-tuar a tentativa de criar umha‘fantasma terrorista’ na Galiza,completamente fora da realidadepolítica do nosso país. No entanto,nom entendo isto tampouco comoum circuito fechado, podendoabrir-se a mais inimigos”.

Assim, através da sua experiên-cia com pessoas presas por causaspolíticas Colmenero adverte um-ha série de padrons comuns noseu tratamento carcerário. “Emprimeiro lugar”, expom o advoga-do, “a aplicaçom da excepçom naprisom: isolamento, FiES 3, dis-persom, etc. Em segundo lugar,um permanente acosso e busca doconfronto por parte da prisom etodo o sistema penitenciário como preso, com rigorosíssimo zelona sua atuaçom. E por último, noscasos mais graves, de “inadapta-dos”, como os denomina a própriaprisom, poderiam dar-se situa-çons de tratos inumanos, degra-dantes ou mesmo de tortura”.

Também o advogado Benet Sa-lellas salienta que a Audiencia Na-cional aplica umha espécie de 'di-reito de guerra'. “É umha espéciede código processual próprio”, ex-pom Salellas, “em que a prisomprovisória em lugar de ser a ex-cepçom, é a regra, invertendo ofuncionamento lógico num siste-ma democrático em que a situa-çom normal é a liberdade e só emcasos excepcionais que estives-sem justificados por um risco defuga ou de reiteraçom criminalpoderia ser decretada a prisomprovisional, quer dizer, prévia aojulgamento”.

Crise e prisomAcrescentem-se ainda os cortes eas reformas neo-liberais que limi-tam ainda mais os direitos daspessoas presas. Fernando Blanco,da Esculca, di que por razons or-çamentárias estám a limitar oacesso a novos fármacos, a água,a comida ou a eliminar a presençade psiquiatras. “Nom acertamos asaber qual será o futuro, mas opresente é dum maior sofrimentodo que a prisom já produz de porsi”, di Blanco.

Das 3.066 pessoas de origem galega presas nos cárceres do Estado 538 estám fora do paísem anÁliSe

A invisibilidade da populaçom presaa conStruçom Da PeSSoa PreSa como ciDaDao De SeGunDa Dificulta a Denúncia DoS abuSoS Que PaDecem

A denúncia social dos abusos a que som submetidas as pessoas presas deveromper um muro de silêncio e invisibilidade. Casos recentes, como o da galegaNoélia Cotelo, que denunciou malheiras e abusos na cadeia de Brieva (ávila), oua aplicaçom da dispersom penitenciária som outros tantos sinais de alarma para

o que está a acontecer dentro dos muros das prisons. NOVAS DA GAlIZA contactouadvogados e ativistas para refletir sobre o funcionamento do sistema penitenciá-rio: à tona vinhérom os vexames que sofrem os direitos das pessoas presas, as-sim como a excepcionalidade jurídica que o Estado aplica a prisioneiros políticos.

há padrons comunsno tratamento dos

presos políticos

A coordenadora Estatalde Prevençom de

Tortura recolheu 64denúncias em 2011

O isolamento ou asuspensom das

comunicaçons sommedidas repressivas

pRISoM DE TopAS (SAlAMAnCA)Foto: Sino Seco

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20 crónica GrÁfica Novas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2013

crónica GrÁfica

o ‘CoMITé CIDADán DE EMERxEnCIA DE FERRol’reúne centos de pessoas contra a entrada do navio

número 140 pola ria. Foto: Comité Cidadán

ConTInuAM AS MobIlIzAçonS contra a mina em Corcoesto, cada vez com mais

adesons. Desta vez, umha tratorada polo meio da vila

A FunDAçoM ARTábRIA celebra umha nova homenagem

a Ricardo Carvalho Calero

o vII EnConTRo DA REDE gAlEgA DE SEMEnTEStivo lugar em Compostela, com a participaçom

de várias produtoras e consumidoras

AlTo SEguIMEnTo DA gREvEconvocada pola CIg no sector do comércio e da alimentaçom em ponte vedra

ConCEnTRAçoM nA SEDE Do pp DA CoRunHApara pressionar sobre a aprovaçom

integrada da Ilp apresentada pola pAH

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21meDiaNovas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2013

No NOVAS DA GAlIZA tivemos conheci-mento da açom legal que enfrentanos tribunais um trabalhador despe-dido e a 'Corporación Radio-Televi-sión Española'. O processo está aevidenciar as precárias condiçonsde trabalho que imperam nos médiapropriedade das administraçons, ca-da vez mais esforçadas em vender-se ao privado. Um exemplo entremuitos, que nos permite esboçaraqui os traços estruturais dumha si-tuaçom que dá ideia do que pode-mos aguardar da 'informaçom' pro-duzida nessas circunstáncias.

A. qUINTIá / Durante a transformaçom deRadiotelevisón Española de 'Ente Público'em 'Corporación', culminada em 2006, enos acordos entre sindicatos e direçompara a aceitaçom dum ERE que afetouquatro mil pessoas em todo o Estado, assi-nava-se a possibilidade da externalizaçomde parte da carga de trabalho. Entre ascondiçons fundamentais para essa con-trataçom com a empresa privada, estavama equiparaçom de salários e condiçonscom as do quadro de pessoal da própriacorporaçom, assim como a obrigaçom dasub-rogaçom dos trabalhadores no casode mudança na titularidade da contrata.Quer dizer, que no caso de a corporaçomespanhola mudar a empresa à que contra-ta serviços, estas empresas deveriam con-tratar as pessoas que vinham desenvol-vendo cada um dos trabalhos determina-dos para a empresa anterior.

Muda o governo, muda o contratoAs contratas da CRTvE seguírom a diná-mica habitual de mudarem as cadeirasao mudar o governo, que tam bem e tamexplicitamente encarna o difuso das di-

visórias entre poderes no Reino da Espa-nha. Entre 2005 e 2011 era a Mediapro,propriedade ainda em 33% do seu fun-dador Jaume Roures, um 'empresárioprogre', responsável polo lançamento eposterior desmantelamento do diário Pú-

blico. Para o caso, é de assinalar, além darelaçom de Roures com Miguel Barroso,que ao parecer lhe teria garantido tam-bém a concessom para a cadeia de tele-visom La Sexta, e que ademais de estarcasado com a ex-ministra do governo es-panhol Carme Chacón, foi secretário deestado de comunicaçom do governo deJose luis Rodríguez zapatero.

Mas a ‘casual’ confluência de interes-ses entre a CRTvE e Roures rachou logoda consecuçom de maioria absoluta noparlamento espanhol do Partido Popular.Entom foi Alberto oliart, ex-ministrocom a UCD, quem reparou em que a Te-lefónica Broadcast Services (TBS) –quetambém 'casualmente´ acabara de no-mear administrador único o seu filho Pa-blo oliart nem um mês antes– tinha justoa oferta de mais interesse para a CRTvE.Nom muito tempo depois, demitia-seporque estava “canso”.

E aqui o assunto é que a primeira dascondiçons para qualquer mudança

num serviço externalizado da CRTvE éincumprida sem mais nem mais. A TBScontrata os mesmos profissionais semlhes respeitar salário nem antiguidade,passando por riba de absolutamente to-da a regulamentaçom vigente. E quan-do as empresas recebem denúncias,por despedimento contra a Mediapro eexigindo o respeito às condiçons de su-brogaçom à TBS, o trabalhador agorapendente de decisom judicial é despe-dido. logo de ser re-admitido pola Te-lefónica e compensado economicamen-te pola Mediapro, e quando mais umhavez CRTvE começa a dançar com ascontrataçons e assina de novo com aMediapro nos começos de 2012, esta'esquece' justamente o trabalhador queapresentara denúncia em defesa dosseus direitos laborais.

O miolo, a cessom ilegalA seguir a umha nova denúncia contra aCRTvE, a última sentença dá a razom àdefesa do trabalhador quanto a que era àcorporaçom estatal que cabia selecionare dirigir o pessoal, sobre o qual tinha po-der disciplinar. Além disso, sinala a sen-tença que o pessoal trazido polas empre-sas privadas era mui superior ao contri-buto material destas, o que viria deixarinjustificada tecnicamente a contrata.Para o caso, o que a decisom judicial véma dizer, como já aconteceu no caso daCRTvG com as trabalhadoras e traba-lhadores da produtora Faro, é que nomhá razom de nengum tipo para o cres-cente empenho e abuso da externaliza-çom de serviços, que a vontade clara-mente ideológica de precarizaçom doemprego nos meios públicos, como maisumha ferramenta a perpetuar a manipu-laçom e censura.

A relaçom entre meios 'públicos' e mercado da informaçom estreita-se com a desregulaçom meDia

Confundir serviço público emercadoria, também na TV

notaS De roDaPé

os diários de vocaçom independente esubscritos á direçom geral de Medios, cui-

dam que a sentença do Constitucional Portu-gués é um erro.

Aclasse média mais breve, menorizada emaltratada da UE deve fazer-se cargo dos

gastos da crise junto com a classe meia piorpaga do sub-continente.

APortugal quadrou-lhe sempre escrever olimiar ibérico: foi República ante os olhos

assustados dos monárquicos do Manzanares,Ditadura desde 1920 e Revoluçom no 74, comcensura de livros e revistas na banda Norte doMinho. As alfándegas da Águia imperial torná-rom-se expertas em dobrar a guarda. AgoraPortugal vai ser adiantada na reintegraçom desalários dos pobres, ao cabo de quatro anos deo Estado rapar-lhos. os diários subscritos, vemPassos Coelho como um Sansebastiám crucifi-cado polo Tribunal de Amparo. Nom informa-ram do desprezo do Governo de Passos para omal-passar de zé Povo. Um comboio sai de lis-boa para a Moncloa.

AJunta Fraguista cuidou desde tempos deAlbor a sua relaçom com o contrabando.

No 80, o clam dos Ferrazo refugiara-se emlanhelas por se livrar da cadeia, e o presi-dente Albor atravessou a fronteira para lhesdar umha visita de ánimo. “o Presidente irásempre onde houver um Galego em apuros”,declarara Albor.

numha valiosa informaçom, o NovAS DA GA-lizA dera conta das entregas de dinheiro do

contrabando ao PP, contra recibos com a fotode Fraga em perfil cesárico. Foi na campanhado 89 para a Junta. Pouco antes, o padrinho vi-cente otero “Terito” recebera das maos de Fra-ga a insígnia de ouro e brilhantes do partido.

Que cousa ignorava Feijóo do contrabando?o desembarque de caixas ou fardeis fi-

nanciava empresas que com facilidade acaba-vam de contratistas da Junta. o mesmo Rajoyorganizara no 84 umha colossal marcha a prolde Alfredo Bea Gondar, alcalde de ogrobe queacabou na cadeia por comércio de narcóticos.

Quando Feijóo invoca um passado virtuo-so do narco que o passeia na lancha, re-

corda o reverso dum conto de “Joselín”, Al-calde republicano de Baiona: duas mulheresforam retratadas como cortesáns, mais asproprietárias do quadro situavam-nas nos al-tares. As visitas notavam que o pintor nomcaptara apenas a santidade. “o que se passae que quando as retrataram, ainda nom eramsantas”, explicavam as parentes. Nom, comoDorado que ainda nom chegara a pecadorquando foi retratado com Feijoo.

Marcial Doradoainda era santo

A subrogaçom dos trabalhadores das empresasfoi condiçom para RTVE

Um caso atualmente nos tribunais, aque tivo acesso NovAS DA GAlizA e queafeta um profissional galego que vinhatrabalhando para a corporaçom estatalespanhola CRTvE, serve para trazer denovo a estas páginas a questom dequem produz a informaçom que o Esta-do nos serve como 'serviço público'. E éque, mesmo aceitando essa definiçomhegemónica que iguala 'público' e 'de ti-tularidade estatal', o certo é que cadavez mais as democracias burguesasoperam com maior freqüência umhafraude -se nom legal, ética- consistentena externalizaçom da produçom dum

produto tam sensível como a informa-çom. A contrataçom com grandes cor-poraçons do setor, já nem só de progra-mas de entretenimento ou de ficçom,mas também de cada vez mais parcelasdos serviços informativos, tenta fazer-se passar sem demasiada publicidade.Sem as preceptivas advertências de que,a maiores da subordinaçom aos intere-ses partidários do governo de turno, en-démica do modelo de media estatais emque apostárom as instáncias espanholascentrais e autonómicas, a informaçomproduzida vai estar a passar os factospolos critérios próprios do capitalismo

financeiro e das grandes fortunas quepossuem as empresas sub-contratadas.

Certo é que para nada estám afasta-das as estratégias duns e outros pode-res - de aparelho de estado e de tramaeconómica -, mas também é certo e ine-gável que para nada ajuda a manter alegitimidade cada vez menor do con-senso da 'Transiçom' cousas como es-tas. E que por isso o pacto de silêncioque sobre as vergonhas próprias queafetam todo o sector mantenhem osmedia sistémicos nunca vai ser rota pa-ra tratar este tema, nom sendo para osimples “sai daí que vou eu”.

Nom há lume sem fume

A TBS nom respeitou osalário nem a antigüidadedos profissionais contratados

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22 cultura Novas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2013

cultura “Nom se pode medir o efeito que tem umha livraria numha vilapolo número de clientes e vendas, nem cifras de negócios”

O subtil, secreto e inapreensívelinfluxo das livrarias na cidade

no Dia Do livro falamoS com aS livreiraS Da lila De lilith, a ciranDa e a Suévia

A.R.G. /En Memorias de la librería,

publicado por Trama, o livreiro eeconomista Paco Puche assinalaque nom se pode medir “o efeitoque tem umha livraria na cidadeque a acolhe, nem a energia quedesprega nas suas ruas, que trans-mite aos seus habitantes (…) nomchega com números de clientes evendas, nem cifras de negócios,porque o influxo da livraria na ci-dade é subtil, secreto, inapreensí-vel”. Desta volta quigemos ir alémdo negócio, e conversar com trêslivreiras que há relativamente pou-co tempo abrírom um espaço pró-prio, com companheiros de anda-dura, em duas cidades da Galiza:Compostela e Corunha.

Lila de Lilith: educar no feminismoNa primeira cidade abriu, em ou-tubro de 2011, a livraria lila de li-lith. Segundo contou ao NGz, Pa-tricia Porto Paderne, a lila de li-lith é fruto do trabalho que está arealizar a associaçom lilith, deaçom social e educativa desde oano 1998. É umha livraria única naGaliza, já que oferece volumes fe-ministas e literatura, poesia e en-saio feito por mulheres. “A ideiafoi evoluindo do nosso primeiroprojeto de educaçom em chave degénero, que ainda que o continua-mos a manter, a colaboraçom comas instituiçons foi a menos devidoaos cortes nos orçamentos”, assi-nala Patricia, enquanto recalcaque a lila “nasceu da necessidadede ter um espaço próprio, indoalém do conceito de livraria, ecriando um lugar onde poder tra-balhar em muitos ámbitos: ofere-cendo livros, mas também arte,teatro, pintura, e brinquedos eróti-cos para mulheres”, já que tam-bém tenhem um ponto de vendade los Placeres de lola.

Sobre o trabalho que a livreiradesenvolve numha livraria espe-cializada, Patricia Porto assinalaque tem um valor a mais, “já que éimportante que as pessoas que en-tram pola porta saibam que podem

falar connosco sobre o que procu-ram, porque muitas vezes oferece-mos só umha pequena mostra doque podemos achegar à clienta, eatravés do nosso conhecimento eformaçom -no nosso caso, em gé-nero e feminismo-, podemos darideias, fazer recomendaçons,orientar... Fazer parte, ativamente,da cadeia de venda dos livros”.

A livraria abriu em plena crise,há ano e meio, e há dous meses quecompartilham espaço, situado nazona velha, na Rua Travesa númerosete, com Ciranda, um projeto vin-culado à língua portuguesa e à cul-tura lusófona que nasceu da Asso-ciaçom Galega da língua, AGAl.Sobre as vendas pouco falamos,mas, conta Patricia Porto, “aindaque abrimos em plena trevoada, eainda que a cousa nom vai fatal,tampouco vai vento em popa... Masseguimos polo meio, navegando”.

A Ciranda: a lusofonia inteiraA Ciranda é a livraria, das três deque falamos nesta página, que levamenos tempo aberta -desde pri-

meiros de fevereiro-, se bem é ge-rida por pessoas que levam tempoa trabalhar com literatura lusófo-na, já que nasceu para levar váriosdos projetos promovidos polaAGAl, tais como a área editorial -Através Editora-, ateliês como osops ou a loja na Rede imperdível.os seus responsáveis, som loairaMartínez, Carme Saborido, iriaMayer e Xurxo Novoa. Falamosum pouco com iria ao telefone,quem nos contou que o espaço sur-giu da necessidade de “externali-zar vários serviços da associaçomque funcionavam bem, chegar àgente através dum espaço de con-vívio e somar sinergias com a lila,para juntar forças encaminhadas adar estabilidade aos dous proje-tos”. Na Ciranda podem-se encon-trar livros de ATravés, imperdível,Axóuxere, oQo, Estaleiro e mais,para além de permitir participarem apresentaçons de discos, commúsica ao vivo, cursos e outras ati-vidades oferecidas com as parcei-ras da loja. Aliás, o facto de com-

partilhar o espaço, segundo iriaMayer, “está a resultar mui enri-quecedor, e como já vínhamos deserviços existentes na AGAl, émais fácil que a gente te conheça ese achegue”. Em Compostela nomhavia, até a abertura da Ciranda,nengumha livraria que oferecesseexclusivamente literatura portu-guesa e da lusofonia, desde o fecheda Palavra Perduda -que levava,desde o ano 95, no bairro dos Pelá-mios-, que junto com a Andel de vi-go, e a Torga de ourense; eram asprincipais referências na Galiza.

Livraria Suevia: na Corunha fala-seNa Rua vila de Negreira, número32, no bairro da Agra do orçam, naCorunha, é a livraria Suevia, espe-cializada no livro galego e portu-guês. Detrás da montra está Ermi-tas valencia, quem falou para oNGz da loja, que também transcen-de o negócio. “Queríamos abrir umespaço em que se puidesse adquirircultura da lusofonia também na Co-runha, porque, por diversas cir-

cunstáncias, já nom havia um lugaronde aceder a este material. Tam-bém temos música e filmes, assimcomo livros para crianças, já queum dos objetivos é achegar a cultu-ra a nenos e nenas através do livro”.Aproveitando que no bairro, umdos mais densamente povoados daEuropa, e com umha caótica cons-truçom, nom existia nengumha li-vraria como o projeto de Suevia, as-sim que “com a ideia de dar visibili-dade a editoriais pequenas, a auto-res novos galegos, e trazer literatu-ra portuguesa, abrimos em finaisdo passado mês de dezembro”.

Na Suevia, conta Ermitas, há queperguntar onde estám os livros emcastelhano -que também os há, somde temática mui concreta e nom es-tám publicados na nossa língua-,“ao contrário do que acontece emquase todas as livrarias, onde o nor-mal é perguntar onde está a prate-leira de volumes em galego”. A aco-lhida, num começo, é boa, assinalaErmitas, “porque também temosimprensa, e vende-se, sobretodo, li-vro para adultos em português; pa-ra crianças, triunfa mais o livro emilG”; e recalca, “90% da clientela égalegofalante, e nom se trata degente vinculada ao nacionalismo”.Daquela, há que ir apagando a ima-gem nom real, o mito, de que a Co-runha é sinónimo de castelhano?“Nom é um mito, é mais bem umhaimagem criada e alimentada, du-rante anos, polos representantespolíticos e mediáticos. A Corunhanom é o que se procurou transmitir,mas sim é certo que nela o espa-nholismo mais radical ressarciu-sepor décadas. É lógico que se tenhaessa imagem, mas nom é real: aquinom assistimos às touradas nem fa-lamos todos castelhano”. “Dar pesoà lusofonia na cidade e vincularcom ela a nossa cultura e língua é onosso modo de reagir, de trabalharpolas cousas em que se crê, e quesom úteis para a promoçom do nos-so, numha época nom mui fácil pa-ra a cultura. A partir de aqui, todopode ir a melhor”.

Vai vir o Dia do Livro. Cada ano, pola data, os meios de comunicaçom arrojamcifras de vendas, que vam a menos; cifras de livros publicados, que vam a me-nos; e cifras de leitores e leitoras, que vam a menos, sobretodo quando falamosde livros escritos na nossa língua. Mas, e as livrarias? Estám a sentir este “ir amenos”? Há estabelecimentos históricos que já som instituiçom; há quem re-

cicla o espaço e começa a oferecer outras atividades; e há quem acaba de abrir,e oferece um lugar diferente, especializado, onde se ultrapassa o conceito de“loja”, e se procura umha alternativa às fileiras de livros grises que se ordenam,rigorosamente direitos, nos andeis, também rigorosamente direitos, dos gran-des armazéns.

pATRICIA poRTo E IRIA MAyER

“Numha livraria especializada a gente

sabe que pode falardo que procura”

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23culturaNovas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2013

Começam os festivaisREDAÇOM. / Começa a primave-ra, ainda que o tempo seja a bor-rasca contínua, o que implicaque comecem a conhecer-se oscartazes dos festivais que serámrealizados este ano. o primeiro,o cartaz Festival do Norte, quetambém é o que mais perto ficano calendário. Apesar dos pro-blemas da organizaçom do Con-celho, o festival será realizado fi-nalmente durante os dias 17 e 18de maio no recinto feiral de Fex-dega, e nele tocarám Xoel lopez,Toy, The Primitives, Dorian e WeAre Standard. Também foi con-firmada a presença de grupos co-mo Delorentos, Sr.Chinarro,Guadalupe Plata, Estereotypo,Pedrito Diablo e os Cadáveras.os bonos já estám à venda.

Por outro lado, já se conhecemos nomes dalgumhas das bandasque passarám pola Galiza este

verao. Começando com o Son-Rías de Bueu, que será realizadonos dias 1 e 2 de agosto, cuja or-ganizaçom confirmou a assistên-cia de The Toy Dolls e Talco.Também a associaçom Malaher-ba confirmou que no próximo 6de julho será realizado o viiSons da lameira/vii Malaherba-rock em Matamá.

O Sinsal começa em CompostelaAssim mesmo, o Teatro Principalde Compostela abrirá, o próximo1 de Maio, a programaçom doFestival Sinsal 11, o encontro dereferência dos sons alternativosna Galiza que inicia a sua novaediçom com um concerto do gru-po dinamarquês Efterklang. Empróxima datas irám sendo co-nhecidos os próximos concertosdeste evento.

Galiza ano Cero: outra televisomREDAÇOM / Há cousas que nuncaverás na televisom. Assim é comose apresenta o coletivo Galiza anoCero, nascido na cidade da Coru-nha para criar umha nova televi-som, baseada no debate político esocial, “de abaixo à esquerda, emcódigo aberto e baixo licenças li-vres”. Até agora só podem ser vi-sionados quatro tráilers colgadosna sua web, no YouTube e em vi-meo, onde Manuel Martínez Bar-reiro, Xosé Manuel Pereiro, lolaFerreiro e Alba Nogueira, respeti-vamente, falam da criaçom de fer-ramentas e caminhos próprios deesquerda para a construçom deumha democracia real.

Constituídos à volta de umha as-sociaçom cultural criada há uns

dias, este grupo de umhas 15 pes-soas viu a necessidade imediatadeste projeto, dado que os espaçosde comunicaçom continuam a estarsequestrados polo poder, e som ape-nas negócios, empresas, criadoresde opiniom lisa e homogénea.

Ainda que o primeiro programade debate está prestes a ser lançado,há meses que o coletivo Galiza anoCero trabalha nos inícios dum meiopróprio, com um enfoque aberto eparticipativo. De facto, na sua web enas Redes Sociais demandam a par-ticipaçom de quem quiger colabo-rar para irem criando o caminho po-lo que vam, nos próximos dias, bo-tar a andar estreando o primeiro de-bate e a primeira entrevista de um-ha série que tenhem pensada.

oS ativiStaS SuPrem a falta De intereSSe Da aDminiStraçom

Açom Direta recupera parte daantiga muralha de Ferrol

REDAÇOM / Já falávamos do co-letivo Açom Direta de Recupe-raçom de Espaços Públicos deFerrol no NovAS DA GAlizA dopassado setembro (Nº118). Na-quela altura, na seçom do Dito e

Feito, entrevistávamos a SusoPazos, membro desta iniciativapioneira na Galiza, em que a vi-zinhança decidia pôr-se maos àobra, diante da passividade dasadministraçons, desta volta, doConcelho de Ferrol.

Agora o coletivo acaba desomar um novo elemento à sua

lista de recuperaçons: os restosda antiga muralha defensiva dacidade, achada em setembro de

2009 na zona da Malata. os res-tos estivérom anos à espera deum relatório da Direçom Geralde Património que nom deu che-gado. Mais umha vez, a falta deinteresse das administraçons le-vou a que este coletivo voltasseatuar. Nas últimas semanas, os

restos fôrom limpados, arranca-das as espécies invasoras e um-ha maceira foi transplantada.

Para além desta açom, o cole-tivo leva tempo a limpar espaçospúblicos da cidade e dos arredo-res, como o Mirador da Cabana,a praia dos olmos, o rio Sardi-nha, a Ribeira de Carança, ou a

Bateria de Sam Carlos, entre ou-tros. Assim mesmo, no passado24 de fevereiro organizárom o iCampeonato Mundial de pescade pneumáticos, através do qualvoltárom chamar a atençom so-bre o estado de abandono emque estám algumhas zonas dacidade.

REDAÇOM / As obras para a re-construçom dum setor do castrode Castromao, em Celanova, co-meçarám em breve, segundo ojornal ourensano La Región. As-sim o assegurou o passado 3 deabril nesta publicaçom o alcaidedeste município, José luis Ferro,após umha reuniom com a vizi-nhança. A açom recriará, atravésde sete edifícios, o conhecido co-mo "bairro da tabula", um impor-tante sector do sítio arqueológicoem que fôrom localizados edifí-cios e estruturas singulares, co-mo a célebre 'Tabula dos Coeler-ni'. o conjunto ocupará meio hec-

tare e servirá como plató para afilmagem de Galaicus, umha pro-duçom cinematográfica produzi-da por Farruco Castromán e luisTosar, e ambientada no tempo daconfrontaçom entre os galaicos eos romanos. A reconstruçom vaisupor um custo de 210.000 euros,em duas anualidades, sufragadosna sua integridade por Turismoda Junta da Galiza.

As ajudas para conservar bensPatrimónio da Humanidade somreduzidas em mais de 50%As ajudas do Ministério de Edu-caçom e Cultura espanhol para a

conservaçom de bens declaradosPatrimónio da Humanidade polaUNESCo fôrom reduzidas a me-nos de metade. Ao todo, em 2013fôrom destinados 917.300 eurospara este fim frente aos 2 milhonscom que contava esta linha deajuda em 2012. o recorte é soma-do ao de anos anteriores, já queem 2010, por exemplo, as ajudaschegavam aos 2.290.000 euros.No passado ano, esta linha deapoios subsidiárom diferentesatividades de promoçom e res-tauraçom no casco histórico deSantiago e dos arredores da Tor-re de Hércules, na Corunha.

Turismo reconstruirá um bairrodo castro de Castromao

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24 DeSPortoS Novas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2013

d DeSP

orto

SPleno De triunfoS em 2013 Para Gómez noia

Umha dívida de mais de 200.000 eurospolo anterior presidente, J.A.lobelle, co-locou ao clube de futebol de salom num-ha situaçom crítica. o Santiago Futsal,atualmente 5º na liga, poderia ver-seabocado a migrar a outra cidade –fala-seda Corunha– ou mesmo desaparecer.

PeriGa a exiStência Do SantiaGo futSal

Xavier Gómez Noia continua a bater re-gistros. Em 2013 ganhou todo o que com-petiu: Desafio de Alcatraz (EEUU), a Taçado Mundo de Mooloolaba (Austrália) e asSéries Mundiais de Auckland (Nova ze-lándia). Procurará atingir o seu 3º títulode campeom mundial nesta temporada.

XERMÁN VILUBA / o progressivodespejo cultural que estám a so-frer cada um dos centros educati-vos galegos está a deixar nasmaos da lNB a única alternativareal de aprendizagem: um modonatural de trasmisom de sabedo-ria diretamente herdada do sofri-mento dos nossos antepassadospola luta secular de manter vivoum desporto e um modo de vidachamado bilharda. Um aura de arlivre que invade cada sala de aulasquando começa umha das já míti-cas 'Palestras-lNB'. Umha expe-riência única e indescritível que,este mês de Abril, desfrutárom emtoda a sua intensidade e plenitudea gente da Universidade do Min-ho, em Braga, que tivérom a va-lentia de assistir, palám em mao, àdissertaçom brutal do pintor e

músico de vanguarda Alfredo Pi-rucha. Pirucha traçou no seu len-ço particular, com suor e sanguede palanador experimentado, avertigem de umha revoluçom emandamento que, pola primeiravez, penetra em território luso. Apalestra tivo como contrapontobrutal ao i Abertinho Braguense a

semente para um próximo e in-cendiário Aberto que a Conf. Sulultima realizar em terras dessa vi-la galaico-portuguesa.

Noutra frente aberta estám asfreces, o mítico almoço autócto-ne. os espíritos rebeldes dos nos-sos antepassados, perseguidospor jogarem à bilharda, saltam or-

gulhosos ao saberem que a indo-mável geraçom lNB os reivindicaem cada golpe dado no mágico iAberto das Freces na vila de Bre-tonha. Neste aberto consumou-se, entre alentos das bestas bra-vas que habitam nos seus montes,a máxima do desporto indígenagalego. E tudo isto num contextode repressom brutal onde um co-mando de palanadores da lNB foiinterceptado polas forças de re-pressom policial caminho do iAberto das Freces, na estrada queune lourenzá com Bretonha,

num controlo de identidade a to-dos os ativistas lNB que iam nacarroça. Pode ser umha casuali-dade, pensarám alguns ilusos,mas nom foi tal, já que no dia se-guinte, domingo 7 de Abril, os pa-lanadores e palanadoras da Con-ferência Noroeste tinham sidodespejados brutalmente, utilizan-do técnicas de polícia de choquena pista de jogo de Castro-feito,justo no momento em que iam ini-ciar o seu Aberto pontuável. Car-me, de Troitas Bravas, foi a ma-gistral vencedora absoluta noAberto das Freces de Bretonha,um ponto de inflexom total e ab-soluto no devir da bilharda comodeporto nacional misto e indige-nista... Adiante a República indí-gena Galega: Bilharda Sempre!

Bilharda: Desporto nacional, misto e indígena!

ISAAC lOURIDO / Se pegarmos nocalendário de provas atléticasorganizadas nos Países Cata-láns, toparíamos ao lado de ca-rreiras populares, meias mara-tonas, maratonas ou carreirasde montanha, a singular deno-minaçom das 'voltas a peu'. Em-bora a maior parte das pessoascompletem correndo essas vol-tas a pé, na denominaçom suge-re-se que cada pessoa pode rea-lizar o percurso como melhorachar. Esta compreensom de co-rrer e andar como atividades fí-sicas acessíveis para a maiorparte das pessoas, que podemgerir os seus próprios ritmos einteresses, está a florescer demaneira evidente no nosso país,com a crescente organizaçom decaminhadas, carreiras de mon-tanha ou carreiras com cans quecumpre somar às já tradicionaiscarreiras populares.

A já longa história das carrei-ras populares na Galiza viu-seacrescentada no último lustro po-la emergência de provas em pra-ticamente todos os concelhos ga-legos e a participaçom massivaem determinados eventos de re-ferência, como a Carreira Camin-

ho de Santiago (outubro), a SamMartinho de ourense (novem-bro), a volta à Ria de Ferrol (de-zembro) ou, mais recentemente,a Meia Maratona vigo-Baiona(março). Capítulo especial mere-ce a Maratona da Corunha, queem 21 de abril organizará a suasegunda ediçom e cuja consoli-daçom futura aguarda todo oatletismo popular.

Quem preferir as caminhadasconta também com umha grandeoferta de atividades, com percur-sos, interesses e graus de exigên-

cia ajeitados a todos os perfis,desde os 10 quilómetros da ivAndaina pola Serra do Galinhei-ro (21 de abril) até os 50 da XvMarcha a Santo André de Teixido(8 de junho), passando por op-çons intermédias como a já tradi-cional Andaina da Serra do Gerês

(2 de junho). Trata-se normal-mente de eventos nom competiti-vos, que primam a andaina emgrupo e o lazer associado à saúdee à valorizaçom do patrimóniocultural e natural. Contodo, a Fe-deraçom Galega de Montanhis-mo organiza umha Copa Galegade Andainas, que exige a partici-paçom num mínimo de quatroprovas de 50 quilómetros.

Numha dinámica mais compe-titiva, embora também relaciona-da com a procura de limites pes-soais e o conhecimento da natu-

reza, a mesma federaçom organi-za umha Copa de Carreiras deMontanha, consistente em quatroprovas realizadas entre os mesesde abril e outubro. Com longa tra-diçom em ámbitos como o cata-lám, nesta disciplina interven-hem as variantes da distáncia, odesnível acumulado no percurso,a técnica para enfrentar as desci-das ou a adequaçom à climatolo-gia. o campeonato galego terá lu-gar o 23 de junho, coincidindocom o muito conhecido, pola suadureza, Trail Chandrexa de Quei-xa (ourense).

A todas estas opçons podería-mos somar ainda outras, como ascarreiras de orientaçom e osraids de aventura, disciplinas queincorporam valores como a auto-nomia pessoal, a estratégia ou otrabalho em equipa, e cuja prin-cipal referência organizativa é aAssociaçom Galega de Clubes deorientaçom. De muita mais re-cente apariçom é o chamado “ca-nicross”, baseado na participa-çom conjunta dumha pessoa e doseu cam. Conta já com umha liganacional e depende, neste caso,da Federaçom Galega de Despor-tos de inverno.

“Quem nom corre... caminha ou brinca”

cada pessoa poderealizar as “voltes a

peu” ao seu ritmo

A lNB penetrou por primeira vez emterritório português

aS carreiraS PoPulareS floreScem noS concelhoS Da Galiza

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25DeSPortoSNovas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2013

A. RUA NOVA/ o futebol gaélico es-tá a viver um autêntico florescer naGaliza. o fator que motivou tam rá-pida expansom deste desporto foio amigável internacional entre aSeleçom Galega e a Bretoa, reali-zado o passado julho em Narom.Graças ao trabalho dos organiza-dores do evento, Siareiras Galegase a Fundaçom Artábria, prendeu afaísca do desporto na Terra. Cola-borou também a única equipa defutebol gaélico que existia na alturana Galiza: os Filhos de Breogám.Em abril de 2013, nove meses após

o jogo, contamos já com 9 equipas:Suévia FG e Santiago em Compos-tela, Faísca em vigo, irmandinhose Bráithreachas (filial dos irman-dinhos) na Estrada, Afiadoras deourense, Mecos de ogrove, Filhosde Breogám da Corunha, Ártabrosde oleiros (filial de Filhos), e o nú-mero continua a crescer.

o futebol irlandês está reguladopola GAA (Gaelic Athletic Asso-ciation), que nasceu em 1884 econta com mais de um milhom desócias. Entre as suas regras afir-ma a condiçom amateur das joga-

doras e jogadores. organiza dife-rentes competiçons e a mais afa-mada é a All-Ireland Final, jogoentre condados irlandeses, quetambém inclui o Ulster, onde jo-gam maiormente nacionalistas.

Algo mais do que um desportoo rápido crescimento inicial da

GAA foi devido ao seu papel comoparte de um grande renascimentocultural irlandês, intimamente li-gado com o nacionalismo. lem-bremos que esta associaçom nas-ce para reagir frente o modelo na-cionalizador do desporto inglês.

Porque o desporto foi um dos pia-res da construçom do Estado na-cional británico, que através dofutebol, ráguebi ou cricket, apan-hou um importante efeito de co-essom social, cultural e nacional,na Escócia ou Gales, mas nom emirlanda. Michael Cusack, um dosfundadores da GAA, declarou quedesejava promover a língua gaéli-ca e "nacionalizar e democratizar

o desporto em Irlanda”. Assim, ofutebol gaélico manifestou desdeos seus inícios um enorme com-promisso nacional com o projeto

político dumha irlanda livre. Semdúvida, o movimento desportivoirlandês foi mui importante paraespalhar o sentimento nacionalis-ta, e também foi impulsor da ati-vidade puramente política.

A repressom inglesa chegou atéproibir o desporto irlandês. Mes-mo muitos membros da GAA fô-rom mortos por paramilitares eforças de ocupaçom británicasdurante a luita pola independên-cia. Também tem havido numero-sos ataques sectários em clubesgaélicos na irlanda do Norte. E

até 2001 estivo vigente a regra 21,que impedia que membros dasforças de segurança británicasparticipassem nos jogos da GAA.

Suévia Futebol GaélicoApós o jogo internacional da Ga-liza de futebol gaélico, um grupode militantes e amigas da Gental-ha do Pichel dam o passo e deci-dem criar em Compostela o Sué-via FG, equipa que seguindo oexemplo irlandês levanta a ban-deira do compromisso social, na-cional e linguístico. o seu escudo

e o nome está inspirado na ban-deira do Reino Suevo da Galiza,“em homenagem polo 1.600º ani-

versário da fundaçom do Reino”,

comenta-nos Guida Bieites, joga-dora do Suévia.

Suévia FG é umha equipa plena-mente consolidada e tem, aliás umdos planteis mais nutridos da Gali-za: somam 25 pessoas. os objetivosde Suévia F.G passam por “ajudar e

apoiar o nascimento de mais equi-

pas por toda Galiza e continuar or-

ganizando torneios em importantes

festas populares”, aponta Alexan-dre Costa, jogador do Suévia.

Desporto nom profissionalDe Suévia pretendem impulsarum outro modo de fazer desporto.Querem fomentar o convívio depessoas, centros sociais, aldeias,vilas e cidades do país através dodesporto. Desejam rachar com osprincípios capitalistas e machistastam inerentes noutras disciplinasdesportivas. Guida valora mui po-sitivamente que a GAA “impeda

que as jogadoras e jogadores do

futebol gaélico cobrem, reforçan-

do o carácter popular do despor-

to”. Mesmo os estádios irlandesessom propriedade da GAA, que osfinança com colaboraçons das só-cias e as bilheteiras dos jogos. As-sim, evita-se a especulaçom urba-nística e a lavagem de dinheirotam presente no futebol.

Equipas mistasDo mesmo modo que um númeroimportante de equipas de futebolgaélico do país, em Suévia FG con-sideram que algumhas das nor-mas do jogo, fruto do contextodumha irlanda católica, som ana-crónicas e desrespeitosas com osdireitos das mulheres. Na liga fe-

minina da GAA, as mulheres ten-hem regras de jogo mais “fáceis”que as dos homens. Guida consi-dera estas normas “arcaicas e dis-

criminatórias” e di que “isto nom é

exportável para a Galiza do século

XXI”. Porém, a ideia do Suévia FGé “nom excluir, queremos incluir”,

argumenta Alexandre. Apontamque todas as pessoas tenhem di-reito a jogar a este desporto, e quequerem somar gente, e nom dis-criminá-la por razons de género,portanto, jogam com equipas for-madas por mulheres e homens.

Os jogosA Associaçom Galega de FutebolGaélico criada recentemente ini-ciou umha liga galega de 7 contra7 em que participam Filhos, Árta-bros, irmandinhos, Mecos eBráithreachas.

As equipas restantes do paíscontinuam com o trabalho de pro-moçom deste desporto, mas tam-bém a treinar, participando em di-versos torneios. o passado janei-ro celebrou-se o i torneio dos fu-ranchos de Sam Brais entre Sué-via FG e Faísca. o 16 de março, noencontro da festa de Sam Patrício,organizada pola Gentalha, houvoum triangular de futebol irlandêsentre Suévia, Faísca e Afiadoras.o próximo jogo será disputadoem Ponte vedra, coincidindo coma Festa do 25 de abril, e onde “de-

butará, quando menos, mais um-

ha equipa nova”, segundo nosanuncia o Alexandre. o dia dasletras Galegas contará tambémcom jogo de futebol gaélico, e deSuévia FG já anunciam a estreiada modalidade praia para o verao.Todas estas iniciativas auguramum longo e prometedor porvirdesde desporto na Galiza.

Após umha espetacular atuaçom no open de Pontevedra, a nadadora galega participará nos 800 m. li-vres, nos 400 estilos e nos 200 estilos nos mundiaisque terám lugar em Barcelona no mês de julho. os re-cordes nacionais estabelecidos por Gómez, de apenas18 anos, situam-na na elite internacional e confir-mam-na como a melhor nadadora galega da história.

trêS mínimaS munDialiStaS Para beatriz Gómez

Quatro atletas bascos fôrom desqualificados no campe-onato do mundo para veteráns, realizado em Donostiano passado mês de março, por usarem a vestimenta daequipa nacional basca e nom a da seleçom espanhola.A federaçom internacional de atletismo argumentou aobrigatoriedade de competir com a indumentária dasseleçons oficiais dos estados.

vetam inDumentÁria baSca noS munDiaiS De atletiSmo

A revoluçom do futebol gaélico na Galiza

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26 temPoS livreS Novas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2013

temPoS livreS

A.R.G. / Quando era pequenanom havia outro modo de ir daMarinha para Compostela quenom fosse percorrer um bom pe-daço da chamada nacional sexta.Era umha volta bem comprida,mas havia que passar por Guiti-riz, e isso era maravilha! Naslembranças de infáncia semprehá umha cantiga de berço, umhabronca grande que che dérom,um cheiro a armário da avó, e,talvez, um sabor. Neste últimoponto estará sempre a torta demilho de Guitiriz. Fazia-me graçaaté o nome. Na Marinha dizemosmaíz, e nom milho, que som cou-sas diferentes, mas isto dá paraum debate linguístico de mil ca-racteres, e estamos na seçom quevai de comer. A cousa é que rima-va tam bem “a torta de maíz deGuitiriz”, que ficou na memóriamesmo antes de comê-la. E de-pois de experimentá-la, nom hájeito de a esquecer. Para quemnunca a comera, é preciso dizerque se trata dum biscoito com mi-ga apertada e tenra, característi-co da manteiga. Aliás, vem comlenda: Ao parecer, no lugar doBoedo, havia umha vila pola quepassou a Sagrada Família inteira:criança, pai e mai, mas há ver-

sons que falam só da virgem, fa-zendo umha destas viagens pro-vatórias da lealdade do génerohumano, e dim que a torta foi ummilagre dela. Neste conto, a vir-gem aparece sozinha, procuran-do um lugar onde passar a noite.Na aldeia nom a querem, masumha mulher pobre, que vivecom os filhos numha casa afasta-da, dá-lhe abrigo, finalmente.Nom tenhem para comer, mas avirgem assinala à humilde mu-lher que talvez poda fazer umhatorta com a cinza da lareira. E,milagre, a cinza nom só ligou a

massa com a água, senom que setornou milho... et voilà! Mas acousa nom acabou aí, porque sehá prémio para uns, há castigopara os outros. Em toda a noitenom deixou de chover, e à manháseguinte a aldeia tinha desapare-cido baixo a água. Toda? Nom, acasa da mulher pobre estava em

pé, e o mundo conhecia a receitade doce mais rica do ídem. Destavolta a receita nom vai com cinza,mas é para um molde de coroa -écaracterístico o buraco centralnesta torta-, de 8 cm. de ancho, e7 de profundidade. Devemos pro-curar manteiga de vaca cozida(150 gramas), que nom há ser di-fícil, mas se nom a encontrarmos,deveremos clarificar a comprada.Para isto, precisamos 200 gramasde qualquer marca comercial, alume lento, até derreter. Depois,retira-se-lhe a espuma branca edeixamos que arrefeça e solidifi-

que na geladeira. Podemos fazeresta operaçom o dia antes. va-mos precisar 110 gramas de fari-nha de trigo de força; 110 gramasde farinha de milho; 6 ovos -ou 8,dependendo da forma-; 200 gra-mas de açúcar, mais um poucopara deitar por riba; 10 gramasde fermento; a raladura dum li-mom, um pouco de anis -opcio-nal-; e umha pitada de sal. Come-çamos a preparaçom misturandoa manteiga a temperatura am-biente com o açúcar, a raladurado limom e o anis. Bate-se comas varilhas até que se faga umhamassa homogénea, acrescentam-se os ovos, um a um, até que li-guem com a massa e o sal. Deve-mos acrescentar aos poucos asfarinhas tamiçadas com o fer-mento, e misturar até que nom fi-quem gromos. Finalmente, deita-mos a mistura na forma com umpouco de açúcar por cima antesde o meter no forno. Este deveráestar preaquecido a 180º durante30-35 minutos, com a placa infe-rior e o ar. A receita foi tirada damui recomendável páginahttp://cachiodoce.blogspot.com.es, onde se podem encontrar um-ha cheia de doces tradicionais ga-legos.

conta-se que a virgemmandou fazer a torta

com a cinza da lareira

PEPE ÁRIAS / Um dos momentosde maior comoçom e, ao mesmotempo, de capacidade de reaçome de criatividade na rua, foi oafundimento do Prestige e o nas-cimento do movimento NuncaMáis. Passárom dez anos já, e pa-rece ontem quando umha maréde dignidade coletiva e de auto-organizaçom para limpar aspraias perante a incapacidademostrada polos governos centrale autonómico apareceu de formatransitória na nossa sociedade.Foi umha implossom social comoaquelas que aparecem nos livrosde história sobre os grandes mo-mentos, ainda que parece que,como já tem acontecido com ou-tros, esse nós coletivo que pensa

e quer outra realidade tampoucofoi quem de impor-se e constri-la.

o relato do jornalista Xosé Ma-nuel Pereiro é indiscreto. Porqueanalisa as mentiras do poder, asfalsidades do senhor “de los hili-llos” do qual ainda nom nos pui-demos liberatar. Dos nomes queaparecem nesse juiço-farsa ondese julga um velho capitam de bar-co grego e nom os donos da mer-cadoria e da própria nave, camu-flados entre várias corporaçonsinternacionais colocadas estrate-gicamente em paraísos fiscais pa-ra nom ter que dar contas de ab-solutamente nada. Com o seu ha-bitual humor acedo, o autor do li-vro apresentado na coleçom Xor-nalistas de 2.0 Editora recompom

muitos elementos que apenaspermaneciam no nosso subcons-ciente e que fam que pensemos

nesse dia e em todos aqueles in-fames que se passeárom por estepaís. Destaca o velho propagan-dista do aznarato Alfredo Urdaci,a quem a jornalista letizia ortizajudava a escapar de galegos egalegas dispostos a entrometer-se diante das mentiras da TvE.ou o recentemente beatificadoManuel Fraga, que pretendia so-lucionar o problema a zambom-bazos porque foi mediante a vio-lência durante a ditadura como sepermetuou eternamente da Cida-de da Cultura. ou também ao va-lente alcalde de la Coruña que ju-rou impedir a entrada do Prestigena ria, o qual teria ajudado bas-tante a solucionar a situaçom.

o livro de @sihomesi é umha

reconstruçom imprescindível dosacontecimentos contados com ri-gor, umha bateria de argumentoscontra o silêncio que nos fam per-guntar se isso da memória histó-rica é umha pílula para nom es-quecermos o que nos fam. Faltapara mim umha parte essencial: ahistória militante destes aconteci-mentos, como se configurou a rai-va contra a maior agressom eco-lógica à naçom galega que se re-corda desde sempre, e a principalpergunta: como e porque essagram dose de inteligência, essagram dose de dignidade nom che-gou demasiado longe.

Pereiro, XM Prestige: Tal como foi, tal

como fomos. 2.0 Editora, Ames, 2012.

A ‘mala virgen’ da virgem... ou a torta de milho de guitiriz

entrelinhaS PreStiGe: tal como foi, tal como fomoS

GaStronomia

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27temPoS livreSNovas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2013

Que fazer

16.04.2013 / MERCADO ‘EN-TRE lUSCO E FUSCO’ /19:00 no Parque de Belvis.COMPOSTElATodas as terças-feiras. inclui‘Espaço de Troca’ de diferentesobjetos, roupa, etc.

17.04.2013 / APRESENTAÇOMDA NOVElA 'GAlIZA MU-TANTE: PODER NUClEAR' /19:30 no C. Sociocultural OEnsanche (Frei Rosendo Sal-vado 14-16). COMPOSTElAEditada entre Urco e ContosEstraños e escrita por TomásGonzález Ahola.

17.04.2013 / PROJEÇOM DEOURO AZUl, A GUERRA DAáGUA / 20:00 na A.VV. A Xun-tanza (Corredoira das Frá-guas, 37). COMPOSTElANo ciclo ‘Conhecer para Cam-biar’ da associaçom vicinal,verdegaia e Amarante.

17.04.2013 / PROJEÇOM DESOBIBÓR, 14 DE OUTUBRODE 1943, 4 DA TARDE, DEClAUDE lANZMANN / 21:30no C.S. O Pichel (Rua SantaClara, 21). COMPOSTElAorganiza o Cineclube de Com-postela. voSG.

18.04.2013 / PROJEÇOM DETOUT VA BIEN / 20:00 no C.S.A Revira (Rua Gonzalo Ga-llas, 4). PONTE VEDRANo programa do cineclube daliga Estudantil Galega.

19.04.2013 / DEBATE ‘CARAONDE IMOS? PROPOSTAS ESOlUÇONS DESDE GAlIZAPARA SAÍRMOS DA CRISE’ /20:00 na Biblioteca Munici-pal (Avenida de Ourense, 8).MARIMorganiza o Coletivo Naciona-lista de Marim. ParticipamAnova, BNG, Causa Galiza-CCPi, Movemento pola Base,Nós-UP e PCPG.

19.04.2013 / APRESENTA-ÇOM DE 'lETRAS DE AMORE GUERRA' / 20:00 na livrariaÀ lus do Candil (Rua Histo-riador Vedia, 3). ARTEIJOCom a presença do autor, Ra-miro vidal Alvarinho.

19.04.2013 / GRUPO DE ES-TUDOS / 21:30 no C.S. Mádialeva (Rua Serra de Ancares,18). lUGOSobre ‘A crise do dinheiro’.Ceia e debate.

20.04.2013 / PROJEÇOM DEVÍDEO E CHARlA-COlÓ-qUIO 'OUTRA BANCA ÉPOSSÍVEl' / 19:30 na Taber-tenda (Rua Ponte Vedra, 2).SAlZEDA DE CASElASorganiza a A.C.D.E. Treze Ca-torze. Com a presença de mem-bros de Fiare.

20.04.2013 / CEIA BRETEMO-SA / 22:00 no C.S. O Fresco(Bairro da Ponte). PONTE-AREIASPara arrecadar fundos para oFestival das Brétemas; concer-tos de Satxa na leira e Yemet.

20.04.2013 / FESTIVAl AN-TROSPINOS MIúDO / 22:00no Campo de Arriba. RIANJOAtuam Familia Caamagno, Ul-traquans e os tres trebóns. Aorematar pinchará Bigote Mix.Há mais atividades de tarde.

23.04.2013 / PROJEÇOM DEO MAqUINISTA DA GENE-RAl / 19:30 no Ateneu Ferro-lano (Rua Madalena, 202-204). FERROlNo Ciclo de Cinema do Ateneu.

24.04.2013 / PROJEÇOM DETORRE BElA, DE THOMASHARlAN / 21:30 no C.S. O Pi-chel (Rua Santa Clara, 21).COMPOSTElAorganiza o Cineclube de Com-postela. voSG.

24.04.2013 / PAlESTRA ‘ACRISE DO ESTADO E ESTRA-TEGIAS SOBERANISTAS’ /Hora por confirmar no C.S.Mádia leva (Rua Serra de An-cares, 18). lUGO

24, 25, 26 e 27.04.2013 / VI SE-MANA DE POESIA SElVA-GEM / Diferentes espaços.FERROlo programa completo está nasua página web: http://www.po-esiasalvaxe.com/.

25.04.2013 / PROJEÇOM DEA BATAlHA DE ARGEl /20:00 no C.S. A Revira (RuaGonzalo Gallas, 4). PONTEVEDRANo programa do cineclube daliga Estudantil Galega.

26.04.2013 / CONCENTRA-ÇOM POlA lIBERDADE DOSPRESOS INDEPENDENTIS-TAS / 20:00. lUGO, OUREN-SE, VIGO E COMPOSTElAAs últimas sextas-feiras de ca-da mês. informaçom emhttp://www.ceivar.org/.

27.04.2013 / RECITAl ROSA-lIANO DE A PORTA VERDE /20:00 na Casa Museu de Ro-salia (A Matança, s/n). PADROM

organiza A Porta verde do Sé-timo Andar.

27.04.2013 / CEIA-CONCERTOCOM TINO BAZ E O SON DATRIGA / 22:00 na Casa daCultura (Rua Rainha DonaUrraca, s/n). SAlVATERRADE MINHOorganiza a SCD do Condado abenefício do Festival da Poesia.

27.04.2013 / FOlIADA / À tar-dinha no C.S. Gomes Gaioso(Rua Marconi, 9 - Monte Alto).CORUNHACom petiscos de graça. Todosos últimos sábados de mês.

27 e 28.04.2013 / JORNADASSOBRE EDUCAÇOM INFAN-TIl / 09:00 no CEIP ApóstoloSantiago (Rua Betanços, 55).COMPOSTElAorganiza a Associaçom de Téc-nicas Superiores em Educaçominfantil e a escola Semente.Mais informaçom em https://si-tes.google.com/site/ixornadaso-breeducacioninfantil/.

28.04.2013 / ROTEIRO POlOCEBREIRO (ANCARES) /09:00 frente à Faculdade deMagistério (Avenida de Ra-món Ferreiro). lUGOorganiza Adega.

28.04.2013 / PROJEÇOM DEO SENTIDO DA VIDA / 19:30no Ateneu Ferrolano (RuaMadalena, 202-204). FERROlNo Ciclo de Cinema do Ateneu.

03.05.2013 / VENRESPIRAR /22:30 na Cafetaria da Biblio-teca (Cámpus Universitário).OURENSEFesta tradicional itinerante. or-ganiza A.C. Algaravia.

06, 07 e 08.05.2013 / CURSODE ClOwN / 16:00 no localdo Coletivo Terra (Rua BoaVista, 8). PONTE D’EUMEMinistrado polo grupo teatralNiumpaloal´Arte. inscriçomem [email protected].

10, 11 e 12.05.2013 / REPER-KUSIÓN / Toda a jornada naCidade dos Muchachos(Bemposta). OURENSEConcertos de Manu Chao, Fer-min Muguruza, e outros artis-tas; passa ruas, obradoiros emais atividades. Mais infoor-maçom em http://www.reperku-sion.com/.

11.05.2013 / FOlIADA FESTADA lÍNGUA / 21:30 no Multiu-sos (Rua Serra de Ancares,18). MARIMAs pessoas que saiam tocar es-tám convidadas à ceia.

ferrol, corunha e lugo comemoram a “quedado fascismo” em Portugal no 25 de abrilDiferentes coletivos preparam fes-tas e atividades para comemorara Revoluçom dos cravos, que re-matou com a ditadura salazaristaem Portugal.O centro social Mádia leva (RuaSerra de Ancares, 18) de lugoprepara umha festa de homena-gem no dia 25. Os conteúdos ehorários estám ainda por confir-

mar, publicaram-se no blogue daassociaçom http://agal-gz.org/blo-gues/index.php/madialeva/.O Ateneu ferrolano celebra umato “poético-musical” na sua sede(Rua Madalena, 202-204), emferrol. Será o dia 26 de abril des-de as 20:00.Na corunha, o centro social go-mes gaioso (Rua Marconi, 9 -

Monte Alto) organiza um concertode balde com o fadista portuguêsRui Oliveira. Será no dia 25 desdeas 21:00. Ao dia seguinte, desdeas 22:00, haverá umha festa commúsica portuguesa e petiscos,também de balde. com estes atosa associaçom também comemoraos cinco anos de vida do centrosocial.

Jornadas sobre marxismoO sábado, 20 de abril, celebram-se em compostela as XVii Jorna-das independentistas galegas dePrimeira linha. levam por título‘Karl Marx 1883-2013 Tomar océu por assalto’ e arrancam às11:00 no c.S. O Pichel (RuaSanta clara, 21).

As jornadas estám protagoniza-das pola análise e reivindicaçomda figura de Marx e nelas inter-venhem o filósofo Jean Salem, amilitante Nines Maestro, o mem-bro das cUP Joan Teran e Silves-tre lacerda, do Arquivo Nacionalda Torre do Tombo (Portugal).

O domingo 21 de abril será rea-lizada a iV Andaina para recla-mar a proteçom da Serra do ga-linheiro, que organiza a plata-forma criada para o mesmo fim.A caminhada sai do Parque flo-restal de Zamáns às 10:30, efinaliza no mesmo lugar às14:00. Ao finalizar será lido ummanifesto e haverá música epoesia com Os carunchos, Re-xina Vega, Paco Barreiro, Ma-nolo Pipas e leo i Arremecág-hona, e um jantar popular.

Andaina poladefesa dogalinheiro

21 De abril

revoluçom DoS cravoS

em comPoStela

ENVIA CONVOCATÓRIAS aocorreio [email protected] do dia 12 de cada mês.

Anuncia os teus atosno NOVAS DA GAlIZA.

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Novas da Gali a Apartado 39 (15701) cOMPOSTElA Tel. 692 060 607 [email protected]

quando umha força políticaafirma ser partidária doestado próprio, e tanto no

BNg como em Anova já o tenhemfeito, é de supor que o posiciona-mento é algo mais que um gesto.Dizer que se está pola indepen-dência nom é dizer que se preferea limonada antes que a laranjada.A diferença entre a integraçom naEspanha e a independência é um-ha mudança qualitativa de tal ca-libre que condiciona toda a açompolítica. Se somos partidários daindependência... a independên-

cia é a questom.

Agora bem, o novo status polí-tico nom há chegar só, cumpredar passos para alcançá-lo e paraque a declaraçom solene da aspi-raçom nacional nom se veja comoestratégia partidista, como quemsolicita requalificar um solar seuainda que non tenha pensadoconstruir nele, porque aumenta oseu valor ou como um brinde aosol. Se dizemos ser vegetarianosvai ser visto como raro que coma-mos carne e peixe a diário. issoentende-se, nom?

Um dos passos a dar seria tra-balhar no estado e nos foros inter-nacionais para que seja reconhe-cido o exercício do direito de au-todeterminaçom. Outro seria ex-plicar a justiça, a lógica e as van-tagens do estado próprio, se sequer com discursos mas tambémcom gráficas de dados. igualmen-te seria oportuno que cada debatepolítico maior se enfocasse deagora em diante baixo o prismado objetivo da independência. Eainda outro passo seria definir omarco legal do projeto e estabele-cer calendários

A nível prático, para o ano2014 é anunciado o referendo decatalunha. que ao pior nom sefai, mas o simples fato de ser pro-jetado já tem valor. E se é feito...que vamos fazer nós esse dia? Vê-lo na televisom? Porque nom pro-pomos a nossa consulta e obriga-mos a que nos digam que nom epor que? Porque nom o fazemoscoincidir com o referendo da Es-cócia, que sim vai ser realizado,para que o PP nos explique porque na tradicional gram Bretan-ha, paradigma da democraciaparlamentária, o seu partido ir-mao dos tories e a cámara dosLords dim que na Escócia si sepode e aqui eles dim que nem de

brincadeira? Já ouço que a nossaproposta seria um fracasso. quemdijo que fosse ser um êxito?

Xurxo Borrazás

inDePenDência?

Como chegas a Galiza?Primeiro estive em Portugal, on-de estudei e trabalhei na cons-trução. Ali conheci uma rapari-ga galega que me convidou a virpara a Galiza trabalhar comoum rei. Eh pá! Eu encantado.Mas quando cheguei era parafazer de rei Baltasar.

Num tempo, a rapariga, queera minha namorada, arranjou-me um emprego numa granjade porcos. Mais tarde comecei adedicar-me ao mundo artísticoe comecei a trabalhar de servi-dor, frente ao público. Fiz umcurso de teatro no Espazo Aber-to de Sam Pedro e comecei atrabalhar com a companhia Cá-mara Ditea. Mais tarde partici-pei no programa land Rover daTvG fazendo humor e fiz algu-ma curta-metragem e longa-me-tragem.

Recentemente terminei umdocumentário que fala para oBrasil em termos linguísticos:há que reparar em que afinal,um galego, um angolano e umbrasileiro entendemo-nos per-feitamente. Há que dar a conhe-cer a língua galega no mundoporque tem muito a ver com oportuguês igual que o portuguêstem muito a ver com o galego.

É raro ver presença lusófonana TVGEu fiz os meus sketches em ga-lego, o público era galego, e todo

o mundo me entende perfeita-mente.

A situação é complicada paraqualquer imigrante e o cenárioda cultura também é precário.É mais difícil dedicar-se a istosendo imigrante?É. Eu comecei a trabalhar na ho-telaria, Compostela é uma cida-de universitária e portanto hámuito bar. Mas o mundo artísti-co nom é fácil para um imigran-te. Tive sorte com determinadascoisinhas que fui fazendo, vouenviando os meus currículos aprodutoras, mas nom é fácil.

Como se faz humor em Angola?Em Galiza temos a retranca.Há determinadas expressõesque nos custa entender aos imi-grantes. Atendendo à vossa cul-tura, por razões históricas, osgalegos são muito desconfiadose por isso tenhem a retranca.Existe essa realidade culturalfruto dessa história, mas a nóstoca-nos outra.

Muda muito a maneira de fa-zer humor em Angola?É um bocado diferente. vai umexemplo: Na década de 80 e 90,a juventude angolana começoua emigrar para Portugal e amaioria trabalhava na constru-ção. Na hora de comer -que nóschamamos “almorço” e aqui é ocontrário, o nosso almoço é o

“jantar”- havia umha separação:os angolanos de uma banda e osportugueses da outra. Que é oque aconteceu? Um dos portu-gueses, enquanto comiam a so-pa, viu um angolano a comer acarne, mas também o osso dacarne. o português foi pregun-tar ao angolano: “Se tu aqui es-tás a comer os ossos da carne, lána Angola, que é o que comemos cães?”. o angolano, após ol-har os portugueses, respondeu:“lá na Angola os cães comemsopa”.

Além do português, em Angolafalam-se mais línguas.No meu país há entre oito lín-guas nacionais. Mas a língua ofi-cializada é o português. Eu fa-lando português estando na Ga-liza, torna-me mais doada a co-municação. Fum criado em por-tuguês.

No norte de angola falam kim-bundu, no sul falam umbundu, eem vários pontos de Angola fa-lam-se outras línguas que tenhoque confessar que não sei por-que emigrei logo para Portugal,depois para a França, para oBrasil e, por último, para aqui.

Que status crês que deveriamter todas essas línguas?

Acho que, como acontece naGaliza, que dá a conhecer a lín-gua galega no mundo, no meupaís as línguas nacionais deve-

riam ser reconhecidas e tambémdar-se a conhecer, porque somlínguas nacionais e isso estábem conservá-lo. os portugue-ses levaram a igreja católica pa-ra Angola e colonizaram-noscom a sua língua, mas as línguasverdadeiras de Angola som okimbundu e o umbundu, entreoutras. o português é uma lín-gua implantada. Em termos decomunicação estamos conten-tes, podo viver na Galiza falandoportuguês e sou perfeitamenteentendido.

Quando vou almoçar às casasdos meus amigos na aldeia, assuas avós, após servirem a co-mida, sempre perguntam: “Pau-lo, queres um pouco de molho?”.Nós em Angola falamos “mol-ho”, na Galiza falam “molho” asavós, mas as novas geraçõesempregam o castelhano “salsa”.isso não é galego. Encanta-meouvir as avós porque falam umgalego mais parecido ao portu-guês de Angola.

A gente gosta mais da tua for-ma de falar quando fazes ummonólogo?A gente gosta mais quando faloportuguês, que tem mais a vercom o galego antigo. Estamosna Galiza e a gente está contentede ouvir galego numa pessoa defora como eu. Muita gente ficasurpreendida de que um imi-grante fale galego!

“Gosto de ouvir as avós galegas porque falam mui parecido ao português de Angola”RAUL RIOS / Muitas vezes pensamos na língua galega comoum instrumento que nos abre possibilidades noutros paísesde fala lusófona, mas raras vezes reparamos em que, paramuitas pessoas, o português também é um instrumento pa-ra viver na Galiza. Paulo Alexandre é uma dessas pessoas.

A sua ferramenta de trabalho é a palavra. Conhecido por fa-zer monólogos na zona velha de Compostela, também é atorde teatro e televisão. Encontro com ele no bar As Dúas, ondevai atuar numa festa solidária com o seu amigo Paterne, umsenegalês multado por não ter “papeis”.

Paulo alexanDre, monoloGuiSta e ator