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O Caracol, um exemplo a seguir Pág. 9 Outubro 2014 - edição nº4 Eco-Cartaxo - Movimento Alternativo e Ecologista www.ecocartaxo.pt - [email protected] CLR Project Intervenção Humanitária em Portugal e África Pág. 3 Destruição da Amazónia e Altera- ções Climáticas Pág. 10 Boletim subsidiado pelo Programa Europeu JUVENTUDE EM ACÇÃO HORTAS URBANAS DO CARTAXO Um projecto para crescer Pág. 2-3

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O Caracol, um exemplo a seguirPág. 9

Outubro 2014 - edição nº4 Eco-Cartaxo - Movimento Alternativo e Ecologista www.ecocartaxo.pt - [email protected]

CLR Project Intervenção Humanitária em Portugal e ÁfricaPág. 3

Destruição da Amazónia e Altera-ções Climáticas Pág. 10

Boletim subsidiado pelo Programa Europeu JUVENTUDE EM ACÇÃO

HORTAS URBANAS DO CARTAXO

Um projecto para crescer Pág. 2-3

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Boletim “A MÃE”2

FICHA TÉCNICA

Autoria: Eco-Cartaxo - Movimento Alternativo e EcologistaSede: Rua José Ribeiro da Costa nº166 – 2070-099 CartaxoNIF: 508 323 177 Contactos: 91 488 75 95 | 243 79 95 86 | 91 425 42 00 www.ecocartaxo.pt - [email protected]ção: José Louza Revisão: José Louza, Maria Helena da Silva, Telmo Monteiro Colaboração: Ana Mesquita, Ana Silva, Daniela Nunes, Francisco Calado, João Januário, Maria de Fátima Leal, Maria Helena da Silva, Miguel Bento, Rui Magro, Sónia Carvalho, Vera GuerreiroPaginação: Telmo Monteiro Grafismo: Rui BernardoTiragem: 500 exemplares

EDIT

OR

IAL Tem nas mãos o novo número do nosso (e vosso) boletim. Quem leu o número

anterior sabe que a Eco-Cartaxo só pode aventurar-se a editar estes textos graças ao programa ”Juventude em acção” e que estas publicações fazem parte do projecto “Verde-Maduro”. Neste contexto publicar-se-á mais um boletim. Depois… não sabemos. A menos que surja um mecenas disposto a financiar a edição de três ou quatro números por ano. Achamos, no entanto, que este veículo é essencial para a sensibilização da população do concelho para a problemática ecológica, uma das questões centrais e inadiáveis da nossa época, e um instrumento indispensável para o desenvolvimento da nossa actividade. Durante a preparação destes dois números uma necessidade tornou-se evidente. Precisávamos que, no futuro, esta publicação tivesse mais algumas páginas para desenvolver mais alguns assuntos e diversificar os temas tratados. E se o mecenas almejado fosse um grupo de cidadãos interessados? Vamos pensar nisso…

HORTAS URBANAS DO CARTAXO

Desde há cerca de três anos, após demorado

processo, que as “Hortas Urbanas do Cartaxo”, situ-adas na Quinta das Pratas, estão em funcionamento permitindo a produção de legumes nos mais de 20 talhões, até à data, dis-tribuídos. Não têm sido atribuídos mais talhões devido ao facto de escas-sear o espaço, ainda que haja uma lista de pessoas que esperam por uma opor-tunidade.Este projecto, quanto a nós, satisfaz um grande número de necessidades: trabalho ao ar livre, apren-dizagem da horticultura, produção de legumes mais sãos e, até, mais nutritivos, algum alívio do orçamento familiar, convívio com

pessoas com objec-tivos idênticos. Até os pequenos desas-tres relacionados com a imprevisão do tempo, invasões parasitários ou de animais podem ser uma fonte de ensi-namentos. No entanto nem tudo vai bem nas “Hortas” e isso pode ser fruto, para além de outras causas de que se falará noutros artigos, do estatuto indefinido em que elas têm vivido até hoje. Vejamos, pois, como tudo começou.No início das negocia-ções, entre a Câmara, e a Eco-Cartaxo, visando a criação das “Hortas”,

o projecto era encarado como uma parceria entre aquelas duas entidades. O que se compreende, uma vez que a Eco-Cartaxo não possui as capacidades

legais para resolver alguns problemas que poderiam eventualmente surgir, mas sobretudo porque essa parceria respeitava a ordem natural das coisas.

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Boletim “A MÃE” 3

O Regulamento então elaborado obedecia a esse princípio. Levantaram-se, então, questões referentes à morosidade do processo representado pela aprova-ção do Regulamento nos órgãos municipais. Foi-nos, então, feita a proposta de produzir um novo regula-mento que eliminava a par-ceria, passando a Câmara a aparecer como “apoiante” e não como “parceiro”. Mas esta solução híbrida seria, apenas, uma solução transitória, enquanto o “verdadeiro” regulamento continuava o seu lento per-curso. Esta a situação, em que as “Hortas” se regem por um regulamento que dificilmente se poderá fazer cumprir, particu-larmente no capítulo das

penalizações previs-tas que estabelecem a expulsão em caso de desacatos graves ou de não ser res-peitada a obrigação da não utilização de produtos proibidos na prática da agricul-tura biológica.Além do mais, como se compreenderá, uma parceria activa traria outras pos-sibilidades técni-cas, em particular no capítulo da lim-peza do terreno e na remoção de materiais, em especial restos dos anti-gos viveiros da Câmara. Como todos sabem a Eco-Cartaxo não possui máqui-nas capazes de executar tais tarefas. Fazê-lo ma-

nualmente não seria teoricamente impos-sível, mas só quem conhece o local pode fazer uma ideia do imenso esforço que tal representaria. A Eco-Cartaxo conti-nua a insistir para que a Câmara se empenhe na realização de tão indispensável parce-ria.Há propostas e acordo tácito para o alargamento das “Hortas Urbanas”,

mas sem a parceria activa de que se falava a opera-ção tornar-se-á demorada e, porventura, impossível. E poder-se-ia, sem custos significativos, multiplicar por dois o número de uti-

lizadores. Todos teríamos a ganhar com isso. E ga-nhava também o Cartaxo. A multiplicação de terre-nos abandonados desfeia a cidade e a própria Quinta das Pratas.As ”Hortas Urbanas do Cartaxo” podem ser um espaço cuidado, agradável, útil e, até, belo. Mas para tal é necessário, absoluta-mente indispensável, que todos colaborem: utiliza-dores, Câmara, Eco-Car-taxo e, porque não, outros voluntários. Sem ideias

preconcebidas e com sen-tido de entreajuda e de companheirismo.

J.L.

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Boletim “A MÃE”4

CLR PROJECT INTERVENÇÃO HUMANITÁRIA EM PORTUGAL E ÁFRICA

Ajudar - “Ato ou efeito de ajudar; auxílio;

socorro” in Dicionário Porto Editora. Faz parte da natureza humana o instinto de Ajudar, sem esperar qualquer rec-ompensa. Foi na primeira viagem a S. Tomé e Príncipe em 2010 que começou a brotar a vontade de semear sorri-sos. O contacto com uma realidade tão díspar da nossa, fez refletir e pensar como está tão facilmente ao nosso alcance podermos ajudar quem precisa. Já em Portugal, os sorrisos multi-plicaram-se pelas crianças portuguesas e mais tarde pelas crianças do mundo inteiro. Assim nasceu o Projeto CLR!Este projeto, sediado no Cartaxo, assenta em três pilares base: alimentação, educação e direitos huma-nos. Apesar de estar dire-cionado sobretudo para as crianças, tem já feito inter-

venções em outras faixas etárias, incluindo terceira idade: nunca fechamos a porta.Em Portugal, o CLR centra o seu apoio em centros de acolhimento temporário para crianças (CATs) e no apoio a famílias caren-ciadas que se dirigem diretamente à instituição. Exemplos disso, são a entrega frequente de bens alimentares e de higiene, roupa e calçado ou ainda a execução de pequenas obras de reabilitação de espaços, como foi o caso recente de um novo portão para o centro de acolhimento do Montijo, garantindo assim a segurança das crianças. A atual conjuntura leva a que as pessoas se unam, com o espirito solidário emergente notoriamente mais ativo. Na outra face da moeda, estão os pedi-dos de ajuda que crescem de forma avultada. Neste momento, o apoio do CLR

chega a 3 centros de aco-lhimento no país (norte, centro e sul) e a cerca de 12 famílias. A estes acrescem pedidos pontuais e ajudas a outras instituições, como é o caso de instituições de apoio aos sem abrigo (como a Comunidade Vida e Paz), criando sinergias para o bem comum.Lá fora, onde os nossos antepassados deixaram a língua portuguesa, não esquecemos as crianças que têm outras ausên-cias e outras carências, numa métrica e profun-didade diferente da nossa realidade. Atualmente, o CLR chega a São Tomé e Príncipe e a quatro ilhas de Cabo Verde, com apoios direcionados para escolas e famílias em zonas rurais isoladas e bairros pro-blemáticos. Na primeira intervenção feita em São Tomé, o CLR levou 3 vo-luntários e 880kg de carga (roupas, sapatos, mate-

rial escolar e brinquedos) que chegaram a 2 esco-las, 2 creches, 4 aldeias e 2 roças. Éramos poucos, mas fizemos muitos sorri-sos! Recentemente, ainda este ano, o CLR interviu na ilha do Maio em Cabo Verde com cerca de 400kg de material escolar, recu-peração de carteiras e mesas para o novo ano lec-tivo e colaboração na cria-ção da biblioteca da escola secundária.Vivendo exclusivamente de trabalho voluntário e donativos o CLR é a prova de que a união e a vontade são armas muito pode-rosas e que afinal, é fácil Ajudar!

Queres juntar-te a nós? Procura-nos em www.facebook.com/CLRPOR-TUGAL e www.facebook.com/CLRAFRICA

V.G.

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Boletim “A MÃE” 5

Projecto Verde-Maduro

Embora possa pare-cer paradoxal um

dos grandes problemas da sociedade actual é a solidão. Digo que parece paradoxal porque com as novas tecnologias (internet, facebook, etc.) as pessoas têm a sensação de intera-gir mais. Interagem, mas não convivem. Deixou de haver convivência verda-deira. Já não nos sentamos à roda duma mesa para conversar, debater ideias ou simplesmente bisbi-lhotar, ao mesmo tempo que nos olhamos nos olhos e estudamos as expressões dos rostos dos outros. As relações que temos uns com os outros perderam o seu lado humano.Uma das vertentes mais importantes do projecto “Verde-Maduro”, assim como um dos sonhos dos seus promotores, é lutar contra essa solidão. Os jar-dins foram, desde sempre, agradáveis espaços de encontros e reencontros, de brincadeiras e de jogos. As pessoas que participam no projecto, pessoas de todas as idades, convivem umas com as outras e discutem ideias, projectos e sonhos. E é isso que valoriza o “Verde-Maduro”. O jardim do Valverde

Acompanhe o projecto através do nosso blogue http://projectoverdemaduro.blogspot.pt/ ou no nosso grupo do facebook em https://www.facebook.com/groups/verdemaduro/

APOIOS

CONVIVER…E PORQUE NÃO NO VALVERDE?

Pode ouvir semanalmente o programa do Projecto Verde-Maduro na Rádio Jornal Tejo FM em 102.9 nos seguintes horários:- 2ª Feira às 14:45- 4ª Feira às 21:20- Sábado às 11:30

votado ao abandono era um cancro vivo no centro da cidade. Ainda não há muito tempo o Cartaxo era uma cidade viva, com pes-soas nas ruas e nos cafés à noite, que falavam umas com as outras, ecoavam risos nos passeios. Agora, à noite, as ruas desertas começam a parecer-se com as daquelas cidades, onde apenas o medo as habita. Como se chegou a este estado de coisas? Como foi possível atingir este estado de solidão e medo? Em ver-dade e se pensarmos bem fomos todos coniventes, fomos todos responsáveis,

ainda que cada um de nós se pense como inocente. A verdade é que por desaten-ção, preguiça, comodismo, irreflexão, este estranho estado de coisas instalou-se insidiosamente. Precisa-mos urgentemente de con-viver uns com os outros, de discutir o que pensa-mos, sentimos e sonhamos e também o que queremos. E assim transformar a cidade. A sociedade é con-stituída por nós próprios, em especial no que temos de melhor.Venha ter connosco todos os sábados à tarde ao jardim do Valverde e aju-

demo-nos, uns aos outros, a criar uma sociedade diferente, com mais con-vivência, mais amizade, mais debate de ideias, mas sobretudo com mais calor humano.

M.H.S.

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Projecto Verde-Maduro

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Boletim “A MÃE” 7

Projecto Verde-Maduro

DEPOIMENTO

Ainda tinha 14 anos quando uma vizinha

e amiga me falou do pro-jecto “Verde-Maduro” e me convidou para ajudar nos trabalhos que se estavam a desenvolver no Jardim do Valverde. Estávamos no mês de Março e desde essa altura passei a colaborar e participar activamente nas actividades do projecto.Gostei, desde o início, de estar a viver novas experiên-cias e continuei a ir todos os sábados ao Jardim do Valverde. Mais tarde, já no mês de Junho, como tinha de cu-mprir um estágio que fazia parte do meu ano escolar e como soube que a Eco-Cartaxo era uma das insti-

Tudo começou quando ambos decidimos parti-

cipar (sem nos conhecermos) num projeto relacionado com ecologia e cidadania denominado Projecto Verde--Maduro. Conhecemo-nos num ambiente particular-mente fora do vulgar, onde, no meio da natureza, vigo-rava a amizade e a tentativa de fazer algo de diferente na nossa amada cidade. A amizade foi crescendo, e com ela gostos foram parti-lhados, percebemos que ti-nhamos valores e objectivos de vida em comum, e com isto o plano foi-se constru-indo. Para esta utopia um dia se tornar realidade, sabía-mos que iríamos necessitar de adquirir novas competên-cias e novas formas de ver o mundo. Para isto acontecer, era necessário uma mudança

FORA DA ZONA DE CONFORTOradical de ambiente. Eu, Francisco, antes de o projeto ter começado, sabia da existência de uma escola na Dinamarca onde se lec-ciona agricultura biológica. Passei muitos meses a pensar nesta possibilidade como meu futuro, e com o Rui encontrei alguém com quem partilhar a minha aventura. Com o apoio da minha familia e amigos decidi levar esta idea para a frente.Na altura eu, Rui, estava desempregado, sem grandes expectativas para o meu futuro. Quando o Francisco me falou na sua ideia de ir para a Dinamarca, fiquei intrigado. Se fazia sentido pertencer a este projeto, onde o bichinho sobre a Natureza brotou, mais sentido fazia acompanhar o Francisco

nesta aventura por terras escandinavas. Após falar com a minha família, decidi que este era o caminho que queria seguir.A partir do momento em que entrámos no avião, tudo ganhou uma nova perspec-tiva. A experiência de estar nesta escola, de partilhar o nosso quotidiano com pes-soas de bases culturais tão diferentes, está a ser muito mais marcante do que o esperado. Aliado ao facto de estarmos a aprender aquilo que realmente faz o nosso coração pulsar, torna tudo isto mágico.Já aprendemos um pouco de tudo. Na escola colhemos e cultivamos os seus vegetais, assim como a tratamos dos seus animais, demos um curso de primeiros socorros, soldadura e trabalho com

metais. Tudo isto é supor-tado por um regime teórico muito bem estruturado onde falamos desde temas sociais relacionados com a agricultura biológica e con-vencional, às funções dos constituintes de uma planta, e conhecimentos para o bem estar animal numa quinta.Nada disto teria aconte-cido se não tivessemos tido a curiosidade de ajudar a transformar um local que pertence a todos nós. Sabe-mos que somos jovens e temos a nossa vida pela frente, mas é inevitável não dizer que quando saimos da nossa zona de conforto, a vida flui. E se nós os dois podemos seguir os nossos sonhos, porque não tu?

F.C. | R.M.

tuições onde eu e os meus colegas iríamos estagiar, insisti com os professores que o meu estágio fosse na Eco-Cartaxo, uma vez que já conhecia as pessoas e o ambiente de trabalho.Uma das partes do está-gio teria lugar na horta biológica, na Quinta das Pratas, que era, também, uma das acções do projecto “Verde-Maduro”. Eu não sabia nada das coisas da agricultura e nunca tinha trabalhado numa horta. Foi, quanto a mim, o trabalho mais interessante e foi então que aprendi muitas coisas que não conhecia e que me entusiasmaram. Entre elas o facto de não se poderem regar as plantas molhando

as folhas, como é o caso dos tomateiros, dos fei-joeiros, das batatas e doutros legumes, o que evita que eles apanhem certas doenças, ou que a associação preferida da cenoura é o alho-porro ou a cebola ou, ainda, que o estimulante biológico da batata é o rábano. Aprendi como se faz o composto, o adubo que se utiliza em agricultura biológica, assim como o modo de fazer os viveiros das novas planta-ções. Descobri, ainda, plan-tas interessantes que, até à data, não conhecia. Uma das coisas que mais gosto de fazer é regar a horta, embora tenha obser-vado que nada substitui uma

boa chuvada. Outro dos grandes prazeres que desco-bri foi o de levar para casa os legumes por nós semeados, tratados e colhidos.Resta-me dizer que estes meses passados em contacto com uma horta fizeram com que a partir de agora estarei pronto para continuar a tra-balhar num espaço que já considero meu.

J.J.

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Boletim “A MÃE”8

Projecto Verde-Maduro

A escolha do tipo de jardim que devemos

adoptar para os nossos quin-tais depende de diversos factores e da observação das condições do terreno.

O terreno pode ser argiloso, arenoso, inclinado, pode ter mais ou menos - e melhor ou pior - matéria orgânica... Também no que respeita às condições ambientais, deve-mos ter em conta a existência de árvores, a exposição solar, os ventos predominantes e o tipo de vegetação existente.Depois de estudadas con-venientemente todas as características do terreno disponível, importa optar por soluções que permi-tam reduzir ao mínimo as necessidades de água e de manutenção.Na grande maioria das vezes, o tipo de solo é bastante arenoso e possui, em alguns locais, algum teor de maté-ria orgânica e alguma argila. Este tipo de solo é rico em nutrientes e permite uma capacidade de retenção

AS FLORES DO JARDIM DO VALVERDEde água considerável. Por vezes, a profundidade da camada de solo é variável e difícil de determinar, já que as raízes das árvores formam uma rede bastante densa, o

que dificulta o trabalho no solo.É este o solo do “nosso” jardim.Grande parte da área de jardim fica protegida por sombra ou meia sombra. As árvores existentes são de folha caduca, o que deixava ante-ver algum trabalho de manutenção no Outono, bem como a penetra-ção de luz solar no Inverno. Por isso, colocámos plantas menos resistentes à radiação solar directa na zona de meia sombra. Algu-mas destas plan-tas “agradecem” a sombra das árvores no Verão, necessi-tam de pouca água,

e convivem bem com o sol da estação mais fria.A grama que pode grassar neste solo deve ser arrancada minuciosamente à mão, já que a sua raiz é um rizoma,

cujo mais pequeno resquício dá origem, rapidamente, a uma nova planta.O nosso jardim de solo arenoso encontra-se numa zona bastante abrigada de ventos. A opção passou por ocupar o solo, o mais possível, com plantas vivazes, o que respon-deu às condições de rega e manutenção reduzidas. Assim, as plantas de cobertura, como a hera, chorinas ou pervicas, ganharam destaque, a que se jun-

taram algumas variedades arbustivas, como alfazema, alecrim ou buganvílias, colocadas nas zonas mais expostas ao sol. Nas zonas de meia sombra, a opção foi para malmequeres ou sardinheiras, que pontuaram

o jardim de cor. Onde o solo é mais pobre e recebe mais radiação, a opção foi para a colocação de plantas sucu-lentas, ou seja, cactos.Para ajudar a reter a humi-dade, uma das soluções possíveis - e adoptada neste jardim - é a colocação de pedras, que também, segu-ram a terra nas zonas mais inclinadas. Estas pedras possibilitam, igualmente, a criação de “ilhotas”, espe-cialmente nos locais onde as raízes das árvores difi-cultam a penetração de fer-ramentas. Nestas “ilhotas” é possível introduzir terra fértil, o que permite a plan-tação de algumas flores. Nos locais onde ficarão estas “ilhotas” a plantação deverá ser feita antes da colocação das pedras e das plantas de cobertura. Mas antes de tudo procuram-se os locais mais propícios à sua colocação, ou seja, onde a malha da raiz é menos apertada.

A.S. | A. M.

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Boletim “A MÃE” 9

CONHEÇA VANDANA SHIVA

ANatureza oferece-nos inúmeros exem-

plos de grande sabedoria, onde deveríamos procurar inspiração para solucionar os problemas que nos pre-ocupam. Até os seres mais humildes, através das soluções encontradas para se adaptarem às condições naturais, nos poderão ensi-nar e inspirar.

É o caso do caracol. A lição essencial não reside na sua necessária e len-dária lentidão, mas na concepção da sua concha à qual o caracol vai acres-centando espirais cada vez mais largas. Em determi-nado momento, as espi-rais param o seu aumento e começam a diminuir.

O CARACOL, UM EXEMPLO A SEGUIR

Damos, neste número, a conhecer aos

nossos leitores uma grande se-nhora. Trata-se de Vandana Shiva. Indi-ana, 62 anos, doutorada em física quântica pela Universidade de Toronto, grande militante ecolo-gista. Eis o que nos diz Vandana Shiva: «Os sen-hores da OMC definiram como problema o facto de os agricultores esta-rem a guardar sementes. (…)Tendo passado toda a infância rodeada de biodi-versidade, a ideia de mais tarde ouvir: “Esta biodi-versidade é nossa proprie-dade” foi uma ideia tão obscena, tão violenta que decidi que iria defender a vida na sua diversidade. …Chamamos a este pro-cesso de apropriação e

Como é evidente as espirais não poderiam continuar a aumentar indefinidamente, uma vez que a concha iria atin-gir dimensões colossais impedindo a deslocação do animal e o seu próprio bem-estar. As dificuldades colocadas por um aumento crescente das espirais da concha punham em risco a sua própria sobrevivência. O híper-crescimento mul-

tiplicaria em progressão geométrica os problemas, contrariando a própria capacidade biológica do caracol.

Que nos ensina este divórcio do caracol de um aumento crescente que ele havia adoptado, no entanto, durante algum tempo? A sugestão pode ser aplicada à sociedade actual, em que o cresci-mento insustentável conti-

nua a ser apregoado como panaceia para todos os males. Mas o planeta tem limites que não podem ser ultrapassados sob pena de gerarmos novos proble-mas cada vez mais graves e, como é óbvio, inultra-passáveis. Uma sociedade de decrescimento, em par-ticular no que ao esbanja-mento e à produção de inutilidades diz respeito é o caminho. Não será preferível uma sociedade em que o conhecimento, o convívio, a solidariedade, as artes, enfim, tudo o que é imaterial, cresça? E se for de forma exponencial, tanto melhor!

J.L.

neocolonização: biopira-taria… Em 1994 depará-mo-nos com a primeira patente biopirata. Em 1984 tinha começado uma cam-panha chamada: “Chega de Bophals, plante neem”, porque numa cidade indi-ana chamada Bophal houve uma fuga numa fábrica de pesticidas da Union Carbide que matou 3.000 pessoas. Entretanto morreram mais 30.000 com danos tóxicos. Disse então: “Nós não pre-cisamos destas armas de extermínio quando temos a planta “NEEM” para controlar as pragas sem danos”. Dez anos depois descubro que a empresa Grace e o Departamento de Estado para a agricul-tura dos E.U.A. diziam: “Somos os inventores da

Neem”. Resolvi desafiar esta pa-tente. Recolhi 100.000 assina-turas e levei-as ao Gabinete Europeu de pa-tentes, acom-panhada de duas líderes de movi-mentos ecologis-tas. Desafiámos a maior superpotência e uma das maiores empre-sas químicas mundiais. Demorou 11 anos, mas vencemos.Depois tivemos em 1998 o caso da patente do arroz Basmati que quer dizer “rainha do aroma”, pelo qual o meu vale é famoso. Uma empresa vinda do Texas afirmou ter inven-tado o arroz, a planta, o aroma, o modo de co-

zinhar, tudo. Desafiámos o Gabinete de Registo e Patentes dos USA e eles desistiram. Mais tarde descobrimos que uma antiga variedade de trigo indiano tinha sido pa-tenteada pela Monsanto devido ao pequeno teor em glúten. Desafiámo-los e a patente foi revogada.»É ou não uma grande se-nhora? Vá à net e veja mais sobre Vandana Shiva.

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Boletim “A MÃE”10

DESTRUIÇÃO DA AMAZÓNIA E ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Quando se fala de alterações climáticas pensa-se, quase automaticamente, em dióxido de carbono. Mas, na

realidade, o anidrido em causa não é o único responsável. Existe um conjunto de factores que podem passar desper-cebidos se nos fixarmos apenas no efeito de estufa de que ele é, aliás, um dos principais factores.Segundo Leydimere Oliveira duma universidade brasileira (citado em número da revista francesa “Science et Vie”) a destruição da floresta amazónica em proveito da cultura da soja e da pecuária poderá criar uma alteração maior no clima da região e consequentemente a nível global. O resultado, a prazo, será o aparecimento de zonas desérticas impróprias para a agricultura e, castigo da imprudência, uma diminuição drástica dos rendimentos que, em muitos casos, impossibilitarão a produção agrícola e pecuária. Claro que a destruição da floresta amazónica liberta, directamente, grandes quantidades de dióxido de carbono, mas o processo é mais complexo e não se resume nem

“Nós devemos mudar o nosso modo de vida, de maneira a reduzir o nosso impacto sobre os recursos e o meio-ambiente mundiais. Nos países subdesenvolvidos é preciso promover e apoiar os programas que permitam, ao mesmo tempo, um desenvolvimento agrícola sem riscos ecológicos e um rigoroso controlo

demográfico. Simultaneamente, precisamos de impedir, antes que seja tarde de mais, a explo-ração desenfreada do nosso planeta. Mas pre-cisamos de estar conscientes que sem controlo demográfico nenhuma mudança, passe-se ela na nossa consciência ou na tecnologia actual, nos poderá salvar, A taxa de natalidade e a

taxa de mortalidade devem equilibrar-se, se a humanidade não quiser dar à luz a sua própria ruína. Não podemos continuar mais a curar os sintomas desse verdadeiro cancro que é o crescimento demográfico, temos agora de operá-lo.”

Eis o que dizia, em 1971, o Dr. Paul Ehrlich no seu livro “A Bomba P”

se detém após a libertação inicial. O desaparecimento das árvores e arbustos destroem a capacidade de fixação do CO2 e a queda de chuvas fica gravemente comprometida. Aliás este processo é válido não só para a zona amazónica, mas para todas as outras regiões, periodicamente sacrifi-cadas pelos incêndios estivais de que o nosso país conti-nua a ser um exemplo gritante. E assim, paulatinamente, o planeta azul vai mudando de cor.Pouco a pouco, os refugiados climáticos vão aumentando. Segundo o Observatório das situações de deslocação, sedeado em Genebra, 32,4 milhões de pessoas teriam sido deslocados do seu local de habitação em 2012; o dobro do ano anterior, mas menos do que em 2010. Como é evi-dente as variações anuais são fruto das grandes catástrofes, inundações à cabeça. E, cúmulo da injustiça, são os países pobres os mais atingidos, os que menos concorrem para as alterações climáticas que originam tais devastações.

J.L.

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Boletim “A MÃE” 11

Dicas

Ferver 1 litro de água e adicionar uma mão fechada de uma mis-tura em partes iguais de tomilho (anti-vi-ral), alecrim. Ferver 1 minuto, apagar o lume juntar casca de limão bem lavada e não trat-ada e deixar 10 minutos de infusão. Filtrar, adi-cionar mel e sumo de limão. Beber morno.Caso lhe doa a garganta pode fazer o mesmo adicio-nando poejos à mistura de ervas e utilizando leite em vez de água. Beber aos golinhos demorando o liquido na pas-sagem pela garganta.Beber 3 a 4 chávenas por dia até desaparecimento dos sintomas. Se o recurso a estas receitas for observado logo desde os primeiros indícios, normalmente não deverá necessitar de nenhum medicamento..

POLUIÇÃO INTERIORAreje a casa todos os dias, mesmo no inverno. Faça circu-lar o ar abrindo as janelas e as portas entre as divisões. Se possível durma com uma greta da janela aberta. É a melhor maneira de evitar a humidade e evacuar a poluição gerada no interior das nossas casas, devido ao uso de detergentes, velas de parafina, ambientadores, desodorizantes e outros produ-tos químicos como tintas, vernizes, colas, diluentes, etc. Para este último fim, também pode colocar plantas, como a hera, dentro de casa.

BOLO DE URTIGAS

Ingredientes

- 180g de urtigas (escaldadas e tritura-das)- 200g de açúcar amarelo- 250g de farinha- 1 c.s. de fermento- 100g de margarina- 5 ovos- raspa de 1 limão e de 1 laranja

Preparação

Juntar a margarina com o açúcar. Deitar as gemas e mexer bem. Peneirar a farinha com o fermento e envolver.Juntar as urtigas ao preparado anterior e por fim a raspa do limão e da laranja.Bater as claras em castelo e envolver sem mexer para não per-derem o volume.Levar ao forno previamente aquecido.

Benefícios

A urtiga tem inúmeras propriedades medicinais desde: anti radic-ais livres, anti-seborreica, anti-séptica, antioxidante...A urtiga é rica em vitaminas (B, C e K), minerais (magnésio e ferro), bem como oligoelementos, betacaroteno, aminoácidos, cálcio, sais ou proteínas.É indicada para a anemia, ácido úrico, reumatismo, problemas digestivos, entre outros.

Preparação

Cozer 600g de lentilhas com uma cebola grande picada. Escorrer e misturar com 200g de amêndoa laminada. Adicionar 2 ovos, 5 col-heres de sopa de pão ralado e salsa e coentros picados. Temperar a gosto com sal pimenta, cominhos e caril. Molde os hamburgers e frite-os numa frigideira com azeite a cobrir o fundo até ficarem douradinhos... Caso estejam demasiado moles adicione mais pão ralado.Saltear uma cebola e um dente de alho em azeite. Juntar tomate e um pouco de vinho branco. Deixe cozinhar e verta sobre os hamburgers. Polvilhar com queijo e gratinar. Servir com salada e arroz branco.

Receitas

HAMBÚRGUER DE LENTILHAS

ANTIGRIPAL

Lavar o carro com uma man-gueira gasta até 560 litros de água em 30 minutos. Quando precisar lavar o carro, use um balde.

LAVAGEM DO CARRO

Page 12: Outubro 2014 - edição nº4 Eco-Cartaxo - Movimento ...ƒE-4ª... · à roda duma mesa para conversar, debater ideias ou simplesmente bisbi- lhotar ... brincadeiras e de jogos. As

Boletim “A MÃE”12

Os oceanos continuam a ser uma das grandes lixeiras duma

sociedade e duma tecnologia do des-perdício. Continuamos a envenenar os ecossistemas marinhos de todas as formas possíveis. O gravíssimo problema que constitui a poluição oceânica põe em risco a sobrevivên-

cia dum número assombroso de espé-cies e terá outros efeitos de que ainda nem suspeitamos.Trataremos, neste número, dos plás-ticos de todos os tipos que, cedo ou tarde, acabam nos oceanos. Segundo as diversas fontes, eles representam de 10 a 50% do plástico produzido (escolha o leitor a percentagem que mais lhe convier). E desde há mais de 60 anos que este número cresce sus-tentada e assustadoramente. Para faz-ermos uma ideia desse aumento basta dizer que durante o primeiro decénio deste século se produziu mais plástico que durante todo período anterior. Ao largo das costas da Califór-nia formou-se um verdadeiro “ice-berg” de 30 metros de profundidade. Durante anos, após a sua descoberta em 1997, ninguém se inquietou, visto que à superfície apenas eram detectadas algumas garrafas de “dis-solução” mais renitente. Esta amál-gama contém fragmentos de alguns

milímetros a outros de tamanho microscópio. Este iceberg, de uma dimensão equivalente a seis vezes a Península Ibérica, já foi apelidado de “Sétimo Continente”. E daqui a 20 anos, se nada de radical for empreen-dido, terá uma superfície igual à da Europa.

Em 2010, uma segunda zona foi assinalada no Atlântico Norte. Seguiram-se três outras: no Pacífico Sul, no Oceano Índico e uma outra no Atlântico Sul. Em breve o número de continentes terá quase duplicado.O resultado final é que, pelo menos, um terço dos peixes tem na sua dieta quotidiana muito plástico tóxico e outros resíduos. Os predadores destes peixes, entre eles o homem, irão acu-mular no seu organismo tais resíduos. Actualmente uma equipa francesa estuda os efeitos, a longo prazo, de tal dieta e espera com impaciência, pelos resultados das análises nos atuns. E quais serão os efeitos nos seres huma-nos? Entretanto, as próprias Nações Unidas estimam que o plástico que infesta os oceanos mata anualmente milhões de aves e cerca de cem mil baleias, golfinhos, focas, tartarugas, quer por ingerirem plástico, quer por nele ficarem aprisionados. Em certas partes dos oceanos a quantidade

de plástico ultrapassa a do próprio plâncton, base da alimentação das espécies marítimas.E pensar que os mares eram a grande esperança para resolver muitos dos problemas alimentares do mundo… Temos de repensar seriamente a uti-lização do plástico que invadiu todos

os sectores, reduzindo a sua utiliza-ção ao mínimo indispensável e reav-aliando uma reciclagem de que se fala e pouco se faz.(Dados respigados no nº de Agosto de 2013 de “Science et vie” e em “L’Écologiste” de Julho-Setembro 2014)

J.L. Um grupo de ecologistas, dirigido por Claire Wallerstein e que limpam benevola-mente praias nas costas da Grã-Bretanha, efectuou uma experiência, no mínimo curiosa. Traçaram numa praia uma área de 375 m2 (rectângulo de 25m por 15m) e nela recolheram 567.664 fragmentos de plástico de todos os tipos e dimensões, não entrando na contagem, como é evidente, as partículas microscópicas. Estas, por seu lado, além de serem uma ameaça para os seres vivos são um vector de transporte de micróbios nocivos e de agentes patogénicos.

... PARA TERMINAR

O PLÁSTICO ESTÁ A MATAR OS OCEANOS