Ótica de mercado.. curso de justiça de michael sandel
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Quando retornam à Inglaterra são presos e levados a julgamento.
Dudley e Stephens são condenados.
Foram réus confessos.
A pergunta mais difícil de responder não é se você fosse o juiz como julgaria, mas sim, se matar o taifeiro naquela ocasião seria moralmente justificável.
Resposta da defesa: diante das circunstâncias extremas, era melhor que um morresse para salvar três.
Esse entendimento sobre o caso do bote salva-vidas ilustra uma abordagem utilitarista do que é justiça.
É que a moral depende das consequências que ela acarreta, ou seja, a coisa certa a fazer é a que trará melhores resultados;
Para solucionar o caso do bote salva-vidas, bem como outros dilemas menos extremos com os quais normalmente nos deparamos, precisamos explorar algumas grandes questões da moral e da filosofia política e tentar responder algumas questões:
Ou certos deveres morais e direitos humanos são tão fundamentais que estão acima de cálculo dessa natureza?
Se certos direitos são assim fundamentais – sejam eles naturais, sagrados, inalienáveis ou categóricos -, como podemos identificá-los?
E o que os torna fundamentais?
Seus pressupostos filosóficos exercem até hoje uma poderosa influência sobre o pensamento de legisladores, economistas, executivos e cidadãos comuns.
O mais elevado objetivo da moral é maximizar a felicidade, assegurando a hegemonia do prazer sobre a dor.
O que é utilidade para Bentham?
Tudo aquilo que produza prazer ou felicidade e que evite a dor ou sofrimento.
Como Bentham chega a este raciocínio?
Todos somos governados pelos sentimentos de dor e prazer.
Prazer e dor nos governam em tudo o que fazemos e determinam o que devemos fazer.
Todos gostamos do prazer e não gostamos da dor.
A filosofia utilitarista reconhece este fato e faz dele a base da vida moral e política.
Qual a grande pergunta que os legisladores e os cidadãos devem se fazer:
Se somarmos todos os benefícios dessa diretriz e subtrairmos todos os custos, ela produzirá mais felicidade do que uma decisão alternativa?
Bentham achava que seu princípio da utilidade era uma ciência da moral que poderia servir como base para a reforma política. Ele propôs uma série de projetos com vistas a tornar a lei penal mais eficiente e humana.
* Mendigos e prisões modelo.
Philip Morris encomenda uma análise custo-benefício dos efeitos do tabagismo para o orçamento do país.
Somando o que o Governo gasta em saúde com os fumantes e diminuindo o que ele lucra com a morte mais cedo das pessoas, há uma receita líquida aos cofres públicos de 147 milhões de dólares por ano.
180 mortes por ano e 180 pessoas com queimaduras.
180 mortes: +- 200.000 dólares.180 queimaduras: +- 67.000 dólares.
Valor: U$$ 49.500.000,00.
Capítulo 1: Fazendo a coisa certa.Capítulo 1: Fazendo a coisa certa.
No verão de 2004, o furacão Charley pôs-se a No verão de 2004, o furacão Charley pôs-se a rugir no Golfe do México e varreu a Flórida rugir no Golfe do México e varreu a Flórida até o Oceano Atlântico. A tempestade, que até o Oceano Atlântico. A tempestade, que levou 22 vidas e causou prejuízos de 11 levou 22 vidas e causou prejuízos de 11 bilhões de dólares, deixou também e seu bilhões de dólares, deixou também e seu rastro uma discussão sobre preços abusivos.rastro uma discussão sobre preços abusivos.
Sacos de gelo.Sacos de gelo.
Passaram de U$$ 2,00 para U$$ 10,00.Passaram de U$$ 2,00 para U$$ 10,00.
Geradores elétricos.Geradores elétricos.
De U$$ 250,00 para U$$ 2.000,00.De U$$ 250,00 para U$$ 2.000,00.
Noite em quarto de motel.Noite em quarto de motel.
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que fugia do furacão com o marido e uma que fugia do furacão com o marido e uma filha deficiente.filha deficiente.
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Contudo.........Contudo.........
[...] alguns economistas argumentaram que a lei – e [...] alguns economistas argumentaram que a lei – e o ultraje público – baseava-se em um equívoco. o ultraje público – baseava-se em um equívoco. Nos tempos medievais, filósofos e teólogos Nos tempos medievais, filósofos e teólogos acreditavam que a troca de mercadorias deveria acreditavam que a troca de mercadorias deveria ser regida por um ‘preço justo’, determinado pela ser regida por um ‘preço justo’, determinado pela tradição ou pelo valor intrínseco das coisas. Mas tradição ou pelo valor intrínseco das coisas. Mas nas sociedades de mercado, observaram os nas sociedades de mercado, observaram os economistas, os preços são fixados de acordo economistas, os preços são fixados de acordo com a oferta e procura. Não existe o que se com a oferta e procura. Não existe o que se denomina de ‘preço justo’.denomina de ‘preço justo’.
Jeff Jacoby (comentarista econômico): “Não é extorsão cobrar o que o mercado pode suportar. Não é ganância nem falta de pudor. É assim que mercadorias e serviços são fornecidos em um sociedade livre”.
Finaliza: “Infernizar os comerciantes não vai acelerar a recuperação da Flórida. Deixá-los trabalhar vai”.
Procurador-geral Crist: “Não se trata de uma situação normal de livre mercado, na qual pessoas que desejam comprar algo decidem livremente entrar no mercado e encontram pessoas dispostas a vender-lhes o que desejam, na qual um preço obedece à lei da oferta e da procura. Numa situação de emergência, compradores coagidos não tem liberdade. A compra de artigos básicos e a busca de abrigo são algo que lhes é imposto”.
A discussão sobre abuso de preços provocada pelo furacão Charley levanta graves questões sobre moral e lei: É errado que vendedores de mercadorias e serviços se aproveitem de um desastre natural, cobrando tanto quanto o mercado possa suportar? Em caso positivo, o que, se é que existe algo, a lei deve fazer a respeito? O Estado deve proibir abuso de preços mesmo que, ao agir assim, interfira na liberdade de compradores e vendedores de negociar da maneira que escolherem?
Se você prestar atenção ao debate, notará que os argumentos a favor das leis relativas ao abuso de preços e contra elas giram em torno de três ideias: aumentar o bem-estar, respeitar a liberdade e promover a virtude. Cada uma dessas ideias aponta para uma forma diferente de pensar sobre justiça.