os_primórdios_do_ser_humano_e_sua_trajetória

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Os primrdios do ser humano e sua trajetria no Planeta at a era da Globalizao Por: Marta ngela Marcondes Maro de 2010 O Planeta Terra de acordo com Salgado-Laboureau, em seu livro A Histria Ecolgica da Terra, apresenta uma escala de Tempo Geolgico, que dividida em quatro intervalos denominados ERAS: Pr-Cambriana, Paleozica, Mesozica , Cenozica. interessante observar que a Era Cenozica iniciou-se entre 64,4 e 65 milhes de anos (M.a.), e compreende dois perodos. O perodo Tercirio e o mais antigo durou aproximadamente 63 milhes de anos e o perodo Quaternrio, bem mais curto, que compreende aproximadamente de 1,6 a 2 M.a.(milhes de anos) e chega at o presente. A autora descreve a Era Cenozica como a Idade dos Mamferos ou das Angiospermas, pois ambos os grupos passam a dominar a superfcie da Terra. Cabe salientar que o ser humano surge, ento no final desta era, na realidade nos ltimos instantes, como descrito por Carl Sagan, no Calendrio Csmico. O mundo muito velho e os seres humanos, muito recentes. Os continentes, ainda segundo Salgado-Laboreau, j ocupavam a posio moderna e j tinham a forma atual, no Quaternrio, alm de toda a fauna e flora moderna j estarem presentes neste perodo, ou seja, todos os ecossistemas que existem hoje, ou o que resta deles j estavam presentes na Era Cenozca, principalmente no perodo Quaternrio. O ser humano (Homo sapiens) anatomicamente moderno, surgiu h aproximadamente cem mil anos, quando o seu crnio de primata arredondou-se em cpula para abrigar um crebro mais desenvolvido, e sua face e mandbula suavizaram. Sua presena no planeta marca uma srie de alteraes nos ecossistemas naturais. Por aproximadamente 60 mil anos suas ferramentas permaneceram rudes e nenhuma evoluo cultural significativa aparece nos registros arqueolgicos. Acredita-se que o grande salto evolucionrio para o desenvolvimento cultural somente aconteceu h 40 milnios, com o surgimento quase repentino da linguagem organizada. Com isso surge uma denominao mais atualizada para o ser humano - o Homo sapiens sapiens - . A maravilhosa ferramenta da linguagem possibilitou o avano das tecnologias diversas e assim que ele partisse para a conquista, tornando-se rapidamente o mais eficiente predador que a Terra j conhecera, ainda mais terrvel que os monstruosos carnvoros do Mesozico (Swedberg,2008). De acordo com Lima, 1984, o poder crescente do homem sobre a natureza est vinculado aos seguintes pontos: realizao de trabalho, organizao das comunidades humanas em sociedades e evoluo das sociedades primitivas para sociedades civilizadas. A autora ainda enfatiza que a capacidade de realizar trabalho levou o ser humano a agir sobre o sistema de suporte de vida, criando impacto sobre o ecossistema natural, transformando-o em ecossistema humano. Para Santos, 2006 (pg.233, do Meio Natural ao Meio Tcnico-CientficoInformacional) :A histria das chamadas relaes entre sociedade e natureza , em todos os lugares habitados, a da substituio de um meio natural, dado a uma determinada sociedade, por um meio cada vez mais artificializado, isto , sucessivamente instrumentalizado por essa mesma

sociedade. Em cada frao da superfcie da terra, o caminho que vai de uma situao a outra se d de maneira particular; e a parte do natural e do artificial tambm varia, assim como mudam as modalidades do seu arranjo.

Dansereau (1957) organizou estas etapas em estgios ou estdios, chamados de antropoerasEstes estgios vo desde um homem completamente submisso s condies da natureza, a um homem denominado urbano, onde o ambiente urbano construdo parece no depender de outro ambiente, o natural, embora o primeiro seja um consumidor especializado em recursos naturais.

As antropoeras foram descritas por descritas por Lima, 1984, e organizadas da seguinte maneira: Ser primria ou primeiro estdio: As relaes entre o ser humano e a natureza obedecem a ritmos naturais, existe um perfeito equilbrio. A economia exclusivamente de subsistncia, dominada pela colheita, os seres humanos so isentos de armazenar, so caadores-coletores. O ser humano participa do fluxo energtico, ou seja da teia alimentar, sem desorganizar seu ambiente. Sera secundria ou segundo estdio: As relaes entre o ser humano e a natureza mesmo no obedecendo mais ritmos naturais, as modificaes ambientais geradas no causam distrbios no equilbrio ecolgico. O ser humano um predador, continua como caador, as observaes do comportamento animal, procurar conhecer os hbitos de suas presas, facilitam a caa. A economia dominada pela caa e pesca, porm o suficiente para suas necessidades, no armazena. A chamada economia de subsistncia, ciclo fechado e simples, todos os problemas geram em torno do equilbrio entre as necessidades do grupo. Ocorre a inveno e emprego de instrumentos para suprir as deficincias na obteno de alimento e abrigo. Importante marco a utilizao do fogo para aquecer e cozinhar o alimento. Um destaque para manifestaes culturais: cultos religiosos e ticos (comunidades de caadores), atividades artsticas. Existe um profundo respeito pela natureza. Sera Terciria ou terceiro estdio: As relaes do ser humano com a natureza sofrem profundas mudanas, ou seja, existe um domnio sobre a natureza. O ponto marcante deste estdio o Pastoreio. A preferncia por habitats abertos (facilitar o pastoreio), provocou sensveis modificaes na paisagem natural. Ecossistemas naturais foram levados ao declnio do climax. Domesticao de animais: introduo e aclimatao de novas espcies animais, controle sobre as migraes. Sera quaternria ou Quarto estdio: representado pela agricultura. As relaes entre o ser humano e a natureza so marcadas por um controle dos recursos naturais. A economia marcada pelo domnio sobre o abastecimento de sua alimentao (primeira evoluo-transformao da economia) A principal barreira que limitava o aumento populacional estava superada. Domesticao, iniciada lentamente, toma um impulso aprecivel. (uma vez que o ser humano conseguia manter sob sua dependncia certas espcies de animais em troca de alimento e proteo).

Iniciado no perodo neoltico: Caracterizado pela descoberta e predominncia da agricultura; Afirma a identidade do ser humano com o ambiente; Demonstra a interdependncia do ser humano com a natureza; Evidncia que a forma de ao do ser humano provocou uma modificao acentuada, na paisagem natural, a ponto de induzir a degradao radical dos ecossistemas e impor ecossistemas artificiais, com a necessidade de atender as necessidades da populao. Inicio de uma nova atividade humana o Comrcio. Sera Quinria ou quinto estdio: marcado pela indstria , onde a substituio do ecossistema natural aparece de modo mais acentuado. A economia sofre a sua principal e mais importante modificao ela passa a ser orientada para o processo de transformao, os locais onde habitam uma determinada populao j no tem produtividade suficiente para o sistema de suporte de vida. Existe neste estdio seral uma diviso acentuada de trabalho, os seres humanos no so mais donos dos meios de produo, a populao cresce acentuadamente. A solicitao dos recursos naturais muito maior, tanto em quantidade como em diversidade. Existe a exigncia de inovaes tcnicas que assegurem maior produtividade e maior eficcia na transformao da matria-prima. Aperfeioamento dos transportes e uso de mquinas. Mudanas nas habitaes, busca pelo conforto e o sedentarismo converteu-se em modo de vida preponderante. O impacto sobre a natureza gigantesco, produo de resduos, poluentes areos, aquticos e terrestres, sem que o prprio ser humano tivesse a idia da sua conseqncia. Incio da saturao dos ambientes. Sexto estdio seral: caracterizado pela urbanizao. As cidades aparentam uma existncia independente, porm so extremamente dependentes dos recursos naturais, por serem um consumidor especializado em recursos naturais. Os seres humanos tem a falsa impresso de libertao do meio ambiente, suas necessidades relacionadas a luz, gua, calor, alimentao, lazer, comercio, parecem satisfeitas, a partir de um espao restrito e por fornecer ao ser humano conforto e todos os recursos necessrios a sua sobrevivncia, chegando mesmo a configurar o falso isolamento do homem urbano da ambincia natural. As cidades apresentam-se como centro iniciador e controlador da vida econmica, poltica e cultural. Gerando assim, um terceiro ambiente, entre o natural e o artificial, denominado ambiente humano. Pode-se observar que ao longo do processo de evoluo para o ecossistema humano, o ambiente a pea central que o ser humano procura modificar em benefcio prprio.

Tofller, em seu livro A Terceira Onda, caracteriza e organiza as alteraes que o ser humano sofreu ao longo dos tempos e como estas mudanas afetaram o planeta, com o nome de ondas. A primeira onda ocorreu com o advento da agricultura, esta onda relativa a SERA QUATERNRIA ou QUARTO ESTDIO SERAL descritos por Dansereau, onde ocorre o advento da agricultura, o smbolo era a enxada, o homem dessa poca foi um ecologista praticante, muito ligado a natureza e aos seus fenmenos para poder controlar suas culturas.

De acordo com Romeiro (2003), o surgimento e desenvolvimento da agricultura, h aproximadamente dez mil anos, a humanidade deu um passo decisivo na diferenciao de seu modo de insero na natureza, em relao aquele das demais espcies animais, por facilitar os processos de colheita e sua manuteno em uma rea mais fixa. Ainda Romeiro descreve que a agricultura provocou uma radical transformao nos ecossistemas, e imensa variedade de espcies de um ecossistema florestal, por exemplo, foi substituda pelo cultivo e criao de umas poucas espcies, selecionadas em funo de seu valor , seja como alimento, seja como fonte de outros tipos de matrias-primas que os seres humanos consideram importantes. A segunda onda ocorreu com a revoluo industrial, quando houve um aumento na produo de bens, o que anteriormente ocorria de maneira artesanal, o smbolo desta onda a linha de montagem, esta onda corresponde a SERA QUINRIA ou QUINTO ESTDIO SERAL, entre suas caractersticas esto a predominncia do trabalho coletivo sobre o individual, consumo elevado de recursos naturais sem nenhuma preocupao com o futuro, e a gerao de resduos de toda a espcie, os maiores passivos ambientais foram gerados nesta poca. O ser humano desta poca o no ecologista. Sob a forma de recursos naturais, o ser humano passou a utilizar o meio ambiente como provedor de conforto. Assim, muito das dinmicas populacionais e da prpria prosperidade econmica das diversas sociedades humanas, foi influenciada pela disponibilidade destes recursos, tanto na forma qualitativa quanto quantitativa (Bayardino, 2004). A terceira onda a marca o sculo XXI, refere-se era da informao e da informtica, seu smbolo o computador, as caractersticas, refere-se a um retorno ao trabalho com maior individualidade, e um expressivo aumento de conhecimento graas a maior facilidade na obteno de informaes, e um maior conhecimento dos riscos de sade e sobrevivncia da humanidade. O ser humano dessa poca tende a se aproximar do homem ecolgico, por uma questo de exigncia de qualidade de vida, no pela ao, mas pelo conhecimento. Para Gadotti, 2000, vive-se tambm na era da informao em tempo real, da globalizao da economia, da realidade virtual, da Internet, da quebra de fronteiras entre naes, do ensino a distncia, dos escritrios virtuais, da robtica e dos sistemas de produo automatizados, do entretenimento.Vivemos o ciberespao da formao continuada. As novas tecnologias da informao e da comunicao marcaram todo o sculo XX. Karl Marx sustentava que a mudana nos meios de produo transformava o modo de produo e as relaes de produo. Isso aconteceu com a inveno da escrita, do alfabeto, da imprensa, da televiso e hoje vem acontecendo com a Internet. O desenvolvimento espetacular da informao, quer no que diz respeito s fontes, quer capacidade de difuso, est gerando uma verdadeira revoluo que afeta no apenas a produo e o trabalho, mas principalmente a educao e a formao.

O cenrio est dado: globalizao provocada pelo avano da revoluo tecnolgica, caracterizada pela internacionalizao da produo e pela expanso dos fluxos financeiros; regionalizao caracterizada pela formao de blocos econmicos; fragmentao que divide globalizadores e globalizados, centro e periferia, os que morrem de fome e os que morrem pelo consumo excessivo de alimentos, rivalidades regionais, confrontos polticos, tnicos e confessionais, terrorismo.

J Santos, 2006, descreve a histria do ser humano como sendo a histria do meio geogrfico e a divide em trs etapas: O Meio natural, o meio tcnico e o meio tcnicocientfico-cultural. Meio Natural, descrito por Santos como sendo meio que era utilizado pelo ser humano sem grandes transformaes. As tcnicas e o trabalho se casavam com as ddivas da natureza, com a qual se relacionavam sem outra mediao, ou seja o equilbrio entre as aes do ser humano e o seu meio. Porm as alteraes e transformaes impostas e existentes ao meio natural j eram tcnicas, entre elas a domesticao de plantas e animais aparece como momento marcante, assim como Dansereau descreveu em suas Seras Secundria e Terciria, o ser humano j com tcnicas de Pastoreio, observao de hbitos de suas presas para caa, as tcnicas agrcolas, como por exemplo, a rotao de culturas. Porm para Santos, 2006, a simbiose do ser humano com o meio era total. interessante que o mesmo autor descreve a sociedade local era, ao mesmo tempo, criadora das tcnicas utilizadas, comandante dos tempos sociais e dos limites de sua utilizao. Neste momento os sistemas tcnicos sem objetivos tcnicos, como relata Santos, no eram agressivos, pelo fato de conciliarem o uso e a conservao da natureza, e desta maneira no eram indissolveis em relao a ela que, em sua operao, ajudavam a reconstruir. Meio Tcnico: Traduzido por um espao mecanizado, o ser humano cria artefatos e instrumentos que variam muito, mas estes deixam de ser apenas um prolongamento do seu corpo, para facilitar o trabalho, eles representam prolongamentos de territrio, verdadeiras prteses. interessante que graas a isso o ser humano comea a criar um tempo novo, tempo para socializar, no trabalho, no lar. Santos afirma que os tempos sociais tendem a se superpor e contrapor aos tempos naturais As novas tcnicas e instrumentos e as aes atribuem ao ser humano novos poderes e o maior deles a prerrogativa de enfrentar a natureza, natural ou j socializada. Santos descreve:A poluio outras ofensas ambientais ainda no tinham esse nome, mas j so largamente notadas e causticadas- no sculo XIX, nas grandes cidades inglesas e continentais. E a prpria chegada ao campo das estradas de ferra suscita o protesto. A reao antimaquinista, protagonizada pelos diversos ludismos, antecipa a batalha atual dos ambientalistas. Esse, ento, o combate social contra os miasmas urbanos.

Meio Tcnico-cientfico-informacional:O terceiro perodo comea praticamente aps a segunda guerra mundial e, sua afirmao, incluindo os pases de terceiro mundo, vai realmente dar-se nos anos 70. a fase a que R. Richta (1968) chamou de perodo tcnicocientfico, e que se distingue dos anteriores, pelo fato da profunda interao da cincia e da tcnica, a tal ponto que certos autores preferem falar de tecnocincia para realar a inseparabilidade atual dos dois conceitos e das duas prticas. Essa unio entre tcnica e cincia vai dar-se sob a gide do mercado. E o mercado, graas exatamente cincia e tcnica, torna-se um mercado global. A idia de cincia, a idia de tecnologia e a idia de mercado global devem ser encaradas conjuntamente e desse modo podem oferecer uma nova interpretao questo ecolgica, j que as mudanas que ocorrem na natureza tambm se subordinam a essa lgica.

Neste perodo, os objetos tcnicos tendem a ser ao mesmo tempo tcnicos e informacionais, j que, graas extrema intencionalidade de sua produo e de sua localizao, eles j surgem como informao; e, na verdade, a energia principal de seu funcionamento tambm a informao. Da mesma forma como participam da criao de novos processos vitais e da produo de novas espcies (animais e vegetais), a cincia e a tecnologia, junto com a informao, esto na prpria base da produo, da utilizao e do funcionamento do espao e tendem a constituir o seu substrato. Antes, eram apenas as grandes cidades que se apresentavam como o imprio da tcnica, objeto de modificaes, supresses, acrscimos, cada vez mais sofisticados e mais carregados de artifcio. Esse mundo artificial inclui, hoje, o mundo rural. Segundo G. Dorfles (1976, p. 39), este marcado pela presena de "materiais plsticos, fertilizantes, colorantes, inexistentes na natureza, e a respeito dos quais, de um ponto de vista organoltico, tctil, cromtico, temos a ntida sensao de que no pertencem ao mundo natural". Os espaos assim requalificados atendem sobretudo aos interesses dos atores hegemnicos da economia, da cultura e da poltica e so incorporados plenamente s novas correntes mundiais. O meio tcnico-cientfico-informacional a cara geogrfica da globalizao. Ao mesmo tempo em que aumenta a importncia dos capitais fixos (estradas, pontes, silos, terra arada etc.) e dos capitais constantes (maquinrio, veculos, sementes especializadas, fertilizantes, pesticidas etc.) aumenta tambm a necessidade de movimento, crescendo o nmero e a importncia dos fluxos, tambm financeiros, e dando um relevo especial vida de relaes. Moacir Gadotti, em seu texto da Pedagogia da Terra, 2000, retrata a situao da seguinte maneira:Pela primeira vez na histria da humanidade, no por efeito de armas nucleares, mas pelo descontrole da produo, podemos destruir toda a vida do planeta. a essa possibilidade que podemos chamar de era do exterminismo. Passamos do modo de produo para o modo de destruio; teremos que viver daqui para a frente confrontados com o desafio permanente de reconstruir o planeta. De um lado, o capitalismo aumentou mais a capacidade de destruio da humanidade do que o seu bem-estar e prosperidade. De outro, as realizaes concretas do socialismo seguiram na mesma esteira destrutiva colocando em risco no apenas a vida do ser humano mas de todas as formas de vida existentes sobre a Terra. Precisamos de um novo paradigma que tenha a Terra como fundamento.

De acordo com Gomes, 2006 (EDUCAO PARA O CONSUMO TICO E SUSTENTVEL), o momento atual de uma transio, ou seja uma verdadeira crise de valores. O antropocntrismo, que predominou durante toda a modernidade, ainda est presente na sociedade contempornea, mas h sinais visveis de que a lgica do mercado est destruindo a vida do planeta. Desta maneira necessrio que ocorra uma mudana para uma viso de mundo biocntrica, comprometida com todas as formas de vida na Terra. A mesma autora relata:A sociedade contempornea ainda tenta se desvencilhar da viso antropocntrica de mundo. Viso essa que autorizava o ser humano a dominar a natureza, e dela se utilizar como se a sua existncia fosse exclusivamente para satisfazer as necessidades humanas. Resultado desse paradigma e das imposies do capitalismo a crise socioambiental presente atualmente.

O pas que primeiro percebeu a necessidade e urgncia da interveno do poder pblico sobre as questes ambientais foram os Estados Unidos, ainda na dcada de 1960.

Paradoxalmente, o pas considerado o paraso do no-intervencionismo foi que primeiro promoveu a interveno regulamentadora no meio ambiente, atravs da Avaliao dos Impactos Ambientais (AIA), formalizada nos Estados Unidos em 1969. No caso do Brasil, a poltica ambiental brasileira nasceu e se desenvolveu nos ltimos quarenta anos como resultado da ao de movimentos sociais locais e de presses vindas de fora do pas. Do ps-guerra at 1972 ano da Conferncia de Estocolmo , no havia propriamente uma poltica ambiental, mas sim, polticas que acabaram resultando nela. Os temas predominantes eram o fomento explorao dos recursos naturais, o desbravamento do territrio, o saneamento rural, a educao sanitria e os embates entre os interesses econmicos internos e externos. A legislao que dava base a essa poltica era formada pelos seguintes cdigos: de guas (1934), florestal (1965) e de caa e pesca (1967). No havia, no entanto, uma ao coordenada de governo ou uma entidade gestora da questo. Esta trajetria descrita por vrios autores possibilitou a chegada dessa poca, descrita por Dansereau como sexto estadio seral ou por Santos como Meio Tcnicocientfico-informacional , ou por Tofller como Terceira Onda, eventos importantes ocorreram e possibilitaram a formao de marcos das aes humanas no Planeta e as respostas da natureza para tudo que se seguiu.