os usos sociais da internet por estudantes do nÍvel...

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TCC I Trabalho de Conclusão de Curso I Universidade Federal de Santa Maria Centro de Educação Superior Norte RS Departamento de Ciências da Comunicação Curso de Comunicação Social Jornalismo 27 de junho a 08 de julho de 2011 OS USOS SOCIAIS DA INTERNET POR ESTUDANTES DO NÍVEL MÉDIO: ITINERÁRIO DE ADOLESCENTES DOS MEIOS URBANO E RURAL DE CAIBI SC. IEDO ADALTRO ZORTÉA Artigo científico apresentado ao Curso de Comunicação Social Jornalismo como requisito para aprovação na Disciplina de TCC I, sob orientação do Prof. Dr. Luciano Miranda Silva de Moraes Fernandes e avaliação dos seguintes docentes: Prof. Dr. Luciano Miranda Silva de Moraes Fernandes Centro de Educação Superior Norte do RS (Orientador) Prof. Ms. Andréa Weber Centro de Educação Superior Norte RS Prof. Ms. José Antônio Meira da Rocha Centro de Educação Superior Norte RS Prof. Ms. Luis Fernando Rabello Borges Centro de Educação Superior Norte RS (Suplente) Frederico Westphalen, 20 de junho de 2011. CESNORS Centro de Educação Superior Norte RS

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TCC I – Trabalho de Conclusão de Curso I Universidade Federal de Santa Maria Centro de Educação Superior Norte – RS

Departamento de Ciências da Comunicação Curso de Comunicação Social – Jornalismo 27 de junho a 08 de julho de 2011

OS USOS SOCIAIS DA INTERNET POR ESTUDANTES DO

NÍVEL MÉDIO: ITINERÁRIO DE ADOLESCENTES DOS

MEIOS URBANO E RURAL DE CAIBI – SC.

IEDO ADALTRO ZORTÉA

Artigo científico apresentado ao Curso de Comunicação Social – Jornalismo como requisito

para aprovação na Disciplina de TCC I, sob orientação do Prof. Dr. Luciano Miranda Silva de

Moraes Fernandes e avaliação dos seguintes docentes:

Prof. Dr. Luciano Miranda Silva de Moraes Fernandes

Centro de Educação Superior Norte do RS

(Orientador)

Prof. Ms. Andréa Weber

Centro de Educação Superior Norte RS

Prof. Ms. José Antônio Meira da Rocha

Centro de Educação Superior Norte RS

Prof. Ms. Luis Fernando Rabello Borges

Centro de Educação Superior Norte RS

(Suplente)

Frederico Westphalen, 20 de junho de 2011.

CESNORS Centro de Educação Superior Norte RS

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Os Usos Sociais da Internet por Estudantes do Nível Médio: Itinerário de Adolescentes

dos Meios Urbano e Rural de Caibi – SC.

Iedo Adaltro Zortéa1

Luciano Miranda Silva de Moraes Fernandes2

RESUMO

O artigo busca comparar os usos da Internet por jovens do meio urbano e rural do município

de Caibi, oeste de Santa Catarina, partindo do princípio da Inclusão Digital. Assim, verifica-se

em que nível esses grupos fazem uso da Web para aquisição de capital cultural e para a busca

de conteúdos pertinentes às suas áreas de estudo. Mediante a análise, verifica-se uma

diferenciação quanto aos usos da rede, em que os indivíduos do meio urbano utilizam a

mesma com mais frequência para comunicação instantânea e redes sociais, enquanto os

indivíduos do meio rural mais a utilizam para a pesquisa escolar. Essa constatação, entretanto,

opõe-se em parte à teoria de Bourdieu, de que quanto maior for a posse de capital cultural dos

progenitores, maior é o aproveitamento escolar, tendo em conta que a posse de capital cultural

do grupo urbano é maior em comparação à do grupo rural.

PALAVRAS-CHAVE: Capital Cultural; Educação; Habitus; Inclusão Digital; Usos Sociais

da Internet.

Considerações Iniciais

A comunicação, como princípio emancipatório, tem forte influencia na vida individual

e na sociedade, tendo em vista a grande quantidade de informação que assimilamos

diariamente, por meio dos dispositivos tecnológicos que a mesma comporta. A Internet,

enquanto canal que transmite as mais diversas informações, influencia, pois, na formação

individual, atentando para o fato de que a mesma se diferencia de outros canais por

características próprias, tais como a hipertextualidade:

Por tais características, a Internet, percebida enquanto suporte para informações

hipertextuais com possibilidades infinitas de interseção, demanda uma linguagem

própria para sua compreensão, abordagens de leitura não-lineares e,

consequentemente, apresenta uma textualidade específica para sua apreensão

(OLIVEIRA, 2003 apud SANTOS, 2003, s.p.).

1 Acadêmico do 7º semestre do curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo da UFSM/Cesnors. 2 Orientador do trabalho. Professor do curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo da UFSM/Cesnors.

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2

Assim, é necessário que haja inclusão digital3, de modo que o jovem possa assimilar

principalmente a forma de hipertextualidade sem desvincular-se do objetivo de pesquisa. A

propósito, a inclusão digital cada vez mais assume um caráter de inclusão social no Brasil,

isto porque o canal digital tem uma maior possibilidade de interação, bem como de

participação; o modelo comunicativo de Habermas (1997) cita como requisitos essas duas

características emancipatórias, pois para haver comunicação deve haver uma ação por meio de

dois ou mais indivíduos.

Levando em consideração o fato de que a digitalização é um requisito básico para o

desenvolvimento social do indivíduo, como, aliás, cita a Constituição da República, no artigo

374, que garante o acesso ao ensino de jovens e adultos, constata-se que a Internet possa suprir

essa demanda informacional, haja vista a grande quantidade de informações contidas na rede,

que suprem cada vez mais a demanda para pesquisas, principalmente nos meios escolares e

acadêmicos.

Tendo isso em conta, procurou-se realizar um estudo sobre os usos sociais da Internet

por jovens estudantes do terceiro ano do ensino médio da cidade de Caibi, oeste de Santa

Catarina, confrontando basicamente dois grupos distintos: jovens do meio urbano versus

jovens do meio rural. A pesquisa propriamente dita foi realizada integralmente na Escola de

Educação Básica Dom Pedro II, com sede nesta cidade, com o grupo de alunos

supramencionado. Visando esclarecer como é manifestada essa diversidade, faz-se necessário

descer do “céu das idéias” e devotar-se à pesquisa à campo (MIRANDA, 2005, p. 175). Para

tanto, foram aplicados um questionário socioeconômico5 (Apêndice I) e um questionário

direcionado6 (Apêndice II), voltados à coleta de dados sociais e usos da Internet,

respectivamente. Vale ressaltar que a escola pesquisada é a única do município que oferece

ensino médio, sendo que mesmo os alunos que estudam no curso técnico oferecido pela Casa

Familiar Rural frequentam o ensino médio na instituição. Para garantir livre acesso à

pesquisa, a direção do colégio recebeu um requerimento de pesquisa (Apêndice III), atestando

para os devidos fins a relevância da mesma, assinado pelo Professor Orientador.

Dessa forma, foi possível obter dados concretos sobre os usos da Internet pelos

estudantes, pertinentes a questões escolares e principalmente, relativas aos habitus dos

3 O termo inclusão digital adotado neste artigo refere-se a democratização do acesso à Internet para todos os estratos sociais, com possibilidade de melhora nas condições de vida e de acúmulo de capital cultural. Os três pilares básicos da inclusão digital são computador, acesso à rede e domínio dessas ferramentas, com fins de obtenção de conhecimento e disseminação de conhecimento. 4 Art. 37:A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no

ensino fundamental e médio na idade própria. 5 Questionário socioeconômico baseado no Artigo Científico apresentado por Daniela Balkau como Trabalho de Conclusão de Curso I, em Junho de 2010, visando a contextualização social dos grupos pesquisados. 6 Questionário voltado à coleta de dados referentes ao consumo de Internet e Inclusão Digital.

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3 estudantes, sendo que para compreendermos os fatores que levam o jovem a buscar

determinado conteúdo, deve-se principalmente entender que:

Essas tomadas de posições advêm de disposições, muitas vezes as mais

inconscientes, associadas a um habitus, desempenhando papel fundamental a

primeira interiorização decorrente das práticas na família e na escola, através das

palavras, gestos, objetos e ações (Ibidem, p. 55).

Nesta perspectiva, é notável que haja um comprometimento tanto da escola quanto da

família, visando orientar o adolescente a construir um hábito que desperte o gosto pela leitura

e pela pesquisa; ademais, Moran (2002, s.p) atenta para o fato de se educar com novas

tecnologias, como fontes de conhecimento e pesquisa:

Educar com novas tecnologias é um desafio que até agora não foi enfrentado com

profundidade. Temos feito apenas adaptações, pequenas mudanças. Agora, na escola, no trabalho e em casa, podemos aprender continuamente, de forma flexível,

reunidos numa sala ou distantes geograficamente, mas conectados através de redes

de televisão e da Internet. O presencial se torna mais virtual e a educação a distância

se torna mais presencial. Os encontros em um mesmo espaço físico se combinam

com os encontros virtuais, a distância, através da Internet e da televisão.

Aí encontra-se o maior desafio educacional contemporâneo; não basta apenas a

inclusão digital mas, sobretudo, necessita-se orientar o aluno à pesquisa adequada e à busca

de conteúdos realmente formadores de conhecimento, ou seja, não apenas “acessar” a

Internet. Há que se capacitar o estudante a uma utilização racional da informação, pois, de

outro modo, teremos um impacto social que talvez possa criar um aluno “analfabeto digital”,

que pode ser equivalente aos “analfabetos funcionais” existentes hoje no Brasil.

Este artigo apresenta pontos pesquisados e comparações entre dois universos distintos,

estudados a partir do habitus, para poder fornecer uma conclusão real sobre o que os

estudantes buscam em um dos meios de comunicação mais populares do mundo: a Internet.

1 A Internet

A Internet, tal qual como a conhecemos hoje, surgiu pela necessidade militar

estratégica de comunicação, capaz de suportar uma possível guerra nuclear, num período de

Guerra Fria, entre países do bloco socialista contra países do bloco capitalista. Haja vista o

fato de esta época ser caracterizada por uma forte corrida tecnológica é fácil perceber o

porquê de toda atenção demandada à pesquisa, particularmente com estratégias de

comunicação militar.

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4 “As origens da Internet podem ser encontradas na Arpanet, uma rede de computadores

montada pela Advanced Research Projects Agency (ARPA) em setembro de 1969”

(CASTELLS, 2003, p. 13). A Arpanet surgiu como uma forma de trabalhar com redes de

computadores online, com finalidade de trocas de informações entre pesquisadores de

diversos centros. Para conseguir montar essa rede interativa de computadores, desenvolveu-se

a Comutação por Pacote, aprimorada com o Protocolo de Controle de Transmissão (TCP), que

possibilitaram a ligação da Arpanet com outras redes que surgiam paralelas a pesquisa, tais

como PRNET e SATNET. O protocolo padrão que usamos hoje (TCP/IP), era o protocolo

intrarrede da Arpanet.

Em fevereiro de 1990, a Arpanet era já obsoleta para os padrões da época, sendo tirada

de operação.

Dali em diante, tendo libertado a Internet do seu ambiente militar, o governo dos EUA confiou sua administração à Nacional Science Fundation. Mas o controle da

NSF sobre a Net durou pouco. Com a tecnologia de redes de computadores no

domínio público, as telecomunicações plenamente desreguladas, a NSF tratou logo

de encaminhar a privatização da Internet. (CASTELLS, 2003, p. 15)

Contrárias à privatização do conhecimento na rede, pessoas e instituições do mundo

inteiro passaram a desenvolver ferramentas com código fonte livre, com uma cláusula

conhecida como copyleft - uma sátira, na verdade, ao copyright - que sugeria aos usuários o

uso gratuito e, ao mesmo tempo, colaboração para aprimorar os programas disponíveis open

source7. O primeiro sistema de hipertexto, baseado no World Wide Web (www), foi lançado

pelo Laboratório Europeu para a Física de Partículas (CERN) da Suíça, em 1991. A partir daí,

começaram a surgir os primeiros navegadores como o Mosaic, o Erwise, o Netscape, entre

tantos outros desenvolvidos por hackers8 no mundo inteiro. Em 1995, a Microsoft lança o seu

próprio navegador, o Internet Explorer, dando início a projeção e ao lançamento de vários

outros navegadores que dominam o mundo virtual hoje.

A partir desses aprimoramentos, a Internet foi tornando-se a rede mundial de

computadores, onde circulam todos os dias infindáveis índices de dados. Hoje, além de ser

uma ferramenta de pesquisa, é um canal de usos sociais tais como comunicação instantânea e

de redes sociais, bem como diversão e entretenimento.

O que distingue cada usuário, entretanto, é a maneira como o mesmo faz uso da

ferramenta. Para tentar entender este ponto, sem dúvida faz-se necessário compreender de que

forma o habitus influencia no ambiente e no dia a dia da pessoa.

7 O termo open source em inglês, ou código aberto foi criado pela OSI (Open Source Initiative) e refere-se aos

softwares livres ou de domínio público. 8 Há na mídia uma difusão errônea quanto ao hacker, classificando-o como o principal autor de crimes virtuais e invasões. Na verdade, isso ocorre por ação de crackers. O hacker é um conhecedor de informática, com o intuito de torná-la acessível (apesar de alguns indivíduos irem contra esse princípio).

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5

Os meios de comunicação em massa, em si mesmos, só oferecem um conteúdo

tecnológico. O interesse social que os faz objeto de estudos decorre do seu uso,

determinado pelas condições sociais, políticas e econômicas das formações sociais

em que se inserem (MIRANDA, 2005, p. 9).

Desta forma, é preciso que não se tenha somente o domínio da parte tecnológica; é

preciso a formação de um caráter crítico, principalmente no jovem que está ingressando no

meio acadêmico. Destarte, entender a Internet como um suporte tecnológico que pode formar

opiniões e influenciar na formação sociocultural do indivíduo.

Ademais, precisa-se atentar em especial ao jovem, pela sua formação em nível básico

e médio, em face de que o mesmo faz uso em larga escala da rede para manter-se “ligado”

com as novas tendências. É importante, do mesmo modo que ocorre a formação nas

disciplinas básicas na sala de aula, prestar formação voltada à vida fora do ambiente escolar,

ao nível social e, mais atentamente, ao nível digital. Santos (2003, s.p.) reforça:

Snyder (2002) descreve a internet como um labirinto, espaço de interações, de

caminhos certos e incertos em meio ao conhecimento disperso no espaço virtual.

Para a escola, a autora anuncia grandes possibilidades, desde que os atores das

relações educativas estejam conscientes da natureza deste "terreno virtual".

Enquanto hipertexto eletrônico, a internet não apenas inova o texto e seu modo de

apresentação e leitura, como também propõe novos gêneros de textos e novas

modalidades de leitura. Diferentemente do hipertexto impresso, o eletrônico

revoluciona a relação entre o autor e o leitor, fazendo com que um e outro mudem de

lugar constantemente, ocasionando o que Lévy (1993) chama de desterritorialização. No entanto, tudo depende do modo como o relacionamento com a internet é

estabelecido.

Para tanto, é preciso que o professor, “como formador, estabeleça uma

interação dialógica com os conteúdos abordados na rede” (Ibidem, 2003, s.p.) para conseguir

assimilar essa nova abordagem e capacitar seus alunos para a uma pesquisa digital coerente.

Atualmente, a presença dos meios tecnológicos ligados à computação e à Internet vem

tomando conta do dia-a-dia do estudante, fazendo parte da vida escolar e social, suprindo

muitas vezes outras formas de vivência.

As interações comunicativas sofrem, portanto, uma interferência prática quanto à

digitalização dos jovens de hoje. Há de considerar-se que uma pessoa que tem contato mais

cedo com o mundo digital tenda a mostrar mais familiaridade com o mesmo do que uma

pessoa que teve um contato tardio. Não raro, uma pessoa desligada do mundo digital pode até

ser excluída do grupo social em que vive, bem como não se enquadrar a determinados grupos

escolares.

Em contrapartida, muitas vezes o que se verifica também é o fato de que as atividades

online servem como um complemento das atividades presenciais. Nota-se isso nos acessos a

blogs e outras redes de relacionamento na Internet onde, constantemente, colegas de escola

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6 também são amigos em tais redes, com possibilidades de comunicação instantânea e

possibilidade de compartilhamento de informações. Assim, pode-se mencionar a inclusão

digital como fator importante na educação, pois um benefício iminente da tecnologia digital é

o acesso a conteúdos diversos e à imagem. Em seus estudos sobre a fotografia, Bourdieu

(1989) atenta para os usos sociais da imagem, principalmente relacionado ao grupo social.

Porque ela possui a intenção de fixar, quer dizer de solenizar e eternizar, a fotografia

não se pode confiar aos acasos da fantasia individual e, pela mediação do ethos,

interiorização das regularidades objetivas e comuns, o grupo subordina esta prática à regra coletiva, de tal modo que a mais simples fotografia exprime, além das

intenções explícitas daquele que a fez, o sistema dos esquemas de percepção, de

pensamento e de apreciação, comum a todo um grupo (apud MIRANDA, 2005,

P.42).

A Internet passa então, quando incluída na educação, a ser um agente produtor de

conhecimento e, mais do que isso, um difusor. Porém, a maneira como cada pessoa faz

proveito desse meio é bem diversa, pois “cada elemento do público é pessoal e diretamente

'atingido' pela mensagem” (WRIGHT, 1975 apud WOLF, 1999, p.7).

Assim, é relevante um aprofundamento nas questões que referem-se aos habitus dos

estudantes pesquisados, para poder entender os usos da internet como suporte educacional,

social e comunicacional e, ainda, como suporte para a indústria cultural.

2 O Habitus e o Campo da Indústria Cultural

O habitus, conforme Bourdieu destaca, advém das estruturas estruturadas,

adquiridas nos primeiros anos de vida do indivíduo, porém ele pode ser cumulativo. Assim:

Os condicionamentos associados a uma classe particular de existência produzem

habitus, sistemas de disposições duráveis e transponíveis, estruturas estruturadas

dispostas a funcionar como estruturas estruturantes, quer dizer, como princípios

geradores e organizadores de práticas e de representações que podem ser

objetivamente adaptados a seu objetivo sem supor o intuito consciente de fins e o

domínio expresso das operações necessárias para lhes alcançar [...]. O habitus é

composto pelo ethos, que designa os valores ou princípios no estado prático, ou seja

a forma da moral, que é interiorizada e não consciente, que estabelece as práticas:

enquanto o ethos é produtor das práticas, a ética é a forma teórica, codificada da

moral [...]. O habitus pode ser dividido em primário ou secundário, em função ao

período de existência do indivíduo que o interioriza: o habitus primário, por

exemplo, é o incorporado na família e na escola. Por ser um conceito cumulativo, o habitus pode vir a receber outras classificações de acordo com sua relação com o

tempo e o espaço (BOURDIEU, 1980 apud MIRANDA, 2005, p. 77-78).

O que o indivíduo estrutura inconscientemente nos primeiros anos de sua vida,

portanto, influencia posteriormente em seus gostos ou preferências quanto ao que ele

consumirá no futuro. Desta forma, uma pessoa exposta a um padrão social que disponha de

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7 menos capital cultural pode ser mais limitada ou com menos possibilidades de mudança social

do que uma pessoa com maior posse de capital cultural e, por consequência, mais sujeita a

massificação pela indústria cultural.

O que denominamos como campo da indústria cultural compreende o que é produzido

por instituições ligadas a uma estrutura que visa a produção submetida a demanda externa,

“vulnerabilizando-se aos imperativos da concorrência pela conquista do mercado”

(MIRANDA, 2005, p.88). Neste sentido, podemos afirmar que a indústria cultural é guiada

pelo gosto da máxima audiência, tendendo a padronização na produção.

Neste caso, constata-se que de modo similar aos usos sociais da mídia, há uma

padronização que exclui a capacidade distintiva e de diferenciação de culturas e diferentes

visões de mundo. Há, então, uma produção padronizada por parte da mídia, que deste modo

procura satisfazer o gosto da maioria das pessoas, excluindo as minorias. Ou seja, as

preferências são determinadas a fim de satisfazerem uma maioria calculada de consumidores.

Miranda aponta dois principais fatores para tal efeito nas indústrias culturais:

1) Maximização do lucro, mediante a realização de investimentos que visam ao

alcance da maior extensão possível do público: não basta o incremento do consumo

por uma dada classe social, é necessário também o crescimento da dispersão da

composição social e cultural deste público, a fim de abranger a todos os sexos,

idades e grupos sociais, configurando-se como um maior denominador social

possível;

2) Constituição, como resultado de transações e compromissos entre os diversos

agentes inseridos no campo, não só dos detentores dos meios de produção, como também dos produtores incumbidos de realizar as encomendas externas, seja na

condição de profissionais liberais ou de assalariados, cujas competências específicas

os precipitam a valer-se delas como poder (Ibidem, p. 89).

A indústria cultural é, portanto, um sistema que visa lucro, ou seja, tende a produzir

para lucrar. Isto porque os meios de comunicação ocupam um lugar central nos avanços

tecnológicos contemporâneos, tais como meio de produção e difusão, a exemplificar: o rádio,

a televisão e, mais recentemente, a Internet.

Destarte, a transformação da cultura em mercadoria faz parte de um processo histórico

por meio do qual as criações artísticas passaram a servir como fator para acumulação de

capital. Rüdiger (1999, p. 131) reforça esta tese, afirmando que, em relação ao processo, “a

cultura como obra de arte total foi um projeto concebido pelas vanguardas do início do século

para livrar o homem da alienação”. O desenvolvimento das forças produtivas e a tendência do

capital a expandir-se em direção à esfera do espírito, visam a produção cultural voltada a

atender as massas, excluindo os níveis de cultura deslegitimados, com a finalidade de

maximizar os lucros.

Isso ocorre mais visivelmente no período da modernidade, em que as relações tendem

a basear-se na ideologia, como base de poder de legitimação. A ideologia define-se por meio

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8 da crença a certas ideias e/ou valores. Neste sentido, os mecanismos de integração

contemporânea funcionam com base na ideologia, materializada como fetiche da mercadoria.

Há, então, um reconhecimento baseado no que consumimos ou aderimos, nossos gostos por

determinadas coisas.

Não obstante, se aplicarmos o conceito de capital cultural para a vida escolar,

provavelmente as distinções entre classes sociais far-se-ão presentes, pois há diferentes níveis

de sua posse e acumulação entre os jovens. A definição social do indivíduo, neste caso, está

ligada a sua competência técnica e social, pois:

A competência técnica é à competência social o que é a capacidade de falar é ao

direito da palavra, tanto uma condição para o exercício como um efeito. O efeito de

marca (no sentido de ação de marcar) que produz a imposição de propriedades tais

como o status escolar ou a identidade sexual se impõe ao indivíduo marcado –

requerido deste modo para estudar à altura de sua definição social – assim como

também aos demais, que esperam dele que se realize sua essência [...]: unicamente

aqueles a quem pertence o possuí-la podem realmente adquiri-la e unicamente

aqueles que estão habilitados para possuí-la podem realmente adquiri-la e

unicamente aqueles que estão habilitados para possuí-la se sentem obrigados a

adquiri-la ( BOURDIEU, 1991 apud MIRANDA, 2005, p.98).

Associado ao capital cultural está o habitus. Este, na formação do indivíduo, tem forte

predominância nas preferências individuais, haja vista que o mesmo varia de acordo com

experiências individuais, vindas desde a infância até a formação da pessoa adulta.

Partindo desta concepção teórica, é necessário averiguarmos o nível de capital cultural

dos pesquisados, observando de que modo os mesmos fazem uso da Internet para suas

experiências educacionais no ensino médio.

3 Capital Cultural

O capital cultural pode existir em três formas: no estado corporificado – modo de

falar, beleza pessoal etc.; no estado objetificado – bens culturais, tais como livros, edifícios,

máquinas; e no estado institucionalizado – por exemplo, títulos e qualificações profissionais.

No contexto destas formas, o capital cultural também abrange e é abrangido pelo que é

produzido pela indústria cultural e, muitas vezes, possui um alto valor, oculto ou dissimulado,

como forte mecanismo de poder.

Tendo em conta que, de acordo com o nível econômico familiar, há uma diferença no

aproveitamento estudantil do adolescente, “a noção de capital cultural impôs-se,

primeiramente, como uma hipótese indispensável para dar conta da desigualdade de

desempenho escolar de crianças provenientes das diferentes classes sociais” (BOURDIEU,

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9 1966 apud SETTON, 2005, p.78). Em A Escola Conservadora, Bourdieu conclui que, não só

os fatores econômicos presentes, mas uma série de outros fatores anteriores influenciam no

nível de desempenho educacional dos alunos, desmistificando a ideia de que a escola oferece

em nível igualitário, possibilidades de ascensão social sem distinções. Em suas palavras, ele

afirma:

Além da formação cultural dos antepassados da primeira e segunda gerações e do

local de residênciada família (centro ou periferia), o autor chama atenção para o

ramo do estudo secundário (profissionalizante ou propedêutico), o tipo de

estabelecimento de ensino (público ou privado) do estudante, bem como para o

modelo demográfico da família e o sentido da trajetória social (ascendente ou

descendente) do chefe do grupo familiar, como variáveis importantes e fortemente

relacionadas com o sucesso educacional dos estudantes (Ibidem, p. 78-79).

Entretanto, apenas estas variáveis não seriam um fator decisivo isoladamente; seriam

um conjunto de fatores – escolares, culturais, sociais – que definiriam ou influenciariam o

desempenho do estudante. As diferenças ocorrem, portanto, em vários níveis estruturais,

principalmente no que tange aos acessos a bens culturais pela família, principal provedora dos

recursos que virão a influir no desempenho escolar dos atores sociais em tela. Por outro lado,

Miranda (2005) atenta ao fato de que a legitimação dos bens culturais deve-se a um processo

gradual, surgido pela necessidade de manter a indústria cultural e com a perspectiva de gerar

lucros acerca dos bens simbólicos produzidos.

Ademais, nos campos de produção, “a diferente localização dos indivíduos, grupos,

classes, etnias ou sexos, deriva da desigual distribuição de recursos e poderes de cada um

deles” (VIANNA e SETTON, 2004, p. 85-86). Eles permanecem separados uns dos outros

com base na desigual distribuição de recursos: capital econômico, capital cultural, capital

social e capital simbólico. Neste sentido, é perceptível que cada agente ocupe no espaço social

posição definida de acordo com a posse e a acumulação desses principais tipos de capitais.

Neste viés, para podermos compreender as interações entre os indivíduos, é preciso

entender as relações aparentes entre as posições ocupadas por eles, por meio de uma ordem de

distribuição de recursos.

Assim, a partir das diferentes posições ocupadas no espaço social, a realidade entre

classes, grupos, etnias ou sexos apresenta-se, objetivamente, como um sistema

simbólico organizado segundo a lógica da diferença. É necessário, contudo, estar

atento para a variabilidade de composição de recursos ou capitais entre os

indivíduos. Podemos encontrar uma gama muito variada de posições sociais, reflexo

de volumes e composições diferenciadas de capital entre eles, bem como suas

proximidades com as fontes de poder (BOURDIEU, 1989 apud FEATHERSTONE,

1995, p.86).

No âmbito escolar, a forma de poder cultural reverte-se, como fim último, no

aproveitamento escolar. Aceitando-se a tese bourdieusiana, é verificável com muita

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10 probabilidade que, se a criança ou adolescente herda, por intermédio da família, certa

estrutura9 e volume

10 de capital cultural, provavelmente tenderá a ter um êxito maior do que

alguém que possua antepassados com escassos volume e estrutura de capital cultural.

A família é um dos lugares privilegiados de acumulação dos diferentes tipos de capital

e de sua transmissão entre as gerações, sendo, portanto, um importante fator de influência no

desempenho escolar do indivíduo. Contudo, é relevante acrescentar que o desempenho final

não se dá só por conta do nível de capital cultural, mas sim pelo somatório dos capitais

(econômico, social etc.), ou capital global.

É por meio da socialização familiar que as crianças adquirem o habitus que se torna

importante na legitimação da estrutura social. Isso contribui, diretamente, no nível de capital

cultural que é herdado (variante entre indivíduos), já que outros indicadores do capital global

(social, econômico) podem ser diversos entre estes. Neste caso, o capital cultural e o habitus

herdado influenciam a posição ocupada na estrutura social, de acordo com o nível de capital

cultural e de bens simbólicos consumidos.

É interessante, neste caso, haver observação por parte das instituições responsáveis

pela educação, para poder entender a realidade em que se encontram os alunos, à luz do

estudo da influência dos poderes globais. Não obstante, há que se verificar o ponto de

dominação e submissão destas classes sociais, relacionadas ao poder simbólico e educacional.

Bourdieu (1997) reitera:

[...] exatamente pelo fato dos elementos culturais serem instrumentos do conhecimento e instrumentos de integração, é que podem cumprir a função

ideológica e política de imposição de uma forma particular de conhecimento do

mundo, isto é, uma forma específica de ver o mundo (apud SETTON, 2004, p.87).

Destarte, nota-se que, aplicando-se ao estudo e a capacidade de apreensão de

conhecimento, ocorrerá neste campo do saber uma padronização. E isso, no seu contexto,

produzirá um estudante que, em vez de desenvolver sua percepção de mundo, se guie pelos

padrões impostos, obviamente legitimados, com pouca consciência de contestação ou vontade

de busca por novos horizontes.

Neste sentido, é louvável que educadores e demais pessoas ligadas ao ensino, voltem

seus esforços no âmbito de desenvolver as habilidades individuais, respeitando suas

diferenças. E isso vale também para a inclusão e principalmente a alfabetização digital, já que

a Internet pode ser considerada hoje uma das principais e mais acessíveis vias de

conhecimento.

9 A palavra estrutura é empregada aqui com o sentido qualitativo de capital cultural. 10 A palavra volume é empregada aqui com sentido quantitativo de capital cultural.

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11 Desta forma, é necessário averiguar em que medida com os usos sociais da técnica

ocorre esse fenômeno da apreensão de conhecimento por parte do indivíduo. Ou seja, a

implantação de um padrão nos diversos setores socioculturais, em que esse modelo orienta-se

pela legitimação da cultura dominante. Assim, por meio dos usos sociais da técnica, procura-

se explicar de que forma essa padronização está presente na rede.

4 Os Usos Sociais da Técnica

As associações entre redes técnicas e sociais, fomentadas pelas relações técnicas e

sociais, bem como as relações societárias, diminui a capacidade de reflexão acerca do mundo

contemporâneo e sua complexidade. Cria-se, no conceito social da rede, uma padronização na

produção de conteúdos, em que a capacidade reflexiva dá lugar ao simples hábito de clicar,

navegar ou conversar em rede.

O campo dos usos sociais, em contrapartida, requer uma perspectiva mais assimétrica

condizente ao ato, ou seja, requer um sentido (seja ele inconsciente ou consciente), para que

seja mais plausível a percepção técnica de tal ato. O habitus, como fator de norteamento a tal

perspectiva, desenvolve inconscientemente essa característica em cada indivíduo. Miranda

(2005, p. 41) atenta que “para esclarecer a relação dos indivíduos com os meios técnicos

Pierre Bourdieu empreende pesquisa de campo para a compreensão das fotografias”.

Bourdieu tenta explicar através do esquema analítico de que forma a técnica

fotográfica é útil para se entender a televisão e, posteriormente, com o surgimento da Internet,

o entendimento deste novo dispositivo tecnológico, pois “o que se está a investigar é

justamente as relações das práticas sociais com as técnicas, e as funções sociais daí surgidas”

(Ibidem). O estudo buscou, destarte, analisar de que forma as sociedades, por meio de suas

instâncias de legitimação, hierarquizam seus objetos .

No estudo empreendido por Bourdieu, analisaram-se “três grupos de usuários de

câmeras fotográficas: camponeses no Béarn, operários da fábrica da Renault e membros de

clubes fotográficos em Lille” (JENKINS, 1992 apud MIRANDA, 2005, p. 42). Cada classe

social está predisposta a um perfil ao ser fotografada, ou seja, está enquadrada no que é

aceitável para seu grupo social. Neste caso, as limitações sociais fotográficas dão-se bem mais

no campo imposto pelos modelos implícitos que a definem e são assimilados através da

prática fotográfica do que os limites da própria máquina fotográfica – ou suas possibilidades

técnicas. Isso ocorre porque cada classe – ou grupo - possuiu valores próprios estruturados

que distinguem o que é fotografável do que não é.

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12

A fotografia é predisposta a servir às funções sociais do grupo porque seus usos

sociais se apresentam como uma seleção sistemática, coerente e compreensível entre

os usos objetivamente possíveis. A fotografia, por conseguinte, é encarada, em geral,

como modelo de registro realista, de veracidade e objetividade (MIRANDA, 2005,

p.47)

Na época da pesquisa feita pelo sociólogo, a fotografia detinha-se principalmente em

práticas familiares, como função de integração e solenização dos grandes momentos

registrados nela. “A fotografia, além de ser uma técnica de solenização, é uma técnica de

festa; técnica de solenização da festa” (Ibidem, p. 49).

A fotografia como objeto de pesquisa empírica proposta por Bourdieu surgiu porque

tal objeto permitiu investigar a relação das práticas sociais com as técnicas e as funções que

daí surgiram.

Neste sentido, para que haja percepção acerca do indivíduo em relação a Internet, é

também necessário que haja pesquisa neste sentido, tendo em vista que a mesma por si só

pode ser, de alguma forma, pouco fundamentada à realidade social do indivíduo. Assim, para

poder entender os usos da rede, é importante entender a realidade social do indivíduo, com o

objetivo de unir e pluralizar o conhecimento. Para Morin (1996, p. 33), as formas

contemporâneas de vida coletiva tendem a reduzir o conhecimento humano, pois:

[...] o problema não é reduzir nem separar, mas diferenciar e juntar. O problema-

chave é o de um pensamento que una, por isso a palavra complexidade, a meu ver, é

tão importante, já que complexus significa„o que é tecido junto‟, o que dá uma feição

à tapeçaria. O pensamento complexo é o pensamento que se esforça para unir, não

na confusão, mas operando diferenciações.

Neste sentido, os fatores socioeconômicos, como portadores de sentido interiorizado

pelo indivíduo, podem ser um ponto determinante no contexto técnico dos usos sociais e na

prática cotidiana, seja em nível de entretenimento ou pesquisa. Outro condicionador

classificatório pode ser a noção de ethos de classe, que:

[...] virá a ser contida, no constructo bourdieusiano, pelo habitus, em que se inclui a

hexis, corporalidade do indivíduo que expressa relações sociais inconscientemente interiorizadas, que caracterizam sua ruptura com o estruturalismo que faz dos

sujeitos meros epifenômenos da estrutura (MIRANDA, 2005, p. 42).

Assim, a separação das formas de conhecimento tendem a reduzir a capacidade crítica

e reflexiva. Para entender os diversos empecilhos que de certa forma aprisionam o indivíduo

restringindo-o ao mero fato de acessar a rede, sem ter a devida consciência ou a noção de

distinguir o que nela existe, é necessário entender a realidade social a que o mesmo está

submetido pois, como ocorre na vida real ou em sociedade, há de aceitar-se que ocorre

também na vida virtual (que também é real) essa distinção.

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13

O habitus, como estrutura interna inconsciente à pessoa, é também um ponto crucial

para poder entender as ações e reações do ser, sejam elas relacionadas com a rede, com a

educação ou com a vida social do mesmo. As chamadas técnicas sociais e seus usos são,

portanto, um conjunto de normativas e estruturas que são interdependentes aos mais diversos

fatores que as condicionam; necessário, portanto, entender esses fatores para poder

compreender as ações individuais e suas reações, seja no mundo real ou no mundo virtual.

Partindo desse princípio, buscou-se, através da pesquisa de campo11

, fazer um

comparativo dos usos sociais da Internet no município de Caibi, levando em consideração os

pontos estudados referentes às estruturas sociais dos pesquisados, para obtermos uma base de

estudo pautada não só na pesquisa teórica, mas na pesquisa empírica como explicação para os

resultados obtidos no processo de análise e a devida elucidação dos mesmos, de acordo com a

realidade social do entrevistado.

5 Os Usos da Internet em Caibi

5.1 Contextualização Socioeconômica

A instituição escolhida para realizar a pesquisa foi a Escola de Ensino Básico Dom

Pedro II, localizada no município de Caibi, oeste do estado de Santa Catarina. A economia do

município é basicamente agropecuária, com participação econômica também da indústria e do

comércio local, respectivamente, sendo que a população total do mesmo é de 6.219

habitantes, onde 2.641 vivem no meio rural e 3.578 pessoas vivem no meio urbano.

A escola disponibiliza aulas de informática para o ensino fundamental, por meio do

programa de inclusão digital direcionado à faixa etária correspondente a este grau de

escolaridade. Existem cursos paralelos ao oferecido pela escola, possibilitando aos jovens

estudantes do ensino médio a oportunidade de inclusão digital, por meio do Centro Social

Urbano e outras instituições particulares. O colégio Dom Pedro II conta com laboratório de

informática, tendo em vista a necessidade de possibilitar ao aluno acesso, quando necessário,

à pesquisa escolar.

As turmas pesquisadas correspondem ao terceiro ano do ensino médio da escola, nos

três turnos, sendo que cada turno possui uma turma nessa faixa de escolaridade. O intuito de

realizar a pesquisa com alunos concluintes do ensino médio deve-se ao fato de os mesmos

estarem ingressando, ao formarem-se, na faculdade ou no mercado de trabalho.

11 Neste caso, pesquisa de campo refere-se a aplicação dos questionários socioeconômico e direcionado (Apêndices I e II).

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14 Como o total de alunos que cursam a terceira série do ensino médio corresponde a 57

jovens, optou-se em realizar a pesquisa com 100% dos indivíduos; cabe apontar, porém, que

no dia da coleta de dados, houve a ausência de 10,5 % dos alunos e, portanto, o universo

pesquisado foi de 51 alunos, ou 89,5 %12

.

Haja vista os alunos do nível médio não possuírem na grade curricular disciplinas

voltadas à informática ou conteúdos afins, a parte da coleta de dados foi feita em aulas

escolhidas aleatoreamente, em acordo com o professor da disciplina e a direção da escola.

Essa primeira fase consistiu na coleta de dados com os alunos, por meio de questionários

(Apêndices I e II). Para obter mais dados para a pesquisa empírica, foi realizado um

questionário socioeconômico aos alunos, visando uma identificação preliminar dos mesmos

bem como uma aferição social e contextual do meio em que o mesmo está inserido.

Destarte, procurou-se observar em que medida os alunos fazem uso da Internet para

suas pesquisas, bem como para uso em outras finalidades, de acordo com sua realidade social.

O grupo pesquisado, quanto ao gênero, é formado predominantemente por jovens do

sexo feminino. Em relação à idade, a grande maioria encontra-se na faixa dos 15 aos 17 anos.

Logo, nota-se que o nível de repetência é baixo, pelo padrão etário. Não ocorreram variações

em alguns dados de estratificação, tais como: todos são solteiros e brasileiros. Uma pequena

parcela advém de outros estados do país, sendo que a maioria é natural da cidade ou

municípios vizinhos. Apenas 4 alunos pesquisados não moram com os pais e apenas 2 não

possuem nenhum irmão.

É interessante notar que, tanto os jovens do meio rural quanto os do urbano, fazem uso

da Internet para suas pesquisas escolares, sendo que os livros ficaram em segundo lugar no

ranking da pesquisa. Esse fator pode ser atribuído, de certo modo, às políticas de inclusão

digital por parte dos governos e demais instituições voltadas a esse fim.

Cazeloto (2008, p. 81) afirma que isso ocorre devido à informatização do cotidiano,

termo difundido por Lyotard, um dos principais precursores dessa abordagem:

Com esse termo, queremos designar não apenas a penetração de máquinas e

equipamentos informatizados na sociedade, mas todo o processo de banalização e

naturalização das relações humanas intermediadas por esses equipamentos. No plano

empírico, a informatização do cotidiano se materializa no largo espectro de aplicação dos chips e das memórias artificiais, presentes direta ou indiretamente em

número crescente de objetos, mas também no universo em expansão das práticas

culturais mediadas por tecnologias informáticas (grupos de discussão pela internet,

blogs, flogs, sexo virtual, smart mobs, web-arte, realidades virtuais etc.).

12 Para fins da análise comparativa dos grupos pesquisados, esta porcentagem será tomada como totalidade, ou seja, os 51 alunos entrevistados correspondem a 100%.

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15 Neste caso, o autor sugere que a informática engloba, mais que um contexto social, um

contexto econômico, fruto do capitalismo, com vista a transformar a informação em produto

com valor de mercado. No caso da pesquisa econômica, a maioria dos alunos da zona urbana

vive em famílias com renda mensal na faixa de um a dez salários mínimos, como aponta o

gráfico abaixo.

Gráfico 1: renda familiar mensal no meio urbano na cidade de Caibi - S.C.

Já no meio rural, a faixa salarial encontra-se mais dispersa, sendo que uma grande

parcela até mesmo não declara ou desconhece sua renda. O fato de grande parte dos atores

sociais inseridos neste grupo não declarar sua renda pode ser atribuído, em parte, à

sazonalidade das atividades econômicas desenvolvidas por suas famílias na área rural, sem

um ganho estável variando de acordo com a época do ano e com as atividades econômicas

desenvolvidas na propriedade rural13

. A maior faixa declarada, entretanto, está no intervalo

que varia entre um e dois salários mínimos.

13 O termo propriedade rural engloba sítios, chácaras e fazendas.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Menos de um salário

mínimo (até R$ 545,00)

De um a dois salários

mínimos (entre R$

545,00 até R$ 1090,00)

De dois a cinco

salários mínimos (entre R$

1091,00 até R$ 2725,00)

De cinco a dez salários mínimos (R$ 2726,00 até

5450,00)

De dez a quinze salários mínimos (entre R$

5451, 00 até R$ 8175,00)

De quinze a vinte

salários mínimos (entre R$

8176,00 até R$

10900,00)

Mais de vinte

salários mínimos (acima de

R$ 10900,00)

Prefiro não declarar

Renda familiar mensal (Meio Urbano)

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16

Gráfico 2: renda familiar mensal no meio rural na cidade de Caibi - S.C.

Nota-se uma diferença econômica nos grupos pesquisados, sendo que o meio urbano é

mais homogêneo em relação à percepção salarial, enquanto o rural é mais heterogêneo, o que

aponta para uma maior desigualdade no campo. Prevalece a presença de 1 a 4 filhos por

família, com famílias de 4 a 6 membros. Outro ponto importante diz respeito à escolaridade,

onde há um nível significativo de pais destes alunos com formação fundamental,

principalmente no meio rural. No meio urbano, o grau de escolaridade é um pouco mais

elevado, porém disperso.

Os alunos também são responsáveis de maneira parcial com a renda familiar e, em

ambos os casos, trabalham e estudam, onde alguns trabalham em período integral estudando a

noite e outros trabalham em um turno e estudam em outro. Neste ponto, a grande diferença

está no turno escolhido. Os jovens advindos do meio rural estudam na grande maioria no

turno matutino, enquanto os jovens do meio urbano estudam no turno da noite, como apontam

os gráficos a seguir.

0

1

2

3

4

5

6

7

Menos de um salário

mínimo (até R$ 545,00)

De um a dois salários

mínimos (entre R$

545,00 até R$ 1090,00)

De dois a cinco

salários mínimos (entre R$

1091,00 até R$ 2725,00)

De cinco a dez salários mínimos (R$ 2726,00 até

5450,00)

De dez a quinze salários mínimos (entre R$

5451, 00 até R$ 8175,00)

De quinze a vinte

salários mínimos (entre R$

8176,00 até R$

10900,00)

Mais de vinte

salários mínimos (acima de

R$ 10900,00)

Prefiro não declarar

Renda familiar mensal (Meio Rural)

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17

Gráfico 3: turnos em que os jovens do meio urbano estudam.

Gráfico 4: turnos em que os jovens do meio rural estudam.

É notável também que, nos meios urbano e rural, poucos jovens procuram cursos

profissionalizantes14

e/ou cursos de outras línguas15

. Os meios de comunicação para ambos,

no entanto, são praticamente os mesmos – televisão, rádio, jornal, revistas - variando apenas

com uma maior disponibilidade de Internet para os jovens do meio urbano. E justamente este

meio informacional é nosso objeto de estudo, nos tópicos que seguem, com o intuito de fazer

uma comparação entre duas realidades diferentes, ou seja, os itinerários do meio rural e

urbano, para buscar compreender o porquê das preferências do jovem relativas aos conteúdos

oferecidos pela Web e de que forma os indivíduos fazem uso destes para sua formação escolar

e para pesquisa, bem como para entretenimento, socialização e comunicação em grupo.

14 Os cursos profissionalizantes citados foram Administração e Secretariado e Farmácia. 15 As línguas citadas pelos entrevistados foram Inglês e Espanhol.

13%

34%53%

0%

Turno em que estuda (Meio Urbano)

Manhã

Tarde

Noite

Integral (Manhã e Tarde)

81%

14%

5% 0%

Turno em que estuda (Meio Rural)

Manhã

Tarde

Noite

Integral (Manhã e Tarde)

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18

5.2 Os usos da Internet por jovens do meio urbano

Concomitante ao questionário socioeconômico (Apêndice I) foi aplicado um segundo

questionário com o intuito de aferir as preferências dos jovens pesquisados em relação ao seu

consumo de Internet, bem como outros itens pertinentes a tal proposta.

No meio urbano, todos os alunos pesquisados afirmaram ter computador em casa,

sendo que dos 30 pertencentes a este meio, 5 possuem notebook e os demais, computadores

de mesa (Desktop). Todos também possuem acesso à Internet em casa, exceto um pesquisado;

porém a grande maioria faz uso de outros locais para conectarem-se à rede, tais como: escola,

lan houses, casa de amigos e local de trabalho.

Outro ponto importante a ser destacado, diz respeito ao tempo que cada aluno passa

acessando a Internet. O gráfico abaixo ilustra essa situação:

Gráfico 5: tempo de acesso à internet por jovens do meio urbano

O tempo de acesso por jovens da cidade está praticamente concentrado no intervalo

acima de três horas por dia; o primeiro contato com a rede, por parte destes jovens, foi cedo,

na faixa dos 10 (ou até mesmo antes) até 13 anos. Destarte, essas pessoas relatam pouca

dificuldade ao lidar com o computador, suas partes físicas e suas partes virtuais, ainda que o

software tenha sido mencionado por 2 entrevistados como uma possível dificuldade no

manejo como um todo.

Em relação ao conteúdo visual, o que mais desperta a atenção destes jovens são

conteúdos multimídia (fotos, vídeos, textos); foram citados também usos relacionados a jogos

e downloads, o que remete a possibilidade de acesso da Internet banda larga16

(Rádio, ADSL)

em maior escala.

16 Devido ao fato de Caibi não possuir cobertura 3G no período da aplicação do questionário, este tipo de banda larga não foi citado na pesquisa.

17%

43%

40%

Quantas horas por dia (nos dias em que acessa) você passa conectado à internet?

De 1 a 2 horas

De 3 a 4 horas

Mais de 5 horas

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19

Os sites citados, por meio de questão dissertativa de livre resposta foram, em ordem de

preferência, Orkut17

, Google18

, Msn19

, Youtube20

, G121

, R722

e sites de entretenimento em

geral.

Neste aspecto, os jovens costumam acessar os conteúdos e sites acima mencionados

para entretenimento, comunicação e redes sociais, colocando a pesquisa escolar, no quarto

colocado quanto ao uso da Internet para tal fim.

Gráfico 6: consumo de Internet pelos jovens do meio urbano.

A pesquisa voltada ao âmbito escolar aparece com 10% da preferência, portanto, nota-

se uma defasagem no aproveitamento da rede como suporte para adquirir conhecimentos e

para a pesquisa escolar, pois o entretenimento aparece em primeiro plano.

Com efeito, é perceptível que uma inclusão digital na infância, ou seja, nas séries

primárias, integre o jovem às ferramentas de navegação na Web, no sentido de possibilitar um

maior acúmulo de capital cultural em quantidade e qualidade. Essa integração num primeiro

momento acarreta, conforme a pesquisa, uma familiaridade maior com a rede e com o

computador, o que implica numa maior facilidade de lidar com estes dispositivos, tanto que a

grande maioria dos entrevistados - 28 indivíduos -, apesar de não possuir cursos na área de

informática, não relatou dificuldades para lidar com softwares e o hardware.

17 Rede Social ou Comunidade Virtual projetada por Orkut Buyukkokten, programador do Google. 18 Empresa Multinacional de serviços online e software dos EUA baseados na Internet, tendo como principal fonte de lucros a publicidade. 19 Aqui, o termo Msn refere-se ao aplicativo Messenger, desenvolvido pela Microsoft para a comunicação instantânea e não ao site principal da rede social a que se refere o termo. 20 Site que permite aos usuários o compartilhamento de vídeos em formato digital, fundado em 2005. 21 Portal de notícias brasileiro mantido pela Rede Globo sob a orientação da Central Globo de Jornalismo. 22 Portal de notícias brasileiro mantido pelo conglomerado Record, com conteúdos da Record News, Record Internacional, Rede Record e suas afiliadas.

Pesquisa escolar10%

Outros tipos de pesquisa

7%

Entretenimento16%

Comunicação Instantânea

21%

Redes Sociais27%

Downloads8%

Jogos5%

Outros6%

Enumere, de acordo com a importância e frequência que você utiliza a internet para

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20

Nota-se que os jovens desse grupo priorizam o entretenimento, a socialização e a

comunicação, indo no sentido contrário ao que propõe Mercado (2005, p.12), citando a

Internet como ferramenta complementar para a educação, inclusive, como lei no Brasil.

A Lei Nº 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação pontua as diretrizes que

embasam a formação do aluno nas séries iniciais na perspectiva de formação de

sujeitos letrados. A importância do uso da Internet na educação é sustentada

confirme os estudos de Heide e Stilborn (2000), Moran (2000) e Mercado (2002 e

2004), que abrangem o assunto destacando a necessidade de integrar as TIC ao

processo de ensino-aprendizagem.

A inclusão digital não é suficiente para melhorar o acesso ao ensino, se esta não for

convergida para tal uso. Esse apontamento, entretanto, requer uma atenção especial e políticas

que se preocupem com as formas de uso da rede. Por fim, nota-se que ocorre, neste grupo, um

uso maior da Internet para a diversão, colocando a busca de conhecimentos a nível escolar e a

pesquisa num segundo plano.

O capítulo a seguir, aborda de que forma o jovem do meio rural faz uso da rede para

seus fins próprios, com o fim de analisar se houve ou não uma diferença nos blocos

pesquisados.

5.3 Os usos da Internet por jovens do meio rural

A exemplo do meio urbano, os jovens residentes no meio rural têm acesso à Internet.

Porém, o número de computadores pessoais é inferior aos índices do meio urbano, atingindo

praticamente só 50% dos alunos, ou seja 11 dos que responderam o questionário. Apenas um

possui notebook e 8 – de um total de 21 - contam com Internet na residência. Destes, apenas 3

acessam todos os dias a rede, enquanto 14 acessam uma vez somente por semana.

O contato com a Internet ocorreu de forma mais tardia, principalmente na faixa dos 14

aos 17 anos, o que pode explicar parcialmente sua menor familiaridade com a Web. O tempo

de acesso dos jovens residentes no meio rural também é menor que o dos jovens do meio

urbano, concentrando-se principalmente no intervalo que varia de 1 a 2 horas por dia, nos dias

em que tem contato com a rede, conforme aponta o gráfico a seguir:

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21

Gráfico 7: tempo de acesso a internet por jovens do meio rural

Apenas 4 alunos não possuem algum curso na área da computação. Os mesmos

apontam uma maior dificuldade em lidar com softwares, navegação ou mesmo a parte física

do computador, impedindo uma total familiarização com a rede e seus suportes. Quanto à

pesquisa escolar, os mesmos apontam a Internet como primeira colocada para tal fim, sendo

que os livros ficam em segundo plano.

O acesso à rede ocorre principalmente na escola, o que pode explicar em parte a pouca

familiaridade dos mesmos com dispositivos de comunicação instantânea e redes sociais, já

que tais sites ou conteúdos são bloqueados pela instituição. Segundo o gráfico abaixo indica, a

finalidade de uso da rede por estes jovens deve-se para:

Gráfico 8: consumo de Internet por jovens do meio rural.

14%

86%

Quantas horas por dia (nos dias em que acessa) você passa conectado à internet?

De 1 a 2 horas

De 3 a 4 horas

Mais de 5 horas

Pesquisa escolar25%

Outros tipos de pesquisa

20%

Entretenimento14%

Comunicação Instantânea

12%

Redes Sociais11%

Downloads10%

Jogos8%

Enumere, de acordo com a importância e frequência que você utiliza a internet para

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22

Percebe-se, no caso do jovem residente no meio rural, uma preocupação maior quanto

ao uso da Internet para estudos, ou seja, predominantemente, pesquisa escolar e pesquisas

diversas. A diversão fica em terceiro plano, enquanto que a comunicação instantânea e as

redes sociais em quarto e quinto, respectivamente. O fato de o jovem do meio rural pouco

usar a comunicação instantânea se deve ao baixo índice dos mesmos em ter acesso à Internet

em casa, pois dos 21 entrevistados apenas 8 possuem, tornando portanto a comunicação

instantânea inviável, devido a esse pouco tempo de uso. Os dispositivos de comunicação

instantânea, como ferramentas de uso em grupo, requerem por parte do usuário certa

assiduidade, pois:

[...] é possível notar que o MSN é usado para trocas pessoais ou entre grupos,

oferecendo espaço para interação entre pessoas que concordam em acrescentar na sua listagem pessoal de contatos aqueles/as com os/as quais interessa interagir por

esta via. Cabe destacar que ceder o próprio e-mail para ser adicionado ao MSN de

outras participantes requer certa parcela de confiança (BRAGA, 2008, p. 7).

Assim, as redes sociais e de comunicação instantânea ficam mais restritas aos grupos

com mais possibilidade de acesso, já que requerem certa atualização ou uma participação

maior quanto à interação do indivíduo para sua inclusão no grupo. Neste sentido, há que se

levar em conta que o tempo disponível para a pesquisa voltada ao interesse educacional

dispõe de mais tempo, já que as redes sociais assumem um segundo plano para esse grupo.

Na questão descritiva de livre resposta, referente aos sites mais acessados, o Google

aparece em primeiro na preferência, sendo que os outros canais citados foram pouco

mencionados pelos alunos. Isso se deve pela popularidade do site de buscas, confirmando os

dados pertinentes a preferência do estudante, ou seja, em nível de pesquisas.

Desta forma, pode-se dizer que o jovem do meio rural faz um uso exploratório da

Internet como ferramenta de busca por conhecimento e para a vida escolar, comparado ao

jovem urbano. Portanto, há nesse caso uma estruturação relativa ao habitus voltada mais para

a utilização para fins de pesquisa, indo em contrapartida ao jovem do meio urbano, que busca

mais a socialização em grupo e a comunicação instantânea.

Considerações Finais

Levando-se em conta os objetivos da pesquisa em aferir os usos sociais da Internet por

jovens do meio urbano e rural, pode-se observar uma diferença em relação às preferências em

determinados conteúdos disponibilizados na rede, sendo que o grupo do meio urbano, que

possui maior acessibilidade, utiliza mais a rede para comunicação instantânea, redes sociais e

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23 entretenimento. Por outro lado, o grupo do meio rural, que tem menos disponibilidade da

Internet em sua casa, utiliza mais a mesma para pesquisa escolar, outros tipos de pesquisa e

entretenimento.

Observa-se nesse caso, uma clara diferença quanto aos usos deste suporte entre os

indivíduos e o aproveitamento de tal suporte para fins de pesquisa escolar, haja vista que os

jovens do meio urbano utilizam mais a Internet para diversão e socialização, indo em sentido

oposto ao que propõe Sobral (2002, p. 15), que considera a ferramenta como um ponto de

auxilio importante na aprendizagem:

A internet facilita a atual tarefa do professor – a de guia da aprendizagem, em vez de

transmissor de conhecimento -, e permite ao aluno um contato mais direto com o

mundo, o que atende a mais uma necessidade atual: o da experiência direta como

modalidade de aprendizagem mais propícia ao desenvolvimento da capacidade de

resolução criativa de problemas.

Assim, apesar de os alunos estarem tendo acesso e possibilidade de inclusão digital,

constata-se que os indivíduos do meio urbano fazem uso restrito da Internet enquanto canal

para a posse de capital cultural, apesar de possuírem um nível de capital econômico mais

elevado quando comparado aos indivíduos do meio rural e seus familiares apresentarem um

nível de formação educacional mais elevada, ou seja, apesar de possuírem um capital global

maior, há menos interesse pela busca de conhecimento por parte destes indivíduos.

Aqui cabe ressaltar que essa constatação contraria o que sugere Bourdieu em sua

teoria, citada por Patto (1997, p. 44) onde “o sistema educacional está ligado ao sistema

social; as desigualdades sociais são transformadas em desigualdades acadêmicas pela

transmissão educacional do capital cultural”. Assim, o grupo de jovens do meio urbano, em

que os indivíduos advém de famílias com maior posse de capital cultural, não priorizam a

rede como fonte para adquirir capital cultural, mas sim como canal de comunicação e

socialização (que não deixa também de ser meio com potencial para acumulação de capital

cultural); os jovens do meio rural, justamente por pertencerem a um grupo familiar com

menos posse de capital cultural, priorizam na rede a busca para a obtenção do mesmo, através

da pesquisa escolar, em especial.

É necessário, tendo em vista a formação de um habitus que permita criar no aluno uma

consciência mais crítica, uma formação integral e diversa num primeiro momento de contato

com o computador, a fim de possibilitar ao mesmo uma maior aquisição de capital cultural

num futuro.

Neste sentido, é indispensável que, além das políticas de inclusão, haja também

políticas sociais voltadas à alfabetização digital, desde os primeiros anos de escola e

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24 desenvolvendo-se no decorrer da vida do indivíduo, para que o mesmo possa selecionar o que

contribui para aquisição do capital cultural e o que atrapalha sua formação educacional.

Observa-se, neste caso, que deve haver uma formação educacional adequada às novas

tecnologias, desde cedo, incentivando a formação de um espírito crítico e que consiga buscar

informação e conhecimento de maneira racional, dentro de uma perspectiva que vise a

acumulação de capital cultural no campo que tange a área digital, permitindo destarte uma

inclusão efetiva em nível social, a fim de que haja de fato possibilidades de acesso ao

conhecimento de modo igualitário e sem distinções de classe ou de estratos societários.

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25 MORIN, E. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996.

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RÜDIGER, F. Comunicação e Teoria Crítica da Sociedade: Adorno e a Escola de Frankfurt. Porto

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APÊNDICE I

Universidade Federal de Santa Maria - Campus de Frederico Westphalen

APÊNDICE I – QUESTIONÁRIO SOCIOECONÔMICO

Nome Completo: _________________________________________ 1 - Sexo:

1-( ) Masculino 2-( ) Feminino 2 - Idade: 1-( )15 a 17 anos 2-( )18 a 20 anos 3-( )21 a 23 anos 4-( ) Acima de 23 anos 3 - Estado Civil: 1-( ) Solteiro 2-( ) Casado 3-( ) Outro____________________________ 4 - Naturalidade:

1-( ) Brasileiro(a) 2-( ) Estrangeiro(a) naturalizado(a). Qual país?_______________ . 5 - Estado de origem

1-( ) Santa Catarina 2-( ) Rio Grande do Sul 3-( ) Paraná 4-( ) Outro__________________________ 6 - Município de origem:______________________ 7 - Em que localidade da cidade você mora?

1-( ) Bairro da periferia da cidade 2-( ) Bairro na região central da cidade 3-( ) Região rural (chácara, sítio, fazenda, etc.) 4-( ) Outro: ____________ 8 - Com quem você mora? (múltipla escolha)

1-( ) Pais 2-( ) Irmãos 3-( ) Cônjuge 4-( ) Companheiro (a) 5-( ) Filhos 6-( ) Sogros 7-( ) Parentes 8-( ) Amigos 9-( ) Empregados domésticos 10-( ) Outros 11-( ) Sozinho (a) 9 - Quantos irmãos você tem? 1-( ) 1 a 3 2-( ) 4 a 5 3-( ) mais de 5 4-( ) Nenhum

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27 10 - Qual é a sua renda familiar mensal? 1-( ) Menos de 1 salário mínimo (até R$545,00) 2-( ) De um a dois salários mínimos (entre R$545,00 e R$1.090) 3-( ) De dois a cinco salários mínimos (entre R$1.091 e R$2.725) 4-( ) De cinco a dez salários mínimos (entre R$2.726 e R$5.450) 5-( ) De dez a quinze salários mínimos (entre R$5.451 e R$8.175) 6-( ) De quinze a vinte salários mínimos (entre R$8.176 e R$10.900) 7-( ) Mais de vinte salários mínimos (acima de R$10.900) 8-( ) Prefiro não declarar 11 - Qual a sua participação na vida econômica do seu grupo familiar? 1-( ) Não trabalho e sou sustentado por minha família ou outras pessoas 2-( ) Trabalho e sou sustentado parcialmente por minha família ou outras pessoas 3-( ) Trabalho e sou responsável apenas por meu próprio sustento 4-( ) Trabalho, sou responsável por meu próprio sustento e ainda contribuo parcialmente para o sustento da família 5-( ) Trabalho e sou o principal responsável pelo sustento da família 6-( ) Outra situação_______________________________________ . 12 - Quantas pessoas (exceto você) contribuem para a renda da sua família?

1-( ) Uma 2-( ) Duas 3-( ) Três 4-( ) Quatro 5-( ) Mais. Quantas? ____________ 13 - Quantas pessoas (exceto você) vivem da renda da sua família?

1-( ) Uma 2-( ) Duas 3-( ) Três 4-( ) Quatro 5-( ) Mais. Quantas? ___________ 14 - Qual o grau de escolaridade do seu pai ?

1-( ) Ensino fundamental incompleto 2-( ) Ensino fundamental completo 3-( ) Ensino médio incompleto 4-( ) Ensino médio completo 5-( ) Ensino superior incompleto 6-( ) Ensino superior completo 7-( ) Especialização 8-( ) Mestrado 9-( ) Doutorado 10-( ) Pós-Doutorado 11-( ) Desconheço 15 - Qual o grau de escolaridade da sua mãe ? 1-( ) Ensino fundamental incompleto 2-( ) Ensino fundamental completo 3-( ) Ensino médio incompleto 4-( ) Ensino médio completo 5-( ) Ensino superior incompleto 6-( ) Ensino superior completo 7-( ) Especialização 8-( ) Mestrado 9-( ) Doutorado 10-( ) Pós-Doutorado 11-( ) Desconheço 16 - Atualmente você:

1-( ) Apenas estuda 2-( ) Trabalha e estuda 17 - Se trabalha também, onde? 1-( ) Indústria 2-( ) Comércio 3-( ) Meio Rural 4-( ) Outro__________________________ 18 - Escola que estuda: __________________________________ .

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28 19 - Série e Curso: __________________________________ . 20 - Turno 1-( ) Matutino 2-( ) Vespertino 3-( ) Noturno 4-( ) Integral (manhã e tarde) 21 - Frequenta algum outro curso? Qual? __________________________________ . 22 - Você já cursou algum idioma em escola de línguas? Qual?

1-( ) Inglês 2-( ) Espanhol 3-( ) Outro_____________________________ 4-( ) Nenhum 23 – Você já cursou algum curso na área da computação?

1-( ) Sim 2-( ) Não 24 – Se sim, qual? 1-( ) Básico 2-( ) Avançado 3-( ) Profissionalizante________________________ 25 – A qual destes meios de comunicação você tem acesso? (Múltipla escolha) 1-( ) Jornal 2-( ) Revistas 3-( ) Televisão à Cabo 4-( ) Televisão (analógica) 5-( ) Televisão (digital) 6-( ) Rádio 7-( ) Internet 8-( ) Outros ______________________________________ 26 – Enumere (1º, 2º, 3º...), de acordo com a frequência de usos, quais canais abaixo você mais utiliza para pesquisa escolar. 1-( ) Livros 2-( ) Internet 3-( ) Pesquisa a campo 4-( ) Pesquisa em laboratório

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APÊNDICE II

Universidade Federal de Santa Maria - Campus de Frederico Westphalen

APÊNDICE II – QUESTIONÁRIO DIRECIONADO

Nome Completo: _________________________________________ 01 - Você tem computador em casa? 1-( ) Sim 2-( ) Não 2 - Se sim, que tipo de computador você possui? (múltipla escolha)

1-( ) Computador de mesa 2-( ) Notebook 3-( )Netbook 4-( )Tablet(iPad) 5-( ) Smartphone 3 - Você tem acesso à internet?

1-( ) Sim 2- ( ) Não 5 - Se sim, quantas vezes por semana você tem acesso a Internet? 1-( ) Todos os dias 2-( ) mais de 3 vezes 3-( ) 1 vez somente 4 – Acessa internet via celular?

( ) Sim ( ) Não ( ) Desconheço este tipo de conexão 6 - Onde você tem acesso à internet? ( Múltipla escolha) 1-( ) Em casa 2-( ) Na escola 3-( ) Lan house 4-( ) Na casa de amigos 5-( ) Não tenho acesso 6-( ) Outro local _______________________ 7 - Se têm Internet em casa: Qual o tipo? (múltipla escolha)

1-( ) Discada 2-( ) Banda Larga (Rádio, ADSL) 3-( ) 3G 4-( ) Móvel 5-( ) Desconheço meu tipo de conexão 6-( ) Não Possuo 8 - Quantas horas por dia você passa acessando a Internet?

1-( ) De 1 a 2 horas 2-( ) De 3 a 4 horas 3-( ) Mais de 5 horas 9 - Com que idade você teve o primeiro contato com a Internet? 1-( ) Menos de 10 anos 2-( ) De 10 a 13 anos 3-( ) De 14 a 17 anos 4-( ) De 18 a 20 anos 5-( ) Mais de 20 anos 10 - Onde? 1-( ) Caibi 2-( ) Município do oeste de SC 3-( ) Município do Estado de SC 4-( ) Município do RS 5-( ) Município do PR 6-( ) Município de outro estado

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30 11 – Enumere (1º, 2º, 3º etc...), de acordo com a importância e frequência que você utiliza a internet para: 1-( ) Pesquisa escolar 2-( ) Outros tipos de pesquisa 3-( ) Entretenimento 4-( ) Com. instantânea (MSN) 5-( ) Redes sociais (Orkut, Facebook etc) 6-( ) Downloads 7-( ) Jogos 8-( ) Outros _______________________________ 12 – Com qual dos componentes abaixo você apresenta maior dificuldade de lidar:

1-( ) Programas do computador 2-( ) Navegação na rede (Internet) 3-( ) Parte física do computador (mouse, teclado etc...) 4- ( ) Nenhum 13 – Qual dos conteúdos desperta mais seu interesse?

1-( ) Fotos 2-( ) Textos 3-( ) Vídeos 4-( ) Ambos intercalados 14 – Com base no que você assinalou na questão 13, o item escolhido você costuma acessar para:

1-( ) Diversão (Orkut, Facebook...) 2-( ) Informação (Notícias,artigos...) 3-( ) Pesquisa escolar 4-( ) Curiosidade 15 – Qual é o site que você mais acessa? (Pode citar mais que um)

__________________________________________________________ 16 – Se possui algum curso na área da computação, onde fez o mesmo?

1-( ) Escola 2-( ) Centro Social 3-( ) Particular 4-( ) Não possuo nenhum curso 5- ( ) Outra instituição_________________ 17 – Para você, o que é inclusão digital?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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31 APÊNDICE III

Centro de Educação Superior Norte - RS

Departamento de Ciências da Comunicação

Frederico Westphalen, 28 de março de 2011.

À Direção da Escola de Ensino Básico Dom Pedro II, Caibi, Santa Catarina

Diretora Tanea Maria Silveira

Venho, por meio desta, declarar, para os devidos fins, que o estudante IEDO

ADALTRO ZORTÉA está regularmente matriculado no Curso de Comunicação Social -

Habilitação em Jornalismo, com frequência no 1º Semestre de 2011 em turno integral,

matriculado sob o número 2813225. Haja vista encontrar-se no 7° semestre da grade

curricular, deve realizar Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), cujo título é “OS USOS

SOCIAIS DA INTERNET POR ESTUDANTES DO NÍVEL MÉDIO: ITINERÁRIO

DE ADOLESCENTES DOS MEIOS URBANO E RURAL DE CAIBI – SC”.

Neste sentido, em face do objeto de estudo, que lhe exige observação e pesquisas

sobre os usos da Internet de estudantes do terceiro ano do ensino médio, peço-lhes, por

gentileza, como professor orientador e coordenador do Laboratório de Informação Convergida

do curso, que o autorize a realizar a pesquisa nessa Instituição de Ensino, proporcionando-lhe

a acessibilidade à realização do intento.

Desde logo lhes agradeço e coloco-me à disposição.

Atenciosamente,

Prof. Dr. Luciano Miranda Silva de Moraes Fernandes

Universidade Federal de Santa Maria - Linha Sete d e Setembro s/n – BR 386 KM40

CEP: 98400-0 00 - Frederico Westphalen - RS

www.cesnors.ufsm.br

[email protected] / [email protected] - Fone (55) 3 744 -8964 Ramal 8767