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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO CAMILA FERREIRA SANTA BÁRBARA VIEIRA OS PRINCIPAIS DESAFIOS NA CONSTRUÇÃO DA FERROVIA DE INTEGRAÇÃO OESTE-LESTE SOB A PERSPECTIVA DOS FUNCIONÁRIOS DA VALEC Salvador, 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

CAMILA FERREIRA SANTA BÁRBARA VIEIRA

OS PRINCIPAIS DESAFIOS NA CONSTRUÇÃO DA

FERROVIA DE INTEGRAÇÃO OESTE-LESTE SOB A

PERSPECTIVA DOS FUNCIONÁRIOS DA VALEC

Salvador, 2014

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CAMILA FERREIRA SANTA BÁRBARA VIEIRA

OS PRINCIPAIS DESAFIOS NA CONSTRUÇÃO DA

FERROVIA DE INTEGRAÇÃO OESTE-LESTE SOB A

PERSPECTIVA DOS FUNCIONÁRIOS DA VALEC

Monografia apresentada ao Curso de graduação em Administração da Universidade Federal da Bahia - UFBA, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Administração. Orientador: Prof. Dra.Maria da Graça Pitiá Barreto Universidade Federal da Bahia - UFBA

Co-orientador: Prof. Dr. Roberto Brazileiro Paixão

Universidade Federal da Bahia - UFBA

Salvador, 2014

3

“Mesmos as noites totalmente sem estrelas podem anunciar a

aurora de uma grande realização” Martin Luther King

4

AGRADECIMENTOS

Para que eu chegasse até este momento do curso de Administração foi necessário

o apoio e dedicação dos meus familiares, agradeço as palavras de apoio e de

conforto, vocês contribuíram para que eu não desistisse do curso e se escrevo esta

monografia, em parte, devo a vocês. Obrigada tia Marina e a minha irmã Karina,

mesmo tão longe vocês se fizeram presentes. Obrigada tia Diva pela amizade e

conselhos. Ao meu tio Robe que foi meu braço direito em Salvador, sua ajuda foi

fundamental, obrigada!

Ao meu pai Jeovah Vieira, eu agradeço e dedico esta Monografia. Meu herói e

melhor amigo. O plano era que pudesse estar comigo na minha formatura, depois

me conduzisse até o altar da igreja e que pudesse estar na sala de estar brincando

com os meus filhos. Deus fez de meu herói o meu anjo protetor, sei que onde

estiver está feliz por eu não ter desistido. Sei o quanto lutou para que eu

continuasse estudando. Te amo, pai!

Agradeço ao apoio e conselhos dos meus amigos: Rafaela Batista, Jamile Santana,

Marcelo Fortes, Luciano Oliveira e Juliana Pedroso.

Agradeço muitíssimo ao meu professor Roberto Brazileiro por ter me ajudado com

a monografia, estava com problemas no meu projeto de pesquisa e ele prestativo

esclareceu minhas dúvidas e ajudou-me a corrigir os problemas. Prestou com

dedicação e atenção seu dom de educador. Ao mestre com carinho!

Muito obrigada a Juliana Guimarães por ter sido tão solícita e por ter me ajudado a

divulgar o questionário para os funcionários da VALEC. E Obrigada a todos os

funcionários da Valec que responderam ao questionário e fizeram esta pesquisa

possível.

Agradeço a minha professora Graça Pitiá pelas observações, orientações,

correções e sugestões para enriquecer minha monografia. Seu apoio também foi

fundamental para a construção desta pesquisa

5

RESUMO

Este trabalho visa identificar quais são os desafios e os impactos na construção da

Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), sob a perspectiva dos funcionários da

Valec, empresa pública de sociedade por ações vinculada ao Ministério dos

Transportes que tem por função coordenar, executar, controlar, fiscalizar e

administrar obras ferroviárias. A obra deveria ter sido finalizada em 2013, mas

encontra-se em estágio inicial devido a diversos problemas com órgãos de

fiscalização. Para iniciar o estudo foi realizada uma pesquisa exploratória

contextualizando o auge e o declínio das ferrovias brasileiras e uma pesquisa sobre

as condições atuais da construção da FIOL. Posteriormente, foi fornecido um

questionário aos funcionários da VALEC e analisadas as repostas através do

Discurso do Sujeito Coletivo, identificando a visão deles quanto aos desafios e

impactos na construção da FIOL.

PALAVRAS-CHAVE: Logística, Ferrovias, FIOL, Valec, Bahia

6

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapeamento das malhas ferroviárias concedidas à iniciativa privada 32

Figura 2: Mapa do trecho Palmas-Anapólis interligando a Fiol ao município de

Figueirópolis (TO) 39

Figura 3: Extenção da FIOL desde o porto em Ilhéus até Figueirópolis (TO) 40

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Principais características dos modais e seus custos fixos e variáveis 18

Quadro 2: Tempo de formado dos entrevistados 56

Quadro 3: Área de atuação dos entrevistados 56

Quadro 4: Cargos ocupados na VALEC pelos entrevistados 57

Quadro 5: Tempo de atuação na construção da FIOL 58

Quadro 6: Experiência dos entrevistados na construção de outras ferrovias 59

Quadro 7: Identificação das ferrovias que os entrevistados trabalharam 59

Quadro 8: Frequência por idéia central- Questão 10 60

Quadro 9: IC-A: Estrutura- Questão 10 do questionário 60

Quadro 10: IC-B: Falta de Planejamento- Questão 10 do questionário 62

Quadro 11: IC-C: Questões Políticas- Questão 10 do questionário 64

Quadro 12: Frequência por idéia central –Questão 11 65

Quadro 13: IC-A: Desenvolvimento econômico- Questão 11 do questionário 65

Quadro 14: IC-B: Impacto Social- Questão 11 do questionário 66

Quadro 15: IC-C Impacto Ambiental- Questão 11 do questionário 67

7

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Características operacionais relativas por modal de transporte 16

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Matriz de transporte por TKU em 2012 17

Gráfico 2: A competição modal no transporte de carga segundo a distância

percorrida e peso de carga 22

Gráfico 3: Principais produtos transportados pelas ferrovias brasileiras

em 2012 23

Gráfico 4: Eficiência energética, consumo de combustíveis e emissão de

Poluentes 26

Gráfico 5: Investimentos governamentais na RFSA antes da privatização 30

Gráfico 6: Investimentos privados em ferrovias após privatização 31

Gráfico 7: Volume de mercadoria transportada nas ferrovias brasileiros entre

os anos de 1997 a 2012 33

Gráfico 8: Gênero dos respondentes ao questionário 55

Gráfico 9: Faixa etária dos entrevistados 55

8

LISTA DE SIGLAS

AIBA Associação dos Irrigantes da Bahia

ANTF Agência Nacional dos Transportadores Ferroviários

ANTT Agência Nacional dos Transportadores Terrestre.

CNT Confederação Nacional dos Transportes

CFN Companhia Ferroviária do Nordeste

CNI Confederação Nacional das Indústrias

CRVD Companhia Vale do Rio Doce

DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

EFC Estrada de Ferro Carajás

EFVM Estrada de Ferro Vitória-Minas

FEPASA Ferrovia Paulista S.A

IPEA Instituto de Pesquisa Econômico Aplicada

PAC Programa de Aceleração do Crescimento

RFFSA Rede Ferroviária Federal S.A

TKU Toneladas por Quilometro Útil Transportado

VALEC Engenharia, Construções e Ferrovias

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 10

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................... 16

2.1 TIPOS DE MODAIS .............................................................................................. 16

Modal Rodoviário ........................................................................................................ 18

Ferroviário .................................................................................................................. 21

Aéreo .......................................................................................................................... 24

Aquaviário................................................................................................................... 25

Dutoviário ................................................................................................................... 26

2.2 HISTÓRICO DAS FERROVIAS NO BRASIL ............................................................ 27

2.3 HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO FERROVIÁRIA BAIANA ................................... 34

2.4 AVALIAÇÃO ATUAL DAS FERROVIAS BRASILEIRAS ....................................... 35

2.5 A CONSTRUÇÃO DAS FERROVIAS ATRAVÉS DO PAC ................................... 36

2.6 FERROVIA NORTE-SUL ...................................................................................... 38

2.7 FERROVIA DE INTEGRAÇÃOOESTE-LESTE ..................................................... 40

2.8 PLANEJAMENTO E DIFICULDADES DE IMPLEMENTAÇÃO DA FIOL ............... 44

2.9 GESTÃO AMBIENTAL .......................................................................................... 47

3. METODOLOGIA ................................................................................................. 50

3.1 TIPOS DE PESQUISAS........................................................................................ 50

3.2 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ......................................................... 51

3.3 AMOSTRAGEM E PROCEDIMENTO DE COLETA .............................................. 53

3.4 TÉCNICAS DE ANÁLISE DOS DADOS ................................................................ 53

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS .......................................................................... 55

4.1 ANÁLISE DOS DESAFIOS NA CONSTRUÇÃO DA FIOL SOB A PERSPECTIVA

DOS FUNCIONÁRIOS DA VALEC ............................................................................. 60

4.2 ANÁLISE DOS PRINCIPAIS IMPACTOS NA CONSTRUÇÃO DA FIOL ............... 65

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 69

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 71

APENDICE 1 ........................................................................................................... 78

ANEXO 1................................................................................................................. 80

10

1 INTRODUÇÃO

Metaforicamente, pode-se comparar o transporte de um país com as veias

existentes dentro do corpo humano e que são responsáveis por nos manter vivos,

pois conduz o sangue dos capilares para o coração. De forma similar, acontece

com as ferrovias, pois conduzem as riquezas produzidas no país, gerando

desenvolvimento e permitindo que o país se mantenha economicamente sadio.

Ao se discutir sobre o desenvolvimento de um país, devem-se buscar fatores que

alavanquem e que contribuam para o alcance deste objetivo. Entre diversos

fatores, um sistema de transportes eficiente pode tornar-se o alicerce e a coluna de

um sistema econômico de uma nação.

O transporte ferroviário pode ser o grande indutor de crescimento e

desenvolvimento econômico do Brasil. Se comparado às rodovias, as ferrovias são

mais fáceis de descarregar as cargas nos terminais, transportam mais toneladas

por longas distâncias a um custo menor, não provocam acidentes ou

congestionamentos e agridem menos a natureza (REVISTA FERROVIÁRIA, 2013).

Um sistema de transporte eficiente, também, pode contribuir para o crescimento e

desenvolvimento de uma determinada região, como por exemplo, o oeste baiano.

De acordo com a Secretaria da Agricultura Irrigação e Reforma Agrária da Bahia

(2013), até a década de 1970, o modelo de agricultura predominante no cerrado

baiano era uma agricultura de subsistência, sendo produzido milho, feijão e arroz.

Para Alban (2002, p. 34), o processo de desenvolvimento dos 23 municípios que

compõem a região oeste iniciou nas décadas de 1980 e 1990, quando fazendeiros

e agroindustriários sulistas migraram para a região mudando o perfil sócio

econômico do oeste baiano.

O desenvolvimento da produção de grãos consolidou a cultura da soja, do algodão,

café, feijão, arroz e milho e fez com que a região ganhasse uma nova dinâmica e

desenvolvimento. Porém, tal desenvolvimento não se concretizou em uma melhor

11

infra-estrutura para realizar o escoamento dos grãos. A produção, atualmente, é

escoada pela BR 242, sendo a estrada de pista única com sentido duplo.

Alban (2002, p. 34), esclarece que o desenvolvimento da cidade foi possível porque

existia uma rodovia próxima (BR 242), porém hoje, esta rodovia não é suficiente

para atender toda a demanda de transporte de carga do estado:

Todo esse desenvolvimento foi conseguido sem que se implementasse qualquer nova infra-estrutura de transporte de grande porte. Em parte, isso tornou-se possível em razão de uma parcela expressiva da produção destinar-se à própria região Nordeste. Assim, pulveriza-se uma parte da produção e, aproveitando-se a ociosidade das rodovias federais, que cortam a Bahia transversalmente, pode-se escoar a parcela destinada à exportação através dos portos da Baia de Todos os Santos e, sobretudo, de Ilhéus. A preferência por Ilhéus deveu-se ao fato de se tratar de porto graneleiro, também ocioso em razão da crise da lavoura cacaueira.

O estado da Bahia é carente de sistema ferroviário, pois tem apenas, 1.551 km de

extensão da chamada ferrovia Centro-Atlântica (FCA). O sistema ferroviário baiano

está renascendo a partir da construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste

(FIOL), que está sendo construída desde 2011 sob responsabilidade da VALEC-

Engenharia, Construções e Ferrovias S.A-e promete mudar a logística da região

oeste e de todo o nordeste, escoando a produção das cidades baianas de Ilhéus,

Caetité e Barreiras até o Tocantins e se conectando com a Ferrovia Norte-Sul,

também em processo de construção sob responsabilidade da VALEC, formando

um corredor de transporte de cargas de grãos e minérios.

A região oeste é uma das regiões baianas que mais cresce em virtude de sua

produção agroindustrial. Somando-se a isso, é a segunda maior região produtora

de grãos do Brasil, perdendo apenas para o Estado de Mato Grosso. Embora seja

considera uma região promissora, o problema da falta de infra-estrutura para

transportar a produção pode vir a inibir esse crescimento baiano.

A inibição pode acontecer não somente na região oeste, mas em todo o estado. De

acordo com Ballou (1993, p.113), o transporte é o elemento mais importante do

custo logístico na maior parte das firmas, sendo o frete responsável por absorver

2/3 do gasto logístico. Sem uma infra-estrutura baiana adequada, as indústrias,

12

grandes fábricas e montadoras de automóveis irão preferir estar mais próximas dos

seus fornecedores e consumidores a ter que aumentar suas despesas com fretes.

Desta forma, pode-se conjecturar que muitas destas indústrias podem optar por

deixar o estado à procura de outras regiões mais estruturadas logisticamente. Além

disso, o estado não irá ser atrativo para novas indústrias.

Ter um sistema de transporte eficiente pode contribuir para aumentar a competição

no mercado, garantir economia de escala na produção, além de diminuir o preço da

mercadoria vendida (BALLOU, 1993, p.114). São exportados 65% da soja e 72%

do algodão produzido na oeste do Estado, porém a única opção de transporte da

carga são as BRs. De acordo com a Associação dos Irrigantes da Bahia (AIBA),

daria para economizar 30% dos custos de produção se não houvesse os

problemas com logística e Infra-estrutura(CANAL RURAL, 2013).

No Brasil, perde-se aproximadamente R$ 2,7 bilhões por safra somente com o

derrame de grãos, durante o transporte rodoviário (Gestão no Campo, 2013). A

cada cinco safras, uma é destinada para pagar o custo adicional com logística

(SANTOS, 2012).

Embora o modal rodoviário seja o mais utilizado para o transporte de grãos, por ser

um transporte de cargas que se dirige ponto a ponto sem a necessidade de

transbordo, este modal, também, é o mais caro. Para Arantes, assessor da Faeg-

Federação da Agricultura de Goiás, o modal rodoviário inibe a competitividade do

setor:

A nossa base de transporte é o rodoviário, o mais caro que existe. Numa comparação mais ligeira, se o custo rodoviário é 100, o ferroviário é 60 e o hidroviário é 40. E com certeza, 80% do transporte de grãos é pelo modal rodoviário, ou mais. Isso tira nossa competitividade (SANTOS, 2012).

O setor de mineração também necessita de uma infra-estrutura ferroviária para

transportar e escoar a produção do centro-sul baiano, mais especificamente a

produção da cidade de Caetité. De acordo com a SRK Consulting (2013), empresa

responsável por fazer estudos de pré-viabilidade de minas- detectou-se que existe

13

uma reserva de minério de ferro 470,5 milhões de toneladas a ser explorada na

cidade. Toda a produção de minério deverá ser transportada pela Ferrovia de

Integração Oeste- Leste. O trajeto de 530 km percorrerá 15 municípios para ser

escoada no Complexo Intermodal do Porto Sul (REVISTA PRIMEIRA PÁGINA,

2013).

A viabilidade da FIOL será vital para a prosperidade da exploração de minério de

ferro e para a agroindústria baiana. Porém, há diversos atrasos na construção, falta

de licenças ambientais; conflitos com famílias decorrentes de desapropriações de

pequenos lotes para a passagem da ferrovia, dentre outros problemas

questionados pelos canais de comunicação, políticos e sociedade. Diante dos

problemas levantados, esta pesquisa tem por objetivo responder a seguinte

pergunta: Quais os principais desafios para a construção da FIOL na percepção

dos funcionários que a constrói?

Para responder a esta questão serão levantadas as seguintes suposições: (1) Um

dos desafios podem ser as licenças ambientais que foram negadas pelo IBAMA e

que impedem a continuação da construção em alguns lotes; (2) Outro possível

desafio são os problemas na licitação para a compra de trilhos, que foi realizada

com atraso no mês de outubro de 2013, sendo que a conclusão da ferrovia estava

prevista para o mês anterior.

Este estudo pretende alcançar o seguinte objetivo geral: Analisar os principais

desafios para a construção da FIOL na perspectiva dos funcionários da VALEC.

Busca-se atingir os seguintes objetivos específicos (1) Compreender o histórico das

ferrovias brasileiras; (2) analisar os desafios encontrados na construção da FIOL

sob a perspectiva dos funcionários da VALEC; (3) analisar os impactos negativos e

positivos da construção da Ferrovia de Integração Oeste-leste sob a perspectiva

dos funcionários da VALEC.

A escolha do tema foi motivada pela percepção da necessidade de investimentos e

criação de novas ferrovias no setor ferroviário nacional, sobretudo na região

14

baiana. A construção da Ferrovia de Integração Oeste-leste foi iniciada no ano de

2011, porém sua finalização programada para 2013 não aconteceu. Nos canais de

comunicação ainda são anunciados diversos conflitos que estão impactando na

finalização da ferrovia. Políticos, ambientalistas e a população debatem sobre os

prós e os contras da construção da nova ferrovia baiana. Diante dos vários pontos

de vistas sobre o tema, gerou-se uma curiosidade pessoal da pesquisadora em

conhecer a opinião dos próprios engenheiros, biólogos e técnicos responsáveis

pelo projeto de construção da FIOL a respeito das dificuldades encontradas na

construção de um empreendimento desse porte.

Encontram-se disponíveis diversos estudos sobre as ferrovias brasileiras nas

regiões sul e sudeste do Brasil, em contrapartida, poucos são os estudos

referentes às ferrovias baianas. Espera-se que este trabalho possa contribuir

cientificamente, podendo ser um instrumento a mais para fomentar a discussão

sobre a necessidade de aumentar a infra-estrutura ferroviária baiana.

Outro distintivo desta pesquisa é sua relevância social e econômica, uma vez que

se espera que sejam mencionados os impactos econômicos desta construção, que

afetam desde o pequeno produtor rural que é indenizado por ter suas terras

“invadidas” pelos trilhos das ferrovias, até os grandes produtores de grãos e

empresas mineradoras que terão uma melhor infra-estrutura para transportar sua

produção.

A questão ambiental é outra relevância importante e espera-se que seja discutida

no trabalho, pois o IBAMA considera que a construção da FIOL irá promover

mudanças no estilo de vida da fauna e irá desmatar uma parte da flora, gerando

impactos nos ecossistemas por onde os trilhos forem instalados.

A metodologia deste trabalho foi realizada a partir de uma pesquisa exploratória

utilizando referências bibliográfica e eletrônica. O universo da Pesquisa é a

empresa VALEC e as amostras da pesquisa são funcionários da VALEC atuantes

como engenheiros, biólogos e tecnólogos.

15

Para o aprofundamento e desenvolvimento da pesquisa, optou-se por dividir a

estrutura desse trabalho em duas partes. Na primeira parte foi desenvolvida uma

fundamentação teórica sobre os diferentes tipos de modais de transporte, realizou-

se também uma contextualização das ferrovias no Brasil e na Bahia, seu período

de declínio, necessidades de investimentos e apoio do Programa de Aceleração do

Crescimento (PAC), custos-benefícios, falta de planejamento na elaboração e

execução da obra e falta de estudos ambientais e a apresentação da Ferrovia de

Integração Oeste-Leste.

Na segunda parte, o trabalho foi estruturado numa análise de resultados da

pesquisa descritiva realizada a partir de um questionário com o objetivo de

identificar os desafios na construção da FIOL, sob a perspectiva de funcionários da

Valec. A partir do questionário foi realizado uma Analise do Discurso Coletivo dos

entrevistados e apresentados os resultados da pesquisa.

16

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capitulo faz um apanhado de conceitos e teorias disponíveis na literatura

sobre o assunto, o que irá permitir maior compreensão sobre o tema e sobre a

problemática estudada.

Nas seções e subseções que acompanham este capitulo, são conceituados e

comparados os cinco principais tipos de modais de transporte. O capítulo, também,

contextualiza a história da implantação ferroviária no Brasil e na Bahia, abordando

o início, maturação e o declínio do modal ferroviário em favor do modal rodoviário.

Deste declínio, surgiu a necessidade de investimentos e políticas públicas que

pudessem alavancar novamente o transporte ferroviário em detrimento do

rodoviário. Por isso, neste capítulo, também, é abordado as condições atuais das

ferrovias e o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), que está reinvestindo

na infra-estrutura ferroviária. Por último, o capítulo apresenta o que foi construído e

o que estar para ser concluído da Ferrovia de Integração Oeste-leste, analisando

também a falta de planejamento da obra e a importância de uma gestão ambiental

com foco nas áreas das cavernas arqueológicas por onde percorrerá a FIOL.

2.1 TIPOS DE MODAIS

Podemos considerar cinco modais de transporte básicos, são eles, rodoviário,

aquaviário, aéreo, ferroviário e dutoviário. A importância e a escolha relativa de

cada um deles pode ser analisada a partir do volume transportado, quilometragem

do sistema e os custos fixos-variáveis de cada modal. (FLEURY, etal. 2000, p.129)

Características Operacionais

Ferroviário Rodoviário Aquaviárioo

Dutoviárioo

Aéreoo

Velocidade 3 2 4 5 1 Disponibilidade 2 1 4 5 3 Confiabilidade 3 2 4 1 5 Capacidade 2 3 1 5 4 Frequência 4 2 5 1 3

Resultado 14 10 18 17 16

Tabela 1. CARACTERÍSTICAS OPERACIONAIS RELATIVAS POR MODAL DE TRANSPORTE

( A MENOR PONTUAÇÃO INDICA A MELHOR CLASSIFICAÇÃO) Fonte: Fleuryet al. (2000, p.130)

17

Podemos observar, a partir da tabela 1, que o transporte mais rápido é feito pelo

modal aéreo. A disponibilidade, ou seja, a capacidade de um modal realizar um

transporte porta a porta é realizada com sucesso pelas rodovias. No requisito

“confiabilidade”, o modal dutoviário desempenha melhor serviço por ter um serviço

contínuo e livre de congestionamento. A característica operacional “capacidade” é

definida como a “possibilidade de um modal de transporte lidar com qualquer

requisito de transporte, como tamanho e tipo de carga” (FLEURY et al, 2000,

p.130). Neste caso, o modal aquaviário é o mais adequado. Na característica

frequência, que é quantidade de movimentações programadas, o modal dutoviário

atende melhor às expectativas por apresentar serviço contínuo.

O gráfico 1, a seguir, apresenta a matriz de participação dos modais no Brasil.

Observa-se que há uma maior participação no uso do modal rodoviário com 61,1%,

seguido pela participação do modal ferroviário com aproximadamente 21%, ficando

o modal aquaviário 13,6% em terceiro lugar. A quarta opção mais utilizada é o

dutoviário com 4,2%. Por último, o modal aéreo com 0,4%:

Gráfico 1- Matriz de Transporte por TKU em 2012

Fonte: Elaboração Própria a partir de Boletim Estátistico da Confederação Nacional dos Transportes-CNT

Sobre os custos de transportes por modal para o contratante, Ballou (1993, p.122)

afirma:

Rodoviário 61,1

Ferroviário 20,7

Aéreo 0,4

Aquáviário 13,6

Dutoviário; 4,2

18

O serviço mais caro é o modal aéreo e o mais barato a hidrovia. Usar caminhões sai mais de quatro vezes mais caro do que o transporte por ferrovias, que por sua vez, são três vezes mais dispendiosas que dutos ou hidrovias.

Sobre os custos operacionais de cada modal, Ballou (2006, p.165), afirma que “os

preços que um operador logístico precisa pagar pelo transporte estão ligados às

particularidade dos custos de cada tipo de serviço”.

Os custos fixos e variáveis do serviço de transporte por modal podem ser

comparados no quadro 1, a seguir:

Rodoviário Ferroviário Aquaviário Dutoviário Aéreo

Capacidade de

embarque

Menor porte

que ferrovias

Volume

médio

Grande

volume

Grande

volume

Restrito devido as

dimensões físicas

Produto

Transportado

Produtos

semiprontos

ou acabados

Minério

granéis

cereais

Granéis Petróleo,

Gás

Flores,Confecções,

Equipamentos,

Eletrônicos

Velocidade Média Baixa Lento Lento Rápido

Custos Fixos Baixos Elevados Médio Elevados Elevado

Custos Variáveis Elevados Baixos Baixos Baixos Elevado

Quadro 1: Principais características dos modais e seus custos fixos e variáveis Fonte: Elaboração própria a partir de Ballou, 2006.

Modal Rodoviário

O modal rodoviário pode ser conceituado como aquele realizado em rodovias com

a utilização de carretas e caminhões, é uma opção de transporte que serve para as

rotas de curtas distâncias de produtos acabados ou semi-acabados. A quantidade

de carga transportada é menor do que a opção ferroviária, porém possui um

serviço porta a porta, maior frequência e disponibilidade de serviço e uma

velocidade maior se comparado aos modais aquaviário e ferroviário (BALLOU,

1993, p.127).

19

O modal rodoviário caracteriza-se por transportar instrumentos, móveis e

acessórios, metais e bebidas, alimentos, etc (BALLOU, 1993, p.119). Deve-se optar

por esta opção de transporte quando a distância for até 400 km, quando o produto

a ser transportado for mercadorias perecíveis, mercadorias de alto valor agregado (

LOGISTICA PARA TODOS, 2013).

Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestre (ANTT, 2010), 60% da

produção brasileira foi transportada pelo modal rodoviário no ano de 2009, sendo

que 21% correspondeu ao transporte ferroviário. Porém, as rodovias brasileiras

encontram-se saturadas e deterioradas, além disso, fretes e transportes caros

impactam nos custos dos produtos internos e nos exportados, impactando a

competitividade dos produtos brasileiros. De acordo com Caixeta Filho e Oliveira

(2007,p. 826):

O país possui uma frota rodoviária de idade média avançada- cerca de 17,5 anos- e quase 80% de suas rodovias estão em condições ruins ou péssimas. Este fato é agravado pelas dificuldades para o desenvolvimento de outros modais e tornam o sistema ineficiente e o país bastante vulnerável. A insuficiência de infraestrutura ferroviária, cujas locomotivas estão com idade média também bastante avançada ( em média 25 anos), a pouca utilização da modalidade aquaviária e a baixíssima disponibilidade de multimodais tornam o problema ainda mais grave.

Podem-se apontar diversas vantagens do modal rodoviário, como por exemplo, o

serviço porta a porta, eliminando o manuseio entre origem e destino; freqüência e

disponibilidade de vias de acesso; maior velocidade; permite o despacho de carga

parcelada (GOEBEL, 1996). Além disso, está amplamente disponível na sociedade,

sendo de fácil contratação e gerenciamento e é usado em qualquer tipo de carga

(LOGISTICA PARA TODOS, 2013).

As desvantagens na utilização do modal é a sua baixa capacidade de carga se

comparado ao modal aquaviário e ferroviário; maior custo operacional se

comparado as ferrovias e transporte aquaviário (GOEBEL, 1996). Soma-se

também os altos valores de transportes, além de ser considerado o modal que mais

20

polui o meio ambiente com a emissão de dióxido de carbono. ( LOGÍSTICA PARA

TODOS, 2013).

Para Lacerda (2009, p. 202), a utilização do modal rodoviário não traz benefícios quando este modal é comparado às ferrovias:

Em relação aos trens, os caminhões apresentam uma série de desvantagens. Sua eficiência energética é menor, isto é, seu gasto de combustível por tonelada-quilômetro transportada é maior e, consequentemente, o transporte rodoviário polui mais o meio ambiente. As economias de escala são mínimas no transporte rodoviário, mas são grandes nas ferrovias, os que lhes permite oferecer fretes mais baixos.

Diversos fatores impactam o transporte de carga quando utilizado o modal

rodoviário, como por exemplo, a má conservação das rodovias brasileiras,

impactando no tempo necessário para transportar a carga até o seu destino final,

além de perdas das cargas devido a roubos e acidentes durante os trajetos. Tem-

se ainda que respeitar a lei 12.619 que restringe a jornada de trabalho de

caminhoneiros. Em contrapartida, a opção de transporte de carga pelo modal

ferroviário permite diminuir esses impactos. (REVISTA FERROVIÁRIA, 2013).

A redução dos custos em rodovias em detrimento das ferrovias seria irrefutável

para a Administração Pública, uma vez que irá economizar na manutenção das

rodovias devido à queda no fluxo de caminhões que transportam cargas,

desafogando as rodovias, diminuindo congestionamentos e acidentes.

O Relatório de Impacto Ambiental sobre a construção da FIOL traz a seguinte

comparação entre o modal rodoviário e ferroviário:

O índice de acidentes do transporte rodoviário de carga é cerca de 20 vezes maior do que o do transporte ferroviário e mais de 60 vezes, se considerados apenas os acidentes graves. Os números de mortos e feridos graves nesses acidentes mostram uma diferença ainda mais expressiva, pois os acidentes nas rodovias chegam a matar 150 vezes mais do que nas ferrovias. Com o funcionamento da ferrovia haverá uma redução do número de caminhões que realizam o transporte de cargas em longas distâncias (RIMA, 2009, 41).

21

Caixeta Filho e outros (1998, p. 10) também abordam os impactos e o custos da

utilização do modal rodoviário:

caminhões trafegam com visíveis excessos de carga, em sistemas viários com fiscalização extremamente deficiente e sem um número mínimo de balanças; deterioram as rodovias com esse excesso de peso; as rodovias passam então a exercer um papel penalizante aos custos de transporte envolvidos, uma vez que será consumido mais combustível, haverá maior desgaste de pneus e maior consumo de lubrificantes.

A falta de uma infra-estrutura no transporte de cargas pesa no bolso dos

produtores brasileiros e é um agravante que impede a competitividade nacional

frente a outros países:

É de 85 dólares por tonelada o custo para o sojicultor brasileiro transportar sua produção da lavoura até um porto de embarque no Brasil, ou seja, quatro vezes mais que seus concorrentes na Argentina e nos Estados Unidos, os outros dois maiores produtores mundiais dessa leguminosa. Se a logística no Brasil tivesse a mesma qualidade que na Argentina e no EUA, o produtor brasileiro poderia ganhar até 6 reais a mais por saca (SANTOS, 2012)

A estrutura de custo do modal rodoviário se divide em custos fixos baixos

(rodovias estabelecidas e construídas com fundos públicos) e custo variável

médio, como combustível, manutenção, etc.(FLEURY et al. 2000, p.129).

Ferroviário

A ferrovia transporta lentamente matérias-prima ou manufaturas de baixo valor

para longas distâncias. O vagão gasta 88% de seu tempo carregando e

descarregando, locomovendo-se de um ponto a outro dentro do terminal (BALLOU,

1993, p.127)

Sobre o funcionamento do transporte ferroviário, Ballou (1993, p.127), explica:

O transporte é realizado tanto com carga cheia ou carga parcial. A carga cheia refere-se a um carregamento com tamanho pré-determinado, geralmente igual ou maior que a capacidade média de um vagão para o qual se aplica uma taxa particular. O frete de carga cheia é menor do que

22

o frete de carga parcelada, refletindo o menor volume de manuseio exigido. Hoje, a maioria do serviço ferroviário é feita com a carga, mostrando a tendência de caminhar-se no sentindo de grandes volumes. Vagões com maior capacidade são usados, capazes de transportar 92 toneladas de cargas.

De acordo com a ANTT (2013), a principal característica do modal ferroviário é sua

capacidade de transportar grandes volumes, com elevada eficiência energética em

casos de deslocamentos de médias e grandes distâncias, com menor indicie de

acidente, furtos e roubos.

Podemos observar no gráfico 2, abaixo, a competição modal no transporte de

carga segundo a distância percorrida e peso de carga. Quanto maior a distância e

tonelagem a ser transportada mais vantajoso será o modal ferroviário. Acima de 40

toneladas o transporte ferroviário será adequado independente da distância. Há

competição entre o modal rodoviário e ferroviário numa situação em que a

quantidade de carga a ser transportada ficar entre 27 e 40 toneladas:

Gráfico 2 – A competição modal no transporte de carga segundo a distância percorrida e peso da carga

Fonte: CNT, 2013

Os transportes mais comuns são os produtos siderúrgicos, grãos, minério de ferro,

cimento e cal, adubos e fertilizantes, derivados de petróleo, calcário, carvão mineral

e contêineres (ANTT, 2013). Podemos observar no gráfico 3, os produtos mais

transportados pelas ferrovias em 2012:

23

Gráfico 3-Principais Produtos transportados pelas ferrovias brasileiras em 2012,

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CNT- O Sistema Ferroviário Brasileiro, 2013

As vantagens da utilização do modal ferroviário estão nos valores dos fretes, que

são mais baixos se comparados com o modal rodoviário; baixo consumo de

combustível por tonelada/quilometro; é adequado para o transporte de granéis ou

qualquer transporte de embarques grandes; pode ser utilizado temporariamente

como armazém, pois permite manter maior estoque nas extremidades. (GOEBEL,

1996, p. 33). Não paga pedágios e polui menos o meio ambiente quando

comparado aos outros modais (LOGÍSTICA PARA TODOS, 2013).

De acordo com o RIMA (2009, p.10), a FIOL trará benefícios quando entrar em

funcionamento, pois contribuirá para que ocorra economia de combustíveis,

redução de emissão de gases poluentes (redução de 95% da emissão, se

comparada com o modal rodoviário), diminuição de número de acidentes nas

estradas e redução dos gastos do governo em rodovias, que sofrerão menos

impactos e desgastes nos pavimentos.

As desvantagens do modal ferroviário são os custos elevados, quando associados

a distâncias médias há necessidade de realização de transbordo; maior tempo para

realizar o transporte se comparado ao modal rodoviário; o transporte está sujeito a

disponibilidade de material rodante (GOEBEL, 1996, p.33). Além disso, a malha

ferroviária brasileira é insuficiente e sucateada; o modal tem pouca flexibilidade de

equipamentos; dependendo do destino final, há necessidade de outros modais para

Minério de Ferro

73,9

Soja 5,18

Milho 3,79

24

concluir o transporte da carga e o tráfego fica limitado aos trilhos (LOGÍSTICA

PARA TODOS, 2013).

A estrutura de custo do modal ferroviário é dividida em altos custos fixos em

equipamentos, terminais e via férreas e baixo custo variável (FLEURY et al. 2000,

p.129).

Aéreo

Considera-se vantagens do modal aéreo o transporte de grandes distâncias a um

tempo de trânsito curto, o seguro de transporte é baixo e é um serviço que pode

ser encontrado próximo aos centros urbanos. (LOGÍSTICA PARA TODOS, 2013)

A velocidade é uma do modal aéreo, principalmente para longas distâncias. A

disponibilidade do modal e confiabilidade do serviço são consideradas boas sob

boas condições de operação. Sendo assim, é um modal sensível a condições

climáticas e falhas mecânicas (BALLOU, 1993,p. 128).

Como desvantagem o modal limita o volume e o peso da carga a ser transportada,

o preço do frete é alto e depende de terminais de acesso (LOGÍSTICA PARA

TODOS, 2013).

De acordo com Ballou (1993, p.118), o transporte aéreo apresenta altas taxas de

fretes. Os produtos mais transportados são peças e equipamentos eletrônicos,

confecções finas, flores colhidas e instrumentos óticos. Normalmente, estes

produtos têm alto valor agregado e compensam o valor do frete. Porém, devido às

dimensões físicas das aeronaves e de seus porões, a capacidade de transporte é

limitada.

A estrutura de custo do modal aéreo pode ser dividida em custo fixo alto, que são

gastos em aeronaves e manuseio e sistemas de cargas, e alto custo variável, como

combustível, manutenção e mão de obra (FLEURY et al. 2000, p.129).

25

Aquaviário

O modal aquaviário caracteriza-se pela utilização de lagos, oceanos e rios para o

transporte de mercadorias dentro do país ou entre nações. Esse modal pode ser

subdividido em dois: o marítimo, que circula na costa Atlântica, e o fluvial que

circula por rios navegáveis (CNT, 2006, p.9).

O transporte marítimo é realizado por navio a motor, de grande porte, podendo

transportar cargas para portos nacionais ou interligar países através dos portos

internacionais. Segundo Ballou (1993, p.119), o modal aquaviário transporta

principalmente granéis, carvão, minério, areia, cascalho, ferro, petróleo, aço,

cimento etc.

O transporte aquaviário apresenta como vantagem o transporte de grandes

volumes de cargas por longas distâncias, transportando mercadorias de baixo valor

agregado a um custo relativamente baixo. Como desvantagens esta opção de

modal depende de vias apropriadas; necessita de terminais especializados; o

tempo de transito é lento e possui um gerenciamento complexo, exigindo diversos

documentos. (LOGISTICA PARA TODOS, 2013).

De acordo com o Ministério do transporte (2010, p.9), comparando-se os modais

rodoviário e hidroviário, a eficiência energética, medida a partir da relação

Carga/potência é 29 vezes maior no modal hidroviário, este modal também possui

o consumo de combustível 19 vezes menor quando comparado ao rodoviário e

emite 6 vezes menos dióxido de carbono (CO2) e 18 vezes menos dióxido de

nitrogênio(NOx). Pode-se observar estes desempenho no gráfico 4 abaixo:

26

Gráfico 4: Eficiência energética, consumo de combustíveis e emissão de poluentes Fonte: Ministério dos Transportes. Secretaria de Política Nacional de Transportes: Diretrizes da Política

nacional de Transporte hidroviário, 2010

De acordo com Caixeta Filho e outros (1998, p. 4), o transporte fluvial movimenta

cargas volumosa de baixo valor agregado, a baixa velocidades, sendo o mais

indicado para movimentações em longas distâncias pois o consumo de combustível

é menor.

A estrutura de custo do modal aquaviário é dividido em custo fixo médio, como

navios e equipamentos, e custos variável baixo, como a capacidade de transportar

toneladas( FLEURY et al. 2000, p.129).

Dutoviário

O modal dutoviário é altamente eficiente no transporte de líquidos ou produtos

gasosos em grandes distâncias. Segundo Ballou (1993, p. 118), esse tipo de

transporte é recomendado no transporte de gás, petróleo e derivados.

27

A movimentação por dutos é lenta, o transporte é feito 24 horas por dia, durante

todos os dias da semana. É o transporte mais confiável, pois existem poucas

interrupções e condições climáticas não são significativas (BALLOU, 1993, p.130).

A estrutura de custo do modal dutoviário são os custos fixos mais elevados devido

aos direitos de acesso, construção, controle das estações e bombeamento e

apresenta custo variável baixo por não ter custos com mão-de-obra de “grande

importância” ( FLEURYet al. 2000, p.129).

Para a Confederação Nacional do Transporte (2012, p.01), os altos custos fixos

do modal dutoviário se justificam pelos seguintes motivos:

O custo fixo de construção de malhas dutoviárias é alto, já que os direitos de acesso, construção, autorização para controle de estações e capacidade de bombeamento são limitados a poucas empresas.O sistema exige também elevados gastos com sistemas de bombeamentos e terminais de captação. Além disso, é necessária a contratação de mão-de- obra especializada na construção desse tipo de infraestrutra, assim como um grande volume de equipamentos específicos.

As vantagens na utilização de dutos estão nos baixos custos operacionais; alta

confiabilidade; baixo consumo de energia; menos riscos de perdas e roubos e

transportes de grande distâncias. As desvantagens são os acidentes ambientais

de grandes proporções; o investimento inicial é alto, custo fixo alto e necessita de

mais licenças ambientais (LOGÍSTICA PARA TODOS, 2013)

De acordo com a CNT (2012, p.01), a tecnologia empregada para o transporte, que

pode ser do tipo gravitacional ou por bombeamento, consome pouca energia. Esse

tipo de transporte dispensa gastos com embalagens. O gasto com mão-de-obra

necessária para operar o modal é menor do que à dos outros modais.

2.2 HISTÓRICO DAS FERROVIAS NO BRASIL

A era das ferrovias teve início em 1814, quando o engenheiro inglês George

Stephenson (1781-1848) apresentou a primeira locomotiva para a sociedade

28

londrina. O aumento de volume da produção de mercadoria e a necessidade de

transportá-la fez com que essa invenção ganhasse adeptos em diversas

localidades.

Andrade (2013, p.7), contextualiza a utilização das primeiras ferrovias na Europa e

nas Américas:

As primeiras linhas férreas européias foram fundamentais para a

comercialização de manufaturas nos mercados consumidores do

continente e também para a circulação de matérias-primas oriundas de

países exportadores de commodities. Posteriormente, nações de

desenvolvimento industrial mais tardio como, Canadá e os Estados

Unidos, Argentina, África do Sul e o Brasil, fizeram uso dos corredores

ferroviários como estratégia de alavancagem econômica.

Devido aos incentivos do Governo Imperial, a construção de estradas de ferros

chegou ao Brasil quando o governo consubstanciou na Lei nº 101, em outubro de

1835, oferecendo concessão e privilégios pelo prazo de 40 anos às empresas que

se propusessem a construir estradas de ferros interligando os três estados do

sudeste brasileiro, e além deles, Rio Grande do Sul e Bahia. O incentivo maior

correu no ano de 1852, quando o Governo promulgou a lei nº 641 que oferecia

isenções e garantia de juros sobre o capital investido (DNIT, 2013).

Em 1852 o Barão de Mauá obteve a concessão do Governo Imperial para construir

e explorar a linha férrea entre o Porto de Estrela, localizado atrás da Baia de

Guanabara (Rio de Janeiro) até a Raiz da Serra, em direção a Petrópolis. A

Estrada de Ferro Mauá, permitiu a primeira operação intermodal (aquaviário e

ferroviário) brasileira (DNIT, 2013)

Após a construção da Estrada de Ferro de Mauá, novas ferrovias foram

construídas, em 1858 duas ferrovias foram inauguradas, Ferrovias Recife ao São

Francisco e a Ferrovia D. Pedro II. Em 1860, a ferrovia que interligava a Bahia ao

São Francisco. Em 1867, a ferrovia que interligava Santos a Jundiaí e a

Companhia Paulista em 1872 (DNIT, 2013)

A Proclamação da República impulsionou ainda mais a construção de novas

ferrovias. Na metade do século XX, a sociedade brasileira necessitava de

29

transporte para exportar o café produzido nos estados do sudeste brasileiro e para

exportar a borracha da região amazônica.

Nesta época, o modal ferroviário era utilizado como transporte de commodities.

Não havia preocupação em integrar regiões distantes com os centros dinâmicos do

Brasil (IPEA, 2010).

Nos anos 1950 ocorreu o processo de industrialização e urbanização do país,

havendo um aumento na movimentação de cargas no Brasil e um aumento de

investimentos nas rodovias. O crescimento rodoviário impactou o fortalecimento do

modal ferroviário, reduziu-se a lucratividade do modal, ocasionando perda na

qualidade do serviço prestado elevando o sistema ferroviário ao declínio. Na

década de 50, surgiu a necessidade de estatização de várias ferrovias. O Governo

Federal unificou18 estradas de ferros pertencentes à União, totalizando 37.000 km

de linhas em torno do país.

No ano de 1957, através da Lei nº 3.115, foi criada a sociedade anônima Rede

Ferroviária Federal S.A (RFFSA) que tinha por objetivo administrar, explorar,

conservar, ampliar e melhorar o tráfego das estradas de ferro da União. (DNIT,

2013)

Segundo o DNIT (2013), em 1969, as ferrovias da RFFSA foram divididas em

quatro sistemas regionais:

Sistema Regional Nordeste, com sede em Recife;

Sistema Regional Centro, com sede no Rio de Janeiro;

Sistema Regional Centro-Sul, com sede em São Paulo; e

Sistema Regional Sul, com sede em Porto Alegre.

A RFFSA também criou 12 Superintendências Regionais com atividades orientadas

e coordenadas por uma Administração Geral, sediada no Rio de Janeiro (DNIT).

Ficou estabelecido a RFFSA a tentativa de sanear as perdas financeiras,

responsáveis por aproximadamente 90% do déficit público brasileiro, acumuladas

pelas ferrovias sob a administração pública (CASTRO, 2002).

30

Em 1971, através da lei 10.410 (lei estadual), o Governo do Estado de São Paulo

criou a FEPASA, unificando cinco estradas de ferro do Estado, totalizando

aproximadamente 5.000 KM de vias férreas. A FEPASA ficou responsável por

absorver os encargos previdenciários de empregados estatutários, eliminando a

participação privada na execução do serviço ferroviário (CASTRO, 2002).

Para Lima e Pasin (1999, p.179) a estatização não foi bem sucedida:

A intervenção estatal não foi coroada de êxito, pois as condições prevalecentes nos anos 60 e 70 terminaram por delimitar para a atividade ferroviária um reduzido espaço de mercado: minérios, combustíveis, cimento e alguns fluxos cativos de grãos. As empresas estatais RFFSA e Fepasa não possuíam capacidade para formular e implementar estratégias agressivas para atrair clientes com a oferta de serviços novos ou de melhor qualidade, quer por ausência de quadros de pessoal ou dificuldades institucionais, quer por incapacidade para cumprir contratos, na medida em que cortes orçamentários impediam a manutenção adequada das vias e do material rodante.

Durante os anos 1980, o Governo Federal não investiu na manutenção, ampliação

e conservação do sistema ferroviário, gerando degradação da eficiência

operacional e má qualidade nos serviços oferecidos (NOGUEIRA et al. 2011, p.9).

Observa-se no gráfico 3, que os investimentos federais no setor ferroviário durante

o período de estatização caíram significativamente entre o ano de 1981 e 1983, em

valores superiores a 400 milhões. Na década de 1990,as quedas foram se

acentuando. Entre os anos de 1991 a 1995, os investimentos ficaram a abaixo de

200 milhões, não ocorrendo investimentos em 1995.

Gráfico 5- Investimentos Governamentais na RFFSA antes da privatização.

Fonte: IPEA Reestruturação Financeira e Institucional do Subsetor Ferroviário

31

Entre os anos de 1996 a 1998, o Governo Federal foi motivado a privatizar o setor

ferroviário, houve uma percepção de que havia a possibilidade de maior

aproveitamento e expansão da malha ferroviária como opção de transporte

brasileiro. Além disso, o governo encontrava-se impossibilitado de gerar recursos

necessários para melhorar e aumentar os serviços ferroviários. Para Krüger (2003,

p. 44), “a opção de privatizar as operações de transporte ferroviário representava

uma alternativa para reativar esse modal de transporte sem, contudo, gerar

pressões sobre as finanças públicas”

Resende e outros (2009, p. 41) retratam o impacto da RFFSA nos cofres públicos:

Em 1996, a antiga Rede Ferroviária Brasileira - RFFSA apresentava prejuízo operacional de US$ 1 milhão por dia, transformando cada ano em pesadelo orçamentário para o Governo Federal. A infraestrutura - trilhos, pontes, viadutos – se encontrava absolutamente deteriorada, e o material rodante - vagões e locomotivas-estava em completo estado de abandono e de obsolescência. Os pátios de manutenção careciam de investimentos robustos, e a receita com o transporte não se apresentava suficiente nem para pagar os funcionários.

O Plano Nacional de Desestatização das ferrovias teve como objetivo desonerar o

Estado, melhorar a alocação de recursos, aumentar a eficiência operacional,

fomentar o desenvolvimento no mercado de transportes e melhorar a qualidade dos

serviços.

No gráfico 6, percebe-se que houve a partir de 1996,um aumento significativo nos

investimentos em ferrovias realizados pelas concessionárias após a privatização.

Em 1997, os investimentos iniciais foram de R$353 milhões e, no ano de 2004, os

investimentos totalizaram aproximadamente R$ 2 bilhões de reais:

Gráfico 6-Investimentos privados nas Ferrovias após a privatização.

Fonte: ANTT (2005).

32

Após o processo de privatização das ferrovias (feito através de leilão com

arrendamentos dos ativos operacionais e contratos de concessão firmados com o

governo brasileiro) as empresas privadas arrendaram redes com baixa integração

intermodal, pouca extensão geográfica e de pequenas distâncias, além de baixa

produtividade (PIRES, 2002, p. 2)

De acordo com ANTT (2013), 28.366 km de ferrovias foram concedidos às

empresas privadas, subdivididas em 11 malhas. A maioria das concessões ficou

sob controle de quatro empresas, sendo elas,respectivamente,a Companhia Vale

do Rio Doce- CRVD, (malha da estrada de Ferro Vitória-Minas EFVM; Estrada de

Ferro Carajás EFC) Brasil Ferrovias (Malha Ferronorte, Malha Paulista e Malha

Oeste) MRS Logística (Malha Sudeste) e América Latina Logística ALL (Malha

Sul). A Companhia Ferroviária do Nordeste- CFN (Malha Nordeste); Ferrovia

Paraná S.A (Malha de Ferroeste); Ferrovia Tereza Cristina (Malha Tereza Cristina);

Ferrovia Centro Atlântica (Malha centro-Leste). As divisões das malhas podem ser

vista na figura 1:

Figura 1- Mapeamento das malhas ferroviárias concedidas à iniciativa privada Fonte: ANTF, 2013

33

Para Andrade (2013, p.25), a privatização trouxe benefícios para o setor ferroviário:

Após a privatização as concessionárias tornaram-se responsáveis pelos investimentos na manutenção da malha, aumentou a tonelagem transportada, melhorou a segurança e reduziu-se os índices de acidentes durante o transporte [...] as concessões permitiu ganhos para a estrutura logística e econômica do país. Só com o processo de leilão das ferrovias a União arrecadou R$1,76 bilhão, seguido pela desoneração dos cofres públicos. Os investimentos privados somaram R$33,9 bilhões entre 1997 e 2012. Os investimentos inicialmente foram concentrados na recuperação das malhas e materiais rodantes.

Resende e outros (2009, p. 42), abordam as benfeitorias realizadas pelas empresas privadas após a privatização:

As ferrovias brasileiras passaram a ser exploradas por empresas privadas, algumas com vocação de produção e exportação, outras com vocação de transporte, e uma minoria sem vocação. A malha ferroviária brasileira passou a receber investimentos substantivos, tanto para recuperar o que estava deteriorado, quanto para aumentar o volume de cargas, trazendo de volta aluta por um maior equilíbrio na matriz de transportes do Brasil.

De acordo com Caixeta Filho (2007, p. 828), “A privatização das malhas

ferroviárias, a partir de1996, resgatou a importância do modal ferroviário da matriz

de transportes através da oferta de serviços mais eficientes. O controle das malhas

passou a ser exercido predominantemente pelo capital privado nacional”.

Após a privatização, o volume de carga transportado pela rede ferroviária cresceu

133 % entre 1997 e 2007 (ANTF, 2013). Esse crescimento pode ser analisado no

gráfico 5, a seguir

Gráfico 7- Volume de Mercadoria transportado nas ferrovias brasileiras

Fonte: ANTF (2013)

34

Para Ojima e Comitre (2008, p. 4), a privatização, por si só, não foi uma solução

para o setor:

O modelo de privatização adotado não deu conta, dentre outros aspectos, do estabelecimento de metas e do acompanhamento do setor, principalmente nos primeiros anos de concessão. Na verdade, ao invés da privatização das ferrovias promover uma transformação estrutural do setor, acabou apenas contribuindo para que o Estado transferisse os gastos.

Vasconcelos e outros (2009, p.10), acrescentam a necessidade de investimentos

elevados, quando afirmam:

O setor ferroviário caracteriza-se pela necessidade de investimentos elevados e com longo prazo de maturação. Por isso, requer o apoio do poder público, seja no investimento direto e na administração das ferrovias, seja na promoção de incentivos que o tornem atrativo para investimentos da iniciativa privada.

A necessidade de investimentos no modal ferroviário foi percebida pelo governo

federal. No ano de 2007, foi lançado o Programa de Aceleração do Crescimento

(PAC), que tem por objetivo resgatar a infra-estrutura em diversos segmentos da

sociedade, inclusive, na expansão da malha ferroviária através da construção de

ferrovias de bitola larga; reforma das malhas existentes; desenvolvimento de

moderno sistema ferroviário e ligação das áreas de produção agrícola e mineral

aos portos, indústria e consumidor (PAC, 2007).

2.3 HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO FERROVIÁRIA BAIANA

De acordo com Zorzo (2000, p.100), a implantação do sistema ferroviário na Bahia

ocorreu de forma que permitisse controlar o mercado baiano e, posteriormente,

centralizá-lo na capital portuária:

Os produtos agrícolas seriam transportados da costa por meio de dois

tipos de vias férreas, uma do interior para as cidades dotadas de portos

fluviais, tais como as cidades do Recôncavo, outras, do interior para os

núcleos mais importantes do litoral e, desses pontos, por navegação

para o porto da capital.

35

A primeira estrada de ferro construída na Bahia foi iniciada em 1856 na cidade de

Salvador e foi concluída na cidade de Juazeiro em 1895, totalizando 578 Km. Ficou

conhecida como Estrada de Ferro da Bahia ao São Francisco (Zorzo, 2000 p. 101).

A Estrada Central da Bahia foi a segunda via férrea construída, seguida pela

construção da Estrada de Ferro Nazaré, inicialmente chamada de Tram Road de

Nazareth.

Assim como o Barão de Mauá, que recebeu a concessão, incentivos e garantias de

juros do império para a construção de ferrovia no Rio de Janeiro, as construções de

ferrovias na Bahia também ocorreram através de concessões. De acordo com

Zorzo (2000, p.101) “ as concessões eram muito atrativas, pois ofereciam garantia

de juros para o investimento nas obras ferroviárias e exclusividade de operação na

região tributária”.

Por concessões, foram construídas sete ferrovias na Bahia, a citar, Estrada de

Ferro da Bahia ao São Francisco; Estrada de Ferro Central da Bahia; Estrada de

Ferro de Nazaré;Estrada de Ferro de Santo Amaro; Estrada de Ferro da Bahia a

Minas; Ramal Alagoinhas a Timbó; Estrada de Ferro de Sergipe e Estrada de

Ferro de Ilhéus a Conquista. (ZORZO, 2000, p. 101)

2.4 AVALIAÇÃO ATUAL DAS FERROVIAS BRASILEIRAS

De acordo com Andrade (2013), a União investiu R$9,9 bilhões na malha ferroviária

brasileira entre os anos de 2007 a 2012. Mesmo com todos os investimentos

(privado e público), o sistema de transporte férreo ainda não está integrado.

Em diversos países, dados seus altos custos de implantação e manutenção, as

ferrovias, muitas vezes, necessitam de subsídios estatais para continuarem

operando(CNI, 2013). Para melhorar a infra-estrutura e acelerar o crescimento

econômico do país, o governo colocou como prioridade no Programa de

Aceleração do Crescimento (PAC), a melhora de infra-estrutura do sistema

ferroviário brasileiro.

36

De acordo com Szeremeta (2010), o Brasil possui 29706 km de extensão de malha

ferroviária, com ligações com Bolívia, Uruguai e Argentina. Levando-se em conta

algumas exceções, as malhas encontram-se carente de recursos. Segundo o portal

do G1 (2013), entre Palmas (TO) e Anápolis (GO), existem 700 km de construção

de malha que não pode ser considerada ferrovia. Há curvas fechadas, forçando a

redução da velocidade do trem, há pontos em que os trilhos ainda não foram

soldados, sendo presos por talas. Segundo o site da Revista Ferroviária (2012), o

Brasil conta 4.849 km de ferrovias em construção, que somam 15 projetos, sete

para transportes de cargas e oito para passageiros.

De acordo com Decicino (2009), até o ano de 2007, as concessionárias ferroviárias

investiram R$14,4 bilhões em aquisição, recuperação e ampliação de frota de

vagões e locomotivas. Em 2008, as concessionárias desembolsaram R$ 2,5

bilhões e o governo federal investiu o equivalente a R$789 milhões. Os

investimentos proporcionaram aumento em 87,6%, passando de 137,2 TKU

(Toneladas por quilômetro útil transportada) para 257,4 bilhões em 2007. Além

disso, houve uma queda de 80,7% nos índices de acidentes, compras de nova frota

de vagões e locomotivas.

2.5 A CONSTRUÇÃO DAS FERROVIAS ATRAVÉS DO PAC

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foi criado em 2007, pelo

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O programa tem por objetivo promover

aceleração do crescimento econômico, aumentar o emprego e melhorar as

condições de vida dos brasileiros. Partindo destes objetivos, o programa foi divido

em 3 eixos: Infra-estrutura logística; Energética e Social e Urbana (PAC, 2007).

O Programa consiste em um conjunto de medidas destinadas a incentivar o

investimento privado, aumentar os investimentos públicos em infra-estrutura e

retirar obstáculos que impeçam o crescimento brasileiro (PAC, 2007).

Ainda de acordo com as informações do PAC (2007), as medidas do programa

foram organizadas em cinco blocos:

37

1) Estímulo ao crédito e ao financiamento;

2) Desoneração e Aperfeiçoamento do Sistema Tributário;

3) Medidas Fiscais de Longo Prazo;

4) Investimento em infra-estrutura;

5) Melhora do ambiente de investimento.

Os objetivos do PAC no setor de infra-estrutura de acordo com o programa são:

“Eliminar os principais gargalos que podem restringir o crescimento da economia

brasileira; reduzir custos e aumentar a produtividade das empresas; estimular o

aumento do investimento privado e reduzir as desigualdades regionais” (PAC 2007-

2010, Governo Federal, 2007).

O Programa de Aceleração do Crescimento possui três diretrizes para o transporte

(PAC, 2007):

1) Expansão da malha ferroviária: Construção de ferrovias em bitola larga;

Ligação de áreas de produção mineral quanto a agrícola aos portos,

indústrias e mercado consumidor; Desenvolvimento de um moderno sistema

ferroviário integrado e com alta capacidade.

2) Revisão do Modelo Regulatório: permitir um ambiente competitivo no

transporte de cargas; Incentivar a utilização plena dos transportes de cargas

e estimular novos investimentos.

3) Estudos e Projetos para Integração Multimodal: Garantir a ampliação e

melhorar a utilização da malha ferroviária e permitir a integração com os

demais modais de transportes.

De acordo com o Ministério dos Transportes (2010), o orçamento do PAC para o

modal ferroviário foi de aproximadamente 8 bilhões de reais, no 11º Balanço do

programa, o PAC divulgou investimentos de R$ 3,4 bilhões de reais na construção

e reforma de 909 km das seguintes ferrovias (PAC, 2010):

504 km realizados na Ferrovia Norte-Sul – Aguiarnópolis/TO-Palmas/TO

51km realizados na Ferrovia Norte-Sul – Ouro Verde/GO-Anápolis/GO-Porto

Seco/GO

38

13 km realizados na Extensão da Ferronorte – Alto Araguaia/MT-Rondonópolis/MT

99 km realizados na Ferrovia Norte-Sul – Palmas/TO-Córrego do Jabuti/TO

118 km realizados na Ferrovia Norte – Sul – Divisa TO/GO-GO 244

124 km realizados na Ferrovia Norte-Sul – Pátio de Santa Isabel/GO-Ouro

Verde/GO

Ainda de acordo com o 11 º Balanço, no final do ano de 2010, restaram 3.757 km

de obras em andamento nas Ferrovias Norte-Sul, Ferrovia Nova Transnordestina,

Ferrovia de Integração Oeste-Leste, Extensão da Ferronorte; Contornos

Ferroviários de Araraquara/SP, Joinvile/SC; Rebaixamento Linha Férrea

Maringá/PR, Adequação da Linha Férrea de Barra Mansa/RJ.

A construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste consta no Programa de

Aceleração do Crescimento e é uma preferência de transporte para suprir a

necessidade das regiões baianas produtoras de minérios de ferro e, também, das

regiões produtoras de grãos do oeste baiano e do sudeste do Tocantins.

A Ferrovia de Integração Oeste- Leste, no trecho Ilhéus-Caetité-Barreiras, o

investimento previsto no PAC 2 é de R$ 4,2 Bilhões entre os anos de 2010-2014 e

R$ 33 milhões após 2014. Para o trecho que ligará a cidade de Barreiras a

Figueirópolis, ainda não existe orçamento no Programa (VALEC, 2013).

2.6 FERROVIA NORTE-SUL A Ferrovia de Integração Norte Sul (FNS) está em processo de construção através

da concessionária VALEC. Em seu trajeto, percorrerá os seguintes estados: Pará,

Maranhão, Tocantins, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul,

Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (VALEC, 2013)

O propósito da construção é a ampliação e integração do sistema ferroviário do

país. A ferrovia Norte-Sul fará conexão com a Estrada de Ferro Carajás, Ferrovia

Centro-Atlântica e com a Ferrovia de integração Oeste-Leste, fortalecendo ainda

39

mais as relações econômicas entre a Bahia e os demais estados brasileiros

(VALEC, 2013).

O projeto de Construção é dividido em três trechos:

Trecho Açailândia (MA)- Palmas (TO): A malha foi subconcedida à Vale S.A em

2007, o trecho de 719 Km percorre o Maranhão e Tocantis. O objetivo da ferrovia é

criar um corredor de exportação de grãos, carne, fertilizante e combustível.

Atualmente o trecho encontra-se em operação comercial pela Vale (VALEC, 2013).

Trecho Palmas (TO)- Anápolis (GO):O trecho, que liga os municípios de Palmas,

no Tocantins, e Anápolis, em Goiás, possui 855 km de extensão e está em fase

final de construção (VALEC, 2013).

De acordo com a VALEC (2013), devido ao projeto, estão sendo implantadas 42

duas plantas industriais de etanol e 20 usinas de biodiesel nos dois estados, que

irão promover o desenvolvimento e a geração de 270 mil empregos diretos e

indiretos.

Podemos observar na figura 2, que nesse trecho, a ferrovia passará por

Figueirópolis, fazendo conexão com a Ferrovia de Integração Oeste-Leste.

Figura 2: MAPA DO TRECHO PALMAS- ANÁPOLIS INTERLIGANDO A FERROVIA DE INTEGRAÇÃO OESTE-LESTE AO MUNICÍPIO DE FIGUEIRÓPOLIS (TO)

FONTE: VALEC (2013)

40

Trecho Ouro Verde(GO)- Estrela D´Oeste (SP)- Extensão Sul: Este trecho tem 680

km de extensão e ainda está em fase de construção. Quando finalizado,irá

interligar o sistema ferroviário com os portos da região sudeste e integrará a região

norte e nordeste (Valec, 2013).

2.7 FERROVIA DE INTEGRAÇÃOOESTE-LESTE

A Ferrovia de Integração Oeste-Leste pretende contemplar regiões produtoras de

minério de ferro e as produtoras de grãos, tornando-a uma ferrovia voltada para

exportação, além de contribuir, fortalecer e desenvolver o mercado interno. O

projeto de construção pretende ligar as cidades de Ilhéus, no sul da Bahia, com as

cidades de Caetité, centro-sul baiano e Barreiras no extremo oeste baiano, com a

cidade de Figueirópolis, no Tocantins. O projeto dinamizará o escoamento da

produção baiana e permitirá a integração da região com outros pólos do país

através da conexão com a Ferrovia Norte-Sul, em Figueirópolis ( VALEC, 2013).

De acordo com a Valec (2013), o projeto prevê uma ferrovia com 1.527 Km de

extensão distribuída da seguinte forma, 537 Km, ligando Ilhéus a Caetité; 485 Km

ligando Caetité a Barreiras e 505 Km ligando Barreiras a Figueirópolis. Todo o

escoamento transportado pela FIOL será concluído no Complexo Intermodal do

Porto Sul, que deverá ser construído no distrito de Aritaguá (Ilhéus). O trajeto da

ferrovia até o porto pode ser observado na figura 3:

Figura 3:Extensão da Ferrovia de Integração Oeste Leste desde o porto em Ilhéus até Figueirópolis

Fonte: Valec (2013)

41

De acordo com a Valec (2013), os objetivos da Ferrovia de Integração Oeste-Leste

são os de estabelecer alternativas mais econômicas para os fluxos de carga de

longa distância; contribuir para a multimodalidade; interligar a malha ferroviária do

país e ser uma alternativa logística para o escoamento da produção agrícola e de

minérios por meio do terminal do porto de Ihéus/BA.

Sobre a FIOL, o RIMA (2009, p.8) aponta:

A FIOL tem como objetivo principal interferir na matriz de transportes brasileira, substituindo, quando possível, o transporte rodoviário pelo transporte ferroviário nas trocas de cargas entre o Oeste, o Centro e o Leste do País. Nesse mesmo sentido, a FIOL também acumula um número elevado de funções essenciais: É uma ferrovia voltada à exportação: ao interligar o Norte (Tocantins e Maranhão), o Centro (Goiás) e o Nordeste (Bahia), no município de Ilhéus, proporcionará significativa redução dos custos de transporte de grãos, álcool e minérios destinados ao mercado externo. É uma ferrovia voltada ao mercado interno: a FIOL também proporcionará o desenvolvimento do mercado interno, à medida que oferecerá custos menores para as trocas dos produtos regionais.

Os benefícios da Ferrovia de Integração Oeste-Leste a redução dos custos do

transporte de grãos, minérios e álcool; contribuir para aumentar a produção

agroindustrial da região, que estará motivada por melhores condições de acesso

aos mercados nacional e internacional, incentivando os investimentos, a

modernização e a produção; melhorar a renda e a distribuição da riqueza do país.

Permitir a interligação dos estados de Tocantins, Maranhão, Goiás e Bahia aos

portos de Ilhéus/BA e Itaqui/ MA (VALEC, 2013).

Sobre a importância, vantagens e benéficos da construção da FIOL, o RIMA (2009) aponta:

O conjunto de funções exposto é suficiente para conferir à FIOL uma imensa importância estratégica para o desenvolvimento nacional, pois, com ela serão obtidos: maior competitividade dos produtos brasileiros no exterior; menores custos dos produtos comercializados no mercado interno; incentivo aos investimentos, à modernização e à produção, contribuindo para os aumentos da renda e do emprego na região. (RIMA, 2009, p.8) Um dos principais benefícios decorrentes da operação da ferrovia será o de tornar o transporte da produção regional mais barato do que o

42

rodoviário, permitindo que os preços dos produtos locais, sobretudo os agroindustriais e minerais, se tornem mais competitivos. Deverá ocorrer, portanto, um aquecimento da produção agroindustrial e da industria mineral da região que, com a operação ferroviária, terá melhores condições de acesso aos mercados nacional e internacional (RIMA, 2009, 41).

Em março de 2010, foi lançado o edital de licitação para dar início a construção da

ferrovia, mas foi somente a partir de 28 de Abril de 2011 que começou o processo

de construção. O trecho inicialmente em construção ligará os municípios de Ilhéus

a Caetité, num total de 536,53 km, dividido em quatro lotes. A previsão do fim da

construção da FIOL seria para o mês de setembro de 2013, porém, de acordo com

site da FIEB (2011), que cita reportagem do Jornal A Tarde, o Tribunal de Contas

da União pediu a paralisação das obras no trecho entre Caetité e Barreira por

haver “indício de irregularidade grave” e “risco de provocar prejuízo ao erário”.

De acordo com publicação online de Nascimento (2013), a compra de dormentes e

acessórios realizada em 2010, para a construção da Ferrovia Norte-Sul e FIOL foi

superfaturada.

Segundo Nascimento (2013), em fevereiro de 2013, a Valec suspendeu a licitação

para a compra de 147 mil toneladas de trilhos que seriam utilizadas no trecho

Ilhéus-Barreiras. A suspensão ocorreu porque o consórcio PNG Brasil Produtos

Siderúrgicos e Pangang Group International Economie &Tranding foi o único

participante do pregão. Além disso, o mesmo consórcio ganhou o pregão da

Ferrovia Norte-Sul.

O novo pregão aconteceu em 07/10/2013 e, de acordo com o Portal Brasil

(08/10/13), duas empresas participaram e ganharam a licitação. Ambas às

empresas, Trop Comércio Exterior Ltda e RMC Participação S/A, levaram os cincos

lotes disponíveis do trecho.

Sobre as condições atuais da construção da FIOL, Borges (2013), publicou que a

equipe de reportagem do Valor Econômico percorreu todos os lotes traçados pela

FIOL e cruzou por estradas mais de 40 municípios. Nos 500 Km que ligam

43

Barreiras a Caetité, “a ferrovia praticamente não existe”, sendo que nesta etapa da

ferrovia, deveria ter uma ponte de 3 quilômetros sobre o Rio São Francisco, ponte

esta que ainda não existe. Além disso, há alojamentos de trabalhadores que foram

erguidos e encontram-se fechados há mais de dois anos.

Ainda de acordo com Borges (2013), na região de Guanambi, uma fábrica de

dormentes foi montada em 2011, com equipamentos importados da Itália, porém

“nunca forjou um dormente”. Após quase dois anos de paralisação, em janeiro de

2013, a Valec conseguiu destravar a obra no trecho entre Caetité e Ilhéus, sendo

que só conseguiu construir 21,5% do total previsto. Outro fator impactante que

impede a construção são as desapropriações, 87% do traçado entre Caetité e

Ilhéus foi desapropriada, porém, de acordo com a publicação, na metade dos 500

km do trecho , apenas 43% do trajeto está livre.

Em 20 de Agosto de 2013, foi assinada uma ordem de serviço que permite que no

lote 2A seja construído o Túnel de Jequié. O Investimento da obra é de R$ 50

milhões e a Galvão Engenharia, vencedora da concorrência, deve entregar a obra

pronta em 10 meses. O túnel deverá possuir 780 metros de extensão e sua

construção evitará que 500 imóveis sejam desapropriados (Jornal A Tarde,

21/08/2013).

O Tribunal de Contas da União (TCU) liberou a construção de mais 162 km da

Ferrovia Oeste-Leste, mais especificamente no lote 5, situado do Riacho da

Barroca (Caetité) até o inicio da Ponte do Rio São Francisco. Ainda falta a

liberação do lote 5A, que permitirá a construção da ponte próxima a Bom Jesus da

Lapa. Os lotes 6 e 7 também não foram liberados. A construção está em

andamento somente nos lotes 2 e 4, entre Jequié e Caetité. O lote 1 encontra-se

atrasado devido a uma questão judicial com a construtora responsável (LOPO,

2013).

Além do atraso de três anos na construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste,

outro atraso pode adiar ainda mais a utilização da FIOL como opção de transporte

44

de 19,5 milhões de toneladas de minério de ferro. O Complexo Porto Sul, previsto

para ser erguido em Ilhéus, será o responsável por receber o minério de ferro e

grãos transportados pela FIOL. O porto tem investimento estimado em R$ 3,5

bilhões, porém, só em novembro de 2012, o IBAMA concedeu licença prévia do

projeto. De acordo com Borges (2013), o Complexo do Porto Sul, até novembro de

2012 ainda não tinha o local de instalação definido no litoral baiano e a conclusão

do Complexo é prevista para junho de 2018. Significando que depois de concluída,

a FIOL ficará sem utilização ou com baixo nível de operação por um período

aproximado de 4 anos.

Para Borges (2013), não seria vantajoso a construção da ferrovia sem um porto que pudesse receber o escoamento da carga:

Um rombo de R$ 2 bilhões. Esse é o tamanho aproximado do estrago que será causado aos cofres públicos por conta de falta de planejamento e de uma enxurrada de falhas cometidas na execução de dois mega projetos de infra-estrutura na Bahia: a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e o Porto Sul, complexo portuário previsto para ser erguido em Ilhéus. A origem desse prejuízo bilionário está no cronograma dos estudos e das obras dos dois empreendimentos, ações que foram realizadas sem nenhum tipo de integração, embora a construção da Fiol, que ligará o sertão baiano até o litoral do Estado, só faça sentido se, na ponta dessa malha de 1 mil km de trilhos, existir um porto para concluir o escoamento da carga.

De acordo com o RIMA (2009, p.10), quando a ferrovia entrar em funcionamento a

mesma irá contribuir para que ocorra economia de combustíveis, redução de

emissão de gases poluentes (redução de 95% da emissão, se comparada com o

modal rodoviário), diminuição de número de acidentes nas estradas e reduzirá os

gastos do governo em rodovias, que sofrerão menos impactos e desgastes nos

pavimentos.

2.8 PLANEJAMENTO E DIFICULDADES DE IMPLEMENTAÇÃO DA FIOL

O planejamento na administração é visto como o lado racional de uma ação, pois

viabiliza a análise e a interpretação da realidade, identifica novos direcionamentos

45

e novas soluções, permite a antecipação de resultados. A função do planejamento

é a busca por um objetivo estabelecido.

Para Oliveira (2006, p.282), o planejamento é visto pelos brasileiros como sinônimo

de elaborar planos- Trienais, Decenais, Plurianuais, Regionais, Diretores etc -

divididos em várias etapas sequenciais, com secretarias do Ministério do

Planejamento controlando o orçamento e realocando os recursos.

Mazzali e outros (2014), destacam que para um dos principais pesquisadores sobre

planejamento estratégico governamental, Carlos Matus, o planejador é um técnico

a serviço de uma força social que domina a técnica de elaborar planos, definindo

objetivos e conjecturando que estes devem ser cumpridos a risca, não

considerando as possibilidades futuras que deveriam estar previstas nos

planejamentos.

Para De Toni (2002, p. 951), foi num contexto pós- guerra que o planejamento se

consolidou como uma ação comum de governo relacionado à conveniência de

racionalizar os serviços e a máquina pública. Para o autor, a frase comum aos

brasileiros “planejar é uma coisa, fazer é outra...” demonstra o quanto ridicularizam

o esforço do planejamento nas organizações públicas e privadas.

Oliveira (2006) diz que o brasileiro percebe o planejamento como uma receita de

bolo, ou seja, a partir do momento em que se tem um plano certo, a implementação

automaticamente estará correta, porém, na prática, muitos projetos e políticas

falham no momento da implantação ou causam impactos negativos ou

inesperados:

Uma primeira escola vê o processo de planejamento de políticas públicas associado a atividades de elaborar-se planos, com isso envolvendo tomada de decisões políticas, reuniões de discussão, mapas detalhados, modelos matemáticos e cenários,criação de legislação e distribuição de responsabilidades, e ao final se gera um plano. Uma vez que terminem essas etapas, assume-se que automaticamente as ações planejadas serão implementadas e atingirão os resultados esperados, se o plano foi bem-feito e tiver o orçamento aprovado. Assim a avaliação de um processo de planejamento é vista primordialmente sobre a ótica de confeccionar planos. Caso o plano desenhado inicialmente seja bom, o resultado ao final será bom. Se o plano é ruim, o resultado é ruim (OLIVEIRA, 2006, p.275).

46

Borges (2013) afirma que a falta de planejamento e falha na execução da FIOL e

do Porto Sul fará a União desperdiçar R$ 2 bilhões de Recursos Públicos. Para o

Ministério dos transportes (2013, p.15), existe no Brasil uma dificuldade para que

empreendimentos de transportes sejam implementados durante o período de

mandato de gestão de determinado governante, pois eles estão sujeitos ao

licenciamento ambiental e o processo para obter a licença pode demandar muito

tempo. Por isso, tornou-se importante o planejamento setorial ou modal para

assegurar que estes empreendimentos sejam estudados e analisados do ponto de

vista técnico, econômico, ambiental e social, assegurando as alternativas de

intervenção no sistema de transporte por região, fazendo com que estes critérios

definam como será a intervenção, deixando para o critério político apenas a

definição e alocação dos investimentos.

Uma das falhas, no planejamento e implementação da Ferrovia de Integração

Oeste-Leste, é a falta de estudos referente as áreas de cavernas arqueológicas,

sendo elas um dos percalços para a finalização da construção. O IBAMA solicitou

novos estudos para que a construção do trecho Caetité-Barreiras, com 485 Km de

extensão, fosse adiante por se tratar-se de uma área que possui cavernas e, por

isso, a necessidade de novos estudos que identifiquem alternativas menos

impactantes para estes ambientes (NASCIMENTO, 2013).

Outro aspecto referente ao planejamento na construção da FIOL é a participação

do pequeno produtor rural que terá sua pequena propriedade rural invadida pelos

trilhos da ferrovia. De acordo com o Santana e outros (2013, p. 1 ), a construção

tem gerado descontentamento da população ribeirinha quanto ao traçado e a

atuação da Valec em Tanhaçú. Para Oliveira (2006), a participação dos atores

envolvidos é fundamental para a formatação de um bom planejamento:

A população afetada pela política e os agentes do Estado em contato com ela (chamados street-levelbureaucrats, ou burocratas da rua) poderiam e deveriam influenciar de forma mais intensa o processo de planejamento de políticas públicas (...) já que esses atores sabem exatamente o que acontece e o que seria melhor para alcançar-se os resultados da política

47

(...) seria mais democrático a participação das partes interessadas no processo nas decisões que lhes afetam (OLIVEIRA, 2006, p.279).

Sobre a participação dos atores envolvidos, Mazzali e outros (2014, p.3)

compartilham da mesma opinião de Oliveira ao citar o pensamento de Carlos

Matus. Para este último autor, o planejamento está associado a mudanças e estas

a conflitos de interesse entre agentes. As prioridades do planejamento podem

provocar adesão ou oposição destes agentes, planejar então, implica em identificar

os atores interessados, visando a execução dos objetivos e criando estratégias

para alcançá-los.

2.9 GESTÃO AMBIENTAL

A gestão ambiental se constitui na de forma e método de sistematização das

considerações ambientais, apoiando as áreas de alocação de recursos financeiros

e orçamentários; alocando e capacitando recursos humanos; realizando

comunicação externa e jurídica para sustentar a tomada de decisão sobre questões

relacionadas à aplicação da legislação ambiental (MINISTÉRIO DOS

TRANSPORTES, 2013, p. 8)

Dror (1971), citado por Quintale Junior e Charlier (2004, p. 26),define a gestão

ambiental como um conjunto de métodos destinados a captar e sistematizar

informações com o intuito de racionalizar processos decisórios indutores de

modificações na dinâmica de funcionamento dos ecossistemas.

Para o Ministério dos Transportes (2013, p.05), a viabilidade ambiental de um

empreendimento de transporte implica em adotar considerações ambientais e o

cumprimento da legislação ambiental de forma que estes empreendimentos

respeitem a necessidade de preservação do meio ambiente e reduzam seus

impactos negativos sobre a qualidade ambiental.

48

Um plano de gestão ambiental permite definir o processo gerencial a ser seguido

para a boa execução das ações destinadas a evitar ou diminuir as consequências

dos impactos provocados por construções ferroviárias. O planejamento insere-se

em um sistema de gestão, pois estrutura as diretrizes a serem seguidas em um

plano de ação ou pela própria gestão ambiental (QUINTALE JR e CHARLIER,

2004, p. 26).

Para Quintale Junior e Charlier (2004, p. 27), na gestão ambiental para a

construção de ferrovias, deve-se prioritariamente caracterizar as áreas mais frágeis

e sensíveis, como por exemplo, áreas de mananciais, áreas de proteção

permanente e áreas legalmente protegidas. Para Ab`Saber (1994), citado por

Quintale Jr e Charlier (2004, p. 27), a etapa de caracterização ambiental previne

impactos, pois fornece dados sobre o sítio de implantação e fornece informações

sobre uma determinada região, definindo área de influência a ser afetada direta ou

indiretamente pelas atividades. De acordo com Souza, citado por Quintale e

Charlier (2004, p. 27), a partir da caracterização ambiental, é possível fazer uma

análise ambiental preventiva.

Para o Ministério dos Transportes (2013, p.15), o conhecimento prévio das

condições ambientais relacionadas às alternativas de intervenção no sistema de

transportes permite que o empreendedor melhore condições de diálogo na

discussão sobre as exigências para o licenciamento ambiental. Em contradição,

alguns pontos do estudo de conhecimento prévio da construção da FIOL foi

ignorado pela VALEC. Segundo Nascimento (2010), o Ibama da Bahia negou a

licença de instalação em virtude de parte do traçado da ferrovia passar por cima de

cavernas situadas em trechos de Barreiras, São Felix do Coribe, Santa Maria da

Vitória e São Desidério.

Para o RIMA (2009), caberia a VALEC realizar um estudo, antes do desmatamento,

sobre a existência de cavernas, identificando as que estão totalmente e

parcialmente coincidentes com a faixa de domínio projetada, comunicando ao

Centro Nacional de Estudo, Proteção e Manejo de Cavernas a existência daquelas

49

que não constam no seu cadastro; e deslocar o eixo da ferrovia de qualquer

caverna encontrada. Ainda de acordo com o relatório do RIMA (2009, p.43), as

interferências nas cavernas podem ocorrer durante os serviços de terraplenagem,

abertura de caminhos de serviços e disposição de solos para a construção da

FIOL. Durante o funcionamento da ferrovia, o risco praticamente não existe.

Sobre a Gestão Ambiental da Valec, a mesma informa que a gestão ambiental

desenvolvida por ela tem por finalidade reduzir os impactos ambientais sobre os

recursos naturais, conscientizar e educar ambientalmente a sociedade impactada.

As ações de atividades educadoras desenvolvem-se a partir de programas

ambientais, como o Programa de Resgate a Flora, Programa de Resgate a Fauna

e Programa de Educação Ambiental e Comunicação Social (VALEC, 2014).

50

3. METODOLOGIA

Este capítulo tem por finalidade apresentar os métodos e procedimentos utilizados

para a pesquisa e para a análise do problema estudado, tendo por objetivo

identificar quais são os desafios na construção da Ferrovia de Integração Oeste-

Leste, e os impactos da construção sob a percepção dos funcionários da VALEC.

3.1 TIPOS DE PESQUISAS

O trabalho desenvolvido pode ser caracterizado como uma pesquisa de caráter

exploratório-descritiva com a utilização de dados qualitativos. Segundo Malhotra

(2011), a finalidade da pesquisa exploratória é explorar ou examinar um problema

ou situação para atingir conhecimento ou compreensão, permitindo a descoberta

de idéias e percepções.

Gil (2002, p.41) descreve uma pesquisa exploratória como aquela que tem por

finalidade permitir ao pesquisador maior familiaridade com o tema, com o intuito de

torná-la mais explicativa ou ajude na construção de hipóteses:

Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado (GIL, 2002, p.41).

O planejamento da pesquisa exploratória permite a consideração dos mais

variados aspectos referente ao que se está sendo estudado. Sendo que nas

pesquisas, em muitos casos, há levantamento bibliográfico e entrevistas com

pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado (GIL, 1996,

p.45).

Esta pesquisa caracteriza-se como pesquisa exploratória por ser um escopo para

maior aprofundamento do tema em análise, além disso, espera-se continuar

estudando o tema em pesquisas futuras.

51

A monografia também apresenta uma pesquisa do tipo descritiva, pois procurei

identificar as percepções de engenheiros e técnicos da VALEC sobre o processo

de construção da Ferrovia de Integração Oeste- Leste. Consta-se que, dentro do

grupo de pesquisas descritivas, encontram-se pesquisas que têm por objetivo

levantar as opiniões, crenças e atitudes de uma população (GIL, 1996, p. 46).

3.2 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

A pesquisa está delineada em fontes de dados secundários a partir de coleta de

dados bibliográficos, documental e em referências eletrônicas. De acordo com Gil

(2002,p. 43), o delineamento de uma pesquisa pode ser divido em dois grupos:

O elemento mais importante para a identificação de um delineamento é o procedimento adotado para a coleta de dados. Assim, podem ser definidos dois grandes grupos de delineamentos: aqueles que se valem das chamadas fontes de "papel" e aqueles cujos dados são fornecidos por pessoas. No primeiro grupo, estão a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental.

As fontes bibliográficas podem ser os livros de leitura corrente; livros de referência

informativa e remissiva; publicações periódicas como jornais e revistas; impressos

diversos (GIL, 1996, p.49).

Os livros de referências são conhecidos como livros de consulta, eles permitem a

rápida obtenção de informação requerida. Os livros de referências são divididos em

dois grupos, no primeiro, encontram-se os livros de referência informativa, que

contêm a informação que se busca. Neste grupo, encontram-se: dicionários,

enciclopédias, anuários e almanaques. No segundo grupo, encontram-se os livros

de referência remissiva, que remetem a outras fontes, como por exemplo,

catálogos (GIL, 1996, p. 49).

As publicações periódicas são fascículos de assuntos variados, com a colaboração

de diversos autores. Destacam-se, neste tipo de fonte bibliográfica, os jornais e

revistas (Gil, 1996, p.49).

52

Para alcançar os objetivos propostos, optou-se por dividir a pesquisa em duas

partes, a primeira caracteriza-se uma pesquisa bibliográfica, com o intuito de

descrever as características de cada modal de transporte de cargas, sendo eles, o

rodoviário, ferroviário, aéreo, aquaviário, e o modal dutoviário. Esta parte da

pesquisa foi desenvolvida em livros e artigos publicados na internet, permitindo a

compreensão do tema em estudo.

Para a contextualização do problema de infra-estrutura no modal ferroviário e

rodoviário foram, utilizados livros de logística e diversos artigos. Também foram

utilizadas referências eletrônicas de sites. Para a familiarização com as

informações sobre o processo de das primeiras ferrovias brasileiras, estatização e

privatização, foram mencionados artigos de diversos autores, dados eletrônicos do

IPEA, ANTT e do Departamento Nacional de Infra-estrutura de transportes (DNIT).

Ainda na primeira parte da pesquisa, foi levantado um histórico da implantação de

ferrovias na Bahia e uma breve análise das condições da malha ferroviária

brasileira no século XXI, analisando-se também duas novas ferrovias em

construção pela VALEC, sendo a Ferrovia de Integração Oeste Leste, o foco de

estudo. Estas abordagens atendem ao objetivo específico de compreender o

histórico das ferrovias no Brasil.

Para explorar sobre as ações do Programa de Aceleração do Crescimento, foram

recolhidas informações nos balanços do PAC 2, disponíveis no site do Governo

Federal.

Na segunda parte da pesquisa, foi aplicado um questionário estruturado em onze

questões, sendo duas delas discursivas (abertas), devido sua grande relevância

para atender ao objetivo geral da monografia. Os dados coletados foram

analisados para posterior análise de resultados e conclusões.

53

As questões 1, 2 , 3 e 4 têm por finalidade conhecer o perfil dos entrevistados. As

questões de número 5,6,7,8 e 9, têm por finalidade identificar as experiências dos

mesmos em construções de ferrovias. As questões discursivas 10 e 11 têm por

finalidade atender aos objetivos específicos, identificando as percepções dos

funcionários da Valec frente aos desafios e impactos para construção da FIOL.

3.3 AMOSTRAGEM E PROCEDIMENTO DE COLETA

Amostra é qualquer parte de uma população, sendo a amostragem um processo de

colher amostras e sua análise permite conhecer informações relevantes de toda a

população (MATTAR, 1997,p. 260). Segundo Malhotra (2011, p. 268), população

pode ser definida como o total de todos os elementos que compartilham algumas

características em comum.

De acordo com Vergara (2009, p.46), a população amostral ou amostra de uma

pesquisa é uma parte do universo (população) escolhida por critério de

representatividade. Para o autor, existem dois tipos de amostras: a probabilística,

que são amostras aleatória simples, estratificadas e por aglomerado; e a mostra

não probabilística, que são as selecionadas por acessibilidade e por tipicidade.

Para o desenvolvimento desta pesquisa, o tipo de amostragem utilizada é a

amostragem não probabilística.

3.4 TÉCNICAS DE ANÁLISE DOS DADOS

De acordo com Figueiredo; Chiari e Goulart (2013), as representações sociais que

as pessoas utilizam para compartilhar seu cotidiano, juízos ou opiniões, são formas

de conhecimento que podem ser acessados através de depoimentos individuais e

reconstituídos através de pesquisas sociais. Para isso, utiliza-se o Discurso do

Sujeito Coletivo (DSC), que utiliza procedimentos sistemáticos e padronizados,

agregando os depoimentos sem reduzi-los.

54

Nas pesquisas qualitativas os dados utilizados são decorrentes de perguntas

abertas, na possibilidade de um questionário, em entrevistas de grupos ou

individuais (MATTAR, 1997).

O estudo qualitativo responde a questões particulares ao entrevistado, trabalhando

com significados, aspirações, motivos, valores e crenças com um “nivel de

realidade” que não pode ser totalmente quantificado. Desta forma, o desafio maior

do DSC é conseguir responder tudo o que a coletividade disse, respeitando a

condição qualitativa e quantitativa (FIGUEIREDO; CHIARI E GOULART, 2013).

A técnica de análise do DSC ocorre a partir da coleta dos depoimentos que foram

tratados através da tabulação no Excel com a intenção de obter o pensamento

coletivo. De acordo com Figueiredo; Chiari e Goulart (2013), a técnica consiste em

analisar a pesquisa coletada, extrair de cada depoimento da pesquisa as idéias

centrais e expressões chaves. Estas idéias e expressões irão compor um ou vários

discursos- síntese que são denominados como Discurso do Sujeito Coletivo

(FIGUEIREDO; CHIARI E GOULART, 2013).

As expressões chaves (ECH) são pedaços ou trechos do discurso com relevância a

serem destacados pelo pesquisador. A idéia Central (IC) é a denominação ou

expressão que nomeia ou descreve o sentido presente em cada uma das respostas

respondidas no questionário. Cada expressão Chave e a idéia central formarão o

Discurso do Sujeito Coletivo (FIGUEIREDO; CHIARI E GOULART, 2013).

55

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Este capítulo apresenta a análise dos resultados do questionário aplicado com o

objetivo de identificar os desafios na construção da Ferrovia de Integração Oeste

Leste (FIOL), sob a perspectiva dos funcionários da Valec. Para o levantamento

das perspectivas, optou-se pela formulação de 11 questões através do Google

Drives e encaminhado o link do questionário para o e-mail dos funcionários.

O questionário foi respondido por 17 funcionários da empresa. As quatro primeiras

questões identificam o perfil dos entrevistados. Da quinta a nona questão, buscou-

se identificar a experiência dos entrevistados em construções ferroviárias. Para

isso, as questões levantaram tempo de experiência em construção de ferrovias, se

a construção da Fiol é a primeira experiência dos entrevistados e a área de

atuação deles na Valec.

As questões específicas de numeração dez e onze são destinadas para a

identificação das percepções dos funcionários frente aos desafios e impactos

(negativos ou positivos) na construção na FIOL.

Sobre os dados coletados, os entrevistados foram questionados sobre o gênero,

idade, formação acadêmica e tempo de formado. Para levantar estas informações,

as quatro primeiras questões têm por finalidade descrever o perfil profissional e

acadêmico dos funcionários da Valec.

Pode-se observar que 88% dos funcionários da Valec que responderam ao

questionário são pessoas do sexo masculino, seguido por 12% são do sexo

feminino, conforme gráfico 8 a seguir:

56

Gráfico 8 - Gênero dos respondentes Fonte: Dados do Estudo

Dos 16 funcionários que responderam a questão sobre idade, aproximadamente a

metade dos funcionários se encontra na faixa etária entre 20 a 25 anos, seguido

por 38% de funcionários com idade entre 26 e 30 anos. Conclui-se que 82% dos

funcionários estão abaixo dos 30 anos, representando uma população jovem; 12%

dos entrevistados estão numa faixa etária entre 31 a 49 anos. Acima de 50 anos

corresponde a 6% de funcionários, conforme o gráfico 9, a seguir:

Gráfico 9- Faixa etária dos entrevistados Fonte: Dados do estudo

Sobre a formação acadêmica dos entrevistados, pode-se observar no quadro 2,

que apenas 6% dos funcionários encontram-se em formação acadêmica, 47% dos

funcionários estão formados entre 1 a 2 anos, 29% funcionários estão formados

entre três a cincos anos, 18% dos profissionais estão formados a mais de 6 anos :

88%

12%

Gênero

Masculino

Feminino

44%

38 %

12%

6%

20 a 25 anos 26 a 30 anos 31 a 49 anos Acima de 50

57

Quadro 2 – TEMPO DE FORMADO DOS ENTREVISTADOS

Fonte: Dados do estudo

Pode-se verificar conforme no quadro 3, que aproximadamente 18% dos

funcionários possuem nível técnico, 6% dos funcionários estão em formação

acadêmica no terceiro grau, 53% dos entrevistados são graduados, 6% dos

funcionário possui especialização e aproximadamente 18% são mestres:

Quadro 3 : ÁREA DE ATUAÇÃO DOS ENTREVISTADOS Fonte: Dados do estudo

Dos 17 entrevistados que responderam ao questionário, 16 responderam a

questão 9 (identificando o cargo que ocupa na FIOL), destes, 50% ocupam o

cargo de engenharia civil, 6% exerce a função de gestor de contratos; 13% dos

Tempo de formação

Frequência absoluta

Frequência Relativa

Em formação (3º Grau) 1 ¨6%

1 a 2 anos 8 47%

3 a 5 anos 5 29%

Mais de 6 anos 3 18%

Total 17 100%

Grau acadêmico Freqüência Absoluta Frequência Relativa

Técnico 3 18%

Em formação (3º grau) 1 6%

3 Grau 9 53%

Especialista 1 6%

Mestre 3 18%

Total 17 100%

58

entrevistados são técnicos de estradas e edificações, 6% ocupam o cargo de

engenheiro auxiliar, 6% corresponde ao cargo de engenheiro florestal; 6% exerce

a função de Analista I, 6% corresponde ao cargo de biólogo e 6% exerce a função

de educador nível técnico, conforme o quadro 4 a seguir:

Cargo Frequência Absoluta Frequência Relativa

Engenheiro Civil 8 50%

Gestor de Contratos 1 6%

Técnico de estradas e

edificações

2 13%

Engenheiro Auxiliar 1 6%

Engenheiro Florestal 1 6%

Analista 1- Engenharia 1 6%

Biólogo 1 6%

Educador nível técnico 1 ¨6%

Total 16 100%

Quadro 4: Cargos ocupados pelos entrevistados Fonte: Dados do Estudo

De acordo com o quadro 5 a seguir, o tempo de atuação dos funcionários na

construção da Fiol corresponde a menos de um ano para 59% dos entrevistados.

29% dos entrevistados já atuam na construção da ferrovia a exatos 1 ano, 12% dos

entrevistados não responderam a questão.

Pode-se inferir que 59% dos funcionários não trabalharam na obra desde o início

da construção da FIOL em 2011, ou seja, não acompanharam todo o processo de

construção e os problemas decorrentes dele. E nenhum dos entrevistados atua na

FIOL desde o início de sua construção.

59

Tempo de atuação obras

da FIOL

Frequência Absoluta

Frequência Relativa

Menos de 1 10 59%

1 ano 5 29%

Não respondeu a questão 2 12%

Total 17 100

Quadro 5- Tempo de atuação na construção da Fiol

Fonte: Dados do Estudo

De acordo com o quadro 6, somente 29% entrevistados tiveram experiências na

construção de outras ferrovias, conforme tabela a seguir:

Experiência na construção de

outras ferrovias

Frequência Absoluta Frequência Relativa

Sim 5 29%

Não 12 71%

Total 17 100%

Quadro 6: Experiências dos funcionários na construção de outras ferrovias

Fonte: Dados do Estudo

Dos 29% dos funcionários que tiveram experiência em outras construções

ferroviárias, 1 trabalhou na construção da Ferrovia Transnordestina, 2 trabalharam

na Ferrovia Centro Atlântica e 2 trabalharam no Ramal Ferroviário do Sudoeste do

Pará (Vale do Rio Doce), conforme quadro 7 a seguir:

60

Identificação da Ferrovia Frequência Absoluta

Ferrovia Transnordestina 1

Ferrovia Centro Atlântica 2

Ramal Ferroviário do Sudoeste do Pará

(Vale do Rio Doce):

2

Total 5

Quadro 7 : Experiência dos funcionários na construção de ferrovias

Fonte: Dados do Estudo

Nos próximos subitens, serão analisadas as duas questões discursivas que têm por

objetivo descrever o primeiro e segundo objetivo específico da pesquisa. Para isso,

foi realizado um tratamento quantitativo, classificando os discursos individuais dos

entrevistados em idéias centrais, descartaram-se respostas inconsistentes ao fugir

do tema a que se referiam as perguntas e foram eliminadas respostas em brancos.

4.1 ANÁLISE DOS DESAFIOS NA CONSTRUÇÃO DA FIOL SOB A

PERSPECTIVA DOS FUNCIONÁRIOS DA VALEC

Na questão discursiva de número 10, os entrevistados foram questionados sobre

como eles percebem a questão dos desafios na construção da FIOL. Para a

análise quantitativa desta questão, dos 17 entrevistados 2 não responderam a

pergunta e apenas 12 respostas foram aproveitadas para a elaboração do

Discurso do Sujeito Coletivo (DSC).

Foram identificadas 8 ideias centrais na questão 10. Destas, optou-se por construir

o Discurso do Sujeito Coletivo homogêneo, baseado nas idéias centrais IC-A, IC-B

e IC-C por apresentarem maiores frequências absolutas e relativas, conforme o

quadro 8 a seguir:

Categoria Idéia Central Frequência Absoluta

Frequência Relativa

Frequência Acum.

61

IC-A Estrutura 7 28,0% 28,0%

IC-B Falta de planejamento 5 20,0% 48,0%

IC-C Questões Políticas 4 16,0% 64,0%

IC-D Terceirização 2 8,0% 72,0%

IC-E Falta de profissionais 2 8,0% 80,0%

IC-F Corrupção 2 8,0% 88,0%

IC-G Concursados X Comissionados 2 8,0% 96,0%

IC-H Comprometimento 1 4,0% 100,0% Quadro 8: Frequência por idéia central- Questão 10

Fonte: Dados do Estudos

Com base no quadro 8, foi elaborado o Discurso do Sujeito Coletivo para a idéia

central “Estrutura”:

Ideia Central

Estrutura

Discurso do Sujeito Coletivo

Acredito que o maior desafio seja estrutural, ou seja, são administrativos.Na minha

opinião os grandes desafios estão na estruturação da VALEC como uma empresa

sólida e com suas funções bem distribuídas.Percebe-se a falta de planejamento (da

Valec), no que tange à oferta de condições mínimas de trabalho para os seus

empregados de campo.Falta de estrutura a qual é dada para os funcionários da

Valec de forma que os mesmos não tem a mínima condição de trabalho para

executar uma fiscalização de uma forma justa e ética. A estatal VALEC não possui

estrutura física, técnica, regimental, de iniciativas, gerencial e experimental para

tocar uma obra deste porte. Os funcionários ficam órfãos no campo. Não há suporte

de casas, restaurantes, carros ou diversas outras necessidades básicas para um

ser humano. A falta de eficiência e organização vão desde o não fornecimento de

EPI's, uniformes e crachá profissional até o descumprimento de itens previstos em

edital do concurso público que selecionou seus funcionários efetivos.

Quadro 9. IC-A: Estrutura- Questão 10 Fonte: Dados do Estudo

A partir da análise do discurso do sujeito coletivo, pode-se observar que a falta de

estrutura, tanto de equipamentos quanto de infra-estrutura, é um dos desafios para

a construção da FIOL. Esta estrutura deveria existir para dar suporte às atividades

62

dos funcionários, o que proporcionaria uma qualidade de vida no trabalho.A falta de

estrutura gera descontentamento dos funcionários em relação a VALEC. Além

disso, a não oferta de condições mínimas de trabalho pode inibir a produtividade,

conjecturando desta forma, atrasos na obra da ferrovia.

O conceito de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) corresponde à preocupação

com o bem estar geral e com a preocupação da saúde dos funcionários no

desempenho de suas tarefas. A QVT envolve aspectos físicos, ambientais e

psicológicos do local de trabalho (CHIAVENATO, 2005, p.448). Se a qualidade de

vida no trabalho for pobre, conduzirá a alienação do funcionário e à insatisfação, à

má vontade e a queda de produtividade (CHIAVENATO, 2005, p.449).

Sobre a produtividade, Chiavenato (2005, p.448) diz que a qualidade de vida no

trabalho afeta atitudes pessoais e comportamentais do funcionário, atitudes estas

que são importantes para que ocorra a produtividade individual e grupal.

(CHIAVENATO, 2005, p.449).

Outro mecanismo que pode contribuir para a qualidade de vida no trabalho é a

CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), que tem por função apontar

atos inseguros dos trabalhadores e as condições de segurança que existem dentro

da organização, além de fazer a fiscalização do que já existe. Aos profissionais de

RH, cabe a função de apontar soluções que eliminem os atos inseguros

(CHIAVENATO, 2005, p.448).

Alves (2014, p.15), cita Charnov para apontar que organizações podem dispensar

as pessoas sob certas condições, porém, as pessoas podem deixar a organização

a qualquer momento. Assim ocorrendo, a organização deve se empenhar para

manter um ambiente positivo para incentivar e tornar mais produtivos os indivíduos

que nela permanecem.

Portanto, conhecer as necessidades de infra-estrutura e fornecer equipamentos

destinados à proteção, segurança e saúde dos funcionários é fundamental para

que os profissionais se sintam valorizados dentro da VALEC e tenham condições

mínimas de trabalho, não impactando desta maneira na produtividade e execução

das obras da Ferrovia de Integração Oeste Leste.

63

Além disso, como foi já foi visto na página 43, existe alojamentos de trabalhadores

que foram erguidos e encontram-se fechados há mais de dois anos, evidenciando

que os funcionários não utilizam esta infra-estrutura.

Com frequência relativa de 20%, temos na questão 10 a segunda idéia central:

Falta de planejamento. As percepções dos funcionários foram organizadas no

quadro 10, com discurso do sujeito coletivo a baixo:

Quadro 10: IC-B: Falta de Planejamento- Questão 10 Fonte: Elaboração Própria a partir do questionário

A análise do sujeito discurso do sujeito coletivo exprime que o planejamento está

relacionado a projetos bem elaborados, sendo executados de acordo com o que foi

estudado, prevendo impactos e encontrando mecanismos que eliminem ou

amenizem as situações que possam interferir no que foi planejado. A falta de

planejamento sobre as obras da FIOL resultou em projetos mal elaborados,

impactando o bom desenvolvimento e a continuidade da construção da ferrovia,

além de impactar negativamente as populações que têm suas propriedades

afetadas com passagem da ferrovia.

Para que uma organização cumpra com efetividade sua emissão, é fundamental

que suas ações sejam oriundas de um planejamento organizado e permanente,

baseado em diretrizes públicas e políticas as quais a organização esteja vinculada,

Ideia Central:

Falta de Planejamento

Discurso do Sujeito Coletivo:

Vejo que o planejamento é, sem dúvidas, a melhor ferramenta para se colocar em

prática qualquer projeto. A falta de planejamento dos órgãos e a definição um tanto

quanto falha das licitações e dos projetos básicos o que acabam impactando a tripla

restrição que é a base de um bom gerenciamento, ou seja, prazo, custo e qualidade.

Obra pouco estudada (ainda apresenta algumas divergências em projetos), estudos

superficiais, que não prevêem os reais impactos (problemas de acesso, poluição,

ruídos, etc) nas comunidades afetadas pela obra,e/ou alternativas para minimizar os

impactos .O grande desafio é mitigar esses impactos para que o ônus da construção

da ferrovia não fique apenas com o lado mais fraco socialmente e economicamente.

64

no conhecimento e nas expectativas de clientes e usuários, levando-se em

consideração as condições e os meios que dispões (CHIAVENATO, 2006, p. 499).

Um planejamento consistente é aquele que deve iniciar com as definições

estratégicas e encerrar o primeiro ciclo com definições de metas específicas e

claras, traduzindo desta maneira as aspirações da organização em ações práticas,

que lhe permita caminhar na direção desejada. Após este primeiro ciclo de

definições, torna-se necessário rever constantemente o ambiente, as

oportunidades e ameaças que se apresentam, a fim de prever situações que

possam interferir sobre o que foi planejado (CHIAVENATO, 2006, p.499),

Posteriormente, deve-se ser feito uma avaliação de desempenho organizacional,

que é uma ferramenta que permite comparar os resultados alcançados com o

desempenho pretendido (descrito através de objetivos estratégicos e da definição

de metas). A avaliação servirá para analisar as causas e os desvios entre o que foi

programado e o que está sendo executado ( CHIAVENATO, 2006, p. 500).

Com frequência relativa de 16%, temos na questão 10 a terceira idéia central:

Questões políticas. As percepções dos funcionários foram organizadas no quadro

11 a seguir, que resume o discurso do sujeito coletivo:

Ideia Central

Questões Políticas

Discurso do Sujeito Coletivo

Os políticos que gerem esse empreendimento estão deixando a desejar, a pressão

política que ocorre antes mesmo da obra, gerando assim projetos mal elaborados,

que geram licitações de cunho duvidoso que desbocam em contratos ruins. Temos

a desapropriação que causa conflitos e processos demorados, paralisações de

órgãos do governo devido a irregularidades muitas vezes decorrentes da cobrança

do próprio governo pela rapidez na construção da obra e o alinhamento entre a

obra e interesses políticos

Quadro 11. IC-C: Questões Políticas- Questão 10 Fonte: Elaboração Própria a partir do questionário

A idéia central sobre questões políticas reforça a necessidade de haver um

planejamento (idéia central B), evitando-se projetos mal elaborados e diminuindo a

65

pressão política sobre a execução das obras, pois todas as ações políticas

necessárias para a execução da obra estariam contidas no planejamento.

Para o Ministério dos Transportes (2013, p.15), existe no Brasil uma dificuldade

para que empreendimentos de transportes sejam implementados durante o período

de mandato de gestão de determinado governante, pois eles estão sujeitos ao

licenciamento ambiental e o processo para obter a licença pode demandar muito

tempo. Por isso, tornou-se importante o planejamento setorial ou modal para

assegurar que estes empreendimentos sejam estudados e analisados do ponto de

vista técnico, econômico, ambiental e social, assegurando as alternativas de

intervenção no sistema de transporte por região, fazendo com que estes critérios

definam como será a intervenção, deixando para o critério político apenas a

definição e alocação dos investimentos.

4.2 ANÁLISE DOS PRINCIPAIS IMPACTOS NA CONSTRUÇÃO DA FIOL

Na questão discursiva de número 11, os entrevistados foram questionados sobre

como eles percebem a questão dos impactos na construção da FIOL. Para a

análise quantitativa desta questão, dos 17 entrevistados, 24% não responderam a

pergunta e 65% das respostas foram aproveitadas para a elaboração do Discurso

do Sujeito Coletivo (DSC).

Foram identificadas 4 ideias centrais na questão 11, destas, optou-se por construir

o Discurso do Sujeito Coletivo homogêneo, baseado nas ideias centrais IC-A, IC-B

e IC-C por apresentarem maiores frequências absolutas e relativas, conforme o

quadro a seguir:

Categoria Idéia Central Frequência Absoluta

Frequência Relativa

Frequência Acumulada.

IC-A Desenvolvimento

econômico 9 45,0% 45,0%

IC-B Impacto social 6 30,0% 75,0%

IC-C Impacto Ambiental 4 20,0% 95,0%

IC-D Âmbito Político 1 5,0% 100,0%

66

Total 20 100% Quadro 12: Frequência por ideia central- Questão 11

Fonte: Dados do Estudo

Com base no quadro 12, foi construído o quadro 13 com o Discurso do Sujeito

Coletivo para a ideia central “Desenvolvimento econômico”:

Ideia Central

Desenvolvimento econômico

Discurso do Sujeito Coletivo

O Brasil atualmente precisa desse tipo de modal de transporte para fins de

desenvolvimento. Diminui os custos de transporte e tempo de transporte e

conseqüentemente produtos com valores mais justos e competitivos; a poluição

e desafoga as rodovias com a redução do tráfego de caminhões em rodovias

federais e estaduais, melhorando a segurança dos usuários. A construção da

FIOL numa escala nacional acarretará em muitos impactos positivos como o

aumento da agilidade de exportação e transferência interna de mercadorias

nacionais acarretando em um impacto econômico positivo para país. A FIOL irá

proporcionar crescimento econômico nas regiões baiana. Uma ferrovia

localizada em uma região com potencial minerador e de grãos (como é a que a

FIOL está situada) gera investimentos, pode aumentar o interesse de exploração

daquela região, portanto desenvolvendo-a; o aumento da oferta de empregos,

sem mencionar os empregos indiretos que a execução do empreendimento gera

durante sua execução, conseqüentemente, o aumento de renda e da qualidade

de vida nessas cidades

Quadro 13. IC-A Desenvolvimento econômico. Questão 11 Fonte: Elaboração Própria a partir do questionário

O discurso coletivo dos funcionários evidencia que a construção da Ferrovia de

Integração Oeste-Leste e sua operação irão contribuir para o desenvolvimento do

país e, em especial, a região baiana, desenvolvendo a em infra-estrutura da região,

agilizando a exportação brasileira e gerando empregos diretos e indiretos.

Dentre os impactos da ferrovias, pode-se citar a redução dos custos no transporte

de grãos, álcool e minérios destinados ao mercado nacional e internacional;

aumento da produção agroindustrial da região baiana, decorrente das melhores

condições de acesso para o transporte de carga; interligação dos estados de

Maranhão, Goiás, Tocantins e Bahia aos portos de Ilhéus/BA e Itaqui/MA;

67

incentivos à modernização das ferrovias e modernização da produção e melhorar a

distribuição da riqueza nacional (VALEC, 2014).

Com frequência relativa de 30%, temos na questão 11 a segunda ideai central:

Impacto social. As percepções dos funcionários foram organizadas no quadro 14

com o discurso do sujeito coletivo:

Ideia Central

Impacto Social

Discurso do Sujeito Coletivo

Os impactos sociais são muito grandes. Famílias que sobrevivem de economia de

subsistência nas margens dos rios onde a ferrovia passa ficam sem ter onde morar e

onde trabalhar, há dificuldades para se acostumar a novos acessos, destruição de

plantações e propriedades de pequenos agricultores. A desapropriação de pessoas no

entorno da ferrovia gera insatisfação, pois a mesmas estavam na sua zona de

conforto. O governo não montou um plano de remanejamento. Indenizou pelo uso da

área, mas estas pessoas não sabem reinvestir e sobreviver com esta indenização. Não

existe um acompanhamento das famílias removidas das áreas impactadas. Do ponto

de vista social, quem paga o ônus não é quem recebe o bônus. Os impactos positivos

vão atingir uma parte da sociedade (latifundiários, empresas e mineração) e os

impactos negativos, outra parte (terras indígenas, assentamentos de reforma agrária,

pequenos agricultores). Propicia o crescimento das cidades; criação de moradias.

Quadro 14 : IC-B Impacto Social –Questão 11 Fonte: Elaboração Própria a partir do questionário

O discurso do sujeito coletivo aponta a preocupação dos funcionários da VALEC

diante das famílias que tiveram suas vidas alteradas em virtude da passagem da

ferrovia em suas terras ou proximidade. Observam que não houve planejamento da

VALEC e do governo no acompanhamento das famílias que tiveram as terras

indenizadas.

Santana e outros (2013), consideram que a construção da Ferrovia de Integração

Oeste-Leste promoverá transformações sociais, uma vez que irá gerar impactos às

pequenas famílias que sobrevivem das atividades agropecuárias e que terão suas

terras direta ou indiretamente atingidas pela Ferrovia, pois, “a perda da terra pode

68

ser considerada como a perda da possibilidade de reprodução social para essas

comunidades”.

Com frequência relativa de 20%, temos na questão 11 a terceira idéia central:

Impacto Ambiental. As percepções dos funcionários foram organizadas no quadro

15, com o discurso do sujeito coletivo:

Idéia Central

Impacto Ambiental

Discurso do Sujeito Coletivo

Os impactos ambientais são muito grandes, o mais preocupante, visto que corta e

beira diversos rios perenes, com a possibilidade de assoreamento e carreamento

de material, corta uma faixa de Mata Atlântica, regiões de cavernas e mais morros

e vale, além de alterar a fauna e flora da região. De certa forma, alguns desses

impactos são mitigados por meio da desapropriação, plantios compensatórios,

recuperação de áreas degradadas, barreiras acústicas, etc.

Quadro 15. IC-C Impacto Ambiental –Questão 11 Fonte: Elaboração Própria a partir do questionário

A análise do discurso do sujeito coletivo evidencia uma preocupação dos

funcionários da Valec quando se referem a impactos negativos da construção da

FIOL no meio ambiente. Observam que a construção pode afetar as regiões de

cavernas arqueológicas e alterar características da flora e fauna.

Para o Ministério dos Transportes (2013, p.05), a viabilidade ambiental de um

empreendimento de transporte implica em adotar considerações ambientais e o

cumprimento da legislação ambiental de forma que estes empreendimentos

respeitem a necessidade de preservação do meio ambiente e reduzam seus

impactos negativos sobre a qualidade ambiental.

69

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa que teve por finalidade identificar quais os desafios na construção da

Ferrovia de Integraçâo Oeste-Leste. Para melhor contextualizar o estudo, foi

realizada uma evolução histórica sobre as ferrovias brasileiras e realizada uma

pesquisa sobre as condições atuais da construção da FIOL.

Para apoiar a pesquisa, foi criado um questionário com onze questões com o

objetivo de identificar quais seriam estes desafios e os impactos na construção da

FIOL.

As quatros primeiras questões tiveram por objetivo identificar o perfil dos

entrevistados, o que se constatou é que mais de 80% dos entrevistados possuem

menos de 30 anos. E 71% dos entrevistados tem a FIOL como única experiência

em construção de Ferrovias.

Sob os desafios encontrados, o maior deles é a falta de estrutura que a VALEC

oferece aos empregados para o desempenho de suas atividades. Outro desafio

mencionado diz respeito a falta de planejamento da VALEC, o que permite

pressões políticas sobre a obra e gera problemas com licitações mal elaboradas.

Sobre os impactos, o desenvolvimento econômico brasileiro e baiano foi o que

mais foi mencionado pelos entrevistados, seguido por uma preocupação com o

impacto social decorrente das desapropriações das famílias que tiveram suas

terras afetadas pela construção da ferrovia, pois muitas delas, como a do município

de Tanhaçú-Ba, a população ribeirinha encontra-se descontente com o traçado e

com a atuação da Valec.

Minha suposição de que licenças ambientais seriam um dos desafios para a

construção da ferrovia foi confirmada, embora este problema tenha sido um dos

últimos impactos mencionados pelos entrevistados na questão ne número 11. Em

grau menor, os entrevistados comentaram sobre os impactos ambientais

decorrentes da obra, que passará por uma região de mata-atlântica, alterando a o

ecossistema da região.

70

Minha suposição de que um dos desafios para a construção da FIOL seria

problemas na licitação dos trilhos não foi confirmada. Porém a falta de

planejamento e projetos mal elaborados foram citados pelos entrevistados como os

responsáveis por licitações duvidosas, resultando em contratos ruins, dificultando o

andamento da construção.

Meus objetivos específicos foram atingidos pois permitiu compreender o histórico

das ferrovias brasileiras, analisar os desafios para a construção da FIOL sob o

olhar e experiência dos funcionários da VALEV. O objetivo de analisar os impactos

da construção também foi atingido.

71

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78

APENDICE 1

79

80

ANEXO 1

Idade Tempo de

Formado

Nível de

escolaridade

Profissão Tempo

de VAlec

24 1 ano Graduação Engenheiro 1 ano

24 1 ano Graduação Engenheiro Civil 1 ano

25 1 ano Graduação Engenheiro civil/

Gestor de contratos

10 meses

21 1ano Técnico Tecnico de Estrada

e edificações

9 meses

25 2 anos Graduação Engenheiro Civil Dado não

informado

28 3 anos Mestre Engenheiro Civil 1 ano

28 2 anos Graduação Engenheiro Civil 10 meses

27 5 anos Mestre Engenheiro Auxiliar --

28 5 anos Mestre Engenheiro

Florestal

4 meses

25 2 anos Especialista Engenheiro Civil/

Analista 1

1 ano

29 4 anos Técnico Técnico de estrada

e edificações

5 meses

57 31 anos Graduação Engenheiro Civil 3 meses

--- 1 ano Graduação Engenheiro Civil 1 ano

31 7 anos Graduação Biólogo 7 meses

81

25 Em formação Graduação Engenheiro Civil 5 meses

34 9 anos Técnico Técnico educador 10 meses

27 5 anos Graduação Engenheiro 2 meses

Anexo 2. Resposta Questão 10.

Profissão A construção de uma ferrovia impõe uma série de

desafios para quem constrói, como você percebe a

questão dos desafios na construção da Fiol?

Engenheiro Resposta em branco

Engenheiro Civil

São diversos os desafios aqui encontrados, mas o principal deles

é a pressão política que ocorre antes mesmo da obra,

gerando assim projetos mal elaborados, que geram licitações

de cunho duvidoso que desbocam em contratos ruins. Tudo

isso dificulta muito um bom desenvolvimento para obras, pois

diversas irregularidades são facilmente detectadas por orgãos de

controle externo que com frequência as paralisam.

Engenheiro Civil: Gestor de

Contratos

A FIOL tem desafios em diferentes segmentos. O desafio

fundamental é a ausência de profissionais no mercado

capacitados para este tipo de obra. Segundo, a estatal VALEC

não possui estrutura física, técnica, regimental, de iniciativas,

gerencial e experimental para tocar uma obra deste porte. Os

funcionários ficam órfãos no campo. Não há suporte de

casas, restaurantes, carros ou diversas outras necessidades

básicas para um ser humano. O sistema de contratação de

terceirizados é precário e qualidade dos serviços prestados

deixam muito a desejar.

Técnico de Estrada e

Edificações

Por se tratar de uma obra linear de 1.500 km que corta o Brasil, os

desafios são diversos, entre eles são as etapas de liberação

para construir (incluindo desapropriações e licenças de

órgãos públicos), obra pouco estudada (ainda apresenta

82

algumas divergências em projetos) e comprometimento dos

responsáveis para aceleração das obras, tendo em vista a entrega

da ferrovia no prazo previsto.

Engenheiro Civil

Vejo que o planejamento é, sem dúvidas, a melhor ferramenta

para se colocar em prática qualquer projeto. Planejamentos

adequados e realistas devem ser a vertente maior para obras,

especialmente para os contratos de construção de ferrovias que

são bastantes vultosos.

Engenheiro Civil Questões da corrupção e não valorização dos concursados.

Engenheiro Civil

Os desafios de qualquer projeto ou empreendimento tem início na

definição dos parâmetros preliminares por meio de um

gerenciamento e planejamento de forma equilibrada e o mais

próximo da realidade.Caso isso não seja realizado, a construção

será prejudicada pois haverá muitos imprevistos e problemas o

que aumenta o risco,prazo,qualidade e custo da obra.No caso da

Fiol e da maioria da obras públicas é isso que acontece pela falta

de planejamento dos órgãos e a definição um tanto quanto

falha das licitações e dos projetos básicos o que acabam

impactando a tripla restrição que é a base de um bom

gerenciamento,ou seja, prazo,custo e qualidade.Sendo

assim,os principais desafios são a obtenção desses três pontos de

uma forma equilibrada que é algo o qual não está ocorrendo.Além

disso,outro desafio está na falta de estrutura a qual é dada para

os funcionários da Valec de forma que os mesmos não tem a

mínima condição de trabalho para executar uma fiscalização

de uma forma justa e ética.De fato, o empreendimento FIOL

será muito importante para o desenvolvimento da Bahia e do

Brasil,porém os políticos que gerem esse empreendimento

estão deixando a desejar.Portanto, a conclusão a respeito dos

desafios está representada na simples frase: quem falha em

planejar,planeja para falhar.

Resposta em Branco Resposta em Branco

Engenheiro Auxiliar

No meu ponto de vista, o principal desafio neste momento é a má

gestão da empresa pública responsável pelas ferrovias (Valec). A

falta de eficiência e organização vão desde o não

fornecimento de EPI's, uniformes e crachá profissional até o

descumprimento de itens previstos em edital do concurso

83

público que selecionou seus funcionários efetivos. Atualmente

existe uma verdadeira guerra entre funcionários concursados

e funcionários comissionados (ou seja, com indicação

política para os cargos ocupados), já que os primeiros

possuem salários muito abaixo da média de mercado e

batalham por questões básicas em seu ambiente de trabalho,

como citado anteriormente, enquanto os últimos possuem

todas as regalias de um cargo político. Estes conflitos só

contribuem para aumentar os atritos entre

profissionais/departamentos e consequentemente a ineficiência da

Valec, que já tem um histórico vergonhoso de corrupção,

conforme já foi divulgado em diversos meios de

comunicação.

Engenheiro Florestal

Como nunca tinha trabalhado com ferrovias, percebo que os

desafios são muitos. A construção de uma ferrovia impacta

principalmente a vida das pessoas cujas propriedades foram

atravessadas pela FIOL e o meio ambiente. O grande desafio é

mitigar esses impactos para que o ônus da construção da

ferrovia não fique apenas com o lado mais fraco socialmente

e economicamente.

Tem também os desafios da engenharia. Imagino que no

Brasil são poucos os que tem uma formação voltada para

construção de ferrovias, o que torna o processo ainda mais

difícil.

Analista 1- Engenharia Sinceramente não vejo muitos desafio na constrção . Acho que

estamos muito engessados e a atuação da VALEC é muito ligada

a gestão de contratos. Se faz muito pouco. Na minha opinião os

grandes desafios estão na estruturação da VALEC como uma

empresa sólida e com suas funções bem distribuidas.

Técnico de estradas e

edificações

Os maiores desafios são administrativos.

Engenheiro Civil Muitos desafios que esperamos sejam todos vencidos e a obra

seja realizada.

A construção da FIOL impões muitos desafios, principalmente por

se tratar de uma obra pública. Dentre os principais temos a

desapropriação que causa conflitos e processos demorados,

paralisações de órgãos do governo devido a irregularidades

muitas vezes decorrentes da cobrança do próprio governo

84

Engenheiro Civil pela rapidez na construção da obra e o alinhamento entre a

obra e interesses políticos.

Biólogo

O desafio de uma obra desse porte inicia-se desde sua

concepção; e a execução da obra alinhada com o planejamento e

aos estudos desenvolvidos. Nesses quesitos, verifica-se que

ainda, o Brasil passa por um processo de amadurecimento, e tal

fato tem reflexos e são sentidas nas obras da FIOL.

Assim, estudos superficiais, que não preveem os reais

impactos (problemas de acesso, poluição, ruídos, etc) nas

comunidades afetadas pela obra, e/ou alternativas para

minimizar os impactos são alguns dos desafios percebidos

na construção da FIOL, cujas decisões devem ser tomadas de

imediato, buscando a harmonia entre obra e comunidade.

Outro desafio da FIOL refere-se às condições dos trabalhadores

envolvidos no processo. A exploração e a construção da infra-

estrutura ferroviária da FIOL são de responsabilidade da

Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. - Valec,

empresa pública federal, mas quem executa as obras de fato

são as empreiteiras vencedoras dos certames licitatórios; e

ainda, há muitas outras empresas terceirizadas participando

nas obras como um todo.

No caso da Valec, que passa por um processo de reestruturação,

momento em que passa a contratar os primeiros empregados

efetivos por meio de concurso público, percebe-se a falta de

planejamento (da Valec), no que tange à oferta de condições

mínimas de trabalho para os seus empregados de campo.

Engenheiro Civil Todos podem ser resolvidos com boa vontade e engajamento.

Técnico Educador

Acredito que o maior desafio seja estrutural. A empresa

encontra-se no estágio de reestruturação, fase de implantação e

melhoria de todos seus processos de organização, indicadores,

segurança, controle, fiscalização, melhoria nos projetos,

planejamento, formação do quadro técnico permanente,

fortalecimento dos seus valores corporativos.

85

Anexo 3. Resposta Questão 11.

Profissão A construção de uma ferrovia impõe uma série de

desafios para quem constrói, como você percebe a

questão dos impactos na construção da Fiol?

Engenheiro Resposta em Branco

Engenheiro Civil

Os principais impactos positivos são os de cunho econômico para

região e todo os país, pois uma ferrovia localizada em uma

região com potencial minerador e de grãos (como é a que a

FIOL está situada) gera investimentos, emprego, força

econômica para região e etc.

De negativo temos o impacto social e ambiental, socialmente

não existe um acompanhamento das famílias removidas das

áreas impactadas e ambientalmente temos diversas

interferências, mas que são necessárias e devidamente

minimizadas.

Engenheiro Civil

Os impactos sociais são muito grandes. Famílias que

sobrevivem de economia de subsistência nas margens dos

rios onde a ferrovia passa ficam sem ter onde morar e onde

trabalhar. O governo não montou um plano de

remanejamento. Indenizou pelo uso da área, mas estas

pessoas não sabem reinvestir e sobreviver com esta

indenização.

Os impactos ambientais também são muito grandes visto que

corta e beira diversos rios perenes, corta uma faixa de Mata

Atlântica, regiões de cavernas e mais morros e vales.

Técnico de Estrada e

Edificações

Tomando por base que as ferrovias tem suas vantagens e

desvantagens, o Brasil atualmente precisa desse tipo de

modal de transporte para fins de desenvolvimento. A FIOL irá

proporcionar crescimento econômico nas regiões baianas e

escoar grãos, minérios e outros produtos no Porto Sul.

Engenheiro Auxiliar

Os impactos da construção de um ramo ferroviário que possui a

vocação logística da FIOL, traz inúmeros benefícios sobretudo

quanto ao escoamento da produção daquela região que pode

aumentar o interesse de exploração daquela região, portanto

a desenvolvendo; sem mencionar os empregos diretos e

indiretos que a execução do empreendimento gera durante

86

sua execução.

Engenheiro Civil Resposta em Branco

Engenheiro Civil

Os impactos positivos e negativos da ferrovia vai depender do

referencial e qual esfera ou âmbito esteja trabalhando.

No âmbito econômico há a geração de

empregos,movimentação da economia..................

No âmbito social temos a desapropriação de pessoas no

entorno da ferrovia que gera insatisfação pois a mesmas

estavam na sua zona de conforto;propicia o crescimento das

cidades;criação de moradias................................................

No âmbito ambiental,acredito que seja o mais preocupante

principalmente nas regiões que passam próximo aos rios

com a possibilidade de assoreamento e carreamento de

material além de alterar a fauna e flora da região

....................................

No âmbito político,refere-se à possibilidade de votos e

ganhos ilícitos pelo fato de envolver valores altos de

investimento além de concessões para futuras

operações.....................................

Eu gostaria que disponibilizasse a monografia após o término para

que possamos apreciar.

Em Branco Em Branco

Engenheiro Auxiliar

Na teoria, o projeto de construção da FIOL, assim como a Ferrovia

Norte Sul, possui uma importância enorme para o país, desde que

seja efetivamente fiscalizado o cumprimento das especificações e

normas técnicas aplicáveis, que garantem uma obra bem feita e

bem administrada, com qualidade e durabilidade, o que facilitará

(e muito) a operação destas ferrovias no futuro.

Engenheiro Florestal

A construção da FIOL gera muitos impactos sociais e ambientais.

De certa forma, alguns desses impactos são mitigados por

meio da desapropriação, plantios compensatórios,

recuperação de áreas degradadas, barreiras acústicas etc.

No entanto, do ponto de vista social, quem paga o ônus não é

quem recebe o bônus. Os impactos positivos vão atingir uma

parte da sociedade (latifundiários, empresas e mineração) e

os impactos negativos, outra parte (terras indígenas,

assentamentos de reforma agrária, pequenos agricultores). E

o meio ambiente também sofrerá impactos duradouros, que serão

87

minimizados com o tempo (a natureza é resiliente) e com o

trabalho de recuperação após a obra.

Analista 1- Engenheiro

Como qualquer obra de grande porte temos grandes impactos por

onde passamos. Na região de mata atlântica os impactos

ambientais obviamente sem sobressaem aos impactos sociais e

economicos. Porém no interior (sertão, caatinga), os impactos são

extremamente positivos, a economia tem a possibilidade de ser

impulsionada e empregos vem sendo gerados.

Tec. Estrada e Edificações Em Branco

Engenheiro CIvil

Como toda grande obra existe os impactos mas esperamos que

os positivos superem os negativos.

Engenheiro CIvil

A construção da FIOL numa escala nacional acarretará em muitos

impactos positivos como o aumento da agilidade de exportação

e transferência interna de mercadorias nacionais acarretando

em um impacto econômico positivo para país.

Numa escala regional a construção da FIOL gera muitos

problemas para os habitantes que foram atingidos pela sua

construção, tais como dificuldades para se acostumar a

novos acessos, perda de terras produtivas (indenizadas).

Nessa mesma escala regional a FIOL também acarreta em

pontos positivos que superam os pontos negativos, como a

geração de empregos mesmo que em regiões específicas.

Biólogo

Diversos são os impactos causados na construção de uma

ferrovia.

Dentre eles, são percebidos como impacto positivo o

aumento da oferta de empregos, diretos e indiretos, nas

cidades de influência da construção, consequentemente, o

aumento de renda e da qualidade de vida nessas cidades.

Em relação aos impactos negativos consideramos as

interferências ao Meio Ambiente, como perda de habitat

natural (impactos diretos sobre a fauna e a flora), e os

impactos causados nas comunidades afetadas pela obra.

Engenheiro CIvil Ferrovia sempre será bem vinda no país. Diminui os custos de

transporte, a poluição e desafoga as rodovias, melhorando a

88

segurança dos usuários.

Técnico Educador

1 - Positivos:

Mais 3000 empregos temporários diretos, pelo período

mínimo de dois anos, e outros indiretos em cada lote da

ferrovia (São mais de 8 lotes apenas na FIOL);

Redução do custo do transporte de carga e tempo de

transporte e conseqüentemente produtos com valores mais

justos e competitivos;

Redução do tráfego de caminhões em rodovias federais e

estaduais;

O Brasil terá maior poder de competir com seus produtos no

mercado internacional;

Atrair empresas e investimentos para as regiões próximos a

ferrovia devido ao atrativo de escoamento da produção e

conseqüentemente empregos por tempo indeterminado ;

Capacitação de profissionais;

Construção de terminais de carga (Porto Seco) ao longo das

proximidades da ferrovia, gerando empregos;

Aquecimento da economia.

2 - Negativos:

Grandes impactos ambientais devido a grandes áreas de

desmatamento e poluição;

Geração de poucos empregos diretos na ferrovia após conclusão

das obras;

Destruição de comunidades / divisão das comunidades para

instalação da ferrovia;

Divisão de lotes da zona rural e outros danos a população da

zona rural como destruição de plantações e propriedades de

pequenos agricultores.