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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS XIV COLEGIADO DE LETRAS MÁRCIA DE OLIVEIRA LEITE OS OBJETIVOS DO CURSO DE LETRAS VERNÁCULAS DA UNEB - UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - CAMPUS XIV, NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR Conceição do Coité 2010

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Page 1: Os objetivos do curso de letras vernáculas da uneb   universidade do estado da bahia- campus xiv, na formação do professor

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS XIV

COLEGIADO DE LETRAS

MÁRCIA DE OLIVEIRA LEITE

OS OBJETIVOS DO CURSO DE LETRAS VERNÁCULAS DA

UNEB - UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - CAMPUS

XIV, NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR

Conceição do Coité

2010

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MÁRCIA DE OLIVEIRA LEITE

OS OBJETIVOS DO CURSO DE LETRAS VERNÁCULAS DA

UNEB - UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - CAMPUS

XIV, NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR

Monografia apresentada ao Curso de graduação em Letras

Vernáculas da Universidade do Estado da Bahia - UNEB,

Departamento de Educação - Campus XIV, como requisito

final para obtenção do grau de Licenciada em Língua

Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa.

Orientador: Profº. Mestre Paulo de Tarso Vellanes Borges.

Conceição do Coité

2010

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"Eu não me envergonho de corrigir meus erros e mudar as

opiniões, porque não me envergonho de raciocinar e

aprender”.

(Alexandre Herculano)

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A Deus, por ter me dado luz e sabedoria para conquistar esta vitória.

A Iasmim, filha amada, por ter me compreendido nos momentos ausentes.

Ao meu esposo, pelo carinho e companheirismo.

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AGRADECIMENTOS

Especialmente a Deus que habita os mais altos céus, que me concedeu vida e saúde, e

com sua bondade, me acompanhou durante todo processo, dando-me força, coragem e

discernimento para executar este trabalho.

À professora Joselita Gabriel, pela permissão dos estudos sobre o tema, ao Profº.

Deijair da Silva, pelo ensino eficaz, aos coordenadores Profº. Luís Bulcão e Prof.ª Maria

Lúcia Parcero, pelas entrevistas dadas, como também à secretária Margarete dos Reis que

gentilmente concedeu parte do seu tempo, colocando-me documentos à disposição no

momento da coleta e análise de dados e, em especial, ao grande mestre, o Professor-orientador

Paulo de Tarso Borges, pela sábia orientação e dedicação ao ensino.

Aos meus familiares, pelo carinho, amizade e companheirismo, principalmente

durante os momentos de crise e desânimo.

A minha filha Iasmim, que tão pequenininha suportou a minha ausência em virtude do

tempo exigido para a elaboração deste trabalho.

Ao meu esposo, que soube compreender meus estresses nos momentos difíceis do

processo de elaboração deste trabalho.

E, finalmente, a todos os queridos amigos que souberam entender e respeitar as

ausências nos agradáveis momentos de encontro que aconteceram durante as etapas difíceis e

de total dedicação que este trabalho exigiu.

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RESUMO

Esta pesquisa foi realizada com a finalidade de refletir sobre a implantação e criação do

Curso de Letras Vernáculas no Departamento de Educação da Universidade do Estado da

Bahia (UNEB), campus XIV, doravante, UNEB - campus XIV, em Conceição do Coité, e, em

especial, conhecer os caminhos trilhados através dos seus objetivos gerais e específicos.

Também foi meta deste trabalho, conhecer o movimento de configuração do curso ao longo

do tempo, e suas relações com as políticas educacionais, relacionando-o com as principais

exigências e necessidades postas pela literatura acerca da formação do professor, e

compreender as condições de implementação das propostas através da análise das Diretrizes

Curriculares do curso estudado. Para isso foram feitas análise documental dos principais

registros referentes à criação e desenvolvimento do curso investigado, entrevistados os

coordenadores, como forma de complementar as informações necessárias para o estudo. Os

resultados mostram que o curso incorpora as propostas e orientações feitas pelo MEC, pelas

associações de profissionais da Educação e pelos estudos e propostas mais recentes sobre as

Licenciaturas no Brasil. Prevalece a valorização da formação com habilidades e competência

para a atuação docente correlacionada em várias áreas do conhecimento, isto é articular

ensino-pesquisa-extensão, o professor amplamente informado e autônomo. A estrutura

implementada por esse curso apresenta um modelo bastante atualizado pela literatura, o qual

tem respondido às necessidades básicas da realidade social no que se refere à formação de

professores.

Palavras-chave: Curso de Letras Vernáculas. Objetivos. Formação do professor.

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ABSTRACT

This research was conducted in order to reflect on the creation and deployment of Vernacular

literature course and the Department of Education, University of Bahia (UNEB), campus XIV

henceforth UNEB - XIX campus in Conception of intercourse, and, in particular, know the

paths through its general and specific objectives. It was goal of this work, the movement

known configuration of the course over time, and their relationships with educational policies,

relating it to the main needs and requirements posed by the literature on teacher training, and

understand the conditions of implementation proposals by analyzing the curricular guidelines

of the course studied. For this analysis were made of the main documentary records relating to

the creation and development of ongoing investigation, interviewed the coordinators as a way

to supplement the information necessary for the study. The results show that the course

incorporates the proposals and guidelines made by the MEC, the professional associations of

education and studies and the latest proposals on the Undergraduate courses in Brazil. The

applicable recovery training with skills and expertise to the educational performance

correlated in various areas of knowledge, this is the education-research-extension, the teacher

fully informed and autonomous. The structure implemented by the current model presents a

lot fresher in the literature, which has responded to the needs of social reality in relation to

teacher training. Keywords: Vernacular Letters course. Objectives. Teacher training.

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LISTAS DAS SIGLAS

ANPED - Associação Nacional pela Pesquisa e Pós-Graduação em Educação

CNE - Conselho Nacional de Educação

CONSU - Conselho Superior Universitário

IES - Instituições de Ensino Superior

LDB - Lei de Diretrizes e Bases

MEC - Ministério da Educação e Cultura

PROGRAD - Pró-Reitoria de Graduação

SIP - Seminário Interdisciplinar de Pesquisa

TCC - Trabalho de Conclusão de Curso

UNEB - Universidade do Estado da Bahia

UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas

USP - Universidade de São Paulo

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................................09

CAPÍTULO I - O contexto organizacional da universidade brasileira.................................... 11

CAPÍTULO II - Criação e consolidação da Universidade do Estado da Bahia -

UNEB..........................................................................................................14

CAPÍTULO III - Criação do Departamento de Educação Campus - XIV da UNEB em

Conceição do Coité......................................................................................17

CAPÍTULO IV - Os objetivos do Curso de Licenciatura em Letras Vernáculas da UNEB -

Campus – XIV.............................................................................................20

CONCLUSÃO..........................................................................................................................34

REFERÊNCIAS........................................................................................................................39

ANEXOS..................................................................................................................................41

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INTRODUÇÃO

Este estudo conduz a uma reflexão e análise dos objetivos acerca do Curso de

Licenciatura em Letras Vernáculas da UNEB - Campus XIV, situada em Conceição do Coité,

região sisaleira da Bahia, para a formação do professor.

Tal perspectiva colabora para o conhecimento da Universidade no seu interior e fora

dela; e representa a possibilidade de ampliar a organização, sistematização e conhecimento de

uma realidade local, visto que até o momento, segundo o Colegiado de Letras, não há nenhum

conhecimento de estudos referentes às especificidades do Curso de Letras Vernáculas da

UNEB - Campus XIV.

Neste sentido, procura-se explicitar como se estabelecem a criação e o

desenvolvimento das atividades acadêmicas para a formação destes profissionais através dos

seus objetivos.

A partir dessas premissas, surgiu a seguinte inquietação: quais os objetivos do Curso

de Letras Vernáculas para a formação do professor de Língua e Literaturas de Língua

Portuguesa?

Para o desenvolvimento desse estudo pretende-se analisar os objetivos do curso de

Letras Vernáculas - Habilitação em Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa, da

UNEB - Campus XIV, buscando conhecer suas relações com as políticas educacionais, bem

como verificar a contribuição oferecida pelo Campus XIV na formação de profissionais de

Letras Vernáculas.

O intuito foi analisar os objetivos gerais e específicos das propostas, relacionando-os

com as principais exigências e necessidades postas pela literatura acerca da formação do

professor, e compreender as condições de implementação das propostas através da análise das

Diretrizes Curriculares do curso estudado

Como opção metodológica, o objeto de estudo foi visualizado inserido na dinâmica

relação entre o contexto do qual é parte. Para isso, fez-se levantamentos de dados através de

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entrevista e análises de documentos referentes à criação, ao desenvolvimento e à aplicação do

Curso de Letras Vernáculas e pesquisa bibliográfica como forma de complementar as

informações necessárias ao estudo.

A análise histórica do curso e do contexto será tratada como forma de conhecimento

de uma dada realidade, agrupando e sistematizando partes constitutivas da percepção de suas

inter-relações e dos modos de organização, incluindo-se aí, todos os elementos históricos

disponíveis e aplicáveis que condicionam e determinam, até certo ponto, sua lógica interna.

As análises referem-se ao estudo do Curso de Letras Vernáculas, em seu contexto

histórico de criação, e envolvem a identificação das concepções explícitas ou implícitas nos

seus projetos, com suas variações, características e tendências, através dos objetivos gerais e

específicos das propostas da Licenciatura.

Os resultados dessa análise estarão expostos nos quatro capítulos que compõem este

estudo:

No capítulo I, apresenta-se a configuração histórica do surgimento das universidades

no Brasil.

No capítulo II, destaca-se a criação e consolidação da Universidade do Estado da

Bahia - UNEB e, posteriormente, no capítulo III, é dado o enfoque à criação e à consolidação

do Departamento de Educação - Campus XIV da cidade de Conceição do Coité.

No capítulo IV, buscam-se analisar os objetivos do curso de Licenciatura em Letras

Vernáculas da UNEB - Campus XIV, presentes em suas propostas curriculares, nos

documentos consultados e nos dados obtidos nas entrevistas realizadas com os coordenadores

do Campus. E, na última parte do trabalho, são apresentadas as considerações finais do

estudo.

Em linhas gerais, foi esse o percurso desenvolvido e que será exposto a seguir.

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CAPÍTULO I

O CONTEXTO ORGANIZACIONAL DA UNIVERSIDADE

BRASILEIRA

Segundo Romanelli (2006), embora o ensino superior tenha sido criado há mais de um

século, durante a permanência da família real no Brasil, de 1808 a 1821, a primeira

organização desse ensino em Universidade, por determinação do Governo Federal, só

apareceu em 1920, com a criação da Universidade do Rio de Janeiro, pelo Decreto nº 14.343,

de 7 de setembro de 1920. Não passou, porém, da agregação de três escolas superiores

existentes no Rio: a Faculdade de Direito, a Faculdade de Medicina e a Escola Politécnica.

Em 1912, já havia sido criada a Universidade do Paraná, oficializada pela Lei Estadual

nº 1.284. Dela faziam parte as Faculdades de Direito, Engenharia, Odontologia, Farmácia e

Comércio. Todavia o Governo Federal, através do Decreto - Lei nº 11.530, de março de 1915,

que determinava a abertura de escolas superiores apenas em cidades com mais de 100.000

habitantes, deixava então de ser reconhecida a Universidade do Paraná. Porém, não deixou de

funcionar, sendo reconhecida oficialmente somente em 1946.

Em 1927, surgia a Universidade de Minas Gerais. Também não passou da agregação

das Escolas de Direito, Engenharia e Medicina.

Eram estas as únicas Universidades brasileiras, recém-criadas, existentes antes do

decreto 19.851, de 11 de abril de 1931, que instituiu o Estatuto das Universidades Brasileiras,

adotando para o ensino superior o regime universitário. Na mesma data, pelo decreto 19.852,

o governo reorganizou a Universidade do Rio de Janeiro, incorporando - lhe além dos três

cursos já existentes, a Escola de Minas Gerais, as Faculdades de Farmácia e odontologia, a

escola de Belas Artes, o Instituto nacional de Música e a Faculdade de Educação, Ciências e

Letras, esta última nunca implantada.

A primeira Universidade a ser criada e organizada, segundo as normas dos Estatutos

das Universidades, foi a Universidade de São Paulo, surgida em 25 de janeiro de 1934.

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A partir de então, começaram a surgir universidades públicas e privadas, por todo o

território nacional, em número que, em 1969, já somava 46.

A Reforma Universitária de 1968 representa um marco importante na história das

instituições de Ensino Superior no Brasil. Assim, “a idéia de „racionalização‟ é o principio

básico da reforma universitária, dela derivando as demais diretrizes, balizadas em categorias

próprias da linguagem tecnicista: excelência, eficiência, eficácia e produtividade” (PEREIRA,

1996, p. 187).

Destaca-se nesse processo de modernização do ensino superior no Brasil a

participação dos estudantes, professores e pesquisadores universitários. A esse respeito,

Pereira (1996) ressalta que a extinção da cátedra vitalícia, a ampliação da participação dos

estudantes nas decisões da universidade, bem como a necessidade de maior comprometimento

da universidade com os problemas nacionais e regionais, a adequação dos currículos de todos

os cursos universitários à realidade brasileira e o estímulo à pesquisa foram questões

constantemente debatidas no meio estudantil.

Todavia, a Reforma Universitária acabou se efetivando e implementando mudanças

como: a institucionalização do departamento, a criação de órgãos centrais de supervisão de

ensino e pesquisa, a adoção do regime de tempo integral, a coordenação das atividades de

ensino através de colegiados de cursos, vestibular unificado, a implantação da matrícula por

disciplina e do sistema de créditos, a flexibilidade curricular através da introdução de

disciplinas eletivas e optativas, e o período letivo semestral. “Além disso, a implantação da

pós-graduação na universidade brasileira foi considerada condição básica para transformá-la

em centro criador de ciências, de cultura e de novas técnicas” (PEREIRA, 1996, p. 188).

A reforma de ensino superior reparou e distanciou fisicamente as disciplinas de

conteúdo das disciplinas didático-pedagógicas. Isto porque, o modelo de educação superior

que temos, foi pensado sob a inspiração das universidades européias, onde muitas vezes não

condiz com a nossa realidade, faltando a instrumentalização adequada para a formação de

professores. “Em nossa estrutura atual [...] não se faz, nem se pensa, a formação de docentes;

apenas se enfoca o conteúdo disciplinar da área específica de conhecimento [...] e as enormes

lacunas formativas na área pedagógica” (GATTI, 2003, p. 474).

Outra mudança significativa para os cursos de Licenciatura foi a criação das

“Licenciaturas Curtas”. A reforma do ensino incorporou a chamada “Proposta Valmir

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Chagas”, a qual pretendia alterar os cursos de formação de professores no Brasil. Essa

proposta determinou a criação de Licenciaturas de 1º grau de curta duração. Essa idéia existiu

nos anos 60 em caráter emergencial, transitório e nos anos 70 ressurge como um processo

regular de formação de professores com a justificativa pedagógica de formar professores

polivalentes.

Vale destacar que a preocupação com a regulamentação de preparo de docentes para a

escola secundária é um marco característico dos anos 30 no Brasil:

Nesse período foram criadas novas unidades de ensino, inseridas em diferentes

projetos de universidade (1931 a 1939), as quais incluíram diferentes expressões de

correntes de pensamentos políticos, opostos inclusive, resultando de modelos,

também diferentes (CANDAU, 1987, p. 11).

E agora? Dentro da contemporaneidade? Abordar a universidade “agora” é falar da

imobilidade nas instituições de nível superior, no sentido de apresentar uma estrutura mais

adequada à formação prática profissional e não meros repetidores de conteúdos específicos.

Isso demonstra a necessidade de se ter um ensino voltado para a prática de atividades

didáticas pedagógicas também em sala de aula, na universidade, não somente no campo

prático de estágio na escola, ora reservado aos quatro últimos períodos do curso estudado.

Este problema vem sendo discutido há muito tempo, mas as mudanças ainda não são

significativas:

A fragmentação da formação dos licenciados, com a separação, sem articulação

conveniente, entre as disciplinas de conteúdos básicos, específicos de áreas do

conhecimento, e conteúdos de disciplinas pedagógicas, tem sido o fator mais

apontado como determinantes dos problemas de formação docente para o ensino

fundamental e médio (GATTI, 2003, p. 475).

Portanto, o desafio está em suprir as necessidades formativas atentando para os

avanços do conhecimento nas diversas áreas e das novas tecnologias, no intuito de formar

professores conscientes do seu papel.

.

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CAPÍTULO II

A CRIAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DA UNIVERSIDADE DO ESTADO

DA BAHIA – UNEB

A Universidade do Estado da Bahia foi criada pela Lei Delegada Nº 66, de 01 de junho

de 1983, autorizada pelo governo federal, conforme Decreto nº 92.937, de 17 de julho de

1986, reconhecida pela Portaria Ministerial Nº 909, publicada no Diário Oficial da União de

01/08/1995, e reestruturada pela Lei Estadual Nº 7.176, de 10 de setembro de 1997, com Sede

e Foro na cidade de Salvador e jurisdição em todo o Estado da Bahia; é uma instituição

pública e gratuita, mantida pelo governo do Estado, sob regime de autarquia, vinculada à

Secretaria da Educação e Cultura.

Possui vinte e cinco anos de trajetória, é multicampi e está instalada em vinte e quatro

regiões geo-educacionais do estado, através dos seus 29 Departamentos, instalados em 24

municípios, distribuídos na capital e em outras cidades baianas; vem demonstrando, através

de suas ações, um crescimento contínuo no ensino, na pesquisa e na extensão, em seus 26

cursos oferecidos, dos quais 24 municípios, 16 deles oferecem o Curso de Letras.

(Informativo Vestibular 2009 da UNEB).

Vale destacar que a UNEB se identifica por ser uma Universidade que tem como

característica a composição diversificada dos seus Campi, desenvolvendo suas atividades,

visando atender às peculiaridades das diversas regiões em que foram implantados, a partir de

análises das condições sócio-econômicas, culturais e políticas destas comunidades. Isto

porque, “a educação não estaria completa se não fosse assentada na realidade, variada e

diversificada, das regiões culturais da Bahia” (BOAVENTURA, 1984, p. 57).

Na tentativa de consolidar a sua implantação, os cursos têm sido sempre objeto de

análise, onde sugestões tem sido enviadas à PROGRAD, órgão responsável pela coordenação

da política de ensino de graduação da UNEB, no sentido de diagnosticar os possíveis desvios

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kna implantação dos cursos, buscando os ajustes necessários ao currículo e, objetivando o

melhoramento do ensino.

Em 1º de março de 1983, já se anunciava a concepção de uma universidade

multicampi para a Bahia. Assim, foram vários os fatores a considerar, dentre eles, a de que

“uma faculdade ou universidade, pelas exigências próprias à educação superior, concentra

laboratórios, bibliotecas e equipamentos, que mudam e enriquecem a vida cultural de uma

comunidade urbana do interior como fator do progresso” (BOAVENTURA, 2005, p. 160).

A experiência do conhecimento de reforma da Universidade Federal da Bahia, o

conhecimento da organização multicampi da Universidade da Califórnia e da Universidade de

New York, foram bem vindas. “Mas foi decisiva a observação do funcionamento da

Universidade do Estado da Pensilvânia (Pen State), como uma universidade multicampi,”

(BOAVENTURA, 1994, p. 10), que serviu de base para a interiorização de uma universidade

multicampi na Bahia.

Logo, faz-se necessária a definição do que vem a ser uma universidade multicampi:

[...] configura-se, de logo, um tipo de universidade diferente do modelo comumente

compartilhado [...] Novo, esse campo de investigação ainda revela inúmeras

carências, inclusive com relação à designação multicampi, ainda sujeita a inúmeras

imprecisões conceituais [...] no DICIONÁRIO Aurélio (FERREIRA, 1986)

encontramos: o termo multicampi se compõe da partícula multi (do latim multus, a,

um) correspondendo, comparativamente, a “‟muito‟, „numeroso‟, multiangular,

multissecular (p. 1169) [...] (FIALHO, 2005, p. 19, 41,50).

Percebe-se, portanto, que as definições em vernáculas, tanto como no latim, atribuídas

à palavra multicampi (idéia de quantidade, de localização geográfica, de lugar da produção),

são vagas, visto o significado e relevância já consagrada desta modalidade de ensino superior.

Porém, a idéia de multicampi foi se consolidando:

Multicampi é uma universidade geograficamente, dispersa; mas economicamente

eficiente. Uma administração complexa, com uma sede, interligando-se com os

vários campi. A UNEB é um projeto que se inicia a partir dessa idéia [...] o que

importa é a marca regional, isto é, a formação de campus se dá a partir de

características profundamente regionais (BOAVENTURA, 1987, p. 32, apud

FIALHO, 2005, p. 96)

Segundo Fialho (2005), a Constituição de 1988, em seu artigo 60, parágrafo único, que

vigorou cerca de oito anos, já suscitava uma modalidade de descentralização universitária:

Art. 60. Nos dez primeiros anos da promulgação da Constituição [...] Parágrafo único. [...] as

universidades públicas descentralizarão suas atividades, de modo a estender suas unidades de

ensino superior às cidades de maior densidade populacional.

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Sobre este artigo pode-se refletir:

A expressão „de modo a estender suas atividades de ensino superior às cidades de

maior densidade populacional‟ pressupõe que uma universidade mantenha um

centro principal conectado com campus em outras localidades, configurando o

sistema multicampi de funcionamento (BOAVENTURA, 1997, p. 186, apud

FIALHO, 2005, p.19).

A UNEB já estava neste caminho: abriu-se para a cooperação internacional, em

especial com o Canadá. Seguia também o exemplo das universidades paulistas: Universidade

de São Paulo (USP), Universidade de Campinas (UNICAMP) e Universidade Estadual

Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), todas com experiências diversas de campi.

Assim, a concepção de uma universidade multicampi concretizou-se e, sob a Lei Delegada nº

66, de 1º de junho de 1983, sob a idealização do “Professor Doutor Edivaldo Boaventura –

Secretário de Educação da Bahia, à época -, e seu primeiro Reitor” (FIALHO, 2005, p.93).

Surgiu a Universidade do Estado da Bahia (UNEB).

O Regulamento da UNEB foi aprovado através do Decreto 3.299, de 30 de novembro

de 1984, permitindo uma nova autarquia acadêmica, que promoveu a criação de alguns cargos

e preenchimentos de alguns postos.

A autorização de funcionamento não foi fácil [...] Houve, no período, a mudança de

três ministros da educação, Esther Ferraz [...] me Decreto Nº 92.937, de 17 de julho

de 1986, chegou-se pela Portaria nº 909, de 31 de julho de 1995 e reconhecida pela

Portaria Ministerial nº 909, de 31 de julho de 1995, do Ministro de Educação e

Desporto, Paulo Renato de Souza, ao reconhecimento [...] reestruturada pela lei nº

7.176, de 10 de setembro de 1997 (BOAVENTURA, 1987, p. 19-21).

Desta maneira, “a UNEB nascia com a cor da Bahia, comprometida com as suas regiões,

com a negritude, com os sertões, com a pobreza, com os problemas de educação, de

alimentação e de saúde” (BOAVENTURA, 2005, p. 168).

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CAPÍTULO III

CRIAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO, CAMPUS XIV DA

UNEB, EM CONCEIÇÃO DO COITÉ

Segundo a tradição, o arraial de Coité, originou-se de tropeiros que se deslocavam de

Feira de Santana rumo a Jacobina1 e aqui dividiam a jornada, descansando no local onde

havia uma fonte que mesmo no período de estiagem jorrava, cuja água era utilizada por eles

para o consumo próprio e para dessedentar o animal que compunha a tropa.

Assim, surgiu o arraial, que tomou a denominação de Coité, porque os tropeiros

pernoitavam sob o abrigo de uma árvore cujos frutos eram pequenos cabaças, que no idioma

primitivo recebiam o nome de “Coité” (pequena cuia) as quais, cerradas ao meio, eram muito

utilizadas no uso doméstico. Tendo como principal fundador o Sr. João Benevides, que sendo

devoto de Nossa Senhora da Conceição, construiu uma capela em homenagem a Santa e doou

à igreja Católica, juntamente com uma área de terra, onde foram construídas residências.

A área onde está erguida a sede do município pertencia ao município de Riachão do

Jacuípe, desmembrada em 18 de dezembro de 1890 e tornando-se município autônomo em 7

de julho de 1933. Conceição do Coité está localizada na Região Nordeste, está a 210 km de

Salvador, tendo uma área de 832 km² e possui aproximadamente 56.274 habitantes (segundo

o último censo). “Limita-se com os seguintes municípios: a 35 km com Serrinha, a 19 km

com Retirolândia, a 49 km com Araci, a 30 km com Barrocas, a 36 km com Riachão do

Jacuipe, a 29 km com Ichu e a 48 km com Santa Luz” (LOPES, 2001 p. 38).

Sua principal atividade econômica é a cultura do Sisal. Há no município várias usinas

do beneficiamento da fibra do sisal, a qual é utilizada na fabricação de cordas, mantas, tapetes

1 Feira de Santana e Jacobina são cidades pertencentes a mesorregião Centro Norte Baiano; a

primeira possui um amplo desenvolvimento econômico e social, é conhecida como “ A princesa do Sertão”; a segunda se destaca pela exploração de minérios e recebe o nome de “cidade do ouro”. A distancia entre si é de aproximadamente 250 km.

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e sacos, exportados para outros estados do Brasil e para o exterior. São também cultivados o

milho, o feijão, e a mandioca.

Na pecuária destacam-se os rebanhos bovinos, suínos, caprinos, ovinos, eqüinos e

aves. Nos setores comerciais, conta-se com lojas em todos os ramos de produtos e indústrias

diversas que vem somando no crescimento da economia coiteense. A feira livre realizada às

sextas-feiras é considerada o evento econômico-sócio-cultural mais importante da região

sisaleira.

No setor educacional, o município dispõe de escolas que ao longo dos anos oferecem o

ensino desde o jardim da infância até o Ensino Médio, tanto na rede pública quanto privada.

No entanto a população coiteense sentia a necessidade de expandir seus

conhecimentos para que o nível de educação dos seus habitantes correspondesse ao

desenvolvimento econômico local. Foi então que: “A criação da faculdade veio ao encontro

dos anseios da juventude coiteense e região sisaleira que, há décadas, sonhava com a

possibilidade de fazer um curso superior, sem ter de ir para Salvador ou Feira de Santana”

(LOPES, 2001 p. 71).

Em Sessão realizada no dia 03 de setembro de 1990, a Assembléia Legislativa da

Bahia aprovou o Projeto de Lei Nº 8602/90, de autoria do Deputado coiteense Misael

Ferreira, no governo municipal do Prefeito Ewerton Rios de Araújo Filho e Diovando

Carneiro Cunha, criando o Centro de Ensino Superior de Conceição do Coité – CESCON,

hoje denominado Departamento de Educação - Campus XIV, por fazer parte da Política de

Extensão e interiorização do “campi” da Universidade do Estado da Bahia, desenvolvida pelo

Reitor Professor Joaquim de Almeida Mendes. Entretanto, o tempo foi passando e somente

em 1992 o CONSU (Conselho Superior Universitário), órgão deliberativo da UNEB, aprovou

para a cidade, os cursos de Licenciatura Plena em Letras com quarenta vagas para habilitação

em Língua Portuguesa e Literatura da Língua Portuguesa e quarenta vagas para Letras com

habilitação em Língua Inglesa e Literatura, vindo a funcionar sob a coordenação do Padre

Luiz Rodrigues Oliveira, cuja função foi exercida temporariamente.

Os dois primeiros meses de aulas foram ministrados na Escola Agrícola Vasny

Moreria de Vasconcelos. Logo em seguida passou a ser no antigo Colégio Santa Terezinha,

hoje Educandário Divino Mestre. No começo do ano 1993, os estudantes passaram a assistir

aulas no prédio próprio da faculdade, que fica no Bairro da Jaqueira, construído com recursos

da Prefeitura Municipal.

Page 20: Os objetivos do curso de letras vernáculas da uneb   universidade do estado da bahia- campus xiv, na formação do professor

19

Hoje, sob a direção da professora Joselita Alves Gabriel da Silva, o campus possui

espaços físicos para ensino, pesquisa e extensão, várias salas de aula, sala de direção, de

professores, protocolo, colegiado e acadêmica, reprografia, cantina, auditório, laboratório de

informática, biblioteca, sanitários masculinos e femininos e quadra esportiva.

Atualmente, o curso é denominado de Letras Vernáculas - Habilitação em Língua

Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa. Funciona nos turnos vespertino e noturno

(conforme a demanda do Departamento) com a presença de alunos dessa e de outras cidades

vizinhas, inclusive de Salvador. A matrícula é obrigatória por período acadêmico, semestral,

pode ocorrer como resultado do processo de seleção, o vestibular, tendo o máximo de 30

vagas, podendo ser acrescidas para os casos de ingresso através de transferência ou matrícula

especial. O período de integralização é no mínimo de quatro anos e o máximo de sete anos.

O quadro de docentes do curso de Letras Vernáculas é de trinta e um profissionais,

sendo: 08 especialistas, 17 mestres e 06 doutores. O Campus dispõe no total de 432 alunos

matriculados, sendo 138 do curso ora estudado.

O Departamento também conta com alunos da Educação à Distância - EaD, além do

Programa Nacional de Educação

na Reforma Agrária (PRONERA), que oportuniza aos assentados da reforma agrária

conseguirem a formação acadêmica em Letras Vernáculas como forma de atender às

exigências da LDB.

Visando dar continuidade à formação e o enriquecimento profissional de muitas

pessoas, o Campus - XIV também conta hoje com os Cursos de Licenciatura em História e

Comunicação Social - Rádio e T V. E, buscando o aperfeiçoamento de seus egressos, oferece

cursos de extensão e atividades de pesquisa.

Desse modo, ao delimitar o estudo da formação do professor de Língua Portuguesa e

Literaturas de Língua Portuguesa ao caso específico da UNEB - Campus XIV, o entendemos

enquanto parte integrante de uma totalidade mais complexa e abrangente, com a qual se

articula dialeticamente, mas que apresenta especificidades no que se refere aos objetivos do

curso, estrutura curricular e perfil do profissional formado a ser discutido posteriormente.

Page 21: Os objetivos do curso de letras vernáculas da uneb   universidade do estado da bahia- campus xiv, na formação do professor

20

CAPÍTULO IV

OS OBJETIVOS DO CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS

VERNÁCULAS DA UNEB - CAMPUS XIV

O propósito para este capítulo é analisar os objetivos do curso de Licenciatura em

Letras Vernáculas da UNEB - Campus XIV expressos em seus planos curriculares. Através

desses documentos procurou-se explicitar as principais intenções referentes à formação do

perfil do profissional de Letras Vernáculas, em especial, de Língua e Literaturas de Língua

Portuguesa.

A importância dos objetivos está em sua capacidade de tornar claro e direcionar

propósitos quanto ao desenvolvimento esperado, portanto não há prática educativa sem

objetivos.

É a partir da realidade sócio-cultural, política e econômica que os objetivos poderão

transformar-se em guias eficientes para conduzir o processo de ensino-aprendizagem

rumo à formação de um crítico e consciente, capaz de interagir na dinâmica da

sociedade em busca dos seus ideais e do bem comum (LIBÂNEO, 1991, p. 101).

As finalidades das disciplinas integrantes do currículo escolar estão determinadas por

propósitos humanos atrelados a interesses individuais e coletivos que surgem e se

desenvolvem nas bases materiais da existência humana, como é o trabalho, e, portanto, os

objetivos escolares expressam necessidades e interesses sociais impossíveis de ser

modificados individual e voluntariamente ou a partir de uma prática isolada.

Os objetivos são o ponto de partida, as premissas gerais do processo pedagógico.

Representam as exigências da sociedade em relação à escola, ao ensino, aos alunos

e, ao mesmo tempo, refletem as opções políticas e pedagógicas dos agentes

educativos em face das contradições sociais existentes na sociedade (LIBÂNEO,

1991, p 122).

Assim sendo, fica explicito a função dos objetivos na prática pedagógica e os reflexos

que norteiam sua composição, pois os mesmos são elaborados baseados em existências

indiretamente impostas pela sociedade ficando passivo de quem os constroem.

Analisar os objetivos do Curso de Licenciatura em Letras Vernáculas do Campus -

Page 22: Os objetivos do curso de letras vernáculas da uneb   universidade do estado da bahia- campus xiv, na formação do professor

21

XIV significa nesse sentido, apreender os resultados esperados e identificar as indicações às

vezes genéricas a respeito da organização curricular e do perfil do profissional de Letras

Vernáculas a ser formado, mesmo sabendo que nem sempre verdadeiros objetivos são os

proclamados e sem falar os que deixam de ser alcançados entre os contemplados no currículo.

Num primeiro momento, procurou-se apenas identificar os objetivos do curso de

Licenciatura de Letras Vernáculas explicitando assim os propósitos mais comuns encontrados

nos planos curriculares quanto à formação do licenciado. Ao mesmo tempo procurou-se

analisá-los tendo como base a produção teórica acerca dos principais eixos que vêm sendo

discutidos no meio acadêmico quanto à formação de professores.

Num segundo momento passou-se a analisar os objetivos agrupando em categorias

temáticas. Esse trabalho permitiu uma análise mais profunda, no sentido de explicitar algumas

opções político-pedagógicas presentes nas propostas, bem como o comprometimento do curso

em relação à realidade em que está inserido.

1. Formar professor para atuar na Educação Básica - Ensino Fundamental e Ensino

Médio.

O Curso de Letras Vernáculas revela desde a intenção de capacitar professores,

garantindo domínio de conteúdos tanto específicos quanto pedagógicos, até a intenção de

ampliar a profissionalização no campo específico de formação, fazendo-os perceber a

necessidade de se aperfeiçoar técnica e humanamente para atuar devidamente dependendo das

variações sócio-lingüísticas, culturais e econômicas apresentada na região de atuação. A

título de exemplo apresentam-se abaixo alguns objetivos.

“Formar professores de Língua Portuguesa e Literaturas para atuar na

Educação Básica (Ensino Fundamental - 5ª. à 8ª. Série – e Ensino Médio)”

(Projeto de Redimensionamento e Ajuste Curricular do Curso de Letras,

2007.1);

“Formar profissionais críticos aptos a assumirem com competência sua função

social no mercado de trabalho” (Projeto de Redimensionamento e Ajuste

Curricular do Curso de Letras, 2007.1);

Page 23: Os objetivos do curso de letras vernáculas da uneb   universidade do estado da bahia- campus xiv, na formação do professor

22

”Desenvolver a formação humanística e cultural necessária para a

compreensão e integração com a realidade do mundo atual” (Projeto de

Redimensionamento e Ajuste Curricular do Curso de Letras, 2007.1).

Esses objetivos confirmam as intenções do curso da UNEB - Campus XIV, quanto ao

oferecimento da habilitação profissional de Licenciatura. Entretanto, por si só, eles não

respondem tão claramente o que representa formar o professor para atuar na Educação Básica.

Diante disso, serão os outros objetivos que nos permitirão uma análise mais profunda das

reais intenções expressas nos Planos Curriculares em estudo.

2. Formar o professor pesquisador

“Formar profissionais competentes para o ensino e pesquisa em língua vernácula e

literaturas” (Projeto de Redimensionamento e Ajuste Curricular do Curso de

Letras, 2007.1).

Outro objetivo pretendido no curso de Licenciatura da UNEB - Campus XIV refere-se

à pesquisa. Nos objetivos, foram encontradas claras intenções de fomentar a pesquisa como

experiência importante para a formação de profissional. Mediante análise feita na abordagem

metodológica desenvolvida pelo curso, percebe-se o oferecimento da oportunidade de conferir

teoria, prática e pesquisa, numa interrelação da lingüística, da literatura e da prática

pedagógica, já que o aluno é orientado a construir e Seminários Interdisciplinares do primeiro

ao sétimo semestre, onde serão apresentados trabalhos acadêmicos e/ou projetos de pesquisa

envolvendo os conteúdos estudados e analisados nesses componentes e a relação entre eles.

No último semestre não ocorre o Seminário Interdisciplinar, visto que o TCC (Trabalho de

Conclusão de Curso) assume a função desse seminário.

Uma última observação relaciona-se a formação do pesquisador através do TCC. Isso

demonstra que o objetivo de formar o professor pesquisador encontra nexos firmes no que se

refere ao oferecimento de experiências que viabilizam sua consecução.

É oportuno ressaltar que os principais debates acerca da formação do professor tem

evidenciado a importância da pesquisa como uma habilidade a ser desenvolvida

durante a formação inicial do professor. O trabalho de pesquisa pode alterar

substancialmente a formação desse profissional, pois tem uma forma concreta de

mudanças dos próprios métodos de ensino, que na maioria das vezes são verbalistas

e livrescos (FREITAS, 1992, p. 120).

Page 24: Os objetivos do curso de letras vernáculas da uneb   universidade do estado da bahia- campus xiv, na formação do professor

23

Além disso, têm-se as seguintes afirmativas:

É mister, no desafio de compor o progresso técnico com o humanismo, imprimir nos

educadores e na universidade como um todo o compromisso com a pesquisa a

elaboração própria, a teorização das práticas, a crítica e a criatividade, superado-se a

cópia da cópia, o mero ensino e a mera aprendizagem (DEMO, 1992, p. 26).

A formação do professor pesquisador ocorre a partir de uma profunda consciência

da importância da apreensão de diferentes óticas teóricas. Esta formação teórica

multiperspectival, quando cuidada em suas diferentes possibilidades provoca a

análise e dinamização da prática vivida pesquisar conduz ao exercício da dúvida –

pesquisa. Ao aprender a duvidar o professor questiona e ao questionar toma-se

autor (grifo da autora) de novas e mais propícias teorias sobre Educação

(FAZENDA, 1998, p. 438).

A Lei 5.540/68, responsável pela reforma do ensino superior no Brasil, trouxe consigo

o estímulo ao debate no que se refere à indissociabilidade entre o ensino e a pesquisa.

Principalmente após essa Reforma é que começam a surgir pesquisas ligadas ao ensino

Pereira (1996) traz alguns posicionamentos acerca dessa questão.

De um lado estão aqueles que questionaram o duplo papel do professor. Como ser

bom educador e bom pesquisador ao mesmo tempo? As características de um bom

professor são diferentes e, às vezes, até antagônicas em relação às características do

bom pesquisador (NAGLE, apud PEREIRA, 1996, p. 85).

De outro lado estão os que pensam que separar o ensino da pesquisa significa acentuar

a cisão entre teoria e prática. DEMO (1992) acredita que a pesquisa é inerente ao trabalho do

professor. É a pesquisa, como propiciadora de condições de elaboração própria, que lhe

facultará assumir atitude crítica e criativa.

E há ainda aqueles que tomam uma posição intermediária nesse debate. Ensino e

pesquisa devem ser entendidos como parte das atividades didáticas, eles devem se

desenvolver de modo integrado e não desvinculado. “O ensino se ritualiza se não for

associado à investigação, mas isto não significa que o mesmo indivíduo deva ser esperto nas

duas técnicas” (GIANNOTTI apud PEREIRA, 1996, p. 50).

Na UNEB - Campus XIV, a pesquisa vem sendo entendida como parte integrante de

todo o processo de formação do professor, na esperança de ser estimulada a capacidade

investigativa desses profissionais, e a consciência de que a sala de aula deve ser um ambiente

constante de pesquisa, embora demonstre maior ênfase à interrelação da lingüística e da

literatura.

Page 25: Os objetivos do curso de letras vernáculas da uneb   universidade do estado da bahia- campus xiv, na formação do professor

24

O Curso de Letras Vernáculas promovido pela UNEB - Campus XIV tem

demonstrado grande preocupação na formação de professor, buscando organizar os objetivos

por eixos temáticos, numa perspectiva de torná-los autônomos. Para ilustrar essa análise

apresentam-se os objetivos abaixo:

“Formar profissionais capazes de refletir sobre o processo de ensino-

aprendizagem numa abordagem dialética, visando à criação de novas práticas

pedagógicas” (Projeto de Redimensionamento e Ajuste Curricular do Curso de

Letras, 2007.1).

“Estimular a capacidade de análise crítica e o envolvimento em grupos de

pesquisa e/ou extensão, bem como na pós graduação” (Projeto de

Redimensionamento e Ajuste Curricular do Curso de Letras, 2007.1).

Ao analisar criticamente e reflexivamente a estrutura do currículo sobre a formação do

professor pesquisador, percebe-se o compromisso que o Campus XIV vem assumindo na

busca de estabelecer valores que contemple uma formação de cunho, predisposta a

corresponder as exigências da dinâmica da realidade sócio-cultural e educacional.

3. Formar o professor crítico, reflexivo e criativo

Os objetivos que se referem ao desenvolvimento da reflexão, do pensamento crítico,

sistematizado e criativo compõem a estrutura curricular do Curso de Letras Vernáculas do

Campus XIV, seguindo o que é disposto nas Diretrizes Curriculares do MEC, portanto,

apresenta uma proposta visando atender as exigências legais e de modernização com

adequação às demandas sociais referentes à formação de um profissional da área de ensino,

competente, contextualizado com autonomia para desempenhar suas atividades.

A proposta contempla intenção ao aprimoramento à reflexão crítica do aluno de forma

integral e/ou parcial, em todos os eixos constituintes do processo de formação desenvolvido

no interior desse curso, iniciando-se no primeiro semestre estendendo-se até o oitavo,

refletindo sobre a produção e transformação de conteúdos.

Apesar disso, os objetivos do curso nem sempre demonstram claramente o

entendimento do que venha a ser o desenvolvimento da crítica. Os mesmos deveriam

explicitar os aspectos de conhecimentos a serem alcançados para formar um professor

Page 26: Os objetivos do curso de letras vernáculas da uneb   universidade do estado da bahia- campus xiv, na formação do professor

25

encorajado e capacitado a provocar mudanças relevantes para a sociedade do futuro.

Exemplos abaixo confirmam essa assertiva:

“Estimular a capacidade de análise crítica e o envolvimento em grupos de

pesquisa e/ou extensão, bem como na pós-graduação”;

“Formar profissionais capazes de refletir sobre o processo ensino-aprendizagem

numa abordagem dialética, visando à criação de novas práticas pedagógicas”;

“Proporcionar aos licenciados a reflexão analítica e crítica sobre as linguagens,

considerando necessidade do uso das novas tecnologias, a fim de melhor produzir

e compreender os textos que circulam socialmente”;

“Formar profissionais críticos aptos a assumirem com competência sua função

social no mercado de trabalho”.

Destaca-se ainda que, apesar de os objetivos expressarem a intenção de formar

professores críticos, não é possível afirmar que isso ocorra visto que, formar o professor

crítico significa politizar a linguagem do ensino, significa compreender as escolas como locais

políticos e culturais e reconhecer que elas representam áreas de acomodação e contestação

entre grupos econômicos e culturais diferencialmente fortalecidos. É preciso explicitar as

relações entre conhecimento, poder e dominação. Pois a formação crítica, “deve oferecer as

bases teóricas para que professores e demais indivíduos encarem e experimentem a natureza

do trabalho docente de maneira crítica e potencialmente transformadora” (GIROUX, 1997,

p.27).

Esse autor reforça, portanto, a idéia de que formar o professor numa abordagem crítica

significa considerar as implicações pessoais e políticas do ensino e da escolarização, contudo

essa perspectiva deve considerar a escola e suas relações com a perpetuação de uma ordem

social injusta e implica ajudar professores a agirem na sala de aula, na escola e em outros

níveis do sistema, de forma a corrigir tais injustiças. Uma análise atenta dos objetivos

voltados para a formação do professor crítico, descrito nos documentos do curso, permite

afirmar que, a aquisição da consciência transformadora começa a ser realidade na ação dos

profissionais formados pela UNEB.

4. O trabalho interdisciplinar na formação do professor

O desenvolvimento do trabalho interdisciplinar vem sendo objetivo do curso

Page 27: Os objetivos do curso de letras vernáculas da uneb   universidade do estado da bahia- campus xiv, na formação do professor

26

pesquisado, consciente da necessidade de mudança para o avanço do conhecimento, a nova

proposta curricular que entrou em vigor em 2007.1, revela a necessidade e urgência da

adequação as diretrizes curriculares que até então “seguia uma proposta curricular baseada

apenas na detenção do conhecimento, de forma estanque, sem relação de uma área com a

outra. Além disso, a prática pedagógica e a pesquisa não eram priorizadas” (Projeto de

Redimensionamento e Ajuste Curricular do Curso de Letras, 2007.1, p. 13).

[...] nessa perspectiva os conteúdos não podem ser considerados como instâncias

fixas, estanques, e isoladas de conhecimento, sem relação com os outros uma vez

que todo o processo de conhecimento envolve interrelação de áreas, interação de

indivíduos, associação com os fatos sociais, culturais, políticos e lingüísticos”

(Projeto de Redimensionamento e Ajuste Curricular do Curso de Letras, 2007.1, p.

30).

É oportuno ressaltar que o processo de interdisciplinaridade do curso de Letras

Vernáculas refere-se à integração de disciplinas ou áreas do conhecimento, relacionando

todos os quatro eixos, ou seja, há uma intersecção entre as áreas e ao mesmo tempo se tem um

trabalho específico em cada uma delas.

Desta forma, entende-se que a interdisciplinaridade representa uma forma de romper

com o trabalho fragmentado, alienado do processo de ensino-aprendizagem. Significa tratar

do conhecimento através do planejamento coletivo, capaz de estabelecer metas e ações

comuns.

Além desse aspecto, a interdisciplinaridade representa uma importante mudança na

formação do professor.

[...] à medida que o professor habitua-se ao exercício de uma prática

interdisciplinar, passa a identificar aspectos mais próprios do conhecimento do

homem, [...] percebe que a coisa a conhecer não se esgota nela mesma, vivencia a

possibilidade de deixar conduzir por outras dimensões que não apenas as concretas,

ou racionais, como por exemplo, entre tantas, a simbólica (FAZENDA, 1998,

p.445).

Os cursos que apresentam preocupação em formar o professor numa perspectiva

interdisciplinar são, com certeza responsáveis por implementar um perfil diferente para esse

profissional. “A interdisciplinaridade contribui para que o professor saia da mesmice de sua

rotina e busque novos projetos, provocando uma mudança também no comportamento dos

seus alunos, que significa “aprender a intervir sem destruir o construído” (FAZENDA, 1998,

p. 443).

Page 28: Os objetivos do curso de letras vernáculas da uneb   universidade do estado da bahia- campus xiv, na formação do professor

27

5. Aquisição de conhecimentos teóricos e domínios dos conteúdos

O Curso de Licenciatura em Letras Vernáculas da UNEB - Campus XIV apresenta em

seus planos curriculares objetivos ligados à aquisição de conhecimentos teóricos, ou ao

domínio dos conteúdos, como também componentes curriculares propícios a incentivar maior

grau de interdisciplinaridade e o estímulo a capacidade investigativa.

Adquirir conhecimentos e administrar determinados conteúdos, na concepção do

Curso de Letras Vernáculas perpassa por um propósito de ensinar os conhecimentos ligando

todas as disciplinas afinal, é preocupação desse Departamento preparar o professor para

interagir nas diversas áreas, fazer relações entre o que aprendeu e transformar o conhecimento

em conteúdos pedagógicos para serem aplicados no ensino de 1º e 2º graus.

Os objetivos a seguir ilustram essa análise:

“Formar licenciados que compreendem a língua como processo de interação e

comunicação social” ((Projeto de Redimensionamento e Ajuste Curricular do

Curso de Letras, 2007.1, p. 26);

“Desenvolver habilidades de planejamento, execução e avaliação numa

perspectiva autônoma, visando à promoção de alternativas educacionais em seu

meio” (Projeto de Redimensionamento e Ajuste Curricular do Curso de Letras,

2007.1, p. 26).

Esse pressuposto considera todo desenvolvimento pedagógico como extremamente

importante para a formação deste professor.

Além disso, considerar apenas a formação com base nos conteúdos específicos

significa restringir a formação do professor e desconsiderar a complexidade intrínseca à

questão. Assim, para reforçar esta idéia têm-se a seguinte afirmação:

A escola não é apenas, com efeito, um local onde circulam fluxos humanos, onde se

investem e se geram riquezas materiais, onde se travam inter-relações sociais e

relações de poder, ela é também um local - o local por excelência nas sociedades

modernas - de gestão e de transmissão de saberes e símbolos (FORQUIN, 1992,

p. 28).

O estudo teórico acerca dos conteúdos da área específica é, indiscutivelmente,

fundamental para a formação do professor. Entretanto, há que se considerar também de

extrema importância e de grande responsabilidade para os cursos de formação de professores,

os desenvolvimentos de alguns domínios necessários a esse profissional. Um bom exemplo é

Page 29: Os objetivos do curso de letras vernáculas da uneb   universidade do estado da bahia- campus xiv, na formação do professor

28

a capacidade de analisar e selecionar o material a ser ensinado, além de saber justificar a

seleção feita. Afinal, saber o que realmente merece ser ensinado para a sociedade atual

significa conhecê-la, significa ter a capacidade de identificar o que é fundamental para a nossa

cultura, significa, ainda, saber que existem as coisas mais gerais, mais constantes, mais

humanamente essenciais, que ultrapassam o conhecimento estritamente livresco.

Portanto, a formação do professor deve compreender os domínios ditos fundamentais

tanto da área específica, a qual está inerente à disciplina ou a matéria a ser lecionada, quanto

da área pedagógica, dos conhecimentos culturais, dos valores e das habilidades docentes.

6. Compreender a realidade sócio-econômico, política e cultural

Compreender a realidade sócio-econômico-política e cultural e utilizar os

conhecimentos para integrar-se, interagir e transformar a sociedade, são também objetivos

presentes nas propostas.

“Desenvolver formação humanística e cultural necessária para a compreensão e

integração com a realidade do mundo atual” (Projeto de Redimensionamento e

Ajuste Curricular do Curso de Letras, 2007.1, p. 26);

“Formar licenciados que compreenda a língua como processo de interação e

comunicação sócio-cultural” (Projeto de Redimensionamento e Ajuste Curricular

do Curso de Letras, 2007.1, p. 26).

Esse curso demonstra através dos seus objetivos, preocupação com a formação de um

profissional que consiga integrar-se socialmente, ou como afirma Libâneo (1991), um

profissional que possa utilizar os conhecimentos na vida cotidiana, tornando os conteúdos

conhecimentos vivos, ou seja, significativos.

A análise desenvolvida explicita os objetivos do Curso de Letras Vernáculas. Contudo,

essa primeira sistematização permitiu identificar algumas características comuns aos objetivos

do curso.

Desse modo estes objetivos foram organizados em três categorias as quais expressam

as intenções dos cursos com as seguintes dimensões:

a) Relação, Educação e Sociedade;

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b) Formação pedagógica;

c) domínios/competências/habilidades.

É sobre isso que trataremos a seguir.

7. Relação, Educação e Sociedade

Nessa categoria foram observados alguns objetivos que fazem, de maneira explicita ou

não, referências as suas intenções acerca de formação do professor relacionada com seu papel

na sociedade. São objetivos que apontam, mesmo que sutilmente, para a atuação do aluno no

meio social, que falam de interação e transformação social, concebendo a língua como um

elemento fundamental para a veiculação de culturas, elo entre gerações, manutenção e/ou

mudanças dos papéis sociais, além de promover o conhecimento comum às diferentes formas

de arte, mudanças históricas, políticas e sociais que existiram e têm existido.

A perspectiva do Curso de Letras é capacitar profissionais que estabeleçam relações

entre linguagem, cultura e sociedade e que percebem a função da língua na centralização do

indivíduo no processo de inserção de suas marcas individuais e ao mesmo tempo sociais. Uma

vez que a sua forma de usar língua reflete as concepções ideológicas e seu padrão social, seu

nível cultural, sua forma de ver o mundo.

Assim, torna-se imprescindível preparar o professor com competência técnica para

garantir a “integração” e a “adaptação” do cidadão a essa sociedade. Essa necessidade de

atender às exigências, muito mais do mercado financeiro do que da sociedade como um todo,

acaba distanciando da formação dos professores a perspectiva crítica e a discussão de

alternativas para a sociedade atual.

Geralmente os objetivos dessa categoria não deixam muito claros a visão de Educação

e sociedade presente nas propostas, dão, no entanto, uma idéia de que consideram importante

a atuação do profissional na sociedade através de sua integração ou através de sua reflexão

crítica, ou mesmo através da sua compreensão enquanto sujeito histórico e agente

transformador.

Segue alguns exemplos abaixo:

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30

“Formar profissionais críticos, aptos a assumirem com competência sua função

social no mercado de trabalho”;

“Formar licenciados que compreenda a língua como processo de interação e

comunicação sócio-cultural”.

Esses são alguns objetivos que explicitaram intenções relacionadas a essa categoria.

8. Formação pedagógica

O interesse pela formação pedagógica do futuro professor é comum nos objetivos

contidos nos planos curriculares do Curso de Letras Vernáculas da UNEB - Campus XIV.

A preocupação com o Ensino Fundamental e Médio, domínio de técnicas

metodológicas de ensino, interação entre os conhecimentos específicos, e pedagógicos são

algumas das intenções que expressam a preocupação do curso com essa dimensão. É também

intenção do Curso de Letras Vernáculas do Campus XIV romper com a alienação, preparando

o professor para desenvolver uma prática de ação transformadora, de liberdade com

capacidade lingüístico plural, na perspectiva de desenvolver as possibilidades de um trabalho

que abra novas alternativas para a escola e a sociedade.

Vários autores têm chamado a atenção para o fato de que os Cursos de Licenciaturas

enfrentam vários problemas referentes à formação pedagógica.

Em relação ao ensino de português, Geraldi (1995) enfatiza sobre a dicotomia entre o

ensino da língua e o ensino da metalinguagem, ou seja, profissionais preocupados em atingir

seu objetivo, cumprindo seu planejamento com a apresentação de regras gramaticais, às vezes

desvinculadas dos textos, criação e análise textual pouco interessante para o aluno e, o mais

grave, muitas vezes sem se preocupar com a capacidade de desenvolvimento do aluno, a qual

deve acontecer através das estratégias do ensinar.

O mais caótico é que as escolas de primeiro grau consistem no ensino, para alunos

que nem se quer dominam a variedade culta de uma metalinguagem de análise dessa

variedade com exercícios contínuos de descrição gramatical, estudo de regras e

hipóteses de análise de problemas que mesmo especialistas não estão seguros de

como resolver (GERALDI, 1995, p. 45).

O domínio da matéria a ser ministrada pelo futuro professor por si só não garante a

competência desejadora e necessária à sociedade atual, por outro lado, somente o enfoque nas

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metodologias e nas questões do como, porque e para que ensinar, também não representa a

totalidade da formação profissional do professor.

Assim a superação dessa dicotomia passa pela reflexão no âmbito conceitual de

educação e das políticas públicas, a influência das diversas tendências pedagógicas na prática

metodológica, além de discutir o planejamento e as diversas possibilidades de avaliar os

recursos didáticos e tecnológicos, bem como a relação entre professor-aluno. Compreendendo

ainda, que o estágio é um elo dessa formação, com a intenção de instrumentalizar o

profissional para a sua atuação como professor, este estabelece a efetiva relação entre teoria, a

prática e a pesquisa, para promover a sua autonomia, na tentativa de resolver as situações

problemáticas do dia-a-dia de uma sala de aula.

9. Competências e habilidades do professor

A intenção de desenvolver competências e habilidades expressa-se nos planos

curriculares indicando objetivos que devem ser alcançados na Licenciatura:

O Curso de Letras Vernáculas, promovido por esta instituição, tem como objetivo

precípuo formar profissionais competentes para o ensino de língua vernácula e

respectiva literatura sem descartar o desenvolvimento de outras habilidades querem

possam, também, propiciar a inserção dos profissionais desses cursos em outras

áreas correlatas, como: tradução, interpretação, revisão de texto e crítica literária

(Projeto de Redimensionamento e Ajuste Curricular do Curso de Letras, 2007.1, p.

28).

Assim, para atender a esses objetivos, é necessário o desenvolvimento de

competências e habilidades, a exemplo destas que seguem abaixo, segundo (Projeto de

Redimensionamento e Ajuste Curricular do Curso de Letras, 2007.1, p. 28-29):

a) domínio das estruturas lingüísticas e de seus usos em contextos variados, com

competência para a produção e compreensão de textos orais e escritos na língua em estudo;

b) correlação entre as transformações sócio-históricas e as mudanças lingüísticas e

estabelecimento da relação entre a língua, cultura e sociedade;

c) análise crítica das teorias lingüísticas e literárias;

d) reflexão acerca dos diversos gêneros textuais e literários com indicação das

características estruturais que os definem e os distinguem;

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f) habilidade em tradução, realizando a correspondência semântica, sintática e

estilística na transposição do texto da língua estrangeira em estudo para a língua materna;

h) competência para o exercício do magistério, com domínio de metodologias e

teorias adequadas acerca do processo de ensino-aprendizagem, com capacidade para

resolução de problemas, promoção de alternativas educacionais em seu meio profissional e

avaliação permanente do desempenho dos alunos, da instituição e do seu próprio trabalho;

j) utilização dos saberes e dos recursos produzidos nas áreas tecnológicas,

disponíveis para aplicação na prática docente;

l) elaboração de projetos e desenvolvimento de pesquisas, estabelecendo a

conexão interdisciplinar e/ou transdisciplinar dos eixos temáticos que constituem o Curso de

Letras Vernáculas, respeitadas as suas específicidades, e articulando os resultados das

investigações com a prática, visando ressignificá-la;

m) compreensão dos processos de desenvolvimento humano e da construção das

relações sociais e interpessoais com ênfase no estudo das estruturas psicológicas envolvidas

na constituição de um homem crítico, humano, autônomo e solidário, contextualizando-o

política, social e efetivamente.

Como pode ser observado nos exemplos acima, de forma geral, as habilidades mais

esperadas são as de capacidade ligadas à atuação do professor, numa concepção de educação,

voltada para os processos formativos ligados à linguagem, à pesquisa, à reflexão crítica, ao

trabalho interdisciplinar e ao domínio de conteúdo.

Percebe-se que a concepção de docência para esse curso encontra-se bastante

desenvolvido, especialmente quando tomamos como referência o redimensionamento

curricular, que traz em sua proposta a elaboração de trabalhos acadêmicos e/ou projetos de

pesquisa que contribuem para estimular a capacidade investigativa e a consciência de que a

sala de aula é ambiente constante de pesquisa.

A necessidade de os profissionais da educação conhecer e vivenciar formas de gestão

democrática, bem como aprenderem o significado social das relações de poder que se

reproduzem no cotidiano da escola, nas relações entre os profissionais e entre estes e os

alunos, já se expressa como preocupações deste curso.

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Estas são algumas das metas básicas que um Curso de Licenciatura precisa almejar no

sentido de formar um profissional que apresente as habilidades e competências mínimas para

atender às exigências da sociedade atual, ao lado de representantes dos mais diversos

segmentos educacionais debatendo e refletindo, para garantir uma sólida formação teórica e

entenda a necessidade de se formar continuadamente para que possa desenvolver um trabalho

realmente competente.

Assim, pode-se afirmar que os objetivos da Licenciatura em Letras Vernáculas

representam importante papel, visto que os mesmos explicitam propósitos e intenções

referentes à formação do professor.

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CONCLUSÃO

O estudo referente aos objetivos do Curso de Licenciatura em Letras Vernáculas da

UNEB - Campus XIV permitiu de modo mais geral, refletir sobre o real contexto em que se

encontram as Licenciaturas no País. E permitiu de modo mais específico visualizar as

condições objetivas de existência da Licenciatura em Letras Vernáculas da UNEB - Campus

XIV.

Feito esse estudo e, a partir da análise dos objetivos do Curso de Licenciatura em

Letras Vernáculas da UNEB - Campus XIV foi possível identificar qual tem sido a

contribuição dada por essa instituição na formação do profissional de educação, em especial

do professor de Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa.

Foram, especialmente, os momentos vividos na escola e nos cursos de formação de

professores que incentivaram a investigação da temática inerente ao Curso de Licenciatura em

Letras Vernáculas da UNEB - Campus XIV.

O estudo realizado permitiu compreender como o processo histórico de criação da

UNEB, enquanto universidade está organizado e estruturado. O curso e as concepções de

Educação e Ensino de seus coordenadores têm contribuído para o “modelo” implantado em

seu interior. O resgate histórico do curso, inserido no contexto de criação da UNEB (Cap. I)

permitiu não só conhecer as etapas inerentes a implantação das universidades no Brasil, como

também, entender o curso estudado na dinâmica relação que estabelece com o contexto sócio-

econômico-político que, determina e orienta os rumos da formação de educador no Brasil.

As críticas e as propostas de formação de professores discutidas e produzidas no

universo acadêmico têm influenciado positivamente na organização do Curso de Licenciatura

em Letras Vernáculas da UNEB - Campus XIV.

O estudo da trajetória histórica da UNEB - Campus XIV possibilitou inclusive,

entender que a pesquisa no Curso de Licenciatura em Letras Vernáculas tem sido uma prática

constante relacionando-se, tanto ao ensino dos conteúdos da Educação Básica quanto aos

relacionados à formação como profissional, conforme análise demonstrada, uma vez que o

aluno é orientado a construir Seminários Interdisciplinares do primeiro ao sétimo semestre,

onde serão apresentados trabalhos acadêmicos e/ou projetos de pesquisa envolvendo os

conteúdos estudados e analisados nesses componentes e a relação entre eles. No último

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semestre não ocorre o Seminário Interdisciplinar, visto que o TCC (Trabalho de Conclusão de

Curso) assume a função desse seminário.

Dentro desta proposta, então, a formação do profissional de Letras Vernáculas

envolve a associação necessária entre teoria, prática e pesquisa, o que implica

consequentemente, a interrelação da linguística, da literatura e da prática pedagógica.

Assim, reconhecer como surgiu o Curso de Licenciatura em Letras Vernáculas da

UNEB - Campus XIV, bem como os estágios principais que transpuseram em sua evolução ao

longo do tempo, suas relações com as políticas educacionais inseridas no contexto sócio-

econômico e político brasileiro, significou conhecer os condicionantes históricos e identificar

os limites e as possibilidades concretas de inovação contidas nas propostas atuais.

Verifica-se que os objetivos do curso trazem em suas propostas uma política

educacional que privilegia a formação do profissional crítico e reflexivo, criativo, autônomo,

investigativo, consciente de sua função social, como agente transformador, com competência

linguístico-literária e didático-pedagógica para o exercício de suas funções. Porém, conforme

os objetivos relacionados na análise, não é possível afirmar que isso ocorra visto que, na

prática nem sempre os professores demonstram claramente o entendimento do que venha a ser

o desenvolvimento da crítica. Pois, formar o professor crítico significa politizar a linguagem

do ensino: saber falar e ouvir.

Procurando atingir demais anseios, foram analisados os objetivos gerais e específicos

contidos nas propostas curriculares do curso investigado, bem como o perfil do professor e a

estrutura curricular do mesmo.

A esse respeito constata-se que formar professores para atuar na Educação Básica

(Ensino Fundamental - 6º ao 9º ano e Ensino Médio), foi o objetivo encontrado a partir da

concepção do Curso de Letras Vernáculas da UNEB, em suas habilitações de Língua

Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa. O curso demonstrou em seus objetivos a

intenção de formar o pesquisador, apresentou o perfil voltado para um profissional

pesquisador e oferece disciplinas relacionadas à pesquisa, a qual foi fortemente detectada no

processo ensino e aprendizagem.

A escola, de maneira geral, a muito tem demonstrado seu desejo de formar alunos

críticos, criativos e reflexivos. Isso não é diferente na universidade. No curso de Licenciatura

em Letras Vernáculas da UNEB - Campus XIV, esse desejo foi expresso de alguma maneira,

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nos objetivos e confirmado no perfil do professor. As grades curriculares permitiram afirmar

como esse objetivo tem sido viabilizado através do oferecimento de disciplinas.

A interdisciplinaridade apareceu como um objetivo muito vago. Porém, percebe-se

tanto na análise documental, quanto no discurso das entrevistas realizadas, que há clareza em

relação à significação desse termo.

Com o intuito de compreender as condições de implementação dos objetivos,

analisaram-se as grades curriculares do Curso de Licenciatura em Letras Vernáculas da

UNEB - Campus XIV, buscando identificar sua estrutura e organização. Revelam, por

exemplo, a predominância dos conteúdos específicos na formação do professor vistos,

portanto, como mais importantes para o bom desempenho o futuro educador. Apesar da

identificação de que apenas 50% dos objetivos do curso estão voltados para o domínio de

conteúdos específicos, 50% dos perfis estão orientados para esse domínio. Porém é a grade

curricular a maior reveladora dessa tendência, visto que a maioria dos componentes

curriculares oferecidos está relacionada aos conteúdos caracterizadores básicos do curso,

responsáveis pela formação teórica do profissional.

Além disso, percebe-se que a carga horária destinada à formação pedagógica do curso

da UNEB - Campus XIV é de 825 horas/aula. Portanto, maior que o número de horas

estabelecidas pelo Parecer CNE/CP 28/2001, regulamentada pela Resolução 02 do CNE/CP,

de 19/02/2002, dando sequência ao Parecer CNE/CP 009/2001, para os Cursos de Formação

de Professor.

Entende-se que, a ênfase dada aos conteúdos específicos é que a formação de

professor seja pensada de maneira mais ampla, contribuindo para que os alunos da

Licenciatura consigam resolver os problemas advindos de sua prática docente. A super

valorização que se dá aos conteúdos específicos em detrimento de uma formação pedagógica,

crítica e criativa, com certeza não permitirá o desenvolvimento de habilidades e capacidades

que auxiliem os professores na superação dos problemas cotidianos de seus trabalhos.

A esse respeito nota-se a forte presença da disciplina Prática Pedagógica nos quatro

primeiros períodos; e, em seguida, o Estágio Supervisionado, nos quatro últimos períodos,

oferecida aos alunos da Licenciatura em Letras Vernáculas na UNEB - Campus XIV. A

relação teoria e prática se evidenciam na forma como essas disciplinas se apresentam na grade

curricular, de modo presencial durante todo o processo de ensino e aprendizagem, em todos

os componentes curriculares, vivenciadas ao longo do curso, incluindo-se aí, não só os

conteúdos específicos da área de língua e literatura, mas também e, principalmente, a

articulação constante entre ensino, pesquisa e extensão. A prática não é apenas o lócus da

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aplicação de um conhecimento científico e pedagógico, mas espaço de criação e reflexão,

onde novos conhecimentos são gerados e modificados constantemente. Portanto, não é

possível que esses momentos se dêem apenas no final da formação profissional.

Sabemos, no entanto, que apenas a análise do Plano Curricular não possibilita a

compreensão mais ampla do que é proposto e o que é realmente concretizado no dia-a-dia do

curso. De fato, na dinâmica do dia-a-dia, os elementos que perpassam a formação docente são

acompanhados de diferentes ingredientes que complementam e, às vezes, até superam o

documento oficial. Mas os documentos também se revestem de singular importância, visto

que representam intenções e expressam visões de mundo, Homem, História e Educação, que

de algum modo orientam o desenvolvimento do curso.

Não houve pretensão de fazer generalizações como forma de impor a verdade

absoluta, mas, com este trabalho, espera-se trazer algumas sistematizações que possam alargar

a produção existente acerca dessa temática e conhecer as especificidades do Curso de Letras

Vernáculas da UNEB - Campus XIV de forma mais sistematizada. Muitos aspectos poderão

ainda ser pesquisados. O primeiro passo está dado.

A sociedade atual tem evidenciado suas principais necessidades quanto ao tipo de ser

humano necessário para um convívio social. Seria fundamental a formação de valores sociais

inclinados para o ser humano e à natureza, o respeito à vida humana e às diferenças culturais,

respeitar os códigos éticos que permitam às pessoas distinguir o individual do coletivo, o

público do privado e conviver com normas que valorizem o ser humano e o bem-estar social.

Para uma formação dessa natureza, é necessário que a escola se organize com um

espaço democrático, através do coletivo, do diálogo e do questionamento crítico baseado no

conceito de homem como sujeito/agente, que se fortaleça e dê voz aos estudantes de

diferentes grupos sociais.

Por tudo isso, constata-se que a constituição de um Projeto Pedagógico para o curso de

Licenciatura em estudo pode representar uma alternativa na busca de superação dos

problemas, bem como a ampliação do debate no interior desta instituição, condição essencial

para a formação de professores críticos e transformadores de sua prática. Pois, um projeto

pedagógico é aquele que apresenta o que realmente está sendo desenvolvido no curso, ou seja,

é uma diretriz que mantêm o fluxo dos acontecimentos.

Os objetivos do Curso de Licenciaturas em Letras Vernáculas da UNEB, em seu

processo de execução, contemplam o que é proposto no Parecer CNE/CP 009/2001, que

dispõe que, nos Cursos de Formação de Professores, os conteúdos disciplinares específicos da

área são eixos articuladores do currículo, que devem articular grande parte do saber

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pedagógico necessário ao exercício profissional e estarem constantemente referidos ao ensino

da disciplina para as faixas etárias e as etapas correspondentes da educação básica.

Entende-se, portanto, que a estrutura departamental de nossas universidades encontra-

se sem fôlego para assumir os novos desafios que ora lhe apresentam.

Entretanto, assumir a formação do professor deve ser tarefa básica da comunidade

universitária como um todo e fundamentalmente dos departamentos da Educação e das áreas

específicas. Não será possível construir um projeto político-pedagógico para as Licenciaturas,

deixando as disciplinas pedagógicas para segundo plano, por não as considerarem prioritárias.

É preciso, portanto, que sejam impressas mudanças na estrutura e organização das

Licenciaturas e discutidas de forma coletiva, os problemas que envolvam disciplinas e

professores de áreas específicas e pedagógicas, com o intuito de encontrar alternativas que

superem os problemas atuais. Isso porque um projeto político-pedagógico implica discussão e

especialmente mudanças em nossas concepções acerca do ensino na graduação de modo geral

e nas Licenciaturas, de modo específico.

Enfim, espera-se que este trabalho possa estimular o debate no interior da UNEB -

Campus XIV e interferir criticamente nas práticas educativas cotidianas, buscando

transformá-las. Além disso, tem-se a expectativa de que novos estudos sejam realizados sobre

o Curso de Letras Vernáculas nessa instituição, preenchendo assim as lacunas que ora foram

deixadas e que ao mesmo tempo colaborou-se com o movimento de reorientação da

contribuição da UNEB - Campus XIV, na Formação de Profissionais da Educação. Isso

porque se entende que se torna cada vez mais inadiável uma relação sistemática em relação à

formação dos professores, no âmbito de políticas sociais que articulam formação de

qualidade, salários dignos e formação continuada.

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REFERÊNCIAS

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OLIVEIRA, Vanilson Lopes de. Conceição do Coité: a capital do sisal. Conceição do Coité:

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PEREIRA, Julio Emilio Diniz. A formação de professores nos cursos de licenciatura. Belo

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ANEXOS

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ROTEIRO DA ENTREVISTA COM O COORDENADOR DO

COLEGIADO DE LETRAS DA UNEB - CAMPUS XIV - CONCEIÇÃO

DO COITÉ - BAHIA, PROFESSOR JOSÉ LUÍS BULCÃO, GRADUADO,

EM LETRAS VERNÁCULAS COM INGLÊS.

I - Funcionamento geral do curso de Licenciatura em Letras Vernáculas da UNEB

Nº de vagas por semestre

Regime de funcionamento (semestral - crédito)

Forma de ingresso (semestral ou anual)

Turnos em que acontecem os cursos

Exigência para conclusão dos cursos

I - Quais os objetivos dos cursos de licenciatura em Letras Vernáculas da UNEB - Campus

XIV para formar o professor?

II - O perfil do professor reforça os objetivos do curso?

III- Que habilidades e/ou competências os alunos adquirem ao cursar a licenciatura?

IV - O curso tem objetivos voltados ao desenvolvimento de habilidades acerca dos

conhecimentos específicos e da pesquisa?

V - A pesquisa é vista como um dos elementos essenciais na formação do professor?

VI - Quais os objetivos direcionados a formação do professor-pesquisador?

VII - Quais as disciplinas do currículo que viabilizam o desejo de formar profissionais

críticos, reflexivos e criativos?

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VIII - Em alguma época ou momento A PROGRAD realizou um projeto político-pedagógico

envolvendo o curso de licenciatura em Letras Vernáculas desta instituição, tendo o ensino, a

pesquisa e a extensão como elementos articulados entre si? Qual foi o intuito para este

projeto?

IX - Quais as contribuições das disciplinas pedagógicas? Que proporção ocupa nos objetivos

do curso?

X - As disciplinas pedagógicas são oferecidas no inicio ou final do curso?

XI - Quanto à prática de ensino, o curso de licenciatura em Letras Vernáculas da UNEB já

adequou suas grades curriculares às exigências da nova lei?

XII - A um espaço específico para que se possa discutir e buscar soluções para as incoerências

e dificuldades vividas no interior da licenciatura?

XIII - Como se estabelecem os principais nexos entre os determinantes históricos e a criação

do curso de Licenciatura da UNEB - CAMPUS XIV e as Universidades Brasileiras?

XIV - UNEB e Parcerias

XV - Dúvidas e questões acerca dos documentos analisados.

XVI - Outras observações:

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ROTEIRO DA ENTREVISTA COM A COORDENADORA DO NUPE

(NÚCLEO DE PESQUISA E EXTENSÃO) DA UNEB - CAMPUS XIV,

CONCEIÇÃO DO COITÉ - BAHIA, A PROFESSORA LÚCIA MARIA

DE JESUS PARCERO, GRADUADA EM LETRAS VERNÁCULAS

1. Qual o conceito de extensão dentro do programa universitário?

2. Como se dá o processo dos cursos de extensão?

a) Parceiro

b) Técnico

c) Docente

d) Ensino

3. Em sua opinião, quais os cursos de extensão e pesquisa oferecidos pelo Campus têm

contribuído para formação do professor de Língua e Literaturas de Língua Portuguesa?

4. De que forma os cursos de extensão vem preparando os estudantes de licenciatura em

Letras Vernáculas no fazer pedagógico para a prática em sala de aula?

5. Qual formação acadêmica tem os professores que ministram os cursos direcionados aos

futuros professores de Língua e Literaturas de Língua Portuguesa?

6. Por que tão poucos cursos são oferecidos com o intuito de discutir e apontar métodos

técnicos que venham fortalecer o trabalho com ensino-aprendizagem?

7. Qual o conceito de interdisciplinaridade vem sendo desenvolvido nos cursos de pesquisa e

extensão?

8. Outras informações que considere relevantes para o esclarecimento sobre os processos dos

cursos coordenado por você neste Campus.