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Os livros poéticos II O livro de Cântico dos Cânticos
O quinto livro dos cinco livros poéticos da Bíblia
(Um dos livros sapienciais da Palavra de Deus)
IntroduçãoO título do livro que
estudamos hoje, “Cântico dos
Cânticos”, é uma expressão superlativa
que poderia ser traduzida
modernamente por “o mais belo dos cânticos”. Tem também o título reconhecido de “Cantares de Salomão”, em
homenagem ao seu autor que a Bíblia
registra como sendo o rei-sábio, Salomão.
Segundo alguns comentaristas, o livro é
uma coletânea de cantos populares de amor,
usados talvez em festas de casamento, em que
noivo e noiva eram chamados,
simbolicamente, de rei e de rainha, e que foram
reunidos, formando uma espécie de drama poético.
Para esses o livro é atribuído ao rei Salomão,
reconhecido em Israel como o patrono da
literatura sapiencial. A forma final do livro, deve remontar ao século V ou
IV a.C.
Para muitos comentaristas fica difícil
compreender, o enquadramento de um livro como este dentro do plano editorial da revelação de Deus. O
fato é que o aspecto do amor conjugal, descrito aqui com toda sua carga
de sensualidade e prazer, ainda que de forma reverente, não tem similar em todo o
registro bíblico. Parece-nos que, no plano do
Senhor, faltava um livro que exaltasse o amor e a união entre o homem e a mulher, suas criaturas.
Como crentes em Cristo, o que podemos abstrair deste livro é que ele foi
escrito para nos apresentar a visão de
Deus sobre o amor íntimo, pessoal e mesmo
carnal entre homem e mulher, criaturas dele,
feitas uma para a outra, o relacionamento central
e único que ele deu a toda a humanidade e
que, por sua importância e significado mereceria
também dele um destaque especial em
sua Palavra, como aqui acontece.
As preocupações com esses aspectos da vida, que estavam presentes nas civilizações antigas, como
já temos visto, alcançavam também aqueles voltados para a relação homem-mulher, como
algo especial.Um exemplo disto, é o Kama Sutra, um antigo texto indiano sobre o comportamento sexual
humano, escrito talvez no Século IV a.C. Ele é
considerado como um trabalho definitivo sobre o gozo dos
sentidos na literatura sânscrita (Vatsyayana).
Um outro exemplo é um poema persa de época e autor desconhecidos que relata como este relacionamento era significativo para eles:
“Houve um tempo em que eu era um homem e ela, uma mulher. Mas, o nosso amor cresceu, até
não existir mais nem ela, nem eu. Lembro-me, apenas, vagamente, que ambos éramos dois, e
que o amor intrometendo-se, tornou-nos um só.”
Este será então o quarto e último livro dos chamados poéticos (II) que estudamos neste 1T12, conforme vemos no Suplemento acima:
Cântico dos Cânticos.
Os livros poéticos IICântico dos Cânticos
Estudo 13“As muitas águas não
podem apagar o amor”A exaltação ao amor
conjugalTexto bíblico
C. dos Cânticos: 1 a 8
Texto áureo: Cântico dos Cânticos 8.7:“As muitas águas não podem apagar o amor, nem os rios afogá-lo. Se alguém oferecesse todos os bens de
sua casa pelo amor, seria de todo desprezado”.
Explicação preliminar:
Embora estejamos transcrevendo os textos dos 8 capítulos na íntegra, cada professor deverá destacar alguns versículos
apenas, em função do maior ou menor tempo de que dispõe para o seu estudo com a classe.
Os comentários adicionais que juntamos após cada capítulo, também
têm que ser reduzidos pela mesma razão e também em face do melhor conhecimento que cada professor possui do nível social e cultural de sua classe em vista do tema em estudo.
Algumas das frases ou pensamentos devem ser destacados apenas, pois os textos estão muito longos em virtude da peculiaridade especial do livro que estamos estudando.
1. A declaração de amor da esposa:
[1.2] Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque melhor é o seu amor do que o vinho.[3] Suave é o cheiro dos teus perfumes; como perfume derramado é o teu nome; por isso as donzelas te amam. [4] Leva-me tu; correremos após ti. O rei me introduziu nas suas recâmaras; em ti nos
alegraremos e nos regozijaremos; faremos menção do teu amor mais do que do vinho; com razão te amam. [5] Eu sou morena, mas formosa, ó filhas de Jerusalém, como as tendas de Quedar, como as cortinas de Salomão.
[6] Não repareis em eu ser morena, porque o sol crestou-me a tez; os filhos de minha mãe indignaram-se contra mim, e me puseram por guarda de vinhas; a minha vinha, porém, não guardei. [7] Dize-me, ó tu, a quem ama a minha alma: Onde apascentas o teu rebanho, onde o fazes deitar pelo meio-dia; pois, por que razão seria eu como a que anda errante pelos rebanhos de teus companheiros?
Identificando os personagens do capítulo 1
2. A resposta ciumenta das demais esposas: [8] Se não o sabes, ó tu, a mais formosa
entre as mulheres, vai seguindo as pisadas
das ovelhas, e apascenta os teus cabritos
junto às tendas dos pastores.
3. A declaração de amor do esposo: [9] A uma égua dos carros de Faraó eu
te comparo, ó amada minha. [10]
Formosas são as tuas faces entre as tuas tranças, e
formoso o teu pescoço com os colares. [11] Nós te
faremos umas tranças de ouro, marchetadas de pontinhos de prata.
4. A esposa volta a declarar o seu amor:[12] Enquanto o rei se assentava à sua mesa, dava o meu
nardo o seucheiro. [13] O meu amado é para mim como um saquitel de
mirra, querepousa entre os meus seios. [14] O meu amado é para mim
como umramalhete de hena nas vinhas de En-Gedi.
5. O esposo volta a declarar o seu amor:[15] Eis que és formosa, ó amada minha, eis que és formosa;
os teusolhos são como pombas. 6. A esposa responde:[16] Eis que és formoso, ó amado meu, como amável és
também; o nosso leito é viçoso. [17] As traves da nossa casa são de cedro,
e oscaibros de cipreste.
1. Comentários adicionais ao texto
do capítulo 1:
A beleza poética e romântica, nas declarações responsivas do texto, se deve ao fato de estarmos falando do rei mais
sábio e mais poderoso daquela época (anos 960 a.C.), exaltando a felicidade e amor que o rei, como supremo
mandatário, granjeava com os seus casamentos e a formação de sua família:
"O meu amado é para mim, como um ramalhete de hena nas vinhas de En-Gedi. Eis que és formosa, ó amada minha, eis
que és formosa..." CC 1.14,15
As declarações prosseguem no Capítulo 2
1. A esposa volta a declarar-se:[2.1] Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos
vales. 2. A homem responde:
[2] Qual o lírio entre os espinhos, tal é a minha
amada entre as filhas.3. A mulher retruca com carinho:
[3] Qual a macieira entre as árvores do bosque, tal é o meu amado entre os filhos; com grande gozo sentei-me à sua sombra; e o seu fruto era doce ao meu paladar. [4]: Levou-me à sala do banquete, e o seu estandarte sobre mim era o amor. [5] Sustentai-me com passas, confortai-me com maçãs, porque desfaleço de amor. [6] A sua mão esquerda esteja debaixo da minha cabeça, e a sua mão direita me abrace. [7] Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, pelas gazelas e cervas do campo, que não acordeis nem desperteis o amor, até que ele o queira. [8] A voz do meu amado! eis que vem aí, saltando sobre os montes, pulando sobre os outeiros. [9] O meu amado é semelhante ao gamo, ou ao filho do veado; eis que está detrás da nossa parede, olhando pelas janelas, lançando os olhos pelas grades. [10] Fala o meu amado e me diz:
Alguns destaques do Capítulo 2
444 4. O esposo responde em forma de poema:
[10] Levanta-te, amada minha, formosa minha, e vem.[11] Pois eis que já passou o inverno; a chuva cessou, ese foi; [12]: aparecem as flores na terra; já chegou otempo de cantarem as aves, e a voz da rola ouve-se em nossa terra. [13] A figueira começa a dar os seusprimeiros figos; as vides estão em flor e exalam o seuaroma. Levanta-te, amada minha, formosa minha, e vem.[14] Pomba minha, que andas pelas fendas das penhas, no oculto das ladeiras, mostra-me o teu semblante faze-me ouvir a tua voz; porque a tua voz é doce, e o teu semblante formoso.[15] Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas; pois as nossas vinhas estão em flor.
5. A esposa responde :
[16] O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lírios. [17] Antes que refresque o dia, e fujam as sombras, volta, amado meu, e faze-te semelhante ao gamo ou ao filho dos veados sobre os montes de Beter.
Comentários adicionais ao texto do capítulo 2:
As declarações de amor se sucedem de parte a parte e delas podemos destacar neste capítulo, o enlevo poético e amoroso dos amantes. As imagens apresentadas, são
próprias da época e comuns àquele tempo:
"Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales... - declara a esposa.
Ao que responde o esposo - Levanta-te, amada minha, formosa
minha e vem... porque a tua voz é doce e o teu semblante formoso." CC 2.1,13,14
As declarações prosseguem no Capítulo 3
1. A esposa anela pela presença do amado:
[3.1] De noite, em meu leito, busquei
aquele a quem ama a minha alma; busquei-
o, porém não o achei. [2] Levantar-me-ei, pois, e
rodearei a cidade; pelas ruas e pelas praças
buscarei aquele a quem ama a minha alma. Busquei-o, porém não o
achei.
[3] Encontraram-me os guardas que rondavam pela cidade; eu lhes perguntei: Vistes, porventura, aquele a quem ama a minha alma?
[4] Apenas me tinha apartado deles, quando achei aquele a quem ama a minha alma; detive-o, e não o deixei ir embora, até que o introduzi na casa de minha mãe, na câmara daquela que me concebeu.
[5] Conjuro-vos, ó filhos de Jerusalém, pelas gazelas e cervas do campo, que não acordeis, nem desperteis o amor, até que ele o queira.
As declarações prosseguem no Capítulo 3
1. E eis que ele se aproxima:
[6] Que é isso que sobe do deserto, como colunas de fumaça, perfumado de mirra, de incenso, e de toda sorte de pós aromáticos do mercador? [7] Eis que é a liteira de Salomão; estão ao redor dela sessenta valentes, dos valentes de Israel, [8] todos armados de espadas, destros na guerra, cada um com a sua espada à cinta, por causa dos temores noturnos. [9] O rei Salomão fez para si um palanquim de madeira do Líbano. [10] Fez-lhe as colunas de prata, o estrado de ouro, o assento de púrpura, o interior carinhosamente revestido pelas filhas de Jerusalém. [11] Saí, ó filhas de Sião, e contemplai o rei Salomão com a coroa de que sua mãe o coroou no dia do seu desposório, no dia do júbilo do seu coração.
Comentários adicionais ao texto
do capítulo 3:Poderíamos dizer que o livro de Cântico dosCânticos celebra o amor romântico e conjugal,algo de muito significado para os povos orientais eespecialmente o judeu que via na consecução carnalproduzida pelo casamento, a manifestação da bênção de Deus sobre a vida do casal com o nascimento dos filhos e filhas. O realce que deve ser dado ao fato
deste livro estar contido no cânon hebraico, advém exatamente deste fato, pois historicamente para os homens judeus, a mulher, mesmo quando esposa, era tratada mais como serva, escrava, "objeto procriador", e não como amada, desejada e indispensável para o seu esposo, pelo muito que a amava.
O texto deste capítulo 3, chega a ser um tanto sensual ou carnal em demasia, para alguns, no deslumbramento que a esposa
demonstra pela volta do seu amado e como o aguarda para o encontro, sem dúvida sexual, de duas almas que se amam e se desejam mutuamente. Lembremos que isto estava previsto no plano de Deus, quando ainda no Jardim do Éden, ordenou aos
nossos pais: "Crescei e multiplicai-vos... e serão uma só carne" Assim podemos entender: "De noite em meu leito, busquei aquele a quem ama a minha alma... quando o achei... não o
deixei ir embora... até que o introduzi na câmara daquela que me concebeu." CC 3.1,4
Alguns destaques do Capítulo 4 1. O noivo declara seu amor
[4.1] Como és formosa, amada minha, eis queés formosa! os teus olhos são como pombas pordetrás do teu véu; o teu cabelo é como orebanho de cabras que descem pelas colinas de Gileade. [2]
Os teusdentes são como o rebanho das ovelhas tosquiadas, que
sobem dolavadouro, e das quais cada uma tem gêmeos, e nenhuma
delasé desfilhada. [3] Os teus lábios são como um fio de escarlate,
e a tuaboca é formosa; as tuas faces são como as metades de uma
romã pordetrás do teu véu. [4] O teu pescoço é como a torre de Davi,
edificadapara sala de armas; no qual pendem mil broquéis, todos
escudos deguerreiros valentes. [5] Os teus seios são como dois filhos
gêmeos dagazela, que se apascentam entre os lírios. [6] Antes que
refresque odia e fujam as sombras, irei ao monte da mirra e ao outeiro
doincenso. [7] Tu és toda formosa, amada minha, e em ti não há
mancha.[8] Vem comigo do Líbano, noiva minha, vem comigo do
Líbano. Olhadesde o cume de Amana, desde o cume de Senir e de
Hermom, desdeos covis dos leões, desde os montes dos leopardos. [9]
Enlevaste-meo coração, minha irmã, noiva minha; enlevaste-me o coração
comum dos teus olhares, com um dos colares do teu pescoço.
Alguns destaques do Capítulo 4
[10] Quão doce é o teu amor, minha irmã, noiva
minha! quanto melhor é o teu amor do que o vinho!
e o aroma dos teus ungüentos do que o de toda
sorte e especiarias! [11] Os teus lábios destilam
o mel, noiva minha; mel e leite estão debaixo da tua língua, e o
cheiro dos teus vestidos é como o cheiro do Líbano.[12] Jardim fechado
é minha irmã, minha noiva, sim, jardim fechado, fonte selada. [13] Os
teus renovos são um pomar de romãs, com frutos excelentes; a hena
juntamente com nardo, [14] o nardo, e o açafrão, o cálamo, e o
cinamomo, com toda sorte de árvores de incenso; a mirra e o aloés,
com todas as principais especiarias. [15] És fonte de jardim, poço de
águas vivas, correntes que manam do Líbano! [16] Levanta-te, vento
norte, e vem tu, vento sul; assopra no meu jardim, espalha os seus
aromas. 2. a noiva responde ao noivo
Entre o meu amado no seu jardim, e coma os seus frutos
excelentes!
Comentários adicionais ao texto do Capítulo 4
O livro de Cântico dos Cânticos surge no cânon bíblico para celebrar aquilo que seria o momento mais exponencial da vida humana, o clímax da união conjugal entre os dois sexos criados pelo Senhor, quando o amor os une e os faz viajar por sentimentos de carinhos, renúncia, dádivas, entregas, sem nada querer em troca, pois para isto ela e ele foram feitos.
A visão do autor é a do amor romântico entre noivos que colimam a união matrimonial ou de cônjuges que anseiam pelo encontro e pela intimidade conjugal. Sabemos que na cultura judaica havia todo um ritual sobre isto. O Antigo Testamento e mesmo o Novo Testamento nos dão a entender sobre os simbolismos e cuidados com que eles ornavam e celebravam o casamento. Era uma festa de 7 dias, com processionais da noiva e de suas amigas, do noivo e seus amigos e
toda uma festividade se desenrolando com cânticos, comes e bebes. Jesus participou de um deles em Caná da Galiléia.
Temos que lembrar sempre que as expressões poéticas e as imagens de retórica aplicadas à atração sensual que têm um pelo outro, se
não são comuns hoje em dia, pois os tempos são outros, expressam ainda o sentimento que une homem e mulher quando se sentem
atraídos um pelo outro.
Alguns destaques do Capítulo 5
[1. [5.1] Venho ao meu jardim, minha irmã, noiva
minha, para colher a minha mirra com o meu
bálsamo, para comer o meu favo com o meu mel,
e beber o meu vinho com o meu leite. Comei, amigos, bebei abundantemente, ó amados. [2] Eudormia, mas o meu coração velava. Eis a voz do meu amado! Estábatendo: Abre-me, minha irmã, amada minha, pomba minha, minhaimaculada; porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meuscabelos das gotas da noite. [3] Já despi a minha túnica; como atornarei a vestir? já lavei os meus pés; como os tornarei a sujar? [4]O meu amado meteu a sua mão pela fresta da porta, e o meu coraçãoestremeceu por amor dele. [5] Eu me levantei para abrir ao meuamado; e as minhas mãos destilavam mirra, e os meus dedos gotejavammirra sobre as aldravas da fechadura. [6] Eu abri ao meu amado, masele já se tinha retirado e ido embora. A minha alma tinha desfalecidoquando ele falara. Busquei-o, mas não o pude encontrar; chamei-o,porém ele não me respondeu. [7] Encontraram-me os guardas querondavam pela cidade; espancaram-me, feriram-me; tiraram-me omanto os guardas dos muros.
Alguns destaques do Capítulo 5
[8] Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, se encontrardes o meu amado, que lhe digais que estou enferma de amor. [9] Que é o teu amadomais do que outro amado, ó tu, a mais formosaentre as mulheres? que é o teu amado mais do que outro amado, para que assim nos conjures? [10] O meu amado é cândido e rubicundo, o primeiro entre dez mil. [11] A sua cabeça é como o ouro mais refinado, os seus cabelos são crespos, pretos como o corvo. [12] Os seus olhos são como pombas junto às correntes das águas, lavados em leite, postos em engaste. [13] As suas faces são como um canteiro de bálsamo, os montões de ervas aromáticas; e os seus lábios são como lírios que gotejam mirra. [14] Os seus braços são como cilindros de ouro, guarnecidos de crisólitas; e o seu corpo é como obra de marfim, coberta de safiras. [15] As suas pernas como colunas de mármore, colocadas sobre bases de ouro refinado; o seu semblante como o Líbano, excelente como os cedros. [16] O seu falar é muitíssimo suave; sim, ele é totalmente desejável. Tal é o meu amado, e tal o meu amigo, ó filhas de Jerusalém.
Comentários adicionais ao texto
do capítulo 3:Estava faltando na Palavra de Deus um texto que celebrasse o amor conjugal criado por Deus em Gênesis. Quando o Senhor ali disse que “serão uma só carne”, celebrando assim o casamento de Adão e Eva, ficou faltando a festa, o banquete. O escritor do Gênesis, deu apenas início a uma celebração que seria marcante e permanente na Palavra de Deus: o casamento entre o homem e a mulher para a perpetuação da espécie, sim, mas também para a consumação da vida sexual que ele o Senhor incutiu naturalmente em cada um dos seres por ele criados. Abraão e Sara... Moisés e Joquebede... Davi e Bete-Sabá, simbolizam este amor cristalizado na vida marital, conjugal e sexual. Salomão agora em seus Cânticos dos Cânticos escreve então, sobre esta festa. Se em Gênesis não existe a comemoração das bodas, aqui em Cântico dos Cânticos ela está presente em todo o livro. Uma celebração do amor conjugal, reconhecendo-o como
fundamental e maravilhoso para a felicidade de sua criatura, o homem e a mulher... Existe em certos textos de Cântico dos Cânticos uma linguagem que poderíamos
chamar mesmo de sensual ou erótica. Lembremo-nos que aos olhos de Deus o amor sexual não é pecado, desde que compartilhado entre dois seres que se amam e se
unem pelo casamento. A beleza física do homem e da mulher, que se tornam atraentes entre os cônjuges é perfeitamente compreensível pelo Senhor como o
próprio texto nos demonstra. Este amor heterossexual é o que o Senhor espera de sua criatura que, saudavelmente, ama o seu parceiro conjugal e não os desvios e
descalabros que a homossexualidade tem buscado fazer prevalecer nos tempos presentes com as paradas de gays e de lésbicas invadindo as cidades, num desvio comportamental, patológico e anormal sem igual, que a legislação moderna vem
procurando abrigar e regulamentar.
Alguns destaques do capítulo 6[6.1] Para onde foi o teu amado, ó tu, a mais formosaentre as mulheres? para onde se retirou o teu amadoa fim de que o busquemos juntamente contigo? [2] Omeu amado desceu ao seu jardim, aos canteiros debálsamo, para apascentar o rebanho nos jardins e paracolher os lírios. [3] Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu; ele apascenta o rebanho entre os lírios. [4] Formosa és, amada minha, como Tirza, aprazível como Jerusalém, imponente como um exército com bandeiras. [5] Desvia de mim os teus olhos, porque eles me perturbam. O teu cabelo é como o rebanho de cabras que descem pelas colinas de Gileade. [6] Os teus dentes são como o rebanho de ovelhas que sobem do lavadouro, e das quais cada uma tem gêmeos, e nenhuma delas é desfilhada. [7] As tuas faces são como as metades de uma romã, por detrás do teu véu. [8] Há sessenta rainhas, oitenta concubinas, e virgens sem número. [9] Mas uma só é a minha pomba, a minha imaculada; ela e a única de sua mãe, a escolhida da que a deu à luz. As filhas viram-na e lhe chamaram bem-aventurada; viram-na as rainhas e as concubinas, e louvaram-na. [10] Quem é esta que aparece como a alva do dia, formosa como a lua, brilhante como o sol, imponente como um exército com bandeiras? [11] Desci ao jardim das nogueiras, para ver os renovos do vale, para ver se floresciam as vides e se as romanzeiras estavam em flor. [12] Antes de eu o sentir, pôs-me a minha alma nos carros do meu nobre povo. [13] Volta, volta, ó Sulamita; volta, volta, para que nós te vejamos. Por que quereis olhar para a Sulamita como para a dança de Maanaim?
Comentários adicionais ao texto do Capítulo 6Embora o livro seja escrito numa sociedade que
aceitava apoligamia, especialmente numa casa real, e numa
época emque o fato de ter mais de uma mulher em casa, e emclasses diferenciadas para elas, pois existiam as
esposasprivilegiadas (as que advinham de castas sociais
elevadas),as princesas que eram dadas em casamento por seus
paisreis (para favorecer interesses do reino), as
conselheiras (as mais velhas que serviam de orientadoras para as mais novas), as serviçais (que faziam o trabalho da casa), as mais jovens ou mais atraentes (separadas para o ato sexual com o senhor da casa), a verdade é que a mensagem nele contida em termos do relacionamento que conta, é sempre único e exclusivo. Embora a atração sexual seja bem evidenciada no texto, como o instrumento motor para a unidade conjugal, não há a interveniência de terceiras na relação do personagem principal (o meu amado), com a sua noiva, ou esposa, algumas vezes chamada de "irmã", para simbolizar a unidade de ambos (a minha amada). Eles são um do outro. Uma das instituições sociais mais degradadas pela sociedade moderna de hoje, infelizmente, é a da existência do leito conjugal sem mácula. A fidelidade conjugal é algo descartável aos olhos da mídia moderna. O casamento como instituição divina vem sofrendo os ataques mais cruéis do pecado, exatamente naquele seu mais sublime e belo atributo: a fidelidade conjugal. A exclusividade que o texto a seguir nos transmite, é o espírito puro e santo que o Senhor Deus deseja e espera no matrimônio cristão. Foi para isto que ele nos criou. Foi com esta finalidade que ele nos fez, homem e mulher. Para sermos um do outro, num vínculo permanente e indissolúvel.
Alguns destaques do Capítulo 7
[7.1] Quão formosos são os teus pés nas sandálias, ó filha de príncipe! Os contornos das tuas coxas sãocomo jóias, obra das mãos de artista. [2] O teu umbigocomo uma taça redonda, a que não falta bebida; o teuventre como montão de trigo, cercado de lírios. [3] Osteus seios são como dois filhos gêmeos da gazela. [4] O teu pescoço como atorre de marfim; os teus olhos como as piscinas de Hesbom, junto à porta deBate-Rabim; o teu nariz é como torre do Líbano, que olha para Damasco.
[5] A tua cabeça sobre ti é como o monte Carmelo, e os cabelos da tua cabeça
como a púrpura; o rei está preso pelas tuas tranças. [6] Quão formosa, e quão
aprazível és, ó amor em delícias! [7] Essa tua estatura é semelhante à
palmeira, e os teus seios aos cachos de uvas. [8] Disse eu: Subirei à palmeira,
pegarei em seus ramos; então sejam os teus seios como os cachos da vide, e o
cheiro do teu fôlego como o das maçãs, [9] e os teus beijos como o bom vinho
para o meu amado, que se bebe suavemente, e se escoa pelos lábios e dentes.
[10] Eu sou do meu amado, e o seu amor é por mim. [11] Vem, ó amado meu,
saiamos ao campo, passemos as noites nas aldeias. [12] Levantemo-nos de
manhã para ir às vinhas, vejamos se florescem as vides, se estão abertas as
suas flores, e se as romanzeiras já estão em flor; ali te darei o meu amor.
[13] As mandrágoras exalam perfume, e às nossas portas há toda sorte de
excelentes frutos, novos e velhos; eu os guardei para ti, ó meu amado.
Alguns destaques do Capítulo 8 [8.1] Ah! quem me dera que foras como
meu irmão, que mamou os seios de minha mãe! quando eu te encontrasse lá fora, eu te beijaria; e não me desprezariam! [2] Eu te levaria e te introduziria na casa de minha mãe, e tu me instruirias; eu te daria a beber vinho aromático, o mosto das minhas romãs. [3] A sua mão esquerda estaria debaixo da minha cabeça, e a sua direita me abraçaria.
[4] Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, que não acordeis nem desperteis o amor, até que ele o queira. [5] Quem é esta que sobe do deserto, e vem
encostada ao seu amado? Debaixo da macieira te despertei; ali esteve tua mãe com dores; ali esteve com dores aquela que te deu à luz. [6] Põe-me
como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço; porque o amor é forte como a morte; o ciúme é cruel como o Seol; a sua chama é chama de
fogo, verdadeira labareda do Senhor. [7] As muitas águas não podem apagar o amor, nem os rios afogá-lo. Se alguém oferecesse todos os bens de sua
casa pelo amor, seria de todo desprezado. [8] Temos uma irmã pequena, que ainda não tem seios; que faremos por nossa irmã, no dia em que ela for
pedida em casamento? [9] Se ela for um muro, edificaremos sobre ela uma torrezinha de prata; e, se ela for uma porta, cercá-la-emos com tábuas de cedro. [10]: Eu era um muro, e os meus seios eram como as suas torres;
então eu era aos seus olhos como aquela que acha paz. [11]: Teve Salomão uma vinha em Baal-Hamom; arrendou essa vinha a uns guardas; e cada um
lhe devia trazer pelo seu fruto mil peças de prata. [12] A minha vinha que me pertence está diante de mim; tu, ó Salomão, terás as mil peças de prata, e os
que guardam o fruto terão duzentas. [13] Ó tu, que habitas nos jardins, os companheiros estão atentos para ouvir a tua voz; faze-me, pois, também
ouvi-la. [14] Vem depressa, amado meu, e faze-te semelhante ao gamo ou ao filho da gazela sobre os montes dos aromas.
Comentários adicionais ao texto dos capítulo 7 e 8:
Nestes dois últimos capítulos, nóstemos a vida conjugal ou amorosa de
dois seres que se amam e se entregam um ao outro, descrita de forma poética
e figurada, em imagens que ficam difícil para o nosso melhor entendimento, dada a distância social, cultural e conjuntural que nos separa daquela época e daquele povo. O amor sexual é aqui celebrado: "Quão formosos são os teus pés... as tuas coxas... o teu umbigo... o teu ventre... os teus seios... o teu pescoço... os teus olhos... o teu nariz... a tua cabeça, os teus cabelos..." (7.1-5). Poderíamos mesmo afirmar que, não apenas celebrado, mas também consumado, pois toda a descrição que faz o rei de sua amada nestes versículos acima, é complementado por um texto que transmite o sentimento de satisfação sexual que a unidade física entre ambos deve ter-lhe trazido: "Quão formosa, e quão aprazível és, ó amor em delícias" (7.6). O autor, tece nestes dois capítulos uma espécie de diálogo, em que um responde ao outro. O primeiro faz declarações de amor e de carinho ao segundo, que por sua vez lhe responde com a mesma intensidade. A linguagem é poética e figurada, mas deseja exprimir a intensidade e a beleza do sentimento que une o casal. Algumas comparações e alusões são feitas aos componentes da vida familiar como instrumentos para a solidez deste amor: a mãe, o irmão, a irmã dando testemunho desta intimidade para sempre: "Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço; porque o amor é forte como a morte; o ciúme é cruel como o Seol; a sua chama é chama de fogo; verdadeira labareda do Senhor". (8.6).
Uma das coisas mais belas na comunhão fraterna do ser humano é a perenidade do amor conjugal. Pessoas que se amam e se casam e celebram bodas de prata, de ouro, de
brilhante, vivendo juntas para sempre. É um amor que não acaba nunca. Muda em seus aspectos íntimos com a idade, com os filhos, os netos, a velhice, mas não perde a sua
intensidade nem a sua integridade, porque no plano de Deus, no dizer do escritor sacro do Cântico dos Cânticos:
"as muitas águas não podem apagar o amor, nem os rios afogá-lo” (8.7).
CONCLUSÃO
Livros com estes que estudamos neste trimestre
são para serem lidos e estudados com um espírito crítico bem apurado, para que possamos retirar dos
ensinamentos neles contidos as verdades que o Senhor
quer nos mostrar.
Leiamos versículo a versículo, paremos um
pouco e fechemos os olhos. Indaguemo-nos então: O que
este texto quer nos dizer?
Isto chama-se reflexão!E é a isto que nos convidam os temas deste trimestre!!!