apostila de livros poéticos

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APOSTILA Curso Básico de Teologia Livros Poéticos Prof. Pr. Alexsandro Marcondes Teixeira INTRODUÇÃO Os livros poéticos estão localizados na parte central da Bíblia Sagrada. São chamados de livros sapienciais, isto é, livros de sabedoria. A maioria deles foram escritos no período áureo da história de Israel, na época dos Reinos Unidos (Israel e Judá), entre os anos 1.010 a 930 a.C. Estes livros recebem esta nomenclatura porque foram escritos em linguagem poética, figurada, onde muitos símbolos são usados, mas isto não significa que os fatos neles descritos são fictícios, imaginários. A maioria dos fatos narrados ou descritos em linguagem poética são expressões de fatos reais, concretos, históricos. Dos 1.189 capítulos da Bíblia, 243 estão nos livros poéticos. Temos muito a aprender com estes livros, a saber: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cânticos do Cânticos. Esboço de Jó* Introdução 1.1-2.13 Jó é consagrado e rico 1.1-5 Satanás desafia o caráter de Jó 1.6-12 Satanás destrói as propriedades e os filhos de Jó 1.13-22 Satanás ataca a saúde de Jó 2.1-8 Reação da esposa de Jó 2.9,10 A visita dos amigos de Jó 2.11-13 I. Diálogo entre Jó e os seus três amigos 3.1-26.1 Clamor de desespero de Jó 3.1-26 Primeiro diálogo 4.1-14.22 Segundo diálogo 15.1-21.34 Terceiro diálogo 22.1-26.14 SETEBBE – Livros Poéticos – Pr. Alexsandro Marcondes Teixeira 1

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APOSTILACurso Básico de TeologiaLivros Poéticos

Prof. Pr. Alexsandro Marcondes Teixeira

INTRODUÇÃO

Os livros poéticos estão localizados na parte central da Bíblia Sagrada. São chamados de livros sapienciais, isto é, livros de sabedoria. A maioria deles foram escritos no período áureo da história de Israel, na época dos Reinos Unidos (Israel e Judá), entre os anos 1.010 a 930 a.C. Estes livros recebem esta nomenclatura porque foram escritos em linguagem poética, figurada, onde muitos símbolos são usados, mas isto não significa que os fatos neles descritos são fictícios, imaginários. A maioria dos fatos narrados ou descritos em linguagem poética são expressões de fatos reais, concretos, históricos. Dos 1.189 capítulos da Bíblia, 243 estão nos livros poéticos. Temos muito a aprender com estes livros, a saber: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cânticos do Cânticos.

Esboço de Jó*

Introdução 1.1-2.13

Jó é consagrado e rico 1.1-5Satanás desafia o caráter de Jó 1.6-12Satanás destrói as propriedades e os filhos de Jó 1.13-22Satanás ataca a saúde de Jó 2.1-8Reação da esposa de Jó 2.9,10A visita dos amigos de Jó 2.11-13

I. Diálogo entre Jó e os seus três amigos 3.1-26.1

Clamor de desespero de Jó 3.1-26Primeiro diálogo 4.1-14.22Segundo diálogo 15.1-21.34Terceiro diálogo 22.1-26.14

II.Discurso final de Jó aos seus amigos 27.1-31.40III. Eliú desafia Jó 32.1-37.24IV. Deus responde de um remoinho 38.1-41.34V. A resposta de Jó 42.1-6VI. Parte histórica final 42.7-17

Fonte: Bíblia Plenitude* WWW.vivos.com.br

SETEBBE – Livros Poéticos – Pr. Alexsandro Marcondes Teixeira 1

Quando Jó viveu?*

O livro de Jó tem um lugar muito especial nas Escrituras. Fala sobre o terrível sofrimento de um servo de Deus, e como ele e seus amigos procuraram fazer sentido da angústia dele.

A pessoa que lê a Bíblia de começo ao fim, não achando nenhuma data no livro de Jó, poderia pensar que fora escrito depois de Ester, o livro anterior nas nossas Bíblias. Mas as evidências sugerem que Jó viveu bem antes de Ester. Vamos observar alguns fatos:

1. A posição de Jó no Velho Testamento é devido ao estilo de literatura, e não à data: Normalmente reconhecemos quatro ou cinco divisões principais do Velho Testamento. Os primeiros cinco livros (o Pentateuco) explicam a origem do mundo, dos homens e, especialmente, do povo de Israel. Os próximos doze (de Josué a Ester) seguem a história dos judeus da conquista da terra prometida até o cativeiro babilônico e o retorno à terra. Os próximos cinco (de Jó até Cântico dos Cânticos) são livros de sabedoria e louvor. Os últimos 17 (Isaías até Malaquias) são livros proféticos, que relatam algumas pregações de alguns mensageiros de Deus daquela época (às vezes, os livros proféticos são divididos em cinco maiores e doze menores). Percebemos que Jó não segue Ester. É o primeiro dos livros de Sabedoria.

2. Os sacrifícios de Jó: Na época dos Patriarcas, vários servos de Deus faziam sacrifícios em diversos lugares (Gn 9:20-21; 12:7-8; 33:20; 35:14; etc.). Uma vez que o povo de Israel chegou à terra prometida, foi proibido para os judeus oferecerem sacrifícios em outros lugares, a não ser no local designado por Deus (Dt 12.1-14). Além disso, somente sacerdotes levitas faziam esses sacrifícios (Lv 14.19). Se Jó fosse israelita vivendo sob a Lei dada por meio de Moisés, ele não teria direito de fazer os seus próprios sacrifícios em outros lugares, como fez com a aprovação de Deus (Jó 1.5; 42.8).

3. A idade de Jó: No início do livro de Jó, achamos um homem casado com dez filhos adultos e muitas posses. Depois de suas experiências com sofrimento e os debates com seus amigos, Jó ainda viveu 140 anos (42:16-17). Ao todo, a vida de Jó certamente chegou perto de 200 anos, e talvez foi muito além dessa idade. Sabemos que os homens nos primeiros capítulos de Gênesis atingiam idades bem avançadas. Depois do dilúvio, as idades começaram a diminuir. Abraão viveu 175 anos; Isaque, 180; Jacó, 147; José, 110; etc. Depois do livro de Gênesis, não há registro de ninguém que viveu 140 anos ou mais. Este fato sugere que Jó se encaixa na época dos Patriarcas, talvez durante ou antes do tempo de Abraão.

Jó, sem o privilégio que nós temos de estudar a história de milhares de anos da fidelidade de Deus para com os homens, se mostrou fiel ao Senhor. O exemplo dele de enfrentar calamidades com plena confiança em Deus nos desafia hoje. E nós temos a vantagem de podermos ler o livro de Jó e dezenas de outros livros que mostram a fidelidade e a bondade do Senhor!                

SETEBBE – Livros Poéticos – Pr. Alexsandro Marcondes Teixeira 2

– por Dennis Allan* WWW.estudosdabiblia.net

Autoria*:

A autoria de Jó é incerta. Alguns eruditos atribuem o livro a Moisés. Outros atribuem a um dos antigos sábios, cujos escritos podem ser encontrados em Provérbios ou Eclesiastes. Talvez o próprio Salomão tenha sido seu autor.* WWW.vivos.com.br

Observações gerais sobre o livro*:

Sobre a autoria: “Quem quer que o tenha escrito recebeu uma revelação especial de Deus a respeito das cenas e conversas ocorridas no céu, conforme cap. 1-2”.Tema: “Existem tantas lições maravilhosas no livro de Jó que é quase impossível apontar uma em particular. Podemos dizer que é um tratado a respeito do sofrimento humano e seus efeitos sobre a pessoa e seus amigos; uma explicação do motivo pelo qual essas coisas acontecem mesmo aos que são piedosos na terra. Também deixa claro qual é a parte de Deus e o Diabo desempenham no sofrimento humano”.Estatísticas: “18º livro da Bíblia; 42 capítulos; 1.070 versículos”.* Bíblia de Estudo Dake, pag. 812,813

Um esboço de pregação baseado no livro de Jó

“AS PROVAÇÕES DE JÓ”

O livro de Jó é um dos mais sublimes da literatura mundial. Sabemos pela própria Bíblia que o personagem Jó foi uma pessoa real, histórica, realmente existiu (Ez 14.14,20; Tg 5.11). O livro trata de um assunto antiguíssimo: “Por que sofrem os justos se Deus é um Deus de amor e misericórdia?”. O livro nos ensina claramente acerca da vontade soberana de Deus sobre todas as coisas. No livro Jó é provado duramente. Que lições podemos aprender com as provações de Jó?

I) POR QUAIS PROVAÇÕES JÓ PASSOU?1 – Jó perdeu todos os bens materiais (1.13-17).2 – Jó perdeu todos os filhos no mesmo dia (1.18,19).3 – Jó perdeu o respeito da esposa (2.9,10).4 – Jó perdeu a saúde física (2.7,8; 7.5; 30.17,30).5 – Jó perdeu a honra na sociedade (19.13-16).6 – Além disso foi acusado pelos seus três amigos, Elifaz, Bildade e Zofar, dos mais terríveis pecados (3.1-31.40)*:

6.1. Os ataques de Elifaz:· Ele diz a Jó: “A tua própria boca te condena e não eu”. (Jó 15.6);· “Todos os dias o ímpio sofre tormentos, no curto número de anos que se reservam para o opressor”. (Jó 15.20);

6.2. Os ataques de Bildade:· São suas palavras a Jó: “A luz dos ímpios se apaga; a faísca do seu lar não resplandece; a luz se escurece nas suas tendas e a sua lâmpada ao lado dele se apaga”. (Jó 18.5 e 6);

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· “(O ímpio) é arrancado de sua tenda e é levado ao rei dos terrores” (Jó 18.14);

6.3. Os ataques de Zofar:· Suas palavras a Jó: “O júbilo dos ímpios é breve e a alegria dos ímpios dura apenas um momento. Ainda que o seu orgulho suba até o céu, e a sua cabeça chegue até as nuvens, como o seu próprio ESTERCO apodrecerá para sempre”. (Jó 20.5 a 7).* Pr. Ezequias Costa: www.ibparadaxv.org.br/estudos/ebdq/estudo_livro_jo.pdf

II) COMO JÓ SE MANTEVE DURANTE AS PROVAÇÕES?

1 – Mesmo perplexo, sofrendo sem entender o que se passava, ele adorou a Deus (1.20-22).2 – Manteve inabalável a razão da sua fé, não se deixando levar pelas emoções (2.9,10).3 – Expressou sempre diante dos outros a sua confiança no seu Redentor (19.25-27).4 – Num determinado momento, sob forte pressão, tentou se autojustificar (27.1-6). III) QUE BÊNÇÃOS JÓ RECEBEU DURANTE E APÓS AS SUAS PROVAÇÕES?

1 – Conheceu por revelação e experiência própria quem é o Senhor da Glória (38-41; 42.5).2 – Teve as suas posses materiais restauradas em dobro (42.12).3 – Teve a sua família restaurada (42.13-15).4 – Teve a sua honra restaurada (42.10.11).5 – Teve a sua saúde restaurada (42.13-15).6 – Teve um final feliz e honroso (42.16,17).

As provações de Jó duraram meses, mas ele não apostatou da fé. Não entendemos muitas vezes o porquê de provações terríveis que sobrevém sobre nós, mas podemos ter a certeza de que Deus está no controle dos acontecimentos (Rm 8.28). Ele até permite que o Diabo prove a nossa fé, mas a sua ação sobre nós é limitada pelo poder de Deus. Mas, podemos ter a certeza que haverá um final glorioso para os que confiam plenamente em Deus durante as provações.

“Os tempos de sofrimento são tempos de aprendizado”.William Brigde

“As tribulações são, na maior parte das vezes, ferramentas com as quais Deus nos molda para coisas melhores”.

Henry Ward Beecher“Nosso Pai Celestial nunca tira nada de seus filhos, a não ser que

pretenda dar-lhes algo melhor”.George Müller

“Em mil provações, não são quinhentas às que trabalham para o bem daquele que crê, mas novecentas e noventa e nove, mais uma”.

George Müller

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Salmos

O livro de Salmos é um dos mais amados de toda a Bíblia. Mesmo aqueles que não são judeus nem cristãos apreciam a leitura dos Salmos. “O Livro dos Salmos foi gradualmente colecionado e originalmente intitulado,talvez devido à grande variedade de material. Ele veio a ser conhecido como Sepher Tehillim – “Livro dos Louvores” – em virtude de quase todo salmo conter alguma nota de louvor a Deus. A Septuaginta (LXX) usa a palavra grega Psalmoi como título para este livro, significando poemas entoados com acompanhamento de instrumentos musicais. Ele também é chamado Psalterium (coleção de cânticos), e esta palavra é a base para o termo “Saltério”. O título latino é Liber Psalmorum, “Livro de Salmos”.** Pr. Isaías Lobão Pereira Júnior – artigo do site: WWW.monergismo.com.br

Data e Local:

O livro foi escrito em Israel e uma parte na Babilônia, entre os anos 1450 a 450 a.C. Vai desde a época de Moisés (autor do Salmo 90) até um período de tempo após o cativeiro babilônico (Sl 147.2).

Divisões do livro**:

Livro I – Salmos 1- 41 Livro II – Salmos 42 - 72 Livro III – Salmos 73 - 89Livro IV – Salmos 90 - 106Livro V – Salmos 107-150

Estas 5 divisões fazem correspondência com o Pentateuco (os 5 primeiros livros da Bíblia). “O Livro I é chamado do livro do Gênesis: Formado por 41 Salmos. O tema central é o homem – as orientações de Deus, desde o princípio até o fim, em relação ao homem. Assim como Gênesis, começa com a bênção de Deus ao homem (Gn 1-2 com Sl 1), mostrando que essa bênção consiste na obediência à Palavra de Deus e no envolvimento com Ela. O livro continua com a queda e rebelião do homem (Gn 3-11 com Sl 2-15). Termina com a esperança de redenção em Cristo (Gn 12-50 com Sl 16-41), concluindo com uma bênção e um “Amém” duplo (Sl 41.13). O Livro II é chamado o livro do Êxodo: Formado por 31 Salmos (42-72). O tema central é a nação de Israel – a ruína e a redenção de Israel e o seu Redentor. Assim como o Êxodo, começa com um clamor das profundezas da ruína e do desespero (Ex 1-3 com Sl 41-42). Continua com as maravilhas e os poderosos livramentos de Deus (Ex 4-15 com Sl 44-50), e segue com os erros que levaram Israel a desviar-se, com as derrotas por causa dos inimigos, e com as dificuldades enfrentadas (Ex 16-27 com Sl 51-55). Termina com a obra redentora de Deus para Israel e o seu reinado eterno sobre eles (Ex 19-40 com Sl 56-72). Também conclui com uma bênção e um “Amém” duplo (Sl 72.19). O Livro III, chamado o livro de

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Levítico: Formado por 17 Salmos (73-89). O tema central é o santuário e o seu propósito concernente a Deus e ao homem. O livro começa com o santuário e sua relação com o homem, o que revelam a base do relacionamento com Deus (Lv 1-7 com Sl 84-89). Em quase todos os salmos deste livro, o santuário e a relação do homem com ele são mencionados. Conclui com uma bênção e com um “Amém” duplo (Sl 89.52). O Livro IV, é chamado o livro dos Números: Formado por 17 Salmos (90-106). O tema central é Israel e os gentios sobre a terra – as orientações de Deus mostram que não há esperança para o homem na terra fora de Deus. Registra a caminhada do homem em sua peregrinação terrena em direção a um mundo melhor e a uma vida melhor. Começa com Israel no deserto (Nm 1-8 com Sl 90). Continua com a devida ordem e instruções para o futuro (Nm 9-14 com Sl 91-94), a esperança do descanso (Nm 15-26 com Sl 95-100), e a condição para entrar no descanso (Nm 27.36 com Sl 101-106). Conclui com uma bênção, um “Amém” e um “Aleluia” (Sl 106.48). Livro V, chamado o livro de Deuteronômio: Formado por 44 Salmos (107-150). Trata de Deus e sua Palavra, mostrando que todas as bênçãos de Deus para o homem (Livro I), para Israel (Livro II), para o santuário (Livro III) e para a terra e todos os homens (Livro IV) dependem da obediência à Palavra de Deus (Dt 8.3). A desobediência causou aflições ao homem, a dispersão de Israel, a ruína do santuário e os sofrimentos da terra. Somente por meio da obediência à Palavra de Deus estas maldições serão tiradas. Enquanto os outros livros se caracterizam por diversas divisões, este livro, tal como a própria Palavra de Deus, é um todo perfeito. É o único dos cinco livros com um número par de Salmos.

Nestes 5 livros, os títulos divinos que aparecem são: Livro I: Jeová (Senhor) 279 vezes e Elohim (Deus) 48 vezes; Livro II: Jeová 37 vezes e Elohim 262 vezes. El (O Todo-Poderoso) aparece 14 vezes, e Jah, uma vez. Jah é usado em hebraico, pela primeira vez, em Êxodo 15.2; Livro III: Jeová 65 vezes, Elohim 93 vezes e El 5 vezes; Livro IV: Jeová 126 vezes, Elohim 31 vezes e El 6 vezes; Livro V: Jeová aparece 292 vezes, Elohim 41 vezes, Jah 13 vezes, El 10 vezes e Eloah (O Deus vivo) aparece 2 vezes”.

** Bíblia de Estudo Dake, pag. 977

Autores: Os títulos identificam a maioria dos autores***

Davi escreveu 38 ou 39 de 41 salmos no Livro IDavi – 3-9,11-32,34-41 Autor não identificado – 1,10,33 (Alguns atribuem Salmo 10 a Davi, pois parece uma continuação do 9 em estilo e mensagem. Estes dois aparecem como um só Salmo na LXX e em algumas traduções modernas da Bíblia).Ele escreveu 18 de 31 salmos no Livro IIDavi – 51-65,68-70Filhos de Corá – 42,44-49Asafe – 50Salomão – 72

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Autor não identificado – 43,66,67,71 (Salmo 43 é uma continuação do 42, e assim, provavelmente, foi escrito pelos Filhos de Corá).Asafe e os Filhos de Corá, cantores em Jerusalém, escreveram quase todos os salmos no Livro IIIDavi – 86Asafe – 73-83Filhos de Corá – 84-85,87-88Etã, ezraíta – 89O autor não se identifica na maioria dos salmos no Livro IV:Davi – 101,103 95, 96, 105, 106Moisés – 90Autor não identificado – 91-94, 97-100, 102,104Davi escreveu 15 dos salmos no Livro V. A maioria não tem autor identificado:Davi – 108-110,122,124,131,133,138-145Salomão – 127Autor não identificado – 107,111-121,123,125-126, 128-130,132,134-137,146-149(O Salmo 150 é a doxologia final do livro).Obs.: Ao todo, Davi é identificado pelos títulos como autor de 73 dos Salmos. 1 Crônicas 16 contém porções de Salmos 96 e 105 e a doxologia no final do 106, os atribuindo a Davi. Segundo comentários no Novo Testamento, podemos lhe atribuir mais dois (Atos 4.25 – Salmo 2; Hebreus 4.7 – Salmo 95). Se acrescentarmos Salmo 10 à lista (veja comentário acima), teríamos 79 Salmos escritos total ou parcialmente por Davi. Ainda é provável que ele tenha contribuído com mais alguns, sem se identificar.*** Por Dennis G. Allan – Site: WWW.estudosdabiblia.net

INTERPRETANDO OS SALMOS

Para que possamos ter uma interpretação adequada dos Salmos e, também, dos Provérbios, precisamos conhecer os PARALELISMOS. Paralelismo*** é uma colocação de idéias, normalmente duas, numa estrutura que enfatiza a semelhança ou o contraste entre elas. Diversos estudiosos identificam vários tipos de paralelismo nesses livros. Entre os exemplos mais comuns são:

1º) Paralelismo sinonímico: Repete idéias idênticas ou semelhantes usando palavras diferentes.Salmo 15.1 – “Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte?”Salmo 19.2 – “Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite”.

2º) Paralelismo antitético: Apresenta um contraste entre idéias ou imagens.Salmo 1.6 – “Pois o Senhor conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá”.Provérbios 14.28 – “Na multidão do povo, está a glória do rei, mas, na falta de povo, a ruína do príncipe”.

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Provérbios 14.34 – “A justiça exalta as nações, mas o pecado é o opróbrio dos povos”.

3º) Paralelismo sintético ou construtivo: A segunda parte completa ou acrescenta à primeira parte. Às vezes, repete uma parte da primeira frase e continua com maior desenvolvimento da mesma idéia.Salmo 29.1 – “Tributai ao Senhor, filhos de Deus, tributai ao Senhor glória e força”.Salmo 145.18 – “Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade”.*** Por Dennis G. Allan – Site: WWW.estudosdabiblia.net

Outra característica da poesia hebraica para a qual devemos chamar a atenção é o emprego do arranjo acróstico ou alfabético. Existem nove salmos acrósticos no saltério. São eles: 9-10, 25, 34, 37, 111-112, 119 e 145. Neste tipo de composição, as linhas ou estrofes iniciam cada uma, com letras em ordem alfabética. Essa técnica, a exemplo do paralelismo, auxiliaria na memorização e no ensino. Isto também pode sugerir-se que o assunto foi tratado de forma completa.

Regras para interpretação dos Salmos:

1. Se houver uma circunstância histórica que determinou a composição de um Salmo, ela deve ser cuidadosamente estudada. Salmo 3, 32, 51, 63.2. Elemento psicológico: Estudar o caráter do poeta e o estado de mente que compôs o cântico.3. Os Salmos são de vários tipos diferentes.4. Cada Salmo deve ser lido como uma unidade literária.

Características especiais*:

1. É o maior livro da Bíblia e contém o capítulo mais extenso (Sl 119.1-176), o capítulo mais curto (Sl 117.1,2) e o versículo central da Bíblia (Sl 118.8).

2. É o hinário e livro devocional dos hebreus, e a sua profundidade e largueza espirituais fazem com que este livro seja o mais lido e estimado do A.T. pela maioria dos crentes.

3. “Aleluia”, que é traduzido por “Louvai ao Senhor” é uma palavra conhecida universalmente pelos cristãos. Ela ocorre 28 vezes na Bíblia, sendo que 24 delas estão em Salmos. O auge é o Salmo 150, onde “Aleluia” é repetida em todos os versículos. Obs.: Não existe a palavra no plural “Aleluias”.

4. Nenhum outro livro da Bíblia expressa tão bem a gama inteira de emoções e necessidades humanas em relação a Deus e à vida humana. Suas expressões de louvor e devoção fluem dos picos mais altos, da comunhão com Deus, e seus brados de desespero ecoam dos vales mais profundos do sofrimento.

5. Cerca de metade dos Salmos consiste de orações de fé em tempos de tribulação.

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6. É livro do Antigo Testamento (A.T.) mais citado no Novo Testamento (N.T.), num total de 186 vezes.

7. A característica literária principal do livro é um estilo poético chamado paralelismo, que utiliza mais o ritmo dos pensamentos do que o ritmo da rima ou da métrica. Esta característica possibilita a tradução da sua mensagem de um idioma para outro sem muita dificuldade.

* Bíblia de Estudo Pentecostal, Pág. 815

A CLASSFICAÇÃO DOS SALMOS

Conforme a Bíblia de Estudo Pentecostal, os salmos podem ser classificados nos seguintes temas: a) Cânticos de Aleluia ou de Lou vor : Engrandecem o nome, a bondade, a grandeza, a majestade e a salvação de Deus. Sl 8, 34, 103,  115, 145 e 150.b) Cânticos de Ação de Graças: Reconhecem o socorro e o livramento divinos. Sl 18,34,100,126 e 138.c) Salmos de Oração e Súplicas: Incluem lamentos e petições diante de Deus. Sl 3,6, 54, 90,141 e 143.d) Salmos Penitenciais: Tratam da confissão de pecados. Sl 32, 38, 51 e 130.e) Cânticos da História da Bí blia : Narram como Deus se relacionou com Israel ao longo de sua história. Sl 78, 105, 108, 126 e 137.f) Salmos da Majestade Divina: Declaram a soberania de Deus. Sl 24, 47, 93 e 96.g) Cânticos Litúrgicos: Usados em eventos ou festas especiais em Israel. Sl 15,24, 45 e 68.h) Salmos de Confiança e Devo cão : Expressam confiança e devoção a Deus. Ex Sl 11,16,23,27,40,46, 131 e 139.i) Cânticos de Romagem: Também chamados "Cânticos de Sião" ou "Cânticos dos Degraus". Eram entoados pelos peregrinos, a caminho de Jerusalém, para celebrarem as festas anuais. Sl 43, 46, 48, 76, 84, 120-134.j) Cânticos da Criação: Referem-se ao poder criador de Deus e suas obras. Sl 8, 19, 33, 65 e 104.l) Salmos Sapienciais e Didáti cos : Revelam a sabedoria de Deus. Sl 1, 34, 37, 112, 119 e 133.m) Salmos Régios ou Messiâni cos : Descrevem certas experiências dos reis Davi e Salomão, com significado profético, prefigurando a vinda do Messias. Sl 2, 16, 22, 41, 72, 102, 110 e 118.n) Salmos Imprecatórios: Invocam maldição, ou vingança, sobre os inimigos de Deus e de seu povo. Sl 7, 35, 58, 59, 109 e 137.

PROPÓSITO OU FINALIDADE DOS SALMOS

1. Devocional: No seu sentido original, os salmos foram destinados à adoração a Jeová através de orações cantadas com acompanhamento de instrumentos musicais.

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2. Cultual: Na Páscoa, na Festa dos Tabernáculos e na Festa da Colheita, os Salmos dos Degraus, do 120 ao 134, eram os mais usados. Segundo Davidson, "eram habitualmente entoados por um coro de levitas, de pé, nos quinze degraus que ligavam os dois pátios do templo" (Novo Comentário da Bíblia). O Salmo 130 era muito usado em ocasiões de penitência como, por exemplo, no Dia da Expiação. Os salmos 92 a 100 eram eminentemente sabáticos. Além disso, os judeus tinham, em cada dia da semana, um salmo habitual.

Termos técnicos e títulos descritivos*: Selá: Este vocábulo ocorre 71 vezes, principalmente entre os livros I a III. Para alguns autores, trata-se de um sinal para mudança no acompanhamento musical, ou para aumentar o som dos instrumentos ou das vozes. 

PALAVRASIGNIFICADO (provável ou possível)

POSICIONAMENTO

Ajjeleth hashshahar

“corça da manha”; talvez o título de alguma melodia hebraica

fim do Sl 21

Alamot “cantoras virgens” fim do Sl 45

Al tachete“não destruas”; talvez uma melodia

fim do Sl 56,57,58,74

Gitite“lagar”; refere ao fruto do outono, Festa dos Tabernáculos, preservação

fim do Sl 7, 80,83

Jedútun

“aquele que dá louvor”; o nome de um dos três diretores da música no templo; veja 1Cr 16.41,42; 1Cr 25.1-8; 2Cr 5.12

fim do Sl 38, 61,76

Jonate-elem recoquim

“a pomba emudecida em terra longínqua”; Davi é a pomba fugindo de Absalão; talvez uma melodia hebraica

fim do Sl 55

Machalath“a grande dança”; talvez alguma melodia

fim do Sl 52

Machalath-Leanote

“danças com gritos” fim do Sl 87

Maskil Salmo didático; instrução início do Sl 32, 42,

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conhecimento44, 45, 52, 53, 54, 55, 74, 78, 88, 89, 142

Mictam“ignorada”; “gravada”; indicando ênfase e permanência; talvez um termo musical

início do Sl 16, 56, 57, 58, 59, 60

Mutelabem

“morte de um filho (campeão)”; refere-se à vitória de Davi sobre Golias (1Sm 17.4,23).  “Mute” = monte; “bem” = filho; “beym” = aquele entrando entre

fim do Sl 8

Neginote; Nehiloth

“instrumentos de corda”fim do Sl 3, 5, 53, 54, 60, 66, 75

Sheminith“oitava”; “baixo”; talvez o 8º grupo na procissão que trouxe a arca

fim do Sl 5, 11

Shiggaion“cântico emocional em voz alta de alegria ou aflição”

início do Sl 7

Shoshannim

“lírios”; talvez alguma melodia; fala de flores, primavera, Festa da Páscoa,; libertação

fim do Sl 44, 68

Shushan Eduth

“lírios de testemunho; talvez uma melodia

fim do Sl 59, 79

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CRISTO NOS SALMOSProfeta (Sl 22.22)Sacerdote (88;110)Rei (2; 21; 45; 72)Seus sofrimentos (Sl 22 e 69)Sua ressurreição (Sl 16)

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*Saltério: Antigo instrumento musical de cordas, de forma triangular e muito conhecido na antiguidade.**Conjunto dos 150 salmos bíblicos.

Provérbios

Provérbios são frases que expressam em poucas palavras lições de sabedoria, para a vida espiritual, moral, social e profissional. Todos nós gostamos de frases bem elaboradas, de pensamentos escritos por pessoas sábias que trazem edificação. Embora estas frases exprimam grandes verdades, elas não foram inspiradas por Deus como as descritas no livro de Provérbios. Temos muito a aprender com este livro sagrado.

AUTORIA*           

Há pelo menos sete indicações da autoria no próprio livro*1.         1.1 – “provérbios de Salomão”.2.         10.1 – “provérbios de Salomão” (título).3.         22.17 – “palavras dos sábios”.4.         24.23 – “provérbios dos sábios”.5.         25.1 – “também estes são provérbios de Salomão, os quais transcreveram os homens de Ezequias, rei de Judá”.6.         30.1 – “palavras de Agur, filho de Jaque, de Massa” (título).7.         31.1 – “palavras do rei Lemuel, de Massa, as quais lhe ensinou sua mãe”.             O livro é prefaciado com o nome de Salomão, mas há uma seção atribuída aos “sábios”, e dois capítulos são atribuídos: um a Agur e o outro a Lemuel. Há quem tente explicar o fato, dizendo que Lemuel e Agur são outros nomes de Salomão, mas isso é improvável.A tradição judaica no Baba Bathra 15a afirma que “Ezequias e seus companheiros escreveram os Provérbios”. Provavelmente que esta declaração talmúdica refira-se a “Ezequias e seus companheiros” não como autores, mas como compiladores que ajuntaram e editaram o livro, acrescentando outros provérbios.Podemos admitir algumas conclusões:1.         A maior parte dos provérbios são realmente de Salomão. Conforme 2 Rs 4.32 lemos que Salomão “disse três mil provérbios e foram o seus cânticos mil e cinco”.

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2.         Agur foi o autor do cap. 30, e nada se sabe a seu respeito.3.         O rei Lemuel foi o autor do cap. 31, e também, nada se sabe sobre a sua identidade.4.         Podemos deduzir que Salomão tenha compilado e incluído os provérbios pré-existentes aos seus, os “provérbios dos sábios”. Edward J. Young observa que “pode ser que esta referência aos sábios não seja indicação de autoria, mas mostre simplesmente que as palavras empregadas pelo escritor são as aprovadas ou seguidas pelos sábios, ou pelo menos estão de acordo com os seus ditos”.5.         Ezequias e sua equipe adicionaram em seus dias (cerca 700 a.C.), outros provérbios, talvez do próprio Salomão, e de outros sábios, que igualmente foram inspirados e guiados pelo Espírito Santo.6.         Os dois últimos capítulos são unidades independentes, de autores desconhecidos. Seriam como apêndices.* WWW.monergismo.com: Rev. Ewerton Barcelos Tokashiki DATA*

            Não há motivos sólidos para abandonarmos a autoria de Salomão da primeira parte do livro. Nesse caso, a data provável seria aproximadamente 950-900 a.C., para a escrita dos capítulos 1-24, na metade final do seu reinado, e aproximadamente 725-700 a.C. para os últimos capítulos 25-31, que foram compilados por “Ezequias e seus companheiros”.            O livro apócrifo Eclesiástico 47.17, cita Pv 1.6. Este apócrifo é datado em 200 a.C.. Ao citar Provérbios isso aponta algumas evidências da data do livro:1.         Provérbios já existia tempo suficiente, antes de Eclesiástico, para que tornasse reconhecido como fonte de autoridade canônica.2.         O livro de Provérbios influenciou o estilo literário de Eclesiástico, o que indica uma imitação daquilo que se tornara “padrão” no estilo Mashal.* WWW.monergismo.com: Rev. Ewerton Barcelos Tokashiki

ESTATÍSTICAS*

Tem 31 capítulos; 915 versículos; 560 provérbios; 67 pecados; 28 coisas a respeitos dos preguiçosos; 25 coisas abomináveis aos olhos de Deus; 215 ordens; 120 promessas; 27 bênçãos; 17 “coisas melhores”.* Bíblia de Estudo Dake, CPAD, pag. 1017

CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS*

1ª) A sabedoria da parte de Deus não está ligada, diretamente, a grande inteligência ou a grandes conhecimentos, mas ao “temor do Senhor” (1.7). Sábios são aqueles que andam com Deus e observam a sua Palavra.

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2ª) É o livro mais prático do Antigo Testamento, pois abrange orientações sobre várias áreas da vida humana.3ª) Foi escrito para ser memorizado, guardado na memória. Por isso o autor utilizou frases curtas.4ª) É cheio de figuras de linguagem: Paralelismos, símiles, metáforas, preceitos e repetições.5ª) A esposa e mãe sábia e retratada de forma especial,dando um grande valor à mulher, o que na época era algo extraordinário, elevado para os padrões da época (Cap. 31).6ª) O cap. 31 inclui um poema acróstico (a primeira palavra de cada versículo começa com uma letra do alfabeto hebraico).* Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, pag. 926,927

PROPÓSITO

1. Propósito Didático            Advertir dos grandes perigos que resultam inevitavelmente por seguir os ditames da natureza ou paixões pecaminosas (Pv 1.1-7). “O propósito do escritor aqui é traçar o contraste mais nítido entre as conseqüências de buscar e encontrar a sabedoria e as de seguir uma vida de insensatez.” 2. Propósito teológico*            Foi escrito para dar ao povo de Deus um guia prático e memorável de como aplicar o conhecimento de Deus (o temor do Senhor) à vida diária, para aqueles que já entraram num relacionamento de Aliança com Ele. Mostrando como a Aliança com Deus tem aplicação extremamente prática no seu cotidiano.* WWW.monergismo.com: Rev. Ewerton Barcelos Tokashiki

ESTRUTURA DO LIVRO* Primeiro modelo:1. Prólogo..................................... 1.1-72. Provérbios aos jovens....................... 1.8-9.183. Miscelânea de Provérbios.................... 10-244. Coleção de Ezequias......................... 25-295. Apêndice de Agur e Lemuel................... 30-31 Segundo Modelo:1. Título e assunto............................ 1.1-72. Vários discursos............................ 1.8-9.183. Primeira coleção de provérbios de Salomão... 10.1-22.164. Primeira coleção das “palavras dos sábios”.. 22.17-23.145. Discursos adicionais........................ 23.15-24.226. Segunda coleção das “palavras dos sábios”... 24.23-347. Segunda coleção de provérbios de Salomão.... 25.1-29.278. As palavras de Agur......................... 30.1-339. As palavras de Lemuel....................... 31.1-9

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10.O elogio à esposa prudente.................. 31.10-31* WWW.monergismo.com: Rev. Ewerton Barcelos Tokashiki

OS TRÊS PÚBLICOS-ALVOS

· Os ignorantes: ”para dar aos simples prudência”· Os jovens: “e aos jovens, conhecimento e bom siso”· Os sábios: “Ouça o sábio e cresça em prudência; e o instruído adquira habilidade para entender provérbios e parábolas, as palavras e enigmas dos sábios”.

O MÉTODO DE ENSINO*Os provérbios têm a sua forma peculiar de ensinar. É necessário

que demos atenção a alguns métodos encontrados nessa educação, paraevitarmos compreensões erradas e interpretações equivocadas. Provérbios são cheios de aforismos, ensinos concisos, imagens, figuras e paralelismos. Vejamos o significado de cada um desses métodos:

1º) Aforismo e Concisão

Aforismo é uma máxima, um dito. A forma de todos os provérbios quetemos são assim. São curtas frases de ensino, para memorização rápida e compreensão objetiva sobre várias questões da vida. Tomemos como oexemplo o conhecido provérbio: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele” (22.6). Essa frase não pretende fazer uma promessa. Não significa que uma criança bem educada na palavra de Deus não tem a mínima possibilidade de se desviar para os maus caminhos. O sentido desse provérbio é tão somente mostrar qual é o meio ordinário, isto é, comum de ter sucesso na educação dos filhos. É uma palavra dada aos pais, pondo como o fundamento mais seguro da pedagogia infantil, a própria lei de Deus. Da mesma forma um provérbio não pode ser visto como um dogma inflexível, pois a aplicação deles varia de contexto para contexto. O que podemos dizer é que todos os provérbios carregam uma doutrina e um fundamento sólido e inflexível, que é a lei de Deus, mas não podemos confundir um ensino com a sua aplicação. Vejamos um exemplo: “O que guarda a boca conserva a sua alma, mas o que muito abre os lábios a si mesmo se arruína” (13.3). Esse verso não tem a intenção de ensinar que quem é sábio nunca abre a boca, ou que quem conversa é imprudente. Este é um exemplo em que o provérbio deve ser bem aplicado. O ensino desse verso é que o dom da fala deve ser bem utilizado. É uma advertência contra o mau uso da língua (cf. 21.23), ou uma condenação da tagarelice (cf. 12.18). Portanto, a maneira de ensino não pode ser confundido. O provérbio exige uma forma de interpretação adequada.

2º) Imagens e Figuras

Toda poesia tem imagens e figuras, que servem como canais de comunicação para o autor transmitir sua mensagem em poucas palavras.

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Vejamos alguns exemplos de símile, metáfora, alegoria, antropopatismo, antropomorfismo, sinédoque, metonímia, personificação, hipérbole, litotes,ironia.· Símile: É a comparação entre duas coisas de gêneros diferentes quetêm alguma coisa em comum. P.e. 26.18,19: “Como louco que lança fogo, flechas e morte, assim é o homem que engana o seu próximo e diz: Fiz isso por brincadeira.”· Metáfora: É praticamente a mesma coisa de símile. Quando se compara duas coisas distintas com algo em comum temos uma metáfora. P.e. 11.22: “Como jóia de ouro em focinho de porco, assim é a mulher formosa que não tem discrição.” A metáfora, na maioria das vezes, envolve alguma figura absurda ou ridícula de se imaginar, como ouro num focinho de porco.· Alegoria: É a exposição de um pensamento em uma ficção, uma ilustração ou figura. P.e. 27.23-27: “Procura conhecer o estado das tuas ovelhas e cuida dos teus rebanhos, porque as riquezas não duram para sempre, nem a coroa de geração a geração...então as cabras te darão as vestes, os bodes o preço do campo, e as cabras leite em abundância para teu alimento, para alimento da tua casa, e para sustento das tuas servas”. A mensagem desse provérbio é ter cuidado com todos os objetos que temos em mãos. Refere-se à uma administração prudente de nossas posses.· Antropopatismo: Atribuição de sentimentos, motivações ou comportamentos humanos a Deus. Por Exemplo: 24.18: “para que o SENHOR não veja isso e lhe desagrade, e desvie dele a sua ira.”· Antropomorfismo: atribuição de partes do corpo humano a Deus. P.e.15.3: “Os olhos do SENHOR estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons.”· Sinédoque: Quando uma pequena parte representa um todo. P.e. 16.31: “Coroa de honra são as cãs, quando se acham no caminho da justiça”. “Cãs”, que significa “cabelos grisalhos”, representam todos os idosos.· Metonímia: Refere-se ao uso de alguma coisa que tenha associação àoutra. P.e. 6.17: “Olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente...”. “Mãos” e “língua” referem-se à fala e ações das pessoas.· Personificação: Atribuição de qualidades humanas ao que não é humano. P.e. 9.1ss: “A sabedoria edificou a sua casa, lavrou as suas sete colunas...”. A sabedoria não tem vida em si mesma. Ela é citada aqui como se fosse uma pessoa.· Hipérbole: É a linguagem de exagero. P.e. 17.10: “Mais fundo entraa repreensão no prudente, do que cem açoites no insensato.”· Litotes: é dizer pouco e fazer entender muito. p.e. 10.19: “No muito falar não falta transgressão, mas o que modera os seus lábios éprudente.” Em certo sentido todos os provérbios são litotes, porquesão curtas frases que dão muito a entender.· Ironia: quando se diz algo bizarro para ser entendido o contrário: P.e.: 31.6,7: “Dai bebida forte aos que perecem, e vinho aos amargurados de espírito; para que bebam e se esqueçam da sua pobreza e de suas fadigas não se lembrem mais”. Certamente não somos

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aconselhados a embriagar as pessoas quando estão sofrendo, mas a buscar todos os meios possíveis para ajudar as pessoas.

3º) Paralelismos

· Paralelismo sinônímico: Ex.:23.20:“Na vereda da justiça, está a vida, e no caminho da sua carreira não há morte”.· Paralelismo antitético: Ex.:14.1: “A mulher sábia edifica a sua casa, mas a insensata, com as próprias mãos, a derruba”.· Paralelismo sintético: Ex.:15.33: “O temor do SENHOR é a instrução da sabedoria, e a humildade precede a honra”.* Introdução ao livro de Provérbios – Pr. Mauro Filgueiras Filho – WWW.monergismo.com

Eclesiastes

Alguns estudiosos dizem que Eclesiastes é o livro mais melancólico da Bíblia, pois nele tudo parece terminar em tristeza, em vazio, em tom cinzento. O renomado Pastor Ed René Kivitz, da Igreja Batista de Água Branca, em São Paulo (capital) escreveu justamente um livro com este título: “Eclesiastes, o livro mais melancólico da Bíblia”, porém, mostrando que o livro tem um grande valor para a Igreja Cristã.

O título do livro vem do hebraico Qoheleth e significa “O Pregador” (1.1). Eclesiastes é o seu nome grego e significa “Aquele que reúne ou se dirige a uma assembléia de pessoas para falar”. Este livro era lido pelos judeus durante a Festa dos Tabernáculos. Vejamos o que este livro sagrado tem a nos ensinar.

LOCAL, DATA E AUTOR

O livro foi escrito em Israel, aproximadamente, 930 anos a.C., por Salomão, filho de Davi, rei de Israel (1.1,12; 2.7-9; 12.9,10). Provavelmente Salomão escreveu este livro no fim da sua vida – aos 60 anos de idade – depois de ter passado por muitas experiências ruins e pelas disciplinas divinas, por ter se voltado contra a vontade Dele.

PROPÓSITO OU OBJETIVO

Mostrar a futilidade da vida longe da vontade de Deus. Nada adiante ter todo dinheiro, desfrutar de todos os prazeres e atividades neste mundo e além do mais, viver pecando. Tudo o que não tem a bênção de Deus gera angústia, depressão, melancolia, enfim, não passa de vaidade (1.2).

ESTATÍSTICAS

Tem 12 capítulos e 222 versículos; tem 33 perguntas; 34 ordens; 1 promessa e nenhuma mensagem direta de Deus.

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CARATERÍSTICAS ESPECIAIS

1ª) É um livro extremamente pessoal. Nele o autor repete diversas vezes o pronome pessoal “eu”, ao longo dos 10 primeiros capítulos.2ª) A palavra “Vaidade” aparece 37 ou 39 vezes, revelando que a vida sem Deus é vazia, é incerta, é inquietante e sem respostas para as grandes questões da alma.3ª) Os eruditos afirmam que o estilo literário do livro é irregular e não se encaixa em nenhum estilo de literatura hebraica. Utiliza-se de um dos mais difíceis vocabulários do Antigo Testamento.4ª) Contém a alegoria mais bela, profunda e poética da Bíblia em relação a velhice.5ª) A essência do livro só é revelada no último capítulo, nos versículos 12 e 13.PALAVRAS-CHAVES*

(1) Vaidade (Hb,  hevel) – 39 vezes (33 vezes no restante do AT) =  futilidade, ilusão, vazio, sem sentido, passageiro, efêmero – sem valor eterno. (“Vaidade de vaidades” é uma forma superlativa de se expressar).  Uma paráfrase colocou a frase: “Bolha de sabão, bolha de sabão, tudo é mera bolha de sabão”.(2) Debaixo do Sol – 29 vezes = terrestre, preso à terra, a visão mundana do homem natural(3)  Deus , 40 vezes, sempre Elohim, o Deus criador, onipotente, infinito, majestoso; nunca Adonai ou Iahweh (Êx 6.3), o Deus pessoal de pacto, amor, e salvação.  Tudo vem de Elohim (Ec 7.14).(4) Sabedoria/Sábio (hokhmah e hakham) – 45 vezes, significando um discernimento entre o bem e o mal, uma prudência prática.  A verdadeira sabedoria está numa vida centrada em Deus, pois debaixo do sol, nada satisfaz.(5) Eternidade  (‘olam) – 7 vezes (1.4; 1.10; 2.16; 3.11; 3.14; 9.6; 12.5).  Contraste: “debaixo do sol” e “eternidade”.*WWW.isaltino.com.br

ESBOÇO*

INTRODUÇÃO – 1.1-11I. A BUSCA DA REALIDADE E VERDADE PELA EXPERIÊNCIA PESSOAL (1–2)1. A procura na sabedoria (1.12-18)2. A procura no prazer (2.1-11)3. A comparação dos dois (2.12-26)II. A BUSCA DA REALIDADE E VERDADE PELA OBSERVAÇÃO GERAL (3–5)1. A predeterminação da vida (3.1-22)2. Os males e enigmas da vida (4.1-16)3. Os conselhos na luz destas observações (5.1-20)III. A BUSCA DA REALIDADE E VERDADE PELA MORALIDADE PRÁTICA (6–8)1. As coisas materiais não satisfazem (6.1-12)2. A moralidade é um caminho melhor (7.1-8.8)3. As irregularidades da vida (8.9-17)IV. A BUSCA DA REALIDADE E VERDADE REVISTA E CONCLUÍDA (9–12)

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1. Conclusões humanas (9.1-11.8)2. Conclusões espirituais (11.9-12.14)*WWW.isaltino.com.br

ESBOÇO DE PREGAÇÃO

“PROCURANDO O SENTIDO DA VIDA”Ec 1.12-2.11 (NVI)

Introdução: Esta é a história de Salomão. Ele era filho do grande rei Davi. Ele foi rei de Israel durante 40 anos. Ele começou a reinar com 20 anos e reinou até aos 60 anos de idade, quando morreu. Foi ele mesmo quem escreveu este livro: Eclesiastes, que significa: “O Pregador”. Nestes versículos que lemos Salomão descreve a sua grande procura pelo sentido da vida. Ele queria saber aonde poderia encontrar este sentido, por isso procurou em várias coisas. Assim como Salomão, todas as pessoas buscam encontrar, também, qual é o verdadeiro sentido da vida e procuram em várias coisas, durante muitos anos e grande parte das pessoas morrem sem descobrir. Observando o texto bíblico nós veremos aonde Salomão e aonde as pessoas procuram o sentido da vida. Vejamos:I) MUITOS PROCURAM O SENTIDO DA VIDA NA OBTENÇÃO DE MUITO CONHECIMENTO (1.13-18):1 – Salomão pediu a Deus sabedoria e Deus lhe concedeu (1 Rs 3.2-9). Ele se tornou o homem mais sábio da história (1 Rs 3.16-4.34). Ele usou a capacidade que Deus havia lhe dado para explorar, para buscar, para investigar tudo é feito debaixo do céu. Ele queria saber tudo, queria ter todos os tipos de respostas, a fim de encontrar o sentido da vida. Mas nisso ele não encontrou.2 – Vivemos num mundo pós-moderno, avançado em todas as áreas do saber humano. Nunca a Ciência progrediu e alcançou tantos resultados quanto agora. O mundo está cheio de mestres e doutores, nas mais diversas áreas do conhecimento humano. Hoje, todos têm oportunidade de estudar, de obter capacidade intelectual, mas, nem todo conhecimento possível sacia a alma do ser humano, nem revela o sentido da vida.II) MUITOS PROCURAM O SENTIDO DA VIDA ENTREGANDO-SE A TODOS OS TIPOS DE PRAZERES (2.1-3):1 – Salomão se entregou a todos os tipos de prazeres que uma pessoa podia desfrutar naqueles dias: Experimentou todos os tipos de comida e bebidas, viajou para os mais diversos lugares, participou dos mais excitantes tipos de jogos, participou das festas mais luxuosas de sua época, divertiu-se ao máximo, mas não achou o verdadeiro sentido da vida nisto.2 – Nos nossos dias as pessoas estão se entregando a todos os tipos de prazeres que podem ser imaginados pela mente humana. Tudo aquilo que atrai e que satisfaz as pessoas estão realizando: Viagens, jogos, aquisições materiais de objetos, filmes, teatros, shoppings, internet, livros, festas, clubes sociais, praia, prática de esportes, uso de drogas, alcoolismo, etc. Os prazeres não revelam o verdadeiro sentido da vida.

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III) MUITOS PROCURAM O SENTIDO DA VIDA EMPREENDENDO GRANDES OBRAS (2.4-6):1 – Salomão foi extraordinário empreendedor de grandes obras. Ele construiu um templo para adoração a Deus. Foi uma obra suntuosa, caríssima (US$ 500 bilhões, a custo de hoje); ele construiu um palácio extraordinário para si, construiu casas, plantou jardins e árvores frutíferas em diversos lugares do país. Entretanto, isto não foi o suficiente, pois não lhe revelou o verdadeiro sentido da vida.2 – É isto que tem feito muitas pessoas hoje em dia: Têm se lançado a construir, a levantar grandes projetos arquitetônicos, mas isto não revela o sentido da vida. IV) MUITOS PROCURAM O SENTIDO DA VIDA ACUMULANDO BENS E RIQUEZAS (2.7,8):1 – Salomão foi homem mais rico que já existiu sobre a face da Terra. Seus bens e sua riqueza eram incalculáveis. Ele podia comprar qualquer coisa que quisesse neste mundo, com o dinheiro que possuía. Seu lucro era de bilhões de dólares por ano. Todavia, isto não lhe revelou o verdadeiro sentido de sua vida.2 – Este não tem sido o desejo de muitas pessoas em nossos dias? Querem se tornar ricas a qualquer custo: Muitos abandonam a família, deixam de ter filhos, trabalham horas por dias, chegando quase a exaustão física e mental e fazem qualquer negócio para enriquecer (vendem até a alma para o diabo). Pouquíssimo ricos neste mundo sabem lidar com seus bens e riquezas sem serem possuídos por eles (Lc 12.20; Mt 16.26; Ec 2.26; 1 Tm 6.10).V) MUITOS PROCURAM O SENTIDO DA VIDA NA SENSUALIDADE (2.8 b):1 – Salomão se entregou à sensualidade, as paixões da carne. Ele chegou a possuir um harém com 1.000 mulheres. Mas, também, a sensualidade não satisfez o seu desejo de descobrir qual o verdadeiro sentido da vida.2 – Vivemos num mundo, em grande parte, entregue à sensualidade. Todos os tipos de pecados e vícios sexuais são cometidos sem nenhum constrangimento ou vergonha: Adultério, fornicação, homossexualidade masculina e feminina, realização de todos os tipos de fantasias sexuais. As conseqüências têm sido drásticas: DST, Aids, gravidez precoce, divórcios, estupros, perda da identidade, morte.VI) MUITOS PROCURAM O SENTIDO DA VIDA NA FAMA (2.9):1 – Salomão, também, se tornou o homem mais famoso em seus dias. Sua fama corria o mundo. Pessoas vinham de várias nações para ouvir as suas palavras e conhece-lo pessoalmente. Até mesmo isto não saciou a sua busca de conhecer o verdadeiro sentido da vida, da sua existência.2 – As pessoas, hoje em dia, fazem de tudo para ficarem famosas: Deixam de lado todos os princípios éticos e morais, a fim de terem “um lugar ao sol”. Elas mentem, vendem tudo que têm, abandonam os amigos, vão até mesmo contra a vontade da família e não medem as conseqüências. Para elas o que importa é ficarem conhecidas, terem, pelo menos, “cinco minutos de fama”. Quando a fama passa, a decadência chega, muitos não suportam serem esquecidos e entram em depressão, alguns se matam aos poucos. Poucos são os que superam ser esquecidos pelo público.

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Conclusão: O interessante é que esta foi o 3º e último livro escrito por Salomão, quando ele já estava velho e quase entrando na eternidade, foi quando ele descobriu o verdadeiro sentido da vida e foi por isso que ele escreveu este livro. Ele diz no Cap. 12.13,14: “Teme a Deus”: Temer significa ter reverência, respeitar, submeter-se a Ele. Salomão, completa dizendo: “Obedeça aos seus mandamentos”: Quais são os maiores mandamentos de Deus? Amá-lo sobre todas as coisas e antes de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo (Mt 22.37-40). Ninguém consegue fazer isto sem a pessoa de Jesus Cristo em sua vida e o Espírito Santo a guiá-lo diariamente. Somente Deus que criou o ser humano tem o poder para revelar qual o sentido da vida para pessoa, individualmente. Você já sabe qual é o sentido da sua vida? Se entregue a Jesus Cristo e você descobrirá. Amém.

Cântico dos Cânticos

Cântico dos cânticos ou Cantares é o 5º e último dos livros poéticos. O Pr. Erick Newman, num dos estudos do seu Blog “Reflexão Teológica”, diz o seguinte: “Primeira característica marcante, o livro fala de sexo. Na cabeça de muitas pessoas é inconcebível a idéia de um livro sagrado falar de sexo abertamente. Muitos evangélicos mantêm o hábito de pular as calorosas páginas de Cantares de Salomão. Já ouvi pastores aconselhando os jovens da sua igreja a não ler esse livro para não “estimular´´. Agora… eu fico me perguntando, não ler a Bíblia porque estimula o que? O que Salomão faz com a Sulamita em alguns capítulos? Interessante, esses pastores e falsos moralistas deveriam ensinar aos jovens que o que estimula a pecar não é leitura da Bíblia – ainda que ela tenha um livro que aborde o assunto de forma explícita e sem meias palavras.  Estes falsos moralistas deveriam ensinar aos jovens a ler a Bíblia mais e mais. Deveriam ensinar que MALHAÇÃO é uma porcaria e que ensina valores desvirtuados; que BIG BROTHER BRASIL é um lixo televisivo que não vai lhes dá nenhuma contribuição cultural e ética e também deveriam ensinar que o tempo gasto com NOVELAS poderia ser investido no Reino de Deus e resgate dos perdidos.Devido o seu conteúdo, ele foi junto com o livro de Ester, um dos últimos livros a serem aceitos como sendo canônico – digno de ser aceito como Palavra de Deus. Acerca desse assunto, Soares (1995, p.182) diz: “Os rabinos duvidaram do seu valor espiritual. Foi o único livro da Bíblia Hebraica não citado por Filo´´.

Segunda característica marcante, a ausência do nome de Deus. Outro problema que o livro gera e que o deixa ainda mais polêmico e rejeitado, é que o nome de Deus não é citado pelo autor. Devemos lembrar que o livro de Ester também não faz menção do nome de Deus e não fala de sexo – pois alguns pensam que por Cantares falar de sexo o nome de Deus não é mencionado. Isso é uma crença simplesmente absurda e infantil.

Terceira característica marcante que envolve o livro, os debates entre as escolas de interpretação. Há uma briga diplomática entre os

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estudiosos devido às possibilidades interpretativas. Os pais da igreja e outros teólogos podem ser citados como exemplo disso. Podemos destacar alguns teólogos defensores da interpretação alegórica: Panteno, Justino Mártir, Clemente de Alexandria, Orígenes, Agostinho e outros. Na escalação do time da interpretação literal ou hitórico-gramatical temos: Doroteu, Lúcio, Teodoro de Mopsuéstia, João Crisóstomo, Jerônimo, Adriano de Antioquia, Junílio, João Calvino e outros.

Escolas de Interpretação

Uma questão que considero muito importante e determinante para chegar-se a interpretação correta e sadia do texto, é escolhermos o caminho interpretativo que nos conduzirá a tal interpretação. O caminho interpretativo escolhido vai nos levar a uma interpretação que ficará muito distante de outras rotas escolhidas por outras pessoas – vários caminhos, vários destinos. Aqui vou me deter apenas nas mais famosas e rivais escolas de interpretação que vai nos ajudar a um posicionamento seguro e mais calmo na abordagem do texto de Cantares. Me refiro a interpretação alegórica e a interpretação literal (hitórico-gramatical).

A Escola Alegórica dominou o cenário interpretativo do século III ao XVI. Segundo o dicionário de teologia Vida, “ Alegoria é uma história em que os pormenores correspondem a um significado “oculto´´, “mais elevado´´ ou “mais pronfundo´´, ou o revelam. O método alegórico de interpretação bíblica supõe que as histórias bíblicas devem ser interpretadas pela busca do significado “espiritual´´, para o qual o sentido espiritual remete´´. (GRENZ; GURETZKI; NORDLING, 2006, p. 6).

Uma grande autoridade no mundo da teologia do Antigo Testamento – que eu tenho profunda admiração e respeito, é o Doutor Walter Kaiser. No seu livro “documentos do Antigo Testamento´´ define interpretação alegórica dizendo: “assume que existe uma comparação não expressa no texto bíblico que permite ao intérprete fazer uma relação ao sentido terreno, literal e o sentido celestial, mais profundo, para aumentar o tom espiritual, impacto e significado do que de outra forma seria material terreno, apagado e datado´´. Kaiser (2007, p. 208).

A interpretação alegórica afirma que o livro de Cantares de Salomão retrata o amor de Cristo para com sua igreja. Ou seja, o amor de Salomão representa o amor de Cristo pela sua igreja – no caso, a Sulamita. Já no período do Antigo Testamento representava o amor de Deus por Israel. Tenho grandes problemas para aceitar esse método como o correto para se interpretar esse livro. Sei que vou colocar meu pescoço na guilhotina, pois a maioria dos evangélicos são alegóricos – mesmo que nem saibam o que é isso nem tenham estudado nada sobre o assunto. Infelizmente muitos crentes têm uma alma católica. Por tradição aceitam doutrinas sem nunca questionarem quão confiáveis elas são.

A Escola Literal afirma que Cantares deve ser interpretado com sendo um cântico que expressa o relacionamento verdadeiro entre os

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cônjuges. Defensores desta teoria, tais como E. J. Young e H. H. Rowley, defendem a canonicidade do livro, explicando que implica numa sanção divina do relacionamento do amor nupcial, em contraste com as perversões degeneradas ou polígamas do casamento que eram comum na época.

Segundo o dicionário de teologia Vida, a teoria literal  é definida como “Fidelidade rigorosa a determinada palavra significado, tanto na interpretação como na tradução de textos bíblicos. No que diz respeito à interpretação, o literalismo em geral tenta compreender a intenção do autor, buscando o significado mais claro e evidente do texto, segundo opinião do intérprete . na tradução, procura-se transmitir o verdadeiro significado do texto bíblico usando palavras de outra língua com o máximo de exatidão´´. (GRENZ; GURETZKI; NORDLING, 2006, p. 81).

Autoria

No que diz respeito acerca da autoria, pode-se afirmar que foi Salomão por alguns motivos plausíveis (1.1,5;3.9-11;8.11,12). Por exemplo, percebe-se que o autor tem um vasto conhecimento da fauna e flora da  região. Pensando assim, Archer (2004, p. 350) afirma: “O autor demonstra um interesse marcante pela história natural, e isso corresponde aos relatórios acerca do conhecimento enciclopédico que Salomão tinha desse campo (1 Rs 4.33).

Interessante é que no livro, 21 espécies de plantas e  15 espécies de animais são citados. Também faz menção a cavalaria de Faraó, o que condiz com 1 Rs 10.28, onde a cavalaria de Faraó é um item importante no exército de Salomão. Poderia citar mais argumentos em favor da autoria de Salomão, mas fico por aqui, minha intenção não é uma análise exaustiva dos assuntos abordados nessa série de estudos. Com isso podemos nos dá por satisfeitos em relação a comprovação da autoria de Salomão.

Curiosidades Particulares

1ª) É um dos poucos livros do A.T. que não é mencionado no Novo Testamento.2ª) Não menciona o nome de Deus em nenhum dos seus 8 capítulos (aparece nas versões NVI,ARC e BJ no cap. 8.6 “Senhor”, mas não faz parte do original hebraico).3ª) Era lido pelos judeus no 8º dia da Festa da Páscoa.

Visão Panorâmica do livro

Finis Jennings Dake, na sua famosa Bíblia de Estudo Dake, Editoras CPAD e Atos, na pág. 1078, demonstra uma visão panorâmica e interpretativa totalmente diferente da maioria dos estudiosos. Ele diz: “A história literal do cântico está relacionada a Salomão enquanto ele está a percorrer a região norte do seu reino. Em Suném,

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ele encontra uma pastora cuja beleza e graça tanto o cativam que ele a leva para Jerusalém na esperança de conquistá-la, a fim de que seja a rainha de suas rainhas. Tendo sido prometida a um pastor de sua comunidade, ela se mostra fiel ao seu amor; por fim, casa-se com ele com a aprovação do rei e de sua própria família, como pode ser visto nos títulos do texto”.

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