os desafios da escola pÚblica paranaense na … · sociedade, ao contrário, um histórico de...
TRANSCRIPT
Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
1
SECRETARIA DO ESTADO DE EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE – CAMPUS IRATI
UNICENTRO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
JOSÉLIA INÊS ZANIN PEDROSO
CADERNO PEDAGÓGICO O PRECONCEITO RACIAL NO AMBIENTE ESCOLAR
IRATI / PARANÁ
2013
2
FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO
PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA TURMA – PDE/ 2013
TÍTULO: O PRECONCEITO RACIAL NO AMBIENTE ESCOLAR
Autora
Josélia Inês Zanin Pedroso
Disciplina/ Área (ingresso no PDE)
História
Escola de Implementação do Projeto e sua localização
Colégio Estadual Professora Maria Ignácia
Município da Escola
Rebouças
Núcleo Regional de Educação
Irati
Professor Orientador
Prof. Dr. Oséias de Oliveira
Instituição de Ensino Superior
UNICENTRO
Relação Interdisciplinar
História, Geografia e Português
Resumo
O projeto sobre preconceito racial
no ambiente escolar procura entender a formação que levou a discriminação do negro, ainda busca integrar as diversas linhas do conhecimento na disciplina de História, visando o preconceito entre brancos e negros, muito utilizados hoje nas aulas de História. Os negros que vieram para o Brasil eram de diferentes nações africanas. Mesmo depois da abolição da escravatura 1888 houve um forte movimento que colocava como negativa a presença e a influência
3
dos negros junto ao povo brasileiro, acredita-se que a mistura racial desequilibraria a formação social e cultural, impedindo a unidade nacional e o desenvolvimento da nação. Aprofunda-se a marginalização do negro na sociedade brasileira, o qual foi afastado da história e formação do povo brasileiro. Isso fundamenta o estudo da sua representação no espaço escolar, pois articulam temas e assuntos nos diversos campos disciplinares ao questionamento de relações desiguais frutos da discriminação e construção de diferenças. O preconceito racial no Brasil opera fundamentalmente em três dimensões: a moral, a intelectual e a estética. É preciso ampliar a compreensão do tema para então problematizar um campo do currículo escolar que privilegie um deslocamento do olhar sobre os negros na nossa história e cultura. No processo de constituição do país, a dinâmica das relações sociais que resultam da mestiçagem, como um fenômeno particularmente intrigante no nosso percurso histórico, é uma tarefa complexa que exige esforço e comprometimento dos docentes no ambiente escolar.
Palavras-chave
preconceito racial; negros; educação.
Formato do Material Didático
Caderno Pedagógico
Público Alvo
Alunos do 8º ano do Ensino Fundamental
4
JOSÉLIA INÊS ZANIN PEDROSO
CADERNO PEDAGÓGICO O PRECONCEITO RACIAL NO AMBIENTE ESCOLAR
Produção didático-pedagógica elaborada para orientar as diretrizes de ação do PDE- Programa de Desenvolvimento Educacional da SEED – Secretaria de Estado, sob a orientação do professor da Universidade Estadual do Centro-Oeste – Campus Irati Unicentro Orientador: Prof. Dr. Oséias de Oliveira
IRATI / PARANÁ 2013
5
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO Professor PDE: Josélia Inês Zanin Pedroso
Área PDE : História NRE: Irati
Professor orientador: Oséias de Oliveira IES vinculada: Unicentro - Campus Irati
Escola de implementação: Colégio Estadual Professora Maria Ignácia
Público objeto da intervenção: Alunos do 8° ano B do Ensino Fundamental Tema de Estudo do Professor PDE: Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena Titulo: O Preconceito Racial no Ambiente Escolar
6
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ................................................................................................. 7
UNIDADE I - CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE O PRECONCEITO RACIAL NO
AMBIENTE ESCOLAR............................................................................................ 9
UNIDADE II - PERCEPÇÕES DISCRIMINATIVAS ............................................. 17 UNIDADE III - PRECONCEITO RACIAL ............................................................. 21
UNIDADE IV - IGUALDADE DE DIREITOS ........................................................ 25
UNIDADE V - TRABALHANDO AS DIFERENÇAS ............................................ 34
UNIDADE VI - TRABALHANDO O PRECONCEITO E AS DIFERENÇAS ......... 41 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 47 REFERÊNCIAS.................................................................................................... 48
7
APRESENTAÇÃO
A questão racial perpassa situações encontradas no dia a dia de nossas
escolas, da vida dos nossos professores e dos nossos alunos com a função de
esclarecer e contribuir para que uma nova sociedade seja mais esclarecida,
humanitária, tolerante, enfim, livre de preconceitos.
Hoje é forte a presença de heranças africanas e indígenas na formação da
população brasileira. Essa presença está evidenciada de forma marcante no
modo de viver, pensar e trabalhar da população; está impregnada na língua,
economia, religiosidade, culinária, na dança, música, esporte e festas populares.
Considerando que a implementação das Leis Federais Nº. 10.639/03 e 11.645/09
têm por objetivo eliminar discriminações e promover a inclusão social e a
cidadania para todos no sistema educacional brasileiro, é necessário que haja na
unidade de ensino uma discussão permanente sobre os temas, para que as
questões étnico-raciais façam parte da prática pedagógica de nossos alunos,
professores, demais funcionários e responsáveis.
O objetivo deste caderno pedagógico é analisar o preconceito racial no
ambiente escolar do Colégio Estadual Professora Maria Ignácia identificando a
pratica do preconceito na escola e demonstrar a importância de se combater em
toda a nossa sociedade.
O caderno pedagógico é um importante recurso aborda a História e Cultura
Afro – Brasileira que pretende facilitar a vida do professor, oferecendo-lhes
informações, sugestões de atividades práticas e experiências sobre o tema. Os
estudantes e as sociedades em geral devem reconhecer o quanto herdou dos
indígenas e das culturas trazidas pelos africanos, além de outras contribuições,
que ajudaram para fortalecer os sentimentos de brasilidade.
Este material tem como principal objetivo promover maiores
esclarecimentos a cerca destes temas, mostrando caminhos e embasamento
teórico/metodológica a todos que compõem o quadro de professores na
contribuição para a diminuição do racismo no nosso ambiente escolar.
A obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e
Indígena nos currículos de Educação Básica trata-se de decisão política, com
fortes repercussões pedagógicas, inclusive na formação de professores. É preciso
8
valorizar devidamente a história e a cultura de seu povo, buscando reparar danos,
que se repetem nos cinco séculos, fortificando sua identidade e discutindo seus
direitos. A relevância do estudo de temas decorrentes da história e da cultura
afro-brasileira, africana e indígena, não se restringe aos negros e índios; ao
contrário, diz respeito a todos os brasileiros, uma vez que devem educar-se
enquanto cidadãos atuantes no seio de uma sociedade multicultural e pluriétnica,
capazes de construir uma nação mais justa, igualitária e democrática.
A população negra no Brasil foi colocada à margem da sociedade e essa
marginalidade foi sustentada por teorias racistas elaboradas no século XIX com o
objetivo de forjar o discurso de superioridade racial. Na educação das Relações
Étnico-Raciais na sociedade brasileira pluriétnica, a população negra tem sido
historicamente alvo de racismo e de mecanismos de exclusão social, por parte da
sociedade e por este motivo devemos contemplar o assunto em sala de aula.
O ponto inicial desta desigualdade parece estar sedimentado nos
estereótipos socialmente construídos sobre o negro escravizado. O fim da
escravização dos africanos no Brasil trouxe consigo marcas transcendentes às
características físicas herdadas geneticamente pela população afrodescendente.
O fim da escravização não significou a integração da população negra liberta à
sociedade, ao contrário, um histórico de lutas, de reivindicações sociais marca a
história do negro no Brasil.
Reconhecer o preconceito exige que se questionem relações étnico-raciais
baseadas em atitudes que desqualificam os negros e salientam estereótipos
depreciativos, palavras e atitudes que, velada ou explicitamente violentas,
expressam sentimentos de superioridade em relação aos negros, próprios de uma
sociedade hierárquica e desigual.
A escola deve funcionar como um ambiente de descolonização das mentes
e das comportamentalidades que insistem em ver as alteridades não ocidentais
como objetos de uma neocolonização, justificada mediante concepções
arraigadas, ainda, á visão que suscitaram as violências de um passado que
insiste em permanecer como resquícios. Nesse caminho, portanto, nunca é
demais afirmar que os africanos e seus descendentes foram e continuam sendo
alvo de “epistemicídio”, de “glotofagia” e de um processo de “desafricanização”
(ANDREOLA, 1999, p.74).
9
Devemos humanizar as relações dentro do espaço escolar; valorizar o
conhecimento, mas um conhecimento vivo, dinâmico, que tenha significado, tanto
para quem ensina quanto para quem aprende; estreitar as relações e aprender a
desconstruir tabus; falar sobre o que os séculos calaram; debater, conhecer e
coletivamente construir uma educação voltada para o respeito étnico-racial.
UNIDADE I
CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE O PRECONCEITO RACIAL NO AMBIENTE
ESCOLAR
O termo raça é utilizado com freqüência nas relações sociais brasileiras,
para informar como determinadas características físicas, como cor de pele, tipo
de cabelo, entre outras, influenciam, e até mesmo determinam o destino e o lugar
social dos sujeitos no interior da sociedade brasileira.
As crianças ao nascer não possuem sentimentos de racismo e
preconceitos, elas vêem os outros como iguais, mas com o passar do tempo elas
aprendem com os adultos que existem pessoas superiores a outras, o que não é
verdade, mas infelizmente elas aprendem isso e a solução para parar esse
preconceito é necessário que os pais e professores ensinem seus filhos e alunos
que todas as pessoas são iguais perante Deus e a lei do nosso país, que ninguém
é melhor ou pior, pois todos têm direito de serem tratados iguais.
A escola é o espaço de conhecimentos e construção das relações étnico -
raciais. Segundo Munanga escreve:
“O preconceito incutido na cabeça do professor e sua incapacidade em lidar profissionalmente com a diversidade, somando-se ao conteúdo preconceituoso dos livros e materiais didáticos e ás relações preconceituosas entre alunos de diferentes ascendências étnico-raciais, sociais e outras, desestimulam o aluno negro e prejudicam seu aprendizado. O que explica o coeficiente de repetência e evasão escolares altamente elevados do alunado negro, comparativamente ao do
10
alunado branco”. (Munanga, citado em Henriques, 2002, p. 94).
O preconceito e seus derivados no ambiente escolar deixam marcas,
muitas vezes indeléveis, para todos que interagem no cotidiano escolar. As
conseqüências do preconceito vão prejudicar todos os indivíduos da sociedade.
Como afirma Kabengele Munanga e Nilma Lino Gomes (2006):
As ações afirmativas constituem-se em políticas de combate ao racismo e à discriminação racial mediante a promoção ativa da igualdade de oportunidades para todos, criando meios para que as pessoas pertencentes a grupos socialmente discriminados possam competir em mesmas condições na sociedade ( p. 186).
Os apontamentos sobre racismo, preconceito e discriminação tiveram
como engrenagem essencial para as mudanças significativas a luta e o empenho
do movimento negro que de diversas formas, desde a chamada “imprensa negra”
(SANTOS, 2006, p. 159) da década de 1920 até as lutas recentes de movimentos
quilombolas, vêm construindo novas possibilidades de se pensar umas
sociedades livre do racismo e de formas correlatas de discriminação.
Cabe ressaltar que tanto a Instrução nº 017/2006 como as legislações
abordadas constituem um avanço no processo de democratização do ensino.
Conforme afirma Munanga (2006), a implementação da legislação especifica nas
escolas brasileiras, mostram que “[a] grande tarefa no campo da educação há de
ser a busca de caminhos e métodos para rever o que se ensina e como se
ensinam, nas escolas públicas e privadas, as questões que dizem respeito ao
mundo da comunidade negra” (p. 56). Dessa forma, é importante também
salientar que tanto a Lei nº 10.639/2003 quanto os demais documentos, além de
promover o devido reconhecimento dessa parcela da população para o
desenvolvimento nacional, também têm entre suas metas garantir:
[...] o direito dos negros, assim como de todos os cidadãos brasileiros, cursarem
11
cada um dos níveis de ensino, em escolas devidamente instaladas e equipadas, orientados por professores qualificados para o ensino de diferentes áreas de conhecimentos; com formação para lidar com as tensas relações produzidas pelo racismo e discriminações, sensíveis e capazes de conduzir a reeducação das relações entre diferentes grupos étnico-raciais entre eles descendentes de africanos, de europeus, de asiáticos, e povos indígenas. Estas condições materiais das escolas e de formação de professores são indispensáveis para uma educação de qualidade para todos, assim como é o reconhecimento e valorização da história, cultura e identidade dos descendentes de africano (BRASIL/ CNE, 2004, p.11).
A diversidade é norma da espécie humana: seres humanos são diversos
em suas experiências culturais, são únicos em suas personalidades e são
também diversos em suas formas de perceber o mundo.
O preconceito e a discriminação racial são expressões de mecanismos que
teriam mantido o passado no presente. A respeito deles, “[...] a ascensão social
do negro e do mulato se processou, está se processando e se processará no
futuro” (FERNANDES, 1965, p.274). A presença do racismo não impede a
integração do negro, apenas a retarda.
As desigualdades raciais no Brasil configuram-se como um fenômeno
complexo, constituindo-se em um enorme desafio para governos e para a
sociedade em geral. Enfrentar as dificuldades que se colocam face á
consolidação da temática da desigualdade e da discriminação, na agenda pública
e no espaço de governo, e integrar e ampliar as iniciativas em curso parecem ser,
hoje, os grandes desafios no campo das políticas públicas pela igualdade racial.
Conforme afirma Santos (2000), existe discriminação sempre que uma
pessoa seja impedida de exercer um direito como, por exemplo, o trabalho, ou
não possa usufruir as mesmas oportunidades e tratamentos que outras em função
de sua raça, sexo ou idade. Contra essa discriminação, cabe a sinalização, pelas
normas legais, no sentido de sua incompatibilidade com o Estado democrático de
direito, e possibilidade de sua sanção pela via jurídica.
12
Segundo apontou Munanga (2000, p.15), é papel de o professor mostrar:
“que a diversidade não constitui um fator de superioridade e inferioridade entre os grupos humanos’, e ‘ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferença, sobretudo quando esta foi negativamente introjetada em detrimento de sua própria natureza humana”.
A desigualdade racial, antes de ser o problema em si, é o resultado de
processos diversos, nos quais o racismo e seus desdobramentos, o preconceito e
a discriminação, destacam-se como fontes primárias. O enfrentamento do tripé
racismo – preconceito - discriminação precisa vir a se constituir no cerne da
política de promoção da igualdade racial.
O racismo é, pois, uma ideologia, um conjunto de crenças e preceitos que
moldam a idéia de superioridade de determinados grupos sobre outros, a partir da
identificação de distinções raciais.
Atividades 01: Busca de reconhecimento e mudanças com relação ao preconceito
racial.
LEITÃO, MIRIAN. O Tom da cor. Disponível em:
<http://oglobo.globo.com/economia/miriam/posts/2008/11/07/o-tom-da cor-
138729.asp> Acesso em: 05 de maio de 2013.
Aula 01
Cabe esclarecer que o termo raça é utilizado com freqüência nas relações
sociais brasileiras, para informar como determinadas características físicas, como
cor de pele, tipo de cabelo, entre outras, influenciam, interferem e até mesmo
13
determinam o destino e o lugar social dos sujeitos no interior da sociedade
brasileira.
Texto sobre preconceito “O Tom da Cor” Globo 07/11/2008
“O tom da cor” (Por: Miriam Leitão,O Globo, 7/11/2008).
Só há o pós, depois do antes. Só se chega, depois da caminhada. Só se
reúne o que esteve separado. Entender a diferença não é querê-la, pode ser o
oposto. A imprensa brasileira, tão capaz de ver as desigualdades raciais nos
Estados Unidos, tão capaz de comemorar um presidente negro, prefere, em
constrangedora maioria, o silêncio sobre a discriminação no Brasil. Lendo certos
artigos, editoriais e escolhas de edição sobre a questão racial no Brasil, me sinto
marciana. Sobre que país eles estão falando, afinal? Com que constroem
argumentos e enfoques tão estranho? Por que ofender com o espantosamente
agressivo termo “racialista” quem quer ver os dados da distância entre negros e
brancos no Brasil? Não é possível estudar as desigualdades sem pesquisar as
diferenças entre os grupos. Não se estuda sem dados. No Brasil, há quem se
ofenda com a criação de critérios para levantar os dados de cor como se isso
fosse uma ameaçadora “classificação racial”. Veja-se a cena que está nas
abundantes e belas imagens da vitória americana. Há várias tonalidades de pele
no grupo que se define como afro-americano. Aqui, sustenta-se que miscigenação
é exclusividade nossa e que ela eliminou as diferenças. Os pardos (ou mulatos,
como alguns preferem) e os pretos (como define o IBGE) estão muito próximos
em inúmeros indicadores e estão muito distantes em relação aos brancos.
Medir a distância que ambos têm em relação aos brancos não é uma forma
perversa de negar a miscigenação. Medida à distância, é preciso conhecer suas
razões. Só assim é possível construir as pontes que ligam as partes. O presidente
Barack Obama fez a campanha por sobre as diferenças raciais, por vários
motivos. Primeiro, por estratégia eleitoral: falava para um país majoritariamente
branco. Qualquer candidato que escolha apenas um grupo perde a eleição.
Ganha-se a eleição construindo- se coalizões. Ele formou a dele com os 90% de
votos dos negros, 60% de votos dos latinos e 45% de votos dos brancos. Como
14
há muito mais brancos no país, em termos numéricos, recebeu em termos
absolutos mais votos dos brancos. Vitória americana sobre sua própria História.
Outro motivo é que ele veio “após”. Ele não precisava do discurso de
reivindicação de direitos, porque ele já foi feito na gloriosa caminhada que
conquistou tanto. Um esforço que exige novos passos, mas que é
extraordinariamente bem-sucedido. Obama não precisava acentuar sua condição
de negro. Ele é. Por isso, os jornais do mundo inteiro comemoraram “o primeiro
presidente negro”. Ele também é filho de branco, mas por que isso não causa
espanto? Ora, porque os brancos são as etnias dominantes. A novidade está em
sua origem negra. O jornalismo destaca o novo, e não o fato banal. Certas
análises no Brasil se perderam em encruzilhadas, tentando adaptar os fatos a
suas interpretações do que sejam as diferenças entre os dois países. Lá e cá
houve e há discriminação. Lá, não negaram e evoluíram.
Aqui, nos perdemos em questiúnculas desviantes, quando a central é: há
desigualdades raciais e elas são intoleráveis. Pessoas que pensam assim se
esforçam para entender as razões e as raízes das desigualdades, se debruçam
sobre os dados, não negam problema existente. A libertação vem da verdade
conhecida. Quem não sabe, a esta altura, que o conceito de “raça” é falso? É
bizantino repetir isso. Discutir a desigualdade racial não é a forma de “racializar” o
país, mas sim constatar um problema, criado sobre um artificialismo, e que exige
superação. Racializado ele já é, com esta vergonhosa ausência dos negros
(pretos e pardos), de todos os círculos, do poder no Brasil. Comemorar a vitória
em terra alheia, negando a existência da derrota em casa, é uma escolha que tem
sido feita com insistência no Brasil. Na festa de Obama, isso se repetiu. Aqui se
vai da negação do problema à condenação de todo tipo de instrumento usado
para enfrentá-lo. Tudo é acusado de ser “racialista”: constatar as desigualdades,
apontar suas origens na discriminação, tentar políticas públicas para reduzi-las.
Argumentam que temos que melhorar a educação pública. Claro que temos,
sempre tivemos. É urgente que se faça isso.
Alguém discute isso? A diferença entre a forma como o racismo se
manifesta nos Estados Unidos e no Brasil não pode ser usada para perdoar o
nosso. Aqui, vicejou a espantosa idéia da escravidão suave, como viceja hoje a
idéia de que temos uma espécie de “racismo benigno” ou “apenas” uma
15
discriminação social que atinge os negros pelo mero acaso de serem eles
majoritários entre os pobres. São palavras que se negam. Este tipo de violência
não comporta o termo “benigno”, como nenhuma escravidão pode ser suave, por
suposto. Segunda-feira vou ao Laboratório de Análises Econômicas, Históricas,
Sociais e Estatísticas das Relações Raciais da UFRJ ver o lançamento do Mapa
Anual das Desigualdades Raciais. Vou para olhar de novo os dados, conversar de
novo com negros e brancos que estudam o assunto, aprender mais um pouco,
procurar, esperançosa, algum avanço. Não acho que essa é uma conversa
perturbadora da nossa paz social. Não acredito na paz que nega o problema.
“Acho lindo o sonho dos americanos, mas quero sonhar o meu.”
Metodologia:
- Distribuir uma cópia do texto para cada aluno;
- Leitura do texto;
- Esclarecer o significado de algumas palavras do texto;
- Escrever o vocabulário das palavras no quadro de giz;
- Analisar com os alunos, as principais idéias apresentadas pelo autor;
- Concluir o texto fazendo uma comparação entre Brasil e Estados Unidos sobre a
questão racial. Objetivo específico: Analisar o preconceito racial no Brasil, através da
percepção da necessidade de mudança de atitudes preconceituosas e
discriminatórias contra o negro, importância do respeito pelas diferenças.
16
Exercício 1:
Descrever no quadro atitudes que demonstrem as conseqüências da
discriminação na escola para crianças negras e para crianças brancas.
Negros Brancos
17
Exercício 2:
Desenhe no quadrado uma charge demonstrando uma forma de preconceito
racial na escola onde você estuda.
Tempo: 5 aulas de 50 minutos.
Recurso didático: texto o “Tom da cor”, quadro de giz, lápis.
UNIDADE II PERCEPÇÕES DISCRIMINATIVAS
O Brasil que se busca, o país do desenvolvimento com igualdade de
oportunidades e de acesso a bens de serviços, deve ter como desafio primeiro o
combate ao problema racial, essa realidade secular deverá abrir uma nova etapa
na existência da sociedade brasileira, deve mostrar uma realidade assustadora.
18
A cor sofre nítida reificação e é utilizada apenas como critério para
identificar três grandes grupos; o da “gente branca’’, formado por pessoas de nível
socioeconômico mais elevado, isto é, por aqueles que moram, alimentam-se e
vestem-se bem, além de terem acesso a escolaridade formal; o da “gente preta’’,
constituído pelos pobres, os mais carentes da população, os esfarrapados
subalimentados e, por fim, o “grupo dos mulatos’’, composto pelos que, embora
desprovidos de tradição, ascendem socialmente, tornando-se, muitas vezes,
grandes comerciantes e agricultores, passando a ser, senão aceitos, tolerados
pelos brancos, agora diante de um processo contínuo de inversão da pirâmide
social.
AULA 02
Escutar as músicas Que país é esse de Renato Russo e Lavagem Cerebral
de Gabriel o Pensador e assistir ao vídeo o xadrez das cores. Refletir o que as
músicas e o vídeo falam a respeito das diferenças sociais e em seguida
desenvolver atividades sobre o assunto.
A música de Renato Russo no ano de 1987 se refere ao nosso país
enquanto a outra música de Gabriel o Pensador de 1993, se refere a
discriminação e ao racismo.
Fonte:. http://www.radio.uol.com.br/#/letras-e-musicas/renato-russo/que-pais-e-esse/2047869
Música: “Que país é esse?” de Renato Russo.
Fonte: http://letras.mus.br/gabriel-pensador/66182/ Musica: “Lavagem Cerebral” de Gabriel, o Pensador.
Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=NavkKM7w-cc O Xadrez das Cores (direção Marco Schiavon) Gênero: Ficção
Subgênero: Drama
Diretor: Marco Schiavon
19
Elenco: Anselmo Vasconcellos, Mirian Pyres, Zezeh Barbosa
Duração: 22 min Ano: 2004 Formato: 35mm País: Brasil Local de Produção: RJ Cor: Colorido
Sinopse: Cida, uma mulher negra de quarenta anos, vai trabalhar para Maria, uma
velha de oitenta anos, viúva e sem filhos, que é extremamente racista. A relação
entre as duas mulheres começa tumultuada, com Maria tripudiando em cima de
Cida por ela ser negra. Cida atura a tudo em silêncio, por precisar do dinheiro, até
que decide se vingar através de um jogo de xadrez.
Metodologia:
- Distribuir uma cópia de cada letra das músicas para os alunos;
- Colocar as músicas para os alunos ouvirem (primeiro uma, depois a outra);
- Analisar com os alunos, as principais idéias apresentadas nas letras das
músicas;
- Assistir o vídeo O Xadrez das Cores;
- Realizar um posicionamento dos alunos com relação ao vídeo;
Objetivo específico: - Debater a questão do preconceito em todos os espaços sociais; - Identificar as ações do cotidiano em que a sociedade vive, a presença de
atitudes sobre a questão racial.
20
EXERCÍCIO 1: Escreva um rap, a partir do vídeo e das músicas. Use a estrela
para lhe inspirar e escreva o seu rap. Seja você uma estrela brilhe...
EXERCÍCIO 2:
Na lousa anotar tudo que os alunos comentarem sobre as músicas.
21
EXERCÍCIO 3:
No desenho abaixo escreva uma frase sobre o preconceito racial.
Tempo: 6 aulas de 50 minutos.
Recurso didático: CD e DVD, aparelho de som e aparelho de DVD, quadro
negro, giz etc.
UNIDADE III
PRECONCEITO RACIAL
Combater o racismo, trabalhar pelo fim da desigualdade social e racial,
empreender reeducação das relações étnico-raciais não são tarefas exclusivas da
escola. A forma de discriminação de qualquer natureza não tem o seu nascedouro
22
na escola, pois, o racismo, as desigualdades e discriminações correntes na
sociedade perpassam por ali. Interpretação do poema: “Casa Grande & Senzala” de Manuel Bandeira (1949) e de Gilberto Freyre(1933).
Aula 03
Freyre, Gilberto. Casa-Grande & Senzala [1933]. Rio de Janeiro: José Olympio, 1977, prefácio à 1a ed. e cap. I. Nesta aula, serão discutidas as primeiras páginas do prefácio à primeira
edição de Casa-Grande & Senzala. Casa-Grande & Senzala talvez seja o livro de
“interpretação do Brasil” mais conhecido, traduzido, comentado e discutido.
No prefácio do livro, Gilberto Freyre deixa clara a influência que teve dos
ensinamentos do antropólogo Franz Boas (que Freyre conheceu durante uma
temporada que passou nos Estados Unidos). A influência dessa visão sobre a
obra de Gilberto Freyre será central, embora não exclusiva. Freyre, por exemplo,
manterá a percepção das estruturas sociais e do meio ambiente como
importantes para a explicação do desenvolvimento das sociedades, em particular
da sociedade brasileira, formada nos trópicos.
O impacto de Casa-Grande & Senzala aparece sintetizado num poema de
Manuel Bandeira, que faz referências explícitas às teorias racistas, a Oliveira
Vianna e a Franz Boas.
O capítulo 1 de Casa-Grande & Senzala, “Características gerais da
colonização portuguesa do Brasil: formação de uma sociedade agrária,
escravocrata e híbrida”. Observe a ênfase que Freyre dá ao fato de que, ao
começarem a colonizar o Brasil, em 1532, os portugueses já tinham um século de
contato com os trópicos e vinham de uma população já miscigenada.
O que significa a idéia de que a formação social brasileira representou “um
processo de equilíbrio de antagonismos”? Preste atenção também nas fontes
utilizadas por Freyre para escrever seu texto e nos temas abordados.
Deve-se também mencionar as críticas feitas à interpretação de Freyre, em
particular: 1) a polêmica a respeito da relevância do preconceito racial como fator
explicativo para a desigualdade entre brancos e negros no Brasil (por oposição a
23
uma explicação fundamentalmente classista, defendida por Florestan Fernandes
e outros); 2) e as críticas sofridas por Gilberto Freyre em função de sua suposta
defesa da existência de uma “democracia racial” no Brasil.
Fonte:http://www.avozdapoesia.com.br/obras_ler.php?obra_id=8347&poeta_
id=291
Poema: “Casa Grande & Senzala” de Manuel Bandeira (1949)
Metodologia:
- Leitura do texto no data show;
- Distribuir um texto para cada aluno;
- Levar os alunos a questionarem o conteúdo do mesmo.
Objetivo específico: Reconhecer os valores atribuídos á população negra no
Brasil.
EXERCÍCIO 1:
Descreva no balão quais as características que são associadas ao negro que
você já ouviu falar (dizeres, piadas, e outros), o que você acha disso, concorda ou
discorda por quê? (cada aluno pode falar, deixando-o livre).
24
EXERCÍCIO 2:
De tudo o que foi estudado até o presente aula, há igualdade de oportunidades
para negros e brancos em relação a emprego, escola, direitos, como você
percebe isso a sua volta. Comente e justifique sua resposta.
EXERCÍCIO 3:
Faça uma tirinha que demonstre o preconceito racial na sua escola.
25
EXERCÍCIO 4:
Desenhe no espaço abaixo algo contra o preconceito.
Tempo: 5 aulas de 50 minutos.
Recurso didático: Pendrive, data show, folhas.
UNIDADE IV
IGUALDADE DE DIREITOS
Somente a partir da Constituição “Cidadã” de 1988, sob pressão do
protesto negro com a criminalização de atos de racismo, é que todo um
arcabouço jurídico passou a ser organizado de modo a redefinir e combater a
exclusão racial, caso da lei de 1989, e mais tarde da lei Paim de 1997. Ao
projetar para seus filhos e filhas o sonho da educação formal, as mulheres
negras, mesmo que iletradas, edificam a escola como territorialidade, como
espaço de pertencimento, espaço de referência da história e da cultura negra e
da região. Essa projeção “oferece a possibilidade de diferentes leituras – afetiva,
26
política, geográfica e outras” (OLIVEIRA, 2003, p. 247), aponta para
singularidades, conhecimento e valores que guiam o desejo de liberdade e
inclusão de todos os negros e negras.
Artigos da Constituição O racismo e a discriminação a qualquer título são abomináveis aos olhos
daqueles que vivem a verdadeira humanidade e que tratam aos outros com
igualdade, respeito e amor independente da cor, da raça, do sexo, da idade, da
profissão, etc.
O Brasil é um país de cultura escravocrata e com grande miscigenação de
raças, fatores estes que contribuíram para a existência de diversidades de
culturas, valores e crenças. Somando-se a isso encontramos as desigualdades
oriundas dos vários anos de exploração econômica do proletariado, aos 350 anos
de escravidão negra e da subseqüente abolição sem a acolhida no mercado de
trabalho dos negros e sem que fossem propiciadas as condições mínimas para
eles subsistissem; além das desigualdades relativas às mulheres, aos idosos e às
crianças, que também foram oprimidos durante a longa conquista da cidadania
no Brasil.
Percebemos dessa forma que o negro e o indígena foram as duas grandes
vítimas preferenciais dos colonizadores europeus racistas que, julgando-se
superiores àqueles, os dominaram, destruindo as suas culturas e economia:
A ignorância em relação à história antiga dos negros, as diferenças culturais, os preconceitos étnicos entre duas raças que se confrontam pela primeira vez, tudo isso, mais as necessidades econômicas de exploração, predispuseram o espírito europeu a desfigurar completamente a personalidade moral do negro e suas aptidões intelectuais. O negro torna-se, então, sinônimo de ser primitivo, inferior, dotado de uma mentalidade pré-lógica. (MUNANGA, 1986, p. 9)
O Programa Nacional de Direitos Humanos – Brasil (1998) define
discriminação como “o nome que se dá para a conduta (ação ou omissão) que
27
viola direitos das pessoas com base em critérios injustificados e injustos tais como
raça, sexo, idade, opção religiosa e outros”(p. 15). A discriminação seria a
exteriorização do preconceito e do estereótipo. Já a discriminação racial estaria
relacionada a preferências por raça, cor e etnia. A Convenção da ONU, de 1996,
estabeleceu o seguinte conceito para a discriminação racial.
Qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferências baseadas em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica, que tenha como objeto ou efeito anular ou restringir o reconhecimento, o gozo ou exercício, em condições de igualdade, dos direitos humanos e liberdades fundamentais no domínio político, social ou cultural, ou em qualquer outro domínio da vida pública. (Programa Nacional de Direitos Humanos, 1998, p.12).
Diante do exposto Santos (2001) comenta que:
A discriminação racial não diz respeito somente a crianças negras. Trabalhar no ambiente escolar, de forma satisfatória contra as ideologias que vão reforçar esse tipo de discriminação, significa instaurar novas formas de relação entre crianças negras, brancas e afrodescendentes, corromper com os velhos discursos eurocêntricos, promover situações de diálogo e de questionamentos e favorecer uma vivência que permita a todos da comunidade escolar “garantir e promover o conhecimento de si mesmo, no encontro com o diferente”. (p.106)
Conforme a autora Gomes (2002) enfatiza que a discriminação ocorre devido a modos e comportamentos diversos:
São nesses espaços que as oportunidades de comparação, a presença de outros padrões estéticos, estilos de vida e práticas culturais ganham destaque no cotidiano da criança e do/a adolescentes negros, muitas vezes contrária àquela aprendida na família. Em alguns casos, é o cuidado da mãe, a maneira como a criança é vista no meio familiar que lhe possibilitam
28
a construção de uma auto-representação positiva sobre o ser negro/a e a elaboração de alternativas particulares para lidar com o cabelo crespo. Nesse caso, podemos inferir que saber lidar, manusear e tratar do cabelo crespo está intimamente associado com estratégias individuais de construção da identidade negra. ( p.7)
Recorrendo mais uma vez às palavras de Gomes (2002) ele nos assegura
que o descontentamento e o preconceito ficaram nítidos nesta citação:
Para o/a adolescente negro/a a insatisfação com a imagem, com o padrão estético, com a textura do cabelo é mais do que uma experiência comum dos que vivem esse ciclo de vida. Essas experiências são acrescidas do aspecto racial, o qual tem na cor da pele e no cabelo os seus principais representantes. (...) A rejeição do cabelo, muitas, vezes, leva a uma sensação de inferioridade e de baixo auto-estima contra a qual faz-se necessária a construção de outras estratégias, diferentes daquelas usadas durante a infância e aprendidas em família.(p.9)
Segundo o autor Lopes (2001) cita que:
A educação escolar deve ajudar professor e alunos a compreenderem que a diferença entre pessoas, povos e nações é saudável e enriquecedora; que é preciso valorizá-las para garantir a democracia que, entre outros, significa respeito pelas pessoas e nações tais como são, com suas características próprias e individualizadoras; que buscar soluções e fazê-las vigorar é uma questão de direitos humanos e cidadania. (p. 188).
O racismo é crime inafiançável e imprescritível segundo o art. 5º inciso XLII
da Constituição Federal, o qual ganhou efetividade através das leis nºs. 7.716/89
29
e 9.459/97 e do livre acesso à justiça assegurado constitucionalmente, bem como
da assistência judiciária gratuita. (BECCARI, 2005) A discriminação ocorre com maior freqüência contra a raça negra e mais
precisamente em relação aos negros pobres, se agravando contra as mulheres,
crianças e idosos negros e pobres.
Embora haja na nossa legislação diversas fontes e recursos de combate
contra a discriminação e o racismo para que haja eficácia nessa batalha, é
necessário a existência de uma consciência. Faz-se mister que aqueles que são
discriminados estejam conscientes da discriminação sofrida e reajam de forma
inequívoca contra seus discriminadores, inclusive denunciando-os à justiça.
Por outro lado, é necessário que o povo brasileiro crie uma consciência das
discriminações que existem no Brasil, eis que, comumente a sociedade nega a
ocorrência de discriminações atribuindo eventuais casos que caem no domínio
público a comportamentos isolados de pessoas inescrupulosas.
Ocorre que, as discriminações existem e são reais e devem ser encaradas
como fatos concretos que precisam ser combatidos e resolvidos, não bastando a
mera maquiagem da realidade que por si só é discriminatória e corrobora para o
crescimento do preconceito, do racismo, dos estereótipos e das discriminações
sociais. A Declaração Universal dos Direitos Humanos em seu artigo I, preconiza que:
"todos nascem livres e iguais em direitos e dignidade e que sendo dotados de consciência e razão devem agir de forma fraterna em relação aos outros."
A Constituição da República Federativa do Brasil consagra referidos
princípios (igualdade, liberdade, fraternidade) no artigo 5.º: "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:"
30
Nesse dispositivo constitucional está inserido o princípio da isonomia que
significa que todos (brasileiros e estrangeiros, brancos e negros, adultos, idosos e
crianças, homens e mulheres, ricos e pobres,) são iguais perante a Lei, sem
qualquer distinção.
Há que se ressaltar aqui a "imprecisão" dos legisladores que ao desejarem
alcançar a perfeição e cercar de proteção toda a população brasileira, se
olvidaram dos estrangeiros que vem ao país temporariamente, seja a turismo ou a
trabalho. Entretanto, por extensão os Tribunais tem assegurado a eles todos os
direitos e garantias fundamentais de nossa Carta Magna e da Declaração
Universal dos Direitos Humanos.
Os principais direitos humanos fundamentais são a vida, a liberdade, a
igualdade, a segurança e a propriedade. A igualdade em nossa legislação não
está restrita ao gênero masculino, é para todos, independente de sexo:
"CF/88. Art. 5º...
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição."
Ao ler esse artigo que trata do direito de igualdade das mulheres
lembramos da conquista da cidadania feminina, da igualdade de direitos e
deveres existente entre homens e mulheres, da proibição da discriminação em
razão do sexo (gênero), do direito de acesso aos cargos públicos pelas mulheres
e da garantia que a classe feminina ganhou para escolher e exercer livremente
toda e qualquer profissão.
Na mesma esteira de pensamento e proteção, a Constituição Federal de
1988, conhecida como Constituição Cidadã, estabeleceu a proibição da tortura e
da humilhação de todo e qualquer indivíduo, independente de sexo, raça, cor,
idade, etc.." Art, 5º...
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou
degradante;"
Reconhecendo que o Brasil é um país de muitas faces, com diversas
religiões, culturas e povos, cada qual preservando suas crenças específicas e em
respeito a essa diversidade, os legisladores asseguraram constitucionalmente a
31
liberdade de crença e de culto religiosa, ratificando os dizeres da Declaração
Universal dos Direitos Humanos. "Art 5º...
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais
de culto e a suas liturgias;"
A fé é um direito precioso que está atrelado aos valores de cada ser
humano e muitas vezes confunde-se com sua própria identidade e motivação
para viver.
Não haveria liberdade e igualdade, nem exercício pleno da cidadania e tão
pouco direito de expressão se houvesse repressão ao direito de crença e culto
religioso.
Por outro lado, existia o perigo, iminente, da retaliação aos que
manifestassem suas crenças e realizassem seus cultos e para resolver a questão
os constituintes preconizaram: "Art.5º...
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;"
Destarte, se alguém por motivos de crença religiosa, convicção filosófica ou
política estiver impossibilitado de cumprir obrigação legal, não precisará se privar
de suas crenças e convicções mas deverá cumprir prestação alternativa. Ex: Os
protestantes de sétimo dia que não votarem aos sábados deverão justificar sua
ausência ou então pagar a multa.
Pensar em igualdade e combate á discriminação envolve a proteção à
privacidade, à dignidade e à honra.
É cediço que o tempo não retroage e que as feridas ainda que cicatrizem,
deixam marcas que podem ser permanentes, marcas estas que retratam a dor
moral que surge quando o ser humano tem sua privacidade, honra e dignidade
atingidas pelo preconceito e pela discriminação.
A dor não tem remédio mas pode ser aliviada, compensada pela punição
do autor do ato ilícito, compensação esta que traz um certo alívio para quem
recebe a indenização e coíbe o infrator para que não reincida em suas infrações.
32
A indenização por danos morais, bem como a por danos materiais está
claramente disciplinada na Constituição de 1988, no art. 5º, X" (BECCARI, 2005) Art 5º..
.X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;"
Observe ainda que a CF/88, artigo. 3º, ao dispor sobre os objetivos fundamentais
do Estado afirma categoricamente que são objetivos da República Federativa do
Brasil:
- A construção de uma sociedade livre, justa e solidária;
- Assegurar o desenvolvimento nacional;
- Erradicar a pobreza e a marginalização, além de reduziras desigualdades
sociais e regionais;
- Promover o "bem de todos" (não fala em bem comum), sem preconceito de raça,
sexo, cor, idade, nível cultural, nacionalidade ou qualquer outra espécie de
preconceito, combatendo a discriminação.
Fica claro que o Brasil tem interesse em combater o racismo e qualquer
espécie de discriminação para construir um país mais justo, solidário, onde os
cidadãos participem ativamente do governo, seja através de seus representantes,
seja através da fiscalização e do controle das ações dos políticos e governantes.
O combate ao racismo e a discriminação devem estar presentes na
consciência do povo brasileiro, inclusive a nível internacional, isto é, em suas
relações no exterior e em seu relacionamento com os estrangeiros (art.4º da
CF/88) eis que dentre os objetivos da política brasileira nas relações
internacionais destacam-se a Prevalência dos Direitos Humanos;
a Igualdade entre os Estados, a Defesa da Paz e o Combate ao Racismo e ao
terrorismo, bem como a Integração econômica, social política e cultural com os
povos da América Latina (Mercosul).
Aula 04
Metodologia: - grupo de três alunos;
33
-distribuição do texto;
- leitura feita pelo grupo;
- comentar o que o grupo entendeu sobre os artigos.
Objetivo específico: Avaliar a igualdade entre todos os indivíduos.
EXERCICIO 1:
Grupos de três alunos terão que ler os artigos e comentar um deles, para os
demais grupos da sala.
Tempo: 3 aula de 50 minutos.
Recurso didático: folhas , texto constituição.
34
UNIDADE V
TRABALHANDO AS DIFERENÇAS
O professor tem a tarefa de problematizar as representações e imagens
presentes nos livros didáticos, no sentido de desconstruir visões negativas em
relação aos afrodescendentes e construir visões positivas. Tendo como ponto
principal a valorização dos sujeitos históricos e sua contribuição na formação da
sociedade, desmitificando o papel de submissão dos afrodescendentes, expresso
na relação senhor/ escravo (SIMAN, 2005, p. 359).
Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=LWBodKwuHCM
Filmes Vista minha pele - 2003, 15 min.
“Vista a Minha Pele” é uma divertida paródia da realidade brasileira. Serve
de material básico para discussão sobre racismo e preconceito em sala-de-aula.
Nesta história invertida, os negros são a classe dominante e os brancos
foram escravizados. Os países pobres são Alemanha e Inglaterra, enquanto os
países ricos são, por exemplo, África do Sul e Moçambique. Maria é uma menina
branca, pobre, que estuda num colégio particular graças à bolsa-de-estudo que
tem pelo fato de sua mãe ser faxineira nesta escola. A maioria de seus colegas a
hostilizam, por sua cor e por sua condição social, com exceção de sua amiga
Luana, filha de um diplomata que, por ter morado em países pobres, possui uma
visão mais abrangente da realidade.
Maria quer ser “Miss Festa Junina” da escola, mas isso requer um esforço
enorme, que vai desde a superação do padrão de beleza imposto pela mídia,
onde só o negro é valorizado, à resistência de seus pais, à aversão dos colegas e
à dificuldade em vender os bilhetes para seus conhecidos, em sua maioria muito
pobres. Maria tem em Luana uma forte aliada e as duas vão se envolver numa
série de aventuras para alcançar seus objetivos. O centro da história não é o
concurso, mas a disposição de Maria em enfrentar essa situação. Ao final ela
descobre que, quanto mais confia em si mesma, mais capacidade terá de
convencer outros de sua chance de vencer.
35
Indicações de uso: O vídeo pode ser usado na discussão sobre
discriminação no Brasil. É um instrumento atraente, com linguagem ágil e atores
conhecidos do público alvo - adolescentes na faixa de 12 a 16 anos. Vem
acompanhado de uma apostila de orientação ao professor para sua utilização em
sala de aula, elaborada por educadores e psicólogos comprometidos com as
questões de gênero e raça.
Ficha técnica:
Duração: 15 minutos
Direção: Joel Zito Araújo
Produção: Casa de Criação
Aula 05
Metodologia:
- Assistir ao vídeo;
-Cada aluno fala como se sentiu ao assistir ao vídeo;
Objetivo específico: Avaliar a discriminação com a troca de cor da pele e as
conseqüências no ambiente escolar.
Exercício 1:
Cada um vai falar como se sentiu assistindo o vídeo.
36
Fonte: http://www.piratininga.org.br/videos/discriminacao.html
Retrato em preto e branco (direção Joel Zito Araújo )
Um homem negro e de classe média escreve uma carta a um amigo
estrangeiro na tentativa de explicar-lhe a real situação dos afrodescendentes no
Brasil. Este é o pano de fundo do documentário Retrato em Preto e Branco, filme
que revela um Brasil preconceituoso e desigual. Estas pessoas, que representam
mais da metade da população brasileira, vivem à margem das oportunidades de
trabalho, educação, saúde e moradia, convivendo com o abandono das crianças e
a violência policial. O filme mostra que no Brasil há uma sociedade etnocêntrica,
desigual e racista. Retrato em Branco e Preto se apóia em pesquisas sócio-
econômicas e revela que a reprodução do preconceito se dá a partir da escola e
pela mídia, que insiste em ser espelho em um povo brasileiro que não existe, com
suas Xuxas, Angélicas e outros rostinhos alvos. Indicações de Uso Retrato em Branco e Preto é um ótimo estimulador de
debates sobre a questão racial, história e direitos humanos. Um filme de
linguagem acessível que pode ser usado para alunos do ensino fundamental e
médio, mas que também faz diferença em debates acadêmicos. Particularmente
indicado para grupos que discutem questões de raça.
Ficha Técnica:
Realização: CEERT - Centro de Estudos das Relações de Trabalho e
Desigualdades
Data: não consta
Direção: Joel Zito Araújo
Duração: 15 minutos
Metodologia:
- Assistir os vídeos
- Comentar como é viver na pele do outro. Objetivo específico: Avaliar a discriminação com a troca de cor da pele e as
conseqüências no ambiente escolar.
37
Exercício 2:
Cada um vai se posicionar diante do que viu no vídeo.
Em nossa cultura poderíamos enumerar o vasto número de piadas e
termos que mostram como a distinção racial é algo corrente em nosso cotidiano.
Quando alguém autodefine que sua pele é negra, muitos se sentem deslocados.
Parece ter sido dito algum tipo de termo extremista. Talvez chegamos a pensar
que alguém só é negro quando tem pele “muito escura”. Com certeza, esse tipo
de estranhamento e pensamento não é misteriosamente inexplicável. O
desconforto, na verdade, denuncia nossa indefinição mediante a idéia da
diversidade racial. Fonte: http://www.piratininga.org.br/videos/discriminacao.html Documentário: O Que é Movimento Negro.
O que é movimento negro?
Documentário sobre o movimento negro no Brasil. Apresenta didaticamente
a luta dos negros pela igualdade, desde os tempos da escravidão até os dias de
hoje. O filme começa apresentando, no período colonial, as formas de luta e
resistência dos negros escravos, como o Banzo e os Quilombos. Fala de Zumbi e
das revoltas dos Malês e dos Alfaiates.
38
Foi em 1902 que surgiram as primeiras entidades (recreativas) de negros
no Brasil. No mesmo período começaram a ser publicados os primeiros jornais do
movimento negro, como "O Progresso" e "A liberdade". O filme aborda as
experiências da Frente Negra, da Legião Negra e do Teatro Experimental do
Negro (TEM), com seu belo trabalho na área de arte-educação.
Durante a ditadura militar, os negros ficaram proibidos de se organizar e,
assim, as manifestações culturais ganhavam mais importância. Já na década de
1970, após a morte do estudante Edson Luiz, o movimento negro voltou a se
manifestar e, a partir da união de diversos grupos, foi criado o Movimento Negro
Unificado (MNU), contra a discriminação racial. A luta pelo respeito às diferenças
e pela igualdade, levou o Movimento a discutir como a escola reproduz o racismo,
através dos currículos, dos livros didáticos e da formação dos professores. Levou
também à organização da Associação de Mulheres Negras.
O vídeo mostra ainda o samba e o hip hop, entre as formas culturais que
colaboram com a luta negra pela "desmistificação do mito da democracia racial"
existente no Brasil.
Indicações de Uso: "O que é movimento negro" é indicado para aula ou debates
que tenham a história dos negros no Brasil como tema. O vídeo é bastante
didático, com linguagem acessível e imagens dos jornais e manifestações
políticas e culturais dos negros no Brasil.
Ficha Técnica: Data: Maio de 1998
Duração: 15 minutos
Realização: Núcleo de Estudos Negros Fonte:http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/cadernos_tematicos/tematico_raciais.pdf Canção – Hino, de Nelson Inocêncio, o Nethio Benguela, 1988.
Metodologia:
- Assistir o documentário na TV em pendrive;
- Refletir o documentário com os alunos;
39
- Leitura da canção / hino;
- Analisar o que ela quer dizer.
Objetivo específico: Reconhecer a importância do negro na formação da
sociedade brasileira.
Exercício 3:
Desenhar uma charge que identifique o movimento negro.
Exercício 4:
Em sua opinião á preconceito racial em nosso país?
40
Exercício 5:
Escreva uma frase sobre o preconceito racial.
Exercício 6:
Desenhe uma caricatura sobre o preconceito.
Tempo: 6 aulas de 50 minutos. Recurso didático: CD e DVD, aparelho de som e aparelho de DVD, folhas
pendrive e data show.
41
UNIDADE VI
TRABALHANDO O PRECONCEITO E AS DIFERENÇAS
O tema central de discussão uma das mais recorrentes oposições
presentes nas interpretações sobre o Brasil: o divórcio entre dois brasis,
recorrentes em vários pares de oposição – o Brasil do litoral e o dos sertões, o
moderno e o atrasado, o civilizado e o rústico, aquele que se desenvolve e o que
passa fome, o que aponta para o futuro e o que está preso ao fardo do passado.
Obras e tradições de Joaquim Nabuco, Euclides da Cunha, Gilberto Freyre,
Sergio Buarque de Holanda, Caio Prado Junior, Vitor Nunes Leal, Celso Furtado e
Roberto DaMatta.
Euclides da Cunha, Os sertões [1902] Na aula será discutida a parte 2, “O
homem”. Nela, Euclides apresenta uma visão sobre o sertanejo marcada por
contradições. Por um lado, influenciado pelas teorias consideradas científicas à
época, o autor considera negativamente essas populações – “a mestiçagem
extremada é um retrocesso”.
Nessa linha, apresenta o sertanejo como retrógrado, incapaz de civilização
e presa fácil do misticismo religioso e de líderes messiânicos como Antônio
Conselheiro. Por outro lado, compara e aponta diferenças entre o mestiço do
litoral e do interior – “o sertanejo é, antes de tudo, um forte”, que sabe resistir
como ninguém à violência exercida pelos donos de terras e pelos “civilizados” do
litoral. Sobretudo, temos nesse quadro descrito por Euclides o tema recorrente de
uma nacionalidade dividida.
Para compreender o livro, é preciso contextualizar a vida e a obra de
Euclides, assinalando sua formação “cientificista” na Escola Militar e sua profissão
de engenheiro, antes de tornar-se escritor. Devemos também lembrar da
ocorrência de vários movimentos sociais rurais no Brasil entre 1870 e 1920, vistos
pelas elites como obstáculos ao “progresso” (e, a partir de 1889, à consolidação
da República).
SUGESTÃO PARA PESQUISA NA INTERNET:
42
O site http://www.euclidesdacunha.org.br/ contém informações sobre a vida
e a obra de Euclides da Cunha, além de muitas fotos. O autor, que dedica o livro
à memória de Euclides da Cunha, chama atenção para a extensão da fome no
Brasil, ao estudar a situação alimentar nas várias regiões do país. A fome no
Brasil, na visão de Josué de Castro, “é conseqüência, antes de tudo, de seu
passado histórico, com os seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca
em harmonia com os quadros naturais. Efeito de uma sociedade desajustada e de
uma economia desequilibrante e destrutiva – caracterizada pela predominância de
uma agricultura extensiva de exportação ao invés de uma agricultura intensiva de
subsistência”, a fome só poderá ser vencida quando houver mudança nas
estruturas sociopolíticas brasileiras que levem à superação do
subdesenvolvimento.
Raízes do Brasil sempre considerado um dos mais importantes livros já
publicados no Brasil em todos os tempos – Sérgio Buarque de Holanda apresenta
uma síntese da formação da sociedade brasileira, os fundamentos de suas
“raízes”.
Os capítulos selecionados de Raízes do Brasil apresentam algumas
tipologias centrais à argumentação de Sérgio Buarque de Holanda: a oposição
entre a ética do trabalhador e a do aventureiro; o peso de nosso passado rural e
escravista e a dicotomia rural-urbano; as cidades como instrumentos da razão e
de dominação, através da oposição entre os tipos ideais do “semeador” e do
“ladrilhador”; e o caráter “cordial” do homem brasileiro (fonte de muita polêmica e
mal-entendidos).
Será também dada uma breve explicação sobre a metodologia dos tipos
ideais e sobre noções como patrimonialismo, burocracia e estamento,
desenvolvidas por Max Weber, uma das principais influências intelectuais para
Sérgio Buarque de Hollanda.
A Unicamp organizou um site sobre Sergio Buarque de Holanda
(http://www.siarq.unicamp.br/sbh/o_globo.html) em comemoração o centenário de
seu nascimento (2002). O site traz cronologia sobre o autor, listagem de suas
obras e informações sobre o Acervo Sérgio Buarque de Holanda, que a Unicamp
abriga desde 1983.
43
O texto a ser discutido nesta aula traz a perspectiva inovadora do
antropólogo Roberto DaMatta presente no texto:
DaMatta, Roberto. “Você sabe com quem está falando? Um ensaio sobre a
distinção entre indivíduo e pessoa no Brasil”, in: Carnavais, malandros e heróis.
Para uma sociologia do dilema brasileiro. 5ª ed., Rio de Janeiro, Guanabara,
1990, p. 146-204 [59p.]
O tema central do texto é o dilema entre tendências hierarquizantes e
individualistas presentes na sociedade brasileira.
O texto a ser discutido nesta aula adota a perspectiva teórica desenvolvida
por Roberto DaMatta: Barbosa, Livia. “O jeitinho e o ‘Você sabe com quem está
falando’: umas comparação entre dois dramas sociais”, in: O jeitinho brasileiro: a
arte de ser mais igual que os outros. Rio de Janeiro, Campus, 1992, p. 73-81.
[9p.]
Na primeira dessas aulas entra em cena a perspectiva marxista de
interpretação sobre o Brasil, por meio de seu principal representante: Prado Jr.,
Caio. “O sentido da colonização”. In: Formação do Brasil Contemporâneo [1942].
Introdução (p. 9-13) + “O sentido da colonização” (p. 19-32) [19p.]
Para Caio Prado Jr., o “sentido” da evolução de um povo só pode ser
percebido quando desviamos o olhar dos pormenores de sua história e nos
voltamos para o conjunto dos fatos e acontecimentos essenciais que a constituem
num longo período de tempo. Caio Prado examina as características da
colonização do Brasil, vista como um capítulo da história do desenvolvimento do
capitalismo comercial europeu. A exploração agrária nos trópicos realizou-se em
grandes unidades produtoras, que reuniram grande número de trabalhadores
subalternos. Por esse motivo, nossa colonização, diferente da ocorrida na
América do Norte, recorreu mais à mão-de-obra escrava indígena e
principalmente africana do que à atração de colonos europeus.
Enquanto na América do Norte constituíram-se colônias de povoamento,
escoadouro para excessos demográficos da Europa que se reconstituíram no
Novo Mundo, mantendo uma organização e uma sociedade semelhantes à do seu
modelo de origem europeu, nos trópicos, pelo contrário, surgiu um tipo de
sociedade inteiramente original.
44
No seu conjunto, e vista no plano internacional, a colonização dos trópicos
toma o aspecto de uma vasta empresa comercial, mais complexa que a antiga
feitoria, mas sempre com o mesmo caráter que ela, destinada a explorar os
recursos naturais de um território virgem em proveito do comércio europeu.
Na essência da formação brasileira, Caio Prado vê que, na realidade,
constituímo-nos para fornecer açúcar, tabaco e alguns outros gêneros; mais tarde
ouro e diamantes; depois, algodão, e em seguida café, para o comércio europeu.
Este caráter se manteve dominante através dos três séculos do período colonial,
mas, para além dele, gravou-se profunda e totalmente nas feições e na vida do
país. O “sentido” da evolução brasileira, segundo Caio Prado Jr., ainda se
afirmaria por aquele caráter inicial da colonização.
O autor a ser lido para esta aula é considerado o principal teórico do
subdesenvolvimento brasileiro: Furtado, Celso. A pré-revolução brasileira. [1962].
Trecho selecionado: Celso Furtado (org. Francisco de Oliveira). São Paulo: Ática,
1983 (Coleção Grandes Cientistas Sociais), pp. 132-151. [20p.]
Um dos principais economistas brasileiros, Celso Furtado foi um dos
expoentes da famosa CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina,
criada pela ONU em 1949) e desenvolveu, ao longo dos anos 50, um inovador
método histórico-estrutural para explicar economias capitalistas subdesenvolvidas
como a brasileira.
A essa dimensão acadêmica, Celso Furtado associou uma importante
trajetória como administrador público e ator político, tendo sido diretor do BNDE
no Nordeste, criador e superintendente da SUDENE e ministro do Planejamento
de João Goulart.
Celso Furtado insiste na necessidade urgente de se implementarem
profundas reformas de base, estruturais, rejeitando porém a alternativa
revolucionária ao estilo soviético. Trata-se de um dos escritos mais engajados de
Celso Furtado, produzido em um período de acirramento de conflitos sociais e
políticos.
Pode ser lido como uma espécie de “canto de cisne” de um projeto que
seria interrompido com o regime instaurado no Brasil em 1964. SITE: :http://www.culturabrasil.org/zip/oabolicionismo.pdf
45
Metodologias:
- Como os alunos já leram algumas obras literárias nas aulas de Português, os
que quiserem poderão comentar;
- poderá ser feito pesquisa na internet;
- deixar que os alunos falem o que entenderam sobre as obras que leram.
Objetivo específico: Reconhecer a importância da mistura de raças na formação
da sociedade brasileira.
Exercício 01: Formar uma história em quadrinho sobre o Preconceito Racial .
46
Tempo: 7 aulas de 50 minutos.
Recurso didático: livros, revistas, computador, folhas, lápis de cor e criatividade.
47
Considerações Finais
Caros amigos professores esse caderno pedagógico foi elaborado para nos
auxiliar no dia a dia em sala de aula com nossos alunos, principalmente no que se
tratar da diversidade e preconceito no ambiente escolar.
Esse material foi preparado com todo o carinho utilizando muitas fontes de
consultas e uma diversidade de objetivos que podemos atingir com nossos
educados na formação de uma sociedade mais democrática e justa para todos.
Essa socialização de saberes e de conteúdos mostra a proposta da elaboração
deste trabalho pertinente á disciplina de História.
O tema de estudo enfocado neste caderno preconceito racial é um assunto
atual e de grande abrangência hoje em nossas escolas, percebemos
constantemente em salas de aula as piadinhas, brincadeiras que mexem com a
auto-estima de nossos alunos e sendo assim corriqueiro em sala de aula temos
que estar cada dia mais preparado para futuros imprevistos aos quais estamos
presenciando.
Espero que este material ajude e que os objetivos sejam alcançados em
nossas salas de aula, disponibilizamos algumas fontes e sites de fáceis acessos
para serem trabalhados.
48
Referências e fontes
ANDREWS, G. R.; Negros e Brancos em São Paulo (1888-1988). São Paulo:
EDUSC, 1998.
ARAÚJO, Joel Z.; Retrato em Preto e Branco. Disponível em:
<http://www.piratininga.org.br/videos/discriminacao.html>. Acesso em: 28 de
setembro de 2013
ARAÚJO, Joel Z.; Vista minha pele; Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=LWBodKwuHCM> Acesso em: 28 de setembro
de 2013
AZEVEDO, Celia Maria Marinho de.; Onda Negra, Medo Branco, o negro no
imaginário das elites século XIX. São Paulo: Annablume, 2004.
BANDEIRA, Manuel; Casa Grande & Senzala, Disponível em:
<http://www.avozdapoesia.com.br/obras_ler.php?obra_id=8347&poeta_id=29
1> Acesso em: 28 de setembro de 2013.
BECCARI, Cristina B.; Discriminação Social, Racial e de Gênero no Brasil.
DireitoNet, 2005.
BRASIL. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: História. Secretaria do
Estado da Educação do Paraná. Governo do Estado do Paraná. (2008).
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico –Raciais
e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, 2004.
Brasil, Gênero e Raça. Ministério do Trabalho. Acesso em:
<http://www.mp.os.gov.br>. Disponível em: 27 de setembro de 2013
CUNHA, Euclides da; Os Sertões. Disponível em:
<http://www.euclidesdacunha.org.br/> Acesso em : 28 de setembro de 2013.
49
FREYRE G.; Casa grande-senzala: formação da família brasileira sobre o regime da economia patriarcal. São Paulo: Global. (Trabalho original publicado
em 1933), (47a ed.), 2003.
Gabriel O Pensador, Lavagem Cerebral. Disponível em:
<http://letras.mus.br/gabriel-pensador/66182/> Acesso em: 28 de setembro de
2013.
GOMES, Nilma Lino. Trajetórias escolares/corpo negro e cabelo crespo: reprodução de estereótipos e/ou ressignificação cultural? Trabalho
apresentado na 25a Reunião Anual da ANPed. Caxambu, MG, 2002.
LOPES, Vera Neusa. Racismo, Preconceito e Discriminação. In: MUNANGA,
Kabengele (org.). Superando o racismo na escola. Brasília: Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Fundamental, 2001
INOCÊNCIO, Nelson; o Nethio Benguela. Disponível em:
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/cadernos_tematicos/tematico_raciais.pdf> Acesso em: 28 de setembro de 2013
LEITÃO, MIRIAN. O Tom da cor. Disponível em:
<http://oglobo.globo.com/economia/miriam/posts/2008/11/07/o-tom-da cor-138729.asp> Acesso em: 05 de maio de 2013.
Ki-zerbo, Joseph. Para quando a África? Entrevista com René Holenstein – RJ,
Palhas, 2006.
MUNANGA, Kabengele; GOMES, Nilma Lino; O negro no Brasil de hoje. São
Paulo: Global, 2006.
50
MUNANGA, kabengele. Origens africanas do Brasil contemporâneo-
Histórias, línguas, culturas e civilizações. Ed. Global, 2007.
MUNANGA, Kabengele. Negritude – Usos e Sentidos. São Paulo: Editora
Ática, 1986.
MUNANGA, Kabengele (org.). Superando o racismo na escola. Brasília:
MEC/SECAD, 2005.
NABUCO, Joaquim; O Abolicionismo. Disponível em:
<http://www.culturabrasil.org/zip/oabolicionismo.pdf> Acesso em: 28 de
setembro de 2013
Núcleo de Estudos Negros. O que é o Movimento Negro. Disponível em: <http://www.piratininga.org.br/videos/discriminacao.html> Acesso em: 28 de
setembro de 2013.
O Globo Online; Sérgio Buarque de Holanda: Autor de 'Raízes do Brasil' deixou uma obra tão rica quanto sua vida. Disponível em:
<http://www.siarq.unicamp.br/sbh/o_globo.html>. Acesso em: 28 de setembro
de 2013.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação.
Diretoria de Políticas e Programas Educacionais. Coordenação de Desafios Educacionais Contemporâneos. Educando para as Relações Étnico- Raciais II. Curitiba: SEED- PR., 2008.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação.
Departamento de Ensino Fundamental. Cadernos temáticos: inserção dos conteúdos de história e cultura afro-brasileira e africana nos currículos
escolares. Curitiba: SEED- PR., 2005.
51
PROGRAMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS –BRASIL. Gênero e Raça:
todos pela igualdade de oportunidades: teoria e prática. Brasília: MTb-a
Assessoria Internacional,1998.
Radio UOL, Que país é esse (Renato Russo), Disponível em:
<http://www.radio.uol.com.br/#/letras-e-musicas/renato-russo/que-pais-e-esse/2047869>. Acesso em: 27 de setembro de 2013
SANTOS, Isabel Aparecida. A responsabilidade da escola na eliminação do
preconceito racial: alguns caminhos. In: CAVALLEIRO, Eliane (org.) Racismo e
anti-racismo na educação – repensando nossa escola. São Paulo: Summus,
2001.
SCHCIAVON, M.; O Xadrez das Cores. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=NavkKM7w-cc> Acesso em: 28 de
setembro de 2013.
SERRANO, Carlos e MUNANGA, Kabengele. A Revolta dos colonizados. Ed:
Atual, 1995.