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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
A SEMANA DE ARTE MODERNA EM NOVA PERSPECTIVA Brigida Rodrigues Lopes Sturm1
Fausto José da Fonseca Zamboni2
RESUMO
Este trabalho relata os resultados do processo da implementação do projeto “A Semana de Arte Moderna em Nova Perspectiva”, aos estudantes da 3ª série do Ensino Médio, do Colégio Estadual Bom Jesus – EFM, do município de Bom Jesus do Sul – PR, Núcleo Regional de Francisco Beltrão – PR. Vinculado ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, da Secretaria Estadual de Educação do Paraná. Tem como objetivo, proporcionar aos educandos alternativas de conhecer e vivenciar aspectos literários, históricos, artísticos e culturais da Semana de Arte Moderna, construir instrumentos e discussões pedagógicas que visam mudar/transformar o conceito preestabelecido. A Semana de Arte Moderna é um grande desafio a ser estudado em sala de aula, verificar sua origem e seu legado para a posterioridade. Todavia, a identidade brasileira atual não seria a mesma sem a Semana de 22. Este artigo buscou trabalhar essa temática de forma diferenciada, fazendo com que os alunos interagissem com os objetos de estudo através de textos, músicas, vídeos e imagens de esculturas e da arquitetura. A Produção Didático-Pedagógica construída no formato de uma unidade didática consiste em oferecer um material de consulta e referência ao Movimento Modernismo aos professores de Língua Portuguesa e Literatura. Os resultados da aplicação da proposta com alunos mostraram-se bastante positivos, compreenderam o assunto com maior facilidade, sendo que a utilização de recursos de multimídia tornaram o trabalho mais eficaz. PALAVRAS-CHAVE: Modernismo, Semana de Arte Moderna, Mário de Andrade
INTRODUÇÃO
Este estudo surgiu a partir da prática pedagógica da grande maioria dos
professores de Língua Portuguesa da rede estadual de ensino do Estado do
Paraná que, ao iniciar o trabalho com a literatura, se deparam com a grande
dificuldade de relacioná-la com os demais acontecimentos históricos da
sociedade. Por meio do Projeto “A Semana de Arte Moderna em Nova
1 Professora de Língua Portuguesa da Rede Estadual de Educação. Participante do Programa
de Desenvolvimento Educacional. PDE-2013. Col. Est. Bom Jesus – EFM, Bom Jesus do Sul – PR, Núcleo Regional de Educação de Francisco Beltrão – PR. 2 Doutor em Literatura, Professor de Língua e Literatura Italiana da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE.
Perspectiva”, apresentado ao PDE – Programa de Desenvolvimento
Educacional, buscou-se proporcionar aos educandos alternativas de conhecer
e vivenciar aspectos literários, históricos, artísticos e culturais da Semana de
Arte Moderna, construir instrumentos e discussões pedagógicas que visam
mudar/transformar o conceito preestabelecido.
O início de uma literatura efetivamente brasileira é de difícil
identificação, pois o conceito de “começo” nela é muito relativo. Até porque as
literaturas que antecedem a brasileira, como a portuguesa e a francesa, foram
se constituindo concomitantemente com a formação dos respectivos idiomas.
Além da língua, vieram com os portugueses as leis, costumes e valores de sua
sociedade, marcados pela forte influência do cristianismo.
Portanto, neste estudo procurou-se discutir sobre Literatura – em linhas
gerais a Semana de Arte Moderna, realizada em 1922, seguida do movimento
literário modernismo.
Oliveira (1993) diz que o caráter da literatura não é somente resultado
do fato dela ocorrer num determinado contexto histórico; o passado artístico e
literário representa “recordações da humanidade”. Se nas mãos do historiador
esse passado não se tornar contemporâneo, a história da literatura e da arte
pode morrer. A história literária só nos interessa se permanecer viva, sendo a
única forma de fazer o passado ser lembrado. Por esse motivo que em todas
as épocas cada geração sente a necessidade de reescrever a história.
O modernismo adquire visibiliade a partir da Semana de Arte Moderna,
um evento crucial para a ampliação do movimento. Porém, o movimento não
trouxe a clareza de seus objetivos, mas o que sem dúvida ocorreu foi uma
transformação na história do Brasil, em muitos aspectos, desde a literatura até
a economia.
Este trabalho destinou-se aos estudantes da 3ª série do Ensino Médio,
do Colégio Estadual Bom Jesus – Ensino Fundamental e Médio, do município
de Bom Jesus do Sul – PR, Núcleo Regional de Francisco Beltrão – PR.
O referencial teórico utilizado está embasado em obras Carpeaux,
Amaral, Bosi, Cândido, Coutinho, Oliveira, DCEs e sites para propor as
atividades. A Produção Didático-pedagógica é uma Unidade Didática, a qual foi
dividida em onze etapas, enriquecidas com trechos musicais, pinturas,
esculturas e arquitetura, para ambientar os alunos no contexto artístico do
Modernismo.
LITERATURA: DA SEMANA DE ARTE MODERNA AO MODERNISMO
De acordo com Fabris (1994 p. 16), o processo de modernização iniciou
no Brasil no final do século XIX. Apesar de modernidade e vanguarda não
serem sinônimos, a vanguarda, entretanto, não pode ser pensada fora do
quadro de uma sociedade política e economicamente moderna.
Para Carpeaux (1959, p. 155):
A literatura não existe no ar, e sim no Tempo, no Tempo histórico, que obedece ao seu próprio ritmo dialético. A literatura não deixará de refletir esse ritmo – refletir, mas não acompanhar. Cumpre fazer essa distinção algo sutil para evitar aquele erro de transformar a literatura em mero documento das situações e transições sociais. A repercussão imediata dos acontecimentos políticos na literatura não vai muito além da superfície, e quanto aos efeitos da situação social dos escritores sobre a sua atividade literária será preciso distinguir nitidamente entre as classes da sociedade e as correspondentes “classes literárias”. A relação entre literatura e sociedade – eis o terceiro problema – não é mera dependência: é uma relação complicada, de dependência recíproca e interdependência dos fatores espirituais (ideológicos e estilísticos) e dos fatores materiais (estrutura social e econômica).
Foi preciso negar a cultura europeia que impressionava os burgueses,
em 1924. É inquestionável a influência francesa na formação do intelectual
brasileiro. Os modelos de conduta social, a moda e o comportamento moderno
vieram predominantemente da França. A própria fundação da Academia
Brasileira de Letras foi moldada conforme a Academia Francesa. Os
modernistas ao negar a Europa estavam negando o gosto e o ambiente
burguês dos quais faziam parte (SILVA, 2006).
A Semana de Arte Moderna foi realizada no Teatro Municipal de São
Paulo, nos dias 13,15 e 17 de fevereiro de 1922, sendo a primeira
manifestação de impacto geral do modernismo brasileiro. A Semana foi o
estopim de um processo, que havia sido iniciado antes dela, se consolidando
apenas posteriormente, através dos manifestos, revistas e obras que lhe deram
seguimento (HELENA, 2000, p. 45).
Para oficialização da Semana de 22, a agregação de Graça Aranha,
recém-chegado de Paris, foi fundamental. Projetaram, desde o início, um
evento grandioso, um presente para o Brasil, pois seria o ano do Centenário da
Independência. Graça Aranha surgiu como um nome de respeito pela sua
dupla autoridade de diplomata e de membro da Academia Brasileira de Letras.
O fato de ser um membro da Academia facilitou a realização da Semana no
Teatro Municipal. A Semana de 22 foi bancada pela burguesia cafeeira, devido
à confiança assegurada pelo nome de Graça Aranha (SILVA, 2006).
Nas décadas de 50 e 60, as obras modernistas começaram a ser
avaliadas. Wilson Martins escreve uma das obras mais polêmicas. Os próprios
idealizadores tiveram a noção de que ainda seria necessário maior
distanciamento para reconhecer os limites do movimento, a única certeza que
era possível ter é que havia sido um divisor entre a estética do século XIX e a
do século XX (SILVA, 2006). Ainda para Silva (2006):
A bipolaridade estava expressa nos binômios afeto-sarcasmo e inovação-convencionalismo. A crítica literária do período, interessada em sistematizar o movimento e as obras dos autores modernistas, encarava as bipolaridades como um defeito, sintoma de uma obra desorganizada e de um escritor que ficou na promessa. Para Wilson Martins, estas ambivalências demonstravam um homem e um artista contraditórios.
O próprio Mario de Andrade afirmou que o modernismo significou a
reverificação e mesmo a remodelação da Inteligência nacional. Ou seja, para o
autor, o modernismo significou a transformação da Inteligência nacional,
trazendo-a para uma situação mais contemporânea, mais de acordo com o que
se passa no restante do mundo e com uma visão crítica dela mesma. No
entanto, transformar a Inteligência nacional, por assim dizer, não significava e
não significou absolutamente superá-la ou negá-la (FABRIS, 1994, p. 62).
O Modernismo foi uma fase de contribuição para a formação de uma
consciência crítica brasileira. A história cultural de um povo é melhor realizada
através do livre e de um aberto diálogo de tendências que estão em conflito,
sendo necessário prosseguir na busca de aprofundar este percurso e essa
crítica (HELENA, 2000, p. 82).
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
A Produção Didático-Pedagógica –atividade integrante do Projeto de
Intervenção Pedagógica na Escola –consiste em uma Unidade Didática que
propõe a oferecer um material de consulta e referência ao Movimento
Modernismo aos professores de Língua Portuguesa e Literatura.
O estudo realizado surgiu a partir da prática pedagógica em sala de
aula, ao iniciar o trabalho com a literatura, pois os alunos se deparam com a
grande dificuldade de relacioná-la com os demais acontecimentos históricos da
sociedade.
Ao longo desta produção, buscou-se de diferentes maneiras,
proporcionar aos educandos alternativas para conhecer um pouco mais sobre o
movimento Modernista e vivenciar aspectos artísticos, históricos, literários, e
culturais da Semana de Arte Moderna, construir instrumentos e discussões
pedagógicas que visam transformar o conceito preestabelecido.
Para melhor entendimento, esta Unidade Didática foi dividida em onze
etapas que trazem a fundamentação teórica, sugestões de atividades, vídeos e
sites para aprofundamento do tema. Como as etapas são independentes, elas
podem ser trabalhadas individualmente.
IMPLEMENTAÇÃO
A implementação do projeto foi realizada no primeiro semestre do ano
de 2014 no Colégio Estadual Bom Jesus – EFM. A turma mostrou-se
interessada em estudar o assunto, uma vez que faz parte dos conteúdos
programáticos deste período letivo.
O material de apoio pedagógico utilizado neste trabalho foi enriquecido
com trechos musicais e sites que mencionam pinturas, esculturas e obras
arquitetônicas; que visa ambientar os alunos no contexto artístico da época do
Modernismo.
A Unidade Didática foi organizada em 11 (onze) etapas, assim
trabalhadas:
Primeira etapa, apresentação aos professores: o projeto foi apresentado
aos profissionais da educação e à comunidade escolar do Colégio Estadual
Bom Jesus – EFM, durante as atividades da semana pedagógica de fevereiro
de 2014. O mesmo destacou a importância de trabalhar com o Modernismo na
construção da identidade literária brasileira.
Todas estas informações foram elaboradas em uma síntese do projeto, e
apresentado em formato de slide no Datashow. Após a explanação do trabalho,
foi aberto espaço para debate, em que os profissionais tiveram a oportunidade
de expor suas opiniões e/ou sugestões e contribuições para aprimorar o
trabalho desenvolvido com os alunos.
Segunda etapa, introdução do modernismo em sala de aula:
apresentação do Projeto de Intervenção Pedagógica aos alunos. Para trabalhar
com esta Unidade Didática, inicialmente apresentamos o Projeto de
Intervenção Pedagógica aos alunos, por meio de slides, priorizando que o
Modernismo foi um movimento literário que tinha como finalidade construir a
identidade brasileira. Posteriormente explicou-se que o objetivo desse trabalho
é a elaboração de instrumentos, materiais e discussões que visam trabalhar
com o Movimento Literário Modernismo, proporcionando um olhar sob novo
enfoque, tomando como ponto de partida o contexto artístico do Modernismo.
Para melhor compreensão do Modernismo foi explicado para os alunos
que é preciso conhecer os movimentos que o antecederam, diferenciar as
características, obras e autores de cada um.
Terceira etapa, o Modernismo em Portugal: foi apresentado dois textos,
contendo informações sobre: o que foi este Movimento Literário, a época em
que ocorreu, as fases e os autores. O primeiro texto se remete ao Modernismo
num contexto geral, faz a divisão deste período em três diferentes gerações. A
primeira é iniciada em 1915, pela publicação da revista Orpheu. O lançamento
da revista Presença, em 1927, dá início à segunda geração. A terceira, a
geração neorrealista, começa a surgir a partir de 1940 (MARIA, 2010).
O segundo texto apresenta uma síntese sobre as grandes revelações
literárias desse período, Mário de Sá-Carneiro (1890 – 1916) e Fernando
Pessoa (1888 – 1935) (EDITORA ABRIL, 2010).
Quarta etapa, a obra de Salvador Dali: iniciamos com o estudo de
Salvador Dalí (1904 – 1989), pois é um dos mais importantes artistas plásticos
(pintor e escultor) surrealistas da Espanha. O surrealismo foi melhor
expressado através da pintura, onde os artistas plásticos colocavam suas
emoções para representar o mundo concreto. A obra apresentada é
“Construção mole com feijões cozidos” de Salvador Dali, como também os
dados sobre a constituição da mesma, os detalhes e a sensação do autor
frente sua criação.
Em comparação com esta obra, utilizamos “Impressão: O Sol Nascente”
de Claude Monet (1840 – 1926), uma obra que marcou o início do
impressionismo, a qual pode ser visualizada e compreendida. É importante que
os alunos conheçam as características de cada um dos movimentos
apresentados; para tanto, trabalhamos com as características da pintura
impressionista que procuram refletir a luz do Sol variando com sua intensidade;
as figuras não devem ter contornos nítidos, a luminosidade, o colorido e os
contrastes demarcando a luz e a sombra devem estar presentes. Sobre Claude
Monet é possível destacar que além de pintor é um pesquisador que se
dedicou em estudar sobre a luz e seus efeitos. Além desta, podemos observar
as dez pinturas escolhidas para falar sobre a sua biografia (BASTOS [s. d]).
Quinta etapa, o Modernismo no Brasil: primeiramente os alunos foram
convidados a realizar um breve questionário oral com a intenção de verificar se
os mesmos trazem conhecimento prévio sobre o Modernismo ou a Semana de
22, seguindo o seguinte roteiro:
Você já ouviu falar da Semana de Arte Moderna?
Em que época aconteceu?
O que se esperava e qual a importância da Semana de Arte Moderna
para o Modernismo?
Qual a relação que os modernistas tinham para com os artistas que os
precederam?
Quais os aspectos fundamentais da arte modernista?
Qual a relação entre identidade nacional e arte modernista?
Se você tem conhecimento deste fato, faça um breve comentário.
Por meio do questionamento foi possível constatar que os alunos
possuíam pouco conhecimento sobre o assunto. As respostas foram vagas e
sem muita informação.
Após essa atividade, foi proposto aos educandos para assistir ao vídeo
“Modernismo - Semana de Arte Moderna”. Neste vídeo são citados dados
sobre o período Modernista, bem como informações da Semana de Arte
Moderna, os alunos falaram e anotaram sobre os principais tópicos que
caracterizam esse período.
Ao término da atividade, foi proposto aos educandos para assistir o
vídeo “História da Arte 15 – Modernismo Brasileiro”, com duração de 6 minutos,
o qual faz referência ao Modernismo e seus principais representantes;
procurou-se apresentar o recurso visual para uma melhor memorização e
compreensão do assunto abordado.
Os alunos foram convidados a acessar o texto “O Modernismo no
Brasil”3. Esse texto faz referência ao Modernismo como um movimento artístico
que propunha uma renovação na linguagem e nos formatos, marcando a
ruptura definitiva com a arte tradicional, faz apontamentos sobre a Semana de
Arte Moderna, a primeira fase do Modernismo, e o lançamento de quatro
movimentos culturais: o Pau-Brasil, o Verde-Amarelismo, a Antropofagia e a
Anta.
Junto às obras, nascia o desejo de explicá-las e justificá-las. Os
modernistas fundavam revistas e lançavam manifestos que iam delimitando os
subgrupos, inicialmente apenas estéticos e posteriormente portadores de
matrizes ideológicos mais ou menos precisos, conforme afirma BOSI (1974).
Disponibilizaremos, também, o link4 contendo informações mais
específicas sobre os artistas que participaram da Semana de 22. Os alunos
realizaram leitura conjunta dos textos, posteriormente fizeram uma reflexão e
sanaram algumas dúvidas.
Sexta etapa, a música Romântica de Piotr Tchaikovisk e a música
Modernista de Igor Stravinsk, Alberto Nepomuceno e Heitor Villa Lobos:
sabendo que a música é a manifestação cultural e artística de um povo e usada
3 Disponível em: http://www.brasilescola.com/literatura/o-modernismo-no-brasil.htm . 4 Disponível em: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=359
para expressar os sentimentos de uma determinada época ou região, dessa
maneira iniciamos a aula, apresentando Piotr Tchaikovisk (1840 – 1893),
compositor do século XIX com toda a sua vitalidade popular. Sua obra de
inspiração ocidental contém elementos exóticos. Após compreendermos a
importância do referido compositor para a música romântica, apresentamos a
música “O Lago dos Cisnes” de Piotr Tchaikovisk para que os alunos possam
visualizar e sentir os efeitos que a melodia romântica nos proporciona.
(ALTMAN, 2012)
Foram apresentadas as características da música romântica, contendo
informações que nos revelam as profundas transformações que a Revolução
Francesa causou, abalando o campo das artes, da cultura e da filosofia;
alterando a mentalidade europeia e modificando os seus critérios de valor.
Para contrapor com a música romântica, estudou-se a música
modernista, para que os alunos pudessem perceber suas características e
diferenças. A aula teve início com informações sobre Igor Stravinsk (1882 –
1971) e sua música “O Pássaro de Fogo”, como também a versão original,
regida pelo próprio Stravinsky; e em seguida a execução mais recente, na qual
é possível ver melhor a atuação de cada musicista. (INFOPÉDIA,2013)
Nesta etapa foi estudado sobre Alberto Nepomuceno (1864 – 1920), o
qual foi o primeiro compositor brasileiro a se utilizar da bitonalidade, o sétimo
grau abaixado e o 4º grau aumentado na sua última composição “A Jangada”.
Como forma de ampliar os conhecimentos disponibilizou-se o vídeo com a
música “Serenata para Cordas” de Alberto Nepomuceno, como vimos acima,
Nepomuceno influenciou muito nas composições de Villa Lobos (1887 – 1929).
Dessa forma, apresentou-se também uma de suas composições: a “Dança
Africana – Farrapos” de Heitor Villa Lobos que traz para a Semana de Arte
Moderna a música erudita modernista, procurado romper as formas harmônicas
convencionais; posteriormente um trecho da música “Uirapuru” de Villa Lobos,
pois essa composição musical sintetiza os momentos de estruturas formais,
estéticas e ideológicas, que pretendem equacionar a alma brasileira (BRAZ,
2000).
Sétima etapa, a Pintura Modernista: apresentou-se a pintura acadêmica.
Podemos destacar que, no Brasil, ela demonstrou características europeias. A
pintura plástica brasileira até o início do século XX mesclou características do
Realismo e do Simbolismo. Para representar a pintura acadêmica,
apresentamos a pintura de Vitor Meireles (1832-1903) “A Primeira Missa no
Brasil” (1861).
O modernismo foi um movimento literário e artístico do início do século
XX, tinha como objetivo o rompimento com os modelos tradicionais do
Parnasianismo, Simbolismo e a Arte Acadêmica. Almejavam a libertação
estética, a experimentação e a independência cultural do país. No que se
refere à pintura modernista, os artistas também não compartilhavam de uma
estética em comum, negando a arte como reprodução da realidade, buscando
maior expressividade, utilizando-se do estilo dramático para demonstrar o
tempo em que vive (ABSTRAÇÃO COLETIVA, 2013). Para uma melhor
visualização das características da pintura modernista, apresentamos o quadro
“Abaporu” pintado por Tarsila do Amaral.
Apresentamos também a pintura de Candido Portinari (1903-1969), a
qual reflete as questões sociais do Brasil e os elementos artísticos da arte
moderna europeia, utilizando-se do surrealismo, cubismo e da arte figurativa,
de forma a valorizar a pintura. Para continuar os estudos sobre Portinari,
dispomos a obra “O Lavrador de Café e O Mestiço”, proporcionou-se
momentos de estudos, tecendo comentários e afirmações sobre as mesmas.
Oitava etapa, a Escultura Modernista: vimos que a arte acadêmica no
Brasil teve início no século XIX. Nesse período Rodolfo Bernardelli se destaca
na escultura. Iniciamos a aula disponibilizando a pesquisa referente às
informações descritas acima, apresentando as esculturas de Rodolfo
Bernardelli para que os alunos consigam compreender um pouco mais sobre a
arte acadêmica e tenham acesso aos outros monumentos de Bernardelli (DIAS,
2011).
Com a finalidade de compararmos a arte Acadêmica com a modernista,
apresentamos a escultura de Vitor Brecheret (1894-1955). Sendo que o mesmo
faz parte do modernismo brasileiro e é um de seus principais representantes.
Suma é sua importância que há vários monumentos na cidade de São Paulo
com o seu nome, sendo destacado o “Monumento às Bandeiras”, o qual retrata
um líder onipotente, que lidera um grupo que o segue e o respeita. A obra
procura colocar São Paulo como líder do Brasil. Foi proporcionado aos alunos
as fotos detalhadas do monumento, algumas características como: estátuas
representando homens de raça e condições diversas; sensações de apatia e
esperança; valores de dominação, subordinação, liderança, união e respeito
(MUNHOZ, 2009).
Nona etapa, a Arquitetura Modernista: iniciou-se levando para a sala de
aula materiais informativos sobre a Art Noveau, que é um estilo artístico que se
inicia por volta de 1890 na Europa e nos Estados Unidos, se espalhando pelo
resto do mundo, inclusive no Brasil. Esse modelo é considerado o centro da
arte moderna, visando adaptar-se às transformações sociais e ao novo ritmo da
vida moderna. Essa arte prioriza a beleza, dispondo a todos, pela estreita
relação entre arte e indústria.
Na arquitetura esse estilo pode ser visto nas cidades de Belém, Manaus
e São Paulo. Comentamos sobre a Vila Penteado5 que também representa a
arte nova em São Paulo. Foi projetada pelo arquiteto Carlos Ekman6 (1866 –
1940) (ITAU CULTURAL 2012).
Foram apresentadas inúmeras fotos da Art Noveau da arquitetura de
São Paulo, para que os alunos pudessem visualizar e observar os detalhes que
deram forma a esse estilo.
Para fazer um comparativo com esta, apresentamos a arquitetura
modernista, demonstrando algumas obras arquitetônicas de Oscar Niemeyer,
de grande importância e grandiosidade para a arquitetura nacional e
internacional. Apresentamos, a “Fundação Oscar Niemeyer” para que os
alunos conheçam algumas de suas obras e percebam seu estilo diferenciado
dos demais arquitetos.
Décima etapa, a Poesia Modernista: a Poesia Parnasiana de Olavo
Bilac. Nesta aula foi explicando aos alunos sobre o Parnasianismo. É de
fundamental importância destacar que Olavo Bilac (1865-1918) fez parte desse
movimento estético anterior ao Modernismo. Assim como os poetas
parnasianos, ele também valorizava a forma, a estrutura, a construção dos
versos.
Apresentamos o Poema “Ora (direis) ouvir estrelas!” de Olavo Bilac
(1865-1918). Para concretizar o comparativo com a Poesia Parnasiana,
5 Prédio pertencente à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAU/USP. 6 Carlos Ekman emigra da Suécia para o Brasil no fim do século XIX, atraído pelas grandes oportunidades profissionais oferecidas pelo país.
apresentamos a Poesia Modernista. A Semana de Arte Moderna de 1922 foi o
marco principal, todavia, o espírito literário já havia começado um processo de
preparação nos anos anteriores. Um dos principais representantes da poesia
modernista foi Manuel Bandeira (1881 – 1968). Devido a sua grande
importância nesse contexto histórico é que apresentaremos o Poema “Irene do
Céu” de Manuel Bandeira.
Décima primeira etapa, a Música Popular Brasileira (MPB): durante a
passagem para o século XX, as atividades artísticas musicais brasileiras se
utilizavam dos modelos europeus, na sequência, essas atividades se
identificaram com os modelos religiosos, passando pelos poemas sinfônicos,
óperas e modinhas trazidas da Alemanha, Itália e França. Porém, com o passar
do tempo, surgiram as concepções nacionalistas incorporadas pelos
modernistas, durante a década de 40, que objetivavam criar e elaborar obras
de caráter específico brasileiro.
Durante a década de 1950, a música brasileira sofria influência da
americana, surgindo a Bossa Nova que era uma mistura do samba com o jazz.
Nesse período alguns compositores brasileiros estavam buscando uma nova
forma musical (BOSSA NOVA NA HISTÓRIA, 2011). Apresentamos aos alunos
as “Músicas e os Precursores da Bossa Nova” como: João Gilberto, Tom
Jobim, Vinícius de Moraes, Nara Leão, dentre outros.
Em todas as etapas descritas acima, foi proporcionado aos alunos várias
atividades, tanto de estudo e pesquisa, quanto de produção individual e
coletiva. Como forma de auxílio estudos, houve as atividades complementares,
para serem realizadas como atividades extraclasse.
Simultaneamente ocorreu o Grupo de Trabalho em Rede – GTR, na
modalidade de Educação à Distância que é uma alternativa interessante de ser
utilizada como formação continuada, pois além de estudar um tema específico,
o qual envolve todo o estudo realizado na pesquisa, sendo o projeto, a
produção, a implementação e os resultados; é possível interagir com os
colegas, trocar experiências com professores de todo o estado.
A turma era composta por dezoito professores participantes, o professor
orientador e eu como tutora, totalizando vinte profissionais. Destes somente
uma professora não foi concluinte. O curso contou ainda com a participação de
alguns professores da disciplina de Arte o que tornou o trabalho mais rico. Ao
analisar-se os relatórios de participação, as atividades postadas e as
interações, constatou-se desde o início do curso eles foram participativos,
coerentes e convictos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A identidade brasileira atual não seria a mesma sem a Semana 22. Além
das ideias revolucionárias dos modernistas, a originalidade do modernismo
teve influências europeias.
O maior desafio para os Professores de Língua Portuguesa, no Ensino
Médio, ao trabalhar com Literatura, tanto a Portuguesa quanto a Brasileira, está
no fato de demonstrar para a turma a relevância desse estudo. Porém, surge o
primeiro obstáculo: o descaso e a falta de interesse pela leitura, principalmente,
em se tratando dos livros de autores consagrados pelo cânone literário.
Diante dessa realidade, é preciso muita dedicação e criatividade para
motivar os alunos e despertar o interesse deles para os estudos em torno da
literatura. Fato este que deu origem ao trabalho, que é o de levar para a sala
de aula uma Produção Didático-Pedagógica produzida no viés da inovação,
amparada na busca de tornar o conteúdo atrativo, por meio dos recursos de
multimídia.
A participação no programa PDE, possibilitou a intervenção na prática
pedagógica visando melhorar a relação entre ensino e aprendizagem na sala
de aula por meio da leitura. A implementação da proposta possibilitou conhecer
melhor a realidade no ambiente de trabalho e permitiu ainda utilizar ações
buscando ampliar os conhecimentos dos educandos com relação ao
Modernismo e a Semana de Arte Moderna, relacionando o conteúdo com a
aplicação direta, seja na sociedade, seja na concretização dos anseios
pessoais, o aluno poderá encontrar a motivação necessária para que o estudo
produza sentido e garanta a aprendizagem.
Ao longo da implementação da Produção Didático-Pedagógica surgiram
dificuldades, principalmente em relação a tecnologia. Houve problemas quanto
ao uso da internet, pelos poucos computadores funcionando no laboratório de
informática. O uso do Datashow também foi prejudicado pela claridade que
existia na sala aula. A solução foi o uso dos recursos que os alunos puderam
trazer para a escola, sendo notebook, tablete ou smartphone. Devido à pouca
estrutura disponível na escola foi necessário a busca de outras alternativas, o
importante é que os alunos colaboraram diretamente e fizeram o possível para
que as aulas saíssem como o panejado. O fato dos alunos terem o conteúdo
em mãos auxiliou na aprendizagem fez com que todo o processo se tornasse
mais interessante.
O assunto trabalhado no cotidiano escolar não é algo interessante aos
olhos dos alunos, eles apenas estudavam por estudar, mas pela forma como
foi proposto eles passaram a se interessar mais, questionar, pesquisar, refletir
sobre a maneira pensar e se expressar dos idealizadores do movimento.
Compreenderam os momentos importantes do Modernismo e estudaram
aspectos primordiais da Semana de Arte Moderna. Através dos
questionamentos respondidos com propriedade deixou visível a aprendizagem
adquirida.
Este trabalho demonstrou que é possível trabalhar literatura de uma
forma objetiva e atrativa. O modelo utilizado na Produção Didático-Pedagógica
pode e deve ser usado para trabalha com os demais estilos literários.
REFERÊNCIAS
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