os desafios da escola pÚblica paranaense na perspectiva do ... · prática. aprendizagem....
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
OS FAZERES PEDAGÓGICOS SOBRE MATÉRIA E ENERGIA NO 9°
ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Roslaine Terezinha Michaloski Pastório1
Ana Lúcia Crisostimo2
RESUMO: Este artigo objetiva descrever os resultados das ações desenvolvidas no Colégio Estadual Tancredo Neves, município de São João, PR, junto aos estudantes do 9° Ano do Ensino Fundamental, em cumprimento da etapa final do PDE (Programa de desenvolvimento Educacional). Neste trabalho, primou-se por tecer considerações sobre os resultados da implementação da Unidade Didática na escola abordando o conteúdo Matéria e Energia. A Diretriz Curricular do Estado do Paraná contempla a valorização do pluralismo metodológico, assim os conteúdos desenvolveram-se de forma a levar o educando aprender com prazer. Ações dinâmicas e interativas, utilizando-se das tecnologias que fazem parte do contexto do educando a favor do ensino e aprendizagem, foram constantes. Nesta perspectiva, as ações fundamentadas teoricamente e metodologicamente nos preceitos de Lévy (1999/2000), Chassot (2004), Feltre (2004), Delizoicov, Angotti e Pernambuco (2009) e Crisóstimo e Kiel (2012), subsidiaram as reflexões e análises, dos aspectos conceituais, científicos e os encaminhamentos didático-metodológicos que fundamentaram a transposição didática dos conteúdos. Durante as ações, o entrelaçar dos conhecimentos aconteceu naturalmente através de pesquisas e experimentos associados aos conteúdos. Logo, os resultados assinalam que a diversificação da metodologia propiciou a aprendizagem significativa e, tornou tênue a fragmentação dos conteúdos. Percebeu-se, também que as ações levaram a criticidade dos alunos e a compreensão de que toda a matéria é feita de átomos e que seu corpo sendo matéria é constituído de átomos. Quanto a energia, ao estudar o átomo e seus níveis de energia, realizou-se a ligação deste conhecimento com tudo que existe, enfim com a matéria. Palavras-chave: Teoria. Prática. Aprendizagem. Ciências. Tecnologia.
INTRODUÇÃO
Constata-se, em sala de aula, o desinteresse do educando diante de aulas
estáticas em que o livro didático é o único recurso pedagógico e a metodologia da
aula expositiva, uma constante. Este ensino leva à fragmentação dos conteúdos, o
que dificulta a aprendizagem dos conhecimentos científicos, considerando que “a
cultura primeira e o conhecimento sistematizado convivem e se alimentam
mutuamente, tanto nos indivíduos como na organização social contemporânea”
(DELIZOICOV, 2009, p. 135). Evidencia-se, portanto, que o saber prévio é uma
premissa da construção dos conhecimentos científicos. Assim, ao levar, de forma
1 Professora PDE/2013. Licenciada em Ciências, Matemática e Física com especialização em Gestão
Escolar: administração, orientação e supervisão escolar. 2 Professora, Doutora em Educação do Departamento de Ciências Biológicas da UNICENTRO.
Orientadora PDE/2013.
dinâmica, interativa e experimental, aos educandos os conteúdos, pretendeu-se
desfragmentar os saberes através de uma construção que viabilizasse a interação
entre teoria e prática.
Este artigo descreve os resultados das ações desenvolvidas no Colégio
Estadual Tancredo Neves, município de São João, PR, junto aos estudantes do 9°
Ano do Ensino Fundamental, em cumprimento da etapa final do PDE (Programa de
desenvolvimento Educacional). Neste trabalho, primou-se por tecer considerações
sobre os resultados da implementação da Unidade Didática na escola abordando o
conteúdo Matéria e Energia. A Diretriz Curricular do Estado do Paraná contempla no
objeto de estudo da disciplina de Ciências - o conhecimento científico que resulta da
investigação da natureza (DCE – PR, 2008, p. 40) - com a perspectiva de
proporcionar ao educando, “[...] a capacidade de produzir ideias e organizá-las sob a
tutela da razão e da experimentação” (CARVALHO, 2006, p. 127).
Com o intuito de contribuir com a melhoria de metodologias alternativas que
levem a transposição didática dos conteúdos Matéria e Energia, no ensino de
ciências, este artigo objetiva descrever os resultados das ações durante a
implementação da Unidade didática aplicada aos alunos do 9° Ano do Colégio
Estadual Tancredo Neves – Ensino Fundamental e Médio, localizado no município
de São João – PR.
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O conhecimento, segundo a DCE de Ciências (2008, p. 28), “[...] não é
estanque, nem está cristalizado, o que caracteriza a natureza dinâmica e processual
de todo e qualquer currículo”. Evidencia-se a flexibilização didática metodológica de
forma que os conteúdos sejam trabalhados de maneira a proporcionar ensino e
aprendizagem de qualidade.
Pensar Ciências, numa proposta de construção do conhecimento com os
educandos do Ensino Fundamental, leva à investigação de como os avanços
científicos ocorreram através dos tempos. Segundo Chassot (2004, p. 9), “Conhecer
a ciência tem demonstrado ser uma enorme aventura intelectual”, assinalando a
riqueza que o aprofundar de estudos voltados a Ciências certamente poderão
proporcionar.
Pierre Lévy menciona o “dilúvio informacional” (2000, p. 14), reforça as
palavras de Chassot quanto à aventura intelectual. Isso traz reflexões a respeito da
educação vinculada a cibercultura, instigando o repensar das competências. Lévy
visualiza que, “Pela primeira vez na história da humanidade, a maioria das
competências adquiridas por uma pessoa no início de seu percurso profissional
estarão obsoletas no fim de sua carreira” (LÉVY, 2000, p. 157). Decorre daí a
problemática do como fazer o estudante sair do senso comum e dominar
cientificamente a temática, através de metodologias que proporcione significado aos
conteúdos.
1.1 MATÉRIA E ENERGIA NUMA VISÃO CIENTÍFICA
A temática da proposta volta-se para o estudo de Matéria e Energia e conta
com teóricos como Peruzzo e Canto. Estes manifestam a necessidade de
entendimento da definição científica de Matéria e registram:
A mesa, a cadeira, as nossas roupas e o nosso organismo são exemplos da matéria. Todas as “coisas” que fazem parte do nosso mundo são feitas de matéria. Do ponto de vista científico, matéria é tudo que tem massa e ocupa lugar no espaço. (PERUZZO e CANTO, 2003, p. 15).
Surge, a ideia da unidade da matéria, segundo a contextualização histórica,
tem-se que:
[...] por volta de 450 a.C., por dois filósofos gregos Demócrito e Leucipo, das regiões Abdera e Mileto (da Grécia antiga). Eles imaginaram que, se pegássemos um corpo qualquer e o fizéssemos dividindo sucessivas vezes, havia um momento em que essa divisão não seria mais possível. Nesse momento, teríamos chegado ao átomo (do grego a, não, tomo, parte), o que significa sem partes, indivisível. (FONSECA, 2010, p.98).
Com o passar do tempo, em meio a hipóteses, observações,
experimentações, os conhecimentos científicos vão sendo construídos. As teorias,
ao serem testadas e comprovadas, tornam-se Leis da Natureza. Os pensamentos
dos autores convergem e, sob outro prisma Feltre explica que:
Desde o início da civilização até hoje, a humanidade pôde observar que a natureza é formada por materiais muito diferentes entre si. O solo em que pisamos pode ser de: terra vermelha, terra preta, areia, pedras etc. os vegetais também apresentam enorme variedade: existem desde os minúsculos musgos até árvores gigantescas; a madeira pode ser mais mole ou mais dura; as flores têm cores muito diversificadas; há grandes diferenças entre os frutos, e assim por diante. O mesmo ocorre com os
animais: existem aves, mamíferos, peixes etc. de formas, tamanhos e constituições muito diferentes entre si. Todos esses materiais que nos rodeiam (a terra, as pedras, a água e os seres vivos) constituem o que chamamos matéria. Daí dizemos que: Matéria é tudo que tem massa e ocupa lugar no espaço (isto é, tem volume). (FELTRE, 2004, p. 2).
Acrescenta-se, a maneira como Gowdak e Martins introduzem os estudos
científicos sobre Matéria e Energia para o Ensino Fundamental. Os autores usam a
imagem como recurso pedagógico, proporcionando aos alunos a discussão sobre o
tema, o levantamento de hipóteses. Os conceitos articulam-se favorecendo a ideia
da desfragmentação. Apresentam, portanto, que:
Tudo o que existe no Universo conhecido se manifesta como matéria ou como energia, aspectos diferentes de uma mesma realidade. Quando falam em matéria, os cientistas se referem a tudo o que tem massa e ocupa espaço. Em outras palavras, matéria é aquilo que tem existência física, ou seja, é real. Por isso, água, madeira, papel, borracha, pedra, ar são exemplos de matéria. Geralmente se imagina a matéria como algo sólido, mas ela também pode se apresentar como um líquido ou um gás. (GOWDAK e MARTINS, 2012, p. 9).
Como se observa, o conceito de Matéria é exposto de diferentes formas.
Instigar o estudante a pensar e construir seu conhecimento, interligando os
conhecimentos adquiridos e os conhecimentos prévios integram este espaço. Esse
processo demanda estratégias que sejam “[...] capazes de excitar nossa
curiosidade” (CARVALHO, 2006, p. 130).
1.2 MATERIAL E MÉTODOS
Com base nos apontamentos teóricos e metodológicos do tema, a
transposição didática dos conteúdos, Matéria e Energia para um conhecimento
científico atualizado e contextualizado, contou com a aplicação de estratégias de
ensino diversificadas. Estas ações tiveram como eixo norteador minimizar as
dificuldades dos educandos do nono ano do ensino fundamental do Colégio
Estadual Tancredo Neves, São João/PR, quanto à compreensão de conceitos
básicos de matéria e energia.
Com base na problemática observada, as ações de implementação
desenvolveram-se de forma dinâmica e interativa. Na busca por desfragmentar os
conteúdos, os recursos tecnológicos, a experimentação, a modelagem dos átomos e
a construção da tabela periódica, possibilitaram as conexões necessárias entre a
teoria e prática.
Evidenciando a metodologia pluralista, o uso dos laboratórios de ciências e de
informática fizeram parte da implementação. Neste espaço, os computadores e o
acesso a internet foram básicos para a digitação, pesquisas e o uso dos
simuladores. O laboratório de ciência firmou a necessidade da experimentação para
que a ponte entre a teoria e a prática se efetivasse.
2 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA IMPLEMENTAÇÃO
As onze ações desenvolvidas se organizam em quatro etapas, assim
definidas:
2.1 DIAGNOSTICANDO E INTERLIGANDO CONHECIMENTOS
Metodologicamente, buscou-se inicialmente diagnosticar os conhecimentos
prévios dos educandos, utilizando-se um pré-teste com questões objetivas e
subjetivas. Esta aplicação possibilitou visualizar as deficiências e,
consequentemente buscar metodologias que viabilizassem uma aprendizagem de
qualidade.
As questões se delinearam de forma a destacar conceitos relevantes ao tema,
norteando as ações a posteori. Com este parâmetro e com as demais atividades
desenvolvidas, a última atividade, a aplicação do pós-teste vem dar subsídios para a
construção comparativa dos resultados alcançados.
2.2 PARA APRENDER É PRECISO GOSTAR
Com este pensar, associamos quatro atividades que possibilitasse aos
educados o gosto e o prazer em aprender. Com certeza, a curiosidade é um fator
humano que nos estimula a ver e passar a imaginar o como fazer e também os por
quês das situações e fenômenos que se apresentam.
2.3 AMBIENTE ADEQUADO A APRENDIZAGEM
A ação seguinte, atividade dois (02), partindo do pensar que “não há como
ensinar alguém que não quer aprender, uma vez que a aprendizagem é um
processo interno que ocorre como resultado da ação de um sujeito” (DELIZOICOV,
ANGOTTI, PERNAMBUCO, 2009, p. 122), centrou-se em levá-los a refletir de forma
dinâmica a convivência de sala de aula, incentivando-os a apontar palavras positivas
que devem permear este ambiente. Com o uso de bolinhas de isopor que foram
personalizadas pelos alunos e, fixadas em um barbante, confeccionou-se uma
corrente. No espaço entre as bolinhas de isopor, foram coladas tiras de papel
colorido com as reflexões realizadas. Muitas palavras foram expressas, escreveram:
generosidade, estudo, atenção, disciplina, dedicação, entre outras. Interligando
estas palavras, a discussão recaiu sobre o sistema de avaliação. O ambiente
adequado para que a aprendizagem aconteça também foi fator de discussão.
2.4 QUÍMICA? SUA IMPORTÂNCIA PARA NOSSA VIDA
A atividade três (03) com o vídeo, A Química na sua Vida, disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=MQFc3VzDGo4, favoreceu a visualização da
importância da química em nossa vida. Os questionamentos realizados antes da
exibição do vídeo (O que é química para você? Cite três situações em que a química
está presente), facilitaram a percepção desta realidade levando os alunos a trocar
informações, comparar, identificar e analisar os dados. Após o vídeo, repetidas as
questões, as respostas tornaram-se mais consistentes e a construção dos painéis,
repleto de saberes. Observou-se, inclusive, que alguns dos estudantes realizaram
pesquisa de forma a melhor complementar a atividade de seu grupo.
2.5 REVER CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS
Na sequência, a atividade quatro (04), Túnel do Tempo vem na modalidade
feedback proporcionar o envolvimento de todos, relembrando conteúdos já
estudados nas aulas de Ciências dos anos anteriores. Associada a atividade
anterior, os educandos escreveram em retângulos de papel dobradura os quais
foram colados um painel de TNT. Percebeu-se inicialmente uma insegurança em
falar e errar, mas logo que começaram a lembrar, todos contribuíram. Alguns alunos
manifestaram melhor desempenho e conseguiram realizar conexões que
possibilitaram a visualização, dos conteúdos a serem aprofundados.
2.6 ASSOCIANDO CURIOSIDADE E APRENDIZAGEM
Todos os educandos envolveram-se na realização das experiências na
Atividade 05, ”Indicadores e Garrafa Azul”. Realizaram os registros sobre as
observações feitas durante a execução e interligaram a teoria com a prática. A
atividade foi realizada com prazer e os objetivos foram facilmente alcançados. Nesta
ação buscou-se levar os estudantes a relacionar teoria e prática partindo da
experimentação; introduzir nomenclaturas usadas na química e pontuar
conhecimentos básicos da Ciência.
A experimentação demonstrou que os alunos perceberam a necessidade de
conhecer para entender. Realizaram pesquisas complementares, as quais
redirecionaram a implementação para um momento distinto.
2.6.1 Aprendendo Através Simulação e da Interatividade
As atividades seis (06), sete (07) e oito (08), geraram muito interesse. Com o
uso do laboratório de informática todos os alunos manifestaram grande curiosidade
em relação a tudo. Mesmo com as deficiências no laboratório, foi possível
desenvolver as atividades.
No encaminhamento da Atividade seis, Silício, foi lançado o desafio sobre o
tema: o que é? Para que serve? Uma das alunas disse ter conhecimento de que o
silício é um mineral. Após discussões e pesquisas na internet, as novas informações
foram incorporadas ao diagrama entrelaçando os saberes. Compreenderam que o
silício faz parte dos eletrônicos, inclusive os chips dos celulares. A partir destes
conhecimentos, muitos se interessar em aprofundar os conhecimentos. Entre as
pesquisas realizadas, destacamos o Vale do Silício nos EUA que enriqueceu os
conhecimentos dos estudantes.
Ainda no laboratório de informática, o estudo do átomo foi realizado através
do acesso aos simuladores. Atividade sete, Átomos, possibilitou uma nova dinâmica
na aprendizagem, proporcionando comparações e facilitando o aprender. Os
educando acessaram, UM PASSEIO DIFERENTE, disponível em
http://www.labvirtq.fe.usp.br/simulacoes/quimica/sim_qui_passeiodiferente.htm
realizaram leitura digital de conversa entre um Avô com seu neto, de forma
interativa. Esta metodologia possibilitou a aprendizagem de onde a química está
presente, onde podemos encontrar os átomos, conceito de átomo, modelo
explicativo, cientistas que contribuíram para essa projeção de átomos. No segundo
simulador, os educandos visualizaram e entenderam a evolução das teorias
atômicas, reforçando os conhecimentos anteriores. O SHOW ATÔMICO, disponível
em:http://www.quimica.seed.pr.gov.br/modules/links/links.php?categoria=1&start=24,
facilitou a confecção de painel que interligaram os conhecimentos adquiridos
organizados na linha do tempo. Os estudantes realizaram a atividade com muita
empolgação, manifestando o prazer em aprender através do uso de recursos que
fazem parte de seu dia a dia, a internet.
Na sequência, a ação oito, Como são os Átomos? Os estudantes,
manusearam materiais, passando a comparar, identificar, relacionar através da
construção de modelos de átomos lineares e após 3D. Portanto, o entrelaçar de
metodologias adentra a sala de aula reforçando os saberes e aproxima “os objetos
concretos das descrições teóricas criadas, produzindo idealizações e, com isso,
originando sempre mais conhecimento sobre esses objetos [...]” (Maldaner, 2003, p.
105), ampliam-se as possibilidades de transposição didática com sucesso na
aprendizagem.
Nesta atividade, a teoria sobre energia, os níveis e subníveis atômicos, a
estrutura do átomo (partes e partículas) foram previamente pesquisados e
estudados.
2.7 INTEGRANDO, TECENDO E SOCIALIZANDO O CONHECIMENTO
2.7.1 A Química e Nosso Corpo
Buscando propiciar o entendimento da constituição química do corpo humano,
iniciamos a Atividade nove (09), com o título: Nosso corpo, você sabe a composição
química dele? Os conhecimentos foram resgatados de forma que na discussão
todos relembrassem as informações já assimiladas quanto à presença da química
em tudo que existe.
Foi exposto no laboratório, o painel com a figura corpo humano masculino e
feminino do Livro Didático do Ensino Médio, p. 73, disponível em:
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/livro_didatico/quimica.pdf. Os
alunos foram desafiados a relacionar este material com os conteúdos estudados.
Diante de vários questionamentos, passaram a interligar os saberes e concluíram
que como toda a matéria é feita de átomos e, se o corpo humano é matéria, logo
somos feitos de átomos. Que átomos são estes?
Após serem orientados realizaram pesquisas buscando informações sobre a
química do corpo humano. As informações foram registradas em retângulos de
E.V.A. e, posteriormente coladas no painel. A transposição da barreira do senso
comum aconteceu quando os educandos foram capazes de “[...] formular hipóteses,
experimentar e raciocinar sobre os fatos, conceitos e procedimentos característicos
desse campo do saber” (Guimaraes, 2009, p. 12). O conhecimento científico surge
diante da percepção, pelos alunos, de que o ser humano é matéria, em que as
ligações e reações químicas são fatores essenciais na manutenção de um corpo
saudável.
Nesta atividade, os alunos foram relacionando os elementos que formam o
corpo humano aos símbolos da tabela periódica dos elementos químicos.
Realizaram muitas conexões viabilizando o entendimento da constituição química do
corpo humano. Surge aqui, relação com a energia química dos alimentos. Os alunos
citaram conversas familiares, sobre a necessidade de a alimentação conter ferro,
cálcio e potássio. Falaram de conhecimentos cotidianos que apontam a necessidade
de uma alimentação em que feijão, ovos, laticínios e banana se fazem presente.
Abriu-se discussão onde a maioria levantou a necessidade de uma alimentação
equilibrada, que certamente evitará a incidência de algumas doenças. Portanto, a
possibilidade de nova investigação seguindo a linha dos alimentos necessários para
a saúde do corpo, vem estimular a importância da continuidade destes estudos.
2.7.2 Melhorando a Aprendizagem Através do Jogo
Usando o jogo de dominó como recurso pedagógico, a aprendizagem dos
símbolos dos elementos químicos foi facilitada, além de ampliar os conhecimentos a
respeito de características e utilidade. Os educandos sentiram-se estimulados a
conhecer melhor a tabela periódica. Ficaram surpresos com o nome de alguns
elementos químicos que não coincide com o símbolo. Consultaram o livro didático
para reforçar os conhecimentos.
2.7.3 O Entrelaçar dos Conhecimentos em Construção
A primeira ação na Atividade dez, Tabela Periódica, foi buscar informações
sobre a tabela periódica dos elementos químicos. Com objetivos definidos em
identificar os grupos da tabela periódica; compreender a disposição dos elementos
ao longo das famílias e períodos; localizar os elementos químicos que constituem o
corpo humano; conhecer e relacionar os elementos químicos, observando a
simbologia, número atômico, número de massa e distribuição eletrônica, esta
atividade começou a se delinear.
Visualizadas as tabelas periódicas, em vários sites, livros didáticos e as
tabelas disponíveis na escola, os educandos puderam assimilar sua estrutura e a
posição dos elementos químicos após o entendimento da distribuição eletrônica.
Com a exposição da proposta em construir uma tabela periódica interativa, a
construção de cubos em papel cartão foi iniciada. Número atômico, número de
massa, símbolo do elemento químico foram recortados e colados nas faces dos
cubos. Estas informações foram pesquisadas em livros do ensino médio e
complementadas em sites educacionais.
A utilidade de alguns elementos químicos foi impressa em papel contat
transparente, assim como a imagem dos elementos. Este material foi recortado e
fixado nas faces dos cubos. Portanto, esta etapa foi marcada por constantes
pesquisas aliadas a confecção dos cubos.
A estrutura de madeira, tipo estante, com nichos em que os cubos seriam
acondicionados, devido ao alto custo, foi replanejada. Ouvidas muitas sugestões,
inclusive de familiares, uma destas foi viável. Assim, numa base branca, em
madeira, de uma divisória, foram coladas pulseiras de tubos de PVC no formato da
tabela periódica. Nesta atividade, tivemos o auxilio de uma professora que pintou a
divisória e a colagem das pulseiras, foram realizadas por pais de alunos.
Os pais de alunos, ainda fixaram o painel em uma das paredes do laboratório
de ciências. Os educandos passaram então, a colocar os cubos, observando os
números atômicos e, a cor destes identificando-os como metais, semi-metais, não-
metais, gases nobres e hidrogênio.
Esta atividade envolveu uma pluralidade de métodos cujo entrelaçar
possibilitou avanços consideráveis em relação aos objetivos propostos nesta
implementação. Os educandos foram persistentes, ágeis, habilidosos e buscaram
por informações toda vez que alguma dificuldade se apresentava. Nas discussões
ficou evidente a aprendizagem articulada à construção do conhecimento,
evidenciando-se a desfragmentação dos conteúdos. Fazer a ponte entre os saberes
prévios aos saberes científicos, através de recursos metodológicos variados
possibilitou um aprender com prazer.
3 ANÁLISE DA IMPLEMENTAÇÃO
É importante destacar que este processo de implementação, apoia-se na
metodologia pluralista, prevista na Diretriz Curricular de Ciências do Estado do
Paraná. Durante a aplicação, primou-se por diversificar as ações de forma a permitir
que os educandos fundamentassem seus conhecimentos prévios, através de aulas
dinâmicas.
Foi aplicado pré/pós-teste, na forma de linguagem escrita. Os testes
propuseram a análise dos conhecimentos prévios e posteriores dos alunos
participantes, no primeiro e último dia da realização das ações. No resultado
comparativo dos testes, os elementos sinalizadores observáveis, apontam para o
estabelecimento de relações entre os conhecimentos prévios e a aprendizagem
significativa, perpassando pelos encaminhamentos didáticos metodológicos. Este
recurso marcou a visualização concreta dos avanços obtidos pelos educandos na
evolução das ações. Assim, obtivemos os seguintes resultados:
GRAFICO 1 - “TUDO QUE TEM MASSA E OCUPA LUGAR NO ESPAÇO”. ESTE É UM CONCEITO QUE ESTÁ INSERIDO NOS CONHECIMENTOS BÁSICOS DE CIÊNCIAS. ASSINALE A ALTERNATIVA A QUE SE REFERE: ( ) Célula ( ) Átomo ( ) Partícula ( ) Composto ( ) Matéria.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Célula Átomo Partícula Composto Matéria
Pré-teste
Pós-teste
Fonte: Gráfico elaborado pela autora. (2014)
Observando-se o gráfico comparativo entre o pré e pós-teste, registramos que
no universo de 15 alunos participantes, 14 educandos demonstraram assimilação
dos conhecimentos básicos sobre matéria.
GRAFICO 2 - UMA PANELA, UM COPO, O PAPEL, O CIMENTO, O VIDRO, O CELULAR, A LÂMPADA. OS MATERIAIS CITADOS SÃO FEITOS DE: ( ) AR ( ) CÉLULAS ( ) ENERGIA ( ) ÁTOMOS ( ) NÚCLEO
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Ar Células Energia Átomos Núcleos
Pré-teste
Pós-teste
Fonte: Gráfico elaborado pela autora. (2014)
Observa-se que no resultado do pré-teste, em azul, havia uma confusão
quanto à constituição da matéria. Durante a aplicação das atividades, a
compreensão de que os átomos formam a matéria fica evidente no pós-teste.
QUESTÃO 3 - USE M PARA MATÉRIA E E PARA ENERGIA:
( ) Raios do sol ( ) Luz ( ) Sal ( ) Vidro ( ) Anel ( ) Árvore ( ) Areia ( ) Borboleta ( ) Calor ( ) Diamante ( ) Gelo ( ) Água ( ) Luar ( ) Vapor d’água ( ) Vento ( ) Sombra de uma pessoa. GRÁFICO 3 - (PRÉ-TESTE)
0
2
4
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12
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16
Matéria
Energia
Fonte: Gráfico elaborado pela autora. (2014)
GRÁFICO 4 – (PÓS-TESTE)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Matéria
Energia
Fonte: Gráfico elaborado pela autora. (2014)
Esta questão apresentou-se com acentuado grau de dificuldade, no pré-teste.
Depois dos estudos sobre o tema, percebemos que persistiram algumas dificuldades
que podem ser visualizadas no gráfico. Alguns alunos ainda confundiram as
informações não conseguindo marcar acertadamente a alternativa. Observa-se que
entre os quinze educandos, nos itens sombra, vento, vapor e calor, o grau de
dificuldade é maior. Registramos também, a água e o gelo aparecendo como
energia para poucos alunos. Na análise da questão, pode-se perceber que ao ligar a
água com as hidrelétricas, o educando em sua associação de ideias, fez a opção
errada. Considerando a complexidade da questão, o resultado foi positivo.
FIGURA 1 - OBSERVE A FOTO:
Fonte: Arquivo pessoal da autora. Jan. 2011.
O que podemos considerar matéria e, o que podemos considerar energia.
Organize suas respostas no quadro.
MATÉRIA ENERGIA
Os educandos, no pré-
teste, apontaram neste
campo: pedras, árvores,
areia, água, Sol, prédios e
pessoas.
No pós-teste, apenas um
dos alunos continuou
colocando na lista o Sol.
Os educandos consideraram no pré-teste como
sendo energia: água, ar, Sol, vento, mar e
ondas.
Já, no pós-teste, todos colocaram o Sol e
destacaram que os movimentos das ondas
ocorrem sob um tipo de energia e, não deixaram
de apontar a energia dos alimentos que mantém
as pessoas vivas.
Questão 5. Como se chama a unidade da matéria? E a unidade dos seres
vivos?
Pré-teste Pós-teste
Tratando-se da unidade da matéria três alunos explicaram que não sabiam a resposta. Quatro alunos responderam ser massa. Um aluno respondeu que a unidade da matéria é peso. Um respondeu ser volume a unidade da matéria. E, seis alunos apontaram o átomo como sendo a unidade da matéria. Quanto a unidade dos seres vivos, todos escreveram célula.
Neste momento, os quinze alunos afirmam ser o átomo a unidade da matéria e mantém suas respostas quanto a unidade dos seres vivos, a célula.
Questão 6. Seu organismo necessita de algum tipo de energia para manter-
se vivo? Explique sua resposta.
Todos os alunos responderam que sim e, explicaram que precisamos dos
alimentos, do ar, do oxigênio, da água, e também citaram a necessidade da energia
do Sol para que o corpo se mantenha vivo.
Questão 7. Você já realizou alguma experiência de ciências?
( ) Sim ( ) Não
Entre os quinze alunos do grupo, dez já realizam, em anos anteriores
experiências nas aulas de ciências. No pós-teste, manifestaram a alegria em poder
dizer que realizam experimentos e compreendem o que estão fazendo.
Questão 8. Responda esta questão, somente se na pergunta anterior você
respondeu sim.
Assinale a sentença verdadeira:
(a) O professor demonstrou um experimento: realizou todos os procedimentos
explicando os resultados.
(b) Sob a orientação de seu professor, você organizou o material, realizou o
experimento, levantou possíveis respostas ao que ocorreu, discutiu com seus
colegas sob orientação do professor e pesquisou para comparar os resultados.
No pré-teste, dos dez alunos que disseram sim na questão 7, sete
assinalaram que o professor realizou demonstrações e três que realizaram o
experimento sob orientação do professor. No pós-teste, consideraram a importância
da realização das experiências feitas pelo aluno sob a orientação do professor.
CONCLUSÃO
Trabalhar com múltiplas metodologias representou um grande desafio, pois
essa dinâmica exigia uma postura investigativa e versátil, o que demandou bastante
tempo e envolvimento de vários atores no contexto escolar (alunos, professores,
equipe pedagógica, direção e funcionários). Foi possível ainda identificar a diferença
entre uma prática docente tradicional baseada na transmissão de conhecimentos e
uma postura mais construtivista, onde o professor assume uma postura mediadora
da aprendizagem.
Diante das dificuldades que se apresentaram, como falta de materiais no
laboratório de ciências, funcionamento precário do laboratório de informática, preço
exorbitante de materiais, entre outros, foi possível traçar caminhos alternativos e
encontrar as soluções, aproveitando ideias de alunos, funcionárias, pais e familiares.
Os educandos extrapolaram as expectativas, pois todos manifestaram o
prazer em aprender sob esta metodologia de ensino mais dinâmica e prática.
Ampliaram os conhecimentos a partir dos conhecimentos prévios e perceberam a
relevância de se desenvolver a criatividade.
Cabe finalmente ressaltar que o uso de metodologias diversificadas, o uso de
tecnologias informacionais e várias fontes de informações possibilitaram conexões
entre conhecimentos de várias áreas do conhecimento, tornando-os significativos.
As evidências de que a aprendizagem ocorreu de forma constante, fica
registrada nas atitudes dos educandos que manifestam o conhecimento adquirido
com fluência. O aprender a aprender, com prazer foi destaque diante de
manifestações do querer mais.
Priorizados os objetivos desta proposta, desenvolver estratégias de ensino
sobre Matéria e Energia no 9° Ano, a obtenção de resultados concretos e efetivos,
foram alcançados. O desenvolvimento desta proposta aponta mudanças
metodológicas passíveis de serem desenvolvidas por professores que pensam na
melhoria da qualidade do ensino de ciências, junto aos educandos do nono ano do
ensino fundamental.
REFERÊNCIAS
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