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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

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UNIDADE DIDÁTICAFICHA PARA IDENTIFICAÇÃO

PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA PDE- 2013

Título: INTERTEXTUALIDADE: UMA PERSPECTIVA DE LEITURA DE TEXTOS LITERÁRIOS

Autora Vaneide Miguel Ribeiro Slobodjan

Escola de Atuação e Implementação do Projeto

Colégio Estadual General Carneiro - Ensino Fundamental Médio e Profissionalizante

Município da escola Roncador - PR

Núcleo Regional de Educação

Campo Mourão

Orientadora Profª Doutora Mônica Luiza Socio FernandesInstituição de Ensino Superior

UNESPAR/FECILCAM

Disciplina/Área Língua PortuguesaFormato do Material Didático

Unidade Didática

Relação Interdisciplinar

Arte

Público Alvo Alunos do 1º Ano do Ensino Médio

Resumo

A presente Unidade Didática é uma proposta de trabalho que tem como objetivo desenvolver a habilidade de leitura e compreensão de textos poéticos do período árcade que tratam da temática do amor, estabelecendo a intertextualidade com as linguagens expressas nas artes poesia e pintura. O principal foco está voltado à leitura com vistas a desenvolver essa habilidade, observando mais de uma linguagem. Assim, convidamos a buscar nas artes plásticas e na mitologia greco-romana, o suporte para compreender os poemas desse período que tratam da temática do amor. Pretendemos mostrar por meio da leitura e compreensão de textos literários que tematizam o amor que os poetas, para expressar esse sentimento, buscavam inspiração nas histórias da mitologia Greco-romana, representadas neste caso, pelas figuras mitológicas Eros/Cupido e Afrodite/Vênus que mantêm entre si equivalência nas duas culturas. Para tanto, destacamos as manifestações sobre o amor e a paixão, mostrando que esse sentimento é comum a todas as épocas, portanto, percebê-lo é de fundamental importância para despertar a sensibilidade e a socialização do ser humano.

Palavras-chave Leitura; poema; intertextualidade; pintura; amor.

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APRESENTAÇÃO

Esta Unidade Didática propõe um trabalho a ser desenvolvido no 1º Ano do

Ensino Médio, tendo como enfoque a leitura e a compreensão de textos literários

do período árcade que tratam da temática amor. Para expressar esse sentimento,

os poetas árcades buscavam inspiração nas histórias da mitologia Greco-romana,

representadas, neste caso, pelas figuras mitológicas de Eros/Cupido e

Afrodite/Vênus. Relacionando poemas e imagens, estabeleceremos o diálogo

entre as linguagens expressas nas artes poesia e pintura, permitindo leituras

diversas e fornecendo ao leitor um universo mais amplo de informações.

Sabemos que o texto literário é plurissignificativo e, por conta disso, não se

esgota em si mesmo. A linguagem literária invade o domínio das outras

linguagens, ao mesmo tempo em que se deixa penetrar por elas, contribuindo

para a formação de sentido que é mediatizado pelas práticas intertextuais e

remetem a outras manifestações culturais, tais como a pintura, os mitos, o cinema

entre outros.

Nesta perspectiva, um dos principais focos da pesquisa é a leitura, portanto, visa

desenvolver essa habilidade observando mais de uma linguagem. Assim, o aluno

leitor é convidado a buscar em outras áreas, a saber, nas artes plásticas e na

mitologia Greco-romana, o suporte para compreender os poemas desse período

que têm em comum a temática amorosa. A leitura dos poemas será um estímulo

para que o leitor-aluno perceba que a poesia dialoga com outras linguagens,

potencializando a possibilidade de sentidos, pois se refere a um universo que

continuamente tenta ampliar o limite da experiência humana.

Estudos nos mostram que a poesia tem a capacidade de sensibilizar o homem, é

a expressão da alma, dos sentimentos que por meio dos arranjos vocabulares,

“as palavras” dinamizam a vida, conforme as considerações feitas por Paz (1982,

p.26), “são também como pontes que nos levam à outra margem, portas que se

abrem para outro mundo de significados impossíveis de serem ditos pela mera

linguagem. Ser ambivalente, a palavra poética é plenamente o que é - ritmo, cor

significado - e, ainda assim, é outra coisa: imagem”. Portanto, a poesia precisa

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ser descoberta e cultivada e um dos lugares mais adequados para tais ações é na

escola.

Diante da importância da poesia no seu sentido vital, ligada às necessidades

básicas do homem de compreender a vida e dar um sentido a ela, a proposta

deste material em trabalhar o gênero textual poema, permite ao leitor novas

formas de perceber o sentido real da leitura tanto verbal quanto imagética, uma

vez que este gênero textual se constrói com ideias, sentimentos e, sobretudo com

a combinação de palavras selecionadas, cuja finalidade é compor imagens,

sugerir formas, cores, odores e sons, permitindo múltiplas sensações, leituras e

interpretações.

As leituras serão encaminhadas a partir de textos poéticos árcades e das pinturas

desse respectivo período, evidenciando a intertextualidade percebida nas

histórias mitológicas dos deuses do amor Eros/Cupido e Afrodite/Vênus em

consonância com outros gêneros textuais que trazem a mesma temática “o amor”,

possibilitando a construção do conhecimento, a criatividade, a expressividade, a

atenção e o espírito crítico do leitor.

Ressaltamos que a Produção Didático-Pedagógica se respalda nos aportes

teóricos de Bordini e Aguiar (1993), Bosi (1989), Candido (1983), Carvalhal

(2003), Faraco (2009), Paulino; Walty; Cury (1997), dentre outros e, também

fundamentada nas DCEs (2008), que evidenciam a importância da leitura para o

desenvolvimento intelectual do ser humano, pois ela amplia e transforma a visão

de mundo, proporcionando enriquecimento individual e social, na medida em que

auxilia o ser a estar com o mundo.

Esperamos que esta proposta de trabalho proporcione ao leitor o entendimento

dos poemas, a partir da leitura das imagens da mitologia Greco-romana,

apontando caminhos para que o mesmo possa superar os desafios que se

impõem diante da análise e leitura de uma imagem poética, socializando as

percepções e os sentimentos que o homem é capaz de experimentar.

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INTRODUÇÃO

Ao produzir a Unidade Didática, relacionada ao projeto Intertextualidade: Uma

perspectiva de leitura de textos literários, pensamos em um material que

desenvolva as habilidades de leitura e compreensão de textos literários, tendo

como subsídio a leitura de poemas dos poetas árcades Manuel Maria Barbosa du

Bocage e Tomás Antônio Gonzaga que trazem em suas obras a perspectiva da

temática amorosa inspirada pela presença dos deuses do amor da mitologia

grego-romana Eros/Cupido e Afrodite/Vênus.

Constatamos que a aproximação entre esses dois poetas acontece quanto à

temática lírico-amorosa e também quanto à inspiração por ser motivada pela

beleza de suas musas amadas, coincidentemente jovens denominadas “Marília”,

pastoras e as histórias mitológicas dos deuses do amor (Eros, Cupido,

Afrodite/Vênus). Ambos recorrem à aproximação da arte com a natureza como

pano de fundo para suas poesias, buscando retratar uma vida simples, bucólica e

pastoril.

Entendemos que é na interação do aluno com a cultura que se produz grande

parte do conhecimento, por isso propomos que o aluno-leitor amplie seus

horizontes, buscando na mitologia Greco-romana o suporte para o entendimento

dos poemas. Essa proposta de leitura intertextual estabelece o diálogo entre

poemas e pinturas do período árcade que têm em comum a temática amorosa,

proporcionando ao leitor reconhecer traços e vestígios de outros textos presente

naquele que está lendo, identificando os elementos que se entrelaçam,

convidando-o a construir sentidos com base em relações dialógicas que

promovem um olhar plural.

Essa relação estabelecida entre literatura e artes plásticas aponta para a

necessidade de compreendermos a cultura como um processo intertextual, em

que cada produção humana dialoga necessariamente com as outras. Nesse

sentido, quanto mais relações intertextuais a leitura permitir, mais complexas e

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mais ricas serão suas interpretações indicando também maior autonomia e

proficiência dos leitores.

Para ampliar o repertório cultural dos alunos e promover a intertextualidade,

proporemos a leitura e compreensão de diferentes textos literários que se

entrecruzam, por trazerem em si, a mesma temática tratada nos poemas árcades,

foco principal desse estudo.

A correspondência entre as duas linguagens poesia e pintura proporciona ao leitor

um aprendizado da educação dos sentidos e da percepção crítica, de acordo com

a sintonia e o contato que mantém com cada arte.

Portanto, para que o aluno perceba o diálogo existente entre poesia e pintura que

tem em comum a temática amorosa, será necessário o conhecimento das

histórias da mitologia Greco-romana, pois muito do que está na poesia, sem o

entendimento da mitologia passaria despercebido, por essa razão mostraremos

que o amor é um sentimento universal e revelador que nos permite ver e

compreender melhor as coisas, a relação entre os homens e o mundo, trazendo

paz e equilíbrio, aproximando assim, da tônica poética retratada pelos poetas

árcades que concebem o amor como um sentimento sublime, capaz de amenizar

o sofrimento, a solidão e colocar o eu-lírico em estado de graça.

No decorrer das atividades, procuraremos mostrar em algumas pinturas e

poesias, o que há em comum quanto à temática, bem como no grau de lirismo

existente que ressalta o papel distintivo da intencionalidade do criador.

Nesse sentido, esperamos que as atividades propostas nesta Unidade Didática,

por meio do diálogo entre as diferentes linguagens, com foco principal no estudo

dos poemas, possa contribuir para um fazer transformador, viabilizando um

ensino que se volte à melhoria da percepção o que, com certeza, faz com que o

aluno possa ler um poema na verticalidade de seu significado por meio dos

elementos que manipulam linguística e imageticamente a sensibilidade dos

leitores.

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OBJETIVOS

A seguir, apresentamos os objetivos geral e específicos que nortearão o

desenvolvimento do trabalho, bem como os resultados que pretendemos

alcançar, atendendo a alguns princípios fundamentais estabelecidos nas DCEs de

Língua Portuguesa quanto à incumbência do professor, portanto, cabe a ele,

planejar o que será produzido, definir os objetivos, orientar o percurso e prever os

resultados.

1 OBJETIVO GERAL

Desenvolver a habilidade de leitura e compreensão de textos poéticos do período

árcade que tratam da temática do amor, estabelecendo a intertextualidade com as

linguagens expressas nas artes poesia e pintura.

1.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Estimular a prática de leitura de poemas, explorando a temática do amor,

como sentimento de fundamental importância para despertar a

sensibilidade e a socialização do ser humano;

• Mostrar que a linguagem poética se constitui por meio de códigos, imagens

ou sinais carregados de significação afetiva e emocional;

• Incentivar o pleno uso das potencialidades do indivíduo em sua leitura

como forma de ampliar a atenção e o espírito crítico do leitor;

• Identificar na leitura do texto literário as implicações no tratamento temático

decorrente da correspondência entre artes plásticas, poemas e mitologia;

• Compreender a relação entre textos a partir da percepção da

intertextualidade como processo constitutivo da literatura;

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• Promover atividades que mostrem o diálogo entre textos verbais e não

verbais.

ESTRATÉGIAS DE AÇÃO

Para desenvolvermos esta pesquisa, seguiremos a linha de pesquisa qualitativa

que se insere no processo investigativo do método histórico-dialético, objetivando

situar o objeto de pesquisa. Para esse fim, utilizaremos como instrumentos de

coleta de dados um questionário inicial QI com questões abertas, observações a

serem feitas em sala e posteriormente o registro nos diários dos alunos e do

professor. Tais registros demonstrarão a opinião dos sujeitos envolvidos na

pesquisa e serão dados essenciais para a elaboração do artigo final, no qual

serão discutidos os resultados obtidos durante a pesquisa, bem como, serão

analisadas as relações intertextuais entre os textos selecionados para o estudo e

a comparação com as pinturas, levando-se em consideração os aspectos sociais

e históricos em que os sujeitos estão inseridos e também o contexto de produção.

Por isso, é necessário conhecer o contexto (espaço físico) e os sujeitos

envolvidos nesse projeto. A instituição escolar será uma escola pública de Ensino

Fundamental, Médio e Profissionalizante, localizada na área central da cidade de

Roncador/PR, já o público-alvo serão alunos/adolescentes do 1º Ano do Ensino

Médio.

Esse trabalho apresenta-se apoiado fundamentalmente nos pressupostos teóricos

que evidenciam uma concepção de leitura como prática social, também pela

orientação dialógica que constitui o sujeito e promove sua relação com o outro, e

pelo estudo do texto literário que por ser plurissignificativo estabelece as relações

intertextuais e o diálogo com as outras manifestações culturais.

Dando início ao trabalho de implementação do projeto, realizaremos uma oficina

destinada à leitura orientada com os poemas do período árcade que tratam da

temática do amor e a releitura das imagens percebidas pelas pistas sugeridas nos

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poemas estudados e também pela observação das imagens dos deuses da

mitologia greco-romana que remetem a temática do amor, tema este pertinente a

fase em que os alunos estão – a adolescência.

Em seguida, será oportunizado um momento de discussão, reflexão e

socialização da leitura dos poemas com o objetivo de familiarizá-los com o gênero

poema e ajudá-los a perceber que os textos literários formam a compreensão do

mundo do leitor, repercutindo então em seu comportamento social.

Dessa forma, a leitura dos poemas será um estímulo para que o leitor-aluno

perceba que a poesia brinca com a linguagem, chama atenção para a

possibilidade de sentidos, explorando significativamente as palavras, pois se

refere a um universo que continuamente tenta ampliar o limite da experiência

humana.

Nesta perspectiva, o aluno será orientado para perceber que a poesia enquanto

arte específica da palavra dialoga com as outras formas de expressão cultural,

estabelecendo correspondências principalmente entre a poesia e a pintura e,

nesse caso, com as imagens do período árcade que representam os deuses do

amor da mitologia Greco-romana.

Com base nessas informações, serão realizadas atividades de leitura e de escrita

que oportunizam a reflexão e à interpretação crítica, porque tanto o texto verbal

como o imagético se abrem para uma pluralidade de interpretações e, ao

contrário do discurso oral, ampliam o horizonte de expectativa do leitor.

Esperamos que os alunos manifestem suas opiniões, defendendo seus pontos de

vista sobre o assunto estudado para que o conhecimento adquirido sirva de

mediação entre o refletir e agir. Pensamos, dessa forma, alcançar o objetivo

preestabelecido nesse trabalho, ou seja, possibilitar a formação de leitores

críticos, capazes de desempenhar um papel atuante na sociedade na qual estão

inseridos.

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ATIVIDADE PROPOSTA – 1

Neste primeiro momento da Unidade Didática, realizaremos uma investigação a

respeito da expectativa dos alunos sobre leitura, foco principal desse trabalho e

também quanto ao contato deles com a leitura de textos poéticos.

Esta sondagem será feita no sentido de conhecer a familiaridade com a leitura de

textos poéticos, conversando e incentivando os alunos sobre suas próprias

experiências.

Perfil da Amostra

Nome:______________________________Série____Nº_______

1 – Sexo

( ) Masculino ( ) Feminino

2) Qual a sua idade?

3) O que gosta de fazer em seu tempo livre?

( ) Assistir televisão

( ) Ouvir música

( ) Reunir com amigos ou familiares.

( ) Assistir vídeos/filmes

( ) Ler (jornais, revistas, livros, textos na internet)

( ) Praticar esporte

( ) Acessar redes sociais (e-mail, facebook, Twitter, Orkut)

( ) Escrever

( ) Jogar vídeo game

( ) Desenhar/ pintar.

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4) O que a leitura significa para você?

( ) Fonte de conhecimento para a vida/escola

( ) Prática imposta pela escola

( ) Essencial para desenvolver o pensamento crítico

( ) Uma atividade interessante / passatempo

( ) Atividade de pouca importância no mundo atual

5) Qual lugar você mais utiliza em suas práticas de leitura?

( ) Casa

( ) Sala de aula

( ) Bibliotecas

( ) Outros. Qual? _______________

6) A leitura dos diferentes textos feitos na escola tem ajudado você a refletir,

questionar e se posicionar em defesa de suas opiniões?

( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes

7) A leitura de um livro é capaz de transportar-nos a outros mundos e de dar vida

aos nossos sonhos? Comente.

( ) sim, pois a leitura pode dar vida aos nossos sonhos e estimular nosso espírito

aventureiro.

( ) não, porque o mundo da leitura é muito diferente do mundo real;

( ) sim, porque conhecemos lugares e pessoas que sem a leitura seria impossível;

( ) Ás vezes, depende muito do envolvimento do leitor com a obra;

( ) Sim, os livros nos permite vivenciar outras experiências e, assim, transformar

nossas vidas.

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8) Você concorda com o seguinte pensamento “quem tem um livro nunca está

sozinho”?

( ) Não, um livro não é capaz de substituir a presença humana.

( ) sim, depende do livro e do tema.

( ) Sim, se a leitura for interessante, ela preenche o vazio e espanta a solidão.

( ) Sim, ler um livro é conhecer um novo amigo.

9) A leitura ajuda a formar seres pensantes e promove a reflexão. Você concorda

com essa afirmativa?

( ) Sim ( )Não ( ) Depende da leitura

10) É possível adquirir o gosto pela leitura a partir da leitura de poemas?

( ) Sim ( )Não

11) Você gosta de ler poemas?

( ) Sim ( ) Não

12) O que é poesia para você?

( ) É por meio da palavra despertar nas pessoas o desejo de construir um mundo

melhor.

( ) Descoberta, invenção e emoção.

( ) Linguagem objetiva e direta.

( ) Linguagem subjetiva de natureza simbólica que expressa emoção e

sensibilidade.

13) Quais temas você mais aprecia nos poemas?

( ) Natureza e ecologia.

( ) Amor.

( ) Violência, dor e sofrimento

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( ) Infância, adolescência.

( ) Preconceito e denúncia social.

14) Qual poema foi ou é mais significativo para você? Por quê?

15) Qual poeta você mais gosta? Por quê?

16) O que a leitura de poemas desperta em você? Comente.

17) Você acha difícil interpretar um texto poético ou este gênero é igual os outros

textos?

18) Você acredita que falta mais poesia na vida das pessoas? Argumente.

19) A poesia tem caráter humanizador, em consequência disso, como o homem

pode mudar o mundo?

ATIVIDADE PROPOSTA –2

Nesta segunda etapa da Unidade Didática os alunos entrarão em contato com um

novo estilo poético: o Arcadismo, também denominado Neoclassicismo, bem

como das características desse respectivo período e das biografias de alguns

poetas, cujas poesias serão utilizadas como fonte principal para o

desenvolvimento desse trabalho.

Arcadismo/Neoclassicismo

Paisagem Árcade

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Fig. 1 - Paisagem Rio Italiano

Fonte:http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jacob_Philipp_Hackert_Italien_Flusslandsc

haft.JPG

O pintor alemão Jacob Philipp Hackert retrata uma paisagem bucólica em que

todos os elementos que compõem a cena se harmonizam e produzem o conjunto

da obra. A tela foi produzida em 1786 e hoje faz parte do acervo da Galeria

Gemalde, na cidade de Berlin na Alemanha.

Na pintura em destaque percebe-se que o artista integra arte e natureza

reconhecendo os elementos característicos de uma paisagem tranqüila e simples,

captando todos os detalhes: tipos de árvores, a geografia da paisagem e a

atmosfera própria ao local retratado, os personagens ”pastores” com seus amores

desfrutando o momento presente num lugar tranquilo e agradável, próximos aos

animais reproduzindo a atmosfera da vida campestre.

Podemos perceber que nesta pintura estão presentes várias características do

período literário denominado Arcadismo/Neoclassicismo como o bucolismo

presente na paisagem natural e simples, o pastoralismo representado nas

personagens e animais, carpe diem aproveitar ao máximo o momento presente e

áurea mediocritas que consiste na valorização da simplicidade percebida pelo

vestuário das personagens e na composição do ambiente mostrando o contato

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com a natureza. Assim, as duas artes se comunicam e podemos estabeler a

aproximação entre arte plástica e literatura.

Como um dos aspectos fundantes desse trabalho é o diálogo entre literatura e

artes plásticas, começaremos a fornecer ao aluno condições para que ele possa

fazer a leitura de imagem. Assim, procuraremos desenvolver outras formas de

expressão e ampliar, de modo sistematizado e gradual, suas habilidades de

leitura.

Sensibilizando o olhar1) Ao olhar uma imagem, muitas vezes sentimos necessidade de dizer aquilo que

ela representa. Portanto, olhando a pintura acima, verbalize o que ela representa

para você?

2) Uma imagem exerce forte poder de sedução, porque aguça nossas

percepções, provocando-nos a construir sentidos e partilhar significados. Então,

registre no caderno as primeiras palavras que lhe vêm à cabeça, procurando

deixar fluir o pensamento.

3) Observando atentamente a pintura acima, relate o que você já sabe a respeito

dela.

4) O olhar tem interesses. Gostamos de ver aquilo com que nos identificamos ou

que nos seduz. Baseando-se nessa afirmação que sensação a leitura dessa

imagem desperta em você?

5) Que percepções, sensações ou lembranças essa imagem desperta em você?

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TRABALHANDO EM GRUPOVocê continuará fazendo a leitura do texto visual “Paisagem do Rio Italiano”,

então, observe, reflita e debata com seus colegas.

1) É importante saber ler imagem? Explique.

2) “Saber ler imagem também é saber ler o mundo”. Qual seu entendimento sobre

essa questão?

3) A tela Paisagem do Rio Italiano foi produzida em 1786,o que vocês sabem

sobre as circunstâncias históricas desse momento?

4) O que vocês entendem por leitura de imagem?

5) Todo texto tem um suporte de circulação, no qual pode ser encontrado.

Comente em quais meios comunicativos, podemos entrar em contato com esse

tipo de texto (imagem).

5) Que conhecimento você tem a respeito das artes plásticas?

6) As impressões dos alunos serão registradas em cartaz e depois exposto na

sala para que estejam sempre em contato com eles. Retomaremos esses

registros durante as demais etapas do trabalho, especialmente ao final do

processo.

A leitura da tela “Paisagem Rio Italiano” e os questionamentos propostos têm

como objetivo introduzir o período literário denominado Arcadismo.

Costuma-se chamar de Neoclassicismo ou Arcadismo às manifestações artísticas

e literárias do século XVIII, que surge em oposição ao Barroco. Desse modo,

temos nas palavras de Pereira a definição para esse estilo poético.

O termo “Arcadismo” formou-se a partir de Arcádia, nome de uma região lendária habitada por pastores que, segundo a mitologia grega,

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apreciavam a música e a poesia. Valorizando a simplicidade proporcionada pela vida no campo, os poetas dos séculos XVII e XVIII decidiram imitar os gregos da Antiguidade e criaram associações denominadas Academias ou Arcádias. A primeira foi a Arcádia Romana, fundada na Itália, em 1690. Os poetas árcades inspiravam-se também em princípios do classicismo, como a busca do equilíbrio e a obediência a padrões formais. É por essa razão que, em literatura, Arcadismo e Neoclassicismo são sinônimos. (PEREIRA, 2000, p.128-9).

No Brasil, o Arcadismo iniciou-se com a publicação das obras de Cláudio Manuel

da Costa, em 1768. Fundaram-se diversas academias, Como a Nova Arcádia (em

Portugal) e a Arcádia Ultramarina (no Brasil). Entretanto, a literatura brasileira

ainda não tinha existência independente da portuguesa. Os escritores brasileiros,

descendentes de portugueses, completavam seus estudos na metrópole e aí

publicavam suas obras, pois era proibido imprimir livros ou jornais nas colônias.

A literatura árcade surgiu em contraposição ao Barroco, os poetas procuraram

então, restaurar o equilíbrio, a naturalidade, a clareza e a simplicidade, imitando

os autores clássicos antigos e os renascentistas. Por essa razão, o tom das

poesias árcades projeta uma visão calma e tranquila da vida, com pastores e

pastoras vivendo harmoniosamente com a natureza. A esse respeito, o autor

Tufano complementa que:

A única preocupação é gozar a vida, aproveitar o momento presente. Aliás, o desejo de identificação com a figura dos pastores levou os poetas arcádicos a adotar pseudônimos gregos e latinos. O próprio nome arcadismo foi inspirado em Arcádia, região da Grécia onde, segundo a mitologia, pastores e poetas viveriam uma existência de amor e poesia. (TUFANO, 1995,p.55).

Por isso, é comum nas poesias árcades a referência à mitologia clássica, tais

como ninfas, deuses, personificação mitológica dos ventos, e os Amores,

divindades infantis subordinadas a Vênus e a Cupido, além disso, percebemos

um grande apego ao ambiente campestre, como uma espécie de paraíso perdido,

refúgio ideal para o homem europeu cansado do desenvolvimento que toma conta

das cidades; outros elementos também fazem parte das principais convenções da

poesia arcádica, conforme as descreve os autores: Amaral; Ferreira; Leite;

Antônio, reafirmando a criação de uma poesia que prima pela simplicidade.

1- Personagens mitológicos utilizados alegoricamente.

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2- Bucolismo e pastoralismo: a vida campestre idealizada e estilizada; o sujeito lírico sempre caracterizado como um pastor; a mulher amada, como uma pastora.

3- Ambientação no locus amoenus (“lugar ameno”): lugar tranquilo, idealização da natureza, estilizada em cenário perfeito e aprazível (o prado, as flores, os pássaros, a brisa, o riacho murmurante...)

4- Tema do fugere urbem (“fugir da cidade”): a cidade é vista como o lugar do sofrimento e da corrupção dos homens. Decorre disso, o desejo que os poetas experimentavam de viver com simplicidade, integrados à natureza.

5- Elogio da aurea mediocritas (“mediania de ouro”) – expressão de Horácio (poeta da Roma antiga) para dizer que uma situação de equilíbrio deve ser preferível a qualquer extremo, significando, portanto, um retorno à simplicidade. Longe dos excessos, pode se apreciar e viver bem o momento presente – doutrina filosófica que se caracteriza pela rigidez moral e prega a extirpação das paixões e a resignação diante do destino.

6- Carpe diem (“aproveitar o dia”) - tema clássico Greco-latino: recomendação para que se aproveite o momento presente. Na poesia lírico-amorosa, o amante procura convencer a amada de que devem viver plenamente o amor, antes que venham a velhice e a morte.(AMARAL; FERREIRA; LEITE; ANTÔNIO, 2010, p.175).

Diante disso, vemos que a arte, ao longo dos séculos, passou por grandes

transformações que se desdobram até hoje, mostrando que os desejos de

mudanças são frutos das idéias filosóficas, políticas, econômicas, sociais e

ideológicas que impulsionam o homem a empreender retomadas no passado e

avanços no futuro. Portanto, a arte é vista como expressão das contradições, dos

conflitos ao mesmo tempo em que estabelece um conhecimento sensível da

realidade, pois ela está intimamente ligada à existência humana – a vida e a arte

não são coisas separadas, se complementam.

Com o intuito de aprofundar os conhecimentos sobre o Arcadismo, destacaremos

os principais autores desse movimento no Brasil e em Portugal.

No Brasil, destacam-se:

• Cláudio Manuel da Costa (pseudônimo – Glauceste Satúrnio) – (1729 -

1789);

• Tomás Antônio Gonzaga (pseudônimo– Dirceu) – (1744 -1810);

• José Basílio da Gama (pseudônimo – Termindo Sipílio) – (1741 – 1795);

• Frei José de Santa Rita Durão (1720 – 1784);

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• Manuel Inácio da silva Alvarenga (1749 – 1814);

• Inácio José de Alvarenga Peixoto (1744 – 1792).

Quanto a Portugal o principal representante do Arcadismo foi Manuel Maria

Barbosa du Bocage (1765 – 1805), cujo pseudônimo era Elmano Sadino.

ATIVIDADE PROPOSTA – 31) Para ampliar a visão de mundo do aluno e estabelecer a relação dos

conteúdos, será proposta uma pesquisa sobre a vida e obra dos poetas árcades

Tomás Antônio Gonzaga e Manuel Maria Barbosa du Bocage. Para a execução

da pesquisa, a turma será divida em dois grupos, sendo que cada grupo

pesquisará na internet ou biblioteca a vida de um dos poetas, após essa primeira

etapa será feita a apresentação sobre os autores, a fim de socializar as

informações com todos os alunos.

Tomás Antônio Gonzaga autor de Marília de Dirceu e mais Poesias e de uma

obra satírica chamada Cartas Chilenas.

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Fig. 2 – Poeta Tomás Antônio Gonzaga

Fonte:http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detal

he.php?foto=516&evento=9

Fig. 3 - Manuel Maria Barbosa du Bocage.

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Fonte:http://www.google.com.br/imgres?sa=X&biw=1024&bih=571&tbm=isch&tbnid=kmPpg6FYJ7j8AM:&imgrefurl=http://pt.wikisource.org/wiki/Autor:Bocage&docid=deNIkI90ez7IOM&imgurl=http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/f/f6/Manuel_Maria_Barbosa_du_Bocage.jpg/220px.

2) Para que os alunos ampliem seu repertório e se aproximem do gênero poema

a ser estudado, daremos algumas informações características desse gênero.

POEMA E POESIAO poema é o texto estrutura, criação que põe em liberdade pela palavra som, cor,

imagem constituindo um sentido. Sua linguagem-objeto é a própria linguagem

poética que existe enquanto razão de ser da linguagem na tentativa de captar a

materialidade do poema, no qual as palavras conservam sua condição de

representatividade.

Nesse sentido, (Cohen apud Guimarães, 1985, p. 28), diz que “a poesia é a

linguagem que o poeta teve de inventar para dizer aquilo que não teria dito de

outra forma”. Portanto, para se produzir um efeito poético é necessário um

trabalho com as palavras organizando-as em textos, por meio dos quais podemos

criar significados capazes de transmitir ideias, sentimentos, desejos e emoções.

Para tanto, podemos ampliar a leitura e compreensão dos poemas, identificando

os vários níveis de construção do texto poético que numa primeira leitura não é

possível notar, segundo Goldstein (1988, p.5). “Pode-se ampliar essa primeira

leitura, verificando os vários níveis de construção do texto, o que conduz o leitor à

descoberta de novas significações.” Por essa razão é necessário observar a

funcionalidade de cada recurso que compõe o poema, formando um conjunto

harmônico que fornece ao leitor pistas para o entendimento do texto.

Dessa forma, a contribuição dada ao leitor por Goldstein quanto aos vários níveis

de construção do poema são as seguintes:

a- Composição gráfica: é o espaço que o poema ocupa na página, ou seja, o aspecto visual do poema – versos e estrofes.

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b- Nível fônico: (sonoro). O ritmo se destaca, dentre os elementos da estrutura sonora. Efeito sonoro e cadência equilibram ritmicamente o texto.

c- Nível lexical: é responsável pela escolha das palavras que compõem o poema. Deve-se observar que a escolha que o poeta faz das palavras contribuem para a interpretação e repercutem nos sentidos do texto, identificando idéias e valores defendidos pelo autor.

d- Nível sintático: são os recursos como pontuação, inversões sintáticas e encadeamento, constituído de uma construção especial, que liga o verso ao seguinte para completar o sentido. O modo como as palavras se combinam sintaticamente dão dinamicidade e sentido ao texto. (GOLDSTEIN, 1988, p.6-7).

Além desses recursos, há também a musicalidade que é concretizada pelos

efeitos sonoros no momento da leitura do poema, então, pelo sentido das

palavras, ouve-se uma espécie de música resultante de recursos que se

combinam formando um efeito sonoro na cadência rítmica, tais como a métrica, o

ritmo, a rima, a aliteração e a assonância.

Ressaltamos que é no poema que se concretiza a experiência poética, entendida

como uma possibilidade aberta a todos os homens, mas que só se materializa

com a participação do leitor.

Assim, a poesia que é feita de verbo, valoriza como componente da mensagem

poética as percepções e os sentimentos humanos que vão se revelando através

da palavra na surpresa do texto que não está pronto, seu sentido vai se

construindo com a participação do leitor que reclama a plenitude dessa relação

discursiva, uma vez que a dialética que pulsa na vida da poesia não é diferente da

vida social.

OFICINA DE POEMASSabemos da necessidade de criar situações que desenvolvam a habilidade de

leitura como prática social, possibilitando ao estudante além do acesso às

informações – formação de valores que o prepara para o desenvolvimento da

consciência crítica e a emancipação.

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Portanto, buscaremos ampliar o universo de leitura do aluno, inserindo-o em

situações que despertam a reflexão, a sensibilidade, a criatividade e a construção

do conhecimento por meio da leitura e compreensão dos textos poéticos.

Para cumprir esses princípios, realizaremos a oficina de poemas, destinada à

leitura orientada com poemas do período árcade que tratam da temática do amor,

fazendo a releitura das imagens percebidas pelas pistas sugeridas nos poemas

estudados e também pela observação das imagens dos deuses da mitologia

greco-romana Eros/Cupido e Afrodite/Vênus que representam o amor, tema este

pertinente a fase em que os alunos estão – a adolescência.

Ao relacionarmos as distintas manifestações culturais como poesia, pintura e

mitologia, pretendemos conduzir o aluno ao entendimento de que a literatura

árcade é marcada pela retomada aos valores clássicos, por conta disso, há uma

recorrência aos seres da mitologia como fonte de inspiração da produção poética,

fortemente influenciada pelas divindades do Olimpo: ninfas, musas e deuses.

Os poemas árcades usados na oficina enfatizam a temática lírico-amorosa

inspirada nas histórias mitológicas dos deuses do amor Eros/Cupido e

Afrodite/Vênus o que com certeza contribui significativamente para que o aluno-

leitor estabeleça a intertextualidade entre as duas linguagens poesia e pintura.

Nesse sentido, discutiremos as manifestações do “amor” como um sentimento

universal e atemporal, perpassando pela mitologia até os nossos dias, visto que

esse assunto faz parte do dia-a-dia dos alunos e desperta mais interesse.

Essa palavra tem muitos significados e pode ser expressa de várias maneiras, por

isso vamos descobrir como a poesia árcade retrata o amor lírico em releitura com

as imagens desse respectivo período. Assim, ao verbalizar suas percepções o

aluno exterioriza uma nova emoção, novas idéias, novas sensações que serão

ampliadas a cada leitura, uma vez que não é impossível descobrir a beleza de um

poema, apenas na primeira leitura.

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Ressaltamos que alguns aspectos devem ser considerados ao trabalhar com o

texto poético. O primeiro é a maneira original de os poetas verem as coisas, que

encanta e emociona o leitor. O segundo é o que reflete a escolha e o arranjo

especial com as palavras. Na oficina, vamos estudar esses aspectos. E, também,

tratar de alguns recursos que ajudarão os alunos a ler, compreender, interpretar e

atribuir sentidos aos poemas.

ATIVIDADE PROPOSTA -4A seguir, o aluno fará a leitura de alguns poemas de Tomás Antônio Gonzaga e

Manuel Maria Barbosa du Bocage que tratam do idílio amoroso entre os pastores

e suas musas.

Fonte:http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/glossario.htm.

LIRA II (Tomás Antônio Gonzaga).

Pintam, Marília, os poeta

A um menino vendado,

Com uma aljava de setas,

Arco empunhado na mão;

Ligeiras asas nos ombros

O terno corpo despido,

E de Amor ou de Cupido

São os nomes que lhe dão.

*

Significado de Lira

Tipo de composição poética de caráter sentimental que geralmente apresenta um estribilho após cada estrofe. Destacam-se, na literatura brasileira, as liras escritas pelo

poeta arcádico Tomás Antônio Gonzaga (1744 – 1810) em seu livro Marília de

Dirceu.

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Porém eu, Marília, nego

Que assim seja amor, pois ele

Nem é moço nem é cego,

Nem setas nem asas têm.

Ora pois, eu vou formar-lhe

Um retrato mais perfeito,

Que ele já feriu meu peito:

Por isso o conheço bem.

[...]

Na sua face mimosa,

Marília, estão misturadas

Purpúreas folhas de rosa,

Brancas folhas de jasmim.

Os seus beiços são formados;

Os seus dentes delicados

São pedaços de Marfim.

*

Tem redonda a lisa testa,

Arqueadas sobrancelhas,

E seus olhos são uns sóis.

Aqui vence Amor ao Céu:

Que no dia luminoso

O Céu tem um sol formoso

E o travesso Amor tem dois.

*

Tu, Marília, agora vendo

De Amor o lindo retrato,

Contigo estará dizendo

Que é este o retrato teu.

Sim, Marília, a cópia é tua,

Que Cupido é Deus suposto:

Se há Cupido, é só teu rosto,

Que ele foi quem me venceu. (GONZAGA, 2010, p.18).

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Fig. 4 “Eros”http://www.robertphoenix.com/content/?attachment_id=2757

O trecho acima foi retirado da obra do autor GONZAGA, Tomás Antônio. Marília

de Dirceu Texto Integral. São Paulo: Martin Claret, 2010, p.18. (encontrado na

íntegra no livro acima citado).

Diálogo entre poesia e pintura

1)Entre as muitas características da poesia árcade, podemos destacar a presença

de temas clássicos ligados a volta às origens na Grécia antiga. Vale dizer que a

retomada do modelo clássico foi determinante para as alusões mitológicas que

As liras poéticas árcades, diferentemente dos

outros poemas não têm título, o que passa a

configurar como título é o primeiro verso de

cada lira.

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inspiravam os poetas. Com base nessa informação, identifique no poema acima,

os seres mitológicos que inspiraram o poeta.

2) Que conhecimentos você tem a respeito desses seres mitológicos, comente.

3) Se há palavras desconhecidas no poema, pesquise no dicionário o sentido que

mais se aproxima ao sentido expresso no texto.

4) A palavra suposto significa “hipotético, fictício, aquilo que subsiste por si”. Que

sentido o verso “Que Cupido é Deus suposto”, assume nesse contexto?

5)Na lira de Gonzaga a palavra “Amor” está (grafada com letra maiúscula). A

respeito dessa escolha, podemos afirmar que esse Amor é a expressão do

sentimento individual e particular de uma pessoa por outra ou representa uma

entidade?

6) A lira II, pertence à fase inicial do idílio. Traça o retrato da amada e o quadro

dos primeiros encontros. Que imagens poéticas ele utiliza para representar esse

amor?

7) Há referências no texto que comprovam que Gonzaga, um quarentão

enamorado já possuía experiências amorosas antes de conhecer Marília?

Comprove sua resposta com versos do poema.

8) Alberto Manguel afirma que “Somos essencialmente criaturas de imagens, de

figuras e o nosso contato com o mundo se dá via imagem”. Considerando essa

afirmação, explique a relação entre o poema de Gonzaga e a imagem de Eros.

9) Tanto a lira quanto a imagem tratam do mesmo tema. Que relação dialógica

podemos estabelecer entre os dois textos?

10) Em toda a lira, fica clara a demonstração da paixão de Gonzaga por Marília.

Em quais trechos da lira essa paixão se intensifica? Comprove sua resposta com

versos do poema.

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METÁFORA

De maneira simplificada, pode-se compreender a metáfora como uma comparação abreviada, ou seja, da qual se retirou a expressão “como” ou similar. Conforme o tipo de construção da metáfora varia seu efeito poético. (GOLDSTEIN, 2000, p. 65.)

11) Além da temática, que outros elementos estão presentes na pintura “Eros” e

também podem ser percebidos no poema?

A seguir analisaremos alguns aspectos estruturais do poema como as figuras de

linguagens que criam imagens representativas de um trabalho artístico que

interfere na construção e no sentido de um texto poético.

1)A metáfora constitui um recurso fundamental da linguagem poética. Portanto,

que metáforas são usadas para compor a descrição simbólica de Marília?

INTERTEXTUALIDADE E LITERATURAA intertextualidade é a relação que se estabelece entre dois ou mais textos, por

isso a relação intertextual é um dos princípios constitutivos da literatura, conforme

descreve (Kristeva apud Carvalhal, 2003, p. 72), “que a intertextualidade como

propriedade do texto literário se constrói como um mosaico de citações, como

absorção e transformação de outro texto”, possibilitando dessa forma outras

leituras.

Para Bakhtin (1997, p. 316), “a linguagem é por natureza dialógica, isto é,

permeia o interior de outros enunciados com os quais se relaciona” refletindo e

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complementando-se um no outro, possibilitando ao leitor a partir de suas

experiências estabelecer o diálogo interno consigo enquanto lê, interpreta,

assimila o que leu e aos poucos vai desbravando o sentido do texto que ao ser

colocado em diálogo, se relativiza e exibe uma existência plural.

Constatamos que a retomada de um texto por outro é uma prática constante em

todas as literaturas, tal diálogo é fundamental para o enriquecimento da leitura do

aluno e ampliação de seu repertório cultural, proporcionando a aquisição do

conhecimento que ocorre por intermédio desse processo.

A relação intertextual que se constrói entre os diferentes textos da nossa cultura é

um convite para a convergência da linguagem literária com outras linguagens

artísticas, sobretudo entre poesia e artes plásticas.

Você vai ler a seguir, a Lira VII de Tomás Antônio Gonzaga e também o texto

visual Vênus do pintor italiano Sandro Botticelli e estabelecer entre os dois textos

a relação intertextual temática e outros pontos que há em comum entre as duas

artes.

Lira VII Tomás Antônio Gonzaga.

Vou retratar a Marília,

A Marília, meus amores;

Porém como? Se eu não vejo

Quem me empresta as finas cores:

Dar-mas a terra não pode;

Não, que a sua cor mimosa

Vence o lírio, vence a rosa,

O jasmim e as outras flores.

Ah! Socorre, Amor, socorre

Ao mais grato empenho meu!

Voa sobre os astros, voa,

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Traz-me as tintas do céu.

*

Mas não se esmoreça logo;

Busquemos um pouco mais;

Nos mares talvez se encontrem

Cores, que sejam iguais.

Porém, não, que em paralelo

Da minha ninfa adorada

Pérolas não valem nada,

Não valem nada os corais!

Ah! Socorre, Amor, socorre

Ao mais grato empenho meu!

Voa sobre os astros, voa,

Traz-me as tintas do céu.

*

Só no céu achar-se podem

Tais belezas como aquelas

Que Marília tem nos olhos,

E que tem nas faces belas;

Mas às faces graciosas,

Aos negros olhos, que matam,

Não imitam, não retratam

Nem auroras nem estrelas.

Ah! Socorre, Amor, socorre

Ao mais grato empenho meu!

Voa sobre os astros, voa,

Traz-me as tintas do céu.

*

Entremos, Amor, entremos,

Entremos na mesma esfera;

Venha Palas, venha Juno,

Venha a deusa de Citera.

Porém, não, que se Marília

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No certame antigo entrasse,

Bem que a Páris não peitasse,

A todas as três vencera.

Vai-te, Amor, em vão socorres

Ao mais grato empenho meu:

Para formar-lhe o retrato

Não bastam tintas do céu. (GONZAGA, 2010, p.30)

Fig. 5 – O Nascimento de Vênus

Fonte:http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=850&evento=10#menu-galeria A tela O Nascimento de Vênus do pintor italiano Sandro Botticelli, foi pintada em

1485, Vênus foi eleita pelos romanos como a mais bela das deusas, considerada

a deusa da beleza e da paixão humana, teve diversas representações nas artes

ao longo dos séculos.

A obra está exposta na Galleria degli Uffizi, em Florença na Itália.

Este é o momento de ler, refletir e compreender

1) Qual a temática presente no poema e na pintura de Sandro Botticelli? Explique.

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2) Alguns personagens da mitologia Greco-romana são utilizados nesta lira por

Gonzaga. Que relação podemos estabelecer entre esses personagens e as

características do arcadismo?

3) Destaque os entes mitológicos que aparecem na lira e explique o que eles

representam nas histórias mitológicas.

4) Ao retratar Marília, Gonzaga recorre a ajuda de um deus mitológico. Sobre

quem recai essa escolha e por quê?

5) No verso “Da minha ninfa adorada”. A palavra em destaque é pronome

possessivo indicando posse. Que sentido minha assume considerando o

contexto?

6) Que sentido podemos atribuir à figura de linguagem personificação ou

prosopopéia do seguinte verso? “Aos negros olhos, que matam.”

7) Na última estrofe, ao relatar a escolha que Páris teria que fazer por uma das

três deusas ( Palas, Juno e Vênus) Marília sairia vencedora. Em quais elementos

do texto o poeta se baseia para fazer essa afirmação?

8) Com base na leitura dos textos da mitologia. Quem é a deusa de Cítera? Que

informações você tem sobre ela?

9) O refrão é responsável pelo ritmo do poema e ao mesmo tempo enfatiza uma

ideia. O que o poeta pretende enfatizar com o refrão da Lira VII?

10) O eu-lírico do poema se expressa de maneira direta e subjetiva. A quem ele

se dirige. Comprove sua resposta com versos do texto.

11) A imagem acima funciona como pistas, favorecendo a compreensão do

poema. Então, explique a semelhança existente entre o poema e a pintura de

Sandro Botticelli.

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12) Que conhecimentos podemos construir a partir da intertextualidade entre o

poema e a pintura?

13) Vênus/Afrodite é a deusa do amor, da beleza e também possuía um cinto

bordado que tinha o poder de inspirar o amor. Que elementos da pintura também

são retomados no poema?

14) Na tela de Sandro Botticelli, temos a imagem de uma bela mulher, loira, olhos

azuis e cabelos também loiros representação fiel das mulheres europeias. Que

aspectos do poema evidenciam a contradição entre as duas musas?

ATIVIDADE PROPOSTA - 5Sabemos que o sentido do texto é construído com a participação do leitor, por

essa razão é importante que o aluno compreenda o processo histórico, social,

econômico, político e ideológico do contexto de produção. Por isso, daremos

oportunidade para que os alunos se apropriem dos conhecimentos da cultura

Greco-romana o que com certeza os ajudará a se constituírem como sujeitos

autônomos, críticos e avançar no processo de leitura.

Sendo assim, chamaremos a atenção do leitor para ampliar a reflexão sobre a

temática amorosa retratada nas histórias mitológicas da cultura Greco-romana

que superando o tempo, ainda se conserva com toda a sua serenidade, equilíbrio

e alegria. Continuamente alimenta a literatura e as artes através dos séculos.

A mitologia com suas diferentes nuances instiga o homem à contemplação da

vida, do mundo e do entendimento do que seja o próprio homem.

Monte Olimpo – A Morada dos Deuses.Monte Olimpo, a mais alta montanha da Grécia. Localiza-se próxima do Mar

Egeu, na Tessália, é considerada a grande morada dos deuses. Lá de cima, os

deuses decidiam a vida dos humanos e se deliciavam com a ambrósia e o néctar,

alimento e bebida que lhes possibilitava a imortalidade. Apesar de serem imortais,

os deuses possuíam características e comportamentos semelhantes aos dos

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seres humanos como: raiva, tristeza, alegria, medo paixão, ciúme e o amor,

sentimento que segundo a mitologia era evocado pela deusa Vênus que possuía

um cinturão bordado, chamado cestus, o qual tinha o poder de inspirar o amor.

FONTE: http://monteolimpoblog.blogspot.com.br/2011/07/os-12-deuses-do-olimpo.html .

Segundo Bulfinch (2010 p.23.), Cupido/Eros também representa o amor,

considerado o deus do amor, era filho de Vênus e seu companheiro constante.

Armado com arcos e flechas, atirava as flechas do desejo no coração dos deuses

e dos homens representado como um jovem nu com asas douradas, ligeiro e

bonito que lançava flechadas mágicas que inspiravam os sentimentos de amor

nos deuses. Frequentemente aparece com os olhos cobertos para simbolizar a

cegueira do amor e às vezes carregava uma flor, ou mais comumente um arco de

prata e flechas douradas com o qual atirava os dardos de desejo contra os peitos

dos deuses e dos homens apaixonados.

O trecho acima foi retirado da obra do autor (Thomas Bulfinch. O Livro da

Mitologia: Histórias de Deuses e Heróis. São Paulo: Martin Claret. 2010, p.23.)

O texto em estudo – Texto e Imagem – Diálogo Possível.

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Fig. 6 – Amor Observando

Fonte:http://commons.wikimedia.org/wiki/File:William-Adolphe_Bouguereau_(1825-1905)_-

_Love_on_the_Look_Out_(1890).jpg

A pintura “Amor Observando” foi produzida em 1890, pelo pintor francês William

Adolphe Bouguereau encontra-se exposta no Museu do Louvre, em Paris –

França. A pintura centrada nos temas mitológicos representa cupido o deus do

amor na mitologia Greco-romana. O quadro apresenta um jovem nu, com uma

expressão introspectiva e um pouco tímida que parece observar o seu entorno

para agir contra o coração dos deuses e dos homens inspirando o amor.

1) Além das informações fornecidas pelo texto. Que outros conhecimentos você

tem a respeito de “Cupido o deus do amor”? Comente.

2) “Sabemos que um objeto da cultura visual é melhor compreendido quando

associado a outros, em uma relação de intertextualidade.Que relação podemos

estabelecer entre a pintura e o texto?

3) Faça a leitura da tela “Amor Observando”. Esta pintura sugere a você a

lembrança de alguma passagem de sua vida, comente.

4) O texto verbal e o texto imagético (pintura) tratam o amor da mesma forma?

Justifique.

5) Para você o que é o amor?

6) Na sua opinião, por que o amor é um tema tão frequente na literatura, nas

artes, no cinema, na música etc.? Comente.

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7) O texto da mitologia sobre Eros afirma que Cupido para atingir o coração dos

deuses e dos homens, lançava mão de alguns artifícios como arcos, flechas e

flores. E você que recursos utiliza para conquistar a pessoa amada? Explique.

8) A descrição do Cupido faz referência ao fato que ele aparece com os olhos

cobertos para simbolizar a cegueira do amor. A partir dessa reflexão, que leitura é

possível fazer da metáfora “cegueira do amor”?

9) Na lira II, o poeta descreve o Cupido como um menino travesso. Que

elementos da pintura compõem esse retrato?

10) Segundo O Dicionário Escolar de Língua Portuguesa – travesso significa:

turbulento, irrequieto, malicioso, traquinas. Em quais circunstâncias a relação

amorosa se aproxima desses significados? Comente.

11) Há na pintura de Bouguereau Amor Observando elementos que aproximam a

tela das características árcades? Explique.

12) O amor pode ser visto como manifestação da alma, do subjetivismo interior do

ser humano? Justifique.

13) O amor é uma doação ilimitada, incondicional, ou é marcado pela troca, pela

retribuição? O que você pensa a esse respeito?

14) Que suporte e recursos os pintores usam para expressar sua arte?

MITOLOGIAA mitologia é um dos aspectos mais fascinantes da cultura grega. Os gregos

tinham um grande apego aos seus deuses, a quem reverenciavam e atribuía um

papel muito próximo ao ser humano.

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Percebemos que sem o conhecimento da mitologia, grande parte da nossa

literatura não pode ser compreendida e nem apreciada, uma vez que muitos

autores recorrem às fontes da mitologia para o enriquecimento de sua produção

literária. Assim, para que os leitores quando ouvirem alguma referência à

mitologia saiba do que se trata, citaremos a definição mostrada na obra Mitologia.

Com a palavra mitologia designam-se dois conceitos: o conjunto de mitos e lendas que um povo imaginou e o estudo dos mesmos. A palavra vem do grego mythos, significando fábula, e logos, tratado. Dentro da narrativa mítica esconde-se um aspecto, um núcleo, que encerra uma verdade. Já, a fábula, pelo contrário, refere-se a acontecimentos imaginados que não modificam a condição humana. O mito relata uma “história verdadeira”, na medida em que toca profundamente o homem – ser mortal, organizado em sociedade, obrigado a trabalhar para viver, submetido a acontecimentos e imprevistos que independem de sua vontade. Dizer se que sob uma forma “fabulada”, imaginária, a mitologia narra a história do homem ao longo dos milênios é afirmar uma verdade. (MITOLOGIA, 1973, p.3).

Devido a seu caráter fundamental, o mito conserva até os nossos dias vitalidade e

presença grandiosa: ele trata dos mesmos problemas existenciais, morais e

sociais que continuam a afligir a humanidade. Por isso, o homem não deixou de

criar novos mitos para explicar sua relação cotidiana no ciclo da vida.

Vejamos a seguir, um dos mitos mais fascinante de nossa literatura, símbolo

maior da eterna obsessão dos gregos de atingir a perfeição do belo.

Afrodite/VênusAfrodite em grego é a deusa do amor, da beleza e da sexualidade, na mitologia

sua equivalente romana é a deusa Vênus que surgiu da espuma do mar.

A história dessa deusa exerce forte influência sobre diferentes gerações de

escritores e pintores, vejamos como é narrado seu surgimento em Mitologia

(1973, p.126 - 27), que relata o surgimento da Vênus/Afrodite numa linguagem

simples, sugerindo-nos imagens tão vívidas e impactantes que estimulam a nossa

imaginação, inserindo-nos numa cultura com a qual podemos dialogar.

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Distante, no mar, aos poucos vai se formando uma espuma, que nasce dos

órgãos arrancados de Urano. Dessa espuma brota Afrodite, a mais bela dentre as

deusas, a emergir das águas docemente amparada numa grande concha de

madrepérola.

Os zéfiros, soprando com leveza, impelem-na sobre as ondas até as praias da

ilha de Chipre, onde estão a sua espera as Horas, coroadas de ouro e exultantes

de alegria. São elas que a vestem com um traje imortal, e lhe adornam os loiros

cabelos com singelas violetas.

Depois, conduzem-na ao Olimpo, e apresentam-na à assembléia dos deuses. Há

um clamor geral de admiração. Mesmo no mundo divino jamais tinha sido vista

tão sedutora e graciosa formosura [...].

O trecho acima foi retirado da obra. Mitologia Enciclopédia. Volume Primeiro.

[s.a.]. Obra organizada por Abril S.A. São Paulo. 1973, p.126-27).

A pintura referente a (Fig. 5), “O Nascimento de Vênus”, foi produzida em 1485, é

considerada uma das obras primas do pintor italiano Sandro Botticelli e hoje faz

parte do acervo da Galleria degli Uffizi, em Florença, na Itália.

A tela representa a deusa Vênus para os romanos e Afrodite para os gregos

emergindo do mar como uma linda mulher com seus cabelos longos e dourados.

Vênus/Afrodite foi eleita a mais bela das deusas, símbolo do amor e da paixão

humana, mostrando-nos que o mito foi além da imaginação do homem, traduzido

na beleza e percepção criadora de um grande artista.

ATIVIDADE PROPOSTA – 6 Vivenciando a experiência dialógica entre as diferentes

manifestações artísticas: poesia – pintura – mitologia.

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1)Retomaremos o estudo dos poemas, aproximando os poetas árcades Manuel

Maria Barbosa du Bocage e Tomás Antônio Gonzaga.

Ó tranças, de que Amor prisões me tece,

Ó mãos de neve, que regeis meu fado!

Ó Tesouro! Ó mistério!Ó par sagrado,

Onde o menino alígero adormece!

Ó ledos olhos, cuja luz parece

Tênue raio do sol! Ó gesto amado,

De rosas e açucenas semeado,

Por quem morrera esta alma, se pudesse!

Ó lábios, cujo riso a paz me tira,

E por cujos dulcíssimos favores

Talvez o próprio Júpiter suspira!

Ó perfeições! Ó dons encantadores!

De quem sois?... Sois de Vênus?

É mentira; Sóis de Marília, sois de meus amores. (BOCAGE, 1980, p. 16).

Interação Leitor – Texto.

Retomando os conceitos já estudados na oficina sobre soneto, responda: 1.Como

o poema se constitui quanto à forma e quanto a sua disposição gráfica?

2.Qual a temática do poema? Justifique sua resposta com trechos do texto.

3.Podemos notar que o eu-lírico estabelece um diálogo. A quem ele se dirige e

com qual finalidade?

4.Pesquise o significado das palavras que não são entendidas pelo contexto e

procure aproximar o sentido das mesmas ao estabelecido no texto.

5. “Menino alígero”. A quem o poeta se refere? E qual a imagem nos é sugerida

pelo adjetivo alígero?

6.Identifique a metáfora do verso “Ó mãos de neve, que regeis meu fado!” E

explique o sentido que ela assume nesse verso.

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7.Considerando a temática lírico-amorosa que envolve o poema. Que efeito de

sentido podemos obter relacionando os vocábulos tranças e prisões?

8.Se associarmos o vocativo ”Ó tesouro! Ó mistério! Ó par sagrado”, ao estado

emocional do poeta ao que ele corresponde?

9.O verso “Tranças de que amor prisão me tece,” deixa transparecer a paixão do

poeta por Marília. Que outros elementos do poema contribuem para reforçar a

idéia dessa paixão?

10.De acordo com Bulfinch, “na mitologia a rosa é considerada a flor sagrada de

Vênus”. A partir disso, quais elementos do soneto aproximam Marília e Vênus.

Comente.

Diálogo entre textos.

1)Quais elementos aproximam as liras de Gonzaga ao soneto de Bocage?

2) Observando a relação da temática lírico-amorosa entre poesia e pintura.

Construa uma leitura que mostre essa aproximação.

3) Que elementos do soneto evidenciam o pastoralismo árcade?

4) A partir da análise da pintura “O Nascimento da Vênus” do pintor italiano

Sandro Botticelli explique as características da poesia árcade que podemos

perceber na pintura e também no soneto.

5. A produção lírica Bocagiana, também é inspirada pelas divindades mitológicas.

Identifique no soneto esses seres mitológicos e diga o que cada um representa na

mitologia.

6. “A busca do equilíbrio e da perfeição” é uma das características árcades

retratada por Bocage. Copie os versos do soneto que comprovam essa

característica.

7. O eu-lírico descreve sua amada, colocando-a num plano superior à Vênus.

Como é feita essa descrição?

8) No texto da mitologia sobre a história de Vênus/Afrodite, ela é conduzida ao

Olimpo envolta num manto doado por Hora que representa uma das estações do

ano. Como podemos relacionar essa informação com as imagens retratadas na

tela

Leitura de Imagens

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O ser humano vive da imagem, da visualidade, de uma cultura visual. Assim,

sempre esteve cercado por imagens, se sentindo seduzido por elas. Para explicar

essa intrínseca relação entre pintura (imagem) e poesia, ou seja, entre o visual e

verbal é necessário recorrer à historicidade humana, pois desde os tempos mais

remotos, a palavra tem o poder de produzir imagens metafóricas, num processo

intelectual. O ser humano ao elaborar uma representação mental do mundo,

transforma as idéias e os sentimentos em palavras carregadas de sentido e

expressão.

Sabemos que para o homem a imagem é a primeira e a principal forma de ver e

expressar o mundo vale dizer que as primeiras manifestações da atividade

humana foram exteriorizadas em imagens (desenhos) nas paredes das cavernas

para comunicar e expressar seus sentimentos.

Nesse sentido, para desenvolvermos a leitura e análise de imagens,

consideraremos à relação espectador/obra. Portanto, é essencial que o aluno

desenvolva sua sensibilidade, sua capacidade de observação e crítica, condições

indispensáveis na formação de uma cultura visual.

Para Garcez e Oliveira (2006, p. 48) “A linguagem visual também possui seu

código, ou seja, os elementos que servem para formar suas mensagens.” Que no

processo de criação sensibilizam o leitor e complementam o conjunto da obra de

arte. Contudo, para estabelecermos com o texto visual uma relação significativa é

importante fornecer ao aluno o conhecimento prévio de alguns elementos

constitutivos da linguagem visual, tais como: signo, marca, sinal, ponto, linha,

proporção, superfície e textura, cores, luz, sombra, volume, espaço, perspectiva e

composição.

Essas autoras definem o funcionamento desses recursos sobre nossa

sensibilidade da seguinte maneira:

Marcas e Sinais: Quando nosso corpo, ou instrumento, entra em contato com uma superfície, produzimos marcas. Estas, por sua vez, podem ser voluntárias ou involuntárias.

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Signos: Quando temos a intenção de transmitir idéias, essas marcas são chamadas de signos. O signo é uma forma associada a uma idéia. Pelos signos nós nos comunicamos com os outros, e transmitimos nossas mensagens.Ponto: É o sinal gráfico mínimo e elementar. Caracteriza-se por uma localização em um espaço.Linha: É uma marca contínua ou com aparência de contínua. A linha pode sugerir movimento e ritmo, comunicar sentimentos e sensações.Proporção: É a relação entre as dimensões (altura e largura) de uma imagem.Superfície e textura: Ao desenhar ou pintar colocamos nossas marcas sobre uma superfície: papel, tela, cartolina, tecido, madeira, parede.Textura: Uma superfície aparentemente lisa pode se mostrar, enrugada, esponjosa, crespada, aveludada, acetinada, felpuda, granulada, ondulada. Esses aspectos da trama e do entrelaçamento das fibras que constituem a superfície são chamados de textura.A combinação de texturas diferentes num desenho ou numa pintura produz efeitos interessantes e surpreendentes.Cores: Chamaremos de cores quentes aquelas em que prevalecem os tons de vermelho e de laranja, e de cores frias aquelas em que prevalecem os tons de azuis e verdes. Há uma energia que vem das cores e que influencia o nosso estado de espírito, pois tem efeito sobre o nosso humor.As cores podem, também, transmitir idéias ou conceitos. Elas têm uma função simbólica muito importante no nosso dia a dia.Espaço: A ideia de espaço surge do contato com a luz. A figura ao ser atingida pela luz, surgem sombras, a ideia de volume e a ilusão de profundidade. Essa impressão de profundidade é muito importante na criação artística.A relação do observador com o espaço é muito variável. A dimensão dos objetos é proporcional à distância que estamos em relação a eles. O pintor pode ainda criar a ideia de distância utilizando as cores, ou seja, colocando cores mais intensas em objetos mais próximos e cores claras e suaves intensificando a ideia de afastamento, nos objetos do fundo.Perspectiva: A perspectiva é uma técnica que permite transferir para o desenho aquela impressão que nossos olhos vêem quando há objetos mais distantes. O efeito que dá ideia de profundidade, também é chamado de perspectiva. Composição: É a combinação dos vários elementos que se conjugam para provocar um determinado efeito final. Esse efeito tem um ritmo próprio, um movimento, uma harmonia especial que o observador reconhece ao analisar a obra, formando uma composição que pode despertar sensações diferentes no espectador. (GARCEZ; OLIVEIRA, 2006 p.48 -70)

1.Com base nas informações do texto acima, faça a leitura da pintura “Pastoral de

Outono” do pintor francês François Boucher, estabelecendo a relação intertextual

entre a pintura e as poesias do período árcade.

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Fig. 8 - Pastoral de Outono.

Fonte:http://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Fran%C3%A7ois_Boucher_Autumn_Pastoral.jpg

A seguir, apresentaremos a pintura do francês François Boucher “Pastoral de

Outono” 1749, a obra encontra-se exposta no Museu do Louvre em Paris, na

França. O quadro retrata uma cena tipicamente bucólica em que as personagens

celebram o contato com a natureza.

2) Sabemos que uma obra de arte comunica, atribui significados para além

daquilo que os olhos veem. Sendo assim, é importante percebermos a

aproximação entre a tela Pastoral de Outono do pintor francês François Boucher e

as características do Arcadismo.

a) A seguir, faça a leitura da tela, relacionando-a ao contexto cultural árcade. Que

características próprias desse período, você identifica nessa pintura?

b) Que elementos da pintura justificam o título?

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3) O leitor de imagem deve observar atentamente as partes componentes do

objeto analisado, para compreender que todos os elementos se harmonizam e

produzem o efeito do conjunto da obra.

a) Quais são os personagens retratados na pintura?

b) Observe a expressão facial das personagens, que sensação elas nos

transmitem?

c) Como estão vestidas as figuras humanas que compõem o quadro. O que

representa essas vestimentas, considerando a época em que o quadro foi

produzido?

d) Os elementos da paisagem nos transmitem a ideia de harmonia e equilíbrio?

e) Para Garcez; Oliveira “Há uma energia que vem das cores e que influencia o

nosso estado de espírito.” Quais são as cores dominantes utilizadas por Boucher?

Cores quentes ou frias?

f) A pintura “Pastoral de Outono” representa um lugar ideal para o descanso e

para o idílio amoroso?

Correspondência entre as artes: poesia e pintura.

Segundo Paz (1982, p. 26), “A linguagem poética acaba por se constituir um

conjunto perfeito que é o poema, ritmo, cor, significado e ainda, é outra coisa:

imagem.” Por isso, se explica que quando lemos a palavra evoca-se mentalmente

a imagem que se faz dela, aproximando poesia e pintura.

Vejamos como ocorre a convergência entre as artes, fazendo a leitura e

compreensão do soneto do poeta árcade português Manuel Maria

Barbosa du Bocage.

Soneto Manuel Maria Du Bocage.

Já se afastou de nós o Inverno agreste,

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Envolto nos seus úmidos vapores;

A fértil Primavera, a mãe das flores,

O prado ameno de boninas veste.

Varrendo os ares, o sutil Nordeste

Os torna azuis; as aves de mil cores

Adejam entre zéfiros e amores,

E toma o fresco Tejo a cor celeste.

Vem, ó Marília, vem lograr comigo.

Destes alegres campos a beleza,

Destas copadas árvores o abrigo.

Deixa louvar da corte a vã grandeza:

Quanto me agrada mais estar contigo,

Notando as perfeições da Natureza! (Bocage, 1980, p.17).

A palavra no textoBonina: flor-do-campo, margaridinha, símbolo da simplicidade.Nordeste: vento suave que sopra do nordeste.Adejar: esvoaçar, pairar.Zéfiro: vento suave, aragem, personificação mitológica do vento do Ocidente.Amores: na mitologia, divindades infantis subordinadas a Vênus e a cupido.Lograr: gozar, desfrutar.Corte: cidade, capital.

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O poema apresenta quatro estrofes formadas por 14 versos, distribuídos em dois

quartetos e dois tercetos o que compõe a forma fixa do soneto. Os versos têm

medidas também fixas: no caso, são decassílabos.

Outro aspecto muito importante a ser percebido é a musicalidade do texto,

garantida pelos jogos sonoros das palavras que rimam no final dos versos.

1)Quanto à temática como podemos estabelecer a intertextualidade entre o

soneto e a pintura “Pastoral de Outono”?

2) Além da temática que outros elementos estão presentes na tela e também são

retomados no poema?

3) Considerando a composição da paisagem em ambos os textos. Qual a

importância desse cenário para compor o idílio amoroso entre o poeta e sua

musa?

3) Faça algumas considerações em relação à temática lírico-amorosa, percebida

no poema e na pintura de François Boucher.

4) Os poemas árcades são marcados por uma retomada aos valores clássicos.

Quais elementos desse poema comprovam essa afirmação?

5) Considerando o contexto do poema, que sentido podemos inferir ao

substantivo “amores” no verso “Adejam entre zéfiros e amores”?

6) É recorrente na poesia árcade a referência à mitologia grego-romana como

fonte de inspiração. Portanto, “Hora é a deusa que representa as quatro

estações do ano”. Como é feito no soneto essa recorrência à mitologia?

7) O tema do “fugere urbem”, isto é, expressão latina que significa “fugir da

cidade”. É relatado em qual estrofe? Copie os versos que comprovam sua

resposta.

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Linguagem Expressiva do Poema.

A linguagem expressiva do poema proporciona novas possibilidades de

significação, construídas a partir das palavras que compõem imagens e ganham

sentidos diferentes do usual, expressando sensibilidade e emoção.

1) Identifique na 1ª estrofe, a figura de linguagem responsável pela imagem

da transformação da natureza em uma paisagem bela e perfeita.

2) Identifique, na segunda estrofe, a hipérbole usada para dar maior

expressividade ao poema.

3) Qual figura de linguagem está implícita no movimento do vento e na cor

refletida na superfície do rio?

4) Indique o sentido da metáfora presente no seguinte verso ”Varrendo os

ares o sutil Nordeste”

5) Que leitura podemos fazer a partir das imagens evocadas pelos

substantivos: ”vento, aves e rio”?

ATIVIDADE PROPOSTA - 8 Seres mitológicos como fonte de inspiração da poesia árcade.

Sob a influência das histórias da mitologia Greco-romana, os poetas árcades

produziram belíssimos poemas falando de seus amores pelas pastoras e musas

inspiradoras. Como é o caso da Lira VIII, que o poeta Tomás Antônio Gonzaga

Personificação/Prosopopeia

É a figura de linguagem que consiste em atribuir linguagem, sentimentos e ações próprias dos seres humanos a seres inanimados ou irracionais. (CEREJA; MAGALHÃES, 2010, p.56).

Hipérbole

É a figura de linguagem que consiste em exagerar intencionalmente o sentido das palavras ou expressões para dar mais expressividade ao poema. (CEREJA; MAGALHÃES, 2010, p. 62).

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expressa seu amor pela pastora Marília, nome criado por ele para se referir à

jovem Maria Dorotéia de seixas Brandão, sua noiva.

DIANA/ÁRTEMIS Harvey (1998, p. 162- 63), relata que Diana foi identificada com a deusa grega

Ártemis desde os tempos mais antigos. As mulheres veneravam especialmente

Diana, e talvez ela fosse originalmente um espírito dos bosques e da natureza

selvagem, que participava amistosamente da vida dos camponeses italianos e de

suas famílias.

Diana/Artemis era filha de Zeus e irmã de Apolo. A deusa pede a seu pai o rei do

Olimpo que lhe desse túnica que pudesse cobrir seu corpo esbelto, sapatos de

caçadora, aljava, flechas e arcos. E mais: quis a virgindade eterna e um grandioso

séquito de Oceânidas e Ninfas.

E por fim: “Entrega-me as montanhas...habitarei as montanhas”. Em tudo foi

atendida por Zeus e passou a reinar na bela região montanhosa da Arcádia, onde

se entregava à caça, sua atividade favorita.

Assim, como Apolo, seu irmão, foi identificado com o sol. Ártemis foi assimilada à

lua. Todos a achavam bela e solitária, casta e pálida, sempre fugindo da

companhia de outros deuses, indiferente a qualquer relação amorosa.

(MITOLOGIA, 1973, p. 209 – 2011).

O texto acima foi retirado da obra (Mitologia, Enciclopédia. Volume Primeiro. [s.a]

São Paulo: Editora Abril Cultural, 1973, p. 209 –11).

EndimiãoEndimião foi rei de Élis - caçador ou pastor pediu a Zeus um sono eterno para

permanecer jovem para sempre.

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Maravilhosamente belo, permaneceu adormecido na encosta de uma montanha

no Peloponeso. Noite após noite, Selene/Diana (Luna referência a lua) descia

atrás do monte para visitá-lo e cobrí-lo de beijos.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/selene.

Lira VIII Tomás Antônio Gonzaga.

Marília, de que te queixas?

De que te roubou Dirceu

O sincero coração?

Não te deu também o seu?

E tu, Marília, primeiro

Não lhe lançaste o grilhão?

Todos amam; só Marília

Desta Lei da Natureza

Queria ter isenção?

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Fig. 9 – Diana e Cupido.https://es.m.wikipedia.org/wiki/Archivo:Batoni._Diana_and_Cupid_%281761%29.jpg

*

Em torno das castas pombas,

Não rulam ternos pombinhos?

E rulam, Marília, em vão?

Não se afagam c'os biquinhos?

E as provas de mais ternura

Não os arrasta a paixão?

Todos amam; só Marília

Desta Lei da Natureza

Queria ter isenção?

*

As grandes deusas do céu

Sentem a seta tirana

Da amorosa inclinação.

Diana, com ser Diana,

Não se abrasa, não suspira

Pelo amor de Endimião?

Todos amam; só Marília

Desta Lei da Natureza

Queria ter isenção?

*

Desiste, Marília bela,

De uma queixa, sustentada

Só na altiva opinião.

Esta chama é inspirada

Pelo céu, pois nela assenta

A nossa conservação.

Todos amam; só Marília

Desta Lei da Natureza

Queria ter isenção? (GONZAGA, 2010, p. 31 – 2).

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O trecho acima foi retirado da obra do autor (Tomás Antônio Gonzaga. Marília de

Dirceu. Texto Integral. São Paulo: Martin Claret, 2010, p. 31 – 32).

O quadro Diana e Cupido do pintor italiano Pompeo Batoni, foi pintado em 1761 e

encontra-se no Museu Metropolitano de Arte, em New York, Estados Unidos.

Esse artista buscou externar em sua arte o classicismo, por essa razão sua obra

é inspirada pela cultura clássica Greco-romana representando temas da mitologia

como demonstrados na tela. Diana - deusa caçadora, rainha dos bosques

(correspondente na mitologia grega, à deusa Artemis). Segundo a lenda, obteve

de seu pai autorização para nunca se casar, simbolizava a castidade.

No entanto, é vencida pelo deus do amor Cupido e se apaixona por Endimião,

conforme podemos perceber na Lira VIII: Diana, com ser Diana, Não se abrasa,

não suspira Pelo amor de Endimião?

Façamos a leitura com atenção e espírito crítico da Lira VIII, da pintura Diana e

Cupido e dos textos de apoio sobre os entes mitológicos Diana/Ártemis e

Endimião.

1) Quais os recursos sonoros utilizados pelo poeta para manter o ritmo do

poema?

2).Explique, a ideia que o poeta pretende reforçar com o refrão?

Verbos presentes no texto.

Goldstein (1988, p.31), conceitua que “Os verbos de um texto podem ser

analisados quanto ao tempo e o modo em que estão empregados”.

1) Há na construção do poema a predominância do emprego do verbo no

presente do indicativo. O que a escolha desse tempo e modo verbal representa

para o poema?

2) Os verbos da Lira VIII indicam estado ou ação? Que efeito o poeta pretende

enfatizar?

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Interação Leitor – Texto.

1) Os questionamentos feitos na primeira estrofe pretendem situar o leitor a

respeito de qual assunto?

2) Pesquise o sentido da palavra “grilhão” e a partir disso, explique o sentido que

essa palavra adquire no texto?

3) Dê sua opinião. O amor pode estar associado à ideia de prisão? Se sim, em

quais circunstâncias isso ocorre?

4) Sob forma poética, Gonzaga vai explicando a Marília “sua noiva” que o amor é

o único sentimento capaz de garantir a conservação da espécie. Identifique os

versos que evidenciam essa afirmação.

5) Qual figura de linguagem é empregada para representar o ato da conquista

amorosa entre as aves?

6) Explique o efeito de sentido criado a partir do uso dessa figura de linguagem.

7) Segundo a mitologia Diana era uma deusa solitária, sempre fugindo da

companhia de outros deuses, indiferente a qualquer relação amorosa. Essa

afirmação é confirmada ou refutada na Lira VIII? Explique.

8) Compare e discuta a experiência amorosa expressa no texto Diana/Ártemis e

na Lira VIII.

9) Analise a tela e responde. Que elementos da pintura reforçam a idéia de que

Diana era indiferente a qualquer relação amorosa?

10) Ao longo dos textos estudados, vimos que Eros/Cupido atira flechadas

mágicas que atinge o coração de deuses e homens. Como age o deus do amor

na Lira VIII?

11) Que conselho o eu-lírico dá à Marília na última estrofe?

12) Ainda, na última estrofe Gonzaga defende uma concepção do amor como

base para a conservação da espécie humana na Terra. Você concorda com o

poeta? Qual a sua visão do amor?

13) Que características do Arcadismo podemos explorar no poema de Gonzaga e

também na tela Diana e Cupido?

14) Com base na leitura dos textos que conclusão você chega sobre o amor?

ATIVIDADE PROPOSTA – 9

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"Olha, Marília, as flautas dos pastores"

Olha, Marília, as flautas dos pastores,

Que bem que soam, como estão cadentes!

Olha o Tejo a sorrir-se! Olha: não sentes

Os Zéfiros brincar por entre as flores?

Vê como ali, beijando-se, os Amores

Incitam nossos ósculos ardentes!

Ei-las de planta em planta as inocentes,

As vagas borboletas de mil cores.

Naquele arbusto o rouxinol suspira;

Ora nas folhas a abelhinha pára,

Ora nos ares, sussurrando, gira.

Que alegre campo! Que manhã tão clara!

Mas ah!, Tudo o que vês, se eu te não vira,

Mais tristeza que a morte me causara. (Bocage, 1980, p.20)

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Fig. 10 – Vênus Consolando Amor Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fran%C3%A7ois_Boucher

A tela Vênus Consolando Amor de 1751, do pintor francês François Boucher, está

exposta no Museu do Louvre em Paris – França. Está pintura aproxima-se dos

temas da poesia do Arcadismo quanto à recorrência aos temas da mitologia.

Na presente pintura temos Vênus/Afrodite representada na condição de mãe de

Amor Cupido, num gesto maternal consola-o, Vênus é retrata como uma deusa

nua em companhia de três bebês, anjos, também nus. As quatro personagens

integram a cena com o casal de bombas brancas, aninhando-se a beira da água.

O Cupido próximo da deusa traz nos ombros uma aljava com várias setas,

simbolizando as setas que atira para inspirar o amor, enquanto os outros dois

cupidos olham apontando para Vênus e Amor.

A natureza é empregada, inclusive como pano de fundo, rios, árvores, pássaros,

pedras, plantas e até o céu com suas cores suaves parece contemplar o conjunto

da obra.

Interação Leitor Texto.

1) Tanto o poeta quanto o pintor “François Boucher” recorrem a natureza para

compor um cenário campestre como pano de fundo para suas obras? Descreva

como é feito essa composição com base no texto verbal e imagético.

2) Que elementos da natureza são representados no soneto e na pintura “Vênus

Consolando Amor”?

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3) “Amores” referência a Vênus e Cupido símbolo dos deuses do amor. A partir

desse enunciado, construa uma leitura que mostre como é feita essa aproximação

entre o poema e a tela.

4) Em geral os textos sugerem um interlocutor, isto é, uma pessoa a quem os

poetas e prosadores se dirigem. Neste soneto a quem o poeta se dirige?

5) Ao longo das atividades, vimos que “Zéfiro é o deus do vento” Simbolicamente

como podemos caracterizá-lo no soneto de Bocage?

6) Os Zéfiros descritos na mitologia representam ventos suaves e calmos são

brisas que tocam ou conduzem suavemente as personagens. A partir dessa

informação como podemos descrever as ações dos Zéfiros no soneto e também

na tela O Nascimento da Vênus?

7) Associar instrumentos musicais a poesia era uma prática comum aos poetas

neoclássicos. Transcreva o verso em que fica implícita essa associação.

8) Tejo é um dos rios mais importantes de Portugal. Que ação do poema é

responsável pela sua personificação?

9)Este soneto contempla algumas características do Arcadismo/Neoclassicismo.

Comente sobre as características e aponte os versos em que as mesmas são

sugeridas.

10) Que elementos da pintura são retomados pelo poeta na segunda estrofe?

11) Que semelhança há entre o soneto e a tela de François boucher quanto ao

tema?

TRABALHANDO O GÊNERO TEXTUAL.

Trabalhe em grupo: Leia, discuta e conclua.

1) Quais são as características do poema que o difere dos demais gêneros

textuais?

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2) Qual a finalidade desse gênero textual?

3) O espaço que o poema ocupa na página, constitui sua composição gráfica.

Portanto, explique a organização do poema acima.

4) Quando se trata da leitura de um texto visual devemos considerar os elementos

constituintes da linguagem plástica. Então, responda. Que elementos próprios da

pintura a difere do gênero poema?

5) Num poema as palavras são selecionadas com a finalidade de compor

imagens, sugerir formas, cores, permitindo múltiplas sensações. Portanto, o que

as cores expressas no poema e na tela pretendem comunicar?

7) Como são as ações desenvolvidas na tela? São as mesmas ações

desenvolvidas no poema? Explique as ações, apontando os verbos usados para

expressá-las.

Linguagem Expressiva do poema

Na próxima etapa das atividades exploraremos a linguagem do poema que é

construída a partir de imagens obtidas com uso das figuras de linguagens.

1) Este soneto é construído sob a evocação de expressões que sugere um

relacionamento sensível, concreto e sensorial das personagens em contato com a

natureza. Há no soneto acima um jogo de sensações que atinge alguns dos

nossos órgãos do sentido. Quais são essas sensações e por meio de quais

órgãos elas são percebidas?

2) Observe o seguinte verso ”As vagas borboletas de mil cores”. Que figura de

linguagem o poeta emprega para descrever as borboletas?

Sinestesia

Quando se combinam várias impressões sensoriais – visão, tato, audição, olfato, paladar – trata-se de sinestesia.

(GOLDSTEIN,1988, p.42).

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3) Leia a terceira estrofe, qual figura de linguagem o poeta utiliza para expressar

as ações praticadas pelo rouxinol e pela abelhinha?

4) Considerando que “brincar” é uma ação tipicamente humana. Qual figura de

linguagem está representada no verbo brincar do seguinte verso ”Os Zéfiros

brincar por entre as flores”

ATIVIDADE PROPOSTA – 10

Vejamos mais um exemplo da poesia Árcade do poeta Tomás Antônio Gonzaga

que dialoga com a poesia do também poeta árcade português Manuel Maria

Barbosa du Bocage. A aproximação entre os dois poetas acontece quanto à

temática lírico-amorosa e também pela preferência em representar o idílio

amoroso vivido num cenário campestre e bucólico em que todos os elementos da

natureza estão em harmonia, exaltando a presença de aves coloridas, o prado

florido, o rio calmo, ventos brandos e suaves, reafirmando a presença da natureza

como cúmplice dos efeitos de amor.

LIRA XIX TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA

Enquanto pasta, alegre, o manso gado,

Minha bela Marília, nos sentemos

À sombra deste cedro levantado.

Um pouco meditemos

Na regular beleza,

Que em tudo quanto vive nos descobre

A sábia natureza.

*

Repara como, cheia de ternura,

Entre as asas essa ave ao filho aquenta,

Como aquela esgravata a terra dura,

E os seus assim sustenta;

Como se encoleriza

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E salta sem receio a todo vulto,

Que junto deles pisa,

*

Que gosto não terá a esposa amante,

Quando der ao filhinho o peito brando

E refletir então no seu semblante!

Quando, Marília, quando

Disser consigo: “É esta

De teu querido pai a mesma barba,

A mesma boca e testa”.

*

Que gosto não terá a mãe, que toca,

Quando o tem nos seus braços, com dedinho

Nas faces graciosas e na boca

Do inocente filhinho!

Quando, Marília bela,

O tenro infante já com risos mudos

Começa a conhecê-la!

*

Que prazer não terão os pais, ao verem

Com as mães uns dos filhos abraçados;

Jogar outros a luta, outros correrem

Nos cordeiros montados!

Que estado de ventura:

Que até naquilo, que de peso serve,

Inspira amor doçura! (GONZAGA, 2010, p.58 -59).

O trecho acima foi retirado da obra do autor GONZAGA, Tomás Antônio. Marília

de Dirceu Texto Integral. São Paulo: Martin Claret, 2010, p. 58 – 9. (encontrado

na íntegra no livro acima citado).

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Nesta lira o poeta convida sua amada “Marília” a sentar-se e aproveitar o

momento presente, contemplando a natureza cercada de seres naturais como o

gado, as aves que com atos sutis e delicados demonstram o cuidado e a proteção

que dispensam aos seus filhinhos.

Gonzaga de forma poética e metaforicamente pretende chamar atenção de

Marília para que no contato com a natureza aprenda que ela é sábia e nos ensina

que as fêmeas vivem para a reprodução. Assim, ele traça o elogio da maternidade

e vai preparando sua musa para expor seus desejos mais íntimos de contrair o

matrimônio e constituir uma família, suscitada pelas imagens descritas na terceira

estrofe: “Que gosto não terá a esposa amante,” Quando der ao filhinho o

peito brando” “Disser consigo: “É esta De teu querido pai a mesma barba,”

“A mesma boca e testa”.

“Com esses versos o poeta reafirma seu desejo de constituir uma família e em

convívio com a natureza juntamente com sua amada poder ver os filhos

nascerem, crescerem e brincarem sob a proteção dos pais.

Tudo isso conduz a felicidade plena e mesmo que haja dificuldades serão

superadas, porque o que importa é desfrutar uma vida simples e feliz no campo

inspirando o amor e o afeto entre o poeta e sua amada.

Considerações Finais.

Esperamos que a implementação da presente Unidade Didática possa contribuir

para a prática pedagógica do professor, constituindo um recurso de apoio que

contempla sugestões, estimula a reflexão e análise crítica por meio do estudo dos

textos literários.

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As atividades propostas neste material visam estimular nos alunos a leitura de

poemas, mostrando que a poesia tem a capacidade de sensibilizar o ser humano,

é a expressão da alma, dos sentimentos, pois se refere a um universo que

continuamente tenta ampliar o limite da experiência humana.

Buscamos também ampliar a compreensão do aluno para entender a relação

entre os diferentes textos da nossa cultura a partir da percepção da

intertextualidade como processo constitutivo da literatura, nesse sentido, a poesia

enquanto arte específica da palavra dialoga com as outras formas de

expressão cultural, estabelecendo correspondência, sobretudo entre as artes

poesia e pintura.

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