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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

COSTUMES E TRADIÇÕES: UM RESGATE HISTÓRICO DOS

ANTEPASSADOS DE ALUNOS DA ESCOLA DO CAMPO

Autor: Joana D. Kwiatkowski Distéfano1

Orientadora: Profª. Drª. Clóris Porto Torquato

Resumo

Partindo do pressuposto de que "não há presente sem passado e nem futuro sem

presente", este artigo é o resultado da implementação de uma proposta

pedagógica, com foco no gênero “memórias literárias”, objetivando apresentar

possibilidades no processo ensino aprendizagem da língua portuguesa, mais

especificamente na área da leitura e produção textual. Visa contribuir com o

processo de transmissão de conhecimentos culturais, sociais, fatos relevantes

das comunidades que fazem parte da escola, buscando preservar seus

conhecimentos tradicionais e, ainda, resgatar valores sociais, tradições e

costumes entre alunos das Escolas do Campo e seus familiares, buscando com

este trabalho valorizar as comunidades desses alunos, de onde os fatos e as

narrativas foram colhidas, inclusive estreitando e fortalecendo laços familiares.

Com base em entrevistas e pesquisa bibliográfica e de campo, coleta de dados,

debates e discussões, leitura, escrita e reescrita de textos realizadas pelos

alunos, promoveu-se uma oportunidade de reflexão para os alunos sobre sua

própria história de vida e de seus antepassados, contribuindo para que haja um

interesse maior pelas histórias sentidas e vividas por seus familiares, bem como

suas tradições e costumes, visando a contribuição na formação de leitores

críticos através do gênero memória literária.

Palavras chave: valores sociais; leitura; memórias literárias; costumes e

tradições; Escola de Campo; familiares.

1 Professora da rede pública de ensino do Estado do Paraná há mais de 20 anos, formada em Letras pela UNICENTRO – Universidade Estadual do Centro Oeste no ano de 1.997. Concluiu sua especialização em Processo do Ensino Aprendizagem da Língua Portuguesa, em l.998. Especialista em Educação Especial: Educação Especial/Atendimento às Necessidades Especiais em 2.006. Foi gestora da escola pública nos Anos Finais do Ensino Fundamental durante seis anos e está concluindo o PDE 2.013 em Língua Portuguesa.

“A linguagem é um instrumento de integração no mundo, de um modo igualitário e justo.” (Paulo Freire) " Vivo sempre no presente. O futuro, não o conheço. O passado, já o não tenho. Pesa-me um como a possibilidade de tudo, o outro como a realidade de nada. Não tenho esperanças nem saudades. Conhecendo o que tem sido a minha vida até hoje - tantas vezes e em tanto o contrário do que eu a desejara -, que posso presumir da minha vida de amanhã senão que será o que não presumo, o que não quero, o que me acontece de fora, até através da minha vontade? Nem tenho nada no meu passado que relembre com o desejo inútil de o repetir. Nunca fui senão um vestígio e um simulacro de mim. O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto.” (Fernando Pessoa, em Livro do Desassossego) “A vida não é a que a gente viveu e sim a que a gente recorda, e como recorda para contá-la.” ― (Gabriel García Marquez)

1 INTRODUÇÃO

A população de São João do Triunfo é composta principalmente por

colonos que moram na zona rural; são, na maioria das vezes, de origem humilde

e, muitas vezes, são bastante carentes. Assim, aquele que deveria ser valorizado

pela sua condição de campesino, geralmente, tem sido visto como “caipira”, e,

dentre os alunos do campo, é comum percebemos um sentimento de "vergonha"

com relação aos seus familiares.

Outro fator a ser considerado é que, territorialmente, nosso município é

bastante extenso, chegando em alguns casos a distar cerca de 50 a 60 Km de

uma comunidade a outra; isto faz com que, sendo uma população carente,

ocasione a falta de contato entre os diferentes grupos.

E, ainda, nossa clientela escolar é formada na sua totalidade por alunos da

zona rural. Assim sendo, nada mais natural que a educação construída com

esses educandos venha a atender às necessidades do público oriundo do

campesinato, opondo-se ao modelo de educação vigente, em que predomina

uma perspectiva urbana.

Partindo do pressuposto de que "não há presente sem passado e nem

futuro sem presente", o objetivo geral deste artigo é resgatar valores sociais,

tradições e costumes entre alunos das Escolas de Campo e seus familiares

através da disciplina de Língua Portuguesa. Nesta disciplina, busca-se valorizar

não apenas as práticas de leitura e escrita dominantes na sociedade, mas ouvir

as vozes e ler o mundo a partir da perspectiva dos estudantes.

Ninguém nasce sabendo ler: aprende-se ler a medida que se vive. Porque ler livros geralmente se aprende nos bancos da escola, enquanto outras leituras se aprendem por aí, na chamada escola da vida. (LAJOLO, 1997, p. 70)

Pretende-se, assim, com este trabalho valorizar as comunidades às quais

pertencem os estudantes, de onde os fatos e as narrativas foram colhidos,

inclusive estreitando e fortalecendo laços familiares. Com base em entrevistas e

pesquisas bibliográficas e de campo realizadas pelos alunos, coletas de dados,

debates e discussões, objetiva-se contribuir para que haja um interesse maior

pela história de vida de seus antepassados, bem como seus costumes, hábitos e

tradições da família que estejam relacionados às memórias sentidas e vividas,

origens étnico-espaciais, como por exemplo, algum prato culinário, um tipo de

festa, casos pitorescos, ou comemoração, entre outros. Segundo Rojo:

cabe à escola potencializar o diálogo multicultural, trazendo para dentro de seus muros não somente a cultura valorizada, dominante, canônica, mas também as culturas locais e populares e a cultura de massa, para torná-las vozes de um diálogo, objetos de estudo e de crítica. (ROJO, 2009, p. 12).

1. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS

Considerando o contexto de implementação do projeto pedagógico aqui

relatado, a educação do campo é vista “como um lugar estratégico de

emancipação e afirmação das relações de pertença, ao mesmo tempo,

diferenciada e aberta” (SANTOS; GERMANO[C1], 2009, p. 4) ao alunado

campesino tornando-se assim um espaço de inclusão[C2]. De acordo com Caldart

(2004), a educação do campo se constitui

[...] como processo de construção de um projeto de educação dos trabalhadores e das trabalhadoras do campo, gestado desde o ponto de vista dos camponeses e da trajetória de luta de suas organizações. Isto quer dizer que se trata de pensar a educação (política e pedagogia) desde os interesses sociais, políticos, culturais de um determinado grupo social; ou trata­se de pensar a educação (que é um processo universal) desde uma particularidade, ou seja, desde sujeitos concretos que se movimentam dentro de determinadas condições sociais de existência em um dado tempo histórico. (CALDART, 2004, p. 17).

Com os alunos do 7º Ano A, do Colégio Estadual do Campo “Professor

Argemiro Luiz de Lima” – Ensino Fundamental e Médio, este trabalho objetivou,

por meio de práticas de letramento, o resgate da memória viva da comunidade,

como saber: Quem são seus familiares? Quais memórias esses antepassados

guardam sobre as experiências vivenciadas? Como eram os espaços por onde

transitaram? Que outras histórias, das pessoas dessa localidade valem a pena

ser conhecidas? A partir dessas questões, buscou-se chegar o mais próximo

possível do que foi a história de seus familiares mais idosos, visando contribuir

com o processo de reflexão das memórias sentidas e vividas das pessoas das

comunidades que fazem parte do Colégio Estadual do Campo Professor

“Argemiro Luiz de Lima”. Nesta perspectiva, este projeto buscou tratar das

identidades dessas comunidades.

Cada sociedade, através de sua história, constrói seus costumes, sua forma de viver, ou seja, sua cultura, que dá identidade a uma sociedade local consciente das semelhanças culturais existentes entre os seus membros. Quando a sociedade perde esta consciência cultural, perde também sua identidade cultural. (SILVA, 2003, p. 37).

Partindo dessa perspectiva, no ensino de Língua Portuguesa, este trabalho

buscou desenvolver uma metodologia de ensino pautada no trabalho com os

gêneros discursivos: entrevista, pesquisa, e, mais especificamente, as “memórias

literárias”. Desta forma, as atividades desenvolvidas propiciaram: 1. o

desenvolvimento das habilidades de leitura, produção escrita e reescrita de

textos; 2. produção de textos no gênero “memórias literárias”, evidenciando

sentimentos e emoções e mobilizando comparação entre passado e presente,

verbos no passado, uso de pronomes, uso de letra maiúscula e minúscula,

pontuação, ampliação do vocabulário, pois, de acordo com Marcuschi,

O desejo de compreender o universo e seus fenômenos, preservar o passado e manter as tradições da comunidade, via memórias dos mais sábios e experientes, transmitidas oralmente de geração em geração, sempre obcecou as sociedades humanas, desde seus primórdios. (2012, p. 52).

Ler e escrever são essenciais no processo de ensino-aprendizagem. A pessoa

que não domina estas duas habilidades está condenada ao fracasso escolar;

nesse sentido, Rojo afirma: "defendo que um dos objetivos principais da escola é

possibilitar que os alunos participem das várias práticas sociais que se utilizam da

leitura e da escrita (letramentos) na vida (...), de maneira ética, crítica e

democrática." (2009, p. 11).

Além do foco nos gêneros e nas práticas de letramento, o projeto

pretendeu também desvelar o histórico familiar como uma forma de estreitar os

laços de familiaridade, bem como de retomar os valores sociais, tradições e

costumes entre os educandos e seus antepassados, contribuindo no processo

ensino-aprendizagem da disciplina de Língua Portuguesa. Através da sua

metodologia participativa e das práticas de letramento, envolvendo alunos e seus

familiares,

A escola deve ter o papel de interpretar os processos que ocorrem fora

dela, organizar desta forma um Projeto Político Pedagógico que priorize os

saberes do campo, e ao socializar o saber e a cultura historicamente construídos,

fazer com que os alunos sanem algumas dificuldades na leitura e na escrita

trazidas no decorrer de sua trajetória escolar, sentindo-se valorizados e parte

integrante do processo educativo. Assim, a escola como um todo deve ter “o

papel de possibilitar dinâmicas pedagógicas que resgatem a cultura e o

significado de se viver no campo com dignidade” (WIZNIEWSKY, 2007, p. 10).

Esse aspecto é enfatizado por Kolling (1999):

O currículo deve trabalhar mais o vínculo entre educação e cultura no sentido de fazer da escola um espaço de desenvolvimento cultural, mas não somente dos estudantes, mas das comunidades. Valorizar a cultura dos grupos sociais que vivem no campo; conhecer outras expressões culturais; produzir uma nova cultura, vinculada aos desafios do tempo histórico em que vivem educadores e educandos e às opções sociais em que estão envolvidos. (p. 70).

2 IMPLEMENTAÇÃO PEDAGÓGICA

O ponto de partida da implementação do projeto deu-se com a exibição

de uma fita de vídeo cassete do Projeto “Túnel do Tempo” contendo a Dança de

São Gonçalo, a cerimônia de casamento e a festa do Bolo de Argola.

Tomando por base a exibição da fita de vídeo do Projeto “Túnel do

Tempo” com a Dança de São Gonçalo e uma apresentação de teatro

reproduzindo a Festa do Bolo de Argola, que era a Cerimônia e Festa de

Casamento da época, das pessoas que viviam no campo, foi realizado um debate

com os alunos procurando saber se eles tinham um conhecimento prévio sobre

estes temas como: as festas, danças, comida típica, reconhecer as pessoas que

estavam encenando a peça de teatro..

Desde o primeiro momento, os alunos ficaram impressionados porque a

fita de vídeo chamou sua atenção, pois é um material que praticamente já está

em desuso. À medida que iam assistindo, eram transportados há mais de quinze

anos atrás e reconheciam alguns participantes da peça de teatro, já que eram

pessoas da comunidade e, na época, alunos do colégio.

O material do “Túnel do Tempo” foi um excelente recurso para iniciar o

desenvolvimento do projeto, pois despertou nos alunos a curiosidade, a vontade

de desenvolver o projeto. Esta reação dos alunos trouxe o embasamento

necessário para que tivessem a certeza da tarefa a ser desempenhada. Ao

utilizar um material bem planejado, direcionado às atividades pensadas e

propostas, motiva-se os alunos e dá segurança no desenvolvimento das

atividades propostas, pois através do vídeo, os alunos vivenciaram a situação e

falaram com propriedade sobre o assunto, o que torna mais adequado e

contextualizado trabalhar a oralidade.

Em seguida, os alunos foram a campo, com o intuito de desenvolver a

entrevista com seus avós ou parentes mais idosos e detentores das memórias,

objeto do nosso trabalho. Participaram ativamente de cada atividade proposta,

principalmente neste momento, pois nesta etapa eles estavam à frente da

realização da atividade, eram os protagonistas, e se surpreenderam com os

relatos feitos por seus avós.

Outro momento importante foi a roda de conversa, onde as histórias e as

memórias sentidas e vividas por seus antepassados foram compartilhadas na

turma.

Um fato que foi constatado no início é que as famílias dos antepassados

dos alunos eram bastante numerosas; era bem comum os pais terem mais de

dez filhos. Na atualidade, as famílias são formadas por menos pessoas.

Os estudantes opinaram que, no tempo de seus avós, as coisas eram

mais interessantes porque tinham que construir, fazer tudo: móveis, ferramentas,

utensílios, meios de transporte, brinquedos, etc. E, por esta razão, seus avós

valorizavam mais o que tinham.

Os alunos também chegaram à conclusão de que, hoje em dia, não

damos o devido valor às coisas porque tudo vem pronto e, por esta razão, os

brinquedos perdem a magia, pois muitas vezes não precisamos nem esperar

muito tempo por eles. Segundo os alunos, as brincadeiras eram mais simples e

mais divertidas. Havia mais inocência entre as crianças.

Os alunos disseram que a maioria das roupas eram feitas à mão. Os pais

compravam “peças de tecido” inteiras na “bodega”, “armazém” ou “armarinho”,

como eram chamadas as casas de comércio da época. As roupas eram

confeccionadas por costureiras ou mesmo pelas mulheres da casa. Às vezes, as

costureiras iam nas casas das pessoas para costurar as roupas. Ficavam lá por

alguns dias, até que aprontassem toda a encomenda. Isto acontecia porque,

além de não ter muitas pessoas nesta profissão, ainda moravam longe. Segundo

os entrevistados, quando ganhavam uma roupa nova, era um acontecimento, a

felicidade era enorme, pois isso só acontecia por um motivo muito importante ou

em datas especiais. Eles contam que a maneira de se vestir de antigamente era

com mais respeito. Os entrevistados contam que as roupas, principalmente das

mulheres, não eram tão decotadas nem tão curtas, o que aumentava o mistério e

o encantamento.

Para os entrevistados, a convivência entre pais, filhos e pessoas mais

velhas era com muito respeito. Quando as pessoas de mais idade estavam

conversando, os mais novos não participavam da conversa e nem podiam ficar

ouvindo. Na hora de ir dormir e ao levantar de manhã, os filhos pediam a benção

ao pai, à mãe e às pessoas mais velhas que por ventura morassem na casa. A

mesma situação acontecia, quando encontravam parentes mais idosos.

. De acordo com os dados trazidos pelos alunos, a escolaridade dos

entrevistados era até o 3º Ano Primário, equivalente as primeiras séries do

Ensino Fundamental - Anos Iniciais da atualidade. Com esta formação, os alunos

aprendiam somente o básico, ou seja: assinar o nome, fazer contas, ler e

escrever. Segundo os relatos, dizem que aprendiam muito pouco. As salas de

aula eram multisseriadas, ou seja, havia um único professor para todas as séries.

Faziam “exame” somente no final do ano, e quem vinha aplicar as provas era o

Inspetor de Ensino. Ressaltam que não tinham “incentivação”, ou seja, incentivo

para estudarem, pois na época o estudo não era considerado importante, e,

ainda, ao permitirem que os filhos frequentassem a escola, os pais perdiam mão

de obra na lavoura.

Nas entrevistas, os alunos aprenderam que, após mais um dia de trabalho,

a família se reunia em volta do fogão à lenha e ali acontecia a conversa do dia a

dia, a contação de histórias dos seus antepassados, os causos, lendas. As

refeições eram feitas em família, todos se reuniam à mesa. Segundo os

entrevistados, a comida era diferente: mais simples e tinha mais sabor porque os

alimentos eram produzidos por eles mesmos, fruto do seu trabalho, do seu suor.

Era tudo puro, não continha veneno, os agrotóxicos, tão comuns e presentes em

nossas vidas nos dias de hoje. Quase tudo era feito em casa e com a

participação de todos os membros da família, isto fortalecia a união, e tudo tinha

mais gosto.

Nas entrevistas, os alunos ouviram que, antigamente, as pessoas bebiam

água nos rios, em arroios, e isto era permitido, pois a mão do homem não tinha

agredido, feito tanto mal à natureza. A água era pura, cristalina e abundante.

Os alunos aprenderam que, como não tinha hospital e o acesso até a “vila”

era muito difícil, devido à distância e aos meios de transportes que eram poucos

e precários, quando as pessoas ficavam doentes, muitas vezes recorriam às

benzedeiras e curadores. Os partos eram feitos por parteiras; aconteciam nas

casas das mulheres que estavam esperando neném. Muitas vezes, as parteiras

ficavam por vários dias nas casas destas mulheres, até que o processo do parto

se realizasse.

Os entrevistados disseram que o namoro de antigamente era diferente dos

dias de hoje. Os jovens só flertavam, se olhavam de longe. O casal não podia

ficar sozinho, sempre tinha alguém da família “vigiando”. Então, muitas vezes, o

contato era feito através de recados, bilhetes ou cartas. Quando o namoro era

permitido, o rapaz frequentava a casa da moça, aos domingos e após o almoço.

As pessoas conversavam de verdade, olhando nos olhos. As moças se

enfeitavam, os rapazes eram cavalheiros e elegantes. Muitas vezes, os casais se

conheciam bem próximo ao dia da união, porque os casamentos eram

arranjados, mas, segundo os entrevistados, tudo dava certo, pois viviam juntos a

vida inteira. Havia mais respeito nos relacionamentos, e a separação era algo que

não era permitido.

Os alunos aprenderam que, quando falecia alguma pessoa da

comunidade, o velório era feito em casa. O caixão era produzido pelos homens,

parentes ou amigos, da pessoa falecida. As pessoas se reuniam e velavam a

pessoa com muita seriedade e respeito. Durante o período de um ano, os

parentes do morto ficavam de “luto”, usando roupas pretas e não iam em bailes.

Por sete dias não se ouvia música e por um determinado tempo não participavam

de festas ou comemorações.

As “Festas”, na época, eram algumas das poucas diversões do povo do

campo. Os antepassados dos alunos recordam com muitas saudades deste

tempo. Contaram que nas festas de antigamente existia mais respeito entre as

pessoas. Não tinha bebida alcoólica, e não havia brigas como nas festas e

reuniões de hoje em dia. Todas as pessoas da comunidade onde era realizada a

festa e as pessoas das localidades vizinhas participavam. Cada família dava

uma prenda para o leilão. Havia cantoria, dança e muita animação.

As pessoas contaram que sentem saudades dos bailes nos paióis,

tocados à sanfona e que eram iluminados com liquinho (lampião a querosene);

que, com a chegada da tecnologia, muita coisa se perdeu, como as reuniões em

volta da mesa para contarem as histórias e passagens de seus antepassados,

quando acendiam uma fogueira, pois não tinham luz elétrica, e se reuniam para

contar causos; enfim, contaram que sentiam falta de como era a convivência nos

tempos idos.

Os alunos passinalaram que as histórias vividas por seus antepassados,

apesar de muito diferentes das que vivenciam nos dias de hoje, foram muito

interessantes; que, apesar das dificuldades, os entrevistados preferem a vida no

campo, pois consideram mais fácil e mais segura; que seus avós sentem orgulho

em partilhar suas memórias, suas experiências de vida; que, apesar das

dificuldades com que viviam, sentem muitas saudades do que viveram.

Ao tratarmos em aula das informações obtidas nas entrevistas sobre as

práticas educativas em família e ao investigar os costumes e tradições das

famílias dos entrevistados, detectamos a necessidades de realizar a

sistematização dos dados coletados com as entrevistas realizadas, visando

contribuir e enriquecer a discussão metodológica sobre o trabalho realizado pelos

alunos.

Primeiramente, analisamos a descendência dos familiares dos alunos

entrevistados. E, de acordo com o gráfico 1, percebeu-se que a população que

forma as comunidades no entorno da escola é, na sua maioria, de origem

polonesa.

Fonte: Gráfico produzido pelos alunos do 7º Ano A, 2014

Em seguida, analisamos as localidades focalizando o perfil das pessoas

que formam a clientela escolar do Colégio Estadual do Campo “Professor

Argemiro Luiz de Lima”. Algumas destas localidades ficam longe da escola,

chegando a 20 Km de distância.

0 1 2 3 4 5 6

Cachoeira

Rio Baio I

Rio Baio II

Rio Baio III

Faxinal dos Fabrícios

Barra Bonita

Canudos

São João do Triunfo

Água Branca

Quantidade de entrevistados

Loca

lidad

e

Localidade dos entrevistados

Fonte: Gráfico produzido pelos alunos do 7º Ano A, 2014.

No gráfico 3, apresentamos as idades das pessoas que foram

entrevistadas e notamos que há um empate entre as pessoas com idades entre

71 e 75 e as com idade entre 76 e 80 anos. Predominando esta faixa etária

entre os antepassados dos alunos do 7º Ano.

Fonte: Gráfico produzido pelos alunos do 7º Ano A, 2014.

O Gráfico 4 trata da escolaridade dos entrevistados e mostra que os

parentes mais idosos dos alunos, em sua maioria, possuem algum nível de

escolaridade.

Fonte: Gráfico produzido pelos alunos do 7º Ano A, 2014

A tabela abaixo mostra a localidade e as festas que eram e ainda são

realizadas nestas comunidades.

Cachoeira Rio Baio

I Rio Baio

II Rio Baio

III

Faxinal dos

Fabrícios

Barra Bonita

Canudos

São João do

Triunfo

Festa do Divino Espírito Santo

x

Bolo de Argola x x

Festa Junina x

Festa de N. Sra da Piedade

x x x

Festa de N. S. Bom Jesus

x x x x

São João Batista

x x x

N. Sra Aparecida

São Judas Tadeu

x x

São Sebastião x

N. Sra da Conceição

x

Fonte: Tabela produzida pelos alunos do 7º Ano A, 2014

E, finalizando a sistematização de dados, construímos a tabela que

apresenta os motivos pelos quais os entrevistados sentem saudades do seu tempo.

Principais motivos de saudades dos tempos passados

1 Festas de Natal

2 Da juventude e infância que incluem os brinquedos, as brincadeiras e a convivência

3 Dos pais

4 Da família

5 Dos casamentos

6 Dos parentes e amigos falecidos

Da solteirice

8 Dos bailes tocados com sanfonas antigas e iluminados liquinhos e lampiões

9 Da vida que era delicada

10 Da vida no campo e do trabalho com os animais

11 Mais saúde

12 Mais segurança

13 Tomar chimarrão na casa dos amigos

14 Dos amigos dos tempos de escola

15 Do trabalho na lavoura

16 Das reuniões sempre que a santinha chegava na casa e todos se reuniam para rezar

17 Não sente saudades, pois antigamente a vida era muito sofrida

Fonte: Tabela produzida pelos alunos do 7º Ano A, 2014.

Após sistematizarmos esses dados na forma de gráficos e tabelas2,

dando seguimento ao desenvolvimento do projeto, fizemos a leitura e

interpretação de textos do gênero memórias com temas relacionados ao

“campo”, para tentar entender e nos aproximar das situações vividas e

experimentadas pelos nossos familiares mais idosos.

Com os dados das entrevistas em mãos e após interpretarmos textos do

gênero “memórias”, realizamos a escrita das histórias e das práticas culturais

tradicionais de nossos familiares num texto em forma de memórias literárias.

A seguir, apresentamos dois textos produzidos por duas alunas do 7º Ano

e que foram selecionadas e classificados como 2º e 3º Lugar para a fase

municipal da Olimpíada de Língua Portuguesa do Ano de 20143.

Que saudades do meu tempo de criança

Caroline Oleniki4

Eu sinto saudades daquele tempo em que o sol raiava e meus queridos pais saíam para trabalhar de manhã, bem cedinho.

Quando eles iam para a roça, eu já saía para brincar com as meninas. Brincar de roda era muito divertido.

Eu sinto muita saudade de meus pais, a gente era muito feliz, apesar de faltar muitas coisas em nossa casa.

Nossa casa era humilde e bem simples. Naquela época não tinha nem luz elétrica.

Eu sinto saudade de todas as datas comemorativas em que comemorávamos todos juntos e hoje em dia isso não acontece mais, infelizmente.

Nós éramos muito pobres, muito mesmo. Não tínhamos nem roupas descentes para se vestir, só tínhamos velhas e remendadas, e tinha apenas um calçado para cada um de nós.

Todos nós trabalhávamos muito, mas quando voltávamos para casa, tinha sempre uma comidinha deliciosa para comer.

Naquela época o namoro era rígido. Não nos beijávamos nem nos tocávamos. Só flertávamos bem de longe, bem longe.... Minha mãe era uma “fera”, me batia se eu tentasse flertar ou beijar algum rapaz. Nós não podíamos nem chegar perto de um homem solteiro. E, era ela quem achava os pretendentes para nós, só que eu não queria nenhum.

Um dia, minha mãe me levou a um casamento e disse: _ É hoje minha filha que você vai encontrar seu noivo!

2 A elaboração desses gráficos e tabelas foi produzida compreendendo-se que fazem parte de atividades interdisciplinares (no caso, interdisciplinaridade com a matemática) e configuram práticas de letramento e numeramento. 3 Convém esclarecer que aproveitamos o desenvolvimento deste projeto para inscrever os textos produzidos no âmbito do projeto de intervenção nas Olimpíadas de Língua Portuguesa. 4 Caroline Oleniki. Aluna do 7º Ano A do Ensino Fundamental – Anos Finais. Texto produzido em 2014, classificado em 2º Lugar – Fase Municipal da Olimpíada de Língua Portuguesa, no Colégio Estadual do Campo “Professor Argemiro Luiz de Lima” – Ensino Fundamental e Médio, São João do Triunfo-PR. Baseado na entrevista com Olga Boza Chaves. 51 anos.

Eu fiquei surpresa com o que ela disse. Entramos e eu encontrei um rapaz com quem me identifiquei. Ele me olhou,

conversamos e daquele dia em diante começamos a namorar. Casamos e estamos juntos até hoje. Há quarenta anos.

Eu sinto muitas saudades dos meus pais. Se eu pudesse voltava no tempo. Ai que saudades..... saudades do meu tempo de criança!

Saudades do meu tempo Ana Maria Vieira Silva5

Vou começar a contar meu passado para vocês... No meu tempo de jovem, os pais escolhiam as nossas namoradas. Às vezes eu fugia de casa para me encontrar com a Marli com quem

eu vivo até hoje. Temos três filhos e uma netinha linda e sapeca. Quando eu era menino, jogava futebol e peteca com os meninos e

meninas. No Natal meus familiares e amigos se reuniam em minha casa, que era bem espaçosa.

Minha mãe fazia comidas deliciosas que eram: feijão, arroz e com muita sorte “carne”.

Eu e meus irmãos tínhamos que ir a pé até a escola porque não existia ônibus naquele tempo. Quando fazíamos alguma coisa errada dentro da sala de aula, a professora dava três “réguadas” na mão e um tapa na orelha. Quando nós voltávamos da escola, já almoçávamos e íamos trabalhar na roça, passar o arado.

Quando nossa família ia visitar algum parente, tinha que ir a pé. Não tínhamos carro e não existia ônibus. Tomávamos o maior cuidado para não sujar e nem rasgar a roupa porque roupa, naquele tempo era muito caro!

As casas eram espaçosas, simples e muito bonitas, mas “ocupava” muita madeira para serem construídas. Então a natureza era muito desmatada.

Os anos se passaram, as pessoas montaram fábricas, casas de tijolos, prédios, carros e outras coisas.

Minha mãe faleceu! Sinto muita falta dela, mas levo a vida de cabeça erguida!

3 CONCLUSÃO

Não podemos negar que nossa realidade de educadores de Escola do

Campo é bem difícil, especialmente em nosso contexto, onde muitos de nossos

alunos não têm perspectiva de futuro na vida do campo, pois a economia de

nosso município sobrevive essencialmente da fumicultura. Tornamos nosso dia a

dia como educadores da Escola do Campo ainda mais desafiador, já que

primamos por um aprendizado significativo para nossos educandos. Aliado a tudo

5 Ana Maria Vieira Silva. Aluna do 7º Ano A do Ensino Fundamental – Anos Finais. Texto produzido em 2014, classificado em 3º Lugar – Fase Municipal da Olimpíada de Língua Portuguesa, no Colégio Estadual do Campo “Professor Argemiro Luiz de Lima” – Ensino Fundamental e Médio, São João do Triunfo-PR. Baseado na entrevista com Miguel Stanski Strochinski. 47 anos.

isso, buscamos resgatar valores sociais, um tanto quanto em "desuso" por

nossas crianças e jovens.

Nossa luta é bastante ingrata, temos muitos obstáculos, mas temos que

enfrentá-los e ver este processo como um desafio a ser vencido. Cabe a nós,

profissionais da educação do campo, diminuir o espaço entre o lugar onde vivem

nossos alunos e a escola. O professor é o mediador neste seguimento, fazendo

com que o aluno sinta-se parte integrante do processo educativo.

Este é um dos principais objetivos deste estudo: levar o aluno à reflexão

da história de vida de seus antepassados e consequentemente a sua própria

história, a disciplina de Língua Portuguesa é uma aliada neste processo de

resgate e construção de conhecimentos.

Os universos dos alunos e suas famílias, trazidos, para a sala de aula,

geraram interesses, dificuldades, ansiedades, dúvidas, potencialidades, entre

outras situações, que extrapolaram a proposta inicial de desenvolver apenas uma

prática escrita.

De acordo com o estudo realizado, com base na coleta de depoimentos,

pelas colocações feitas, através do resgate das memórias e histórias dos povos

formadores das comunidades no entorno do Colégio Argemiro e pelo processo de

construção de conhecimentos culturais, sociais, causos, fatos pitorescos que

fazem parte do acervo destas pessoas, percebe-se a satisfação e mesmo a

necessidade que as pessoas de mais idade têm em compartilhar e repassar

seus “ guardados” às gerações futuras.

Houve bastante facilidade para mais velhos em falar sobre o assunto, visto

que estamos falando da nossa realidade, do nosso dia a dia, do nosso chão. De

igual modo, os alunos tiveram facilidade em falar sobre o que ouviram nas

entrevistas. Quando trazemos assuntos que estão de acordo com a realidade em

que os alunos vivem também estamos falando a sua língua. Isto faz com que seu

aprendizado seja carregado de significados.

Nessa busca, a disciplina de Língua Portuguesa é privilegiada, pois conta

com um leque de possibilidades de se trabalhar a Educação do Campo, já que

procuramos tornar as aulas mais interessantes e atrativas aos alunos.

Assim sendo, acreditamos que este projeto, aproxima comunidade/escola,

objetivando a valorização dos agentes e consequentemente, estreitando laços.

A experiência foi enriquecedora, pois envolveu todas as práticas

discursivas, em todos os momentos da produção.

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