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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

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Ficha para identificação

Produção Didático-pedagógica

Título: Gênero Conto: Possibilidades de uso em sala de aula

Autor: Marli Biesczad Musialak

Disciplina/Área: (ingresso no PDE)

Língua Portuguesa

Escola de Implementação do Projeto e sua localização:

Colégio Estadual Duque de Caxias

Município da escola: São Mateus do Sul

Núcleo Regional de Educação: União da Vitória

Professor Orientador: Maria Cristina Fernandes Robaszkievicz

Instituição de Ensino Superior: UNESPAR – Campus União da Vitória

Relação Interdisciplinar:

Literatura

Resumo:

Na experiência de trabalho sobre Leitura nos anos finais do Ensino Fundamental observou-se que os alunos estão perdendo o hábito da leitura que adquiriram nos anos iniciais da Educação Básica. Com este projeto pretende-se despertar nos nossos educandos o interesse e o prazer pela leitura, pois a mesma tem grande importância para o desenvolvimento do indivíduo em seu contexto social e faz-se necessário que a escola busque resgatar o valor da leitura como ato de prazer e requisito para emancipação social e promoção da cidadania. Devemos proporcionar ao nosso alunado uma continuidade ao desenvolvimento e entendimento da leitura. Tendo como ponto de partida a leitura de diversos contos à escolha do aluno e em ambiente próprio para isso, pretende-se trabalhá-la de diferentes formas e assim, despertar a curiosidade e o gosto do aluno pela leitura e a se habituar a ela, podendo assim levá-lo a uma melhor compreensão e direcioná-lo a um contexto social mais amplo, objetivando ampliar a competência de leitura dos alunos do 7º ano do Colégio Duque de Caxias, através de aulas que contemplem o gênero textual conto.

Palavras-chave:

Leitura – conto – contexto social

Formato do Material Didático: Unidade Didática

Público:

Alunos do 7º ano do Ensino Fundamental

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Apresentação

Nota-se de um modo geral que os alunos não têm o hábito da leitura e diante

dessa realidade pretende-se com este projeto despertar no nosso alunado o

interesse e o prazer pela leitura, que eles percebam que é através da dela que

abrem-se novos horizontes, que se amplia o conhecimento de mundo e que a

mesma tem grande importância para o desenvolvimento do indivíduo em seu

contexto social. E faz-se necessário que a escola busque resgatar o valor da leitura

como ato de prazer e requisito para emancipação social e promoção da cidadania.

Quanto mais o aluno ler, melhor será sua percepção de mundo, sua

capacitação de organizar conceitos, opiniões, sustentadas em argumentos.

Cabe à escola, em meio a tantas mudanças tecnológicas e sociais, estimular a leitura, melhorar as estratégias e oferecer muitos e variados textos. Dos caminhos a seguir, dois favorecem a intimidade dos alunos com o texto: ensinar a estabelecer previsão e inferência, estratégias que são invocadas na prática de leitura, logo no primeiro contato com o texto e que devem ser “provocadas” conscientemente pelo professor na prática de leitura (REVISTA NOVA ESCOLA, março-2003, p. 48-49)

Para o nosso alunado ingressar na sociedade e participar da sociedade

letrada, o elemento de referência fundamental é a leitura. E de que maneira as aulas

de leitura estão acontecendo dentro da disciplina de Língua Portuguesa? Esta

atividade é feita por prazer ou obrigação? É possível, através da leitura de contos,

propiciar prazer e aprendizagem aos nossos alunos tornando-os leitores críticos?

Vivemos em uma sociedade letrada, na qual a leitura funciona como

mediadora entre as práticas e o sujeito, influenciando todos os que fazem parte dela.

Por que a escolha do conto? Porque segundo Arriguci Jr. (2009 apud

CENPEC, 2009, p.14)

Todo mundo gosta de história. Não há sociedade sem narrativa. O homem é um animal narrativo. Homo narrador. Todo mundo quer ouvir histórias. Contamos histórias desde o amanhecer até a hora de dormir. Senta num táxi, história; entra em um ônibus, história; vai para a escola, história; dá uma topada, história; briga com o namorado, história. Todas as situações da

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vida propiciam acontecimentos narráveis e vivemos desse entrelaçamento de narrativas.

A intenção deste projeto é proporcionar aos alunos oportunidades de trabalho

para que eles consolidem a leitura como hábito, percebam que é através da leitura,

uma atividade simples e prazerosa, o instrumento chave para alcançar as

competências necessárias para ampliar seu conhecimento de mundo, e como

enfatiza KLEIMAN (1999, p.9) ”em primeira instância à formação do leitor e,

consequentemente, ao enriquecimento de outros aspectos, humanísticos e criativos,

do ato de ler”. Reconhecendo a leitura como atividade necessária ao seu cotidiano

almeja-se que os alunos aproximem-se do texto literário pelo gosto da leitura,

tornando-os não apenas decodificadores, mas leitores do texto. Também é

necessária a conscientização de que a leitura é uma atividade cultural e direito de

todos os cidadãos.

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Material Didático - Unidade Didática

Este projeto será desenvolvido no 1º semestre de 2014, provavelmente entre

março e abril em aulas geminadas, perfazendo 32 horas, com alunos do 7º Ano do

Ensino Fundamental do Colégio Estadual Duque de Caxias.

1º momento – Apresentação do Projeto

O professor apresentará aos alunos, através de slides, o projeto, de maneira

que entendam o que será trabalhado durante o período proposto e como isto se

sucederá, salientado que durante a sua implementação é de vital importância a

presença e a participação de todos.

Em seguida iniciar com uma conversação sobre Gêneros Textuais,

conceituando-os, diferenciando-os, e em especial sobre o Gênero Conto.

2º momento – Leitura no seu lugar de origem

O professor e seus alunos participantes do projeto de leitura visitarão a

Biblioteca Municipal, a Biblioteca do Colégio São Mateus e a Biblioteca do CEEBJA

para fazer momentos de leitura no seu lugar de origem, pois será muito prazeroso

para o aluno manusear os materiais impressos em seu suporte original: o livro.

3º momento – Cora Coralina

Escrever o título no quadro-negro: Medo – Cora Coralina

1º atividade

Entregar aos alunos folhas com a biografia impressa da grande poetisa e

contista goiana Cora Coralina.

Após a leitura da biografia professor e alunos farão uma troca de impressões

sobre a vida desta grande escritora. O professor mostrará fotos de diferentes fases

da sua vida e da casa onde ela nasceu.

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Cora Coralina

Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins do Guimarães Peixoto Brêtas,

20/08/1889 — 10/04/1985, é a grande poetisa do Estado de Goiás.

Se achava mais doceira do que escritora. Considerava os doces cristalizados

de caju, abóbora, figo e laranja, que encantavam os vizinhos e amigos, obras

melhores do que os poemas escritos em folhas de caderno. Só em 1965, aos 75

anos, ela conseguiu realizar o sonho de publicar o primeiro livro, Poemas dos Becos

de Goiás e Estórias Mais. Ana Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas viveu por muito

tempo de sua produção de doces, até ficar conhecida como Cora Coralina, a primeira

mulher a ganhar o Prêmio Juca Pato, em 1983, com o livro Vintém de Cobre – Meias

Confissões de Aninha.

Nascida em Goiás, Cora tornou-se doceira para sustentar os quatro filhos

depois que o marido, o advogado paulista Cantídio Brêtas, morreu, em 1934.

“Mamãe foi uma mulher à frente do seu tempo”, diz a filha caçula, Vicência Brêtas

Tahan, autora do livro biográfico Cora Coragem Cora Poesia. “Dona de uma mente

aberta, sempre nos passou a lição de coragem e otimismo.” Aos 70 anos, decidiu

aprender datilografia para preparar suas poesias e enviá-las aos editores. Cora, que

começou a escrever poemas e contos aos 14 anos, cursou apenas até a terceira

série do primário. Nos últimos anos de vida, quando sua obra foi reconhecida,

participou de conferências, homenagens e programas de televisão, e não perdeu a

doçura da alma de escritora e confeiteira.

2º atividade

Análise oral do título do conto - Medo.

Importante:

Explicar aos alunos a importância do título do conto, pois é muitas vezes

através dele que alguns leitores escolhem suas leituras Conversar com os

alunos esclarecendo que o título conta muito sobre a história que lerão.

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Questionamentos orais possíveis:

a- Lendo o título do texto, do que você imagina que se trata?

b- Você imagina que a história inspira medo ou que alguém sentiu medo?

c- Para você, que é medo?

d- O que já sabem sobre o conteúdo do texto? (O professor fará um

levantamento dos conhecimentos que seus alunos têm sobre o assunto do

texto).

e- Que outras coisas sabem sobre o conteúdo do texto (sobre o autor,

gênero...)?

Deixar os alunos falarem e ampliar os possíveis conceitos que aparecerem. Ir

sintetizando no quadro-negro todas as previsões e hipóteses levantadas pelos

alunos.

Aqui, o professor poderá solicitar que os alunos leiam e comparem as

previsões.

3º atividade

Os alunos ouvirão o conto “Medo” através de um CD. Deixar o ambiente mais

autêntico, como por exemplo, fechando as cortinas para escurecer a sala.

MEDO - CORA CORALINA

Viajava uma jardineira, expresso ou perua, como se diz, de Goiânia para

Goianópolis. Levava na coberta, entre malas e trouxas, um caixão vazio de defunto,

destinado para uma pessoa falecida naquele distrito.

Logo adiante na estrada, um homem parado, dá sinal e a perua para.

Dentro, tudo cheio. O homem que precisava seguir viagem aceitou de viajar

na coberta com os volumes e o caixão vazio. Subiu. O tempo tinha se fechado para

chuva e logo começou a pingar grosso. O sujeito em cima achou que não seria nada

demais ele entrar dentro do caixão e ali se defender da chuva. Pensou e melhor fez.

Entrou, espichou bem as pernas, ajeitou a cabeça na almofada que ia dentro, puxou

a tampa e, bem confortado, ouvia a chuva cair.

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Mais adiante, dois outros esperavam condução. Deram sinal e a perua parou

de novo; os homens subiram a escadinha e se acocoraram no alto. Iam conversando

e molhados com a chuva fina e insistente.

Passado algum tempo o que ia resguardado escutando a conversa ali em

cima levantou devagarinho a tampa do caixão e perguntou de dentro, só isto:

"Companheiro, será que a chuva já passou?". Foi um salto só que os dois

embobados fizeram correndo. Um quebrou a perna, o outro partiu braços e costelas

e ficaram ambos estatelados do susto e sem fala, na estrada.

4º atividade

Após a audição do conto será feita uma análise literária:

a) Troca de impressões a respeito do texto ouvido.

b) Identificar a temática abordada no conto lido;

c) Enumerar as personagens e descrevê-las;

d) Identificar o local em que se passa o conto;

e) Justificar o título “Medo”;

f) Este conto é considerado engraçado? Por quê?

4º momento – Chapeuzinho

1º atividade

Apresentar duas versões do conto ”Chapeuzinho Vermelho”. Dividir os alunos

em dois grupos. No primeiro grupo distribuir cópias do conto “Chapeuzinho

Vermelho” e para o segundo grupo cópias do conto “Chapeuzinho Amarelo”. Após a

leitura silenciosa do conto pelos grupos, estimular a oralidade propondo-lhes para

que cada grupo divida entre si as personagens e apresentem para o outro grupo uma

leitura dramatizada do conto.

2º atividade

O professor fará algumas perguntas aos dois grupos para ajudá-los a

conhecer melhor os contos:

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-Quais são as personagens principais?

-O que aconteceu na história?

-Em que tempo e lugar se passa a história narrada?

-De quem o autor está falando?

3º atividade

Após a análise dos dois contos cada grupo fará uma comparação entre os

dois contos, destacando as semelhanças e diferenças (personagens, ambiente,

enredo, complicação, desfecho). O narrador de cada grupo apresentará o resultado

do trabalho para todos.

Conto 1: Chapeuzinho Vermelho

Era uma vez uma menina chamada Chapeuzinho Vermelho, que

tinha esse apelido pois desde pequenina gostava de usar chapéus e

capas desta cor.

Um dia, sua mãe pediu:

-Querida, sua avó está doente, por isso preparei aqueles doces, biscoitos,

pãezinhos e frutas que estão na cestinha. Você poderia levar à casa dela?

- Claro, mamãe. A casa da vovó é bem pertinho!

- Mas, tome muito cuidado. Não converse com estranhos, não diga para onde

vai, nem pare para nada. Vá pela estrada do rio, pois ouvi dizer que tem um lobo

muito mau na estrada da floresta, devorando quem passa por lá.

- Está bem, mamãe, vou pela estrada do rio, e faço tudo direitinho!

E assim foi. Ou quase, pois a menina foi juntando flores no

cesto para a vovó, e se distraiu com as borboletas, saindo do

caminho do rio, sem perceber.

Cantando e juntando flores, Chapeuzinho Vermelho nem

reparou como o lobo estava perto...

Ela nunca tinha visto um lobo antes, menos ainda um lobo

mau. Levou um susto quando ouviu:

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- Onde vai, linda menina?

- Vou à casa da vovó, que mora na primeira casa bem depois da curva do rio.

E você, quem é?

O lobo respondeu:

- Sou um anjo da floresta, e estou aqui para proteger

criancinhas como você.

- Ah! Que bom! Minha mãe disse para não conversar com

estranhos, e também disse que tem um lobo mau andando por aqui.

- Que nada - respondeu o lobo - pode seguir tranquila, que vou na frente

retirando todo perigo que houver no caminho. Sempre ajuda conversar com o anjo da

floresta.

- Muito obrigada, seu anjo. Assim, mamãe nem precisa saber que errei o

caminho, sem querer.

E o lobo respondeu:

- Este será nosso segredo para sempre...

E saiu correndo na frente, rindo e pensando:

(Aquela idiota não sabe de nada: vou jantar a vovozinha dela e

ter a netinha de sobremesa ... Uhmmm! Que delícia!)

Chegando à casa da vovó, Chapeuzinho bateu na porta:

- Vovó, sou eu, Chapeuzinho Vermelho!

- Pode entrar, minha netinha. Puxe o trinco, que a porta abre.

A menina pensou que a avó estivesse muito doente

mesmo, para nem se levantar e abrir a porta. E falando com

aquela voz tão estranha...

Chegou até a cama e viu que a vovó estava mesmo muito

doente. Se não fosse a touquinha da vovó, os óculos da vovó, a

colcha e a cama da vovó, ela pensaria que nem era a avó dela.

- Eu trouxe estas flores e os docinhos que a mamãe preparou. Quero que

fique boa logo, vovó, e volte a ter sua voz de sempre.

- Obrigada, minha netinha (disse o lobo, disfarçando a voz de trovão).

Chapeuzinho não se conteve de curiosidade, e perguntou:

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- Vovó, a senhora está tão diferente: por que esses olhos tão grandes?

- É prá te olhar melhor, minha netinha.

- Mas, vovó, por que esse nariz tão grande?

- É prá te cheirar melhor, minha netinha.

- Mas, vovó, por que essas mãos tão grandes?

- São para te acariciar melhor, minha netinha.

(A essa altura, o lobo já estava achando a brincadeira sem

graça, querendo comer logo sua sobremesa. Aquela menina não

parava de perguntar...)

- Mas, vovó, por que essa boca tão grande?

- Quer mesmo saber? É prá te comer!!!!

- Uai! Socorro! É o lobo!

A menina saiu correndo e gritando, com o lobo correndo bem atrás dela,

pertinho, quase conseguindo pegar.

Por sorte, um grupo de caçadores ia passando por ali bem na hora, e seus

gritos chamaram sua atenção.

Ouviu-se um tiro, e o lobo caiu no chão, a um palmo da menina.

Todos já iam comemorar, quando Chapeuzinho falou:

- Acho que o lobo devorou minha avozinha.

-Não se desespere, pequenina. Alguns lobos desta espécie engolem seu

jantar inteirinho, sem ao menos mastigar. Acho que estou vendo movimento em sua

barriga, vamos ver...

Com um enorme facão, o caçador abriu a barriga do lobo de cima

abaixo, e de lá tirou a vovó inteirinha, vivinha.

- Viva! Vovó!

E todos comemoraram a liberdade conquistada, até mesmo a

vovó, que já não se lembrava mais de estar doente, caiu na farra.

"O lobo mau já morreu. Agora tudo tem festa: posso caçar

borboletas, posso brincar na floresta."

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Conto 2: Chapeuzinho Amarelo

“Era a Chapeuzinho Amarelo.

Amarelada de medo.

Tinha medo de tudo, aquela Chapeuzinho.

Já não ria.

Em festa, não aparecia.

Não subia escada, nem descia.

Não estava resfriada, mas tossia.

Ouvia conto de fada, e estremecia.

Não brincava mais de nada, nem de

amarelinha.

Tinha medo de trovão.

Minhoca, pra ela, era cobra.

E nunca apanhava sol, porque tinha medo da sombra.

Não ia pra fora pra não se sujar.

Não tomava sopa pra não ensopar.

Não tomava banho pra não descolar.

Não falava nada pra não engasgar.

Não ficava em pé com medo de cair.

Então vivia parada, deitada, mas sem dormir, com medo de pesadelo.

Era a Chapeuzinho Amarelo…

E de todos os medos que tinha

O medo mais que medonho era o medo do tal do LOBO.

Um LOBO que nunca se via,

que morava lá pra longe,

do outro lado da montanha,

num buraco da Alemanha,

cheio de teia de aranha,

numa terra tão estranha,

que vai ver que o tal do LOBO

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nem existia.

Mesmo assim a Chapeuzinho tinha cada vez mais medo do medo do medo do

medo de um dia encontrar um LOBO.

Um LOBO que não existia.

E Chapeuzinho amarelo,

de tanto pensar no LOBO,

de tanto sonhar com LOBO,

de tanto esperar o LOBO,

um dia topou com ele

que era assim:

carão de LOBO,

olhão de LOBO,

jeitão de LOBO,

e principalmente um bocão

tão grande que era capaz de comer duas avós,

um caçador, rei, princesa, sete panelas de arroz…

E um chapéu de sobremesa.

Mas o engraçado é que,

assim que encontrou o LOBO,

a Chapeuzinho Amarelo

foi perdendo aquele medo:

o medo do medo do medo do medo que tinha do LOBO.

Foi ficando só com um pouco de medo daquele lobo.

Depois acabou o medo e ela ficou só com o lobo.

O lobo ficou chateado de ver aquela menina olhando pra cara dele,

só que sem o medo dele.

Ficou mesmo envergonhado, triste, murcho e branco-azedo,

porque um lobo, tirado o medo, é um arremedo de lobo.

É feito um lobo sem pÊlo.

Um lobo pelado.

O lobo ficou chateado.

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Ele gritou: sou um LOBO!

Mas a Chapeuzinho, nada.

E ele gritou: EU SOU UM LOBO!!!

E a Chapeuzinho deu risada.

E ele berrou: EU SOU UM LOBO!!!!!!!!!!

Chapeuzinho, já meio enjoada, com vontade de brincar de outra coisa.

Ele então gritou bem forte aquele seu nome de LOBO umas vinte e cinco

vezes,

Que era pro medo ir voltando e a menininha saber com quem não estava

falando:

LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO

Aí, Chapeuzinho encheu e disse:

“Pára assim! Agora! Já! Do jeito que você tá!”

E o lobo parado assim, do jeito que o lobo estava, já não era mais um LO-BO.

Era um BO-LO.

Um bolo de lobo fofo, tremendo que nem pudim, com medo de Chapeuzim.

Com medo de ser comido, com vela e tudo, inteirim.

Chapeuzinho não comeu aquele bolo de lobo, porque sempre preferiu de

chocolate.

Aliás, ela agora come de tudo, menos sola de sapato.

Não tem mais medo de chuva, nem foge de carrapato.

Cai, levanta, se machuca, vai à praia, entra no mato,

Trepa em árvore, rouba fruta, depois joga amarelinha,

Com o primo da viz inha, com a filha do jornaleiro,

Com a sobrinha da madrinha

E o neto do sapateiro.

Mesmo quando está sozinha, inventa uma brincadeira.

E transforma em companheiro cada medo que ela tinha:

O raio virou orrái;

barata é tabará;

a bruxa virou xabru;

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e o dia bo é bodiá.

( Ah, outros companheiros da Chapeuzinho Amarelo: o Gãodra, a Jacoru, o

Barão-tu, o Pão Bichô pa… E todos os tronsmons.)

Autor: Chico Buarque

5º momento - Galinha ao molho pardo

1º atividade

Os alunos lerão no livro “A vitória da Infância” de Fernando Sabino o conto

“Galinha ao molho pardo”

“Galinha ao molho pardo” de Fernando Sabino

Ao chegar da escola, dei com a novidade: uma galinha no quintal.

O quintal de nossa casa era grande, mas não tinha galinheiro, como quase

toda casa de Belo Horizonte naquele tempo. Tinha era uma porção de árvores: um

pé de manga sapatinho, outro de manga coração-de-boi, um pé de gabiroba, um pé

de goiaba branca, outro de goiaba vermelha, um pé de abacate e até um pé de fruta-

de-conde. No fundo, junto do muro, um bambuzal. De um lado o barracão com o

quarto da Alzira cozinheira e um quartinho de despejo. Do outro lado, uma caixa de

madeira grande como um canteiro, cheia de areia que papai botou lá para nós

brincarmos.Eu brincava de fazer túnel, de guerra com soldadinhos de chumbo,

trincheira e tudo Deixei de brincar ali quando começaram a aparecer na areia uns

montinhos fedorentos de cocô de gato. Os gatos quase nunca apareciam, a não ser

de noite, quando a gente estava dormindo. De dia se escondiam pelos telhados.

Tinham medo de Hindemburgo, que era mesmo de meter medo, um pastor alemão

deste tamanhão. Não sabiam que Hindemburgo é que tinha medo deles.Cachorro

com medo de gato: coisa que nunca se viu. Quando via um gato, Hindemburgo metia

o rabo entre as pernas e fugia correndo.

Pois no fundo do quintal que eu vi a galinha, toda folgada, ciscando na caixa

de areia. Havia sido comprada por minha mãe para o almoço de domingo: Dr.

Junqueira ia almoçar em casa e ela resolveu fazer galinha ao molho pardo.

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Eu já tinha visto a Alzira matar galinha, uma coisa terrível. Agarrava a coitada

pelo pescoço, agachava, apertava o corpo dela entre os joelhos, torcia com a mão

esquerda a cabecinha assim para um lado, e com a direita, zapt! passava o facão

afiado, abrindo um talho no gogó. O sangue esguichava longe. Ela aparava logo o

esguicho com uma bacia, deixando que escorresse ali dentro até acabar. E a

bichinha ainda viva, estrebuchando nas mãos da malvada. Como se fosse a coisa

mais natural deste mundo, a Alzira me contou o que ia acontecer com a nova

galinha.

Revoltado, resolvi salvá-la.

Eu sabia que o Dr. Junqueira era importante, meu pai dependia dele para uns

negócios. Pois no que dependesse de mim, no domingo ele ia poder comer tudo,

menos galinha ao molho pardo.

Era uma galinha branca e gorda, que não me deu muito trabalho para pegar.

Foi só correr atrás dela um pouco, ficou logo cansada. Agachou-se no canto do

muro, me olhou de lado como as galinhas olham e se deixou apanhar.

Não sei se percebeu que eu não ia lhe fazer mal. Pelo contrário, eu pretendia

salvar a sua vida. O certo é que em poucos minutos ficou minha amiga, não fugiu

mais de mim.

- O seu nome é Fernanda - falei então. E joguei um pouquinho de água na

cabecinha dela:-Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, amém.

Assim que escureceu, ela se empoleirou muito fagueira num galho da

goiabeira, enfiou a cabeça debaixo da asa e dormiu. Então eu entendi por que dizem

que quem vai para a cama cedo dorme com as galinhas.

No dia seguinte era sábado, não tinha aula. Passei o tempo inteiro brincando

com ela. Levei horas lhe ensinando a responder sim e não com a cabeça:

- Você sabe o que eles estão querendo fazer com você, Fernanda?

Ela mexia a cabecinha para os lados, dizendo que não.

- Pois nem queira saber. Cuidado com a Alzira, aquela magrela de pernas

compridas. É a nossa cozinheira. Ruim que só ela. Não deixa a Alzira nem chegar

perto de você.

Ela mexia com a cabecinha para cima e para baixo, dizendo que sim.

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- Estão querendo matar você para comer. Com molho pardo.

Os olhinhos dela piscaram de susto. O corpo estremeceu e ali mesmo, na

hora. ela botou um ovo. De puro medo.

- Mas eu não vou deixar – procurei tranquilizá-la, apanhando o ovo com

cuidado para enterrar na areia depois e ver se nascia pinto.

E acrescentei:

- Hoje não precisa de ter medo, que o perigo todo vai ser amanhã.

Eu sabia que para fazer galinha ao molho pardo tinham de matar quase na

hora, por causa do sangue, que era aproveitado para preparar o molho.

- Vou esconder você num lugar que ninguém é capaz de descobrir.

Junto do tanque de lavar roupa costumava ficar uma bacia grande de

enxaguar. A Maria lavadeira só ia voltar na segunda-feira. Antes disso ninguém ia

mexer naquela bacia. Assim que escureceu, escondi a Fernanda debaixo dela.Fiquei

com pena de deixar a coitada ali sozinha.

- Você se importa de ficar aí debaixo até passar o perigo?

Ela fez com a cabeça que não.

- Então fica bem quietinha e não canta nem cacareja nem nada.

Principalmente se ouvir alguém andando aqui fora.

Ela fez com a cabeça que sim.

- Amanhã, assim que puder eu volto. Dorme bem, Fernanda.

Naquela noite, para que ninguém desconfiasse, jantei mais cedo e fui dormir

com as galinhas.

Na manhã de domingo me levantei bem cedo e fui dar uma espiada na

Fernanda. Encontrei a pobrezinha mais morta do que viva debaixo da bacia. Mais um

pouco e nem ia ser preciso a Alzira usar o facão. Não sei se por falta de ar, por

causa da fome, da sede ou de tudo isto junto: ela estava deitada de bico aberto e os

olhos meio fechados de quem já desistiu de viver.

Água era fácil, eu trouxe um pouco numa tigelinha, despejei pelo bico adentro

e ela se reanimou.

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Mas como arranjar comida sem chamar a atenção de ninguém? Ainda não

tinham notado a falta da galinha, nem mesmo pensado em trazer alguma coisa para

ela comer. Que diferença fazia? Se ia ser comida naquele dia mesmo?

O jeito foi furtar um pouco de milho do Godofredo, que no seu poleiro,

correntinha presa no pé, acompanhava tudo com ar intrigado. A galinha come milho

e o papagaio leva a fama! – ele parecia dizer. No que tirei o milho, disparou a berrar:

- Socorro! Socorro! Pega ladrão!

O diabo do papagaio não gostava de mim, eu sabia. Era do Toninho, meu

irmão, a quem dava o pé, todo lampeiro, e ainda abaixava a cabecinha para um

cafuné. Ai de mim, se quisesse fazer o mesmo: me pespegava uma bicada na mão.

- Cala a boca, Godofredo.

- Cala a boca já morreu! Quem manda aqui sou eu!

Joguei na cara dele o resto da água da tigelinha:

- Toma, seu desgraçado, para você aprender.

- Socorro! Socorro! Pega ladrão! – berrava ele, batendo as asas.

Tamanho foi o escarcéu que o Godofredo aprontou, que acabou caindo do

poleiro e ficou dependurado pelo pé. Foi o tempo de esconder a Fernanda debaixo

da bacia e me escafeder correndo pelo porão adentro. A Alzira já batia os chinelos

escada abaixo com suas pernas compridas, faca na mão, à procura da galinha. Ao

ouvir aquele berreiro, veio ver o que estava acontecendo:

- Que é que esse bicho tem? Não fala nada que preste e de repente destampa

essa gritaria toda!

O papagaio tentava com muito esforço voltar ao poleiro, subindo com a ajuda

do bico pela própria correntinha e se balançando de um lado para outro. Olhava com

raiva para a cozinheira, como a dizer: essa miserável nem para me dar uma

mãozinha. Ela também não achava lá muita graça no Godofredo. Dizia que ele não

servia para nada, só sabia sujar de titica o chão todo debaixo do poleiro, e ela é que

tinha de limpar.

-Que é que você quer, coisa ruim? Quem é que é ladrão?

O bicho tinha conseguido com muita dificuldade empoleirar-se de novo, depois

de despencar algumas vezes.

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Ofegante, entortou a cabecinha e encarou a cozinheira:

-Sua galinha! Sua galinha!

O Godofredo já havia xingado a Alzira de nomes feios, de modo que ela achou

desaforo ser chamada de galinha. E respondeu no mesmo tom, brandindo o facão

para o papagaio:

-Galinha é você! Galinha verde!

Lá no fundo escuro do porão, onde tinha ido me esconder, via a Alzira olhar

ao redor:

-Por falar nisso, onde é que se meteu a galinha?

Apavorado, ouvi o Godofredo gritar, com sua voz de currupaco-papaco:

-Na bacia! Na bacia!

Além do mais, era delator, o miserável. Dedo-duro, traidor, entregava ao

carrasco o seu próprio semelhante (ou quase). Antes que fosse tarde, saí do meu

esconderijo lá no porão, como quem não quer nada, vim me sentar na própria bacia.

-Uai, que é que você estava fazendo ali escondido, Fernando?

-Nada não...

A cozinheira me olhava com ar de suspeita:

-Boa coisa é que não há de ser. Alguma esse menino anda arrumando, com

esse ar de cachorro que quebrou a panela.

-Na bacia! Na bacia! – o Godofredo berrava.

-Cala essa boca, seu filhote de urubu! – gritei.

-Na bacia! Na bacia! – ele continuava.

-Que é que esse tagarela está falando? – perguntou a Alzira.

-Está te chamando de nabacinha.

-Nabacinha? Que quer dizer isso?

-Quer dizer vagabunda – respondi, a cara mais séria deste mundo.

A Alzira arregalou os olhos, ergueu no ar o facão:

-Vagabunda? Está me chamando de vagabunda? Nabacinho é você, seu

bicho ordinário! Não sei onde estou que não te corto o pescoço, asso no espeto e

como, ouviu? E ainda chupo os ossinhos um por um!

Ela correu de novo os olhos em torno:

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-Por falar em comer: quede a galinha? Já está na hora de fazer o almoço.

Onde é que ela se meteu?

-Não sei...

- Você não estava brincando com ela ontem, menino?

-Isso foi ontem. Hoje eu não vi ela ainda.

- Será que fugiu? Ou alguém roubou?

E ela olhou para o papagaio, cismada agora com o silêncio dele:

-Vai ver que é isso que esse nabacinho de uma figa estava gritando pega

ladrão. Algum ladrão de galinha.

Agarrei a ideia no ar, era a salvação:

-Isso mesmo! Quando eu estava ali no quintal vi um homem passar correndo...

Levava uma coisa escondida embaixo do paletó. Só podia ser a galinha.

A Alzira não parecia acreditar muito na história. Pelo contrário, ficou mais

desconfiada. E naquele exato momento a Fernanda resolve se mexer debaixo da

bacia, fazendo um barulhinho na lata com o bico e com os pés. Continuei sentado e,

para disfarçar, comecei a bater com os dedos na bacia como se tocasse tambor. A

galinha deve ter entendido, pois logo ficou quieta. Mas a Alzira continuava com ar de

desconfiança:

-Esse menino está com um jeito muito velhaco. Sei não... Alguma ele andou

fazendo.

E saiu pelo quintal, à procura da galinha, olhando aqui e ali: nos galhos das

árvores, atrás do barracão, no meio dos bambus. Depois foi contar para mamãe que

a galinha havia sumido.

Fui atrás, para o que desse e viesse. Escutei tudo. Mamãe torcia as mãos:

-E agora, como vai ser? Como é que ela foi sumir assim, sem mais nem

menos?

-Sei lá - respondeu a Alzira: - Não acredito que tenham roubado, como diz o

Fernando. Vai ver que saiu voando e pulou o muro. Bem que pensei em cortar as

asas dela e me esqueci. Agora é tarde.

E a cozinheira me apontou:

-Para mim, a gente anda precisando de cortar as asas é desse menino.

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-Está quase na hora do almoço - disse minha mãe: - O Dr. Junqueira está

para chegar em uma hora, e como é que a gente vai fazer sem a galinha? O

Domingos vai ficar aborrecido.

Dali a pouco era o meu pai quem chegava da rua, trazendo o jornal de

domingo debaixo do braço. Quando mamãe lhe deu a triste notícia, para surpresa

minha e dela, ele não se aborreceu:

-Faz outra coisa. Macarrão, por exemplo. O Dr. Junqueira é bem capaz de

gostar de macarrão.

E foi ler o jornal na varanda.

Filho de italiano, quem gostava de macarrão era ele. E da macarronada que a

Alzira fazia todo mundo gostava.

Pois o Dr. Junqueira não só gostou, como repetiu duas vezes, para grande

satisfação de mamãe. Papai abriu uma garrafa de vinho daquela de cestinha de

palha, e os dois a esvaziaram, depois de dar um pouquinho para mim e meus

irmãos, com água e açúcar. Guardanapo enfiado no colarinho, o Dr. Junqueira

limpou os bigodes, satisfeito:

-Ainda bem que era essa macarronada tão boa. Eu estava com medo que

fosse galinha. Se tem uma coisa que eu detesto é galinha. Principalmente ao molho

pardo.

Nem por isso senti que minha amiga Fernanda não estava mais condenada à

morte. Mesmo porque, meu pai gostava também de galinha, com ou sem o Dr.

Junqueira. Por outro lado, ela podia ficar escondida o resto da vida (eu não tinha a

menor ideia de quanto tempo vivia uma galinha). E na manhã seguinte a Maria viria

lavar roupa, ia descobrir a Fernanda encolhida debaixo da bacia.

Depois que o almoço terminou e o Dr. Junqueira se despediu, fui lá perto do

tanque fazer uma visitinha a ela, resolvido a ganhar tempo:

- Você hoje ainda vai dormir aí, mas amanhã eu te solto, está bem?

Ela fez que sim com a cabeça. Deixei água na tigelinha e mais um pouco de

milho furtado de novo do Godofredo. Antes que o diabo do papagaio pusesse a boca

no mundo eu avisei:

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-Se você falar alguma coisa, mando a Alzira fazer papagaio ao molho pardo

para o jantar.

Ele fez cara de quem comeu e não gostou, mas ficou calado, vai ver que

pensando um jeito de se vingar.

De manhãzinha, antes que a Maria lavadeira chegasse, fui até lá, levantei a

bacia e peguei a Fernanda, procurei mamãe com ela debaixo do braço:

-Olha só quem está aqui.

Mamãe se espantou:

- Uai, ela não tinha sumido? Onde é que você encontrou essa galinha,

Fernando?

De repente seus olhos se apertaram num jeito muito dela, quando entendia as

coisas: havia entendido tudo. Antes que me passasse um pito, eu avisei:

- Se tiverem de matar a minha amiga, me matem primeiro.

Mamãe achou graça quando soube que ela se chamava Fernanda e resolveu

não se importar com o que eu tinha feito, pelo contrário: deixou que a galinha

passasse a ser um de meus brinquedos. Só proibiu que eu a levasse para dentro de

casa. Fernanda me seguia os passos por toda parte, como um cachorrinho.

E ela continuou minha amiga, até morrer de velha, não sei quanto tempo mais

tarde.

Só sei que alguns dias depois do almoço do Dr. Junqueira, mamãe comprou

um frango.

- Esse vai se chamar Alberto - eu disse logo.

- Pois sim - disse minha mãe, e mandou que a Alzira tomasse conta do frango.

No dia seguinte mesmo, no almoço, comemos o Alberto. Ao molho pardo.

2º atividade

O professor passará no data show ou na TV pen drive uma versão curta

metragem do conto “Galinha ao molho pardo” baseado no conto de Fernando Sabino

http://www.youtube.com/watch?v=3sy3MtlK404 e fará uma proposta ao aluno –

transformar o conto em uma história em quadrinhos.

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Para que essa atividade se concretize o professor tomará os seguintes

passos:

a– Identificar o conhecimento prévio que o aluno possui sobre história em

quadrinhos:

* Questionar os alunos sobre as histórias em quadrinhos.

* Conceituar o que são os Quadrinhos:

O que são os quadrinhos?

São uma forma de linguagem que usa desenhos para narrar um caso ou um

episódio qualquer. Sempre que duas imagens são desenhadas uma após a

outra, criando uma sucessão de quadros, uma sequência gráfica, trata-se de

uma história em quadrinhos.

b– Ler e conhecer diferentes histórias em quadrinhos

*O professor levará para a sala de aula diferentes revistas de histórias em

quadrinhos para que os alunos leiam e conheçam. (Momento de leitura em sala de

aula)

c– Identificar os tipos de balões que caracterizam a história em quadrinhos

* Mostrar diversos tipos de balões e seus significados.

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Tipos de balões

* Colocar no quadro-negro diferentes tipos de fala do conto “Galinha ao molho

pardo”.

Os alunos deverão desenhar em cada fala o balão correspondente.

d- Conceituar aos alunos que são “onomatopeias” (são palavras que imitam

sons). E como são usadas fora e dentro dos balões.

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FORA DOS BALÕES:

OU DENTRO DOS BALÕES:

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e– Narração: introdução, desenvolvimento e conclusão.

Reler trechos do conto “Galinha ao molho pardo” para os alunos para que eles

identifiquem a introdução, o desenvolvimento e a conclusão (pode se oral ou por

escrito).

3º atividade

Orientar os alunos para que formem equipes para a produção da história em

quadrinhos, utilizando adequadamente os balões e as onomatopeias.

Na equipe os alunos deverão dividir os trabalhos, um aluno detalha o

argumento, criando as situações e os diálogos, outro faz o esboço dos desenhos

com as letras e aquele que mais gostar de desenhar faz a arte-final, as letras e o

papel do colorista. Os alunos farão uma autoavaliação do seu trabalho e o professor

fará uma revisão final.

Após a conclusão da atividade cada equipe apresenta sua história em

quadrinhos no mural do colégio.

6º momento - Helena Kolody

Esta aula se desenvolverá no Laboratório de Informática.

1º atividade

Os alunos, orientados pelo professor, irão pesquisar a biografia e o poema

“Infância” de Helena Kolody.

Atividade oral

Voltando a sala de aula, tendo em mãos o poema “Infância” o professor

repassará aos alunos as dicas para uma boa declamação. Em seguida os alunos

serão divididos em equipes e farão uma leitura declamativa em grupo.

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Dicas para uma boa declamação:

* Anteriormente fazer uma boa leitura de todo texto, respeitando as pontuações e as

pausas necessárias;

* Compreender cada termo do texto, se necessário usar o dicionário;

* Memorizar todo o texto, caso não consiga, leia a poesia. È melhor uma boa leitura

do que o vexame do esquecimento na hora da declamação;

* Na declamação, em primeiro lugar deve ser citado (não declamado) o nome do

autor e em seguida o título da obra, para depois iniciar a declamação.

* Para a declamação ficar mais emocionante providenciar um fundo musical.

2º atividade

Atividade escrita

Segundo R. Magalhães Júnior “o conto em verso é uma das mais antigas

formas das narrativas curtas”, “Autores da mais alta categoria cultivavam o conto em

verso”.

Como atividade escrita os alunos passarão o conto em verso “Infância” para

um conto em prosa fazendo paráfrases.

Paráfrase são frases parecidas. É a reescrita de um texto sem que haja perda

de sentido.

Recursos que podem ser utilizados:

-Emprego de sinônimos;

-Emprego de antônimos apoiados em palavras negativas;

-Mudança de ordem dos termos no período;

-Omissão de termos facilmente subentendidos;

-Mudança de voz verbal, entre outros.

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O texto e suas possíveis paráfrases devem ser lidos com máxima atenção.

Havendo mudança de sentido, a reescrita não pode ser considerada uma

paráfrase.

INFÂNCIA

Aquelas tardes de Três Barras,

Plenas de sol e de cigarras!

Quando eu ficava horas perdidas

Olhando a faina das formigas

Que iam e vinham pelos carreiros,

No áspero tronco dos pessegueiros.

A chuva-de-ouro

Era um tesouro,

Quando floria.

De áureas abelhas

Toda zumbia.

Alfombra flava

O chão cobria...

O cão travesso, de nome eslavo,

Era um amigo, quase um escravo.

Merenda agreste:

Leite crioulo,

Pão feito em casa,

Com mel dourado,

Cheirando a favo.

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Ao lusco-fusco, quanta alegria!

A meninada toda acorria

Para cantar, no imenso terreiro:

“Mais bom dia, Vossa Senhoria”...

“Bom barqueiro! Bom barqueiro...”

Soava a canção pelo povoado inteiro

E a própria lua cirandava e ria.

Se a tarde de domingo era tranquila,

Saía-se a flanar, em pleno sol,

No campo, recendente a camomila.

Alegria de correr até cair,

Rolar na relva como potro novo

E quase sufocar, de tanto rir!

No riacho claro, às segundas-feiras,

Batiam roupas as lavadeiras.

Também a gente lavava trapos

Nas pedras lisas, nas corredeiras;

Catava limo, topava sapos

(Ai, ai, que susto! Virgem Maria!)

Do tempo, só se sabia

Que no ano sempre existia

O bom tempo das laranjas

E o doce tempo dos figos...

Longínqua infância... Três Barras

Plena de sol e cigarras!

(Helena Kolody, in A Sombra no Rio, 1951)

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7º momento - Conhecendo o miniconto

1º atividade

O professor imprimirá em folhas coloridos diversos minicontos e antes do

início da aula pendurará um cordão nas paredes da sala e prenderá a ele por meio

de grampos as folhas dos minicontos (estilo literatura de cordel). Ao entrarem na sala

de aula, o professor convidará os alunos a passearem em meio as folhas

penduradas para observar e ler os textos tranquilamente.

Poderão ser usados outros exemplos além destes, citados abaixo, retirados

do livro “Os cem menores contos brasileiros do século”.

“Caiu da escada

E foi para o andar de cima”.

Adrienne Myrtes

Fome Zero

- Preciso comer!,

Grita no SPA

a mulher de cem quilos.

Luiz Paulo Fccioli

O Olhar

Parecia um iceberg,

Era uma baleia branca.

Manoel Carlos Karam

Teste de Vista

Ler? Não, senhor.

São óculos para descanso.

Moacyr Godoy Moreira

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- Apresentar aos alunos o livro Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século

XX. Mostrar o formato do volume, que já aponta para a brevidade do seu conteúdo.

2º atividade

Depois do momento destinado à apreciação dos minicontos, o professor

organizará uma roda de conversa com os alunos para saber suas impressões sobre

o que viram:

tamanho dos textos;

tipos de linguagem nos textos;

tipo de texto (narrativo, dissertativo, argumentativo, expositivo, dialogal,

descritivo);

autoria;

aspectos composicionais e estruturais do gênero (listar oralmente os aspectos

recorrentes do gênero).

3º atividade

Esta aula acontecerá no laboratório de informática onde os alunos deverão

acessar os links abaixo sugeridos pelo professor para pesquisar o conceito e

exemplos de minicontos. Acontecida essa pesquisa inicial, o professor escolherá um,

dentre os minicontos lidos para trabalhá-lo discursivamente com os alunos. Para

tanto, disponibilizará, antecipadamente, em seus e-mails um questionário do

miniconto escolhido bem como o link do miniconto. Para facilitar seu trabalho o

professor deverá ter em mãos a lista de emails da sala.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Miniconto

http://minicontos.blogspot.com/

http://miniminimos.blogspot.com/

http://www.oinstituto.org.br

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Uma das definições de microconto estabelece o limite de 150 caracteres

(contando letras, espaços e pontuação) para permitir seu envio através de

mensagens SMS (torpedos) pelo celular, evidenciando uma das características

do microtexto, que é sua ligação com as novas tecnologias de informação e

comunicação.

Questionário que deverá ser enviado por e-mail aos alunos:

1. Do que trata o título do miniconto?

2. É possível identificar no miniconto os elementos da narrativa? Identifique-

os. (Tempo, Espaço, Personagens e Foco narrativo)

3. É possível afirmar que o miniconto é um texto narrativo? Comente.

4. Quais situações é possível deduzir a partir da leitura desse miniconto?

5. Qual a ironia do texto?

É importante frisar com os alunos o caráter de brevidade e, por isso, a

concisão que o miniconto apresenta.

4º atividade

* Para que eles entendam melhor os diferentes tipos de minicontos o professor

lerá em voz alta os minicontos:

a-“Solidariedade” de Leonardo Brasiliense, a partir da singela história de um

papeleiro e seu cavalo, os alunos orientados pelo professor farão um debate acerca

da solidariedade (ou da falta dela) nos dias de hoje.

Solidariedade

Numa esquina da avenida mais movimentada, às sete da noite, o sinal fica

verde, entretanto a carroça do papeleiro não se mexe. Os motoristas começam a

buzinar. O papeleiro agita as rédeas, faz um som esquisito com a boca, e nada

adianta. O cavalo empacou. Os motoristas, já numa fila de incontáveis faróis e

buzinas, com o que lhes resta de forças depois de mais um dia cansativo e

estressante em seus escritórios e repartições, gritam, xingam, amaldiçoam. O

papeleiro, por sua vez, com o que lhe resta de fôlego depois de mais um dia de sol

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pelas ruas da cidade, os braços fracos de abrir lixeiras desde as seis da manhã,

desce da carroça empunhando um cabo de vassoura e grita, bate, espanca. E o

cavalo, com o que lhe resta de si depois de mais um dia que ele nem sabe que

passou, com a fome de hoje somada à de ontem e anteontem que o deixam lerdo e

confuso, ajoelha-se, de olhos fechados, como quem reza para morrer.

Leonardo Brasiliense

b- Colégio Novo de Marcelo Spalding, o professor levará os alunos a fazer

uma reflexão sobre o bullying que sofrem crianças especiais, no caso um

cadeirante.

Colégio Novo

A criança roda e roda e roda procurando uma outra com pernas iguais às

suas. Encontra risos e cochichos. Para de rodar e pede que a empurrem de volta

para casa.

Marcelo Spalding

c- O monstro embaixo da cama de Ana Mello é excelente para discutir com os

alunos sobre os medos, brincar com eles sobre o infantil "medo de monstro" e refletir

sobre os medos que substituíram estes.

O monstro embaixo da cama

Duvidei dos seus poderes e da sua existência, estendi a mão trêmula e

sentencie:

- Se existe mesmo, pegará minha mão.

Senti o calor e o toque mais quente que alguém com seis anos é capaz de

imaginar.

Ana Mello

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* Estimular a produção de uma história dentro de uma temática que agrade os

alunos. Comunicar anteriormente aos alunos que não se preocupem com o

tamanhodo texto, pois posteriormente ele se tornará um miniconto.

5º atividade

a- O professor pedirá aos alunos que reescrevam o texto, cortando palavras

ou frases que acham desnecessárias. Deverá explicar que esse gênero narra em

poucas palavras, geralmente em prosa, que conta situações rotineiras e a descrição

de personagens e cenários não são necessários Explicar que o miniconto em vez de

contar, sugere os fatos.

b- Após a primeira reescrita, os alunos deverão observar quanto os seus

textos diminuíram e compartilhá-lo com o colega ao lado, questionando-o sobre qual

é a ideia daquela história e perguntando ao colega o que ele entendeu após a leitura

e vice-versa. O professor deverá circular pela sala, interferindo nos debates e

sugerindo formas de diminuir os minicontos.

c- Organizados em grupos, os alunos deverão ler os contos dos colegas e

eleger o melhor texto de cada equipe, levando em consideração o tamanho do texto

e o caráter impactante. Em sala de aula o professor verificará se os trabalhos

escolhidos encontram-se dentro das normas solicitadas. Caso estejam em

desacordo com o estabelecido, refazerem a atividade.

d- Todos os minicontos selecionados serão impressos e farão parte do livro

que será produzido no final desta unidade.

8º momento - Contação de histórias

Contar histórias é uma experiência de interação. Constitui um relacionamento

cordial entre a pessoa que conta e os que ouvem. Além de atividade, o ato de contar

uma história lúdica, amplia a imaginação e ajuda o educando a organizar sua fala,

através da coerência e da realidade. O ver, sentir e ouvir são as primeiras

disposições na memória das pessoas.

Como a cidade onde será aplicado o projeto conta com 70% da população de

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descendentes de imigrantes poloneses, seus antigos moradores têm muitas histórias

para contar, trazidas por seus ancestrais.

Para o desenvolvimento desta atividade será convidado um senhor idoso,

morador antigo da cidade, que contará a história da “Pedra de Czestochowska”.

Trata-se de uma pedrinha trazida por imigrantes poloneses que segundo a tradição,

cura as “machucaduras”.

1- Iniciar este momento fazendo algumas perguntas para despertar o interesse

pelo enredo da história que vai ser contada, como por exemplo:

- Alguma vez você já viu uma pedrinha que cura?

- Como fazer a pedrinha curar?

-Qual o sentido da palavra “machucadura” neste contexto?

2- Para esse momento mágico levar os alunos a tomarem uma posição

confortável e o contador de histórias deve ficar em uma posição que permita a todos

a sua visualização.

3-Após terem ouvido a história, os alunos poderão fazer questionamentos e

anotar em seus cadernos.

9º momento – Diálogo

Os alunos sentarão em círculo e desenvolverão um diálogo a respeito da

história que ouviram no momento anterior:

- Questionamentos possíveis:

a- Alguém já tinha ouvido antes a história da “Pedrinha de Tchestocowa”?

b- Alguém já tinha visto antes esta pedrinha?

c- Lembram da história que foi contada? Relembrá-la oralmente.

Em seguida registrarão por escrito a história contada pelo “contador de

História”

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10º momento – Momento Familiar

O professor solicitará aos alunos que pesquisem em casa com seus familiares

e amigos sobre acontecimentos marcantes dos seus lugares de origem e que

poderiam ocasionar a produção de um belo conto. Em sala de aula os alunos irão

contar estas histórias aos seus colegas.

11º momento – Produção Textual

A proposta de produção neste momento é a escrita de contos. Os alunos

registrarão por escrito a história que ouviram de seus familiares.

Antes do início da produção o professor passará aos alunos os “ingredientes”

necessários que devem conter em uma narrativa:

-Fato – O que aconteceu.

-Personagens – Quem são ou com quem aconteceu.

-Espaço – Onde aconteceu.

-Tempo – Quando aconteceu.

-Narrador – Quem conta a história

1º atividade

Os alunos escreverão seu texto, relatando com detalhes o episódio que

contaram aos colegas em sala de aula. Ao término da escrita, observar se deu um

título a sua história.

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Observação:

a- Lembrar ao aluno que esse texto é provisório, portanto ele deverá relê-lo com

atenção verificando se os fatos da narrativa ficaram claros, onde e quando eles se

deram, quem participou, a sucessão dos acontecimentos, o momento de maior

tensão e o desfecho, respeitando a seguinte sequência:

- Apresentação ou situação inicial;

-Complicação ou desenvolvimento;

-Clímax;

-Desfecho ou situação final

b- Como o texto narra um fato acontecido no passado, verificar se os tempos verbais

estão bem empregados;

- se deu um título a sua história, se ele é interessante e provoca a curiosidade do

leitor.

- se usou um vocabulário próprio ao tema da narrativa;

- se empregou expressões que ligam as ações desenvolvidas na narrativa e que dão

ideia de encadeamento, de ruptura e de conclusão;

- se usou expressões para marcar o tempo e para indicar o espaço onde as ações

aconteceram.

2º atividade

O aluno deverá trocar seu texto com o de um(a) colega, dar e ouvir sugestões

que possam melhorar a narrativa. Avaliar as sugestões dadas e fazer as correções.

3º atividade

O professor e alunos farão juntos à correção dos textos, para que isso

aconteça o professor utilizará o texto de um dos alunos. Passará o texto na lousa

começando pelo título e em sequência passará cada parágrafo fazendo com os

alunos uma análise linguística de acordo com as dificuldades encontradas. Identificar

os elementos da narrativa, verificar se os fatos ficaram claros, o vocabulário está

adequado, a ortografia, pontuação e acentuação estão corretas. À medida que for

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analisando cada parágrafo, questionar os alunos a respeito do texto que produziram.

Os alunos reescreverão o próprio texto, não modificando o texto original para poder

compará-lo com o texto reformulado.

12º momento – Construção do Livro

Texto pronto, é hora da construção do livro da turma:

a- No laboratório de informática os alunos digitarão os seus contos escritos e

será feita a impressão dos mesmos;

b- Criarão o SUMÁRIO com os títulos das histórias e os nomes dos

respectivos autores;

c- Professor e alunos, redigirão juntos a APRESENTAÇÃO (um pequeno texto

que vai informar ao leitor o que ele encontrará no livro).

.13º momento - Confecção da capa

Os alunos confeccionarão a capa se inspirando na proposta de Eloíse

Cartonera, uma editora independente na Argentina. Usarão papelão, potes de tinta,

pincéis, cola, papel e estiletes. Esse é todo o material necessário para transformar

papelão em capas de obras. e montarão um livro com os textos produzidos por eles

na qual o tema será: Conta um Conto.

14º momento – Manhã de Autógrafos

Após a construção do livro da turma será feita um momento de

autógrafos.Serão convidados os pais dos alunos e demais pessoas interessadas.

Será apresentado aos pais:

a- O tema do livro,

b- Quem escreveu o livro (explicar que é uma coletânea formada pela produção

de um conto de cada aluno).

c- O motivo: deixar registrado alguma história ou acontecimento da localidade do

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aluno ou de sua família que derivou a história.

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