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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ CAMPUS DE CORNÉLIO PROCÓPIO

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

CLÉLIA MARIA COSTA FOGAÇA

LER E ESCREVER CRÔNICAS ESPORTIVAS: UM DESAFIO

PARA O PROCESSO DE LETRAMENTO NA ESCOLA

CORNÉLIO PROCÓPIO

2014

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CLÉLIA MARIA COSTA FOGAÇA

LER E ESCREVER CRÔNICAS ESPORTIVAS: UM DESAFIO

PARA O PROCESSO DE LETRAMENTO NA ESCOLA

Artigo apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) da Secretaria do Estado da Educação (SEED) do Paraná. Orientador: Profª. Drª. Eliana Merlin Deganutti de Barros

CORNÉLIO PROCÓPIO

2014

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LER E ESCREVER CRÔNICAS ESPORTIVAS: UM DESAFIO PARA O

PROCESSO DE LETRAMENTO NA ESCOLA

Clélia Maria Costa Fogaça

Orientadora: Profª Drª. Eliana Merlim Deganutti de Barros

RESUMO: Este artigo tem como finalidade apresentar resultados do Projeto de Intervenção pedagógica “Ler e escrever crônicas esportivas: um desafio para o processo de letramento na escola” (PDE- 2013/2014), desenvolvido na Escola Estadual João XXIII, com alunos do 8º ano - Matutino. Seu objetivo foi auxiliar o processo de ensino-aprendizagem referente à leitura e à escrita de crônicas, com teor jornalístico, sobre o tema "esporte" e também auxiliar no processo da escrita desse gênero. O projeto foi fundamentado na metodologia das sequências didáticas de gêneros, proposta pelos pesquisadores da Universidade de Genebra filiados ao Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) e teve, como objetivo geral, desenvolver capacidades de leitura e produção em relação ao gênero “crônicas esportivas”, a partir da qual buscou-se trabalhar, didaticamente, oralidade e a escrita. A intervenção proposta deu suporte para que o aluno se apropriasse da prática social que direcionou a produção dessas crônicas, desenvolvendo capacidades de linguagem em relação à escrita e à leitura desse gênero de texto. A finalidade desse trabalho é fazer uma reflexão a respeito do contato que os alunos tiveram com variadas situações de comunicação, não apenas relacionadas à escrita de crônicas, inserindo-se em práticas de linguagem significativas, a fim de que fosse desviado o foco do texto puramente escolarizado, criado e adaptado unicamente para as exigências educacionais, ou seja, as “redações”, direcionando o trabalho para textos que circulam socialmente. Apresenta-se, neste artigo, além de toda fundamentação teórica de base, a descrição da sequência didática do gênero crônica esportiva, elaborada durante o projeto, assim como um relato reflexivo do processo de intervenção didática.

PALAVRAS-CHAVE: Crônicas esportivas. Gêneros textuais. Sequência didática. Ensino da Língua Portuguesa.

1 Introdução

A crônica esportiva está para a crônica, assim como o espírito esportivo

está para o espírito humano. Somos a pátria de chuteiras, sim‖

(Nelson Rodrigues)

Este artigo é resultado da implementação do projeto de Intervenção

Pedagógica realizado com os alunos do 8º ano do Ensino Fundamental, na escola

estadual João XXIII, localizado no Município de São Jerônimo da Serra. Projeto esse

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inserido nas ações do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE -

2013/2014) do estado do Paraná em parceria com a Instituição de Ensino Superior

UENP (Universidade Estadual do Norte do Paraná). É fruto de momentos de

pesquisa, estudo aprofundado, discussões e reflexão. Reflexão essa que leva ao

repensar as aulas de Língua Portuguesa, com foco nos eixos principais da língua: a

leitura, oralidade, escrita e análise linguística, com especificidade no gênero textual

Crônica esportiva. O objetivo desse trabalho é auxiliar no processo de ensino e

aprendizagem referente à leitura e à escrita de crônicas, com teor jornalístico, sobre

o tema "esporte", assim como, desenvolver as capacidades de linguagem nos

alunos, no que diz respeito à leitura crítica e a produção do gênero, permitindo ao

aluno autonomia para compreender, interpretar e expressar as diversas formas de

linguagens presentes nas crônicas, para que assim pudessem tomar o gênero

“crônicas esportivas” como instrumento mediador da linguagem, nos seus contextos

de uso, tanto na leitura como escrita.

O trabalho está fundamentado na metodologia das sequências didáticas de

gêneros, proposta pelos pesquisadores da Universidade de Genebra filiados ao

Interacionismo Sociodiscursivo (ISD). Ele teve como objetivo unificador

desenvolver capacidades de leitura e produção nos alunos envolvidos, em relação

ao gênero “crônicas esportivas”, a partir da qual buscou-se trabalhar,

didaticamente, oralidade e a escrita.

O projeto que deu início a essa intervenção didática partiu de alguns

questionamentos, como: de que forma a escola pode contribuir para melhorar a

competência comunicativa de nossos alunos?; A SD é um método de ensino da

língua eficaz?; Por meio dela é possível que o aluno desenvolva capacidades de

linguagem para a produção e a leitura do gênero selecionado?; Mesmo a SD sendo

centrada na produção de textos, ela consegue articular todos os eixos de ensino da

língua: escrita, leitura, análise linguística e oralidade?; A crônica esportiva é um

gênero textual que pode atrair o interesse do aluno para as questões da língua?; O

trabalho com esse gênero amplia os horizontes culturais, sociais e intelectuais dos

alunos?

Para estruturar o artigo, na fundamentação teórica, apresentam-se os estudos

do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD), sobretudo na sua vertente didática, a partir

do conceito de gênero textual como objeto/instrumento de ensino; os conceitos de

modelo Didático e sequência Didática, propostos pelos professores pesquisadores

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da Universidade de Genebra. Na continuidade do artigo é abordado o procedimento

metodológico que deu suporte para o ensino do gênero textual “crônica esportiva”,

foco deste trabalho.

Na parte analítica do trabalho, trazemos uma descrição da sequência didática

produzida, assim como um relato comentado sobre o processo de intervenção

pedagógica realizado, apresentando as dificuldades e contribuições dessa

experiência no que refere à aplicação do projeto de intervenção na escola, com

ilustrações, no decorrer do trabalho, das atividades realizadas.

2 A língua em funcionamento: os gêneros de textos

Segundo Bakhtin (1997), a comunicação só existe a partir da realização

concreta de enunciados, o que denominamos “textos”. Os textos/enunciados

concretos se moldam de acordo com o sujeito falante e de acordo com sua

necessidade, de conteúdo, volume ou composição.

A fala só existe, na realidade, na forma concreta dos enunciados de um indivíduo: do sujeito de um discurso-fala. O discurso se molda sempre à forma do enunciado que pertence a um sujeito falante e não pode existir fora dessa forma. Quaisquer que sejam o volume, o conteúdo, a composição, os enunciados sempre possuem, como unidades da comunicação verbal, características estruturais que lhes são comuns, e, acima de tudo, fronteiras claramente delimitadas (BAKHTIN, 1997, 294).

O texto é sempre delimitado pela alternância entre os falantes da língua, pois

é essa alternância que marca a fronteira de um enunciado concreto/texto. Ou seja,

como sabemos o que é um texto? É justamente a finalização de um projeto de dizer,

com propósitos compartilhados pelos falantes (mesmo que virtuais, mesmo que não

presentes no momento da produção) que dá à linguagem um caráter de “um todo”,

de algo acabado. Segundo mostra Bakhtin (1997, p.295):

O enunciado não é uma unidade convencional, mas uma unidade real, estritamente delimitada pela alternância dos sujeitos falantes, e que termina por uma transferência da palavra ao outro, por algo como um mudo “dixi”

percebido pelo ouvinte, como sinal de que o locutor terminou.

O enunciado pode ser falado ou escrito e representa o ato principal da

comunicação verbal. É a essência do discurso. Os enunciados concretos, ou textos,

são uma unidade real, que se apresentam a partir das falas dos sujeitos. Já esses

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textos são configurados genericamente naquilo que a literatura da área vem

chamando de gêneros discursivos/textuais.

A teoria sobre gêneros é antiga, remonta aos estudos de Aristóteles, porém

foi a partir dos estudos de Bakhtin (1997) que se começou a discutir sobre o gênero

como instrumento mediador das interações discursivas, e não somente como uma

estrutura textual. Em Bakhtin (1997, p.280), gêneros do discurso1 são “tipos

relativamente estáveis de enunciados”, ou seja, são configurações genéricas da

linguagem que são concretizadas por meio de textos (o que Bakhtin chama de

enunciados).

A teoria de Bakhtin (1997, p.280) fala a respeito da utilização da língua, em

todas as esferas da atividade humana:

Todas as esferas da atividade humana, por mais variadas que sejam, estão sempre relacionadas com a utilização da língua. Não é de surpreender que o caráter e os modos dessa utilização sejam tão variados como as próprias esferas da atividade humana, o que não contradiz a unidade nacional de uma língua.

Para Marcuschi (2002, p.3), “a comunicação verbal só é possível por algum

gênero textual”. Ninguém fala nada em seu dia a dia, sem utilizar um gênero textual.

Dessa forma, não poderia haver comunicação, se não existissem os gêneros. Eles

são muitos, porque a atividade humana é inesgotável, podendo aumentar de acordo

com as necessidades criadas pelo ser humano. Como salienta Bakhtin (1997,

p.280),

A riqueza e a variedade dos gêneros do discurso são infinitas, pois a variedade virtual da atividade humana é inesgotável, e cada esfera dessa atividade comporta um repertório de gêneros do discurso que vai diferenciando-se e ampliando-se à medida que a própria esfera se desenvolve e fica mais complexa.

Bakhtin (1997) coloca que os gêneros são “fenômenos históricos,

profundamente vinculados à vida cultural e social” e que são “formas de ação

incontroláveis” com o objetivo de “ordenar e estabilizar as atividades do diaadia.

Então, pode-se afirmar que os gêneros do discurso auxiliam na comunicação dos

sujeitos. Schneuwly (2011) complementa a noção de gêneros de Bakhtin,

conceituando-os como megainstrumentodo do agir comunicativo.

1Embora Bakhtin (1997) use a expressão “gêneros do discurso/discursivo”, nesta pesquisa será

utilizada a expressão “gêneros textuais/de texto”, pois é dessa forma que o ISD, corrente teórica de base da pesquisa, denomina esse objeto. Sendo assim, os dois termos são tratados como sinônimo neste trabalho.

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Segundo Dolz, Gagnon, Decândio (2001, p. 43):

Por instrumento, nos referimos ao meio cultural que o homem constrói para si a fim de transformar a natureza. Da mesma forma, a transformação e o domínio dos processos psíquicos necessitam dos instrumentos mentais. Assim, compreendemos o desenvolvimento humano como uma adaptação artificial, mediada por instrumentos psíquicos que transformam fundamentalmente as capacidades psíquicas. Essas capacidades existem primeiro sob forma externa, nos produtos da sociedade humana, mas a apropriação destes exige que sejam investidos de significações.

Ainda em Bakhtin, (1997, p.301), nota-se que somente podemos nos

comunicar porque as sociedades anteriores nos legaram uma grande variedade de

gêneros do discurso, ou seja, cada esfera de comunicação possui um grande

repertório de gêneros à disposição dos falantes.

A utilização de gêneros textuais variados despertará o interesse na leitura de

textos, porque é algo do cotidiano de cada um, poderá também auxiliar no

desenvolvimento da competência linguística do aluno e ainda promover o letramento

do mesmo para utilização efetiva da língua, durante a leitura e a produção de textos,

seja de maneira oral ou escrita, podendo assim ampliar suas possibilidades de

exercer sua cidadania. Neste sentido os PCN (BRASIL,1998, p. 32) apresentam:

No processo de ensino-aprendizagem dos diferentes ciclos do ensino fundamental, espera-se que o aluno amplie o domínio ativo do discurso nas diversas situações comunicativas, sobretudo nas instâncias públicas de uso da linguagem, de modo a possibilitar sua inserção efetiva no mundo da escrita, ampliando suas possibilidades de participação social no exercício da cidadania.

Segundo Bakhtin (1997), há duas modalidades de gêneros discursivos. Eles

podem ser primários (situações cotidianas) e secundários (acontecem em

circunstâncias mais complexas de comunicação, como nas áreas acadêmicas,

jurídicas, artísticas, etc.). Segundo Bakhtin (1997), se pode perceber a respeito do

trabalho com as crônicas, podendo ser consideradas como textos secundários

devido a sua caracterização mais simplificada e corriqueira.

Nos estudos bakhtinianos sobre os discursos percebe-se que “Uma

concepção clara da natureza do enunciado em geral e dos vários tipos de

enunciados em particular (primários e secundários), ou seja, dos diversos gêneros

do discurso, é indispensável para qualquer estudo, seja qual for a sua orientação

específica” (BAKHTIN, 1997, p.283).

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3 O ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa

Procurando contribuir com a construção do cidadão crítico, os Parâmetros

Curriculares nacionais – PCN – (BRASIL, 1998) recomendam que as aulas de

Língua Portuguesa contemplem uma grande diversidade de gêneros textuais,

inclusive a crônica, a fim de enriquecer e oferecer ao aluno as mais diversas

experiências de leituras e vivências do mundo, melhorando, assim, a tão almejada

competência comunicativa.

De acordo com as Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a

Educação Básica, “as aulas de Língua Portuguesa devem tornar o estudante capaz

de inserir-se nas diversas esferas da atividade social e, consequentemente, apto a

buscar vagas no ensino superior e no mundo do trabalho” (PARANÁ, 2008).

Sobretudo na contemporaneidade há uma preocupação com relação ao

ensino da leitura e da produção escrita. Entendemos que a escola deve incentivar o

aluno a se comunicar na sociedade de maneira efetiva, pelo uso da linguagem,

buscando informações, defendendo seus pontos de vista, etc., e, com isso,

construindo seus próprios conhecimentos e sua visão de mundo. Segundo os PCN

(BRASIL, 1997, p.11):

O domínio da língua, oral e escrita é fundamental para a participação social efetiva, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz conhecimento.

É necessário que o ensino da língua materna seja desenvolvido na escola de

forma responsável, para que aconteça o enriquecimento do universo de

conhecimentos e da linguagem dos alunos. Segundo os PCN (BRASIL,1997, p.11),

“ao ensiná-la [a língua], a escola tem a responsabilidade de garantir a todos os seus

alunos o acesso aos saberes linguísticos, necessários para o exercício da cidadania,

direito inalienável de todos”.

Com base nas DCE (PARANÁ, 2008), o fato de se proporcionar ao aluno o

contato com variadas linguagens, variados textos de várias esferas sociais, torna

mais eficaz o aprendizado dos alunos em relação à língua. Nesses termos, segundo

as DCE (PARANÁ, 2008, p. 55):

No processo de ensino-aprendizagem, é importante ter claro que quanto maior o contato com a linguagem, nas diferentes esferas sociais, mais possibilidades se tem de entender o texto, seus sentidos, suas intenções e

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visões de mundo. A ação pedagógica referente à linguagem, portanto, precisa pautar-se na interlocução, em atividades planejadas que possibilitem ao aluno a leitura e a produção oral modo, sugere-se um trabalho pedagógico que priorize as práticas sociais.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (PCN –

BRASIL, 1998) recomendam que as aulas de Língua Portuguesa contemplem uma

grande diversidade de gêneros textuais (inclusive as crônicas), com o intuito de

desenvolver no aluno a tal almejada competência comunicativa.

Tanto os PCN (1998) como as Diretrizes Curriculares da Educação do Paraná

(2008) trazem um histórico do ensino de Língua Portuguesa. Essa retrospectiva do

ensino mostra que as discussões acerca desse estudo apresentavam a necessidade

de “um trabalho de sala de aula focado na leitura e na produção”. Nesses termos,

segundo as DCE(PARANÁ, 2008, p. 48):

É tarefa da escola possibilitar que seus alunos participem de diferentes práticas sociais que utilizem a leitura, a escrita e a oralidade, com a finalidade de inseri-los nas diversas esferas de interação. Se a escola desconsiderar esse papel, o sujeito ficará à margem dos novos letramentos, não conseguindo se constituir no âmbito de uma sociedade letrada.

A esse novo enfoque do ensino da língua, Antunes (2003, p.19) contrapõe o

ensino de cunho tradicional, de base gramatical. Antunes revela ainda “a

persistência de uma prática pedagógica, que em muitos aspectos, ainda mantém a

perspectiva reducionista do estudo da palavra e da frase descontextualizadas”.

A escolha por um trabalho que privilegie os gêneros textuais em sala de aula

parte, assim, da necessidade de desenvolvimento de novas capacidades de

linguagem, capacidades essas relacionadas ao uso da língua em práticas sociais

autênticas, diferentemente da tradição gramatical que sempre buscou o domínio das

palavras/frases, sem levar em conta a situacionalidade na qual essas estavam

inseridas. De acordo com os PCN (BRASIL,1997), as situações didáticas devem ter

como objetivo levar os alunos a pensar sobre a linguagem para poder compreendê-

la e utilizá-la apropriadamente nas situações de uso, adaptando-as aos propósitos

definidos pela interação.

As DCE de Língua Portuguesa (PARANÁ, 2008) mostram que os alunos

devem ter contato com variadas linguagens através de variados gêneros discursivos,

proporcionando, dessa forma, uma interação dinâmica com cada um deles. Segundo

esse documento (2000, p.38):

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[...] É nos processos educativos e notadamente, nas aulas de Língua Materna, que o estudante brasileiro tem a oportunidade de aprimoramento de sua competência linguística, de forma a garantir uma inserção ativa e crítica na sociedade. É na escola que o aluno, e mais especificamente o da escola pública, deveria encontrar o espaço para as práticas de linguagem que lhe possibilitem interagir na sociedade, nas mais diferentes circunstâncias de uso da língua, em instâncias públicas e privadas. Nesse ambiente escolar, o estudante aprende a ter voz e fazer uso da palavra, numa sociedade democrática, mas plena de conflitos e tensões (PARANÁ, 2008, p. 38).

Trabalhar os gêneros textuais em sala de aula é, pois, uma maneira de se

proporcionar aos alunos o contato com variadas situações de comunicação e inseri-

los em práticas de linguagem significativas, uma vez que o foco deixa de ser os

textos puramente escolarizados, criados e adaptados unicamente para as exigências

educacionais (como é o caso das “redações”), mas textos que circulam socialmente,

portanto, parte do mundo no qual o jovem se insere (ou irá se inserir quando adulto)

como cidadão, trabalhador, etc. Como apontam Schneuwly e Dolz (2011, p.65):

[...] na sua missão de ensinar os alunos a escrever, a ler e a falar, a escola, forçosamente, sempre trabalhou com os gêneros, pois toda forma de comunicação – portanto, também aquela centrada na aprendizagem – centraliza-se em formas de linguagens específicas. A particularidade da situação escolar reside no seguinte fato que torna a realidade bastante complexa: há um desdobramento que se opera em que o gênero não é mais instrumento de comunicação somente, mas, é ao mesmo tempo, objeto de ensino-aprendizagem.

Nesse sentido, o gênero passa a ser o objeto de ensino numa perspectiva dos

letramento(s).

3.1 Letramento(s)

O letramento é o estado ou condição que o indivíduo passa a ter no momento

que se envolve nas práticas sociais de leitura e escrita. Pode ser visto como “o

processo de apropriação da cultura escrita fazendo um uso real da leitura e da

escrita como práticas sociais” (SOARES, 2004, p.24). Letrado não é somente aquele

que sabe ler e escrever, mas aquele que faz uso competente da leitura e escrita em

situações específicas de comunicação verbal. Para Soares (1999, p.18): “Letramento

é [...] o resultado da ação de ensinar e aprender a ler e escrever: o estado ou a

condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se

apropriado da escrita”.

Nesse sentido, letramento pode ser considerado um fenômeno diferente da

alfabetização – o processo simples de decodificação da língua. Enquanto a

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alfabetização é mecânica e descontextualizada, o letramento envolve situações de

interação comunicativa reais. A alfabetização não é condição necessária para o

letramento, pois a pessoa pode não ser alfabetizada, mas ser letrada em várias

situações de uso da linguagem. Por exemplo, um analfabeto pode circular em

lugares que necessitem da leitura de placas de trânsito, sem ao menos saber ler tais

placas, uma vez que sabe identificar as injunções pressupostas pelos textos verbais

e não verbais desse gênero textual.

Dessa forma, vários autores sugerem um trabalho complementar, ou seja,

albabetizar, letrando. Barros (2011) fala em letrar, alfabetizando, uma vez que o

processo de letramento é mais abrangente do que o processo de alfabetização.

Segundo Barros (2011, p.19), o letramento deve ter como foco “a língua vista em

sua manifestação discursivo-textual, tendo o processo de interação interpessoal

como seu espaço de intersecção.”

3.2 Gêneros como objeto unificador dos letramentos escolares

Os estudos dos gêneros como instrumentos mediadores das interações

humanas, principalmente, sob o viés bakhtiniano, coincidiram com as discussões em

torno dos novos objetivos do ensino da língua materna na escola. Como já

ressaltado anteriormente, com a “democratização” do ensino e a acolhida de alunos

pertencentes a uma vasta classe social, de níveis de letramento heterogêneos,

percebeu-se que o ensino da língua tendo como eixo a gramática da frase, e como

objeto, “partes” fragmentadas (morfemas, palavras, frases, orações) não poderiam

dar conta de desenvolver a chamada competência comunicativa (BRASIL, 1998) dos

alunos. Sob essa nova perspectiva, os objetos de ensino da língua deveriam ser os

mesmos que circulavam nas interações reais, fora do ambiente escolar. Sendo

assim, os gêneros textuais passaram a ser considerados, além de

megainstrumentos da comunicação, também megainstrumentos do ensino da língua.

As aulas de Língua Portuguesa foram por bastante tempo baseadas em

práticas de estudo das frases e palavras soltas. Segundo Antunes (2003), esse

ensino era descontextualizado e sem objetivo de interação social.

Um exame mais cuidadoso de como o estudo da língua portuguesa acontece, desde o Ensino Fundamental, revela a persistência de uma prática pedagógica que, em muitos aspectos, ainda mantém a perspectiva

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reducionista do estudo da palavra e da frase descontextualizadas. Nesses limites, ficam reduzidos, naturalmente, os objetivos que uma compreensão mais relevante da linguagem poderia suscitar – linguagem que só funciona para que as pessoas possam interagir socialmente (ANTUNES, 2003, p. 19).

Atualmente, a preocupação do ensino da língua materna está na construção

de cidadãos críticos, que conheçam variedades de gêneros textuais, e que

apresentem visões de mundo diferenciadas, mostrem capazes de buscar seus

próprios conhecimentos, conforme aponta Duarte (2001, p.2): a educação escolar

deve desenvolver no indivíduo a capacidade e a iniciativa de buscar por si mesmo

novos conhecimentos, a autonomia intelectual, a liberdade de pensamento e de

expressão.

O ensino de Língua Portuguesa deve conduzir o indivíduo à apreciação de

outros gêneros com os quais ele mantém contato diário, bem como – dependendo

do tema tratado – levá-lo a adentrar conteúdos abordados em outras áreas do saber,

desenvolvendo, dessa forma, a interdisciplinaridade. O ensino de Língua Portuguesa

deve priorizar a interação pessoal, voltado sempre para a prática da linguagem, a

partir dos gêneros textuais. Nesse sentido, como afirma Barros (2012, p.69),

É nesse sentido que [...] precisamos pensar o ensino da língua a partir do ponto de vista das interações interpessoais. Não é mais concebível, pois, ensinar uma língua morta, na qual a estrutura precede ao uso. É preciso tomar como objeto a língua em funcionamento. Pensar em um ensino voltado para as práticas linguageiras, essas sempre configuradas em gêneros textuais, instrumentos semióticos sócio-históricos que medeiam a interação interpessoal.

O trabalho com os gêneros em sala de aula é uma forma de se utilizar a

língua, em suas várias formas. Sabendo-se que o ato comunicativo se dá através

dos gêneros textuais, é necessário que se apresente aos alunos situações de leitura,

produção e compreensão de textos, adequando tudo isso as situações de

comunicação.

Segundo Barros (2012, p.9), uma pesquisadora que trabalha com o construto

teórica do ISD, “o ensino da língua deve centrar-se no desenvolvimento de

capacidades de linguagem do aluno, a partir da apropriação de práticas linguageiras

(re)configuradas em modelos textuais tipicamente estruturados, a saber, os gêneros

textuais”. Pautando no ISD, Barros (2009, p.14) comenta que:

[...] precisamos pensar o ensino da língua ancorado na interação social, ou seja, não devemos ensinar uma língua morta, na qual a estrutura precede ao uso, mas sim, a língua em funcionamento, que nada mais é que o ensino

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voltado para as práticas sociais de linguagem, estas, configuradas em gêneros textuais: instrumentos semióticos sócio-históricos que medeiam a interação interpessoal.

No cotidiano escolar, nota-se que o trabalho com os gêneros textuais em sala

de aula apresenta a necessidade de que se envolva os alunos em situações

concretas de uso da língua, utilizando-a de forma consciente. É preciso dizer que se

deve ter em mente: “escola é um lugar de comunicação” e as atividades nela “são

ocasiões de produção e recepção de textos”, conforme pontua Schneuwly e Dolz

(2004, p. 78). Então, cabe ao professor levar aos alunos possibilidades de leitura,

recepção e produção escrita. O professor deve ser o mediador desse processo.

4 Interacionismo Sociodiscursivo – ISD

Jean Paul Bronckart propôs o Interacionismo Sociodiscursivo (ISD), a partir

de estudos feitos em conjunto com pesquisadores do Grupo da Universidade de

Genebra. O ISD parte da concepção de que a linguagem se materializa a partir das

ações humanas, como condição para sua existência. Considera “as ações humanas

em suas dimensões sociais e discursivas constitutivas” (BRONCKART, 1999, p. 30).

Segundo Bronckart (2006a, p.10), o ISD busca demonstrar que o

texto/discurso é o principal instrumento humano de comunicação: “[...] as práticas

linguageiras situadas (ou os textos-discursos) são os instrumentos principais do

desenvolvimento humano, tanto em relação aos conhecimentos e aos saberes

quanto em relação às capacidades do agir e da identidade humana”.

Para complementar as noções do ISD, elaboramos o esquema abaixo, com

base em Machado e Cristóvão (2006, p. 549), que por sua vez basearam-se na

teoria psicológica de Vygotsky, assumindo e defendendo cinco princípios básicos.

4.1 A vertente didática do ISD

Vários pesquisadores do ISD têm suas pesquisas voltadas para o ensino da

língua, a partir das concepções teóricas de base, consolidadas na interação social e

centradas no processo da transposição didática.

Os pesquisadores do Grupo de Genebra apresentam uma definição para o

fenômeno da transposição didática:

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[...] transposição didática não deve ser compreendido como a simples aplicação de uma teoria científica qualquer ao ensino, mas como o conjunto das transformações que um determinado conjunto de conhecimentos necessariamente sofre, quando temos o objetivo de ensiná-lo, trazendo sempre deslocamentos, rupturas e transformações diversas a esses conhecimentos. (MACHADO; CRISTÓVÃO, 2006, p.552)

Como podemos observar, Machado e Cristóvão (2006) dão a definição

de transposição didática (TD) como sendo a passagem dos conhecimentos

científicos para os conhecimentos efetivamente ensinados e aprendidos.

Para que se possa entender a TD é necessário que se conheçam os

três níveis básicos dessa transformação, que aponta para cada momento da

passagem dos conhecimentos para o efetivo conhecimento aprendido. Com

base no texto de Machado e Cristóvão (2006, p. 552), elaboramos este

esquema de TD:

Figura 1 – As fases da transposição didática

A partir desse esquema pode-se depreender o processo natural da TD, pelo

qual passam os conhecimentos no seu processo de didatização. Assim torna-se

mais claro o seu entendimento. Percebe-se que no processo de ensino existe o

conhecimento científico inicial e que esse vais transformando-se até chegar no

conhecimento final aprendido.

TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA

a- Conhecimento científico

b- Conhecimento a ser ensinado

c- Conhecimento efetivamente ensinado

d- Conhecimento efetivamente aprendido

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Transposição Didática interna

Envolve a passagem dos saberes a ensinar, aos ensinados e apreendidos

A criação de dinâmicas e a sua transformação em situações de ensino.

Transposição Didática Externa

Parte do saber útil fora da escola... para construir novos saberes, mais eficazes e

mais significativos para os alunos.

TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA

Ainda, no que se refere aos estudos da TD, encontra-se a distinção de dois

níveis: a transposição didática externa e transposição didática interna. Nesse

sentido, encontra-se o esquema abaixo, baseado no texto de Barros (2012b, p.13):

Figura 2 – Transposição didática interna e externa

4.1.1 Modelo didático

O Grupo de Genebra criou uma ferramenta para auxiliar no processo da

transposição didática externa: o modelo didático (MD). Os modelos didáticos servem

para dar suporte à elaboração de sequências didáticas (SD). Segundo barros (2012,

p. 72), eles permitem “visualizar as características (acionais, discursivas,

linguísticas) de um gênero e, sobretudo, facilita a seleção das suas dimensões

ensináveis para certo nível de ensino”. Machado e Cristóvão (2006, p.559)

apresentam o esquema abaixo, que mostra a funcionalidade dos modelos didáticos

no processo de ensino e formação de professores de língua:

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Figura 3 – Modelo didático de gêneros

4.1.2 Sequência didática

Machado e Cristóvão (2006, p.554) dizem que devido ao problema da

“compartimentalização dos conhecimentos no campo do ensino de línguas” tornou-

se necessário que se superasse esse problema no ensino. Então, iniciaram-se os

estudos para a criação de metodologias que pudessem auxiliar a superação de

problemas. Criou-se, então a sequência didática (SD).

O procedimento SD, segundo Dolz, Noverraz, Scheneuwly (2011, p.82) é “um

conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de

um gênero textual, oral ou escrito”. Seu objetivo é o de auxiliar os alunos a dominar

um gênero, para melhorar sua escrita e sua oralidade.

Uma sequência didática tem precisamente, a finalidade de ajudar o aluno a dominar melhor um gênero de texto, permitindo-lhe, assim, escrever ou falar de maneira mais adequada numa dada situação de comunicação. (DOLZ, NOVERRAZ; SCHENEUWLY, p.83)

A estrutura de uma SD pode ser entendida de acordo com o esquema abaixo,

elaborado com base nos estudos de Dolz, Noverraz, Scheneuwly (2011, p.83):

MODELOS DIDÁTICOS DE

GÊNEROS

Para construção de SD de gêneros

Para avaliação de

experiências didáticas

Para analisar o nível de capacidades de

linguagem em produção textual

Para avaliação de SD de gêneros

Para a formação inicial e continuada

de professores

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Figura 4 – Fases da sequência didática

Fonte: Barros (2013, p.249)

Com base no esquema acima, percebe-se que para a concretização da

aprendizagem, a partir do trabalho com uma SD, faz-se necessário que o professor,

inicialmente, sensibilize os alunos quanto ao gênero a ser trabalhado. O professor

sugere uma produção de texto inicial (oral ou escrita), com o objetivo de diagnosticar

possíveis problemas de escrita ou, ainda, avaliar as capacidades já adquiridas. A

partir do diagnóstico feito, desenvolvem-se oficinas elaboradas a partir de um

objetivo determinado por uma dimensão ensinável do gênero. São elaboradas

atividades que levem os alunos a dominarem a leitura e escrita do gênero escolhido,

desenvolvimento, nesse processo, diversas capacidades de lingaugem. Finaliza-se a

SD com as revisões e reescritas das produções e com a destinação dos textos aos

interlocutores previstos no início das atividades.

A produção final, segundo Dolz, Noverraz, Scheneuwly (2011, p.90), “dá ao

aluno a possibilidade de pôr em prática as noções e os instrumentos elaborados

separadamente nos módulos”. A SD possibilita

Assim como “preparar os alunos para dominar sua língua nas situações mais diversas da vida cotidiana, oferecendo-lhes instrumentos precisos, imediatamente eficazes, para melhorar suas

Apresentação da situação: sensibilização ao gênero e delimitação de um contexto de produção (equilíbrio entre o gênero como objeto social e como

objeto de ensino)

Oficinas: desenvolvimento de capacidades de ação

Oficinas: desenvolvimento de

capacidades discursivas

Produção final: trabalho a partir de revisões e reescritas

Fechamento da interação: os textos chegam aos destinatários

previstos na apresentação da situação

Oficinas: desenvolvimento de

capacidades linguístico-discursivas

Produção inicial: avaliação diagnóstica

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capacidades de escrever e falar.” (DOLZ, NOVERRAZ, SCHENEUWLY, 2011, p. 93).

É função do professor, assim, auxiliar o aluno a dominar ou melhorar

capacidades linguageiras. Diante disso, passa-se agora a descrever cada módulo ou

oficina da SD do gênero “crônicas esportivas”, objeto unificador da nossa

intervenção didática.

5 Relato reflexivo da experiência didática

A paixão pelo futebol não precisa ser explicada –

para quem tem paixão pelo futebol. Para quem não tem, precisa.

Não só explicada como defendida. Para nós, os apaixonados, ela é uma coisa menor,

como uma mania ou uma fixação infantil. É uma parte importante da vida.‖

(Luis Fernando Veríssimo)

Para a implementação deste projeto de intervenção foi elaborada uma SD,

conforme descrita na sinopse a seguir. Os questionamentos iniciais, descritos na

introdução do deste artigo, serviram de subsídio para o relato reflexivo das ações

realizadas durante a intervenção.

Quadro 1 – Sinopse da SD do gênero “crônica”

MÓDULOS

OBJETIVOS

ATIVIDADES

OBJETOS

OFICINA 1:

OS GÊNEROS E AS ARTES

1-Estabelecer contato dos alunos com os gêneros Crônica, Histórias em Quadrinhos, Biografia e Contos de Fadas.

1-Evento inicial com banda de música e apresentação de uma peça teatral que envolva os gêneros Contos de Fadas/ Crônicas / Biografias / HQs para todas as turmas das Escolas João XXIII e Vila Nova (Apêndice 1). Obs.: A apresentação será feita pelos alunos já formados, que estudam no Ensino Médio.

1- Motivação inicial dos projetos PDE na escola.

OFICINA 2:

OS TONS DAS CRÔNICAS

1- Aproximar os alunos do gênero Crônica. 2-Possibilitar que os alunos identifiquem a diversidade de tons (lirismo, crítica, humor, reflexão, etc.) existentes nas crônicas.

1-Dinâmica das cartelas e das imagens (sala em círculo): colocam-se variadas cartelas com imagens de cenas do cotidiano pelo chão, no centro da sala. Distribui-se para cada aluno uma cartela com um trecho de uma crônica relacionada a essas imagens. O aluno deve descobrir qual imagem refere-se ao trecho lido; cada aluno deve descobrir o restante de seu texto, que estará com outros colegas. Cada crônica formada dará origem a um grupo de trabalho (Apêndice 2). 2-Atividades (em grupos – formado na atividade anterior) de identificação de humor, reflexão e lirismo, etc., em crônicas (Apêndice 3).

1-Tons das crônicas.

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3- Leitura e discussão de uma crônica, ressaltando-se o trabalho linguístico-discursivo com o tema e o tom presente na crônica: o humor, lirismo, reflexão, etc.

OFICINA 3:

CONTEXTO DE

PRODUÇÃO DAS

CRÔNICAS

1-Possibilitar que os alunos explorem o contexto de produção do gênero Crônica.

1-Leituras variadas de crônicas publicadas em revistas e jornais e coletâneas literárias: foco no contexto de produção. 3-Questionário escrito com perguntas sobre o contexto de produção das crônicas (crônicas selecionadas da atividade anterior) (Apêndice 4).

1-Contexto de produção das crônicas (suporte, esfera social, finalidade, caracterização)

OFICINA 4:

O ESPORTE NAS

CRÔNICAS

1-Estabelecer contato dos alunos com o gênero “Crônica Esportiva”. 2-Possibilitar aos alunos explorar os recursos utilizados nos debates esportivos.

1- Peça teatral apresentada por alunos de outra turma, com foco no tema “futebol”, com situações corriqueiras dessa esfera social (Apêndice 5). 2- “DEBATE ESPORTIVO” sobre a peça teatral apresentada. 3- Quebra-cabeça do gênero crônica (em grupos) (Apêndice 6). 4-Apresentação e discussão de programas de televisão com debate esportivo.

1-Gênero “Crônica Esportiva” 2- Debate esportivo

OFICINA 5:

PRODUÇÃO INICIAL: DA

NOTÍCIA PARA A

CRÔNICA

1- Diagnosticar o conhecimento dos alunos em relação à escrita da crônica esportiva, a partir de uma notícia de jornal.

1- Produção de uma crônica com tom teor literário a partir da leitura de uma notícia sobre futebol.

1-Gênero “Crônica Esportiva”

OFICINA 6:

FATO E FICÇÃO:

A NOTÍCIA E

A CRÔNICA

1- Levar os alunos a fazer a diferenciação dos gêneros Notícia e Crônica.

1-Apresentação de slides com notícias verdadeiras e outras “inventadas” para que o aluno identifique se é fato ou ficção. Discussão sobre a relação conflituosa entre fato e ficção (Apêndice 7). 2-Leitura e análise de notícias que viraram crônicas. Livro: “DEU NO JORNAL” – Moacyr Scliar (Anexo8). 3- Análise das crônicas originárias das notícias analisadas. Comparação entre os dois gêneros (Apêndice 8). 4- Dinâmica da caixinha do tempo. Atividade em grupo para diferenciação de notícia e crônica: (A sala em círculo. Dentro de uma caixinha colocam-se trechos de notícias e de crônicas em pequenos papéis. Toca-se uma música e os alunos devem passar a caixinha ao colega ao lado. Quando a música parar, o aluno que estiver com a caixa na mão, abre, retira um papel, lê para os colegas e diz se é crônica ou noticia e justifica sua resposta) (Apêndice 9).

1- Comparação entre os gêneros Notícia e Crônica 2- Fato X Ficção

OFICINA 7:

OS ELEMENTOS

DA NARRATIVA

1-Ouvir e ler narrativas sobre esportes. 2-Levar os alunos a reconhecerem os elementos

1- Escuta e leitura da canção “Grande coisa” – Premê / Silvinho – (Narração esportiva) (Anexo9). 2- Leitura do texto “Narração esportiva – transcrição de um jogo de futebol”, narrado pelo locutor Éder Luis, da Rádio Band FM (Anexo 10). 3-Leitura de uma crônica narrativa escrita, com teor

1- Elementos da Narrativa 2- Retextualização

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narrativos na narração esportiva. 3- Possibilitar a retextualização da canção para a crônica.

literário (Anexo 11). 4-Questionário com perguntas de interpretação e comparação entre os três textos, com foco nos elementos da narrativa: personagem, espaço, tempo, foco narrativo... (Apêndice 10). 5-Retextualização da canção narrativa trabalhada para uma crônica narrativa (Apêndice 11).

OFICINA 8

ELEMENTOS LINGUÍSTICOS: RETOMADAS

TEXTUAIS

1- Incentivar a leitura da narrativa sobre futebol. 2- Levar o aluno a descobrir as palavras para a retomada textual. 3- Levar o aluno a descobrir as marcações de tempo utilizadas na narrativa.

1- Leitura da crônica narrativa esportiva:

A BOLA E O GOLEIRO – Jorge Amado (Anexo 12).

SALVO PELO FLAMENGO - Paulo Mendes Campos (Anexo 13).

2- Utilizar mecanismos de retomada textual nos textos lidos através de atividade escrita. Atividade de cruzadinha com algumas palavras do texto (Apêndice 12). 3- Oralmente, comentar a respeito das marcas temporais utilizadas nas narrativas.

1- Retomada textual (pronomes, nomes, sinônimos, adjetivos, repetições) 2- Marcas temporais

OFICINA 9:

TERMOS DO

FUTEBOL

1- Incentivar a pesquisa de termos ligados ao futebol. 2-Incentivar o aluno a participar da dinâmica de compreensão do texto e do jogo Caminho das Crônicas Esportivas.

1-Pesquisas de termos relacionados ao futebol: em grupos no laboratório de Informática. 2-Produção de relatório escrito sobre a pesquisa realizada e exposição oral. 3-Leitura e escuta da crônica “Fura-redes”, de Jorge Amado (Anexo 14). 4-Dinâmica do tempo: atividades de compreensão do texto (Apêndice 13). 5-Jogo com palavras relacionadas ao futebol: “O Caminho das crônicas esportivas” (Apêndice 14).

1-Termos relacionados ao futebol 2- Tempo verbal nas crônicas

OFICINA 10: ESCREVENDO UMA CRÔNICA

1- Incentivar a leitura das dicas para escrita de crônicas do jornalista Márcio Pimenta no site indicado.

1-No laboratório de Informática2, ler, nos sites, as instruções para escrita de crônicas. (Anexo 15) 2- Produzir em resumo escrito sobre as dicas de escrita de crônicas elaboradas pelo Jornalista Marcio Pimenta. 3- Colocar no mural da sala

1- Características das crônica

OFICINA 11: Produção

Final: CRÔNICA

ESPORTIVA

1-Incentivar a produção de uma crônica narrativa esportiva.

1-Produção de uma crônica narrativa, com teor literário, a partir de uma notícia sobre futebol (o aluno pode reescrever a primeira produção, ou recomeçar do zero)

1 – Gênero Crónicas Esportiva

OFICINA 12: REVISÃO E REESCRITA

DA PRODUÇÃO

1-Promover a revisão e a reescrita textual.

1- Revisão coletiva das produções através da “FICHA DE AVALIAÇÃO SOBRE O GÊNERO” (Apêndice 15).

2 Fonte: <http://www.folhetimonline.com.br/2012/06/25/dicas-6-dicas-para-escrever-uma-cronica/> e <http://www.folhetimonline.com.br/dicas/>.

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Fechamento da Interação: A ARTE FINAL

1- Exposição das atividades produzidas. 2- Evento de finalização do projeto na Escola da Vila Nova.

3- Criação de um Blog – extraclasse. 4-Lançamento do Livro das Produções do Projeto.

Como vê-se na sinopse, o primeiro passo foi apresentação do gênero. Por

isso elaborou-se uma dramatização como parte da apresentação da situação –

projeto de ensino voltado para o ensino da crônica com temáticas esportivas.

O início da implementação da SD aconteceu de maneira dinâmica, tendo-se

então, constatada a colaboração de toda a equipe pedagógica e administrativa da

Escola Estadual João XXIII, assim como a participação ativa dos próprios alunos da

turma.

Cada oficina teve como foco principal preparar o aluno para a produção final,

objetivo principal da sequência didática, sendo devidamente registrada pelos alunos

em seus portfólios.

A primeira oficina foi a peça teatral “O MUNDO FANTÁSTICO DA

IMAGINAÇÃO”, que objetivou levar aos alunos a um primeiro contato com o gênero.

Para a apresentação da situação, primeiro momento de uma SD, houve a

colaboração eficiente e dedicada de antigos alunos, hoje de primeiro, segundo e

terceiro anos do Ensino Médio, oriundos do Colégio Estadual José Ferreira de Mello

que atuaram na peça teatral.

Quanto a esse início da SD, pode-se pensar no questionamento: “Mesmo a

SD sendo centrada na produção de textos, ela consegue articular todos os eixos de

ensino da língua: escrita, leitura, análise linguística e oralidade?”. Neste ponto

observou-se claramente que a SD possibilita, sim, a articulação dos variados eixos

da língua, ou seja, as capacidades de leitura e oralidade (a dramatização da peça

possibilita articulação entre os vários eixos da língua, assim como com outras áreas

do saber).

Outro questionamento foi: “O trabalho com esse gênero amplia os horizontes

culturais, sociais e intelectuais dos alunos?” A resposta é simples: “Sim”. De maneira

natural e até imperceptível, nessa etapa da implementação, os alunos tiveram

contato com culturas variadas no momento em que se apresentou a eles

personalidades famosas do Brasil e do mundo relacionadas ao futebol, assim como,

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nos textos literários, nos contos de fadas e nas HQ que tiveram seus personagens

elencados na peça teatral já citada.

Esse evento foi muito importante. A dramatização levou os alunos a tomarem

o primeiro conhecimento do gênero com o qual trabalhariam durante o período

estipulado, proporcionando, assim, um melhor desempenho na leitura e na escrita.

Esta dramatização contribuiu para a escrita porque despertou a curiosidade dos

alunos quanto aos personagens apresentados na peça de teatro, principalmente

aqueles relacionados ao mundo do futebol. Neste caso os alunos procuraram

colocar em suas produções ações e características de alguns personagens. Isto

auxiliou, com certeza porque serviria de subsídio para suas produções de crônicas

esportivas.

Com essa oficina percebeu-se o quão importante é o fato de se conhecer os

gêneros citados na dramatização (Contos de Fadas, Histórias em Quadrinhos,

Biografia e Crônicas Esportivas), naquele momento apresentados através de

personagens dos clássicos Contos de Fadas, da Turma da Mônica, personalidades

importantes do futebol brasileiro e personalidades do Brasil e do mundo. Houve a

participação dos alunos da turma 6º ano B do Projeto PDE “Histórias em

Quadrinhos”, elaborado e executado pela professora Angela Maria Sampaio

Baptista; da turma 6º ano D com o Projeto PDE “Contos de Fadas” elaborado pela

professora Ângela Scheffer Portela e ainda os alunos do 9º ano A da Escola de Vila

Nova com o Projeto PDE “Biografia”, da professora Neiva Pereira Martins.

A segunda oficina, intitulada “Os Gêneros e as Artes”, teve dois objetivos:

aproximar os alunos do gênero “crônica” e possibilitar-lhes a identificação da

diversidade dos tons (lirismo, crítica, humor, reflexão, etc.) existentes nesse gênero.

Nessa oficina os alunos receberam crônicas variadas de temas e tons

variados; depois participaram de uma dinâmica em que todas as imagens expostas

no chão possibilitavam a cada aluno relacioná-las às crônicas lidas. Na sequência, o

professor apresentou para turma, oralmente, qual o tom e tema de cada uma.

Durante a execução dessa oficina foi possível questionar: “Por meio da SD é

possível que o aluno desenvolva capacidades de linguagem para a produção e a

leitura do gênero selecionado?”. Com esse tipo de atividade percebe-se que os

alunos desenvolveram a linguagem escrita e falada relacionada ao gênero “crônica

esportiva” porque eles puderam apresentar oralmente o que descobriram ao

relacionar imagens e textos, possibilitando assim a observação de sua fala. Essa

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atividade proporcionou o desenvolvimento das capacidades de linguagem

justamente porque incentivou cada aluno a expor oralmente a produção escrita do

gênero escolhido nesta SD.

Os alunos participaram ativamente da atividade e apreciaram muito o passeio

pela sala na busca de sua imagem.

Figura 5 – Atividade da oficina “Os Gêneros e as Artes”

Na oficina três, “Contexto de Produção das Crônicas”, o objetivo principal foi

possibilitar que os alunos explorassem o contexto de produção do gênero através de

questionário que os levaria a analisarem as crônicas da oficina anterior. Essa

atividade teve também a participação ativa e dinâmica de cada estudante e eles

demonstraram estar preparados para a resolução dos exercícios.

Já objetivando a produção inicial da SD, passou-se a oficina quatro, na qual o

aluno teve o primeiro contato com o tema Esporte, foco principal da SD. Nesse caso,

iniciou-se com a apresentação de vídeos gravados de DEBATES ESPORTIVOS na

televisão. Os alunos, em grupos, deveriam assistir a cada um e depois elaborar o

seu próprio debate para apresentar em sala.

Essa atividade foi bem apreciada pela maioria dos alunos, com exceção de

um deles que disse não gostar de futebol, porém, auxiliou os colegas na preparação

do debate e participou ativamente, fazendo, inclusive, o papel de quem comanda um

debate esportivo. Então, diante desse fato, pode-se perceber que o tema foi bem

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trabalhado. Percebeu-se que estas atividades da SD contribuíram para melhorar a

competência comunicativa nos alunos devido ao fato de que os mesmos fizeram

exposições orais de suas ideias, conseguindo assim, desenvolver ou aprimorar as

suas habilidades de linguagem. Eles precisavam pensar um pouco mais no que

diziam para serem convincentes no debate em questão. Mesmo sabendo que os

alunos tinham suas falas programadas anteriormente, notou-se o empenho de cada

grupo em fazer-se entender e principalmente, convencer. Então, procuraram falar da

maneira mais argumentativa e correta possível. Em alguns momentos os debates

ficavam bem dinâmicos e como era de se esperar, alguns alunos (na representação

fictícia de seus papéis) ficavam até alterados.

A atividade de produção inicial só aconteceu na oficina cinco. Essa produção

objetivou diagnosticar o conhecimento dos alunos em relação à escrita da crônica

esportiva, a partir de uma notícia de jornal. Cada aluno recebeu um recorte de jornal

com uma notícia esportiva daquele momento. Para execução desta atividade, foi

dito, apenas, que, baseados nas crônicas já lidas anteriormente, deveriam, então,

escrever as suas próprias.

Essa atividade foi bem recebida pelos alunos, porém, no momento da

produção, sentiram dificuldade de colocar suas ideias no papel, devido ao fato de

que ainda não sabiam como e nem o que exatamente deveriam escrever. Após

conversas sobre o tema, os alunos conseguiram fazer a produção solicitada. Essa

resistência na escrita já era esperada, pois os alunos ainda não tinham passado por

um processo sistemático de ensino do gênero, já que na metodologia das SD, a

primeira produção tem teor diagnóstico.

A oficina seis, intitulada de “Fato/Ficção < – > Notícia/Crônica” apresentou

como objetivo principal levar os alunos a fazerem a diferenciação dos gêneros

“Notícia” e “Crônica” através de apresentação de slides com notícias verdadeiras e

ou inventadas para que o aluno pudesse fazer a diferenciação do que é fato ou

ficção. Ainda como parte dessa oficina os alunos tiveram contato com o livro Deu no

jornal de Moacyr Scliar. Os alunos leram livremente o livro, depois procedeu-se a um

debate a respeito da leitura (Anexo 1 – capa do livro Deu no Jornal).

Na sequência, fez-se análise escrita de crônicas originárias de notícias

analisadas, ressaltando-se principalmente as características que diferenciam os dois

gêneros. Para finalizar a oficina, os alunos participaram da dinâmica da “Caixinha do

tempo”, com atividades de interpretação de crônicas e notícias.

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“Os elementos da Narrativa” é o título da sétima oficina. Nessa etapa buscou-

se alcançar alguns objetivos, tais como: ouvir e ler narrativas sobre esportes, levar

os alunos a reconhecerem elementos narrativos na narração esportiva, bem como

possibilitar a retextualização de uma canção para uma crônica.

Durante a realização dessas atividades os alunos participaram ativamente.

Apresentou-se inicialmente a canção “Grande Coisa” do grupo musical

Premeditando o Breque. Essa música é uma retextualização de uma narração

esportiva, na qual o Brasil é o jogador de futebol que vai levando a bola aos estados

brasileiros. Essa atividade chamou muito a atenção dos alunos. Foi levado um mapa

para a sala pra que os alunos fossem localizando cada estado narrado na canção.

Foi bem interessante trabalhar dessa maneira com os alunos porque percebemos o

interesse e a rapidez com que tentavam localizar as cidades no mapa gigante

exposto em sala.

No mesmo encontro os alunos puderam ouvir uma narração esportiva de Éder

Luis, da Rádio Bandeirantes FM, e depois leram o mesmo texto escrito. Para

terminar a oficina, apresentou-se aos alunos um questionário de comparação entre

os três textos, tendo como foco principal observar os elementos narrativos (espaço,

personagem, narrador, tempo). As atividades da oficina foram bem dinâmicas, talvez

por esse motivo os alunos tenham demonstrado bastante interesse e conseguiram

desenvolver suas habilidades de interpretação de texto escrito.

Na oficina oito, “Elementos Linguísticos: Retomada textual”, todas as

atividades foram aplicadas e trabalhadas conforme o planejado, sendo que os

alunos cumpriram todas, porém não gostaram. Questionaram quanto ao fato de

terem que descobrir termos faltantes em seus textos. Inicialmente, pensaram que

seria simples, mas, no decorrer da atividade, perceberam certa dificuldade, porém

foram superando aos poucos devido à quantidade de textos para esse fim.

Nessa oficina eles conheceram duas crônicas esportivas – “A bola e o goleiro”

de Jorge Amado, e “Salvo pelo Flamengo” de Paulo Mendes Campos. A primeira

crônica originou a peça teatral dramatizada pelos alunos das quatro turmas do PDE

já citadas anteriormente no dia do encerramento dos projetos. Um vídeo do Youtube

também deu embasamento para essa criação dramática. (Anexo 2 – Peça teatral:

MUNDO FANTÁSTICO DA IMAGINAÇÃO – no futebol)

A oficina nove, “Termos do Futebol”, deveria acontecer no Laboratório de

Informática da escola para os alunos pesquisarem termos do futebol, mas não foi

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possível devido à pequena quantidade de máquinas disponíveis. Então, decidiu-se

que os alunos fariam suas pesquisas em casa e as trariam para a turma. Eles

cumpriram a tarefa e ainda fizeram cartazes para apresentarem os resultados à

turma.

Na sequência, ouviram a narração da crônica “Fura-redes” de Jorge Amado.

Depois leram o mesmo texto individualmente. Para atividades de estudo desse texto

os alunos participaram da “Dinâmica da Caixinha do Tempo”. Finalizando essa

oficina os alunos foram convidados a participar do jogo “O caminho das crônicas”.

Figura 6 – Atividade da “O caminho das crônicas”

Dando continuidade, iniciou-se a oficina dez, a qual objetivou incentivar a

leitura das dicas para escrita de crônicas do jornalista Márcio Pimenta. Nessa oficina

os alunos deveriam ir até o laboratório de informática pesquisar instruções para

escrita de crônica, porém, pesquisaram em suas casas devido ao fato de que os

computadores não se encontravam em condições de uso naquele momento.

Essa pesquisa deu subsídio para a escrita de um resumo. Todos o fizeram e

compreenderam como se pode resumir um texto lido. Embora não estivesse

planejado, os alunos produziram, ainda, o “mapa conceitual” de seus resumos. Foi

bem interessante. Fizeram em folhas sulfites e colaram em seus portfólios.

Nessa etapa, chegou-se ao ponto mais importante da SD, a produção final de

uma crônica esportiva com teor jornalístico, escrita a partir de notícias atualizadas

sobre o futebol. Os alunos esforçaram-se bastante nessas produções. Procuraram

aplicar os conhecimentos adquiridos durante as aulas em seus textos. Percebemos

maior facilidade na escrita, em comparação à primeira produção feita por eles. Isso

se deu devido ao fato de que desenvolveram todas as atividades da SD. Durante

cada oficina buscou-se levar atividades de enriquecimento e novas informações para

que subsidiassem a sua produção final. Esse objetivo foi atingido integralmente

porque os alunos demonstraram-se mais preparados para sua escrita final, tendo-se

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em vista os conhecimentos adquiridos durante as aulas e que se tornaram

conhecimentos efetivamente aprendidos.

Fazendo-se um comparativo com a primeira produção, pode-se perceber que

os alunos melhoraram em alguns aspectos, como:

Sua escrita - no sentido de que conseguiram apresentar argumentações mais

convincentes nas produções orais e escritas;

Os alunos empregaram corretamente a estruturação composicional do gênero

Crônica Esportiva, demonstrando em suas produções o desenvolvimento das

capacidades de ação, reconhecendo o gênero como uma leitura de

informação, críticas e entretenimento, bem como, fazendo uso da sua

criatividade durante a produção textual deste gênero.

No que se refere à capacidade discursiva, notou-se que os alunos

conseguiram empregar corretamente a característica estrutural do gênero,

fazendo assim, a transformação de um fato esportivo em crônica esportiva.

Na capacidade linguístico-discursiva os alunos empregaram de maneira

cuidadosa os pronomes, substantivos, sinais de pontuações, reticências,

interjeições, repetições de palavras, frases exclamativas, e os elementos

paratextuais trabalhados durante a oficina dos elementos linguísticos ou

retomadas textuais.

Quanto ao questionamento “uma SD pode desenvolver nos alunos a

competência comunicativa?”, pode-se afirmar que sim, porque dá oportunidade aos

educandos apresentarem oralmente seus conhecimentos e ainda oportuniza a busca

de informações com outros colegas, tendo-se em vista que estavam em conjunto na

sala.

Como se pode perceber, a SD é realmente um método de ensino eficaz que

proporciona um aprendizado contextualizado da língua através do trabalho com um

gênero textual.

A última oficina foi a de “Revisão e reescrita das Crônicas esportivas”. Depois

de produzidos, os textos foram recolhidos e redistribuídos para que outros colegas

os lessem e apontassem possíveis erros gramaticais, ortográficos, de concordância

ou relativos à discursividade do gênero, tendo como base uma “Ficha de avaliação

sobre o gênero”. Os alunos deveriam fazer anotações sobre o texto lido do colega,

inclusive os comentários.

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Essa atividade aconteceu de maneira respeitosa e dinâmica e pode-se dizer

que chamou bastante atenção dos alunos o fato de poderem “analisar” a produção

do outro. Inicialmente até estranharam um pouco, mas perceberam que seria

importante para auxiliar o colega a melhorar o que escreveram. Isso levou os alunos

a pedirem para repetir este tipo de atividade em outros momentos. Percebe-se,

assim, a importância do trabalho com as sequências didáticas no cotidiano escolar.

Na sequência, fez-se a correção do professor para depois devolver os textos

produzidos aos alunos para que fizessem os ajustes necessários, reescrevendo-os e

colocando-os nos seus portfólios.

As atividades propostas para o trabalho desta SD oportunizaram aos alunos

perceberem que a crônica esportiva é um gênero que tem uma leitura prazerosa e

que pode ampliar seus horizontes culturais, sociais e intelectuais.

Percebeu-se ao final de todas as atividades que o professor pode fazer uso

das crônicas nas aulas de Língua Portuguesa porque as mesmas oportunizam, com

certeza, o trabalho focado nos eixos principais da língua: escrita, leitura, análise

linguística e oralidade.

Especificamente o trabalho com as crônicas esportivas levou os alunos a um

maior questionamento da realidade. Mostrou-se aos alunos que este gênero textual

reproduz fatos corriqueiros ou não, de uma maneira crítica, algumas vezes cômica,

dramática e até mesmo de maneira trágica.

Mostrou-se o tempo todo aos alunos que as crônicas auxiliam na

compreensão de que notícia e crônicas são elementos opostos. Em sala de aula,

durante o trabalho com a SD de crônicas esportivas ressaltou-se que com base no

que afirma Jorge de Sá que: [...] o jornal nos dá notícias da vida e da morte; a

crônica nos faz compreender a coexistência desses dois elementos que se opõem,

mas não se excluem.

Apresentou-se em sala de aula no decorrer da implementação da SD a ideia

de este gênero textual aborda as emoções variadas através de alguns recursos que

o torna capaz de ser analisado por nossos alunos ou ainda por leitores mais críticos.

Segundo Jorge de Sá (2008, p.9), “O cronista-poeta não fantasia sensações,

registra-as usando os seus recursos estilísticos, mas sempre consciente de que a

crônica oscila entre o visto e o imaginado.” Esta característica específica das

crônicas leva a conclusão de que este seja um gênero capaz de despertar nos

alunos o desejo de ler, interpretar e produzir textos.

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O trabalho com as crônicas esportivas oportunizou em nossos alunos ainda

perceber a criticidade de cada texto. As crônicas, segundo Simon (2011),

apresentam assuntos variados, tratando de temas da atualidade. Observou-se

durante os trabalhos desta SD que nesse gênero textual há uma rica elaboração da

linguagem e que os alunos conseguiram perceber claramente estas características.

Diante disso, observa-se na citação abaixo:

Os assuntos abordados nas crônicas são muito variados: mulher, amor, cidade, infância, política são alguns dos temas usados pelos cronistas. Há ainda uma farta produção de textos que tratam do próprio fazer poético, do cotidiano do escritor e da ambiguidade experimentada pelo cronista entre o meio jornalístico e o meio literário. Os recursos linguísticos e literários utilizados também são diversificados, proporcionando aos leitores contato com formas ricas e múltiplas de elaboração da linguagem. (SIMON, 2011, p.54).

Constatou-se ainda que a SD pode despertar o interesse dos alunos no que

se refere à leitura e escrita dos gêneros, sejam eles quais forem.

Para dar encerramento à implementação da SD, programou-se uma tarde de

autógrafos com exposição das produções dos alunos e apresentação de uma peça

teatral encenada pelos mesmos alunos envolvidos nos projetos Biografia, Contos de

fadas, HQ e Crônicas esportivas. Nesse contexto também houve apresentação de

dança rítmica do arco – tema: Copa do Mundo 2014, com a participação de quarenta

e duas alunas das mesmas turmas.

Figura 7 – Apresentação da dança rítmica do arco e da peça teatral: “O MUNDO

FANTÁSTICO DA IMAGINAÇÃO – NO FUTEBOL”

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Este evento aconteceu com a participação de todos os alunos das duas

escolas, sendo assistido pela comunidade escolar e representantes da

administração deste município.

Foi uma apresentação muito bonita e demonstrou a dedicação e capacidade

dos alunos em participarem de atividades dramáticas e musicais diferenciadas do

seu cotidiano em sala de aula.

A presença da comunidade e autoridades políticas que assistiu à peça

ressaltou a importância do PDE para a educação em nosso município.

Diante de todo o exposto aqui e retomando os questionamentos

apresentados no início deste artigo, conclui-se que, dessa maneira a escola, através

das aulas de Língua Portuguesa, pode contribuir para melhorar a competência

comunicativa de nossos alunos, levando-os a desenvolverem capacidades de

linguagem para a produção e a leitura.

6 Considerações finais

A crônica não quer abafar ninguém,

só quer mostrar que faz literatura também.‖

(Joaquim Ferreira dos Santos)

Este trabalho tem o propósito de buscar momentos de pesquisa, estudo

aprofundado, discussões e reflexão que levassem repensar as aulas de Língua

Portuguesa, focando os eixos principais da língua: a leitura, oralidade, escrita e

análise linguística; com especificidade no gênero textual “crônica esportiva”.

Objetivou-se ainda interferir na realidade da aprendizagem em alunos do oitavo ano,

por meio do desenvolvimento e da implementação de uma SD do gênero Crônica

esportiva. Este artigo visou, assim, mostrar um processo de ensino e aprendizagem

centrado na leitura e na escrita de crônicas sobre o tema “esporte”.

Os resultados já aqui apresentados proporcionam algumas conclusões para o

contexto trabalhado. Percebe-se que há necessidade de o professor trabalhar com

os gêneros textuais, utilizando-os como objeto/instrumento de trabalho para o

desenvolvimento da linguagem. Dessa forma, pode-se desenvolver a tão sonhada

competência comunicativa nos nossos alunos.

As atividades propostas para o trabalho com a SD, especificamente aqui, com

o gênero “crônica esportiva”, pode levar o aluno a desenvolver suas capacidades de

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conhecer, criar, compreender, dando a ele a oportunidade de aproximar-se de

diversas situações de comunicação que possivelmente podem conduzi-lo a

construção do seu próprio conhecimento.

A SD aqui exposta auxiliou na organização e seleção dos trabalhos

realizados, objetivando o desenvolvimento da prática discursiva oral e escrita nos

alunos do oitavo ano do Ensino Fundamental.

O trabalho contou com a participação ativa dos alunos. Desde início da SD

os trabalhos foram desenvolvidos de maneira prazerosa e receptiva por parte dos

alunos.

Procurou-se observar durante todo o processo de implementação da SD o

desenvolvimento das capacidades didáticas em cada educando, separadamente,

focando-se a transposição didática do gênero textual “crônica esportiva”.

É importante ressaltar que a todo o momento, buscou-se responder e atender

aos questionamentos propostos no Projeto de Intervenção Pedagógica.

E diante disso, pode-se concluir que a SD proposta pelos estudiosos de

Genebra é um método muito eficaz de ensino de língua. A partir das observações

feitas durante todo o processo de aplicação da SD em oficinas, constatou-se

realmente a eficácia do método.

Percebeu-se ainda, no decorrer das atividades realizadas pelos alunos, que

houve o desenvolvimento das capacidades de leitura e, principalmente, de produção

de textos. Isso se deveu ao fato de que as oficinas apresentadas na sinopse da SD

eram acessíveis ao entendimento dos alunos e buscavam acompanhar a sua

realidade.

Quanto ao fato de ampliar os horizontes socioculturais dos alunos, notou-se

que em cada texto trabalhado em sala os alunos encontravam sempre algo que lhes

parecia interessante, melhorando, assim, cada vez mais, seu o horizonte cultural.

Para finalizar, gostaríamos de enfatizar que a implementação do Projeto de

Intervenção Pedagógica foi instrumento capaz de despertar o interesse pelo uso da

metodologia das SD, a qual, com certeza, fará parte da nossa prática pedagógica.

Podemos afirmar que essa forma de ensino alterou sem dúvida a nossa prática

como educadora.

Percebe-se que o trabalho com a SD proporciona o auxílio eficaz na tão difícil

tarefa de “ensinar”. Tarefa essa a que cada educador busca incessantemente no seu

cotidiano. Apesar de sabermos que não existe a “melhor” fórmula para auxiliar no

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desenvolvimento dos saberes, notamos que através do trabalho com as SD é

possível perceber uma maior apropriação das práticas de linguagem por parte dos

nossos alunos. Observamos, diante desse fato, maiores resultados positivos no

momento da finalização dos trabalhos.

É importante ressaltar que o resultado de toda a implementação desta SD foi

muito positivo, sabendo-se que os alunos, em sua maioria, conseguiram

desempenhar todas as atividades propostas com empenho e dedicação, procurando

a cada aula esmerar-se mais.

Percebeu-se claramente durante a implementação da proposta de trabalho

com o gênero textual “Crônica Esportiva” a progressão dos alunos no que se refere

a leitura, interpretação e análise linguística e crítica das crônicas, posto que elas

apresentaram uma leitura clara e acessível.

A experiência da aplicação da SD nos demonstrou que é possível tomar o

gênero “crônica esportiva” como objeto de ensino da língua.

Finalizando, foi possível ainda notar que a experiência com o trabalho

baseado nas SD evidenciou a necessidade de se tornar presente, cada dia mais, os

gêneros textuais como objetos das aulas de Língua Portuguesa. Para isso é

necessário que haja no trabalho dos professores metodologias diferenciadas de

estudo para melhor desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem.

O professor conta com vários instrumentos de aplicação de conteúdos,

porém, o trabalho com a SD possibilita que ele deixe de ser consumidor do livro

didático para tornar-se criador de seu próprio material, à luz das reais dificuldades

dos alunos. Esse problema é superado, com certeza, se o professor souber elaborar

e implementar a sua SD.

Referências

ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro & interação. 1.ed.São Paulo: Parábola Editorial, 2003. BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. 4. ed.São Paulo: Martins Fontes, 1997.

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BARROS, Eliana Merlin Deganutti de. Aproximações entre o funcionamento da Metodologia das Sequências Didáticas e o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal. Calidoscópio, vol. 11, n. 1, jan./abr. 2013. ____. Transposição Didática externa: a modelização do Gênero na pesquisa colaborativa. Raído, Dourados, MS, v. 6, n. 11, p 11 - 35, jan./jun. 2012b. ____. Transposição Didática Externa da carta de reclamação no processo de formação docente. Londrina, PR, PG-UEL-CAPES / UENP, 2009 BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental – Língua Portuguesa. Volume: Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: MEC/SEB, 1998. BRONCKART, Jean-Paul. Atividade de linguagem, textos e discursos: por um interacionismosócio-discursivo. Tradução Anna Rachel Machado. São Paulo: EDUC, 1999. DOLZ, Joaquim; NOVERRRAZ, Michèle; SCHNEUWLY, Bernard. Sequências didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY. Bernard; DOLZ, Joaquim (org.). Gêneros orais e escritos na escola. Trad. de Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas: Mercado de Letras, 2011. DOLZ, Joaquim; SCHNEUWLY, Bernard. Gêneros e progressão em expressão oral e escrita – elementos para reflexões sobre uma experiência suíça (francófona). In: SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim (Org.). Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado das letras, 2004. DOLZ, Joaquim; GAGNON, Roxane; DECÂNDIO, Fabrício. Produção Escrita e Dificuldades de Aprendizagem. Trad. De Fabrício Decândio e Anna Rachel Machado. Campinas: Mercado das Letras, 2011 DUARTE, Newton. As pedagogias do aprender a aprender: e algumas ilusões da assim chamada sociedade do conhecimento. Universidade Estadual Paulista. São Paulo: 2001. MACHADO, Anna Rachel; CRISTOVÃO, Vera Lúcia Lopes. AConstrução de Modelos Didáticos de Gêneros: Aportes e questionamentos para o ensino de Gêneros.Revista linguagem em (Dis)curso,Tubarão/SC, v. 6, n. 3, p. 547-573, set./dez. 2006 PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação Básica. Diretrizes Curriculares daEducação Básica – Língua Portuguesa. Paraná: SEED, 2008. SÁ, Jorge de. A crônica. 7.ed. São Paulo: Ática, 2008. SCLIAR, Moacyr. Deu no Jornal. Rechim, RS: Edelbra, 2008.

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SIMON, Luiz Carlos. Duas ou três páginas despretensiosas: a crônica, Rubem Braga e outros cronistas. Londrina: EDUEL, 2011.

SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 2. Ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. ____. Letramento em verbete: O que é Letramento? In: SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. São Paulo: Autêntica 1999.

ANEXOS

ANEXO 1 – Livro DEU NO JORNAL, de Moacyr Scliar

ANEXO 2 – Peça Teatral: MUNDO FANTÁSTICO DA IMAGINAÇÃO... NO FUTEBOL, de Angela Maria Sampaio Baptista, Angela Scheffer Portela, Clélia Maria Costa Fogaça e Neiva Pereira Martins

ENTRADA DAS PRINCESAS/ PRÍNCIPES

Música – VALSA: Danúbio Azul

Peça Teatral:

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MUNDO FANTÁSTICO DA IMAGINAÇÃO... NO FUTEBOL... 2ª música – UMA PARTIDA DE FUTEBOL

Narrador(a) - VOU CONTAR A QUEM A QUEIRA OUVIR A HISTÓRIA DA BOLA FURA-

REDES E DO GOLEIRO BILÔ-BILÔ, O CERCA-FRANGO, UMA HISTORINHA PARA NINGUÉM

BOTAR DEFEITO, BREVE E LOUCA COMO A VIDA.

NESTA HISTÓRIA OS PERSONAGENS MAIS FAMOSOS DOS CONTOS DE FADAS E DA

TURMADA MÔNICA TAMBÉM FARÃO PARTE, JUNTAMENTE COM ALGUMAS

PERSONALIDADES POLÍTICAS FAMOSAS DO BRASIL E DO MUNDO...

3ª música – EU SEI QUE EU SOU BONITA E GOSTOSA ... As Frenéticas [Fura-redes se

exibindo]

Fura-Redes – EU SOU A BOLA FURA-REDES. O MEU DESTINO É FAZER GOLS. SOU A

MAIOR ESPECIALISTA DO PAÍS EM FAZER GOLS. _EU FAÇO GOLS OLÍMPICOS, DE

PLACA, DE LETRA E DE BICICLETA... INCOMPARÁVEIS!!!!

Mônica: AH, E POR QUE VOCÊ SE ACHA ASSIM, TÃO INCOMPARÁVEL¿

Cebolinha: OLA, OLA MÔNICA, SUA DENTUÇA.... VOCÊ SABE POLQUE ESTA BOLA É A MAIS

FAMOSA DE TODAS¿ ...

Mônica: AHHH, E POR ACASO, VOCÊ CEBOLINHA, O GRANDE ESPERTALHÃO, SABE¿

Cebolinha: CLALO, MÔNICA... POLQUE A FULA-LEDES FAZ GOLS DE PLACA, DE

LETLA...(HEHEHEH) – DENTUÇA, DENTUÇA, DENTUÇA...

Narrador(a) - Por isso mesmo tornou-se conhecida e aclamada como Esfera Mágica, Goleadora

Genial, Pelota Invencível e Redonda Infernal

Locutor:[ repetindo]

Narrador(a) – Dá licença Seu Locutor porque quem está narrando esta história sou eu... Isso

aqui é uma peça de teatro e não um estádio de futebol...

Locutor: AI MINHA PERNA! QUEBROU A MINHA PERNA, QUEBROU... [sai mancando]

Rapunzel: OH, MEU PRÍNCIPE, VOCÊ PODERIA AJUDAR O LOCUTOR¿ ELE CAIU...

COITADINHO...

Príncipe Encantado: É CLARO QUE SIM, RAPUNZEL. MAS SEGURE AS SUAS TRANÇAS PARA

QUE NINGUÉM PISE NELA.

Príncipe Encantado: LEVANTE-SE, LEVANTE-SE... PRECISAMOS OUVIR O RESTANTE DA

HISTÓRIA DA FURA-REDES...

Locutor: OK, OBRIGADO...

[Saem de cena]

Narrador(a) – Como eu ia dizendo: “A bola Fura-Redes era o pavor dos goleiros, a paixão dos

pontas-de-lança e dos comandantes de ataque, a bem-amada da torcida.

4ª música – dança com pompons ...COCA COLA-COPA: PASSINHO

“OLÊ, OLÁ! ESSA BOLA FURA-REDES TÁ BOTANDO PRÁ QUEBRAR... [todo o grupo

canta]

5ª música - Música da Copa 2014 - SELEÇÃO DE 70

Cebolinha: LUSTLOSA!!! Rapunzel: CERCA DE 600 GOLS!!!

Mônica: LEVE E ATREVIDA!!!! Chapeuzinho Vermelho: NASCEU PARA

CRUZAR O ARCO!!!!

Bela: MAIS REDONDA DAS PELOTAS!!! Ronaldo: PROVOCA O GRITO DE

GUERRA!!!!

Fera: TORNOU-SE POPULARÍSSIMA!!! Adir: É A VITÓRIA DA GALERA!!!!

Coreografia com estes personagens

Repete-se: “OLÉ, OLÁ! ESSA BOLA FURA-REDES TÁ BOTANDO PRÁ

QUEBRAR...[saem do palco]

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6ª música – Vinheta do Mesa Redonda)

Flávio Prado - ( comentarista esportivo) – SENHORITA FURA-REDES, VOCÊ ESTÁ SENDO

COGITADA PARA SER A BOLA OFICIAL DA COPA DO MUNDO DE 2014. OS ARTILHEIROS

DOS GRANDES CLUBES MORREM DE AMORES POR VOCÊ.

[Personagens admirando a bola Fura-Redes]

7ª música – My girl – The Temptations

Bola Fura-Redes – AHH, EU SEI...TODOS MORREM DE AMORES POR MIM!!!

Sininho: NOSSA, COMO VOCÊ É CONVENCIDA FURA-REDES!!!!

Princesa Encantada: SABE, DESSE JEITO NINGUÉM GOSTARÁ DE VOCÊ...

Fada Madrinha: É MESMO, VOCÊ DEVERIA SER MAIS HUMILDE...

Bola Fura-Redes: ORA...MAS TODOS QUEREM SER MEUS FAVORITOS PARA ALCANÇAR

RECORDES MUNDIAIS DE GOLS OLÍMPICOS. EU NÃO TENHO PREFERÊNCIA POR

NENHUM. QUANDO EU SOU PEGA PELA CHUTEIRA DO MAIOR DOS CRAQUES, O REI DO

FUTEBOL OU A CHUTEIRA DE UM PERNA DE PAU, EU NÃO MUDO. SOU SEMPRE A MESMA.

IM-PAR-CI-AL!!!!

Sininho: Ok, ASSIM EU COMPREENDO... MELHOR ENTÃO!!!

Garotinha: SABE O QUE EU ESTOU PERCEBENDO¿ QUE O NOSSO LIVRO PODERIA SER

UTILIZADO AQUI PARA REGISTRAR AS HISTÓRIAS DA BOLA FURA-REDES. VAMOS

PROCURÁ-LO¿

Sininho: VAMOS, MAS ONDE¿

Garotinha: PODE SER QUE ESTEJA JOGADO NA FLORESTA... COITADINHO!

Princesa Encantada: NÃO, ELE CONSEGUIU FAZER MUITOS AMIGOS LEITORES,

LEMBRAM-SE¿

Garotinha: É MESMO... QUE BOM... ENTÃO ELE DEVE ESTAR NUMA BIBLIOTECA....

Princesa Encantada: ACHO QUE NÃO...SABE... EU FIQUEI SABENDO QUE ELE FOI LEVADO

PARA AS ESCOLAS...

Sininho: É MESMO... ENTÃO LÁ VAMOS NÓS....

[A Fada Madrinha, Sininho , Princesa Encantada e a garotinha resolveram procurar o livro que

estava sumido por uns tempos...]

(...)

8ª música- Vinheta do Jornal Nacional ..... [Os meninos sentados no chão com a bola]

Willian Bonner: EU FALEI COM A BOLA FURA-REDES QUE DEIXOU BEM CLARO QUE PARA

ELA TODOS OS JOGADORES SÃO IGUAIS. PELO QUE PUDER PERCEBER, É SOLTEIRA!!!

SIM, CAROS SENHORES TELESPECTADORES, ELA NUNCA SE APAIXONOU POR

NINGUÉM. E AGORA COM VOCÊS, O LOCUTOR:

Locutor: BOA TARDE!!!

Narrador(a) – Que locutor, que nada, é comigo, a narradora.

[Empurra o locutor]

[É ajudado pelo repórter / comentarista esportivo]

-Locutores– HUUUUMMMMM!!!!!!!

Narrador(a) – Como eu ia dizendo, a bola Fura-Redes era a paixão dos goleiros, a paixão dos

pontas de lança e dos comandantes do ataque, a bem amada da torcida.

Locutor: E GORA VAI COMEÇAR MAIS UM JOGO. SERÁ QUE O GOLEIRO BILÔ-BILÔ

CONSEGUIRÁ AGARRAR ALGUMA BOLA¿

[O goleiro Bilô-Bilô entra exercitando-se]

[Personagens gritam para o goleiro, provocando-o]

-Emília: OOOO, CERCA-FRANGO!!!!! OOOO, MÃO-FURADA!!!!

Narizinho: EMÍLIA, SE COMPORTE. ESSA NÃO É A EDUCAÇÃO QUE EU LHE DEI...

Pedrinho: EMÍLIA SEI QUE BILÔ-BILÔ NÃO É UM BOM GOLEIRO, MAS FIQUE QUIETA

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-Torcedor: OOOO, REI DO GALINHEIRO!!!

-Torcedor: MÃO-PODRE!!!

-Branca de Neve: E OUTROS NOMES AINDA MAIS FEIOS QUE EU NÃO REPRODUZO AQUI

POR SER ESTA UMA HISTORINHA INFANTO-JUVENIL.

Visconde de Sabugosa: SEGUNDO ESTUDOS RECENTES O GOLEIRO BILÔ-BILÔ, EM TODA A

SUA CARREIRA NUNCA DEFENDEU NENHUMA BOLA ATÉ HOJE.

Emília: NÃO ESTOU NEM AÍ... ESCUTEM... TODOS ESTÃO GRITANDO TAMBÉM... OUÇAM...

Cascão: MÃO-PODRE!!!

Magali: MÃO-FURADA!!!!!

Cascão: CERCA FRANGO!!!!!

Narrador(a) – Pois bem: Bilô-Bilô transformou-se no aplaudido, no popularíssimo Pega-Tudo, o

Tranca-Gol, o Aranha, o Maior de Todos.

Narrador(a) – Quando o avistou no arco daquele time fuleiro que ainda não ganhara nenhuma

partida no campeonato, que recebera goleada sobre goleada, Fura-Redes perdeu a cabeça, não

teve olhos para ninguém.

9ª música- Carruagem de fogo

[Bola Fura-Redes entra em câmera lenta]

[Goleiro Bilô-Bilô também levanta-se em câmera lenta e dá as mãos à Fura-Redes]

Bola Fura-Redes – VEJA O QUE TENHO QUE FAZER PARA FICAR AO SEU LADO!!!!!

[Os personagens cantam todos juntos]

“BILÔ-BILÔ, VOCÊ SEGURA A BOLA E............... JÁ CHEGOU ..............”

10ª música - My girl – The Temptations

[O locutor, Bilô-Bilô, Bonner , os príncipes, a Fera e alguns jogadores de futebol dançam para a

bola Fura-Redes]

11ª música – Vinheta do Jornal Nacional

[Os meninos sentados no chão com a bola Fura-Redes]

Repórter : BOA TARDE!

E AGORA, ANUNCIANDO PARA O BRASIL E PARA O MUNDO INTEIRO. O REI DO

FUTEBOL ACABOU DE MARCAR SEU GOL DE NÚMERO 99 E SE PREPARA PARA MARCAR O

GOL DE NÚMERO 1000. JAMAIS OUTRO ARTILHEIRO REALIZARÁ TAL FAÇANHA E QUEM

SERÁ QUE TERÁ A HONRA E A GLÓRIA DE ENGOLIR O GOL NÚMERO 1000 DO REI. TEM

QUE SER UMAGOLEIRO NACIONAL.

12ª Música – BALLA BALLA – entrada Adir / filha / Adir

[O Prefeito Adir faz seu discurso de abertura para o famoso jogo]

Prefeito Adir: SENHORAS E SENHORES AQUI PRESENTES... É COM IMENSO PRAZER QUE

ESTOU AQUI PARA FAZER A ABERTURA DESTA PARTIDA DE FUTEBOL, QUE COM

CERTEZA CONSAGRARÁ O NOSSO REI DO FUTEBOL COM O TÍTULO DE ARTILHEIRO MIL.

ESTE FEITO FICARÁ GRAVADO PARA SEMPRE NA NOSSA MEMÓRIA.CHAMO AQUI PARA

O PONTA-PÉ INICIAL O CRAQUE ZICO...

Narrador(a) – Após a fala do prefeito, foi iniciado o jogo com um ponta-pé inicial dado pelo

famoso craque, o Jogador Zico.

Apenas iniciada a partida, ao ser chutada com violência para o arco, foi aninhar-se nos braços

do Rei-do-Galinheiro. Pela primeira vez na vida, Cerca-Frango viu-se ovacionado num estádio.

Narrador(a): Caberia a Bilô-Bilô aquele feito supremo: cercar o frango no milésimo gol do

craque sem igual, adentraram o gramado a equipe do Rei e aquela cujo arco era guardado por

Bilô-Bilô. E a bola escolhida para o desafio não podia ser outra, senão a famosa Fura-Redes!!!

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Narrador(a) – Como nós já sabemos deveria ser Bilô-Bilô quem cercaria o frango do milésimo

gol do rei do Futebol. E para este fato histórico, foi escolhida para o desafio a famosa bola

Fura-Redes. Não podia ser outra!!! ...

[No Estádio de futebol – sala de narração]

Galvão Bueno: OLÁ, OLÁ MEUS QUERIDOS AMIGOS DOS CONTOS DE FADAS E DA TURMA

DA MÔNICA. BOM REVÊ-LOS... BEM, ESTAMOS AQUI PARA NARRAR MAIS UM BELO

ESPETÁCULO DO NOSSO FUTEBOL. O GOL 1000 DO REI DO FUTEBOL.... MAS, ESPEREM... O

QUE ESTÁ ACONTECENDO¿ O QUE É AQUILO¿ PARECE QUE O NOSSO GOLEIRO NÃO

ESTÁ AGINDO CORRETAMENTE!!!! ISSO PODE ARNALDO¿

Arnaldo: A REGRA É CLARA GALVÃO. O GOLEIRO NÃO PODE AGIR DESTA MANEIRA.

Galvão Bueno: NÃO SEI NÃO... ISTO NÃO ESTÁ ME PARECENDO BOA COISA...

Arnaldo: ACHO QUE ISTO NÃO TERMINARÁ BEM...

[Em campo ]

Goleiro Bilô-Bilô – [Abraçado à Fura-Redes ] – MINHA QUERIDA, MINHA FORMOSA

NAMORADA!!!!”

[Personagens em volta, com cartazes]

Todos – OOOOOOHHHHH!!!!!

Enquanto isso...

Garotinha: OI, OI , OI GAROTAS... ENCONTREI O LIVRO DE CONTOS....

Sininho: QUE LEGAL. E ONDE ELE ESTAVA¿

Princesa Encantada: NAS SALAS DE AULA, COM OS ALUNOS. ELES LERAM MUITAS

HISTÓRIAS...

Garotinha: E AÍ, LIVRO. COMO FOI SEU PASSEIO¿

Livro: MUITO LEGAL. TODOS OS ALUNOS CUIDARAM DE MIM. E EU CONTEI A ELES

TODAS AS MINHAS HISTÓRIAS DOS CONTOS DE FADAS, DAS HQS, DAS BIOGRAFIAS E

AINDA MUITAS CRÔNICAS ESPORTIVAS, COMO ESTA, POR EXEMPLO: A BOLA E O

GOLEIRO, DO GRANDE AUTOR BRASILEIRO JORGE AMADO..

Sininho: AHHH, ENTÃO VAMOS CORRENDO PARA O ESTÁDIO QUE HOJE VAI ACONTECER

O JOGO PARA PELÉ MARCAR SEU GOL 1000. E ESTE JOGO TEM O GOLEIRO BILÔ-BILÔ

COM A BOLA FURA-REDES. VAI SER FANTÁSTICO. INIMAGINÁVEL...

[Em campo ]

Narrador(a) – Ainda hoje muita gente não acredita no que aconteceu em campo, naquela tarde

de sol com milhares de bandeiras no estádio. Onde mais de duzentas mil pessoas se

comprimiam , gritando e aplaudindo. O time do Rei do Futebol, que devia ganhar de goleada,

levou uma surra de criar bicho. Fura-Redes pintou e bordou e quando faltavam alguns

segundos para a partida terminar, o escore subia a cinco a zero contra a equipe do Rei.

13ª música ... As mais tocadas (3:50 até 4:10).... [Fura-Redes corre atrás do goleiro Bilô-Bilô]

Narrador(a) - Nos últimos segundos, o público, decepcionado por não ter assistido ao gol

número mil, começava a deixar o estádio, o juiz marcou um pênalti contra o time de Bilô-Bilô,

pênalti que ninguém tinha cometido.

14ª música: As mais tocadas (2:00 até 2:10)....

Juiz – [Apito bem alto] – PÊNALTI !!!!!!...

Narrador(a) – Roubo claro e evidente, mesmo assim, aplaudidíssimo...

[Bola Fura- Redes corre novamente atrás de Bilô-Bilô] – 15ª música - PSY - GANGNAM STYLE

[Param...]

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Goleiro Bilô-Bilô- EU NÃO QUERO OUTRA COISA ALÉM DE FICAR PERTO DE VOCÊ...

Todos – OOOOOOHHHHH!!!!!

[Em cena, o repórter]

Repórter: E ASSIM TERMIN.... [gritando] [interrompida pela narradora]

Narrador(a) - Dá licença, que é minha vez....!!!!

Você sabe que sou eu quem narra o final!!!!

15ª música – (de suspense – PSYCHO SHOWER SCENNE THEME -2:00min até 2:30min )

Narrador(a) - Assim terminou a carreira futebolística da bola Fura-Redes e a do goleiro Bilô-

Bilô que foi o pior e o melhor de todos os goleiros.

16ª música – (de suspense – SAW THEME SONG – 2min até 2:30 min)

Todos os personagens – E O QUE FIZERAM DEPOIS¿

17ª música – (de suspense – PSYCHO SHOWER SCENNE THEME - 2:00min até 2:30 min )

Narradora e todos os personagens – ORA, O QUE FIZERAM.... CASARAM-SE E VIVERAM

FELIZES PARA SEMPRE....

17ª música – (Música da Copa da África) “DAVID BISBAL - Waving Flag - 50 segundos –

Coreografia

18ª música – (Música da Copa do Brasil de 2014) – 50 segundos – Coreografia

Placas de F I M

Todos agradecem.....