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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ - SEED

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ- UENP

CAMPUS – JACAREZINHO

VIVIANI CRISTINA SIQUEIRA

ARTIGO FINAL

A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS COMO FERRAMENTA PARA O

DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS NA EDUCAÇÃO ESPECIAL.

JACAREZINHO - PR

2014

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FICHA DE IDENTIFICAÇÃO – ARTIGO FINAL – PROFESSOR PDE/2013

Título: A Importância dos Jogos como Ferramenta para o Desenvolvimento de

Habilidades Motoras na Educação Especial.

Autora Viviani Cristina Siqueira

Disciplina/ Área de ingresso no PDE Educação Especial

Escola de Atuação Escola Maria Carvalho de Oliveira

Município da Escola Jaboti

Núcleo Regional de Educação Ibaiti

Professor Orientador Luiz Renato Martins da Rocha

Instituição de Ensino Superior UENP

Relação Interdisciplinar Educação Física

Resumo O presente Artigo justifica-se por

trabalhar por meio de jogos, habilidades

necessárias para a compreensão de

conceitos mais elaborados, de acordo

com as necessidades de cada aluno,

auxiliando o trabalho na pré-escola com

aqueles que apresentam atraso no

desenvolvimento neuropsicomotor, na

faixa etária de 4 a 6 anos da Educação

Especial, com o intuito de enriquecer o

processo de ensino e aprendizagem,

garantindo assim a aquisição dos pré-

requisitos (lateralidade, percepção visual

e auditiva, agilidade, orientação

espacial, coordenação viso motora,

equilíbrio, etc.) tão necessários para a

aprendizagem, através do resgate das

habilidades psicomotoras, como

instrumentos essenciais para a

construção significativa do saber,

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criando condições e estratégias

diferenciadas, com atividades dinâmicas

e motivadoras para que superem suas

limitações, com o intuito de criar um

vínculo entre o brincar e o aprender,

auxiliando na evolução de conceitos

específicos da fase concreta para a

abstrata, através da movimentação do

corpo e manipulação de materiais

diversificados.

Palavras-chave

Educação Especial - Jogos. Lúdico.

Brincar. Educação Infantil.

Produção Artigo

Público Alvo

Alunos do Pré-escolar – Modalidade

Educação Especial

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A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS COMO FERRAMENTA PARA O

DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS NA EDUCAÇÃO ESPECIAL.

AUTORA: Viviani Cristina Siqueira1

ORIENTADOR: Luiz Renato Martins da Rocha2

Resumo: O presente Artigo justifica-se por trabalhar por meio de jogos, habilidades necessárias para a compreensão de conceitos mais elaborados, de acordo com as necessidades de cada aluno, auxiliando o trabalho na pré-escola com aqueles que apresentam atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, na faixa etária de 4 a 6 anos da Educação Especial - com o intuito de enriquecer o processo de ensino e aprendizagem, garantindo assim a aquisição dos pré-requisitos (lateralidade, percepção visual e auditiva, agilidade, orientação espacial, coordenação viso motora, equilíbrio, etc.) tão necessários para a aprendizagem, através do resgate das habilidades psicomotoras, como instrumentos essenciais para a construção significativa do saber, criando condições e estratégias diferenciadas, com atividades dinâmicas e motivadoras para que superem suas limitações, com o intuito de criar um vínculo entre o brincar e o aprender, auxiliando na evolução de conceitos específicos da fase concreta para a abstrata, através da movimentação do corpo e manipulação de materiais diversificados, relacionados aos alunos da Educação Especial e participantes deste projeto de intervenção. Estes levam um tempo maior para dominar as habilidades motoras e necessitam de estratégias diferenciadas para dominar os conteúdos. Algumas inquietações concernentes ao tema foram levantadas como forma de orientar a pesquisa, dentre elas, elegemos como perguntas norteadoras, as seguintes: Seria interessante buscar meios diferenciados para levá-los à compreensão do que lhe é ensinado? Quais as contribuições dos jogos para o desenvolvimento educacional desses alunos? Para alcançarmos os objetivos propostos e as inquietações geradas, utilizamos como método a pesquisa interpretativista do tipo qualitativa e estudo de caso. A pesquisa teve a intencionalidade de utilizar os jogos como recurso educacional, propondo tarefas que estivessem ao alcance dos alunos, respeitando sempre o ritmo e limite de cada um. Desta forma, o projeto deixa como contribuição acadêmica que é possível por meio de jogos que os alunos da Educação Especial, adquiriam novas experiências por meio de atividades psicomotoras, contribuindo para a aprendizagem no aspecto emocional, afetivo, social, intelectual e principalmente aspectos pedagógicos, assim os jogos se transformarão em ferramentas essenciais para o trabalho pedagógico.

1 Graduada em Educação Física (1996) e Especialista em Ciência do Movimento Humano pela Faculdade Integrada

Espírita de Curitiba (2000) e Educação Especial pela Faculdade de Educação, Administração e Tecnologia de Ibaiti (2005). Atua como professora há dez anos na educação básica, com foco na Educação Especial. 2 Licenciado em Matemática (2011) e Pedagogia (2013), especialista em Libras e Mestrando em Educação Especial

pela UFSCar. Atua como Interprete de Libras na UTFPR-CP e professor da disciplina de Libras na UENP-CJ.

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Palavras-chave: Educação Especial. Jogos. Brincar. Lúdico. Educação Infantil. 1. INTRODUÇÃO

O presente Artigo configura-se como resultado de um projeto de intervenção,

realizado com dois alunos do Pré-Escolar, na Modalidade de Educação Especial, na

faixa etária de quatro a seis anos. Alunos estes que apresentam atraso no

desenvolvimento neuropsicomotor e levam um tempo maior para dominar as

habilidades motoras, necessitando assim de estratégias diferenciadas.

Procuramos por meio dos jogos, buscar meios diversificados para levá-los à

compreensão do que lhe é ensinado, estimulando o desenvolvimento das habilidades

motoras, auxiliando assim, na evolução de conceitos específicos da fase concreta para

a fase abstrata, o que permitiu aos alunos ampliarem suas habilidades motoras, como

também, contribuiu para o desenvolvimento neuropsicomotor, para isso ampliamos

gradualmente o controle sobre o movimento corporal, as possibilidades expressivas do

próprio movimento e utilizando gestos diversos durante os jogos e demais situações de

interação, voltando-se para o alcance de habilidades evolutivas, a fim de facilitar a

aquisição da aprendizagem no contexto escolar.

No sentido de desenvolver habilidades necessárias para a compreensão de

alguns conceitos como: conceitos matemáticos, motricidade, conceitos de espaço e

posição, lateralidade e lateralização, percepção visual, entre outros, de acordo com a

necessidade de cada aluno, o presente artigo buscou auxiliar o trabalho na pré-escola

com o intuito de enriquecer o processo de ensino e aprendizagem na Educação

Especial, garantindo assim a aquisição dos pré-requisitos (orientação espacial,

lateralidade, percepção auditiva, equilíbrio, coordenação motora global e fina, etc.) tão

necessários para a aprendizagem, através do resgate das habilidades psicomotoras,

como instrumentos essenciais para a construção significativa do saber, trabalho este

voltado a Educação Infantil.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

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De acordo com Conceição (1984, p.28) "o desenvolvimento da criança com

deficiência intelectual segue a mesma ordem ou sequência das crianças ditas

ʽʽnormaisʼʼ, porém em um ritmo mais lento". Desta forma ela necessita de um tempo

maior para aquisição e assimilação dos conteúdos escolares transmitidos culturalmente

de forma tradicional. Pretende-se assim, buscar recursos didáticos diferenciados

através dos jogos a fim de desenvolver as habilidades motoras, levando-os à

compreensão do que lhe é ensinado, aplicando conteúdos de forma concreta, visando à

aquisição do conhecimento para que se torne mais significativa para a criança.

Para Vygotsky (1989, p.61) ʽʽa chave para o desenvolvimento da criança

deficiente será a compensação: um instrumento cultural alternativoʼʼ. De acordo com o

autor (id), são atividades cujo objetivo é desenvolver instrumentos que permitam um

funcionamento das atividades psíquicas superiores para a aquisição de habilidades e

conceitos. Portanto, é de suma importância que todas as atividades sejam significativas,

motivadoras e que aconteçam de forma contínua e diária, para que a criança possa

testar situações reais ao seu nível de inteligência, proporcionando assim o

desenvolvimento da curiosidade, do pensamento, da concentração e da atenção. Por

isso a importância de criar condições e estratégias diferenciadas através dos jogos com

atividades dinâmicas e motivadoras para que superem suas limitações, com o intuito de

criar um vínculo entre o brincar e o aprender por caminhos que traduzam ao aluno o

significado do que ele aprende, através da movimentação do corpo e manipulação de

materiais diversificados.

Segundo Moyles (2006, p.30) “há muitas evidências que indicam que

experiências curriculares infantis baseadas no brincar elevam os padrões na educação

infantil e posterior”, colaborando desta forma, com o pensamento lógico.

Os conteúdos quando aplicados de forma concreta através dos jogos lúdicos,

visando à aquisição do conhecimento para que se torne mais construtivo do que

repetitivo, torna-se mais reflexivo e significativo para a criança, isto é uma das formas

que os ajudariam no desenvolvimento das habilidades motoras, segundo os autores

pesquisados: Soler (2002); Moyles (2006); Queiroz (2002); Arribas (2002); Rossano e

Schiller (2008).

Segundo Mendonça e Flaitt (2013, p.35)

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‘‘O desenvolvimento motor é um processo contínuo e demorado, que ocorre ao longo de toda a vida do ser humano. As capacidades motoras evoluem dos comportamentos pouco estruturados e gerais até outros especializados e individualizados’’.

A etapa que vai dos dois aos seis anos se caracteriza pela aquisição dos

movimentos básicos. Movimento este, que faz parte da vida do ser humano, ao jogar,

estará assim praticando uma atividade lúdica, contendo regras ou não, possibilitando à

criança adaptar-se ao ambiente de forma dinâmica e criativa.

O movimento segundo Wallon (1975 apud MALUF, 2012, p.15):

Depende basicamente da organização do ambiente para as crianças se movimentarem, se expandirem. A motricidade possui caráter pedagógico pela propriedade do gesto e do movimento quanto à sua representação. Wallon diz que as instituições, de uma maneira geral, persistem em imobilizar as crianças numa carteira ou mesa, restringindo, justamente a fluidez das emoções e do pensamento, imprescindíveis para o desenvolvimento completo da pessoa.

Os elementos do jogo como o tempo e o espaço em que ele acontece, provoca

atitudes comportamentais na criança, que influenciam o desempenho de seu papel

social.

Vygotsky valoriza o trabalho em grupo, ele apoia-se no entendimento de um

sujeito sócio-interativo, que organiza seus conhecimentos sobre os objetos num

processo mediado pelo outro. Assim como Vygotsky, Wallon acredita que o social é

indispensável (MALUF, 2012).

2.1 Integração das Habilidades Motoras

Quando a criança é estimulada e realiza o que lhe é pedido, ela está adquirindo

responsabilidades, além de descobrir seu potencial motor e adquirir autonomia motora.

Neste sentido, o jogo, torna-se um meio de construção do conhecimento.

Segundo Gallardo (1998):

Quando as crianças chegam à pré-escola, por volta dos quatro anos, encontram-se no estágio elementar de execução dos movimentos fundamentais. Nessa fase são capazes de brincar com outras crianças por um

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período maior de tempo, são mais colaboradoras e responsáveis quando a atividade lhe diz respeito. Neste período ocorre a descoberta de novas formas de utilizar as habilidades motoras. O professor utiliza jogos e brincadeiras com regras criadas e discutidas com as próprias crianças, visando à formação de atitudes e valores como: cooperação, responsabilidade, respeito pelas diferenças e regras, trabalho coletivo, etc. (GALLARDO, 1998, p.75).

É preciso entender que, para a brincadeira acontecer, é necessário respeito às

regras. A criança procede de forma que lhe são próprias e inusitadas. É acentuado na

criança o jeito de se comunicar e expor suas curiosidades. Na escola, os alunos

encontrarão recursos e materiais pedagógicos diferentes dos de casa, vários colegas e

também um ambiente diferente para realizar as atividades. Uma das principais funções

da escola e do ato de brincar é a socialização, e o papel do professor neste processo é

essencial para a efetiva aprendizagem do educando. Segundo Arribas (2002):

A principal característica das tarefas que apresentamos aos nossos alunos de pré-escola, encontramos na “variedade” e na “diversidade”. Dado que nosso objetivo é incrementar o número de unidades motoras mais diversas, para que possa integrá-las em seu repertório. Nesta faixa etária, não se trata tanto de realizar grandes proezas, mas de sentir prazer em descobrir novos movimentos (ARRIBAS, 2002, p.84).

Cada criança apresenta um determinado ritmo para amadurecer e aquelas que

apresentam necessidades especiais necessitam de uma variedade de estímulos e de

valorização de tudo que realizam, mesmo quando há falhas, pois assim, se evita

atrasos em seu desenvolvimento e aprendizagem. O professor deve estar atento e ser

consciente de sua responsabilidade como educador para que possa ampliar o potencial

cognitivo e motor, sanando assim as dificuldades apresentadas pelo aluno. Evitando

com isso, o fracasso e a consequente evasão escolar.

O movimento pelo movimento não gera aprendizagem. É necessária a

intervenção do professor, levando o aluno a refletir e analisar seus movimentos,

alcançando assim uma aprendizagem mais significativa e ampliação de suas

habilidades. Segundo Schiller e Rossano:

O sucesso de uma criança na escola não é previsto por seu conhecimento de fatos específicos ou por sua capacidade precoce de ler, e sim por habilidades que aprendeu a dominar, como ser capaz de esperar, de ouvir e de seguir instruções; de comunicar sentimentos e ideias; de pensar de forma crítica; de ser ágil; e muitas outras (SCHILLER e ROSSANO, 2008, p.13).

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Para que haja uma aprendizagem significativa no âmbito de sala de aula é

necessário trabalhar os pré-requisitos para que o aluno domine e desenvolva a

coordenação fina, coordenação global, orientação espaço-temporal, entre outras. O

desenvolvimento de uma criança resulta da interação com as pessoas com quem

convive.

2.2 Contextualizando o Brincar

Para Soler (2002, p.20) “o professor deve buscar identificar em suas aulas, quais

as necessidades e capacidades de cada pessoa, e com isso procurar potencializar sua

autonomia e independência, apresentando ao seu aluno o novo e o desconhecido”. O

espaço escolar deve ser um espaço agradável, a fim de que as atividades e jogos

permitam ao professor obter sucesso no decorrer de suas aulas, desenvolvendo o

senso de responsabilidade, disciplina, aceitação e alegria, tão necessárias à formação

do educando.

Segundo Moreira e Nista-Picolo (2009):

Ensinar alguém requer certa preparação e para as crianças com necessidades educativas especiais, principalmente, deve haver uma variedade de materiais, contendo cores, pesos, formas e tamanhos diferentes enriquecendo assim, o aprendizado. (NISTA-PICOLO, 2009, p.64).

Para isso, o professor deve estimular o desenvolvimento intelectual do seu aluno,

para que os mesmos adquiram habilidades necessárias à aprendizagem, de forma

dinâmica e criativa, focando na interação entre os jogos motores e a prática educativa.

Exige, portanto, criatividade do professor que deve encontrar variações na sua

forma de ensinar. Transformando-o em verdadeiro pesquisador do aluno.

Há atualmente muitas atividades que conseguem acessar os alunos, levando-os a relacionar o conhecimento já adquirido com novas possibilidades. Mas isso poucos professores conseguem fazê-lo. Não há mágica, não há regras, não há caminhos determinados. É preciso ser criativo, buscar diferentes vias de acesso, cose guindo entrar por diferentes rotas. E isso tudo porque nossos alunos não são iguais e, portanto, não aprendem da mesma forma. Então, professores devem ser verdadeiros pesquisadores de alunos. Tentar compreender suas rotas de acesso para poder acessá-las e assim levar o

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conhecimento da maneira exata que seu aluno consegue aprender. (NISTA-PICOLO, 2001 apud MOREIRA e NISTA-PICOLO, 2009, p.65).

Nesse sentido, necessário se faz que o professor conscientize seus alunos da

diferença entre a brincadeira e a realidade, atribuindo-lhes novos significados. Quando

brincam, as crianças criam, imaginam e transformam seus conhecimentos adquiridos

anteriormente, ampliando sua capacidade de apropriação dos conceitos, a partir da

organização de situações de aprendizagens orientadas pelo professor.

Cabe então ao professor promover um ambiente que oportunize experiências

lúdicas de qualidade, que enriqueça a formação do pensamento e interceda para o

desenvolvimento das atividades, sem focar na competitividade para que o aluno supere

suas limitações, levando-se em consideração que é de fundamental importância a

repetição diária das atividades para os alunos com necessidades especiais.

Talvez um dos maiores atributos do brincar sejam as oportunidades que ele possibilita de aprendermos a viver com o não saber, pois todos reconhecemos prontamente que aprendemos mais efetivamente por meio de tentativa e erro, e que o brincar é uma maneira não ameaçadora de manejarmos novas aprendizagens, mantendo ao mesmo tempo nossa autoestima e autoimagem (MOYLES, 2006, p.16).

Brincando ou jogando, a criança transforma os conhecimentos adquiridos

anteriormente em conceitos e habilidades gerais com as quais brinca. Ao proporcionar

atividades com jogos e brincadeiras o professor estará oportunizando momentos para

que acionem seu pensamento para resolução de problemas significativos a ela. Para

isso o professor deve ouvir seus alunos e deixar com que vivencie o erro para a

construção do conhecimento.

Através do lúdico, a criança pode interagir com o mundo a sua volta, adquirindo:

autonomia e autoconfiança, fatores estes significativos para a aprendizagem.

2.3 Aprendizagem e Organização Espacial

A criança, ao nascer, não é capaz de distinguir seu corpo do meio ambiente, não

tem consciência de onde vai e onde começa o resto do mundo. Uma pessoa adulta é

capaz de estruturar o espaço que a rodeia. Da criança ao adulto há um enorme abismo

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que a criança deverá superar, pouco a pouco ajudada pela maturação do sistema

nervoso e, sobretudo pelas experiências vividas (ARRIBAS, 2002, p.72).

Na concepção histórico-cultural de Vygotsky (1989, p.82) o homem constrói o

conhecimento a partir da interação mediada pelo cultural, pelo outro sujeito. Nessa

direção, o autor (id) introduz um conceito que irá ocupar uma posição especial nos

debates atuais sobre a relação entre desenvolvimento e aprendizagem da criança: o

conceito de “zona de desenvolvimento proximal”, que se articula com as categorias das

funções mentais da criança, caracterizado pelo que ela consegue realizar por si própria,

sem auxílio dos adultos ou de crianças mais experientes. É o que caracteriza

retrospectivamente o nível de desenvolvimento alcançado. O desenvolvimento potencial

é tudo aquilo que uma criança ainda não consegue realizar de forma independente,

mas que realiza quando em colaboração com outras pessoas mais experientes. A zona

de desenvolvimento proximal indica a distância entre o desenvolvimento real e o

desenvolvimento potencial. Para a criança atingir o desenvolvimento potencial é

necessário que se instaure um processo de colaboração e ajuda mútua com outros

sujeitos, através de ações partilhadas na zona de desenvolvimento proximal e é na ZDP

que o professor atua, faz inferências, ensina e contribui para o desenvolvimento da

criança.

Os movimentos e ações dependem do sistema nervoso, este por sua vez

controla as atividades do organismo, determinando ideias, selecionando informações. O

sistema nervoso obedece a uma sequencia por isso a importância da estimulação do

ambiente. Quanto mais estimulada a criança for, maiores as chances de defrontar com

as tarefas que a aprendizagem escolar exige.

Pretende-se assim, facilitar o processo de organização espacial, tornando mais

rica as experiências vividas, tanto em quantidade como em qualidade. “O objetivo é

evidente: quando nos movemos, nossa ação motora ocupa obrigatoriamente um

espaço; nossos movimentos serão tanto mais eficazes quanto melhor for a organização

que tivermos desse espaço”. (ARRIBAS, 2002, p.72).

Muitos profissionais da educação, preocupados com o desenvolvimento espacial ligado ao ensino da leitura e escrita, em vez de se preocuparem em trabalhar estas noções em nível de movimentação do corpo, de interiorização das ações, tentam começar pelos exercícios gráficos. Isto é um erro, pois as

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crianças apenas aprendem a imitar e decorar o que é exigido delas, sem que haja qualquer transformação mental significativa (OLIVEIRA, 1997 apud NOGUEIRA, 2007).

Wallon (1979 apud Oliveira, 2005, p.32) afirma que: ‘‘é sempre a ação motriz

que regula o aparecimento e o desenvolvimento das formações mentais’’. Quando a

criança age sobre os objetos, movimentando seu corpo, ela experiencia, compara,

desenvolve e amplia suas atividades mentais.

3. METODOLOGIA

A pesquisa teve a intencionalidade de utilizar os jogos como recurso

educacional, propondo tarefas que estejam ao alcance dos alunos, respeitando sempre

o ritmo e limite de cada um.

A implementação deste, ocorreu no primeiro semestre de 2014, com dois alunos

com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor do pré-escolar da Escola Maria

Carvalho de Oliveira- Modalidade de Educação Especial, na faixa etária de 4 a 6 anos.

Tal escola comporta os alunos que frequentam a Estimulação Essencial, Pré-Escolar,

Comunicação Alternativa, EJA e anos iniciais de alfabetização da zona rural e urbana.

Essa Escola conta hoje com setenta alunos. Tais atividades contemplaram o conteúdo

curricular planejado para a turma através de confecção de materiais e aulas práticas, de

forma sistematizada e orientada a fim de desenvolver habilidades motoras para a

aquisição dos pré-requisitos necessários para a aprendizagem.

Quadro 1: Características do Aluno A.

ALUNO A

Quanto às características físicas: este possui lesão ocular de olho direito completo olho esquerdo parcial 30%, evoluindo com atraso no desenvolvimento neuro-motor (ADNEM). Necessita de estimulação neuro sensorial global.

Quanto às características pedagógicas: o aluno participa de jogos e atividades recreativas, apresentando certa dificuldade em relação à noção espacial devido a sua baixa visão;

Está ampliando gradualmente o controle sobre seu próprio corpo: corre,salta, arrasta-se;

Durante as refeições alimenta-se sozinho, tem iniciativa e consegue manusear os talheres. Seu vocabulário é inadequado a sua idade, troca fonemas, mas

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compreende o que lhe é dito e o que ele fala. Apresenta dificuldades na expressão verbal.

Tem autonomia para algumas atividades da vida diária: usa o sanitário, lava as mãos sozinho e escova os dentes com orientação e auxílio da professora.

Fala a sequência numérica de um a dez, mas às vezes confunde. Ouve bem e cumpre as ordens determinadas pelo professor. Passou a reconhecer as cores primárias após a aplicação do projeto. Antes,

relacionava o amarelo com a banana e vermelho como a cor do morango. O aluno valoriza suas conquistas corporais e pedagógicas e demonstra pouca

confiança em suas possibilidades de ação e movimento devido à baixa visão. Reage com dificuldade e timidez a ordens dadas (por ex. busque algo na

secretaria, etc.); Apresentava dificuldade quanto ao domínio das relações espaciais (frente/ atrás,

perto/ longe), hoje tem maior domínio Mesmo sendo orientado de forma constante, não consegue dar sequencia

sozinho às atividades, não finaliza as tarefas. Interpreta o sentido dos termos: em cima/ embaixo, dentro/fora. Compreende bem os sons e palavras faladas; Às vezes discrimina visualmente as formas geométricas (círculo, quadrado e

triângulo). Identifica as partes do corpo, mas apresenta dificuldades em distribuí-las no

desenho; Participa ativamente em jogos de competição. Tem interesse por histórias, buscando folhear os livros. Hoje o aluno apresenta

avanço quanto ao domínio dos conteúdos citados acima.

Quadro 2: Características do Aluno B.

ALUNO B

No que se refere às características Físicas: possui atraso neuropsicomotor de membro inferior, apresentava dificuldade para se levantar, não ajoelha, tem os pés para fora, anda arrastando-os.

Características Pedagógicas: Desloca-se no espaço ao andar. Demonstra noção e limite espacial. Participa das atividades de rolar, subir, pendurar-se. Capta e diferencia estímulos

auditivos. Tem autonomia para as atividades da vida diária: usa o sanitário, escova os

dentes com orientação e auxílio da professora, alimenta-se sozinha. Reconhece as cores primárias e secundárias. Reconhece as formas geométricas: círculo e quadrado, triângulo e retângulo.

Quanto à orientação espacial: reconhece dentro/fora, em cima/embaixo e perto/longe; fala a sequência numérica de um a dez; relaciona figuras e forma pares, ouve bem e cumpre as ordens determinadas pelo professor, após a aplicação do projeto.

Reconhece e escreve seu nome, demonstra gosto pelas histórias, buscando folhear os livros, observando as gravuras, tendo prazer em ouvir, contar e

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dramatizar e reproduzi-las no desenho. Estabelece as relações de cor, forma e tamanho, nas figuras. Discrimina o som (fonema) inicial das vogais em palavras ditadas pelo professor

e copia as vogais; forma conjuntos com dez elementos; identifica as situações do dia a dia em que usamos os numerais; identifica os animais pelo nome e características comuns a eles.

Identifica elementos pertencentes a um grupo familiar; identifica pessoas e narra fatos ocorridos em sua família. Classifica objetos, citando um ou mais atributos.

Alguns jogos apresentados nesta proposta foram adaptados de materiais

bibliográficos, para se adequar à realidade da turma, e alguns elaborados e criados

pela autora e outros com ajuda dos próprios alunos.

A modalidade de Educação Infantil tem como base o Referencial Curricular

Nacional para Educação Infantil, que abrange todas as áreas do desenvolvimento,

sendo adaptado frente às necessidades educacionais especiais das crianças.

O trabalho foi realizado no âmbito de: Área: Conhecimento de Mundo. Tendo

como eixo (Conteúdo: Movimento).

3.1 Contextos do Desenvolvimento da Pesquisa

Na primeira etapa foi realizada a apresentação do projeto direcionado aos

professores, equipe multidisciplinar, direção pedagógica, equipe do núcleo de ensino e

demais funcionários da escola com o objetivo de apresentar a importância do tema no

processo educacional.

Na segunda etapa, foi apresentado o projeto para os alunos, bem como uma

breve explanação sobre a importância dos jogos, vendo que os mesmos são ainda

pequenos e não entenderiam a importância do mesmo. A partir deste momento foi

realizada a produção e confecção de alguns materiais que seriam utilizados durante a

Implementação, A confecção dos materiais ocorreu no contra turno com a participação

dos alunos do projeto, a fim de que percebessem a importância do cuidado com os

materiais, como também para que se sentissem motivados a utilizá-los. As aulas

ocorreram com prática didática contextualizada e organizada com relação

interdisciplinar com a disciplina de Educação Física.

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Na terceira etapa foi realizada a Implementação dos jogos, realizada na quadra

poliesportiva, quadra de areia, campo de futebol e no pátio da escola, por

aproximadamente duas horas diárias, três vezes na semana, durante o primeiro

semestre, priorizando os objetivos a serem alcançados. Dava-se início à aula com uma

breve explanação sobre o desenvolvimento e regras dos jogos de forma clara e

objetiva, utilizando um vocabulário simples, expondo as informações, e exemplificando

a tarefa a ser realizada, certificando-se de que entenderam a informação,

oportunizando a criação e exploração durante a realização das atividades e aos

poucos, foi elevando o nível de dificuldade, respeitando o ritmo do educando em cada

faixa etária, auxiliando-o em sua autonomia durante a realização das atividades

propostas.

Após os alunos realizarem as atividades, foi a vez da aula dialogada, onde eram

discutidas as regras, ouvindo as opiniões e sugestões dos alunos, valorizando suas

ideias, como por exemplo, ouve cooperação entre a turma? Que regra pode tirar ou

acrescentar? Logo em seguida repetia-se a atividade, agora com as ideias

acrescentadas pelos alunos.

Nesse sentido, houve organização do espaço e disposição de materiais

pedagógicos, seleção de atividades, jogos e organização do tempo das aulas,

promovendo-as em um ambiente seguro. Para a realização dos jogos e atividades

apresentados, utilizaram-se materiais simples, alguns confeccionados pelos alunos e

professor e outros materiais que se encontravam disponíveis na escola e as atividades

foram retiradas de livros e outras adaptadas pela autora deste Projeto.

Quanto ao processo avaliativo, realizou-se o registro dos avanços de

aprendizagem dos alunos, através de um Relatório de Avaliação individual do

educando, auxiliando assim no decorrer do trabalho e do ano letivo, contendo os

avanços, superações e também as dificuldades dos alunos para que o professor ajude

a superar essa dificuldade ao longo do processo. Essa ficha irá auxiliar a escola, sendo

útil, no caso de mudança de professor. A avaliação ocorreu também através da

observação e participação dos alunos durante a Implementação.

Ao final das aulas práticas, os alunos realizavam atividades de forma semi

abstrata, isto é, em sala de aula (na qual foi possível verificar se eles realmente

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alcançaram os objetivos propostos em relação aos pré-requisitos anteriormente

elencados), relacionado aos conteúdos utilizados durante a Implementação dos Jogos.

Durante o primeiro semestre do ano letivo, foi realizado o Recreio Dirigido: um

momento de interação e aprendizado, através de atividades lúdicas e jogos com

intervenção da professora, durante o intervalo (recreio) entre todas as turmas da

Educação Infantil da escola onde foi realizada a implementação, durante vinte minutos,

dois dias/semana, estimulando assim uma convivência harmoniosa entre os colegas e

ensinando a brincar uns com os outros e objetivando o desenvolvimento motor destes

alunos. Estas atividades foram realizadas no pátio da escola. Devido ao interesse dos

alunos e professores, deu-se continuidade ao recreio Dirigido no segundo semestre.

Segundo Mendonça e Flaitt (2013, p.25) ʽʽé importante também utilizar como

estratégia de ensino trabalhos em duplas ou pequenos grupos e contar histórias para

ensinar conceitos abstratos’’.

A dimensão corporal irá favorecer uma condição básica para que as crianças

desenvolvam a motricidade, realizando atividades motoras através dos jogos e

brincadeiras e conhecer os diferentes tipos de movimentos que envolvem. O ato motor

para a criança vai além de simplesmente deslocar-se no espaço, através do lúdico, ela

se expressa e interage.

4. Resultados e Discussões

O lúdico, enquanto função educativa proporciona a aprendizagem ao aluno.

A aplicação deste projeto procurou fundamentar-se e basear-se na teoria de

Vygotsky que se apoia no entendimento de um sujeito interativo e que organiza seus

pensamentos e conhecimentos sobre os objetos num processo mediado pelo outro.

Vygotsky explica a conexão entre a aprendizagem e o desenvolvimento através da

zona de desenvolvimento proximal (distância entre os níveis de desenvolvimento

potencial e desenvolvimento real), um espaço ativo entre as dificuldades que uma

criança pode resolver sem ajuda (nível de desenvolvimento real), e as que deverá

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resolver com ajuda de outro sujeito mais capaz naquele instante, para depois chegar a

dominá-las por si mesma (nível de desenvolvimento potencial).

Para as breves considerações, retomamos ao problema que nos impulsionou a

realização desta pesquisa: Pensando que os participantes desse projeto de intervenção

são alunos especiais, que levam um tempo maior para dominar as habilidades motoras

e necessitam de estratégias diferenciadas pra dominar os conteúdos, não seria

interessante buscar meios diferenciados para levá-los à compreensão do que lhe é

ensinado? Quais as contribuições dos jogos para o desenvolvimento educacional

desses alunos?

O presente Artigo teve como finalidade, contribuir com novas experiências aos

alunos, deixando com que refletissem sobre os resultados e apresentassem novas

ideias, opinando sobre o processo que estavam vivenciando, relacionadas aos jogos

aplicados, dando enfoque sempre a uma determinada área do conhecimento. As

atividades foram realizadas em espaços como: quadra poliesportiva, quadra de areia,

campo de futebol, focando o fazer pedagógico com intencionalidade, e não como uma

ação neutra, conscientemente e elaborada, a fim de orientar o processo ensino e

aprendizagem, sem deixar de observar o cidadão que se desejava formar e a

sequência que deve ser obedecida para a faixa etária trabalhada, levando em

consideração o processo de maturação dos alunos.

Aplicaram-se atividades que levasse os alunos a desenvolver capacidades:

expressivas, criativas e intelectuais. Através de um ambiente acolhedor e desafiador,

criou-se inúmeras oportunidades para um melhor desempenho destes alunos, dentro e

fora da sala de aula, pois não podemos limitar as experiências motoras, pois isso

resultaria em desvantagem para o desenvolvimento global do aluno.

Verificou-se, então que os jogos são instrumentos facilitadores e contribuem para

alcançarmos nossos objetivos elencados no plano educativo, contribuindo para a

socialização e o desenvolvimento cognitivo. E a partir deste estudo acredito que cada

vez mais as crianças devem e precisam brincar, adquirindo assim novas experiências.

Comprovou-se também, que, com os alunos da Educação Especial não foi diferente,

eles têm as mesmas necessidades de brincar que os alunos ditos normais.

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Através de atividades atraentes e estimuladoras, conseguiu-se intervir para que

os alunos superassem algumas dificuldades. Observou-se que quando eles brincam,

realizam atividades de forma inconsciente e aprendem muito mais, enriquecendo a

dinâmica das relações sociais em sala de aula, apenas com cadernos, folhas e lápis.

Ao final de cada atividade, os alunos sentavam-se com a professora para

conversar sobre o que deu certo ou errado durante o jogo. Qual regra deveria mudar

acrescentar ou permanecer, refletindo neste momento sobre o que conseguiram realizar

e quais objetivos conseguiram alcançar. Criou-se também um vínculo maior entre aluno

e professor, devido à participação do mesmo durante a realização dos jogos.

Observou-se através da implementação, o processo de desenvolvimento

potencial dos alunos em particular, assim como os recursos que dispõem, sejam eles,

sociais, afetivos, emocionais e também, como fazem uso da linguagem, enquanto

brincam, também como aumenta o nível de concentração, quando voltam ao trabalho

em sala de aula e são colocados perante folhas e lápis, na forma semi-abstrata, após

realizar as atividades de forma concreta, devido ao interesse pelo novo.

Implantou-se a partir desse projeto, o Recreio Dirigido, onde se incentivou todos

os professores a colaborarem. A partir de uma escala, os professores preparam

atividades diferenciadas para aplicação com as turmas da Educação Infantil da escola

com duração de vinte minutos. Neste momento há uma maior interação dos alunos e

eles aprendem a respeitar as ordens de comando, respeitar as regras e cuidar dos

colegas que utilizam cadeira de rodas e todos cooperam uns com os outros para que a

participação seja efetiva.

Um dos alunos (aluno A) que tem baixa visão e tinha dificuldades no raciocínio

lógico, não reconhecia as figuras geométricas simples e confundia as cores primárias,

assimilou os conteúdos citados com maior facilidade, a partir da aplicação do projeto,

devido às aulas praticas e dinâmicas, orientadas pelo professor, utilizando-se de

material colorido e diversificado na aprendizagem de teorias mais simples para as mais

complexas, durante a realização das atividades lúdicas.

A aluna (B), era insegura, tinha medo de explorar o ambiente, de correr, devido a

uma instabilidade motora de membro inferior. Com o passar das atividades dirigidas, ela

tornou-se mais confiante na execução dos movimentos, adquirindo maior aptidão e

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destreza na aprendizagem de teorias mais simples para as mais complexas, durante a

realização das atividades lúdicas.

Além da observação da professora, contou-se com a observação e apoio da

equipe multidisciplinar: pedagoga, psicóloga, e a professora da sala de

psicomotricidade.

A psicóloga considera que funções e ações educativas eficazes se fez presente

durante a implementação do projeto, visto que foi internalizado para o conhecimento do

aluno, regras e limites, que são ações educativas consideradas extremamente

importantes. Também o bem estar, a qualidade de vida, o respeito ao próximo e a

socialização foram apresentados e praticados por eles. Segundo ela, já é notório o valor

atribuído ao ato de brincar e o espaço que a mesma deve ter no processo de

aprendizagem, além do que, a criança tem o direito de usufruir da ludicidade em sala de

aula e em outros ambientes.

Segundo a percepção da professora de psicomotricidade, os alunos que

participaram do projeto tiveram um grande avanço na parte motora e também passaram

a se interessar na decisão quanto à aplicação de regras utilizadas no dia a dia da sala

de aula, como também na participação em atividades extraclasse. Os alunos que

participaram do projeto no período da manhã participam da sala de psicomotricidade no

contra-turno. Segundo a professora, hoje os alunos aceitam participar na brinquedo

teca (sala existente na escola, contendo inúmeros brinquedos), com jogos pedagógicos

e educativos como: dominó de animais, plural e singular, dominó das letras, sequencia

lógica, quebra-cabeças, jogos que envolvem noções matemáticas, etc. E não somente

brincar de escorregar, brincar na casinha, piscina de bolinhas, gangorra. Hoje eles

aceitam contar os pontos quando acertam uma cesta no basquete, contam os objetos

na casinha, adquirindo conceitos de quantidade numérica, noções de grandeza,

selecionando as bolinhas da piscina por cores e tamanhos, entre outros.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Durante o levantamento de diversas bibliografias para a construção da presente

pesquisa, foi possível verificar que a educação vive em constante mudança, e nós

professores, precisamos ser multifuncionais para que o educando assimile os

conteúdos e obtenha sucesso no ensino e aprendizagem.

A partir deste estudo e da prática realizada com a turma do pré-escolar, foi

possível vislumbrar que o lúdico deve ter lugar de destaque na Educação Infantil,

considerada uma das etapas essenciais para o desenvolvimento da criança nos

aspectos: emocional, social, afetivo, motor e intelectual, pois as atividades lúdicas são

um ponto positivo para a promoção do aprendizado.

Pautados na perspectiva histórica cultural, constatamos ainda que, alunos com

deficiência intelectual assimilam o conteúdo mais facilmente quando o professor

transforma o espaço escolar em um local prazeroso, agradável, atraente, permitindo

que a brincadeira tenha lugar de destaque. É importante que a ludicidade e a

aprendizagem caminhem juntas na sala de aula da Educação Especial, pois muitas

vezes os professores deixam os jogos de fora durante a construção do Plano de

Trabalho Docente, ou utilizam de forma limitada.

Vale ressaltar que nosso público alvo são alunos que possuem dificuldades e

limitações, mas como forma de estímulo às aquisições, deve-se valorizar as

potencialidades e capacidades que incentivem à prática de novas habilidades.

Ao findar da pesquisa, constatou-se o alcance dos objetivos inicialmente

traçados, associando os jogos e brincadeiras à aprendizagem do aluno a fim de educar,

recrear e desenvolver habilidades ao mesmo tempo. Na idade pré-escolar é relevante a

formação biopsicossocial e cultural, avançando assim, para uma escolarização

adequada.

A partir deste estudo, iremos estimular novas buscas, novos conhecimentos,

através de um trabalho multidisciplinar realizado de forma lúdica, dando ênfase ao

desenvolvimento da coordenação motora, proporcionando um leque de ideias,

propiciando aos alunos estabelecer relações entre os mais diversos conteúdos.

REFERÊNCIAS

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