a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES PSICOMOTORAS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL CARINA TRAJANO VITAL Rio de Janeiro Julho, 2007

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Page 1: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES PSICOMOTORAS

NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO

INFANTIL

CARINA TRAJANO VITAL

Rio de Janeiro

Julho, 2007

Page 2: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES PSICOMOTORAS

NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO

INFANTIL

CARINA TRAJANO VITAL

Esta publicação atende a complementação didático-pedagógica de metodologia da pesquisa e produção e desenvolvimento de monografia, para curso de pós-graduação em Psicomotricidade sob orientação do Prof. Ms. Celso Sanches.

Rio de Janeiro

Julho, 2007

Page 3: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por guiar meus

passos até aqui e a minha linda

família: meus pais Inêz e

Francisco, tia Lúcia e a meu irmão

Alexandre. Meu muito obrigada a

meu namorado, presença

fundamental na minha vida nos

últimos tempos.

Page 4: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

DEDICATÓRIA

Dedico essa monografia

exclusivamente a meus pais, que

sempre estiveram ao meu lado me

auxiliando em todos os momentos e

são fundamentais na minha vida.

Page 5: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

RESUMO

A pesquisa aqui apresentada foi realizada com o objetivo de analisar a

importância das atividades psicomotoras nas aulas de Educação Física na

educação infantil através de uma pesquisa bibliográfica.

A psicomotricidade é uma ciência de extrema importância para o

desenvolvimento do ser humano e deve ser compreendida como tal e, a partir

de atividades psicomotoras nas aulas de Educação Física, o professor deve

proporcionar a seus alunos uma variedade de movimentos e expressões que

colaborem com o desenvolvimento afetivo, motor e cognitivo dessas crianças,

sendo de grande valia e importância para seu desenvolvimento global.

O presente estudo discorre sobre aspectos relevantes relacionados ao

tema da pesquisa, como desenvolvimento humano, a relação entre o

movimento e a psicomotricidade com a Educação Física.

Page 6: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

SUMÁRIO

Páginas

Introdução .........................................................................................................01

CAPÍTULO I – Psicomotricidade e sua relação com a Educação Física..........04

1.1.Desenvolvimento humano...........................................................................04

1.2.Movimento e Psicomotricidade................................................................... 08

1.3.Educação Física Infantil...............................................................................10

1.4.Ludicidade: considerações sobre a importância do brincar.........................12

1.5.Psicomotricidade relacional.........................................................................15

CAPÍTULO II – A Prática da Psicomotricidade..................................................18

2.1 – Psicomotricidade nas aulas de Educação Física......................................18

2.2 – A relação da criança com o ambiente que a cerca...................................22

2.3 – Proposta de atividades psicomotoras nas aulas de Educação Física......23

Considerações finais e recomendações............................................................29

Referências bibliográficas..................................................................................31

Page 7: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

INTRODUÇÃO

Segundo Ferreira (2003), a psicomotricidade estuda a relação existente

na formação psico (mente) e motriz (movimento) da criança e está relacionada

ao processo de maturidade, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas

e tem como objeto de estudo, o corpo humano, analisado através se sua

dinâmica em relação ao mundo interno (corpo e mente) e externo (sociedade e

ambiente) e também sua atuação, percepção, ação consigo, com os objetos e

com a sociedade.

A prática de atividades psicomotoras tem como objetivo desenvolver os

aspectos intelectuais, afetivos e motores evidenciando a relação que há entre

motricidade, mente e afetividade, facilitando o desenvolvimento global da

criança que cresce vivenciando diversas técnicas que a auxiliarão no seu

cotidiano durante todo o seu percurso de crescimento e desenvolvimento

(FARINATTI, 1995).

Segundo Pilar Sandréz, Marta Martinez e Iolanda Peñalver (2003) na prática

psicomotora a criança experimenta e cria a noção de espaço, dentre outras

experiências, portando essa aprendizagem por toda a vida. Observa-se

então:

“.... vai se projetando nos objetos as aquisições e as

conquistas espaciais que realiza.Assim, a criança conhece as noções

que orientam seu corpo sob as coordenadas de em cima- embaixo,

em frente- trás e direita esquerda, as quais atuam como eixos

permanentes e orientadores do mesmo” (MARTINEZ, Marta;

PEÑALVER,Iolanda; SANCHEZ, PILAR, 2003. p.38).

O movimento organizado e completo ocorre através das experiências

vivenciadas, resultando em sua individualidade, linguagem e socialização e

a educação psicomotora permite tal vivência, levando à aprendizagem do

controle mental sobre a motricidade (FERREIRA, 2003).

A Psicomotricidade tem o objetivo de trabalhar o indivíduo com toda a

sua história de vida e essa história se retrata no seu corpo, é o corpo em

movimento considerando o como um todo. Trabalha também o afeto e desafeto

Page 8: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

do corpo, desenvolve o aspecto comunicativo tornando possível domina-lo,

economizar sua energia e pensar seus gestos a fim de trabalhar a estética, de

aperfeiçoar seu equilíbrio.

Segundo Fonseca (2004), as finalidades da psicomotricidade são:

mobilizar e reorganizar as funções psíquicas relacionais do indivíduo em toda a

sua dimensão experiencial desde bebê até a velhice; aperfeiçoar a consciência

e o ato mental onde começa a elaboração e execução do ato motor; elevar as

sensações e as percepções da ação aos símbolos e dos símbolos as ações,

passando pela verbalização; harmonizar e maximizar o potencial motor, o

desenvolvimento global da personalidade, a capacidade de adaptação social e

a modificação da estrutura do processamento da informação do indivíduo; fazer

do corpo um resumo da personalidade, reformulando a harmonia e equilíbrio

das relações entre motricidade e psiquismo, pela qual a consciência se constrói

e se manifesta a fim de promover a adaptação a novas situações.

O desenvolvimento da criança tem como expressiva característica à

presença do movimento. Este, representa sua forma de interagir com o

ambiente, alcançar a comunicação, atuar como ser físico, pensante e social

permitindo sua relação com seres da mesma espécie, ou seja, permitindo sua

vida em sociedade (MANOEL, 2001).

Considerando o ser em sua totalidade, a partir do exercício do corpo

pelo movimento, e não do exercício pelo exercício, as atividades psicomotoras

devem ser um meio para que o sujeito possa se integrar nos meios físico e

social além de trabalhar a relação entre a consciência desse sujeito e o mundo

ao seu redor (NASSER, 2004).

Portanto, as atividades

psicomotoras devem fazer parte do

cotidiano das crianças,

principalmente nas aulas de

Educação Física, onde têm a

oportunidade de correr, saltar,

pular, rastejar, brincar sob

orientação e supervisão do

Page 9: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

professor. Essas atividades entre

outras diversas, quando bem

trabalhadas na infância, dão

possibilidade da criança

desenvolver suas habilidades

motoras, aumentar sua cultura

corporal e se praticadas em grupo,

melhorar também a capacidade de

viver em sociedade, levando a um

desenvolvimento equilibrado e

harmônico nas fases posteriores do

crescimento até a fase adulta

(MARTINEZ; PEÑALVER;

SÁNCHEZ, 2003).

Este trabalho tem como objetivo

identificar a importância das

atividades psicomotoras nas aulas

de Educação Física no ensino

infantil e como estas atividades

podem contribuir para o

desenvolvimento das crianças da

educação infantil, sendo realizado

através de uma pesquisa

bibliográfica que consiste em

pesquisas a livros, artigos,

documentos da internet, artigos

científicos, monografias e material

de sala de aula. Todo o material

utilizado está em português e

contém temas relacionados à

Educação Física e/ou

Page 10: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

Psicomotricidade a fim de buscar

referências ao assunto estudado.

Page 11: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

CAPÍTULO I – PSICOMOTRICIDADE E SUA RELAÇÃO COM A

EDUCAÇÃO FÍSICA

1.1– DESENVOLVIMENTO HUMANO

O desenvolvimento de cada ser humano ocorre a partir do momento em

que há a fecundação do óvulo pelo espermatozóide (momento da concepção)

até a sua morte, sendo englobados nesse processo mudanças fisiológicas,

físicas, psicológicas, ambientais que seguem determinados padrões

(CAMPOS, 1997).

Mimura (2005), define desenvolvimento como mudanças qualitativas

(aperfeiçoamento ou aquisição de capacidades e funções) que permitem a

realização de novos atos progressivamente mais complexos, com o aumento

cada vez maior da habilidade.

Ainda Mimura (2005), relata que tanto o desenvolvimento quanto o

crescimento produzem modificações de forma ordenada nos componentes

físico, emocional, social e mental do indivíduo não estando sujeito apenas a

sua vontade e ocorrendo de forma natural. A autora define crescimento como

aspecto quantitativo das proporções do organismo, ou seja, trata-se das

mudanças das dimensões corpóreas, como peso, altura, perímetro cefálico

entre outros. Diz ainda que maturação e aprendizagem estão interligadas e que

é necessário que o profissional de Educação Física tenha conhecimento sobre

os aspectos relacionados ao desenvolvimento humano para que não exija das

crianças atitudes e comportamentos não compatíveis com seu nível de

maturidade.

Junior (2005) define maturação como processo que permite a mudança

e o crescimento progressivo , nas áreas física e psicológica do organismo da

criança e explica a aprendizagem como mudança sistemática do

comportamento ou da conduta, que se realiza através da experiência e da

repetição, dependente de fatores internos e externos (neuropiscológicos e

ambientais).

Page 12: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

Segundo Campos (1997), o desenvolvimento da inteligência ocorre

desde o momento em que a criança começa a se relacionar com o ambiente,

mas ressalta também a teoria de Piaget, que diz que a criança traz

estruturas já construídas (cérebro, sistema nervoso, órgãos sensoriais,

reflexos) planejadas para sua relação com o meio e ao utilizar essas

estruturas na interação com o ambiente, inicia-se o processo de

desenvolvimento das estruturas cognitivas.

Ainda Campos (1997), descreve algumas teorias sobre desenvolvimento

humano, desenvolvidas por estudiosos como Piaget, Vygotsky, Freud e Wallon.

Piaget dividiu através de estágios seqüenciados o desenvolvimento

cognitivo, sendo estes: estágio sensório motor (0 a 2 anos), conceitos são

formados a partir de reflexos e sofrem modificações conforme a experiência

adquirida; estágio pré-operatório (2 a 7 anos), pensamento egocêntrico,

aparecimento da linguagem oral; estágio operatório concreto (7 a 11 anos),

pensamento lógico, mas há a necessidade de do auxílio de materiais e

exemplos concretos, ainda não é possível ordenar, seriar e classificar; estágio

operatório-formal (dos 12 anos em diante), pensamento lógico e correto com

base em possibilidades e hipóteses (FERREIRA, 2003).

A teoria proposta por Jean Piaget a respeito do desenvolvimento

cognitivo humano, preocupa-se com o desenvolvimento de estruturas que

possibilitam a obtenção e expansão da experiência que são construídas

através da interação entre o organismo e o ambiente (CAMPOS, 1997).

Já a teoria de Vygotsky (desenvolvimento cognitivo através do aspecto

social) considera a dupla natureza do ser humano, como pertencente a uma

espécie biológica bem como ser que se desenvolve num grupo cultural. A

teoria Vygotskiana assinala que a cultura é algo que o indivíduo utiliza como

instrumento pessoal da consciência (passando a internalizar) como processo

subjetivo, a partir de situações intersubjetivas e que o desenvolvimento ocorre

a partir de transformações entre o meio e o Ser, dizendo que não pode haver

uma alteração no sujeito e não haver respectivamente uma mudança no meio

(VYGOTSKY, 1989).

Page 13: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

Vygotsky propõe que a inteligência deve ser trabalhada a partir de dois

níveis: 1º nível, o desenvolvimento real – diz respeito da condição de solução

de problemas que a pessoa consegue apresentar atuando sozinha e o 2º nível,

o desenvolvimento proximal – que é o estado de possibilidade de solução de

problemas sob ajuda de um parceiro mais competente, termo de tratamento

utilizado por Vygotsky para denominar o papel de uma pessoa com certo

conhecimento à frente das demais que estão em busca desse conhecimento.

Diz ainda que entre os dois níveis citados acima, existe uma zona de

desenvolvimento proximal, a qual é a evolução do 1º para o 2º nível de

inteligência (VYGOTSKY, 1989).

A teoria de Freud é baseada na idéia da sexualidade infantil, existente

desde o nascimento, quando o bebê vive em função da busca pelo prazer

como por exemplo no momento a amamentação. Para Freud, os impulsos

sexuais e agressivos são importantes para educação e para a construção do

conhecimento. Sua teoria é portanto, dividida em etapas de desenvolvimento

psicosexual, que são: fase oral de (0 a 18 meses de idade) – a criança leva a

boca tudo que pode tocar, é a fase do desenvolvimento da dependência e pode

acarretar em características de otimismo ou pessimismo no indivíduo em fases

posteriores; fase anal ( até aproximadamente 4 anos) – necessidade de

controlar fezes e urina e é caracterizado pelo desejo de posse e é a fase onde

deve se estabelecer limites, ensinamento sobre regras e obediência além de

poder surgir o acanhamento, a partir da forma de como será apresentada a

criança a noção de respeitar limites; fase fálica (até os 7 anos) – fase em que

ocorre o Complexo de Édipo e caracterizada pelo despertar da atenção da

criança para a região genital e para a diferença entre os sexos. Período de

latência (dos 8 aos 11 anos) – desenvolve-se o pensamento e o raciocínio e é

a fase primordial para a obtenção de habilidades motoras, valores e papéis

relacionados a moral e aceitos culturalmente; fase genital (após os 11 anos) –

fase entre a infância e a vida adulta onde o adolescente necessita de valor

pessoal, identidade real e amor próprio para que possa tomar decisões

importantes que acabam por construir sua personalidade, sua identidade

(FERREIRA, 2003).

Page 14: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

Junior (2005), relata a teoria de Wallon como a que estuda a evolução

do psiquismo humano a partir da fecundação do óvulo pelo espermatozóide,

seu desenvolvimento até a sua morte, estabelecendo o indivíduo em suas

determinações culturais e comparando-o a espécies de vida próximas ou mais

afastadas.

Ainda Junior (2005), expressa a teoria de Wallon de acordo com a sugestão de que a evolução do ser humano ocorre a

partir das relações com o mundo humano, com a afetividade e com o

conhecimento do meio físico dizendo que o caráter intelectual ocorre após a relação afetiva. Wallon analisou toda a personalidade humana, caracterizando cada estágio de desenvolvimento pelo surgimento do domínio de uma função

sobre outras. Dividiu o processo de desenvolvimento em estágios, conhecidos como:

estágio impulsivo puro – o recém-nascido tem uma resposta reflexa a partir de

estímulos, sem autocontrole e sem limites precisados pela idade, sendo

caracterizado pela afetividade motora reflexa; estágio emocional (aos 6 meses

de idade) – a criança compartilha suas emoções com os adultos que a cercam;

estágio sensório-motor (1 e 2 anos de idade) – descobrimento do mundo

através da motricidade, surgindo também a linguagem havendo assim, uma

renovação do universo infantil; estágio do personalismo (aos 6 anos) – a

criança atinge a consciência de si e passa a reconhecer sua própria

personalidade; adolescência (a partir dos 12 até os 18 anos) - fase entre a

infância e a vida adulta onde a pessoa descobre que a vida social necessita ser

orientada por valores morais e espirituais para que possa obter realização

pessoal na vida (CAMPOS, 1997).

Segundo Alves (2007), os primeiros anos de vida são de importância

fundamental na vida do ser humano, pois as capacidades futuras de uma

crianças podem ser afetadas se alguma perturbação não for detectada e

tratada a tempo, causando problemas que podem afetar a aprendizagem da

leitura e da escrita. Diz ainda que cada período do desenvolvimento è diferente

do outro e em cada um deles a criança tem formas particulares de pensar e se

Page 15: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

comportar determinando e estabelecendo seu caráter do que pode ser

aprendido neste período e o que de melhor a criança é capaz de realizar.

Embora haja padrões de progressão de desenvolvimento, existe a

individualidade que faz com que existam diferenças entre a capacidade de

conseguir executar novas ações entre uma e outra criança de acordo com sua

idade. Por isso, não deve se comparar uma criança com a outra, já que cada

uma progride conforme seu estilo e seu ritmo de desenvolvimento (MIMURA,

2005).

1.2 – MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE

O movimento está interligado à vida. É fonte de aprendizado, meio de

comunicação desde o nascimento e através dele, é possível adquirir

experiências que partem de situações mais simples às mais complexas que

permitem o aprimoramento de algumas ações, que têm objetivos e

finalidades. A partir do movimento, torna-se real ao Homem a capacidade de

descobrir sensações de prazer e bem-estar, de experimentar novas

situações, de conhecer a si, seu próprio corpo e o ambiente que o cerca, de

evoluir e desenvolver cada vez mais suas potências (MARTINEZ;

PEÑALVER; SANCHEZ, 2003).

A partir do desenvolvimento motor, do controle do próprio corpo e utilização

dos movimentos, podemos observar a criança e detectar as condições de

qualidade dessa motricidade que aos poucos sofre variações, permitindo

adequar-se a um tempo e um espaço e situando esse sujeito diante do

mundo (MARTINEZ; PEÑALVER; SANCHEZ, 2003).

Kyrillos e Sanches (2004), mostram que o movimento diz respeito á

ação profissional da Educação Física e que o mesmo deve ser construído

social, humano e culturalmente.

Segundo os autores:

Page 16: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

“O movimento corporal ou movimento humano, que é tema da

Educação Física não é qualquer movimento, não é todo movimento.

É o movimento humano com determinado significado/sentido, que por

sua vez lhe é conferido pelo contexto histórico cultural”

(KYRILLOS,Michel; SANCHES,Tereza 2004. p 169).

Como a psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o

Homem e seu corpo em sua expressão dinâmica estabelece ligações diretas

com a motricidade e tem como fundamento três aspectos básicos: o

movimento (base da postura e posicionamento diante da vida), o intelectivo

(depende do movimento; qualidades da inteligência do pensamento humano)

e o afeto (envolve as relações do sujeito com outros, com o meio e consigo

mesmo)

(KYRILLOS; SANCHES, 2004).

Desta forma, a aprendizagem da criança está relacionada ao

desenvolvimento psicomotor, que objetiva conhecê-la a partir de suas

expressões motoras e produzir uma prática pedagógica empenhada em

descobrir a base simbólica existente nas ações espontâneas, além de

auxiliar no desenvolvimento evolutivo descrito pelos estudiosos Wallon,

Piaget e Freud a partir das perspectivas psicobiológica, cognitiva e

psicanalítica (MARTINEZ; PEÑALVER; SANCHEZ, 2003).

O movimento é o que há de mais amplo e significativo no comportamento do

ser humano, pois não corresponde apenas à um ato mecânico e abrange

outros fatores intrínsecos a ele tais como os músculos e a emoção entre

outros (MOLINARI; SENS, 2003).

A partir da intenção de se expressar, movimentar-se passa a ser

característica de comportamento humano, já que dessa forma sua ação tem

um objetivo. Interfere nos processos integrativos, quando sua exteriorização

é marcante na personalidade do Ser e sua importância é significativa para as

estruturas da consciência social (FONSECA, 1998).

Page 17: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

A criança tem a necessidade de se movimentar por ser um Ser ativo e se

comunica através da linguagem ou expressão corporal em todos os seus

momentos e através das suas brincadeiras, da sua ludicidade vivencia

atividades e aperfeiçoa seu desenvolvimento motor.

Observa-se então: “O movimento humano é sempre um movimento situado;

ele é sempre uma relação significativa entre situação e a ação, é sobretudo

a concretização de uma presença dinâmica no mundo, que caracteriza e

dimensiona a experiência pessoal” (FONSECA, 1998. p 199).

O que é chamado de padrão de movimento é decorrência de necessidades

adaptativas quando a vida se inicia. Antes que ocorra um padrão de

movimento, ocorre a expressão da inteligência não verbal.

Segundo Freire (1992), não há a existência de padrões de movimentos, pois

se ocorresse dessa forma acredita que haveria a padronização do mundo.

Isto fica estabelecido nas manifestações de esquemas motores, das

organizações de movimentos construídos em cada situação que dependem

de recursos biológicos e psicológicos de cada ser humano em relação ao

meio ambiente em que vive.

Movimento não é apenas deslocar-se e na psicomotricidade o fundamental

não é o movimento do corpo como o de qualquer outro objeto, mas a ação

corporal em si, a unidade biopsicomotora em atuação contribuindo para o

desenvolvimento global da criança com a experiência da ação corporal

relacionada ao ambiente, das relações estabelecidas consigo e com os

outros, com o espaço e com o tempo, com os objetos permitindo aos poucos

que a criança interiorize experiências e assim interligue à sua realidade

(MOLINARI; SENS, 2003).

1.3 – EDUCAÇÃO FÍSICA INFANTIL

A Educação Física não está restrita apenas ao ato mecânico. Contém além

da dinâmica corporal, atividades relacionadas ao cotidiano da criança, à

Page 18: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

ludicidade, ao lazer, à integração e socialização de grupos. Por trás das

brincadeiras e das atividades lúdicas estão as oportunidades para os

educandos desenvolverem sua cultura corporal, sua espontaneidade, seu

crescimento pessoal e social, o aperfeiçoamento dos movimentos naturais, a

possibilidade de vivenciar desafios e desequilíbrios. Durante as aulas,

através da psicomotricidade, os alunos conhecem o próprio corpo e este

torna-se um recurso para que possam se expressar, vivenciar e adquirir

novas experiências, novas formas de movimento e é neste espaço que há a

possibilidade de sentirem a liberdade, de se movimentarem e sentirem

prazer ao realizar uma atividade (KYRILLOS; SANCHES, 2004).

Desta forma, observa-se:

“A expressão livre corporal só é possível na compreensão, já que o bloqueio

afetivo acarreta um bloqueio físico e, como conseqüência, inibe toda

expressão gestual normal, natural” (LE BOULCH, 1982. p142).

O desenvolvimento psicomotor é de fundamental importância para o ser

humano e a infância é a maior fase de crescimento e desenvolvimento

sendo base para as fases seguintes das próximas etapas da vida. Ao

examinar o comportamento das crianças, é possível observar que têm

vontades, sentimentos e necessidades próprias. Se, de acordo com esses

fatores, for oferecida a condição de exploração do ambiente sob orientação

de adultos e/ou profissionais respeitando seus interesses, as crianças virão

a adquirir experiências que passarão a servir de suporte para melhor

conhecimento do seu corpo e das suas possibilidades de movimento

(NASSER, 2004).

Através da Educação Física, a criança desenvolve suas aptidões perceptivas

o que levam a um ajustamento do comportamento psicomotor. As atividades

propostas nas aulas devem ocorrer com espontaneidade, respeitando os

níveis de maturação biológica dos alunos para que estes possam

desenvolver o controle mental e a expressão motora, devem ainda fornecer

à criança a possibilidade de exploração do ambiente e experiências

Page 19: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

concretas fundamentais para seu desenvolvimento intelectual, além de

buscar educar os movimentos a partir das funções motoras cognitivas

relacionadas a afetividade (MOLINARI; SENS, 2003).

Atividades físicas recreativas propostas nas aulas da pré-escola até a

4ª série do ensino fundamental, também auxiliam o processo de

desenvolvimento dos alunos e está relacionada às atividades psicomotoras.

Elas devem ter o objetivo de favorecer a consolidação de hábitos higiênicos,

a criatividade, a socialização, o desenvolvimento motor e mental e a

melhoria da aptidão física contribuindo com a formação da personalidade

dos alunos (MOLINARI; SENS, 2003).

O objetivo da Educação Física no ensino fundamental até a 4ª série é

estimular o desenvolvimento psicomotor, complementar o conhecimento das

crianças e contribuir com sua formação integral. O profissional deve usar

artifícios para despertar a criatividade dos alunos e através das atividades

físicas, trabalhar os aspectos psicomotores: esquema corporal, lateralidade,

estruturação espacial, orientação temporal, coordenação motora fina e

grossa, ritmo, domínio visual e freio inibitório afim de auxiliar no

desenvolvimento e crescimento da criança (FERREIRA; KYRILLOS;

SANCHES, 2003).

Nas fases do desenvolvimento que englobam o período em que os alunos

estão na fase escolar (pré-escola até a 4ª série do ensino fundamental),

entende-se a Educação Física como fator imprescindível, já que

principalmente nessa fase a criança começa a sistematizar seus

conhecimentos e através das atividades realizadas com estas, há grande

possibilidade de redução de dificuldades relacionadas à aprendizagem

global dos escolares (MOLINARI; SENS, 2003).

A relação existente entre psicomotricidade e Educação Física está baseada

nas necessidades das crianças e é fundamental para que haja um

desenvolvimento e crescimento favorável a elas. Com a educação

psicomotora a Educação Física passa a ter o objetivo de incentivar a prática

Page 20: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

do movimento em todas as etapas da vida de uma criança (MOLINARI;

SENS, 2003).

1.4– LUDICIDADE: CONSIDERAÇÕES SOBRE A

IMPORTÂNCIA DO BRINCAR

De acordo com Pereira (2000), o universo infantil está presente em cada um

de nós. Durante a infância, as experiências vivenciadas durante a vida

deixam marcas expressivas e mesmo desconhecendo esta situação, as

pessoas trazem e reproduzem nos gestos, nas falas e nos costumes. Tudo

está registrado: os “bens e males”, e desta forma, participa da nossa história

pessoal, podendo estar de forma oculta ou não em nossa memória. As

brincadeiras e brinquedos unem-se a essa gama de experiências vividas.

Ainda Pereira (2000), diz que as brincadeiras alimentam a imaginação, a

criatividade, o companheirismo e a confiança e este conjunto é chamado de

lúdico.

Segundo Coelho e Ferreira (2001), o brincar possibilita a criança interpretar

papéis e situações imaginárias, construindo um mundo da forma como

gostaria que existisse, assumindo responsabilidades, estabelecendo

relações de cooperação e respeito, aperfeiçoando as etapas de

desenvolvimento psicomotor, cognitivo e afetivo tendo a percepção de

vencer desafios e obstáculos por vivenciarem cada papel e situações

semelhantes no mundo imaginário.

Observa-se então:

“... a criança vai adquirir pouco a pouco confiança nela, e melhor

conhecimento de suas possibilidades limites, com freqüência

impostos pela presença da outra criança com quem ela deverá

aprender a cooperar durante o jogo. Resumindo, a atividade lúdica

Page 21: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

incide na autonomia e na socialização, condição de uma boa relação

com o mundo” ( LE BOULCH, 1982. p140).

Para a criança, a brincadeira é imprescindível na construção da sua

inteligência e do seu equilíbrio emocional sendo fator de grande contribuição

para sua afirmação pessoal e integração social (TOSCANO, 1974).

Através das atividades lúdicas, as crianças têm a oportunidade de

libertar sua capacidade de criar e reinventar “seu mundo”, libertar sua

afetividade e enxergar que suas fantasias são aceitas e exercitadas para

que através desse mudo mágico possam explorar seus próprios limites.

Segundo Kishimoto (2001), as brincadeiras e os jogos educativos são

utilizados no cotidiano escolar com o objetivo de desenvolver o processo de

ensino-aprendizagem além do desenvolvimento físico, emocional e social da

criança. Considerando que a criança tem a capacidade de aprender de

maneira intuitiva, de obter noções espontâneas através de processos

interativos capazes de desenvolver o ser humano integral com sua

inteligência e afetividade a brincadeira passa a ter um papel de grande

importância para desenvolvê-la.

As atividades lúdicas auxiliam as crianças a lidarem com sentimentos

aflitivos, fazendo com que elas mantenham o entusiasmo e perseveranças

diante dos desafios. Brincar e jogar são exercícios prazerosos da

administração da realidade, onde se estabelecem regras básicas de

convivência em sociedade, tornando-se possível adquirir autoconsciência.

As brincadeiras tornam-se de importância primordial, pois através da

situação lúdica tornam possível a capacidade de cada um encontrar formas

de fazer o que quer aprendendo a compreender e atuar diante das forças

que encontram-se no meio onde se vive.

A brincadeira oportuniza a criança se humanizar. O brincar trás consigo o

caráter da espontaneidade, da criatividade e da aceitação das morais da

sociedade. Com as atividades lúdicas é permitido experimentar

comportamentos que em outras situações poderiam não ocorrer devido ao

medo de cometer erros ou sofrer punições. É com o ato de brincar que a

Page 22: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

criança obtém prazer e motivação, é quando tem a oportunidade de não se

preocupar com resultados ou cobranças sociais e através da ludicidade

desperta-se o interesse por ações e explorações livres que auxiliam a

espontaneidade e flexibilidade de quem brinca (VELASCO, 1996).

A maior ocupação para crianças pequenas é brincar, não com

movimentos , brincadeiras estáticas e sim correr, saltar, pular, jogar bola,

brincar de boneca, se movimentar sozinho e com outras crianças para

desenvolver sua capacidade criadora colocando em movimento o corpo e a

mente. Faz-se necessário encarar o ato de brincar das crianças como ações

sérias, de fundamental importância para seu desenvolvimento.

Conforme Coelho e Ferreira (2001), deve-se valorizar a criança e

suas atitudes, respeitando sua ludicidade, suas brincadeiras e seu

desenvolvimento, proporcionando a construção do adulto saudável,

equilibrado e criativo que suporta as situações e a s frustrações da vida

cotidiana e que demonstra facilidade na resolução de problemas no dia-a-

dia.

O lúdico faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana e

propicia momentos de encontro do sujeito consigo mesmo

(autoconhecimento) e com os outros, sendo um fator de grande importância

no desenvolvimento do comportamento humano (ALMEIDA, 2005).

Possuem características lúdicas as atividades que proporcionam aos

praticantes a vivência do presente, do “aqui-agora” e que integram a ação ao

pensamento e ao sentimento. Essas atividades devem conter o caráter de

oportunizar e desenvolver capacidades como atenção, afetividade,

concentração, imaginação, criatividade entre outras (ALMEIDA, 2005).

Segundo Vigotsky (1984), é com o brincar que a criança aprende a

agir numa esfera cognitiva e passa a se comportar de forma mais avançada

do que nas atividades da vida real, tanto pela vivência de uma situação

imaginária quanto pela capacidade de subordinação às regras.

Piaget (1998), acredita que o jogo, o lúdico, é essencial na vida da

criança e que esta inicia seu exercício por prazer, repete determinada

Page 23: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

situação por apreciar seus efeitos. Diz ainda que a atividade lúdica é o berço

obrigatório das atividades intelectuais da criança e é indispensável a prática

educativa.

1.5 – PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL

A Psicomotricidade Relacional é o resultado do trabalho do estudioso

francês André Lapierre e seus colaboradores, que a aproximadamente 20

anos desenvolvem uma proposta inovadora em relação a postura do adulto

perante a criança e que tem por objetivo permitir à criança expressar suas

dificuldades relacionais e auxilia-la a supera-las, sendo um método de

ensino que está diretamente relacionado a aspectos psicoafetivos

relacionais (PINTO, 2005).

A proposta da Psicomotricidade Relacional é proporcionar a criança o “jogo

espontâneo”, que permite a expressão de necessidades e desejos, onde

torna-se possível a decodificação simbólica da sua atuação espontânea que

permite intervenções na estruturação e evolução da dimensão afetiva do

indivíduo (PINTO, 2005).

Na escola, nas aulas de Educação Física, a prática desse método

inovador busca favorecer e organizar as experiências corporais vivenciadas

pelas crianças, que têm a possibilidade de criar situações que partem de suas

possibilidades e experiências já adquiridas a partir de relações com o outro e

com objetos, através de atividades interligadas as áreas cognitivas, afetivas,

psicomotoras, sociais entre outras, havendo dessa forma uma contribuição

significativa à formação global do indivíduo. No ambiente escolar, a

psicomotricidade relacional tem a função de: prevenir problemas nas relações

interpessoais (comportamentos agressivos, inibidos, passivos); promover a

socialização (desenvolver a conduta social a partir de valores éticos e morais);

Page 24: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

promover a integração e a aceitação das diferenças e favorecer uma

aprendizagem. Ao nascer o ser humano possui uma consciência

indiscriminada, não sendo capaz de diferenciar as coisas, os outros e se

diferenciar entre as outras pessoas vindo a ganhar essa capacidade através

das relações interpessoais que se iniciam desde o nascimento, no ambiente

familiar, depois na escola e à sociedade (PINTO; TEIXEIRA, 2002).

Sendo assim, o processo de relações estabelece o desenvolvimento da

consciência reflexiva, permitindo às crianças aprender as possibilidades e

funções das coisas, além de aprender também a se diferenciar entre os outros.

Desta forma inicia-se o processo de construção da personalidade, que é a

grande resultante das relações interpessoais, onde a criança através da

socialização aprende suas possibilidades e seus limites sociais (PINTO;

TEIXEIRA, 2002).

Segundo Vieira (2005), a personalidade se estrutura e se modifica a

partir de experiências relacionais, é a forma de perceber, reagir e estruturar

nossas relações sociais através da comunicação entre seres humanos e entre

as coisas que estão ao nosso redor, estabelecendo relações entre o nosso

corpo e o corpo do outro, desenvolvendo o prazer de se comunicar, se

socializar.

Ainda Vieira (2005), diz que as vivências psicomotoras são relevantes

atividades presentes na infância, por possibilitar tais experiências às crianças.

A psicomotricidade na escola atua no âmbito preventivo, respeitando e

favorecendo o desenvolvimento integral da criança, partindo da unicidade e

globalidade do seu Ser. A partir do movimento liberal no jogo espontâneo, o

prazer do brincar sem culpas e preocupações maiores propicia um espaço e

momento único, o que contribui para a comunicação com o outro e com a

descoberta do prazer no movimento, fator motivante para a busca de mais

ação, mais exploração e construção, tornando a criança apta a abertura dos

conteúdos culturais favorecendo a aprendizagem, que torna-se de melhor

compreensão e entendimento por estar relacionada ao desejo de comunicar-se

com o outro, de investir no espaço e descobrir o mundo (CARVALHO;

CARVALHO, 2006).

Page 25: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

CAPÍTULO II – A PRÁTICA DA PSICOMOTRICIDADE

2.1- PSICOMOTRICIDADE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO

FÍSICA

Segundo Molinari e Sens (2003), o trabalho da psicomotricidade com

as crianças deve prever a formação base indispensável em seu

desenvolvimento motor, afetivo e psicológico oportunizando através de jogos

e de atividades lúdicas que se conscientize sobre seu corpo.

A psicomotricidade tem como objetivo o desenvolvimento das

habilidades motoras e criativas do ser humano de forma global, a partir do

corpo, conduzindo a centralização da sua atividade e a busca do movimento

e do ato, considerando patologias, disfunções, educação, aprendizagem

entre outros e deve ser compreendida em sua integridade, já que consiste

na unidade dinâmica das atividades, dos gestos, das atitudes e posturas,

enquanto sistema expressivo, realizador e representativo do indivíduo em

ação consigo, com o ambiente e com outros indivíduos (KYRILLOS;

SANCHES, 2004).

A educação psicomotora deve ser base na escola primária (educação

infantil e ensino fundamental – 1º ao 9º ano), pois condiciona todos os

aprendizados dos pré-escolares e escolares, possibilita que a criança tome

consciência do seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, dominar o

tempo, obter coordenação dos seus movimentos. Deve ser exercitada desde

a mais tenra idade e orientada continuadamente, permitindo prevenir

inadaptações que tornam-se de difíceis correções quando já solidificadas

(LE BOUCH, 1982).

De acordo com Kyrillos e Sanches (2004), a Educação Física junto

com a psicomotricidade no dia-dia na escola, têm o objetivo de melhorar e

oportunizar o sujeito ao movimento, facilitando melhorias nas possibilidades

de adaptação ao mundo externo, auxiliando na estruturação das

Page 26: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

percepções. Ainda, segundo os autores, os benefícios da parceria

Educação Física e psicomotricidade serão percebidos ao longo da vida do

sujeito que provavelmente será um ser bem resolvido em suas questões

internas.

Molinari e Sens (2003), afirmam que a Educação Física é uma ação

psicomotora exercida pela cultura sobre a natureza e o comportamento do

ser humano, em função das relações sociais, das idéias morais, das

capacidades e da maneira de ser de cada um, favorecendo determinados

comportamentos que permitem transformações.

A Educação Física não é limitada apenas à execução mecânica do

exercício motor e é constituída por atividades relacionadas ao cotidiano da

criança, à ludicidade e ao lazer. A criança passa a ter conhecimento a partir

do momento em que há ação, observa e se relaciona com o mundo enfrenta

desafios e troca informações com outras crianças e adultos (KYRILLOS;

SANCHES, 2004).

Vigotsky (1998), considera que o desenvolvimento ocorre ao longo da

vida e que suas funções psicológicas são construídas ao longo dela. Diz

ainda que o sujeito é um Ser interativo e que a criança utiliza as interações

sociais como formas privilegiadas de acesso a informações.

Segundo Fonseca (1998), é o movimento que promove uma

estruturação interna que se prepara para futuras realizações e é a

integração mental da ação motora que expressa a individualização do

sujeito, caracteriza o comportamento humano e através de aquisições

motoras integrada há a relação com o desenvolvimento psicofisiológico.

A relação do aspecto motor com a psicomotricidade é forte e é a partir

do desenvolvimento da motricidade nas crianças que é possível detectar se

está ocorrendo um desenvolvimento dos outros aspectos psicomotores, o

que contribui para o desenvolvimento global do Ser. O movimento é sua

própria fonte de aprendizado e permite aquisição de experiências que

passam a ter finalidades e objetivos, contribuindo assim com o auto-

Page 27: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

conhecimento e evolução, concomitantemente as competências humanas

(MARTINEZ; PEÑALVER; SANCHEZ, 2003).

Segundo Martinez, Peñalver e Sánchez (2003), o desenvolvimento da

inteligência e da personalidade de uma criança exige organização e

estruturação do eu e do mundo a sua volta, que ocorre a partir de

experiências e vivências que requerem certa racionalidade e afetividade,

que podem ocorrer por exemplo em atividades no ambiente escolar.

As aulas de Educação Física são na escola o momento que as crianças

possuem para se expressar, brincar e desenvolver habilidades motoras e

corporais que podem estar interligadas a outras disciplinas

(interdisciplinaridade) o que pode se tornar um fator motivante e dessa forma,

auxiliar outros aspectos trabalhados na escola, como por exemplo a cognição

dos alunos (SOARES, 1996).

Os familiares têm fundamental importância no desenvolvimento das

suas crianças, já que são desde o nascimento, a primeira instituição social

que entra em contato com os pequeninos e estimulam seus movimentos,

suas sensações e descobertas, além de serem os principais responsáveis

pela educação das crianças (ROCHA, 2004).

Para que haja uma maior compreensão das necessidades dos alunos

e colaboração com seu desenvolvimento em todos os sentidos no ambiente

escolar, é necessário que o professor tenha conhecimento das reais

necessidades das crianças, pois cada uma apresenta sua individualidade,

um estilo e ritmo próprio além de sofrerem influências do ambiente

constantemente. Esses fatores devem ser respeitados e para que ocorra um

trabalho de melhor qualidade em relação à educação escolar, incluindo a

Educação Física, em imprescindível que ocorra troca de informações sobre

o desenvolvimento das crianças na escola entre pais e professores

(MIMURA, 2005).

A prática de atividades físicas com regularidade na infância oferece

imensos benefícios no desenvolvimento da criança, tais como: auxílio no

crescimento físico, melhor desenvolvimento das capacidades físico-motoras,

Page 28: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

valorização da auto-estima, auxílio no desenvolvimento cognitivo e criação

de novas amizades (cooperação, socialização e afetividade). A prática de

atividades físicas deve ser estimulada nas aulas de Educação Física

Escolar, com o objetivo de socializar, prevenir a saúde dos alunos e

desenvolver práticas corporais favoráveis a vida desses pequenos cidadãos

(NETO, 1995).

O professor deve utilizar atividades lúdicas para despertar a

motivação nos alunos, já que o lúdico torna-se muito mais interessante se

compartilhado entre as crianças, e utiliza-las também para trabalhar as mais

diversas atividades, incluindo as psicomotoras, promovendo a interação

entre os alunos de forma a contribuir com seu desenvolvimento social.

A partir da interação com o meio social e físico a criança tem um

desenvolvimento abrangente e eficiente, indicando que o envolvimento com

o meio social desencadeia variados processos que auxiliam seu

desenvolvimento (QUINTÃO et al, 2005).

As atividades psicomotoras nas aulas de Educação Física devem ser

fundamentadas em três aspectos: o movimento (como base das posturas e

posicionamentos diante da vida), o intelecto (seu desenvolvimento depende

do movimento para se estabelecer, desenvolver e realizar-se) e o afeto

(envolve as relações do indivíduo com o mundo, com os outros e consigo

mesmo). Sendo assim, a psicomotricidade deve junto a Educação Física,

garantir a afetividade e socialização no desenvolvimento das crianças, a

partir de atividades que estimulem a livre expressão e iniciativa, a busca da

autoconfiança e aceitação e convivência com as inúmeras diferenças

encontradas nos variados grupos de suas relações sócias, auxiliando seu

crescimento pessoal e social (KYRILLOS; SANCHES, 2004).

Através das atividades físicas, voltadas para o desenvolvimento

psicomotor dos alunos nas aulas de Educação Física, devem despertar a

criatividade e devem ser associadas aos potenciais intelectuais permitindo o

desenvolvimento dos escolares bem como uma evolução cognitiva

(KYRILLOS; SANCHES, 2004).

Page 29: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

De acordo com Ferreira (1995), o espaço reservado as aulas de

Educação Física podem apresentar diversas características relativas ao local

das aulas práticas, ao uso de material de acordo com a geografia do local e

os aspectos sócio-culturais e climáticos. A escola é um espaço social e a

Educação Física toma o movimento como instrumento de trabalho para o

desenvolvimento cinestésico-motor dos seus alunos.

É imprescindível que o local destinado das aulas práticas da disciplina

aqui tratada seja amplo, arejado, sem barreiras arquitetônicas e que permita

a movimentação e que não limite as diversas formas de exploração do

movimento corporal (JUNIOR, 2005).

2.2 – A RELAÇÃO DA CRIANÇA COM O AMBIENTE QUE

A CERCA

A criança passa a maior parte do seu dia na escola, instituição

social que deve proporcionar para os alunos a integração dos

conhecimentos que vierem a ser recebidos por eles nos aspectos corporal,

mental, social e emocional trabalhando o aluno como ser holístico de forma

que a motricidade interaja com os fatores cognitivos, sociais, e emocionais

de forma complexa. Nas aulas de Educação Física, onde a ludicidade

prevalece, surge a oportunidade da criança aperfeiçoar e desenvolver os

movimentos naturais e aprendidos (KYRILLOS; SANCHES, 2004).

O professor no trabalho com a psicomotricidade deve se tornar um

facilitador e não apenas um transmissor de conhecimento e ensinamentos

estabelecidos. Deve proporcionar a criança tempo para suas descobertas e

oferecer estímulos variados tornando possível a vivência de experiências

realizadas pelo corpo inteiro que possam construir o desenvolvimento global

dos alunos. No trabalho com a psicomotricidade, deve haver a

conscientização de responsáveis, pais e coordenadores de escolas

mostrando o objetivo do trabalho realizado (ALVES, 2007).

Page 30: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

Para que os pais possam ser mais compreensivos, há a necessidade

de descobrir as capacidades e necessidades dos seus filhos. Informações

sobre o desenvolvimento dos filhos são importantes para que os

responsáveis possam interferir positivamente na vida das crianças,

oferecendo estímulos corretos correspondentes e compatíveis à fase de

amadurecimento que a criança está vivenciando (MIMURA, 2005).

O esclarecimento aos pais sobre a importância da atividade física na

infância e principalmente das atividades psicomotoras é fundamental como

apoio social do professor compromissado com o desenvolvimento dos seus

alunos. Quando os pais recebem informações sobre os aspectos que

influenciam na vida dos seus filhos, surge a capacidade de compreender,

controlar e estimular melhor essas crianças, amenizando conflitos e

frustrações (BEE, 1996).

2.3 – PROPOSTA DE ATIVIDADES PSICOMOTORAS

NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO

INFANTIL

O período em que as crianças freqüentam a educação infantil é em

média de dois anos e nesse período o que se espera é que haja o

favorecimento do seu desenvolvimento global, fortalecimento enquanto

sujeito e construção da sua identidade e autonomia bem como construção

da sua unidade corporal. A lei de Diretrizes e Bases nº 9394/96, art 29,

define ser a finalidade da educação infantil o desenvolvimento integral da

criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico,

intelectual e social complementando a ação da família e da comunidade.

Na educação infantil a descoberta do corpo, de suas emoções e

sensações, seus limites e movimentos são de fundamental importância para

a criança que nesta fase encontra-se em período de construção da sua

imagem corporal. As atividades psicomotoras então tornam-se essenciais

Page 31: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

porque devido a ludicidade intrínseca é possível através de brincadeiras a

vivência dos aspectos motores, sensoriais e emocionais ampliando o

conhecimento de mundo da criança.

A Educação Física na educação infantil deve ajudar a criança a criar

situações, experimentar desafios, e auxilia-la na ação consciente, além de

desenvolver a afetividade visando a conquista da autoconfiança, livre

expressão e iniciativa. O aprender em Educação Física não se limita apenas

a um ato mecânico motor, mas sim a atividade relacionada dia-a-dia da

criança bem como à ludicidade e ao lazer. A psicomotricidade nas aulas de

Educação Física tem o desafio de propiciar ao aluno o conhecimento do seu

corpo utilizando-o como instrumento de expressão e realização de suas

necessidades, havendo o respeito por suas experiências anteriores e

permitindo condições de criar e adquirir novas possibilidades de movimento

(KYRILLOS; SANCHES, 2004).

As atividades psicomotoras, jogos, brincadeiras, desenvolvidas nas

aulas de Educação Física devem integrar aspectos motores, afetivos,

cognitivos e sociais e podem auxiliar no processo de ensino-aprendizagem e

melhorar o comportamento dos alunos. No ensino infantil, essas

experiências devem ser vivenciadas a fim de que sejam internalizadas e

assimiladas (ALVES. 2007).

Os aspectos psicomotores a serem desenvolvidos com as atividades

são: esquema e imagem corporal, lateralidade, coordenação motora global e

fina, orientação espacial e temporal, equilíbrio, ritmo além dos aspectos

afetivos que devem estar presente nas aulas. Essas atividades ainda podem

ser funcionais, referentes à integralização motora do indivíduo em um

determinado espaço e tempo, cuja ação e qualidade podem ser percebidas e

mensuradas ou relacionais, que permeiam as relações de desejo, frustração

e integração do indivíduo com o meio, com o espaço, com objetos e consigo

mesmo (JUNIOR, 2005).

Esquema corporal é o elemento básico indispensável para a

formação da personalidade da criança, pois reflete o equilíbrio entre as funções

Page 32: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

psicomotoras e sua maturidade. Segundo Le Bouch (1982), esquema corporal

pode ser considerado como uma intuição de conjunto ou um conhecimento

imediato que temos do nosso próprio corpo, seja em posição estática ou em

movimento, em relação às diversas partes entre si e, sobretudo, nas relações

com o espaço e os objetos que o circundam. As atividades que podem

trabalhar esse aspecto são: brincar de carrinho de mão, desenhar-se em

tamanho natural e depois contornar-se por cima do desenhado para posterior

comparação; dançar com amigo no ritmo da música tocando somente a parte

do corpo pedida pelo professor; o aluno caminhará pela sala tendo que colocar

a parte do corpo pedida pelo professor na frente de todas as outras partes do

corpo.

Imagem corporal segundo Alves (2007), diz respeito aos sentimentos do

indivíduo em relação à estrutura de seu corpo como a bilateralidade,

lateralidade, dinâmica e equilíbrio corporal. As relações entre o corpo e os

objetos situados no espaço ao seu redor referem-se aos conceitos direcionais

do indivíduo e à consciência de si próprio e do desempenho do que ele cria no

espaço. Nessa área, podem ser desenvolvidas atividades como espelho

mágico, onde uma criança fica de frente para a outra e deve imitar a amiga as

crianças caminharam por um espaço tendo que colocar a parte do corpo

pedida pelo professor na frente de todas as outras partes do corpo.

Lateralidade é uma dimensão da atividade motora humana marcada

pela dominância de um lado corporal sobre o outro. Um lado do corpo, e

conseqüentemente uma parte do cérebro assume uma ascendência nas

variadas atividades motoras e perceptivas. A lateralidade pode ser

compreendida como a bússola do esquema corporal. Durante o crescimento,

naturalmente se define uma dominância lateral. Será mais forte, mais ágil do

lado direito ou do lado esquerdo. A lateralidade corresponde a dados

neurológicos, mas também é influenciada por certos hábitos sociais. O

conhecimento e o domínio do corpo só é adquirido pela criança quando há uma

perfeita sintonia do esquema corporal. Os tipos de lateralidade são: ocular,

auditiva, manual e pedal e pode ser unilateral (definida), cruzada (respostas em

lados diferentes do corpo) ou ambidestra (eficiência mecânica dos dois lados).

Page 33: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

Existem brincadeiras infantis que auxiliam no desenvolvimento da lateralidade

como amarelinha, que deve ser incorporada a aula de Educação Física com

esse objetivo. Outras atividades que podem ser realizadas são: percorrer

espaços demarcados no chão com linhas, ora com um pé, ora com outro;

cruzar instruções: mão direita na orelha esquerda, calcanhar esquerdo no

joelho direito.

A coordenação motora global segundo Junior (2005), é a possibilidade

do controle e da organização da musculatura ampla para realizar movimentos

complexos, refere-se à aquisição do uso mais eficiente dos músculos

esqueléticos (grandes músculos) na produção de uma ação corporal global

coordenada e efetiva. As atividades indicadas para desenvolvimento desse

fator psicomotor são: andar com uma bola entre as pernas; saltar de diferentes

formas, com um pé só com os dois pés, por cima de objetos; brincar de

carrinho de mão.

Coordenação motora fina é a capacidade de usar de forma eficiente e

precisa os pequenos músculos, produzindo assim movimentos delicados e

específicos. Este tipo de coordenação permite dominar o ambiente, propiciando

manuseio dos objetos e resulta do desenvolvimento dos sistemas musculares

delicados ou pequenos, a um grau em que eles podem desempenhar

pequenos movimentos específicos como recortar, lançar em um alvo, entre

outros movimentos que necessitam de precisão (ALVES, 2007).

As atividades que podem trabalhar o desenvolvimento dessa área são:

realizar pinturas com os dedos dos pés e das mãos; brincar com jogo de pega-

varetas; fazer dobraduras, realizar cortes de folhas de jornal com os pés

descalços.

Ainda há as coordenações óculo-manual e óculo-pedal que dizem

respeito à capacidade do indivíduo usar conjuntamente seus olhos e mãos para

concretizar uma tarefa e à capacidade do indivíduo usar conjuntamente seus

olhos e pés para concretizar uma tarefa, respectivamente. Para esses fatores

psicomotores as atividades que podem contribuir são: lançar bolas em local

determinado com as mãos, brincar de dardo, caminhar direcionando uma bola

com os pés até um local determinado (JUNIOR, 2005).

Page 34: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

A organização espacial é a orientação, a estruturação do mundo exterior

referindo-se primeiro ao eu referencial, depois a outros objetos ou pessoas em

posição estática ou em movimento (TASSET apud CARVALHO, 2007).

Segundo Fonseca (1998), o caráter espacial é um dado essencial da

consciência do eu e um pólo de identidade do indivíduo em relação ao mundo e

diz ainda que esse aspecto encontra-se ligado às funções da memória.

As atividades que trabalham a organização espacial são: montar quebra-

cabeças, brincar de amarelinha, cobrir linhas traçadas num papel, obedecer

ordens como passar por baixo da mesa, por cima da cadeira, colocar o lápis do

lado da mochila, arremessar bolas em locais determinados (dentro de baldes,

arcos, círculos).

A orientação temporal é a capacidade de situar-se em função da

sucessão dos fatos (antes, durante e após), da duração dos intervalos (hora,

minuto, andar, corrida); renovação de períodos como semana, mês, ano e do

caráter imutável do tempo como envelhecimento, pessoas e plantas. A noção

de tempo tem relação estreita com a relação de espaço, mas o tempo é uma

noção material não podendo ser objetivada. Desta forma, distinguimos o

passado do presente e do futuro a partir do tempo corrido, bem como

avaliamos o movimento no tempo diferenciando o rápido do lento (BUENO,

1998).

As atividades que auxiliam o desenvolvimento da orientação temporal

são: recompor uma história com início, meio e fim; reconhecer num grupo

pessoas mais ovas e mais velhas; colocar em sequência figuras que

representam uma história contada.

O equilíbrio é a base de toda a coordenação dinâmica global. É a noção

de distribuição do peso em relação a um espaço e a um tempo e em relação ao

eixo de gravidade e depende essencialmente do sistema labiríntico e do

sistema plantar e pode ser estático ou dinâmico. O equilíbrio correto é a base

primordial de toda coordenação motora geral, assim como de ação diferenciada

dos membros superiores. Se a criança tem um bom equilíbrio, seu corpo age

de forma integrada permitindo que desenvolva a habilidade de sentar

ampliando sua capacidade de concentração (JUNIOR, 2005).

Page 35: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

As atividades psicomotoras para equilíbrio são: equilibrar-se sobre um

pé só, inclinando-se verticalmente para trás e para frente; manter-se

equilibrado com um livro na cabeça; andar nas pontas dos pés, andar

segurando um copo cheio de água; andar sobre uma corda no chão.

O ritmo é a força criadora que está presente em todas as atividades

humanas e se manifesta em todos os fenômenos da natureza. O ritmo do

movimento é uma alternância entre a contração e o relaxamento e pode ser

forte ou fraco, rápido ou lento, acelerando ou diminuindo a velocidade, súbito

ou hesitante de durações diferentes e constitui uma expressão natural do

estado de ânimo e da natureza de cada indivíduo. O ritmo dos movimentos não

deve ser confundido com batimentos, não deve ser contado, mas deve ser

experimentado e percebido (BUENO, 1998).

As atividades psicomotoras aplicadas ao ritmo são: dança da cadeira;

produzir sons com o corpo, produzir sons com materiais alternativos (latas,

tampinhas, garrafas); atividades com cantigas de rodas.

As aulas de Educação Física na educação infantil além de trabalhar as

atividades mencionadas devem conter também atividades de caráter afetivo,

como jogos cooperativos, que visão trabalhar a criação, liberdade e

cooperação entre os indivíduos já que são jogos em que não há perdedores e

ganhadores e sim situações onde as crianças devem executar tarefas

cooperando umas com as outras. Os jogos cooperativos podem ser: de

apresentação, aproximação, afirmação, ligação, plenamente cooperativos,

confiança e resolução de conflitos (JUNIOR, 2005).

Page 36: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com a pesquisa bibliográfica apresentada nesse trabalho

monográfico, foi possível identificar que a psicomotricidade é importante nas

aulas de Educação Física na educação infantil por contribuir de forma

positiva para o desenvolvimento integral dos alunos, que apresentam-se

numa fase em que há a exploração intensa do mundo , das sensações, das

emoções ampliando essas vivências com movimentos mais elaborados.

Através de atividades psicomotoras específicas para a faixa etária e a

fase de desenvolvimento motor, cognitivo e social em que as crianças se

encontram é possível haver uma prática enriquecedora para os escolares, já

que a interação entre a psicomotricidade e a Educação Física são de

extrema importância para seu crescimento, desenvolvimento e

amadurecimento através de atividades que permitam a comunicação, a

expressão, que possibilitem aos alunos diferentes formas de se movimentar,

pensar e agir, estimulando que a criança encontre seus sentimentos,

descubra seu corpo, experimente diversas formas de se expressar,

contribuindo então com a formação de cidadãos, de adultos conscientes.

Page 37: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

É importante lembrar aos profissionais de Educação Física atuantes

em escolas no ensino infantil, que estejam atentos a importância das

atividades motoras e da psicomotricidade para o desenvolvimento dos seus

alunos, lembrando que a presença da ludicidade é fator motivante para que

a prática das suas aulas torne-se cada vez mais prazerosa. As aulas devem

oferecer condições para satisfazer as necessidades básicas da criança,

favorecendo um clima de bem estar físico, afetivo, social e intelectual,

mediante a proposição de atividades lúdicas que promovam a curiosidade e

espontaneidade, estimulando novas descobertas e novas relações a partir

do que já se conhece.

Este estudo torna-se uma colaboração aos estudantes e profissionais

de Educação Física, além de ser material interessante para demais

profissionais e estudantes de outras áreas relacionadas à educação escolar.

Recomenda-se fazer novos estudos e a fim de dar continuidade ao

estudo aqui apresentado pesquisando-se diferenças de atividades entre

escolas particulares e públicas ou sobre a importância das atividades

psicomotoras no ensino fundamental do 1º ao 9º ano, já que este aqui

apresentado procede em relação à educação infantil.

Page 38: a importância das atividades psicomotoras nas aulas de educação

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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