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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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LINGUAGEM E PERSUASÃO NO GÊNERO ARTIGO DE OPINIÃO

Andréa Fahr Mantovani1

Vladimir Moreira2

Resumo: Este artigo resulta do trabalho desenvolvido junto aos alunos de 9º ano do ensino fundamental II, no período matutino, do Colégio Estadual Souza Naves – Ensino Fundamental, Médio e Profissional, em Rolândia-PR. Serão apresentados os resultados da implementação do projeto de intervenção na escola, que objetivou desenvolver métodos que auxiliem o trabalho de leitura, compreensão e produção de textos do gênero artigo de opinião, com o intuito de possibilitar aos alunos o desenvolvimento de suas estratégias de compreensão, assim como estabelecer uma relação mais sólida com o saber e com a cultura. As propostas de encaminhamento metodológico serão apresentadas sequencialmente, juntamente com os resultados obtidos em cada uma delas. Palavras-chave: Leitura. Produção. Opinião. Persuasão. Linguagem.

1 INTRODUÇÃO

Há anos, o governo do Estado do Paraná vem investindo na formação dos

professores da rede pública estadual de ensino, sempre com o objetivo de colocar

professores capacitados em sala de aula para que haja mudanças qualitativas na

prática escolar da rede pública de ensino do Estado. A estrutura organizacional do

Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) possui uma estrutura que está

representada no Plano Integrado de Formação Continuada por três eixos de

atividades. No eixo 1, temos atividades de integração teórico-práticas, das quais

fazem parte o Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola, a Produção Didático-

Pedagógica, a Implementação do Projeto de Intervenção na Escola, os encontros de

orientação na Instituição de Ensino Superior (IES) e o trabalho final. No eixo 2,

intitulada “Atividades de Aprofundamento Teórico”, fazem parte os cursos na IES, os

1 Formada em Letras anglo-portuguesas pela Universidade Estadual de Londrina (1996). Cursou

especialização em Língua Portuguesa na Faculdade de Jandaia do Sul (1998). Professora de Língua

Portuguesa e de Língua Inglesa no Ensino Fundamental do Colégio Estadual Souza Naves, em

Rolândia-PR. E-mail: [email protected].

2 Graduado em Licenciatura Plena em Letras Vernáculas e Clássicas pela Universidade Estadual de

Londrina (1989), especialista em Língua Portuguesa pela Universidade Estadual de Londrina (1992), mestre em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1996), doutor em Semiótica e Linguística Geral pela Universidade de São Paulo (2002). Atualmente é coordenador geral do PDE e professor associado da Universidade Estadual de Londrina. E-mail: [email protected].

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seminários, os encontros de área, as inserções acadêmicas e as webconferências.

As Atividades Didático-Pedagógicas com Utilização de Suporte Tecnológico, eixo 3,

constituem-se em: Grupo de Trabalho em Rede (GTR), formação tecnológica e

Sistema de Acompanhamento e Integração em Rede (SACIR). Todas essas

atividades estão divididas em quatro semestres, totalizando dois anos. O professor

que ingressa no PDE tem garantido o direito a afastamento remunerado de 100% de

sua carga horária efetiva no primeiro ano e de 25% no segundo ano do programa.

A cada ano letivo, é possível aos professores verificar a dificuldade que os

alunos apresentam na habilidade de leitura. Muito se tem questionado e debatido

sobre esse déficit e propostas para superar essa defasagem têm sido feitas, mas os

resultados estão, ainda, aquém do desejável. Este trabalho, apesar de abranger as

três práticas: de leitura, da oralidade e da escrita, está voltado ao desenvolvimento

da primeira.

A partir do pressuposto de que a leitura é um ato social, os gêneros textuais

são tidos como manifestações culturais e, por isso, segundo Bakhtin, são orientados

pelo espaço-tempo. De acordo com os estudos de Machado (2010, p. 159) sobre a

teoria dialógica de Bakhtin, os gêneros são produzidos no presente, mas reportando-

se ao passado e apontando para o futuro, adquirindo a sua maturação. Enquanto o

espaço é social, o tempo é sempre histórico, o que faz com que o gênero não surja

do nada e não desapareça definitivamente. Então, os gêneros não são recentes, já

que estão atrelados ao ambiente social e histórico da humanidade.

Segundo Sobral (2010, p. 24), “O Círculo [de Bakhtin] destaca o sujeito não

como um fantoche das relações sociais, mas como um agente, um organizador de

discursos, responsável por seus atos e responsivo ao outro”. Portanto, ao se

trabalhar a habilidade da leitura, o professor deve levar em conta que cada indivíduo

possui um caráter situado, tomando decisões éticas em sua vida concreta.

Logo, o trabalho com o gênero artigo de opinião possibilita despertar no

educando a importância de organizar o discurso argumentativo, ampliando sua visão

crítica diante de uma situação-problema e identificando a intencionalidade pertinente

ao texto, levando o aluno a posicionar-se de maneira coerente e articulada diante da

situação-problema e do mundo.

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2 LÍNGUA MATERNA E GÊNEROS TEXTUAIS

2.1 As várias leituras dos termos enunciado, enunciado concreto e enunciação

O desenvolvimento deste trabalho centra-se em autores que destacam o

ensino da língua materna a partir do estudo de gêneros textuais. Segundo Saito e

Nascimento (2010, p. 25), a todo momento, vivenciamos práticas sociais, muitas

delas existentes somente pela linguagem, o que permite a interação entre os

indivíduos. Nos diversos papéis desempenhados nas práticas sociais, são acionadas

formas cristalizadas de comunicação, os gêneros do discurso ou gêneros textuais,

que nada mais são do que enunciados relativamente estáveis.

Foi necessário fazer um estudo acerca de enunciado, enunciado concreto e

enunciação, considerando a importância desses elementos nas reflexões sobre a

linguagem. Do ponto de vista pragmático, o enunciado é tido como uma unidade de

comunicação, de significação, sendo necessária a sua contextualização. Nessa

perspectiva, uma mesma frase ganha inúmeros significados, dependendo do

contexto no qual está inserida. Oswald Ducrot (1987, p. 168) afirma que enunciação

é a aparição momentânea do enunciado. É algo que não existia antes de se falar e

que não existirá depois. Portanto, é um acontecimento histórico, com características

espaço-temporais.

Segundo Brait e Melo (2010, p. 65), o conceito de enunciado/enunciação

também faz parte dos estudos de Mikhail Bakhtin acerca da concepção de

linguagem, uma vez que esta é concebida histórica, cultural e socialmente, levando

em conta os sujeitos, os discursos e a comunicação efetiva para fins de análise e

compreensão. Voloshinov (s.d.) analisa o enunciado concreto como sendo uma

interação do enunciado específico com a situação extraverbal. Assim, a situação de

comunicação integra o verbal e o não verbal, levando em conta, ainda, um contexto

maior histórico, tanto em relação a aspectos que antecedem esse enunciado

específico quanto ao que ele acarreta depois.

2.2 O gêneros discursivos e as esferas de uso da linguagem

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De acordo com Machado (2010, p. 151), o estudo dos gêneros discursivos

data da época de Platão e Aristóteles. Este classifica os gêneros como obras da voz,

dividindo-as, primeiramente, como poesia de primeira voz (lírica), poesia de segunda

voz (épica) e poesia de terceira voz (drama). Aquele parte de uma classificação

binária, cujas esferas são representativas de obras de juízo de valor, sendo a

epopeia e a tragédia pertencentes ao gênero sério, e a comédia e a sátira, ao

gênero burlesco. Na obra A república (514a-516c), Platão passa, então, a trabalhar

com a seguinte divisão: gênero mimétrico ou dramático, com a tragédia e a comédia;

gênero expositivo ou narrativo, com o ditirambo, o nomo e a poesia lírica; gênero

misto, com a epopeia. Essa tríade serviu de base para a Poética (335 a.C. e 323

a.C.) de Aristóteles e orienta até hoje a análise dos gêneros.

A teoria dos gêneros, então, consagrou-se na área literária, servindo de base

para os estudos literários na cultura letrada. Porém, com o surgimento da prosa

comunicativa, houve a necessidade de outros modelos de análise das formas

interativas presentes no discurso. De acordo com Machado (2010, p. 152), “[...] as

relações interativas são processos produtivos de linguagem. Consequentemente,

gêneros e discursos passam a ser focalizados como esferas de uso da linguagem

verbal ou da comunicação fundada na palavra.”

Com Bakhtin, o estudo dos gêneros do discurso foi ampliado, englobando não

só a retórica como as práticas prosaicas dos diferentes usos da linguagem. Assim,

além da palavra, outras formas de codificação passam a ser analisadas dentro do

discurso. Como a prosa é discurso, só existe na interação, ou seja, constitui-se

simplesmente de discursos. A prosa não surgiu para substituir uma forma discursiva

por outra, mas tão somente pela necessidade que as práticas significantes

demonstraram ter nas diferentes esferas de uso da linguagem.

Levando-se em conta que o objeto de estudo é o gênero artigo de opinião,

também fez-se necessária uma abordagem acerca da origem do discurso

argumentativo, da ideologia subjacente aos textos desse gênero, do domínio social,

dos aspectos tipológicos e das capacidades de linguagem desse modelo didático de

gênero textual.

Para que o articulista escreva um bom artigo de opinião, é preciso utilizar

argumentos consistentes que mostrem as razões que o levaram a tomar

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determinada posição, evitando, assim, a banalização de seu artigo, com motivos

superficiais ou sem justificativa.

Köche, Pavani e Boff (2008) apresentam os principais tipos de argumentos

que o autor de um artigo de opinião pode empregar. São eles:

a) Argumento de autoridade: consiste na citação de autores renomados ou de

autoridades no assunto que dará credibilidade ao ponto de vista que o articulista

quer defender em seu texto. Os provérbios, máximas, ditos populares e expressões

consagradas também são exemplos de argumentos de autoridade.

b) Argumento de consenso: consiste no uso de proposições evidentes por si

mesmas ou universalmente aceitas como verdade, com base científica e validade

indiscutível.

c) Argumento de provas concretas: apoia-se em fatos, dados estatísticos, exemplos

e ilustrações para comprovar a veracidade do que se diz.

d) Argumento de competência linguística: consiste no emprego da linguagem

(vocábulos, formas verbais, entre outros) adequada à situação de interlocução.

Portanto, a escolha dos tipos de argumento mais convincentes depende do

público para quem o articulista escreve. Quanto mais conhecimento o autor tiver do

perfil e das expectativas do auditório, assim como domínio do tema que está

debatendo, mais chances terá de utilizar uma estratégia argumentativa eficaz para

desenvolver o seu processo cognitivo, transformando os seus modos de pensar, de

falar e de fazer.

Além dos argumentos (valores e verdades aceitas por uma determinada

comunidade), podem ser usados também os operadores argumentativos, que nada

mais são do que elementos da língua, por exemplo, conjunções, que orientam a

sequência do discurso, e os pronomes, advérbios e locuções adverbiais de tempo

(conhecidos como operadores dêiticos).

Abaixo, segue um quadro com os principais elementos articuladores:

Quadro – Elementos articuladores

Uso Expressões

Tomar posição Do meu ponto de vista; na minha

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opinião; pensamos que;

pessoalmente acho.

Indicar certeza Sem dúvida; está claro que; com

certeza; é indiscutível.

Indicar probabilidade Provavelmente; me parece que; ao

que tudo indica; é possível que

Indicar causa e/ou consequência Porque; pois; então; logo; portanto;

consequentemente.

Acrescentar argumentos Além disso; também; ademais.

Indicar restrição Mas; porém; todavia; contudo;

entretanto; apesar de; não obstante.

Organizar argumentos Inicialmente; primeiramente; em

segundo lugar; por um lado; por outro

lado.

Preparar conclusão Assim; finalmente; para finalizar; por

fim; concluindo; enfim; em resumo.

Fonte: Olimpíada Brasileira de Língua Portuguesa; p.113; 2010.

2.2 Concepção de linguagem

Do ponto de vista pragmático, o enunciado é tido como uma unidade de

comunicação, de significação, sendo necessária a sua contextualização. Nessa

perspectiva, uma mesma frase ganha inúmeros significados, dependendo do

contexto no qual está inserida.

Segundo Brait e Melo (2010), o conceito de enunciado/enunciação faz parte

dos estudos de Mikhail Bakhtin acerca da concepção de linguagem, uma vez que

esta é concebida histórica, cultural e socialmente, levando em conta os sujeitos, os

discursos e a comunicação efetiva para fins de análise e compreensão.

A produção de um enunciado envolve elementos verbais e extraverbais,

partindo do pressuposto de que há um autor desse enunciado e um destinatário, que

pode ser qualificado pelo autor ou ser um destinatário presumido, que se instala a

partir da circulação do enunciado. Assim, em cada uma das áreas de comunicação

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verbal, é possível o estudo dos gêneros do discurso, uma vez que em cada esfera

de comunicação, em cada campo de atuação há concepções de destinatário, o que

permite o surgimento e a circulação dos gêneros discursivos.

O discurso não surge do nada e falante e ouvinte sempre estão trocando de

papel no ato comunicativo. Além disso, há o contexto em que surge esse discurso, o

que deve ser levado em conta para a compreensão do ato comunicativo.

Deve ser levado em conta, também, a entoação expressiva que só ocorre a

partir de um enunciado e que não existe fora dele. Tendo em vista que o enunciado

faz parte do discurso, o gênero discursivo assume a posição de uma forma

enunciativa que está mais ligada ao contexto comunicativo e cultural do que à

palavra.

Bakhtin (1986) reforça a ideia de que os gêneros secundários, que

apresentam a forma escrita, absorvem os gêneros primários, da comunicação oral.

Logo, os discursos também apresentam mobilidade, modificações, uma vez que

uma obra funciona como a réplica de um diálogo, provocando não apenas uma

resposta do interlocutor como também relacionando-se com outras

obras/enunciados.

2.3 Linguagem e persuasão

Bakhtin coloca lado a lado a ideologia oficial e a ideologia do cotidiano, já que

não concorda que a ideologia é algo pronto e acabado ou que exista apenas na

consciência individual do homem.

Segundo Miotello,

A ideologia oficial é entendida como relativamente dominante, procurando

implantar uma concepção única de produção de mundo. A ideologia do

cotidiano é considerada como a que brota e é constituída nos encontros

casuais e fortuitos, no lugar do nascedouro dos sistemas de referência, na

proximidade social com as condições de produção e reprodução da vida.

Para Marx e Engels, o momento do surgimento da ideologia é o instante em

que a divisão social do trabalho separa trabalho manual e trabalho

intelectual (MIOTELLO, 2010, p. 168 - 169).

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O autor ainda afirma que Bakhtin conseguiu estabelecer uma relação dialética

entre esses dois conjuntos ideológicos, criando uma situação de completude: a

ideologia oficial, com estrutura e conteúdo relativamente estável, e a ideologia do

cotidiano, como acontecimento, relativamente, instável. A reciprocidade existente

entre ambas permite que não se perca o processo global de produção e reprodução

social.

O autor ainda relata que, segundo Bakhtin/Voloshinov, qualquer mudança

social repercute na língua, confirmando que qualquer signo verbal não tem um único

sentido, apresentando ideologias que seguem tendências diversas. Portanto, a

ideologia está subjacente às interações existentes dentro de um grupo social,

inseridas em um determinado contexto sócio-histórico.

O resgate da teoria clássica dos gêneros e sua trajetória até a

contemporaneidade foi imprescindível para o desenvolvimento do projeto de

implementação na escola a ser trabalhado com alunos do 9º ano do Ensino

Fundamental II.

2.4 Sequência didática e sua função

O professor não pode ensinar a compreensão e nem ensinar um processo

cognitivo ao aluno, diz Kleiman (2002). Porém, o papel do educador é o de oferecer

oportunidades para que o educando desenvolva esse processo cognitivo, por meio

de tarefas que transformem os seus modos de pensar, de falar e de fazer.

Assim, o trabalho com o gênero artigo de opinião foi desenvolvido por meio de

uma sequência didática. De acordo com Dolz e Schneuwly (2004, p. 51), o ensino da

linguagem oral e escrita acontece de forma sistemática. Assim, propõem a

sequência didática, que se constitui em uma “sequência de módulos de ensino,

organizados conjuntamente para melhorar determinada prática de linguagem”, no

caso, dos alunos. Dessa forma, os gêneros textuais e a sequência didática são

essenciais para mediar as estratégias de ensino.

De acordo com Nascimento (2009, p. 5),

A sequência didática, segundo Schneuwly (apud AEBY-

DAGHÉ & DOLZ, 2008) é definida pela sua dupla

semiotização: porque se trata de um instrumento simbólico que

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representa uma prática social e porque, ao ser didatizada, essa

prática social passa a ser representada como objeto de

aprendizagem, em um processo de apropriação em que o

professor seleciona previamente certas dimensões a serem

aprendidas (e não outras). (NASCIMENTO, 2009, p. 5)

Nascimento (2009) ainda afirma que

As sequências didáticas definem-se, então, como “um conjunto

de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática,

em torno de um gênero textual” (DOLZ; NOVERRAZ;

SCHNEUWLY, 2004: 97). O objetivo de uma SD é levar os

alunos a se apropriarem (e também a reconstruírem) uma

prática de linguagem sócio-historicamente construída

(NASCIMENTO, 2009, p. 5).

Portanto, o trabalho com sequência didática é uma estratégia que contempla

o escrever e o falar de uma maneira mais adequada numa dada situação de

comunicação, permitindo ao aluno dominar melhor um gênero de texto (DOLZ,

NOVERRAZ E SCHNEUWLY; 2004).

3 ANALISANDO OS RESULTADOS DO PROJETO DE IMPLEMENTAÇÃO

PEDAGÓGICA NA ESCOLA

O projeto de intervenção pedagógica, parte integrante do PDE, foi aplicado a

alunos de 9º ano do Ensino Fundamental II da rede pública de ensino, no Colégio

Estadual Souza Naves, no município de Rolândia-PR, no primeiro semestre do ano

de 2014. Para isso, o projeto foi organizado em oficinas, algumas realizadas em

uma aula; outras concentrando-se em mais de uma para serem finalizadas,

totalizando 32 horas/aula.

Antes de iniciar a primeira oficina, intitulada “Conhecendo o artigo de opinião”,

cujos objetivos eram expor o projeto a ser desenvolvido, construir as características

do gênero textual para produzir um texto inicial para diagnose, os alunos foram

questionados a respeito desse gênero (o que é; qual a sua finalidade; onde é

publicado) a fim de verificar o conhecimento que traziam das séries anteriores sobre

o mesmo. A maioria dos alunos afirmou que já teve contato com esse tipo de texto e

que, como sugere o próprio nome, este é uma produção escrita na qual o autor

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emite sua opinião sobre determinado assunto. Poucos disseram não saber sobre o

que se tratava. Em seguida, foi exposto aos educandos o projeto que seria

desenvolvido. Os alunos concordaram em participar e receberam uma apostila

(Produção Didática Pedagógica) que seria trabalhada durante a implementação.

A primeira atividade desenvolvida com os alunos envolveu conceitos sobre os

gêneros textuais e suas ordens: relatar; narrar; argumentar; expor; descrever ações

ou instruir/prescrever ações, segundo Schneuwly e Dolz (2004). Esse aspecto

teórico foi trabalhado por meio de mapa conceitual construído na lousa pela

professora que sentiu a necessidade de realizar uma atividade não prevista na

produção didática para tornar o conteúdo mais acessível aos alunos. A produção

didática previa que os alunos dominassem as ordens nas quais os gêneros textuais

são divididos, no entanto, essa habilidade não foi diagnosticada na turma. Então,

fez-se a seguinte intervenção pedagógica não prevista no projeto de implementação:

os educandos foram reunidos em grupos e pesquisaram em livros, revistas e jornais

para recortes exemplos de textos de cada ordem. Após a coleta dos textos,

confeccionaram cartazes separando, adequadamente, as produções nas cinco

ordens em que foram agrupados os gêneros textuais.

Na sequência, os alunos foram organizados em duplas e leram o texto

Dramas, comédias e farsa, de Nelson Motta, procurando identificar características

próprias do gênero textual artigo de opinião. Para isso, foram direcionados por meio

de perguntas impressas, sem nenhum tipo de explicação prévia feita pela

professora. Nessa atividade, os alunos demonstraram dificuldades em identificar as

informações contidas na introdução, no desenvolvimento e na conclusão do texto.

Assim, houve necessidade de intervenção pedagógica na execução da mesma. Por

intermédio de explicações e de esquematização no quadro-de-giz, os alunos

puderam observar a estrutura do texto e, assim, identificar suas partes.

Em seguida, os alunos leram outro texto, registrando em seu caderno as

características comuns a ambas as produções escritas lidas e as possíveis

diferenças entre elas, socializando as informações levantadas com toda a turma e

demonstraram segurança e acertos ao realizar tal atividade.

Para finalizar a oficina 1, foi solicitado aos alunos que fizessem uma produção

escrita inicial de um artigo de opinião, a partir do assunto abordado em uma notícia

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jornalística lida previamente por eles. Foi orientado que identificassem o tema

central da notícia para, a partir dele, escrever um texto expondo o seu ponto de vista

em relação ao assunto, apresentando argumentos que tornassem a sua produção

mais consistente.

Por meio dessa avaliação diagnóstica, foi possível detectar as principais

dificuldades dos alunos no momento da produção escrita:

Estrutura inadequada do texto.

Não discutiram o tema.

Argumentos insólitos na construção da opinião sobre a questão examinada.

Pouco conhecimento a respeito do assunto abordado.

Textos, em sua maioria, sem uma conclusão.

Paráfrase da notícia que serviu de base para a produção do artigo de opinião.

Esse resultado já era esperado pela docente, uma vez que, no levantamento

inicial feito ao apresentar o projeto, os alunos demonstraram não ter um

conhecimento consistente sobre o gênero a ser trabalhado e, em se tratando de

avaliação diagnóstica, não houve interferência da professora no momento da

produção escrita.

A segunda oficina, “A persuasão e sua história”, consistia em situar

historicamente o contexto de produção do discurso persuasivo, por meio de leitura

de um texto produzido a partir da obra Linguagem e Persuasão, de Adilson Citelli.

Em seguida, os alunos refletiram sobre o texto, respondendo três questões de

compreensão do mesmo. Essa atividade foi feita em duplas com posterior

socialização das respostas. Por ser um texto mais teórico e histórico, os alunos

apresentaram certa dificuldade em entender determinados termos e expressões,

havendo necessidade de intervenção por parte da docente e uso do dicionário de

Língua Portuguesa.

Depois disso, os educandos assistiram a uma palestra sobre os discursos dos

grandes pensadores gregos e as opiniões e verdades que procuravam transmitir

para suas plateias. O palestrante convidado foi Tiaraju Dal Pozzo, professor de

Filosofia do próprio colégio onde foi aplicado o projeto e doutorando na mesma

disciplina pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Curitiba.

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A palestra foi muito interessante, pois o professor usou uma linguagem

acessível aos alunos, com exemplos práticos do cotidiano deles, fundindo a teoria

clássica com a sua vivência. O que havia ficado obscuro no trabalho com o texto

sobre a origem do discurso persuasivo foi clareado pelo professor de Filosofia, que

permitiu questionamentos sobre o assunto durante sua fala.

Na oficina 3, intitulada “Artigo de opinião – estrutura e temática”, destinada a

analisar as características estruturais e temáticas, bem como os mecanismos

argumentativos no gênero textual em foco, o primeiro passo foi esclarecer aos

alunos que um texto dissertativo também é argumentativo por visar a defesa de uma

tese. Foi construído um mapa conceitual no quadro-de-giz com a estrutura do artigo

de opinião, postulada pelos autores Köche, Boff e Marinello (2010), que contém

situação-problema, discussão e solução-avaliação, sempre nessa ordem. Cada uma

dessas partes do texto foi explicada aos alunos que, em seguida, retomaram o artigo

Dramas, comédias e farsas, de Nelson Motta, para fazer uma releitura do mesmo e

preencher uma tabela, identificando a estrutura do mesmo. Os itens a serem

encontrados são: situação-problema; posição do autor; discussão (apresentação de

argumentos e contra-argumentos); solução-avaliação, conforme a estrutura

apresentada pelos autores acima citados. Nessa atividade, a maior dificuldade

demonstrada pelos alunos foi identificar os contra-argumentos e entender o seu

emprego no texto argumentativo, já que foi a primeira vez que foram expostos a

esse tipo de trabalho.

Na segunda atividade dessa oficina, foi feita uma pré-leitura do texto Construir

a democracia, de Lya Luft, para identificar o provável assunto do artigo, somente

observando o título e por intermédio de perguntas orais, para fazer um levantamento

do conhecimento de mundo dos alunos sobre o tema. Vale lembrar que o que

motivou a articulista a escrever esse texto foram as manifestações que invadiram as

ruas das principais cidades brasileiras e toda a sua repercussão. Logo após, foi feita

a leitura do artigo e constatado que as informações nele apresentadas vieram ao

encontro do que os alunos imaginaram. Então, em duplas, eles identificaram a ideia

principal em cada parágrafo, anotando-a no próprio texto.

Em sequência, usando um recurso multimídia (datashow), o texto de Lya Luft

foi projetado, os parágrafos foram relidos um a um e as sínteses mais adequadas

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feitas pelos alunos anteriormente foram selecionadas pela própria turma e digitadas

pela professora em um espaço abaixo de cada parágrafo, no texto projetado. Essa

atividade teve um bom resultado, pois os alunos ficaram satisfeitos ao verem suas

ideias anotadas e ansiosos para que fossem as mais coerentes com o fragmento,

uma vez que a turma foi elegendo as melhores. No desdobramento dessa oficina, os

educandos responderam questões de compreensão sobre o artigo de opinião de Lya

Luft e, posteriormente, socializaram suas respostas.

Os principais tipos de argumentos que o autor de um artigo de opinião pode

empregar foram introduzidos aos alunos por meio de fragmentos de textos que

exemplificaram cada um deles. A sua classificação (argumento de autoridade;

argumento de consenso; argumento de provas concretas; argumento de

competência linguística) e em que consistem foram explicados detalhadamente para

os alunos por meio dos exemplos apresentados pela professora. Então, foi proposto

aos alunos que lessem o artigo Falência múltipla, também de Lya Luft, e

identificassem os tipos de argumentos que a articulista empregou em seu texto. A

turma não demonstrou maiores dificuldades para realizar tal atividade. Além disso,

foi explicado aos alunos que em um artigo de opinião há muitas vozes aliadas à do

articulista, constituindo-se em argumentos a favor do ponto de vista do enunciador,

ou à voz de um adversário, representando um contra-argumento possível, citado

para mostrar como e por que não procede.

A expressão “voz” não se refere apenas à palavra, falada ou escrita, de indivíduos e instituições. Números, estatísticas, dados quantitativos ou qualitativos de diferentes ciências também são considerados vozes, na medida em que são assumidos socialmente por especialistas e/ou instituições que funcionam como protagonistas de um discurso. Num texto argumentativo, as vozes tendem a se organizar como num debate, assumindo funções específicas. (RANGEL; GAGLIARDI; AMARAL, p. 117; 2010)

Assim, os alunos finalizaram as atividades com o artigo de opinião Falência

múltipla, identificando as vozes aliadas à da articulista e a forma como a autora

introduziu essas vozes no seu discurso.

Outra etapa do projeto foi a oficina 4, denominada “Articulando o texto”, cuja

finalidade é conhecer e usar palavras e expressões que tornem o texto

argumentativo articulado. Nela, foi retomada a ideia de que quando alguém escreve

um artigo de opinião tem por objetivo convencer um conjunto de leitores

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potencialmente envolvidos no debate. Para isso, o articulista emprega estratégias

argumentativas que façam sentido para quem lê. Então, foi apresentado aos alunos

um quadro com os principais elementos articuladores e seu uso (tomar posição;

indicar certeza; indicar probabilidade; indicar causa e/ou consequência; acrescentar

argumentos; indicar restrição; organizar argumentos; preparar conclusão).

Assim, os alunos fizeram uma análise do texto Falência múltipla, de Lya Luft,

para perceber articulações entre as diferentes partes do texto argumentativo. Para

isso, foram direcionados por meio de questões de análise linguística. Esta oficina foi

aquela em que os alunos apresentaram maior dificuldade para desenvolvê-la, pois

identificar a função dos elementos articuladores no texto ainda é algo muito abstrato

para eles. Por exemplo, no fragmento “Universidades cujo nível é seguidamente

baixado: em lugar de darem boas escolas a todas as crianças e jovens para que

possam entrar em excelentes universidades por mérito e esforço, oferecem-lhes

favorecimentos prejudiciais.” os alunos não conseguiram perceber que a ideia

sugerida no emprego do elemento articulador em destaque é a de finalidade e que o

pronome possessivo cujo expressa posse e seu referente é o termo universidades.

Portanto, houve necessidade de expandir essa atividade com a análise de

conectivos empregados nos artigos trabalhados em oficinas anteriores para

identificar a sua função no texto. Essa foi uma tarefa que não estava prevista no

projeto, mas que foi necessária devido à dificuldade apresentada pela maioria dos

alunos. Como resultado dessa intervenção pedagógica, percebeu-se uma melhora

dos educandos em identificar a finalidade dos elementos articuladores e seu

emprego adequado.

A oficina 5, que tem como título “Debatendo questões polêmicas e produzindo

artigo de opinião”, prevê a produção de um artigo de opinião e tem como objetivos

debater questões polêmicas e construir argumentos para defender uma tese. Foi a

oficina que apresentou uma resposta mais positiva por parte dos alunos,

principalmente na atividade 1, na qual os educandos assistiram a dois vídeos que

trazem à tona questões polêmicas. No primeiro, o assunto pichação aborda o

universo dos pichadores, como eles agem, quem são os jovens que arriscam a vida

para mostrar força e poder, e, afinal, o que os motiva a tal prática. No segundo, foi

abordada a questão dos comportamentos que caracterizam ou não a prática do

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bullying no ambiente escolar. Após assistirem aos dois vídeos, sequencialmente, os

alunos foram organizados em grupos e subgrupos para identificar a questão

polêmica de cada vídeo, posicionando-se em relação a ela e argumentando em

favor do ponto de vista assumido. Na sequência, a professora conceituou debate e

qual a sua função. O debate nada mais é do que os participantes usarem a palavra

para expressar o que pensam sobre o assunto em questão. É nessa ação que os

debatedores vão retomar a fala do outro, fazer críticas, refutar ideias, tomar posição

e até mesmo transformar valores sociais, sempre de maneira respeitosa e civilizada.

Em seguida, cada subgrupo tomou uma posição em relação à questão

polêmica, argumentando em favor do seu ponto de vista, enquanto o outro subgrupo

argumentava contra, refutando suas ideias e apresentando uma tese alternativa.

Cada subgrupo teve um tempo concedido à sua fala, bem como o direito à réplica e

tréplica. Além disso, o respeito ao adversário no debate precisou ser mantido, bem

como a espera pela sua vez de falar. O tipo de linguagem solicitada a ser

empregada foi a variante culta.

Enquanto o grupo A estava debatendo sua questão polêmica, o grupo B

avaliava o desempenho desse grupo, levando em conta os seguintes aspectos:

As teses foram claramente apresentadas?

Os argumentos foram consistentes para a defesa de seu ponto de

vista?

Quais os principais argumentos apresentados a favor e contra cada

tese?

O debate foi coerente e fluente?

Vocês conseguiram chegar a alguma conclusão sobre o assunto?

Comente.

Como os grupos poderiam melhorar o seu desempenho no debate?

Na sequência, os papéis se inverteram: o grupo B debatia e o grupo A

avaliava. Ao final do debate, foi feita uma avaliação coletiva da atividade, reforçando

os melhores argumentos e estratégias argumentativas empregadas durante a

discussão e salientando que as teses sem argumentos consistentes estão muito

longe de convencer o auditório.

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Os alunos foram desafiados a pesquisar outras informações sobre as

questões polêmicas debatidas e apresentá-las à turma na aula seguinte, retomando

o debate ocorrido naquela ocasião, incluindo os dois grupos (A e B). Infelizmente,

poucos alunos aceitaram o desafio e trouxeram a pesquisa na aula seguinte.

Contudo, as informações adicionais trazidas por esses alunos foram apresentadas à

turma e valorizadas em uma nova discussão sobre os temas.

Na época em que estava desenvolvendo essa oficina com os alunos, foi

publicada uma reportagem nos jornais de circulação na cidade e também em um

renomado jornal da nossa região metropolitana acerca da possível instalação de

uma indústria de baterias no nosso município. A professora, então, levou essa

questão polêmica para a sala de aula e questionou os alunos se eles tinham

conhecimento desse fato. Pouquíssimos alunos responderam afirmativamente, o

que levou a professora a trabalhar minuciosamente essa questão. Foram feitas

leituras coletivas das reportagens, percebendo-se claramente as instituições que

eram a favor da instalação e as que eram contra. Lançou-se o seguinte

questionamento aos alunos: Se fosse feito um plebiscito em Rolândia sobre essa

questão, você votaria a favor ou contra? Com base em quê?

Votar a favor ou contra é fácil, porém percebeu-se que os alunos não sabiam

argumentar em defesa de sua opinião, pois não tinham domínio sobre o assunto.

Dessa forma, o professor de Química do colégio, Rozinaldo Laurano, foi convidado

para fazer uma palestra para os alunos sobre a questão do chumbo e da suposta

instalação dessa fábrica de baterias na zona rural da cidade. O professor atendeu

prontamente. Em sua palestra, explicou que o chumbo, cuja sigla é Pb, pertence ao

sexto período e ao décimo quarto grupo da tabela periódica e que a galena (PbS) é

um minério que contém chumbo, por isso é também chamada de sulfeto de chumbo.

O ponto de fusão desse minério é 327°, depois disso ele evapora.

Os alunos ficaram espantados ao serem informados de que há mais de 6000

anos o chumbo já era usado nos artesanatos, mais precisamente nas tintas que

recobriam jarros e vasos, nos quais eram depositados alimentos e água. Portanto, a

chance desses alimentos e, consequentemente, dos seres humanos serem

contaminados por chumbo era muito grande. Foi explanado também que existe

muito chumbo na Terra, mas o que o torna perigoso para a saúde dos seres vivos é

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sua condição de chumbo metálico, que acontece depois da extração do enxofre do

chumbo (seu estado natural). Os educandos também foram informados de que o

chumbo é utilizado na indústria de plástico, de tintas, de vidro cristal e lapidado, de

acumuladores e baterias, entre outras, o que torna necessária a existência de

fábricas, cuja matéria-prima é o chumbo, afinal, para que um carro funcione e

transporte pessoas é necessário uma bateria, para usufruir da comodidade que o

celular pode oferecer também é preciso uma bateria. Enfim, muitos outros exemplos

foram citados e os alunos puderam concluir que a indústria do chumbo também traz

benefícios para o homem, desde que esse metal seja manuseado com segurança.

Foi comentado também que a pessoa contaminada com o chumbo metálico

sofre danos na sua saúde. A intoxicação pelo chumbo é chamada de saturnismo,

termo derivado do deus romano Saturno, o qual, acreditavam os romanos, lhes

concedeu esse metal. A pessoa contaminada pode apresentar perturbação da

biossíntese da hemoglobina e anemia, aumento da pressão sanguínea, danos aos

rins, abortos, alterações do sistema nervoso, danos ao cérebro, diminuição da

fertilidade do homem através de danos ao esperma, diminuição da aprendizagem

em crianças, modificações no seu comportamento (agressividade, impulsividade e

hipersensibilidade). Portanto, é preciso evitar a exposição ao chumbo e, se isso não

for possível, tomar todos os cuidados necessários para evitar a intoxicação, como

exames mensais de sangue e assistência médica ao primeiro sinal de

contaminação.

O professor convidado passou aos alunos o vídeo “Herdeiros do chumbo”,

mostrando o resultado final da exploração de uma mina de chumbo em Adrianópolis-

PR. No passado, a extração de chumbo garantiu fartura à população dessa cidade,

que viveu muitos anos em função da exploração de minérios. Hoje, ela apresenta

problemas ambientais seríssimos, a economia está em ruínas e a população está

doente.

Em seguida, o professor de Química explicou que estudos estão sendo feitos

para tentar substituir o chumbo por um outro elemento menos prejudicial à saúde

humana, o lítio. Contudo, essa matéria-prima apresenta um custo muito alto, o que

torna essa substituição lenta. A palestra foi finalizada com a afirmação do professor

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de que se a empresa fabricante de baterias, a administração municipal, a secretaria

de meio ambiente e os funcionários da empresa tomarem todas as precauções

necessárias para o trabalho com o chumbo, não haverá maiores danos à

comunidade e ao meio ambiente. E um novo vídeo com todas essas informações

apresentadas por um especialista no assunto foi passado aos alunos pelo professor

de Química, ratificando sua fala. E, finalizando, o professor expôs aos alunos que a

indústria do chumbo não apresenta somente aspectos negativos. Ela também é

responsável pela produção de acumuladores (baterias), de óxidos (usados na

indústria de cerâmica e de tintas) e de eletroeletrônicos, todos indispensáveis para o

avanço econômico e tecnológico no mundo.

Depois de todo esse esclarecimento feito aos alunos sobre o chumbo e a

indústria que poderia se instalar em seu município, os alunos produziram um mural,

colocado no corredor do colégio, com informações sobre esse elemento químico, os

danos causados por ele e toda a polêmica gerada em torno da licença prévia do

Instituto Ambiental do Paraná (IAP) concedida para a indústria de baterias.

O acréscimo dessas atividades não previstas no projeto de implementação foi

muito relevante para os alunos, pois podem ter se apropriado de um conteúdo quase

que desconhecido por eles, além de estarem em contato com uma situação

vivenciada em sua comunidade, o que permitiu contribuir com a construção de seu

senso crítico para posicionarem-se de maneira coerente diante da situação

problema, desempenhando seu papel de cidadãos na sociedade.

Prosseguindo com o projeto, relembramos,na sala de aula, alguns aspectos

que deveriam ser contemplados durante a produção de um artigo de opinião:

O articulista deve partir de uma questão polêmica, apresentar o âmbito da

discussão, indicar seus prováveis interlocutores e suas motivações para

escrever o artigo de opinião.

É preciso justificar a sua posição em relação ao assunto, por meio de

argumentos convincentes.

Apresentar informações (fatos, dados de pesquisa, citação de autores

renomados e especialistas no assunto, proposições com validade indiscutível,

exemplos, ilustrações) que sirvam de argumentos para sustentar a sua tese.

Usar os elementos articuladores de maneira coerente.

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Apresentar o ponto de chegada do raciocínio desenvolvido, explicitando a sua

opinião.

Colocar um título pertinente ao artigo de opinião produzido.

Em seguida, os alunos escolheram uma das questões polêmicas trabalhadas

nas oficinas para produzir individualmente um texto dissertativo-argumentativo

(artigo de opinião) sobre o tema. Ao finalizarem, releram o próprio artigo, fazendo as

correções necessárias, levando em conta os aspectos que deveriam contemplar no

texto. Houve uma nova correção feita pela professora para que, então, os

educandos entregassem a versão definitiva de seu artigo de opinião.

Após a leitura da versão definitiva, constatou-se que:

77% dos textos apontaram uma questão polêmica;

Em 74% dos textos a questão polêmica ficou clara para o leitor;

61% dos autores do artigo assumiram uma posição em relação à situação-

problema;

51% dos textos apresentaram argumentos e contra-argumentos;

32% dos textos apresentaram elementos articuladores adequados na

introdução dos argumentos e da conclusão;

38% dos alunos concluíram o texto reforçando sua tese;

90% dos textos apresentaram título adequado ao tema;

Apenas 1 aluna não atendeu a proposta de produção de texto, escrevendo

uma notícia em vez de um artigo de opinião.

Finalizando a implementação do projeto, os artigos foram expostos em um

jornal mural no corredor do colégio para que a comunidade escolar tivesse acesso

aos mesmos.

4. Contribuições do Grupo de Trabalho em Rede (GTR)

De acordo com o “Portal Dia a Dia Educação”, do Estado do Paraná, os

Grupos de Trabalho em Rede – GTR constituem uma atividade do Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE, que se caracteriza pela interação virtual entre

os Professores PDE e os demais professores da Rede Pública Estadual, cujos

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objetivos são: possibilitar novas alternativas de formação continuada para os

professores da Rede Pública Estadual; viabilizar mais um espaço de estudo e

discussão sobre as especificidades da realidade escolar; incentivar o

aprofundamento teórico-metodológico nas áreas de conhecimento por meio da troca

de ideias e experiências sobre as áreas curriculares; socializar o Projeto de

Intervenção Pedagógica na Escola elaborado pelo Professor PDE com os demais

professores da Rede. Vale destacar que o GTR também promove a inclusão virtual

dos professores como forma de democratizar o acesso dos professores da

Educação Básica aos conhecimentos teórico-práticos específicos das

áreas/disciplinas trabalhados no Programa. Assim, o GTR foi uma etapa do PDE

imprescindível para o desenvolvimento do programa de formação do docente, pois é

o momento em que o trabalho do professor-tutor, subdividido em Projeto de

Implementação Pedagógica na Escola e Produção Didático-Pedagógica, é exposto a

outros professores da rede estadual de ensino para ser lido e analisado.

Seu desenvolvimento se dá por temáticas, que abrangem a apreciação do

Projeto de Intervenção Pedagógica; as atividades elaboradas no Projeto de

Implementação; e discussão a partir da implementação em si.

Na primeira temática, foi feita uma socialização do Projeto de Intervenção

Pedagógica, a fim de haver uma troca de ideias sobre o trabalho proposto e também

sobre os fundamentos teóricos assumidos. Nessa etapa, as professoras cursistas

discutiram sobre a sua prática em sala de aula, levando em conta a afirmação de

que o argumentar faz parte do cotidiano do sujeito, contribuindo para a construção

da história e da cultura de um povo. Muitas afirmaram que é mais fácil trabalhar a

produção escrita de um gênero argumentativo do que a produção oral, visto que os

alunos se sentem inseguros quanto ao que falar e por não quererem se expor diante

da turma. Junto disso, foi levantada a questão sobre a importância da leitura na sala

de aula, como mostram as falas abaixo:

Professora A: “Você tem razão quando diz que devemos atuar como mediadores

junto aos nossos alunos. Observo que além dos alunos, muitas vezes, por não

cultivarem o hábito da leitura e apresentarem enorme dificuldade em argumentar,

também aqueles que leem, e até formam opinião, sentem-se inseguros diante de

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uma exposição oral. Neste caso, o papel do educador é muito importante. É na

escola que o educando tem as primeiras oportunidades de vivência cultural.”

Professora B: “(...) é verdade quando diz que somos mediadores, mas o que fazer

com os alunos que são inseguros devido às dificuldades em argumentação? Será

que ler pelo menos uma vez por semana em 50 minutos já posso estar ajudando

para um futuro melhor?!”

Professora A: “Acredito que sim. Mais ainda, nem precisa ser cinquenta minutos.

Um pequeno trecho (notícia de jornal, parágrafo de livro, gibi, etc) que o seu aluno

leia uma vez por semana e depois exponha para a sala o assunto que leu, já

apresentará um resultado muito bom. (...)”

As professoras cursistas também compartilharam suas experiências de leitura

em sala de aula, encaminhamentos metodológicos para esse tipo de atividade e a

importância do desenvolvimento dessa habilidade nos alunos.

A discussão da temática 2 foi muito interessante, pois cada cursista pôde

tecer comentários sobre a produção didática de acordo com sua realidade escolar,

ou seja, as atividades passíveis de serem aplicadas e aquelas que necessitariam de

adaptação. Além disso, as reflexões postadas no Diário 2, uma das atividades dessa

temática, também foram muito consistentes e permitiram que a professora PDE

refletisse sobre alguns aspectos da produção e sua aplicabilidade.

Na temática 3, foi muito bom poder compartilhar da opinião das cursistas a

respeito das oficinas que foram apresentadas na Produção Didático-Pedagógica.

Pode-se constatar que a ansiedade em relação ao conteúdo a ser ensinado pelo

professor e a ser aprendido pelos alunos é a mesma. Os resultados de avaliações

estaduais e federais, como o SAEP e a Prova Brasil, demonstram que os alunos

apresentam defasagem na identificação de ideias implícitas e intencionalidades

presentes nos textos, principalmente naqueles que expõem uma tese sobre

determinado assunto. Os educandos têm o seu ponto de vista sobre determinados

fatos, porém não conseguem explicar o porquê de seu posicionamento,

apresentando ideias desarticuladas, desconexas, impossibilitando serem entendidos

e sua opinião ser aceita, visto que a argumentação é desorganizada. A grande

preocupação dos educadores é encontrar um encaminhamento metodológico que

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possa atender essas necessidades de aprendizagem dos alunos de maneira eficaz.

No “Fórum de Vivência”, uma das atividades dessa temática e que prevê a

socialização dos encaminhamentos metodológicos da Implementação do Projeto de

Intervenção na Escola, na perspectiva do Professor Participante, foram postadas

muitas atividades interessantes para o trabalho com o gênero artigo de opinião e a

maneira diferenciada de algumas cursistas encaminharem uma das atividades da

produção em suas turmas fez com que a autora do projeto refletisse sobre as

estratégias de ensino e sobre a possibilidade de aplicá-las em sua turma em um

outro momento.

Enfim, cada docente trabalha os conteúdos sob diferentes perspectivas,

porém com o mesmo objetivo: que haja aprendizagem por parte dos alunos,

contribuindo para a construção de sua cidadania e para a sua inserção na

sociedade.

5 Considerações Finais

O trabalho realizado com o gênero artigo de opinião foi muito enriquecedor

tanto para a autora do projeto quanto para os alunos envolvidos nas atividades.

Foram momentos de estudo, pesquisa, reflexões, reformulações e análises que

permitiram uma avaliação do trabalho pedagógico realizado pela docente, assim

como constatar a importância de se escolher cuidadosamente os recursos didáticos

para o desenvolvimento adequado das atividades e a pertinência das estratégias

metodológicas empregadas a fim de se alcançar os objetivos propostos no início do

trabalho.

Para os alunos, a relevância da aplicação do projeto “Linguagem e persuasão

no gênero artigo de opinião” mostrou-se no resultado de cada oficina trabalhada com

eles, principalmente na que envolveu os debates. No GTR, as professoras cursistas

enfatizaram a dificuldade de seus alunos emitirem uma opinião e apresentarem

razões lógicas para defender seu ponto de vista. A maneira pela qual os debates

foram direcionados em sala de aula, permitiu que todos os alunos expusessem suas

opiniões, refutassem teses alheias e contra-argumentassem sobre determinada

situação-problema. Mais que isso, aprenderam a fazer uma autoavaliação de seu

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desempenho nos debates e, também, uma avaliação do desempenho de seus

colegas. Aprenderam a respeitar os turnos de fala, a retomar ideias apresentadas e

a contestar com segurança.

Segundo Machado (2010, p. 159), “Na cultura, tanto a experiência quanto a

representação são manifestações marcadas pela temporalidade.” Portanto, os

gêneros são marcados por uma mobilidade espaço-temporal, produzidos no

presente, mas reportando-se também ao passado e apontando para o futuro,

adquirindo a sua maturação. Assim, a cultura assume sua característica de unidade

aberta, contudo, não se pode evitar o enriquecimento mútuo das culturas.

Segundo as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná

(2008), os conteúdos disciplinares devem contribuir para a crítica às contradições

sociais, políticas e econômicas da sociedade contemporânea e propiciar a

compreensão da produção científica, da reflexão filosófica, da criação artística, nos

seus contextos de produção.

Assim, o trabalho com o gênero artigo de opinião possibilitou despertar no

educando a importância de organizar o discurso argumentativo, levando em conta o

interlocutor para que esse possa validar os dispositivos argumentativos

apresentados pelo locutor. Trata-se de um projeto que visou a ampliar a visão crítica

do aluno diante de uma situação-problema e a manifestar esse posicionamento de

maneira coerente e articulada.

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