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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

HERÓIS DA FICÇÃO E DA VIDA REAL: UMA LEITURA CRÍTICA

José Fernandes Cordeiro Nunes

Dra. Nelci Alves Coelho Silvestre

Resumo

Este artigo apresenta reflexões a respeito da fundamentação teórica e da implementação de um Projeto de Intervenção Pedagógica, com alunos do 8º ano do Ensino Fundamental, sobre leitura em língua inglesa. É fato que o domínio dessa capacidade permite ações comunicativas mais eficientes, por isso entendemos que é necessário desenvolver a prática da leitura em língua inglesa, por meio de diferentes estratégias. O trabalho norteado pelos conceitos de gêneros discursivos de Bakhtin e seus estudiosos enfocou a prática de estratégias de leitura e a análise crítica de textos de diferentes gêneros, tendo como temática central a figura de heróis e super-heróis. Partimos dos heróis da mitologia grega, passamos pelos super-heróis, que tanto fazem sucesso entre os jovens na atualidade e chegamos aos heróis da vida real, que podem ser diferentes profissionais ou mesmo as pessoas mais próximas de cada um de nós, sendo apresentadas informações sobre essa temática e como ela se apresenta em diferentes textos e mídias. Também foram consideradas as contribuições de participantes do GTR (Grupo de Trabalho em Rede) para que se complementassem as ponderações a respeito do trabalho desenvolvido e de outras possibilidades de expansão do mesmo.

Palavras-chave: Língua Inglesa. Leitura crítica. Heróis. Super-heróis.

1 Introdução

O presente artigo tem como objetivo apresentar os resultados do Projeto

de Intervenção Pedagógica, intitulado “Heróis da ficção e da vida real: uma leitura

crítica”, produzido e implementado, segundo as ações do Programa de

Desenvolvimento Educacional (PDE), da Secretaria de Estado da Educação do

Paraná, com os alunos do 8º ano B, do período matutino, no Colégio Estadual Santo

Inácio de Loyola, na cidade de Terra Rica, PR.

Professor de Língua Inglesa da SEED, grupo PDE 2015, graduado em Letras Português-Inglês, pela Faculdade Estadual de Educação Ciências e Letras de Paranavaí e especialista em Língua Portuguesa e Literatura pela Faculdade Estadual de Educação Ciências e Letras de Paranavaí. A orientadora possui graduação em Letras – Português pela Universidade Estadual de Maringá, graduação em Letras – Inglês pela Universidade Estadual de Maringá, Mestrado em Comunicações e Poéticas Visuais pela UNESP de Bauru - SP e Doutorado em Letras pela Universidade Estadual de Londrina.

Como as próprias Diretrizes Curriculares Estaduais (DCEs) orientam, a

escola deve abordar temas de interesse dos alunos, possibilitando um maior

envolvimento deles com o objeto de estudo. Assim, a escolha do tema justifica-se

pelo fascínio que as histórias de heróis e super-heróis causam nos jovens.

O trabalho desenvolvido teve como objetivo mostrar aos alunos como é

possível compreender textos em língua estrangeira por meio de estratégias de

leitura, a partir do envolvimento deles com o tema, além de ajudá-los a compreender

que os textos se organizam com certos padrões, de acordo com seus objetivos e

meios de circulação e que as intenções do autor são perceptíveis pela linguagem

por ele utilizada.

Nosso trabalho baseou-se em considerações e conceitos sobre gêneros

discursivos fundamentados em Bakhtin e seus estudiosos, também em abordagens

da leitura crítica e do letramento crítico.

O ensino de LEM a partir da diversidade de gêneros de que dispomos

possibilita uma prática mais concreta do uso da língua, saindo da artificialidade dos

discursos prontos e fechados em si, tantas vezes utilizados como pretextos para o

ensino de estruturas linguísticas pouco ou nada contextualizadas. É por intermédio

da língua que nos comunicamos com o mundo à nossa volta, como afirma Fiorin

(2006, p. 69): “Fala-se e escreve-se sempre por gêneros e, portanto, aprender a

falar e a escrever é, antes de mais nada, aprender gêneros”, assim, o trabalho com

gêneros textuais na escola é imprescindível para que o educando alcance sua

inserção num mundo multicultural e globalizado, e o desenvolvimento da habilidade

de leitura, sobretudo em uma língua estrangeira, contribui para a aquisição de uma

maior autonomia, ampliação da sua capacidade de comunicação e de busca de

novas informações nas mais diversas áreas do conhecimento. Para Bronckart, como

esclarece Costa (2011):

o gênero está intrinsecamente ligado à dimensão sócio-histórica da língua. Em decorrência de necessidades específicas, os indivíduos, que se reúnem em grupos sociais em função de objetivos comuns, elaboram textos, que são construídos tendo como suporte os gêneros disponíveis. E, por causa de características diferentes dos indivíduos (grau de instrução, classe social, faixa etária, profissão etc.), os textos se manifestam de forma variada; daí porque estes apresentam características relativamente estáveis. (COSTA, 2011, p. 103)

O domínio desses conceitos ajuda na compreensão da função social da

língua, vista como elemento ativo, inserida num processo dialógico dinâmico que leva

à produção de sentido e efetiva a comunicação em todas as áreas da vida humana,

sendo base para aprimorar toda forma de conhecimento sistematizado.

O contato dos alunos com diferentes gêneros textuais abre caminho para a

aquisição de habilidades na língua em estudo, permitindo que compreendam a

diversidade do discurso e como a comunicação se processa de forma natural, o que

não acontece numa abordagem de estudos focada em regras descontextualizadas,

listas de palavras e diálogos prontos fechados em si mesmos.

Nesse contexto, o trabalho com gêneros textuais está atrelado à

capacidade leitora, já que a compreensão efetiva do texto está diretamente ligada à

interação do leitor com o texto, sendo importante, inclusive, oferecer aos alunos

estratégias que permitam compreender o texto em vários níveis de leitura. Segundo

Holden (2009):

alunos que não estão acostumados a ler bastante em sua própria língua tendem a olhar para um texto em língua estrangeira e ver apenas um amontoado de palavras que eles podem ou não sentir que entendem [...] é importante mostrar aos alunos uma variedade de estratégias de leitura que irão ajudá-lo a “decifrar” as palavras, a apresentação, as idéias... enfim, a entender a mensagem do autor e reagir a ela de acordo com o seu ponto de vista e sua experiência pessoal. (HOLDEN, 2009, p 58)

Seguindo essa linha de pensamento, autores como Marzari, Maciel, Leffa,

(2013) concordam que no ato de ler, o indivíduo não exercita apenas a capacidade

de decifrar signos linguísticos, mas aciona todo um conhecimento de mundo que

traz consigo. Essa interação entre o que o texto diz e os conhecimentos prévios do

leitor pode ser aprofundada no trabalho com a leitura crítica, no reconhecimento dos

aspectos próprios de cada gênero textual e na análise dos objetivos e intenções de

quem escreve, possibilitando uma imersão no conteúdo do texto, o que tornará as

práticas cotidianas de leitura do aluno, dentro e fora do ambiente escolar, mais

fluentes e críticas, ampliando o seu domínio comunicativo na fala e na escrita.

O nível de leitura pode ainda ser aprofundado através de uma abordagem

direcionada pelo Letramento Crítico, via discussões e questionamentos que

permitam ao aluno construir novos significados ao texto que lê, colocando-se nas

situações apresentadas pela leitura e posicionando-se criticamente em relação a

elas. Nessa prática, o leitor assume o protagonismo da situação, vendo novas

possibilidades de reinterpretação do conteúdo do texto a partir de suas experiências

pessoais e novas ideologias não presentes no texto. As OCEMs (Orientações

Curriculares para o Ensino Médio) lembram que nessa abordagem a leitura é

constituída de significados múltiplos, analisa as relações de poder e leva em

consideração as relações socioculturais. Essa abordagem abre caminhos para a

formação de leitores críticos, mais conscientes de seus papéis na sociedade, mais

ativos e menos ingênuos diante das situações a que são expostos, não somente na

prática da leitura verbal, mas na leitura de mundo.

Optamos, no entanto, por centrar nosso trabalho na leitura crítica, pelo fato de

o público-alvo não ter maturidade e também porque para que nos aprofundássemos

no tema requerido, pelo viés do Letramento Crítico, demandaria um tempo muito

maior do que dispomos, já que o número de aulas programado para o

desenvolvimento da sequência é de 32 horas.

Além disso, a maioria dos alunos do 8º ano, no colégio em que o projeto foi

desenvolvido ainda não possui um domínio adequado das estratégias de leitura, por

isso a implementação focou no ensino dessas estratégias e no reconhecimento das

características próprias dos gêneros textuais apresentados e no contexto de

produção dos mesmos, sem deixar, no entanto, de apresentar nuances do

Letramento Crítico nas discussões e em algumas questões escritas de estudo dos

textos.

Para a aplicação de nossa sequência, partimos para a escolha de temas

que envolvessem nossos alunos e os levassem a uma efetiva interação com os

textos. Entendemos que o estudo da língua é significativo quando alia conteúdos

linguísticos e comunicativos a temas que despertam o interesse dos aprendizes e os

fazem se apropriar das situações propostas nos contextos apresentados. Por isso, a

escolha do tema desse projeto leva em conta a proximidade que os alunos do

ensino fundamental têm com a temática dos super-heróis.

Esse interesse por heróis e seus atos extraordinários não é algo novo. É

possível reconhecê-lo na história da humanidade. Podemos citar, por exemplo, os

heróis nacionais, os heróis bíblicos e os heróis mitológicos. Todas as nações têm

seus heróis nacionais, aqueles que lutaram pela defesa de seu país, por uma causa

sócio-política, pela liberdade e pelos direitos de um grupo ou de toda uma nação. Os

heróis da mitologia clássica compõem junto dos deuses um cenário que fascina com

suas histórias fantásticas e que também adentram no campo da filosofia para nos

fazer pensar em conceitos éticos, por exemplo. Os heróis bíblicos ajudam a explicar

conceitos religiosos e a fortalecer a fé dos seus adeptos. Essas figuras sempre

estiveram presentes na cultura humana, e, portanto, também podem ser

identificadas em diferentes gêneros textuais.

Seguindo esse interesse histórico, vemos na atualidade o fascínio que os

super-heróis causam em crianças, jovens e também adultos, atraindo multidões para

o cinema, livrarias e também para o mercado que oferece uma diversidade de

produtos com a temática dos super-heróis. Prova disso, são as salas lotadas do

cinema quando são lançados filmes de super-heróis como as várias sequências de

Batman, filmes com personagens da Marvel, como Capitão América, o Homem de

Ferro, Hulk e Thor que mais tarde se reúnem em The Avengers (2012), fenômeno

que ganhou força total a partir do bem sucedido Spider-man (2002). O interesse pelo

tema é tanto e o público tão variado que nos propusemos, nesse artigo, a discorrer,

a partir de diferentes gêneros discursivos que abordam essa temática, sobre a

experiência que tivemos com nossos alunos quando socializamos os aspectos que

permitiram o desenvolvimento de uma cultura em torno dos super-heróis.

Cabe ressaltar que com o surgimento do Superman (1938), em uma época de

guerra e crise, surgiu também o gênero superaventura, com características próprias,

com uma linguagem nova até então. O envolvimento que esses personagens

conseguem criar em nossos alunos, torna-se, portanto, um aliado para o

desenvolvimento de um trabalho com leitura, levando em consideração um tema de

interesse deles, e que, direcionado pela leitura crítica e pelo letramento crítico

podem fazê-los refletir sobre aspectos estruturais de um texto, intenções do autor,

contextos de produção e além disso, uma análise crítica e um posicionamento

pessoal em relação ao conteúdo que lhes é apresentado.

No afã de formar leitores críticos não só atendemos a proposição dos

documentos oficiais como também validamos o propósito do sistema educacional

brasileiro que visa à formação do sujeito para a cidadania.

Diante do exposto, iniciamos a aplicação das atividades da produção

didático-pedagógica, tendo como referência o projeto de intervenção pedagógica

desenvolvido por meio de material didático pedagógico produzido especificamente

para esse fim. A produção didático-pedagógica foi organizada em três unidades com

atividades desenvolvidas em 32 horas/aulas.

2 Heróis clássicos interagem com o mundo moderno

Iniciamos a unidade1 Greek Heroes, fazendo um brainstorming sobre a

palavra hero. Escrevemos no quadro esse vocábulo e instigamos os alunos a falarem

o que vinha a cabeça quando se pensava nessa palavra. A maioria dos alunos

relacionou o termo a super-heróis, apresentando características como grande força,

poderes extraordinários e o uso de uniformes, além de indicarem nomes de super-

heróis populares tais como Superman, Homem-Aranha, Batman, Capitão América,

Wolverine e Mulher Maravilha, entre outros.

Diante do que foi mencionado pelos alunos, houve a necessidade de

diferenciar o termo “herói”, de “super-herói”, pois somente a partir da unidade 2, do

material didático é que a temática dos super-heróis seria abordada em detalhes, e

como os termos herói e heroísmo estariam presentes no decorrer de todo o projeto,

seria necessária essa diferenciação, para que percebessem que quando fôssemos

tratar de personagens fictícios com poderes espetaculares, usaríamos o termo

específico “super-heróis”.

Em seguida, assistimos ao vídeo God of War, para ambientar os alunos

com o tema da primeira unidade, que trataria dos heróis gregos. O vídeo constitui um

recorte de trailers de um jogo de vídeo game da Sony muito popular entre os jovens,

que traz Kratos, como personagem principal, um herói grego que enfrenta vários

desafios para tomar o lugar do deus da guerra. Dessa forma, os alunos poderiam

também perceber como a mitologia grega está presente em várias manifestações

culturais e também em diversas mídias. Foi uma grata surpresa perceber que a

maioria dos alunos conhecia o jogo. Alguns alunos contaram detalhes do enredo

desse jogo, trazendo informações interessantes e pertinentes para a discussão do

tema. Mesmo os alunos que não conheciam o game, conseguiram relacionar os

personagens e os ambientes à mitologia grega, mostrando-se bastante empolgados,

inclusive trocando ideias sobre ele com outros colegas e mostrando o interesse por

conhecê-lo melhor.

Alguns citaram outros personagens que participam de outras fases do jogo,

comentando sobre diferentes enredos e cenários. Outros perguntaram sobre o

significado de alguns termos em inglês que costumam aparecer nesse jogo. Quando

solicitaram que repetíssemos a exibição do vídeo, para que pudessem entender as

falas e compreender o contexto das cenas, embora não fosse, naquele momento,

essencial para o desenvolvimento da atividade, sentimos que nossa proposta fazia

sentido para os alunos e que nosso trabalho estava no caminho certo ao aproveitar

temas do interesse dos alunos, ligados à sua esfera social para o aprimoramento da

capacidade comunicativa possibilitada nessa contextualização.

Na sequência, os alunos relacionaram figuras a sentenças descritivas sobre

os mais populares heróis da mitologia grega, com o objetivo de praticar a técnica de

associação de imagens na contextualização de leitura. De um modo geral, os alunos

desenvolveram a atividade com facilidade, porém um ou outro aluno apresentou

dificuldade na realização da atividade por desconhecer palavras-chaves em inglês e

também alguns heróis descritos.

Conversamos a respeito de como a mitologia grega tem influenciado a

cultura mundial, ainda presente em nomes de cidades, estabelecimentos comerciais,

na literatura e outras artes, no entretenimento e em diversas mídias. Nosso intuito era

envolver nossos alunos para que passássemos ao estudo sobre os heróis e

mantivéssemos o entusiasmo de outrora.

Passamos então ao estudo de textos sobre os dois heróis mais famosos da

mitologia grega: Perseu e Hércules. Diante dos textos apresentados, os alunos foram

instruídos a usarem estratégias de leitura para o entendimento dos textos. Foram

instruídos a fazerem uma primeira leitura para a apreensão do sentido geral do texto

(skimming), também a observarem as figuras e a estética do texto. Foi ainda sugerido

que observassem a presença de palavras cognatas, e após esse primeiro momento,

deveriam fazer uma segunda leitura, agora mais cuidadosa, em busca de

informações específicas (scanning). A leitura do primeiro texto foi feita de forma

compartilhada com os alunos para que entendessem esse processo de leitura, assim,

eles eram questionados e expunham suas constatações oralmente.

Os alunos participaram de forma satisfatória, inferindo o significado de

palavras, socializando informações percebidas, dizendo o que compreendiam do

texto, e foram encorajados a usarem as mesmas estratégias para a leitura do

segundo texto, de forma individual. Quando passamos à socialização da leitura, foi

possível perceber que a grande maioria dos alunos compreendeu as principais

informações do texto, inclusive uma aluna mostrou-se surpresa em ver como sua sala

“sabia inglês”, fazendo uma nítida alusão ao fato de que nos anos anteriores seus

colegas de sala não demonstravam envolvimento e capacidade de leitura em língua

inglesa.

Foi então possível conscientizá-los de que todos eles tinham mais

conhecimento da língua do que eles imaginavam, e que deveriam direcionar melhor a

capacidade de leitura deles, demonstrando mais concentração nos momentos de

leitura, praticando em língua estrangeira as estratégias que também são usadas, de

forma natural na língua materna, e que assim eles poderiam perceber que tinham

mais capacidade de entendimento do que estão acostumados a expor, muitas vezes

por simples comodismo. Cremos que esse alerta é necessário e serve como

motivação para aqueles alunos que ainda se subestimam em relação à sua própria

capacidade de aprender.

O conceito de heróis para os gregos ficou mais claro a partir de

constatações feitas por meio de questões com abordagem crítica, que seguiram a

leitura do texto, quando os alunos puderam inferir que o termo herói na mitologia

grega refere-se aos filhos de deuses com humanos, ou seja, o mesmo que semideus.

De um modo geral, os alunos possuíam conhecimento sobre mitologia

grega, por terem estudado nas aulas de história, pelo tema estar presente na

literatura nacional e mundial, além de muitos terem feito associação entre as

informações dos textos e atividades com os personagens da série de livros de Percy

Jackson (Rick Riordan), do desenho Hércules da Disney e do filme Fúria de Titãs

(Warner). A mobilização dos conhecimentos prévios dos alunos no processo de

leitura é sempre muito importante, pois abre espaço para o envolvimento com o tema,

facilita o direcionamento das atividades, permite discussões mais efetivas e permite a

contextualização do estudo, permitindo também a ampliação dos conhecimentos já

adquiridos.

3 Super-heróis conquistam a escola

A unidade 2 Superheroes, teve início com um debate a respeito do

termo “super-herói”, diferenciando-o de “herói”, a partir dos conhecimentos prévios

dos alunos e da definição do termo superhero, de acordo com o dicionário Merrian-

Webster. Os alunos usaram de estratégias de leitura para compreenderem a

definição apresentada, chegando à conclusão de que o termo está relacionado ao rol

de seres ficcionais a que eles estão acostumados a ver em desenhos animados,

filmes e jogos. Novamente fizeram questão de citar uma série de nomes de super-

heróis e super-heroínas de seu conhecimento.

O debate teve sequência com informações a respeito da origem dos super-

heróis, fundamentado em Trindade (2010) e Viana (2011), acolhendo informações dos

alunos, que participaram de forma intensa, tanto fazendo questionamentos sobre

quando surgiram alguns super-heróis, quais seus poderes e pontos fracos, sobre

quais super-heróis seriam brasileiros, quanto contribuindo com novas informações a

respeito de diferentes versões do mesmo super-herói em mídias diferentes, sobre

desafios e grandes feitos desses personagens nas HQs, filmes e séries de TV, além

de informações sobre direitos autorais envolvendo estúdios de cinema, editoras e

empresas diversas ligadas aos super-heróis. A interação entre os próprios alunos nos

vários momentos de discussão a respeito da origem dos super-heróis, suas

características e a presença em diferentes mídias foi tanta que o desenvolvimento

das atividades dessa unidade levou mais tempo do que o programado, o que nos

causou certa apreensão, pelo fato de termos um prazo determinado para o

cumprimento das propostas. Por outro lado, foi altamente positivo, por evidenciar o

quanto os alunos estavam envolvidos no tema, abrindo espaço para o

aprofundamento do mesmo e motivando para as atividades que viriam em seguida.

No decorrer de nossas discussões os alunos sugeriram que assistíssemos a

um filme sobre o tema, então foram exibidos para eles trechos de uma versão antiga

e uma atual de filmes do Super-Homem: Superman (1978) e Superman _Man of Steel

(2013). Houve um contratempo nesse momento por conta de problemas com os

recursos tecnológicos, mas, assim que solucionados, os alunos se concentraram na

apresentação do material. Eles acharam divertido observar como os efeitos visuais e

figurinos mudaram de uma época para outra. Retomamos ideias discutidas sobre a

origem do personagem e como ele modificou todo um segmento artístico e cultural, e

como o contexto histórico influencia a forma como o super-herói é apresentado. Ao

final, constataram que o mesmo personagem, ainda que em diferentes versões, tem

encantado diferentes gerações.

O Super-Homem está sempre associado à superação das dificuldades, ao

enfrentamento dos medos, à crença de que não há problema sem solução e mesmo

quando se depara com seu ponto fraco ou um inimigo tão forte quanto ele, uma

inspiração própria ou um auxílio externo o revigora para que salve a ordem do dia.

Ainda que com características próprias e muitas vezes bem singulares, tais conceitos

podem ser constatados em relação à densa gama de personagens que surgiram

depois do Superman para compor o panteão dos super-heróis. De acordo com Tardeli

(2011):

Os super-heróis chamam atenção das crianças e dos adolescentes porque são capazes de divertir, de estimular suas criatividade e imaginação, de enriquecer os valores culturais, além de estabelecer projeções de papéis sociais. Ajudando a desenvolver a capacidade intelectual e a trabalhar as emoções, já que abordam ansiedades, aspirações e oferecem soluções simbólicas para problemas que inquietam a maioria das crianças e jovens _ e mesmo adultos_, os super-heróis compõem uma parcela importante da literatura popular. (TARDELLI, 2011, p. 123)

Ao ser apresentada a capa da revista Action Comics nº1 (junho de 1938),

em que estreou Superman como o primeiro dos super-heróis, os alunos conseguiram

deduzir informações importantes, como o fato das cores de seu uniforme fazer alusão

às cores símbolo dos EUA. O acionamento de conhecimentos prévios, como a

capacidade de relacionar novas informações a experiências e leituras anteriores,

constitui um fator importantíssimo para a leitura em língua estrangeira. Tanto para ler

uma imagem quanto para ler um texto mais elaborado, o conhecimento de mundo é

imprescindível, tanto para o conhecimento dos sentidos mais explícitos quanto para

os mais implícitos, e para um consequente posicionamento crítico. A escolha de se

iniciar os estudos dessa unidade com um gênero textual com o predomínio da

linguagem não verbal sobre a verbal teve o intuito de mostrar aos alunos que toda

produção reflete as intenções do autor, abrindo campo para a análise das leituras

posteriores focadas na linguagem verbal, marcadas por todo um contexto de

produção e intencionalidades do autor nas quais é possível perceber ideologias,

relações de poder e valores muitas vezes implícitos, mas não ingênuos. Outro ponto

importante nesse processo de leitura é a identificação da tipologia e do gênero

textual, pois, embora o conhecimento linguístico seja determinante para a

compreensão apurada das informações, o conhecimento textual, como o

reconhecimento das características de diferentes gêneros discursivos, com suas

formas próprias de organização e elementos constitutivos, dinamiza o processo de

leitura, como discorre Porfírio:

Em leitura em LE, o leitor prevê muito do que vai encontrar em um texto por meio de identificação de gênero. Por exemplo, se o leitor identificar um texto como sendo horóscopo, já saberá que o que se encontra em cada subtítulo são os nomes dos signos, mesmo não conhecendo o significado literal dessas palavras. (PORFIRIO, 2014, p 4)

Na sequência da atividade sobre a capa da revista Action Comics nº 1, foi

apresentada a informação de que um valor astronômico foi pago por um exemplar

original dessa edição da revista, em agosto de 2014. Então muitos alunos ficaram

espantados e até indignados com tal informação, com dificuldade, inclusive, de

aceitarem a ideia. Outros encararam a aquisição de um exemplar raro da revista

como algo natural, devido ao valor histórico que ele traz. Isso abriu caminho para a

discussão que seria proposta em seguida, sobre o prazer que muitas pessoas têm em

manter as mais diversas coleções. Alguns alunos relataram ter informações de

pessoas que colecionam as mais variadas coisas, como objetos decorativos no

formato de um mesmo animal, souvenirs de viagens, bonés, etc.

Os poucos alunos que se reconheceram como colecionadores, colecionaram

figurinhas em algum momento da vida, e o fizeram mais por um modismo. Em certo

momento da discussão também fizeram uma relação do assunto com o consumismo,

como a prática de pessoas muito ricas ostentarem uma coleção de bolsas ou

sapatos, muitas vezes para preencherem alguma forma de vazio pessoal.

As opiniões foram divergentes, pois enquanto alguns alunos acharam

natural que colecionadores tenham prazer em comprar itens antigos e pagar altos

valores, por exemplo, em action figures, que à primeira vista parecem brinquedos,

mas que para os aficcionados por esse tipo de cultura, são considerados como jóias,

outros acharam que pagar um preço muito alto por certos itens está relacionado a

algum problema de ordem emocional, e que isso não é saudável, nem justo.

Nessa unidade, os alunos estudaram dois textos biográficos de Stan Lee,

criador da maioria dos super-heróis do Universo Marvel. Poucos alunos o conheciam,

mas puderam ter informações importantes de sua vida através do estudo dos textos.

A leitura do primeiro texto foi mais fácil por conter uma série de cognatos,

informações bem objetivas e termos como datas e nomes próprios, assim os alunos o

fizeram de forma bem independente. Quanto ao segundo texto, após uma primeira

leitura individual, foi necessário um momento de leitura compartilhada para que se

esclarecesse o significado de expressões idiomáticas e itens lexicais mais complexos.

A comparação entre as informações apresentadas nos dois textos foi bem

interessante, e na discussão realizada os alunos conseguiram perceber que o

público-alvo do texto é fator determinante para a linguagem utilizada, já que as

informações do segundo texto retiradas de um site de cinema, tinha informações mais

específicas para os apreciadores dessa arte e o retratava com as nuances de um

astro pop, enquanto o primeiro texto era mais objetivo e mostrava mais seu caráter

empreendedor.

A atividade que mais empolgou os alunos foi a produção de seu próprio

super-herói no site da Marvel. Essa atividade precisou ser feita em horário

contraturno, numa escala com os alunos, pois a quantidade de computadores não era

suficiente para toda a sala. Diante desse obstáculo, tivemos que nos desdobrar para

monitorar nossos alunos nessa atividade. Apesar de termos trabalhado horas a mais,

consideramos que foi gratificante porque o envolvimento dos alunos nos motivava e

foi perceptível o prazer dos alunos no desenvolvimento da atividade, sendo criativos e

espontâneos, mas criteriosos ao produzirem seus personagens.

Após a criação de seu super-herói, os alunos produziram pequenos textos

descritivos, articulando o conhecimento de itens lexicais apresentados no material e

revisando outros que já eram de domínio dos anos anteriores.

Os alunos se envolveram muito nas atividades e discussões dessa unidade

porque além do tema ser realmente de interesse deles, permitiu a contextualização

de elementos de estudos da língua. Isso porque juntamos duas coisas de interesse

dos alunos: o tema heróis/super-heróis e a tecnologia. Aliás, o uso de recursos

tecnológicos como aliado no processo de ensino da língua estrangeira é viável e de

muitas formas ajuda na contextualização de temas e conteúdos, tendo a vantagem de

chamar a atenção de nossos alunos, tão familiarizados com tais recursos.

4 Todos somos heróis

A unidade 3, intitulada Heroes of real Life, foi introduzida com

questionamentos a respeito de quem seriam os heróis da vida real, fazendo os alunos

refletirem sobre que tipos de pessoas colocam sua própria vida em risco para salvar

outras pessoas. Em um primeiro momento os alunos lembraram de profissionais da

área da segurança e da saúde, como bombeiros, que enfrentam locais em chama e

resgatam pessoas em situações de perigo extremo, policiais cujo ofício é manter em

segurança a população, salva-vidas que impedem que momentos de diversão

tornem-se tragédias, os médicos e enfermeiras que lidam com o que há de mais

precioso para uma pessoa, ou seja, sua saúde, sua própria vida. Conforme foi se

aprofundando o debate, foram mencionadas situações em que pessoas comuns,

independentemente de suas profissões, arriscam a vida pelo bem de outros. Também

surgiram comentários a respeito do heroísmo dos professores na dedicação devotada

à formação dos seus alunos. Essas reflexões realmente se encaminharam de forma

adequada à maneira como o tema seria abordado no material.

Nesse sentido, o primeiro texto estudado foi uma entrevista com um

bombeiro, considerado um herói da vida real porque sua figura está diretamente

associada a alguém destemido, que, ainda que bem treinado, corre risco, enfrentando

situações muito perigosas, principalmente em incêndios, mas também no resgate de

pessoas desaparecidas e outras situações de perigo extremo. Tornar-se bombeiro é,

inclusive, o sonho de muitos meninos, por reconhecerem esse profissional como um

herói da vida real.

A entrevista com um bombeiro voluntário americano foi retirada de um site

que trata sobre formação em segurança pública. A leitura foi feita através da técnica

jigsaw que consiste em subdividir um texto em partes para que os leitores em grupos

aprofundem a leitura de uma delas para uma posterior socialização com os demais

grupos, de modo que ao final todos os grupos de leitores compreendam a totalidade

do texto. Os alunos foram divididos em grupos de quatro integrantes, e cada grupo

ficou encarregado de aprofundar a leitura de uma pergunta e a respectiva resposta.

Num outro momento foram encaminhados para outros grupos para socializarem suas

leituras.

Nesta atividade foi possível perceber como muitos alunos ainda estavam

presos à técnica de tradução. Ao acompanhar alguns grupos que solicitavam ajuda foi

possível detectar que estavam demorando demais no cumprimento da atividade

porque a maioria deles queria saber o significado de palavra por palavra, prendendo-

se a dicionários e tentando montar uma tradução literal.

Foi preciso fazer uma intervenção, recordando as estratégias de leitura já

trabalhadas desde o início da implementação do projeto. Após essa intervenção,

foram feitos alguns questionamentos a respeito das informações principais do texto e

as respostas demonstraram entendimento do conteúdo. Assim, os alunos se sentiram

mais livres, e ao responder as questões por escrito propostas em relação ao texto,

perceberam que estavam alcançando o objetivo da atividade.

Outra atividade que causou bastante interesse dos alunos foi a leitura do

título de um vídeo publicado em um site na Internet que propaga ideias e ações que

podem fazer o mundo melhor. A partir do título The Most Amazing Act of Heroism Ever

Committed In Swim Trunks, os alunos fizeram previsões da situação que seria

apresentada no vídeo, o que provocou muita curiosidade, principalmente porque o

vídeo só foi apresentado para eles na aula seguinte. Essa expectativa foi positiva

porque os alunos ficaram aguardando a aula seguinte para a descoberta. A maioria

acertou na previsão do local – uma praia - mas ninguém esperava que os heróis

fossem banhistas e trabalhadores locais que passavam pela orla e que as vidas

salvas fossem de golfinhos encalhados na beira da praia. Foi o flagrante de uma ação

nobre e rápida dos envolvidos. Os alunos ficaram surpresos e quando questionados,

todos disseram que fariam o mesmo, que teriam prazer em ajudar a salvar aqueles

raros mamíferos.

A leitura seguinte foi de uma notícia publicada no site da BBC News. Após

questões de antecipação de leitura a partir da manchete Florida Father Fights

Alligator to Free 6-Year-Old Son, os alunos fizeram a leitura do texto para conferir as

informações. Apesar de o texto apresentar um vocabulário relativamente sofisticado

para o nível dos alunos, com alguns direcionamentos e num momento de leitura

colaborativa, eles puderam compreender as informações do texto.

O texto noticia o ato extraordinário de um pai que luta com um jacaré muito

maior que ele para salvar a vida de seu filho que cai na água durante um passeio de

canoa num parque em Everglades, uma região pantanosa da Flórida. De maneira

destemida, encontrando forças além do físico, e com a ajuda de outro homem que

apareceu no local posteriormente, o heróico pai, Joe Welch, consegue livrar seu filho

de um trágico fim. Alguns alunos questionaram a veracidade do fato, mas dados

como data e fonte da publicação ajudaram a argumentar a favor dessa veracidade, e

principalmente a exibição de um vídeo em que é apresentada a localização de onde o

fato aconteceu e a entrevista com o pai e o garoto, protagonistas do acontecido.

A partir do texto e do vídeo, os alunos discutiram a respeito do que motiva

pessoas comuns a praticarem atos heróicos e puderam relatar outros fatos dessa

natureza. Foram inclusive questionados a respeito de acontecimentos com eles ou

familiares em que a vida foi preservada por meio de atitudes heróicas ou positivas.

Ao final, os alunos foram encorajados a escreverem um pequeno texto

sobre heróis da vida real. Alguns alunos escreveram sobre profissionais da área de

segurança, outros sobre pessoas famosas, mas a maioria descreveu seus pais, os

considerando heróis pelo simples fato de os trazerem ao mundo e conservarem sua

vida, com proteção, presença, dedicação e amor. Esse fato nos chamou a atenção

porque pudemos constatar que embora a instituição familiar esteja tão desacreditada

nos dias atuais, é nela que os nossos jovens encontram referências e se espelham.

Precisamos, portanto, valorizar pequenos atos cotidianos, e outros que são realmente

grandiosos, feitos por pessoas comuns, mas que fazem a diferença no interior de

nossos lares e, por consequência, em nossa sociedade.

Alguns de nossos alunos entenderam que a aplicação do projeto em nossas

aulas, partindo de um tema central os heróis/super-heróis, além da prática da língua

inglesa, tinha também um caráter mais abrangente em seu conteúdo temático, posto

que propiciou um diálogo com a realidade ao analisar, por exemplo, o contexto

histórico que possibilitou o surgimento dos super-heróis e a evolução deles no

decorrer da história, além da necessidade de cultivarmos valores éticos, posturas

positivas e a prática de atitudes que favoreçam o bem comum no âmbito da

cidadania.

5 Considerações finais

Com a convicção de realizar um trabalho centrado na prática de leitura,

definimos nossa linha de estudo nos gêneros discursivos e na leitura crítica e, em

diálogo com a orientadora, desenvolvemos pesquisas a respeito do Letramento

Crítico, que também contribuiu para o aprimoramento de ideias e enriquecimento da

fundamentação do Projeto de Intervenção Pedagógica e no desenvolvimento das

atividades da Produção Didático-pedagógica.

As participações nos GTRs (Grupos de Trabalho em Rede), como cursista,

também contribuíram para o aprimoramento dos nossos estudos relacionados aos

gêneros discursivos, já que enfocavam o trabalho com a leitura, nosso alvo de

estudo.

Nosso objetivo era preparar um projeto que refletisse a postura que sempre

adotamos como professor de línguas, principalmente no que se refere ao ensino da

prática de leitura. Em nossa prática pedagógica, procuramos chamar a atenção dos

alunos para a capacidade de compreensão que as estratégias de leitura nos

possibilitam, e como podemos usar o raciocínio lógico, as associações, os

conhecimentos sintático e morfológico tanto da língua-alvo quanto da língua materna,

entre outras técnicas, para o entendimento de textos em língua estrangeira, e como a

compreensão de outras línguas, e de um modo especial a língua inglesa, pode

ampliar os horizontes de uma pessoa na vida atual. Nosso intuito nunca foi reproduzir

o modelo de estudo de textos que recebemos na educação básica, centrado na

tradução e no olhar passivo para as informações, embora saibamos que ainda se faz

presente na prática de muitos professores de língua estrangeira.

Quanto à escolha da temática de heróis/super-heróis, pensamos em um

conteúdo que fosse de interesse dos alunos, mas com o qual também tivéssemos

proximidade, por isso optamos em centrar num tema ficcional com o qual nos

identificamos desde a infância, e que ainda hoje envolve, com suas devidas

inovações, os adolescentes que ensinamos.

Apesar de preparar o material focando a faixa etária e o possível

conhecimento de língua e de mundo do público-alvo, havia sempre uma incógnita a

respeito da recepção por parte dos alunos. Então, desde o primeiro dia de aula,

criamos expectativas e pequenas "deixas" em relação ao projeto, preparando o

terreno. Quando em meio à implementação percebíamos o envolvimento dos alunos,

nos sentíamos mais motivados, pois era uma constatação de que nossas escolhas

tinham sido acertadas.

O envolvimento dos alunos no desenvolvimento das atividades, sua

interação nas discussões propostas e os registros de suas produções em que

relataram a valorização dos familiares e outras pessoas reais como “heróis”, assim

como o comentário de alguns pais a respeito de como seus filhos gostaram do

projeto, demonstram que os objetivos propostos foram alcançados de maneira

satisfatória, o que nos deixa com a sensação de dever cumprido em relação ao

trabalho desenvolvido.

Outro ponto que evidencia o sucesso do projeto elaborado, é o relato

registrado por professores participantes do GTR em que atuamos como professor-

tutor, que ao aplicarem as atividades do projeto em suas escolas, alcançaram bons

resultados. Há relatos, por exemplo, de uma professora que adaptou atividades da

Unidade 3, inclusive a produção escrita sobre o herói da vida real, em que ela se

mostra surpresa e feliz com a valorização de seus alunos aos membros da família,

em especial das mães. Também houve uma professora que aprofundou a abordagem

do jogo God of War, apresentado na Unidade 1, numa abordagem interdisciplinar com

a Filosofia, e ainda os relatos de vários professores sobre a aplicação de atividades

da Unidade 2, sobre os super-heróis com seus alunos. Ainda nesse grupo de

estudos, vários professores indicaram muitas sugestões interessantes em relação a

trabalho com vídeos, games e HQs, e uma diversidade de gêneros textuais

abordando a temática do projeto.

Diante do exposto, constatamos que a partir do trabalho proposto em nosso

projeto, uma série de outros encaminhamentos podem surgir, pois a temática é rica e

possível de ser reconstruída de diversas formas e adaptada para alunos de diferentes

níveis de conhecimento e escolas de diferentes realidades, fazendo-se as adaptações

necessárias para que se alcance sucesso efetivo.

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