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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
IRONIA E DIALOGISMO EM LUIS FERNANDO VERISSIMO E
MACHADO DE ASSIS
Surley Vilela da Costa 1
Jaime dos Reis Sant’Ana 2
Resumo: Este Artigo foi desenvolvido para contribuir no estudo da problemática citada no Projeto de
Intervenção Pedagógica: a dificuldade em leitura e interpretação no dia a dia escolar, detectadas em alunos do 9°
ano do Colégio Estadual Professora Ubedulha de Oliveira, cidade e NRE de Londrina, no que se refere às
informações explícitas e as implícitas. Assim, teve como objetivos contribuir para o desenvolvimento das
capacidades de leitura e escrita e colaborar para que os alunos identifiquem e compreendam principalmente os
implícitos e a ironia presentes nos gêneros textuais selecionados: os contos, de Machado de Assis e as crônicas
de Luis Fernando Verissimo. Para a análise dos contos e das crônicas foi utilizado o Método Recepcional3
proposto por Bordini e Aguiar, sendo este contemplado na DCE de Língua Portuguesa. Na resolução das
atividades foram utilizados os seguintes recursos: laboratório de informática, textos impressos, debates e
atividades escritas.
Palavras-chave: leitura, conto, crônica, Machado de Assis, Luis Fernando Verissimo
1. INTRODUÇÃO
O trabalho com a leitura deve ser uma prática constante, pois além de formar leitores
competentes, também auxilia na produção de texto e no conhecimento da estrutura e
composição da língua portuguesa, porque, de acordo com os Parâmetros Curriculares
Nacionais da Língua Portuguesa (2008, p.36): um leitor competente é aquele que compreende
o que lê, que identifica os elementos implícitos e aprende com eles, que faça inferências que o
1Surley Vilela da Costa é aluna PDE, formada em Letras, pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Possui
curso de especialização em Didática e Metodologia do Ensino, em Educação Especial Inclusiva, ambas pela Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) e também em Gestão Escolar, pela Universidade Estadual do Centro-
Oeste (UNICENTRO). 2Jaime dos Reis Sant’Ana é professor doutor de Literatura Infantojuvenil na Universidade Estadual de Londrina
(UEL). 3Método Recepcional se dá com a aproximação entre o texto e o leitor, em que toda a historicidade de ambos
vem à tona.
levem a ser um leitor proficiente e crítico, capaz de expor e defender seu ponto de vista, de
exigir transformações sociais e ser também um agente transformador. Assim, para atingirmos
esses objetivos, optamos pelos gêneros textuais conto e crônica, dos respectivos autores:
Machado de Assis e Luis Fernando Verissimo e utilizamos o Método Recepcional proposto
por Bordini e Aguiar, em que o leitor é um sujeito ativo no processo de leitura, que possui voz
ativa, ou seja, capaz de refletir e debater sobre a obra que lê, fazendo com que se amplie o seu
horizonte de expectativa de tal forma, que se torne reflexivo e questionador e que, para
ampliar seus conhecimentos, busca outras leituras mais complexas.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
O trabalho com a leitura deve ser uma prática constante, seja em classe ou extraclasse,
uma vez que seu objetivo, além de formar leitores competentes, é também de auxiliar na
produção de texto e o conhecimento da estrutura e composição da língua portuguesa.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (2008, p.
36):
Formar um leitor competente supõe formar alguém que compreenda o que lê; que
possa aprender a ler também o que não está escrito, identificando elementos
implícitos; que estabeleça relações entre o texto que lê e outros textos já lidos, que
saiba que vários sentidos podem ser atribuídos a um texto; que consiga justificar e
validar a sua leitura a partir da localização de elementos discursivos que permitam
fazê-lo. (PCN, 2008, p.36)
Assim, é responsabilidade da escola oferecer aos alunos um contato sistemático com
uma leitura de qualidade, com a diversidade de textos, modelos de leitores e práticas de
leituras eficazes e, por conseguinte, formar leitores competentes, aqueles que, por iniciativa
própria, saibam selecionar, de acordo com seus interesses e necessidades, o que ler diante dos
variados tipos de textos que circulam socialmente. Mas, para isso, é necessário, por parte da
escola, promover uma prática constante de leitura envolvendo uma diversidade de gêneros
textuais, sejam eles formais ou informais, onde os alunos percebam o estilo e a características
e o gênero dos textos lidos.
Para que melhor compreendamos o processo de formação de um leitor literário,
subdividimos o nosso referencial teórico em mais quatro partes: a formação do leitor literário,
a ironia, os explícitos e os implícitos e o método recepcional.
Comecemos com a formação do leitor literário.
2.1 A formação do leitor literário
Conforme as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Língua Portuguesa, (2008,
p. 55),
no processo de ensino-aprendizagem, é importante ter claro que quanto maior o
contato com a linguagem, nas diferentes esferas sociais, mais possibilidades se têm
de entender o texto, seus sentidos, suas intenções e visões de mundo. (DCE, 2008, p.
55)
No que diz respeito à Literatura, as DCEs de Língua Portuguesa (idem, p. 57) diz que
a literatura, como produção humana, está intrinsecamente ligada à vida social. O
entendimento do que seja o produto literário está sujeito a modificações históricas,
portanto, não pode ser apreensível somente em sua constituição, mas em suas
relações dialógicas com outros textos e sua articulação com outros campos: o
contexto de produção, a crítica literária, a linguagem, a cultura, a história, a
economia, entre outros. (DCE, 2008, p.57)
Assim, a literatura pode ser vista como ―arte‖, conforme Antônio Cândido 4 (1972,
apud. DCE), uma arte que transforma e humaniza as pessoas e a sociedade. Ainda de acordo
com Cândido, a literatura possui três funções: a psicológica, a formadora e a social, já que ela
é a responsável pela formação do sujeito e que atua como instrumento de educação quando
retrata realidades não reveladas pela ideologia dominante.
O domínio da literatura, do ponto de vista social, é visto como indispensável para
democratizar a aquisição do saber e da cultura letrada, pois é essa função que possibilita ao
indivíduo o reconhecimento da realidade que o cerca quando transposta para o mundo
ficcional.
No que diz respeito ao ponto de vista psicológico, a apropriação de estratégias de
leitura diversificadas é um grande passo para a autonomia do aluno já que esta é a responsável
pelo desenvolvimento cognitivo, entre outros, pois oportuniza ao aluno estudar e aprender
sozinho.
Já na função formadora, a literatura atua como instrumento de educação, de formação
do homem, visto que exprime realidades que a ideologia dominante tenta esconder.
É assim que esses domínios permitem desenvolver a capacidade verbal, melhorar o
conhecimento da língua e do vocabulário e também observar como os textos se adaptam às
situações de comunicação, como eles se organizam e quais as formas de expressão que os
caracterizam. São esses domínios que instrumentalizam ―o aluno para uma leitura arguta das
obras, atento para os procedimentos particulares do autor, em cada um dos produtos culturais
coletados. Trata-se de aprender a ler as linguagens empregadas nos textos trazidos‖. (Bordini
e Aguiar, 1993, p.139)
Para obter-se a leitura ―arguta‖, citada no parágrafo anterior, devem ser desenvolvidas
competências de leitura crítica, que, segundo Silva (1998, p.27)
não aparecem automaticamente: precisam ser ensinadas, incentivadas e dinamizadas
pelas escolas no sentido de que os estudantes, desde as séries iniciais, desenvolvam atitudes de questionamento perante os materiais escritos. Uma democracia, no
fundo, assinala a possibilidade de convivência com diferentes pontos de vista, com
diferentes convicções. Daí que, sem criticidade e sem espaço para a prática da
criticidade, fica impossível analisar os pontos de vista e as convicções em
cir4culação no sentido de eu o leitor cidadão possa defendê-los ou questioná-los ou
então desenvolver outros mais viáveis e objetivos. (SILVA, 1998, p.27)
Da mesma maneira, é tarefa do professor preparar o aluno para que, ao ler, aprenda a
fazer registros pessoais, melhore suas estratégias de compreensão e desenvolva uma relação
mais sólida com o saber e com a cultura. No entanto, para que isso aconteça, não é bastante
que o aluno apenas decifre palavras, que identifique informações presentes no texto ou que o
leia em voz alta – é necessário conferir o seu nível de compreensão, de que forma se
relaciona, hierarquiza e articula informações com a situação de comunicação e com o
conhecimento que ele possui; a ler nas entrelinhas o que o texto pressupõe, sem o dizer
explicitamente, e a organizar todas as informações para dar-lhes um sentido geral. É
necessário que o aluno consiga interpretar criticamente um texto e ser capaz de identificar
suas características e finalidades.
Agora que vimos a importância de uma leitura crítica na formação do leitor literário,
veremos outros elementos cruciais para essa formação: os explícitos e os implícitos contidos
nos textos.
2.2 Os explícitos e os implícitos
O domínio da leitura é indispensável para democratizar a aquisição do saber e da
cultura letrada. Para isso é necessária uma apropriação de estratégias de leitura diversificadas
que levem o aluno a uma autonomia, já que esta é a responsável pelo seu desenvolvimento
cognitivo, entre outros. O domínio da leitura é que instrumentaliza ―o aluno para uma leitura
arguta das obras, atento para os procedimentos particulares do autor‖ (Bordini e Aguiar, 1993,
p.139).
Assim, para esse domínio, é necessário que o aluno identifique as informações
explícitas, que são aquelas de fácil entendimento, as que encontramos facilmente no texto, e
as implícitas, que são aquelas cujas informações ficam subentendidas, são percebidas nas
entrelinhas, mas que , para tal entendimento, requer do leitor uma maior capacidade de
realizar analogias e inferências, ou seja, é necessário que o leitor reacenda os conhecimentos
já armazenados em sua memória para que possa melhor compreender o texto lido. E são
principalmente as informações implícitas que levarão o leitor a tornar-se crítico e a se
posicionar diante do que lê. Tudo isso é corroborado pela DCE de Língua Portuguesa que nos
orienta a explorarmos, sobretudo, os implícitos, nas atividades desenvolvidas em sala com
nossos alunos.
Sobre a leitura e a formação de um leitor crítico, Silva (1998, p.37) diz
Em sociedade, são múltiplos e diversificados os usos da leitura. Lê-se para lê-se para
conhecer. Lê-se para ficar informado. Lê-se para aprimorar a sensibilidade estética.
Lê-se para fantasiar e imaginar. Lê-se para resolver problemas. E lê-se também para
criticar e, dessa forma, desenvolver posicionamento diante dos fatos e das ideias que
o circulam através dos textos. (SILVA,1998, p.37)
Se é através dessa leitura crítica que passamos a perceber os implícitos contidos nos
textos, é através dos implícitos que podemos identificar a ironia presente nas histórias, que é o
próximo assunto a ser visto.
2.3 A ironia
Na ironia há o emprego de uma palavra ou expressão que possui um sentido diferente
do que é considerado habitual e que produz um humor tênue. Só que para que ela funcione,
deve-se construir um jogo de palavras harmonioso, que não permita retratar de imediato a
intenção de quem a disse ou a escreveu; no entanto, para que o leitor a perceba é necessário
que ele possua alguns conhecimentos prévios acerca do assunto tratado. Desta forma, a ironia
deve aguçar o raciocínio do leitor ou do ouvinte, deve levar este a perceber os variados
sentidos que determinadas palavras ou expressões possam ter até obter aquele que se ajuste à
mensagem recebida.
Tudo isso vem ao encontro do que diz Oliveira ( 2006, p.105 ), que ― a ironia
pressupõe a existência de um destinatário hábil a desvendá-la e de um locutor que se permita
fugir às normas de coerência impostas pela argumentação‖; todavia, se o receptor não for uma
pessoa capaz de decodificá-la, ela perderá o sentido, ou seja, se o receptor não estiver
preparado, não tiver um conhecimento de mundo, não conseguirá contextualizá-la, ao lê-la ou
escutá-la, pode acontecer o oposto e a ironia pode ser mal-entendida. Sendo assim, ―a ironia
não se encerra em nenhuma definição fechada e definitiva. Ao contrário, é um fenômeno
aberto a muitas interpretações e se apresenta sob múltiplas formas‖ (Oliveira, 2006, p. 107),
mas, que para ser compreendida, é necessário que o receptor possua alguns conhecimentos
prévios acerca do assunto.
Como as obras de Machado de Assis e de Luís Fernando Verissimo são repletas de
ironia, foram escolhidas para contemplar a elaboração do nosso Projeto de Intervenção
Pedagógica e da Produção Didático-Pedagógica. Para estudá-las escolhemos o Método
Recepcional.
2.4 O Método Recepcional
Para Isabel Solé (2012), ler com competência significa se guiar num mundo que hoje,
devido ao grande número de informações, não sabemos por onde começar; significa também
incorporar as informações contidas nos textos para transformar nosso próprio conhecimento;
ou seja, devemos ler para interrogar o texto, ―para deixar que ele proponha novas dúvidas,
questione ideias prévias e nos leve a pensar de outro modo‖. (Solé, 2012)
Assim, para colaborarmos para a leitura e a interpretação de nossos alunos, optamos
pelo Método Recepcional proposto por Bordini e Aguiar e sugerido nas Diretrizes do Paraná,
2008, em que o leitor é um sujeito ativo no processo da leitura. Esse método proposto
apresenta cinco etapas e sua aplicação é de responsabilidade do professor.
A primeira etapa, a da determinação do horizonte das expectativas, consiste em sondar
o conhecimento dos alunos sobre o assunto a ser estudado, sendo que, no nosso caso,
averiguamos o que os alunos conheciam sobre gêneros, contos, crônicas, vida e obra de
Machado de Assis e Luís Fernando Verissimo.
A segunda etapa, a do atendimento às expectativas, consiste permitir ao aluno o acesso
e experiências com textos que satisfaçam suas necessidades, e, para isso, escolhemos ler para
os alunos a crônica/conto ―Metonímia ou a vingança do enganado – Drama em três quadros‖,
de Rachel de Queiroz e também a crônica ―Lixo‖, de Luís Fernando Verissimo.
A terceira etapa, a da ruptura dos horizontes das expectativas, fundamenta-se em
abalar as certezas do aluno. É essa ruptura que leva o aluno a diferentes interpretações, a
discussões e reflexões.
Para essa etapa, escolhemos os contos ―O caso da vara‖ e ―Conto de escola‖, de
Machado de Assis e as crônicas ―O estranho procedimento de dona Dolores‖ e ―Brincadeira‖,
de Luís Fernando Verissimo.
A quarta etapa, a do questionamento do horizonte de expectativas, é a fase em que
utilizamos os dois momentos anteriores (a segunda e a terceira etapa), para verificarmos que
conhecimentos escolares ou vivências pessoais proporcionaram ao aluno facilidade e
entendimento do texto e/ou abriram-lhe caminhos para enfrentar os problemas encontrados. É
nessa fase que foram feitas análise dos textos, debates, a identificação dos implícitos e da
ironia nos textos lidos.
A quinta e última etapa, a da ampliação do horizonte de expectativas, é onde os alunos
tomarão consciência das alterações e aquisições obtidas através da experiência com a
literatura; é quando se tornam conscientes de suas novas possibilidades de manejo com a
literatura e partem em busca de novos textos, que atendam as suas expectativas. É nessa fase
que os alunos produziram pequenos textos ao resolveram as atividades de interpretação e de
resumo e que também produziram uma crônica. Nessa etapa também esperamos ter
despertado nos alunos o interesse pela leitura e pela busca de outros textos literários para
serem lidos.
Após a abordagem sobre as etapas constituintes do Método Recepcional, trataremos
sobre os objetos de estudo utilizados para a realização do nosso trabalho.
3. OBJETOS DE ESTUDO
Para objetos de estudo escolhemos analisar a obra de dois grandes escritores
brasileiros e também mundialmente reconhecidos: Machado de Assis, com os contos: ―O
caso da vara‖ e ―Conto de escola‖, e Luis Fernando Verissimo, com as crônicas ‖Lixo‖ e o
estranho procedimento de dona Dolores‖.
3.1 Os contos de Machado
Os contos de Machado têm como característica uma preocupação em querer analisar o
verdadeiro comportamento humano, utilizando uma prosa ―ao mesmo tempo sóbria e
sarcástica, maneirosa e ferina‖ (BOSI et al., 1982, p. 134), assim como todas as suas demais
obras.
Neles, Machado também revela uma visão cética e desencantada da realidade, como a
corrupção de valores e interesses pessoais; insulta o cientificismo e o positivismo; usa e abusa
de citações bíblicas, porém, tem dúvidas sobre a existência de Deus e o sentido das religiões;
despreza a política como possibilidade de mudança e considera as ideologias como fraudes, o
que resulta na ironia de suas obras.
E sobre a ironia, Sônia Brayner (1981, pp.16 e 17), diz que
Machado de Assis é o grande intérprete da ironia como contradição existencial na literatura brasileira do século XIX. Seus contos assim como
seus romances encerram uma evolução contínua em direção à atmosfera de
niilismo, de pessimismo, de radicalização fundamental frente à essência da vida dos seres. É sobretudo na produção do final da década de setenta em
diante que se apropria de um discurso claramente irônico, geralmente
estimulador das contradições entre o ser e a máscara social, geradora de
comportamentos e situações equívocas. A técnica paródica e dialogizante de
Machado constrói um discurso tensional em que contextos opostos se
cruzam, dando origem ao acirramento de contradições profundas.
(BRAYNER, 1981, pp. 16 e 17)
Por essas características relatadas por Brayner, consideradas inovadoras e polêmicas,
as crônicas de Machado, bem como os seus romances, são consideradas suas obras-primas de
maior genialidade, por isso são também estudadas e analisadas por muitos escritores,
professores e alunos, até mesmo no exterior.
Conhecidas e famosas também são as crônicas de Luís Fernando Verissimo, que
veremos no item a seguir.
3.2 As crônicas de Luís Fernando Verissimo
O responsável por transformar a crônica em gênero literário valorizado foi Machado
de Assis, no entanto, nos dias atuais, Luís Fernando Verissimo é um dos maiores e mais
famosos cronistas, dono de uma linguagem coloquial e, ao mesmo, tempo, elegante, cheia de
humor e ironia, dono de textos sedutores, com comentários inteligentes a respeito dos
acontecimentos do dia a dia, de forma irreverente e muito pessoal de narrar ou de comentar a
vida, como poucos cronistas conseguem.
Ainda sobre as características das crônicas de Verissimo, Ana Maria Machado (Luís
Fernando Verissimo, Comédias para se ler na escola, 2001, p. 14), comenta que
A praia do Verissimo é o quotidiano – principalmente na intimidade. As conversas
entre quatro paredes, as lembranças solitárias de infâncias e adolescências
constantemente passadas a limpo, os desígnios de Deus (em geral, mascarados sob a
forma clássica das velhas anedotas sobre um grupo de pessoas que morre e se
apresenta diante de São Pedro). Mas o tema não é o mais importante. Sobre qualquer
assunto e a qualquer pretexto, o autor revela suas obsessões, fala das mesmas coisas,
preocupa-se com o social e o ético, despreza solenemente o econômico... e encontra
sempre uma maneira nova de fazer isso, como se nunca o tivesse feito antes. As
situações podem ser quotidianas, mas os ângulos geralmente são insólitos e inesperados. Ou então, reforçam o já esperado, mas com tão exatas pitadas de
exagero que a caricatura até parece um retrato realista pelo avesso, em que o lado
cômico é revelado em sua verdadeira grandeza e o sentido profundo aparece com
nitidez. (VERISSIMO, 2001, p. 14)
E é com essa ausência de fronteiras entre as linhas tradicional e concreta, a mistura de
estilos, a intertextualidade e a grande preocupação com o tempo presente que fizeram de Luís
Fernando Verissimo um escritor reconhecido nacional e internacionalmente.
Agora que já conhecemos o referencial teórico e objeto de estudo utilizados para o
desenvolvimento da nossa Produção Didático-Pedagógica, veremos como ocorreu o processo
de implementação.
4. RELATO DA IMPLEMENTAÇÃO
No início do ano letivo de 2015, comentamos com os alunos do 9º A e B sobre o
Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), promovido pelo Governo Estadual e
relatamos que fazíamos parte deste programa e que, como trabalho final, desenvolveríamos
um projeto que abordaria a leitura, resolução de atividades orais e escritas utilizando contos e
crônicas.
Em um segundo momento, ao iniciarmos o desenvolvimento do projeto, perguntamos
aos alunos se sabiam o que era gênero textual e pedimos que citassem alguns exemplos.
Como nenhum deles conseguiu definir o que era gênero textual, foi necessário explicar-lhes e
citar alguns exemplos. Em seguida, perguntamos se conheciam o gênero conto e eles logo se
lembraram dos contos de fadas. Então, expliquei-lhes que existiam outros tipos de contos e
pedi-lhes que fizessem uma pesquisa onde deveriam definir o que é conto, bem como suas
características. Para a realização dessa atividade, foi lhes dado um prazo de até dez dias para
que a fizessem.
Vencido o prazo estipulado, a pesquisa foi recolhida, corrigida e quando devolvida aos
alunos, conversamos/debatemos sobre o conteúdo pesquisado. Ainda nessa mesma aula,
pedimos outra pesquisa: a biografia de Machado de Assis e as características de seus contos,
mas o trabalho foi interrompido devido à greve e reiniciado após nosso retorno e, como
somente um aluno havia pesquisado, novo prazo foi lhes dado para a sua realização. Assim
como na pesquisa anterior, ela foi corrigida, devolvida aos alunos e também conversamos a
respeito do conteúdo pesquisado.
Devemos ressaltar que foram poucos os alunos que realizaram as duas pesquisas
solicitadas: menos da metade das duas turmas em que trabalho.
Depois disso, a aplicação do projeto foi interrompida para que o conteúdo do nosso
planejamento anual pudesse ser colocado em dia.
Quando reiniciamos o nosso projeto, fizemos uma retomada de conteúdo onde
relembramos a definição de conto, as características dos contos e para exemplificar, lemos a
crônica/conto ―Metonímia ou a vingança do enganado – Drama em três quadros‖, de Rachel
de Queiroz, que foi lido em três etapas, o que deixou os alunos curiosos para saber o que iria
acontecer na história. Antes de lermos o texto, perguntamos se sabiam o que era uma
metonímia e como nenhum sabia, explicamos que se tratava de uma figura de linguagem.
Assim, tivemos que também explicar o que era figura de linguagem, a metonímia e que nós
estudaríamos as demais no terceiro bimestre.
Confesso que nem todos entenderam o final do texto e que ficaram meio
decepcionados com ele, mas depois de o analisarmos mais profundamente, de identificarmos
a metonímia nele contida, a maioria dos alunos compreendeu e gostou.
Nas aulas seguintes, revisamos o que já havíamos pesquisado assistindo a vídeos
baixados do canal no YouTube, sendo que um definia os gêneros textuais, os exemplificava e
relatava as características de cada um deles. O segundo vídeo, também baixado do YouTube,
definia o que é conto e suas características e o terceiro explanava sobre a vida e a obra de
Machado de Assis, com ênfase em seus contos. Quanto à apresentação dos vídeos, a maioria
demonstrou interesse pelos conteúdos neles expostos. Durante e/ou após a apresentação dos
vídeos, foram feitas intervenções como complementações sobre os assuntos abordados, assim
como esclarecimentos sobre o que estava sendo apresentado. Porém, antes da apresentação do
vídeo sobre a vida e a obra de Machado de Assis, a professora de História desenvolveu um
trabalho para situar os alunos nos acontecimentos sócio-cultural, político e econômico do
século XIX, época em que foram escritos os contos de Machado de Assis.
Na aula seguinte, encaminhamo-nos ao laboratório de informática para que os alunos
acessassem a internet e lessem o primeiro conto selecionado na nossa produção didático-
-pedagógica ―O caso da vara‖, de Machado de Assis. Porém, o resultado não foi o esperado:
tivemos problemas de conexão com a internet, alguns computadores, apesar de recém-
-revisados, não estavam funcionando, o laboratório de informática estava ocupado com
trabalhos do professor de Arte do período da tarde, a maioria dos alunos achou o texto chato e
não quis continuar a leitura e passaram a acessar outros sites ou jogos, conversavam,
atrapalhavam a concentração de quem estava tentando ler e compreender o texto, enfim,
vários contratempos que nos obrigaram despender mais tempo que o previsto e, por isso,
tivemos que levar cópias do conto para serem lidas em sala de aula. Enquanto o texto foi lido,
fomos fazendo comentário e explicações sobre as palavras diferentes existentes no texto, das
características do autor, entre outros. Depois, fizemos um resumo oral do texto e escrito da
crônica. Tudo isso facilitou a compreensão do texto pelos alunos.
Em outra aula, foram passadas as atividades de interpretação de texto que, em seguida,
foram explicadas uma a uma e resolvidas pelos alunos com o nosso auxílio. Para o
desenvolvimento dessas atividades, os alunos foram orientados a escrever respostas completas
para treinar a escrita de pequenos textos.
O trabalho com o conto ―O caso da vara‖ nos propiciou refletirmos sobre como era o
tratamento dirigido aos escravos e as punições que os mesmos recebiam; sobre os tipos de
escravidão existentes no conto e que tipos de escravidão ainda estão presentes em nossas
vidas; se era possível abrirmos mão de um sonho para ajudar outrem, sobre o trabalho infantil,
entre outras.
Apesar da pouca participação nos debates, gostei muito das respostas obtidas, da
reflexão, da tomada de consciência que tais temáticas propiciaram aos alunos.
Além do trabalho relatado anteriormente, identificamos no conto a presença da ironia
(já trabalháramos as figuras de linguagem quando ocorreu a leitura do conto, portanto, já
conheciam o conceito de ironia e alguns conseguiram identificá-la), dos implícitos e os seus
elementos estruturais.
Para a leitura do segundo conto ―Conto de escola‖, em vez de levarmos os alunos ao
laboratório de informática (já que na vez anterior a experiência não dera certo e se houvesse
mais atrasos comprometeria a finalização do projeto) e, após a leitura,
conversamos/debatemos as temáticas abordadas no conto, que tratam da corrupção e da
delação e como são assuntos bem atuais na nossa política, tanto na esfera federal, como na
estadual, essa oportunidade foi aproveitada para refletirmos sobre nosso atual momento
político. Assim como no conto anterior, identificamos e analisamos a ironia e os implícitos
presentes no conto, assim como informações sobre as características de um conto e, em
conjunto, fizemos um resumo oral e escrito do texto.
Nessa atividade tivemos que fazer algumas adaptações, então, as atividades de
interpretação foram feitas oralmente e não escritas.
Para o encerramento dessa fase do projeto, apresentamos aos alunos dois vídeos
baixados do canal YouTube, feitos por alunos de outras escolas, como forma de trabalho: ―O
caso da vara‖ e ―Conto de escola‖, onde aproveitamos para abordar as relações de
semelhanças e diferenças entre os textos escritos e os vídeos. Essa atividade não consta na
Produção Didático-Pedagógica, aqui houve a necessidade de outra adaptação no projeto.
Ao término dessa etapa, iniciamos a segunda fase do nosso projeto: a abordagem do
gênero crônica, a biografia e as características das crônicas de Luís Fernando Verissimo. Para
essa abordagem, iniciamos nossa aula perguntando aos alunos se eles sabiam definir
―crônica‖. Foram várias as sugestões que não eram condizentes, dentre elas, lembrando-se
principalmente da história ―As crônicas de Nárnia‖, disseram que era uma história
―fantasiosa‖. À vista disso, explicamos que as crônicas não são histórias fantasiosas, pelo
contrário, são relatos curtos de um fato do cotidiano das pessoas, algo que acontece ou que
pode acontecer com outra pessoa, inclusive conosco, com poucas personagens, em
determinado tempo. Como não tinha lido nenhum livro da série e assistido somente a um
filme, não possuía conhecimento algum do por que ―Crônicas de Nárnia‖, então, dissemos
que o livro é um gênero literário fantástico, não é uma crônica e que, provavelmente, tivesse
esse nome porque abordava temáticas presentes no nosso dia a dia ou com fatos relacionados
a épocas diversas ou porque seguiam uma ordem cronológica no relato dos fatos.
Em seguida, explicamos sobre a vida e a obra de Luís Fernando Verissimo e lemos a
crônica ―Lixo‖ do mesmo autor citado anteriormente. Essa atividade também foi incluída em
nosso projeto.
Antes do início da leitura, perguntamos aos alunos se era possível conhecer algo sobre
a vida das pessoas analisando o seu lixo e prontamente disseram que não; mas quando
começamos a perguntar se já haviam visto no lixo de algum vizinho uma embalagem de
televisão de 50‖ ou uma de computador/notebook (como exemplo) que ficaram à mostra,
mudaram de ideia e disseram que sim, que isso demonstrava que o vizinho gostava de
―ostentar‖ de se ―aparecer‖ e que conheciam muita gente assim, o que pôde comprovar a tese
inicialmente sugerida.
Logo após, iniciamos a leitura da crônica. Desde o início os alunos acharam a crônica
engraçada e também fora dos padrões da nossa realidade, julgaram um absurdo uma
personagem bisbilhotar tanto o lixo da outra, foram percebendo os implícitos (que as duas
personagens estavam interessadas uma na outra, que o diálogo entre elas era uma forma de
aproximação e, quem sabe, até, de um futuro relacionamento amoroso) e também as ironias
presentes no texto.
Na aula seguinte, fomos ao laboratório de informática para lermos a crônica ― O
estranho procedimento de dona Dolores‖. O que não deu certo novamente, o que me obrigou a
ler a crônica para os alunos. Após a leitura, fizemos um resumo da crônica e conversamos
sobre o tema ―consumismo‖, sobre a forma bem humorada que o autor utiliza para criticar os
valores da sociedade de consumo, em especial a forma como a publicidade e os meios de
comunicação criam falsas ilusões nas pessoas, o poder que a propaganda tem de influenciar,
de ―escravizar‖ o consumidor; a utilização de uma variedade não padrão da língua, como
forma de aproximação do consumidor, para ganhar sua confiança e, dessa forma, vender o
produto mais facilmente. Também debatemos sobre a submissão que nos proporciona as
propagandas contidas em filmes, novelas, desenhos, animações e programas tanto de canal
aberto quanto fechado e que essas informações se tornam tão cotidianas que nos fazem
dependentes daquilo que é oferecido de maneira direita ou indireta. Com essa atividade,
identificamos os implícitos contidos na crônica.
O tema ―consumismo‖, abordado nessa unidade, foi ao encontro das aulas da
professora de História, que também trabalhou sobre o mesmo tema, o que facilitou o nosso
trabalho. Também respondemos a algumas questões de interpretação de texto, de identificação
da ironia referentes à crônica, para complementar nosso estudo.
Terminada a análise da crônica ―O estranho procedimento de dona Dolores‖,
começamos a analisar a crônica ―Brincadeira‖, de Luis Fernando Verissimo, mas não nos
encaminhamos ao laboratório de informática, porque havia ainda menos computadores
funcionando. Então, foi entregue a cada aluno uma cópia do texto e realizamos a leitura
oral/dramatizada da crônica. Após a leitura, abordamos o tema ―chantagem‖ presente na
crônica, um subterfúgio utilizado por pessoas de má índole para ―subir na vida‖, para ocupar
cargos de confiança, para ganhar dinheiro fácil, para ter sucesso e prosperidade.
Aproveitamos para refletir sobre a sociedade em que vivemos, que normalmente se organiza a
partir de um jogo de aparências, de falsos papéis sociais e que, nesse jogo, a aparência vale
mais do que a verdade.
Nas aulas seguintes foram realizadas as atividades de compreensão e interpretação de
texto sobre a crônica ―Brincadeira‖, que foram feitas em conjunto: professor e alunos,
utilizando respostas completas.
Ao término das atividades escritas e orais das duas crônicas de Verissimo,
apresentamos aos alunos dois vídeos baixados do canal YouTube com a representação, feita
por alunos de outras escolas das duas crônicas estudadas e eles adoraram!
Em seguida, já em outra aula, sugerimos aos alunos a confecção de uma crônica onde
fosse abordado um tema do cotidiano deles ou do atual momento político, social ou
econômico em que vivemos. Mas, para minha decepção, houve interesse de poucos alunos,
que em duplas, se dispuseram a fazer a produção.
E assim, os alunos elaboraram a crônica sob nossa orientação, correção e refacções.
Quando foram concluídos todos os ajustes, os próprios autores fizeram uma leitura
dramatizada da crônica que escreveram. Aqui também houve a necessidade de uma mudança
no nosso planejamento, uma vez que a proposta inicial era fazer uma apresentação teatral para
outras turmas do colégio e, para divulgação, os demais alunos elaborariam outros gêneros
textuais como cartazes e convites.
Apesar de todos os contratempos, mesmo sem conseguir realizar a minha produção
didático-pedagógica na íntegra e tal qual fora planejado, os resultados obtidos com as
adaptações realizadas, foram satisfatórios, pois, pelo menos, os alunos participaram das
atividades orais e mesmo que uma minoria tenha se disposto a escrever a crônica solicitada,
houve grande participação na produção dos resumos e das atividades de interpretação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A leitura e a interpretação de texto têm sido as principais dificuldades detectadas em
alunos do Ensino Fundamental. Portanto, cabe a nós, professores, especialmente os de língua
portuguesa, buscarmos alternativas para amenizar essa problemática, ou seja, cabe a nós a
responsabilidade de mediar o trabalho de leitura com os gêneros literários, buscando
metodologias que incentivem nossos alunos a ler. Assim, para esse trabalho, escolhemos os
contos de Machado de Assis e as crônicas de Luís Fernando Verissimo, por serem textos
curtos e repletos de ironia e sarcasmo, que também abordam temas e dramas humanos, o que
possibilita a interação entre autor/obra/leitor.
Para o desenvolvimento desse trabalho optamos pela utilização do Método
Recepcional descrito pelas autoras Bordini e Aguiar, também contemplado nas DCE de
Língua Portuguesa, que visa levar os alunos, com sua experiência de mundo, desenvolver a
capacidade de perceber não só os explícitos, mas também os implícitos contidos nos textos,
através de atividades de leitura, interpretação para levá-los a ser um agente construtor do seu
saber.
Para alcançarmos os objetivos descritos no parágrafo anterior, desenvolvemos as
propostas contidas na nossa Produção Didático-Pedagógica. No entanto, ao longo de seu
desenvolvimento tivemos que realizar algumas adaptações porque ocorreram problemas
técnicos com o laboratório de informática, nem todas as atividades sugeridas estavam
adequadas às turmas selecionadas para a sua aplicação, haja vista que os alunos tiveram
bastante dificuldade de compreensão dos contos de Machado e que, para entendê-los, foram
necessárias muitas intervenções. Mas, apesar das dificuldades, os resultados obtidos ficaram
dentro do esperado, pois houve um bom aproveitamento tanto na oralidade quanto na escrita.
Com a aplicação das atividades contidas na Produção Didático Pedagógica podemos
concluir que não é muito viável elaborarmos projetos sem que antes conheçamos as turmas
com as quais trabalharemos, mas também nos confirmou a necessidade de estarmos sempre
revendo e renovando as nossas práticas, as nossas metodologias, que devem sempre estar
adequadas à realidade de nossos alunos.
ANEXOS – (NBR 15287)
Anexo 1
COMPORTAMENTOS INVERTIDOS
Nas férias de verão, Paulo decide passar um final de semana na casa da sua avó
Lurdes.
Chegando lá, foi direto para cima, ao quarto, arrumar suas coisas. Depois de uns
quinze minutos, seu celular começou a apitar. Foi conferir e era sua avó o chamando para
almoçar.
Ele desce e se senta à mesa. Logo em seguida chega sua avó com uma vasilha de carne
com batatas em uma mão e o celular em outra.
Paulo acha estranho a avó agarrada ao celular e pergunta:
— Vovó, o que é isso?!
— Querido netinho, estou procurando uma receita de pudim para a sobremesa. Acho
até que vou compartilhar no Facebook! Curte lá!
Paulo fica surpreso e dá uma risada.
Depois do almoço, Paulo elogia a comida de sua avó e ela lhe diz que pegou a receita
de um canal, do YouTube.
Em seguida, ele sobe meio atordoado e cheio de dúvidas. Deita em sua cama para tirar
um cochilo.
Mais tarde, ouve seu celular apitando. Confere e era a sua avó o avisando que o café
da tarde estava pronto.
Descendo, ouve sua avó conversando com certo indivíduo. Ele se aproxima, mas não
vê ninguém. Vai até à cozinha e encontra dona Lurdes em uma conversa animada no Skipe
com um senhor.
Vendo que Paulo tinha chegado, interrompe sua conversa, desliga o celular e
esclarece:
— Sabe como são os namoros hoje em dia... são mais virtuais... hehehe
Paulo fica impressionado com o que ouve e com a modernidade da avó...
E em meio a tanta novidade, o fim de semana acaba.
Quando volta para casa, sua mãe lhe pergunta?
— E aí, filho, como foi o seu final de semana?
— Foi o final de semana mais tecnológico da minha vida!
Produção de crônica feita pelas alunas Giovana e Carolina, do 9º B, 2015.
Anexo 2
Fotos dos alunos do 9° B, 2015, durante aula em que ocorria o desenvolvimento do projeto.
REFERÊNCIAS
BORDINI, Maria da Glória. AGUIAR, Vera Teixeira. Literatura: a formação do leitor;
alternativas metodológicas. 2 ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos de ensino
fundamental: língua portuguesa / Secretaria de educação Fundamental. – Brasília: MEC/CEF,
1988.
BRAYNER, Sônia. O conto de Machado de Assis: antologia / organização e introdução de
Sônia Brayner. 2ª ed., Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981.
http://mais-que-querer.blogspot.com.br/2011/05/o-estranho-procedimento-de-dona-
dolores.html - Acesso em 20/01/ 2015
http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/fundamentos/isabel-sole-leituraexige-
motivacao-objetivos-claros-estrategias-525401.shtml - Acesso em 01/11/2015
http://ribeirobr.blogspot.com.br/2011/10/brincadeira-luis-fernando-verissimo.html - Acesso
em 20/01/2015
http://www.passeiweb.com/estudos/livros/conto_de_escola_conto - Acesso em 30/ 11/
2014
http://www.passeiweb.com/estudos/livros/o_caso_da_vara_conto - Acesso em 30/ 11/ 2014
https://www.youtube.com/watch?v=90V6j_CBcyw - Acesso em 01/10/2015 - O caso da
Vara
https://www.youtube.com/watch?v=olY4Z61r-vA – Acesso em 01/10/2015 - O estranho
procedimento de dona Dolores
https://www.youtube.com/watch?v=tOazRxHFJdk - Acesso em 01/10/2015 - Conto de
escola
https://www.youtube.com/watch?v=wQ6araG_jlc – Acesso em 01/10/2015 – Brincadeira
OLIVEIRA, Daniele de. A construção discursiva da ironia em crônicas políticas de Luis
Fernando Verissimo, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Belo Horizonte,
2006. ( in http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/Letras_OliveiraD_1.pdf, acesso em 15-08-
2014 )
PARANÁ. Secretaria da Educação – SEED. Diretrizes Curriculares da Educação Básica:
Língua Portuguesa. Curitiba, SEED, 2008.
SILVA, Ezequiel Theodoro da, 1948- Criticidade e leitura: ensaios /Ezequiel Theodoro da
Silva; prefácio de Luiz Percival Leme Brito – Campinas, SP: Mercado das Letras: Associação
de Leitura do Brasil, 1998. ( Coleção Leituras no Brasil ).